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CADERNO

DE
PRÁTICAS
CADERNO
DE
PRÁTICAS
Ano 2015
Expediente
Prefeito de Curitiba
Gustavo Bonato Fruet

Presidente da Fundação de Ação Social


Marcia Oleskovicz Fruet

Superintendente Executiva
Simone Camargo Nadolny

Superintendente de Planejamento
Jucimeri Isolda Silveira

Diretor Administrativa
Luiz Henrique Rehme

Diretor Financeiro
Luiz Carlos Betenheuser Junior

Diretora de Informações e Gestão de Benefícios


Denise Ferreira Netto

Diretora de Proteção Social Básica


Ana Luiza Suplicy Gonçalves

Diretora de Proteção Social Especial


Angela Christianne Lunedo de Mendonça

Assessor Técnico da Presidência


Antonio Carlos da Rocha

Assessora Jurídica
Cibele Koehler Cabral
Publicação da Fundação de Ação Social
Organizadores:
Jucimeri Isolda Silveira
Nicoly Kulcheski Lachovicz
Paulo Roberto de Carvalho Mangili
Renata Duarte de Toledo Reizer

Prefeitura Municipal de Curitiba / Fundação de Ação Social


Superintendência de Planejamento – Assessoria de Educação Permanente Gestão do Trabalho
Rua Eduardo Sprada, 4520, Campo Comprido
Telefone: (041) 3350-3500.
E-mail: gestaodotrabalho@fas.curitiba.pr.gov.br
Endereço Eletrônico: www.fas.curitiba.pr.gov.br

Presidente
Marcia Oleskovicz Fruet

Superintendente de Planejamento
Jucimeri Isolda Silveira

Assessor de Educação Permanente e Gestão do Trabalho


Paulo Roberto de Carvalho Mangili

Assessor de Comunicação
Ricardo Sabbag Zipperer

Comissão de Análise
Adriana Becker Maria Aparecida dos Santos
Alzirio Ayres Marlene Filippini
Ana Luiza Suplicy Goncalves Michele Cristina Alves
Antonia Maria Druzian Garcia Nicoly Kulcheski Lachovicz
Daiane Ferreira Lourenço Odete Serafim
Eloíse Alves Manhães Paula Dorothea Scheffer de Oliveira
Erika Haruno Hayashida Paulo Roberto de Carvalho Mangili
Janicler Delmar Neves Alves Renata Duarte de Toledo Reizer
Katia Melissa Roden da Silva Roberta Konfidera L. de Oliveira
Lilian Gomes Brandao dos Reis Rosane Nunes de Deus
Lourdes Grabowski Rosida K. Rosa de Almeida
Lucimara Santos Orlandi Simone Alibosek
Luiz Alberto Agostinhacki Tatielly Leticia Sloboda Tozo
Maria Ines Gusso Rosa

Projeto Gráfico e Diagramação


Angélica Batista
Tiragem : 400
Impressão: Discpress

Cade122 Prefeitura Municipal de Curitiba:


Caderno de práticas / Prefeitura Municipal de Curitiba. – Curitiba : PUCPRess, 2015.
204 p. : il.; 29 cm.

ISBN 978-85-68324-18-9 - impresso

1. Direitos humanos. 2. Assistência social. 3. Práticas de trabalho I. Prefeitura Municipal de Curitiba.



CDD: 323

Todos os direitos reservados.


Os textos foram produzidos pelos responsáveis por cada uma das práticas apresentadas.
Não houve interferência quanto ao conteúdo do material, a fim de preservar e valorizar o trabalho dos servidores envolvidos.

Fica autorizada a reprodução do conteúdo da publicação, desde que não altere o sentido,
bem como seja citado a fonte.
Caderno dedicado
aos trabalhadores e
trabalhadoras
da Assistência Social
de Curitiba, que
desempenham importante
papel para materialização
desta política pública
na esfera da garantia
dos direitos.

“Eu agora diria a nós (...):


ai daqueles e daquelas,
entre nós, que pararem
com sua capacidade de
sonhar, de inventar a sua
coragem de denunciar e
de anunciar. Ai daqueles
e daquelas que, em
lugar de visitar de vez
em quando o amanhã, o
futuro, pelo profundo
engajamento com o
hoje, com o aqui e com
o agora, ai daqueles que,
em lugar destaviagem
constante ao amanhã, se
atrelarem a um passado
de exploração e rotina.”
(Paulo Freire)
ÍNDICE
9 Apresentação

10 Prefácio

13 Introdução

17 Trabalho Social

17 A Perspectiva das Ações Comunitárias com Grupos para o Fortalecimento do


Protagonismo

39 O Trabalho Social com a População em Situação de Rua: Uma Trajetória de Busca pelo
Reconhecimento e Resgate da Cidadania

49 O Trabalho Social com Crianças, Adolescentes e Jovens: A Linha Entre a Conquista do


Direito e sua Consolidação no Cotidiano

85 O Trabalho Social com Idosos e Pessoas com Deficiência: A Linha Entre a Autonomia e a
Garantia dos Direitos

97 Um Ano de Condomínio Social e os Diversos Olhares que


Compõem este Serviço

117 Gestão do SUAS

117 Aprimoramento dos Serviços e Processos de Trabalho

163 Espaços de Estudo, Reflexão, Troca de Saberes e o Desenvolvimento de Competências


9

Apresentação

O
aprimoramento do Sis- Este Caderno de Práticas compõe um “Nossas
tema Único de Assis- conjunto de estratégias de difusão do jornadas
tência Social – SUAS trabalho social e da gestão do SUAS. de reuniões
requer o desenvolvi- Representa parte das intervenções re-
realizadas nos
mento da capacidade alizadas no cotidiano dos territórios
gestora dos municípios, estados e do curitibanos, na direção de uma cidade
equipamentos
governo federal no cumprimento de cada vez mais humana. Práticas que
da assistência
suas responsabilidades definidas no traduzem a importância dos trabalha- social e as
pacto federativo. Uma das competên- dores na política social, no acesso aos avaliações das
cias fundamentais é a implementação direitos de cidadania. supervisões
de mecanismos de educação perma- técnicas têm
nente que superem ações pontuais e As práticas aqui registradas materializam permitido a
possam fomentar a produção de co- o compromisso coletivo em apoiar os identificação
nhecimentos relevantes sobre a gestão usuários da assistência social na supera- de estratégias
e o trabalho social. ção de vulnerabilidades que expressam criativas e
desigualdades, mas também outras fra- inovadoras.”
O Plano Municipal de Assistência gilidades sociais que expõem pessoas aos
Social de Curitiba prevê o desenvol- riscos sociais. Também confirmam o de-
vimento de áreas estratégicas, espe- ver do poder público em direcionar po-
cialmente a educação permanente e líticas públicas que promovam o desen-
gestão do trabalho, a vigilância socio- volvimento social e territorial no sentido
assistencial, funções estruturantes no de ampliar a proteção social e de cons-
processo de aprimoramento da gestão truir possibilidades de maior equidade e
e das provisões no acesso aos direitos participação social.
socioassistenciais.
Torcemos para que este seja o primei-
Nossas jornadas de reuniões realizadas ro de muitos Cadernos de Práticas, que
nos equipamentos da assistência social valorizem e difundam o valoroso traba-
e as avaliações das supervisões técnicas lho social, em defesa da vida, dos direi-
têm permitido a identificação de estraté- tos e de uma sociedade mais humana!
gias criativas e inovadoras; de práticas que
respondem às vulnerabilidades e situa- Marcia Oleskovicz Fruet
ções de risco; das dificuldades que pesso- Presidente da Fundação de Ação Social
as e famílias vivenciam, mas também de
potencialidades, sonhos e expectativas de
reconstrução de projetos de vida.
10 CADERNO DE PRÁTICAS

Prefácio

“Na atual fase de Educação permanente no Sistema Único de Assistência Social:


desenvolvimento
do SUAS coloca- para fortalecer práxis transformadoras e qualificar serviços.
se como desafio

O
central a criação Sistema Único de As- nificado em demais percursos em fase
de ambientes sistência Social - SUAS de implantação.
dialógicos, de inaugura um novo mar-
produção de co regulatório que ex- As comunicações presentes aqui reve-
saberes, difusão pressa a construção lam a complexidade das intervenções,
de conhecimentos do conteúdo específico da assistência dos fenômenos sociais e a amplitude
críticos, social na proteção social brasileira, das demandas por trabalho social no
inovadores e dinamizando estruturas e processos SUAS em Curitiba. São produções que
criativos.” destinados à democratização e qualifi- permitem identificar uma riqueza de
cação do acesso aos direitos socioassis- significados relacionados às necessida-
tenciais. Sua implementação e aprimo- des humanas, qualificadas como vulne-
ramento têm produzido ordenamentos rabilidades e violações, reproduzidas
institucionais e práxis que exigem no- numa sociedade desigual, ao tempo em
vos patamares de estruturação do tra- que suscita as potencialidades huma-
balho e da gestão. nas e o trabalho transformador. Des-
taco centralmente: o trabalho social
Na atual fase de desenvolvimento do voltado ao protagonismo na aliança
SUAS coloca-se como desafio central a dos trabalhadores com os usuários; a
criação de ambientes dialógicos de pro- acolhida nos serviços como estratégia
dução de saberes, difusão de conheci- de vinculação da população usuária
mentos críticos, inovadores e criativos. no acesso aos direitos; o desenvolvi-
Para tanto, é preciso oportunizar meios mento de processos socioeducativos
de reflexão e sistematização das práti- como estratégica de qualificação e
cas cotidianas, configurando possibili- fortalecimento dos direitos; novas me-
dades mais dinâmicas de intercâmbio todologias de trabalho social voltado
permanente de práticas, de significa- a grupos específicos como população
dos relativos às provisões, no âmbito de rua, mulher, pessoas com defici-
dos serviços continuados, programas, ência, idosos, adolescentes e jovens;
projeto e benefícios. a arte como mediação reflexiva sobre
o cotidiano; as reflexões e o direito à
Este Caderno de Práticas é a primeira ini- cidade; aprimoramento do serviço de
ciativa em educação permanente e gestão convivência e fortalecimento de vín-
do trabalho com o objetivo de iniciarmos culos como mecanismo de filiação so-
a sistematização dos “fazeres” aliada à cial a projetos coletivos e de vida, com
definição de espaços de planejamento e aproveitamento de habilidades sociais
estudos coletivos no percurso formati- e técnicas das equipes, independente-
vo de aperfeiçoamento. Neste sentido, o mente de funções; atuação com grupos
próprio caderno, nesta e em outras edi- historicamente visibilizados e com maior
ções, será refletido, aprimorado, resig- desvantagem no acesso ao trabalho como
11
direito; implantação do monitoramento menta as lutas e as formas de organi-
dos serviços; novos saberes sobre terri- zação que impactam politicamente
tórios e arranjos familiares; questões éti- na gestão e no trabalho, com defesa e
cas e técnicas que sustentam projetos de produção coletiva das estratégias de
vida e coletivos; organização de espaços organização da gestão do trabalho no
criativos e inovadores; aprimoramento SUAS, como a implantação de uma
da gestão do SUAS, com a regulação de Política Nacional de Educação Perma-
padrões de qualidade, acompanhamento nente, que impacte positivamente na
e supervisão técnica, gestão da informa- valorização e no reconhecimento dos
ção, espaços de estudos e planejamento; trabalhadores.
implantação de assessoria descentrali-
zada em educação permanente para a O trabalho social é desenvolvido em
qualificação político-pedagógica dos ser- condições objetivas que configuram
viços; realização de encontros regionais limites e possibilidades. A ética do tra-
sobre direitos humanos; ciclos de estu- balho no SUAS preconiza a assunção
dos; integração entre CRAS e CREAS e de perfis críticos e propositivos, de-
Quintas de Partilha como estratégia de mandando rigor teórico-metodológico
troca de saberes. e compromisso político com os usuá-
rios na reversão das condições institu-
Os registros deste Caderno expressam cionais que possibilitem a ampliação dos
parte do trabalho cotidiano, mas permi- direitos e a constituição de sujeitos polí-
tem identificar uma sintonia e materia- ticos, que partem da análise das próprias
lidade entre os objetivos do Programa determinações e dinâmica dos espaços
Curitiba Mais Humana e o trabalho de- socioinstitucionais em que se inserem, no
senvolvido na gestão e no trabalho social, reconhecimento do potencial reflexivo e
notadamente pela indissociabilidade en- interventivo de suas práxis e na direção
tre direitos humanos de pessoas e grupos da garantia de direitos, em respostas às
mais vulneráveis e com direitos violados, necessidades sociais.
e proteção social nos territórios a serem
desenvolvidos com estratégias de filiação Os espaços de estudos, planejamento
social, desprecarização das condições de e sistematização das práxis se colocam
vida e acesso a um conjunto de políticas como inovações importantes. Por isso,
públicas pela adoção de novas formas de é preciso potencializá-los como espa-
atuação intersetorial. ços dialógicos, inovadores, coletivos,
capazes de explicitar uma ética que
As novas requisições no campo da assis- interpela a realidade em suas contra-
tência social, correspondentes aos atribu- dições, fortalecendo o trabalho social
tos de gestão e de prestação de serviços, crítico, a formação e o exercício profis-
conformam um campo de saberes e prá- sional no SUAS, o fomento à pesquisa
ticas diversos que dimensionam um con- e produção de novos conhecimentos e
junto de conhecimentos, competências e práticas. O cotidiano deste trabalho de
perfis para o desenvolvimento das funções relevância pública compõe a conquis-
de gestão e atendimento. Tais requisições ta histórica dos direitos como travessia
estão relacionadas com os componentes para uma sociedade mais justa, iguali-
que estruturam a própria política, que vão tária e na direção da emancipação hu-
desde o diagnóstico socioterritorial até a mana.
elaboração da política e prestação de ser-
viços. Assim, também será fundamentar Boa leitura!
e criar possibilidades de sinergia entre o
trabalho e a gestão regionalizada com os
processos decisórios no SUAS. Jucimeri Isolda Silveira
Superintendente de Planejamento da FAS
A ativação de canais de participação Docente do Mestrado em Direitos
dos trabalhadores para o controle de- Humanos e Políticas Públicas e Curo de
mocrático da gestão do trabalho ali- Serviço Social da PUCPR
13

Introdução

A
o observar a complexida-
de da gestão do trabalho
compartilharem suas práticas, a fim
de possibilitar a socialização, troca de
“Escreve-se
no âmbito da assistência experiências por meio da sistematiza-
sempre para
social com significado ção das ações, com formulário próprio
dar a vida, para
histórico contraditório, que facilitasse a produção do conhe-
liberar a vida
que hoje se assume na busca pelo for- cimento e detalhamento do campo de aí onde ela está
talecimento de cultura democrática atuação profissional. As produções aprisionada,
e orgânica aos processos de emanci- foram avaliadas por uma Comissão para traçar
pação, percebeu-se a necessidade em formada por representantes das nove linhas de fuga”.
programar ações que ampliem o acesso regionais e gestão central, adequadas,
dos trabalhadores às práticas coletivas trabalhadas, refletidas e selecionadas Gilles Deleuze
e inovadoras, que promovam a garantia para a publicização a partir deste Ca-
de direitos e evidenciem a capacidade derno de Práticas, com objetivo de
de lidar com a realidade social. evidenciar práticas criativas, inovado-
ras ou cotidianas, mas garantidoras de
Além dos desafios colocados na im- direitos, que se adaptam às realidades
plementação da Política Nacional de vivenciadas pelos sujeitos envolvidos
Educação Permanente, na consoli- e pelos trabalhadores.
dação da Norma Operacional Básica
de Recursos Humanos e demais nor- Essa mobilização visou dar mais um
mativas que se vinculam à gestão do passo no envolvimento da Assessoria
trabalho, coloca-se em evidência o de Educação Permanente e Gestão do
imperativo de fortalecer as ações de- Trabalho com os/as próprios/as traba-
senvolvidas pelos trabalhadores do lhadores/as do Sistema Único de As-
SUAS, seja no provimento de serviços sistência Social de Curitiba, possibili-
e benefícios socioassistenciais, na ges- tando verificar sinais de precarização,
tão e/ou controle social. Tais ações de- dificuldades na apreensão da política,
vem ter como foco a desprecarização o fortalecimento da mesma em deter-
das condições de trabalho e a aproxi- minados territórios e a qualidade no
mação dos trabalhadores com ações atendimento aos usuários.
que consolidem a garantia dos direitos
e primem pela qualificação dos servi- Vale ressaltar que a troca de experiên-
ços prestados aos usuários da assistên- cias entre os trabalhadores e a Gestão
cia social, tendo em vista que algumas do Trabalho tende a facilitar o enfren-
vezes são realizadas ações pontuais e/ tamento das situações vivenciadas no
ou desarticuladas, com pouco caráter cotidiano e que exigem múltiplas habi-
reflexivo e crítico diante do território lidades para superação. Com a publica-
e do cotidiano vivenciado. ção e divulgação deste Caderno, é pos-
sível registrar os momentos e impactos
Neste sentido, iniciou-se ao final de gerados, sem que as práticas se percam
2014 um processo de mobilização e pelo passar dos anos e alteração do
incentivo dos trabalhadores da FAS a quadro funcional.
14 CADERNO DE PRÁTICAS

Por fim, mais que a importância obje- dos níveis técnicos e dos equipamentos
tiva na produção e sistematização do da assistência social de Curitiba. Nessa
conhecimento, a relevância está no in- análise, concluiu-se que havia a neces-
centivo de que os/as trabalhadores/as sidade de uma tutoria mais próxima
reflitam, pensem e repensem as ações dos/as trabalhadores/as para reescrita
desenvolvidas, gerando processos de de algumas práticas e/ou aprimora-
ação – reflexão – ação. Tal práxis permi- mento das reflexões constantes.
te ao sujeito ampliar seu campo de ação

3
e aprimorar suas análises na observação Com isso, a terceira etapa contou
do trabalho desenvolvido e assim, trans- com a tutoria agendada para as re-
formar a ação individual e coletiva do gionais e uma tutoria agendada na sede
equipamento/setor que faz parte.
para aqueles que não puderam compa-
recer ou agendar nos Núcleos Regionais.
Processo de Construção – Assim, houve a possibilidade de estender
o prazo para entrega da reescrita confor-
Metodologia de Trabalho me a disponibilidade dos equipamentos,
Para a edição das práticas, o processo regionais e demandas operativas.
de construção iniciou-se em outubro
de 2014 e possibilitou a reflexão da
própria equipe para o aprimoramento
e continuidade do processo que, ante-
4 Por fim, a Comissão reuniu-se no-
vamente para avaliar, destacar e
selecionar as práticas, a fim de finalizar
riormente, limitava-se a publicização o processo e sugerir novas configurações
das práticas em forma de caderno e para publicações posteriores.
atualmente se expande para a produ-
ção de reflexões acerca das práticas, Aborda-se nesta introdução o número
somadas às reflexões teóricas nos cam- de práticas que inicialmente foram rece-
pos específicos, nas produções acadê- bidas pela Assessoria de Educação Per-
micas, entre outras formas que incenti- manente e Gestão do Trabalho e quan-
vam e aprimoram as ações no âmbito do tas retornaram após as considerações a
Trabalho Social. análise da Assessoria e da Comissão. Vale
ressaltar que as práticas não aceitas refe-
A estratégia de ação utilizada foi dividi- rem-se a: (i) 18 práticas com retorno fora
da em quatro etapas: do prazo acordado entre os participantes
ou sem retorno em uma das etapas; (ii)

1 Apresentação do projeto e divul-


gação do formulário a ser pre-
enchido pelos/as trabalhadores/as
1 prática sem componentes expressivos
analisada pela Comissão.

interessados/as em publicizar suas


• Recebimento em outubro: 58 práticas
práticas, mobilizando assim o interes-
se junto aos supervisores, gerentes e
• Reunião da Comissão de Análise:
coordenadores, via intranet e emails
específicos para os servidores. 17/11/2014

• Retorno das práticas em dezembro/


2 Após a divulgação, a segunda
etapa contou com o recebimento
dos formulários e a análise minuciosa
janeiro: 40 práticas

gramatical, textual, teórica e conjun- • Reunião da Comissão de Análise:


tural pela equipe da Assessoria e pos- 15/01/2015
teriormente pela Comissão de Análise
instituída para este fim, contando com • Práticas selecionadas para o Caderno:
participação e representação dos varia- 39 práticas
15
Categorias teóricas e práticas principais para reflexão:

CATEGORIA Nº Práticas
Espaços de Estudo, Reflexão, Troca de Saberes e o Desenvolvimento de Competências 12

O Trabalho Social com Crianças, Adolescentes e Jovens: a Linha entre a Conquista do Direito e sua Consolidação no Cotidiano 7

O Trabalho Social com Idosos e Pessoas com Deficiência: a Linha entre a Autonomia e a Garantia dos Direitos 3

O Trabalho Social com a População em Situação de Rua: uma Trajetória de Busca pelo Reconhecimento e Resgate da Cidadania 2

Aprimoramento dos Serviços e Processos de Trabalho 9

A Perspectiva das Ações Comunitárias com Grupos para o Fortalecimento do Protagonismo 5

Prática de Destaque 1

A Prática de destaque foi selecionada


pela Comissão de Análise e refere-se
àquela com maior impacto e articula-
ção dentro e fora da política de assis-
tência social. Sendo assim, recebe neste
Caderno um espaço com reflexões de
outros participantes e componentes es-
senciais para consolidação do processo.

Ressalta-se ainda que as categorias abor-


dadas são importantes para construção
e consolidação do SUAS e, além de uma
breve reflexão neste Caderno, merece
discussões e aproximações constantes
para o aprimoramento do Trabalho So-
cial nas diversas esferas e exigências da
política de assistência social.
17

Trabalho Social

A PERSPECTIVA DAS AÇÕES COMUNITÁRIAS “A primavera


chegará, mesmo
COM GRUPOS PARA O FORTALECIMENTO DO PROTAGONISMO. que ninguém
mais saiba seu

D
nome, nem
e acordo com as orienta- Em 2011, o Conselho Nacional de As- acredite no
ções técnicas “O CRAS sistência Social aprovou a Resolução calendário, nem
que temos; O CRAS que 27/2011 que caracteriza as ações de as- possua jardim
queremos”, as ações co- sessoramento, defesa e garantia de di-
munitárias consistem em
para recebê-la.”
reitos no âmbito da assistência social e
atividades de caráter coletivo, voltadas com isso, estabelece um vínculo estrei-
para a dinamização das relações do
Cecilia Meireles
to e delicado entre as entidades sociais
território, com objetivo de promover e a política pública. Na Lei Orgânica
a comunicação, mobilização e protago- de Assistência Social detalha-se que as
nismo, fortalecendo os vínculos entre entidades de defesa e garantia de direi-
as diversas famílias de um mesmo ter- tos são “aquelas que, de forma conti-
ritório, desenvolvendo a sociabilidade, nuada, permanente e planejada, pres-
o sentimento de coletividade e organi- tam serviços e executam programas
zação comunitária. ou projetos voltados prioritariamente
para a defesa e efetivação dos direitos
Neste sentido, a Política Nacional de socioassistenciais, construção de novos
Assistência Social propõe ações que direitos, promoção da cidadania, en-
ampliem o protagonismo das famílias e frentamento das desigualdades sociais,
indivíduos a partir do reconhecimento articulação com órgãos públicos de de-
das demandas sociais e diante dos ser- fesa de direitos, dirigidos ao público da
viços prestados organizados em pro- política de assistência social, nos ter-
teção social, vigilância social e defesa mos da Lei”.
social e institucional. Este último refe-
re-se a organização da proteção social Com isto, surge o primeiro questiona-
de forma a garantir o acesso e reconhe- mento: ao estabelecer diretrizes para
cimento dos seus direitos socioassis- entidades sociais presume-se que a
tenciais e sua defesa. prestação da assistência social em
seus diversos serviços tenha esse ca-
A perspectiva deste trabalho se coloca ráter de defesa e garantia de direitos,
na compreensão de que os usuários são visto que este potencial diferencia as
sujeitos de direitos, entretanto, muitas ações por menor que elas sejam, das
vezes não reconhecem quais direitos exis- demais políticas públicas? E neste
tem e assim não podem exigí-los. Com sentido, estão os trabalhadores do
um movimento que exige dos próprios SUAS dispostos a reconhecer e de-
trabalhadores o reconhecimento destes fender direitos dos usuários a fim de
direitos, tem por objetivo fortalecer os ci- que eles passem a reconhecer e lutar
dadãos em suas famílias e comunidades. por seus direitos?
18 CADERNO DE PRÁTICAS

O segundo questionamento insere-se Trabalho Social realizado de forma cons-


na visão que os trabalhadores tem dos ciente, e com intencionalidade definida,
usuários do SUAS, pois é possível per- desenvolve na relação com os sujeitos na
cebê-los enquanto necessitados de sa- direção de construir uma sociedade me-
beres e garantias, ou como protagonis- nos desigual.
tas de sua própria história, que ainda
não reconheceram seu potencial trans- Com estas reflexões, pode-se delinear
formador e coletivo. Neste sentido, es- com mais clareza os processos de cons-
tão os trabalhadores do SUAS, sejam trução coletiva e as ações comunitárias
educadores sociais, assistentes sociais, desvelados pela assistência social e que
psicólogos, pedagogos, auxiliares admi- precisam ter aproximação constante
nistrativos e outros, permitindo que os com as práticas da proteção social bá-
usuários se libertem das amarras que sica e especial.
ainda não permitem que reconheçam
seus direitos ou mantendo-os na posi-
ção de “sofredores” ou “merecedores”
de uma benesse?

Cada ação revela os conceitos e com-


preensões que os/as trabalhadores/as
fazem de seu cotidiano e do cotidiano
daqueles que estão envolvidos nos pro-
cessos, sejam na proteção social básica
ou especial, seja para um atendimento
pontual, para o acompanhamento de
famílias, para o trabalho com grupos,
para o acolhimento... toda ação precisa
desenvolver a intencionalidade técnica
e política da assistência social. Técni-
ca, por ser uma política pública com
normativas e regulamentações muito
especificas. Política, por descrever uma
visão de mundo que fica implícita na
visão que tem do usuário, do trabalha-
dor, do território, da família, entre ou-
tros temas que merecem ser cada vez
mais desvelados e percebidos como po-
tencialidades e alternativas concretas
de transformação de si e do entorno.

Para isso, construir práticas cada vez


mais ligadas ao protagonismo é impres-
cindível e alguns pressupostos básicos
podem ser observados: (i) identificar
que a vida por si só não gera condições
automáticas para conscientização e mo-
bilização social e por isso são necessárias
intervenções no sentido de explicitar e
desenvolver em conjunto as potenciali-
dades para a luta contra as desigualdades
e pela garantia dos direitos; (ii) distinguir
os projetos e práticas que conservam
a situação vigente e aquelas que geram
autonomia e intenção de transformação;
e (iii) reconhecer o papel central que o
19

TÍTULO: Oficina de Acolhida

EQUIPAMENTO: CRAS VILA VERDE que provê os mínimos sociais, realizada Os benefícios
através de um conjunto integrado de eventuais vêm
ações de iniciativa pública e da socie- sendo
DATA DE INÍCIO: MAIO/2014 dade, para garantir o atendimento às amplamente
necessidades básicas. (Lei 8.742 de 07
RELATOR: Ana Paula Pimenta Barbieri discutidos
de dezembro de 1993)
para
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: regulamentação
Para entender como a Política da Assis-
no município
Ana Paula Pimenta Barbieri/Ana tência Social é executada é necessário
de Curitiba.
saber que o SUAS é um sistema que or-
Aparecida Pereira da Silva Buzeti ganiza de forma descentralizada os ser-
A entrega de
viços socioassistenciais envolvendo as cesta básica,
três esferas do governo e que de forma mesmo não
articulada são responsáveis por prover compondo
os mínimos sociais. Este sistema está as prestações
dividido em duas Proteções: Proteção da assistência
SITUAÇÃO ANTERIOR Social Especial (PSE) e a Proteção So- social, é
A assistência social está prevista na cial Básica (PSB). realizada
Constituição Federal de 1988 no Art. atualmente
203 que diz: a assistência social será A PSE tem como foco atuar em núcleos em conjunto
prestada a quem dela necessitar, inde- familiares/indivíduos em que o vínculo com a política
pendentemente de contribuição à se- familiar está rompido/fragilizado, ou de segurança
guridade social. Já em 1993 é aprovada encontra-se com seus direitos violados. alimentar.
a Lei Orgânica da Assistência Social Dentro deste nível de atuação ainda há
(LOAS) com o objetivo de garantir o uma subdivisão em dois tipos de com-
acesso da população aos mínimos so- plexidade: alta complexidade e média
ciais para sua existência e visa meios complexidade. Já a PSB visa atuar di-
para o enfrentamento da pobreza. Mas retamente com famílias/indivíduos que
somente em junho/2004 que o Mi- estejam vivenciando situação de risco/
nistério do Desenvolvimento Social vulnerabilidade social, mas ainda com
e Combate à Fome (MDS) aprovou a vínculo familiar.
Política Nacional da Assistência Social
(PNAS) com a finalidade de reformular A PSB executa seus serviços nos Cen-
coletivamente a assistência social e im- tros de Referência de Assistência So-
plantar o Sistema Único de Assistência cial (CRAS), através do Programa de
Social (SUAS). Ao consolidar esta po- Atendimento Integral à Família (PAIF)
lítica pública foi possível regulamentar . De acordo com o MDS este serviço é
a LOAS que menciona em seu ART. 1°: um trabalho que visa fortalecer a fun-
ção protetiva das famílias, prevenin-
art. 1° A assistência social, direito do do a ruptura dos laços, promovendo o
cidadão e dever do Estado, é Política acesso e usufruto de direitos e contri-
de Seguridade Social não contributiva, buindo para a melhoria da qualidade de
20 CADERNO DE PRÁTICAS

vida. Para atingir os objetivos do PAIF quando famílias solicitantes do bene-


foram elaborados Programas de trans- fício eventual de subsídio alimentar
ferência de renda; benefícios sociais; (cesta básica) repetiam-se em meses
promoção de espaços coletivos para a alternados e alguns núcleos familiares
escuta e troca de vivências familiares. com frequência mensal, não havendo a
E o público alvo são famílias em situa- oportunidade para que outras famílias
ção de Vulnerabilidade Social, pessoas acessassem esse benefício. Ao verificar
idosas e/ou com deficiência que viven- as condições que essas famílias rece-
ciam situações de fragilidade. biam o benefício averiguou-se que não
havia acordos entre a família e o técni-
Em 2012 o MDS lançou o Caderno com co de referência para justificar conces-
Orientações Técnicas sobre o PAIF são contínua de um benefício eventual.
Vol. 1 e Vol. 2 com a intenção de quali-
ficar os serviços ofertados pelos CRAS, Assim, também foi levantado que as
nesses dois volumes o PAIF é apresen-
famílias que recebiam o benefício de
tado e como devem ser suas ações. O
forma continuada procuravam o equi-
caderno volume 1 apresenta o serviço;
pamento apenas nos primeiros dias de
e o caderno volume 2 as ações que a
cada mês, então identificou-se a ne-
equipe técnica de referência pode utili-
cessidade de intervir nesta realidade e
zar para atingir os objetivos preconiza-
orientar a população a quem e em qual
dos pelo PAIF. Essas ações servem para
circunstância se destina a cesta básica
materializar o serviço ofertado. Abaixo
eventual e divulgar a PNAS e os demais
estão relacionadas essas ações que são
desenvolvidas no CRAS: serviços realizados pelo CRAS.

• Acolhida; Ao desenvolver uma Oficina de Acolhi-


da para a população usuária dos servi-
• Oficinas com famílias; ços deste CRAS, pretendeu-se ampliar
o número de famílias atendidas com o
• Ações comunitárias; recurso da cesta básica e para aquelas
que já foram atendidas com este bene-
fício fazer com que acessassem os de-
• Ações particularizadas;
mais serviços ampliando os atendimen-
tos e encaminhamentos diversos.
• Encaminhamentos;

Só foi possível implementar esta Ofici-


• Atendimento familiar;
na porque ela está prevista nas Orien-
tações Técnicas sobre o PAIF volume
• Acompanhamento familiar;
2, em seu capítulo 2 o qual descreve o
objetivo da acolhida dentro do CRAS.
Diante desta pequena apresentação so-
bre a PNAS e com foco no PAIF optou-
se em executar uma Oficina de Acolhida A acolhida é o momento de apresen-
no CRAS Vila Verde localizado no bairro tação do PAIF à família ou a algum de
Cidade Industrial de Curitiba, após ob- seus membros. Também é a ocasião na
servar que no cotidiano deste CRAS as qual há o conhecimento das condições
famílias buscavam acessar os benefícios de vida, vulnerabilidades e potencia-
de transferência de renda (Programa Bol- lidades das famílias pelos profissio-
sa Família, Benefício de Prestação Conti- nais e do estabelecimento de vínculos
nuada - BPC ) e os Benefícios Eventuais entre o Serviço e seus usuários. Cons-
, porém muitas delas desconheciam o titui, assim, ação primordial na garan-
objetivo do equipamento e tampouco a tia de acesso da população ao SUAS e
existência da referida Política. de compreensão da assistência social
como dever estatal e direito de cida-
A necessidade de realizar essa ação foi dania. [Orientações Técnicas sobre o
percebida em meados de abril/2014 PAIF VOL. 2 – MDS 2012]
21
Na acolhida coletiva foi possível di- bém vivenciam situações emergenciais
vulgar como está configurada a Assis- e eventuais.
tência Social no Brasil, compartilhar e
identificar demandas comuns além de Os participantes puderam interagir
fazer uma reflexão sobre as demandas questionando, tirando dúvidas, suge-
da população trabalhada, vulnerabili- rindo, exemplificando e ao final deram
dades e potencialidades apresentadas a opinião sobre a realização da Oficina.
pelos usuários. Conforme o avanço das Também foi disponibilizada uma mesa
oficinas foi possível realizar os enca- de café para que os participantes pu-
minhamentos para os atendimentos e dessem usufruir durante a reunião.
acompanhamentos do PAIF. Essa ação
foi enriquecedora, pois quando o aten-
dimento individual é efetivado a famí-
RECURSOS UTILIZADOS
lia possui um melhor conhecimento da No dia da Oficina foram utilizados no-
atuação do CRAS e não delega ao equi- tebook e projetor de multimídia.
pamento a responsabilidade sobre as
demais Políticas Públicas.
RESULTADOS OBTIDOS
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA Após a realização da primeira Oficina
de Acolhida notou-se que as famílias
Primeiramente através de planilhas habituadas a procurar este recurso em
de controle de atendimento foram le- meses anteriores, solicitaram com me-
vantadas as famílias que procuravam o nor frequência nos meses que segui-
CRAS mensalmente solicitando o sub- ram. Com esta ação foi possível atender
sidio alimentar. Estas foram convida- famílias que nunca haviam solicitado o
das a participar da Oficina de Acolhida benefício eventual de cesta básica, além
na última sexta-feira do mês de maio. de que a cota deste benefício esgotou
após o 10 dia útil do mês, nos meses
Após este levantamento de dados e a anteriores isto não era possível, pois as
convocação, foram estudadas as temá- 18 cotas de cestas básicas esgotavam-se
ticas a serem trabalhadas na oficina: no 2 dia útil de cada mês. Já as famílias
Serviços do CRAS (PAIF, Cadastro habituadas a solicitarem o recurso de
Único, PSB em domicílio, benefícios C.B passaram a solicitar outros enca-
eventuais, encaminhamentos para ou- minhamentos para outros serviços que
tras Políticas Públicas, Isenção tarifá- antes não tinham conhecimento.
ria, etc).

Já no dia da oficina foi construída, jun-


REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
tamente com os usuários, uma reflexão Além do objetivo atingido, as técni-
comparativa do SUAS com o Sistema cas que executaram esta ação pude-
Único de Saúde. Também foram traba- ram identificar famílias com potencial
lhados os meios em que se pode acessar para o acompanhamento do PAIF. Essa
os direitos e benefícios sociais e a quem aproximação do CRAS com a popula-
se destina a PNAS. Foi pontuado que o ção foi extremamente enriquecedora
benefício de Cesta Básica (C.B) não está tanto para a divulgação do PAIF quan-
previsto nas legislações da assistência to para estreitamento dos vínculos
social, porém o município de Curitiba usuários/CRAS.
entende que devido algumas situações
emergenciais a família pode vir a aces- Através das oficinas realizadas, foi
sar este recurso para que consiga suprir possível perceber que a população re-
outra demanda eventual que surgiu na- ferenciada no CRAS e usuária dos ser-
quele respectivo mês. Ressaltado que a viços ofertados desconhecem a abran-
C.B não pode ser concedida de forma gência do equipamento e o que se pode
mensal somente para os mesmos núcle- esperar da atuação da equipe ali exis-
os familiares, pois outras famílias tam- tente. Cabe aqui ressaltar que como
22 CADERNO DE PRÁTICAS

não havia material pronto a ser aplica-


do pela equipe técnica, foi necessária
a elaboração deste. Na primeira ofici-
na percebeu-se que faltaram algumas
informações sobre Isenção Tarifária
4 - Serviço Municipal, ACESSO4 , entre outros
municipal de que aos poucos foram incorporados às
transporte apresentações.
público gratuito
Também é possível levar a população
para pessoas
a uma reflexão crítica sobre os servi-
com deficiência ços e meios existentes para reivindicar
e com renda de melhorias, elogiar quando necessário e
até um salário não aceitar os serviços como “ajuda” e
mínimo per sim como um direito.
capta que não
conseguem
utilizar o REFERÊNCIAS
transporte MDS, Brasília 2012. Orientações téc-
coletivo. nicas sobre o PAIF - VOL. 1. Traba-
lho Social com Famílias do Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Fa-
mília – PAIF.

MDS, Brasília 2012. Orientações téc-


nicas sobre o PAIF - VOL. 2. Traba-
lho Social com Famílias do Serviço de
Proteção e Atendimento Integral à Fa-
mília – PAIF.

MDS, Brasília 2005. Política Nacional


de Assistência Social – PNAS/ 2004 e
Norma Operacional Básica de Serviço
Social – NOB/SUAS.

BRASIL. Lei n° 8742. Lei Orgânica da


Assistência Social (LOAS). Brasília:
DF, de 07 de dezembro de 1993.
23

TÍTULO: Programa Bolsa Família,


Critérios e Condicionalidades

EQUIPAMENTO: CRAS ARROIO cadastrados no Cadastro Único e famí- Os benefícios


lias em descumprimento. eventuais vêm
DATA DE INÍCIO: 2014 sendo
Para estas oficinas foi desenvolvido amplamente
RELATOR: NOEMI LIMA um material de apoio que é utilizado discutidos
durante os encontros: uma apresenta- para
MEIRELES DE SOUSA ção e um folder tira-dúvidas para dis- regulamentação
tribuição no último encontro, para que no município
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: os participantes tenham em mãos um
de Curitiba.
material sempre que necessitarem.
TÉCNICOS E EDUCADORES A entrega de
cesta básica,
DO EQUIPAMENTO DESCRIÇÃO DA PRÁTICA mesmo não
compondo
Os encontros foram semanais, em as prestações
forma de palestras informativas e
da assistência
SITUAÇÃO ANTERIOR utilizaram a apresentação de Power-
social, é
Point, conforme a divisão feita. A
É comum observar famílias procuran- realizada
participação destes encontros foi
do o equipamento para informações e
pensada de uma forma que o usuá-
atualmente
orientações sobre o programa Bolsa Fa-
rio tenha vontade de retornar para a
em conjunto
mília. Entretanto, mesmo sabendo dos
conclusão do tema.
com a política
critérios estabelecidos, a reincidência de segurança
de descumprimento das famílias inclu-
O material a ser utilizado contém a con-
alimentar.
sas no programa é uma constante. Esta
textualização do programa, suas exi-
problemática foi verificada através de
gências e condicionalidades, bem como
um levantamento das planilhas bimes-
possui exercícios práticos para a com-
trais (de descumprimento) enviadas ao
CRAS Arroio. A partir dos dados levan- preensão do cálculo da renda per capta
tados ocorreu uma reflexão sobre qual da família. O objetivo geral destas ofi-
ação socioeducativa poderia ser efetiva cinas foi divulgar o programa Bolsa Fa-
na compreensão e consequentemente, mília e suas condicionalidades. Como
no cumprimento das condições que o fins específicos, propusemos facilitar o
programa exige. O objetivo foi minimi- entendimento do programa; incentivar
zar o número de famílias em descum- o usuário a ser multiplicador do acesso
primento, incentivar o protagonismo ao benefício; diminuir as incidências de
das famílias que são cadastradas no descumprimento; divulgar outros ser-
CADÚnico e o empoderamento quanto viços relacionados ao Cadastro Único.
aos seus direitos.
A base teórica para a criação deste
Como sugestão de atividade surgiu a material foram orientações do MDS e
ideia de oficinas informativas para o material impresso disponibilizado pela
público alvo, ou seja, novos usuários fundação.
24 CADERNO DE PRÁTICAS

RECURSOS UTILIZADOS possível demonstrar a responsabilida-


de da família em atender estes critérios.
Recursos humanos, físicos e materiais E como resultado final já foi percebido
(DataShow e folder impresso). uma redução significativa na planilha
de descumprimento posterior ao en-
contro de rede.
RESULTADOS OBTIDOS
O material foi utilizado em reunião de REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
rede de forma mais compacta. Na oca-
Além de conseguir maior efetividade
sião, contamos também com a partici- na execução do programa, percebeu-se
pação de usuários em descumprimento. que a intervenção da equipe passou a ser
Pode-se observar que além de retoma- mais unificada, efetiva e que estes usuá-
da da importância do cumprimento das rios tornaram-se disseminadores das in-
condicionalidades do programa, foi formações e critérios do programa.

Reunião de Rede
25

TÍTULO: Estratégias para


contribuir na diminuição do
índice de descumprimento de
condicionalidades das famílias
do Programa Bolsa Família

EQUIPAMENTO: CRAS MONTEIRO de serviços destinados à população em O Programa


situação de vulnerabilidade social e Bolsa Família
LOBATO a articulação com a rede socioassis- possibilita
tencial pautada na prevenção, en-
não apenas a
DATA DE INÍCIO: 28/08/2014 tendemos o Programa Bolsa Família
transferência
como ferramenta de grande impor-
real de
RELATOR: ANDRÉIA BOIKO E ALAN tância, pois trata-se de um programa
renda, mas a
de transferência direta de renda e
KUCHER que beneficia famílias em situação de autonomia e
pobreza e extrema pobreza. A trans- protagonismo
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: ferência deste benefício é baseada na das famílias
garantia de renda, inclusão produtiva beneficiárias.
ANDRÉIA BOIKO (ASSISTENTE e no acesso aos serviços públicos. Por este
SOCIAL) MIUCHA BARTINIKOWISK motivo, é papel
Visto isto, o CRAS Monteiro Lobato, da assistência
(PSICOLOGA) ALAN SOARES KÜ- equipamento público que está inserido social informar,
CHLER (EDUCADOR) E FAMÍLIAS em uma comunidade na qual apresenta orientar,
perfil para acesso ao referido progra- garantir e
DO PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA EM ma, atua junto às famílias que são be- ampliar o
DESCUMPRIMENTO DE CONDICIONA- neficiárias do Programa Bolsa Família. acesso ao
benefício.
LIDADES REFERENCIADAS NO CRAS O CRAS Monteiro Lobato faz parte
da Regional Pinheirinho, está inseri-
MONTEIRO LOBATO DA REGIONAL
do no município de Curitiba e aten-
PINHEIRINHO de famílias das Moradias Monteiro
Lobato, Evangélica, Ludovica, Tim-
buri, Habitalar III e Habitalar X, dos
Conjuntos: Boa Esperança I, Boa Es-
SITUAÇÃO ANTERIOR perança II, Boa Esperança III e Ce-
râmicas do bairro Tatuquara, que fica
No que tange a Política de Assistência na região sudoeste da cidade, a cerca
Social, tratando-se de atenção básica de 20 km do centro, responsável por
na qual o foco principal é a execução referenciar 5 mil famílias/ano.
26 CADERNO DE PRÁTICAS

De acordo com o relatório gerencial da projeto de acompanhamento. Também


Diretoria de Informação e Gestão de foi agendado atendimentos individuali-
Benefícios da Fundação de Ação So- zados para o atendimento social e atua-
cial, em setembro de 2014 o Cras Mon- lização cadastral.
teiro Lobato tinha como beneficiárias
do Programa Bolsa Família aproxima- Segunda Atividade: Atendimento so-
damente 800 famílias. cial. Ocorreram entre 04/10 a 17/10,
tendo como objetivo o preenchimento
No processo de gestão do Programa do formulário de recurso, avaliação so-
Bolsa Família, bem como o atendimen- cial para inserção em acompanhamen-
to à população através das planilhas to familiar.
de descumprimento de condicionali-
dades, observamos um índice conside- Terceira Atividade: Atualização cadas-
rável, em torno de 120 a 150 famílias tral. Ocorreram entre 04/10 e 17/10,
,bimestralmente em descumprimento tendo em vista que para a efetivação
e também famílias reincidentes, sendo do recurso, já que o cadastro deve estar
estas, muitas vezes, famílias de atuação atualizado no ano corrente.
da Rede de Proteção e atendimento/
acompanhamento do Conselho Tute- Quarta Atividade: Grupo 1, aconteceu
lar. Observando estes dados e a análise dia 09/10 e teve como tema Escolhas.
de listagem, documentos, prontuários e Aplicamos dinâmica onde foi apresen-
protocolos, foi necessário a ação espe- tado frases imperativas sobre situações
cífica em atenção a estas famílias. familiares, as famílias deveriam indicar
consequências destes atos, conseqüên-
Desta forma elaboramos um projeto cias positivas e negativas de acordo com
que tem como objetivo geral: diminuir a frase. Foi possível perceber que as fa-
o índice de famílias com descumpri- mílias estão cientes dos critérios das
mento de condicionalidades relativa condicionalidades do Programa Bolsa
ao Programa Bolsa Família. E como Família e também das conseqüências
objetivos específicos: (I) verificar os de suas escolhas.
motivos de descumprimento de condi-
cionalidades das famílias acompanha- Depois disso foi feito uma reflexão com
das, atingindo 100% de levantamento; o grupo sobre o tema. Oferecemos lan-
(II) acompanhar as famílias que tive- che como forma de interação do grupo.
rem descumprimento com bloqueio e
suspensão referente ao período de re- Quinta Atividade: Grupo 2 - aconteceu
percussão vigente e – principalmente dia 16/10 e teve como tema Relações
– (III) refletir com as famílias sobre os Familiares, inicialmente fizemos uma
motivos dos descumprimentos. reprise sobre o primeiro grupo, para
atualizar as pessoas que não participa-
DESCRIÇÃO DA PRÀTICA ram do primeiro encontro. Posterior-
mente aplicamos “dinâmica do autógra-
O projeto se desenvolveu em cinco fo” com objetivo de proporcionar maior
atividades, onde todas ocorreram no integração dos participantes. Após este
CRAS Monteiro Lobato, com famílias momento propusemos estudo de caso
em descumprimento de condicionali- que além de servir como atividade re-
dades do programa Bolsa Família. As flexiva também serviu de avaliação do
atividades se desenvolveram da seguin- projeto de forma qualitativa. Esta ati-
te forma: vidade se desenvolveu da seguinte for-
ma: Dividimos as participantes em três
Primeira Atividade: 04/10 - Reunião de grupos com quatro pessoas em médias.
Acolhimento: Nesta atividade foram Cada grupo recebeu um caso sobre pro-
acolhidas as famílias, que receberam blemas cotidianos para resolver. As es-
informações sobre o programa Bol- tórias do estudo foram desenvolvidas
sa Família, bem como as propostas do a partir de vivências cotidianas da co-
27
munidade, em busca de uma aproxima- propostos, já o segundo grupo atendeu
ção das famílias participantes. Depois 19 famílias e 13 aderiram a todos os en-
disto cada grupo apresentou soluções contros propostos.
e encaminhamentos sobre cada caso
estudado. Percebemos que as partici- Ainda trata-se de número que pode
pantes estavam bem informadas sobre evoluir, porém qualitativamente ob-
os encaminhamentos que poderiam dar servamos que no desenvolvimento das
frente às questões sociais postas, bem atividades houve interação e envolvi-
como seus direitos e possibilidades. mento dos participantes. Por exemplo,
a última atividade executada, na qual
Entre os temas abordados estavam: as famílias participaram de um estudo
Gravidez na adolescência, uso de subs- de caso e as respostas estavam dentro
tâncias psicoativas, agressividade, eva- das expectativas previamente planeja-
são escolar, regras, limites e brigas es- das pela equipe.
colares.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


RECURSOS UTILIZADOS Acreditamos que a experiência é vali-
• Data Show; da, pois possibilita às famílias visuali-
zarem o objetivo do programa Bolsa
• Cartolinas; Família, com foco na prevenção e re-
fletirem sobre suas relações familiares
• Eva; e comunitárias.

• Imã; Uma das limitações identificadas é o


grande número de famílias em des-
• Lanches; cumprimento de condicionalidades, o
pouco tempo para execução e a falta
• Humomêtro; de compreensão sobre os objetivos do
programa Bolsa Família.
• Formulários de Recurso;
A consolidação do grupo requer a con-
tinuidade das atividades, tendo que se
• Formulários de Acompanhamento;
consider as adaptações necessárias ao
longo do processo de trabalho.
• Paf (Plano de Atendimento Familiar)

• Planilha de descumprimento referen-


te ao período de vigência;

• Anexo 11 protocolo de gestão, para o


planejamento das ações;

• Lista de Presença.

RESULTADOS OBTIDOS
A experiência do grupo é recente. Até
o momento foram realizados dois gru-
pos, sendo que o primeiro aconteceu
nos meses de Agosto e Setembro e o se-
gundo no mês de outubro.

O primeiro grupo atendeu 20 famílias


e cinco aderiram a todos os encontros
28 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Grupo Florescer

EQUIPAMENTO: CENTRO DE REFE- VELOZO DA VEIGA GREIN E ALANA


RÊNCIA ESPECIALIZADO DE ASSIS- ZANLORENZI. SUPERVISIONADAS
TÊNCIA SOCIAL - CREAS SANTA PELA PROFESSORA NEUZI BARBARI-
FELICIDADE NI (CRP 08/02835-2).
DATA DE INÍCIO: 01 DE OUTUBRO DE RESPONSÁVEIS NA UNIDADE CREAS/
2014 SF: ROBERTA CRISTINA PIVATTO
BORGES DE MELLO (COORDENADORA
RELATORES: NEUZI BARBARINI
CREAS) E MARLENE BLOCK TENÓRIO
(PROFESSORA CURSO DE PSICOLO-
DE VASCONCELLOS (PSICÓLOGA
GIA DA PUC-PR ); BIANCA FAVALLI
CREAS); COLABORADORES DÉBO-
DE OLIVEIRA, BRUNA VELOZO DA
RA LUCIANA RICARDO BRANDÃO;
VEIGA GREIN E ALANA ZANLORENZI
VIVIANE CRISTINA GONÇALVES DE
(ESTAGIÁRIAS DO CURSO DE PSICO-
SOUZA; IRACI PEREIRA DE FREITAS
LOGIA DA PUC-PR); ROBERTA CRIS-
WENCELOSKI (ASSISTENTES SOCIAIS
TINA PIVATTO BORGES DE MELLO
CREAS) E LAURA MARIA LEAL VIEIRA;
(COORDENADORA CREAS); MARLENE
LUCIMARA DE FÁTIMA DE LIMA; PAU-
BLOCK TENÓRIO DE VASCONCELLOS
LO CÉSAR RITSER; FILIPE GEORGE
(PSICÓLOGA CREAS).
DE BRITTO ; REGIANE APARECIDA
PARTICIPANTES: MULHERES ACIMA FRANCO MENDES E LARISSA DA-
DE 18 ANOS EM SITUAÇÃO DE VIO- NIELLE BONANATTO (EDUCADORES
LÊNCIA DOMÉSTICA. SOCIAIS CREAS)
RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO E
OPERACIONALIZAÇÃO DO PROJETO SITUAÇÃO ANTERIOR
FLORESCER: ESTAGIÁRIAS DO CURSO
Analisando as estatísticas sobre a vio-
DE PSICOLOGIA (DISCIPLINA PSICO- lência contra a mulher em Curitiba
observou-se que de 2002 a 2013 fo-
LOGIA SOCIAL) DA PUC-PR: BIANCA ram notificados para Rede de Proteção
FAVALLI DE OLIVEIRA, BRUNA 9.271 casos. Só no ano de 2013 foram
29
1.311 notificações apenas em Curitiba, o Como base teórica usou-se os conceitos
que compreende 82,8% das denúncias da Psicologia Social na vertente Sócio
da região metropolitana. Histórica, principalmente o concei-
to de consciência que, de acordo com
Em 2014, a equipe do CREAS/SF Aguiar (2011), considera que o am-
identificou um significativo núme- biente sociocultural é essencial para
ro de mulheres com direitos violados o desenvolvimento da pessoa e de sua
por violência doméstica/intrafamiliar consciência; desta forma, a partir da in-
e questionou-se a importância de se teração com o ambiente, ele(a) poderá
construir uma proposta com atividades atingir mudanças a partir da reflexão –
em grupo, como parte complementar reflexão esta que deve surgir a partir do
do trabalho social no acompanhamen- momento em que o próprio pessoa entra
to de famílias/pessoas com direitos em contato com o mundo e o ambiente a
violados, conforme previsto no Siste- seu redor. A partir do momento em que a
ma Único de Assistência Social (SUAS). consciência é ativada, novas possibilida-
des de soluções a respeito dos problemas
Da mesma forma, ampliar as ações, cotidianos surgem.
antes existentes, com o Curso de Psi-
cologia Disciplina de Psicologia Social, DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
no Serviço de Proteção Social a Ado-
lescentes no Cumprimento de Medida Trata-se de um grupo aberto, cujas
Socioeducativa de Liberdade Assistida participantes são mulheres em situa-
e Prestação de Serviços à Comunidade, ção de violência, atendidas pelo CRE-
uma vez que o atendimento em grupo AS, o grupo acontece há cada 15 dias
mostrou-se um importante instrumen- e os encontros são realizados na sala
to complementar do trabalho social. de reuniões do CREAS Santa Felici-
dade, sob coordenação das estagiárias
Com base nestes dados estatísticos e de Psicologia, com o acompanhamento
no levantamento realizado pela equipe da equipe CREAS nas ações de plane-
do CREAS sobre os acompanhamentos jamento, operacionalização e avaliação
de mulheres com direitos violados, nas referentes ao Projeto Florescer.
notificações obrigatórias das mulheres
em situação de violência observou-se A partir do primeiro contato das esta-
a necessidade de realizar um trabalho giárias e professora supervisora com a
com este público no âmbito do CREAS equipe do CREAS, foi realizado:
Santa Felicidade.
• Discussão com a equipe técnica, Nú-
Os objetivos do trabalho são disponi- cleo Regional /SF, supervisora da PUC
bilizar instrumentos para que mulhe- -Pr e estagiárias sobre o Projeto;
res em situação de violência doméstica
possam superar a situação vivenciada • Apresentação do SUAS, da Política
através da escuta ativa, contribuir para Nacional de Assistência Social e da Ti-
o fortalecimento e/ou a restauração da pificação Nacional dos Serviços Socio-
autonomia das mulheres participan- assistenciais pela equipe do CREAS às
tes, resgate da autoestima e imagem; estagiárias;
orientar as mulheres a respeito de seus
direitos e estimular a capacidade de • Acompanhamento na elaboração do
reflexão para a busca de suporte so- Projeto pela equipe CREAS e Núcleo
cial, analisando em conjunto as opor- Regional;
tunidades e cursos profissionalizantes
oferecidos pela FAS e outras institui- • Elaboração do Projeto pelas estagiárias.
ções. Monitoramento dos atendimen-
tos especializados a que estão ligadas Uma vez elaborado o projeto e com
psiquiatria/ psicologia na rede publica base no levantamento realizado pela
e ou particular. equipe do CREAS, nas notificações obri-
30 CADERNO DE PRÁTICAS

gatórias das mulheres em situação de vio- terceiro, participaram cinco.


lência, antes do 1o encontro foi realizado:
Nem todas as participantes do 1o grupo
• Validação do Projeto pela supervi- retornaram para os seguintes encontros;
sora da PUC, equipe técnica CREAS e no entanto, três participaram de todos.
Núcleo Regional /SF;
Percebeu-se maior resistência no 1o
• Elaboração do Roteiro de Visitas às encontro, mas mesmo assim foi possí-
famílias com Notificação obrigatória; vel criar vínculos e realizar interações
tanto entre as próprias participantes
• Divulgação do Projeto para os CRAS, quanto entre as participantes com as
Educação, Saúde e demais parceiros da estagiárias.
rede em SF;
Entre as mulheres que participaram de
• Elaboração dos convites informando todos os encontros, foi possível perce-
a data, local e horário do 1o encontro; ber melhorias positivas. A autoimagem,
os vínculos formados nas participantes
• Visita domiciliares para a entrega dos do grupo, levando a autoajuda e com-
convites em conjunto com educadores promisso de encontros pessoais fora do
sociais do CREAS Santa Felicidade; CREAS, telefonemas, visitas.

• Ligação telefônica para estimular e Observou-se também o quanto a for-


confirmar a participação das mulheres; mação de um bom vínculo entre coor-
denação e participantes promove bons
• Elaboração de cartões de agradeci- resultados na condução das atividades.
mento pela participação com a data do
próximo encontro (entregues ao final
do 1o encontro);
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
Descrição: Apesar de o grupo estar no
• Organização do espaço para promo- início, já estão demonstrando resulta-
ver a acolhida; dos. Ex: Uma das integrantes deu de-
poimento de que o grupo está fazendo
• Preparação de um lanche para o final muito bem para ela e uma educadora
do encontro. social notou que essas participantes do
grupo demonstravam estar “mais es-
Após o 1o encontro, foi realizado: pontâneas”.

• Contato por telefone um dia antes Limitações: Nem todas as convidadas


da realização dos grupos, para moti- foram e nem todas do primeiro grupo
var a vinda; participaram dos outros encontros,
além disso, é necessário fazer ligação
• Entrega de cartão de agradecimento toda semana para lembrar e estimular.
ao final de cada encontro, informando
a data da realização do próximo grupo; E também as férias escolares interrom-
pem o desenvolvimento das ações do
• Cuidado com ambientação do espaço estágio no CREAS.
e o oferecimento de um lanche ao final
de cada encontro. Desafios: Assiduidade das mulheres no
grupo. Convidar as mulheres atendidas
RESULTADOS OBTIDOS e em monitoramento nos meses de de-
zembro e janeiro vitima de agressões que
Foram realizados três encontros. No foram atendidas pelo Serviço de Psicolo-
primeiro, participaram sete mulheres; gia e Serviço Social. Utilização de novas
no segundo, participaram quatro e, no estratégias de condução do grupo.
31
Recomendações: Realizar grupos com FERREIRA, Maria Cristina. A psico-
idosos em situação de violência do- logia social contemporânea: principais
méstica/intrafamiliar e também inves- tendências e perspectivas nacionais
tir na criação de um trabalho coletivo e internacionais. Psicologia: Teoria
com os agressores. e Pesquisa. vol. 26, n. especial, 2010.
Disponível em: http://www.scielo.br/
pdf/ptp/v26nspe/a05v26ns.pdf. Aces-
Compartilhamento: Podemos dispo-
so em: 03/09/2014.
nibilizar a apresentação com deta-
lhamento inclusive da metodologia
FONSECA, Denise; RIBEIRO, Cristia-
utilizada, para que possamos con-
ne; LEAL, Noemia. Violência doméstica
tribuir para Florescer o caminho de
contra mulher: realidades e represen-
muitas mulheres.
tações sociais. Psicologia & socieda-
de. 2012. Disponível em: http://www.
REFERÊNCIAS readcube.com/articles/10.1590%-
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mentais da psicologia sócio-histórica. PREFEITURA MUNICIPAL DE
In: BOCK, Ana Mercês Bahia; GON- CURITIBA. Violência contra a mu-
ÇALVES, M. Graça M.; FURTADO, lher: perfil dos casos notificados em
Odair. Psicologia sócio-histórica: uma 2013. Secretaria Municipal da Saúde
perspectiva crítica em psicologia. 5. ed. – Centro de Epidemiologia. Curitiba,
São Paulo: Cortez, 2011. 2014.

