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Ensaio inspirado na obra “Transgredindo as fronteiras em direção a uma hermenêutica
transformadora” de Alan Sokal, apresentado no Seminário Pesquisa em Educação realizado na
Universidade Federal de Lavras. Traduzido e adaptado com autorização do autor.
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PhD in Science Education. Psychology Institute of Vygotisky University – Neverland/FL
(whiteowlbr@gmail.com)
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https://library.sacredheart.edu/c.php?g=29803&p=185902#:~:text=The%20research%20design%
20refers%20to,measurement%2C%20and%20analysis%20of%20data.
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https://en.wikipedia.org/wiki/Rational_irrationality#:~:text=Rational%20irrationality%20describ
es%20a%20situation,more%20appealing%20than%20others%20and
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Consagrado professor de física, cético da escrita científica pós-estruturalista. Utilizou-se de
desenvolvimentos teóricos da física quântica e da matemática para denunciar exageros da crítica à
produção científica tradicional.
Este texto compõe o material didático do curso de Metodologia de Pesquisa da Universidade Federal de Lavras –
P525 – do Prof Ronei Ximenes Martins. Reprodução ou distribuição desvinculadas do contexto do curso não são
permitidas.
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libertária é a transgressão proporcionada pela nova compreensão dos fenômenos,
advinda das descobertas da física quântica. Defendo que este movimento-fluxo é,
também, o instrumento concreto para a práxis política progressista que deve impactar a
nova educação.
Reforço que, desde a metade do século XX, ganhou força um novo código de
compreensão da atividade científica, principalmente nas ciências humanas e, por óbvio,
na educação. Esse código propõe uma interpretação dos fenômenos que leve em
consideração, primeiro, a dimensão humana, em contrapartida à excessiva valorização
dos fenômenos naturais e concretos na produção dos conhecimentos. Thomas Kuhn, ao
publicar “A Estrutura das Revoluções Científicas”, em 1962, ofereceu as evidências
inequívocas de que o método científico tradicional gera “verdades científicas parciais”
que não explicam o todo.
Mas o que são as verdades científicas parciais? Este termo, que criei, define construções
teórico-científicas explicativas de fragmentos de fenômenos complexos. Refiro-me à
complexidade segundo elaborada por Edgar Morin. São um “acordo social coletivo” de
que uma explicação científica parcial é suficiente apenas para gerar um novo
conhecimento aplicável, mas não uma compreensão profunda e existencial do
fenômeno, e que se transforma em tecnologia criando valor econômico-social.
O estilo capitalista de vida existe em função de, e se nutre dessas, verdades científicas
parciais. As pessoas tomam vacinas ou medicamentos porque confiam em uma
autoridade que lhes oferece uma narrativa plausível sobre os benefícios dessa ação.
Ninguém se preocupa com potenciais efeitos nocivos ou riscos. O mesmo ocorre com o
uso do transporte mecanizado, os resultados processados pelo computador ou com a
habitação em edifícios de dezenas de andares. Eventualmente uma ou outra pessoa
sucumbem pelo efeito indesejado do modo de produção da atualidade, da poluição
gerada por mecanismos de transporte, ou de doença mental devido à vida claustrofóbica
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em habitações mínimas, que são outros lados do mesmo fenômeno complexo do qual
foram geradas as verdades parciais para a criação de vacinas, aviões, computadores, ou
torres de microapartamentos. Mas isto não interessa e as verdades científicas
prevalecem, afinal, por serem exceções e estatisticamente desprezíveis, o que ocorre na
vida privada não deve deter o desenvolvimento. Neste aspecto as verdades dogmáticas
e ideológicas são mais significativas para a humanidade que as verdades científicas.
Para romper este circuito circular que gera irracionalidade racional, proponho a ruptura
baseada em novas abordagens para a pesquisa em educação visando a legitima nova
educação. É necessário que a ciência em educação gere novas verdades quânticas em
contraponto às verdades científicas parciais.
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É a busca por afastar a doxa (opinião) e alcançar a episteme (conhecimento). Sócrates preconizava
que, somente após toda a falsidade ser afastada é que a verdade poderia emergir.
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metodologia Delphi7 junto com método de Análise por Conteúdo8 associada ao Discurso
do Sujeito Coletivo9.
Para chegar a verdades sobre a educação, conversamos com o GPT sobre a relação da
física quântica com a ela e desenvolvemos definições que são precursoras das ideias de
uma verdade dialética e de aprendizagem crítica-dialética-imersiva por meio de
investigações baseadas em fatos-dados sem qualquer interferência de referencial
teórico tomado como verdade. Esta proposta se aproxima da Teoria Fundamentada em
Dados – Grounded Theory - (TFD)10, mas não a adota como verdade. Criei uma variação:
a fundamentação baseada exclusivamente em reflexões sobre dados-fatos para validar
proposições teóricas.
