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Universidade do Estado do Pará

Centro de Ciências Sociais e Educação

Departamento de Matemática, Estatística e Informática

Curso de Licenciatura em Matemática

Disciplina: Metodologia Científica

Professor: Roberto Paulo Bibas Fialho

Aluno (a):Kelvin Patrick de Paula Lobato Turma: 1º ano tarde

Belém, 23/05/2022
Capítulo II

MITO, METAFÍSICA, CIÊNCIA E VERDADE

A partir do renascimento, uma nova visão de mundo começou a


rivalizar com as velhas concepções mitológicas, religiosas e
metafísicas. Fundadores da chamada ciência moderna passam a
questionar velhos dogmas e fornecer uma nova direção e sentido às
investigações. A Idade Moderna põe a ciência no lugar de honra da
cultura, lugar este antes ocupado pelo mito. O conhecimento científico
passa a diferenciar-se de outras formas de discurso (seja ele mítico,
poético ou religioso) pelo fato de suas afirmações poderem ser
verificadas, testadas.

Da verdade

A verdade trata-se de uma correspondência entre fatos e teorias. A história


da ciência mostra que não existe uma teoria, proposição ou fato que possa
ser seriamente designado como verdadeiro. Pode até o ser diante de
determinadas perspectivas, contextos, mas o deixa de ser perante outros
contextos e perspectivas, vindo a ser modificado com o avanço científico.
Jamais se terá uma completa e absoluta certeza de termos atingido a
verdade, já que um único fato que lhe seja contrário é suficiente para falseá-
la. Isso levou as teorias a serem caracterizadas como meros instrumentos
de entendimentos dos fatos, e não verdades sobre eles. Uma teoria é
verdadeira por explicar certas ocorrências melhor que outras ou por não ter
sido falseada.
Capitulo III

A EXPLICAÇÃO CIENTÍFICA

1. Causalidade

A causalidade expressa os traços de universalidade e preditividade das


teorias na medida em que postula relações universais, necessárias e
determinadas entre eventos. A causalidade pode ser tomada como uma
suposição, um guia para e explicação e formulação de encadeadores
lógicos que incorporaram uma teoria, podendo tal guia exercer a função
de um princípio heurístico, de um princípio gerador de pesquisas e, em
última análise, gerador de conhecimentos.

2. Teorias e leis

Teorias se apresentam como estruturas, cadeias de cognição que visam a


explicação de fenômenos de maneira a universalizá-los nessas
explicações. Leis conferem o caráter de estrutura, coerência e unidade a
tais explicações. As leis e teorias sempre abrangem um grande conjunto
de fenômenos que podem ser explicados e reunidos sob uma mesma
marca conceitual. Isto permite a formação de uma imagem de mundo
unitária e coerente.

3. A explicação nas ciências sociais

Há grande dificuldade para se trabalhar com previsões em ciências sociais


pela capacidade humana de mudar comportamentos frequentemente em
virtudes de certas influências. Ainda assim, o modelo de explicação de
ambas tem as mesmas características, já que a pretensão científica das
ciências sociais, no que diz respeito à explicação, tem sua inspiração nas
ciências naturais. Deste modo, a diferença está na forma de abordagem
e manipulação dos dados dispostos ao pesquisador, que fará, em de
acordo com suas intenções, uma resultante de hipóteses de alta
probabilidade de se confirmarem, com generalizações empíricas e
condições gerais que gerem uma conclusão, uma previsão, ou um
conjunto de leis gerais e condições iniciais que tendem a se confirmar.

4. Uma nova abordagem da explicação nas ciências sociais

A informação muda os comportamentos dos indivíduos provocando


alterações nos processos sociais e na nossa capacidade de prever
fenômenos, devido sua inconstância.
4.1 A moderna tradição epistemológica

Na década de 1960, autores aliaram as abordagens filosóficas ao


conhecimento dos procedimentos científicos especializados da física e da
matemática.

Para Karl Popper, a ciência busca substituir teorias vigentes, através de


testes críticos, por novas teorias, assim não buscando confirmações, mas
sim a busca pelas refutações teóricas.

Para Thomas Kuhn, o que se chama de ciência é um processo tradicional


de formular e resolver problemas dentro de uma mesma teoria e
mecanismos específicos de treinamento de novos cientistas, utilizando
métodos e instrumentos de cunho aceito pela comunidade científica. A
tudo isso Kuhn dá o nome de paradigma.

Para Imry Lakatos, a ciência deve ser entendida como um conjunto


de teorias que possuem uma determinada estrutura cujo significado
é o de engendrar o constante aparecimento de novos problemas e
a incessante busca de suas respectivas soluções, sendo uma boa
teoria aquela que indica os caminhos para novos desenvolvimentos
teóricos.

