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Faculdade de Artes e Humanidades

Licenciatura em Psicologia
2º Semestre, 1º Ciclo, 2º Ano
Unidade Curricular: Psicologia Social
Docente: Prof. Dr. Nuno Rodrigues

Obediência à Autoridade:
Análise do Filme “Experimenter” (2015)

Discente: Sara Ornelas nº2066518


Introdução
O presente trabalho incidirá sobre a temática da Obediência à Autoridade, um
tema eminente e intrigante da Psicologia Social. A psicologia social, na sua
condição de disciplina científica, centra-se na globalidade das interações
humanas e nos processos psicológicos que daí derivam (Hogg & Vaughan,
2010).
A obediência é uma das diversas vertentes do conformismo, referente ao ato
de acatar uma ordem ou regra direta de uma figura de autoridade (Myers,
2014). Compreender o processo de obediência é de certo modo compreender a
organização social dos seres humanos, uma vez que como sociedade
necessitamos de normas, regras e leis.

 realidade social revela padrões, ou estruturas, que dá a cada um de nós, um sentido para
o lugar ao qual pertencemos, o que se espera que façamos, e como nós devemos pensar
e agir. Embora a realidade social não tenha a organização de uma colmeia, ela não deixa
de ser organizada; se não o fosse, não saberíamos como agir, e constantemente
ficaríamos incertos às prováveis reações dos outros. Sem estrutura, o mundo
é o caos

Quais são essas forças sociais ocultas que nos puxam e empurram? Quão
poderosas são? A pesquisa em influência social nos ajuda a iluminar os fios
invisíveis pelos quais nossos mundos sociais nos movem. Observando essas
influências, podemos entender melhor por que as pessoas sentem e agem
como o fazem, bem como podemos nos tornar menos vulneráveis à
manipulação indesejável e mais hábeis na manipulação de nossos próprios
fios.
“In Milgram’s study, participants were torn between hearing the victims pleas,
their own values, and the experimenter’s orders.”
Esta é uma das experiências mais conhecidas e mais polémicas da psicologia
social moderna, sobretudo pelos seus resultados que mostram que “uma
proporção substancial de pessoas faz o que lhe mandam, qualquer que seja o
conteúdo do acto e sem entraves de consciência, desde que considerem o
comando como emitido por uma autoridade legítima” (Milgram, 1965, p. 75)[1].

Os sujeitos de Milgram foram retirados de um amplo espectro de níveis


económicos e educacionais, sendo-lhes dito que o estudo pretendia medir o
efeito da punição na aprendizagem humana. Neste sentido, existia um
«professor» (o sujeito ingénuo) que lia em voz alta uma lista de pares de
palavras e um «aluno» (o comparsa do experimentador) que,
posteriormente, tinha de saber quais as palavras que formavam os pares.
“O experimentador explicava ao «professor» que este deveria administrar
um choque ao «aprendiz» sempre que este desse uma resposta errada,
aumentando a intensidade em quinze volts por cada novo erro” (Garcia-
Marques, 2000, p. 259)[2]. O sujeito ingénuo e o experimentador
encontravam-se numa sala contígua à do comparsa que estava preso numa
cadeira eléctrica, podendo ouvir o «professor» através de um altifalante e
emitir as suas respostas a partir de interruptores. Neste âmbito, procurava-
se medir a intensidade máxima de choques que cada sujeito ingénuo
administrava (variável dependente), tendo em conta que alguns elementos
da experiência se mantinham constantes, nomeadamente:

a)       O «aluno» cometia sempre um terço de erros;

b)      Até aos trezentos volts a vítima não reagia, mas a partir daí
começava a bater com a mão que tinha livre na parede e depois não
surgiam mais respostas;

c)       Caso o sujeito ingénuo se insurgisse contra a experiência, o


experimentador incitava-o dizendo, pela seguinte ordem: “Por favor
continue”, “a experiência requer que continue”, “é absolutamente essencial
que continue”, “não tem alternativa, tem de continuar”. Se após estes quatro
incitamentos, o sujeito ingénuo se recusasse a continuar, a experiência
terminaria;

d)      Se o sujeito ingénuo referisse que o «aluno» não queria continuar o


experimentador reforçava a ideia que ele tinha de continuar até aprender as
palavras;

e)       O experimentador referia que a responsabilidade pelas eventuais


consequências nocivas dos choques era inteiramente sua.

Os resultados mostram que a grande maioria dos sujeitos, mais


especificamente 65%, foram até ao máximo dos choques. Um facto
surpreendente dado que estava envolvido o sofrimento de outras pessoas.
A partir desta situação base foram realizadas outras experiências, variando
sistematicamente diferentes factores, nomeadamente, a proximidade da
vítima, a proximidade da autoridade, o prestígio da autoridade, o peso do
apoio social para a desobediência e a consistência da autoridade.

Concluindo, é possível referir que uma análise comparativa com os


estudos relativos ao conformismo, permite aferir que enquanto estes
analisam o poder de maiorias quantitativas sobre as minorias, o estudo da
obediência à autoridade analisa o poder de maiorias qualitativas sobre
minorias, desprovidas de qualquer tipo de poder.

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