RAMOS, Maria; OLTRAMARI, Lean-


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polis, RJ: Vozes, 2012. script=sci_arttext Acesso: 09/09/2014.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Tipi- STREY, Marlene Neves. Gênero. In:


ficação Nacional de Serviços Socioas- JAQUES, Maria da Graça Corrêa. Psi-
sistenciais. Resolução no 109, de 11 de cologia social contemporânea. 15. ed.
novembro de 2009. Petrópolis: Vozes, 2011.
32 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Uma Prática de PAIF

EQUIPAMENTO: CRAS SANTA acontece com as famílias que ali vivem.


Trata-se de conviver com a realidade
FELICIDADE de profunda desigualdade econômica,
que por vezes agrava as condições de
DATA DE INÍCIO: MARÇO DE 2014 vulnerabilidade (comércio com produ-
tos mais caros, escassez de transporte
RELATORES: SALMA coletivo, falta de unidades públicas
como escolas em período integral, etc).
MANCEBO CORRÊA. Por outro lado, essas famílias vivem
numa região de abundante área verde e
PARTICIPANTES / RESPONSÁVEIS: : podem manter seus pequenos jardins e
SALMA MANCEBO CORRÊA, SILVIANE ou hortas em suas casas se quiserem e
puderem (algo que dificilmente se ob-
MANFRON MARTINS, KILDER KUBIS serva, infelizmente).
RIBEIRO..
A presença concomitante de famílias de
renda mais alta, ao mesmo tempo que
deflagra uma realidade social injusta e
desigual, contraditoriamente também
tende a gerar renda, emprego e alguns
movimentos da comunidade, de suporte
SITUAÇÃO ANTERIOR e apoio às famílias mais vulneráveis.
O CRAS Santa Felicidade possui uma
grande área de abrangência. No entanto, Esse é caso do Bairro Vista Alegre das
não há grandes concentrações de famílias Mercês, um local aparentemente abasta-
atendidas por esta unidade, e sim, famí- do, alvo de especulação imobiliária, com
lias em situação de vulnerabilidade pul- vários condomínios horizontais cerca-
verizadas por todo território. O equipa- dos. Pode-se encontrar famílias tradi-
mento se encontra na Rua da Cidadania cionais da região ali residindo, as quais
de Santa Felicidade e ao mesmo tempo mantém valores comunitários, étnicos,
em que realiza muitos atendimentos no dividindo espaço com diversas famílias
local, necessita de espaços alternativos e que, apesar da desigualdade social, resis-
parceiros para alcançar sua capilaridade tem e permanecem nesse espaço.
junto às famílias que vivem em situação
de vulnerabilidade e risco. Esse território chamou a atenção da
Assistência Social e de outras políti-
Tais famílias ocupam pequenas áre- cas públicas, pela frequência de fichas
as em lugares de risco ou proteção de notificação obrigatória da Rede de
ambiental, as quais não têm valor de Proteção à Criança e ao Adolescente
mercado, nem são visadas para especu- em Situação de Risco para a Violência.
lação imobiliária. São áreas muitas ve- Desde então, a Assistência Social se fez
zes” invisíveis”, situação similar ao que mais presente nesse local.
33
Uma das formas de enfrentamento foi da Política de Assistência Social, sendo
realizar parceria com o Instituto Palazzo- ofertado necessariamente nos CRAS
lo, instituição filantrópica de cunho reli- (BRASIL, 2009), mas que, conforme
gioso que tem como filosofia e princípio, as orientações técnicas do Ministério
acima de tudo, trabalhar com a popula- do Desenvolvimento Social e Combate
ção mais empobrecida e visa, assim como à Fome, pode ocorrer de forma a estar
a política da assistência social, melhorar próximo da comunidade.
a qualidade de vida das famílias em situ-
ação de maior vulnerabilidade. Assim, o acompanhamento coletivo do
PAIF foi desenvolvido em local par-
O trabalho desse instituto que, a prin- ceiro, de fácil acesso para as famílias, e
cípio, orientava-se numa perspectiva desenvolvido pela equipe do CRAS em
mais pedagógica, transformou-se num condições propícias e suficientes para
forte trabalho socioeducativo com uma experiência de PAIF coletivo.
crianças e também com suas famílias.
Desenvolviam suas atividades com A prática descrita aqui trata de um dos
grupo de crianças de 06 a 12 anos, por temas desenvolvidos no ano de 2014,
meio de uma parceria com o CRAS. onde a equipe trouxe o tema território,
Atendiam em 2014, 33 crianças, sendo e teve como objetivos principais:
a demanda sempre maior do que o nú-
mero denuncia. Dessa forma, a seleção • promover a reflexão destas famílias
se dá pelas famílias mais vulneráveis, acerca de suas vivências e experiências
residentes em local de vivência de vio- no território, pensando território en-
lência ou que vivem situação de risco quanto espaço vivido e não somente um
para violência, atendendo assim, efeti- lugar localizado geograficamente, mas
vamente, o público prioritário da Assis- naquilo que ele é representativamente na
tência Social. vida de cada uma destas famílias;

Pela qualidade do serviço oferecido, • valorizar a percepção que cada uma


pela empatia com a comunidade, pela das famílias têm, fruto de seu vivido
alteridade nas relações, foi-se cons- cotidiano e a contribuição que advém
truindo um forte vínculo com as fa- dela, para a coletividade;
mílias da região, as quais respondem
prontamente, quando são estimuladas • promover a participação social;
por iniciativas que envolvam o Institu-
to Palazzollo, dado o respeito e a cre- • potencializar aportes culturais e rela-
dibilidade conquistada junto à popula- cionais no território na busca de se for-
ção local. talecer redes de apoio e iniciativas de
soluções para problemáticas coletivas;
Encontramos aí um potencial imenso
para implantação do Serviço de Prote- • fortalecer vínculos sociais e comuni-
ção e Atendimento Integral à Famílila tários;
- PAIF como acompanhamento coleti-
vo: território com demandas, famílias • promover também o olhar aprecia-
com vínculos já estabelecidos entre tivo das potencialidades do território,
elas - algumas já em acompanhamen- buscando o seu redimensionamento.
to pelo CRAS - proximidade física das
famílias, resposta positiva por parte O trabalho social nesta prática do PAIF
delas, e uma fértil parceria com o pró- pretende estar então pautado na pers-
prio Instituto Palazzolo. Esse cedeu o pectiva de desenvolvimento de terri-
espaço para trabalho noturno, que era tório proposta por Carvalho, a qual:
o horário mais propício para as famí- “sinaliza para a necessária articulação
lias, planejado e realizado pela equipe de ações e protagonismos no território
do CRAS Santa Felicidade. Cabe lem- de forma a provocar impactos na circu-
brar que o PAIF é um serviço exclusivo lação da economia, na geração de tra-
34 CADERNO DE PRÁTICAS

balho e renda, na valorização do meio Mas para traduzir numa linguagem fá-
ambiente, na melhor qualidade de vida cil e acessível às mesmas, o intitulamos
de sua população, no adensamento da :”PENSANDO NO LUGAR QUE A
esfera pública e no exercício do contro- GENTE VIVE”.
le social.”
O formato do trabalho consistiu, num

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA primeiro momento, numa atividade rápi-


da de descontração para “quebrar o gelo”
No espaço parceiro do Instituto Palaz- e introduzir o assunto numa linguagem
zolo, a equipe do CRAS (uma assistente interessante e que aproximasse os parti-
social, uma pedagoga e um educador so- cipantes, refletindo sobre por que pensar
cial), realiza o acompanhamento coletivo no lugar que a gente vive, propondo em
das famílias que são atendidas por essa seguida uma atividade grupal.
instituição, conforme já relatado. Os en-
contros coletivos são planejados e exe- O grupo grande foi então dividido em
cutados pela equipe do CRAS, e ocorrem dois subgrupos: um que tratou das
uma vez ao mês. Paralelamente, são re- COISAS BOAS DO LUGAR QUE A
alizados atendimentos particularizados, GENTE VIVE (grupo 1), e o outro, COI-
bem como encaminhamentos a cada uma SAS QUE PRECISAM MELHORAR
das famílias, conforme a demanda. A par- DO LUGAR QUE A GENTE VIVE
ticipação das famílias se dá por meio do (grupo 2). A pedagoga Silviane e o edu-
diálogo, das rodas de conversa, intera- cador social Kilder foram facilitadores
ções em atendimentos, e em momentos de um grupo (grupo 2) e a assistente so-
de aplicação de instrumentos de coleta cial Salma a facilitadora do outro grupo
de dados. Seja qual for a ação e o mo- (grupo 1). Por quase meia hora, as pes-
mento, busca-se o exercício constante da soas falaram em seus subgrupos sobre
escuta qualificada a fim de, tanto identi- o território e suas vivências ali no lugar
ficar demandas, como acolher conteúdos onde moram e a qual pertencem.
trazidos pelas famílias, de tal forma que o
PAIF se configure numa construção efe- No grupo 1 encontramos dificuldades
tivamente participativa. em conduzir o grupo a ver e falar do que
existe de positivo no território. Percebeu-
Nos primeiros meses de 2014, os encon- se uma tendência de todos em focar nos
tros trataram de temas como: mitos e aspectos negativos. No entanto, o resul-
verdades sobre família, autopercepção, tado final foi interessante, pois o grupo
vínculos intrafamiliares, direitos socio- foi pouco a pouco conseguindo lembrar
assistenciais, entre outros. No início do e reconhecer os pontos positivos do lu-
ano, enquanto transitava-se nesses temas gar, como a oferta de trabalho (formal e
com relação direta ao assunto “família”, informal) ou o aspecto da tranqüilidade
foi-se fortalecendo e consolidando o vín- para viver. Ao final da discussão, todos
culo da equipe com os pais e seus filhos. concordaram como havia sido interes-
O estreitamento do vínculo é premissa sante pensar nas coisas boas que se têm à
essencial para alcance dos objetivos de disposição, mas que no dia a dia, acaba-se
PAIF, os quais dizem respeito à trans- nem percebendo.
formação, promoção, emancipação, au-
tonomia. Somente depois de construído No grupo 2, os participantes não tive-
um vínculo positivo da equipe com as ram dificuldades em indicar o que po-
famílias, é que se pode contribuir numa deria melhorar e o exercício da fala em
relação de confiança que promove mu- grupo foi bem produtivo.
danças, buscando-se assim alcançar os
objetivos do PAIF. Num terceiro e último momento, o gru-
po todo se reuniu novamente no mes-
A partir do planejamento conjunto de mo espaço, e foi realizada uma “compe-
atividades, abordamos com as famí- tição”. De forma alternada, os grupos 1
lias o tema “diagnóstico de território”. e 2 citavam, respectivamente, aspectos
35
positivos e aspectos que poderiam me- que se tem, e finalizou dizendo como
lhorar sobre o território em que viviam. procurava ensinar todos os dias isso à
As contribuições eram registradas em sua filha, que também é pessoa com de-
um cartaz. Buscou-se nesse momento ficiência. Tal fala causou impacto no
realizar a atividade em formato lúdi- grupo e “fechou” a atividade com um
co e descontraído, a fim de promover ambiente de emoção, amizade e sensi-
a participação e interação das pessoas. bilidade, fazendo com que todos aplau-
Houve um empenho do grupo em com- dissem a participante, valorizando e
pletar o quadro que, ao final, apresen- reconhecendo os potenciais de supera-
tou equilíbrio entre pontos positivos e ção, mesmo em condições adversas.
negativos no território.
A força do tema e o movimento gerado
De forma divertida e participativa, to- no grupo impulsionaram novas temáti-
dos pensaram e refletiram no seu es- cas relacionadas, e a continuidade da
paço de vivência. Vários participantes proposta se deu com o envolvimento
expuseram como se sentiram mais mo- dos filhos dos participantes na ativida-
tivados em buscar melhorias como pro- de, em encontros posteriores. As crian-
tagonistas de mudanças e não somente ças puderam montar o que chamaram
esperando que o poder público o faça, de “audiência escolar”, atividade dra-
buscando o efetivo exercício da cida- matizada, que pretendeu ser uma reu-
dania. Foi falado sobre a forma de se nião com “diretoria e professores” para
fazer isso, não com violência, mas com reivindicações de “pais” quanto ao
diálogo e união da comunidade em tor- ambiente escolar, Esta atividade esti-
no de um objetivo comum. mulou a reflexão e o espírito positiva-
mente crítico, reforçando mais uma vez
O formato de simulação de uma “com- que as mudanças são construídas pela
petição”, bem como a conotação lúdi- participação da comunidade e pela for-
ca, foram escolhidos intencionalmente, ça do coletivo.
visando estimular as idéias do grupo
de forma equilibrada, tanto para os Ainda na continuidade, em encontro
aspectos positivos como negativos do posterior, e a partir do título “a força
território, e ainda trazer uma dinâmica do coletivo”,,as famílias foram desa-
divertida num ambiente de criativida- fiadas a criar um mural, construído
de e respeito. coletivamente, com a temática escolhi-
da por elas próprias, que expressasse
Por fim, uma das participantes, que é o resultado de alguns dos exercícios
pessoa com deficiência, trouxe uma de cidadania, praticados ali no grupo,
mensagem pessoal ao grupo sobre a im- a partir da atividade: PENSANDO O
portância de valorizar e ser grata pelo LUGAR QUE A GENTE VIVE
36 CADERNO DE PRÁTICAS

RECURSOS UTILIZADOS do grupo acerca do seu pertencimento


àquele lugar e também ao pertencimen-
Recursos materiais: Material multimí- to do outro, a necessidade do respeito
dia, cartolinas, lápis de cor, tesoura, ao “espaço” do outro, permitindo a am-
cola, canetinhas, , papel kraft, papel A4, pliação do conceito de coletividade. As
flip-chart. famílias identificaram-se umas com as
outras, partilhando necessidades, mas
Recursos técnicos: rodas de conversa, também potencialidades, de forma a
dinâmicas de grupo reuniões técnicas, fortalecer vínculos comunitários, pro-
debates dramatização, planejamento movendo o diálogo, iniciativas e a inte-
participativo, recursos lúdicos, escu- ração entre elas, além de, promover a
ta qualificada, atividades integrativas, união, a força e a mobilização do grupo
vitalizadores, entrevistas, discussão em torno de um objetivo ou uma de-
de caso, articulação da rede de prote- manda comum.
ção, palestras.
Este trabalho propiciou também o for-
talecimento e a melhoria da qualidade
RESULTADOS OBTIDOS do vínculo da equipe do CRAS com a
comunidade local, multiplicando pos-
Dentro da perspectiva de que o traba-
sibilidades de intervenções particu-
lho desenvolvido pelo Instituto Palaz-
larizadas aos usuários, em número e
zolo se configura em essencial base de
em qualidade; possibilitou uma escuta
apoio para a comunidade, exercendo
mais qualificada, tanto da equipe aos
importante papel integrativo e proteti-
representantes da comunidade, como
vo na comunidade local, o grupo de PAI-
desses para com a equipe.
F(acompanhamento coletivo) com estas
famílias, desenvolvido pela equipe do
O vínculo positivo e fortalecido da
CRAS, complementa essa configuração,
equipe do CRAS com a população am-
promovendo a autonomia, a emancipa-
plia as condições de troca, de participa-
ção e a função protetiva dessas famílias,
ção, e abre portas para novos projetos,
fortalecendo vínculos, tanto intrafami-
assim como potencializa as condições
liares como sociais e comunitários. Um
de acesso desta população aos seus di-
importante aspecto que se desenvolveu
reitos socioassistenciais.
foi a perspectiva de se atuar conectando
as atividades que a instituição desenvol-
ve junto às crianças, com as atividades e As possibilidades surgidas a partir des-
temas que a equipe do CRAS se propôs tas interações são inúmeras. A constru-
a desenvolver junto aos pais que fre- ção deste capital imaterial que se con-
quentaram o grupo PAIF. Enquanto se cretiza nas relações vai se manifestando
desenvolviam atividades com os adultos em famílias que se fortalecem, que se
em torno de um tema comum, o mesmo protegem (a si mesmas, seus membros
tema era desenvolvido nas atividades so- e seus iguais), que se integram, que se
cioeducativas junto às crianças. Assim, ajudam, que se apóiam, que são ouvi-
pôde-se perceber a força articulada das das, que se fazem ouvir, que passam
ações e ao mesmo tempo, promover o es- a buscar seus direitos, redes de apoio
treitamento dos vínculos, estimulando- que se estabelecem, indivíduos que
se, desta forma, o diálogo e o surgimento ampliam suas possibilidades de novos
de idéias e ações no âmbito comunitário, projetos de vida (como buscar estudar
mas também no âmbito intrafamiliar. mais, novos meios de gerar renda), rela-
cionamentos conjugais que melhoram,
pais que “olham” mais para seus filhos,
O trabalho relatado aqui com o tema
filhos que se sentem menos sozinhos e
TERRITÓRIO (que foi somente um
desamparados, enfim, muitas possibili-
dos temas trabalhados no ano), au-
dades que não se podem medir.
mentou a percepção dos participantes
37

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA equipe do CRAS passam a ser elementos


importantes em processos de mudança,
A prática de PAIF e a atividade desen- os quais são construídos coletivamen-
volvida em torno do tema território, te. O vínculo foi construído, e assim, as
denominada “Pensando no Lugar que a vozes passam a ter sentido, um sentido
Gente Vive”, alcançou resultados efeti- vivo. Na rede de apoio à família, o CRAS
vos, à medida que promoveu a reflexão passa a exercer papel essencial, capaz de
sobre o território, possibilitando uma articular e mobilizar, gerando transfor-
maior consciência a respeito do espaço mação e, conseqüentemente,melhoria de
vivido, não só em suas dimensões e as- qualidade de vida.
pectos negativos, mas também em suas
potencialidades e aspectos positivos. A grande, real e importante construção
Permitiu a ressignificação de alguns é mesmo a que acontece no PROCESSO.
conceitos dessa realidade, à medida Um processo que se consubstancializa
que trouxe à memória vivências e um nas relações, nas vivências, em apren-
novo (e coletivizado) olhar sobre elas. dizagens trocadas e compartilhadas, e
que permanece, não nos murais ou nem
As famílias puderam participar ativa- mesmo em números, mas na vida de
mente das discussões, trazendo suas cada uma destas famílias, no seu coti-
experiências na igreja, na escola, no es- diano, na sua subjetividade, e que não
paço público, no mercado, em suas resi- tem limite de tempo para se expressar
dências, ou seja, em seus espaços de vi- em “resultados” práticos: pode ser ime-
vência, onde existe significado para elas. diatamente, pode se estender por meses
Histórias foram resgatadas e relatadas ou anos ou pode ser por toda a vida e
ao grupo, promovendo o fortalecimento refletindo até na vida dos filhos. E os
de vínculos e gerando um ambiente de grandes, reais e importantes protagonis-
amizade e respeito mútuo, produzindo tas, são as famílias que fizeram possível
identificação e pertencimento. Tudo isso esse processo com sua participação e
com muito respeito aos conteúdos sub- contribuições singulares.
jetivos, permitindo-se que a emoção es-
tivesse presente, produzida pelas histó-
rias de vida compartilhadas, geralmente
REFERÊNCIAS
histórias difíceis, de luta, mas também de BRASIL, Ministério do Desenvolvimen-
sucesso, de superação. to Social e Combate à Fome. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassistenciais.
Servir de “ponte” ou de catalisador para Brasília: MDS, 2009
estas conexões entre as famílias teve um
papel gratificante, pois quando se obser- CARVALHO, Maria do Carmo Brandt
va o grupo dialogando mais, participan- de, Gestão Social e Trabalho Social –
do mais, criando e expondo suas idéias, desafios e percursos metodológicos, São
percebendo-se como cidadão de direito, Paulo: Cortez, 2015
que ousa refletir, e mais do que isso, in-
tervir no seu próprio “vivido” e também ACOSTA, Ana Rojas; VITALE, Maria
no “vivido” do outro, os participantes da Amália Faller (Org.), Famílias: redes, la-
equipe também se sentem parte, e mais ços e políticas públicas. 4 ed. São Paulo:
importante, passaram a ser vistos como Cortez/Instituto de Estudos Especiais/
parte do território por aquelas famílias. PUC-SP, 2008
Dessa forma, o CRAS passa a pertencer
efetivamente a esse território. A conexão
se consolida gerando uma força que im-
pacta o cotidiano daquelas famílias.

Quando acontecimentos difíceis vem


abalar e vulnerabilizar ainda mais a re-
alidade dessas pessoas, os membros da
39

TRABALHO SOCIAL COM A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO


DE RUA: UMA TRAJETÓRIA DE BUSCA PELO
RECONHECIMENTO E RESGATE DA CIDADANIA “Elas tinham
medo de chegar
e se aproximar.

N
Eu acho que
a sociedade atual, ba- dade complexa em questão. Em 2008, esse é o maior
seada nos valores de em uma parceria do MDS e UNESCO, erro do povo
mercado e consequen- foi realizada a Pesquisa Nacional sobre brasileiro...
temente na super va- a População em Situação de Rua, nos ter esse medo.
lorização do trabalho municípios com mais de 300 mil habi-
Então eu acho
como fundamento econômico, aqueles tantes e todas as capitais. Foram con-
que não constituem trabalho formal tabilizados aproximadamente 50 mil
que deveriam
normalmente são vistos como “vaga- adultos em situação de rua em 75 mu-
de ser cortadas
bundos”, “relaxados” e são esses nor- nicípios pesquisados e, embora o nú-
essas barreiras...
malmente, os nomes usados para des- mero seja expressivo, pode ainda não Elas ficam com
crever a pessoa em situação de rua. refletir a totalidade. medo, como
Levando em conta os fatores indivi- se a pessoa...
duais moralistas, cada um olha e julga O perfil levanta alguns dados, como: você dar um
esse grupo de indivíduos como aqueles 82% do sexo masculino; 53% com choque se ela
que têm vida mais fácil e só não melho- idade entre 25 e 44 anos; 67% são ne- fosse falar com
ram de situação por falta de vontade. gros; a maioria (52,6%) recebe entre ela. Porque
R$20,00 e R$80,00 semanais; Com- ninguém
Aos trabalhadores do SUAS, vale ana- posta, em grande parte, por trabalha- mata, eu posso
lisar a partir do senso comum ou é ne- dores – 70,9% exercem alguma ativida- conversar com
cessário um aprofundamento sobre os de remunerada; Apenas 15,7% pedem determinada
conceitos e direitos destes cidadãos? dinheiro como principal meio para a
pessoa sem
As práticas a seguir refletem esse olhar sobrevivência; 69,6% costuma dormir
reflexivo sobre a garantia dos direitos na rua, sendo que cerca de 30% o faz há
pegar uma
de um público excluído dos diversos mais de 5 anos; 22,1% costuma dormir
doença e
espaços, e que por vezes, privam-se do em albergues ou outras instituições; nem nada...”
convívio familiar e social. Mas antes, 95,5% não participa de qualquer movi- Depoimento de
cabem alguns pontos para reflexão: mento social ou associativismo; 24,8% Jorge um ex-
não possuem qualquer documento de morador de rua
De acordo com o Decreto no 7.053/2009, identificação; 88,5% não é atingida pela
que institui a Política Nacional para a Po- cobertura dos programas governamen- (MATTOS, 2003 p. 425).
pulação em Situação de Rua, as pessoas tais, ou seja, afirma não receber qual-
em situação de rua são consideradas um quer benefício dos órgãos governamen-
“grupo populacional heterogêneo que tais; 61,6% não exercem o direito de
5- MATTOS, R.
possui em comum a pobreza extrema, cidadania elementar: o voto.
M. Processo de
os vínculos familiares interrompidos ou
constituição da
fragilizados e a inexistência de moradia Entre as principais razões pelas quais identidade do
convencional regular, e que utiliza os lo- essas pessoas estão em situação de indivíduo em
gradouros públicos e as áreas degradadas rua, sobressaem: Alcoolismo/drogas situação de rua:
como espaço de moradia e de sustento, (35,5%); Desemprego (29,8%); Desaven- da rualização a
de forma temporária ou permanente, ças com pai/mãe/irmãos (29,1%). sedentarização.
bem como as unidades de acolhimento 2003. 186 f.
para pernoite temporário ou como mora- Os dados revelam mais do que apenas (Inicia-ção
dia provisória”. números. Evidencia-se cada vez mais Científica).
relevante e necessária a garantia de di- Universidade
Neste sentido, torna-se imprescindível reitos e inclusão dessa população nos São Marcos;
a identificação e reconhecimento des- serviços da rede de proteção social. O FAPESP, São
se público, pois as definições teóricas trabalhador da assistência social, além
Paulo.
não dão conta de refletir toda a reali- de reconhecer e identificar o perfil,
40 CADERNO DE PRÁTICAS

tem como responsabilidade efetivar o em situação de rua vão desde o Serviço


acesso aos benefícios e serviços socio- Especializado em Abordagem Social, o
assistenciais, que constituem a rede Serviço Especializado para Pessoas em
primordial para as seguranças de so- Situação de Rua, até os acolhimentos
brevivência, rendimento, convívio, e em Casa de Passagem, Repúblicas, en-
acolhida, garantindo assim a proteção tre outros. O trabalho social essencial
social de forma integrada e articulada a estes serviços compreende a escuta
com as demais políticas públicas. qualificada, afastada dos “pré concei-
tos” individuais, comunicação e defesa
Vale ressaltar que historicamente o Es- dos direitos, bem como integração à
tado atendia a essa demanda de forma rede de atendimento e às redes sociais
fragmentada e pontual, com políticas de apoio e de interação para o desen-
higienistas, que percebiam a questão volvimento da autonomia.
como um empecilho ao desenvolvi-
mento das cidades, sem a preocupação Com as percepções sobre o “viver e convi-
com um atendimento integral e huma- ver na rua”, algumas ações vem sendo re-
nizado. A descrença nas possibilidades alizadas para garantir esses direitos. Um
de autonomia, protagonismo, convívio processo inovador que surge com a Políti-
familiar e comunitário e de recupera- ca Nacional para População em Situação
ção do projeto de vida destes sujeitos de Rua e a Tipificação Nacional dos Ser-
revela também a dificuldade histórica viços Socioassistenciais é o Centro POP,
dos trabalhadores do social de lidar “um espaço de referência para o convívio
com essa situação. grupal, social e para o desenvolvimento
de relações de solidariedade, afetividade
Com os debates crescentes e a Política e respeito” (MDS). A República “Condo-
Nacional para População em Situação mínio Social”, uma iniciativa da Fundação
de Rua, o tema ganhou centralidade na de Ação Social em Curitiba, surge tam-
demarcação de um campo especifico de bém como uma estratégia para o atendi-
atuação, que integra as políticas públicas mento dessa demanda.
e responde de forma humanizada ao ob-
jetivar o resgate da dignidade do usuário. Ao adentrar o assunto com mais pro-
Desse modo, faz-se imperante que a rea- fundidade é facilmente percebida a
lidade seja alterada a partir de trabalhos complexidade deste assunto que não
coletivos, que ressaltem as potencialida- pode ser abordado em algumas páginas
des, incluindo assim as possibilidades de sem deixar de pontuar o grande reflexo
escolha e redefinição do próprio destino, que os estigmas e padrões sociais têm
com resgate da dignidade, da cidadania, no desenvolvimento do Trabalho So-
da valorização da vida e respeito às con- cial. Por este motivo, mais do que al-
dições sociais e diferenças de origem, gumas reflexões iniciais, vale o esforço
raça, idade, nacionalidade, gênero, orien- dos trabalhadores em aproximar-se da
tação sexual e religiosa, como pressupos- realidade para desvelá-la, desmistifi-
tos para o trabalho. cá-la e aprimorar suas próprias com-
preensões em relação à população em
No que tange o acesso aos benefícios situação de rua, no sentido de garantir
socioassistenciais, o Programa Bol- o direito à vida, à dignidade e principal-
sa Família vem ampliando definições mente, no campo da assistência social,
quanto à inclusão e continuidade de o acesso aos serviços, programas e be-
seu recebimento pela população em nefícios destinados a este público. Ago-
situação de rua, com aporte técnico e ra, mais do que novas formas de aten-
político dos profissionais em conjunto der as demandas, é necessário ampliar
com movimentos sociais afins. o acesso das já existentes.

Os serviços de proteção social especial Decreto no 7.053/2009 que institui a


de média e alta complexidade que se Política Nacional para População em
destinam ao atendimento da população Situação de Rua
41
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm

Centro POP, institucional - Minis-


tério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome

http://www.mds.gov.br/falemds/per-
guntas-frequentes/assistencia-social/
centro-pop-centro-de-referencia-es-
pecializado-para-populacao-em-situ-
acao-de-rua/centro-pop-institucional

População em Situação de Rua - Mi-


nistério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome

http://www.mds.gov.br/falemds/per-
guntas-frequentes/assistencia-social/pse
-protecao-social-especial/populacao-de
-rua/populacao-em-situacao-de-rua

Ricardo Mendes Mattos. Quem vocês


pensam que (elas) são? - Representações
sobre as pessoas em situação de rua.

http://www.scielo.br/scie-
lo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-71822004000200007
42 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Oficina Roda de


Conversa “Trocando” em Frente

Nestes EQUIPAMENTO: CENTRO POP JOÃO • Possibilitar espaço coletivo de apoio


momentos e reflexão sobre a realidade de vida dos
de discussão DORVALINO BORBA usuários, considerando suas especifici-
dades e conflitos;
alguns usuários
demonstraram DATA DE INÍCIO: 2013
• Oportunizar a percepção e o fortale-
vontade de
recomeçar RELATOR: MARIA AMÁLIA MORAIS cimento de identidade e interesses co-
muns por parte dos usuários;
suas vidas com DOMBROWSKI
autonomia, pelo • Favorecer discussões sobre direitos so-
fato de terem PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: cioasssitenciais e estimular formas de so-
vivenciado lidariedade, defesa, proteção de direitos
uma condição MARIA AMÁLIA MORAIS DOM-
e solução de conflitos em comum;
financeira BROWSKI, SOB A SUPERVISÃO DA
favorável. • Incentivar o fortalecimento de vín-
PEDAGOGA JULIANA GOULART culos familiares, comunitários e/ ou
sociais;

• Ampliar conhecimentos e oportuni-


SITUAÇÃO ANTERIOR zar o acesso à informação com relação
As oficinas de roda de conversa sem- a demandas individuais e coletiva
pre aconteceram no Centro POP, João
Dorvalino Borba e o público são pes- • Construir novas perspectivas e proje-
soas em situação de rua, atendidos na tos de vida;
modalidade centro dia, com idade mé-
dia de 24 a 36 anos (homens), a maioria • Criar espaços de expressão e ressigni-
com situação de dependência química ficação de vivências
após a adolescência. Essas conversas
ocorriam informalmente sem temas • Estimular a descoberta e potenciali-
pré-definidos tornando-as redundan- zação de recursos;
tes, improdutivas e sem objetivos. Em
setembro de 2013 após discussão entre • Incentivar o fortalecimento da autoes-
educadora social, coordenação e peda- tima, da autonomia e do protagonismo;
goga, decidimos por definir previamen-
te os temas conforme sugestão da equi- • Estimular o apoio mútuo e desenvol-
pe de funcionários e usuários do centro vimento de sociabilidade e de vínculos
POP, através de tomada de interesses interpessoais;
com os seguintes objetivos, que são
contemplados no Manual de Normas • Favorecer o fortalecimento da identi-
Técnicas para Centro de Referência dade individual e coletiva;
Especializado para População em Situ-
ação de Rua – Centro Pop, p. 88 e 89: • Incentivar a participação social.
43

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA deve fazer em uma entrevista de em-


prego, como postura, higiene, vocabu-
As oficinas acontecem semanalmente lário, etc. (pesquisa em sites da inter-
no período da tarde das 14h às 15h30 net). Dramatização de uma entrevista
horas, totalizando quatro oficinas no baseada nas orientações anteriores
mês.
4° Dia: Palestra proferida pela coor-
Descrição da prática comum a todas as denadora do SENAT (Serviço Nacio-
oficinas independente do tema: nal de Aprendizagem do Transporte)
Miscila de Cássia Zeferino, Bacharel
• Resgate das experiências e conheci- em Administração e Comércio Exte-
mento dos usuários, a respeito do as- rior pelo Centro Universitário campus
sunto proposto com ênfase na práxis Andrade/UNIANDRADE, sobre Em-
pedagógica; pregabilidade na área de transporte e
explanação com distribuição de folders
• Leitura, reflexão e analise de textos alusivos aos serviços oferecidos pelo
pesquisados previamente em sites da SEST/SENAT
internet, revistas, jornais e outros;
RECURSOS UTILIZADOS
• Registro das atividades através de
cartazes, produção de texto, e jogos Materiais: Quadro, Papel, Caneta, Re-
adaptados ao tema, como: palavras cru- vistas, Cartazes, data show e outros.
zadas, jogo perfil, caça palavras, forca,
e outros; Humanos: Educadores do Centro Pop e
palestrante do SEST/SENAT
• Visitas orientadas;
RESULTADOS OBTIDOS – Desper-
• Filmes referentes aos temas propos- tou nos usuários a busca pelo trabalho,
tos; relataram estarem mais confiantes nas
entrevistas.
• Palestras referentes aos temas pro-
postas. REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
Percebemos que existem dificuldades
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA relacionadas ao nível de escolaridade
ESPECIFICA PARA CADA TEMA e profissionalização; que o mercado de
trabalho seja ele informal ou formal
TEMA: EMPREGABILIDADE ainda permanece aberto aos nossos
usuários, porém, a dependência quími-
Período: mês de novembro de 2013 ca é um fator de interferência na ques-
tão. O grande desafio proposto para
1° Dia: Resgate das experiências, co- nós e para os usuários é tratar a causa,
nhecimento dos usuários, necessidades mas a maioria destes não está prepara-
a respeito do assunto proposto. da para romper com o vício.

2° Dia: Conforme dificuldade relatada Embora vivamos na sociedade capita-


pelos usuários na oficina anterior: ela- lista onde o indivíduo necessita prover
boração de currículo vitae sua subsistência, este não é o valor de
relevância em suas vidas, não gerando
3° Dia: Conforme dificuldade relatada motivos para a mudança a partir de tra-
pelos usuários no primeiro dia da ofi- tamento e ou manutenção dele, caben-
cina: do a nós educadores despertá-los para
essa mudança de vida, levá-los a refle-
Entrevista: 16 coisas que você nunca xão sobre sua condição antes e depois
do uso de drogas.
44 CADERNO DE PRÁTICAS

Nestes momentos de discussão alguns


usuários demonstraram vontade de
recomeçar suas vidas com autonomia,
pelo fato de terem vivenciado uma con-
dição financeira favorável.

Persistimos em estimulá-los e incenti-


vá-los, mas a tomada de decisão para
mudança precisa estar internalizada
em cada usuário.

A continuidade desta oficina se dá, a


partir de:

• Encaminhamentos para Tratamento


de Dependência Química seja em co-
munidades terapêuticas, CAPS e ou-
tros;

• Retomada de Ações - PIA (Plano In-


dividual de Atendimento) através do
serviço social;

• Disponibilidade de educadores para


confecção de currículo sempre que ne-
cessário;

• Encaminhamentos para cursos pro-


fissionalizantes sempre que necessário.

REFERÊNCIAS
Orientações Técnicas Centro de Refe-
rência Especializado para População
em Situação de Rua. SUAS e Popula-
ção em Situação de Rua - Volume III
Brasília, 2011

Elaborando um Currículo atraente –


http://carreiras.empregos.com.br/car-
reira/administracao/ge/curriculo/me-
lhorar/cv_atraente.shtm.

16 coisas que você NUNCA deve fazer


em uma entrevista de emprego – http://
www.rhlink.com.br/noticias/16-coisas-
que-voce-nunca-deve-fazer-em-uma
-entrevista-de-emprego/

WWW.noticias.iniversia.com.br http://
carreiras.empregos.com.br/carreira/
administracao/ge/curriculo/melhorar/
cv_atraente.shtm
45

TÍTULO: Mais Perto da Arte –


“Corre” Cultural

EQUIPAMENTO: CENTRO POP JOÃO A Unidade deve representar espaço de A produção


referência para o convívio grupal, so- coletiva deste
DORVALINO BORBA cial e o desenvolvimento de relações de texto também
solidariedade, afetividade e respeito. contribui para o
DATA DE INÍCIO: 02/12/2012 Na atenção ofertada no Serviço Espe- reconhecimento
cializado para Pessoas em Situação de da importância
RELATOR: REGINA CELIA DA CRUZ E Rua, deve-se proporcionar vivências
do
para o alcance da autonomia e estimu-
JOÃO ALCANTARA NUNES aprofundamento
lar, além disso, a organização, a mobi-
do debate sobre
lização e a participação social.” (www.
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: mds.gov.br)
as questões
que aproximam
ANA APARECIDA PRESTES, JOÃO os usuários
Os usuários do serviço encontram-se,
ALCANTARA NUNES, JOSE ROBER- por vezes, desmotivados para a partici-
e os serviços
públicos
TO DA SILVA – ARTISTA PLÁSTICO pação em atividades de cunho cultural
da Rede
e para a retomada dos projetos de vida
VOLUNTÁRIO, JUCILENE MARIA e do convívio comunitário relatando Socioassitencial
dificuldades no acesso a espaços so- na busca pela
DUBIELLA BORGES, MARIA AMÁLIA inclusão e acesso
ciais e culturais. Relatam baixa auto
MORAIS DOMBROSWSKI E REGINA -estima e consideram que em alguns aos direitos
espaços sentem-se “discriminados” sociais.
CELIA DA CRUZ
pela sua condição de População em Si-
tuação de Rua.

SITUAÇÃO ANTERIOR Objetivos:


“O Centro de Referência Especializado Geral: oportunizar atividades de socia-
para População em Situação de Rua é lização, informação, despertando inte-
a unidade pública e estatal, de referên- resse pelo conhecimento sobre as mais
cia e atendimento especializado à po- variadas formas de arte na perspectiva
pulação adulta em situação de rua, no de acesso aos espaços culturais e ele-
âmbito da Proteção Social Especial de vação da auto-estima entre os usuários
Média Complexidade do Sistema Úni- do Centro POP João Dorvalino Borba.
co da Assistência Social – SUAS.

Todo Centro de Referência Especiali-


Específicos:
zado para População em Situação de • Problematizar junto aos usuários
Rua deve ofertar o Serviço Especiali- e a equipe de trabalho a ressignifi-
zado para Pessoas em Situação de Rua, cação do imaginário de não perten-
de acordo com a Tipificação Nacional cimento dentro e fora dos espaços
de Serviços Socioassistenciais. culturais urbanos;
46 CADERNO DE PRÁTICAS

• Promover a discussão da equipe sobre a 19.05.2013 - Evento: exposição “Dali - A


importância da motivação e participação Divina Comédia”. Local: Espaço CAIXA
dos usuários nas atividades propostas; Cultural Curitiba.

• Proporcionar o acesso aos espaços ur- 25.08.13 - Evento: exposição “A Magia de


banos que divulgam as mais variadas for- Echer”. Local: Museu Oscar Niemeyer.
mas de arte na capital;
12/08/14 - Eventos: Exposição Geodésia
• Produzir oficinas artísticas e dialógicas Museológica / Exposição Leveza e Ten-
a partir das conversas sobre os temas das são / Exposição Acervo Restaurado Lo-
exposições. cal: Museu de Arte Contemporânea.

“É fundamental que os serviços para a 26/08/14 - Evento: Roda de Leitura - Ci-


população de rua oportunizem espaços nema Literário Filme: O carteiro e o po-
de discussão sobre o impacto que as re- eta. Mediado por Vanessa. Local: Casa de
presentações sociais negativas provocam Leitura Dario Vellozo – Fundação Cultu-
nas identidades pessoais das pessoas em ral de Curitiba.
situação de rua, nas dificuldades encon-
tradas para acessar direitos, na violência 09/09/14 - Evento: Exposição interativa/
simbólica a qual são submetidas e na in- Teatro/café de inauguração Brasil: Pas-
teriorização de imagens e esquemas estig-
sado presente e futuro - a construção de
matizantes, que acarretam sentimentos
uma nação. Local: Memorial de Curitiba.
de humilhação, segregação e rebaixamen-
to da auto-estima.” (BARROS, 2011, p.
12/09/14 - Evento: Memórias em miniatu-
30).
ra. Local: Sala do Artista Popular (Anexa
ao prédio da Secretaria de Cultura do Es-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA tado do Paraná).

Foram programadas visitas orientadas,


17.09.14 - Evento: Exposição Esporte em
que aqui chamaremos de “oficinas”, a ex-
Movimento. Local: Espaço CAIXA Cultu-
posições em Museus e espaços culturais.
ral Curitiba. Esta exposição proporcionou
As visitas aconteceram durante diversos
também o incentivo às atividades espor-
meses desde o final do ano de 2012 até
tivas que fazem parte da proposta de ati-
2014.
vidades desenvolvidas pelo Centro POP.

Os espaços visitados estão relacionados


23/09/2014 - Evento: Teatro Historia do
abaixo incluindo os eventos e as datas.
Brasil: passado presente e futuro. Local:
Importante destacar que a motivação
Memorial de Curitiba
para a participação na atividade intensi-
fica a adesão à proposta. Os usuários que
frequentam o serviço foram informados O transporte para o MON utilizou ônibus
sobre os espaços e orientados sobre as e foi viabilizado através da solicitação ad-
obras que seriam apresentadas. Foram ministrativa do serviço de transporte da
convidados e aceitaram a visitação que prefeitura Municipal de Curitiba
foi orientada e avaliada por eles no es-
paço do Centro POP após a atividade. A O deslocamento para a os demais espaços
experiência teve influência nas atividades culturais foi através de uma caminhada
culturais que se desenvolveram no Cen- acompanhada por parte da equipe do
tro POP após as visitas. Centro POP e os usuários.

Oficinas: RECURSOS UTILIZADOS


02.12.2012 - Evento: exposição “Multi p/ o Solicitação administrativa para propor-
Leminski”. Local: Salão principal do Mu- cionar o transporte em ônibus para os
seu Oscar Niemeyer - MON. locais mais distantes do centro da cidade.
47
Material de desenho (papel, lápis, pincéis pois as atividades externas fazem parte
e tintas) para a produção de desenhos e da proposta de promoção da cidadania e
pinturas nas oficinas de discussão sobre reconhecimento da População em Situa-
os temas das exposições visitadas. ção de Rua, na proposta do acesso a direi-
tos e espaços de lazer, cultura e arte.
Recursos humanos: servidores para
acompanhar os usuários nas atividades A produção coletiva deste texto também
propostas. contribui para o reconhecimento da im-
portância do aprofundamento do deba-
te sobre as questões que aproximam os
RESULTADOS OBTIDOS usuários e os serviços públicos da Rede
A participação foi de 100% dos usuários Socioassitencial na busca pela inclusão e
que frequentaram o Centro Pop nas datas acesso aos direitos sociais.
em que aconteceram as visitas.
Muitos são os desafios nessa proposta e
Alguns usuários demonstraram, a prin- o incentivo às atividades tanto internas
cípio, certa timidez durante a atividade e como externas ao serviço na perspectiva
alguns ainda fizeram observações sobre a de reconhecimento da População em Si-
maneira como foram “observados” pelos tuação de Rua e seu acesso às atividades
responsáveis pela segurança dos espaços artísticas e culturais produzindo novas
culturais, durante a visita ao MON, onde experiências nesse sentido.
muitas pessoas estavam participando
na mesma data. Um assunto que gerou
muita conversa após o retorno no Centro
REFERÊNCIAS
POP. Foi muito importante esse diálogo, http://www.mds.gov.br/falemds/per-
que não teve a participação de 100% dos guntas-frequentes/assistencia-social/
usuários, nas conversas que se seguiram a pse-protecao-social-especial/populacao-
essas experiências que trouxeram à tona de-rua/centro-de-referencia-especiali-
a manifestação oral dos usuários sobre o zado-para-populacao-de-rua. Acesso em
“imaginário de não pertencimento”. 24.10.2014.

Podemos colocar como benefícios reco- BARROS, K.A.F., CARVALHO, M.J.B.,


nhecidos pela equipe que participou das PEREIRA, J.M.F., PEREIRA, R.F.S.
atividades: a aproximação dos usuários Orientações técnicas: Centro de Refe-
com a equipe nas conversas, o esclare- rência Especializado para População em
cimento sobre seus direitos ao acesso a Situação de Rua. Serviço Especializado
esses espaços, a elevação da auto-estima, para Pessoas em Situação de Rua. SUAS
o despertar do interesse pela arte, a reve- e População em Situação de Rua. V. III.
lação de algumas potencialidades artís- Brasília, 2011.
ticas, especialmente no desenho que foi
atividade desenvolvida em algumas ofi- http://www.mds.gov.br/assistenciasocial/
cinas no serviço. Acreditamos que ainda protecaobasica/servicos/protecao-e-a-
que outros resultados positivos poderiam tendimento-integral-a-familia-paif/ar-
ser pesquisados, inclusive na comunidade quivos/tipificacao-nacional.pdf/down-
apreciadora das manifestações artísticas, load. Tipificação Nacional de Serviços
sobre o reconhecimento da População Socioassistenciais. Ministério do De-
em Situação de Rua diante dos direitos ao senvolvimento Social – MDS. Texto da
acesso à cultura, ao lazer e às artes. Resolução Nº 109, de 11 de novembro de
2009. Brasília: Diário Oficial da União,

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA 25.11.2009. Acesso em 24.10.2014.

As reflexões sobre a prática aconteceram


durante as atividades do Centro POP en-
tre a equipe e os usuários, e entre a equipe
nas reuniões onde a avaliação foi positiva,
49

TRABALHO SOCIAL COM CRIANÇAS, ADOLESCENTES E


JOVENS: A LINHA ENTRE A CONQUISTA DO DIREITO E
SUA CONSOLIDAÇÃO NO COTIDIANO.

D
e acordo com a UNICEF, famílias pobres, enquanto as negras têm “Enquanto a
no documento “A conven- quase 70% de chances de viver na pobre- sociedade feliz
ção dos direitos da crian- za; Mesmo com redução da mortalidade não chega, que
ça”, “a criança é definida infantil, da pobreza e outros indicadores
haja pelo menos
como todo o ser humano no Brasil, a violência é ainda um cenário
com menos de dezoito anos, exceto se a alarmante, com registro de aproximada-
fragmentos
lei nacional confere a maioridade mais mente 129 denúncias por dia ao “Disque
de futuro em
cedo.” No Estatuto da Criança e do Ado- 100” e mais grave ainda se levado em que a alegria é
lescente (ECA), no Brasil, considera-se consideração o fato de muitos casos não servida como
criança a pessoa até doze anos de idade chegam a ser registrados. sacramento,
incompletos e adolescente aquela entre para que
doze e dezoito anos de idade. Segundo essa mesma organização, o as crianças
Brasil tem outros dois desafios a serem aprendam que o
Para acompanhar dados estatísticos so- superados além da violência, e nestes mundo pode ser
bre a população de crianças, adolescen- inscreve-se a política de assistência so- diferente”.
tes e jovens no Brasil, o Instituto Brasi- cial, articulada a medidas, instituições e
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgãos, mas que tem em si grande parcela Rubem Alves
disponibilizou uma página chamada do trabalho. O primeiro desafio está em
“IBGE TEEN”, que fornece informações superar o uso abusivo das medidas de
acessíveis e sistematizadas, e traz ele- abrigo, e o segundo, diminuir o número
mentos importantes para uma reflexão das medidas de privação de liberdade
sobre o assunto. para o adolescente em conflito com a lei.
Nos dois casos, cerca de dois terços dos
De 1999 até 2009 a configuração dos da- internos são negros.
dos mudou e houve uma redução do con-
tingente de crianças e adolescentes até 19 Na política de assistência social estão
anos de idade, com proporção de 40,01% previstos os serviços de acolhimento ins-
em 1999 e 32,8% em 2009. Em contrapar- titucional como Proteção Social Especial
tida, um incremento considerável na pi- de Alta Complexidade e o Serviço de
râmide se deu na população idosa. Mes- Proteção Social a Adolescentes em Cum-
mo com essas alterações, o país pode ser primento de Medida Socioeducativa de
considerado essencialmente jovem, com Liberdade Assistida (LA), e de Presta-
cerca de 42% de sua população com até ção de Serviços à Comunidade (PSC), na
24 anos de idade (cerca de 80 milhões). Proteção Social Especial de Média Com-
plexidade. Por este motivo, faz parte da
Diante da totalidade, são outros os nú- superação dos desafios supracitados o
meros que preocupam e precisam ser Sistema de Justiça, o Sistema de Garan-
cada vez mais debatidos e tomados como tia de Direitos e as políticas públicas, in-
ponto inicial para o enfrentamento das cluindo a assistência social.
diversas violências que acometem esse
público, sejam elas violências psicológica Inserida no âmbito da proteção social, o
ou morais, que parecem sutis, mas reve- trabalho desta política institui-se desde a
lam reflexos irreversíveis no crescimento prevenção da ocorrência dos riscos e for-
infantil, seja a violência física ou sexual, talecimentos dos vínculos familiares e
que traduzem ainda a desproteção pela comunitários, até a atuação nos casos em
qual passam as crianças, adolescentes e que ocorrem violação de direitos, riscos
jovens. A partir de dados recolhidos pela estabelecidos e violências. Neste sentido,
UNICEF, 45,6% das crianças vivem em cabe a assistência social uma articulação
50 CADERNO DE PRÁTICAS

própria para o atendimento às situações coletivas, com evidências e possibili-


desafiadoras para a superação dos desa- dades de superação conjunta. A partir
fios colocados. do momento em que um se identifica
com o outro e reconhece sua história
Vale refletir que para a superação dos na de um outro adolescente, surge um
desafios colocados: (i) trabalhar com as potencial transformador que não pode
violências; (ii) diminuir número de aco- ser descartado. Construir protagonistas
lhimentos; e (iii) diminuir o número de e não apenas cumprir o dever estabele-
adolescentes em cumprimento de me- cido é papel dos profissionais do SUAS.
didas de privação de liberdade; merece
atenção dos trabalhadores do SUAS, No que diz respeito ao desafio das me-
principalmente quanto a articulação e o didas de acolhimento institucional para
desenvolvimento de ações inovadoras e crianças e adolescentes, cabe ao traba-
conscientes de seu papel, incluindo-se lhador reconhecer e adentrar as políti-
como co-responsáveis no planejamento cas, planos e demais mecanismos que
das ações que visam o fortalecimento da inscrevem no cenário nacional uma nova
fundação protetiva da família e da comu- perspectiva de trabalho para a questão
nidade em acolher as crianças e adoles- do acolhimento, promovendo debates e
centes, com campanhas de prevenção e reflexões sobre o vínculo familiar e co-
apoio. No caso específico das medidas munitário e as impossibilidades de uma
privativas de liberdade para os adoles- vida vivida de forma institucionalizada.
centes em conflito com a lei, vale um Reconhecer os programas no âmbito do
olhar diferenciado em relação ao papel município e trabalhar para sua efetiva-
da assistência social na busca pelas ações ção faz a diferença quanto a materialida-
efetivas na prestação do serviço que lhe de das normativas específicas e reproduz
cabe, na busca pela não reincidência, do a intenção política e social de uma nova
planejamento conjunto e redescoberta forma de atuar na esfera da garantia dos
dos próprios potenciais dos adolescentes direitos da criança e do adolescente.
no enfrentamento ao mundo e às pró-
prias relações sociais que por vezes, sub- Diante das muitas reflexões válidas para
jugam esses potenciais. o assunto, perceber as diversas nuances
do trabalho com este público é identifi-
A redescoberta das potencialidades, a car novas possibilidades para velhos e
superação das situações conflitantes, novos conflitos. É perceber o sentido do
a reconstrução dos projetos de vida, o trabalho, tomado pela consciência do
acesso às informações, o desenvolvi- fazer profissional com intencionalidade
mento de habilidades e competências, ética, que reproduz no cotidiano ações
além do acompanhamento social, são transformadoras com reflexos no traba-
objetivos da assistência social para lho social de forma a desfazer os vícios
ruptura com a prática do ato infracio- de ação tomados pela descrença de que
nal, que quando concretizada, leva ao é possível romper com os ciclos de vio-
despertar de si para o mundo e o vis- lência, de institucionalização, de crimi-
lumbre de novas possibilidades. nalização e de descaso com as crianças,
adolescentes e jovens no Brasil.
Neste sentido, ética e tecnicamente, não
cabe ao trabalhador social o julgamen-
to dos adolescentes a partir dos seus
Referências
valores, bem como a descrença nestes ECA - Estatuto da Criança e do Adoles-
indivíduos que desde cedo enfrentam cente
dramas e conflitos reais. Cabe sim, aos
trabalhadores, observar as situações de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
forma ativa, sendo os primeiros a acre- leis/l8069.htm
ditar e desenvolver atividades indivi-
duais e comunitárias que transformam IBGE TEEN – Dados sobre a infância,
conflitos individuais em demandas adolescência e juventude no Brasil.
51
http://teen.ibge.gov.br/mao-na-roda/as-
pectos-demograficos

UNICEF – Infância e Adolescência no


Brasil

http://www.unicef.org/brazil/pt/activi-
ties.html
52 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Brinquedoteca
Gigante Itinerante

Foi um EQUIPAMENTO: CRAS IGUAÇU / O serviço conta com a participação da


movimento comunidade sinalizando a necessidade
que fortaleceu CENTRO DA JUVENTUDE INICIATIVA do espaço nessa região de grande vul-
parcerias entre JOVEM nerabilidade social e em 2004 com a
os grupos, a inauguração do Centro da juventude,
observavam-se números altos de de-
intersetorialidade, DATA DE INÍCIO: 23/06/2014
o trabalho semprego e baixa renda nas famílias
em equipe, a bem como, a baixa escolaridade e/ou
RELATOR: EDUCADORA SOCIAL: evasão escolar.
valorização pelo
outro, trocas de MARLENE APARECIDA NUNES / ELLEN
Trabalhando diariamente com o grupo
experiências e PYTLOWANCIV
observaram-se dificuldades nas rela-
novas amizades.
ções sociais entre eles, baixa frequên-
Além do PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: cia nas atividades, pouca motivação e
avivamento EDUCADORES: MARLENE AP NUNES, vínculos estreitos entre o grupo e os
do vínculo facilitadores. Diante dessa situação
entre família, ALEXSSANDRO LIMA E DALVA PEREIRA.
buscou-se alternativas para criação
comunidade, de atividades motivadoras que envol-
adolescente E A TECNICA: MARIA TEREZA MUNIZ vessem os grupos, sendo assim foram
e Centro da MARQUES. apresentadas várias ideias e, em con-
Juventude junto, decidiram pela construção de
dois jogos. Estes jogos fazem parte da
BRINQUEDOTECA do Centro de Re-
SITUAÇÃO ANTERIOR ferência de Assistência Social utilizado
frequentemente pelos grupos. Confor-
O Centro de Referência da Assistên- me FEDEGER:
cia Social (CRAS) Iguaçu do Núcleo
Regional Cajuru conta com uma uni-
o brincar é considerado uma atividade
dade de referência, o Centro da Juven-
universal, encontrada nos vários gru-
tude Iniciativa Jovem, espaço onde se
pos humanos em diferentes períodos
desenvolve o Serviço de Convivência e
históricos e estágios de desenvolvi-
Fortalecimento de Vínculos com ado-
lescentes entre a faixa etária de 12 e 17 mento econômico. O Brincar é funda-
anos. Conforme a Tipificação Nacional mental para a vida das crianças que vi-
de Serviços Socioassistenciais (2009) vem em vulnerabildiade e expostas ou
(é o “Serviço realizado em grupo, orga- protegidas de situações de risco social.
nizado a partir de percursos de modo a O brincar favorece a expressão de sen-
garantir aquisições progressivas aos seus timentos, revelam seu interior inter-
usuários, de acordo com o seu ciclo de pretam o mundo que o cerca, elaboram
vida, a fim de contemplar o trabalho so- situações desfavoráveis de sua vivên-
cial com famílias e prevenir a ocorrência cia, buscando soluções para torná-la
de situações de risco social.”) positivas. (2011).
53
Com esta atividade, visou oportunizar durex. No dado utilizamos uma caixa
o desenvolvimento da sociabilização, de papelão e colamos círculos pretos
do protagonismo juvenil, além de pro- em suas faces. Usamos para a aderên-
piciar a construção de valores e dire- cia muita cola e muito durex com tarja
cionar lideranças nos grupos. Através larga. Para a construção do Equilíbrio
das regras do jogo, da construção cole- ( 1 tabuleiro ondulado, 5 bolas brancas
tiva, de se sentirem protagonistas dessa e 6 pretas e 20 cartelas) usou-se sete
ação em disseminar o aprendizado em caixas para tabuleiro, as quais foram
outros grupos. preenchidas com vários tipos de pa-
peis: jornais, revistas, embalagens para
sustentar a base.
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA:
A prática iniciou no mês de junho de Depois as 11 bolas com o mesmo
2014 com dois encontros por semana procedimento das bolinhas do SPE-
(16 horas semanais) e com 35 adoles- CULATE ressaltando que apenas
centes que participaram da decisão que seis bolinhas foram escurecidas.
da proposta metodológica e assim de- Também foram confeccionadas atra-
finiu-se pela construção de dois jogos: vés de colagem de círculos 20 carte-
SPECULATE- contribui para socializa- las em papel craft.
ção, raciocínio e estratégias, e o EQUI-
LIBRIO – objetiva a criação de uma No mês seguinte, os brinquedos come-
espaço de escuta e acolhida no forta- çaram a ter forma. Todos os jogos pas-
lecimento do protagonismo. Para isso saram pela fase denominada “papetar”
houve um levantamento dos materiais - onde aconteceu o recorte de papéis e
necessários para a confecção dos jogos colagem nas caixas e bolas. Por último,
como a coleta de caixas de papelão, re- percebemos a necessidade de verniz
vistas e caixas de leite ou suco. Na me- para a durabilidade dos jogos. Com os
dida em que o material chegava, a cons- jogos prontos, teve início a prática com
trução prosseguia, sempre pensando a etapa da socialização e a apresentação
na praticidade e no aproveitamento do dos jogos em 8 grupos, sendo 7 do Ser-
material. Como eram dois jogos, cada viço de Convivência e Fortalecimento
grupo ficou responsável pela constru- de Vínculos do Núcleo regional do Ca-
ção de um. E como a construção se- juru (Centros de Referencia Assistên-
ria gigante contamos com a parceira cia Social ACRÓPOLE, UBERABA,
das educadoras do Centro Municipal YASMIN, UNIÃO FERROAVIARIA,
de Educação Infantil (CMEI) AUTO- CAJURU, IGUAÇU e Unidade de Aten-
DROMO que prontamente ensinaram dimento Autódromo) e um na Escola
técnicas de trabalho para construção Municipal Senador Enéas Farias, para
dos jogos em tamanho maior que o turma de quarto ano. Assim cada ado-
padrão. Conforme SPOSATI, Aldaíza lescente recebeu um informativo e au-
“Seu processo de trabalho tem centra- torização onde a família pudesse tomar
lidade relacional, e opera com escuta conhecimento dessa ação no Bairro.
qualificada, construção de referências, Nas exposições os adolescentes expli-
acolhida, convívio, relações familia- cavam a história dos jogos juntamente
res, relações sociais de âmbito coleti- com as regras para em seguida iniciar o
vo com abrangência territorial, opera jogo com o grupo. Cada jogo durava no
oferta de seguranças sociais”. Para o mínimo uma hora. Sempre participa-
tabuleiro do Speculate (1 tabuleiro, 33 vam dessa exposição até 7 adolescente
bolinhas e 1 dado) foram utilizadas 10 mais o educador – devido a limitação
caixas grandes abertas formando a base de passageiro no transporte, Kombi.
e sete caixas sobre o tabuleiros forman- Finalizando as exibições, os jogos fi-
do elementos em relevo. Em seguida caram no Centro da Juventude. Diante
a construção de 33 bolinhas, as quais deste fato surgiu a ideia de fazer uma
foram recortadas uma quantidade de doação, a instituição escolhida pelo
papeis, amassadas e envolvidas por grupo foi a ESCOLA MUNICIPAL SE-
54 CADERNO DE PRÁTICAS

NADOR ENEAS FARIAS. Para isso foi Foi um movimento que fortaleceu
feito uma mostra dos jogos a um peque- parcerias entre os grupos, a interse-
no grupo da escola, o qual se compro- torialidade, o trabalho em equipe, a
meteu a multiplicar o conhecimento valorização pelo outro, trocas de ex-
adquirido ao restante dos alunos. periências e novas amizades. Além do
avivamento do vínculo entre família,
Todo trabalho foi realizado com mate- comunidade, adolescente e Centro da
rial reciclado e por ser em tamanho gi- Juventude (Centro de Referência de
gante usou-se muita cola e fita adesiva, Assistência Social).
a falta desse material quase compro-
meteu o resultado final. Contamos com O grupo percebeu a existência de ou-
algumas doações e mobilizações de ser- tros grupos no seu território, bem como
vidores em busca deste material para
formas de trabalho nas diferentes fai-
a finalização dos jogos. Atualmente, o
xas etárias. A pertença de grupo, o des-
grupo continua com 35 adolescentes
pertar da criatividade, o desenvolvi-
desenvolvendo outros projetos, defi-
mento de potencialidades.
nindo-os em conjunto. A contribuição
do Speculate e do Equilíbrio sociabili-
zou condutas, fortaleceu vínculos e co- A baixa frequência que inicialmente era
municações entre eles e os instrutores pontuada foi substituída hoje pela assi-
bem como com a família e o Centro da duidade e compromisso.
Juventude, avigorou assim a assiduida-
de e a continuidade do grupo. Um ponto bem positivo foi a recepção
dos outros grupos e a condução dispo-
nibilizada nas datas agendadas.
RECURSOS UTILIZADOS:
• 10 litros Cola branca; A negatividade resume-se nas diver-
gências e limitações do ser humano e
• Papéis; que comparada à apreensão das viven-
cias realizadas torna-se quase que invi-
• Caixas de papelão; sível.

