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Curso: Técnico em Enfermagem


Módulo I – Introdutório
Município: Jacaraípe – Serra ES

PLANO DE ENSINO
PROFESSOR (A)
DISCIPLINA Fundamentos de Enfermagem I
CARGA HORÁRIA 80 horas
SEMESTRE / ANO
MÓDULO I
DATA

EMENTA

Princípios históricos, técnicos e humanos que orientam a prática de enfermagem, executando


técnicas e ações, com segurança, a fim de promover e recuperar a saúde, prevenindo problemas e
complicações. Aspectos e problemas relacionados à situação de hospitalização e prevenção de
situações de risco para o paciente e para sua pratica. Normas de biossegurança em saúde.
Os princípios, conceitos e técnicas enfocados no presente módulo são essenciais ao bom
desenvolvimento das demais disciplinas profissionalizantes, representando uma introdução à prática
da Enfermagem e um de seus alicerces. Seu conteúdo é majoritariamente composto por
conhecimentos técnico-científicos que exigem prática em laboratório e no campo de estágio,
ressaltando a importância da habilidade do saber-fazer em Enfermagem - ação que sempre e
concomitantemente conjuga-se com a competência humana necessária para lidar com o ser humano,
expressa através da comunicação, da ética e do respeito aos seus direitos e valores.

OBJETIVOS

GERAL
 Capacitar o estudante a entender e interpretar os princípios históricos, técnicos e humanos
que orientam a prática de enfermagem, para que possa executar técnicas e ações, com
segurança, a fim de promover e recuperar a saúde, prevenindo problemas e complicações.
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Compreender os aspectos e problemas relacionados à situação de hospitalização e prevenção


de situações de risco para o paciente e para sua pratica. Normas de biossegurança em saúde.

ESPECÍFICOS
 Conhecer a história da Enfermagem e sua evolução.
 Conhecer as entidades de classe e as organizações de interesse da área de saúde e defesa da
cidadania.
 Discutir as finalidades das diversas entidades de classe da Enfermagem.
 Conhecer os dispositivos legais que orientam a formação e o exercício dos profissionais de
Enfermagem.
 Identificar os direitos e os deveres inerentes à ação dos profissionais de enfermagem no
atendimento ao indivíduo e a comunidade.
 Reconhecer a estrutura, organização e funcionamento da enfermagem dentro das instituições
de saúde.
 Identificar os membros da equipe de enfermagem e suas respectivas funções.
 Identificar as diversas formas de trabalho e locais de atuação dos profissionais de
enfermagem.
 Reconhecer a importância dos registros dos procedimentos de enfermagem.
 Conhecer os conceitos e princípios sobre assepsia, antissepsia, desinfecção, descontaminação
e esterilização, identificando suas características.
 Conhecer os agentes utilizados na descontaminação, limpeza, antissepsia, desinfecção,
esterilização e destocamento de materiais.
 Conhecer a organização, a estrutura e o funcionamento de um Centro de Material.
 Correlacionar o método de esterilização adequado a cada tipo de material.
 Conhecer os diversos tipos de materiais e instrumentos processados no Centro de Materiais.
 Identificar os cuidados especiais relacionados ao manuseio do material esterilizado.
 Conhecer as finalidades, estruturas e o funcionamento do Serviço de Controle de Infecções
Hospitalar – SCIH.
 Reconhecer sua prática profissional como um dos fatores que interferem nos índices de
infecção hospitalar.
 Reconhecer a técnica da lavagem das mãos como um dos procedimentos básicos no controle
da infecção hospitalar.
 Interpretar normas de segurança no trabalho e prevenir acidentes com perfuro cortante.
 Conhecer, interpretar e aplicar o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

 História da Enfermagem.
 Legislação educacional relativa à formação de pessoal de enfermagem.
 Entidades da Enfermagem: ABEN, COFEN, COREN, Sindicatos. Finalidades e dinâmicas de
funcionamento.
 Técnicas e princípios para anotações e registros das práticas de enfermagem.
 Técnicas de abordagem e comunicação.
 Técnicas e princípios de anotações de ocorrências e serviços.
 Prevenção e controle de infecção.
 Normas técnicas de descontaminação, limpeza, preparo, desinfecção, esterilização, manuseio
e estocagem de materiais.
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 Princípios ativos dos produtos Químicos e preparo de soluções.


 Métodos de esterilização.
 Técnicas de limpeza concorrente, terminal e específicos.
 Técnicas de isolamento.
 Centro de material e esterilização.
 Técnicas de lavagem de mãos.
 Limpeza e desinfecção de ambientes, móveis, equipamentos, materiais e utensílios
hospitalares.
 Serviços de Controle de Infecção Hospitalar.
 Biossegurança.
 Fontes de contaminação radioativa – prevenção e controle.
 Métodos de esterilização: funcionamento de equipamentos de esterilização de ação química e
física – protocolos técnicos e manuseios.
 Manuseio e separação dos resíduos dos serviços de Saúde, especialmente os materiais
perfuro cortantes.
 Normas Regulamentadoras especificas para o descarte de resíduos biológicos.
 Técnica de calçar luvas.

METODOLOGIA

As atividades serão desenvolvidas em 4 momentos, com os seguintes procedimentos:


 Exposição temática dos assuntos;
 Estudos dirigidos ao final das exposições temáticas, com o objetivo de fixação do assunto
abordado;
 Aulas em laboratório para treinamento prático;
 Estágio Curricular Supervisionado em Fundamentos de Enfermagem I.

AVALIAÇÃO

A avaliação do aluno será composta de:


 2 provas teóricas no valor de 10 pontos cada;
 Prova Prática em Laboratório no valor de 10 pontos;
 Soma dos valores obtidos nos estudos dirigidos, com pontuação máxima igual a 10.
A média final será composta pela soma das pontuações obtidas dividida por 4.

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

 POTTER, Patrícia A.; PERRY, Anne G. Fundamentos de enfermagem. 5 ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2004.
 ATKINSON, Leslie D.; MURRAY, Mary Ellen. Fundamentos de enfermagem: introdução ao
processo de enfermagem. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989.
 KAWAMOTO, Emilia Emi. Fundamentos de enfermagem. 2 ed. Revisada e ampliada. São
Paulo: EPU, 2003.
 NETTINA, Sandra M. Prática de enfermagem. 7 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2003.
 MAYOR, Eliana Rodrigues Carlessi; MENDES, Edoilia Maria Teixeira; OLIVEIRA, Katia
Regina D. Manual de procedimentos e assistência de enfermagem. São Paulo: Atheneu, 1999.
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 CIANCIARULLO, T. I. et al (Orgs.) Sistema de assistência de enfermagem: evolução e


tendências. São Paulo: Ícone, 2001.

Geovane da Mota João


Diretor Pedagógico ETEC

APRESENTAÇÃO

Os princípios, conceitos e técnicas enfocados no presente módulo são essenciais ao bom


desenvolvimento das demais disciplinas profissionalizantes, representando uma introdução à prática
da Enfermagem e um de seus alicerces. Seu conteúdo é majoritariamente composto por
conhecimentos técnico-científicos que exigem prática em laboratório e no campo de estágio,
ressaltando a importância da habilidade do saber-fazer em Enfermagem - ação que sempre e
concomitantemente conjuga-se com a competência humana necessária para lidar com o ser humano,
expressa através da comunicação, da ética e do respeito aos seus direitos e valores.

A abordagem proposta neste trabalho articula os princípios da infecção hospitalar aos procedimentos
básicos de enfermagem. Considerando-se que grande parte dos atos realizados em pacientes envolve
risco potencial de infecção, é imprescindível que o técnico de enfermagem, já no início de sua
formação, vá gradativamente incorporando os princípios de prevenção de infecção às técnicas de
enfermagem.

Ressaltamos que os procedimentos descritos são orientações gerais que devem ser ajustadas de
acordo com as necessidades dos pacientes e do âmbito no qual é exercido o cuidado de enfermagem.
Embora haja uma inter-relação entre os capítulos sua forma de organização oferece certa
flexibilidade para se trabalhar os conteúdos, sem necessariamente exigir que se siga, de modo rígido,
a sequência aqui estabelecida.
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SUMÁRIO

1. CONCEITO E EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM.............................................1


1.1 ORIGEM DA PROFISSÃO............................................................................1
1.2 ENFERMAGEM MODERNA........................................................................3
1.3 PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE......................................................3
1.4 PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM..............................................4
1.5 EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL.........................................5
2. AS ENTIDADES DE CLASSE DA ENFERMAGEM.........................................6
3. DISPOSITIVOS LEGAIS QUE ORIENTAM A FORMAÇÃOE O EXERCÍCIO DOS
PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM – DIREITOS E DEVERES.........8
4. TÉCNICAS E PRINCÍPIOS PARA ANOTAÇÕES E REGISTROSDAS PRÁTICAS DE
ENFERMAGEM.......................................................................10
4.1 PRONTUÁRIO DO PACIENTE..................................................................11
4.2 ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM............................................................11
5. PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES................13
5.1 CCIH E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA....................................................14
5.2 FUNCIONAMENTO DA CCIH...................................................................14
5.3 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA A ARTIGOS
HOSPITALARES..........................................................................................15
5.3.1 Classificação dos Artigos Hospitalares.............................................16
5.3.2 Processamento de Artigos Hospitalares............................................16
5.3.3 Principais Desinfetantes / Esterilizantes para Artigos
Hospitalares.......................................................................................18
5.4 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA AO AMBIENTE.....................19
5.4.1 Classificação das Áreas Hospitalares................................................20
5.4.2 Tipos e Frequência de Limpeza.........................................................20
5.4.3 Principais Desinfetantes para Superfícies..........................................22
5.5 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA À EQUIPE DE SAÚDE.........22
6. TÉCNICAS DE ISOLAMENTO E TIPOS DE PRECAUÇÃO.........................23
6.1 PRECAUÇÃO PADRÃO..............................................................................23
6.2 PRECAUÇÃO DE CONTATO.....................................................................24
6.3 PRECAUÇÃO RESPIRATÓRIA / GOTÍCULAS........................................25
6.4 PRECAUÇÃO COM AEROSSÓIS..............................................................26
7. LAVAGEM DE MÃOS......................................................................................27
8. CME – CENTRO DE MATERIAIS E ESTERILIZAÇÃO................................28
8.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO..............................................................28
8.2 OBJETIVOS DA ENFERMAGEM EM CME..................................,..........28
8.3 SETORES DO CME.....................................................................................28
9. BIOSSEGURANÇA............................................................................................29
9.1 BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DAS INFECÇÕES EM SERVIÇOS DE
SAÚDE....................................................................................................30
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9.2 ASPECTOS LEGAIS – NR32......................................................................30


