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Dia 15 de Novembro

6.1 Thomas Kuhn e a Estrutura das Revoluções Científicas

Impacto no estudo das relações entre ciência e sociedade. Uma teoria da


mudança científica. A ciência faz saltos, isto é, não avança linearmente mas por um
processo de descontinuidades, ruturas, revoluções. Os sociólogos têm um conjunto de
crenças sobre teorias e métodos. Todos seguem estas crenças então torna-se um
paradigma (conjunto de métodos, teorias morais partilhadas pela comunidade científica).
Os paradigmas não podem ser comparados pois são distintos pois tem teorias
completamente opostas, a estrutura mental diferente, logo existe incomensurabilidade.

Baseada num paradigma que, não é eterno, sujeito assim a anomalias que não vai
conseguir explicar mais a teoria, deparando-se assim com ruturas. Esta rutura não elimina
factos, estes ficam lá. Não se faz a pesquisa desde o início, tem-se sempre em
consideração as teorias anteriores como ponto de partida para uma evolução.

Afirma que existem duas ciências: a ciência normal, que representa grande parte
do tempo, sendo uma fase estável onde se trabalha em torno de uma teoria. E a ciência
extraordinária, que se encontra fora do processo normal da ciência.

6.2 paradigmas e revoluções científicas

Sistemática lineana vs sistemática molecular

Na primeira, olhavam para os animais e, pelas parecenças classificavam os


animais. Deixou-se de olhar para o exterior de animal e passou-se a investigar o ADN e,
quanto mais semelhantes, mais perto da evolução estão. Este critério alterou a
localização dos animais logo mudou o conhecimento que existia. Conceitos
incompatíveis, logo tem de se passar para outro paradigma (incomensurabilidade ->
sistema molecular).
Mecânica clássica vs mecânica quântica

Corpúsculos, identidades que se movimentam: luz -> teoria de Newton, têm ondas
corpuscular, teoria corpuscular da luz.

Antes não conseguiam explicar como se produzia luz, Einstein com a teoria da
relatividade em que é uma onda e corpuscular.

Heliocentrismo vs Geocentrismo

6.3 Transições paradigmáticas

Karl Popper, diz que uma teoria só é científica se for falsificável, ou seja, a teoria só avança
aplicando o falsificacionismo.

Teoria Ad-hoc: não é científica, pois afirma algo, mas não nega nada
Teoria falsificável: é científica, pois integra os critérios para a sua falsificação. Afirma
umas coisas e nega outras. É sujeita a uma avaliação e teste empírico.

Douglas (1970) usa dois fatores para explicar a diferente abertura dos grupos à aceitação
e exploração de anomalias:

Grid (grelha): extensão na qual as relações internas de um grupo estão hierarquizadas e


estruturadas; Ex.: Um exército ou uma burocracia são high grids

Group (grupo): a extensão do grau de coesão face ao exterior. Ex.: Uma seita religiosa é
um high group

22 de Novembro

7.1 Macro e Micro Sociologia da Ciência e do Conhecimento

Nível Macro: sociedade enquanto sistema.

Nível Micro: nível mais simples (interacionismo simbólico); olha para a Sociedade como
uma lupa.

Quando deixamos de associar o hard-core à caixa-negra (Pós-Merton) surgem duas


perspetivas: o externalismo moderado e o externalismo radical.
1) Externalismo moderado – o conhecimento é socialmente condicionado (o fundamento
vêm da natureza, mas há influência da sociedade), não é determinada pela sociedade
mas condicionada.

2) Externalismo radical - o conhecimento é social (construtivismo); não existem teorias


científicas que não são construídas pelos fenómenos sociais

7.2 Da Sociologia Institucional da Ciência à Sociologia do Conhecimento Científico


Open the Black Box surge na Era pós-Merton e olha de forma sociológica as teorias
científicas, vendo que estas são socialmente condicionadas. As teorias passam a ser todas
sociais.

7.3 A Escola de Edinburgo


Strong programme vs week programme David Bloor

Tudo é analisado.