• Embalagens de leite ou/e suco; REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


• 20 rolos de fitas adesivas largas (cre- Não é algo que se pode mensurar, mas
pe); sim percebido com o dia-a-dia. Mas a
frequência de alguns comentários dos
• 1 lata de verniz; próprios adolescentes explica por eles
mesmos se houve ou não resultado po-
• 3 educadores sitivo: “Quando a gente vai de novo?”;
“Faltam quantos?”.“Acredito que saí-
• 1 técnico e 1 administrativo; mos para algo novo!”. A equipe do Cen-
tro de Referencia da Assistência Social
• Transporte e agendamento nos locais tornou tudo isso possível também. Ti-
para apresentação. vemos muitos aprendizados, e acredi-
tamos que vivenciar momentos como

RESULTADOS OBTIDOS este nos mostra que é possível com


pouco fazer muito e da união no traba-
Com o desenvolvimento das atividades lho ver novas conquistas. Aprender em
percebeu-se maior interesse, respeito en- conjunto a respeitar as diferenças in-
tre eles, a frequência aumentou e um re- ternas e externas, nos grupos e entre as
lacionamento que motiva novos projetos, pessoas, de forma sutil, apresentado no
a partilha do conhecimento, disponibili- lúdico do BRINCAR, a medida que nos
dade e repasse do saber adquirido. deixamos participar do jogo.
55
REFERÊNCIAS: SPOSATI, Aldaíza. Modelo brasileiro
de proteção social não contributiva:
Maleta da Oficina Pensar e Agir./ Brin- concepções fundantes. In: ______. Con-
quedoteca. cepção e gestão da proteção social não
contributiva no Brasil. Brasília: MDS/
FEDEGER, A.M. Professora do Depar- Unesco, 2009. p. 13 56.
tamento de Terapia Ocupacional da
UFPR. O brincar na Tipificação dos ______. Proteção e desproteção social na
serviços socioassistenciais. Texto ela- perspectiva dos direitos socioassisten-
borado para o Curso de Brinquedoteca ciais. In:
Comunitária, 2011.
CONFERÊNCIA NACIONAL DE
BRASIL, Ministério do Desenvolvi- ASSISTÊNCIA SOCIAL, 7., Brasília,
mento Social e Combate à Fome. Tipi- CNAS, 2007.
ficação Nacional de Serviços Socioas-
sistenciais. Brasília, DF. 2009

Construção e apresentações.
56 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Serviço De Convivência


e Fortalecimento De Vínculos –
Grupo Corações de Ouro
O objetivo EQUIPAMENTO: CRAS ARROIO proporcionar um espaço adequado para
dessa prática o desenvolvimento de atividades e refle-
é fortalecer xões, promovendo o acesso desses indi-
DATA DE INÍCIO: 15/08/2014 víduos ao conhecimento, interação com
os laços das
outras crianças, tempo para brincar e
crianças com RELATOR: ROBERTA KONFIDERA desenvolver suas aptidões e criatividade.
seus pais,
familiares e com LAZAROTTO DE OLIVEIRA
a comunidade em DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
que vivem. Esse PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS:
As atividades iniciaram em agosto, no
serviço busca JOSÉ RONALDO AVELLAR JUNIOR espaço do CRAS Arroio, e a equipe res-
proporcionar
um espaço (EDUCADOR SOCIAL), SANDRA ponsável é composta por dois educado-
res sociais, uma instrutora brinquedista
adequado para o SOARES DA SILVA (EDUCADORA semanal e uma assistente social. O grupo
desenvolvimento SOCIAL), ROBERTA K. L. DE OLIVEIRA de crianças tem dezesseis integrantes, e o
de atividades que limita esse número é o fato de nos-
e reflexões, (ASSISTENTE SOCIAL), BEATRIZ OSIK so espaço físico ser bastante reduzido.
promovendo o (INSTRUTORA BRINQUEDISTA). Os encontros são semanais, ocorrem no
acesso desses período da tarde, às terças e sextas fei-
indivíduos ao ras. A duração dos encontros é de três
conhecimento, horas. As atividades são planejadas em
interação SITUAÇÃO ANTERIOR equipe semanalmente, e cada encontro
com outras tem a participação dos educadores e da
crianças, tempo Após diagnóstico social no território do brinquedista, na condução das atividade
para brincar Centro de Referencia CRAS Arroio, foi alternadamente. Cada mês tem ativida-
e desenvolver possível detectar a necessidade de um des focadas em determinado tema, pre-
suas aptidões e serviço direcionado às crianças, pre- viamente escolhido pelas crianças e pela
sentes em grande número na região, das equipe. As atividades são variadas, evi-
criatividade.
quais muitas têm somente meio período tando a repetição e a monotonia. Temos
de aula, ficando ociosas o restante do dia. procurado absorver as demandas que
Dessa situação decorrem diversas de- surgem a cada encontro, e as situações
mandas, pois as crianças ficam expostas a que emergem, são repassadas à técnica
riscos, e situações que as vulnerabilizam. de referência para visita domiciliar e ou-
Diante desse contexto social, a equipe op- tras providências. Muitas expressões da
tou pelo início do serviço de convivência cultura popular são trazidas pelas crian-
e fortalecimento de vínculos para crian- ças e valorizadas pela equipe, buscando
ças de seis a dez anos. O objetivo dessa promover a troca de vivências focadas na
prática é fortalecer os laços das crianças realidade das famílias do território. Reali-
com seus pais, familiares e com a comu- zamos em outubro, ensaios com músicas
nidade em que vivem. Esse serviço busca populares sugeridas pelas crianças, para
57
apresentação no SCFV das idosas, com o contato com os responsáveis e na ava-
tema: câncer de mama. liação após cada encontro, que o ser-
viço está tendo êxito. A frequência das
Durante a reunião com os pais as crian- crianças, com raras faltas, sugere que o
ças também fizeram sua apresentação, SCFV está atendendo suas expectati-
continuando a campanha de enfren- vas ou ao menos tem sido um ambiente
tamento ao câncer de mama e prósta- que agrega algo às suas vidas. O SCFV
ta. Realizamos visita à casa da leitura, tem ajudado a manter as crianças longe
incentivando o contato com o livro, das ruas nos dias de atividade. Temos
para os que ainda não sabem ler ou não incentivado as crianças a frequentarem
tem esse hábito. Tivemos a semana do regularmente às aulas, tendo suas fa-
Folclore, ressaltando a importância da mílias em constante acompanhamento
cultura brasileira e suas riquezas cultu- pela equipe, visando a concretizar o pa-
rais. Projetamos um filme que aborda- pel do CRAS no território, que é basi-
va essa temática, realizamos atividades camente permitir o acesso das famílias
de pintura em figuras relacionadas ao aos seus direitos e assegurar a proteção
tema. Outra atividade interessante foi social básica a esses cidadãos.
a apresentação de brincadeiras antigas
em contraste com as atuais. Destaca-
mos a construção de brinquedos an-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
tigos, como o biboquê, dialogando so- Com os recursos que temos, procura-
bre as brincadeiras que os pais faziam mos exercer nossa criatividade e ex-
na infância. Na tarde do videogame, periências pessoais anteriores. A troca
trouxemos videogames modernos para entre nossa equipe, ao planejar cada
que as crianças que não conheciam pu- ação tem sido de grande valor, já que
dessem experimentar uma brincadeira cada um de nós tem talentos variados.
moderna. A festa do dia das crianças Ex: nosso educador estuda Direito e é
teve o tema Festa Tropical, e propor- educador físico, nossa educadora tem
cionou às crianças sucos, salada de fru- muita experiência em costura e deco-
tas, espetinhos e ponche. Foi uma tarde ração, nossa brinquedista torna o brin-
colorida e saudável. car algo presente e prazeroso às crian-
ças, a assistente social já foi educadora
Essas são algumas das práticas realiza- e trabalhou com SCFV de crianças e
das, com significativa aceitação e inte- adolescentes). Com toda essa bagagem,
ração das crianças. unida ao desejo de construir um servi-
ço atrativo e eficiente, temos planejado
RECURSOS UTILIZADOS uma série de atividades, passeios e in-
tervenções.
A equipe trouxe muitos materiais, como
videogames e notebook, adquirimos al-
guns doces para viabilizar esse vínculo
REFERÊNCIAS
com as crianças, tornando esse servi- Orientações técnicas sobre o SCFV de
ço mais atrativo para o público a que crianças e adolescentes de 06 à 15 anos.
é dirigido. Utilizamos o espaço físico Brasília , 2010
do CRAS, bem como materiais de uso
diário desse equipamento. Os lanches Estatuto da criança e do adolescente.
também são fornecidos pelo CRAS. Brasília, 1990
Para pesquisa e planejamento, consul-
tamos a internet, e os documentos que Tipificação Nacional dos Serviços So-
o Governo Federal disponibiliza. cioassistenciais. Brasília, 2009

RESULTADOS OBTIDOS Protocolo de Gestão dos CRAS. Curiti-


ba, 2012
Nesse período de aproximadamente
três meses foi possível observar, após o
58 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Mobilização Para o


Mundo do Trabalho – Um Novo
Olhar no Encaminhamento
de Jovens em Situação de
Vulnerabilidade Social
Um olhar EQUIPAMENTO: CRAS SÃO JOSÉ DO dos, sendo difícil saber o que é causa ou
diferente para a conseqüência. Assim, um programa que
mesma realidade PASSAÚNA tenha como objetivo ocupar o tempo
pode ser o início ocioso destas crianças e adolescentes
dessa mudança. DATA DE INÍCIO: 10/03/2014 poderá quebrar uma cadeia negativa de
atitudes e comportamentos, iniciando o
RELATOR: DENISE BARONI resgate da auto-estima e o conseqüente
envolvimento com padrões produtivos
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: de inserção na comunidade... (Extraído
da Pesquisa do CVA- Centro Volvo Am-
DENISE BARONI / MARCIA REGINA AN- biental – Mapa Social da Vila São José
ZOLIN/ PAULA DE CARVALHO SOUZA. do Passaúna – 2005)

A região onde está situado o Cras São


José do Passaúna, divisa com o muni-

SITUAÇÃO ANTERIOR cípio de Campo Largo, no CIC, tem a


maior parte de sua população formada
...tanto os moradores quanto os pro- por jovens e crianças (Censo 2010). O
fessores apontam que existe um gran- trabalho desenvolvido junto aos Ser-
de número de crianças e adolescentes viços de Convivência e Fortalecimen-
nas ruas da Vila São José. Outra situ- to de Vínculos (SCFV), desde o início
ação observada é a falta de atividades de 2013 forneceu subsídios para que
de cultura, lazer e esportes para este entendêssemos a necessidade e dese-
mesmo público. Neste quadro pode-se jo do jovem em ingressar no mercado
acrescentar ainda o índice de vandalis- de trabalho. Como preconiza o ECA e
mo apontado como problema. O vanda- as Leis Trabalhistas vigentes, caracte-
lismo e a depredação na comunidade rizando como trabalho infantil aquele
devem ser alvos de ações imediatas e exercido por menores de 16 anos, essa
efetivas, pois além dos prejuízos ma- população tem como alternativa par-
teriais, também colabora para a forma- ticipar do programa de Aprendizagem,
ção de gangues, uso e tráfico de drogas, formalizando assim sua participação
prostituição ou casos de violência. Em no mercado de trabalho formal. (Lei
geral estes fatos estão fortemente liga- 10.097/2000).
59
Porém, a oferta de vagas para o Progra- por escrito, utilizando-se formulário
ma Adolescente Aprendiz não conse- específico, elaborado por este equi-
gue atender a grande demanda existen- pamento. Desta forma, deu-se início a
te, criando uma extensa lista de espera uma parceria que viria a fortalecer-se,
dos jovens inscritos nos CRAS. O pro- conforme a demanda foi aumentando.
blema agravou-se no momento em Em três meses, 15 jovens foram en-
que se percebeu que a vulnerabilidade caminhados e estavam fazendo parte
desses jovens vinha sendo aumentada do Programa de Aprendizagem dessa
pela presença e assédio de traficantes instituição. Concomitantemente, fo-
de drogas da região. Por este motivo, ram feitos contatos com a Gerar, ABC
fez-se necessário firmar parcerias com Vida, Elo Apoio Social e UNILEHU,
instituições reconhecidas e idôneas, todas instituições reconhecidas e ex-
desenvolvendo procedimentos espe- perientes na formação de aprendizes.
ciais e personalizados para cada enca- As orientações recebidas foram para
minhamento. encaminhamento da demanda, de ma-
neira informal, fornecendo contatos e
endereços para busca espontânea. As ex-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA periências obtidas foram-nos mostrando
A primeira questão observada foi o a importância do acompanhamento des-
interesse dos jovens participantes do ses jovens ao longo de todo o processo,
SCFV Projovem, em 2013, no ingresso fazendo-nos criar instrumentos de con-
ao mercado de trabalho formal. Orien- trole desse acompanhamento. Contatos
tados pelas listagens de famílias ca- pessoais e visitas a essas instituições
dastradas na base do Cadastro Único, também se mostraram necessárias.
público prioritário das ações do SUAS,
quando da formação do grupo Projo- Conforme as parcerias avançaram e as
vem em 2013, fez-se busca ativa desses experiências se mostraram positivas,
jovens, convidando seus responsáveis o público interessado aumentou con-
para uma reunião informativa e de ca- sideravelmente, tornando esses enca-
dastro. Esses jovens que deram início minhamentos e acompanhamentos um
ao grupo trouxeram outros, que vieram dos serviços mais procurados neste
em busca de oportunidades no merca- equipamento social. Formas de melho-
do de trabalho, mostrando que as ações ria e construção de novas estratégias
sócio-educativas desenvolvidas para para a preparação desses jovens na
esse público deveriam priorizar a in- busca por uma vaga no mercado de tra-
clusão produtiva. balho formal foram sendo construídas,
como a participação de 50 jovens em 4
Com base nessa constatação, a primei- cursos de DHC – Desenvolvimento de
ra estratégia desenvolvida foi utilizar o Habilidade e Competências, aplicado
pré-conhecimento dos servidores en- em parceria com o Liceu de Ofícios e
volvidos na prática, complementados uma das ONGs parceiras, e a criação de
por meio de informações obtidas na 3 turmas no curso de Informática do
internet a respeito das instituições que CVA- Centro Volvo Ambiental, especí-
ofereciam o curso para jovem aprendiz ficos para o preparo desses jovens.
em Curitiba. Em seguida, fez-se conta-
to com as mesmas para saber detalhes Consideramos para a descrição desta
do recrutamento desses jovens em cin- prática, o período de abril/2013 a outu-
co ONGs. Uma delas, o ESPRO- Ensino bro/2014. (18 meses).
Social Profissionalizante, demonstrou
interesse na construção de parceria,
por entender que CRAS São José do
RECURSOS UTILIZADOS
Passaúna poderia encaminhar o públi- Foram criados diversos instrumentos
co que atendesse aos critérios da insti- para acompanhamento dos jovens candi-
tuição (vulnerabilidade social). Ficou datos às vagas, tais como planilhas, proto-
acertado que o encaminhamento seria colos, cartas de encaminhamentos diver-
60 CADERNO DE PRÁTICAS

sos, formulários de cadastro e a avaliação


específica de cada caso. Adequamo-nos
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
aos procedimentos de cada instituição, O estudo da questão social tem mostra-
utilizando os recursos específicos indica- do que o trabalho foi e continua sendo
dos a cada caso, em particular. Especifi- o elemento principal de mudança na
camente nos cursos de DHC e palestras realidade das pessoas em situação de
informativas, foram usados equipamen- vulnerabilidade social. As mudanças
tos audiovisuais e materiais de expediente observadas nas comunidades onde há
de uso rotineiro. Pesquisa do CVA- Centro um empenho efetivo dos atores envol-
Volvo Ambiental – Mapa Social da Vila vidos com essa questão são visíveis no
São José do Passaúna - 2005 - que concerne a uma nova visão de vida.
Um olhar diferente para a mesma reali-
RESULTADOS OBTIDOS dade pode ser o início dessa mudança.

No período observado desta prática, O fortalecimento e o trabalho em rede


obtivemos os seguintes resultados: no acompanhamento dos encaminha-
mentos às oportunidades de capacita-
• 215 jovens encaminhados para cursos ção e qualificação profissional refle-
de preparação de aprendizes e de quali- tem-se na efetividade desses esforços
ficação profissional; sendo concretizados numa menor ro-
tatividade das vagas de trabalho, bem
• Cerca de 60 jovens concluíram ou es- como na sua ociosidade.
tão em vias de concluir o curso nas ins-
tituições de aprendizes parceiras; A maior dificuldade encontrada é a
pouca quantidade de vagas existentes
• 35 jovens encontram-se inseridos no nas empresas, para a contratação de
mercado de trabalho formal, com sua aprendizes, na contramão das exigên-
trajetória profissional sendo acompa- cias da Lei 10097/2000, que prevê um
nhada por esta equipe; mínimo de 5% de aprendizes em cada
empresa de médio e grande porte. A
• 19 jovens estão participando do curso experiência descrita tem mostrado a
de informática CVA, visando a prepara- necessidade cada vez maior desse tra-
ção para o Programa de Aprendizagem, balho em rede, bem como a capacitação
sendo que 10 jovens concluíram o cur- dos servidores atuantes na área social,
so em junho de 2014 e encontram-se já nas questões relativas ao mundo do tra-
inseridos nesses programas; balho. O conhecimento, aliado a par-
ticipação em eventos que envolvem o
• 50 jovens concluíram o curso de tema fornecem subsídios para o forta-
DHC específico para o Programa de lecimento e ampliação das oportunida-
Aprendizagem, com certificação do des a serem oferecidas ao público alvo
Liceu de Ofícios; da assistência social. O envolvimento
de todos os servidores na melhoria do
• 8 jovens retomaram ou pretendem atendimento e encaminhamento à qua-
retomar seus estudos, visando a inser- lificação profissional deve ser tema de
ção nas vagas de aprendizes; capacitações futuras. Reconhecer a
importância da existência de ao menos
Um dos resultados mais importantes, ob- um profissional habilitado e envolvi-
tidos com esta prática e que não conse- do com a mobilização para o mundo
guimos mensurar quantitativamente, foi do trabalho, em cada equipamento da
a quebra de paradigmas na visão desses assistência deve ser uma prioridade do
jovens em relação às suas perspectivas de planejamento para os próximos anos.
futuro, refletindo consequentemente, na
esperança de mudança social das famílias Para planejamentos futuros, deve-se
em que estão inseridos e da comunidade pensar na aplicação desta e outras prá-
como um todo. ticas semelhantes, sabidamente exis-
61
tentes em outros equipamentos desta e
outras Regionais, na construção de um
protocolo de atuação geral para toda
a rede assistencial do município. Um
dado importante observado ao longo
de todo o processo foi a importância
do registro e contabilização das infor-
mações obtidas com os atendimentos
e encaminhamentos. Por se tratar de
tarefas que envolvem toda uma equipe,
sendo impossível centralizar toda a de-
manda em apenas um servidor, o con-
trole total desses registros mostrou-se
impraticável, na forma como foi ini-
ciado. Diversos ajustes foram sendo
feitos, novos instrumentos foram sen-
do criados, no sentido de organizar as
informações obtidas com essa prática.
Identificou-se que o processo deve ser
dinâmico e necessita do apoio de toda a
equipe envolvida na prática.

REFERÊNCIAS:
Manual de Implementação do Progra-
ma Adolescente Aprendiz : vida profis-
sional : começando direito.

2a edição / Conselho Nacional do Mi-


nistério Público. - Brasília : CNMP,
2013.

CRAS São José do Passaúna. Pesquisa


e Diagnóstico do território. Curitiba,
2014.

LEI No 10.097, DE 19 DE DEZEMBRO


DE 2000. Disponível em http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l10097.
htm
62 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Acompanhamento
Técnico Sistemático ao
Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos para
Crianças e Adolescentes de
6 a 17 Anos Executado por
Entidade Conveniada
Entre os EQUIPAMENTO: FAS/ NÚCLEO REGIO- Programa Integral à Família (PAIF) e
desafios está prevenir a ocorrência de situações de
trabalhar a NAL DO PORTÃO – CRAS GUAÍRA E risco social.
relação de CRAS PAROLIN
De acordo com a Tipificação Nacional
parceria com
dos Serviços Socioassistenciais (Resolu-
o máximo DATA DE INÍCIO: FEVEREIRO 2014 ção CNAS n° 109/2009) o SCFV tem ca-
de respeito ráter preventivo, proativo, está pautado
à história, a RELATOR: LUCIANE HAMMERSCHMIDT na defesa e afirmação dos direitos e no
cultura e a desenvolvimento de capacidades e po-
filosofia da PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: tencialidades, com vistas ao alcance de
Entidade alternativas emancipatórias para o en-
na busca de COORDENADORES, EDUCADORES E frentamento da vulnerabilidade social. A
flexibilizar TÉCNICO DOS CRAS GUAÍRA E PARO- participação de crianças e adolescentes
alguns modos LIN, COORDENADOR E EDUCADORES
no SCFV ou em outras atividades socio-
estabelecidos educativas da rede é considerada estra-
de trabalho os DE ENTIDADE CONVENIADA tégia fundamental para a interrupção do
quais, por vezes, trabalho infantil e para a oferta de novas
atravessam e oportunidades de desenvolvimento às
crianças/adolescentes.
se contrapõem
às adequações SITUAÇÃO ANTERIOR A Política Nacional de Assistência So-
necessárias. O Serviço de Convivência Fortaleci- cial (PNAS 2004) prevê a execução dos
mento de Vínculos (SCFV) é um servi- serviços de Proteção Social Básica de
ço ofertado pela Proteção Social Básica forma direta nos Centros de Referên-
(PSB) e visa complementar as ações do cia de Assistência Social (CRAS) e em
63
outras unidades básicas e públicas de O Reordenamento do Serviço de Con-
assistência social, bem como de forma vivência e Fortalecimento de Víncu-
indireta nas entidades e organizações los, no âmbito do Sistema Único da
de assistência social da área de abran- Assistência Social (SUAS), proposto a
gência dos CRAS. partir do ano de 2013, visou equalizar
a oferta do SCFV, unificar a lógica de
No município de Curitiba, os CRAS cofinanciamento e estimular a inserção
estão localizados em nove Núcleos Re- do público identificado nas situações
gionais. O Núcleo Regional Portão con- prioritárias conforme disposto na Re-
ta com quatro Centros de Referência de solução CIT n° 01, de 07 de fevereiro de
Assistência Social, entre eles o CRAS 2013. Implicou na adoção de novos pa-
Guaíra e o CRAS Parolin. Parte da área râmetros para cofinanciamento federal
territorial referenciada ao CRAS Guaí- e oferta do serviço. Previu a adequação
ra faz divisa com a área territorial refe- e a qualificação da oferta.
renciada ao CRAS Parolin. O território
do Parolin, a área de divisa territorial Com vistas à organização, planejamen-
mencionada e outras duas áreas refe- to, adequação e qualificação da oferta
renciadas ao CRAS Guaíra, têm perfil do SCFV para crianças e adolescentes,
acentuado de exposição a vulnerabili- conforme previsto no Reordenamen-
dades e riscos sociais e apresentam alta to e considerando o número elevado
demanda para o encaminhamento de de metas estabelecidas no convênio
crianças e adolescentes ao SCFV. com atendimento ao público de ambos
os territórios, optou-se pelo acompa-
A execução do SCFV para crianças e nhamento conjunto à Entidade pelos
adolescentes de 06 a 17 anos nos terri- CRAS Guaíra e Parolin.
tórios de referência dos CRAS Guaíra e
Parolin acontece de forma indireta. É
realizada por uma entidade de assistên-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
cia social localizada na área de abran- Preliminar ao contato com a Entidade
gência do CRAS Guaíra e conveniada a para a efetivação da proposta de acom-
Fundação de Ação Social (FAS). Trata- panhamento técnico do SCFV conforme
se de entidade civil, da ordem dos Sale- as adequações previstas pelo Reordena-
sianos de Dom Bosco, sem fins lucrati- mento, foram realizadas reuniões com os
vos e com fins filantrópicos, culturais, profissionais integrantes dos serviços de
beneficentes e de assistência social Proteção Social Básica do Núcleo Regio-
voltada à infância e a juventude. Possui nal Portão (NRPO), com fins de estabe-
duas unidades de atendimento, sendo lecimento de um plano de providências.
uma delas voltada para a execução do Participou a Gerente de Proteção Social
serviço para crianças de 06 a 12 anos Básica/NRPO, os técnicos da Equipe
e a outra unidade voltada para a exe- de Apoio as Entidades Sociais/NRPO, a
cução do serviço para adolescentes de Coordenação do CRAS Guaíra, a coorde-
12 a 17 anos. Apesar de estas unidades nação e a técnica de referência do SCFV
estarem localizadas na área de abran- do CRAS Parolin. Nas ocasiões foram
gência do CRAS Guaíra, elas atendem a repassados e discutidos os documentos
uma demanda relativamente equipara- de convênio da Entidade, o documen-
da dos públicos referenciados ao CRAS to Passo a Passo para o Reordenamento
Guaíra e ao CRAS Parolin. do SCFV, assim como planejado a orga-
nização dos fluxos de acompanhamento
Salienta-se que o convênio da Entida- (inclusões, desvinculações, controle de
de com a FAS para execução do SCFV participação mensal/freqüência, faltas e
a crianças e adolescentes de 06 a 17 desistências, acompanhamento familiar)
anos é anterior ao trabalho aqui des- e o cronograma de visitas.
crito, porém a sua execução, em uma
das unidades, foi para o Programa A primeira reunião realizada com a En-
Projovem Adolescente. tidade para tratar sobre a proposta de
64 CADERNO DE PRÁTICAS

acompanhamento técnico ocorreu no exclusivamente para o CRAS Guaíra


mês de março/2014 nas dependências com fins a arquivo. Nos casos de faltas
do CRAS Guaíra e contou com a parti- consecutivas, irregularidade na parti-
cipação da Coordenação da Entidade, cipação e/ou desistências a Entidade
da gerente de Proteção Social Básica/ informa por meio eletrônico aos CRAS
NRPO, da coordenação do CRAS Gua- para que estes possam realizar traba-
íra e da técnica de referência do SCFV lho de acompanhamento preventivo
do CRAS Parolin. Estiveram em pauta de desistências e/ou intervenção para
os fluxos de acompanhamento e o esta- retorno ao serviço. Em casos em que
belecimento de um cronograma de vi- a desistência se efetiva, são realizadas
sitas. Salienta-se que o Reordenamento orientações visando à prevenção de
já havia sido tratado com as Entidades possíveis situações de violação de di-
conveniadas localizadas na regional reitos e o encaminhamento da criança
Portão em reunião prévia organiza- ou adolescente para outros programas,
da pela Supervisão e pela Gerência de projetos ou serviços.
PSB/NRPO.
O cronograma de acompanhamento
No que se refere aos fluxos de inclu- técnico foi elaborado para vigorar ini-
sões, ficou estabelecido a utilização cialmente no primeiro semestre do ano
do formulário de encaminhamento e de 2014. Contemplou visitas técnicas
contrarreferência para referenciamen- quinzenais, participação técnica men-
to da criança ou adolescente ao SCFV sal nas reuniões de equipe da Entidade,
conveniado. Quando a família é identi- participação nas reuniões trimestrais
ficada pelo Programa de Atendimento com as famílias e visitas quinzenais das
Integral à Família (PAIF) ou procura o educadoras de referência do SCFV. A
CRAS de referência para inclusão da articulação entre os CRAS Guaíra e Pa-
criança ou adolescente no serviço, seja rolin no trabalho de acompanhamento
por demanda espontânea, seja encami- técnico à Entidade se evidenciou prin-
nhada por outros serviços (p.ex. Prote- cipalmente na execução das atividades
ção Social Especial, Conselho Tutelar), previstas neste cronograma.
ou pela própria Entidade (por escrito
em formulário próprio), primeiramen- A participação mensal da equipe téc-
te é verificado a sua situação cadastral/ nica dos CRAS nas reuniões de equi-
Cadastro Único e posteriormente rea- pe da Entidade teve como proposta
lizado entrevista para avaliação técni- abordar temas relativos à Assistência
ca de inclusão no serviço. Decorrente Social e ao SCFV. Foram realizadas
desta, a família recebe o formulário de apresentações e discussões sobre os
encaminhamento e contrarreferência, temas: Lei Orgânica da Assistência
o qual referencia a criança/adolescente Social (LOAS), Política Nacional da
ao serviço e específica a situação prio- Assistência Social (PNAS), Sistema
ritária ou não da família conforme Re- Único de Assistência Social (SUAS),
solução 001/2013. Para desvinculação Tipificação Nacional dos Serviços So-
do serviço também é necessário que a cioassistenciais, Protocolo de CRAS/
família passe por entrevista de avalia- Fundação de Ação Social de Curitiba,
ção técnica. Documento Orientador Padrões de
Qualidade do Serviço de Convivên-
O acompanhamento da participação/ cia e Fortalecimento de Vínculos para
frequência nas atividades é feito atra- crianças e adolescentes de 6 a 17 anos
vés do formulário de controle de fre- e Prevenção de Violência e exploração
quência que deve ser encaminhado ao sexual de crianças e adolescentes.
final de cada mês aos CRAS e para a
Equipe de Apoio as Entidades Sociais/ Adequações no cronograma ocorreram
NRPO. Este envio de informações se durante a prática, sendo a primeira em
dá por meio eletrônico (com vistas à relação às visitas técnicas. Planejadas
agilidade do repasse) e, por meio físico para ocorrer quinzenalmente (cada
65
quinzena em uma das unidades) pas- eficácia dos fluxos de trabalho, alinha-
saram para a freqüência mensal (uma mento de visão em relação às Políticas
única reunião no mês para tratar de as- Públicas de Assistência Social e a ofer-
suntos sobre ambas as unidades). Esta ta de serviços socioassistenciais. Hou-
adequação ocorreu visando otimizar o ve ainda uma maior compreensão do
tempo, pois a mesma coordenação da papel de cada equipe para a execução
Entidade responde por ambas as uni- do serviço, além da ampliação do co-
dades do serviço. Os assuntos aborda- nhecimento sobre as famílias, dissemi-
dos nas visitas técnicas relacionaram- nação e esclarecimento sobre a relação
se ao alinhamento dos fluxos, questões de parceria dos CRAS com a Entidade
referentes às crianças e aos adolescen- e posicionamento alinhado dos equipa-
tes que inseridos no serviço, além de mentos para com as famílias.
observações realizadas pelas educado-
ras dos CRAS nas visitas de acompa- Por outro lado, o acompanhamento
nhamento das atividades. trouxe a tona dificuldades enfrentadas
tanto nas equipes dos CRAS quanto
A descrição desta prática contemplou nas equipes da Entidade. As equipes
o acompanhamento técnico à entida- reduzidas dos CRAS, principalmente
de conveniada no período do primei- na do CRAS Guaíra - equipamento ao
ro semestre do ano de 2014, período qual a Entidade está referenciada em
este, marcado pelo inicio de uma nova função da localização territorial - em
forma de planejar e trabalhar o SCFV. muitos momentos dificultou o trabalho
Vale ressaltar que esta prática perma- de acompanhamento tanto à Entidade
nece acontecendo com a perspectiva quanto as famílias. A Entidade tam-
de continuação do trabalho de adequa- bém apresentou dificuldades relativas
ção e qualificação do serviço conforme a recursos humanos principalmente
previsto no Reordenamento. em uma das suas unidades. Em relação
aos fluxos de trabalho estabelecidos as
RECURSOS UTILIZADOS dificuldades que surgiram foram sendo
ajustadas durante o processo.
Recursos humanos, recursos materiais
(computador, data show, recursos de
expediente, formulários de acompa-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
nhamento, carro) A prática de acompanhamento sistema-
tizado à Entidade executora do SCFV
RESULTADOS OBTIDOS mostrou-se fundamental para a quali-
ficação do serviço. A aproximação dos
Os resultados obtidos na primeira eta- equipamentos e a aproximação dos pro-
pa de acompanhamento foram: a iden- fissionais envolvidos no trabalho, tanto
tificação e a inserção no serviço de daqueles que atuam diretamente nas
crianças e adolescentes com perfil do atividades socioeducativas, quanto dos
público nas situações prioritárias (con- profissionais responsáveis pelo o acom-
forme disposto na Resolução CIT n° 01, panhamento familiar e pelo acompa-
de 07 de fevereiro de 2013), a inclusão nhamento e monitoramento à Entidade,
destas famílias em acompanhamento, o refletiu-se em aprimoramento da visão
planejamento, a organização, a adequa- sobre a Política de Assistência Social, so-
ção e a qualificação da oferta do SCFV bre os serviços de Proteção Social Básica
conforme previsto no Reordenamento. - em específico o SCFV - aprimoramento
do papel dos equipamentos na execução
Em termos qualitativos houve uma do serviço, na qualificação do serviço e
aproximação entre os CRAS Guaíra e na qualidade na relação dos equipamen-
Parolin e entre ambos os CRAS e a En- tos com as famílias.
tidade. Observou uma maior interação
entre as equipes, a melhoria na quali- Entre os desafios está trabalhar a rela-
dade das comunicações, eficiência e ção de parceria com o máximo de res-
66 CADERNO DE PRÁTICAS

peito à história, a cultura e a filosofia


da Entidade na busca de flexibilizar
alguns modos estabelecidos de traba-
lho os quais, por vezes, atravessam e se
contrapõem às adequações necessárias.

REFERÊNCIAS
Documento Orientador Padrões de
Qualidade do Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos de 06 a
17 anos.

Lei Orgânica da Assistência Social


(LOAS) - LEI Nº 8.742, DE 7 DE DE-
ZEMBRO DE 1993.

Política Nacional de Assistência Social


– PNAS 2004.

Protocolo de Gestão dos CRAS de Curi-


tiba/Fundação de Ação Social; coord
de Érika Haruno Hayashida. _ Curitiba:
FAS, 2012.

Reordenamento do Serviço de Convi-


vência e Fortalecimento de Vínculos
– Passo a Passo, Brasília, abril de 2013.

RESOLUÇÃO Nº 01, DE 21 DE FEVE-


REIRO DE 2013.

Tipificação Nacional dos Serviços So-


cioassistencias – Resolução n. 109 de
25 de novembro de 2009.

FAS – Fundação de Ação Social de


Curitiba www.fas.curitiba.pr.gov.br
67

TÍTULO: Construindo Saberes

EQUIPAMENTO: CRAS JARDIM como fez seus direitos valerem e agre- Proporcionar
gar ou modificar a valoração que pode vivências
GABINETO fazer de si mesmo e do mundo que es- em que se
tão inseridos. O que visa a ser traba-
permitam o
DATA DE INÍCIO: 02 DE JANEIRO DE lhado nesse projeto é apresentar a este
reconhecimento
grupo outros conceitos de forte e fraco,
2014 certo e errado, justo e injusto, verdade
do valor pessoal
e mentira, dentro de seu conceito origi- e do outro.
RELATOR: GIOVANNA SIMONE STRU- nal, adequando e respeitando a forma Nosso principal
de agir e pensar, sempre num processo aprendizado é
CK GUAREZI BILHERBECK vencer nossas
de acolhimento, entendimento e então
esclarecimento. O problema central próprias
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: identificado para ser trabalhado foi muralhas, sair
SUELI LORENZOM (COORDENADO- à inversão ou até mesmo carência de de nossa zona
RA), GIOVANNA SIMONE STRUCK
valores singulares pensados de forma de conforto,
crítica pelo sujeito. O que se percebeu remover os
GUAREZI BILHERBECK (PSICÓLO- foi uma influência direta da mass mé- empecilhos que
dia, ou seja, dos meios de comunicação
GA),ANA LUCIA CARDOSO (EDUCADO- colocamos pelo
de massa (rádio, televisão, imprensa,
nosso medo de
RA SOCIAL), INDIANARA ANDRADE internet, etc.) que são percebidos por
tentar.
muitos como valores reais e únicos.
(EDUCADORA SOCIAL)
Esse projeto teve como objetivo geral
OTIMIZAR os serviços de Convivên-
cia e Fortalecimento de Vínculos entre
SITUAÇÃO ANTERIOR adolescentes de 12 a 17 anos residentes
na área de abrangência do Cras Jar-
Na área de abrangência do CRAS (Cen- dim Gabineto. Pretendeu-se adequar a
tro de Referência da Assistência So- PNAS (Política Nacional de Assistên-
cial) a vulnerabilidade entre o grupo cia Social) operacionalizada através
de crianças e adolescentes com idade do SUAS (2005) ao nicho específico
entre 12 e 17 anos é percebida em seu conforme necessidades mais iminentes
julgamento de valor, do que conside- para uma efetiva política de promoção
ram bom para si, a forma como encon- à vida. Visou-se afastar as vulnerabili-
tram de serem vistos e conquistarem dades de uma condição absorvida pela
seu espaço na sociedade; muitos se en- comunidade de que foram negados a
contram focados em conceitos propos- eles autonomia e responsabilidade e,
tos pela psicologia social de (maiorias e como resultado, a falta de confiança e
minorias) que não necessariamente evi- a certeza que não são reconhecidos por
denciam quantitativamente, mas entre outros grupos e nunca serão restando-
dominantes e dominados. Embora se- lhes somente a violência e a omissão. O
jam esses os valores que essa comuni- trabalho buscou evidenciar as poten-
dade por vezes se fez ouvir, da forma cialidades e colocar esse cidadão como
68 CADERNO DE PRÁTICAS

autor e executor de seu projeto de vida, despertar os atores políticos capazes de


sendo ele mesmo o protagonista. inovar sempre. Proporcionar uma lei-
tura crítica da realidade na formação
Especificamente, procurou-se substi- do sujeito social emancipado, a fim de
tuir os processos sob o mecanismo de significar ou ressignificar sua vida.
repetição pelos de elaboração, visando
diminuir o enfoque sob a violência ex-
perimentada em muitas situações, que
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
possibilitava ser encarada como certa, Propor um projeto de pesquisa levando
forte e dominante para que a conduta em conta a territorialidade, os recur-
de elaboração e superação deixasse de sos e a equipe envolvida e tendo como
ser encarada como fraca, errada e do- meta os objetivos propostos é funda-
minada; visou-se um olhar integrado e mental para o sucesso da prática. Para
holístico dentro de uma mesma situa- isso, construímos uma base teórica de
ção procurando acrescentar outros va- formulação própria com embasamento
lores para que eles mesmos pudessem nas teorias psicossocial, planejado con-
fazer suas escolhas pautadas em um co- forme a demanda percebida no territó-
nhecimento mais abrangente, que suas rio específico, sob um enfoque reflexi-
escolhas fossem mais conscientes pos- vo, que permita sempre adequações.
síveis; buscou-se o fortalecimento das
crianças e adolescentes como sujeitos Utilizamos listagens atualizadas do Ca-
de direitos mas também de deveres, dastro Único, reconhecimento de Situ-
promovendo a autonomia e a cidada- ações Prioritárias nas famílias atendi-
nia, garantindo seus direitos sociais, e das e acompanhadas.
princípios como impessoalidade, uni-
versalidade e racionalidade, formando Visitas domiciliares tiveram um papel
o sujeito cidadão, focado sempre na CHAVE para o levantamento das deman-
emancipação social. Não buscando im- das e para a composição do SCFV, com
por qualquer verdade, mas visando a base na MOBILIZAÇÃO SISTÊMICA,
potencialização de cada um, com ações ou seja, visita domiciliar ou atendimen-
de convivência e de formação para a to PAIF, evidenciando a importância do
cidadania, desenvolvimento do prota- SCFV para a preparação da criança ou
gonismo e da autonomia das crianças adolescente na esfera individual, familiar
e adolescentes, atividades que estimu- e social. Nossos principais desafios estão
lam a convivência social, a participação no Despertar o desejo, a vontade de par-
cidadã e formação geral para o mundo ticipação, promover a autonomia e cons-
do trabalho. ciência de contribuição para com o meio
em que vivemos.
Construíram-se ações cooperativas e
compartilhadas, buscando tornar pos- Após a adesão de trinta adolescentes,
sível a manifestação de uma visão in- a construção dessa identidade coletiva
terdisciplinar do conhecimento que dentro do Serviço de Convivência é um
considera o indivíduo em formação nas grande aliado contra a evasão escolar
multidimensionalidades de suas fun- ou a falta de interesse de frequentar,
ções. Propiciou-se espaço para lutas pois sabemos que temos como concor-
e conflitos, um espaço de construção rentes desleais, a internet, os jogos, as
e maneiras de ser e de estar em algum próprias concentrações em ruas, a au-
lugar, ou seja, auxiliar nesse processo sência de compromissos diários, a pró-
de construção de uma identidade com pria zona de conforto que tende todos
aprendizagens significativas através os seres humanos, que estão sempre em
das próprias construções do sujeito. direção oposta ao nosso trabalho que
Foi preciso instigar a vontade de buscar visa esse confronto com o eu, e como
fazer diferente do que se faz, não me- substituir gradualmente o que “eu que-
ramente falar. Com enfoque em ques- ro” do que “eu devo” . Propiciar esse
tionar e dialogar com a realidade para espaço para a construção coletiva sem
69
perder o enfoque individual que bus- de forma respeitosa é sim uma atitude
camos potencializar em cada um deles que merece ser valorizada. Pode ser um
é fundamental. Rodas de conversas cartaz evidenciando tudo que este fez
enfatizando o território onde vivem, no âmbito de cooperação, respeito, dis-
onde freqüentam e onde estudam são ciplina, uma medalha ou outro. Onde
fundamentais para estimular o senti- todos opinam se concordam ou não e
mento de pertencer ao grupo. Elabo- os motivos, assim permite-se o debate
rar cartazes, com regras de comporta- para diferentes pontos de vista e obje-
mento que devem ter para que todos se tivar um ponto de convergência entre
sintam respeitados. as opiniões. Essa avaliação é criteriosa
e identifica desempenhos em diferen-
Conscientização da equipe no sentido tes momentos da formação. O objetivo
de agir como mediador no entendi- desses combinados não está na COM-
mento da sociedade como um todo e PETIÇÃO, mas na COOPERAÇÃO.
identificar qual é o impacto das tec-
nologias sobre ela. Utilizaram-se também enquanto ins-
trumentais na operacionalização deste
Através de instrumentais técnico- trabalho, a elaboração de um pequeno
metodológicos utilizados foram ela- teste de “sim ou não”, contendo dez per-
borados critérios para aplicação de guntas que foram elaboradas conforme
avaliações diárias, mensais e anuais, as demandas do território, buscando
conforme os combinados estabelecidos interpretar como o usuário se percebe
pelo grupo durante sua execução. Os e percebe o mundo ao seu redor, e ao
critérios de forma simplificada abran- final o questionamento: como podemos
gem: cumprimento dos combinados; aprender a ser tolerante, respeitador,
colaboração e participação; compro- disciplinado e entender que isto são
metimento; superação das dificulda- valores de pessoas fortes e não fracas?
des; frequência diária; pontualidade; e Como podemos entender que ser forte
pontos extras (conforme metodologia é vencer a si mesmo e que o verdadei-
própria de cunho quanti-qualitativo). ro líder é aquele que lidera a si mesmo?
Que o verdadeiro artista não precisa de
Como uma forma de poder mensurar aplausos para ter a certeza que seu es-
não somente qualidade, mas quantida- forço em determinado trabalho foi vá-
de, nossa atuação como profissionais lido? Como construir uma identidade
potencializadores de futuros agentes sem necessariamente estar dependente
potencializadores, e pesquisar a efi- do olhar do outro para julgar?
cácia ou não de nosso método, elabo-
ramos uma avaliação diária que apre- Foram elaboradas de dinâmicas pen-
senta dados mensais e anuais para a sadas sobre o enfoque que queremos
valorização de cada comportamento trabalhar, não precisa necessariamente
que estimule a esfera do “dever” e não estar em um livro de dinâmicas, mas
somente do “querer”. O intuito era que pode ser elaborada em equipe alguma
o grupo percebesse como positivo as atividade que trabalhe de forma con-
boas ações, o comprometimento e von- creta o conceito abstrato que queremos
tade, a frequência, as atitudes proativas elucidar. Um exemplo de aplicação de
como algo dotado de valor positivo e dinâmicas é associar a datas e come-
não como sinônimo de fraqueza ou falta morações que se fazem anualmente.
de personalidade. Ao final de cada mês Um exemplo foi a árvore genealógica
a criança ou adolescente que mais pon- da família, que foi construída para o
tuou recebe uma premiação simbólica, dia internacional da mulher, para que
sendo explanado ao grupo os motivos cada um colocasse na árvore as mulhe-
que a/o levou a tal merecimento. Aque- res mais importantes em sua vida, não
le que mais pontuou durante o ano necessariamente da família sanguínea
também será homenageado, de forma a mas aquela família do coração. Dinâ-
tornar perceptível que ser “bom” e agir micas que devem ser aplicadas, ade-
70 CADERNO DE PRÁTICAS

quadas e modificadas conforme o con- cheriam a sua ficha para candidatar-se


texto, sempre visando as situações de a vaga, a simulação de entrevistas para
maior importância que necessitam do dar um feedback para cada um deles.
ajuste cognitivo para o momento, apro-
veitando as situações para exemplificar Esse processo pode ser feito em parce-
o objetivo. ria com outro CRAS, para que sintam
a ansiedade de ser entrevistado por
Além disso, houve o preparo e constru- alguém que não tem nenhum vínculo.
ção de uma página pessoal, permitin- Pode ser um educador ou um técnico
do o enfoque das potencialidades, dos de referência para simular esse papel.
desejos, dos anseios e sonhos e como Obtivemos êxito de adolescentes enca-
pode ser a influência desse sujeito po- minhados para o Adolescente Aprendiz
tencializador dentro das demais esferas que foram contratados imediatamente
sociais. Cada criança ou adolescente é após o término do curso, o que nos re-
responsável pela elaboração de uma pá- mete que conseguiram demonstrar na
gina, uma coluna, que ao final fará parte própria execução do curso seus poten-
de uma grande revista, onde terá a co- ciais. Conseguiram tornar esses poten-
luna de cada um deles. Poderão colocar ciais visíveis, o que edifica, sem dúvida,
sua foto, um desenho, uma gravura ou o trabalho que vem sendo executado.
o que melhor representar o autor. As “A construção gradual de sua identi-
colunas são elaboradas em diferentes dade profissional advém da tomada de
eixos, o primeiro momento é uma breve consciência em relação aos diferentes
descrição do autor, pode ser uma frase elementos que fundamentam a pro-
conhecida, ou não, de como o sujeito se fissão e sua integração na situação de
percebe. Nas demais colunas ele des- trabalho e leva à construção gradual
creve sua opinião e quais ações durante de uma identidade profissional “(TRA-
o ano ele teve nos seguintes eixos: Nós e DIF, 2002).
a Saúde, Nós e o Meio Ambiente, Nós e
o Trabalho, Nós e os Direitos Humanos Foi elaborado um relatório de ativida-
e Socioassistenciais, Nós e o Esporte e des, onde cada encontro tem suas ativi-
o Lazer, Nós e a Cultura. O nós porque dades descritas, os materiais utilizados
cada um relatará sua opinião pessoal e os eixos contemplados, preenchido
acerca do grupo que frequenta, pois o pelos educadores e também facilita-
caráter é individual e coletivo conco- dores das parceiras, como a UNIART,
mitantemente. a fim de que possamos direcionar as
atividades para o objetivo proposto.
Também foram desenvolvidas ações Além disso, a realização de encontros
dentro da comunidade para despertar para planejamentos mensais, de modo
o sentimento de pertencer, permitin- a integrar toda a equipe e relembrar o
do o acesso do público do serviço em objetivo dos profissionais.
ações comunitárias e sociais, como le-
var a informação ao seu território, que Considerando que o projeto foi desen-
pode ser como reciclar o lixo, ou como volvido em ano Eleitoral, acrescenta-
o Outubro Rosa, que possam criar os mos a toda a mobilização percebida
materiais e levá-los à comunidade pelos usuários do Serviço em questão,
a importância de se trabalhar o voto,
Isso tudo proporcionou mais enfatica- discutindo o que pensam acerca do
mente para os adolescentes que almejam voto aos 16 anos, a confecção de títu-
inserir-se no mercado de trabalho, uma los de eleitores e a formação de grupos
ficha de emprego onde ele vai inserir para a criação de partidos fictícios para
suas principais características, a elabora- que pudessem debater ideais e soluções
ção de um passo a passo como uma si- para que o Serviço de Convivência pu-
mulação da busca de um emprego em desse ser ainda melhor. E todos vota-
jornais, onde eles possam recortar o ram nas eleições fictícias, fazendo um
que desejariam executar e como preen- exercício de cidadania, escolhendo um
71
partido e as ideias com as quais cada que práticas reflexivas são eficazes na
um se identificava mais. busca de ser e formar agentes poten-
cializadores para contribuir na cons-

RECURSOS UTILIZADOS trução de um mundo melhor e de uma


sociedade mais justa e igualitária.
Recursos humanos: Equipe técnica,
educadores, motorista, facilitadores
UNIART.
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
A prática foi gerada a fim de permitir
Infraestrutura: Espaço do Cras e Asso- uma reflexão que permita agregar va-
ciação de Moradores. lores para escolhas mais conscientes.
Desta forma, visava sanar as demandas,
Recursos materiais: Mesas, cadeiras, li- permitir a potencialização desse públi-
vros, materiais didático-pedagógicos, co e promover a autonomia do sujeito
recursos audiovisuais, lanche, vale- através da convivência social. Fortale-
transporte, filmes, telefone, materiais cendo o exercer da proatividade em de-
de expediente (papel, caneta, cartolina, trimento à reatividade. Quando somos
EVA, cola, tesoura, lápis de cor, revista). proativos exercemos o controle de nos-
sas vidas, paramos de ser efeito para
ser a causa. Ser reativo é viver uma vida
RESULTADOS OBTIDOS mecânica, permanecer em nossa zona
Como processo de desenvolvimento é de conforto. Criar meios para resistir a
individual e cada ser humano tem seu reatividade é o nosso desafio.
próprio tempo de absorção de apren-
dizados e mudança de comportamen- É preciso lidar com as frustrações com
to, alguns adolescentes apresentaram maestria, e não perder o entusiasmo
mudanças muito sutis em detrimento quando a teoria que achávamos infalí-
a outros, que mostraram mais rapida- vel não corresponde a prática ou não
mente a aplicação da aprendizagem. produz o efeito que desejávamos. Este
é o momento da verdadeira empatia.
O processo buscou ser construído atra- Aceitar as respostas que o outro nos dá
vés da premissa mútua entre a equipe e pensar, refletir em estratégias para al-
envolvida e os usuários do serviço de cançar uma resposta diferente se esta é
que “o conhecimento leva a reflexão”, a nossa meta.
sendo assim um processo de formação
continuada. Procuramos estabelecer Além disso, muitos profissionais não
um diálogo pertinente e constante en- encontram condições ideais para exe-
tre o comportamento desejado pelos cução do trabalho, percebendo-se inca-
profissionais e o cognitivo e comporta- pazes, impotentes e desanimados para
mento real (fornecido em cada momen- acatar novos desafios. A confrontação
to pelos usuários). com a realidade é um fator primordial
tanto para o profissional que executa
Nesse processo foi necessário - muitas um serviço, quanto para aquele que
vezes - resgatar a memória, a autobio- frequenta. Porém, os recursos físicos
grafia e a história de vida, levando o e estruturais já devem ser levados em
profissional que busca ser o potencia- conta no desenvolvimento do projeto,
lizador a questionar-se: “que educador e em vez de ser um impedimento para a
sou eu?” e “o que me levou a buscar realização deve ser um desafio.
essa profissão?”
Para originarmos mudanças é pre-
A aplicação da metodologia permitiu o ciso que haja mudanças constantes
aprender mútuo, onde a equipe envol- também dentro de nós, que possamos
vida e os usuários do serviço obtiveram ser flexíveis. Planejar e ter em men-
ganhos em suas formas de perceber o te que o Planejamento é uma opção
mundo e atuar nele. Onde constata-se teórica para definir estratégias para a
72 CADERNO DE PRÁTICAS

atuação, relação dialógica com o co- que é promover o bem social, pode-
lega, mas deve ser capaz de mobilizar mos contribuir de forma eficaz com o
esquemas de ação, caso contrário terá mundo e perceber que este talvez seja
sido inválido. Sabemos que aprende- o nosso principal legado e potencializar
mos quando transmitimos. pessoas que serão outros potencializa-
dores. Para isso se faz necessário um
Muitos têm resistência ao trabalho com constante processo de aprendizagem
crianças e adolescentes por acreditar mútua onde se ensina muito e também
que esta é uma função da escola, po- se aprende. Ter consciência do objetivo
rém, o aprendizado é integrado e nosso que nos levou a escolher acerca da nos-
papel é adicionar saberes. Assim como sa profissão é um dos aprendizados que
a escola não pode estar desvinculada não devemos esquecer.
do social, o social não pode estar des-
vinculado da escola, com relação à for- Buscamos permitir um enfoque reflexi-
mação do sujeito. É um processo que se vo agregando novos valores de forma a
interpenetra constantemente e que se vislumbrar a compreensão do sentido
soma em todos os momentos. Para que a fim de intervir no circuito recursivo,
o aprendizado não fique somente entre onde o indivíduo produz a sociedade
os muros da escola o que propõem a e a sociedade produz o indivíduo. Em
assistência social é uma atuação inte- uma simples e clara analogia, é como se
grada na família, com atendimentos e cada indivíduo fosse uma pilha ou uma
acompanhamentos PAIF e encaminha- bateria e dentro dele estivesse toda sua
mentos aos SCFV voltados para o aten- potencialidade e energia, mesmo que
dimento integral. esteja sem uso ou em uma zona de con-
forto, para que haja uma reação quími-
Se fortalecer enquanto equipe e ter ca basta que se ligue o fio. Lembrando
sempre em mente o que nos levou a in- que em uma pilha ou em uma bateria
gressar no âmbito da assistência social existe o pólo negativo e o positivo que
é uma reflexão que sempre se deve ter pode representar aqui as vulnerabilida-
em mente. Acreditamos que muitos a des (-) e as potencialidades (+) como la-
terão e nosso objetivo é nos melhorar tentes e naturais em todo ser humano,
e melhorar o em mundo que vivemos. mas o nosso papel nessa política é ser
o fio condutor que carregue os elétrons
É fundamental que se priorize a exce- do pólo negativo ao positivo para acen-
lência também no setor público e uma der a luz. Nosso papel é através das vul-
ferramenta para isso é a sistematização nerabilidades apresentadas resgatar as
do trabalho realizado, a partir do tra- diversas potencialidades e despertar,
balho de campo, sendo uma metodolo- iluminar para que esse sujeito possa ser
gia não recebida de “cima para baixo” além de um sujeito de direitos e deve-
como: “cumpra-se!”. Práticas como esta res, passe a ser o protagonista de sua
são construídas e adaptadas conforme vida, sujeito esse que paga o ônus para
a demanda da territorialidade. chegar ao bônus desejado, que mesmo
em um túnel escuro é capaz de vislum-
Proporcionar vivências em que se brar a luz. E esse nosso papel ocorre
permitam o reconhecimento do valor concomitantemente em nós e com eles,
pessoal e do outro. Nosso principal pois também pertencemos a essa socie-
aprendizado é vencer nossas próprias dade que queremos potencializar, hu-
muralhas, sair de nossa zona de confor- manizar e iluminar.
to, remover os empecilhos que coloca-
mos pelo nosso medo de tentar. Nem
sempre nos identificamos com a me-
REFERÊNCIAS:
todologia proposta, com o serviço pro- CREPOP – Centro de Referência Téc-
posto, com a faixa etária que devemos nica em Psicologia e Políticas Públicas.
trabalhar, porém se temos em mente Protocolo de Gestão dos Centros de
o foco, o objetivo do nosso trabalho, Referência da Assistência Social
73
BRASIL. Ministério do Desenvolvi-
mento Social; Secretaria Nacional de
Assistência Social. Política Nacional de
Assistência Social, PNAS/ 2004; Norma
Operacional Básica do Sistema Único de
Assistência Social – NOB/SUAS. 2005.

