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Experiência:
1- Um voluntário apresentava-se para participar na experiência, sem saber que seria
avaliado na sua capacidade de obedecer a ordens. Era colocado no comando de uma
falsa máquina de infligir choques;
Os sujeitos eram encarregues num suposto papel de “professor” numa experiência
sobre “aprendizagem”.
2- A máquina estava ligada ao corpo de um homem mais velho e afável, que era
submetido à uma entrevista numa sala ao lado. O voluntário podia ver o homem mais
velho, mas não era visto por ele;
3- O voluntário era instruído por um investigador a acionar a máquina de choques
todas as vezes que a pessoa errava uma resposta. A intensidade dos choques
aumentava supostamente 15 volts por cada erro cometido, desde 15 (marcado na
máquina como “choque ligeiro”) até 450 volts (marcado na máquina como “perigo:
choque severo”);
4- À medida que a intensidade dos choques aumentava a pessoa queixava-se cada vez
mais até que se recusa a responder;
O experimentador ordena ao sujeito para continuar a administrar choques. ”Tu não
tens alternativa, tens que continuar”.
Conclusão: Mesmo vendo o sofrimento, a maior parte dos voluntários continuava
obedecendo às ordens e infligindo choques cada vez maiores. A intensidade máxima,
450 v, significaria hipoteticamente matar a outra pessoa. 65% das pessoas obedeceram
às ordens até o fim e deram o choque pretensamente fatal.
4. A pressão do grupo
Numa segunda fase da experiência, Milgram procurou saber o que aconteceria numa
situação de grupo em que dois dos sujeitos se recusavam a obedecer às ordens do
experimentador. Nestas circunstâncias, só 10% dos participantes infligiam descargas
elétricas atá aos 450 volts. A maioria recusava-se a ultrapassar metade da escala. O
efeito do grupo anulou o efeito de autoridade do experimentador.
Concluímos com uma afirmação de Milgram: “A essência da obediência é que uma
pessoa passa a ver-se como o instrumento para executar os desejos de outras pessoas
e, portante, não se considera responsável pelas suas ações”.
Inconformismo e inovação:
A história da Humanidade testemunha que a mudança, a todos os níveis, foi
desencadeada por conceções, atitudes e comportamentos que não respeitaram o que
socialmente estava estabelecido como correto e desejável. Basta refletirmos nas
grandes revoluções científicas levadas a cabo por Copérnico, Darwin e Freud para
constatarmos que foi o inconformismo destes homens que transformou o modo como
os seres humanos se concebem. Os exemplos não faltam ao nível da atividade
económica, política (as revoluções, por exemplo], tecnológica, cultural. Reflete no que
se passa na música, pintura, escultura, dança, etc. Os modos de vida, as interações
sociais, mudam.
Pode-se definir inconformismo como a adoção de conceções, atitudes e
comportamentos que não respondem às expectativas do grupo. As pessoas em que a
pertença ao grupo constitui uma parte importante do seu autoconceito têm mais
probabilidade de se conformarem devido à influência normativa; se a pertença ao
grupo não tiver essa importância, é menos provável submeterem-se às normas do
grupo.
As pessoas que adotam atitudes inconformistas são, frequentemente, objeto de crítica
social, que pode ir desde o sarcasmo à sanção e até à marginalização. O desvio, a
dissidência, são encarados como desagregadores da ordem social e são tão mais
criticados e reprimidos quanto mais importante for, para o grupo social, a norma não
respeitada.
Assumidos por minorias, os comportamentos inconformistas, geradores de inovação,
acabam muitas vezes por ser integrados pelo sistema social. A mudança social
encontra neste processo a sua origem.