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SCCT – Teste de Ciência e Tecnologia

Aula 1 – Da Revolução Científica à “Big Science”

1.1 – A Revolução Científica, o Método Científico e a Fundação da Ciência Moderna

Limitações à Revolução Científica – Peso da Teologia, a não refutação das teorias dos
clássicos (pensamento único) e limitações morais.

Perspectiva dedutiva - Todo o conhecimento tinha na base a filosofia.

1) Antecedentes: Séculos XV, XVI (Renascimento (Ultrapassamos as limitações//


Ultrapassamos as ideias dos clássicos), Humanismo Renascentista, Reforma
Protestante, Impresa).
2) Revolução Científica: (Séculos XVIII E XIX – primeiros passos na Revolução Científica)
 Termo cunhado por Alexandre Koyré em 1939 (A Revolução Científica é
anterior ao termo);
 Autonomização da Filosofia;
 Racionalismo, Empirismo, Experimentalismo. Baco e o método indutivo.
Descartes e a aplicação da matemática e da geometria ao estudo filosófico em
geral. (São as bases do método científico em geral);
 Alguns percursores: na Astronomia (Copérnico, Galileu, Kepler), na Fisiologia
(Versalius), na (Micro)Biologia (Redi e Pasteur). Estes autores punham em
causa os princípios anteriormente estabelecidos, criação da vida com base em
crenças divinas // Destroem os mitos.
3) A consequente revolução nas principais ciências (séculos XVIII-XIX) // Todas as
ciências foram paulatinamente alteradas pela revolução científica.
 Astronomia, Física e Matemática – Newton (mecânica clássica) // Houve um
rutura através da aplicação do método científico empírico;
 Química – Lavoisier (nada se cria… tudo se constrói);
 Biologia – Seleção natural de Darwin/Wallace (questão da competição);
 Seguem-se as ciências Humanas e Sociais, eventualmente a Sociologia com o
Positivismo Comteano.

Apesar de sermos anões perante os clássicos, estudando subíamos aos ombros deles e
veríamos “mais longe”, nunca pondo em causa os clássicos iríamos ver mais além.

- Algumas inovações fulcrais da Revolução Científica (Bucchi, 2002):

1) A adoção de métodos e procedimentos distintivos para a actividade científica,


nomeadamente a experimentação (centrou-se na experimentação);

2) Carácter não hierárquico do conhecimento. Libertação do jugo incontestável dos


clássicos (Todo o conhecimento é válido) e incentivo à observação e inquirição pessoal e direta
(Afastamento dos clássicos);
3) O afastar de um cosmologia teleológica, centrada no Homem e a discussão
sucessivamente ampla dos métodos a adotar no estudo da Natureza (Experiências científicas,
colocação da ciência na Natureza);

4) O aumento da importância dada à comunicação científica e à troca de resultados e


hipótese (ciência crescentemente colaborativa), em oposição ao secretismo dos alquimistas,
resultando no estabelecimento de uma comunidade científica (academias científicas, fundadas
desde o século XVII, instituíram um crescente número de publicações científicas periódicas) //
Fundamento para a discussão para perceber os conhecimentos mais viáveis, como
estabelecimento das academias científicas, a ciência como vista como de uma forma
comunitária.

Segue-se a crescente profissionalização e institucionalização da ciência moderna;

1) Definição, elaboração e afirmação do papel social do cientista, termo usado pela


primeira vez em 1833 // A figura do cientista não existia antes (Sábios VS
Cientistas);
2) Normalização da prática científica no espaço laboratório, que se torna cada vez
mais social e colaborativo;
3) Emulação e expansão progressiva do modelo universitário prussiano:
especialização disciplinar, combinação do ensino e da investigação e liberdade
académica dada ao investigador para definir os objetivos (cada vez mais a
tendência é contrária) e os métodos do seu trabalho // Especialização dos
cientistas, surgimento de carreira para os cientistas.

As guerras mundiais aceleraram esse processo e deram lugar à integração progressiva da


ciência e dos cientistas na política pública, na estratégia político-militar e na afirmação
cultural; Marco da institucionalização da ciência, entrada na política, na sociedade mais ampla.
Saída da Ciência das Universidades.