10. GRSS – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE..33
10.1 PGRSS – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS EM SERVIÇOS DE
SAÚDE...............................................................................34
10.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RSS.................................................................34
11. TÉCNICA DE CALÇAR LUVAS......................................................................35

1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM

1.1 ORIGEM DA PROFISSÃO

A Enfermagem - reconhecida por seu respectivo conselho profissional é uma profissão que possui
um corpo de conhecimentos próprios, voltados para o atendimento do ser humano nas áreas de
promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde, composta pelo enfermeiro, técnico e
auxiliar de enfermagem.

A enfermagem em sua evolução passou por três fases distintas: a empírica ou primitiva, a evolutiva e
a de aprimoramento. O cuidado de pessoas doentes significava, no geral, grande inconveniência para
a sociedade, principalmente assistência aos indivíduos com distúrbios mentais ou doenças
contagiosas.

O cuidado com o doente teve início na família e posteriormente passou para a responsabilidade dos
sacerdotes, feiticeiros, mágicos e médicos antigos.

Na primeira fase, chamada de empírica ou primitiva (em que as coisas se faziam por tentativa e erro
sem nenhum fundamento cientifico mas sim com base na experiência de quem ministrava os
cuidados). As ações das Irmãs de Caridade, na Europa e das diaconisas, na Alemanha, no fim deste
período lançaram as bases da enfermagem.

Foto: Santa Isabel da ungria, cuidando dos doentes. Fonte:


Foto: Irmãs ministras dos enfermos. Fonte:
http://pastoralteologica.blogspot.com.br/2011/11/santa-isabel-de-hungria.html.
http://ministrasdosenfermos.com.br/inicial.html.
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A prática de saúde, antes mística e sacerdotal (inicia-se no século V a.C., estendendo-se até os
primeiros séculos da Era Cristã), passa agora a ser um produto desta nova fase, baseando-se
essencialmente na experiência, no conhecimento da natureza, no raciocínio lógico que desencadeia
uma relação de causa e efeito para as doenças e na especulação filosófica, baseada na investigação
livre e na observação dos fenômenos, limitada, entretanto, pela ausência quase total de
conhecimentos sobre a anatomia e fisiologia do corpo humano. Este período é considerado pela
medicina grega como período hipocrático, destacando a figura de Hipócrates (Hipócrates de Cós -
nasceu na Antiga Grécia, considerado por muitos como uma das figuras mais importantes da história
da saúde – é frequentemente considerado o "Pai da Medicina" ou o "Pai das Profissões da Saúde"),
que propôs uma nova concepção em saúde, dissociando a arte de curar dos preceitos místicos e
sacerdotais, através da utilização do método indutivo, da inspeção e da observação. Não há
caracterização nítida da prática de Enfermagem nesta época.

As práticas de saúde medievais focalizavam a influência dos fatores socioeconômicos e políticos do


medieval e da sociedade feudal nas práticas de saúde e as relações destas com o cristianismo. Esta
época corresponde ao aparecimento da Enfermagem como prática leiga, desenvolvida por religiosos
e abrange o período medieval compreendido entre os séculos V e XIII. Foi um período que deixou
como legado uma série de valores que, com o passar dos tempos, foram aos poucos legitimados a
aceitos pela sociedade como características inerentes à Enfermagem. A abnegação, o espírito de
serviço, a obediência e outros atributos que dão à Enfermagem, não uma conotação de prática
profissional, mas de sacerdócio.

As práticas de saúde pós monásticas evidenciam a evolução das ações de saúde e, em especial, do
exercício da Enfermagem no contexto dos movimentos Renascentistas e da Reforma Protestante.
Corresponde ao período que vai do final do século XIII ao início do século XVI. A retomada da
ciência, o progresso social e intelectual da Renascença e a evolução das universidades não
constituíram fator de crescimento para a Enfermagem.

Enclausurada nos hospitais religiosos, permaneceu empírica e desarticulada durante muito tempo,
vindo desagregar-se ainda mais a partir dos movimentos de Reforma Religiosa e das conturbações da
Santa Inquisição. O hospital, já negligenciado, passa a ser um insalubre depósito de doentes, onde
homens, mulheres e crianças utilizam as mesmas dependências, amontoados em leitos coletivos.

Sob exploração deliberada, considerada um serviço doméstico, pela queda dos padrões morais que a
sustentava, a prática de enfermagem tornou-se indigna e sem atrativos para as mulheres de casta
social elevada. Esta fase, que significou uma grave crise para a Enfermagem, permaneceu por muito
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tempo e apenas no limiar da revolução capitalista é que alguns movimentos reformadores, que
partiram,

principalmente, de iniciativas religiosas e sociais, tentam melhorar as condições do pessoal a serviço


dos hospitais.

As práticas de saúde no mundo moderno analisam as ações de saúde e, em especial, as de


Enfermagem, sob a óptica do sistema político-econômico da sociedade capitalista. Ressaltam o
surgimento da Enfermagem como atividade profissional institucionalizada. Esta análise inicia-se
com a Revolução Industrial no século XVI que termina com o surgimento da Enfermagem moderna
na Inglaterra, no século XIX.

1.2 ENFERMAGEM MODERNA

O avanço da Medicina vem favorecer a reorganização dos hospitais. É na reorganização da


Instituição Hospitalar e no posicionamento do médico como principal responsável por esta
reordenação, que vamos encontrar as raízes do processo de disciplina e seus reflexos na
Enfermagem, ao ressurgir da fase sombria em que esteve submersa até então.

Foto: Médico ensinando equipe de enfermagem em 1890.


Fonte: http://www.medicinaintensiva.com.br/atomedico.htm.

1.3 PERÍODO FLORENCE NIGHTINGALE

Florence Nightingale foi uma referência na enfermagem. Nascida a 12 de


Maio de 1820, em Florença, Itália, era filha de ingleses. Possuía inteligência
incomum, tenacidade de propósitos, determinação e perseverança, o que lhe
permitia dialogar com políticos e oficiais do Exército, fazendo prevalecer
suas ideias. Dominava com facilidade o inglês, o francês, o alemão, o
italiano, além do grego e latim. No desejo de realizar-se como enfermeira,
passa o inverno de 1844 em Roma, estudando as atividades das Irmandades
Católicas. Em 1849 faz uma viagem ao Egito e decide-se servir a Deus.

Decidida a seguir sua vocação, procura completar seus conhecimentos que


julga ainda insuficientes, visita o Hospital de Dublin dirigido pela Irmãs de
Misericórdia, Ordem Católica de Enfermeiras, fundada 20 anos antes. Conhece as Irmãs de Caridade
de São Vicente de Paulo, na Maison de La Providence em Paris. Aos poucos vai se preparando para a
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sua grande missão. Em 1854, Inglaterra, França e a Turquia declaram guerra à Rússia: é a Guerra da
Criméia. Os soldados acham-se no maior abandono. A mortalidade entre os hospitalizados é de 40%.

Florence partiu para Scutari (cidade Italiana) com 38 voluntárias entre religiosas e leigas vindas de
diferentes hospitais. Algumas enfermeiras foram despedidas por incapacidade de adaptação e
principalmente por indisciplina. A mortalidade decresce de 40% para 2%. Os soldados fazem dela o
seu anjo da guarda e ela será imortalizada como a "Dama da Lâmpada" porque, de lanterna na mão,
percorre as enfermarias, atendendo os doentes. Durante a guerra contrai tifo e ao retornar da Criméia,
em 1856, leva uma vida de inválida. Dedica-se com ardor, a trabalhos intelectuais. Pelos trabalhos na
Criméia, recebe um prêmio do Governo Inglês e, graças a este prêmio, consegue iniciar o que para
ela é a única maneira de mudar os destinos da Enfermagem – uma Escola de Enfermagem em 1959.
Após a guerra, Florence fundou uma escola de Enfermagem no
Hospital Saint Thomas, que passou a servir de modelo para as demais
escolas que foram fundadas posteriormente. A disciplina rigorosa, do
tipo militar, era uma das características da escola Nightingaleana, bem
como a exigência de qualidades morais das candidatas. O curso, de um
ano de duração, consistia em aulas diárias ministradas por médicos.
Nas primeiras escolas de Enfermagem, o médico foi de fato a única
pessoa qualificada para ensinar. A ele cabia então decidir quais das
suas funções poderiam colocar nas mãos das enfermeiras. Florence
morre em 13 de Agosto de 1910, deixando florescente o ensino de
Enfermagem.

