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Os Passos da Meditação Dzogchen

Reconhecer o Alaya dos hábitos

Na meditaçã o dzogchen (Veja: O Que E Meditaçã o? (link:


https://studybuddhism.com/pt/fundamentos/o-que-e/o-que-e-meditacao)), primeiro acessamos e
reconhecemos o alaya dos há bitos, depois rigpa refulgente e depois rigpa essencial. Como
reconhecer o alaya dos há bitos?

O alaya dos há bitos dá origem a ver e ouvir, bem como a imaginar e pensar verbalmente. Imaginar e
pensar verbalmente dã o os ró tulos mentais de "isto" e "aquilo" e seguem as coisas. Ver e ouvir nã o
dã o ró tulos mentais e nã o seguem as coisas.

Assim como ver e ouvir, o alaya dos há bitos també m nã o dá ró tulos ou segue as coisas, mas é mais
sutil do que ver e ouvir. Está subjacente a ver e ouvir, assim como a imaginaçã o subjacente e o
pensamento verbal.

Reconhecer o alaya dos há bitos, no entanto, é extremamente difı́cil. Se vemos formas e cores como
um rosto (com ou sem uma ideia de quem é ) ou ouvimos sons de consoantes e vogais como uma
palavra (com ou sem uma ideia de seu signi icado), isso nã o é ver ou ouvir de maneira nã o-
conceitual, e muito menos o alaya dos há bitos. E cogniçã o mental conceitual.

Se conseguirmos reconhecer os milissegundos de visã o nã o conceitual de formas e cores, sem fazer
construçõ es mentais ou conceituá -las como "isto" ou "aquilo", isso ainda assim nã o é o alaya dos
há bitos. O mesmo é verdade se conseguirmos reconhecer os milissegundos de audiçã o nã o
conceitual dos sons de consoantes e vogais, sem fazer construçõ es mentais ou conceituá -los como
"isto" ou "aquilo". Para reconhecer o alaya dos há bitos durante a cogniçã o sensorial, precisamos
nos aprofundar.

Na literatura dzogchen, como o livro Libertação Através da Audição no Bardo (Bar-do thos-grol, O
Livro Tibetano dos Mortos), frequentemente lemos sobre o reconhecimento de rigpa durante o
bardo (bar-do). Bardo geralmente se refere ao perı́o do entre a morte e a concepçã o, até o pró ximo
renascimento. Bardo, no entanto, pode ser o "espaço cognitivo entre" outras coisas. Assim, rigpa - e
aqui, o alaya dos há bitos - pode ser reconhecido nos espaços cognitivos entre momentos de ver,
ouvir, imaginar ou pensar verbalmente.

Como reconhecer os milissegundos de visã o e audiçã o nã o-conceitual é muito difı́cil, e reconhecer
os espaços cognitivos entre esses milissegundos é ainda mais difı́cil, começamos tentando
reconhecer a alaya dos há bitos entre os momentos de pensamento verbal. Isso signi ica tentar
reconhecê -lo entre cada palavra ou sı́laba de um pensamento verbal.
O Método de Meditação
Para evitar a distraçã o da cogniçã o sensorial, meditamos na escuridã o total e no silê ncio total com
três (aspectos) imóveis (mi-g.yo-ba gsum):

1. Corpo imó vel - com o corpo ereto, as mã os repousando no colo em gesto de meditaçã o ou
repousando sobre os joelhos

2. Sentidos imó veis – os olhos icam fechados ou abertos, mas olhando naturalmente à frente

3. Mente imó vel - sem pensar ativamente, sem pensamentos do passado ou do futuro e sem
aná lise. Apenas descansamos no momento presente da consciê ncia, com frescor e
descontraçã o, sem nos preocuparmos com o que estamos fazendo. Em outras palavras,
mesmo que surja um pensamento, nã o o seguimos.

Pensamentos verbais simultaneamente surgem, permanecem e cessam. Quando focamos nesse


acontecimento, alcançamos o "espaço entre os pensamentos verbais", que é a situaçã o em que
podemos reconhecer o alaya dos há bitos.

O mé todo de meditaçã o, no entanto, nã o é simplesmente parar de pensar verbalmente aplicando
restriçã o ou disciplina. O surgimento, permanê ncia e cessaçã o simultâ neos de momentos de
pensamento verbal ocorrem automaticamente. Nã o é necessá rio nenhum esforço para que isso
aconteça. No entanto, precisamos de esforço para reconhecer e manter o foco nele com
compreensã o. Caso contrá rio, com a divagaçã o mental, seguimos os pensamentos, ou com o
embotamento mental, caı́mos em torpor e nã o entendemos nada.