1.2 – Price: as métricas da ciência – “From Little Science to Big Science”( Novas formas de
olhar para a Ciência)

1) Derek. J. de Solla (1963) “From Little Science to Big Science” e Derek. J. de Solla (1965)
“ Networks of Scientific Papers” – Ambos permitem ver o desenvolvimento da ciência.
2) Principais contributos:
 Demonstração do crescimento exponencial da ciência;
 Discussão de um eventual ponto de saturação do desenvolvimento científico.

O desenvolvimento da Ciência será eterno? – Sim, vamos andar sempre à procura da verdade,
mas a ciência nunca chegará a alcançar essa verdade. É um caminho infinito.

Será que a Ciência pode continuar sempre a crescer? – Não, não há necessidade de maior
crescimento // Ponto de inflexão // Rutura, estado de saturação da ciência.
3) Principais contributos:
 Estimação do tempo de meia-vida da literatura científica (“immediacy effect”).
No geral é 5 anos (o impacto não ultrapassa os 5 anos), nalguns sectores
como a física e a pesquisa biomédica ainda menos: cerca de 3 anos // Os
papers tem um nível (tempo) de vida curta, e este tende a vir a diminuir.
 Lei de Price – 25% dos Cientistas são responsáveis por 75% das papers
publicados – A ciência, nomeadamente a publicação está altamente
concentrada, “Sistema fechado”.
 Estudos quantitativos das redes de citações entre papers científicos (1965)
incluindo a descoberta de que as redes de citação dependem de distribuições
sujeitas a uma lei de poder.
 Modelação matemática do processo de vinculação preferencial em citação
científica (1976).

Perspectiva quantitativa da Ciência (Revolução) // Escolha da área científica pouco


desenvolvida.

1.3 – A Ciência é naturalmente condicionada?

1)O Efeito Matthew (Rober Merton, 1969) – Pai do desenvolvimento da Ciência

Justificava o que ele via. Fala numa distribuição dos talentos. Estabelecimento do Princípio de
atribuição de créditos da ciência // O investigador que ganhe o Prémio Nobel tem a carreira
feita, devido à acumulação de créditos:

- Benefícios (diferenças sociais na ciência tendem a


amplificar-se no acesso ao financiamento, maquinaria, entre outros) - Lógica de quem recebe
muitos prémios atraí muito financiamento e quem não recebe prémios não consegue ter
financiamento

2) O Efeito Matilda (Caso Rosalind Franklin) – Relata a posição que as mulheres têm na
ciência (Secularização face ao homem) Rosalind foi afastada da Ciência, fez a descoberta mas
não foi associada à mesma // É sistemático em Ciência.

3) Contra o Construtivismo Social Radical (Caso Sokal, 1996) – Demonstra que existe um
número grande de aspectos sociais que afeta a forma como se faz ciência. Importância do
estatuto, mérito e género do cientista. Achava que a Sociologia da Ciência não tem crédito,
não se fazia ciência (as ciências sociais não tinham relevância) // Inventou o paper do inicio ao
fim, o mesmo nunca foi publicado.

4) Estaline a Genética na União Soviética (Caso Lysenko, 1940-48) – O efeito da política nas
ciências; Atraso da Biologia e da Genética por mais de 100 anos, a ciência é uma instituição
que necessita de comprovar o seu argumento, é influenciada facilmente por factores sociais.

A Sociologia da Ciência estabiliza-se nos anos 60/70 (Muito recentemente).


Aula 2 – A Estrutura Normativa da Ciência

2.1 – Os primórdios da Sociologia da Ciência

1) Antecedentes (anos 40) – Na Escola de Harvard, George Sarton (historiador da ciência) e


Pitirim Sorokin (sociólogo). (Sarton deu origem ao funcionalismo)

2) Fundação (anos 50, 60) – com as investigações e textos pioneiros de Robert Merton e
outros investigadores agrupados sobre a designação de “sociologia institucional da ciência” ou
“sociologia dos cientistas” // Início dos estudos.

3) Etapas da Institucionalização (fim dos anos 70)

- Primeiro periódico especializado (1976)

- Primeira secção especializada (na ASA) (1978)

Robert Merton – Fundador; Nunca nos seus estudos centra o processo de produção de
conhecimento.

- Ciência tratada como um conhecimento superior, inquestionável. Até fins dos anos 80 os
estudos são associados ao contexto. Durante muito tempo, temos uma Sociologia da Ciência
centrada nos processes contextuais (não nas teorias científicas e na produção de
conhecimento).