Assim, a Enfermagem surge não mais como uma atividade empírica,


desvinculada do saber especializado, mas como uma ocupação
assalariada que vem atender a necessidade de mão-de-obra nos
hospitais, constituindo-se como uma prática social institucionalizada e
específica.

1.4 PRIMEIRAS ESCOLAS DE ENFERMAGEM

Apesar das dificuldades que as pioneiras da Enfermagem tiveram que enfrentar, devido à
incompreensão dos valores necessários ao desempenho da profissão, as escolas se espalharam pelo
mundo, a partir da Inglaterra. Nos Estados Unidos a primeira Escola foi criada em 1873. Em 1877 as
primeiras enfermeiras diplomadas começam a prestar serviços a domicílio em Nova Iorque.

As escolas deveriam funcionar de acordo com a filosofia da Escola Florence Nightingale, baseada
em quatro idéias-chave:
1. O treinamento de enfermeiras deveria ser considerado tão importante quanto qualquer outra forma
de ensino e ser mantido pelo dinheiro público.
2. As escolas de treinamento deveriam ter uma estreita associação com os hospitais, mas manter sua
independência financeira e administrativa.
3. Enfermeiras profissionais deveriam ser responsáveis pelo ensino no lugar de pessoas não
envolvidas em Enfermagem.
4. As estudantes deveriam, durante o período de treinamento, ter residência à disposição, que lhes
oferecesse ambiente confortável e agradável, próximo ao hospital.

1.5 EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL


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Com o descobrimento do Brasil, iniciou-se o exercício da Enfermagem no País pelos jesuítas, com
atuação preponderante, sobretudo, de Anchieta, missionário intrépido, que juntamente com os
demais jesuítas, atendiam ás necessidades urgentes do povo, como catequistas, médicos, enfermeiros
e educadores, com objetivos bem direcionados para prevenção e cura. Nesta época começaram a
surgir as necessidades básicas, como Hospitais, constituídos pelas Santa Casa de Misericórdia, que,
sem dúvida, necessitavam de assistência de enfermagem para os clientes ali internados.

Os escravos eram utilizados como voluntários, e muito contribuíram na assistência aos enfermos.
Qualquer pessoa podia iniciar – se no cuidado aos clientes e, após pequena experiência, intitular – se
prático.

Em 1890, o ensino da Enfermagem começou a ter doma legal com o Decreto nº 791 de 27 de
setembro, criando uma Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras, para os hospícios e
hospitais civis e militares (Escola Alfredo Pinto). Em 10 de novembro de 1932, o governo da
República aprova o regulamento do Hospital Geral de Assistência do Departamento Nacional de
Saúde Pública e, anexa ao Hospital, a Escola de Enfermeiras do Departamento Nacional de Saúde
Pública (Escola Ana Neri).

2 AS

ENTIDADES DE CLASSE DA
ENFERMAGEM

A sistematização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período colonial e vai até o


final do século XIX. A profissão surge como uma simples prestação de cuidados aos doentes,
realizada por um grupo formado, na sua maioria, por escravos, que nesta época trabalhavam nos
domicílios e tinham papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado aos doentes.

O surgimento de uma discussão mais efetiva acerca da ética codificada surge desde 1951 e se
intensifica principalmente a partir de 1955, quando os Enfermeiros começam a encaminhar seus
debates no sentido de trabalhar a elaboração de um código de ética de Enfermagem, cujo objetivo
seria nortear as normas de conduta para o exercício da profissão.

Somente em 1958 foi aprovado o primeiro código de ética de enfermagem o qual era fundamentado
na Ética Religiosa. Historicamente os Enfermeiros começaram a sentir a necessidade de ver a
profissão regulamentada, em face da proliferação de diferentes grupos de pessoas, com pequeno ou
nenhum preparo, desenvolverem também atividades de Enfermagem.
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A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEN) foi a primeira organização profissional de


Enfermagem a surgir no país dentre as três Entidades de classe, sendo responsável pela criação dos
outros dois: Conselhos de Enfermagem e Sindicato dos Enfermeiros. Foi fundada em 1926 sob a
denominação de “Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras”. Uma reforma em
1944 alterou seu nome para “Associação Brasileira de enfermeiras Diplomadas” (ABED), finalmente
em 1954, a assembleia geral aprovou nova modificação passando a chamar-se “Associação Brasileira
de Enfermagem” (ABEN), que perdura até o presente.

É a entidade que tem por finalidade, entre outras, congregar enfermeiros, obstetrizes e técnicos de
Enfermagem, e desde 1997, também os auxiliares de Enfermagem; promover o desenvolvimento
técnico-científico, cultural e político, pautados nos princípios éticos, promover a pesquisa e o
intercâmbio com outras organizações, nacionais ou internacionais; bem como divulgar estudos e
trabalhos de interesse da enfermagem. As atribuições consistem basicamente na promoção de
atividades de caráter técnico-científico, cultural e assistencial, além de representar nacional e
internacionalmente a Enfermagem em assuntos relacionados com educação, saúde e trabalho, nos
aspectos pertinentes.

O Sindicato representa a categoria profissional perante autoridades administrativas e judiciárias, à


filiação do indivíduo à associação profissional ou sindicato é facultativa. Entretanto, é importante
distinguir sindicalização de contribuição sindical. Sindicalização é o ato pelo qual o profissional,
preenchendo os requisitos necessários, solicita sua admissão no sindicato de sua categoria ou classe.
Ao filiar-se voluntariamente ao seu sindicato, assume também o compromisso de pagar mensalidades
ou anuidades. Por outro lado à contribuição sindical representa uma função delegada pelo Poder
Público e assegurada pela Constituição Federal (art.8º, item IV - a assembleia geral ficará a
contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do
sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição
prevista em lei) e a CLT (art.513 - e) impõe contribuições a todos aqueles que participam das
categorias econômicas ou profissionais ou das profissões liberais representadas.”

Vinte e oito anos de luta foram necessários para que se tornasse realidade a Lei que recebeu o
número 5.905, de 12 de Julho de 1973 e que criou o Conselho Federal (COFEN) e Regionais de
Enfermagem (COREN).

A fim de dar cumprimento ao parágrafo Único do art.10, da Lei n.5905/73, o COFEN organizou
quadros distintos para fins de inscrição, sendo estes divididos em Enfermeiros e Obstetrizes,
Técnicos de Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem, práticos de Enfermagem e parteiras práticas.

Como órgão disciplinador, o COREN deve fiscalizar o exercício profissional e, nele, todas as
pessoas que exercem a enfermagem são obrigadas a estar devidamente inscritas. Além dos
enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliares de enfermagem, existem outras categorias como
obstetrizes e parteiras - que também fazem parte do pessoal de enfermagem.

Além de atuarem como poder executivo os Conselhos têm competência legislativa quando baixa
provimentos disciplinadores da profissão, que têm força de Lei sobre os que nele estão inscritos, ou
por eles provisionados e também competência judiciário quando julgam em processo ético os
profissionais que transgridem as normas do código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. O
Conselho é a única Entidade de Classe, onde a vinculação é compulsória, como condição para o
exercício da profissão, ou seja, a inscrição é obrigatória.
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3 DISPOSITIVOS LEGAIS QUE ORIENTAM A FORMAÇÃO E O


EXERCÍCIO DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM – DIREITOS E
DEVERES

A Lei nº 775, de 6 de agosto de 1949, ao dispor sobre o ensino de enfermagem, criou oficialmente o
curso de auxiliar de enfermagem, em dezoito meses, aberto para homens e mulheres. De acordo com
a lei, a principal atividade dessa nova categoria deveria ser a de auxiliar o enfermeiro em suas
atividades de assistência curativa. Não previa, portanto, o trabalho do auxiliar de enfermagem nos
serviços de saúde pública.

Em 1959, líderes da enfermagem, através da ABEn, fizeram um sério estudo sobre a situação e
publicaram o Levantamento de Recursos e Necessidades de Enfermagem no Brasil, que mostrou,
além das enormes diferenças existentes nos currículos dos cursos de auxiliar e técnicos de
enfermagem em todo o país, a insuficiência nos conteúdos das disciplinas, pois, na prática, os
auxiliares e técnicos de enfermagem estavam executando atividades mais complexas que as previstas
no ensino, e na maior parte das vezes sem supervisão ou orientação de enfermeira.

O estudo também comprovou a existência de grande número de pessoas realizando atividades de


enfermagem sem título ou preparo formal em curso reconhecido. Eram os atendentes de enfermagem
que, na verdade, constituíam mais da metade do pessoal que trabalhava nos serviços de saúde.
Embora fosse um grupo enorme, era marginalizado dentro da enfermagem. O preparo de atendentes
de enfermagem havia sido feito, muitas vezes, em instituições hospitalares privadas ou filantrópicas
ou através de cursos não reconhecidos pelas Secretarias de Educação.

A promulgação ou aprovação e publicação da Lei nº 4.024/61, de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional (LDB), em dezembro desse ano e em vigor a partir de 1962, foi de grande importância na
regulamentação dos cursos na área de enfermagem, anos mais tarde. Essa lei definiu a educação
nacional em três faixas de ensino: primário, médio (ginasial e colegial) e superior, e a necessidade de
formação de técnicos em nível colegial em qualquer ramo de atividade, como condição para o
progresso da Nação.