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https://www.scielo.br/j/pp/a/MGG8gKTQGhrH7czngNFQ5ZL/?lang=pt
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Inspirado em Laurence Bardin
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Um método de interpretação desenvolvido por Lefreve e Lefreve
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Metodologia desenvolvida por Kathy Charmaz
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2. Relações da física quântica com a Educação
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entender essas tecnologias emergentes e a se preparar para futuras carreiras em
áreas relacionadas.
Fonte: Https://linktr.ee/quebrandootabu
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Neste ponto, é necessário buscar a dimensão do humano na construção das verdades
científicas. A relativização, afinal, se dá exclusivamente na dimensão abstrata da mente
humana? Se sim, e me parece que é isto, esta hipotetização também precisaria ser
relativizada. Entramos, aqui em uma espiral que, depois de alguns passos, isolará
totalmente o fato gerador (concreto ou não) da verdade pensada, que será totalmente
relativizada. Mas o abstrato é elaborado sobre (ou em) quais estruturas concretas?
Esta reflexão me levou a dialogar novamente com o grupo especialista. Elaborei uma
questão que envolve ciência e conhecimento dogmático (que é relativizado
culturalmente) para compreender como seria possível, a partir de verdades
aparentemente distantes do ponto de vista dos observadores, poderia levar a uma
aproximação com a verdade dialética.
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conjunto de princípios lógicos. O intelecto também pode estar relacionado à
ou imaterial de uma pessoa. Pode ser usado para se referir à alma, à essência ou
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pensamento científico? Extrapolando o problema, é legítimo considerar o sistema
educacional como o lócus privilegiado do intelecto?
Você deve ter observado que, propositalmente, não questionei o GTP sobre o cérebro.
Explico. Subtraí esta dimensão, de concretude física, das reflexões. Ocorre que, como
verdade quântica, o cérebro existe e não existe, está vivo e não está11, restando como
relevante o pensamento que entre matéria e energia, se organiza em abstração
interpretativa do mundo e dos fenômenos. É como a imagem na TV ou no espelho, ela
não está lá, mas o observador a vê. Como trabalhar com esta nova perspectiva
paradigmática na educação? Deixo esta reflexão para que os meus ouvintes/leitores
debatam e apontem caminhos. Deixarei uma contribuição, como consideração final, do
caminho que tenho vislumbrado.
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Nos termos em que o Físico Erwin Schrödinger elaborou sua teoria.
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A E-CDI enfatiza a aprendizagem por meio da “investigação” de tudo. Os problemas são
extraídos de fenômenos próximos aos aprendentes (dados-fatos reais ou virtuais) com
estratégias de imersão propiciadas pelas tecnologias digitais, como softwares, jogos
educativos e outros recursos de e-learning. Não há ações de exposição dos aprendentes
a conceitos, pressupostos e outras verdades teóricas. Vale a empiria. Isto contempla, por
excelência, a personalização da aprendizagem, permitindo que os estudantes escolham
o ritmo e os objetos de aprendizagem e a ordem de estudo da dimensão conceitual
envolvida. Se exclui a ideia de disciplinas e planos de ensinos com exposição de
conteúdos, e se favorece a aprendizagem em grupo com mentoria de um ou vários
professor/res, em vez da aprendizagem individual.
Uma das principais críticas à E-CDI é que ela não fornece uma educação completa e
equilibrada para os estudantes, pois ao serem confrontados com as possibilidades de
escolha e auto-organização, buscarão apenas interesses a partir do que é confortável ou
para o que possuem aptidão, desprezando elementos relevantes do desenvolvimento de
conhecimentos, atitudes e competências.
Outra crítica à E-CDI é que ela pode aumentar a desigualdade social. Os alunos com
acesso limitado à tecnologia ou recursos educacionais podem ter dificuldade em
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competir com seus colegas que têm acesso à tecnologia de ponta e materiais de ensino
sofisticados.
Para que a E-CDI possa ser amplamente aplicável, o papel do professor como curador de
conteúdos precisa ser abandonado em favor da posição de guia e mentor dos
aprendentes. Embora a tecnologia possa ser uma ferramenta útil, ela não pode substituir
a experiência e a sabedoria do professor no desenvolvimento do pensamento crítico e
na formação de valores humanos. É este aspecto que garante a dimensão crítica da E-
CDI. Entretanto, o professor precisa estar preparado, em competências e atitudes, para
participar de todas as imersões com os estudantes.
Por fim, a adoção da E-CDI precisa ser acompanhada por pesquisa constante, visando
compreender melhor como as dinâmicas fenomenológicas da aplicação geram as
verdades dialéticas e como os participantes do processo se apropriam criticamente dos
resultados dos estudos investigativos.
Referências Bibliográficas
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BARDIN, Laurence. Análisis de contenido. Ediciones Akal, 1991.
MORIN, Edgar. Restricted complexity, general complexity. In: Worldviews, science and
us: Philosophy and complexity. 2007. p. 5-29.
SCHRÖDINGER, Erwin. What is life?: With mind and matter and autobiographical
sketches. Cambridge University Press, 1992.
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