2.2 – Merton: a estrutura normativa da Ciência

1) Tese de doutoramento em 1938 “Science, Tecnology and Society in Seventeenht Century


England”

 Merton foi profundamente influenciado pela obra “A Ética Protestante e o Espírito do


Capitalismo” de Max Weber (1904);
 A ética puritana protestante favoreceu a emergência dos valores que estão n base da
ciência moderna (racionalismo, individualismo e empiricismo);
 Não é o capitalismo industrial (a economia) que está na base da ciência moderna, mas
sim a ideologia (neste caso a religiosa).

2) Estudos de Merton (1945-1972) reunidos sob o título “The Sociology of Science”

3) Conceito central dos estudos mertonianos “estrutura normativa da ciência”,


correspondendo aos valores e normas que, segundo Merton, garantiriam o funcionamento da
actividade científica // É a identificação das principais normas e valores que orientam os
cientistas e as instituições. Produzindo:

1 – “Sociologia Institucional da ciência” ou “Sociologia dos cientistas”;

2 - Enfoque messosociológico, institucional.


3 – Merton desiste de qualquer pretensão de estudar o “hard core” da ciência.
4 – As normas éticas deviam ser estudadas pela Sociologia e as normas técnicas pela
Epistemologia.

Hard core da ciência: Os conhecimentos que a ciência (natural) produziu (teorias científicas).
Não fazia sentido a entrada neste campo por parte dos sociólogos. É impossível de ser
estudada pela Sociologia. É o património teórico da ciência.

Estrutura Social da ciência: Relações que mantém os cientistas com a comunidade em geral.

Imperativos Institucionais Científicos (IIC): (São fundamentais, valores do grupo de cientistas


e da instituição)

1) Universalismo - As pretensões e resultados científicos são julgados


independentemente do indivíduo que os apresenta, por exemplo, independentemente
da classe social, da etnia, da idade ou da religião. Os cientistas são exclusivamente
recompensados com base nos resultados que obtêm. // Só importa a validade das
teorias, não quem as produz.
Ex: Blind peer-review (processo de avaliação dos artigos para as revistas científicas, a
aceitação depende do valor da teoria não da pessoa).

2) “Comunismo” – Os resultados e as descobertas não são propriedade dos indivíduos


mas pertencem à comunidade científica e à sociedade em geral. Este imperativo
decorre da ideia de que o conhecimento é resultado de um esforço colectivo da
comunidade científica. O cientista não obtém reconhecimento pelas suas descobertas
a não ser que as publicite e disponibilize aos outros. // As teorias são da colectividade,
processo comunitário, são propriedade da ciência, não das pessoas.

3) Desinteresse – Cada investigador persegue primariamente o progresso do


conhecimento. O alcance do reconhecimento individual é um efeito indirecto e não o
objectivo primeiro da actividade do cientista // Orientação individual do cientista.
Ex: Códigos de ética científica (procuram assegurar a orientação individual do cientista)
4) Cepticismo organizado – Os investigadores devem estar dispostos a avaliar
criticamente todas as hipóteses e resultados, incluindo os próprios, suspendendo o
julgamento final até todas as confirmações ou refutações terem sido obtidas. //
Orientação para uma análise continuada, as teorias tem que ser avaliadas
frequentemente por toda a comunidade científica (Análise do grupo)

Trata-se de normas colectivas e não de valores individuais; de princípios institucionais e não de


motivações pessoais.

Trata-se normas não codificadas, mas meramente interiorizadas (implícitas).

- Não obstante Merton nunca tenha negado a existência de conflitos entre os valores
institucionais a as práticas individuais, a sua reduzida elaboração sobre esta dualidade fez com
que fosse acusado de descrever a ciência como ela “devia ser” (ou se queria mostrar), em vez
de como era realmente. Diversos estudos empíricos redundaram no estabelecimento de
Contra-Imperativos Institucionais Científico destinados a descrever a instituição científica
como de facto é e não só como quer parecer que é ou colectivamente aspira a ser.

Contra-Imperativos Institucionais Científicos

1) Particularismo (em vez de universalismo) – As características pessoais dos cientistas


afetam de modo importante o como como o seu trabalhador é julgado. // Influência
das características pessoais.
Ex: Caso do afastamento da Biologia durante o Estaline (Rússia); Mulheres negras
afastadas do estudo lunar; Prejuízo das mulheres na ascensão da carreira.