Com os dados obtidos no levantamento citado, a ABEn fez diversas recomendações ao Ministério da
Educação e Cultura, que respondeu ao apelo baixando a Portaria nº 106/65, para fixar normas
reguladoras dos cursos de auxiliares de enfermagem, já agora com base na LDB. Entretanto, por essa
portaria o currículo deveria ser desenvolvido em dois anos letivos, e incluir cinco disciplinas de
cultura geral correspondentes às duas primeiras séries do curso ginasial.
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Na época, havia um movimento entre enfermeiros para criar outra categoria intermediária, a do
Técnico de Enfermagem, prevista pela própria Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Era
uma tentativa de formar um maior número de profissionais de enfermagem, com um poder de
atuação mais amplo que o do auxiliar e com capacidade para substituir, em algumas situações, o
profissional de nível superior.
Assim, em 1966, embora nem todos os profissionais da área estivessem plenamente convencidos e de
acordo, foi criado um curso intermediário que formaria o Técnico de Enfermagem, o mais novo
membro da equipe de enfermagem.

Alguns anos depois, em 1972, o governo federal aprovou uma nova Lei de Diretrizes e Bases, a Lei
nº 5.692, de 11 de agosto de 1972, sobre o ensino de 1o e 2o graus, unificando o antigo primário e
ginasial para formar o ensino de 1o grau, e o antigo colegial passou a ser curso de 2o grau. Com isso,
a LDB alterou completamente o sistema de ensino e criou os cursos supletivos, inclusive o supletivo
profissionalizante. Essa nova legislação federal provocou a necessidade de adaptação da legislação
do ensino de enfermagem, o que foi feito pelas Resoluções nos 7/77 e 8/77, do Conselho Federal da
Educação, que regulamentaram o ensino de ambos os níveis de enfermagem, determinando novo
currículo e número de horas de estudo e estágios necessários para cada curso. Como parte de suas
funções, o COFEN tratou de criar um código de ética profissional para orientar todos os membros da
equipe de enfermagem sobre como agir quando no exercício de suas atividades.

Está atualmente em vigor o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, ao qual todos os
trabalhadores da área estão obrigados a respeitar. Além de dar as linhas gerais do comportamento
ético, o COFEN procurou também atualizar a legislação do exercício profissional. Para tanto,
conseguiu a aprovação da Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto-Lei nº
94.406, de 8 de junho de 1987.

Legalmente, o Técnico em enfermagem pode executar as seguintes atividades:


 Participar da programação da assistência de enfermagem;
 Executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o
disposto no parágrafo único do art. 11 desta lei;
 Participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar;
 Participar da equipe de saúde;
 Preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;
 Observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;
 Executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de
enfermagem, tais como:
a) Ministrar medicamentos por via oral e parenteral;
b) Realizar controle hídrico;
c) Fazer curativos;
d) Aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) Executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;
f) Efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) Realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnósticos;
h) Colher material para exames laboratoriais;
i) Prestar cuidados de enfermagem no pré e pós-operatório;
j) Circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
k) Executar atividades de desinfecção e esterilização.
 Prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:
a) Alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;
14

b) Zelar pela limpeza e ordem do material, dos equipamentos e das dependências de unidades
de saúde;
 Integrar a equipe de saúde;
 Participar de atividades de educação em saúde, inclusive:
a) Orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de
enfermagem e médicas;
b) Auxiliar o Enfermeiro na execução dos programas de educação para a saúde;
 Executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes;
 Participar dos procedimentos pós-morte.

4 TÉCNICAS E PRINCÍPIOS PARA ANOTAÇÕES E REGISTROS DAS PRÁTICAS DE


ENFERMAGEM

Os registros efetuados pela equipe de enfermagem (enfermeiro, técnico e auxiliar de enfermagem)


têm a finalidade essencial de fornecer informações sobre a assistência prestada, assegurar a
comunicação entre os membros da equipe de saúde e garantir a continuidade das informações nas 24
horas, condição indispensável para a compreensão do paciente de modo global.

Os registros realizados no prontuário do paciente tornam-se um documento legal de defesa dos


profissionais, devendo, portanto, estar imbuídos de autenticidade e de significado legal. Os mesmos
refletem todo o empenho e força de trabalho da equipe de enfermagem, valorizando, assim, suas
ações.

Todo documento particular, caso da documentação de enfermagem, para ser considerado autêntico e
válido deverá estar legalmente constituído, ou seja, possuir assinatura do autor do registro (artigo 368
do Código do Processo Civil - CPC) e inexistência de rasura, entrelinhas, emenda, borrão ou
cancelamento, características que poderão gerar a desconsideração jurídica do documento produzido
como prova documental (artigo 386 do CPC). Salientamos que as declarações constantes do
documento particular, escrito e assinado, presumem-se verdadeiras em relação a quem o assinou
(artigo 368 do CPC), fator importante na defesa profissional em processos judiciais e éticos.

Quando, todavia, um documento contiver declaração de ciência, relativa a determinado fato, o


documento particular apenas provará a declaração, mas não o fato declarado (parágrafo único, do
artigo 368 do CPC), por isso a importância de cada profissional registrar seus atos e não os de outros.

A documentação de enfermagem, inserida no prontuário do paciente, é importante como fonte de


ensino e pesquisa, servindo à auditoria, à avaliação do cuidado e às questões legais, o que determina
a necessidade de conhecimento dos deveres e obrigações por parte dos profissionais de enfermagem.
Esta documentação assegura direito constitucional do paciente de decisão sobre sua vida e
autonomia.

4.1 PRONTUÁRIO DO PACIENTE

É todo acervo documental padronizado, organizado e conciso, referente ao registro dos cuidados
prestados ao paciente por todos os profissionais envolvidos na assistência.
15

Para uma assistência de qualidade, o profissional de saúde precisa de acesso a informações:


 Corretas;
 Organizadas;
 Seguras;
 Completas;
 Disponíveis.

Com o objetivo de:


 Atender às Legislações vigentes;
 Garantir a continuidade da assistência;
 Segurança do paciente;
 Segurança dos profissionais;
 Ensino e Pesquisa;
 Auditoria.

4.2 ANOTAÇÕES DE ENFERMAGEM

As Anotações de Enfermagem fornecem dados que irão subsidiar o enfermeiro no estabelecimento


do plano de cuidados/prescrição; suporte para análise reflexiva dos cuidados ministrados, respectivas
respostas do paciente e resultados esperados e desenvolvimento da Evolução de Enfermagem.

Assim, a Anotação de Enfermagem é fundamental para o desenvolvimento da Sistematização da


Assistência de Enfermagem (SAE), pois é fonte de informações essenciais para assegurar a
continuidade da assistência. Contribui, ainda, para a identificação das alterações do estado e das
condições do paciente, favorecendo a detecção de novos problemas, a avaliação dos cuidados
prescritos e, por fim, possibilitando a comparação das respostas do paciente aos cuidados prestados.
(CIANCIARULLO et al, 2001).

Algumas regras são importantes para a elaboração das Anotações de Enfermagem, dentre as quais:
 Devem ser legíveis, completas, claras, concisas, objetivas, pontuais cronológicas;
 Devem ser precedidas de data e hora, conter assinatura e identificação do profissional ao final
de cada registro;
 Não conter rasuras, entrelinhas, linhas em branco ou espaços;
 Conter observações efetuadas, cuidados prestados, sejam eles os já padronizados, de rotina
e específicos;
 Devem, ainda, constar das respostas do paciente frente aos cuidados prescritos pelo
enfermeiro, intercorrências, sinais e sintomas observados;
 Devem ser registradas após o cuidado prestado, orientação fornecida ou informação
obtida;
 Devem priorizar a descrição de características, como tamanho mensurado (cm, mm, etc.),
quantidade (ml, l, etc.), coloração e forma;
 Não conter termos que deem conotação de valor (bem, mal, muito, pouco, etc.);
 Conter apenas abreviaturas previstas em literatura;
 Devem ser referentes aos dados simples, que não requeiram maior aprofundamento
científico. Não é correto, por exemplo, o técnico ou auxiliar de enfermagem anotar dados
referentes ao exame físico do paciente, como abdome distendido, timpânico; pupilas
16

isocóricas, etc., visto que para a obtenção destes dados, é necessário ter realizado o exame
físico prévio, que constitui ação privativa do enfermeiro.

5 PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES

Você sabe falar o que são as infecções hospitalares?

Como é sabido, a infecção hospitalar (IH) é entendida como aquele tipo de infecção que se adquire
no ambiente hospitalar, após o paciente ter dado entrada no hospital. É importante ressaltar que,
mesmo a infecção sendo adquirida em ambiente hospitalar, devido ao tempo que o paciente demora
a demonstrar a doença ou infecção (podendo variar alguns dias), o aparecimento dos sintomas pode
ocorrer já depois do paciente ter saído do hospital. Portanto, mesmo nas manifestações que ocorrem
após a alta hospitalar (fim da internação), a infecção pode ser considerada como hospitalar.

A infecção hospitalar ou, também, as infecções relacionadas aos ambientes de saúde é um grande
problema da assistência à saúde por afetar não somente o paciente que a adquire (piora da qualidade
de vida, altos custos dos tratamentos, danos permanentes à saúde, entre outros), mas também os
estabelecimentos de saúde (devido aos prejuízos financeiros).
17

Você já parou para pensar como seria difícil estar internado em um hospital para algum tratamento e
durante este período adquirir uma IH?