TARDIF, M. Saberes profissionais dos


professores e conhecimentos universitá-
rios. In: Revista Brasileira de Educação,
São Paulo, Anped, n.13, p.5-24,2000.

Árvore Genealógica - Jardim Gabineto /2014


74 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Grupo de
Adolescentes – Mobiliza

O projeto de EQUIPAMENTO: CENTRO DE REFE- RESPONSÁVEIS PELA ELABORAÇÃO


vida envolve
a insatisfação RÊNCIA ESPECIALIZADO DE AS- DO PROJETO: RENATA TATIANA AL-
do presente e o SISTÊNCIA SOCIAL - CREAS SANTA VES (PSICÓLOGA) E MARIA CRISTINA
desejo de outra CANALLI (PEDAGOGA).
possibilidade. FELICIDADE
Entre essas
situações se DATA DE INÍCIO: AGOSTO/2012
origina uma SITUAÇÃO ANTERIOR
tensão que RELATORES: RENATA TATIANA ALVES
proporciona (PSICÓLOGA) Atendendo as orientações do Sistema
motivação para Nacional de Atendimento Socioedu-
superar-se. PARTICIPANTES: ADOLESCENTES EM
cativo - SINASE, o adolescente deve
ser alvo de ações socioeducativas que
CUMPRIMENTO DE MEDIDA SOCIOE- contribuam na sua formação, desen-
volvendo sua cidadania e autonomia,
DUCATIVA DE LIBERDADE ASSISTIDA sendo capaz de se relacionar melhor
consigo, com os outros e com a reali-
E PRESTAÇÃO DE SERVIÇO À COMU-
dade que integra a sua circunstância e
NIDADE; evitando a reincidência do ato infra-
cional. O acompanhamento das medi-
CREAS SANTA FELICIDADE: RENATA das socioeducativas deve propiciar ao
adolescente o acesso aos direitos e às
TATIANA ALVES (PSICÓLOGA), JOYCE oportunidades de superação de sua si-
tuação de exclusão, de resignificação
M. ARAÚJO (EDUCADORA SOCIAL), de valores, bem como o acesso à forma-
MÁRCIA KAWAMOTO (EDUCADORA ção de valores para a participação na
vida social.
SOCIAL);
Em 2012, a equipe de referência do
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CA- Serviço de Proteção Social aos Ado-
lescentes em Cumprimento de Medida
TÓLICA DO PARANÁ (PUC): NEUZI
Socioeducativa de Liberdade Assistida
BARBARINI (COORDENADORA DE e Prestação de Serviço à Comunidade
identificou a necessidade de realizar
ESTÁGIOS- CRP 08/02835-2) E atividades em grupo com os adolescen-
ESTAGIÁRIAS DO CURSO DE PSICO- tes. Considerando a relevância em de-
senvolver tais atividades, foi ofertada
LOGIA: ANA PAULA STEINER, CLÁU- ao Curso de Psicologia da PUC, a aber-
tura de campo de estágio curricular na
DIA RIBEIRO BUZANELLO E ISABELE
Disciplina de Psicologia Social, tendo
ZDEBSKY MONTEIRO; o CREAS contado com a participação
75
de estagiários desde então. A atividade tornar. Isso possibilita a potencializa-
foi pensada como uma das ações so- ção do eu, a melhora da autoestima e
cioeducativas organizadas pela equipe o torna capaz de enfrentar as adversi-
CREAS com a finalidade de exercer dades do ambiente. (BALDIVIESO e
influência sobre a vida do adolescen- PEROTTO, 1995, citado em: MACÊ-
te e contribuir para a construção de DO,1999).
sua identidade, favorecendo assim, a
elaboração de um projeto de vida, seu Em 2013, a equipe de referência do
pertencimento social e o respeito às Serviço participou de uma capacitação
diversidades, possibilitando que o ado- realizada pela FAS/ Diretoria de Mo-
lescente assuma um papel inclusivo na bilização para o Mundo do Trabalho
dinâmica social. (atualmente coordenação da Diretoria
de Proteção Social Básica), como parte
Com base teórica, foram usados os con- das ações do Programa Mobiliza, que
ceitos de Psicologia Social, destacando tem como objetivo desenvolver habi-
o conceito de consciência. De acordo lidades, atitudes e competências para
com Aguiar (2011), o ambiente socio- o acesso ao mundo do trabalho. Desse
cultural é essencial para o desenvol- modo, as atividades realizadas com o
vimento do adolescente e de sua cons- grupo de adolescentes foram estru-
ciência, assim, a partir da interação do turadas com base na metodologia do
mesmo com o ambiente, ele poderá Programa Mobiliza, porém adequadas
atingir mudanças a partir da reflexão. às especificidades do grupo de adoles-
A reflexão deverá surgir a partir do mo- centes. O grupo passa a contribuir para
mento em que o próprio adolescente o acesso a direitos e proporcionar a re-
entra em contato com o mundo e o am- flexão de valores acerca da vida pesso-
biente ao seu redor. Com sua consci- al e social, com o despertar do interes-
ência ativada, o adolescente cria novas se ao mundo de trabalho e construção
possibilidades de soluções acerca dos de projeto de vida.
problemas cotidianos, estabelecendo
novos projetos de vida. Baseado na proposta apresentada, a
metodologia elaborada pela equipe
O projeto de vida envolve a insatis- envolveu o uso de Técnica de Grupos
fação do presente e o desejo de outra Operativos, incluindo dinâmicas, rodas
possibilidade. Entre essas situações se de conversa e oficinas lúdicas e utili-
origina uma tensão que proporciona zou de material de expediente para de-
motivação para superar-se. Essa tensão senvolver suas técnicas.
pode gerar duas possibilidades: assu-
mir a responsabilidade de superar-se
indefinidamente ou fechar-se em si
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
mesmo e conformar-se com o presen- Os participantes do grupo são adoles-
te. (BALDIVIESO e PEROTTO, 1995, centes na faixa etária de 13 a 18 anos,
citado em: MACÊDO, 1999). que estão em cumprimento de medida
socioeducativa de Liberdade Assistida
A característica Fundamental num e Prestação de Serviços à Comunida-
projeto de vida é sua ligação com a de. O grupo de adolescentes se ca-
realidade e o seu desenvolvimento e racteriza por um grupo aberto, sendo
estruturação no plano simbólico que possível o ingresso de novos adoles-
irá exigir realismo na execução, quan- centes a cada encontro. Os encontros
do o adolescente é capaz de dar forma são realizados semanalmente.
ao mundo e a si mesmo antecipando o
projeto. A função básica do projeto de A equipe de execução de medida so-
vida é organizar gradualmente o mun- cioeducativa acompanha as ações de
do interno e externo do indivíduo, in- planejamento, operacionalização e
dicando qual é o mundo em que quer avaliação do projeto desenvolvido
viver e que tipo de pessoa ele quer se pelas estagiárias.
76 CADERNO DE PRÁTICAS

O objetivo do trabalho é proporcionar • Realização semanal das atividades;


aos adolescentes a reflexão acerca das
habilidades e comportamentos neces- • Organização do espaço para promo-
sários para a integração ao mundo do ver a acolhida;
trabalho, bem como propiciar através
de atividades lúdicas o desenvolvimen- • Kit lanche oferecido ao adolescente
to das Características Empreendedoras ao final de cada encontro;
Pessoais (CEP´S).
• Disponibilização de vale transporte
O projeto foi elaborado pela equipe de ao adolescente participante do grupo.
atendimento socioeducativo do CRE-
AS Santa Felicidade com a finalidade
de exercer influência sobre a vida do RECURSOS UTILIZADOS
adolescente e contribuir para a cons-
Recursos Físicos:
trução de sua identidade, favorecendo
a elaboração de um projeto de vida,
seu pertencimento social e o respeito a Sala de atendimento de grupo, cadeiras
diversidades, possibilitando que o ado- adequadas ao número de adolescentes
lescente assuma um papel inclusivo na participantes e mesa redonda.
dinâmica social.
Recursos Humanos:
Etapas:
Equipe de referência do Serviço de
• Discussão com a equipe técnica, Nú- Proteção Social aos Adolescentes em
cleo Regional/SF, Supervisora da PU- Cumprimento de Medida Socioeduca-
C-PR e estagiárias de Psicologia Social; tiva de Liberdade Assistida e Prestação
de Serviço á Comunidade – CREAS
• Apresentação do SUAS, da Política Santa Felicidade, Estagiárias do 5o Ano
Nacional de Assistência Social e da Ti- do Curso de Psicologia e Supervisora
pificação Nacional dos Serviços Socio- de estágio (Disciplina de Psicologia So-
assistenciais pela equipe do CREAS às cial).
estagiárias;
RESULTADOS OBTIDOS
• Apresentação do Projeto desenvolvi-
do pelo CREAS às estagiárias de Psico- A sensibilização dos adolescentes
logia Social; para o desenvolvimento de compe-
tências necessárias para inserção no
• Adequação do projeto, definição de mundo do trabalho.
atividades, ajuste do cronograma, defi-
nição do calendário e roteiro de visitas: Melhor vinculação dos adolescentes às
atividades programadas e a execução
• Visita para entrega de convites, rea- da medida socioeducativa.
lizada juntamente com as educadoras
sociais responsáveis pelo atendimento Uso de ferramentas com recursos lú-
socioeducativo; dicos que estimularam a participação
dos adolescentes.
• Contato telefônico realizado semanal-
mente à família para lembrar a impor- Inserção de adolescentes no mercado
tância da participação do adolescente; de trabalho através do Programa Apren-
diz. Cabe ressaltar que o número de vagas
• Ligação telefônica para estimular e con- e os critérios de inclusão no Programa
firmar a participação dos adolescentes; Aprendiz não atendem às necessidades
e especificidades do Serviço de Prote-
• Visita e Advertência quando o adoles- ção Social aos Adolescentes em Cum-
cente não comparece as atividades; primento de Medida Socioeducativa de
77
Liberdade Assistida (LA) e de Presta- BRANCO, Bianca de Moraes; WAG-
ção de Serviços à Comunidade (PSC). NER, Adriana; DEMARCHI, Karina
Adriani. Adolescentes infratores: rede
social e funcionamento familiar. Psicol.
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA Reflex. Crit. Porto Alegre, v. 21, n. 1,
A possibilidade do uso de recursos 2008. Disponível em:
lúdicos estimula a participação dos
adolescentes, pois torna o vínculo com <http://www.scielo.br/scie-
a equipe e o ambiente de intervenção lo.php?script=sci_arttext&pi-
mais adequado às necessidades e espe- d=S0102-79722008000100016&lng=en
cificidades do Serviço de Proteção So- &nrm=iso>. Acesso em: 13 Set. 2012.
cial, acima identificado.
CARVALHO, Maria Cristina Neiva de;
Cabe ressaltar que ao proporcionarmos GOMIDE, Paula Inez Cunha. Práticas
aos adolescentes a reflexão acerca das educativas parentais em famílias de
habilidades e comportamentos neces- adolescentes em conflito com a lei. Es-
sários para a integração ao mundo do tud. psicol. (Campinas), Campinas, v.
trabalho, criamos expectativas quanto 22, n. 3, Sept. 2005. Available from:
a sua inserção no mercado de trabalho.
Considerando que o objetivo principal <http://www.scielo.br/scielo.php?s-
do trabalho social com esses adoles- cript=sci_arttext&pid=S0103-1
centes é a sensibilização para a cons-
trução de projeto de vida e a inserção www.mds.gov/assistenciasocial/suas>.
no mercado de trabalho, não tendo
como objetivo e atribuição desse Ser- Lei No 8.069 – Estatuto da Criança e do
viço de Proteção Social, a capacitação Adolescente.
profissional. Contudo, sabemos que a
capacitação profissional é etapa poste- Lei No 12.594 – Sistema Nacional de
rior à sensibilização ao trabalho e pre- Atendimento Socioeducativo.
cisamos melhorar a intersetorialidade
envolvendo parcerias que possibilitem MACEDO, E. L. N. Projeto de vida do
a capacitação profissional e principal- adolescente institucionalizado. O caso:
mente a maior disponibilidade de vagas fazenda do menor. Dissertação de Mes-
na condição de Aprendiz. trado de UEFS. Feira de Santa, 1999.

REFERÊNCIAS
AGUIAR, Wanda M. Junqueira. Cons-
ciência e atividade: categorias funda-
mentais da psicologia sócio-histórica.
In: BOCK, Ana Mercês Bahia; GON-
ÇALVES, M. Graça M.; FURTADO,
Odair. Psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica em psicologia. 5. ed.
São Paulo: Cortez, 2011.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Tipi-


ficação Nacional de Serviços Socioas-
sistenciais. Resolução no 109, de 11 de
novembro de 2009.

ÁVILA, Lazslo Antonio. Adolescência


sem fim. Disponível em: <http://pep-
sic. bvsalud.org/pdf/vinculo/v8n1/a07.
pdf> Acessado: 01/09/2012.
78 CADERNO DE PRÁTICAS

Dados de 2014:

GRUPO DE ADOLESCENTES 2014


MÊS Nº DE GRUPOS SEXO Nº DE ADOLESCENTES CONVIDADOS PARA O GRUPO

POR MÊS FEM. MAS. 87

FEVEREIRO 1 3 12

MARÇO 4 7 23

ABRIL 4 1 27

MAIO 3 5 16

JUNHO 2 1 4

JULHO 0 0 0

AGOSTO 0 0 0

SETEMBRO 2 1 6

OUTUBRO 5 1 18

NOVEMBRO 2 3 4

TOTAL DE ADOLESCENTES TIPO DE MSE

LA PSC LA/PSC

106 26 52 28
79

Gráficos referentes ao ano de 2014:

Tipo de MSE

Totalidades
80 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Passaporte para


uma nova vida em família

... mas o desejo EQUIPAMENTO: UNIDADE DE ACO- outra providência, caso em que será
de fazer a esta incluída em programas de orienta-
diferença LHIMENTO INSTITUCIONAL SANTA ção e auxílio, nos termos do parágrafo
único do art. 23, dos incisos I e IV do
é maior e FELICIDADE – UAI-SF
caput do art. 101 e dos incisos I a IV do
é o grande
caput do art. 129 desta Lei. (BRASIL,
diferencial do DATA DE INÍCIO: JULHO/2010 lei 8.069/90)
nosso trabalho.
RELATOR: MÉRILIN CARVALHO Também nas Orientações Técnicas para
FERREIRA Serviços de Acolhimento está descrita
dentre as principais atividades que deve
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: ser desenvolvida pela equipe técnica a
“preparação e acompanhamento psicos-
TODA EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA social das famílias de origem, com vistas
à reintegração familiar”.
UAI-SF
Cabe a nós, enquanto equipe do Aco-
lhimento Institucional engendrar es-

SITUAÇÃO ANTERIOR forços para atingir esse objetivo.

Na Unidade de Acolhimento atendemos


adolescentes de 14 a 18 anos, na maioria
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
das vezes, eles já estão acolhidos há algum A prática faz parte de um projeto que
tempo e vem transferidos de outras insti- desenvolvemos na Unidade que se cha-
tuições. Quando consultamos a situação ma “Passaporte para uma nova vida em
do processo e os relatórios anteriores, a família”, por isso ela é formada por vá-
grande maioria está destituída do poder rias etapas. O primeiro passo sempre é
familiar, sem perspectiva de retorno ou a entrevista com o adolescente, é nes-
adoção, ou seja, sem perspectivas de con- ta etapa que percebemos os vínculos,
vivência familiar. Mas como orienta a legis- se existem com quem existem e se há
lação, nosso papel é trabalhar na reintegra- o desejo da convivência. Após a iden-
ção familiar, nesse sentido nosso objetivo tificação, vamos à busca dos contatos
é favorecer a construção, reconstrução e o da família, que apesar de parecer sim-
fortalecimento de vínculos visando à rein- ples, quase nunca é. Analisamos todo
tegração familiar, sempre que possível na o processo e relatórios anteriores para
família de origem ou extensa conforme entender um pouco do motivo do aco-
preconiza o Estatuto da Criança e do Ado- lhimento e da situação do processo, se
lescente no Capítulo III: existe destituição ou não, se os familia-
res são falecidos, quem é o violador de
§ 3o A manutenção ou reintegração de direito, etc. Essas etapas ocorrem con-
criança ou adolescente à sua família comitantemente. Isto feito, são realiza-
terá preferência em relação a qualquer das visitas domiciliares para conhecer
81
a realidade atual da família, pois o con-
texto pode ter sido alterado desde a úl-
RESULTADOS OBTIDOS
tima análise. Na visita são identificados Nossa prática com famílias se iniciou
possíveis encaminhamentos e realizada em 2010 quando a Unidade acolheu o
a primeira aproximação com a família. primeiro adolescente com deficiência
Após analise, solicitamos autorização física e várias limitações. Foi necessá-
a Vara da Infância e da Juventude de rio um trabalho intenso de preparação
visitas monitoradas na Unidade. Com da equipe e com a família. Mas após
a devida autorização iniciamos os con- 4 meses foi possível realizar o retor-
tatos entre a família e o adolescente no familiar com a mãe que, devido ao
na Unidade e posteriormente na casa trabalho em rede e o valioso envolvi-
da família. Enquanto isso, vamos rea- mento por parte da mesma, aprendeu
lizando os encontros mensais com as a alimentar seu filho corretamente,
famílias, trabalhando diversos temas e realizar os cuidados básicos e acessar
possibilitando a convivência familiar seus direitos. Posteriormente, em 2012,
e comunitária. Nesses encontros (no tivemos o caso de outro adolescente de
total são 12 por ano) as famílias conse- 16 anos que havia sido destituído do
guem perceber os adolescentes como poder familiar, não tinha sido adota-
eles realmente são, com suas quali- do, trabalhava, estudava, mas não tinha
dades, dificuldades e limitações. Isso perspectiva de vida, ele estava entran-
porque muitas vezes não é possível re- do no “mundo das drogas”. Iniciamos
conhecer as diferentes características com este adolescente o processo da
que fazem parte das pessoas quando se prática e em uma das conversas com
está envolvido em conflitos no seio fa- a equipe técnica, ele relatou que “gos-
miliar, principalmente com adolescen- taria de encontrar sua mãe, gostaria de
tes. Além disso, a construção do Plano saber por que ela havia parado de visi-
Individual de Acompanhamento – PIA, tá-lo há 7 anos”. Mesmo sabendo que o
é um momento crucial para essa inte- adolescente estava destituído do poder
gração. É nesta etapa que são pactuadas familiar, procuramos a sua genitora, foi
as metas, os objetivos e compromissos um mês incessante de busca até chegar
entre a família, a instituição e o adoles- no endereço, mas a mesma não estava
cente. Trabalhamos nesta perspectiva em casa.
até que seja possível o retorno familiar
e, quando ele acontece, realizamos de Decidimos deixar um bilhete pedindo
forma gradativa sendo a família acom- que ela pudesse telefonar para Unida-
panhada pelo período de 6 meses após de. Após uma semana de contato e vi-
o desligamento da unidade. sita domiciliar realizamos o encontro
com a família e a partir de lá, com os
RECURSOS UTILIZADOS encaminhamentos, a participação nos
grupos eles foram se aproximando e o
Busca ativa das famílias dos adoles- retorno familiar foi realizado em 3 me-
centes acolhidos (família de origem ou ses. A psicóloga que atendia o adoles-
extensa); contato com a rede socioas- cente foi até a unidade e disse: “Vocês
sistencial que atende a família; diário salvaram a vida dele”. Após esse resul-
de visitas; grupos com as famílias na tado fomos aperfeiçoando a metodolo-
unidade; orientação sobre o processo; gia e já localizamos mães que haviam
eventos programados; prontuários In- sido dadas como falecidas; mães que
dividuais com todos os dados da famí- procuravam os filhos nas redes sociais;
lia; agenda de contato; programação do tios e tias que pediram a guarda de seus
final de semana. sobrinhos após conhecê-los melhor.
Em dois anos trabalhando nesse proje-
Nos encontros com as famílias são or- to, foram possíveis algumas reintegra-
ganizadas dinâmicas, filmes e sempre ções familiares exitosas, a localização
uma lanche especial para que elas se de diversas famílias que agora podem
sintam acolhidas. conviver, encontramos – inclusive - fa-
82 CADERNO DE PRÁTICAS

miliares dados como mortos, que hoje


podem se apoiar e pensar juntos num
futuro.

Durante o processo enfrentamos al-


guns entraves, como a diversidade, a
realidade de cada família, as expectati-
vas dos adolescentes, os conflitos entre
os adolescentes e impasses com o Judi-
ciário. Mas os resultados positivos, as
vidas sendo ressignificadas fazem tudo
valer a pena.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


Diariamente refletimos sobre a prática.
O que nos chama a atenção cada vez
mais é a dimensão investigativa do Ser-
viço Social, da importância das ações
reflexivas sobre a realidade posta, do
não comodismo, do empenho em agir
de forma ética, sempre pautada nas leis
que regulamentam os serviços visando
garantir direitos e estimular os sujeitos
a se tornarem protagonistas de suas
histórias. São muitos os desafios, entra-
ves com instâncias maiores (Ministério
Público, Vara da Infância), faltam mui-
tas vezes recursos para a promoção de
eventos, existe ainda burocracia entre
os equipamentos, mas o desejo de fazer
a diferença é maior e é o grande dife-
rencial do nosso trabalho.

REFERÊNCIAS
Manual de Orientações Técnicas
para Serviços de Acolhimento. Dis-
ponível em http://www.mds.gov.br/
assistenciasocial/secretaria-nacional-
de-assistencia-social-snas/cadernos/
orientacoes-tecnicas-servicos-de-aco-
lhimento-para-criancas-e-adolescen-
tes-tipo-de-publicacao-caderno/68-o-
rientacoes-tecnicas-servicos-de-alco-
lhimento.pdf/download

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de


1990. Dispõe sobre o Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente e dá outras provi-
dências. Lex: Estatuto da Criança e do
Adolescente. Disponível em: <http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/
L8069.htm>
83
85

O TRABALHO SOCIAL COM IDOSOS E PESSOAS


COM DEFICIÊNCIA: A LINHA ENTRE A AUTONOMIA
E A GARANTIA DOS DIREITOS.

N
o campo da assistência alçar a amplitude das ações abarcadas “Apenas quando
social, existem públi- por tal política na sociedade e na arti- somos instruídos
cos específicos para culação com demais garantias. pela realidade
atuação nos níveis de
é que podemos
proteção social básica e Em relação à Pessoa Idosa, há uma
especial, desde a prevenção de riscos e
mudá-la.”
projeção das Nações Unidas que indi-
fortalecimento de vínculos, até as me- ca que uma em cada nove pessoas no
didas necessárias em situações de vio- Bertolt Brecht
mundo tem 60 anos ou mais e estima-se
lência e ruptura de vínculos já estabe- o crescimento para um em cada cinco
lecidos, tendo como pressuposto cada por volta de 2050. No Brasil, o núme-
usuário como sujeito de direitos. Vale ro dobrou nos últimos 20 anos (IBGE),
uma reflexão acerca de dois públicos enquanto o número de crianças de até
distintos, que entretanto, perpassam quatro anos caiu de 16,3 milhões para
necessidades e intervenções semelhan- 13,3 milhões em 10 anos.
tes: a Pessoa com Deficiência e o Idoso.
Os dados sobre o Envelhecimento no
Segundo os dados do último Censo do Brasil da Secretaria de Direitos Huma-
IBGE de 2010, 23,92% da população
nos apontam que neste novo contexto
brasileira possui algum tipo de defici-
surgem necessidades como de “autono-
ência. No Paraná essa porcentagem é
mia, mobilidade, acesso a informações,
de 21,86%, ou seja, a cada quatro pesso-
serviços, segurança e saúde preventi-
as, uma tem algum tipo de deficiência.
va”, a ampliação de direitos às pessoas
idosas e uma nova concepção do pro-
Ao mesmo tempo em que o convívio
cesso de envelhecimento.
com pessoas com deficiência vem sen-
do ampliado e as políticas públicas se
As violências registradas pelo Disque
preocupam com o debate sobre a ques-
Direitos Humanos são de 68,7% de
tão, há uma escassa produção teórica
violações por negligência, 59,3% de
em relação aos riscos e violências sofri-
violência psicológica, 40,1% de abuso
das por esta população. Recentemente,
financeiro/econômico e violência pa-
um estudo divulgado pela UNICEF re-
vela que crianças com deficiência tem trimonial e 34% de violência física.
mais probabilidade de serem vítimas
de violência do que outras pessoas, tor- Para compreender os desafios presentes
nando-as mais vulneráveis na socieda- na área, vale retornar as deliberações da
de. A partir desta pesquisa, identifica- 3a Conferência Nacional da Pessoa Ido-
se que os números de violência contra sa, que pontuam sobre a necessidade da
crianças com deficiência variaram de intersetorialidade para a garantia dos di-
26,7%, para medidas combinadas de reitos, promoção do protagonismo para
violência, a 20,4%, para violência físi- conquista e implementação dos direitos,
ca, e 13,7%, para violência sexual. fortalecimento dos conselhos com am-
pliação da participação para defesa dos
Este sentido promove uma reflexão so- direitos, e reconhecimento da demanda
bre a necessidade da criação de meca- no Orçamento Público e Diretrizes Orça-
nismos para identificá-las, protegê-las mentárias.
e garantir o acesso às políticas públicas
e no campo da assistência social, a ne- Na 3a Conferência Nacional da Pessoa
cessidade em abordar o assunto e re- com Deficiência, as propostas adqui-
86 CADERNO DE PRÁTICAS

rem magnitude integral, percebendo Primordialmente, os profissionais que


a pessoa com deficiência como um atuam na proteção social básica visam
sujeito de direitos com necessidades reconhecer o direito e prevenir os ris-
e demandas transversais que ocupam cos que podem vir a ocorrer, por isso
espaço na educação, no esporte, cul- a necessidade de reconhecimento do
tura e lazer, no trabalho e reabilitação território, identificação da comunidade
profissional, na acessibilidade, na co- em que estão inseridos e as principais
municação, no tranporte e moradia, na formas de atuação para desenvolver o
saúde, prevenção, reabilitação, órtese e protagonismo junto às pessoas com de-
prótese, na segurança e acesso à justiça, ficiência e idosos e para isso, é neces-
no padrão de vida e proteção social. sário acreditar na potencialidade e no
desenvolvimento de projetos de vida
No campo da Assistência Social é pú- individuais e coletivos.
blico prioritário todos aqueles em si-
tuação de vulnerabilidade e risco em Na Proteção Social Especial, os tra-
decorrência de diversas desvantagens balhadores podem estar inseridos em
e situações sociais que ocorrem, perce- diferentes complexidades e atuam
bendo que pelo ciclo de vida no caso da na existência de alguma situação de
velhice e pela situação de deficiência, violência, risco e isolamento estabe-
antes de tudo, são seres humanos dig- lecidos. Sendo assim, os serviços tipi-
nos e sujeitos que podem fazer esco- ficados são: O serviço de proteção e
lhas, desenvolver autonomia e protago- atendimento especializado a famílias e
nismo perante a sociedade. indivíduos (PAEFI); Serviço especiali-
zado em abordagem social, para o pú-
Os benefícios concedidos pela assis- blico que utiliza espaços públicos como
tência social para este público é o Be- moradia; Serviço de proteção social
nefício de Prestação Continuada - BPC especial para pessoas com deficiência,
que garante a transferência mensal de 1 idosos e suas famílias, na perspectiva
(um) salário mínimo vigente ao idoso e da autonomia e inclusão social quando
à pessoa com deficiência que comprove existe neste público algum grau de de-
não possuir meios de prover a própria pendência; Serviço especializado para
manutenção, nem tê-la provida por sua pessoas em situação de rua, pois não
família. Existem ampliações como o obstante existem casos de idosos e pes-
caso do BPC na Escola, que visa esten- soas com deficiência utilizando a rua
der o quantitativo de pessoas de 0 a 18 como espaço de moradia;
anos beneficiárias do BPC matricula-
das na escola. Após o rompimento dos vínculos fami-
liares e afetivos, quando não há possibi-
Nos serviços socioassistenciais podem lidade do idoso ou pessoa com deficiên-
ser observados públicos distintos e de cia restabelecer os vínculos, a proteção
todos eles, a pessoa com deficiência e social especial de alta complexidade
o idoso podem fazer parte, sendo eles: prevê as modalidades de acolhimento
Serviço de Proteção e Atendimento institucional para idosos e pessoas com
Integral à Familia (PAIF); Serviço de deficiência; Serviço de acolhimento em
Convivência e Fortalecimento de Vín- família acolhedora, no caso de crianças
culos e o Serviço de Proteção Social e adolescentes com deficiência e por
Básica no domicílio para pessoas com medida de proteção.
deficiência e idosas, compondo a Pro-
teção Social Básica, com a finalidade Independente da atuação do trabalha-
de evitar o isolamento, as situações de dor do SUAS, é primordial o reconhe-
violência e violações de direitos, con- cimento dos usuários em suas poten-
tribuindo para o processo de constru- cialidades e desafios, para então partir
ção social ativa, saudável e autônoma, para o reconhecimento das demandas
proteção social da família e ampliação coletivas que tem influência efetiva das
de acesso às demais políticas públicas. relações sociais e formas de construção
87
da própria sociedade. Neste item situa- da Infância 2013: Crianças com Defici-
se o principal desafio dos trabalhado- ência: http://www.unicef.org/brazil/pt/
res do social, pois ao identificar que a resources_25542.htm
demanda de um, comparece também
na necessidade de outro, facilita-se a Relatório final da 3a Conferência Na-
identificação de “um com o outro” e as- cional da Pessoa com Deficiência:
sim, reconhecendo-se enquanto parte http://www.pessoacomdeficiencia.gov.
de uma mesma demanda, observa-se br/app/publicacoes/relatorio-final-
junto à superação e diversidade dela. 3conferencia-pcd
Trabalhadores do SUAS podem ser
instrumento para a transformação co- Secretaria Nacional de Direitos Huma-
letiva do abstrato, do subjetivo e ima- nos - Dados sobre envelhecimento no
terial em concretude e avanços sociais. Brasil: http://www.sdh.gov.br/assun-
tos/pessoa-idosa/dados-estatisticos
Referências Bibliografias: Censo 2010 – Pessoa com Deficiência:
Dados IBGE sobre a pessoa com defici- http://www.sdh.gov.br/assuntos/pes-
ência: http://www.ibge.gov.br/estado- soa-com-deficiencia/dados-estatisti-
sat/temas.php?sigla=pr&tema=censo- cos/pesquisas-demograficas
demog2010_defic
Tipificação Nacional dos Serviços So-
Relatório UNICEF - Situação Mundial cioassistenciais: http://goo.gl/aL8DLF
88 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Inclusão digital


para Idosos

... as atividades EQUIPAMENTO: REGIONAL BAIRRO na de informática para os idosos inseri-


propostas para dos no SCFV.
o grupo de NOVO
idosos focam Neste sentido, a inclusão digital se
apenas no DATA DE INÍCIO: SETEMBRO DE 2014 configura como ferramenta importante
para os usuários, uma vez que possibili-
artesanato, fato
que devemos RELATOR: ARIDNA BARTH ta a participação social (através do uso
da internet), incentiva a socialização, o
desmistificar,
pois as PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: acesso ao mundo do trabalho e aos de-
mais serviços disponíveis no território.
possibilidades ROSANGELA DE BARBARA DA SILVA,
de trabalho
neste ciclo ODILON MELO DE OLIVEIRA, FRAN- O objetivo principal foi oportunizar
o acesso à inclusão digital aos idosos
de vida são CIELE LISA GAVLOVSKI, ANÉLIA DE inseridos no Serviço de Convivência e
inúmeras. Fortalecimento de Vínculos do Núcleo
Entendemos FÁTIMA JENDIK
Regional Bairro Novo, ampliando as
que o idoso é trocas culturais e incentivando a parti-
um sujeito de cipação cidadã.
direitos capaz
de produzir SITUAÇÃO ANTERIOR
e transmitir
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA:
O Serviço de Convivência e Fortale-
saberes cimento de Vínculos - SCFV é com- A inclusão digital aconteceu através de
múltiplos. plementar ao PAIF e tem por objetivo oficinas presenciais, ministradas por
fortalecer o trabalho social com as fa- voluntário, no laboratório de informá-
mílias, oportunizando a convivência tica do CRAS Bairro Novo, com a du-
comunitária, o acesso à informação ração de 01 hora e 30 minutos sema-
e a participação cidadã. É organiza- nais. Os conteúdos foram trabalhados
do por ciclos de vida e seu objetivo através de exposição teórica e prática,
principal é fortalecer os laços sociais, adequando a prática didática de acordo
potencializando a capacidade de su- com o ciclo de vida.
peração de vulnerabilidades dos indi-
víduos e famílias. A inclusão na oficina foi através da ava-
liação das equipes técnicas dos CRAS
No caso do SCFV de idosos, percebe- e CREAS, respeitando os critérios de
mos que muitos não tinham acesso à inclusão no SCFV (conforme a Reso-
informática e tinham dificuldade com lução CNAS/2013), e posterior encami-
seu uso inviabilizando ações simples nhamento ao Núcleo Regional (técnico
como baixar fotos. A partir da obser- de mobilização para o mundo do traba-
vação desta demanda, das especificida- lho), que ficou responsável por organi-
des desta faixa etária e da necessidade zar e acompanhar a oficina.
de inclusão deste público na era digital
foi elaborado a proposta de uma ofici- Foi formalizado um termo de parceria
89
entre voluntário, Assessoria Comuni-
tária da Fundação de Ação Social e o
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA:
Núcleo Regional Bairro Novo. A partir desta prática, levantamos ou-
tras demandas dos usuários como a ne-
O técnico de mobilização para o mun- cessidade de alfabetização dos idosos.
do do trabalho foi responsável por arti- Alguns verbalizaram que não se inscre-
cular as datas, ofertar a oficina, formar veram porque não eram alfabetizados,
a turma, mobilizar os recursos necessá- o que resultou em uma nova proposta
rios, acompanhar o voluntário, mediar de trabalho com os idosos inseridos no
conflitos, acompanhar a frequência dos serviço.
usuários e dar o retorno de frequência
e de aproveitamento dos usuários ao Também destacamos que, muitas ve-
CRAS/CREAS de referência. zes, as atividades propostas para o
grupo de idosos focam apenas no ar-
RECURSOS UTILIZADOS: tesanato, fato que devemos desmistifi-
car, pois as possibilidades de trabalho
• Laboratório de informática neste ciclo de vida são inúmeras. En-
tendemos que o idoso é um sujeito de
direitos capaz de produzir e transmitir
RESULTADOS OBTIDOS: saberes múltiplos.
A adesão dos idosos superou as expec-
tativas da equipe, vinte e dois idosos Uma grande lição que aprendemos com
participaram da primeira turma e ou- os usuários foi a motivação, empenho,
tros quinze estão aguardando a abertu- dedicação e persistência para aprender
ra de nova turma. em todos os ciclos de vida.

Destacamos como resultados positivos: Esta primeira oficina se encerrou no


mês de dezembro de 2014.
• O acesso dos idosos aos conhecimen-
tos básicos de informática; REFERÊNCIAS:
• O aumento da autoestima dos usuá- BRASIL. Estatuto do Idoso – Lei 10.741
rios; de 01/10/2003, Brasília, 2003

• O fortalecimento do protagonismo dos BRASIL. Orientações Técnicas Sobre


usuários a partir da inclusão digital; o Serviço de Convivência e Fortaleci-
mento de Vínculos para Pessoas Idosas
• A mobilização dos idosos; - Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacio-
nal de Assistência Social, 2012. (versão
• As novas demandas apresentadas pe- preliminar)
los usuários como a necessidade de ofi-
cinas de alfabetização dos idosos.
90 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Autonomia
na Terceira Idade

Por outro lado EQUIPAMENTO: CRAS ARROIO ou pelo menos a redução destes epi-
ocorreram sódios. Desta reflexão surgiu a ideia
ganhos no de realizar rodas de conversas e ofici-
DATA DE INÍCIO: 2011 – EM ANDAMENTO nas de reflexão, com temas variados,
sentido
conforme o grupo sugeria.
profissional RELATOR: NOEMI LIMA MEIRELES DE
e pessoal dos
envolvidos no SOUSA O objetivo principal foi melhorar
a interdependência, estimular uma
processo, visto
que ocorreram PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: maior participação, desenvolver a
autonomia dos membros do grupo e
quebra de EDUCADOR, TERAPEUTA OCUPACIO- ainda melhorar o posicionamento e
paradigmas
para estes, NAL (UNIART) E TÉCNICO tomada de decisão por parte dos par-
ticipantes e facilitar a introdução de
contribuindo novas atividades para o grupo.
para o sucesso
das ações.
SITUAÇÃO ANTERIOR Como base teórica acreditou-se que
a dialética (diálogo, debate, raciocí-
O Grupo de Convivência apresenta- nio, ouvir e falar – Paulo Freire) seria
va-se relutante aos processos de mu- o meio que em médio prazo iria tra-
dança e predominava o que já estava zer resultados eficazes em relação ao
estabelecido, por exemplo, artesana- grupo e de como eles percebiam estas
to como única atividade e sendo uma situações, sempre levando em consi-
atividade quase que individualista. deração o conhecimento, história de
vida e a opinião dos participantes.
Desde 2011, este grupo é acompanha-
do pelo mesmo educador, técnico e
T.O. (UNIART) o que permitiu ob-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
servar que havia falta de respeito por Iniciamos as ações através de rodas de
parte de alguns participantes com os conversa, onde primeiramente busca-
demais, intolerância, falta de posicio- mos ouvir as “queixas” do grupo va-
namento, não participação das deci- lorizando a auto-expressão de cada
sões em grupo, resistência às ativida- indivíduo. A roda de conversa apresen-
des sugeridas, a falta de aspirações tou-se como atividade avaliativa grupal
era visível na maioria do grupo, até e individual, onde cada participante foi
mesmo para escolhas das atividades observado na maneira como agia e se
artesanais, também era perceptível posicionava durante a intervenção.
a posição da representante do grupo
que estabelecia um vínculo de posse Com base no diálogo, percepção do
sobre o grupo. indivíduo e do grupo e das atividades,
realizou-se um planejamento visando
Percebido esta problemática, tomou- contemplar as problemáticas e reso-
se a iniciativa de buscar uma solução lução das mesmas e buscando sempre
91
atingir os objetivos definidos. tocar no companheiro, pois este deve
ser guiado apenas pela voz. Após in-
Como a resistência aos processos de verte-se os papéis. Ao final é realiza-
mudança foi uma das circunstâncias da uma avaliação de como foi para
observadas, visto que na visão do cada um dos participantes e como se
grupo nossas propostas de atividades sentiu durante a atividade.
vinham de encontro ao que os parti- No segundo encontro foi apresen-
cipantes acreditavam serem os obje- tado o vídeo motivacional “Atitude
tivos do grupo, tivemos dificuldades é tudo de bom” e roda de conversa
para apresentarmos e executarmos para feedback.
algumas atividades grupais.

Entretanto, por intermédio das rodas


de conversas alguns conceitos estabe-
2. Estratégias e formas de comba-
ter a “ESCA” (Exploração Se-
xual de Crianças e Adolescentes) –
lecidos foram desconstruídos e outros, Maio/2014 (um encontro)
reconstruídos em conjunto, com parti- Roda de conversa sobre Combate à
cipação do grupo como um todo. violência infantil, com o objetivo
de conscientização e protagonismo.
Aos poucos foram se introduzindo Apresentado o tema e solicitado a
temas e atividades de acordo com as cada um dos participantes que des-
situações que ocorriam e seguindo o sem sua opinião a respeito do tema.
planejamento, sempre tendo como Questionados também de como
objetivo a autonomia e o protagonis- agiriam caso tivessem conhecimen-
mo do grupo e de seus participantes. to de violência contra crianças ou
No decorrer, obteu-se êxito ao intro- adolescente. Informado aos partici-
duzir oficinas de reflexão, dinâmi- pantes como agir e a quem recorrer
cas de grupos, oficinas de memórias caso necessitem realizar um denun-
e oficinas de artesanato direcionas cia. Salientado a importância de
como partes importantes e comple- não serem coniventes com este tipo
mentares dos temas trabalhados. de violência.
Por se tratar de atividade de cunho
educativo permanente, são utiliza-
das estas atividades meio. Todas as
intervenções ocorreram no salão de
3. Vida Saudável – junho/2014
(dois encontros).
Roda de conversa sobre “Como fa-
reunião o qual o grupo se reúne se- zer uma Festa Saudável”. Como nos
manalmente. meses de junho/julho acontecem às
festas juninas o objetivo desta ativi-
Segue abaixo alguns temas trabalha- dade foi demonstrar como é possível
dos nos grupos e como foram desen- realizar festas saudáveis e estimular
volvidas as atividades. o cuidado com a saúde. No segundo
encontro realizamos brincadeiras

1. Atitude – março/14 (dois encon- juninas para incentivar a prática de


tros). exercícios e desenvolver a coordena-
Roda de conversa apresentando o ção motora.
tema, o conceitos, a importância e Alguns temas trabalhados em 2014
exemplos de falta de atitude. foram: Motivação, Solidariedade/
Dinâmica: Passeio às cegas – com o Voluntariado, Vida Saudável, Cida-
objetivo de melhorar a regulação emo- dania, Relações Intergeracionais.
cional, habilidades sociais e incentivar
a tomada de decisão e atitude.
Desenrolar: Formam-se duplas. Um
RECURSOS UTILIZADOS
dos participantes é vendado ou se Recursos humanos, físicos, de
mantém de olhos fechados e passa transporte, material impresso rela-
a ser guiado pelo outro durante um cionado ao tema em questão e dinâ-
tempo determinado. Não é permitido micas de grupo.
92 CADERNO DE PRÁTICAS

RESULTADOS OBTIDOS para estes, contribuindo para o sucesso


das ações. Por se tratar de um processo
Depois de três anos pode-se observar de educação permanente, acreditamos
uma maior adesão em outras atividades que o vínculo formado pelos profissio-
propostas, posicionamento em relação nais que atuaram neste grupo foi funda-
aos assuntos pertinentes ao grupo, toma- mental. Temos ciência de que muito pre-
da de decisão e melhoria no relaciona- cisa ser feito ainda, porém os primeiros
mento interpessoal e grupal. Melhora na passos foram tomados para se atingir os
interdependência e na autoexpressão dos objetivos. Ressaltamos a importância de
membros participantes. se conhecer o grupo a qual de deseja re-
alizar uma mudança e principalmente ter
em mente que nós precisamos realizar
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA mudanças em nós mesmos. Como dizem
Por se tratar de mudanças de contexto não há receita pronta, precisamos encon-
histórico, social e de visão de mundo foi trar esta receita que se adapte aos nossos
um grande desafio para a equipe enten- “ingredientes”.
der, contextualizar e planejar ações que
atingissem o objetivo da problemática
observada. Por outro lado ocorreram
REFERÊNCIAS
ganhos no sentido profissional e pes- Pedagogia do Oprimido, Pedagogia da
soal dos envolvidos no processo, visto Autonomia – P. Freire; Terapia Ocupa-
que ocorreram quebra de paradigmas cional – Christiasen & Townsend.

Atividade – Flash Mob realizado no Baile Rosa no dia 29/11/2014 para encerramento da Campanha Outubro Rosa, com
a participação dos participantes do grupo.
93

TÍTULO: Café com Risadas

EQUIPAMENTO: CRAS SÃO BRÁZ do na constatação que um trabalho O objetivo


lúdico e leve, alivia as tensões, facili- do grupo é
DATA DE INÍCIO: 04/10/2013 ta a integração e a convivência fami- de fortalecer
liar e grupal. a função
RELATOR: CLÉLIA FRANÇA PRETUR- protetiva
Em consonância com o Sistema Úni- da família,
LAN/ MAGALI CABRAL PORTES co de Assistência Social (SUAS), está contribuindo
previsto o acompanhamento familiar na melhoria da
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: às pessoas que apresentam situações sua qualidade
de vulnerabilidade social. Referido
COORDENADORA DO CRAS SÃO de vida,
acompanhamento consiste no proces-
prevenindo
BRAZ – CLÉLIA PRETURLAN FRANÇA so continuado de intervenção técnica
agravos e
e exigirá um olhar mais atento, para
– EDUCADORES SOCIAIS MAGALI CA- que as situações vivenciadas por estas
confinamento.
BRAL PORTES, MARIA SALETE VIEIRA famílias não se tornem risco social ou
Com jogos
exclusão social.
lúdicos simples,
CORREIA, SIMONE LELL E BENEDITA pré elaborados
SCHREINER. Como uma das formas de efetivar o
em função
acompanhamento familiar, trabalha-
de temas
mos na perspectiva de encontros in-
que levam a
tergeracionais com ações socioeduca-
reflexão como
SITUAÇÃO ANTERIOR tivas. Oportunizar maior socialização,
a integração, a
valorização, realização pessoal, forta- afetividade, as
O projeto Café com Risadas iniciou-
lecimento de vínculos familiares e co- demonstrações
se através de um levantamento de
munitários aos adolescentes, adultos, de carinho,
famílias que recebem BPC (Bene-
idosos e pessoas com deficiência men- com enfoque
fício de Prestação Continuada) no
tal e seus cuidadores, através da parti- na participação
ano de 2013. da pessoa com
cipação em atividades lúdicas.
deficiência e do
A ideia do grupo partiu de uma refle-
‘‘O qual tem por finalidade a preven- cuidador
xão do trabalho realizado pelo CRAS
São Braz em Proteção Social no Do- ção de agravos que possam provocar o
micílio observando que as pessoas rompimento de vínculos familiares e
atendidas teriam condições em par- sociais dos usuários. Visa à garantia de
ticipar de um atendimento coletivo. direitos, o desenvolvimento de meca-
O objetivo primordial do projeto era nismos para a inclusão social, a igual-
de desenvolver estratégias para esti- dade de oportunidades, a participação
mular e potencializar recursos e a in- e o desenvolvimento da autonomia das
clusão das pessoas com deficiência e pessoas com deficiência e idosas, a par-
seus cuidadores. tir de suas necessidades, prevenindo
situações de risco, exclusão e isola-
O projeto Café com Risadas é pauta- mento’’ (Cartilha MDS)
94 CADERNO DE PRÁTICAS

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA atividades tinham uma simplicidade


como passa anel, adivinha com quem
O projeto Café com Risadas iniciou-se ficou, quem erra faz uma imitação,
através de um levantamento de famílias canta uma música, dança um ritmo, as
que recebem BPC (Benefício de Presta- melhores estátuas, os concursos onde
ção Continuada) no ano de 2013 e que todos ganhavam.
foram atendidas inicialmente no Servi-
ço de Proteção Básica no Domicílio. Os participantes que tocam instru-
mentos acompanham a música pro-
O público-alvo para acompanhamento posta, por exemplo, uma pessoa
nessa modalidade de grupo, em percur- cadeirante trouxe uma sanfona e na-
so intergeracional, são as pessoas com quele dia participou de todas as mú-
deficiência mental, síndrome de down sicas, uma pessoa com deficiência
e ou associadas com demais deficiên- visual trouxe seu violão e mostrou
cias e seus cuidadores, acompanhadas toda a sua habilidade. Assim, as pes-
pelo Serviço de Proteção Básica no Do- soas vão se integrando, dividem suas
micílio, pertencentes ao território de inquietações no café, se informam de
abrangência do CRAS - Centro de Re- seus direitos, combinam a participa-
ferência da Assistência Social São Braz, ção nos encontros regionais da Secre-
que concordavam e tinham possibilida- taria Especial dos Direitos da Pessoa
de de locomover-se para ir até o local com Deficiência. São dois momentos
de reunião do grupo (CRAS). igualmente importantes: a parte lúdi-
ca, onde se divertem, se integram, se
As atividades lúdicas foram estrutu- conhecem e o café, em volta de uma
radas para que todos pudessem parti- grande mesa montada na mesma sala,
cipar tanto as pessoas com deficiência onde lancham, trocam informações,
quanto aos cuidadores. conversam, combinam participações
em outros eventos tanto no Centro
As ações com este foco possibilitam de Referência de Assistência Social
a diminuição do estresse, inerente ao quanto no território.
processo de cuidar, contribuindo para
o reconhecimento de que o cuidador RECURSOS UTILIZADOS
também precisa de cuidados. E que
“cuidar do cuidador” contribui para a Veículo, aparelho de som, cd, luzes,
melhoria da atenção prestada aos mem- decoração do ambiente, confecciona-
bros dependentes, fortalece a proteção mos lembranças do encontro, roupas,
mútua entre os membros das famílias e jogos, cartões, máquina fotográfica,
contribui para o reconhecimento de di- estímulos visuais (objetos), brinque-
reitos e o desenvolvimento integral do dos (bichos de pelúcia), livros, instru-
grupo familiar. Orientações Técnicas mentos musicais. Dinâmicas de apre-
sobre o PAIF, vol. 1 pag. 22 sentação, jogos lúdicos e avaliação do
grupo. Técnica, Educadoras sociais,
Planejamos cada encontro em cima de contador de histórias e voluntários.
um tema gerado na última participa- Lanches: bolo, bolachas, frutas, pão,
ção e elaboramos as atividades, sempre geléias, margarina, sucos e café.
focadas no lúdico, visando que todos
participassem. Os encontros sempre
começam com a apresentação dos par-
RESULTADOS OBTIDOS
ticipantes com dinâmicas diversas: ges- Os instrumentos utilizados assegura-
tos; identificação com artistas ou per- ram um espaço de referência para o
sonagens da Disney e explicar porque convívio grupal, comunitário, social
se identificam. A música é a principal e o desenvolvimento de relações de
atividade porque todos participam, ar- afetividade, solidariedade e respeito
tistas são escolhidos através da dinâmi- mútuo, de modo a desenvolver a convi-
ca Pra Quem Você Tira o Chapéu. As vência familiar, social e comunitária. A
95
estratégia do grupo preveniu situações pantes avaliaram positivamente os
de isolamento, oferecendo um espaço encontros, escolhem o próximo tema
para inclusão social. A integração atra- e confirmaram o comparecimento no
vés dos jogos, do lúdico, da música foi próximo com muito entusiasmo.
instantânea, a partir da apresentação
com gestos já iniciou a leveza que foi No momento do Café, discutiram seus
o encontro. A participação foi espon- direitos, ampliaram seu conhecimento
tânea e todos se divertiram muito nas e incentivaram a participação nos even-
atividades propostas pela educadora tos regionais da Secretaria Especial dos
Magali que é bacharel em Educação Direitos da Pessoa com Deficiência.
Física. Até os participantes com histó-
rico de pouca participação social, que As atividades têm que ter agilidade,
não recebia pessoas e quase não saiam chamar muito a atenção e rapidamen-
de casa, dançaram e cantaram acom- te passar para outra tarefa com muito
panhando as atividades propostas. Os movimento. A música é fundamental, o
participantes do grupo auxiliavam uns canto e a dança integram. A atividade
aos outros nas atividades, recordando de contação de histórias tem que ter
as letras das músicas e auxiliando nas movimento, senão não chama a aten-
imitações. Também contamos com a ção dos participantes.
presença de um contador de histórias
(Fundação Cultural) e duas palhaci-
nhas (adolescentes) que participaram
de dois encontros. No café desenvol-
vemos conversas informais sobre BPC,
isenção tarifária, ônibus ACESSO,
acessibilidade nos locais públicos e pri-
vados, e outros.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


Consideramos a prática inovadora e a
aceitação acima das expectativas. O
objetivo do grupo é de fortalecer a
função protetiva da família, contri-
buindo na melhoria da sua qualidade
de vida, prevenindo agravos e confi-
namento. Com jogos lúdicos simples,
pré elaborados em função de temas
que levam a reflexão como a integra-
ção, a afetividade, as demonstrações
de carinho, com enfoque na parti-
cipação da pessoa com deficiência
e do cuidador. O ambiente não era
intimidador porque todos participa-
vam juntos da atividade proposta e
auxiliavam quem tinha que execu-
tar a tarefa dos jogos. Percebemos
o quanto a música integrava e leva-
va a participação, então procuramos
atividades com música. A leveza dos
encontros, a participação de todos os
presentes proporcionou um alívio de
tensões, uma suavidade e a integra-
ção dos participantes, pelo ambiente
do lúdico e das “risadas”. Os partici-
97

Um Ano de Condomínio
Social e os Diversos Olhares
que Compõem este Serviço

A
Fundação de Ação So- gradual autonomia e independência de
cial (FAS), gestora da seus moradores.
assistência social no mu-
nicípio de Curitiba, visa A Fundação de Ação Social, por meio
consolidar a assistência da sua atual gestão, compreendia que
social em Curitiba, atuando conforme deveria investir em maneiras alterna-
preconizam as diretrizes do Sistema tivas ao acolhimento institucional de
Único de Assistência Social (SUAS). pessoas adultas com maior grau de
Suas ações são voltadas prioritaria- autonomia e independência, como por
mente à indivíduos, grupos e famílias exemplo, a modalidade de atendimento
que se encontram em situação de risco em república. Somado a isso, verificou-
e vulnerabilidade social, sendo os seus se a necessidade de implantação de
serviços organizados em dois níveis de serviços de acolhimento emergenciais,
proteção: básica e especial. A proteção considerando as especificidades climá-
social básica refere-se à prevenção de ticas do município de Curitiba, as quais
situações de risco e a oferta de serviços usualmente geram risco e vulnerabili-
que visam à socialização e a convivên- dade aos seus indivíduos, em especial
cia familiar e/ou comunitária e a pro- a população em situação de rua, já que
teção social especial se caracteriza pela entre os meses de Julho e Setembro há
atenção integral e está voltada às fa- aumento de probabilidade de massas
mílias e indivíduos com direitos viola- de ar frio, com temperaturas mínimas
dos e laços familiares ou comunitários podendo atingir valores abaixo de 0ºC
rompidos ou fragilizados. Os serviços (Fonte Infotempo). Objetivando ga-
estão disponíveis nas modalidades de rantir a proteção da vida dos indiví-
média e alta complexidade. Na moda- duos mais suscetíveis a essas situações
lidade alta complexidade, conforme a climáticas, em 2013 foram elaboradas
Tipificação Nacional de Serviços So- estratégias emergenciais. Dentre es-
cioassistenciais (2009) está previsto o sas estratégias, destaca-se o serviço de
serviço de acolhimento em repúblicas, proteção em situações de emergência
o qual se destina a ofertar proteção, nomeado “Operação Inverno”. Tratou-
apoio e moradia subsidiada a grupos de se de uma medida aplicada pela atual
pessoas maiores de 18 anos em estado gestão da FAS de ampliar, em caráter
de abandono, situação de vulnerabili- emergencial, a oferta de serviços de
dade e risco pessoal e social, com vín- abordagem social e acolhimento insti-
culos familiares rompidos ou extrema- tucional para a população em situação
mente fragilizados e sem condições de de rua de Curitiba.
moradia e auto-sustentação. O serviço
deve ser desenvolvido em sistema de Objetivando ampliar os serviços ofer-
autogestão ou cogestão, possibilitando tados para a população em situação
98 CADERNO DE PRÁTICAS

de rua, foi verificada a necessidade de da rede socioassistencial para a popu-


implantar um serviço de acolhimen- lação em situação de rua e a articuação
to que garantisse aos indivídios com intersetorial (garantindo, inclusive, aces-
trajetória de rua o aprimoramento das so a moradia definitiva). Tais avanços
suas habilidades e competências indi- podem ser identificados a partir dos
viduais, respeitando seu momento atu- depoimentos dados pelos moradores
al de vida, sua autonomia, sua inserção do condomínio social, que estão impli-
no trabalho formal e que construisse cados em seus processos de mudança,
individualmente um plano para saída acreditando que a sua permanência no
das ruas e reinserção na convivência condomínio social provocou mudanças
comunitária e familiar. Assim surgiu positivas em sua trajetória de vida e
a República Condomínio Social, uma afastamento da rua.
ação inovadora no contexto de implan-
tação do Programa de Governo Curiti- Por fim é importante salientar que as
ba Mais Humana, muito positiva e com melhorias da república condomínio
destaque nacional. social se dão também devido ao empe-
nho da equipe municipal que ali está, a
Desde a implantação dela até o presen- qual é muito ética e comprometida. Os
te momento, já é possível avaliar que o moradores do condomínio se referem a
condomínio social está garantindo a po- equipe da FAS, que trabalha no condo-
pulação a que se destina, atendimento mínio, com confiança e respeito, expli-
com qualidade e autonomia, em cum- citando que foi a partir do seu ingresso
primento a legislação vigente. Além dis- neste espaço de acolhimento que sen-
so, alcançou a construção da autonomia tiram mudanças tanto na condução de
de muitas das pessoas atendidas, o bom suas vidas, quanto na visão de mundo e
relacionamento com a comunidade vizi- na visão do papel da assistência social
nha ao condomínio, o reestabelecimen- na vida de cada um.
to de vínculos familiares, a interrupção
em trajetórias de rua, o fortalecimento Diretoria de Proteção Social Especial
99

TÍTULO: “República
Condomínio Social uma
experiência Pioneira no Processo
de Gestão Compartilhada”
EQUIPAMENTO: REPÚBLICA CONDO- Secretarias da Prefeitura Municipal
de Curitiba – PMC, observou-se a ne-
MÍNIO SOCIAL cessidade de reordenar os serviços da
Proteção Social Especial – PSE com
DATA DE INÍCIO: 07 DE JANEIRO DE ampliação de unidades de acolhimento
que pudessem atender a população em
2014. situação de rua, de forma qualificada e
personalizada, garantindo a construção
RELATORAS: DENISE GISELE RIS- conjunta com cada pessoa no seu pro-
cesso de saída das ruas, com cidadania,
SARDI, MARIA TEREZA GONÇALVES, dignidade, participação e autonomia.
MARILIS BAUMEL, NIUCÉIA DE
O fenômeno da população de rua se
FÁTIMA OLIVEIRA, SUZANA BORGES caracteriza por ser multidimensional.
RECANELLO Desta forma, é necessário fugir da ten-
dência à naturalização dessa questão
PARTICIPANTES: MORADORES DA social. Tendência esta, atribuída a indi-
víduos particulares ou famílias que são
REPÚBLICA CONDOMÍNIO SOCIAL culpabilizados pelas condições de vida
a que foram submetidos pelas condi-
RESPONSÁVEIS: TODA EQUIPE DE ções sociais existentes na sociedade.

PROFISSIONAIS REPÚBLICA CONDO- Lopes (2009 p. 122) caracteriza como


MÍNIO SOCIAL EM CONJUNTO COM uma expressão radical da questão so-
cial. A autora aponta para fatores que
A GERÊNCIA DE PROTEÇÃO SOCIAL estão na base dessa questão como os
estruturais, biográficos e desastres na-
ESPECIAL E SUPERVISÃO DA FAS DE
turais. Mas sua grande contribuição
SANTA FELICIDADE. está nos aspectos que levanta sobre a
caracterização do fenômeno.