2) Individualismo (em vez de “comunismo”) – Os direitos de propriedade são estendidos


para incluir formas de controlo protector sobre os seus resultados. // Luta egoísta.
Ex: Movimento contra o fechamento da Ciência.

3) Interesse (em vez de desinteresse) – O investigador individual procura servir os seus


interesses bem como os do restrito grupo a que pertence.
Ex: Lutas pela prioridade científica – lutas agressivas pelo domínio da ciência (o que
leva ao secretismo/ as pessoas assinam acordos de confidencialidade).

4) Dogmatismo (em de cepticismo organizado) – O cientista acredita nos seus resultados


com sólida convicção ao mesmo tempo que duvida persistentemente dos resultados
dos outros. // Mantêm uma ligação à sua teoria. As teorias persistem para lá do que
deviam persistir.

- Os CIIC podem ser funcionais? De acordo com os inquiridos de Mitroff (1974), sim. Alguns
exemplos: (Até podem ser benéficos para a Ciência)

 Particularismo – Pode poupar tempo, porque foca a atenção e os recursos nos


investigadores com mais probabilidade de produzirem resultados importantes // Pode
ser útil para que a ciência funcione de melhor forma.
 Individualismo – O secretismo pode evitar a paralisia da ciência devido a disputas
sobre a prioridade das descobertas ou devido a pressões políticas e sociais aplicadas
sobre a comunidade científica // Só as teorias avançadas e sustentadas é que são
apresentadas.
 Interesse – A orientação para a defesa própria e dos interesses do grupo pode levar a
um maior investimento competitivo que se pode traduzir na aceleração da descoberta
e do progresso da ciência // Aceleração dos processos.
 Dogmatismo organizado – A defesa da própria hipótese pode desencorajar o
abandono prematuro de hipóteses que mais tarde se possam a vir a revelar
produtivas.

Aula 3: A Estrutura das Revoluções Científicas

3.1 – Paradigmas e revoluções científicas

Sistemática Lineana VS Sistemática Molecular

Mecânica clássica VS Mecânica quântica (Grande revolução na física)

Entre outros …..

Completas alterações, apenas verificadas pela mudança de paradigma. Estas revoluções são
respostas a questões centrais da ciência que são revolucionárias;

3.2 – Thomas Kunh e a Estrutura das Revoluções Científicas

Thomas Kunh (1962), “The Structure of Scientific Revolutions”

 Ímpeto no estudo das relações entre ciência e sociedade.


 Uma teoria da mudança científica
 A ciência faz saltos, isto é, não avança linearmente, as por um processo de
descontinuidade/ rupturas – Revoluções.
 Na maior parte do tempo, a Ciência é dito como normal

Thomas Kuhn VS Karl Popper

Falsificacionismo ou “Confirmation bias”?

- Kunh não explica a razão para a transição entre paradigmas (dado que o
falsificacionismo não é suficiente), mas refere que uma mudança geracional é
geralmente necessária (não explica o que leva a este modelo).
- Razões provavelmente envolvidas na transição, de natureza extra— científica: crenças
filosóficas ou religiosas, características pessoais dos cientistas, tendência para o
conformismo, ameaça do status quo.
- Os sociólogos identificaram na mudança paradigmática um campo fértil para a
sociologia da ciência.
- Popper afirma que as teorias se não forem falsificadas não são teorias científicas, tem
que se falsificar as questões da realidade.

Douglas (1970) usa 2 factores para explicar a diferente abertura dos grupos à aceitação e
exploração de anomalias:

Grid (grelha) - extensão na qual as relações internas de um grupo estão hierarquizadas e


estruturadas.

Ex: Um exército ou uma burocracia são hig grids;

Group (grupo) – a extensão do grau de coesão face ao exterior.

Ex: Uma seita religiosa é um high group.

Aula 4: Macro e Micro Sociologia da Ciência e do Conhecimento

4.1 – Macrossociologia, Microssociologia e Sociologia da Ciência:

Nível Macro – Sociedade enquanto sistema;

Nível Micro – Nível mais simples (“Interaccionismo Simbólico”) // Olha para a Sociedade como
uma lupa.