A Necessidade da Meditação Analítica Madhaymaka como Preliminar

Durante a meditaçã o, nã o obtemos entendimento atravé s de um processo analı́tico. A meditaçã o


Dzogchen é sem aná lise. Para poder focalizar, com entendimento, o surgimento, a permanê ncia e a
cessaçã o simultâ neos de momentos de pensamento verbal, os grandes mestres do Nyingma, Mipam
e o Terceiro Dodrubchen, explicaram que, antes, precisamos ter adquirido a certeza da vacuidade
da existê ncia verdadeira. Fazemos isso atravé s do mé todo analı́tico conhecido como "buscando a
falha oculta da mente" (sems-kyi mtshang btsal-ba). Analisamos:

· De onde vem um momento de pensamento verbal - sua origem

· A situaçã o do pró prio pensamento verbal - como um momento de pensamento verbal


permanece

· Onde um momento de pensamento verbal cessa (desaparece para) - onde ele se dissolve ou
para onde vai.

Procurar a falha oculta da mente se assemelha ao processo analı́tico do Madhaymaka com o qual
analisamos um evento do ponto de vista de sua causa, do evento em si e de seus efeitos. Somente
quando entendemos que os momentos do pensamento verbal carecem de um surgimento,
permanê ncia e cessaçã o verdadeiramente existentes, somos capazes de reconhecer e experimentar,
com entendimento, a simultaneidade dos trê s.

Alé m disso, també m precisamos entender de antemã o a total ausê ncia (vacuidade) de um "eu" nã o
afetado, monolı́tico e separado, como se fosse um chefe, fazendo acontecer o surgimento, a
permanê ncia e a cessaçã o de momentos de pensamento verbal ou a observaçã o deles. Esse
entendimento nos permite reconhecer e experimentar, com entendimento, que o surgimento,
permanê ncia e cessaçã o simultâ neos de momentos de pensamento verbal acontecem
automaticamente, sem nenhum esforço. Obter esse entendimento també m requer treinamento de
Madhyamaka.

Com esses entendimentos como preliminares adicionais para:

· As seis preliminares externas e seis preliminares internas

· Enorme fortalecimento de nossas redes de construçã o da iluminaçã o com força positiva e


consciê ncia profunda (coleçõ es de mé rito e sabedoria)

· Empoderamento

· Manutençã o dos votos

· Inspiraçã o de nossos mentores espirituais,

estaremos prontos para tentar reconhecer o espaço cognitivo entre os momentos de pensamento
verbal.

[Veja: Os Principais Aspectos do Dzogchen (link: https://studybuddhism.com/pt/estudos-


avancados/vajrayana/dzogchen-avancado/os-principais-aspectos-do-dzogchen)]

Meditamos em nı́veis progressivamente mais sutis. Isso inclui o foco no surgimento, permanê ncia e
cessaçã o simultâ neos (desaparecimento) de:

· Momentos de pensamento verbal,

· Imagens mentais,

· Sentimentos de felicidade, infelicidade ou sentimentos neutros,

· Atitudes, como esperança, expectativa, decepçã o e té dio,

· A construçã o conceitual nã o-verbal do vá cuo que percebemos como um "isto" ou "aquilo"
verdadeiramente existente. Essa construçã o conceitual é um "sentimento" de existê ncia
verdadeira.

A Ajuda de Nossos Mestres de Dzogchen para Reconhecermos Rigpa


Como os mé todos de meditaçã o acima podem ainda assim nã o nos levar a reconhecer o alaya dos
há bitos, muito menos rigpa, precisamos de mais ajuda. Nossos mestres de dzogchen podem nos
ajudar a conhecer rigpa cara a cara (ong-sprod).

Existem dois mé todos principais para nos permitir conhecer rigpa pessoalmente:

1. Sem se basear em pontos-chave (gnad) - ou seja, simplesmente atravé s da circunstâ ncia


externa, da inspiraçã o do mestre dzogchen, e da circunstâ ncia interna, rigpa de base como a
natureza bú dica.

2. Alé m dessas circunstâ ncias externas e internas, basear-se em um dos seis pontos chave que
usam um mé todo adequado à prá tica de meditaçã o do discı́pulo:

· Manter a atençã o da mente

· Manter a mente em repouso, ou seja, mantê -la está vel, em seu pró prio lugar

· Chegar à raiz da questã o

· Livrar-se de uma sensaçã o de substancialidade, para que, depois de ter feito uma aná lise
meticulosa, a mente nã o siga mais um objeto (como um pensamento) e entã o nã o tenha
para onde ir.

· Usar o espaço entre a consciê ncia e seus objetos

· Causar distraçã o, como gritando "phat".

O sexto mé todo é o mais comum. Quando distraı́dos ou assustados, paramos de pensar.