A autora destaca três aspectos impor-


SITUAÇÃO ANTERIOR tantes para uma compreensão mais de-
talhada e aprofundada dessa questão,
Durante a Operação Inverno 2013, co- as quais estavam na base da criação
ordenada pela Fundação de Ação So- desse projeto tal qual foi idealizado e
cial – FAS e em parceria com outras no qual se empreendem esforços di-
100 CADERNO DE PRÁTICAS

ários para sua concretização e cons-


trução coletiva, a saber, “o reconhe-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
cimento da multiplicidade de fatores Diante realidade encontrada seguiu-se
que conduzem à situação de rua” (2009 as seguintes etapas:
p.105) a inexistência de políticas abran-
gentes nas áreas de moradia, saúde, tra- • Levantamento entre as quase mil pes-
balho e renda; histórias de vida com di- soas atendidas, para identificação do
versas rupturas familiares e de relações perfil quanto aos critérios para atendi-
sociais; mudanças de forte impacto so- mento no condomínio social, envolvi-
cial como as ocorridas em grandes cen- mento com o trabalho, cuidado com a
tros urbanos, como é o caso da Cidade saúde, entre outros;
de Curitiba e outras metrópoles onde a
questão da formação intensa de popu- • Delineado níveis de atendimento para
lações que se utilizam das ruas como os abrigos conforme as características
espaço de sobrevivência tem se mos- já estabelecidas a exemplo da Central
trado um fenômeno crescente e cada de Resgate Social – CRS e Centro POP
vez mais complexo. João Durvalino. E para os novos espa-
ços que foram implantados na Unidade
Com o contato mais próximo no aten- de Acolhimento Rebouças, Plínio Tou-
dimento a essas pessoas, onde novos rinho, Boqueirão e depois Condomínio
vínculos foram formados, tanto no mo- Social, foram traçadas metodologias
mento da operação inverno, quanto nos diferenciadas para atender públicos em
meses que se seguiram se fortaleceu a estágios de vida diferenciados;
percepção de que havia diferentes ne-
cessidades apresentadas pelos mesmos. • Elaborado Projeto de Implantação
Alguns optavam mesmo pelo atendi- da República Condomínio Social, para
mento de necessidades mais imediatas, atender 70 moradores do sexo masculi-
como de proteção do frio intenso, ali- no de 18 aos 59 anos;
mentação e higiene. No entanto, outros
já se mostravam com necessidades de • Encontrado imóvel adequado à pro-
atendimentos mais qualificadas, onde posta que previa entre 4 e 6 moradores
poderiam organizar-se de forma melhor em cada apartamento, além dos espa-
para a vida e passaram a ser atendidos ços coletivos que são garantidos, ten-
também durante o dia nas unidades do em vista que o local era um antigo
de Centros POP implantadas e outros seminário da Igreja Católica (que fica
acolhimentos existentes, mas que pos- ao lado) e também por ter passado por
sibilitam permanência e uma organiza- reformas que a FAS promoveu;
ção mais complexa. Mas também havia
pessoas que apresentavam necessida- • Escolha da equipe profissional, por
des de espaços onde pudessem exercer meio de processo seletivo interno da
melhor sua autonomia. Desta forma, foi FAS trazendo para o Condomínio um
projetado o condomínio social como grupo interessado e motivado para atu-
um espaço para o desenvolvimento da ar sob uma nova ótica com a população
capacidade de estabelecer relações que em situação de rua;
possam restaurar e preservar a integri-
dade e as condições de autonomia da • Capacitação durante o mês de de-
pessoa. Não como um local único, soli- zembro/2013, junto à toda equipe que
tário e distante, mas pertencente a um estava chegando para integração e ope-
complexo de estruturas de atendimen- racionalização do Projeto, que propu-
to, mais ou menos circular onde seja nha inovar a forma de trabalho para
possível ofertar diferentes serviços que promoção da autonomia do individuo
possam abarcar, mesmo que em parte, na modalidade de República durante o
as diferentes necessidades apresenta- período de moradia;
das pelas pessoas que vivem ou vive-
ram situações de rua. • Sensibilização da comunidade do en-
101
torno por meio de convite para reunião de data show para facilitar a participa-
no espaço do Condomínio, com o objeti- ção, discussão, escrita dos itens. Vale
vo de esclarecimentos importantes e via- ressaltar a criatividade e empenho dos
bilização de um processo de acolhimento profissionais para mobilizar e motivar a
dos novos moradores enquanto vizinhos; realização deste trabalho, onde pensar
a casa e as relações exigem um cuidado
• Reunião com os moradores dos outros especial com a ética que desde então
espaços de acolhimento da FAS para já estava sendo cunhada como direção
sensibilização e esclarecimento dos prin- para morar do Condomínio Social;
cipais objetivos do Condomínio Social
e os critérios para adesão destes que se-
riam os primeiros moradores; 3. Leitura do Regimento Interno nas
reuniões, para todos moradores
ficarem cientes e também opinarem
• Apresentação do espaço físico, escla- quanto as regras que estavam sendo
recimento sobre os critérios de mora- definidas quanto ao funcionamento da
dia e entrevista com os indicados para casa;
morar no Condomínio Social;

• Acolhimento dos primeiros 40 mora-


dores em 07/01/14;
4. Reuniões às 3as feiras das 20h às
22h, entre profissionais e mora-
dores, com o objetivo de troca e busca
de soluções para as situações ocorridas

1. Apresentação dos “princípios bási-


cos de moradia”, critérios que nor-
teiam a participação nas ações coletivas
no Condomínio, bem como efetivar a
participação compartilhada, conforme
prevê a proposta e também o direcio-
e a co-responsabilidade com a segurança, namento no Regimento Interno. As
organização e o direito de todos viver em reuniões com moradores são o ponto
um espaço digno de confiança; forte do aprendizado para todos, um
verdadeiro laboratório onde a diver-

2. Escolha dos apartamentos pelos


novos moradores, bem como de
seus colegas de quarto (quatro mora-
sidade de pensamentos, sentimentos,
expectativas precisam ser acolhidas e
consideradas, para que a participação
dores por apartamento); seja efetiva e legitime as definições
e a compreensão do “processo” que

3. Definição das primeiras escalas


de atividades da casa (cozinha;
limpeza, jardim) e uso dos espaços co-
é viver no coletivo e aprender com a
criação de algo que esperamos ser um
legado importante para a vida das pes-
letivos (refeitório, lavanderia, sala de soas e um divisor de águas na história
convivência, apartamentos...); da Assistência Social de Curitiba, que
nesta gestão já marcou a trajetória da
• Elaboração do Regimento Interno do Proteção Social Especial quando ousou
Condomínio Social, prevendo o desen- enfrentar o rigoroso inverno de 2013
volvimento da autonomia e participa- de maneira comprometida e transfor-
ção compartilhada dos moradores: madora, tendo como lema não permi-
tir que nenhuma pessoa que estivesse

1. Busca de outros modelos já exis-


tentes (COHAB, Casa do estudante
universitário - CEU, Prefeitura Muni-
em situação de rua viesse a óbito por
conta das baixas temperaturas. Uma
grande mobilização foi realizada para
cipal de São Bernardo do Campo – Se- que desde então, o valor humano fosse
cretária de Saúde, etc.); considerado o mais precioso para o tra-
balho nas ruas da cidade e na abertura

2. Reuniões noturnas específicas


com os moradores e equipe profis-
sional, para a elaboração e integração
de espaços provisórios no Centro de
treinamento do Tarumã, mais vagas na
CRS, abrigos nos espaços da Plínio, do
do que se referem cada artigo/parágra- Boqueirão, de Santa Felicidade. Uma
fo estabelecido. Utilizado equipamento comoção que tomou conta da cidade,
102 CADERNO DE PRÁTICAS

dos profissionais da FAS e outros par- Portanto, receber o que vem da FAS, da
ceiros, da comunidade e já neste pro- PMC, do Governo Federal ou das doa-
cesso revolucionário sob a perspectiva ções dos parceiros, comunidade entre
de ouvir as pessoas em sua trajetória outros ganharam a proporção do resga-
de vida, dificuldades e esperanças. As- te do direito e do cuidado.
sim nasceu um novo modelo de profis-
sionalização da Assistência e de uma E assim destacamos algumas doações
Curitiba mais humana. Essa trajetória é que fizeram a diferença e foram dire-
a nossa base para implantar e/ou forta- cionadas para a estruturação individu-
lecer uma metodologia de participação alizada e coletiva dos espaços da casa,
compartilhada, onde trazemos enquan- doação de vinte beliches que foram
to profissionais a responsabilidade com transformados em quarenta camas in-
o trabalho e com os equipamentos, mais dividuais e um espaço de descanso e
com vistas oportunizar e respeitar um reconhecimento de pertença dos mo-
processo de relações horizontalizadas. radores; geladeiras que compuseram a
organização da cozinha e da copa; di-
RECURSOS UTILIZADOS ferentes tipos de mesas que organizam
de maneira interessante o refeitório, o
A FAS propiciou desde o início ma- espaço de multiuso e demais salas; as
teriais/equipamentos/serviços para TVs e mesas de jogos que são lazeres
viabilizar o funcionamento do Condo- diários; materiais de escritório para
mínio numa perspectiva importante equipar as salas da Coordenação, Equi-
de oferecer aos moradores espaço dig- pe Técnica e Administrativo; Tapetes,
no, levando em conta a estrutura físi- sofás, cadeiras que dão o aconchego de
ca do prédio locado e as necessidades uma casa.
primordiais para que pudéssemos dar
início e gradativamente ir compondo Alguns parceiros vieram como corres-
a casa de acordo com as necessidades, ponsáveis e investiram nesta proposta:
as possibilidades do poder público e as o Disque Solidariedade da FAS res-
condições para o recebimento de doa- ponsável pelo apoio primeiro; o Setor
ções. Todo este conceito sempre resul- de Marcenaria da FAS que produziu os
tou em reflexão educativa para equipe armários individualizados dos morado-
e moradores, no sentido de preparação res e promoveu a garantia da segurança
para vida pós Condomínio. Assim o pessoal; o Instituto Pró Cidadania de
principal aprendizado é valorizar o que Curitiba - IPCC por assumir a compra
conquistamos, o que construímos e o dos móveis do refeitório/cortinas/entre
fazer com criatividade diante das con- outros, que transformaram a grandeza
dições atuais. do espaço da casa em local organizado
capaz de desenvolver o trabalho com
Este processo estimulou a compreen- até 70 moradores; o Distrito de Saúde
são de que o Poder Público Municipal de SF, com o atendimento incondi-
com a contribuição do Governo Federal cional da Unidade de Saúde Campina
e sob a gestão da FAS, tem o compro- do Siqueira; a Secretaria Municipal
misso fundamental com a questão da do Meio Ambiente por meio do Hor-
população em situação de rua em Curi- to da Barreirinha com a concessão de
tiba e isto refletido em nossas reuniões 100 mudas de plantas que ornamentam
semanais com os moradores, visando a nossos jardins e oportunizam aos mo-
mudança de paradigma de um sistema radores condições de aprendizado e de
assistencialista bastante ultrapassado, cuidado com a natureza e hoje já temos
vai transformando o pensamento das inclusive uma horta; o Centro de Re-
artimanhas aprendidas na rua ou mes- ferência da Assistência Social - CRAS
mo pelo “drible” aprendido por profis- Bom Menino - SF pelo acolhimento/
sionais/moradores impedindo muitas encaminhamento dos Moradores quan-
vezes que a ética dos Direitos Humanos to aos seus direitos de construir cida-
pudesse ser respeitada. dania; o Centro de Referência Especia-
103
lizado da Assistência Social CREAS-SF • Livros recebidos da comunidade para
pelo acompanhamento/presença e in- iniciarmos a sala de Estudo e Cultura.
clusive encaminhamento de novos mo- Além desta sala ser utilizada diaria-
radores; a comunidade do entorno que mente pelos moradores, é também
questionou a nossa vinda, esclareceu e espaço de encontros para o público
acolheu os moradores com música, res- da casa e de outras autoridades: Ges-
peito e proximidade. tores da Assistência Social de Curiti-
ba e Região Metropolitana; do Comitê
Destacamos ainda doações vindas de Intersetorial de Acompanhamento e
cidadãos e empresas de Curitiba, que Monitoramento das Ações da Política
fazem a diferença no espaço e na forma Nacional para População em situação
de viver o Condomínio: de Rua - CIAMP; Ex. e atuais Ministras
do MDS, Direitos Humanos, entre ou-
• Obras de arte: são 44 quadros vindos tros. Foi realizado também um Curso
da Galeria Solar do Rosário em expo- de Desenvolvimento de Habilidades e
sição nos espaços coletivos do Condo- Competência - DHC promovido pela
mínio; FAS aos moradores. E vale ressaltar
que no Exame Nacional do Ensino Mé-
• Arquiteto Flávio Monastier, que em dio - ENEM/2014, tivemos a participa-
conjunto com a equipe profissional da ção de três moradores e um Educador
casa, da Manutenção da FAS e morado- Social, que foram estimulados pela in-
res fez a orientação para a definição da tervenção da equipe da casa, que além
posição dos quadros e também quanto de orientar os estudos buscou parceria
ao plantio de 100 mudas que recebe- para compra das apostilas. Acredita-
mos do Horto Municipal da PMC, para mos que toda esta vivência são vitórias
fazer os jardins no Condomínio; ímpares na construção daquilo que
verdadeiramente liberta para autono-
• Utensílios Domésticos Diversos (lou- mia, consciência de realidade e fortale-
ças, talhares, panos de louça, toalhas, cimento da capacidade de diariamente
material de jardinagem), doados in- promover a transformação cidadã.
clusive por servidores públicos, os pe-
quenos gestos que agregaram sabores e • Preparação para o Mundo do Tra-
valores; balho realizado pelo psicólogo Victor,
representante da antiga DMMT/FAS,
• Montagem da sala de vídeo com do- que contribuiu muitíssimo para uma
ação dos equipamentos, tornou viável maior condição dos moradores em re-
a participação de pequenos grupos de alizar entrevistas na procura de empre-
moradores que se reúnem nos finais de go; postura profissional; importância
semana para escolha do filme, na pre- do respeito às relações; auto-confiança
paração da pipoca, na compra conjunta para seguir buscando e se acreditando
de um refrigerante... Já recebemos pe- capaz.
dido dos moradores para utilizar este
espaço, também durante a semana nos • Trabalho de Coaching realizado por
horários deliberados em reunião para dois voluntários, Tiago e Sebastian,
uso da TV, com objetivo de assistir ou- os quais buscaram o condomínio atra-
tras programações ou mesmo vídeos vés das reportagens de divulgação do
diferenciados; projeto e oferecem gratuitamente o
acompanhamento para quatro mora-
• Equipamentos para academia, con- dores e estão construindo uma propos-
tribuição da Igreja São José Traba- ta de trabalho coletivo para ampliar a
lhador, nossos vizinhos e locatários. oportunidade e melhor prepará-los na
Nossos parceiros para além dos mu- condução das suas decisões e engaja-
ros, na compreensão maior do signifi- mentos, com vistas a desenvolver seus
cado do trabalho que realizamos nes- dons profissionais. São profissionais
te Condomínio. sérios que trazem em sua própria tra-
jetória de vida pessoal e profissional a
104 CADERNO DE PRÁTICAS

experiência da transformação e esta é a berdade de ir vir garantidas cons-


maior motivação para este voluntaria- titucionalmente é importante o
do que consideramos precioso para os acompanhamento para assegurar o
que já tem condições de empreender o processo de transparência, seguran-
Coaching. ça, conhecimento dos interesses e
hábitos dos moradores e indicações
• Falar de recursos no Condomínio é necessárias para o trabalho com a
mais que falar do custo para implan- equipe técnica da casa;
tar esta proposta inovadora com cunho
de República para moradores. Mais do - registro individual das situações
que saber quanto se gastaria, tivemos a que envolvem os moradores, com
contribuição de uma gestão que acredi- objetivo de construir histórico e
tou, investiu e tornou possível. A FAS subsidiar o trabalho de acompanha-
com as providências de aluguel; gastos mento dos mesmos, inclusive pela
com os servidores públicos para um diversidade de realidade que envol-
equipamento 24h; articulação/capa- ve os mesmos;
citação/estruturação consagrou o res-
peito com a liberdade profissional e a - escalas semanais/mensais das
coerência com o que é público. Auto- atividades com limpeza, cozinha,
nomia e corresponsabilidade não é um lavanderia, jardinagem, etc, garan-
processo que delegamos aos moradores tindo a participação dos moradores,
e sim que vamos ao longo desta prática a não sobrecarga com os que estão
de gestão construindo num formato de sempre disponíveis e evitar que al-
transparência e superação, para avan- guns não se envolvam pelas dificul-
çarmos em alcançar o objetivo deste dades vivenciadas com adesão vo-
trabalho. luntária aos serviços coletivizados;

Ferramentas Técnicas: - estamos iniciando este trabalho


com os educadores para o desen-
• PIA - Plano Individual de Atendi- volvimento das atividades rotinei-
mento , formulário oficial utilizado ras junto aos moradores. Existem
pelos acolhimentos em Curitiba para o ações a serem desenvolvidas desde
acompanhamento e pactuação dos mo- o despertar da manhã até momen-
radores em seus projetos de vida com to do silêncio e recolhimento para
vistas ao trabalho, cuidado com saúde, dormir; atividades extras que per-
responsabilização de atitudes; mitem um avanço/estímulo maior
dos moradores nesta etapa de suas
• Formulários/planilhas construídas trajetórias, a exemplo dos horá-
para acompanhar os moradores e pro- rios de preparação/estudo para o
fissionais na operacionalização dos ser- ENEM, construção do regimento
viços e funcionamento do Condomínio, Interno; plantio das folhagens orna-
com relação aos/as: mentais nos jardins, preparação da
casa para os eventos com grupos/
- pernoites, necessários para o cursos/visitantes/reportagens, rea-
aprendizado e respeito aos combi- lização do Festerê Junino que reu-
nados; niu as famílias e/ou pessoas impor-
tantes aos moradores. Se refere há
- 3 refeições diárias, tanto com as uma metodologia de organização do
escalas para fazer a alimentação trabalhos dos educadores, para que
como horários em que os alimentos todos possam atuar em equipe nos
estão á disposição dos moradores; plantões a que pertencem e também
para que as ações possam ser conti-
nuadas conforme as especificidades
- diário de entrada e saída de mo-
dos horários diurnos/noturnos.
radores, alvo de muitas discussões
e embates, pois mesmo com a li-
105
Cuidamos para continuidade e manu- dos nossos causos e causas;
tenção dos livros e registros:
• Saiu na mídia, virou notícia e por um
• Com a história que envolveu a FAS bom tempo recebemos os profissionais
-SF na operação inverno 2013, com da imprensa interessados em especial
acolhida no espaço anterior da UAI-SF, nas histórias de vida dos nossos mora-
para o pernoite de moradores em situ- dores, na metodologia e constatações
ação de rua. E ali estão os registros da importantes na visão profissional e de
metodologia utilizada, contribuições gestão. Seguimos recebendo as câmeras,
dos parceiros, sentimentos, desejos e a canetas, filmagens e um olhar de como é
certeza que fizemos o melhor possível isto aqui, muito mais agora com alunos
para contribuir com esta tarefa que en- de Jornalismo das diferentes institui-
volveu toda cidade. Este livro se trans- ções, que estão cuidando da sua forma-
formou em espaço de mensagens para ção e - para nossa alegria - aprofundando
os visitantes no Condomínio; os temas sociais que envolvem a popula-
ção em situação de rua e toda sua trajetó-
• Nossas reuniões e/ou assembleias, em ria de transformação para moradores de
formato de ata, de memória, de registro um condomínio social.

RESULTADOS OBTIDOS
PRINCIPAIS DESAFIOS E AVANÇOS DESTE UM ANO DE EXISTÊNCIA:

Desafios Aprendizados
• Seleção dos Moradores: como mobilizar e reconhecer os candidatos, • Construir com a equipe do Condomínio Social, da Unidade de Acolhimento
em condições de se responsabilizar pelo processo de aprendizado e de Rebouças, da Central de Resgate Social, Centro POP Boqueirão, CREAS e
moradia coletiva em sistema de república. demais setores e profissionais da FAS, o perfil de entrevista, sensibilização e
seleção dos futuros moradores para o Condomínio Social. A importância da
opção consciente de cada morador em inserir-se no condomínio conhecendo
as regras e o funcionamento, isso responsabiliza e ajuda na permanência.

• Escalas a Escola do Condomínio: facilidade para alguns e dificuldades • Cuidar-se e também do coletivo é um dos trabalhos mais exigentes com
para muitos, participar depois de algum tempo de moradia, das escalas os moradores. Depende de um estímulo diário e incansável da equipe,
para os trabalhos cotidianos na cozinha, na limpeza, com os apartamentos dos próprios moradores entre si e da descoberta cotidiana de como esta
e banheiros, com os seus pertences. situação pode ser transformada. Esta é uma pauta permanente nas reuniões
com moradores, onde reconhecemos os avanços, mediamos as sanções,
trabalhando com o contexto dos acontecimentos para que o próprio regi-
mento tenha a dimensão da realidade vivida e seguimos tendo que aprender,
com os que já estão a mais tempo e com os chegam, com outros costumes
interferindo na trajetória. É uma necessidade de retornar freqüentemente
nessa temática.
106 CADERNO DE PRÁTICAS

Desafios Aprendizados
• Trabalho X Realidade: preparação para busca do trabalho e depois as • Uma frase logo nos primeiros meses impactou “vocês tratam o trabalho
dificuldades imensas para se manter no emprego. como a solução e pode estar sendo uma arma”. Silenciou equipe e morado-
res, buscar trabalho foi coletivamente um caminho animador, mais perceber
que literalmente os ganhos financeiros, disparam o gatilho pela fissura da
droga e do álcool era alarmante. E aí fomos contando com um trabalho par-
ceiro fundamental com a presença do psicólogo Victor Piassa da DMMT-FAS,
que conquistou nossos moradores e por meses reuniu os interessados em
avançar no tema das relações de trabalho. Desde como fazer uma entrevista,
ter atitudes que contributivas para a manutenção no emprego até o como
cuidar da questão financeira, para ter boas condições de vida no presente e
uma poupança para quando sair do Condomínio e tocar a vida.

• O Serviço Social, Psicologia, Coordenação, Educadores(as), todos


empenhados intensivamente no processo de escuta, orientação, presença
educativa e nos encaminhamentos necessários para contribuir com a supe-
ração das fragilidades e o enfrentamento pelos tratamentos de saúde entre
outras ajudas, para vencer a linha tênue entre o ter aquisições financeiras
e retroceder com gastos que os fazia recair em dependências químicas, em
baixa auto-estima, no descrédito de toda trajetória já percorrida, etc...

• Numa outra etapa contamos também com as contribuições do Thiago e


Sebastian, profissionais voluntários do Coaching que fizeram um trabalho
especializado com alguns moradores e também coletivamente. Percebe-se
que nossa população tem uma trajetória de vida, onde as experiências
impactantes e desumanas causaram sofrimentos que repercutem imensa-
mente, impedindo o avanço na caminhada pessoal, profissional, relacional,
social. A diversidade do tempo que cada um deles precisa e do que o coletivo
empenhado no resgate de um caminho de direitos, é o que acreditamos
ser o maior investimento para os moradores do Condomínio avançarem
na construção consciente da sua cidadania. Desta forma, o trabalho com
situações objetivas se entrecruza com as situações subjetivas de cada um
e do coletivo levando a equipe a pensar/repensar e implementar novas e
variadas estratégias de ação.

• Imediatismo e Autoritarismo: os moradores trazem as questões de • Ponto forte tem sido o debate nos espaços de reunião semanal, onde
maneira individualista e imediatista quase sempre. Não há espaço para o utilizamos uma metodologia de tratar os assuntos por pauta, ouvindo a
“depois”, “daqui a pouco” e “amanhã” parece não existir. A vida nas ruas todos(as) moradores e profissionais. Mediamos os encaminhamentos e
tem a prioridade do agora e isto parece os tornar extremistas. As mudan- reflexões e definimos procedimentos para serem adotados pelo Condomínio
ças frente às dificuldades são exigidas com muita rigidez, diante dos ou seja pelo Coletivo
temas: escalas, quebra de regras, dependência química, atitudes dos mora-
dores que não contribuem para o coletivo... Pedem sanções duras como Percebe-se que a medida que enfrentamos as crises com mudanças no
desligamentos, presença da polícia, providências da equipe para inibir e/ funcionamento da casa, os vínculos de confiança parecem subsidiar
ou impedir que tais situações aconteçam, afastamento dos profissionais também a transformação dos moradores na forma de expressão diante das
que de alguma maneira não condiz com as expectativas, entre outras cobranças, do engajamento, do estímulo em ser também responsável pelo
Condomínio, pelos avanços e pela sua trajetória. Muitos fazem depoimentos
Percebe-se por vezes uma visão distorcida da realidade, do que é direito e importantes e espontâneos nas reuniões, em espaços de comemoração, com
do que pode ser utilizado tendencialmente para privilégios de alguns; visitantes, etc.

Outro aspecto bastante desafiador e constantemente vivenciado é o receio A construção do Regimento interno, proporcionou também que fosse garan-
de rever a própria trajetória, as suas atitudes e com facilidade se desvia tido o direito ao debate coletivo sobre o funcionamento da casa. Este tempo,
o olhar para culpabilizar o outro. Estas não são situações vivenciadas foi também um espaço que proporcionou a formação gradativa entre equipe
somente no Condomínio Social, pois pertence ao sistema de defesa do ser e moradores, de como estabelecer parâmetros para que o Condomínio seja
humano e comumente os grupos trazem esta atitude. O que elencamos um espaço de convivência, de acolhimento e principalmente que proporcio-
aqui é a intensidade e o rigor do julgamento. ne condições para o desenvolvimento da autonomia e o fortalecimento de
uma trajetória cidadã, com os direitos humanos compreendidos e o como
acessar as políticas sociais e o trabalho.
107

Desafios Aprendizados
É também exigente o aprendizado para nós enquanto equipe de acompanha-
mento e/ou do trabalho cotidiano, ter a paciência histórica de Paulo Freire e
perceber a importância do trabalho diferenciado e permanente, que esta rea-
lidade precisa para que possamos compor a garantia de direitos, a proteção,
o aprendizado cotidiano, a elevação da auto-estima, a firmeza diante dos
limites, a construção de um processo pedagógico cotidiano que aproxime e
faça deslanchar, numa construção coletiva concreta.

• Saúde Mental: as recaídas com uso e/ou abuso do álcool, crack, cocaína • Procuramos conhecer e firmar parceria com toda rede de tratamento e
e outras drogas, traz consequências importantes para trajetória individual, enfrentamento das questões de saúde mental: Unidade de Saúde referência,
coletiva e social de todos. Principalmente quando não se tem adesão para UPA para as emergências, grupos de auto-ajuda Narcóticos Anônimos - NA,
o tratamento e/ou engajamento para compreender os riscos pessoais e Acoólicos Anônimos - AA; Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, Consultó-
coletivos, além de toda “escravidão recorrente” que a dependência química rio na Rua, além das buscas espontâneas e proximidade com instituições
oculta, por doenças psíquicas não tratadas. religiosas, casas terapêuticas que os próprios moradores tem em suas
trajetórias de vínculos.

• O trabalho mais próximo com os moradores e equipe é com a Saúde


Municipal, tanto na para prevenção, tratamento, internamento. Aprendemos
também que neste campo às vezes temos que contar com a intervenção
policial, para que possamos colocar o limite que o diálogo e todas as formas
de trabalho parecem não ecoar e para oferecermos segurança, proteção e
um limite contamos com a contribuição importante e necessária, para rea-
lizar contenção por meio de revista geral no Condomínio, bem como, ronda
periódica feita pela Guarda Municipal do Distrito de Santa Felicidade.

• Este é um campo que trabalhamos diariamente e com certeza o mais


exigente de todos. É onde temos muito a avançar no trabalho educativo, com
vistas a prepararmos melhor os interessados em morar no Condomínio; para
que tenhamos maior sabedoria na forma de intervir no nosso cotidiano;
para tornarmos o espaço de moradia sempre mais um bem para todos, onde
a VIDA de cada um e o direito a convivência coletiva, comunitária e social
sejam defendidas e aproveitadas por todos.

Frente aos grandes desafios que enfrentamos, temos proposto a formação de uma COMISSÃO entre profissionais envolvidos com os Acolhimentos do Municí-
pio, setor de Direitos Humanos da PMC e demais Órgãos envolvidos com a realidade da população em situação de rua, para trabalharmos desde as questões
que envolvem a entrada no Condomínio e em outros abrigos até toda complexidade que leva ao desligamento dos mesmos.
108 CADERNO DE PRÁTICAS

DADOS QUANTITATIVOS, REFERENTE


AOS PRIMEIROS MESES DO CONDOMÍNIO:

Acolhimentos Moradores
Residem no Condomínio em 07/11/14 55

Total de janeiro a outubro de 2014 107

Motivo de Desligamentos Moradores


Descumprimentos do Regimento Interno 25

Solicitação Voluntária 16

Evasão 11

Total 52

Situação atual em 07/11/14 Moradores


Trabalhando 35

Em busca de Trabalho 17

Recluso 01

Auxílio Doença 01

Unidade de Acolhimento /saúde 01

Total 55
109

O QUE É MORAR NO CONDOMÍNIO SOCIAL,


FRASES DITAS PELOS MORADORES:

“Rever conceitos; • Cada pessoa tem que ter sua responsa-


bilidade, confiança.
viver em comunidade;
aprender a seguir • Aprender a convivência sem deixar de
ser você mesmo, possibilidade de cres-
regras; ter uma cer, se mobilizar para poder mudar.
nova chance de • Realizar cursos, possibilidade de mu-
ser reintegrado na danças.

sociedade; é um • Convivência, possibilidade de estabi-


momento de refugio lidade no emprego, autonomia.

para planejar a vida, • Gratidão, aprendizado, mudança de


aprendizado, tem vida, aproximação familiar.

sido uma benção na • Gratidão, aprendizado e resgate de va-


minha vida. Agradeço lores, possibilidade de conversar.

a Deus por este lugar, • Resgate da vida, companheirismo,


morar no Condomínio ajuda mútua, ótimas conversas com
bom nível, humanidade.
para mim é uma
oportunidade para o • Convivência, espaço digno com bom
atendimento.
meu crescimento na
sociedade.” • Gratidão.

E após um ano de Condomínio, pergun- • Gratidão, espaço de mudança, ter um


tamos aos moradores no final de uma endereço.
reunião e registramos a palavra expres-
sada por todos... • Ajuda, família, espaço de convivência,
bem recebido e tratado.

"O que VALEU ou o • Gratidão a moradores e equipe.


que fez a diferença
• Companheirismo, grande família.
nesse período que
estou aqui?" • Grande oportunidade.

• Exercício da democracia, aprendizado • Ajuda para resgatar ações de trabalho,


em convivência na vida e gratidão. convivência, resgate de convivência fa-
miliar.
• Tranquilidade, possibilidade de cui-
dado, sonho, gratidão. • Gostar do trabalho, esforço para me-
lhorar.
• Melhorar, crescer como ser humano,
acreditar em mim. • Compromisso, aprendizado constan-
110 CADERNO DE PRÁTICAS

te, trabalho gratificante, conquistas. • Caso 1 - Continua trabalhando no mes-


mo supermercado que estava, quando
• Aprendizado, possibilidade de acertos. saiu do Condomínio. Reside em casa
alugada nas proximidades, inclusive
• “A gente não pode fazer o que a gente convidou outro morador para dividir o
quer”. espaço e as despesas.

• Realização. • Caso 2 - Saiu do Condomínio para tra-


balhar num restaurante, onde permane-
• Desafio diário, mobilização, supera- ceu por oito meses, morando em sistema
ção. de alojamento administrado pelo pró-
prio estabelecimento.
• Crença no ser humano.
• Caso 3 - Retornou com seus familia-
• Oportunidade de arrumar um bom res, hoje trabalha em uma pequena fá-
serviço, economizar, novos amigos, mu- brica de camisetas, readquiriu sua moto
dança de vida, manter a sobriedade e e constantemente vem nos visitar.
cuidar da saúde.
• Caso 4 - Quando saiu pela primeira
Diante da força destas expressões, com- vez, foi trabalhar em um restaurante,
preendemos o sentimento que vai na residindo em sistema de alojamento, re-
bagagem de cada pessoa, que compõe tornou após um mês pois não conseguiu
esta experiência extraordinária e com permanecer no referido emprego. Após
certeza inovadora, na sua forma única alguns meses foi desligado por descum-
de acolhimento para e com o coletivo de primento do regimento interno, perma-
moradores, isto configura a República neceu novamente nas ruas, foi abordado
Condomínio Social. Um espaço de mo- e encaminhado para tratamento de saú-
radia, para uma população masculina e de pelo CREAS/SF e hoje está residindo
que trazem em sua história a experiên- com familiares.
cia de viver nas ruas desta cidade e hoje
podem contar com um espaço construí- • Caso 5 - Foi desligado do Condomí-
do dignamente, para servir de escola no nio por descumprimento do Regimento
resgate e fortalecimento da cidadania e Interno, logo após buscou espontanea-
do direito a ser neste país. mente ajuda para suas questões de saú-
de mental. Após alta do tratamento, alu-
Compartilhamos ao final, depoimentos gou um apartamento junto com amigo e
dos moradores Francisco Andrade do buscou novo trabalho.
Nascimento, Luiz Antonio Obladem e
Marcelo Viana, que se dispuseram a escre- • Caso 6 - Permaneceu no Condomínio
ver um pouco das suas histórias de vida. por 11 meses, durante este período apro-
ximou-se dos filhos e no final do ano de-
cidiram morarem juntos, fizeram algu-
E QUANDO OS MORADORES mas reformas para ter mais um cômodo
SAEM DO CONDOMÍNIO na casa e o aspecto mais motivador era
a alegria pelo retorno familiar e a vin-
SOCIAL... da do seu neto que estava para nascer.
Todos desejam participar juntos desta
A equipe do Condomínio segue acompa-
nova trajetória de vida.
nhando a trajetória dos ex. moradores,
com objetivo de estimular a caminhada
• Caso 7 - Desligou-se do Condomínio
de autonomia, reforçar os passos que
para trabalhar numa empresa localizada no
contribuem para cidadania e também
interior do estado do Paraná e contou com
acolher novamente quem precisa desta
a doação de cama, fogão, sofá, entre outros
casa. Sem identificar compartilhamos
utensílios domésticos pelo Disque Solidarie-
um pouco da história de alguns:
dade - FAS, para iniciar vida nova.
111
• Caso 8 - Após seu desligamento por mento manutenção e reinserção no mer-
descumprimento do Regimento inter- cado de trabalho formal ou informal.
no, retomou suas relações com o filho,
continua trabalhando no mesmo local Os obstáculos se tornam ainda maiores
de quando saiu e reside em casa alugada. pelos efeitos que os problemas com a
drogadição, etilismo e recaídas, pro-
• Caso 9 - Foi desligado por descum- movem individualmente e no coletivo.
primento do regimento interno e hoje Impedindo muitos de seguir engajados
encontra-se trabalhando. Tomou a de- em seus Projetos de Vida, acompanha-
cisão de morar junto de sua namorada e dos pelo Serviço Social e Coordenação.
relata estar muito bem, frequentemente É lastimável os danos do uso abusivo
vem visitar ou telefona dando notícias. e muitas vezes prolongados de subs-
tâncias psicoativas e pior ainda, pela
• Caso 10 - Encontramos casualmente facilidade com que são adquiridas e
vendendo Estar na rua e o mesmo rela- rapidamente propagados seu uso com
ta a importância do Condomínio em sua o coletivo dos moradores. Vamos per-
vida, o desejo imenso de cuidar da sua correndo um processo de diálogo com
filha e a tristeza por sempre perder tudo os que evidenciam o uso; de enfrenta-
para dependência química. mento no debate sobre o assunto em
reuniões com os moradores; de estímulo
Seguimos atentos ao movimento das por meio de profissionais que abordam
ruas, em contato com os demais abri- este tema; pela formação oferecida pela
gos da cidade, Centros POPs, CREAS. FAS e outros órgãos aos profissionais da
Em nossas reuniões com os moradores casa; pela presença da Guarda Munici-
trazemos notícias das situações não si- pal periódicas ou quando pressentimos
gilosas e compartilhamos a caminha- a necessidade para evitar situações de
da dos ex-moradores para que possam conflito interno. Neste período tivemos
compreender a vida e suas complexida- uma ocasião onde foi necessário fazer
des. Acreditamos sobre importância de uma revista geral nos espaços da casa
seguirmos juntos e não desistirmos do para garantir a questão da segurança e
resgate e o fortalecimento dos mesmos inibir o uso de substâncias como o crack
para uma vida cidadã e com direitos de e álcool dentro da casa. Este é um tema
inclusão respeitados. constantemente debatido com as profis-
sionais da FAS-SF, Superintendências e
Diretorias da FAS para conjuntamente
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA avaliarmos o processo de entrada, crité-
rios que selecionem melhor os candida-
A proposta de trabalho com este pú-
tos ao sistema de República visualizado
blico tem suas bases na construção da
para este Condomínio e também para
autonomia, portanto todo processo ba-
todo atendimento da Assistência Social,
seia-se no aprendizado, fortalecimento
além do tratamento oferecido pela Saú-
e ampliação da capacidade de assumir
de e demais intervenções necessárias
a direção de suas vidas de maneira res-
para contribuir efetivamente no en-
ponsável e consciente. E para tanto cha-
frentamento ao uso abusivo das drogas
mamos o Condomínio de espaço/escola,
lícitas/ilícitas.
onde é preciso que os profissionais te-
nham uma ação educativa voltada para
Outro entrave desafiador para os pro-
adultos, pautada numa metodologia de
fissionais, moradores e empregadores é
estímulo ao compromisso consigo mes-
o fator permanência nos empregos. Per-
mo, com a casa, com o coletivo e com a
cebe-se tanto nas atividades do Condo-
sociedade. Os parâmetros sociais, são
mínio como na realidade de trabalho ou
de conhecimento e envolvimento com a
outros processos, dificuldades quanto
rede de serviços garantindo as questões
a aceitações de regras e limites. Este é
de documentação, preparação para o
um paradoxo constante do maior desejo
trabalho, cuidado com a saúde, estudo,
de conseguir um trabalho, com os tan-
moradia, situações familiares, engaja-
112 CADERNO DE PRÁTICAS

tos receios que são superados a medida • Encontro com as famílias realizada no
que os moradores avançam em determi- Festerê Junino, onde muito nos surpre-
nação, encorajamento e preparação. E endeu a adesão dos familiares, o receio
também enfrentamos com os moradores com que chegaram no Condomínio com
as frustrações pela não condição de con- dificuldade até mesmo para entrar e a fe-
tinuidade e permanência de muitos nos licidade do que foi se transformando em
seus empregos. Temos como diretriz a proximidade, alegria, diálogo e reconhe-
não desistência do processo motivacio- cimento de que os moradores vivem num
nal e realista, e agimos constantemente espaço diferenciado. “Aqui é bom de se vi-
com as orientações, esclarecimentos, ver”, estava escrito no sorriso de todos que
acompanhamento, presença diária e puderam celebrar a virada da vida com
quando necessária e possível interven- seus laços de amor, de família, de vida;
ção conjunta nos espaços de trabalho,
para compreender e contribuir para • Importância das reuniões com algu-
manutenção dos moradores no trabalho mas famílias que são possíveis de aces-
e também para a realização de buscas so, ou que vem até o Condomínio para
mais assertivas. conhecer o espaço, etc. A equipe técnica
realiza um trabalho de proximidade e
Também é um aspecto relevante me- esclarecimentos e muitas vezes resulta
diação das posturas imediatistas e aus- num resgate de relações distantes e/ou
teras com que esta população aprendeu fragilizadas;
a recorrer, acreditamos que essas sejam
medidas de proteção e sobrevivência na • É por meio das reuniões semanais
rua. E mostrar as duas principais facetas que percebemos a maior força do tra-
da nossa proposta, que este Condomínio balho coletivo, onde as lideranças se
é um direito e o sucesso dele depende colocam diante do que precisa avançar
da nossa capacidade de vida coletiva, e fazem cobranças para melhorias. É
tem sido os maiores instrumentos para onde também a metodologia das defi-
construir pactos humanizados, sérios nições compartilhadas, se transformam
e permanentes, resultante inclusive na em procedimentos para moradia e ope-
escrita do Regimento Interno que assim racionalização do Condomínio. Estes
que for concluído pretendemos disponi- encontros ocorrem nas terças-feiras
bilizar no site da FAS. das 20h às 22h e tem sido acompanha-
do inclusive por uma equipe do Instituo
As maiores facilidades vêm sendo o Municipal de Administração Pública -
apoio incondicional da FAS em todas as IMAP para realizar estudos.
suas instâncias e de maneira muito pre-
sente o acompanhamento realizado pela • Reflexão sobre as questões políticas,
FAS – SF e as parcerias compreendidas sobre a importância do voto consciente
como a nossa rede social local. Traze- e os demais movimentos e posiciona-
mos a cada passo uma reflexão, buscan- mentos que precisamos ter para contri-
do explicação, compreensão e avaliação buir com uma sociedade mais humana
para superação. e justa com todas as pessoas. Tudo isso
mobilizado pelas campanhas políticas
Mas seguir em frente também depende em 2014 onde nenhum horário eleitoral
de concisão. Aqui, uma: lista do que fi- foi deixado de assistir e ser debatido en-
cou gravado como evolução: tre os moradores;

• Retornos familiares, momentos raros, • Inscrição e participação no ENEM,


mas com certeza os mais valorosos; mudança de rotina com o apoio e incen-
tivo da equipe;
• Retorno ao estudo: divisor de águas na
vida dos moradores e na nossa motiva- • Participação de cursos ofertados na
ção profissional; comunidade, tais como: soldador, por-
teiro, jardinagem, serviços gerais;
113
• Realização do Curso de DHC – Desen- Estudantes de Psicologia da Faculdade
volvimento de Habilidades e Compe- Pequeno Príncipe;
tências, ofertado pelo Liceu de Ofício
de Santa Felicidade; Estudantes de Jornalismo da UFPR ;

• Visitas recebidas no Condomínio So- Entre outros, da mesma importância,


cial, com a participação dos moradores bem como a participação em várias re-
tanto para a preparação, recepção e ex- portagens onde os principais protago-
planação do funcionamento do Projeto: nistas foram os moradores.

Funcionários da Fundação de Ação So- Na relação com a Comunidade, os


cial , Gestores(as) da PMC e das Prefei- aprendizados foram no sentido de com-
turas da Região Metropolitana; preender a necessidade de trabalhar
dialogicamente com a comunidade, com
Marcia Lopes – Ex Ministra do Desen- a equipe e com os condôminos. A comu-
volvimento Social e Combate a Fome nidade reivindica questões de segurança.
Nós (poder público e população de rua)
Tereza Campelo – Ministra do Desen- reivindicamos espaço no território para o
volvimento Social e Combate a Fome desenvolvimento do trabalho. Interesses
esses passíveis de conciliação se: a comu-
Edeli Salvatti – Ministra da Secretária nidade compreender que a circulação de
de Diretos Humanos pessoas pode ser um fator de segurança
num entorno que está se transformando
Tania Mello – Ministério da Saúde de em espaço de comércio com circulação
Brasília somente durante o dia. Os condôminos
terem a noção de que podem ter atitudes e
posturas que não colocam a comunidade
Telma Maranho – Diretora de Proteção
em risco, sendo outro fator de segurança,
Social Especial da SNAS/MDS
pois se sentem pertencentes aquele espa-
ço e irão cuidar do mesmo. E por último,
Bira Marques – Secretário Municipal de
a equipe que deve estar sempre pronta ao
Assistência Social e Direitos Humanos –
diálogo e recepção das pessoas da comu-
Niteroi – RJ
nidade e em especial em possíveis situa-
ções de conflito. Ademais esse território
Igo Martini - Coordenador de Direitos
se constitui em potencialidades de traba-
Humanos da PMC
lho, compras, relações de vizinhança, sen-
do o condomínio um espaço coletivo de
Paul Singer – Economista de formação, moradia, pertencente a uma comunidade,
Doutor em Demografia pela Universi- situada num determinado território que
dade de Princeton-EUA, Livre docente deve ser conhecido, explorado e vivido.
como professor da USP e Titular da Se-
cretaria Nacional de Economia Solidá-
Temos claro também, a necessidade do
ria tudo isto com a grandeza de nos dizer
trabalho contínuo com a comunidade
"que o mais importante são as pessoas";
para conhecer o dinamismo que os di-
ferentes grupos de moradores podem
Claudinei do Nascimento – Secretário promover nos arredores do Condomínio
Executivo da Secretária de Direitos Hu- e atuar com transparência diante com-
manos da Presidência da República; promisso assumido em cuidar do terri-
tório, para que a comunidade nos acolha
Estudantes de Serviço Social de Michi- neste espaço.
gan – USA;
Nossa gratidão à oportunidade de com-
Estudantes de Serviço Social da UEPG partilhar as diretrizes desta nova gestão
– PR; da Assistência Social em Curitiba, reali-
zada pela Márcia Fruet presença ímpar
114 CADERNO DE PRÁTICAS

e motivadora com toda equipe da FAS, Meu nome é Francisco Andrade do


na trajetória da concretização deste tra- Nascimento, tenho 26 anos vim para o
balho que é de toda cidade. Condomínio Social no dia 07/01/2014.
Quando cheguei, não acreditava na pro-
"O Condomínio Social é um jovem pro- posta apresentada, não conhecia a maio-
jeto de quase um ano... ria dos profissionais, enfim achava essa
nova proposta bastante difícil de ser
É fruto de uma trajetória da Assistência concretizada.
Social em nossa cidade...
Com o passar do tempo, percebi que o
É resultado de muitas realidades que trabalho da equipe técnica era diferen-
compõem a história de cada morador... ciado, senti que éramos tratados como
seres únicos, tratados como indivíduos
É resposta ao passado e ao presente... com diferentes aspirações.

É a esperança no futuro de muita gente!" Isso começou a me incentivar a pensar


no meu futuro, retomando meu contato
com familiares e interagindo normal-
REFERÊNCIAS: mente na sociedade, me senti novamen-
te um cidadão.
Regimento Interno da Casa do Estudan-
te Universitário – CEU – Curitiba - PR
Nesse mesmo ano fui incentivado pela
equipe a fazer a inscrição no ENEM, os
Regimento Interno da COHAB
mesmos se propuseram a nos incentivar
a estudar, inclusive fornecendo aposti-
Regimento Interno da República Tera- las para os que haviam se inscrito e tam-
pêutica - São Bernardo do Campo - SP bém estavam a disposição para dúvidas.

DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Tipifi- Nos dias das provas o maior incentivo
cação Nacional de Serviços Socioassis- que tive, foi a presença da Coordenação
tenciais. Resolução no 109, de 11 de no- ter vindo ao Condomínio somente para
vembro de 2009. nos apoiar.

PREFEITURA MUNICIPAL DE Quando saiu o resultado, me senti pro-


CURITIBA. Projeto de Implantação do fundamente emocionado ao descobrir
Condomínio Social – República para que tinha atingido a média em todas as
população de Rua – FAS. Doc interno matérias, inclusive na redação, poden-
2013. do finalmente concluir o Ensino Mé-
dio. Com as notas obtidas no exame de
Brasil. Ministério do Desenvolvimento equivalência, pude concorrer a bolsa do
Social e Combate a Fome. Política Na- Prouni.
cional de Assistência Social/2004 Brasí-
lia, 2009. Hoje, foi o meu primeiro dia de aula no
Curso Superior de Teologia na PUC.
SILVA, Maria Lúcia Lopes da. Trabalho
em Situação de Rua no Brasil. São Pau- Tenho certeza que devo muito
lo:Cortez, 2009. dessas vitórias à equipe do Condomínio
Social, que sempre me orientou, apoiou
VALENTE, Jane. Família Acolhedo- e continua me fazendo enxergar, a cada
ra: As relações de Cuidado e Proteção dia mais, um futuro melhor.
no Serviço de Acolhimento. São Paulo:
Paulus, 2013 Francisco Andrade do Nascimento

Memória 1 - Francisco Andrade do Nas- ____________________________


cimento
115
Memória 2 - Luiz Antonio Obladem Me faltam palavras para expressar o
meu contentamento e satisfação por fa-
Agora descrevo minha trajetória até zer parte desse seleto grupo de morado-
chegar no Condomínio. Eu nunca fui res do Condomínio Social.
morador de rua, mas estive em situação
de rua e passei por várias discrimina- É preciso lembrarmos que se trata de um
ções e humilhações que nosso povo de trabalho experimental e revolucionário, e
rua passa todos os dias, e sei quanto isto que o foco é a valorização do ser humano
é triste e doloroso para um ser humano. através da implantação de rotinas úteis ao
amadurecimento, resultando na melhoria
Cheguei nesta situação após ter perdido da qualidade dos relacionamentos, desen-
a coisa mais importante do mundo, que volvimento da auto-estima e motivação
é a família, devido a minha dependência para o autodidatismo.
[álcool e drogas] mas nunca desisti de
lutar pela minha sobriedade. Agradeço a toda equipe técnica que não
mede esforços para nos proporcionar
Meu primeiro contato com o Regate um bem-estar, ao Sr. Prefeito Gustavo
Social eu nunca vou esquecer, eu esta- Fruet e a Sra Presidente da FAS Márcia
va descalço e mal trapilho, quando uma Fruet. Sei que vocês enfrentaram muitas
pessoa me estendeu sua mão, e esta pes- críticas do tipo: para que perder tempo
soa Márcia Fruet, vem desde aquele dia com essa gente?... ou seja, se a pessoa
fortalecendo meus passos. não dá lucro, é descartável ...., é por exis-
tirem pessoas assim que penitenciárias
Primeiro recebi encaminhamento para estão lotadas ... Mas não liguem, isso é
a João Durvalino, equipamento este que antigo, os fariseus já faziam isso.
me apoiaram muito. Logo fui também
convidado para a Rockefeler que conse- E olha o resultado, em um ano, mora-
gui um equilíbrio para retornar ao tra- dores restabelecendo vínculos familia-
balho e assim com muito esforço e mé- res fragilizados e/ou rompidos, outros
rito cheguei ao Condomínio Social. Na obtendo êxito profissional e até mesmo
minha opinião é o melhor equipamento alguns grandes guerreiros como o exem-
para que nós possamos nos integrar a plo de um morador que saiu da situação
sociedade novamente, pois aqui temos de rua, e em um ano conclui o ensino
uma equipe técnica e educadores pre- médio e está ingressando em uma facul-
parados para suprir nossas expectativas. dade com bolsa de 100% por mérito.

Tudo isso também não foi só Através deste novo modelo de trabalho
um mar de rosas, também teve seus acredito que estamos na direção certa.
espinhos, principalmente com a luta Quero deixar uma mensagem que acho
da sobriedade e o convívio com outros que serve para todos: “Se desejarmos
condôminos, mas sempre tivemos o ampliar nossa maturidade, precisamos
apoio de todos os profissionais. desde já eliminar algumas imaturida-
des, tais como: autocorrupção, desorga-
Completei um ano no Condo- nização, fanatismos, futilidades, medos,
mínio Social e quero agradecer a todos preconceitos, preguiça, superstições,
pelo carinho, respeito e a excelência em vícios e muitos outros empecilhos que
tudo que fazem pela questão social. atravancam nossa evolução.

Obrigado A conquista da maturidade integral só


é possível se exercermos uma rotina em
Luiz Antonio Obladen um ambiente saudável.

___________________________________ Um Abraço

Memória 3 - Marcelo Viana Marcelo Viana


117

GESTÃO DO SUAS

APRIMORAMENTO DOS SERVIÇOS E PROCESSOS DE TRABALHO “O cotidiano


é capaz de
envolver e de
condensar os

A
aspectos mais
Gestão da Política Na- tas”, (Brasil, CapacitaSUAS Caderno profundos de
cional de Assistência 2, 2013, p.37) e prevê ações para a uma existência
Social na perspecti- acolhida, convivência e socialização que é a um só
va do SUAS se dá pela das famílias e indivíduos como res-
compreensão dos con-
tempo social
posta às situações de vulnerabilidade
ceitos e bases de organização como social. A proteção social especial se
e individual,
a Matricialidade Sociofamiliar, a destina às situações de desproteção
projetos de
Descentralização Político-Adminis- já agravadas, que colocam em risco
vida, desejos,
trativa e Territorialização, a Relação pessoal ou social o cidadão, grupos ou necessidades,
entre o Estado e a Sociedade Civil, o famílias com direitos violados, amea- satisfações e
Financiamento, o Controle Social, a çados, com ocorrência de violência, frustrações
Política de Recursos Humanos, e a abuso, exploração, abandono, rompi- que, enquanto
Vigilância Socioassistencial. Dentro mento e/ou fragilização dos vínculos experiências
disso, inaugura-se o desafio de não etc. Diante da complexidade das situ- vão carregando
apenas compreender os conceitos, ações, as demandas integram as ações de significado a
mas incorporá-los e traduzi-los em da média complexidade quando ainda vida cotidiana”.
ações práticas que aprimoram e qua- há vínculo familiar, afetivo ou comu-
lificam a prestação dos serviços e os nitário, mesmo que fragilizado, e da Lacombe (2007)
processos de trabalho na lógica do alta complexidade quando ocorre o
Trabalho Social. rompimento do vínculo.

Em sua organização, a política de Tais proteções devem estar articu-


assistência social se divide em pro- ladas para garantir a totalidade do
teções e seguranças afiançadas, ins- atendimento, dentro e fora da políti-
taurando o segundo desafio que é não ca de assistência social e as seguran-
permitir a separação das proteções ças sociais afiançadas pela Política
como partes isoladas dentro da polí- Nacional de Assistência Social: de
tica pública, e sim, partes integradas acolhida, de convivência e de sobre-
que tem a necessidade de articulação vivência.
e controle para prática efetiva. Nes-
te sentido, vale compreender que a No sentido de compreender as prin-
proteção social básica “tem caráter cipais configurações da assistência
preventivo e objetiva a antecipação social e os desafios colocados, res-
de situações de risco por meio de co- salta-se que o caminho da implemen-
nhecimento prévio do território e das tação passa pela Gestão do Trabalho
famílias, das demandas e níveis de como elemento central, com olhar
desproteção social a que estão expos- voltado para os serviços e processos
118 CADERNO DE PRÁTICAS

de trabalho em sua forma efetiva e dos usuários como sujeitos de direi-


qualificada, visando o atendimento às tos. O histórico da assistência social
necessidades sociais. Supõe a criação trilhado como forma de benesse, cari-
de referências técnicas e institucio- dade e ação social, propõe o terceiro
nais que garantam orientação e apoio desafio em articular, no âmbito regio-
permanentes, bem como regulamen- nal, ações que redefinam o caminho
tações e formação de uma rede de trilhado até então.
educação permanente que se fortale-
ce na medida em que os próprios tra- Cabe aos profissionais que se encon-
balhadores participam do processo tram na Gestão do SUAS, o olhar ati-
(Silveira, 2011) vo e responsável, que visa não apenas
atuar de forma significativa, mas tam-
Vale ressaltar que existem vários as- bém aprimorar a prestação dos servi-
pectos que dificultam e contradizem ços e benefícios. A este perfil de tra-
a lógica do trabalho social, como o balhadores, não é necessário apenas
conservadorismo, o preconceito, a compreender e estar atento às norma-
falta de qualificação presente na prá- tivas, regulamentações e debates que
tica profissional e que apenas podem se dão constantemente em âmbito
ser aprimorados e alterados na pers- nacional, mas perceber continuamen-
pectiva dos processos de reflexão te- te as necessidades colocadas pelo co-
órico-práticas, que visam aproximar tidiano das ações, pois apenas assim,
os conceitos, com metodologia ade- com a reflexão do geral ao específico
quada, para o cotidiano dos trabalha- é que se pode qualificar a prestação
dores. As relações conservadoras são de serviços, pois mais que documen-
superadas com rigor metodológico e tos norteadores, é necessário o traba-
direção ético-política, interrompen- lho próximo e conjunto aos trabalha-
do as ações tradicionais, pontuais, dores/as que encontram-se na esfera
fragmentadas, para abrir espaço para do provimento de serviços.
práticas que desenvolvem competên-
cias e habilidades orientadas pelos
princípios e diretivas do SUAS. Referências
Caderno Capacita SUAS Volume
Por este motivo, coloca-se aos traba- 2 - Proteção de Assistência Social:
lhadores que atuam na perspectiva da Segurança de Acesso a Benefícios e
gestão do trabalho, nas coordenações Serviços de Qualidade: http://goo.gl/
de diretorias e equipamentos, na bus- pN9ZoI
ca pela implementação do SUAS, o
desafio de compreender as necessida- Caderno Gestão do Trabalho no Âm-
des de aprimoramento e qualificação, bito do SUAS: Uma contribuição ne-
com planejamentos específicos, mo- cessária para ressignificar as ofertas e
nitoramento e reflexão sobre os pro- consolidar o direito socioassistencial:
cessos de trabalho junto aos trabalha- http://goo.gl/1Kq0b8
dores do SUAS, ao compreender seu
perfil e a responsabilidade em reco-
nhecer o território como espaço de
atuação e o cotidiano como elemento
central para as ações.