Quando deixamos de associar o Hard-core à caixa-negra (Pós-Merton) surgem duas


perspectivas: O Externalismo moderado e o Externalismo forte/radical.
1) Externalismo moderado – O conhecimento é socialmente condicionado (O
fundamento vêm da natureza, mas há influência da sociedade);
2) Externalismo forte ou radical - O conhecimento é social (construtivismo); (Não
existem teorias científicas que não são construídas pelos fenómenos sociais // Ciência
construída pelos fenómenos sociais, mais radicalismo as teorias são construídas
socialmente.

Nível MACROssociológico A sociedade como um todo influencia o trabalho dos


cientistas.

A sociedade como um todo constrói as ideias científicas.


Nível MESOssociológico

A comunidade científica influencia o trabalho dos


Nível MICROssociológico cientistas.

A comunidade científica constrói as ideias científicas

1) Sociologia Institucional e da Ciência (Merton et al.) – Nível Meso


2) Edinburg School (Bloor et al. ) – Nível Macro // Escola Multidisciplinar
3) Laboratory Studies (Latour et al.) – Nível Micro
4) Bath School (Collins et al.) – Nível Meso
5) Actor Network Theory (Collins et al. ) – Nível Macro

Todas afastam a ideia de Merton.

4.2 – Da Sociologia Institucional da Ciência (ISC) à Sociologia do Conhecimento Científico (SKK)

Open the Black Box // Era pós-merton, olhas de forma sociológica as teorias científicas, estas
são socialmente condicionadas.

 Fundação por Edge da Unidade de Estudos Científicos na Universidade de


Edinburgo.
 Autores de referência: Bloor, Barnes, MacKenzie, Shapin.
 Objetivo: Opor a Sociologia Institucional Americana (ISC)
 Sociologia do Conhecimento Científico (SKK) – Alterou o nome da disciplina
 Enfoque altamente interdisciplinar (incluindo história e filosofia da ciência)

As teorias científicas são sociais;

Full-circle: relações biunívocas entre ciência e sociedade;


“Strong programme” VS “Weel programme”

4.3 – A Escola de Ediburgo (Nível Macrossociológico)

As teorias científicas são sociais. 4 áreas de exploração (shapin);

1) A produção e a avaliação das descobertas científicas são contingentes. Há uma área


cinzenta entre aquilo que a natureza oferece e que os cientistas reportam. Essa área
cinzenta é social; (Principal área de investigação).
2) Os interesses profissionais afetam a ciência; (como é que fazem avançar as suas
teorias em deterioramento das outras).
3) O nível de profissionalização e de segregação do “lay knowledge” – afetam a ciência;
(Ideia que a ciência se baseia nos conhecimentos populares, a ideia de que isto é
fastado é uma ideia desafiada pela Escola de Ediburgo).
4) A profissionalização da ciência não implica o afastamento completo da cultura popular
na produção de conhecimento científico.

Até a matemática é social.

Aquilo que vemos na realidade não significa nada em termos de participação porque esta
advém de um consenso de comunidade. Não quer dizer que toda a comunidade científica seja
consensual.

A sociedade como um todo influencia o trabalho dos cientistas Externalismo

A comunidade influencia o trabalho dos cientistas Moderado

“Strong programme” VS “Week programme”

(Forma diferente da interpretação do conhecimento// O que se faz em Ciência não é


isto, isto é o que se pretende)

O “pograma forte” de David Bloor, consiste em 4 princípios metodológicos;

1) Orientação Causal: determinar as condições que conduzem às crenças ou estados


do conhecimento (de que como é que as estruturas científicas são conduzidas)
2) Orientação imparcial: tratamento igualitário da verdade ou falsidade,
racionalidade ou irracionalidade, sucesso ou fracasso na procura explicativa
(Critérios diferentes para estabelecer as dicotomias)
3) Explicação simétrica: o mesmo tipo de causa deve ser usado para explicar crenças
consideradas verdadeiras e falsas (as razões que damos para o insucesso difere das
razões que damos para o sucesso, justificação diferente // Assim não temos uma
justificação imparcial // A ciência tem tendência de dar um tratamento desigual ao
que vai de encontro como a sua perspectiva).
4) Orientação reflexiva: os princípios e padrões de explicação devem ser aplicados
não só “aos outros” mas também “ a nós”. A própria análise sociológica deve ser
sujeita a inquérito sociológico acerca da sua produção de conhecimento (temos
que nos criticar uns aos outros)

- Sistematização da teoria:

As crenças não derivam apenas das evidências. Por exemplo, as mesmas observações
empíricas da posição da terra face ao sol, justificam teorias diferentes para geocentristas e
heliocentristas.