4.2 Os recentes desdobramentos

Não se pode mais supor que as ciências sociais têm a mesma


natureza das ciências naturais. Mais e mais estarão diante das
constantes incertezas universais, por razões lógicas e não por falta
de disciplina ou por incompetência dos cientistas. A construção
histórico-social do conhecimento varia entre mesmo os diversos
pensadores de uma mesma corrente de pensamento, ainda mais
entre correntes distintas. Assim, nunca se terá uma explicação
definitiva sobre um conjunto de fenômenos, mas uma constante
reconstrução a “partir do zero”, da perspectiva de cada pesquisador
e seus métodos aliados.
Capitulo IV

A CONSTRUÇÃO DO SABER CIENTÍFICO: ALGUMAS POSIÇÕES

1. Considerações introdutórias

A partir da metade do século XIX, em virtude dos êxitos grandiosos


obtidos pelas ciências naturais, a filosofia passa a tematizar essa
situação, fazendo da ciência um de seus objetos privilegiados de estudo,
que partem das teorias do Empirismo lógico, o Racionalismo crítico de
Karl R. Popper e a teoria desenvolvida por Thomas S. Kuhn, todas estas
visando compreender melhor os métodos e instrumentos utilizados pela
ciência em suas pesquisas.

2. O Empirismo Lógico: a experiência como fundamento de conceitos


científicos.

Os empiristas modernos passaram a examinar não apenas o problema da


validade de enunciados universais empíricos, que traduzem leis ou
hipóteses científicas. Também o significado dos conceitos deverá agora
possuir uma base na experiência ou na observação. A ciência empírica
pretende informar sobre o mundo empírico, e para isso é preciso que seus
conceitos tenham um fundamento empírico, traduzidos em uma
linguagem observacional. Isso, ainda que plausível, mostrou-se
logicamente não isento de dificuldades, por isso acabou por não ser de
todo realizável.

3. O Racionalismo crítico de Karl R. Popper

Tal desejava uma distinção entre a ciência e a pseudociência. O critério


que distingue a ciência empírica das especulações da pseudociência é
a falseabilidade. Uma teoria que pretende ser empírica deve ser, em
princípio, refutável, já que “a irrefutabilidade não é uma virtude, como
frequentemente se pensa, mas um vício”. Uma teoria é tratável na
medida em que for possível dizer em que condições ela seria dada como
falsa. Assim, o que define a transição da ciência empírica para uma
teoria é a sua instabilidade, refutabilidade, falseabilidade.

3.1. O problema da indução

Conexões causais entre eventos do mundo sensível não são dados de


experiência, mas sim construções do sujeito. A indução nada mais é do
que uma inferência cujas premissas descrevem dados de observação e
cuja conclusão descreve um estado de coisas não-observado. Dois
eventos são observados em sequência repetida até que, com o passar do
tempo, acostuma-se a essa repetição (que não necessariamente tende a
continuar por muito tempo), e passa-se a considerar o evento anterior
como a causa subsequente.

3.2. Uma metodologia negativa

Para Karl R. Popper, importa saber se as hipóteses humanas são


testáveis empírica mente ou não. Não se deve ater ao estritamente
observável, mas sim deve-se inventar hipóteses ricas, audaciosas e
definidas, que possuem alto grau de conteúdo informativo, capazes de
propiciar predições que posteriormente deverão ser rigorosamente
testadas afim de refuta-las. Para Popper, o conhecimento científico
sempre conserva seu caráter hipotético, conjectural. Por maior que seja o
grau de corroboração de uma hipótese ela não perde seu caráter de
conjectural. Nunca se pode ter certeza se ela é verdadeira ou não.

4. Thomas S. Kuhn ou Desafio da história

A teoria de Kuhn gravita em torno de quatro categorias fundamentais, com


o auxílio das quais pretende reconstruir a dinâmica da ciência: ciência
normal (busca de conhecimentos através de métodos e instrumentos
específicos), paradigma (os métodos e conhecimentos guias para
explicações), crise e revolução (a primeira, motor da segunda, que realiza
o papel de incentivadora dos cientistas para que estes busquem ir além de
seus prévios conhecimentos até antes da crise considerados intocáveis).
5. À guisa de conclusão: em torno do debate Popper-Kuhn

O embate entre as duas frentes propiciou uma articulação mais clara,


bem como uma revisão de vários aspectos de ambos os programas
metodológicos, dando ensejo ainda a um desenvolvimento enriquecedor
para a metodologia da ciência. A metodologia de Popper não objetiva
demonstrar a verdade e nem a probabilidade de hipóteses, mas visa
submetê-las ao crivo da crítica com o objetivo de eliminar aquelas que o
teste revelar como sendo falsas.

Tanto para os indutivistas (empiristas lógicos) como para os dedutivistas


(Popper e seus discípulos), a experiência desempenha um papel
relevante na metodologia, ainda que distinto em cada uma dessas
concepções.
Referências:

CARVALHO, Maria Cecília. Construindo o saber, metodologia científica -


fundamentos e técnicas. 2. ed Campinas: Papirus, 2006, p.29-82

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