Para este processo, inovação e criti-


cidade são primordiais para a recon-
dução de ações que por vezes foram
marcadas pelo tradicionalismo e ca-
minharam na contramão da transfor-
mação social, coletiva, da implemen-
tação do SUAS e do reconhecimento
119

TÍTULO: padrões de qualidade


para o serviço de convivência
e fortalecimento de vínculos
com crianças e adolescentes
EQUIPAMENTO: DPSB Fortalecimento de Vínculos - SCFV, É importante
no ano de 2013, identificou-se que que tenhamos
para melhor atingir os objetivos, seria Cadernos
DATA DE INÍCIO: MAIO DE 2013 necessário ir além de capacitação dos
Orientadores
profissionais dos CRAS, contratação
RELATOR: ANA LUIZA SUPLICY de serviço para realização de oficinas
e Padrões de
Qualidade que
GONÇALVES diversificadas como complemento das
nos permitam
atividades realizadas pelas equipes,
levantamentos e diagnósticos, plane- executar e
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: jamentos regionalizados, formalização monitorar todos
ANA LUIZA SUPLICY GONÇALVES, e acompanhamento de convênios. O os serviços
Ministério de Desenvolvimento So- socioassistenciais
MARIA VANDERLÉIA GARCIA SAN- cial e Combate à Fome - MDS dispo- desenvolvidos
TOS, SUZETE APARECIDA FANCHIN, nibiliza várias normativas e cadernos no município
orientadores. Porém, considerando pela rede própria
KAREN CANNI DA COSTA, MARIA que o SCFV teve suas origens em ati- e conveniada,
APARECIDA MARTINS CAMATARI, vidades de contraturno escolar, numa com vistas a
etapa anterior à Tipificação Nacional garantir o direito
CINTIA CRISTINE LEITÃO DALCUCHE, de Serviços Socioassistenciais de 2009, de pessoas e
ÉRIKA HARUNO HAYASHIDA, GEREN- não havia nivelamento de conhecimen-
famílias ao
to sobre como deveria ser a execução
TES DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA, do serviço garantindo atendimento de
atendimento
qualidade que ultrapassasse a simples
digno que
EQUIPES DOS CRAS E CONSELHO ocupação de tempo livre nos CRAS considere o
MUNICIPAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL e unidades conveniadas. Também no caráter equânime
Conselho Municipal de Assistência So- de nossas ações.
cial - CMAS, refletia-se essa dificulda-
de quando da análise dos processos de
SITUAÇÃO ANTERIOR inscrição pela Comissão de Normas que
apresentava dúvidas com relação aos
Desde a implantação do Sistema Úni- componentes que deveriam ser consi-
co de Assistência Social - SUAS, há 10 derados obrigatórios para a execução
anos, o município de Curitiba vem im- do serviço, uma vez que não existiam
plementando e buscando aprimorar o padrões de qualidade definidos.
acesso aos direitos socioassistenciais.
Na Proteção Social Básica, no que se Além disso, estão em fase de defini-
refere ao Serviço de Convivência e ção e regulamentação pela Secretaria
120 CADERNO DE PRÁTICAS

Nacional de Assistência Social, os pa- e não governamentais do CMAS, enti-


râmetros de vinculação das entidades dades que atuam na área e gestores da
socioassistenciais ao SUAS. O Vínculo assistência social. Foi realizado um
SUAS é um reconhecimento de que a levantamento do custo real per capita
entidade integra a rede socioassisten- do serviço com coleta de informações
cial. Para este reconhecimento, o ges- das entidades sociais. Porém, o grupo
tor local deve observar a existência de percebeu que não bastava a reivindi-
serviços gratuitos, continuados e pla- cação pelo aumento do valor repas-
nejados sem qualquer discriminação, a sado. O custo necessariamente de-
qualificação e a quantificação das ativi- veria estar vinculado a qualidade do
dades, a disponibilização de serviços de serviço. As entidades participantes
acordo com a demanda dos territórios declararam que careciam de orien-
e atuação na perspectiva da garantia tação na área, que somente os docu-
dos direitos à convivência familiar, co- mentos de referência nacionais não
munitária e social, ao desenvolvimento eram suficientes e a gestão concluiu
da autonomia, à acolhida, à renda e à que esse trabalho também seria ne-
sobrevivência a riscos circunstanciais. cessário para orientação aos CRAS do
Além de qualificar o serviço executado município. Paralelamente, outro gru-
diretamente, o órgão gestor da assistên- po de trabalho composto por equipes
cia social no município é responsável dos CRAS e gestores discutia indica-
também pela coordenação das ações da dores para o serviço.
rede privada e precisa de instrumentos
que facilitem seu monitoramento. O trabalho dos dois grupos convergiu
e culminou na construção de um do-
Sendo assim, iniciou-se um processo de cumento orientador que dispõe sobre
definição de padrões de qualidade para os padrões de qualidade do SCFV para
o SCFV com crianças e adolescentes, crianças e adolescentes, complemen-
com objetivos de: tado por um quadro de indicadores
obrigatórios, recomendados e comple-
• Reordenar a execução do SCFV com mentares para sua execução. O docu-
crianças e adolescentes no município mento foi apresentado e discutido com
de Curitiba; o Conselho Municipal que o aprovou
por meio da Resolução no 02/2014. En-
• Organizar o monitoramento do serviço tendemos que a forma participativa de
executado pela rede socioassistencial construção do documento contribuiu
para a absorção de conceitos alinhados
• Facilitar a análise dos processos de entre diferentes atores do SUAS.
inscrição das entidades que desenvol-
vem o SCFV no Conselho Municipal de A partir da finalização do documento
Assistência Social foi realizada capacitação às equipes dos
CRAS e de entidades vinculadas, bem
• Garantir padrões de qualidade para o como aos conselheiros municipais,
atendimento do SCFV para crianças e quando foram esclarecidas dúvidas e
adolescentes. coletadas sugestões que contribuíram
para o aprimoramento do texto antes
da publicação final.
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
No ano de 2014, após a publicação da
No ano de 2013, a partir de questiona-
Resolução no 02/2014 do CMAS, outro
mentos sobre o valor per capita repassa-
grupo se formou para estudar e esta-
do às entidades conveniadas à FAS que
belecer o Documento Orientador e os
desenvolvem o Serviço de Convivên-
padrões de qualidade para o SCFV para
cia e Fortalecimento de Vínculos com
crianças de 0 a 6 anos e suas famílias.
crianças e adolescentes de 6 a 17 anos,
Este grupo contou com a participa-
formou-se um grupo de trabalho com-
ção de técnicos dos CRAS, uma enti-
posto por conselheiros governamentais
121
dade social que desenvolve o serviço
para esta faixa etária e conselheiros
RESULTADOS OBTIDOS
do CMAS entre eles, o representante Os documentos, elaborados de forma
da Secretaria Municipal de Educação, participativa, têm permitido orienta-
considerando que ainda havia muita ções concretas às equipes dos CRAS
dúvida quanto à diferença entre este responsáveis pela execução do serviço
serviço e o de responsabilidade da Po- e tem sido utilizados em grupos de es-
lítica de Educação. O trabalho foi apro- tudo realizados nos 45 CRAS com vis-
vado no mês de agosto, por meio da Re- tas ao reordenamento que consolide a
solução no 101 do CMAS. execução do serviço de acordo com o
que preconiza a Tipificação Nacional
Para organização das orientações op- de Serviços Socioassitenciais, refor-
tou-se didaticamente por delimitar a çando a proteção social das crianças
forma de execução, público, periodici- e adolescentes, substituída pela des-
dade, entre outras questões importan- proteção que poderia acontecer num
tes, seguindo perguntas básicas nortea- modelo superado, quando o serviço,
doras, como se segue: sem diretriz, atuava como ocupação de
tempo livre.
O QUE: Traz o conceito sobre o Servi-
ço de Convivência e Fortalecimento de E no caso de crianças, adolescentes e
Vínculos conforme Tipificação Nacio- idosos, esse trabalho era caracteriza-
nal de Assistência Social e orientações do pela oferta de atividades culturais,
complementares; esportivas e recreativas desconectadas
e desarticuladas, justificadas como
PARA QUEM: Descreve o público a ser necessidade de ocupação do tempo.
atendido; (MDS, 2013, p. 12.)

PARA QUANTOS: Descreve o número Além disso, os documentos aprovados


mínimo e máximo para cada grupo; pelo CMAS, por meio das Resoluções no
02/2014 e 101/2014, têm facilitado o pro-
QUANDO: Estabelece o número mínimo cesso de análise das solicitações de ins-
de horas semanais ressaltando o caráter crição e validação da inscrição no Con-
continuado e ininterrupto do serviço; selho, subsidiando as decisões pautadas
em parâmetros objetivamente definidos.
ONDE, COM O QUE: Recursos físicos, Também os CRAS, enquanto responsá-
materiais e humanos necessários. que veis pela coordenação da rede socias-
garantam a qualidade do trabalho ade- sistencial local, utilizam os indicadores
quado à faixa etária atendida; definidos na resolução para orientação
às entidades sobre as necessidades de
COMO: Traz um quadro com sugestões adequação reconhecendo as crianças e
para organização das atividades e esta- adolescentes atendidos como sujeito de
belece períodos para planejamento e direitos capazes de se manifestar, partici-
avaliação, considerados essenciais para par e assumir decisões inerentes à inter-
garantir a qualidade do trabalho; venção social.

PARA QUE: Impacto esperado com o Com a regulação de padrões de qualida-


serviço. de outras dimensões de gestão ganham
um sentido estratégico, entre elas
destaca-se o planejamento no territó-
RECURSOS UTILIZADOS rio, o monitoramento e a avaliação. O
que se coloca, a partir de uma estra-
• Recursos Humanos
tégia participativa de padronização
das ofertas e regulação do acesso aos
• Formulário para levantamento do recursos públicos, é a composição de
custo per capita do serviço uma ampla e qualificada rede de pro-
122 CADERNO DE PRÁTICAS

teção social que tem no serviço de con- do Serviço de Convivência e Fortale-


vivência e fortalecimento de vínculos o cimento de Vínculos – Passo a Passo.
potencial preventivo e potencializador Brasília, 2013.
de protagonismos.
Ministério do Desenvolvimento Social

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA e Combate à Fome. Serviço de Convi-


vência e Fortalecimento de Vínculos
O diferencial nesta prática foi a cola- para Crianças de até 6 anos e suas Fa-
boração de pessoas com experiência mílias. Brasília, 2011. No prelo
prática no serviço. A participação de
Organizações da Sociedade Civil e das
equipes dos CRAS trouxe importan-
te contribuição para a elaboração de
orientações compatíveis com as neces-
sidades do público atendido. É impor-
tante que tenhamos Cadernos Orienta-
dores e Padrões de Qualidade que nos
permitam executar e monitorar todos
os serviços socioassistenciais desen-
volvidos no município pela rede pró-
pria e conveniada, com vistas a garantir
o direito de pessoas e famílias ao aten-
dimento digno que considere o caráter
equânime de nossas ações.

REFERÊNCIAS
Conselho Municipal de Assistência So-
cial de Londrina. Resolução 060/2012.

Conselho Nacional de Assistência So-


cial. Resolução 109/2009. Tipificação
Nacional de Serviços Socioassisten-
ciais. Brasília, 2009.

Conselho Nacional de Assistência So-


cial. Resolução 001/2013.

Fundação de Ação Social. Protocolo de


Gestão dos CRAS. Curitiba, 2012.

Ministério do Desenvolvimento Social


e Combate à Fome. Caderno de Orien-
tações Técnicas sobre o SCFV para
Crianças e Adolescentes de 6 a 15 anos.
Brasília, 2010.

Ministério do Desenvolvimento Social


e Combate à Fome. Concepção de Con-
vivência e Fortalecimento de Vínculos.
Brasília, 2013.

Ministério do Desenvolvimento Social


e Combate à Fome. Reordenamento
123

TÍTULO: Projeto de Contratação


de Aprendizes FAS/SMF: uma
nova proposta de gestão.

EQUIPAMENTO: DPSB – COORDE- Secretaria Municipal de Finanças. A lei Percebeu-se


no. 13.406/2009 institui o Programa de que garantir
NAÇÃO DE MOBILIZAÇÃO PARA O Aprendizagem no Âmbito Municipal o espaço
prevendo a contratação de adolescen-
MUNDO DO TRABALHO do diálogo
tes como aprendizes no âmbito da ad-
e da escuta
ministração direta, autarquias e funda-
DATA DE INÍCIO: 03/2013 ções municipais para formalização de
propiciou a
contrato especial de trabalho com pra-
construção
RELATOR: THAÍS ELLEN GOMES zo determinado de 02 anos em conso-
recíproca de um
sentimento de
PROVENZI nância com as demais leis vigentes re-
respeito entre
lativas ao programa de aprendizagem,
tais como o Decreto no. 5.598/2005 e a aprendizes e
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: Portaria 1005/2013, as quais são igual- profissionais, os
GERÊNCIA DO PROGRAMA: ANNELISE mente observadas para execução do quais têm sido
programa. vistos pelos
FERREIRA LEITE adolescentes
Embora o citado ente da Administra- como referência
TÉCNICA DE REFERÊNCIA: THAÍS ção Pública não estivesse obrigado por profissional.
ELLEN GOMES PROVENZI lei a efetuar a contratação de aprendi-
zes, decidiu assim fazê-lo a fim de ga-
rantir uma política pública para jovens
em situação de risco ou vulnerabilida-
SITUAÇÃO ANTERIOR de social, em consonância com a Polí-
tica Nacional de Assistência Social no
A Prefeitura Municipal de Curitiba que se refere à proteção dos direitos da
através da Fundação de Ação Social – criança e do adolescente e em face da
FAS e sua Diretoria de referência, que possibilidade de promoção do adoles-
inicialmente era a Diretoria de Gera- cente ao mundo do trabalho.
ção de Trabalho e Renda – DGTR, no
período de março de 2013 a setem- Neste cenário, em março de 2013, ob-
bro de 2014, e atualmente é a Direto- servou-se a necessidade de realizar
ria de Proteção Social Básica – DPSB, um diagnóstico do desenvolvimento
em parceria com entidades sem fins do aprendizado prático dos adoles-
lucrativos previamente inscritas no centes contratados no período de ju-
Conselho Municipal dos Direitos da lho de 2011 a julho de 2013, a fim de
Criança e do Adolescente – COMTIBA aprimorar a proposta de gestão para os
e no CMAS e em conformidade com a novos contratados, a partir de agosto
lei no. 10.097/2000, coordena e admi- de 2013, principalmente em função do
nistra a contratação de adolescentes alto índice de evasão que se apresenta-
aprendizes para atuação na FAS e na va. Sendo assim, durante a reunião de
124 CADERNO DE PRÁTICAS

encerramento do contrato com estes Com isso, elegeram-se os seguintes


adolescentes, realizou-se uma roda de objetivos para nortear a reformula-
conversa com o objetivo de verificar ção do projeto:
os pontos positivos e os pontos a de-
senvolver no processo de gestão, com • Possibilitar a formação pessoal e a qua-
o intuito de melhor atender os pressu- lificação profissional de adolescentes em
postos constantes na legislação vigente situação de vulnerabilidade social;
da aprendizagem no que se refere ao
desenvolvimento do aprendizado dos • Estimular a prática da cidadania, de
adolescentes, bem como atingir melho- valores éticos e profissionais;
res níveis de produtividade para o se-
tor sem desconsiderar a importância do • Contribuir para o desenvolvimen-
caráter pedagógico. to dos adolescentes, propiciando seu
crescimento pessoal e sua socialização
Esta reunião evidenciou as seguintes através do trinômio: educação, traba-
demandas: lho, família;

• Aprimorar os fluxos e procedimen- • Despertar o potencial do adolescente,


tos de acompanhamento (ONG – Di- oportunizando uma formação pessoal,
retoria – Orientador) dos adolescen- social, educacional e profissional;
tes contratados;
• Garantir a permanência dos adoles-
• Propor desafios que estimulem a centes na escola;
aprendizagem;
• Garantir ao adolescente aprendiz o
• Avaliar o aprendizado prático com acesso aos direitos trabalhistas e pre-
vistas à inclusão produtiva ao término videnciários previstos na Consolidação
do contrato; das Leis do Trabalho -CLT e no Estatu-
to da Criança e do Adolescente - ECA;
• Promover orientação profissional ao
adolescente. • Cumprir os requisitos da Lei no.
10.097/2000 e Decreto no. 5.598/2005;
Estas demandas justificam o contínuo
aprimoramento dos processos de gestão • Possibilitar aos adolescentes um
não somente pelas problemáticas que complemento na renda familiar através
anunciam, mas principalmente porque se de atividade remunerada;
entende que as ações de integração ao
mundo do trabalho complementam os • Garantir a qualidade do acompanha-
demais serviços operacionalizados pela mento realizado ao adolescente aprendiz.
assistência social, na medida em que se
inserem num conjunto de atendimen- De posse desses objetivos, realizou-se
tos voltados à superação das vulne- uma extensa pesquisa e seleção biblio-
rabilidades apresentadas pela família gráfica que pudesse oferecer o devido
de modo a promover o protagonismo, suporte teórico para fundamentar as
a participação cidadã, a mediação do ações deste projeto. Diante do arca-
acesso ao mundo do trabalho e a mobi- bouço teórico pesquisado, foi possí-
lização social para construção de estraté- vel elencar as seguintes práticas como
gias coletivas. Deste modo, a contratação alicerces da nova proposta: gestão por
de aprendizes e o contínuo aperfeiçoa- competências e método de treinamento
mento desta ação não somente encontra Job Rotation (rotação de empregos).
justificativa no âmbito legal, como prin-
cipalmente no papel e na responsabilida-
O método de treinamento Job Rota-
de social que ela evoca diante dos obje-
tion tem sido amplamente utilizado por
tivos propostos pela assistência social e
organizações de diferentes segmentos
aplicados neste município.
125
e apresenta-se como uma proposta de diretrizes de trabalho que o papel pri-
sucesso (FERRI, 2012; EQUIPE INFO- mordial da Administração Pública, a
MONEY, 2010). Tal estratégia implica saber, a promoção dos direitos sociais,
o planejamento de rodízios periódicos também perpassa a instrumentalização
que movimentem as pessoas em diferen- dos jovens para que eles estejam devi-
tes posições ou setores dentro de uma damente preparados para as exigências
organização com o objetivo de expandir do mercado de trabalho atual. Importa
suas habilidades e conhecimentos. Ca- pensar, também, que esta experiência
racteriza-se como uma oportunidade de tem resultado em benefícios ao setor
aprendizado e de desenvolvimento que público, pois se trata de uma oportu-
favorece tanto a organização como o pro- nidade de agregar valor ao seu quadro
fissional envolvido. funcional com jovens interessados em
aprender e contribuir para a sociedade.
Este método conjuga-se com a prática
de gestão por competências, a qual é
conceituada por Chiavenato (2006, p.
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
216) como um programa sistemático, Após a elaboração do projeto de Con-
fundamentado em critérios objetiva- tratação de Aprendizes da FAS/SMF,
mente mensuráveis, que visa definir a operacionalização desenhada passou
perfis profissionais que apresentem a ser colocada em prática. A primei-
maior produtividade identificando os ra ação foi a seleção dos adolescentes
pontos positivos e aqueles que preci- aprendizes do contrato celebrado de
sam ser desenvolvidos. 1o de agosto de 2013 a 1o de agosto de
2015. De um modo geral as ações do
Em suma, seria uma prática de gestão projeto podem ser classificadas como
centrada na teoria das competências, a ações contínuas, envolvendo orienta-
qual tem fundamentado diversas ações dores e aprendizes ao longo de todo o
do poder público e, principalmente, contrato de aprendizagem.
da iniciativa privada no que se refere à
gestão de pessoas (FERREIRA, 2011). Deste modo, em linhas gerais, compete
Com base no conceito desenhado por à equipe da Gerência do Programa Ca-
McClelland (1973), pode-se extrair que pacitação do Adolescente – Aprendiz
as competências seriam um conjunto as seguintes ações ao longo desta nova
de conhecimentos, habilidades e atitu- proposta de gestão:
des necessária para o desenvolvimento
de uma dada capacidade. • Participar da seleção dos adolescen-
tes, em conjunto com a convenente, já
Para o cargo de aprendiz, portanto, de- capacitados no módulo inicial (carga
finiram-se as seguintes competências horária 200 horas);
norteadoras, as quais são demandas
pelo mercado de trabalho atual como • Orientar e supervisionar a execução
as competências mínimas necessárias do plano de trabalho da convenente
para a inserção profissional: proativi- durante o período de permanência do
dade; capacidade de análise e resolução aprendiz no programa, promovendo o
de problemas; dinamismo; facilidade acompanhamento e a fiscalização tri-
para trabalhar em equipe; postura pro- mestral da execução do contrato de
fissional; planejamento e organização; aprendizagem, mediante registro das
liderança; comunicação; e flexibilidade falhas detectadas e comunicando à
e adaptação. convenente sobre aquelas que exijam
medidas corretivas;
Diante do exposto, e em consonân-
cia com o ACESSUAS TRABALHO • Capacitar os orientadores, inscritos
(2013), evidencia-se um cenário pro- junto à Diretoria de referência e sele-
pício para a implementação destas cionados por esta, quanto às suas atri-
práticas, pois se compreende com tais buições e à estrita observância da legis-
126 CADERNO DE PRÁTICAS

lação. (Em 2014 foram realizadas duas • Realizar entrevista de desligamento


capacitações específicas para o trei- com o aprendiz que por qualquer mo-
namento da nova proposta de gestão, tivo esteja encerrando seu contrato de
sendo uma com os aprendizes (“Com- aprendizagem, a fim de avaliar a quali-
petências para o Mundo do Trabalho” dade da prática vivenciada com vistas à
– carga horária de 24 horas) e uma com implementação do programa realizado
os orientadores (“Desenvolvendo as na Prefeitura Municipal de Curitiba;
Competências na Aprendizagem” – car-
ga horária de 20 horas). • Promover a integração entre os orien-
tadores e a entidade convenente;
• Orientar os núcleos regionais no
acompanhamento do aprendiz e de sua • Identificar e encaminhar situações
família, fortalecendo vínculos e con- pertinentes ao atendimento de saúde
tribuindo para sua formação pessoal e ocupacional à equipe responsável no
qualificação profissional por meio de CEMADE.
reuniões e visitas domiciliares;

• Receber e analisar os planos de apli- RECURSOS UTILIZADOS


cação, bem como as prestações de con- • Questionários elaborados com base nas
tas enviadas pela convenente; diretrizes da gestão por competências;

• Repassar à convenente os valores • Manual do Orientador para entrega


para pagamento dos aprendizes enca- aos orientadores responsáveis pelos
minhados à FAS, conforme planilha de aprendizes;
custos fornecida pela convenente ane-
xa ao convênio;
• Recursos financeiros do Convênio es-
pecífico deste projeto;
• Promover um método de treinamento
baseado no conceito de job rotation ou
• Bibliografias selecionadas relativas
rotação de emprego, por meio do qual o
ao tema para compor o arcabouço te-
aprendiz pode maximizar seu aprovei-
órico do projeto e nortear as ações em
tamento, liderança, network e apren-
cada etapa.
dizado, uma vez que a cada oito meses
mudará de setor a fim de conhecer to-
dos os processos, atividades e especifi- RESULTADOS OBTIDOS
cidades de cada área;
Do ponto de vista quantitativo, o prin-
cipal resultado alcançado com esta
• Promover reuniões de integração a
prática foi o decréscimo do índice de
fim de recepcionar os aprendizes recém
desligamento dos aprendizes, neste pri-
contratados, apresentando a política de
meiro ano de contrato, em aproximada-
recursos humanos da Prefeitura Muni-
mente 50%.
cipal de Curitiba (sua visão, missão e
valores), as normas relativas ao progra-
ma de aprendizagem, o funcionamento Os principais resultados qualitativos se
geral da organização e dos setores nos devem a maior satisfação dos orienta-
quais os aprendizes poderão atuar e, dores por terem um suporte sistemá-
por fim, possibilitando o esclarecimen- tico da equipe do Projeto, bem como
to de dúvidas; ao maior vínculo desta equipe com os
aprendizes, o que propicia um acompa-
nhamento mais próximo e a prevenção
• Realizar entrevistas de avaliação de
da maioria dos incidentes críticos. Ade-
desempenho por competências para
mais, houve por parte dos aprendizes a
avaliar a aquisição das competências
evidente aquisição progressiva de ma-
e, por conseqüência, o seu desenvolvi-
turidade profissional ao longo das eta-
mento profissional durante o processo
pas em função dos desafios propostos
da aprendizagem prática;
127
pelo Job Rotation, o que fica eviden- escuta propiciou a construção recípro-
ciado nos resultados das avaliações de ca de um sentimento de respeito entre
desempenho por competências, que aprendizes e profissionais, os quais têm
demonstram o índice da maioria das sido vistos pelos adolescentes como re-
competências e, especialmente, daque- ferência profissional.
la denominada “postura profissional”
aumentados. Destaca-se que a continuidade deste
trabalho está sendo desenvolvida na
Consideramos que a Capacitação cum- DPSB, com a mesma equipe de referên-
priu os seguintes objetivos, os quais se cia na Gerência do Programa.
traduzem como resultados qualitativos
também: No que tange às limitações e desafios,
as principais dificuldades concentra-
• Contribuir para a construção do co- ram-se na disponibilidade de tempo e
nhecimento, da formação de atitudes de recursos financeiros. O tempo dis-
e de habilidades voltados para a área ponível para os atores envolvidos, as-
profissional; sim como os recursos financeiros para
a execução deste Projeto são bastante
• Preparar o aprendiz para os desafios escassos e, por vezes, isso pode limitar
do mundo do trabalho visando sua in- o desenvolvimento do trabalho.
clusão produtiva;
A recomendação que esta prática su-
• Estimular a construção coletiva do gere é que o processo seletivo possa
conhecimento; ser realizado de forma a verificar tam-
bém a compatibilidade de perfis entre
• Possibilitar o exercício prático de vi- orientadores e aprendizes previamente
vências, bem como relacioná-las com a fim de facilitar o processo de vincu-
conteúdos teóricos aprendidos. lação durante a primeira etapa, a qual
inspira maiores cuidados por ser um
Outros resultados evidenciam-se tam- período crítico para a possibilidade de
bém com relação ao fluxo de trabalho, evasão.
o qual está mais organizado e foi sis-
tematizado em documentos que estão A nossa sugestão de nova prática, com
acessíveis a todos os atores envolvi- base no relato da maioria dos orienta-
dos, o que proporcionou a otimização dores, é que esta proposta possa inspi-
do tempo e dos recursos disponíveis à rar a condução do trabalho com os esta-
condução do trabalho. giários que atuam na FAS. Além disso,
sugere-se um envolvimento maior en-
tre diferentes setores da FAS (RH, Su-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA perintendência de Planejamento, etc.)
no que tange ao processo de adaptação
Foi possível constatar que esta prática
e qualificação do adolescente aprendiz.
trouxe aprendizados à equipe de ges-
tão do Programa e ao setor responsá-
vel pelo Projeto. Houve aquisição de REFERÊNCIAS
novos conhecimentos, troca de expe-
riências e foi possível aprimorar o tra- BRASIL. Decreto 5.598/2005, de 01
balho que estava sendo desenvolvido. de dezembro de 2005. Regulamenta a
De um modo geral, avalia-se que hou- Contratação de Aprendizes e dá outras
ve um aprendizado sobre práticas mais Providências. Diário Oficial [da Repú-
efetivas junto aos aprendizes à medida blica Federativa do Brasil], Brasília,
que houve esta aproximação com eles, DF, n. 231, 02 dez. 2005. Seção I – II,
transpondo o mundo da teoria para al- p. 2-4.
cançar uma construção coletiva e repli-
cável na realidade prática. Percebeu-se BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de
que garantir o espaço do diálogo e da 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Crian-
128 CADERNO DE PRÁTICAS

ça e do Adolescente e dá outras provi- Acesso em: 2014-02-08.


dências. Diário Oficial [da República
Federativa do Brasil], Brasília, DF, n. MCCLELLAND, D. C. Testing for
135, 16 jul. 1990. Seção I, p. 1-15 (13563- Competence rather than “Intelligence”.
13577) Cambridge: American Psychologist,
1973.
BRASIL. Lei no 10.097, de 19 de de-
zembro de 2000. Altera dispositivos
da Consolidação das Leis do Trabalho
– CLT. Diário Oficial [da República Fe-
derativa do Brasil], Brasília, DF, n. 244-
E, 20 dez. 2000. Seção I, p. 1-2.

BRASIL. Programa Nacional de Pro-


moção do Acesso ao Mundo do Traba-
lho – ACESSUAS TRABALHO. Bra-
sília: Ministério do Desenvolvimento
Social, 2013.

CHIAVENATO, I. Administração Geral


e Pública. Série provas e concursos.

Rio de Janeiro: Elsevier, 2006.

CURITIBA. Lei 13.406/2009, de 21 de


dezembro de 2009. Institui o Programa
Municipal de Aprendizagem para Ado-
lescentes de Curitiba. Diário Oficial [do
Município de Curitiba], Curitiba, PR, n.
98, 22 dez. 2009. P. 30.

EQUIPE INFOMONEY. Prática do


“Job Rotation” Visa a Acabar com Es-
cassez de Talentos nas Empresas. São
Paulo: Money & Markets Editora, 2010.
Disponível em < http://www.adminis-
tradores.com.br/noticias/cotidiano/
pratica-do-job-rotation-visa-a-acabar-
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sas/36342/>. Acesso em: 2014-08-01.

FERREIRA, C. R. C. Seleção por Com-


petências: uma experiência no Serviço
Público. Revista Psicologia em Desta-
que. Rio de Janeiro: Marinha do Brasil,
2011. Disponível em: <http://www.mar.
mil.br/sspm/pdf/artigo13.pdf>. Acesso
em: 2013-09-06.

FERRI, A. Job Rotation: bom ou ruim?


Website Portal Rh.com.br, 3 jul. 2012.
Disponível em <http://www.rh.com.br/
Portal/Desenvolvimento/Artigo/7949/
job-rotation-bom-ou-ruim.html>.
129

TÍTULO: Roda de Diálogo


com a Caixa Econômica
Federal - Gerência de
Programas Sociais/Curitiba
EQUIPAMENTO: DIGB – DIRETORIA SITUAÇÃO ANTERIOR Conseguimos
também, a
DE INFORMAÇÕES E GESTÃO DE A Fundação de Ação Social, órgão ges- partir deste
BENEFÍCIOS tor da assistência social no Município contato mais
de Curitiba, é responsável pela gestão próximo com
do Cadastro Único para Programas So-
DATA DE INÍCIO: ANO 2013 ciais do Governo Federal – CadÚnico e
as equipes,
do Programa Bolsa, através da Direto-
identificar as
RELATORES: LEANDRO JOSÉ VARGAS, ria de Informações e Gestão de Benefí-
questões que
SIMONE ANDREIA ALIBOSEK cios – DIGB. mais geram
dúvidas e,
a partir daí
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: A gestão do Cadastro Único para Progra-
focá-las nas
mas Sociais e do Programa Bolsa Família,
PARTICIPANTES DA FAS: ALZÍRIO envolvem o conhecimento e operaciona- capacitações,
AYRES, DENISE FERREIRA NETTO, lização por parte do município, do Sis- alterando
tema de Cadastro Único - CADÚNICO inclusive, a
JORGE VELOSO DE LIMA JUNIOR, (responsável pelo cadastramento das forma como
LEONARDO PIGATTO CAMARGO, famílias) e do Sistema de Benefícios ao estes assuntos
Cidadão - SIBEC (responsável pelo pa- são abordados
MARIA ODILA RODRIGUES DA SILVA, gamento do benefício às famílias). A ca- na mesma.
pacitação dos servidores municipais me- Também
SIMONE ANDREIA ALIBOSEK, PARTI- lhora sensivelmente o serviço ofertado
importante,
CIPANTES DA CAIXA ECONÔMICA FE- à população, principalmente no atendi-
é a melhoria
mento às pessoas ou famílias que buscam
DERAL – GERÊNCIA DE PROGRAMAS os serviços da assistência social, seja no
do serviço
SOCIAIS DA CAIXA CURITIBA, JOÃO repasse de orientações apropriadas acer- prestado a
ca do benefício Bolsa Família ou ainda população
LUIZ BENATO, FABIANA DE AZEVEDO no acesso a ele. Para isto é necessário que
DARÓS, ANTONIO LUCIANO JUNIOR os servidores da Prefeitura Municipal de
Curitiba, especificamente dos Centros de
E HELTON HIROSHI NISHIZIMA Referência da Assistência Social, tenham
a compreensão necessária para operacio-
nalização dos Programas.

O Cadastro Único é um sistema que se


caracteriza pela constante evolução,
130 CADERNO DE PRÁTICAS

seja em função das atualizações neces- apresentar a proposta e estabelecer um


sárias ou da melhoria na coleta de da- cronograma para sua execução. Os lo-
dos pelos municípios. Com a evolução cais escolhidos para as reuniões foram
das versões do Cadastro Único também definidos pela Supervisão de cada re-
foram necessárias realizar atualizações gional, privilegiando os espaços de atu-
no SIBEC. Ocorre que apesar dos ma- ação dos servidores responsáveis pelo
nuais e das orientações normativas, atendimento e orientação às famílias.
existem algumas situações específicas,
onde os sistemas se comportam de for- Participaram das reuniões educadores
ma singular. e técnicos que realizam a operaciona-
lização do Cadastro Único para Pro-
Apesar das constantes capacitações, gramas Sociais e do Programa Bolsa
comunicados e repasse de informações Família. Além destes também foram
para as equipes, esta diretoria perce- envolvidos profissionais administrati-
beu a necessidade de um nivelamento vos e gestores dos Núcleos Regionais.
de conhecimento entre as equipes e a
identificação de situações pontuais en- Com média de 2h30m, as reuniões fo-
frentadas pelas mesmas. ram norteadas pelo roteiro elaborado
pelo GIPSO/CT, mas com flexibilidade
Em contrapartida, a CAIXA, através da de discussão de outros pontos levanta-
Gerência de Programas Sociais - GIPSO/ dos espontaneamente pelos servidores.
CT, identificou ser relevante a aproxi- A Diretoria também inclui nesta ação as
mação, especificamente das equipes que principais dúvidas referentes à rotina da
atendem a população e que acabam por gestão do Cadastro Único e benefícios.
direcionar este público às Agências e
Unidades credenciadas da CAIXA, seja Em 2013, foram realizadas 10 Rodas
para entrega de cartões, gravação de se- de Dialogo, as quais envolveram 150
nhas ou recebimento de benefícios, além profissionais.
de outras ações vinculadas.

Assim, com a proposta de criar um RECURSOS UTILIZADOS


canal de comunicação mais estreito e • Sala com cadeiras dispostas em cír-
efetivo com as equipes, compartilhan- culo;
do as ações e atividades sobre os pro-
cedimentos realizados pela CAIXA, foi • Roteiro;
elaborado em conjunto (DIGB/FAS e
GIPSO/CAIXA) o projeto “RODAS DE
• Lista de presença;
DIÁLOGO”. A Caixa Econômica Fe-
deral, representada pela Gerência de
• Folhas de papel e caneta esferográfi-
Programas Sociais - GIPSO/CT, res-
ca, para anotações diversas e avaliação
ponsável pelo suporte aos municípios
efetuada pelos participantes;
paranaenses (e aos municípios do Esta-
do de Santa Catarina, a partir de 2015)
contribuiu com a criação de um roteiro • Impressos com as regras mais comuns
com questões operacionais e ainda si- no que tange a gestão de benefícios da
tuações levantadas ao longo do tempo CAIXA;
com outros municípios, para os quais
prestam atendimento. • Automóvel com motorista para loco-
moção das equipes da DIGB e da CAI-
XA até os locais onde forma realizadas
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA as Rodas de Dialogo;

A Diretoria de Informações e Gestão de


• Recursos humanos para conduzir o
Benefícios iniciou então, a articulação
processo (representantes da DIGB e da
com as nove supervisoras das regionais
CAIXA).
da Fundação de Ação Social, a fim de
131

RESULTADOS OBTIDOS Constatamos através das avaliações


escritas e também verbalizadas, como
A participação da GIPSO/CT e os ope- positiva a ação e contributiva para o
radores municipais possibilitaram às refinamento dos conteúdos repassa-
partes uma visão mais ampla do pro- dos em capacitações formais e, como
cesso, desconhecida até então. Per- conseqüência a constante qualifica-
ceber como é realizado o fluxo pela ção do trabalho técnico no atendi-
outra parte (CAIXA) trouxe um maior mento às famílias.
entendimento sobre as situações que
ocorrem, as limitações e dificuldades Conseguimos também, a partir deste
enfrentadas, por ambas gestões, muni- contato mais próximo com as equipes,
cipal e da CAIXA. identificar as questões que mais geram
dúvidas e, a partir daí focá-las nas ca-
O projeto da “Roda de Diálogo” propi- pacitações, alterando inclusive, a for-
ciou a esta diretoria obter alguns im- ma como estes assuntos são abordados
portantes resultados, dentro dos quais na mesma. Também importante, é a
podemos destacar: melhoria do serviço prestado a popula-
ção, bem como a agilidade nos ajustes
• A troca de informações, resultando em cadastrais quando necessários, evitan-
um maior nivelamento do conhecimento; do o desabastecimento do benefício às
famílias em situação de vulnerabilida-
• Identificação de situações particula- de social.
res enfrentadas pelas equipes;
Em 2014, foi estabelecido entre a
• Identificação de situações comuns DIGB e a GIPSO/CAIXA, que embora
enfrentadas por todas as equipes; a ação tenha repercutido positivamen-
te entre os servidores, o que se refletiu
• Compilação das informações obtidas em um número menor de dificuldades
nas reuniões, visando subsidiar futuras encaminhadas à Diretoria da FAS, de-
capacitações e orientações. veríamos pausá-la para avaliar a apro-
priação destes conteúdos, uma vez
Os resultados também foram registra- que este assunto é retomado nas ações
dos pela CAIXA, uma vez que os bene- de supervisão e consequentemente
ficiários passaram a ser encaminhados retomar a Roda de Diálogo em um se-
às agências e lotéricas, no momento gundo momento.
adequado e com as informações corre-
tas, principalmente no que diz respeito
ao pagamento de benefícios. Essa ação REFERÊNCIAS
aumentou a efetividade dos saques pe-
• Manual do Entrevistador do Cadastro
las famílias, reduzindo o número de
Único;
beneficiários que desconheciam o fato
de terem sido contemplados pelo Pro-
grama Bolsa Família e cujos valores en- • Manual Operacional SIBEC – Siste-
contravam-se disponíveis para saque. ma de Benefícios ao Cidadão;

• Manual Operacional Cadastro Único


REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA - V7;
Fundamentados com as legislações
disponíveis, a proposta possibilitou de • Caderno de Orientações e Legislação
uma forma simples, solucionar e iden- do Programa Bolsa Família;
tificar lacunas que a capacitação dos
Sistemas do Cadastro Único e SIBEC • Caderno de Orientações e Legislação
e informes sobre a Gestão do Cadastro do Cadastro Único;
Único e Programa Bolsa Família por si,
não atingiam. • Instruções Operacionais: correlatas.
132 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Base Unificada:


Ferramenta de apoio para
identificação de famílias a serem
priorizadas no atendimento da
assistência social, entre outros
Conseguimos EQUIPAMENTO: DIGB – DIRETORIA e Combate a Fome – MDS, Secretaria
também, a Nacional de Assistência Social – SNAS
partir deste DE INFORMAÇÕES E GESTÃO DE e Secretaria Nacional de Renda e Cida-
dania – SENARC: Área de Informação
contato mais BENEFÍCIOS e Sistemas, Área de Gestão e Operacio-
próximo com nalização do Cadastro Único para Pro-
as equipes, DATA DE INÍCIO: ABRIL/ 2014 gramas Sociais do Governo Federal e
identificar as Área de Renda e Benefícios.
questões que RELATORES: DENISE FERREIRA NETTO,
mais geram LEANDRO JOSÉ MACHADO VARGAS E O CadÚnico é atualmente um dos
dúvidas e, maiores bancos de dados do mundo.
a partir daí SIMONE ANDREIA ALIBOSEK Em sua base de dados estão registradas
focá-las nas informações de mais de 40% da popu-
capacitações, PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: lação brasileira. Inicialmente foi criado
alterando DENISE FERREIRA NETTO, LEANDRO como uma ferramenta que permitisse
inclusive, a aos governos alcançar a população que
forma como JOSÉ VARGAS E ROGÉRIA MACIOSKI vivia a margem de sistemas de informa-
estes assuntos ções sociais. Na implementação e ope-
racionalização de Programas de Trans-
são abordados
ferência de Renda é a base de dados
na mesma.
Também SITUAÇÃO ANTERIOR utilizada para a seleção das famílias.
Com sua consolidação, tornou-se uma
importante, A Gestão do Cadastro Único para Pro- importante ferramenta de gestão para
é a melhoria gramas Sociais do Governo Federal os administradores públicos.
do serviço – CadÚnico, é realizada pelo órgão
prestado a gestor da assistência social no Municí- Com o aumento de sua importância
população pio de Curitiba, a Fundação de Ação outras políticas além da Assistência
Social pela Diretoria de Informações e Social começaram utilizá-lo como re-
Gestão de Benefícios – DIGB. Esta di- ferência direta ou indireta de informa-
retoria está estruturada a partir de três ções. Fomento à cultura, capacitação
eixos principais em atendimento a mis- para inserção no mercado do trabalho,
são da FAS e os marcos regulatórios do subsídios para consumo de energia elé-
Ministério do Desenvolvimento Social trica, telefonia, habitação, entre outros.
133
Dentre as atribuições do operador mu- ao visualizar uma mesma família lis-
nicipal do CadÚnico estão a manuten- tada em vários arquivos, havia ainda
ção e auditoria de informações, bem a necessidade de trabalhar simultane-
como a garantia do sigilo destas. amente com estes para evitar mais de
uma ação sobre a mesma família ou até
Em virtude destas atribuições e de ro- a falta desta.
tinas existentes com as informações do
CadÚnico, percebeu-se, que as mesmas Estudou-se então, a possibilidade de
geravam inúmeros relatórios e arqui- se unificar todas estas informações em
vos para subsidiar o trabalho das equi- uma única “base” de informações onde
pes dos CRAS - Centros de Referência seria possível visualizar todas as famí-
da Assistência e dos CREAS – Centros lias vinculadas ao equipamento, bem
de Referência Especializados de As- como totais das informações disponi-
sistência Social, e também das Direto- bilizadas. Ou seja, a partir da situação
rias de Proteção Básica e Especial, e anterior, a proposta da Diretoria de
da Superintendência de Planejamen- Informações e Gestão de Benefícios,
to, a qual contempla a Assessoria de foi de concentrar em apenas um úni-
Vigilância Socioassistencial. Este fato co arquivo, as famílias cadastradas no
acarretava um desgaste muito grande CadÚnico e, todas as possíveis infor-
de pessoal, desperdício de material e mações associadas à mesma acerca de
confusão para o uso das informações programas federais, estaduais e muni-
como subsídio de acompanhamento fa- cipais, a que a diretoria tem acesso.
miliar. Constatou-se que em inúmeras
situações, uma mesma família era lista- Cabe destacar, que se trata de uma fer-
da em diversos relatórios. Esta situação ramenta simples, de fácil usabilidade,
obrigava as equipes a trabalharem si- que não requer conhecimentos com-
multaneamente com vários relatórios. plexos de informática para seu acesso
Também dificultava a identificação e manuseio. Assim, além de unificar as
de famílias pertencentes a um público informações, pensou-se em adicionar
alvo específico, por exemplo, a pessoa rotinas que permitissem ao usuário
em situação de rua. realizar filtros combinados das mais
diversas marcações da família, com a

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA contabilização de acordo com os crité-


rios selecionados.
Uma das principais atividades da dire-
toria era o recebimento, tratamento e Na sua estrutura, a “Base Unificada” é
disponibilização de informações rela- composta por todas as famílias cadas-
cionadas ao Cadastro Único, Benefícios tradas e que tenham o cadastro com-
Sociais Federais e assuntos relacionados. plementado na versão 7 do Cadastro
Único do município.
Antes de usar a sistemática da Base Uni-
ficada para cada necessidade era criado Sobre estas famílias são inseridas in-
um arquivo em particular e disponibili- formações de:
zado para uso das equipes dos CRAS e
CREAS. Ocorria então que tínhamos a • Programa Bolsa Família;
folha de pagamento de benefícios sociais
federais, relação de famílias em revisão • Programa de Erradicação do Traba-
cadastral, relação de famílias em audi- lho Infantil;
toria, relação de famílias com indicativo
de condicionalidades do Programa Bolsa • Programa Família Paranaense;
Família, entre outros arquivos que eram
disponibilizados. • Família em “Situação de Extrema Po-
breza”;
Isto dificultava uma visão global da
família, gerando um retrabalho, pois • Família com indicativo de Descum-
134 CADERNO DE PRÁTICAS

*cadastro que primento de Condicionalidades; mílias e as várias situações em que es-


sofreu atualização tas se encontram, fez com que a “Base
na versão 7 • Família com indicativo de Revisão Unificada” se tornasse uma importante
Cadastral; ferramenta de gestão e subsidiasse es-
*intranet: rede tratégias e ações de acompanhamento,
informatizada de • Família com indicativo de Auditoria; pois a partir da visualização global das
compartilhamento várias situações, que uma mesma famí-
de dados da • Família com integrante beneficiário lia se encontra tornou-se possível prio-
rizar aquelas que se encontram em mais
Fundação de do BPC;
de uma situação.
Ação Social, a
qual todos os • Família em “Situação de Rua”
Não somente as equipes dos CRAS e
servidores da CREAS e diretorias foram beneficia-
FAS têm acesso. • Família “Coletora de Material Reci-
das, a própria DIGB beneficiou-se do
clável”
fato de “compilar” em um único ar-
quivo várias informações de todas as
A partir de abril de 2014, a “Base Uni-
famílias cadastradas na base munici-
ficada” foi disponibilizada na intranet
pal do Cadastro Único, principalmen-
para download, sendo atualizada men-
te no atendimento aos usuários e ro-
salmente.
tinas de cruzamento de informações
com bases externas de dados, otimi-
RECURSOS UTILIZADOS zando tempo e recursos.

• Base municipal do Cadastro Único


em formato TXT; REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
A ferramenta desenvolvida pela dire-
• Folha de Pagamento do Programa
toria tem sido utilizada pelas equipes
Bolsa Família e PETI;
e assim atendido às necessidades da
gestão no que tange ao objetivo prin-
• Folha de Pagamento do Programa Fa- cipal de sua elaboração: auxiliar no
mília Paranaense; planejamento das ações, otimizando
tempo e recursos, e contribuindo
• Base Municipal de Beneficiários do para o atingimento das metas estabe-
Benefício Prestação Continuada – BPC. lecidas nos Planos Plurianual- PPA,
de Governo 2013- 2016 e Programa
• Arquivos de Condicionalidades do Curitiba Mais Humana.
Programa Bolsa Família;
Embora seja uma ferramenta que es-
• Arquivos de Auditoria de informa- teja disponível na Intranet, percebe-
ções do Cadastro Único; se nos vários contatos entre a DIGB e
as equipes do Núcleos Regionais que
• Intranet. a mesma pode ser mais disseminada
entre os servidores que a partir deste
Destaca-se que o desenvolvimento da conhecimento, poderão adaptá-la para
mesma foi possível a partir da execução outras “necessidades” do equipamento
direta de um técnico em processamen- e da ação que realizam.
to de dados, além de técnicos da assis-
tência social e da Gestora de Cadastro A mesma foi reconhecida por técnico
Único e do Programa Bolsa Família do do Departamento de Condicionalida-
Município de Curitiba. des - DECON da Secretaria Nacional
de Renda e Cidadania, do Ministério
RESULTADOS OBTIDOS do Desenvolvimento Social e Comba-
te a Fome, formalizando o compro-
A possibilidade das equipes receberem misso de “divulgação desse modelo
em um único arquivo, a relação de fa- de gestão”.
135

REFERÊNCIAS
Base Cadastro Único da Prefeitura
Municipal de Curitiba

Folhas de Pagamento de Benefícios


Sociais Federais
136 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Fluxo Interno –


Uma possibilidade do uso
da Planilha Unificada.
Esta Planilha EQUIPAMENTO: CRAS BARIGUI Diretoria de Informações e Gestão de
permitiu Benefícios (DIGB/FAS). Esta Planilha
reconhecer as permitiu reconhecer as famílias que
DATA DE INÍCIO: JUNHO/14 ATÉ O assemelhavam-se nas condições so-
famílias que
assemelhavam- PRESENTE MOMENTO. licitadas e estavam referenciadas ao
Centro de Referência de Assistência
se nas
condições RELATOR: PRISCILA SOARES PEREI- Social-Barigui e assim contribuiu para
o planejamento e organização do traba-
solicitadas RA DO NASCIMENTO COMINEZI lho pelas equipes de referência.
e estavam
referenciadas PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: Com estas analises passamos a com-
ao Centro de preender se os números apresentados
Referência de EQUIPE DO CRAS BARIGUI/ RESPON- sobre essa população condiziam com
Assistência SÁVEL: PRISCILA COMINEZI a realidade apresentada nos territó-
Social-Barigui rios de abrangência da unidade, ten-
e assim do em vista que havia uma expres-
contribuiu para sividade numérica de famílias com
o planejamento SITUAÇÃO ANTERIOR sinalização de “Extrema Pobreza”.
Também tínhamos que considerar a
e organização
Em 2014 iniciou-se um processo de complexidade de trabalhar os dados
do trabalho identificação das famílias em situação fornecidos pela planilha citada, pois
pelas equipes de “extrema pobreza” que constituem o a partir das visitas e contatos com as
de referência. público prioritário para atendimento e famílias, alguns encaminhamentos e
articulação nos territórios de Curitiba, providências seriam realizados e tal
a partir do Projeto Curitiba Sem Misé- ação envolveria todos da unidade,
ria e cabe sublinhar, que o referido pro- considerando as diferentes compe-
jeto esta inserido no Plano de Governo tências das equipes de referência as-
da gestão da Prefeitura de Curitiba, no sim como a articulação com a direto-
Programa Curitiba Mais Humana. ria citada. Fruto do receio de evitar
o retrabalho bem como de perder o
A gestão central da Fundação de Ação registro de informações foi construí-
Social – FAS, que coordena este proje- do em equipe um fluxo para trabalhar
to, solicitou aos núcleos regionais que com o objetivo exposto.
elencassem um território priorizado
para iniciar o projeto piloto do projeto Posteriormente representantes da
e com esta solicitação, passamos a ter equipe da DIGB foram convidados a
como ponto de partida para esta bus- participar da reunião de equipe com
ca a Planilha Unificada, instrumento o intuito de esclarecer dúvidas, sub-
que concentra informações sobre todas sidiar as intervenções feitas pelas
as famílias que têm o Cadastro Úni- equipes de território e apresentar o
co e benefícios sociais, fornecida pela fluxo construído.
137

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA interno para tratar das informações


que estavam sendo acessadas e mo-
O território do CRAS Barigui é di- dificadas por todos a todo momento.
vidido por microterritórios com as De modo a elucidar o exposto, apre-
suas respectivas equipes de referên- sentamos o instrumental construído.
cia. Considerado o panorama men- Sublinhamos, que anterior a apresen-
cionado direcionamos este trabalho tação, foi contextualizada a utilização
inicialmente no microterritório da do seguinte modo a equipe da unida-
Vila Sabará, tendo como equipe de de mencionada:
referência, a Assistente Social Érika
Aparecida Souza e o Educador Social
Gerson Viola. Vale lembrar, que logo
ORIENTAÇÕES SOBRE O TRA-
que foi iniciado notou-se que as inter- BALHO COM A PLANILHA UNI-
venções no território, principalmente
por meio de visitas, necessitavam de FICADA / EXTREMA POBREZA
outras ações que envolviam outros O objetivo é atualizar a base de dados
servidores da unidade. Compreen- do cadastro único a relação de famí-
dendo que essa família poderia vir lias sinalizadas como “Extrema Po-
por procura espontânea na recepção breza”, tendo em vista que por vezes
ou por busca ativa após deixado reca- há omissão de renda e/ou outras in-
do ou bilhete no domicílio, esta mes- formações que contribuem para essa
ma teria necessidade da atualização condição de benefícios do Programa
cadastral e ainda apresentar alguma
Bolsa Família – Brasil Sem Miséria.
demanda no atendimento técnico que
poderia ser levantada e encaminhada
A proposta é que após essa avaliação,
por outro profissional que não neces-
as famílias que de fato apresentem
sariamente fosse aquele de referência
essa vulnerabilidade econômica se-
do território. Outrossim, os dados de-
jam priorizadas no Acompanhamento
correntes dessas intervenções deve-
PAIF, de modo a atender o Programa
riam ser registradas pelo administra-
de Gestão (Curitiba Mais Humana).
tivo para monitoramento interno da
Estas famílias serão o foco das ações
equipe bem como posterior repasse a
da “Proteção Social nos territórios” e
DIGB, entendendo a Planilha Unifi-
do “Curitiba Sem Miséria”.
cada como um instrumental vivo pois
a todo momento estava sendo altera-
do e modificado. Diante da comple- Para tanto, salientamos a impor-
xidade de ações e da necessidade de tância e o papel do entrevistador ao
articulação se fez necessário cada vez preencher o CADU. O cuidado é que
mais detalhamento nos relatos das quando se atualize as informações,
fichas sociais principalmente ao que haja uma atenção no quesito renda /
se referia aos campos que estavam despesas. Assim evitamos inserir na
sendo questionados no Cadastro Úni- base famílias em condição de extre-
co pela equipe de referência de cada ma pobreza, que por ventura estejam
microterritório, em especial aos que omitindo informações. A exigência de
se referiam a composição familiar e atenção vale também para os casos
despesas/renda. Nestes relatos foram que já houve a confirmação de omis-
registradas as declaração do usuário são de renda e/ou de integrantes na
com objetivo de subsidiar os demais composição pela equipe do território
integrante da equipe do CRAS Bari- e esta orienta atualização das infor-
gui que por ventura tivessem acesso mações. Caso contrario, haverá retra-
ao documento. Porém, na prática e balho e não alcançaremos o objetivo.
em discussões na reunião de equipe
foi avaliado que tais registros ainda Para facilitar, segue modelo de como
estavam sendo insuficientes, por isso trabalhamos com os dados da referi-
foi construído em conjunto um fluxo da planilha.
138 CADERNO DE PRÁTICAS
139

RECURSOS UTILIZADOS • Ações via Formulário de Gestão de


Benefícios/ Formulário de Família Não
Materiais específicos; recursos finan- Localizada: 77.
ceiros; ferramentas técnicas, tais como
formulários, questionários e testes. Resultado qualitativo:

• Reunião de equipe para construção • Maior dedicação aos casos de alta


do fluxo e aprimoramento; vulnerabilidade, mesmo que a renda
per capta ultrapasse a condição de “Ex-
• Reunião com a equipe da DIGB; trema Pobreza”;

• Planilha- Base Unificada. • Apoio na manutenção da base do ca-


dastro único com dados mais fidedignos;

RESULTADOS OBTIDOS • Alinhamento da compreensão da


Resultados quantitativos: equipe a articulação do cadastro único
com os demais serviços dos CRAS, so-
bretudo no PAIF (Serviço de Proteção
• Visitas realizadas (em média): 196,
Integral da Família);
considerando que a equipe foi pelo
menos uma vez no domicílio, pois em
alguns casos ultrapassou esse número; • Aumento do repertório da equipe
para observar e tratar as informações
de omissão de renda e/ou integrantes
• Cadastros atualizados: 76;
da família;
140 CADERNO DE PRÁTICAS

• Compreensão de que as ações no ter-


ritório extrapolam as competências da
equipe do território, pois envolve todos
os servidores da unidade, principalmen-
te no que se refere ao comprometimento.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


Com esse trabalho percebemos a neces-
sidade de aprimorar a questão do manejo
para tratar com as questões de omissão
de informações, de modo a não ser hostil
com o usuário entendendo as possíveis
razões desse comportamento, porém ao
mesmo tempo reconhecendo a impor-
tância de se ter acuidade para tratar as
informações do cadastro único de modo
a evitar sinalizações do público de modo
equivocado, no sentido de não condizen-
tes com a realidade, neste caso aqui trata-
do em especial a sinalização de condição
de “Extrema Pobreza”.

O desafio é aprimorar a atenção do en-


trevistador durante a entrevista do Ca-
dastro Único a fim de possibilitar a per-
manência na base, aquelas famílias que
de fato necessitam dos benefícios dos
Programas Sociais. Caso contrário, se-
rão mantidas famílias que não precisam
ser contempladas neste momento e por
conta da lotação orçamentária do gover-
no federal outras não serão inseridas.
Com relação as limitações, citamos que
o cálculo feito para obter o resultado de
que família seria público considerado
em “Extrema Pobreza“, por vezes não
condiz com o que é visto in loco. Ade-
mais, com esse trabalho notamos que há
ainda ideias conservadoras presentes na
equipe ao que se refere às famílias be-
neficiárias do Programa Bolsa Família, o
que nos faz refletir sobre a exigência de
maior estudo do processo sócio históri-
co com o propósito de entender a reali-
dade atual que estas estão inseridas.

REFERÊNCIAS:
Ofício circular no43/ SENARC/ MDS

Portaria 615- 11 de agosto de 2010/


MDS
141

TÍTULO: Processo de
Reordenamento de Serviços
do CREAS Boqueirão
EQUIPAMENTO: CREAS BOQUEIRÃO rão observaram que em muitos casos A análise
não ocorria um bom aproveitamento deste cenário
de todos os saberes profissionais que objetivou
DATA DE INÍCIO: JAN/2014 compunham a equipe, e que devido a
o repensar
questão da ansiedade profissional, a
RELATOR: ROBERTA SCARABELOT complexidade e a emergência das si-
da práxis, a
desconstrução
CAMARGO, CHARLI REGINA DA SILVA tuações, as trocas entre os profissio-
de velhos
nais eram superficiais, não havendo
PADILHA discussões sistematizadas de casos e paradigmas e
real aproveitamento dos saberes pro- a construção e
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: fissionais de cada área de atuação. reconstrução
Outro ponto detectado nas reuniões de conceitos
EQUIPE DO CREAS BOQUEIRÃO de equipe e que dificultava o traba- e práticas,
lho era a compreensão e a percepção bem como a
das nuanças intrínsecas de cada ser- proposição de
viço ofertado, bem com a intersecção novas formas
SITUAÇÃO ANTERIOR entre estes serviços, o que interferia de pensar e
diretamente na sistematização e regis-
O Centro de Referência Especializado operacionalizar
tro das informações e dos casos, preju-
da Assistência Social (CREAS), é uma dicando o diagnóstico e o atendimento
os serviços.
unidade que referencia os Serviços dos casos.
da Proteção Social Especial de Média
Complexidade, o que impõe à práxis Aliado a estas reflexões, outro ponto
dos profissionais que atuam no CRE- analisado era a questão do atendimen-
AS uma expertise maior e um olhar to por território, pois os serviços não
qualificado e especializado. Devido a estavam sendo operacionalizados em
complexidade das demandas que che- suas especificidades, conforme a Tipi-
gam para atendimento, a dinâmica da ficação Nacional dos Serviços Socioas-
Proteção Especial possui como pecu- sistenciais. Assim sendo, a inquietação
liaridade a necessidade de grande en- e a necessidade de entender, qualificar
volvimento profissional, de qualifica- e organizar os serviços prestados no
do olhar, decisões rápidas e eficazes. CREAS Boqueirão foi a mola propulso-
Deste modo, a dinâmica de trabalho ra para busca por um novo olhar para
no CREAS causa nos profissionais o trabalho. Associado a isso, houve a
grande nível de estresse e ansieda- mudança de gestão municipal e o in-
de, pois muitas vezes o profissional centivo desta para o reordenamento
sente-se impotente frente a situações dos serviços.
complexas, não conseguindo em al-
gumas situações efetividade da sua A análise deste cenário objetivou o
práxis. Ao refletir sobre sua prática, repensar da práxis, a desconstrução
os profissionais do CREAS Boquei- de velhos paradigmas e a construção
142 CADERNO DE PRÁTICAS

e reconstrução de conceitos e práti- disciplinar, contando com profissionais


cas, bem como a proposição de novas de nível superior e médio, habilitados e
formas de pensar e operacionalizar com capacidades técnica para o desen-
os serviços. volvimento das ações. Neste sentido é
importante ressaltar que não basta que
Esta reflexão culminou num processo haja uma gama de profissionais de dife-
de reordenamento sistematizado, que rentes áreas do conhecimento, mas que
tem como objetivo geral reordenar estes profissionais atuem e trabalhem
os programas e serviços existentes no de modo interdisciplinar, ou seja, apro-
CREAS Boqueirão, tendo como obje- priados dos conhecimentos, metodo-
tivos específicos: identificar a finali- logias e instrumentos próprios de sua
dade de cada serviço ofertado; analisar área de conhecimento e que possam
a operacionalização de cada serviço perceber, avaliar e traçar estratégias
ofertado; refletir sobre as dificuldades, conjuntas no sentido de potencializar
potencialidades e possibilidades de no- o trabalho social junto às famílias e
vas formas de operacionalização dos indivíduos, partilhando saberes e ins-
serviços ofertados; identificar as pecu- trumentos, em um constante diálogo,
liaridades, as generalidades e as inter- destituindo-se de sua zona de confor-
secções dos serviços ofertados; com- to com vistas a buscar novas formas
preender a necessidade da discussão e de enfrentamento da questão social. A
atuação interdisciplinar; traçar estra- interdisciplinaridade é um processo de
tégias de interdisciplinaridade do tra- interação/ integração recíproca entre
balho; construir uma nova proposta de diferentes campos do conhecimento
ação e resgatar a educação social como em prol de um objeto comum, se cons-
elemento de mudança social dentro do tituindo como um amadurecimento na
trabalho realizado no CREAS. visão acerca das incompletudes e im-
possibilidades das áreas profissionais
Utilizamos para nortear o processo, a diante das questões postas pelo mundo
visão crítico dialética do Serviço So- pós-moderno. É deste modo, que bus-
cial, bem como as determinações legais camos a interdisciplinaridade no tra-
da PNAS, Tipificação Nacional dos balho cotidiano do CREAS. Para tanto,
Serviços Socioassistenciais, ECA, SI- deve-se empoderar cada profissional e
NASE, SUAS e as regulamentações que torná-lo apto a dispor de seu cabedal
regem os serviços de Assistência Social, teórico prático, oriundo de sua forma-
a Psicologia Social e a Pedagogia Crítica ção acadêmica e de sua trajetória pro-
de Paulo Freire. Deste modo, buscamos fissional de modo ético, realizando um
uma visão de educação social, psicolo- constante diálogo como forma de aqui-
gia e a assistência social, no sentido de sição de novos conhecimentos e novas
um trabalho metodologicamente siste- ideias, isto se constitui num desafio
matizado que induz a reflexão crítica, para esta proposta de reordenamen-
acreditando que o conhecimento é um to, pois pressupõem um abandono de
processo transformador da realidade e posturas profissionais sectárias e cen-
dos sujeitos, que embasa a construção tralizadoras, sem que, no entanto, dei-
de uma nova realidade. Deste modo, xe de existir a ideia de que devemos ter
foram elaborados eixos transversais profissionais zelosos pelas orientações
norteadores do processo, que serviram técnicas e éticas de suas profissões,
como referencial para a compreensão respeitando limites e possibilidades de
e reordenamento do trabalho. São eles: cada ciência.