Prior belief – Crenças prévias

Resultant belief – (resultado), experiência condicionada, pelas nossas crenças e interpretações.

Experience – Experiência empírica.

4.3 – Etnometodologia e Estudos Laboratoriais – Nível Micro (Perspectiva Construtivista


Radical) // Pode haver uma total distinção entre as teorias cientificas e a realidade social)

 De referência etnometodológica;
 Inquérito detalhado ao processo contingente que constitui a investigação científica;
 “Laboratory Life” (1979);
 Os cientistas negoceiam também o conhecimento como grupo e comunidade.
Envolvidos na negociação estão também as agências que os financiam, os
fornecedores do aparato e materiais científicos, políticos envolvidos na ciência.

A comunidade científica constrói as ideias científicas – Externalismo Forte

Bruno Latour – Conclui que as teorias são uma construção comunitária do que se passou no
laboratório; Diferença entre o que foi visto e o que está a ser vendido. Às vezes não tem nada
a ver com o resultado da experiência; Não há relação entre causa e efeito.

Modalidades – Não são ainda a teoria provada // São


afirmações feitas pelos cientistas e o modo como estas
são apresentadas ao leitor (preposições científicas);

Inscrições – Tem a sua base nas Modalidades. Sintetiza o


trabalho que seleccionamos // Os resultados são
colocados em inscrições. Usam-se para sustentar as
modalidades. São os meios representativos entre os
dados empíricos e as modalidades // podem ser
imagens, gráficos (já são uma construção da realidade.

Segregação – Processo progressivo em Ciência de


separar-mos as modalidades das inscrições. Transforma-
mos os resultados de uma investigação científica em
realidade.
Exemplo de segregação: Eu descobri que os jovens não aderem à religião por A+B, logo a
realidade é que os jovens não aderem à religião por A+B.

Inversão – Transforma-mos um fenómeno construído pelo social, num que não é mais
refutado. Aquilo que aceitamos como realidade natural, pode não ter nada a haver com a
realidade natural.

Os autores desta teoria como por exemplo Latour:

 Não negam a realidade objectiva da natureza;


 Consideram contudo que há uma transcrição contínua da “realidade” e da “natureza”
pelos cientistas.

Construtivismo

4.4 - A Escola de Bath – Nível Meso/Microssociológico (Emersão dos factores de poder)

 Direccionada contra o “Stong Porgramme”;


 Institui o “Empirical Programme of Relativism”;
 Próxima da escola etnometodológica mas centrada em “case studies”, nomeadamente
nas grandes controvérsias científicas, casos que colocariam a nu a verdadeira
identidade da ciência.

O “pograma empírico do relativism” de Collins (1983) consiste em 3 grandes objetivos:

1) Demonstrar a flexibilidade interpretativa dos resultados experimentais (os mesmos


dados para construir teorias diferentes);
2) Examinar os mecanismos através dos quais essa flexibilidade se atinge;
3) Ligar os mecanismos de resolução interpretativa (fechamento) com a estrutura social
mais vasta.

Investigação em ciência – Sabe-se o que queremos ver;

Construímos máquinas para confirmar; Toda a investigação é


condicionada pelos resultados
Se não der o problema é da máquina

Pautada pelo construtivismo – Construímos teorias que nada têm a haver com a realidade.

 Não negam a realidade objectiva da natureza;


 Consideram contudo que há uma negociação contínua da “realidade” e da “natureza”
pela comunidade científica, que é estratificada;
 Um conjunto central de cientistas e instituições científicas possuem recursos
particulares na rede, orientando as resoluções interpretativas (o processos de clouse)

A comunidade científica constrói as ideias científicas – Externalismo Forte

4.5 – O modelo Ator-Rede (ANT) – Nível Meso/Macrossociológico

Objeto da Sociologia da Ciência – São os factores sociais, estes afetam a ciência.

 A aquisição por parte de uma afirmação da qualidade de facto, depende de uma rede
complexa de autores que os passarão (ou não) de mão em mão;
 Essa rede não é estritamente científica mas abarca todos os níveis e instâncias da
sociedade.
 Essa rede, aliás, é composta não só por atores humanos, mas também não humanos
(citações bibliográficas, empresas, utilizadores) // Aumentam a probabilidade de se
manter a teoria e poder vir a integrar o campo da ciência.

