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Comportamento ou instituições?

A evolução histórica do neo-institucionalismo da


ciência política
PERES, P. Comportamento ou instituições? A evolução histórica do neo-
institucionalismo da Ciência Política. Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol.28,
n.68, pp.53-71, 2008.
Publicado em 2008, o artigo do professor e doutor Paulo Sérgio Peres,
“Comportamento ou instituições? A evolução histórica do neo-institucionalismo da ciência
política”, trouxe a reconstrução histórica do novo paradigma neo-institucionalista da
ciência política.
Em seu enredo, o artigo retrata um novo método – um novo institucionalismo que
emergiu na análise dos fenômenos políticos nas últimas quatro décadas. Por isso, diversos
autores passaram a comparar as semelhanças e diferenças entre as mencionadas novas
instituições no campo do conhecimento e as escolas contemporâneas no campo da análise
política. No entanto, é interessante que há poucos estudos focados intrinsicamente no
desenvolvimento histórico desse paradigma da ciência política. Segundo o autor, os
métodos políticos desenvolvido ao decorrer da obra, é uma revolução que envolve dois
processos consecutivos, a oposição e a síntese.
Em setembro de 1961, Emmette Redford enfatizou para o público o progresso na
ciência política. Ainda nas últimas décadas do século XVIII, a perspectiva institucionalista
deu grande contribuição a partir do debate sobre o federalismo norte-americano, ou seja,
sob qual os sistemas serão os primeiros objetos do "projeto constitucional" espalhado por
Sartori.
Entre os séculos XIX e XX, a economia política se tornou foco e discussão sobre o
possível impacto das instituições e da cultura no comportamento econômico individual.
Essa disputa metodológica ocorreu entre a escola “dedutiva” e “axiomática”, retratada por
Karl Menger e por outro lado, ela foi contestada por Gustav Schmoller.
Na política, segundo o autor, os estudiosos estariam mais preocupados em analisar
gravemente as “palavras” da constituição de cada país, com o objetivo de revisar a
constituição de acordo com os princípios gerais baseados em uma mente muito racional que
considera o “bem”. Por conta dessa posição, ocorre a preocupação em estabelecer um
modelo prescritivo constitucional do “dever ser”, acontece que, naquela época, esses
métodos não explicariam os fenômenos políticos posteriores. Como resultado, após a
Segunda Guerra Mundial, a pesquisa passou a se concentrar na dinâmica “real” da política.
Nesse ponto, o autor destaca o comportamentalismo como nome genérico para o
behaviorismo. John Watson publicou um artigo em uma revista de psicologia que foi
considerado o ponto de partida do behaviorismo. Sendo assim, a proposição básica
apresentada por Watson foi marcada pelo método de introspecção e da análise do processo
mental da consciência, que se tornou uma oposição às teorias psicológicas e visões
analíticas da época.
Com pelo menos parte da antropologia e da sociologia daquele período, na ciência
política, o behaviorismo também representou rejeição da análise e métodos utilizados. A
adoção do paradigma behaviorista, consequentemente, passou a rejeitar o antigo
institucionalismo. Ocorre que, comportamento político e métodos behavioristas estão
associados a muitos cientistas políticos que expressam insatisfação com a ciência política
tradicional.
Ainda, a incompetência dos teóricos institucionais na incapacidade de explicar
sistematicamente os fenômenos ocorridos, levou a perda de instituições acadêmicas em
outras ciências. Outrossim, após a Segunda Guerra Mundial, a aplicação do modelo político
americano (democracia capitalista) aos países não industrializados foi ineficiente.
Entretanto, entre os anos de 1940 e 1960, a principal influência metodológica absorvida
pela política comportamental veio da sociologia, antropologia e psicologia, não da
economia.
De uma perspectiva behaviorista, a pesquisa política é mais importante para focar
em dados sobre a influência humana nos procedimentos do governo, sua composição e as
formas como é afetada, partindo de dois pontos fundamentais: a posição crítica à
abordagem institucionalista e a proposta programática de utilizar as abordagens
metodológicas.
Em geral, a “revolução behaviorista” trouxe contribuições para a ciência política.
Portanto, o behaviorismo alcançaria seu ápice em 1950 e se manteria até a próxima década,
atraindo militantes leais e críticos determinados.
Quando a crise política e social abalou, a última revolução (o behaviorismo) ainda
não havia funcionado, esse “pós-behaviorismo” se tornou o que é chamado de novo
institucionalismo.
Portanto, o behaviorismo perdeu seu poder e o paradigma institucional foi revivido
no final dos anos 1960 e início dos anos 1980. O método de institucionalização reapareceu,
mantendo a proposta de colocar o sistema no centro das análises, mas desta vez, o mesmo
foco do behaviorismo e da ciência foi mantido. Desse modo, o novo institucionalismo não é
apenas uma rejeição completa do behaviorismo, mas também uma síntese entre ele e o
antigo institucionalismo.
Restaurar o sistema com base na experiência e na positividade como variável
explicativa da motivação política dos atores se deve a dois processos. Isso também é
conhecido como o "paradoxo da votação" e foi proposto pelo matemático e filósofo francês
Marquês de Condorcet no século XVIII, considerado um dos pioneiros na aplicação da
matemática aos fenômenos políticos. Acontece que, no modelo econômico neoclássico, as
decisões egoístas no nível individual terão um componente "colateral" altruísta, porque
podem produzir um equilíbrio coletivo da alocação de recursos restantes.
Até agora, como o autor cita, o certo é que a restauração das instituições como
objeto central da pesquisa política se deve, em grande parte, à oposição de diversos
cientistas sociais em termos de sugestões e premissas behavioristas. No entanto, apesar da
oposição ao behaviorismo, especialmente por se opor a sistemas políticos e econômicos e,
principalmente, por se opor ao behaviorismo, o surgimento de projetos de pesquisa
institucionalistas ainda herda a atenção ao rigor metodológico e à orientação empírica do
paradigma. No entanto, em ambos os casos, mecanismos claros são estabelecidos,
inicialmente o órgão atuará externamente para coibir / restringir indivíduos. Com o tempo,
esse processo vai produzir internalização / conhecimento da organização como um curso
possível de ação, formando / construindo preferências em um segundo momento.
Por fim, o autor acaba concluindo uma breve reconstrução histórica do paradigma
neoinstitucional da ciência política. Apesar de opor o behaviorismo e o antigo
institucionalismo, a característica teórica central do método do novo institucionalismo é a
síntese epistemológica e metodológica de uma parte do behaviorismo e uma parte do antigo
institucionalismo. Em suma, de acordo com o pensamento adotado pelos novos
institucionalistas na política, a volta do sistema só tem sentido no contexto do
individualismo metodológico da economia.

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