Interdisciplinaridade Centralidade na Família


Segundo as diretrizes do documento de Segundo Sposati (2004), os processos
Orientações Técnicas – CREAS, o tra- de convivência e de (in) sustentabili-
balho social ofertado pelo CREAS exi- dade de vínculos sociais têm relação
ge que a equipe profissional seja inter- direta com a exposição aos riscos e
143
vulnerabilidades sociais, pois as fra- intervenções e orientações psicosso-
gilidades e rupturas do meio familiar ciais no sentido de propiciar bases para
podem estar associadas às situações esta reconstrução das relações familia-
que violam direitos. Segundo as dire- res, bem como do seu modo de se posi-
trizes do documento de Orientações cionar frente às situações que vulnera-
Técnicas – CREAS, para que haja uma bilizam e excluem, criando condições
real compreensão da realidade do con- de autonomia e tomada de posse de sua
texto familiar é imprescindível que se condição de cidadão de direitos.
busque um olhar para o contexto só-
cio-político-econômico e cultural, no
qual a família está inserida, por isso é Garantia dos direitos
primordial um olhar territorializado da A Constituição Federal do Brasil expõe
família, pois os riscos e vulnerabilida- ao longo dos artigos 6º. à 11º. os direi-
des observados no território imprimem tos que garantem qualidade de vida e
tensões sobre a família afetando a con- igualdade de condições sociais. Segun-
vivência familiar e comunitária. do José Afonso Silva, os direitos so-
ciais assegurados na Constituição são
Ao reconhecer como foco de atuação prestações positivas proporcionadas
a família, o trabalho do CREAS deve pelo Estado direta ou indiretamente a
compreendê-la a como um espaço de fim de assegurar condições de vida e
proteção e sociabilidade, mas sem ca- igualdade mesmo em situações sociais
tegorizá-las em modelos fechados. Se- desiguais. Esses direitos ali dispostos
gundo a PNAS a família é um núcleo são denominados “direitos sociais” por
afetivo, vinculado por laços sanguíneos se tratarem de direitos que não estão
ou de afinidades que se organiza atra- ligados a classes individuais, pois sua
vés de relações de gênero e geracionais. aplicabilidade é coletiva, designada a
Deste modo, o trabalho social deve se toda sociedade brasileira, sem distin-
atentar para as contradições existentes ções. Os direitos sociais são viabiliza-
nesta função familiar, reconhecendo dos e garantidos através da proposição
que ao invés de proteção e sociabilida- e da efetivação de políticas públicas,
des construtivas, muitas vezes, encon- que fixam e planejam diretrizes e ações
tramos na família a violência e a viola- do poder público perante a sociedade.
ção de direitos.
No cotidiano do trabalho do CREAS
Com vistas a estas premissas aqui co- nos deparamos com a ausência, insu-
locadas, o trabalho com as famílias ficiência ou violação destes direitos
deve propiciar o empoderamento fa- sociais, assim como com uma gama de
miliar e dar vazão aos recursos sociais circunstancias e arranjos sociais que
e psíquicos, oriundos das relações ali dificultam e impedem a efetivação
presentes, no sentido de ampliar a ca- desses direitos às famílias e indiví-
pacidade protetiva e o espaço de re- duos. Deste modo, enquanto parte de
lações saudáveis. Para tal, o trabalho uma política pública que visa garantir
deve reconhecer a autonomia e as po- e assegurar a efetivação destes direi-
tencialidades da família e, de cada um tos cabe ao equipamento CREAS por
dos seus membros, na construção de meio dos profissionais e diretrizes que
um novo projeto de vida, levando em norteiam o trabalho propor, operacio-
consideração durante todo o processo nalizar e avaliar formas de assegurar a
de trabalho as decisões e proposições efetivação dos direitos sociais.
familiares, apontando sempre os ca-
minhos e orientações necessárias para
que esta família perceba e construa um Territorialidade
novo projeto de vida.
Segundo as diretrizes do documento
de Orientações Técnicas – CREAS,
Neste contexto, ressaltamos a impor-
a territorialização é vista como base
tância do trabalho sócio-educativo e a
de delimitação e organização. Deste
144 CADERNO DE PRÁTICAS

modo, referencia o trabalho no senti- nhamentos conjuntos, é necessário que


do de mapear e facilitar o diagnóstico haja um amadurecimento das equipes
e a atuação. dos representantes das diversas políti-
cas publicas.
O território é o espaço relacional, vivi-
do e construído cotidianamente. Con- Nesse sentido, o CREAS deve buscar
traditório em muitos aspectos, mas sensibilizar e viabilizar momentos e
também é propiciador de solidariedade ações intersetoriais capazes de envolver
e criatividade, valores, participação, os profissionais da rede socioassistencial
cultura, capacidades, trajetórias, redes a fim de agenciar ações de promoção das
e parcerias. Quando pensamos num famílias atendidas, bem como, de viabi-
trabalho com famílias e indivíduos é lizar encaminhamentos, proporcionando
importante sabermos o contexto no uma sistematização do acompanhamen-
qual está inserido. to das famílias atendidas.

A facilidade de acesso dos usuários ao


CREAS é outro fator determinante na
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
importância da territorialização, pois Frisamos que este processo é uma
devido a situação de vulnerabilidade construção conjunta de toda a equipe
em que se encontram os usuários, foco do CREAS, e está em construção, de
do trabalho do CREAS, a proximidade modo que as ações propostas e desen-
espacial e o vinculo estabelecido entre volvidas por objetivarem um processo
o equipamento e a comunidade possi- permanente de ação-reflexão-ação, não
bilita que o usuário busque o CREAS têm um produto final.
e que a unidade consiga realizar uma
busca ativa mais efetiva. Para atingir os objetivos deste trabalho
propomos de modo democrático, refle-
A territorialidade também favorece o xivo e aprofundado, viabilizar uma sé-
entrosamento e as ações conjuntas en- rie de reuniões semanais de estudo com
tre a proteção especial e a proteção bá- toda a equipe que compõe este CREAS,
sica de modo a proporcionar um aten- proporcionando a discussão e sistema-
dimento mais coeso e sistemático entre tização das ideias, de modo a buscar
essas duas instancia de proteção social. uma construção processual e sistemáti-
ca de uma nova forma de trabalho.
Articulação intersetorial As reuniões têm a função de diagnosticar,
A configuração das políticas públi- analisar, perceber e compreender os pro-
cas no Brasil se dá historicamente por cessos de trabalho, as ações e interven-
ações setorizadas e paralelas, que por ções traçando novas formas de enfren-
vezes, acabam por se tornar divergen- tamento e sistematização dos serviços,
tes, repetitivas e pouco efetivas no visando a construção de uma nova me-
enfrentamento da questão social. Em todologia de trabalho dentro do CREAS.
contrapartida a esta situação surge o
conceito de trabalho em rede, pois se- As reuniões ocorrem semanalmente e
gundo Bourguignon (2001): o processo de trabalho é composto por
apresentações sobre cada serviço ofer-
Segundo CARVALHO para eficácia da tado, discussão teórico/prática de cada
rede há que se aprimorar habilidades serviço, avaliação dos serviços, dos
de articulação, comunicação e mul- procedimentos e fluxos que o integram,
tidisciplinaridade, pois somente com levantamento de alternativas e novas
estas competências poderá se superar ideias através de dinâmicas ou “brains-
a fragmentação de ações, com vistas a torming”, confronto com a teoria e as
uma abordagem integral da situação. proposições legais da PNAS, ECA, SI-
Deste modo, para que possam ser cons- NASE, SUAS e das regulamentações
truídos instrumentos de ação e encami- que regem os serviços de assistência
145
social. Algumas reuniões contam com a nibilidade para novos desafios e mu-
presença de toda equipe e outras com danças, de modo a sair da zona de con-
os integrantes dos serviços específicos. forto e repensar nossa prática. Todo
este processo de trabalho iniciado em
Concomitante ao processo de discus- janeiro/2014, trouxe para a equipe o
são se deu a construção coletiva do do- repensar sobre o trabalho do CREAS
cumento de reordenamento dos servi- onde todos os profissionais pudessem
ços do CREAS Boqueirão. contribuir com os seus saberes.

Para a construção do diagnóstico re- Tivemos também como avanço:


gional confeccionamos uma planilha
de sistematização de dados sobre os • A construção da planilha de dados
atendimentos e acompanhamentos re- com registro de todos os atendimentos
alizados no CREAS mensalmente, des- feitos, gerando gráficos mensais que
de janeiro de 2014. Esta planilha foi ali- permitiu um diagnóstico mais preciso
mentada por seis meses e através dela do território e da demanda.
foram gerados gráficos e tabelas, pro-
porcionando um diagnóstico do públi- • A qualidade da escuta do usuário,
co atendido, das situações encontradas pois todas as famílias ou indivíduos
no trabalho cotidiano, dos recursos e que chegam ao CREAS por procura
encaminhamentos dos quais o CREAS espontânea ou encaminhamento não
realiza e necessita. documentado, são atendidos na recep-
ção para verificação dos dados e em
Os temas propostos para discussão seguida encaminhados para acolhida
foram divididos entre os profissionais que é realizada por um educador em
que compõem a equipe do CREAS Bo- sala individual. Este educador tem o
queirão, onde cada um preparou o ma- papel de acolhida e cadastramento da
terial e apresentou nos dias de reunião pessoa atendida nos sistemas perti-
de equipe. A partir disto, foi construída nentes, realizando a primeira escuta
uma proposta de reordenamento dos qualificada da situação apresentada. É
serviços de modo processual, utilizan- essencial ressaltar a importância deste
do de ação-reflexão-ação, ou seja, os momento de acolhida e escuta qualifi-
serviços eram discutidos, analisados e cada, pois é a partir desta que se dão as
avaliados; realizava-se uma nova pro- diretrizes para a avaliação da situação e
posta de atuação, que na seqüência era o encaminhamento ao profissional que
sistematizada, organizada, posta em realizará entrevista, lembrando que o
prática, e revista durante o processo, profissional a ser acionado para tal de-
ou seja, constantemente refletida. pende da demanda trazida pelo usuá-
rio, podendo ser atendimento de psico-
RECURSOS UTILIZADOS logia social, orientação socioeducativa
e/ou serviço social.
Não foram recursos específicos, somente
os já existentes e disponíveis no CREAS. • Outro grande avanço deste trabalho
foi o repensar do papel do educador
RESULTADOS OBTIDOS social, permitindo a ele mais autono-
mia e um novo olhar sobre este profis-
O processo ainda está em andamento, sional, abrindo espaço e oportunidade
mas já podemos sinalizar aqui pontos para que aos poucos ele encontre o seu
positivos e outros ainda em processo. espaço neste trabalho e possa ter um
Esta forma de pensar o trabalho e dis- papel definido, somando ainda mais ao
cutir juntos, sem dúvida já imprimiu trabalho interventivo realizado junto
mudanças na dinâmica do trabalho, às famílias atendidas.
trazendo a reflexão da prática cotidia-
na. Todo este processo não foi e não é • O Serviço de Proteção e Atendimento
simples, pois exigiu da equipe dispo- Especializado às Famílias e Indivíduos
146 CADERNO DE PRÁTICAS

(PAEFI), em processo de reorde-


namento teve uma nova visão e foi
REFERÊNCIAS:
remodelado baseado nos princípios AFONSO, Lúcia. Observação sobre a
dos eixos transversais. Sendo assim, orientação metodológica para visitas
o serviço é constituído por grupos domiciliares, entrevistas, trabalho com
de profissionais das áreas do co- famílias, grupos e comunidade. Relató-
nhecimento que compõem a visão rio preliminar de Consultoria a SMAS/
sociopsicoeducativa, deste modo, PBH, 2004.
temos três grupos de profissionais:
os de serviço social, educadores so- _______, Lúcia. Exclusão Social e Fra-
ciais e os de psicologia. Estes três gilização da Identidade em Famílias
grupos realizam o trabalho interdis- Pobres. Trabalho apresentado no Se-
ciplinar frente aos casos da deman- minário Família e Comunidade: Justiça
da do CREAS. Esta proposta visa Social, promovido pelo curso de Psico-
um modelo interligado de saberes logia, Unicentro Newton Paiva e AMI-
com vistas a uma atuação, mas de TEF, Belo Horizonte, 2000.
modo que cada grupo profissional
possa através dos conhecimentos Assistência Social como Política de In-
próprios e oriundos de uma ciência clusão: uma Nova Agenda para a Cida-
específica, alcançar uma dimensão dania. LOAS 10 Anos. IV Conferência
de intervenção social que contem- Nacional de Assistência Social. Pesquisa
ple o usuário atendido em uma visão LOAS + 10. Brasília, Dezembro de 2003.
de pessoa enquanto cidadão e sujei-
to de direitos.
BRASIL, Ministério do Desenvolvi-
mento Social e Combate à Fome. Tipi-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA ficação Nacional de Serviços Socioas-
sistenciais. Brasília, DF. 2009.
Deste modo destacamos como princi-
pais avanços: BRASIL, Ministério do Desenvolvi-
mento Social e Combate à Fome. Nor-
• qualificação dos serviços; ma Operacional Básica de Recursos
Humanos NOB/RH. Brasília, 2006.
• discussão de casos;
BRASIL, Presidência da República. Lei
• valorização do saber de todos os pro- Orgânica da Assistência Social, n. 8.742,
fissionais envolvidos; de 7 de dezembro de 1993, publicada no
DOU de 8 de dezembro de 1993.
• novo olhar para a educação social;
BOURGUIGNON, Jussara Alves. Com-
• melhora na organização do trabalho; posição de Rede intersetorial. Disponí-
vel http://www.uepg.br/nupes/interse-
• delimitação e apropriação das fun- tor.htm,
ções;
CARVALHO, Maria do Carmo Brant
• criação de instrumentais de registros de. Gestão Social: alguns apontamentos
online, que permitem um banco de da- para o debate. In: RICO, Elizabeth de
dos de todos os atendimentos pontuais M. e RAICHELIS, Raquel (orgs.) Ges-
para compor o relatório mensal ; tão Social: uma questão em Debate. São
Paulo: EDUC; IEE, 1999. p. 19 - 29.
• rompimento com o atendimento dos
serviços por território; MENICUCCI, Telma Maria Gonçalves.
Intersetorialidade, o desafio atual para
• maior compreensão dos serviços es- as políticas sociais. Revista Pensar BH
pecializados ofertados no CREAS. – Política Social, Belo Horizonte, Maio-
Julho/2002.
147
CURY, Munir. SILVA, Fernando do
Amaral e. MENDEZ, Emílio Garcia,
apud Samuel Pfromm Neto. ESTA-
TUTO DA CRIANÇA E DO ADO-
LESCENTE, Comentários Jurídicos e
Sociais. São Paulo: Editora Malheiros.
2000.

Freire, Paulo. Pedagogia da Autono-


mia: o conhecimento de um prática
educacional. Rio de Janeiro: Paz e Ter-
ra, 1997.

Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido


25 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1998.

POLÍTICA NACIONAL DE ASSIS-


TÊNCIA SOCIAL – PNAS/2004. Re-
solução 145/2004. Brasília: CNAS,
2004.

SPOSATI, Aldaiza. O primeiro ano do


Sistema Único de Assistência Social.
Revista Serviço Social e Sociedade.
São Paulo: Cortez, n.87, 2006.
148 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Supervisão,
acompanhamento e análise
dos Relatórios Mensais dos
Centros de Referência de
Assistência Social - CRAS
O trabalho EQUIPAMENTO: DPSB - DIRETORIA nal de Assistência Social – CNAS, a
destacou-se Proteção Social Básica é composta
pelo seu cunho DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA / por três serviços: Serviço de Prote-
pedagógico, ção e Atendimento Integral à Famí-
COORDENAÇÃO DE SERVIÇOS SOCIO- lia (PAIF); Serviço de Convivência e
buscando
superar as ASSISTENCIAIS À FAMÍLIA Fortalecimento de Vínculos (SCFV);
e Serviço de Proteção Social Básica
resistências
iniciais, DATA DE INÍCIO: SETEMBRO / 2013 no domicílio para pessoas com defi-
ciência e idosas.
alinhando
conceitos, RELATOR: ANDRÉA PHILIPPI CAMBOIM
Todos esses serviços são ofertados
criando E DANIELE CRISTINA CONTI PEREIRA ininterruptamente pelos Centros de
consensos e Referência de Assistência Social –
elaborando PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: CRAS e os registros são feitos nos
documentos, Relatórios Mensais dos CRAS.
com vistas à EQUIPE DA DIRETORIA DE PROTEÇÃO
construção SOCIAL BÁSICA - COORDENAÇÃO DE Até setembro de 2013, os Relatórios
coletiva e Mensais dos CRAS, no município
corresponsável. SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS À de Curitiba, eram preenchidos pelas
FAMÍLIA, GERENTES DA PSB - PROTE- equipes dos núcleos regionais e enca-
minhados diretamente à Superinten-
ÇÃO SOCIAL BÁSICA DOS 09 NÚCLE- dência de Planejamento – SPL para
OS REGIONAIS E COORDENADORES compilação dos dados na intranet da
FAS, elaboração de documentação
DOS CRAS. e preenchimento no sistema RMA –
Relatórios Mensais de Atendimento,
ferramenta informatizada que tem
como objetivo contribuir para a qua-
SITUAÇÃO ANTERIOR lificação das informações no âmbito
do Sistema Único de Assistência So-
Conforme a Tipificação Nacional de cial - SUAS, por meio da uniformiza-
Serviços Socioassistenciais, Resolu- ção dos registros das informações dos
ção no 109/2009, do Conselho Nacio- CRAS, CREAS e CENTROS-POP, do
149
Ministério de Desenvolvimento So- • Identificação familiar: relação no-
cial e Combate à Fome - MDS. minal, perfil e outras informações
sobre as famílias inseridas no acom-
Percebendo-se a necessidade de panhamento PAIF;
aprimorar e qualificar os dados in-
formados mensalmente pelos CRAS, • Ações complementares: informa-
criou-se uma etapa intermediária ções sobre Cadastro Único, grupos
no processo, de responsabilidade da comunitários, articulação com a rede
Diretoria de Proteção Social Básica, local e ações de mobilização para o
para supervisão, acompanhamento e trabalho;
análise dos Relatórios Mensais.
• SCFV (Serviço de Convivência e
O objetivo foi construir uma nova Fortalecimento de Vínculos): infor-
percepção junto às equipes: a de que mações sobre pessoas no Serviço de
o relatório é um importante instru- Convivência e Fortalecimento de
mento de trabalho, que possibilita a Vínculos;
leitura das ações realizadas no equi-
pamento, das características do ter- • SPSB no domicílio (Serviço de Pro-
ritório e das demandas das famílias. teção Social Básica no domicílio para
pessoas com deficiência e idosas):
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA informações sobre pessoas e famílias
acompanhadas no referido Serviço;
Os relatórios mensais são preenchi-
dos mensalmente pelo coordenador • Centro de Convivência Amigo Curi-
do CRAS e validados pelos gerentes tibano: informações sobre pessoas
de Proteção Social Básica do Nú- com deficiência que participam men-
cleo Regional. salmente das atividades na unidade
(apenas para o CRAS de referência);
Os dados informados são utilizados
institucionalmente para acompanhar o • Grupo de PcD (Pessoas com Defi-
trabalho dos CRAS e núcleos regionais ciência): informações sobre pessoas
e subsidiar a diretoria com indicadores com deficiência que participam de
de gestão e de resultados, contribuin- grupos específicos (somente para al-
do para a tomada de decisão. guns CRAS).

O Relatório Mensal do CRAS é com- A elaboração do relatório mensal do


posto pelas seguintes planilhas: CRAS segue um fluxo entre a DPSB
e os núcleos regionais até a entrega
• Identificação CRAS (Centro de Re- final para a Superintendência de Pla-
ferência de Assistência Social): iden- nejamento - SPL.
tificação do Núcleo Regional, nome
do CRAS, mês de referência do re- Até o último dia útil do mês é en-
latório e nome do Coordenador do caminhado pela DPSB aos gerentes
CRAS; PSB e CRAS, o arquivo atualizado
que servirá de base para o preenchi-
• Atendimento PAIF (Proteção e mento do Relatório Mensal do CRAS
Atendimento Integral à Família): in- referente ao mês subsequente. Neste
formações sobre famílias atendidas, documento, todas as fórmulas e for-
atendimentos e encaminhamentos; matações foram conferidas pela SPL.

• Acompanhamento PAIF (Proteção Os gerentes PSB e CRAS têm até o


e Atendimento Integral à Família): quinto dia útil, do mês de referência,
informações sobre famílias em acom- para encaminhar o relatório preen-
panhamento, perfil das novas famí- chido para análise da DPSB.
lias e desligamentos;
150 CADERNO DE PRÁTICAS

A DPSB verifica os dados informados • Recebimento do arquivo com ajus-


através de análise comparativa com te/retificação;
os meses anteriores e com a defini-
ção dos conceitos estabelecidos para • Encaminhamento do relatório men-
os serviços da Proteção Social Bási- sal do CRAS para a SPL.
ca previstos em normativas do MDS.
Encontrada alguma inconsistência
ou dúvida no dado informado, o re- RESULTADOS OBTIDOS
latório é devolvido aos gerentes PSB
O cuidado e aprimoramento no pre-
e CRAS, com sinalização nos campos
enchimento do relatório mensal do
que necessitam de análise.
CRAS conduziram ao refinamento da
análise e qualificação dos dados in-
Após o término de cada revisão, os re- formados mensalmente pelos CRAS.
latórios são encaminhados para SPL
para os devidos encaminhamentos.
As dúvidas no preenchimento e su-
gestões de alterações são constan-
Importante destacar que para o pre- temente discutidas e validadas em
enchimento do relatório é imprescin- reuniões regionalizadas com coorde-
dível que todos os envolvidos tenham nadores dos CRAS e gerentes PSB,
o mesmo entendimento sobre os Ser- supervisões técnicas nos CRAS e em
viços desenvolvidos pela Proteção conjunto com a SPL, possibilitam o
Social Básica e normativas vigentes. ajuste no alinhamento de conceitos
dos referidos serviços e o constante
RECURSOS UTILIZADOS aprimoramento do instrumento.

• Recursos humanos: equipe da Dire- Em relação ao Acompanhamento


toria de Proteção Social Básica - Co- Familiar PAIF, após a verificação
ordenação de Serviços Socioassis- da necessidade de identificação das
tenciais à Família; Gerentes da PSB famílias acompanhadas e de levan-
- Proteção Social Básica dos nove tamento do perfil das mesmas, foi
Núcleos Regionais; e coordenadores elaborado um novo modelo de plani-
dos CRAS; lha de Identificação Familiar PAIF,
adotado a partir de janeiro de 2014.
• Manual de Orientações para pre- Acrescentou-se, além dos dados do
enchimento do Relatório Mensal dos responsável familiar e as formas de
CRAS – 2014; acesso ao Serviço, os campos: data
de inclusão/desligamento, perfil das
• Relatório Mensal do CRAS, em ar- famílias e encaminhamentos realiza-
quivo de planilha eletrônica; dos. Antes restrita apenas às novas
famílias inseridas no Serviço, a plani-
• Controle mensal das etapas refe- lha agora contempla todas as acom-
rentes à supervisão, acompanhamen- panhadas no ano.
to e análise do Relatório Mensal do
CRAS: É de suma importância ressaltar que
o preenchimento adequado desta
• Encaminhamento dos arquivos base planilha é fundamental, uma vez que
aos gerentes PSB e CRAS; este é o instrumento de monitora-
mento das metas do PPA e do Pacto
• Recebimento do relatório mensal Suas em relação ao PAIF – acompa-
do CRAS; nhamento familiar.

• Encaminhamento para ajuste/reti- Indiscutivelmente, esta prática de-


ficação, caso necessário; manda tempo significativo, no entanto,
permite que os dados informados pe-
los Núcleos Regionais sejam utilizados
151
com maior fidedignidade pela institui-
ção, possibilitando também uma aná-
lise constante dos usuários da política
de assistência social inseridos nos Ser-
viços da Proteção Social Básica.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


O esforço de todo esse trabalho em
conjunto tem se concentrado, con-
tinuadamente, na perspectiva de
que os dados informados no Relató-
rio Mensal do CRAS possibilitem às
equipes o diagnóstico do território e
das demandas das famílias.

O trabalho destacou-se pelo seu cunho


pedagógico, buscando superar as resis-
tências iniciais, alinhando conceitos,
criando consensos e elaborando docu-
mentos, com vistas à construção cole-
tiva e corresponsável.

REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional da As-
sistência Social. Tipificação Nacio-
nal de Serviços Socioassistenciais
(Resolução no 109, de 11 de Novem-
bro de 2009) Brasília, MDS: 2009.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL.


Protocolo de Gestão dos CRAS de
Curitiba. Curitiba: FAS, 2012.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL.


Orientações para preenchimento do
Relatório Mensal dos CRAS. Curiti-
ba: FAS, 2014.
152 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Supervisão em
A possibilidade
de profissionais Cadastro Único e Gestão
da Sede
Administrativa
da Fundação
de Ação Social
de Benefícios
deslocarem-
se para os
equipamentos
onde estão
localizados os EQUIPAMENTO:DIGB – DIRETORIA DE nalidades do Programa Bolsa Família.
A capacitação dos servidores munici-
atendimentos das INFORMAÇÕES E GESTÃO DE BENE- pais melhora sensivelmente o serviço
pessoas/famílias FÍCIOS ofertado à população, principalmente
cadastradas no no atendimento as pessoas ou famílias
CadÚnico e DATA DE INÍCIO: 2013
que buscam os serviços da assistência
beneficiarias de social, seja no repasse de orientações
Programas Sociais, apropriadas acerca do benefício Bolsa
criou um ambiente RELATORES: ALZYRIO AYRES E SIMO- Família, seja no acesso a ele. Para isto
favorável para que NE ANDREIA ALIBOSEK é necessário que os servidores da Pre-
feitura Municipal de Curitiba, especi-
os participantes ficamente dos Centros de Referência
se sentissem PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: da Assistência Social, tenham a com-
à vontade e ALZÍRIO AYRES, DANIELLE DO preensão necessária para operaciona-
pudessem abordar lização dos Programas. Tais capacita-
as dificuldades ROCIO FAGUNDES, DENISE FER- ções são organizadas e executadas pela
e dúvidas REIRA NETTO, JORGE VELOSO DE equipe da DIGB – Diretoria de Infor-
vivenciadas no mações e Gestão de Benefícios. A par-
cotidiano deste LIMA JUNIOR, LEONARDO PIGATTO tir da formação destes profissionais, a
atendimento. CAMARGO, LUCIANO BATISTA SIKOR- equipe da DIGB começou a identificar
Esse processo dificuldades que surgiam na execução
tem aprimorado SKI, MARIA ODILA RODRIGUES DA prática destes conhecimentos e no ma-
nosso olhar como SILVA, MARCUS PEDROZO DE SOUZA nuseio dos sistemas. Tais dificuldades
gestores para, uma eram sanadas por meio de contatos via
vez entendendo E SIMONE ANDREIA ALIBOSEK telefone e e-mail, pois até então não
havia um acompanhamento mais pró-
a lógica de como ximo para monitorar a prática. Ao mes-
os serviços são mo tempo, identificava-se que a qua-
operacionalizados
nas unidades SITUAÇÃO ANTERIOR lidade das ações envolvendo Cadastro
Único e Gestão de Benefícios poderia
da assistência Os servidores da Fundação de Ação ser aprimorada, pois constatávamos
social, com suas Social, atuantes nos equipamentos da inconsistências no preenchimento de
especificidades, Proteção Básica e Especial, que aten- formulários do Cadastro Único, os
alcançar as dem pessoas e famílias vulneráveis quais apresentavam um grande núme-
dificuldades e participam da capacitação de entre- ro de devolução para correção. Além
resolvê-las. vistadores para preenchimento dos disso, não havia uma padronização de
formulários do Cadastro Único para procedimentos, tanto de informação
Programas Sociais - Cadúnico, além de aos usuários como de procedimentos
capacitações para acesso aos sistemas internos nos equipamentos. A partir
SIBEC - Sistema de Benefícios ao Ci- das dificuldades apresentadas, identi-
dadão e SICON - Sistema de Condicio- ficou-se ser necessária uma rotina de
153
supervisão, compreendendo esta como • Lista de presença;
encontros para revisão de conteúdos
abordados em capacitações, possibili- • Manuais, portarias e decretos, infor-
tando revisão de conceitos e de fluxos mes, relativos a Cadastro Único e bene-
já estabelecidos e uma padronização fícios sociais;
de procedimentos, principalmente com
formulários. Aliado a isso, propomos • Eventualmente algum informativo
abordar dúvidas que as equipes pos- impresso ou Cartilha de Benefícios So-
suíam com relação aos benefícios vin- ciais.
culados ao Cadastro Único. A funda-
mentação teórica ocorreu a partir das • Sala com cadeiras dispostas em cír-
legislações existentes. culo;

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA • Folhas de papel e caneta esferográfi-


ca, para anotações diversas e avaliação
A Diretoria de Informações e Gestão efetuada pelos participantes;
de Benefícios iniciou a articulação
com as nove supervisoras das regio- • Impressos com as regras mais comuns
nais da FAS, a fim de apresentar a no que tange a gestão de benefícios e
proposta e estabelecer um cronogra- CadÚnico; Automóvel com motorista
ma para sua execução. Os locais es- para locomoção das equipes da DIGB
colhidos para as reuniões foram defi- até os locais onde forma realizadas as
nidos pelo profissional de referência Rodas de Dialogo;
em CadÚnico, de cada Supervisão
Regional, privilegiando os espaços de • Recursos humanos para conduzir o
atuação dos servidores responsáveis processo ( representantes da DIGB)
pela orientação a estas famílias.

Para as reuniões foram convidados os RESULTADOS OBTIDOS


educadores e técnicos que realizam a
Constatamos através das avaliações es-
operacionalização do Cadastro Único
critas e também verbalizadas, como
para Programas Sociais e que atuam
positiva a ação, que contribuiu para o
com benefícios, entre eles, o Programa
refinamento dos conteúdos repassados
Bolsa Família, sendo que este convite
em capacitações formais e, como conse-
partia da equipe do Núcleo Regional.
qüência a constante qualificação do tra-
balho técnico no atendimento às famílias.
Com média de 2h30m, as reuniões eram
norteadas por roteiro elaborado pelo
Conseguimos também, a partir deste
DIGB, construído a partir da identifica-
contato mais próximo com as equipes,
ção das principais dúvidas das equipes,
identificar as questões que mais geram
mas com flexibilidade de discussão de
dúvidas e focar nas capacitações. Alem
outros pontos levantados espontanea-
disso, implementar outras ações onde
mente pelos servidores. Também a Dire-
pudemos abordar detalhadamente as-
toria incluía nesta ação, os informes mais
suntos que demandavam esclareci-
recentes do Governo Federal ou ações
mentos. Para estes, foram propostas
recentes que a diretoria estava realizando
supervisões por equipamento, onde o
pontualmente naquele período.
CRAS solicitante em dia de reunião de
equipe, recebe a visita de profissionais
RECURSOS UTILIZADOS da Diretoria, elege um tema pontual,
como o SICON – Sistema de Acompa-
• Pauta (previamente elaborada a par- nhamento das Condicionalidades, e são
tir do envio de dúvidas pelos partici- tratados o passo a passo para permis-
pantes e/ou levantadas pela Própria sionamento de senha até o acompanha-
DIGB, a partir de ligações ou e-mail’s mento familiar propriamente dito.
com questionamentos)
154 CADERNO DE PRÁTICAS

Houve uma melhora significativa na


qualidade dos formulários preenchi-
REFERÊNCIAS
dos, na padronização de procedimentos Caderno de Orientações e Legisla-
e na diminuição do número de devolu- ção do Programa Bolsa Família e
ções para correção, que resultaram na Cadastro Único;
melhoria da qualidade dos processos
encaminhados à DIGB. Portarias diversas sobre os procedi-
mentos que envolvem o Cadastro e
Finalmente, destacamos a integração Gestão de Benefícios.
possibilitada através destes encontros,
que alinharam entendimentos e nos Instruções Operacionais: correlatas
aproximou das equipes atuantes nos
equipamentos. Manuais operacionais dos sistemas de
SIBEC – Sistema de Benefícios ao Ci-
Em 2013, foram sete Encontros de Su- dadão/CEF e SICON- Sistema de Con-
pervisão, os quais envolveram 129 pro- dicionalidades do Programa Bolsa Fa-
fissionais. Em 2014, foram 17 Encontros milia/MDS
de Supervisão, os quais envolveram 281
profissionais. Relatório Gerencial da Diretoria de In-
formações e Gestão de Beneficios.
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
A possibilidade de profissionais da
Sede Administrativa da Fundação de
Ação Social deslocarem-se para os
equipamentos onde estão localizados
os atendimentos das pessoas/famílias
cadastradas no CadÚnico e beneficia-
rias de Programas Sociais, criou um
ambiente favorável para que os partici-
pantes se sentissem à vontade e pudes-
sem abordar as dificuldades e dúvidas
vivenciadas no cotidiano deste atendi-
mento. Esse processo tem aprimorado
nosso olhar como gestores para, uma
vez entendendo a lógica de como os
serviços são operacionalizados nas uni-
dades da assistência social, com suas
especificidades, alcançar as dificulda-
des e resolvê-las.

Esta prática também possibilitou que


servidores que atuam na gestão (como
coordenador e gerentes, nas diretorias)
se deslocassem até os equipamentos,
demonstrando flexibilidade em estar
junto aos técnicos e educadores sociais
dos equipamentos, dialogando sobre
as principais dificuldades apresenta-
das por aqueles que operacionalizam o
CadÙnico e benefícios e ouvindo pro-
postas que visam melhorar o fluxo de
trabalho.
155

TÍTULO: Uma Experiência de


Fortalecimento da Rede Socioassistencial
no SCFV da Regional Portão
EQUIPAMENTO: FAS - NÚCLEO SITUAÇÃO ANTERIOR A análise
deste cenário
REGIONAL DO PORTÃO O Serviço de Convivência e Fortaleci- objetivou
mento de Vínculos - SCFV na Proteção o repensar
DATA DE INÍCIO: junho de 2013 e da práxis, a
em processo em 2014 Social Básica tem a função de preve- desconstrução
nir a ocorrência de situações de risco de velhos
social, promover o fortalecimento de paradigmas e
RELATOR: Maria Nazaré Rufcca laços sociais por meio de atividades só-
a construção e
Machado, ndré Rigoni Ca- cio educativas, potencializando a capa-
reconstrução
cidade e superação de vulnerabilidades
minski, Marcela Godinho Belém, dos indivíduos e suas famílias.
de conceitos
e práticas,
Patricia Cristina Ribeiro Jess, bem como a
A Fundação de Ação Social - FAS
Rosangela De Souza Dourado, executa o SCFV diretamente em seus
proposição de
novas formas
Adriana Aparecida Oliveira Centros de Referência de Assistência
de pensar e
Social – CRAS, ou por meio de con-
Gomes Becker vênios com entidades sociais. Face às operacionalizar
normativas e orientações técnicas es- os serviços.
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: tabelecida pelo Ministério do Desen-
volvimento Social e Combate a Fome
Maria Nazaré Rufcca Machado, – MDS, cumpre ao CRAS realizar o
Marilda Cordeiro Gelinski, acompanhamento, monitoramento e
o apoio no planejamento das ativida-
André Rigoni Caminski, Mar- des que são promovidas pelas entida-
cela Godinho Belém, Patricia des sociais.

Cristina Ribeiro Jess, Rosan- No ano de 2013 a Regional Portão


gela De Souza Dourado, Ariel mantinha convênio com quatro en-
tidades sociais que prestam o SCFV
Bruginski, Adriana Aparecida para crianças e adolescentes, tota-
O. Gomes Becker, Benedita Maria lizando 793 metas em atendimento.
Neste mesmo ano a regional consta-
de Fátima Sousa, Luciane Ham- tou que as FAS (mantenedora do ser-
merschimidt, Juliane Maria viço) e as entidades sociais (executo-
ra dos serviços) estavam trabalhando
Alves Pinto, Janaina Cristiano, de forma desarticulada. A entidade
estabelecia os próprios critérios para
Leila Dias Kriger, Representan- vinculação e desvinculação do públi-
tes das 04 entidades co atendido, não havendo avaliação
156 CADERNO DE PRÁTICAS

técnica pela política de assistência vidências, no qual constaram as atri-


social, Proteção Social Básica – PSB e buições dos envolvidos: Gerências PSB
Proteção Social Especial – PSE, e es- e PSE; CRAS; CREAS; Setor de Entida-
sas não estavam inteiradas das legisla- des Sociais, Entidades Conveniadas.
ções vigentes que norteiam o referido
serviço. Observou-se a necessidade Também em 2014, etapas continua-
de uma maior integração e comuni- ram sendo realizadas de forma parti-
cação entre os envolvidos, bem como cipativa através de reuniões e visitas
alinhar os conhecimentos, saberes e de monitoramento e fiscalização nas
organizar um fluxo documental. entidades sociais, em que cada inte-
grante do grupo, colaborou com opi-
Face à realidade constatada nesse niões, sugestões para a melhoria do
mesmo ano, a Regional Portão (Nú- processo e desenvolvimento do tra-
cleo Regional Portão, PSB, PSE, Setor balho de acompanhamento do SCFV,
de Entidades Sociais) visando poten- junto às entidades.
cializar os serviços oferecidos ao pú-
blico alvo, deu início a um trabalho de As reuniões e visitas de acompanha-
aproximação com as entidades sociais mento e monitoramento aconteceram
conveniadas. em espaços públicos e espaços pró-
prios das entidades.

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA • A primeira reunião do grupo de tra-


Foram realizados encontros com re- balho aconteceu na data 08 de abril
presentantes da Rede Socioassisten- de 2014, entre Gerência de Proteção
cial Conveniada e as Equipes Téc- Básica, coordenadores de CRAS e Se-
nicas dos CRAS, CREAS e Setor de tor de Entidades, tendo como pauta
Apoio Entidades, para a construção tratar sobre os convênios de SCFV em
de um Plano de Providência. vigência. Na ocasião, foram levanta-
das as dificuldades sobre inclusão e a
Inicialmente foram realizadas reuni- desvinculação dos usuários no SCFV,
ões entre, Núcleo Regional, PSB, PSE e a necessidade de construção de um
e Setor de Entidades Sociais com o instrumental para utilizar-se nas visi-
objetivo de alinhar conceitos e o en- tas de acompanhamento às entidades.
tendimento das atribuições de cada Neste momento o grupo de trabalho
envolvido no acompanhamento e percebeu a necessidade de criar um
apoio as entidades sociais. documento de monitoramento a fim
de ser utilizado pelos CRAS no pro-
Posteriormente foi dado início ao tra- cesso de visitas às entidades parcei-
balho com as entidades, que ocorreu ras, intitulado “Formulário de Moni-
a partir de encontros com todos os toramento Mensal” (em anexo). Cabe
envolvidos no processo. Também fo- situar que os CRAS e Setor de Enti-
ram realizadas visitas sistemáticas às dades também utilizavam durante
entidades, tanto pelos CRAS de refe- o monitoramento o “Formulário de
rência quanto pelo Setor de Entida- Acompanhamento do SCFV” – mo-
des Sociais, para orientações acerca delo aprovado pelo CMAS, aplicado
das normativas, diretrizes e aspectos bimestralmente, nas visitas de moni-
legais bem como o estabelecimento toramento às entidades.
de fluxo.
• Nesta data ainda, foi estabelecido
Em 2014 foi realizada uma atuação pelos CRAS, um agendamento de vi-
mais coletiva com as entidades so- sitas às entidades conveniadas, para
ciais, ou seja, reunir todos os envolvi- tratar de situações e demandas mais
dos no processo de trabalho, de forma territorializadas.
participativa. Neste sentido foi elabo-
rado coletivamente um Plano de Pro- CRAS Portão - 14/04 às 14h00
157
CRAS Aurora Formosa - 15/04 às za emitida pela Diretoria de Gestão
09h00 de Benefícios – DIGB;

CRAS Guaíra e CRAS Parolin – 22/04 • Estabelecer um cronograma de vi-


às 14h00 sitas, para fins de monitoramento às
entidades conveniadas;
CREAS Portão – 24/04 às 14h00
• Inserir os atendidos no SCFV no
No decorrer do processo acontece- Sistema de Informações Serviço de
ram visitas de monitoramento mensal Convivência e Fortalecimento de
às entidades bem como ocorreram, Vínculos SISC – com base na planilha
mais duas reuniões com as entidades de dados
e demais representantes para a cons-
trução do Plano de Providências, com • Cadastrar todas as famílias inse-
as atribuições de cada setor, que se- ridas no SCFV no Cadastro Único
gue abaixo: (CADU). Realizar a marcação confor-
me manual de preenchimento do for-
mulário suplementar 1 – quesito 2.05
Atribuições Setor de Entidades - item 16, 17 ou 23 referente aos casos
• Realizar contato com as instituições do CREAS, também fazer marcação
conveniadas para fins de solicitação de outros itens constantes no referi-
de preenchimento de uma planilha do instrumento.
de dados de todos os participantes do
SCFV. • Realizar avaliação técnica conforme
o disposto em Resolução 01/2013 do
• Solicitar a entidades conveniadas o CNAS para vinculação e desvincula-
levantamento do número e perfil das ção no SCFV.
crianças e adolescentes participantes
do SCFV; • Realizar encaminhamento formal,
das crianças e adolescentes para a en-
• Realizar junto à entidade contatos, tidade conveniada, com a utilização
visitas de monitoramento e fiscaliza- do formulário de referência e contra
ção referente aos convênios - referência;

• Proceder à juntada de documentos • Utilizar os instrumentos do proto-


para aberturas de processo, para fins colo dos CRAS para atendimento às
de certificação e convênios famílias

• Realizar análise de documentos e - Formulário de Registro do Aten-


projetos de formalização de convê- dimento – anexo 02 do protocolo de
nios. CRAS

• Encaminhar mensalmente para os - Plano de Acompanhamento Fami-


CRAS o Controle de Participação no liar – anexo 03 do protocolo de CRAS
SCFV de crianças e adolescentes.
- emissão de relatório e avaliação téc-
nica das situações priorizadas.
Atribuições dos CRAS
Obs: os registros dos atendimentos às
• Realizar mapeamento e diagnostico
famílias, bem como o relatório técni-
do perfil das crianças e adolescentes
co terão que ser arquivados no CRAS
do SCFV através dos instrumentos:
pelo período de 05 anos
planilha de dados fornecida pelas en-
tidades; cadastro único do governo
federal e planilha de extrema pobre- • Realizar o encaminhamento formal
das crianças e adolescentes para a
158 CADERNO DE PRÁTICAS

entidade conveniada, através da uti- clusão no SCFV será realizado pelo


lização do formulário de referência / CRAS de referência
contra - referência do CRAS
OBS: O acompanhamento das crianças
• Proceder sistematicamente em pla- e adolescentes participantes do SCFV,
nilha, o controle dos encaminhamen- também será realizado pelo CRAS;
tos realizados para a entidade

• Nas visitas de monitoramento às


Atribuições – GERÊNCIA PSB
entidades: • Realizar acompanhamento do Ser-
viço de Convivência e Fortalecimento
- Mensalmente - nas visitas sistemáti- de Vínculos - SCFV, junto aos CRAS,
cas deverá ser aplicado o Formulário através das visitas de monitoramento
de Acompanhamento Mensal e SISC

- Bimestralmente - deverá ser aplica- • Realizar visitas às entidades conve-


do o Formulário de acompanhamento niadas, quando necessário.
do SCFV – modelo aprovado CMAS.
• Repassar para os coordenadores de
• Apoio às entidades conveniadas, no CRAS, informações e materiais para
planejamento das atividades socio- estudo sobre SCFV
educativas, conforme o disposto nas
orientações técnicas do SCFV. • Repassar para o setor de entidades
o cronograma de visitas dos CRAS às
Atribuições– CREAS entidades conveniadas.

• Realizar encaminhamento aos CRAS


das crianças e adolescentes com per-
Atribuições – GERÊNCIA PSE
fil para inserção no SCFV. O encami- • Acompanhar os fluxos de documentos
nhamento será realizado por meio de de referência e contra- referência que o
instrumento referência contra - refe- CREAS encaminhar para os CRAS
rência. No mesmo documento será in-
dicada a marcação conforme manual
de preenchimento do formulário su- Atribuições –
plementar 1 – do CADU, nos quesitos
2.05 - item 16, 17 ou 23
ENTIDADES CONVENIADAS
• A entidade encaminhará para o
• Realizar o acompanhamento das fa- CRAS de referência:
mílias até o seu desligamento quando
necessário. O acompanhamento se - Mensalmente o Controle de Participa-
dará em conjunto pelas duas prote- ção no SCFV de crianças e adolescentes.
ções (PSB e PSE). Após o desligamen-
to da família pelo CREAS, a mesma - Bimestralmente – relatório de ativi-
será encaminhada para acompanha- dades planejadas e executadas
mento do CRAS.
• Realizar reuniões com as famílias
• Realizar o levantamento dos adoles- para repasse de informações e tratar
centes inseridos no Sistema SINASE, sobre o SCFV;
bem como das crianças e adolescen-
tes inseridos no Programa de Erra- • Estabelecer conjuntamente com a
dicação do Trabalho Infantil – PETI FAS, cronograma de visitas de moni-
com perfil para inclusão no SCFV. toramento.

OBS: O controle das crianças e ado- • Cadastrar no CADU as famílias inseri-


lescentes encaminhados para in-
159
das, bem como passar por avaliação téc- relatórios, prazos, tarefas, visitas técni-
nica de acordo com os critérios estabele- cas e principalmente compreender os
cidos na Resolução 01/2013 do CNAS. porquês. A construção deste documento
orientador, bem como os formulários
• Comunicar as faltas e outras situ- de acompanhamento são instrumen-
ações que se apresentem em relação tos importantes para o processo de
às crianças e adolescentes atendidos, monitoramento das entidades, o qual
para o CRAS de referência proporcionou aquisições para entidades
conveniadas e órgão público.
OBS: No planejamento das atividades
Este trabalho permitiu construir uma
socioeducativas as entidades conve-
metodologia de corresponsabilidades
niadas - SCFV, contarão com o apoio
entre entidades sociais conveniadas e
dos técnicos de CRAS na formulação
órgão gestor, tendo como linha mestra
da mesma, baseadas nas diretrizes e
a necessidade de implementação de
orientações técnicas SCFV- para a
ações para operacionalização com base
faixa etária atendida (MDS, 2010) e
nas legislações vigentes. Permitiu ainda,
Tipificação Nacional de Serviços So-
o fortalecimento e maior aproximação
cioassistenciais (MDS, 2009).
com rede conveniada que atende crian-
ças e adolescentes no SCFV.
RECURSOS UTILIZADOS No dia 22/07/2014, recebemos a visita
Todos os recursos utilizados estavam de representantes do MDS na entida-
dentro do rol de despesas já especifica- de Instituto Salesiano, e nesta ocasião
mente previstas para a Regional Portão, constatamos a importância do trabalho
(impressão e cópia de documentos; liga- realizado, uma vez que ficou evidente a
ções telefônicas; transporte de funcioná- devolutiva do MDS em reconhecer que
rios para visitas institucionais). a referida entidade era conhecedora
das diretrizes, normativas e orientações
Ao longo do trabalho das equipes de técnicas que regulamentavam o SCFV.
monitoramento e acompanhamento
percebeu-se a necessidade de se criar
um Plano Providências estabelecendo
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
as atribuições e competências de cada Este trabalho culminou em aprendizado,
envolvido no processo de trabalho. pois fortaleceu os vínculos dos atores
Por último e não menos importante envolvidos, bem como a qualificação
ficou estabelecido, em comum acor- e organização do serviço ofertado pela
do, que todos os encaminhamentos política de Assistência Social. Garantiu
e desligamentos das crianças e ado- atuação continuada e integrada entre
lescentes participantes do SCFV se as entidades sociais, setor de entidades,
dariam em caráter formal conforme os CRAS e CREAS. O desafio ainda encon-
instrumentos contidos nos anexos do trado no processo é de estabelecer uma
Protocolo dos CRAS, bem como outros comunicação mais eficaz entre as partes.
documentos construídos coletivamen-
te conforme já exposto acima. Referências
RESULTADOS OBTIDOS • Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais.
Foram realizados no ano de 2014, três
encontros/reuniões entre os profissio- • Protocolo de CRAS – Fundação de
nais que acompanham o SCFV bem Ação Social de Curitiba
como com representantes das entida-
des, além de visitas de acompanhamen- • Resolução 01/2013 do CNAS - Que
to e monitoramento, os quais proporcio- dispõe sobre o reordenamento do Ser-
naram ampliar a interlocução, estreitar viço de Convivência e Fortalecimento
laços, balizar entendimentos, definir de Vínculos.
objetivos, ações individuais e conjuntas,
160 CADERNO DE PRÁTICAS

• BRASIL. Ministério do Desenvol-


vimento Social e Combate a Fome.
Orientações Técnicas sobre o Serviço
de Convivência e Fortalecimento de
Vínculos para Crianças e Adolescentes
de 06 a 15 anos. Brasília 2010.
161

Anexo
163

ESPAÇOS DE ESTUDO, REFLEXÃO, TROCA DE SABERES E O DE-


SENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS

P
ara a concretização das território em seu sentido comunitário, “Não é no
ações pontuadas anterior- familiar e relacional. Para conceituar, silêncio que
mente dentro da perspectiva em seu artigo sobre as responsabilida- os homens se
de implementação e consoli- des dos trabalhadores, Muniz (2011)
fazem, mas na
dação do SUAS, diversas ati- cita definições de Silveira (2009), re-
vidades podem ser realizadas com obje- fletindo que os usuários são famílias e
palavra, no
tivo de aprimorar os serviços e processos indivíduos que sofrem cotidianamente
trabalho, na
de trabalho, qualificando e aproximando as necessidades sociais, vivenciando ação-reflexão.”
os/as trabalhadores de seu cotidiano, do situações materiais e subjetivas que
território, permitindo assim que identi- se relacionam com a pobreza e subal- Paulo Freire
fiquem-se e reconheçam as demandas ternidade, com o precário acesso aos
com as quais que irão atuar. serviços públicos, com a desigualda-
de nas relações intrafamiliares de po-
São exemplos destas atividades as Ro- der e arbitrariedade, que resultam nos
das de Diálogo, os ciclos e espaços de conflitos afetivos, nos maus tratos, no
estudo para troca de experiências e abuso sexual, e afetam a capacidade
saberes múltiplos, entre outros que po- protetiva das famílias, reproduzindo a
dem surgir por demanda espontânea opressão e violência intrínsecas à natu-
das regionais, equipamentos ou dire- reza das relações sociais presentes em
torias e a partir de então acontecer de nossa sociedade. Neste sentido, tais ne-
forma organizada e planejada para o cessidades não podem ser compreendi-
desenvolvimento de competências. das como responsabilidade individual
e para a superação são indispensáveis
Para estes processos é necessário ter ações articuladas e análise de con-
clareza dos debates acerca do terri- juntura com objetivo fundamentado
tório, que podem ser acompanhados, e compreensão dos conceitos básicos
por exemplo, nas reflexões de Milton para atuação.
Santos (in Brasil, CapacitaSUAS Ca-
derno 3, 2013): “território tem que ser Perpassar esses conhecimentos é res-
entendido como o território usado, não ponsabilidade dos trabalhadores do
o território em si. O território usado é SUAS e mais que individualmente,
o chão mais a identidade. A identida- deve ser garantido por processos cole-
de é o sentimento de pertencer àquilo tivos, que garantam a troca de saberes e
que nos pertence. O território é o fun- experiências relacionadas ao cotidiano.
damento do trabalho.”(p. 63). Por este Ainda neste contexto é necessário ali-
motivo, o território é vivencial, relacio- nhar o domínio de conhecimento téc-
nal e precisa ser compreendido pelos nico e capacidade de inovação com os
trabalhadores em sua dimensão estra- princípios da gestão pública, a fim de
tégica na vida individual e coletiva, nos garantir que o conhecimento se torne
processos de produção e reprodução, prático e caminhe na esfera da garantia
de construção de vínculos e da dinâmi- dos direitos.
ca da vida.
O conhecimento só se torna impor-
Partindo desta conceituação do terri- tante quando colocado em movi-
tório como fundamento para o traba- mento para o reconhecimento dos
lho social, vale aprofundar a reflexão usuários, de seus direitos, potencia-
também quando se refere aos usuários lidades e desafios vivenciados e por
do SUAS, tendo em vista que é preci- este motivo, compreender a política
so articular os conceitos do território de assistência social não pode ser um
vivenciado com aqueles que habitam o conhecimento estático, pois a cada
164 CADERNO DE PRÁTICAS

momento são realizadas descobertas


e releituras da realidade social que
está em constante movimento.

Os/as profissionais/as devem trabalhar


no sentido de fortalecer práticas e es-
paços de debates, direcionando a auto-
nomia e o protagonismo dos usuários
desta política, procurando reconstruir
e organizar projetos de vida. Deve ser
prioridade propiciar a visibilidade de
uma parcela da população considera-
da, muitas vezes, invisível a todas as
outras políticas públicas, no sentido de
garantir direitos e serviços públicos até
então inacessíveis.

Os desafios colocados para os traba-


lhadores sociais são inúmeros, tendo
em vista que o objeto de trabalho mo-
vimenta-se na história, no cotidiano
e no território, sendo necessário mais
que o conhecimento específico, mas o
conhecimento embasado em reflexões
da prática.

Referências
Caderno Capacita SUAS Volume 3 –
Vigilância Socioassistencial: Garantia
do Caráter Público da Política de Assis-
tência: http://goo.gl/25O9Zj

Caderno Gestão do Trabalho no Âm-


bito do SUAS: Uma contribuição ne-
cessária para ressignificar as ofertas e
consolidar o direito socioassistencial:
http://goo.gl/71BNUS
165

TÍTULO: Assessoria
pedagógica ao SCFV

EQUIPAMENTO: 05 CRAS DA REGIO- se que as dúvidas eram abrangentes A partir


(objetivos, implantação, organização, desta prática
NAL BAIRRO NOVO público-alvo, funções, ingresso no aprendemos
serviço, temas, eixos, entre outras), o valor do
DATA DE INÍCIO: 04/03/2013 mas principalmente no que diz res- trabalho
peito ao planejamento e execução construído
RELATOR: ARIDNA BARTH das atividades. Além disso, percebeu- coletivamente
se uma desmotivação dos servidores
e que todos
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: que atuavam neste serviço, alguns por
os momentos
considerarem o mesmo como um tra-
ROSANGELA DE BARBARA, FRANCIE- de troca de
balho de menor importância dentro
experiência
LE LISA GAVLOVSKI, ARIDNA BARTH do CRAS, outros por o considerarem
enriquecem
muito desgastante. Houve colocações
no sentido de que, muitas vezes, de-
o trabalho.
senvolver este serviço estava atrelado
Percebemos
a necessidade
SITUAÇÃO ANTERIOR a um ”castigo” ou um “martírio”.
permanente de
O Serviço de Convivência e Fortaleci- Nesse contexto, justifica-se a realiza-
aprendizado
mento de Vínculos é desenvolvido nos ção permanente de ações específicas
para ofertar
CRAS (Centro de Referência da Assis- para este serviço com o objetivo de ins-
um serviço
tência Social), sendo complementar ao trumentalizar o servidor e melhorar a de qualidade
PAIF (Serviço de Proteção e Atendi- qualidade do serviço. O objetivo geral aos nossos
mento Integral à Família), objetivando foi promover ações de estudo e troca usuários, bem
intensificar o trabalho social com as fa-
de experiências que auxiliem os ser- como para
mílias. As ações deste serviço são apre-
vidores a planejar e executar as ações atender as
sentadas de forma bastante abrangente
dentro do Serviço de Convivência e demandas dos
na Tipificação Nacional dos Serviços servidores
Fortalecimento de Vínculos.
Socioassistenciais e nas Orientações que muitas
Técnicas do MDS, justamente por se
Os objetivos específicos foram: vezes sentem
tratarem de documentos que precisam
dar conta de toda a diversidade do ter-
dificuldade na
ritório nacional. • Promover aos servidores que atuam execução de
no Serviço de Convivência e Fortaleci- nossos serviços.
Em fevereiro de 2013 foram coletadas mento de Vínculos momentos de estu-
(através de formulários) as demandas do sobre o serviço;
dos educadores sociais e técnicos lota-
dos na Regional Bairro Novo. Muitas • Instrumentalizar as equipes com re-
dessas demandas estavam diretamen- cursos que contribuam para o desen-
te ligadas ao Serviço de Convivência volvimento das atividades;
e Fortalecimento de Vínculos, clarifi-
cando as dificuldades que surgem no • Fundamentar teoricamente as equi-
cotidiano deste trabalho. Verificou- pes;
166 CADERNO DE PRÁTICAS

• Qualificar o serviço prestado;


DESCRIÇÃO DA PRÁTICA:
• Conhecer, discutir e compreender os Foram realizados encontros mensais com
documentos norteadores (Tipificação os servidores que atuam no Serviço de
Nacional dos Serviços Socioassisten- Convivência e Fortalecimento de Víncu-
ciais, Orientações Técnicas do SCFV/ los organizados a partir da sua execução
MDS, Protocolo do CRAS, resolução (0 a 6 anos, 6 a 17 anos e idosos).
01/2013 CNAS);
No primeiro momento (março a julho de
• Conhecer e compreender o perfil das 2013), foram realizados encontros ape-
crianças e adolescentes atendidos neste nas com os servidores que atuavam no
serviço; SCFV 6 a 15 anos por considerarmos que
apresentava mais demanda naquele mo-
mento. Em seguida (agosto 2013), os en-
• Conhecer e compreender o papel
contros foram ampliados para o SCFV de
do educador social e do técnico neste
idosos e, posteriormente (março de 2014)
serviço;
para o SCFV 0 a 6 anos.