- Há teorias sucessivamente “chutadas” referenciadas, independentemente do seu valor fico


no topo da ciência e aumenta a sua probabilidade de se tornar uma verdadeira teoria. Não há
ligação entre a qualidade e o contexto em que a tecnologia emerge.

- Mais do que as teorias que são apresentadas a uma rede é nessa rede que se define (não
associada à sua qualidade) se terá longevidade ou não.

Aula 5: Ciência e Tecnologia

5.1 – Os Estudos da Ciência e da Tecnologia (STS) // Como construção social

A sociologia da Ciência e da Tecnologia (Grande influência da Escola de Ediburgo) desenvolveu-


se independentemente da Sociologia da Ciência.

1) Os estudos de Ciência e Tecnologia desenvolveram.se essencialmente nos anos 60 e 70:

 Reconduzem-se à tradição mertoniana;


 Grande influência do “Strong Programme” de David Bloor, do “Empirical Pogramme os
Relativism” da escolha de Bath e, mais recentemente, da Teoria do Ator-Rede;
 A análise da tecnologia originou-se na abordagem histórica mas foca-se hoje, em
especial, na evolução da tecnologia moderna. A sociologia da Internet é uma das suas
áreas mais dinâmicas.

2)Principais objetivos:

 Estudar o modo como a política e a cultura influenciam a pesquisa científica e o


desenvolvimento tecnológico, bem como estudar o modo como a ciência e a
tecnologia influenciam a política e a cultura;
 Pretendeu-se pois estudar a influência, reconhecida como biunívoca, entre a
sociedade e a ciência e tecnologia;
 Desde o primeiro momento, pretendeu-se rebater o determinismo científico e o
tecnológico com teorias construtivistas socias (Construção social da tecnologia).

5.2 – Abordagem Sociológica da Tecnologia

 Embeddedness: Conceito de Karl Polany popularizado por Marx Gravovetter (1985) no


contexto do desenvolvimento da Nova Sociologia Económica.
 Embeddedenss social da tecnologia: A tecnologia não pode ser entendida senão
inserida no contexto amplo da sociedade onde se desenvolve. As instituições e
estruturas não tecnológicas influenciam decisivamente a tecnologia. Os avanços
tecnológicos não ocorrem no vácuo mas respondem a contextos e necessidades sociais

Embeddedness Social da Tecnologia VS Independência Social da Tecnologia

Tecnociência – Área de estudos da STS que se foca na ligação inseparável da ciência e da


tecnologia // Sub-ramo, é indissolúvel a Ciência da Tecnologia, não podemos estudar uma sem
estudar a outra.

2 Perspectivas

1) Modelo hierárquico: A ciência precede e alimenta a tecnologia // Desenvolvimento


tecnológico depende da ciência. Investir na ciência.
2) Modelo interactivo: relações biunívocas (ex: Harrison e a longitude) // Contributo da
ciência para a tecnologia e da tecnologia para a ciência

Tecnosociedade – Área de estudos da STS que pressupõe o carácter indistinguível da


tecnologia e da sociedade na sociedade moderna. // Construtivista-Social; A tecnologia é
indissolúvel do contexto social; estuda o modo como as redes sociais condicionam o modo
como é desenvolvido o impacto no sistema político; A tecnologia desenvolve-se pela
“moldagem da sociedade”. A tecnologia é a sociedade.

Determinismo tecnológico VS Construtivismo tecnológico

- Determinismo tecnológico – (um modo de determinismo económico): considera que a


evolução das sociedades depende da evolução da tecnologia // A descoberta científica
depende do acaso, não é socialmente determinado.

- Construtivismo tecnológico – não é a tecnologia que determina a sociedade e acção humana;


é a sociedade e acção humana que determinam a tecnologia // Aspetos culturais, socias
moldam a tecnologia, esta depende do contexto onde se encontra.
5.3 – A Teoria Construtivista da Tecnologia

Principais influências da Teoria Construtivista da Tecnologia:

- Escola de Ediburgo: Influência determinante do “Strong Pogramme” de David Blorr.

- Escolha de Bath: Influência determinante do “Empirical Porgramme of Relativism”.