A partir daí viriam outros tratamentos, juntamente com o afastamento do trabalho, dos familiares e
amigos, os gastos com medicamentos e, consequentemente, perda da qualidade de vida! Essa é uma
realidade para milhares de pessoas em todo o mundo, devido, muitas vezes, à falta de cuidados
essenciais por parte dos trabalhadores da saúde.

Lembramos que os agentes causadores de infecção podem estar presentes no próprio corpo do
paciente, nas mãos dos pacientes e dos profissionais, em materiais e objetos contaminados, na água e
alimentos, entre muitos outros.

Entre os fatores causadores de uma IH, podemos destacar a falta de


lavagem das mãos (principalmente por parte dos profissionais da
saúde); a internação do paciente por tempo prolongado (o que aumenta
o risco de contato deste paciente com agentes causadores de
infecções); o uso incorreto de antibióticos (que favorece o surgimento
de micro-organismos mais resistentes a tratamentos), os
procedimentos realizados nos serviços de saúde (procedimentos de
risco como cirurgias, procedimentos invasivos sem as devidas
precauções padrão) e o estado geral do paciente.

5.1 CCIH E A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

Vamos conhecer um pouco sobre as leis relacionadas às infecções hospitalares?


O assunto infecção hospitalar passou a ter maior importância no cenário mundial a partir da criação
das Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) nos Estados Unidos na década de 1950,
sendo essas comissões responsáveis pela investigação, controle e prevenção das infecções adquiridas
em ambientes hospitalares.

No Brasil, a primeira CCIH foi implantada em Porto Alegre/RS em 1963, quando, de fato, começou
a preocupação brasileira em relação às IH, devido à ocorrência de surtos de doenças resistentes a
alguns antibióticos; época em que o país passava por um grande momento de industrialização e
desenvolvimento.

A legislação brasileira referente ao assunto teve seu início com a criação da Portaria 196 do
Ministério da Saúde, em 1983, que obrigava a criação de CCIH nos hospitais brasileiros, incluindo
nas atividades da comissão a vigilância epidemiológica, a criação de normas técnicas, medidas de
isolamento, entre outras.

Posteriormente foram criadas novas portarias, como a 930 (de 1992) e a 2616 (de 1998), no sentido
de melhorar e adequar à primeira portaria, buscando sempre a redução e controle das infecções
hospitalares.

5.2 FUNCIONAMENTO DA CCIH


18

A Comissão de Controle de Infecção Hospitalar é uma equipe multiprofissional (composta por


diferentes profissionais) com representantes das áreas médica, enfermagem,
farmácia, laboratório e administração. Cada profissional dentro da comissão
possui seu papel distinto, trabalhando juntos para o efetivo controle das
infecções hospitalares.

Como falamos antes, a função principal da CCIH está relacionada ao controle e


prevenção das IH, aliado à ação educativa para a conscientização de todos
envolvidos no ambiente hospitalar em relação a tais infecções.

Ressaltamos que para se conseguir um programa efetivo de controle de infecções é necessária a


existência de uma vigilância epidemiológica organizada.

Vimos que as infecções hospitalares são um grande problema de saúde, tanto para os pacientes
(causando sofrimento e até mortalidade) quanto para as instituições de saúde (aumento dos custos).
Assim, melhor para pacientes e hospitais é o foco na prevenção e controle das infecções.

No Brasil, órgãos federais como a ANVISA, através de portarias (196,930, 2616), buscam esse
controle. O incentivo e a obrigatoriedade da criação das CCIH e o funcionamento da Vigilância
Epidemiológica são fatores inquestionáveis na busca da redução dos índices de IH em pacientes e de
custos para as instituições.

Lembramos que a efetiva prevenção e controle das IH necessitam de uma boa combinação de
recursos humanos, tecnológicos e financeiros, sendo um desafio para as equipes de saúde.

Resumo
 Infecção Hospitalar é o tipo de infecção que é adquirida nos ambientes dos serviços de
saúde;
 A infecção é um grande problema de saúde pública, por acarretar, além de danos aos
pacientes, prejuízos financeiros às instituições e governos.
 Na maioria das vezes, a infecção é transmitida devido à falta de cuidados por parte dos
profissionais de saúde.
 A IH existe desde o surgimento dos hospitais e vem acompanhando a evolução da medicina,
com novos tipos de doenças e infecções.
 No Brasil, a legislação responsável pelo assunto, Portaria 2616/98, preconiza a existência de
uma CCIH e um programa de Vigilância Epidemiológica para agir na prevenção e controle
das IH.
 As CCIH são responsáveis pela investigação, controle e prevenção das infecções
hospitalares.
 A Vigilância Epidemiológica tem como funções primordiais a produção de dados,
informações e conhecimento.
 Portanto, a criação da CCIH e seu funcionamento junto à Vigilância Epidemiológica são
imprescindíveis na busca da redução das IH em pacientes e de custos para as instituições.

A Portaria 2616/98 define as características desejáveis de formação dos profissionais e parâmetros


para determinação do número de membros executores da CCIH, com base no número de leitos e
19

tipos de unidade de que se compõe o hospital. Aborda, ainda, conceitos e critérios para os
diagnósticos das infecções hospitalares, orientações sobre a vigilância epidemiológica e seus
indicadores epidemiológicos, lavagem das mãos e recomendações sobre normas de limpeza,
desinfecção e esterilização, uso de germicidas, microbiologia, lavanderia e farmácia.

5.3 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA A ARTIGOS HOSPITALARES

Artigos hospitalares são os materiais empregados com o objetivo de prevenir danos à saúde das
pessoas ou de restabelecê-la, necessários aos cuidados dispensados, podendo ser descartáveis ou
permanentes, esterilizáveis ou não. A equipe de enfermagem tem importante papel na manutenção
dos artigos hospitalares de sua unidade de trabalho. Para sua previsão e provisão, deve-se levar em
consideração as necessidades de consumo, as condições de armazenamento, a validade dos produtos
e o prazo de esterilização. Os artigos permanentes devem ter seu uso assegurado pela limpeza,
desinfecção, descontaminação e esterilização.

5.3.1 Classificação dos Artigos Hospitalares: são classificados conforme o grau de risco de
provocar infecção no paciente.

5.3.2 Processamento de Artigos Hospitalares

A) Limpeza: é o ato de remover a sujidade por meio de fricção e uso de água e sabão ou
soluções detergentes. Pode ser feita manualmente ou em máquinas. Os detergentes variam de
neutros a específicos para lavadoras. Podemos apontar ainda os detergentes enzimáticos,
bastante eficazes pois são capazes de remover a matéria orgânica da superfície do material
em tempo inferior a 15 minutos (em média, 3 minutos), não danificam os artigos e são
atóxicos e biodegradáveis.

Limpar é um procedimento que deve sempre preceder a desinfecção e a esterilização. Quanto mais
limpo estiver o material, menor a chance de falhas no processo. A matéria orgânica, intimamente
20

aderida ao material, como no caso de crostas de sangue e secreções, atua como escudo de proteção
para os microrganismos, impedindo que o agente desinfetante/esterilizante entre em contato com a
superfície do artigo, tornando o procedimento ineficaz.

B) Descontaminação: é o processo que visa destruir microrganismos patogênicos, utilizado em


artigos contaminados ou em superfície ambiental, tornando-os, conseqüentemente, seguros ao
manuseio.

Para a realização da descontaminação e limpeza dos materiais, recomenda-se adotar as seguintes


medidas:

C) Desinfecção: é o processo de destruição de microrganismos em estado vegetativo (com


exceção das formas esporuladas, resistentes ao processo) utilizando-se agentes físicos ou
químicos. O termo desinfecção é aplicado tanto no caso de artigos quanto de superfícies
ambientais.

A desinfecção pode ser de:


 Alto nível: quando há eliminação de todos os microrganismos e de alguns esporos
bacterianos;
 Nível intermediário ou médio: quando há eliminação de micobactérias (bacilo da
tuberculose), bactérias na forma vegetativa, muitos vírus e fungos, porém não de esporos;
 Baixo nível: quando há eliminação de bactérias e alguns fungos e vírus, porém sem
destruição de micobactérias nem de esporos.

Os PROCESSOS FÍSICOS de desinfecção são:


 Pasteurização é uma desinfecção realizada em lavadoras automáticas, com exposição do
artigo em água a temperaturas de aproximadamente 60 a 90ºC por 10 a 30 minutos, conforme
a instrução do fabricante. É indicada para a desinfecção de circuitos de respiradores.

 Água em ebulição ou fervura é utilizada para desinfecção de alto nível em artigos


termorresistentes. Consiste em imergir totalmente o material em água fervente, com tempo de
exposição de 30 minutos, após o que o material é retirado com o auxílio de pinça desinfetada
e luvas de amianto de cano longo. Em seguida, deve ser seco e guardado em recipiente limpo
ou desinfetado. Ressalve-se que esse procedimento é indicado apenas nas situações em
que não se disponha de outros métodos físicos ou químicos.

A desinfecção de artigos hospitalares por PROCESSO QUÍMICO é feita por meio de imersão em
soluções germicidas. Para garantir a eficácia da ação faz-se necessário: que o artigo esteja bem
limpo, pois a presença de matéria orgânica reduz ou inativa a ação do desinfetante; que esteja seco,
para não alterar a concentração do desinfetante; que esteja totalmente imerso na solução, sem a
21

presença de bolhas de ar; que o tempo de exposição recomendado seja respeitado; que durante o
processo o recipiente seja mantido tampado e o produto esteja dentro do prazo de validade.

