O filme “Experimento”, dirigido por Michael Almereyda, foi divulgado para o
público em 2015 e tem como âmago os experimentos sociais realizados pelo psicólogo norte-americano Stanley Milgram, que durante a década de 1960, desenvolveu testes para compreender a relação de poder que uma autoridade exerce sobre os demais indivíduos.
Ademais, essa produção cinematográfica também apresenta um pouco da
biografia de Stanley: sua nacionalidade, crenças e motivações são abordadas repetidas vezes durante a trama. Além disso, a relação de Milgram com sua esposa, Sasha Milgram, e seus filhos Marc e Michelle Milgram, é abordada e influencia, de certo modo, no andamento de seus experimentos.
Em primeira instância, é apresentado o experimento que deu origem ao livro
“Obediência à Autoridade: Uma Visão Experimental”, escrito por Stanley. No experimento, duas pessoas eram selecionadas para participarem do teste – uma representaria um professor e a outra um aluno, desse modo, o aluno, ao responder de forma errônea as perguntas ministradas pelo professor, seria punido com cargas elétricas cada vez maiores. Porém, o aluno era apenas um ator que exprimia dor ao receber o choque, o verdadeiro foco do experimento era o professor, que, no geral, mesmo desejando não continuar com as perguntas, devido ao mau que o mesmo estava supostamente cometendo contra o aluno, ao receber sugestões e solicitações de Milgram para continuar, eles continuavam. Em suma, foi através desses testes que Milgram elaborou sua tese sobre o comportamento humano no que se remete à obediência, evidenciando a necessidade humana de obedecer a ordens.
Porém, os pensamentos de Milgram não foram vistos como positivos pela
sociedade. Seu experimento recebeu duras críticas da mídia, o mesmo também era contestado pelos seus alunos nas universidades, ao enfatizarem que Stanley enganava suas cobaias e as submetia a situações estressantes, o que ia de encontro a normativa da ética de sua profissão. Ainda mais, por ter descendência judaica, a tese de Milgram foi associada a submissão dos soldados e da sociedade soviética ao governo de Hitler, na qual, tendo em vista as conclusões de Milgram, a população estaria apenas obedecendo as ordens de seus superiores, o que, de certo modo, os absolvia de seus crimes. Contudo, é válido ressaltar que o próprio Milgram delatava que, por mais que a humanidade esteja determinada a cumprir ordens, isso não necessariamente deve acontecer, há sempre outra escolha.
Outrossim, após escrever o livro supracitado, Stanley desenvolve muitos outros
experimentos que reforçam a veracidade de sua principal tese, como quando três ou quatro pessoas entram em um elevador e ficam de costas para a porta, as pessoas que antes se mantinham de frente, acabam, de maneira minuciosa, mudando suas posições. Assim como olhar para o céu em meio a uma multidão, aos poucos, os outros acabam parando também para observar, mesmo não havendo nenhuma mudança empolgante na paisagem. São muitas situações interessantes que notabilizam como os indivíduos tendem a seguir, mesmo quando não há lógica, a maioria.
Destarte, o filme aborda uma temática bem empolgante. No que tangência a
psicologia, as teorias, assim como as conclusões e métodos, são explicados de maneira clara durante os diálogos. Por fim, da mesma forma como os professores se sentiam ao descobrirem que o aluno era apenas um ator, os telespectadores tomam consciência de que também poderiam ser alienados por uma autoridade. Partindo dessa assertiva, além do entretenimento, a obra é promotora do desenvolvimento de uma óptica crítica quanto a relação de obediência.