O “Pograma Forte” de David Bloor consiste em 4 princípios metodológicos; Sendo um deles o


da Explicação simétrica // O conceito de explicação simétrica influenciou em particular o
desenvolvimento da teoria construtivista da tecnologia.

Esta explicação simétrica visa combater a tendência de se tratar o que é considerado sucesso
como verdade, superioridade técnica e descoberta, e o que é considerado insucesso como
falso, inferior ou falacioso.

 É adotada uma posição de neutralidade (igualdade de tratamento) face a todos os


argumentos (sociais, económicos, culturais ..) que defendem a adoção ou rejeição de
uma tecnologia.
 Posição neutra: Todos os argumentos contra e a favor são de idêntica relevância e
valor para a construção social da tecnologia.

Se tratarmos todos os elementos de forma igual, não conseguimos verdadeiramente avaliar o


seu conteúdo, o seu impacto social.

A influência da Escola de Bath na Teoria Construtivista da Tecnologia

- Conceito analíticos inspirados no Pograma Empírico do Relativismo:

1) Flexibilidade Interpretativa – cada artefacto tecnológico tem diversos significados e


interpretações para grupos sociais diferentes // Analisar o modo como essa tecnologia é
recebido. Grupos distintos avaliam de forma diferenciada a mesma tecnologia;

Ex: Mulheres, desportistas, turistas, idosos têm imagens diferentes da tecnologia.


2) Grupos sociais relevantes – os mais relevantes são os produtores e os utilizadores embora
outros grupos sociais se revelem; jornalistas, políticos, vendedores, ect;

3) Flexibilidade do design – as tecnologias podem ser construídas diferentemente por vários


grupos e usadas para fins e de modos diferenciais // A forma alternativa da tecnologia se
apresentar “chama” diferentes grupos sociais;

Ex: Diversos modelos apelam diferentemente.

4) Problemas e conflitos – diferentes interpretações e modos de utilização geram problemas e


conflitos diferentes para diferentes grupos;

Ex: O problema da segurança, o problema do vestuário das mulheres.

5)Mecanismos de closure – a resolução de problemas e conflitos é conseguida de diferentes


modos. Por exemplo:

1) de modo retórico (via publicidade ou relações públicas)

2) através da redefinição do problema (o que era um problema pode


tronar-se uma solução através de inovações e reinterpretações de utilidade)

Fases essenciais para os estudos sociológico da construção da tecnologia:

1) Identificar os significados e interpretações alternativas da tecnologia (flexibilidade


interpretativa), as formas flexíveis de design e os problemas e conflitos derivados;
2) Identificar os modos de clousre dos problemas e conflitos detetados que derivam das
várias formas de flexibilidade interpretativa, descrevendo os artefactos tecnológicos
estáveis resultantes;
3) Relacionar o artefacto tecnológico ao seu contexto sociocultural mais amplo (fase não
operacionalizada e genericamente secundarizada)

Críticas:

1) Explicam como a tecnologia surge, mas não os seus efeitos sociais //


Consequentemente, nada é dito sobre o impacto social amplo das tecnologias;
2) Examina os atores sociais envolvidos no processo de desenvolvimento e adoção da
tecnologia, mas ignora os atores não envolvidos no processo, mas afectados por ele,
segundo Winner isto resultaria numa sociedade elitista e conservadora;
3) Considera apenas os interesses e motivações imediatos dos grupos envolvidos no
desenvolvimento e adoção da tecnologia, mas desconsidera o contexto social,
intelectual, económico e mais amplo;
4) Evita ativamente assumir qualquer posição moral ou fazer qualquer julgamento de
valor sobre os méritos e interpretações alternativos da tecnologia. Como resultado,
não avança o debate acerca do impacto da tecnologia na evolução humana dos
sistemas sociais.
O conceito de tecnociência entrou na língua inglesa em 1987 na obra “Science in Action” de
Bruno Latour. Através dele sistematizou as seguintes ideias:

 Há um profundo entrelaçar do desenvolvimento científico e técnico como mostram,


por exemplo os estudos laboratoriais;
 Os laboratórios possuem o poder de alterar o mundo como o conhecemos e
experimentamos;
 As redes perfeitamente integradas ligam cientistas, engenheiros e outros atores sociais
na sua prática;
 O mundo tecnocientífico cria novos híbridos natureza-cultura que tronam
crescentemente complicado definir-lhes os limites.

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