Quatro áreas de exploração (Shapin):

1. Orientação causal: determinar as condições que conduzem às crenças ou estados do


conhecimento (de que como é que as estruturas científicas são conduzidas)

2. Orientação imparcial: tratamento igualitário da verdade ou falsidade, racionalidade ou


irracionalidade, sucesso ou fracasso na procura explicativa

3. Explicação simétrica: O mesmo tipo de causas deve ser usado para explicar crenças
consideradas verdadeiras e falsas (as razões que damos para o insucesso difere das
razões que damos para o sucesso, justificação diferente; a ciência tem tendência de dar
um tratamento desigual ao que vai de encontro como a sua perspetiva)

4. Orientação reflexiva: os princípios e padrões de explicação devem ser aplicados não só


“aos outros” mas também “a nós”. A própria análise sociológica deve ser sujeita a
inquérito sociológico acerca da sua produção de conhecimento (temos que nos criticar
uns aos outros).
Este programa reside assim na importância em explicar as teorias certas e as
erradas. Pois existe um conjunto de teorias erradas, mesmo tendo sido elaboradas
segundo o método científico (considerado bom). Coloca-se então em questão o porquê?

A Escola de Edimburgo diz que existem fatores sociais e políticos (massa cinzenta)
para explicar esta situação. As crenças não derivam apenas das evidências. Por exemplo,
as mesmas observações empíricas da posição da terra face ao sol, justificam teorias
diferentes para geocentristas e heliocentristas. As teorias são geradas pelas crenças e
experiências de cada um.

Prior belief – crenças prévias

Resultant belief – experiência condicionada, pelas nossas crenças e interpretações

Experience – experiência empírica

29 de Novembro
Etnometodologia e Estudos Laboratoriais
- De referência etnometodológica
- Inquérito detalhado ao processo contingente que constitui a investigação
científica
- “Laboratory Life” (1979), Latour & Woolgar
- Mostrou que aquilo que os cientistas dizem que fazem não é aquilo que
realmente fazem. Há coisas interessantes mas que não conseguem explicadas e vão para
o lixo. Outras são logo deitadas ao lixo. Em 1000 análises apenas são escritas em papers
e partilhadas uma ou duas que são escolhidas por alguém com experiência e com
influência. Se essa pessoa diz que x vai par ao lixo e apenas o y fica, os cientistas seguem.
O que acontece é distorcido da realidade, porque assim que publicado os cientistas dizem
que foi apenas assim que aconteceu mas na realidade deitaram fora 999 análises que
podiam dar outro resultado. Portanto não podemos dizer que o que é publicado é a
realidade. A ciência é influenciada pela sociedade, por aquilo que é aceite, o que vai
vender mais e o que é mais apelativo. O que realmente acontece é:
Inscrições – sintetiza o trabalho que selecionamos; os resultados são colocados
em inscrições; usam-se para sustentar as modalidades; são os meios representativos
entre os dados empíricos e as modalidades. São os gráficos, são as representações de
dados para suportar a ideia. Copernico foi o único que conseguiu mostrar em esquemas
a teoria que afirmava, coisa que mais ninguém fazia. Não é literalmente a realidade mas
sim o que queremos mostrar.
Modalidades – não são ainda a teoria provada; são afirmações feitas pelos
cientistas e o modo como estas são apresentadas ao leitor (preposições científicas). São
afirmações do que vemos nas inscrições, o argumento que sai naturalmente das
inscrições que supostamente saem naturalmente, em bruto, da Natureza.
Segregação – processo progressivo em ciência de separarmos as modalidades das
inscrições; transformamos os resultados de uma investigação científica em realidade
Inversão – transformamos um fenómeno construído pelo social, num que não é
mais refutado; aquilo que aceitamos como realidade natural, pode não ter nada a haver
com a realidade natural

- Não negam a realidade objetiva da natureza


- Consideram contudo que há uma transcrição contínua da “realidade” e da “natureza”
pelos cientistas
7.4. A Escola de Bath
- Direcionada contra o “Strong Programme”
- Institui o “Empirical Programme of Relativism”
-Próxima da escola etnometodológica mas centrada em “case studies”,
nomeadamente nas grandes controvérsias científicas, casos que colocariam a nu a
verdadeira identidade da ciência

O “Programa Empírico do Relativismo” de Collins (1983) consiste em 3 grandes objetivos:


1. Demonstrar a flexibilidade interpretativa dos resultados experimentais. Cada
grupo analisa da sua forma. Os dados podem dar imensas interpretações depende
de que os está a analisar. Os factos não vão para o lixo e podem ser usados em
várias alturas.
Qual é o contexto político, cultural, as teorias que estão a orientar a ciência?
2. Examinar os mecanismos através dos quais essa flexibilidade se atinge. Os
contextos influenciam.
3. Ligar os mecanismos de resolução interpretativa (fechamento/closure) com a
estrutura social mais vasta. Posições políticas, sendo fundamentais para saber o que a
ciência aceita e rejeita.
O cientista tem um feeling, em vez de encontrar um problema, escolher a metodologia,
recolher dados e analisar. Começam pelo feeling, porque escolhem dados e vêm o que
encontram. Chama-se Experimenter Regress
7.5 O modelo Actor-Rede – meso e macro

A sociologia não estuda a ciência já acabada, as já aceites (isso e a epistemologia


que estuda), os aspetos sociais já não estão visíveis porque já foi aceite. A ciência que
ainda não foi aceite é que é objeto de estudo da Sociologia da Ciência. “Science in the
making”, ciência no momento, no presente é onde estão os fatores sociais.

As teorias científicas são como mandar uma bola. A maioria das vezes cai ao chão
porque ninguém quer saber da bola. Atiramos a teoria e ninguém liga à teoria. Em
ciências naturais há poucas revistas logo as teorias são muito mais vistas do que em
ciências sociais, pois há imensas revistas logo a probabilidade se ligarem à minha teoria
é baixa. Mas quando ligam às teorias os atores humanos são grupos que mobilizam
teorias. Ex: quando um professor partilha o paper com os alunos. Um aluno conta a
alguém, remobilizam a teoria dando “pontapés na bola”. Outro fator podem ser os meios
de comunicação social, redes sociais também mobilizam as ideias. Descrevem as redes
para vermos o que de facto está a acontecer.

Método material-semiótico: máquinas, motores de busca, livros estão envolvidos


na transmissão da mensagem. Modo como descrevem as redes, ou seja, facebook,
empresas...

Pontualização, segunda Lactour, temos de despontualizar. Quando compramos


um carro novo que não vai dar problemas, é um objeto único e simplificado, uma unidade
que não tem uma estrutura complexa, com objetivo único e simples, pontualizamos =
simplificámo-lo. Um dia avaria. Descobrimos que o carro não e só o exterior mas sim tudo
o que esta dentro do capô. Aqui despontualizamos o carro, é algo supercomplexos e com
imensas peças que todas as peças contribuem para o funcionamento do carro como
unidade.

Nós temos de abrir a caixa e a teoria e ver que não é uma unidade, é como o capô
do carro, envolve objetos, máquinas, pessoas que estão interligadas e mostram o que é,
pode ser, vai ser. Só o fazemos quando algo vai contra a nossa teoria.

Não há teorias verdadeiras ou falsas, há ideias que foram reificadas numa rede,
quando largam as bolas elas perdem as forças

A aquisição por parte de uma afirmação da qualidade de facto, depende de uma


rede complexa de autores que os passarão (ou não) de mão em mão. Essa rede não é
estritamente científica mas abarca todos os níveis e instâncias da sociedade. Essa rede
aliás, é composta não só por atores humanos mas também não humanos (citações
bibliográficas, empresas dispostas ao investimento, os utilizadores potenciais de uma
tecnologia, etc.)
6 de Dezembro

9.1 Estudos de ciência e tecnologia

1. Os Estudos de Ciência e Tecnologia – STS (ou Área Ciência, Tecnologia e Sociedade)


Desenvolveram-se essencialmente nos anos 60 e 70
Reconduzem-se à tradição mertoniana
Grande influência do “Strong Programme” de David Bloor, do “Empirical
Programme of Relativism” da Escola de Bath e, mais recentemente, da Teoria Actor-Rede.
A análise da tecnologia originou-se na abordagem histórica mas foca-se hoje, em
especial, na evolução da tecnologia moderna.
A Sociologia da Internet é uma das suas áreas mais dinâmicas.

2. Principais objetivos:
Estudar o modo como a política e a cultura influenciam a pesquisa científica e o
desenvolvimento tecnológico, bem como estudar o modo como a ciência e a tecnologia
influenciam a política e a cultura.
Pretendeu-se pois estudar a influência, reconhecida como biunívoca, entre a
sociedade e a ciência e tecnologia (Embeddedness social da ciência e da tecnologia) -
Desde o primeiro momento, pretendeu-se rebater o determinismo científico e
tecnológico com teorias construtivistas sociais (Construção social da tecnologia - SCOT).