Na maioria dos casos, nã o reconhecemos rigpa nesse está gio, mas apenas o alaya dos há bitos. Nó s
o reconhecemos entre os momentos de pensamento verbal, como o espaço cognitivo que dá origem
nã o apenas aos momentos de pensamento e de imaginaçã o verbais, mas també m aos milissegundos
de ver cores e formas e ouvir sons de consoantes e vogais. E calmo, irme, nã o segue objetos e nã o
rotula mentalmente nada como "isso" ou "aquilo". No entanto, o alaya dos há bitos ainda é sem
(consciê ncia limitada) e, como tal, tem o fator de estupefaçã o ofuscamento, de nã o conhecer o
pró prio rosto.

Reconhecendo Rigpa Refulgente

Devemos tomar cuidado para nã o confundir e considerar a realizaçã o de alaya dos há bitos com a
realizaçã o de rigpa. Alé m disso, precisamos ter cuidado para nã o confundir e considerar a
realizaçã o de rigpa uma consciê ncia decisiva (nges-shes) da natureza convencional (a mera
produçã o e percepçã o de aparê ncias cognitivas) ou da natureza mais profunda (vacuidade) de
alaya dos há bitos. Fazer isso seria confundir a meditaçã o dzogchen com o Mahamudra Gelug /
Kagyu.
Precisamos ir mais fundo e mais sutil, para experimentar e reconhecer um espaço cognitivo
intermediá rio que tenha uma profunda consciê ncia de sua pró pria natureza de duas verdades. Se
formos bem-sucedidos, o fator de ofuscamento deixará de acompanhar nossa meditaçã o e o alaya
dos há bitos se tornará rigpa. Por termos "lubri icado" os caminhos de nossos canais de energia
com a prá tica anterior de anuyoga e sincronizado os ventos com a recitaçã o de mantras, no
processo dessa meditaçã o, todos os nı́veis mais grosseiros de atividade mental - e especi icamente o
alaya dos há bitos - se dissolvem automaticamente.

Fazemos isso reconhecendo rigpa refulgente, que é rigpa em seu aspecto de gerar ativamente
aparê ncias cognitivas e conhecê -las ativamente, sendo a primeira mais proeminente. Focamos agora
no surgimento, permanê ncia e interrupçã o simultâ neos dos milissegundos de ver e ouvir as
aparê ncias cognitivas daquilo que nã o é verdadeiramente existente como "isto" e "aquilo", ao qual o
alaya dos há bitos dá origem. Quando reconhecemos rigpa refulgente, acessamos o surgimento,
permanê ncia e cessaçã o simultâ neos de milissegundos de aparê ncias puras do estado alé m do
campo periscó pico de percepçã o da consciê ncia limitada.

Reconhecendo Rigpa Essencial: Os Estágios do Atravessar e do Salto


Adiante
Depois de reconhecer rigpa refulgente e conseguir manter o foco nela, reconhecemos rigpa
essencial, rigpa em seu aspecto de ser o espaço aberto (klong) ou a esfera cognitiva (dbyings) que
permite o surgimento e o conhecimento de aparê ncias, sendo esta ú ltima mais proeminente.
Quando reconhecemos e mantemos o foco nisso, atingimos o atravessar (thregs-chod), um caminho
mental da visã o (mthong-lam, caminho da visã o).

Entã o, como resultado da prá tica com iguras bú dicas no mahayoga, rigpa refulgente gera um corpo
de arco-ı́ris ('ja'-lus)e se conhece como tal, e nã o como os agregados comuns. Assim, no está gio do
salto adiante (thod-rgal) - equivalente a ter um caminho mental da habituaçã o (sgom-lam, caminho
da meditaçã o) - atravé s de quatro está gios, rigpa refulgente se torna mais proeminente enquanto
manté m simultaneamente rigpa essencial proeminente.

Atenção Primordial
Quando acessamos rigpa, acessamos sua qualidade inata que surge simultaneamente de atenção
primordial por ter caído no estado natural (rang-babs gnyug-ma'i dran-pa), també m chamada atenção
profunda por ter caído (ye-babs- kyi dran-pa). A atençã o automaticamente se segura, ou se manté m,
em rigpa. Consequentemente, a meditaçã o dzogchen em rigpa é chamada de meditaçã o sem
esforço, nã o-meditaçã o ou meditaçã o nã o-deliberada.

Isso nã o signi ica que, antes de acessar rigpa e, assim, alcançar o caminho da visã o, meditemos sem
atençã o. Meditando com sem e sem nenhuma atençã o plena, experimentamos instabilidade mental
(rgod-pa, agitaçã o mental) e embotamento mental (bying-ba). Ao praticar dzogchen, é crucial aplicar
as instruçõ es especı́ icas apenas ao nı́vel de meditaçã o e comportamento a que se destinam.

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