D) Esterilização é o processo utilizado para destruir todas as formas de vida microbiana, por
meio do uso de agentes físicos (vapor saturado sobre pressão – autoclave; e vapor seco -
estufa) e químicos (óxido de etileno, plasma de peróxido de hidrogênio, formaldeído,
glutaraldeído e ácido peracético).

A esterilização pelo vapor saturado sob pressão é realizada em autoclave, que conjuga calor,
umidade, tempo e pressão para destruir os microrganismos. Nela podem ser esterilizados artigos de
superfície como instrumentais, baldes e bacias e artigos de espessura como campos cirúrgicos,
aventais e compressas, e artigos críticos e semicríticos termorresistentes e líquidos.

Na estufa, o calor é produzido por resistências elétricas e propaga-se lentamente, de maneira que o
processo é moroso e exige altas temperaturas - vários autores indicam a esterilização por esse
método apenas quando haja impossibilidade de submeter o material à autoclavação, como no caso de
pós e óleos.

5.3.3 Principais desinfetantes/esterilizantes químicos utilizados em artigos hospitalares


22

5.4INF
EC
ÇÃ
O

RELACIONADA AO AMBIENTE

O ar, a água e as superfícies inanimadas verticais e horizontais (compreendem pisos, paredes, tetos,
portas, janelas, mobiliários, equipamentos e demais instalações físicas) fazem parte do meio
ambiente de uma instituição de saúde. Particularmente no hospital, o ambiente pode tornar-se foco de
infecção hospitalar.

Os cuidados com o ambiente estão centrados principalmente nas ações de limpeza realizadas pelo
Serviço de Higiene Hospitalar e há uma estreita relação deste com o Serviço de Prevenção e Controle
23

de Infecção Hospitalar (CCIH), cabendo-lhe as seguintes incumbências: padronizar produtos a serem


utilizados na limpeza; normatizar ou indicar o uso de germicidas para as áreas críticas ou para as
demais, quando necessário; participar de treinamentos e dar orientação técnica à equipe de limpeza;
participar da elaboração ou atualização de manuais a respeito do assunto.

É atribuição do Serviço de Higiene realizar a limpeza do piso, paredes, teto e mobiliário da unidade,
como mesas, telefones, extintores de incêndio. Ao Serviço de Enfermagem cabem as tarefas de
limpeza e desinfecção de equipamentos e artigos relacionados à assistência do paciente, como
bombas de infusão, monitores, aspiradores, comadre, bacias, etc.

5.4.1 Classificação das Áreas Hospitalares


São classificadas de acordo com o risco de infecção que possam oferecer e a freqüência de limpeza
varia de acordo com a classificação.

5.4.2 Tipos e Freqüência de Limpeza

 Concorrente: realizada TODOS OS DIAS; remover pó, poeira e sujidades visíveis do piso,
mobiliário, sanitários, recolhimento do lixo; evita proliferação de microorganismos; deve ser
ÚMIDA; NÃO É RECOMENDADO USO DE VASSOURAS. Após esta limpeza, reposição
de materiais: sabão líquido, papel toalha, papel higiênico, sacos para lixo.
24

 Imediata ou Descontaminação: em qualquer período do dia; sujidade de origem orgânica,


química ou radioativa – evitar disseminação; remoção imediata da sujidade do local onde
ocorreu e sua adequada dispensação.

 Terminal: UMA VEZ POR SEMANA ou conforme protocolo; a cada saída/admissão de


novo paciente; COMPLETA: lavagem do TETO, PAREDES, VIDROS, PORTAS,
JANELAS, PISOS, MOBILIÁRIO, MACAS, COLCHÕES, AR CONDICIONADO e
superfícies em geral.

5.4.3 Principais desinfetantes para superfícies

5.5 FONTE DE INFECÇÃO RELACIONADA À EQUIPE DE SAÚDE – EPI,


EPC, ASSEPSIA E ANTISSEPSIA
25

A equipe de saúde tem importante papel na cadeia de transmissão da infecção hospitalar ou


domiciliar. As práticas adotadas para sua prevenção visam controlar a propagação de
microrganismos que habitam o ambiente hospitalar e diminuir os riscos do paciente vir a adquirir
uma infecção. Por outro lado, tanto as medidas gerais como as específicas de prevenção e controle de
infecção implantadas na instituição, também direcionam-se para proteger o próprio trabalhador que
ali desempenha sua função, quer seja prestando assistência direta ao paciente, como no caso da
enfermagem, quer seja indiretamente, como o funcionário da higiene hospitalar, da lavanderia ou da
nutrição e dietética.

Toda a equipe de saúde tem responsabilidade com relação à prevenção da infecção hospitalar,
devendo fazer correto uso das técnicas assépticas, dos equipamentos de proteção individual (EPI)
e ou coletivo (EPC), quando necessário. Por sua vez, o empregador tem a responsabilidade de
disponibilizar os recursos necessários e efetivação desses cuidados. A prevenção e o controle da
infecção fundamentam-se nos princípios de assepsia, mediante a utilização de medidas para impedir
a penetração de microrganismos (contaminação) em local onde não estejam presentes.

As técnicas de assepsia devem ser utilizadas por todos os profissionais de saúde em todos os
procedimentos, e são agrupadas sob a denominação de assepsia médica e cirúrgica. A primeira
refere-se às medidas adotadas para reduzir o número de microrganismos e evitar sua disseminação; a
segunda, para impedir a contaminação de uma área ou objeto estéril. As medidas que visam reduzir e
prevenir o crescimento de microrganismos em tecidos vivos são denominadas antissepsia.

A adesão da equipe às medidas gerais de prevenção e controle de infecção ainda dependem da


conscientização e mudança de hábitos dos profissionais. Entretanto, sua adoção implica a realização
de atos simples e de fácil execução, tais como:

 lavar sempre as mãos antes e após realizar qualquer procedimento - um dos mais importantes
meios para prevenir a infecção cruzada;

 manter os cabelos presos durante o


trabalho;

 manter as unhas curtas e aparadas;

 evitar o uso de joias, bijuterias, anéis,


pulseiras e demais adornos, que podem
constituir-se em possíveis fontes de
infecção pela facilidade de albergarem
microrganismos em seus sulcos e
reentrâncias, bem como na pele
subjacente;

 não encostar ou sentar-se em superfícies com potencial de contaminação, como macas e


camas de pacientes, pois isto favorece a disseminação de microrganismos.

6 TÉCNICAS DE ISOLAMENTO E TIPOS PRECAUÇÕES


26

6.1 PRECAUÇÕES PADRÃO (PP)

Estão incluídas entre as medidas de precaução padrão as seguintes atitudes:

Higienização das mãos: Antes e após o contato com paciente, antes e depois de calçar luvas, antes e
depois de entrar em contato com materiais e equipamentos presentes na área do leito do paciente e
em outras situações descritas anteriormente.

Uso de luvas não-estéreis: Se existir risco de contato com sangue e outros fluídos corporais,
membranas mucosas e pele não-íntegra, e outros itens considerados contaminados. As luvas devem
ser retiradas imediatamente após o uso. A higienização das mãos após a retirada é obrigatória.

Uso de aventais limpos não-estéreis: Toda vez que possa ser prevista contaminação por sangue e
outros fluídos corporais. Retirar o avental imediatamente após o uso e lavar as mãos após este
procedimento.

Uso de máscara, óculos e protetor facial: Somente quando possa ser prevista contaminação de
membranas mucosas boca e olhos com sangue e outros fluídos corporais (jatos ou “sprays” desses
fluídos).

Destino adequado de material perfuro-cortante: Sempre zelar pelo destino correto de materiais
perfuro-cortante e dos cuidados na sua manipulação e transporte.

Imunização efetiva dos trabalhadores: É realizada pela vacinação contra doenças


imunopreveníveis, (hepatite B, tétano, rubéola) e profilaxia com imunoglobulinas e medicamentos,
em casos indicados.

Cuidados ambientais: Zelar pelos equipamentos e materiais utilizados para cuidados ao paciente e
com as superfícies fixas, além de descarte adequado dos resíduos.

6.2 PRECAUÇÕES DE CONTATO (PC)

Medidas que devem ser aplicadas às doenças de transmissão que envolve o contato direto pele a pele,
através de fômites ou objetos de uso comum. Também são recomendadas a pacientes com feridas
apresentando drenagem excessiva de difícil contenção devido ao risco de contaminação ambiental.
27

Para adotar as medidas de precauções de contato são necessários os seguintes itens:

Quarto: Privativo, área isolada ou coorte com pacientes infectados.

Luvas: As luvas deverão ser utilizadas ao contato com paciente ou material infectante, descartando-
as após o uso e higienizar as mãos.

Avental de manga longa: Usar sempre que existir contato da roupa do profissional com o paciente,
leito, mobiliário ou material infectante. Em caso de paciente com diarréia, colostomia, ileostomia ou
ferida, onde a secreção não é contida no curativo, torna-se obrigatório o uso de avental durante a
assistência ao paciente.

Transporte do paciente: O transporte deverá ser evitado, mas quando necessário o material
infeccioso eliminado pelo paciente deverá ser contido com curativo, avental ou lençol, para evitar
contaminação de superfícies. Se o paciente for encaminhado para a realização de exames ou
procedimentos fazer desinfecção da maca ou cadeira de transporte. Sempre comunicar com
antecedência a unidade para o qual o paciente está sendo transportado, objetivando organizar a
recepção do mesmo.