9.2. A Abordagem Sociológica da Tecnologia

Embeddedness Social da Tecnologia vs Independência Social da Tecnologia (dois polos


distintos)

Embeddedness: conceito de Karl Polanyi (inventou) e foi popularizado por Mark


Granovetter (1985) no contexto do desenvolvimento da Nova Sociologia Económica.

Embeddedness social da tecnologia: Retira a sua indepêndencia, retira a sua identidade


dentro de uma realidade social. Não podes estudar nada em economia (taxas, juros) a
não ser que peguemos nestes elementos e os coloquemos dentro das redes efetivas de
onde a economia se desenvolve, ou seja, tendo em conta o contexto onde se criou. As
instituições e estruturas não tecnológicas influenciam decisivamente a tecnologia. Os
avanços tecnológicos não ocorrem no vácuo mas respondem a contextos e necessidades
sociais. Surgem dos contextos e devido aos mesmos.

Via verde, não se desenvolveria num contexto onde a mobilidade seriam burros.
Só existe porque dependem de enormes investimentos, que preciso de ajuda do estado,
de criação de portagens, o sistema surge porque já existiam estradas e portagens e fazia
falta haver algo para aumentar a rapidez dos pagamentos. (construtivismo)
Tecnociência: área de estudos da STS (sciense technology study) que se foca na ligação
inseparável da ciência e da tecnologia. Relações entre tecnologia e a ciência. Apresenta
duas perspetivas:
Modelo hierárquico: a ciência precede e alimenta a tecnologia; desenvolvimento
tecnológico depende da ciência. Pressupõe que há uma relação de dependência entre
ciência e tecnologia. A ciência desenvolve novas ideias que podem ser aplicadas com o
avanço da tecnologia. Antes da tecnologia vem a ciência. A ciência é mais importante do
que a tecnologia.
Modelo interativo: relações biunívocas (ex. Harrison e a longitude). Tanto a
tecnologia influencia a ciência como vice-versa. Depende dos casos, há uns casos que a
ciência precede a tecnologia como o contrário. Não há nenhuma relação de dependência.

Tecnosociedade: área de estudos da STS que pressupõe o carácter indistinguível da


tecnologia e da sociedade na sociedade moderna; a tecnologia é indissolúvel do contexto
social, desenvolve-se pela “moldagem da sociedade”
A tecnoloiga é indissociável da sociedade, a sociedade está ligada e não se distanciam da
tecnologia também.

Determinismo Tecnológico vs Construtivismo Tecnológico

Determinismo tecnológico (um modo de determinismo económico): considera que a


evolução das sociedades depende da evolução da tecnologia. Estruturados a pensar
desta forma, sendo limitada do que é a realidade. as revoluções económicas é que fazem
com que a sociedade evolua. A economia é o motor da evolução da sociedade.
Ex: alteração para o feudalismo devido à invenção do estribo (cena para o
cavaleiro pôr o pé quando anda a cavalo dando assim estabilidade) alterou a
forma como a guerra era vista e a forma como era feita, ou seja, primeiro a
tecnologia e depois revolucionou a sociedade; máquina a vapor alterou e criou-
se a indústria.

Construtivismo tecnológico: não é a tecnologia que determina a sociedade e a ação


humana; é a sociedade e a ação humana que determinam a tecnologia; aspetos culturais
e sociais moldam a tecnologia, esta depende do contexto onde se encontra. Tecnologias
são resultantes de como as sociedades funcionam.
Ex: Bomba atómica e a 2ª GM e Via Verde. Ninguém se sentou e pensou “vamos
criar uma arma que mate em forma maciça”. Foi por causa da competição e
desenvolvimento da guerra. Foi o contexto que influenciou a tecnologia, a
estrutura social é que influencia a tecnologia.
Perspetivas alternativas que estão no meio das anteoriores:
Co-evolução quer da tecnologia quer da sociedade (Gille, 1986 e outros): Tanto a
tecnologia influencia a evolução da sociedade, como o inverso. A relação é de
interdependência, pressuposição e compatibilidade

O modelo em rede perfeitamente integrado (Hughes, 1983): Não há autonomia nem


lógica interna distintiva na tecnologia. Resolver um problema técnico é como resolver
qualquer outro problema social. Não há nenhuma razão para se distinguir tecnologia e
sociedade porque funcionam de modo indistinguível. A tecnoloiga é tudo, inventam
soluções para resolver os problemas. Tecnologia é materialização do que é a atividade
social.