Artigos e equipamentos: Deverão ser exclusivos para cada paciente; limpos regularmente se
apresentar sujidade e devem ser desinfectados ou esterilizados após alta do paciente.

6.3 PRECAUÇÕES RESPIRATÓRIAS / GOTÍCULAS (PR)

Medidas
28

recomendadas para impedir a transmissão de microrganismos por gotículas (i.e., partículas maiores
de 5 µm), no caso de contato com a mucosa oral, nasal ou conjuntiva, que ocorre com freqüência
durante a tosse, espirro ou em procedimentos de aspiração de secreções em vias aéreas. Estas
partículas não permanecem em suspensão no ar, necessitando, portanto, de um contato mais íntimo e
próximo da fonte para ocorrer à transmissão. Para adotar as medidas de precaução respiratória são
necessários os seguintes itens:

Quarto: Privativo, com a porta sempre fechada.

Máscara: Obrigatório uso de máscara comum, durante o período de transmissibilidade de cada


doença, para todas as pessoas que entrarem no quarto. A máscara deverá ser desprezada à saída do
quarto.

Transporte: Evitar, mas quando necessário o paciente deverá sair do quarto utilizando máscara
comum (cirúrgica).

6.4 PRECAUÇÕES COM AEROSSÓIS (PA)

Medidas recomendadas para impedir a transmissão de microrganismos por pequenas partículas, com
tamanho inferior 5 µm (aerossóis), que podem permanecer suspenso no ar por longos períodos de
tempo, dispersando-se com maior facilidade a grande distância, podendo ser inaladas e causar
infecção em indivíduo susceptível. As precauções com aerossóis são utilizadas na suspeita ou
confirmação de: tuberculose pulmonar ou laríngea; varicela; herpes zoster disseminado ou com
lesões extensas em pacientes imunossuprimidos; situações especiais (e.g., influenza aviária e Gripe
A durante procedimento em vias aéreas).

Para adotar as medidas de precauções com aerossóis são necessários os seguintes itens:
Quarto: Obrigatoriamente privativo, com porta fechada. De forma ideal devem dispor de sistema de
ventilação com pressão negativa e trocas de ar (6/6horas) para o ambiente externo (longe de
calçadas, janelas que podem ser abertas).
29

Transporte do paciente: Evitar, mas quando necessário o paciente deverá sair do quarto utilizando
máscara comum (cirúrgica).

Máscaras: Obrigatório o uso de máscaras (N95 ou PFF2) com capacidade de filtrar partículas
menores do que 3 µm. A máscara deve ser colocada antes de entrar no quarto e retirada somente
após a saída do mesmo.

7 LAVAGEM DE MÃOS

No dia-a-dia de nosso trabalho executamos grande variedade de procedimentos, muitos deles


repetidas vezes. Em geral, a importância que lhes é conferida associa-se ao grau de complexidade, à
tecnologia envolvida, à capacidade de provocar danos ou complicações ao paciente e à frequência de
realização.

A pouca adesão dos profissionais da área de saúde à prática de lavagem das mãos reflete em parte
essa situação, pois é procedimento simples, comum na esfera social como hábito de higiene, o que
certamente não lhe confere o valor e o status de alta tecnologia. E muitas são as justificativas usadas
pela equipe para não fazê-lo, como, dentre outras: falta de pias e degermantes adequados, sobrecarga
de serviço, situações de emergência.

Nada justifica a não utilização deste procedimento, uma vez que é um dos mais significativos para a
prevenção e o controle da infecção hospitalar, sendo-lhe atribuída a possibilidade de redução
acentuada da carga microbiana quando as mãos são lavadas com água e sabão e com degermantes
como povidine ou clorhexidine

8 CME – CENTRO DE MATERIAL E ESTERILIZAÇÃO

8.1 DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

A Central de Material e Esterilização (CME) é a área responsável pela limpeza e processamento de


artigos e instrumentais médico-hospitalares. É na CME que se realiza o controle, o preparo, a
30

esterilização e a distribuição dos materiais hospitalares.

A CME pode ser de três tipos, de acordo com sua dinâmica de funcionamento:
 Descentralizada: utilizada até o final da década de 40, neste tipo de central cada unidade ou
conjunto delas é responsável por preparar e esterilizar os materiais que utiliza;
 Semi-centralizada: teve início na década de 50. Cada unidade prepara seus materiais, mas os
encaminha para serem esterilizados em um único local;
 Centralizada: utilizada atualmente, os materiais do hospital são processados no mesmo local, ou
seja, os materiais são preparados, esterilizados, distribuídos e controlados quantitativa e
qualitativamente na CME.
A CME centralizada apresenta inúmeras vantagens, das quais podem-se destacar: a eficiência, a
economia e a maior segurança para a equipe e para os clientes.

8.2

OBJETIVOS DA ENFERMAGEM EM CME


 Fornecer o material esterilizado a todo hospital;
 Promover a interação entre as áreas: expurgo, preparo e montagem de instrumental;
 Adequar as condições ambientais às necessidades do trabalho na área;
 Planejar e implementar programas de treinamento e reciclagem que atendam às necessidades
da área junto à Educação Continuada;
 Promover o envolvimento e compromisso de toda a equipe com os objetivos e finalidades do
serviço; Favorecer o bom relacionamento interpessoal;
 Prover materiais e equipamentos que atendam às necessidades do trabalho na área.
8.3 SETORES DA CME
Expurgo: Setor responsável por receber, conferir, lavar e secar os materiais provenientes do Centro
Cirúrgico e Unidades de Internação. Os funcionários desta área utilizam EPIs (Equipamentos de
proteção individual) para se protegerem de se contaminarem com sangue e fluidos corpóreos, quando
lavam os instrumentais. As lavadoras ultrassônicas auxiliam na lavagem dos instrumentais através da
vibração do som adicionado com solução desincrostante, promovendo uma limpeza mais eficaz e
maior segurança para o funcionário.
Preparo de Materiais: Setor responsável por preparar e
acondicionar os materiais. São utilizados invólucros
especiais que permitam a passagem do agente
esterilizante e impeçam a passagem dos microorganismos.
Preparo de Instrumentais: Setor responsável por
conferir, preparar e acondicionar caixas para as diversas
especialidades cirúrgicas.
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Esterilização: é a destruição de todas as formas de vida


microbiana (vírus, bactérias, esporos, fungos, protozoários e
helmintos) por um processo que utiliza agentes químicos ou
físicos. A prática da esterilização visa a incapacidade de
reprodução de todos os organismos presentes no material a ser
esterilizado, causando a morte microbiana até que a probabilidade
de sobrevivência do agente contaminante seja menor que
1:1.000.000, quando um objeto pode então ser considerado estéril.
O esporo bacteriano (forma mais resistente aos agentes
esterilizantes) é o parâmetro utilizado para o estudo microbiológico
da esterilização, ou seja, para se assegurar a esterilização de um
artigo todos os esporos devem ser destruídos.
Montagem de carros para cirurgia: responsável por separar os
materiais a serem utilizados em uma cirurgia.
Distribuição: responsável por distribuir materiais esterilizados
para as Unidades de Internação e Ambulatórios.

9 BIOSSEGURANÇA

Alguém aí sabe o que é ou já ouviu falar sobre a


Biossegurança?

Como é sabido, a Biossegurança (que significa Vida +


Segurança) é alvo constante de preocupações e ações que estão ligadas à
área da saúde. A Biossegurança é, atualmente, entendida como um
conjunto de procedimentos, ações, técnicas, regras e equipamentos que são capazes de eliminar ou
diminuir riscos que estão ligados às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento
tecnológico e prestação dos mais variados serviços. Tais riscos podem comprometer a nossa saúde, a
saúde dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos que desenvolvemos.

9.1 BIOSSEGURANÇA E CONTROLE DE INFECÇÕES EM SERVIÇOS DE


SAÚDE

Durante a história da humanidade, diversos foram os estudiosos ou pensadores que criaram teorias
para o surgimento e a propagação das doenças ou moléstias que afetavam a população de um modo
geral. Muitas teorias explicavam a propagação das doenças devido a bruxarias, contato com vapores
contaminados, devido ao toque ou o contato com roupas e objetos contaminados, entre outros.
Também, foram muitas as ideias de como prevenir o contágio das doenças. Com o passar dos tempos
e com o aprimoramento de muitas dessas ideias, o homem foi descobrindo formas de se evitar essa
propagação, através da diminuição dos riscos nos ambientes de trabalho, tendo, aí, indiretamente,
surgido a Biossegurança.
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A Biossegurança é utilizada também em ambientes como indústrias, hospitais, laboratórios,


universidades, entre outros, no sentido de prevenir riscos/perigos gerados por agentes químicos
(substâncias tóxicas), físicos (radiação ou temperatura), ergonômicos (posturais, excesso de peso),
biológicos (agentes infecciosos) e psicológicos (como o estresse).

Em nossa maioria, não nos damos conta ou não percebemos que estamos cercados de riscos para a
nossa saúde e bem-estar; que em pequenas ações como comer um sanduíche ou fazer as unhas
existem riscos que podem causar graves doenças.