9.3 A Teoria Construtivista da Tecnologia


Contexto: Embeddedness Social da Tecnologia e o Construtivismo Tecnológico

Principais Influências da Teoria Construtivista da Tecnologia:


© Escola de Edinburgo: influência determinante do “Strong Programme” de David
Bloor
© Escola de Bath: influência determinante do “Empirical Programme of Relativism”

A influência da Escola de Edinburgo na Teoria Construtivista da Tecnologia


O “Storng Programme” de David Bloor (Knowledge and Social Imagery, 1976) consiste
em 4 princípios metodológicos:

1. Orientação causal: determinar as condições que conduzem às crenças ou estados do conhecimento


2.Orientação imparcial: tratamento igualitário da verdade ou falsidade, racionalidade ou
irracionalidade, sucesso ou fracasso na procura explicativa
3. Explicação simétrica: o mesmo tipo de causas deve ser usado para explicar crenças
consideradas verdadeiras e falsas. Nós achamos que é cobre mas a máquina diz que é
estanho. Então é porque a máquina esta errada ou algo correu mal. Inventamos alguma
coisa, aquilo que é resultado depende das nossas expectativas, fazendo uma explicação
simétrica.
4. Orientação reflexiva: os princípios e padrões de explicação devem ser aplicados não só “aos outros”
mas também “a nós”. A própria análise sociológica deve ser sujeita a inquérito sociológico acerca da
sua produção de conhecimento

Este exemplo é a ideia de que quando analisamos a tecnologia temos de ser neutros e
objetivos. Dar a mesma relevância, reagir da mesma forma, todos têm a mesma
importância. Temos de perceber ambos os argumentos, nesta teoria, sendo neutros. Não
tomamos posição. Analise ausente de juízos de valor.
Ex: Redes sociais
Argumentos contra: proteção de dados (Facebook); são utilizadas a nível de
instrumentalização política (Bolsonaro) e os direitos de autor (artigo 13). Alienam os
utilizadores
Argumentos a favor: sociabilidade facilitada, democratização do poder comunicacional e
um novo espaço público podendo agir.

A influência da Escola de Bath na Teoria Construtivista da Tecnologia


Conceitos analíticos inspirados no Programa Empírico do Relativismo, como resolvemos
as nossas controvérsias:

1. Flexibilidade Interpretativa: cada artefacto tecnológico tem diversos significados


e interpretações para grupos sociais diferentes; analisar o modo como a
tecnologia é recebida por cada grupo. Uma teoria não surge como uma forma
única. Uma determinada tecnologia nuns contextos tem um significado noutros
tem outras.

2. Grupos sociais relevantes: os mais relevantes são os produtores e os utilizadores,


embora outros grupos sociais relevem (jornalistas, políticos, vendedores,
organizações civis). De que forma interpretam o objeto e são estes que vão estar
em confronto.

3. Flexibilidade do design: as tecnologias podem ser construídas diferentemente por


vários grupos e usadas pois para fins e de modos diferenciais; a forma alternativa
da tecnologia se apresentar “chama” diferentes grupos sociais. Evolução dos
computadores. Nem todas as formulações chegaram ao mercado, algumas foram
abandonadas e outras não. Depende dos grupos e a foram como interpretaram a
tecnologia.

4. Problemas e conflitos: diferentes interpretações e modos de utilização geram


problemas e conflitos diferentes para diferentes grupos. Implicam problemas e
conflitos diferentes. Para um grupo a tecnologia pode ser boa e para outros pode
ser um problema.

5. Mecanismos de closure: a resolução de problemas e conflitos é conseguida de


diferentes modos. Por motivos políticos, culturais e económicas. Como se faz o
closure:

a) modo retórico (via publicidade ou relações públicas geralmente).