Para pensarmos um pouco o quanto é importante a Biossegurança, você conseguiria imaginar, hoje
(com o vasto número de doenças existentes), como seria o trabalho em algum serviço de saúde sem o
uso da Biossegurança? Como seria cuidar e tratar diferentes pacientes com diferentes doenças sem a
preocupação de nos proteger durante o nosso trabalho? Seria impossível, não é? E porque não nos
preocupamos tanto com os riscos em nosso dia-a-dia? Por que não nos preocupamos mais com a
higiene dos ambientes ou lugares que frequentamos ou com o que comemos ou usamos? Essa é a
preocupação que todos nós temos que ter sempre em mente.

9.2 ASPECTOS LEGAIS – NR32

Que tal conhecermos um pouco a respeito da legislação relacionada à Biossegurança?

Com relação à legislação (leis) internacional, até a década de 80, tratava-se somente a respeito de
micro-organismos geneticamente modificados. Foi somente a partir de 1980, por meio de muitas
discussões e reuniões em todo o mundo, da criação de muitas leis, portarias e diretrizes envolvendo
os mais diversos usos da Biossegurança, que o seu foco passa a ser a proteção dos trabalhadores
quanto à exposição a riscos biológicos.

No Brasil, essa nova abordagem só aconteceu a partir de 2002 (através da Portaria n° 343/GM), que
estabeleceu a Biossegurança no campo do Ministério da Saúde. Assim, a biossegurança que
utilizamos em nosso dia-a-dia e em nosso local de trabalho passou a ser aquela percebida em relação
à saúde do trabalhador e da prevenção de acidentes, ou seja, voltada à segurança ocupacional frente
aos riscos existentes.

Com a publicação da Norma Regulamentadora (NR) n°32, intitulada Segurança e Saúde no Trabalho
em Serviços de Saúde, de novembro de 2005, o Brasil passa a focalizar de vez o olhar sobre os riscos
presentes nos serviços de saúde para os profissionais neles inseridos.
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Essa norma tem como objetivo a prevenção de acidentes ou doenças em profissionais que trabalham
na área da saúde, através de medidas de proteção à segurança, sendo que, por um lado, esses
trabalhadores possuem direito a medidas de segurança, e, por outro, as instituições possuem
obrigação de oferecerem esse ambiente seguro aos trabalhadores.

Veja algumas questões abordadas na NR32:


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10 GRSS – GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE

A geração de resíduos pelas diversas atividades humanas constitui-se atualmente em um grande


desafio a ser enfrentado pelas administrações municipais, sobretudo nos grandes centros urbanos. O
descarte inadequado de resíduos tem produzido passivos ambientais capazes de colocar em risco e
comprometer os recursos naturais e a qualidade de vida das atuais e futuras gerações. Os resíduos
dos serviços de saúde - RSS se inserem dentro desta problemática e vêm assumindo grande
importância nos últimos anos.

No Brasil, órgãos como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA e o Conselho


Nacional do Meio Ambiente - CONAMA têm assumido o papel de orientar, definir regras e regular a
conduta dos diferentes agentes, no que se refere à geração e ao manejo dos resíduos de serviços de
saúde, com o objetivo de preservar a saúde e o meio ambiente, garantindo a sua sustentabilidade.
Desde o início da década de 90, vêm empregando esforços no sentido da correta gestão, do correto
gerenciamento dos resíduos de serviços de saúde e da responsabilização do gerador. Um marco deste
esforço foi a publicação da Resolução CONAMA no 005/93, que definiu a obrigatoriedade dos
serviços de saúde elaborarem o Plano de Gerenciamento de seus resíduos. Este esforço se reflete, na
atualidade, com as publicações da RDC ANVISA no 306/04 e CONAMA no 358/05.

Estas normativas vêm ao encontro da necessidade emergencial e da obrigatoriedade dos


estabelecimentos de saúde implementarem o gerenciamento adequado dos resíduos de serviço de
saúde (RSS) visando à redução dos riscos sanitários e ambientais, à melhoria da qualidade de vida e
da saúde das populações e ao desenvolvimento sustentável.

10.1 PGRSS – PLANO DE GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS DE SERVIÇOS


DE SAÚDE

O Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) é o documento que aponta e
descreve as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, que corresponde às etapas de: segregação,
acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final. Deve considerar
as características e riscos dos resíduos, as ações de proteção à saúde e ao meio ambiente e os
princípios da biossegurança de empregar medidas técnicas administrativas e normativas para
prevenir acidentes.

A elaboração, implantação e desenvolvimento do PGRSS devem envolver os setores de higienização


e limpeza, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH ou Comissões de Biosegurança e
os Serviços de Engenharia de Segurança e Medicina no Trabalho - SESMT, onde houver
obrigatoriedade de existência desses serviços, através de seus responsáveis, abrangendo toda a
comunidade do estabelecimento, em consonância com as legislações de saúde, ambiental e de
energia nuclear vigentes.

Devem fazer parte do plano ações para emergências e acidentes, ações de controle integrado de
pragas e de controle químico, compreendendo medidas preventivas e corretivas assim como de
prevenção de saúde ocupacional. As operações de venda ou de doação dos resíduos destinados à
reciclagem ou compostagem devem ser registradas.

10.2 CLASSIFICAÇÃO DOS RSS


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A RDC ANVISA no 306/04 e a Resolução CONAMA no 358/05 classificam os RSS segundo grupos
distintos de risco que exigem formas de manejo específicas.

Os grupos são:
 Grupo A - resíduos com a possível presença de agentes biológicos que, por suas
características, podem apresentar risco de infecção;
 Grupo B - resíduos químicos;
 Grupo C - rejeitos radioativos;
 Grupo D - resíduos comuns;
 Grupo E - materiais perfurocortantes.

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TÉCNICA DE CALÇAR LUVAS

A Organização Mundial da Saúde, OMS, recomenda que luvas devam ser usadas devido a duas
principais razões:

1.Para reduzir o risco de contaminação das mãos dos profissionais de saúde com sangue e outros
fluidos corporais.

2.Para reduzir o risco de disseminação de germes para o ambiente e de transmissão do profissional


de saúde para o paciente e vice-versa, bem como de um paciente para o outro.
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Entretanto, a OMS alerta que os profissionais de saúde devem ter ciência de que luvas não oferecem
proteção completa contra a contaminação, razão que justifica a importância da correta higienização
das mãos antes de calçar as luvas. Conforme destaca a OMS, os patógenos podem ter acesso às mãos
dos profissionais usuários de luvas por meio de pequenos defeitos nas luvas ou por contaminação das
mãos durante a sua remoção. Essa possibilidade fortalece a necessidade básica de também fazer a
higiene das mãos para garantir sua descontaminação após a remoção das luvas. Destaca-se também
que o uso das luvas pode representar desperdício de recursos e não contribuir para a redução de
contaminação cruzada quando o seu uso não é indicado. Nesses casos, a higienização das mãos é
uma oportunidade preventiva que não deve ser perdida.
A OMS elaborou a pirâmide (Figura 1) com vistas a ajudar profissionais de saúde a diferenciar
situações clínicas específicas em que as luvas devem ser usadas e trocadas e aquelas situações em
que o seu uso não é imprescindível.

A ANVISA, alinhada às políticas de Segurança do Paciente da OMS e do Center for Disease Control
and Prevention (CDC), reitera ainda as seguintes recomendações:

• Luvas devem ser usadas somente quando indicado;


• Devem ser utilizadas para a proteção individual, nos casos de contato com sangue e líquidos
corporais e contato com mucosas e pele não íntegra de todos
os pacientes;
• Devem ser utilizadas para reduzir a possibilidade de os microrganismos das mãos do
profissional contaminar o campo operatório (luvas cirúrgicas);
• Devem ser utilizadas para reduzir a possibilidade de transmissão de microrganismos de um
paciente para outro nas situações de precaução de contato;
• As luvas devem ser trocadas sempre que o profissional entrar em contato com outro paciente;
• As luvas devem ser trocadas durante o contato com um mesmo paciente ao mudar de um sítio
corporal contaminado para outro, limpo, ou quando estas
estiverem danificadas;
• O profissional, quando com luvas, não deve tocar desnecessariamente superfícies e materiais
(tais como telefones, maçanetas, portas);
• O mesmo par de luvas não deve ser usado novamente ou lavado;
• A higienização das mãos não pode ser substituída pelo uso de luvas.

Passo 1: Pegue uma luva próximo ao seu punho em direção à ponta dos seus dedos
até que a luva se dobre.
Passo 2: Pegue cuidadosamente a dobra e puxe em direção às pontas dos seus dedos. À medida que
puxar você estará colocando a luva ao avesso.
Passo 3: Continue puxando a dobra até que a luva esteja quase que totalmente removida.
Passo 4: A fim de evitar contaminação do ambiente, continue a segurar a luva removida. A seguir,
remova sua mão da luva completamente.
Passo 5: Escorregue o dedo indicador da mão sem luva por baixo da luva que permanece. Continue a
inserir seu dedo em direção à sua ponta até que quase metade do dedo esteja sob a luva.
Passo 6: Gire o seu dedo a 180º e puxe a luva ao avesso e em direção à ponta dos seus dedos. À
medida que fazer isso a primeira luva será contida dentro da segunda luva. O lado interno da segunda
luva também será virada ao avesso.
Passo 7: Pegue as luvas firmemente por meio da superfície não-contaminada (o lado que estava
inicialmente tocando
sua mão). Libere totalmente o contato com a primeira luva removida. A seguir retire sua segunda
mão do contato com as luvas descartando-as adequadamente.
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