Abandonamos o medicamento através do marketing não tome o
medicamento quando esta grávida ou quando beba álcool tenta se ensinar
como se utiliza.
b) através da redefinição do problema (o que era um problema pode tornar-se
uma solução através de inovações e reinterpretações de utilidade). O
problema torna-se solução para reinventar a tecnologia. Viagra, problemas
graves que tinham de ser resolvidos e que a tecnologia podia ser afastada por
criar problemas demasiado grandes. Fazia mal a pessoas hipertensas mas
fazia ereção e, portanto, as pessoas que não têm a tensão alta podiam tomar.

Ex: Lawson’s bicycle, como é que a bicicleta chegou a este produto final.

Flexibilidade interpretativa: mulheres (algumas das bicicletas eram incompatíveis para


quando estas usavam saias.), desportistas (oportunidade de desafios, de perigo e as
bicicletas que conseguiam fazer isso eram as que eles escolhiam, sem travões), turistas,
utilizadores idosos têm imagens diferentes da tecnologia, os idosos não queriam
aumentar a adrenalina, nem sem travões. Uma forma diferente de interpretação da
bicicleta.
Flexibilidade do design: diversos modelos apelam diferentemente (ex: modelos
confortáveis e sem vibração desagradam a desportistas).
Problemas e conflitos: o problema da segurança, o problema da vibração, o problema
do vestuário das mulheres
Closure: Lawson’s bicycle foi o modelo de bicicleta que chegou ao final e conciliou todos
estes projetos.

Três fases essenciais para o estudo sociológico da construção da tecnologia:

1. Identificar os significados e interpretações alternativos da tecnologia


(flexibilidade interpretativa), as formas flexíveis de design e os problemas e conflitos
derivados
2. Identificar os modos de closure dos problemas e conflitos detetados que derivam das
várias formas de flexibilidade interpretativa, descrevendo os artefactos tecnológicos
estáveis resultantes
3. Relacionar o artefacto tecnológico ao seu contexto sociocultural mais amplo (fase não
operacionalizada e genericamente secundarizada)

Críticas (Winner, 1993, "Upon Opening the Black Box and Finding it Empty: Social
Constructivism and the Philosophy of Technology”):

1. Explicam como a tecnologia surge, mas não os seus efeitos sociais.


Consequentemente, nada é dito sobre o impacto social amplo das tecnologias

2. Examina os atores sociais envolvidos no processo de desenvolvimento e adoção da


tecnologia, mas ignora os atores não envolvidos no processo mas afetados por ele.
Segundo Winner isto resultaria numa sociologia elitista e conservadora. Os grupos que
são afetados pela tecnologia mas que não sejam ativos na construção na mesma.

3. Considera apenas os interesses e motivações imediatos dos grupos envolvidos no


desenvolvimento e adoção da tecnologia, mas desconsidera o contexto social,
intelectual, económico mais amplo.

4. Evita ativamente assumir qualquer posição moral ou fazer qualquer julgamento de


valor sobre os méritos e interpretações alternativos da tecnologia. Como resultado, não
avança o debate acerca do impacto da tecnologia na evolução humana dos sistemas
sociais. Suspender juízos de valor sobre a tecnologia e posição imparcial. Há muitas
tecnologias que são precisas ser feitas juízos de valor portanto isto assim não funciona.

A Influência da Teoria Ator-Rede na Sociologia da Tecnologia

A interpretação depende das redes, é construtivista de externalismo forte. Influenciado


de que o modelo em rede perfeitamente integrado, as estruturas e tecnologia estão
ligadas, formas de resolver necessidades. A sociedade é a tecnologia e aa tecnologia é a
sociedade. A tecnologia está dentro das redes.

Contexto de Embeddedness Social da Tecnologia, tecnociência e tecnosociedade e O


modelo em rede perfeitamente integrado (Hughes, 1983)

Através dele, Latour sistematizou ideias que circulavam já nos STS:

Há um profundo entrelaçar do desenvolvimento científico e técnico como


mostram, por exemplo, os estudos laboratoriais. Os laboratórios (e empresas de
engenharia) possuem o poder de alterar o mundo como o conhecemos e
experimentamos. As redes perfeitamente integradas ligam cientistas, engenheiros e
outros atores sociais na sua prática. O mundo tecnocientífico cria novos híbridos
natureza-cultura que tornam crescentemente complicado definir-lhes os limites.

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