• Organizar ou reordenar o serviço de


Na primeira etapa foi abordado com
acordo com os documentos norteadores;
cada grupo a reestruturação/organização
do serviço de acordo com as normativas
• Organizar os espaços do serviço de do MDS: planejamento do serviço e das
forma acolhedora; atividades, temas propostos, organização
do serviço nos CRAS, inserção do públi-
• Ampliar o repertório de atividades e co prioritário, periodicidade do serviço,
recursos dos servidores; formato, o papel do educador e do técni-
co no planejamento e execução, inclusão
• Analisar o cotidiano do serviço dis- e desligamento dos usuários do serviço e
cutindo e construindo alternativas de procedimentos mínimos inerentes à exe-
intervenção; cução do serviço.

• Discutir as ações e propostas para o Na segunda etapa foram aprofundados


Serviço de Convivência e Fortaleci- os referenciais teóricos de cada moda-
mento de Vínculos, levantando as di- lidade do SCFV (Tipificação Nacional
ficuldades e construindo propostas de de Serviços Socioassistenciais, Proto-
mediação e intervenção; colo de CRAS e Caderno de Orienta-
ções Técnicas do MDS específico de
cada modalidade).
• Aproximar as famílias dos usuários
do Serviço de Convivência e Fortaleci-
mento de Vínculos para que este cum- Em seguida, os encontros passaram
para um formato mais dinâmico, o que
pra com seus objetivos;
possibilitou a troca de experiências,
aquisição de ferramentas e conteúdos e
• Trocar experiências de sucesso entre
construção de saberes em grupo. As ati-
as equipes;
vidades foram focadas na prática, com
discussões sobre o material pedagógico
• Promover a integração entre as equi- e técnico de referência. Também houve
pes que atuam no serviço; momentos de exposição de cada CRAS
sobre as atividades realizadas dentro
• Motivar as equipes e valorizar os ser- deste serviço em cada território.
vidores que atuam nestes serviços;
Os encontros foram estruturados da
• Implantar uma proposta de educação seguinte forma: acolhida (uma prática
continuada dentro do serviço e para os possível realizada com o tema), conte-
servidores que nele atuam. údo teórico, debate, troca de experiên-
167
cias, atividade prática (dinâmica, jogo,
atividades com música, oficina de su-
RECURSOS UTILIZADOS
cata, etc), avaliação e espaço de plane- • Formulário diagnóstico;
jamento coletivo.
• Tipificação Nacional de Serviços So-
Alguns dos temas trabalhados com os cioassistenciais;
grupos foram:
• Orientações Técnicas do SCFV/ MDS
• Acolhimento das crianças, idosos e (6 a 15, idosos e 0 a 6);
famílias no serviço;
• Protocolo do CRAS;
• A criança, o adolescente e o idoso in-
serido no serviço de convivência (perfil • Resolução 01/2013 CNAS;
dos usuários);
• Materiais específicos para cada en-
• Características de cada faixa etária contro;
(ciclos de vida);
• 1 educador social.
• Pacto de convivência;

• Planejamento da oferta do serviço; RESULTADOS OBTIDOS


A partir dos encontros houve avanços
• Planejamento das atividades com os
significativos no processo de planeja-
grupos (educador e técnico);
mento e oferta do serviço nos CRAS da
Regional Bairro Novo. As equipes pas-
• Organização do tempo e rotina;
saram a refletir de forma coletiva sobre
o processo de planejamento das ações
• Recursos de informática;
elaborando atividades e projetos de
caráter continuado deixando de lado
• A brincadeira e o fortalecimento de as ações desconectadas e pontuais re-
vínculos nos diversos ciclos de vida; alizadas anteriormente. Cada CRAS or-
ganizou momentos dentro da rotina de
• A brinquedoteca - organização do es- trabalho para que os educadores sociais
paço e acervo; e técnicos envolvidos no serviço tives-
sem um espaço para estudo, pesquisa,
• Planejamento participativo - avalia- troca de ideias e experiências e registro
ção com as crianças e adolescentes; do planejamento. Outro aspecto posi-
tivo foi a inserção de todos os educa-
• Jogos cooperativos para crianças e dores sociais do CRAS no SCFV. Cada
adolescentes; educador passou a ser responsável por
um grupo dividindo o trabalho e dimi-
• Contação de história (confecção de nuindo a carga de stress dos servidores
material); que atuavam sozinhos em todos os gru-
pos. Houve avanço na abordagem dos
• A literatura como ferramenta; temas referentes à assistência social
(como os direitos humanos e o direito
• O uso de filmes; à convivência) em oposição ao trabalho
anterior que se focava em ações cultu-
• O uso de sucata nas atividades; rais, esportiva ou de artesanato refor-
çando a atividade pela atividade sem
• Elaboração de projetos. espaços de reflexão.

Cabe ressaltar que os encontros continua- É possível destacar como avanços es-
ram acontecendo mensalmente em 2014. pecíficos:
168 CADERNO DE PRÁTICAS

1 SCFV 0 a 6 anos;

• Garantia de um espaço de troca


território, bem como a oportunidade de
construção coletiva do planejamento;

de experiências entre as equipes sobre • As atividades passaram a focar no “o


as possibilidades de atividades e a mo- eu, a família e o território”, na cidada-
bilização dos usuários para participa- nia, na participação social (através de
ção nos grupos; projetos) e nos direitos humanos;

• As equipes passaram a ter maior com- • As equipes passaram a realizar reuni-


preensão sobre o serviço e suas possi- ões com as famílias inseridas no serviço
bilidades, bem como a clareza de que com outro olhar. Estes momentos dei-
não se trata de substituir a educação xaram de ser um espaço apenas de re-
infantil, mas de garantir a convivência passes e informações e se transforma-
fortalecendo a relação entre os pais/ ram em um momento de oficina com as
responsáveis e as crianças até 6 anos. famílias relacionada às atividades exe-
cutadas com as crianças e adolescentes

2 SCFV Idosos

• As equipes avançaram no pro-


e à convivência familiar. Assim, as reu-
niões passaram a ser um espaço de for-
talecimento do convívio entre os pais/
cesso de elaboração do planejamento responsáveis e as crianças e adolescen-
e na inserção de atividades próprias tes, prevenindo as situações de conflito
de convivência e participação sócia,l familiar e risco;
diferente da situação anterior que fo-
cava apenas no artesanato e no canto e • A elaboração de materiais de apoio
seresta. Apesar dos idosos terem resis- às equipes para o planejamento e de-
tência em relação a novas atividades, as senvolvimento de atividades no SCFV
equipes conseguiram gradativamente sobre alguns temas específicos como: a
incluir outras ações como: contação de exploração sexual, os diretos das mu-
história, oficinas sobre o Estatuto do lheres, o trabalho infantil, os direitos
Idoso, resgate da história de vida atra- humanos, semana mundial do brincar
vés de músicas, receitas e contos, ofici- e dois jogos sobre o ECA;
nas sobre segurança no trânsito, jogos
e brincadeiras antigas, sexualidade na • Elaboração de um Traçado Metodo-
terceira idade, entre outras. Cabe res- lógico Regional para o SCFV 6 a 17 anos
saltar que o artesanato e o canto ainda que contribui significativamente para o
funcionam como ferramentas meio nos planejamento e a execução do serviço
grupos, porém não são mais atividades na Regional Bairro Novo;
exclusivas;
• Semana de Estudos Regional (2013)
• Inclusão de novos usuários: os grupos que abordou especificamente o SCFV;
tinham resistência a inclusão de novos
usuários e, a partir das ações, dinâmi- Estes avanços alcançaram a população
cas e rodas de conversa propostas pelas atendida, pois houve uma preocupação
equipes, passaram a ter uma receptivi- com a oferta qualificada do SCFV para
dade maior a novos usuários. os usuários aprimorando desta forma o
serviço. Os servidores também foram

3 SCFV 6 a 17;

• Foram inseridas atividades de


contemplados, pois houve um cuidado
em aprimorar o serviço a partir do estu-
do coletivo, da troca de experiências e
convivência e projetos que buscam efe- do apoio aos educadores sociais no pro-
tivamente a autonomia e o protagonismo cesso de planejamento das atividades.
do usuário diferenciando das ações de
“contraturno”. Neste formato, o usuário
tem garantido o espaço de reflexão e re-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
elaboração das situações vivenciadas no A partir desta prática aprendemos o
169
valor do trabalho construído coleti- PIAGET, Jean; CABRAL, Álvaro; OI-
vamente e que todos os momentos de TICICA, Christiano Monteiro. A for-
troca de experiência enriquecem o tra- mação do símbolo na criança: imitação,
balho. Percebemos a necessidade per- jogo e sonho, imagem e representação.
manente de aprendizado para ofertar Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 1971
um serviço de qualidade aos nossos
usuários, bem como para atender as PRIOTTO, Elis Palma. Dinâmicas de
demandas dos servidores que muitas Grupo para Adolescentes. Editora Vo-
vezes sentem dificuldade na execução zes – Petrópolis, RJ. 2009
de nossos serviços.
RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro.
Há ainda desafios pela frente como: Editora Schwarcz – São Paulo, SP.
aprimorar o trabalho com as famílias 2007
dos usuários inseridos no SCFV (es-
pecialmente dos idosos), aprimorar e SOLONCA, Paulo. Dinâmicas. Edito-
diversificar as atividades inerentes ao ra Socep – Santa Bárbara d’Oeste, SP.
serviço, aprimorar o trabalho interse- 2006
torial, aproximar as ações da Proteção
Social Especial do SCFV, consideran- WINNICOTT, D. W. A criança e o seu
do a inclusão do público de média e mundo. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: J.
alta complexidade no serviço, ampliar Zahar, 1971
o atendimento ao público prioritário
e criar fluxos e instrumentais que nos ZIRALDO. Saiba tudo sobre o Traba-
possibilitem avaliar a efetividade do lho Infantil. Ministério do Trabalho e
serviço para a superação da vulnerabi- Emprego, Brasília. DF___
lidade do usuário.
ZIRALDO. Viva o Trabalho. Ministério
É uma prática que possui o caráter con- do Trabalho e Emprego, Brasília. DF___
tínuo, considerando que as demandas
se modificam e necessitam de constan-
__________________Cuidar sem violência,
te aprimoramento.
todo mundo pode! Guia prático para
famílias e comunidades. –Instituto
REFERÊNCIAS Promundo. Rio de Janeiro, RJ, 2003.

ALVES, Rubem. Conversas com quem __________________I Curso de brinquedo-


gosta de ensinar. 2. ed. São Paulo, SP: teca Comunitária. – Serpiá – Serviços e
Cortez, 1982 Programas as Infância e da Adolescên-
cia/ FAS – Fundação de Ação Social de
ARIES, Philippe. História social da Curitiba. Curitiba, PR, 2011.
criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro,
RJ: Livros Técnicos e Científicos, 1981. __________________.Estatuto da Crian-
ça e do Adolescente – Lei 8.069 de
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimi- 13/07/1990, Brasília, 1990
do. 17. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Ter-
ra, 1987 __________________.Estatuto do Idoso
– Lei 10.741 de 01/10/2003, Brasília,
VIGOTSKY, L. S. O desenvolvimen- 2003
to psicológico na infância. São Paulo:
Martins Fontes, 2003. __________________.Lei Maria da Penha
– 11.340 de 07/08/2006, Secretaria de
VIGOTSKY, L. S.; LEONT’EV, Aleksei Políticas para as Mulheres, Brasília,
Nikolaevich; LURIA, A. R. Linguagem, 2006
desenvolvimento e aprendizagem. 2.
ed. São Paulo, SP: EDUSP, Ícone, 1989. __________________.Lei Orgânica da As-
sistência Social – 8742 de 07/12/1993,
170 CADERNO DE PRÁTICAS

Secretaria Nacional de Assistência So-


cial Brasília, MDS, 2009

__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e for-
talecimento de vínculos para Pessoas
Idosas - Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2012.
(versão preliminar)

__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e forta-
lecimento de vínculos para crianças e
adolescentes de 6 a 15 anos. - Brasília,
DF: MDS; Secretaria Nacional de As-
sistência Social, 2011.

__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e for-
talecimento de vínculos para crianças
de até 6 anos. - Brasília, DF: MDS; Se-
cretaria Nacional de Assistência Social,
2010.

__________________ Política Nacional de


Assistência Social (PNAS). Brasília,
2004

__________________Prevenção ao uso in-


devido de drogas: Capacitação para
Conselheiros e lideranças Comunitá-
rias. 2ed - Brasília, DF: Presidência da
República; Secretaria Nacional de Polí-
ticas sobre Drogas - SENAD, 2007

__________________Protocolo de Gestão
dos CRAS de Curitiba/Fundação de
Ação Social; coordenação de Érika Ha-
runo Hayashida. ___Curitiba: FAS, 2012

__________________Resolução 01/2013 do
CNAS. Disponível em: www.mds.gov.
br/cnas

__________________Tipificação Nacional
de Serviços sociassistencias. Texto da
resolução 109/2009 do CNAS publica-
do no DOU de 25/12/2009.
171

Momento de estudo em grupo dos servidores que atuam com SCFV 6 a 17 anos.
Troca de experiências entre os servidores que atuam com o SCFV idosos.
Oficina de literatura e contação de história.
172 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Encontros de
Planejamento Pedagógico para
o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos
“Nenhum EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL para crianças e adolescentes de 6 a 15
educador de anos, SCFV para jovens de 15 a 17 anos,
mediano bom FAS BOA VISTA SCFV para idosos(as) e recentemente, a
partir da Resolução 13/2014 do CNAS,
senso vai achar
que a educação, DATA DE INÍCIO: 14/10/2013 o público de 18 a 59 anos pode ser con-
templado pelo Serviço. É operacionali-
por si só,
liberta. Mas RELATOR: ELIZELI FAUSTINONI DE zado por meio de grupos, que realizam
atividades específicas para cada ciclo
também não SOUZA de vida, coordenado por um técnico de
pode deixar referência (assistente social, psicólogo
de reconhecer PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: ou pedagogo) e executado pelo edu-
o papel da cador social. As atividades devem ser
educação ELIZELI – PEDAGOGA NÚCLEO REGIO- planejadas com objetivo socioeducati-
na luta pela NAL FAS BOA VISTA vo utilizando-se de diferentes recursos
libertação.” como atividades esportivas, lúdicas e
culturais sempre centradas no fortale-
Paulo Freire cimento de vínculos das famílias.
SITUAÇÃO ANTERIOR
A partir de uma perspectiva educativa,
A Fundação de Ação Social possibilita o Serviço de Convivência e Fortaleci-
o acesso da população em situação de mento de Vínculos desenvolvido pelos
vulnerabilidade aos serviços de prote- CRAS visa a superação da situação de
ção social básica, por meio do atendi- vulnerabilidade social, tendo como
mento nos CRAS – Centro de Referência objetivo formar os indivíduos para a
da Assistência Social. De acordo com o cidadania, oportunizando um proces-
Protocolo de Gestão dos CRAS de Curi- so de conscientização de seu contexto
tiba (2012), as ações e serviços desta sócio-histórico, transformando-o em
proteção estão estruturados, dentre um cidadão protagonista, ou seja, par-
outros eixos, em: ações socioeducati- ticipativo e crítico. Assim, protagonista
vas com grupos. Estas ações acontecem é o indivíduo que participa dos assun-
por meio do Serviço de Convivência e tos atuais, questiona e busca soluções
Fortalecimento de Vínculos. como ator principal na construção da
história da sua vida e na construção
Este serviço é organizado segundo fai- de uma sociedade melhor e mais justa.
xas etárias, com flexibilidade para ca- Como cidadão conhece seus direitos e
sos específicos. Está dividido em: SCFV também responde por seus atos, res-
para crianças de até seis anos, SCFV ponsabilizando-se por suas ações.
173
Neste contexto, o educador social de- Nestes encontros foram trabalhadas
sempenha um papel fundamental, um as Orientações Técnicas para o SCFV
papel emancipador na vida dos edu- descritas nos documentos disponibili-
candos, desenvolvendo um trabalho zados pelo Ministério do Desenvolvi-
investigativo, que seja coerente com mento Social e Combate à Fome, a Re-
a realidade na qual atua, propiciando solução no 1 de 7 de fevereiro de 2013
momentos de trocas de experiências, que traz o reordenamento deste servi-
busca de soluções para problemas re- ço no âmbito nacional, as legislações
ais do cotidiano, criando oportunida- como o Estatuto da Criança e do Ado-
des para que os educandos exercitem lescente, o Estatuto do Idoso e outros
liberdade de escolhas, participando referenciais teóricos. Também foram
das decisões do grupo. Para isso, este discutidas questões sobre o desenvol-
profissional deve construir uma rela- vimento físico, social, emocional e as
ção baseada no respeito e afetividade, peculiaridades sobre cada faixa etária
de modo a estimular o sentimento de do público atendido, sobre a impor-
pertença nos educandos. Deve também tância da educação social e o papel do
ser comprometido com o trabalho, bus- educador neste processo socioeduca-
cando sempre se atualizar nos conheci- tivo, sobre planejamento e metodolo-
mentos e metodologias. gias de trabalho e os temas transversais
propostos nos documentos orientado-
É com a ajuda do educador que o edu- res do SCFV.
cando inicia seu processo de autocons-
cientização. É a partir do diálogo que o Assim, este projeto teve como objetivo
educador auxilia no resgate da margi- instrumentalizar teórica e metodologi-
nalidade. Tudo isso faz parte de um pro- camente técnicos e educadores sociais
jeto pedagógico. Este trabalho necessita atuantes no Serviço de Convivência e
ter direcionamento, intencionalidade, Fortalecimento de Vínculos dos CRAS.
motivação e acima de tudo acreditar, Também buscou a construção cole-
apostar no outro, “aposta que nem sem- tiva de metodologias para o trabalho
pre é ganha” (COSTA, 2001, p.102). em grupos de convivência por meio da
troca de saberes, idéias e experiências.
É a partir desta postura educativa que Além disso, os encontros propiciaram
percebemos a necessidade de elaborar momentos para reflexão sobre a impor-
um projeto pedagógico para o aperfei- tância do planejamento do trabalho so-
çoamento do Serviço de Convivência e cioeducativo com clareza dos objetivos
Fortalecimento de Vínculos, oportuni- a serem atingidos. Além dos profissio-
zando espaço e tempo específico para o nais atuantes no SCFV, algumas servi-
planejamento de atividades socioedu- doras da Unidade de Acolhimento Ins-
cativas, com flexibilidade para a opera- titucional Nova Esperança e do CREAS
cionalização, adaptando à realidade de Boa Vista, responsáveis pelo SINASE,
cada comunidade, visto que a educação também participaram dos encontros.
social não se utiliza de currículo orga- No último encontro também foi possí-
nizado de forma seqüencial e seriada. vel a participação da equipe de profis-
sionais da entidade conveniada Centro
Foram realizados 6 (seis) encontros Educacional Passionista.
com as equipes responsáveis pelo
SCFV de 06 a 17 anos (bimestrais) e 2 A metodologia utilizada nos encontros
(dois) encontros com as equipes res- foi exposição oral, rodas de conversa,
ponsáveis pelo SCFV de Idosos(as) oficinas, apresentação de vídeos, fil-
(semestrais) com início em outubro de mes e músicas, e atividades e dinâmi-
2013 e durante o ano de 2014, período cas de grupo relacionadas aos temas
de reordenamento deste serviço, ten- propostos.
do uma profissional técnica pedagoga
responsável pela organização e plane- Segue abaixo a descrição dos encontros
jamento das ações. e da metodologia utilizada.
174 CADERNO DE PRÁTICAS

DESCRIÇÃO DA PRÁTICA reflexão sobre o tema proposto, foram


feitas, tanto pela pedagoga do Núcleo

1oEncontro SCFV (06 a 17 anos): Regional quanto pela equipe presente


no encontro, sugestões de atividades,
Dia 14 de Outubro de 2013. Horá- dinâmicas, jogos, brincadeiras, filmes,
rio: das 13h30 às 17h. Local: Auditório 3 músicas, dramatizações, passeios cul-
da Rua da Cidadania Boa Vista. turais e outros.

Tema: Reordenamento do SCFV, orga-


nização e objetivos deste serviço 3o Encontro SCFV (06 a 17 anos):

Dia 01 de Abril de 2014. Horário:


Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú- das 8h30 às 12h. Local: Auditório 3 da
cleo Regional FAS Boa Vista e 11 ser- Rua da Cidadania Boa Vista.
vidoras (técnicas e educadoras sociais
responsáveis pelo Serviço de Convi- Temas: Família, Relacionamento Inter-
vência e Fortalecimento de Vínculos) pessoal e Violências

Este primeiro encontro teve início com Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú-
orientações sobre o processo de reor- cleo Regional FAS Boa Vista e 10 ser-
denamento do Serviço de Convivência vidoras (técnicas e educadoras sociais
e Fortalecimento de Vínculos, utilizan- responsáveis pelo Serviço de Convi-
do como referência a Resolução no 01 vência e Fortalecimento de Vínculos,
da SNAS – MDS e o Documento Orien- da UAI Nova Esperança e técnica res-
tador – Padrões de Qualidade do MDS. ponsável pela Rede de Proteção)
Na sequência foram trabalhadas ques-
tões sobre os objetivos, recursos deste Os temas trabalhados neste encontro
serviço e a apresentação das sugestões foram Família (o que é família, diversi-
dos temas transversais. dade na estrutura, conflito e violência
familiar/urbana, a família na socieda-

2o Encontro SCFV (06 a 17 anos):

Dia 30 de Janeiro de 2014. Horá-


de atual) e Relações Sociais (ética nas
relações sociais, as fases do desenvol-
vimento moral, diversidade, tipos de
rio: das 8h30 às 12h. Local: Auditório 3 violência e violação de direitos). Após
da Rua da Cidadania Boa Vista. algumas reflexões acerca dos temas, foi
oportunizado à técnica de referência
Tema: Desenvolvimento Humano e da Rede de Proteção da FAS Boa Vista
Construção da Identidade explicar o funcionamento deste serviço
e sanar dúvidas levantadas pela equipe.
Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú-
cleo Regional FAS Boa Vista e 11 ser-
vidoras (técnicas e educadoras sociais 4o Encontro SCFV (06 a 17 anos):

Dia 29 de Maio de 2014. Horário:


responsáveis pelo Serviço de Convi-
vência e Fortalecimento de Vínculos e das 8h30 às 12h. Local: Auditório 3 da
da Unidade de Acolhimento Institucio- Rua da Cidadania Boa Vista.
nal Nova Esperança)
Temas: Cultura, Esporte e Lazer
Neste encontro foi dado início às dis-
cussões relacionadas aos temas trans- Participantes: Elizeli - Pedagoga Núcleo
versais a partir da organização de um Regional FAS Boa Vista e 14 participan-
cronograma anual. O tema trabalhado tes (técnicas e educadoras sociais res-
foi Construção da Identidade (fortale- ponsáveis pelo Serviço de Convivência
cimento da autoestima, pertencimento e Fortalecimento de Vínculos, da UAI
ao grupo, regras e limites), e uma intro- Nova Esperança, 1 educador militar do
dução ao Estatuto da Criança e do Ado- Formando cidadão 27º BLog, 2 servido-
lescente. Após o período de conversa e ras da DMMT FAS Sede e a técnica res-
175
ponsável pela Mobilização para o Mundo Tema: Educação Ambiental
do Trabalho Regional Boa Vista).
Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú-
Tendo em vista a proximidade da re- cleo Regional FAS Boa Vista e 16 parti-
alização dos jogos da Copa do Mundo cipantes (técnicas e educadoras sociais
FIFA 2014 no Brasil, a escolha dos te- responsáveis pelo Serviço de Convivên-
mas foi direcionada para ações a partir cia e Fortalecimento de Vínculos, 1 edu-
do tema cultura, esporte e lazer. Neste cadora do CREAS Boa Vista (responsá-
encontro, além de se trabalhar com os vel pelo SINASE), 1 educador militar
temas, solicitamos a 2 (duas) educado- do Formando Cidadão Cel. Dulcídio e
ras sociais (CRAS Boa Vista e CRAS 4 funcionárias da entidade conveniada
Pilarzinho), fazerem duas oficinas de Centro Educacional Passionista.
artesanato com os demais participan-
tes (técnica de decupagem em caixas e Neste último encontro do ano, o tema
pintura de camisetas para a COPA). No proposto foi Sustentabilidade e Meio
final deste encontro foi oportunizado Ambiente. Foram discutidas questões
à técnica da Mobilização para o Mun- sobre o aquecimento global, desmata-
do do Trabalho da Regional Boa Vista mento, poluição e consumismo, consu-
uma explanação sobre as ações deste mo consciente da água, separação e re-
serviço na Regional.
ciclagem de resíduos, desenvolvimento
sustentável e legislações relacionadas

5o Encontro SCFV (06 a 17 anos):

Dia 31 de Julho de 2014. Horário:


ao tema. Além dos conhecimentos teó-
ricos sobre o tema, foram feitas suges-
tões de atividades e proposto à equipe
das 8h30 às 12h. Local: Auditório 3 da a confecção de um jornal mural produ-
Rua da Cidadania Boa Vista. zido pelos educandos a partir do tema
trabalhado, promovendo, com isso, a
Tema: Saúde socialização e o protagonismo do pú-
blico atendido.
Participantes: Elizeli - Pedagoga Núcleo

1 e2
Regional FAS Boa Vista e 11 participan-
tes (técnicas e educadoras sociais res-
o oEncontro SCFV para
Pessoas Idosas:
ponsáveis pelo Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos, da UAI
Dia 19 de Novembro de 2013 e dia 1º
Nova Esperança e 1 educador militar do
de julho de 2014. Horário: das 8h30 às
Formando Cidadão Cel. Dulcídio).
12h. Local: Auditório 3 da Rua da Cida-
dania Boa Vista.
Para os meses de agosto e setembro
de 2014, foram planejadas ações rela-
Temas:
cionadas ao tema Saúde. Dentro deste
tema foram discutidas questões sobre
• Envelhecimento e Direitos Humanos
qualidade de vida, o que é saúde, como
é possível promover a saúde mental nas e Socioassistenciais,
crianças e adolescentes, quais as fases
do desenvolvimento físico e da sexuali- • Envelhecimento Ativo e Saudável,
dade, DST’s, AIDS, a definição de dro-
gas, um olhar a partir do conhecimento • Memória, Arte e Cultura,
histórico, quais os tipos de drogas e os
prejuízos que seu uso pode causar. • Pessoa Idosa, Família e Gênero,

6 oEncontro SCFV (06 a 17 anos):


Dia 25 de Setembro de 2014. Ho-
• Envelhecimento e Participação So-
cial,

rário: das 8h30 às 12h. Local: Auditório • Envelhecimento e Temas da Atuali-


3 da Rua da Cidadania Boa Vista. dade.
176 CADERNO DE PRÁTICAS

Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú- idéias, saberes e experiências e a cons-


cleo Regional FAS Boa Vista e 07 ser- trução coletiva de metodologias para
vidoras (técnicas e educadoras sociais o trabalho entre os CRAS da Regional
responsáveis pelo Serviço de Convi- Boa Vista. Outro ponto a ser destacado
vência e Fortalecimento de Vínculos foi o fortalecimento da integração en-
para Pessoa Idosa). tre as equipes da Proteção Social Bási-
ca e da Especial Média e Alta Comple-
Nestes encontros foram trabalhados xidade. Além de uma maior divulgação
conceitos relacionados à Terceira Ida- das ações desenvolvidas com os grupos
de, mudanças físicas e características de convivência nos CRAS.
deste público, o idoso no século XXI,
quais os objetivos do SCFV para pes-
soas idosas, e os temas transversais su-
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
geridos no Documento de Orientações “Nenhum educador de mediano bom
Técnicas do SCFV para Pessoas Idosas senso vai achar que a educação, por si só,
– MDS. A partir dos eixos estruturantes liberta. Mas também não pode deixar de
foram sugeridas atividades sociocultu- reconhecer o papel da educação na luta
rais e de lazer, dinâmicas de grupo, con- pela libertação” (FREIRE, 2005).
tação de histórias, oficinas de artesana-
to, jogos, encontros intergeracionais, O trabalho de educação e pedagogia so-
sessão de filmes, vídeos, e palestras. No cial realizado pelos Centros de Referên-
primeiro encontro houve a participa- cia de Assistência Social – CRAS, com o
ção da servidora responsável pelas ati- público em situação de vulnerabilidade
vidades no CATI Boa Vista – Centro de social, por si só não tem capacidade de
Atividades para Idosos, apresentando resolver todos os problemas da comuni-
os serviços ofertados neste equipamen- dade, mas exerce um importante papel
to e compartilhando idéias e experiên- para o desenvolvimento pessoal e social
cia com este público. da comunidade local, promovendo a
conscientização social e a cidadania por
RECURSOS UTILIZADOS meio de ações planejadas, instrumentos
adequados e pessoas comprometidas
Recursos humanos: uma pedagoga do com o trabalho a desempenhar.
Núcleo Regional FAS Boa Vista.

Recursos Materiais: Equipamen-


REFERÊNCIAS
to multimídia (computador e data BRASIL. Conselho Nacional de Assis-
show), Flip-chart, Papel e caneta para tência Social. Tipificação Nacional dos
os participantes. Serviços Socioassistenciais (Resolução
no 109, de 11 de novembro de 2009).
Recursos Físicos: uma sala (Auditório 3 Brasília: MDS, 2009.
da Rua da Cidadania Boa Vista).
BRASIL. Secretaria Nacional de Assis-
RESULTADOS OBTIDOS tência Social. Resolução no 001, de 7 de
fevereiro de 2013. Brasília: MDS, 2013.
Este projeto trouxe significativas con-
tribuições no processo socioeducati- BRASIL. Ministério do Desenvolvi-
vo e no aprimoramento dos serviços mento Social e Combate à Fome. Po-
ofertados no Serviço de Convivência e lítica Nacional de Assistência Social
Fortalecimento de Vínculos da Funda- (PNAS). Brasília: MDS, 2005. Dispo-
ção de Ação Social Regional Boa Vista, nível em: <http://www.mds.gov.br/fa-
considerando as avaliações positivas. lemds/perguntas-frequentes/assisten-
Também foi possível perceber o cres- cia-social/assistencia-social/usuario/
cimento profissional dos servidores pnas-politica-nacional-de-assisten-
envolvidos, a partir de reflexões, emba- cia-social-institucional>. Acesso em
samento teórico, orientações, trocas de 17/11/2013.
177
COSTA, Antônio Carlos Gomes da. Pe-
dagogia da Presença – Da solidão ao
encontro. 2 ed. Belo Horizonte: Modus
Faciendi, 2001. 140p.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimi-


do. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL. Docu-


mento Orientador - Padrões de Qualida-
de. Curitiba: FAS, 2013.

FUNDAÇÃO DE AÇÃO SOCIAL. Pro-


tocolo de Gestão dos CRAS de Curitiba.
Curitiba: FAS, 2012.

LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pe-


dagogos: inquietações e buscas. Educar,
Curitiba, n. 17, p. 6. Editora da UFPR,
2001.

ROMANS, Mercè. PETRUS, Antoni.


TRILLA, Jaume. Profissão: Educador
Social. Porto Alegre: Artmed Editora,
2003.

SADER, Emir. O que é ser politizado.


Disponível em: <http://www.clipping.
uerj.br/0009495_v.htm> Acesso em:
27/11/2013
178 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Encontro Regionalizado


sobre Direitos Humanos

A preocupação EQUIPAMENTO: NR CIC ideias, dando um caráter mais amplo à


com a formação proposta da DPSB, prevendo também
permanente dos a participação do Centro de referên-
DATA DE INÍCIO: 02/07/2014 cia Especializado da Assistência Social
servidores e o
(CREAS) e das equipes dos Liceus de
entendimento RELATOR: MARINA BINI DA SILVA Ofício - equipamento responsável por
de que esta
formação MICHELS E RODRIGO DAVID A. DE ofertar cursos de capacitação profis-
sional no município.
necessariamente MEDEIROS
depende de uma Em uma construção coletiva, a ideia
construção de PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: de discutir os Direitos Humanos surge
valores e visão como uma alternativa a já desgastada
de mundo MARINA BINI DA SILVA MICHELS; fórmula de discutir serviços, opção
pautada na noção RODRIGO DAVID A. DE MEDEIROS; esta que historicamente foi a escolhida
de direito, foram em eventos do mesmo tipo.
decisivas na LUIZA HELENA COSMO SPAKI;
adoção do tema ROSANGELA KANNING OVIEDO; O contexto observado demonstrava a
dos Direitos carência de discussão acerca dos Direi-
Humanos... JAQUELINE DO ROCIO GARCIA; tos Humanos no âmbito da Fundação
MARCIA REGINA ANZOLIN; ROSILENE de Ação Social (FAS). A preocupação
com a formação permanente dos ser-
DE FÁTIMA BORBA; KARLIN GIANE vidores e o entendimento de que esta
LESSMANN; PRISCILA SOARES P. DO formação necessariamente depende de
uma construção de valores e visão de
NASCIMENTO; ADRIANO LUIS ALVES mundo pautada na noção de direito,
WATANABE. foram decisivas na adoção do tema dos
Direitos Humanos para o Encontro Re-
gional na CIC.

SITUAÇÃO ANTERIOR O objetivo geral da ação, portanto, foi


contribuir para a formação ético políti-
No início do ano de 2014, o setor da co dos servidores da FAS-CIC.
Fundação de Ação Social (FAS) no
Núcleo Regional da Cidade Industrial Objetivos específicos:
de Curitiba (NR-CIC) realizou plane-
jamento prevendo uma Ação Regional, • Sensibilizar sobre o que são os Direi-
voltada para as equipes da FAS-CIC. tos Humanos;
Como, posteriormente, a Diretoria de
Proteção Social Básica (DPSB) pro- • Suscitar a reflexão sobre o tema dos
pôs um Encontro Regional de CRAS Direitos Humanos;
(Centros de Referência da Assistên-
cia Social), a equipe optou por unir as • Demonstrar que a defesa dos Direi-
179
tos Humanos é inseparável da nos- a pessoa participaria durante a tarde. 8 - No município
sa atuação no trabalho social, afinal, Esta estratégia permitiu formar grupos de Curitiba, a
conforme disposto na Lei Orgânica da de maneira aleatória e sem que o par- Fundação de
Assistência Social (LOAS), e citada na ticipante soubesse que tema específico
Ação Social
Política Nacional de Assistência Social seria proposto;
(PNAS/2004), um dos princípios que
(FAS) é o ente da
rege a Política da Assistência Social é a b) Apresentação cultural objeti-
Administração
universalização dos direitos sociais; vando um momento de descontração,
Indireta
relaxamento e apreciação de talentos responsável
• Realizar ação regional, contemplando regionais. As equipes foram consul- pela execução
a proposta de capacitações em diversos tadas para a escolha da apresentação, da Política de
âmbitos da Fundação de Ação Social tendo sido realizada pelo coral forma- Assistência Social.
(FAS); do por servidores de um dos CRAS;
9-A
• Promover espaços de discussão entre c) Palestra magna com Cléia Oli-
Administração
servidores; veira Cunha - presidente do Conse- Pública Municipal
lho Regional de Psicologia do Paraná de Curitiba
• Propor temáticas, eventos e meto- (CRP-08), trabalhando a temática dos está dividida
dologias inovadoras e que propiciem Direitos Humanos, de maneira geral; atualmente em
maior participação; nove regionais,
d) Dinâmica de motivação aplica- ás quais se
• Promover encontros entre os servi- da por uma servidora, com objetivo de ocupam pelo
dores do Núcleo Regional da CIC para finalizar os trabalhos da manhã e pre- desenvolvimento
que fortaleça o laço entre as diversas parar os participantes para a tarde de dos serviços e
equipes, favorecendo o trabalho. discussões. das políticas no
território. Sendo
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA 2. Na parte da tarde:

a) Discussão nos grupos. Os par-


que o Núcleo
Regional da
Data: 02/07/14, Local: AECIC (Associa- Cidade Industrial
ticipantes, já divididos de maneira to-
ção das Empresas da CIC) e auditório
talmente aleatória, foram dirigidos às
de Curitiba (NR-
do Núcleo Regional da Cidade Indus- CIC) abrange 4
trial de Curitiba (NR-CIC). salas de discussão de acordo com a cor.
Cada sala abordaria um tema, que o bairros, e possui
participante só descobriria depois. Te- seis Centros
A concepção do Encontro contava com
algumas premissas, podendo ser enu- mas: Questão Racial; Violência; Ques- de Referência
meradas as seguintes: o tema era de- tão de Gênero; Direito à Renda. da Assistência
safiador e polêmico; a prioridade era a Social (CRAS),
discussão em grupo; além dos objetivos Metodologia de trabalho do grupo, um Centro de
em relação ao tema, também se objeti- construída coletivamente pela Comis- Referência
vava a criação de laços entre as equi- são Organizadora: Especializado da
pes; o evento tinha que ser produtivo e Assistência Social
o menos cansativo possível. • Grupos de 15 pessoas (aproximada- (CREAS) e dois
mente) sentados em roda. Liceus de Ofício.
Para tanto foi pensada uma programa-
ção que não fosse tão intensa e, portan- • Cada grupo com dois ou mais facili- 10 - Diretoria
to, com menos atividades. tadores responsáveis por fomentar a de nível central
discussão e realizar o registro dos pon- da Fundação
de Ação Social
1. .Na parte da manhã: tos mais importantes. Sendo a função
principal do facilitador zelar pelo es- (FAS) responsável
a) Credenciamento: Conforme paço de fala e reflexão. OBS: Como foi pela Proteção
chegavam, os participantes assinavam aberta a possibilidade de convites a ou- Social Básica no
tras instituições que pudessem mandar
o nome em uma lista em que cada li- Município de
representantes para auxiliar como faci-
nha continha uma cor diferente (ver-
litadores, o grupo de discussão sobre o
Curitiba.
de, amarelo, azul e branco), sendo que
cada linha correspondia ao grupo que tema da questão de Gênero contou com
180 CADERNO DE PRÁTICAS

a participação de uma representante Grupo Amarelo – Raça


do Sindicato dos Psicólogos do Paraná
(SINDYPSI). Grupo Azul - Direito a Renda

• Ao facilitador cabia também, no iní- Grupo Branco – Violên-


cio das discussões, a função de utilizar cias
algum recurso que fomentasse a parti-
cipação, um “disparador” para os traba- 15h30 – Confraternização
lhos. Foram utilizados textos, vídeos de
internet e apresentações de slides sobre
as temáticas. OBS: a sugestão era para RECURSOS UTILIZADOS
que fossem criativos, podendo ser uti-
• Auditório grande;
lizados quaisquer materiais que pudes-
sem causar as trocas de ideias e a par-
• Quatro salas para 15 pessoas, cada
ticipação do maior número de pessoas.
uma;
Como o foco não deveria ser o material,
e sim, as discussões, essa ação deveria
ser breve, deixando a maior parte de • Espaço para confraternização;
tempo para a participação do grupo.
• Palestrante;
• Ao final da discussão, os participan-
tes preencheram um formulário de ava- • Café;
liação do evento.
• Lanche de confraternização;
• Duração da atividade em grupo: entre
2h00 e 2h30. • Questionário de avaliação;

b) Confraternização, com temática de • Materiais áudio visuais: vídeos, apre-


Festa Junina. Cada organizador se en- sentações de Power Point, etc;
carregou de trazer um prato ou bebida.
• Data show para todas as salas de dis-
Programação detalhada: cussão;

08h30 – Credenciamento • Lista de presença com divisão aleató-


ria de grupos.
08h45 - Abertura e Vídeo Institucional
RESULTADOS OBTIDOS
09h15 – Coral CRAS Nossa Senhora da
Luz De uma forma geral o Encontro foi
bem avaliado pelos participantes, com
09h30 - Palestra Magna – Direitos Hu- ampla participação nos grupos de dis-
manos – Cleia Oliveira Cunha (CRP/08) cussão. Foi possível a reflexão sobre os
temas e a metodologia propiciou que as
10h45 – Intervalo diversas posições sobre o tema apare-
cessem. A palestra magna contribuiu
11h00 – Dinâmica de Grupo – psicóloga para introduzir o tema, contudo, alguns
Márcia Bin – CRAS Nossa Senhora da participantes observaram pouca rela-
Luz ção com a prática. Segue quadro quan-
titativo da avaliação:
12h00 - Almoço

13h00 – Debates em grupos


Grupo Verde – Gênero
181

TOTAL % BOM REGULAR RUIM


Gostei das atividades 74,6 25,4 0

Aprendi coisas novas 71 25 4

A minha participação no grupo foi 60 33 7

Quando eu tive dúvidas, alguém me ajudou 64,5 29 6,5

Ajudei os outros participantes 51 41 8

Vou aplicar o que aprendi 76 20,5 3,5

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


Considerando que o objetivo da Ação
era suscitar a reflexão, contribuindo
para a formação do trabalhador social,
avaliamos positivamente o encontro.
Entretanto, notamos a dificuldade de
tratar de temas tão complexos e polê-
micos com grupos heterogêneos (di-
versas formações profissionais, idades,
escolaridade, religiões...), o que jus-
tamente, confirmou a importância de
outras atividades como essa nas mais
variadas instâncias e espaços.

REFERÊNCIAS:
Ministério do Desenvolvimento Social,
Secretaria Nacional da Assistência So-
cial. Política Nacional de Assistência
Social (PNAS). Brasília, 2004.
182 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Gente como a Gente

A preocupação EQUIPAMENTO: CRAS BARIGUI DESCRIÇÃO DA PRÁTICA


com a formação
permanente dos DATA DE INÍCIO: 22/10/2014 Mencionamos que o Encontro de
servidores e o CRAS realizado no ano de 2014 inspi-
entendimento RELATOR: PRISCILA SOARES PEREI- rou a ação a ser descrita a seguir. In-
de que esta formamos que na reunião de equipe da
formação RA DO NASCIMENTO COMINEZI unidade realizada no dia 22 de outubro
necessariamente de 2014 no período da manhã foi pedi-
depende de uma PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: do para que cada servidor retirasse de
construção de EQUIPE DO CRAS BARIGUI/ RESPON-
uma caixa uma filipeta e nesta havia
valores e visão uma pergunta, a qual deveria ser res-
de mundo SÁVEL: PRISCILA COMINEZI pondida verbalmente pelo leitor e os
pautada na noção demais respondendo para si mesmos.
de direito, foram Cabe sinalizar, que o grupo estava sen-
decisivas na tado em círculo e a caixa passava de
adoção do tema SITUAÇÃO ANTERIOR um a um. Com relação a consigna esta
dos Direitos se restringiu a essa orientação para que
Observando o cotidiano na relação evitasse ser sugestiva comprometendo
Humanos...
entre integrantes da equipe e usuários o objetivo da reflexão. Após, a leitura
atendidos na unidade, utilizando prin- de todas as filipetas os participantes
cipalmente o comportamento verbal espontaneamente justificaram as suas
emitido, foi visto que por vezes havia respostas e foi feita a discussão no gru-
discursos que denotavam rigidez nas po baseada nas perguntas e respostas.
avaliações sociais bem como na expec-
tativa dos encaminhamentos realiza- Na sequência foi levantada a questão,
dos. Tal comportamento poderia vir baseada no trabalho desenvolvido
a contribuir para reforçar uma posi- no Encontro de CRAS (2014): Qual o
ção verticalizada entre quem atende e compromisso ético do trabalho social?
aqueles que demandam do serviço da Essa indagação foi escrita em uma car-
Política da Assistência Social, prejudi- tolina e as respostas seriam dadas pe-
cando desse modo a vinculação e, por los servidores expressas de forma es-
conseguinte a efetividade do trabalho crita através de uma palavra ou frase e
social. Diante desta indagação o obje- pronunciadas ao grupo. Ao final houve
tivo da ação foi propiciar uma reflexão um debate dos pontos levantados e a
como exercemos a empatia no nosso resposta foi resumida com as seguintes
cotidiano profissional no atendimen- palavras: empatia e respeito à dignida-
to e/ou acompanhamento das famílias de humana.
que requisitam de algum modo o servi-
ço aqui tratado.
183

RECURSOS UTILIZADOS que fosse importante ou prazeroso


para você?
Filipetas contendo as seguintes per-
guntas: • Você gosta de ser julgada(o) ou má in-
terpretada(o)?
• Você gostaria que fossem te visitar a
qualquer hora do dia? Ainda mais, quan- • Você gosta de respeito e atenção?
do se trata de alguém desconhecido?
• Você se sentiria envergonhado de ter
• Você gostaria ou gosta de ficar es- que pedir uma “cesta básica” ou qual-
perando para ser atendido? Já chegou quer outro recurso no CRAS caso vies-
a fazer cara de raiva ou indignação em se a necessitar?
casos em que este nesta situação?
• Você conhece todos os seus direitos?
• Você acha que a pessoa que esta em
uma condição de pobreza é porque ele • Você participaria de uma reunião às
não se esforçou suficiente para ter uma 14h em dia de semana, principalmente
condição de vida mais favorável (aspec- se esta não fizesse sentido para você?
tos econômicos, sociais, habitacionais..)
• Caso você tivesse um familiar com
• Quando você é atendimento por al- pouco vínculo e que necessitasse de
guém especializado (pensando por exem- alguém para ser o seu curador, você
plo em um médico), você gostaria que ele seria? Gostaria que isso fosse imposto
se limitasse a fazer encaminhamentos? a você?

• Você gostaria de ter que voltar em uma • Você pediria pensão alimentícia ao
repartição pública/privada mais de uma genitor de seus filhos, caso este fosse
vez e/ou te encaminharem para diferen- traficante e violento? Mesmo que este
tes lugares e estes mesmos lugares te en- fosse um direito de seus filhos?
caminharem para outros lugares e ainda
por cima não ter resolutividade? • Você já sofreu violência física, psico-
lógica, moral ou outras ? Caso a respos-
• Você gosta que mandem em você? ta seja sim, você denunciou a vez que
ocorreu? É fácil denunciar?
• Quando você esta em uma conversa,
incomoda quando o outro apenas fala e • Se você um adolescente infrator e
não te ouve? em medida socioeducativa, você gos-
taria de estabelecer relações de auto-
• Você gosta de ser atendido no corredor? ridade com outro? Você gostaria que
as pessoas tivessem medo ou descon-
• Você gostaria que alguém cuidasse fiassem de você?
de seu filho para que você fizesse algo
184 CADERNO DE PRÁTICAS

• Você acha que alguém que atende “Ver o sujeito de modo holístico, consi-
pessoas precisa estudar? Ou o senso derando a sua história anterior e atual
comum é suficiente? para ajudá-lo na construção de um fu-
turo mais digno e decente para si e para
• Você deixaria o seu filho com um vi- sua família “.
zinho ou pagaria alguém para ficar com
ele? Ou preferia deixá-lo sozinho em “ Orientar os beneficiários acerca de seus
casa, embora criança, mas com uma direitos e também informá-los quanto a
idade que pudesse se autoproteger? possibilidade de deslumbrar novas possi-
bilidades apesar das adversidades”
• Você gostaria de trabalhar como au-
tônomo (fazer os seus horários, não ter “Respeito e empatia”
chefe e talvez até ganhar mais) ?
“Apresentar opções para solucionar os
• Você sabe o que trabalho social sig- problemas apresentando pelos usuários”
nifica?
“Respeitando as escolhas dos mesmos”

RESULTADOS OBTIDOS “Direitos e Deveres”


Na discussão da equipe fruto da ação
desenvolvida foi possível obter resul- “Atendimento de qualidade, respeitan-
tados qualitativos ao que se refere às do o usuário em todos os aspectos in-
colocações, pois propiciou os seguin- trínsecos ao ser humano. Valorizando
tes pontos: suas potencialidades e contribuindo
para a superação de suas dificuldades,
• Importância de aproximar a prática objetivando garantir o acesso aos seus
com o discurso; direitos sociais e melhoria de suas con-
dições humanas, sociais e econômicas.”
• A função da afetividade nas ações
profissionais; “Não abrir as portas dos bens da união
por sentimentalismo e também não fe-
• Percepção dos julgamentos e idéias char por pré julgamentos.”
pré concebidas a respeito dos usuários;
Palavras: empatia e dignidade humana.
• Entrelaçar o compromisso ético com
ações cotidianas;
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
• Incoerências e contradições da nos- O aprendizado pode ser percebido por
sa práxis. meio dos resultados qualitativos que se
percebeu com ação. Todavia, é de re-
Segue as respostas dadas na íntegra: conhecimento do grupo a necessidade
destas intervenções na nossa prática
“Viabilizar e assegurar o acesso das pes- mais vezes, pois em razão da dinâmica e
soas aos seus direitos e deveres” da complexidade do trabalho social po-
demos facilmente tratar as questões so-
“Compromisso ético é tratar os usuá- ciais com automatismo e/ou por vezes
rios com respeito e ter conhecimen- com indiferença, o que seria extrema-
to, principalmente de legislação para mente danoso e prejudicial. A percep-
orientar corretamente” ção das nossas incoerências é funda-
mental para a mudança, caso contrário
apenas replicaremos as relações de po-
“Postura profissional na formação do
der e culpabilizaremos as famílias pela
cidadão e de sua família”
não resolutividades das problemáticas
apresentadas pelas mesmas. Fica pen-
“Reflexão”
dente a continuidade de atividades si-
185
milares, trazendo a responsabilidade
para os atores sociais e para o que de
fato se trata o trabalho social.
186 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: A Educação
Permanente Descentralizada
como Estratégia para
a Integração e a Troca
de Saberes entre os
Trabalhadores do SUAS
..., buscando EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL das suas equipes, permanência e vincu-
desenvolver lação aos serviços, desde a inauguração
a capacidade FAS BOA VISTA do SUAS (Sistema Único de Assistên-
cia Social), em 2005, passando por um
crítica, a
autonomia e a DATA DE INÍCIO: 19/09/2014 processo de intensa rotatividade de
profissionais em suas unidades. Fenô-
responsabilização
das equipes de RELATOR: DARACI ROSA DOS SAN- meno este que, embora não haja estu-
dos comprobatórios, parece ser fruto
trabalho para TOS/ GISEANE FERREIRA DA COSTA/ da própria dinâmica da política de as-
a construção sistência social e as exigências impos-
de soluções LIDIANE REGINA GÓES tas pela mesma aos/as trabalhadores;
compartilhadas, pelas condições materiais e estruturais
visando as PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: DA- ainda em construção, visto que é uma
mudanças RACI ROSA DOS SANTOS, GISEANE política relativamente nova, em pro-
necessárias no cesso de implantação e implementa-
contexto real em FERREIRA DA COSTA, ROBERTA MELO ção; pela, ainda, incipiente política de
que se inserem os OLIVAN, LIDIANE REGINA GÓES, Educação Permanente, recém inaugu-
rada na instituição (2013) e que, obvia-
profissionais. É ELIZELI FAUSTINONI DE SOUZA E mente, não possui todos os elementos
uma iniciativa que para suprir as necessidades imediatas
busca romper com SERVIDORES/AS DA FAS REGIONAL dos/as profissionais em termos de ca-
a cotidianidade BOA VISTA. pacitação e aperfeiçoamento; pela bus-
mecânica, ca de melhores condições de trabalho e
pragmática e salários mais elevados em outros espa-
repetitiva e ços sociocupacionais, seja em municí-
pretende imprimir SITUAÇÃO ANTERIOR pios vizinhos, na própria política ou em
no cotidiano dos outros setores, entre outras questões.
servidores ... A FAS - Fundação de Ação Social de A rotatividade, em si, dificulta que as
Curitiba - vive uma realidade bastante equipes se conheçam e se reconheçam,
dinâmica, em termos de composição se aperfeiçoem e se fortaleçam enquan-
187
to uma unidade de trabalhadores, cujo Considerando a constante entrada de
conhecimento precisa ser aprofundado novos servidores e conseqüente mu-
teórica e metodologicamente, a fim de dança na estrutura das equipes e a di-
desenvolver uma práxis coerente com ficuldade de articulação, também em
as necessidades demandadas pela po- decorrência da demanda de trabalho,
pulação e em consonância com o SUAS. observou-se a necessidade de promo-
ver ações de educação permanente,
O Núcleo Regional Boa Vista, compo- de forma descentralizada, visando
nente da política de assistência social a elevação do nível de conhecimen-
no município de Curitiba, executada to das equipes acerca da política de
pela FAS, possui as seguintes unida- assistência social, o SUAS, a reflexão
des que ofertam os serviços, progra- -ação sobre o cotidiano da atuação
mas, projetos, serviços e benefícios profissional, assim como a integração
socioassistenciais no seu território: dos servidores, o seu reconhecimento
quatro CRAS (Centros de Referência e a sua valorização profissional, por
da Assistência Social), um CREAS parte da gestão, além de possibilitar
(Centro de Referência Especializado também que as equipes elevem o sen-
da Assistência Social), uma Unidade timento de pertença e fortaleçam seu
de Acolhimento Institucional para vínculo com os equipamentos, com o
Adolescentes do sexo feminino, três território e com a população atendida,
Liceus de Ofício (que ofertam par- na perspectiva da melhoria da oferta
cialmente serviços de assistência so- dos serviços prestados.
cial, na perspectiva da mobilização
para o mundo do trabalho), um CATI A partir desta percepção acerca da re-
(Centro de Atividades para Idosos – alidade que envolve os trabalhadores a
com oferta exclusiva de Serviço de equipe diretiva da FAS/Núcleo Regio-
Convivência e Fortalecimento de nal Boa Vista, corroborando o propos-
Vínculos), além de duas unidades de to pela Política Nacional de Educação
atendimento social, vinculadas aos Permanente (PNEP/2012), após con-
CRAS e, ainda, o Núcleo Regional, sulta e anuência do conjunto de servi-
sendo esta uma base administrativa dores sobre seu interesse em participar
e gerencial, em nível de supervisão, de eventos de natureza político-peda-
articulação e monitoramento dos di- gógica e prováveis temas que poderiam
versos equipamentos, serviços (go- ser tratados, propôs e vem executando
vernamentais e não governamentais) um projeto de encontros periódicos
estando entre suas competências, ad- denominado de “Encontro de Integra-
ministrar o conjunto de seus recursos ção e Troca de Saberes” destinado a
humanos, em termos funcionais, orien- totalidade de seus trabalhadores. Os
tações técnicas, legais, teórico-meto- encontros foram planejados com obje-
dológicas, éticas e políticas no que se tivo de promover, além da integração e
refere à execução e planejamento da troca de saberes das equipes, a valori-
assistência social no âmbito regional. zação dos trabalhos desenvolvidos em
cada uma das unidades, sendo os temas
No total são 121 servidores, os quais sugeridos pelas próprias equipes de
possuem perfis e características dife- servidores a partir de problemáticas
renciadas, relacionadas as habilidades vividas no cotidiano de trabalho. Con-
e competências profissionais específi- forme descrito na PNEP, a promoção
cas, mas também a trajetória, história deste tipo de encontro visa refletir so-
e tempo de serviço na política de as- bre o trabalho no SUAS que é:
sistência social. Trata-se de um grupo
considerável de trabalhadores cuja “O trabalho relacionado à função de
manutenção e sobrevivência nos servi- provimento de serviços e benefícios é
ços precisa ser cada dia mais qualifica- fundado essencialmente em relações
da a fim de cumprir os objetivos, finali- sociais e intersubjetivas. Os conheci-
dades e princípios do SUAS. mentos teóricos, metodológicos e tec-
188 CADERNO DE PRÁTICAS

nológicos requeridos apresentam uma Porque se continuada, tal ação deve in-
estreita vinculação com os contextos cidir sobre a formação das pessoas que
históricos, econômicos, políticos e so- atuam na política de assistência social,
cioculturais. Por isso, essa função re- de modo a instrumentalizá-las em seus
quer constante análise, reflexão e ade- aspectos cognitivos e operativos, tor-
quação - por parte dos trabalhadores nando-as capazes de construir sua pró-
- de práticas profissionais e processos pria identidade como trabalhadoras,
de trabalho, seja no que se refere às re- suas compreensões quanto aos contex-
lações internas às equipes de trabalho, tos em que se inserem e seus julgamen-
seja no que diz respeito ao trabalho tos quanto a condutas, procedimentos
dirigido diretamente aos cidadãos que e meios de ação apropriados aos dife-
demandam as proteções da Assistência rentes contextos de vida e de trabalho
Social.” (PNEP, 2013, p.30). e de resolução de problemas. (PNEP,
2013, p.33).
Seguindo a lógica dos percursos for-
mativos propostos na Política Nacional
de Educação Permanente, embora não
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
tenha a formalidade institucional, visto Em reunião de equipe de coordenado-
ser uma iniciativa do Núcleo Regional ras (CRAS/CREAS/UAI), discutiu-se
da FAS Boa Vista, a prática aqui descri- acerca da situação dos servidores que
ta vem no sentido de problematizar os se encontram num processo de fragi-
pressupostos e os contextos dos pro- lidade profissional, sem acompanha-
cessos de trabalho e das práticas profis- mento adequado do desenvolvimento
sionais realmente existentes, buscando de suas funções, atribuições e compe-
desenvolver a capacidade crítica, a tências; que, em muitos momentos, em-
autonomia e a responsabilização das bora comprometidos e desenvolvendo
equipes de trabalho para a construção da melhor forma possível o trabalho,
de soluções compartilhadas, visando as de acordo com o seu valoroso conhe-
mudanças necessárias no contexto real cimento e dentro das condições dis-
em que se inserem os profissionais. É poníveis, revelam-se desmotivados e
uma iniciativa que busca romper com cansados. Avaliou-se que seria necessá-
a cotidianidade mecânica, pragmática e rio adotar estratégias de valorização e
repetitiva e pretende imprimir no coti- reconhecimento, estimulando-os a per-
diano dos servidores novas práticas que manência, a vinculação, a dedicação e
vão ressignificando o fazer profissio- ao engajamento crítico do trabalho na
nal, com vistas a superação de práticas assistência social. Pensou-se, assim,
conservadoras e descoladas das neces- que seria importante trabalhar com
sidades dos/as usuários da política de questões motivadoras, adotando práti-
assistência social. cas de gestão inovadoras e de aperfei-
çoamento do trabalho, colocando-os/
Assim, se justifica ser uma ação de as e reconhecendo-os como sujeitos
Educação Permanente descentralizada, centrais no desenvolvimento das ações
tendo em vista que não refere apenas a dentro das unidades de atendimento do
formalidade do processo formativo e se SUAS na regional.
relaciona diretamente com o cotidiano
vivido, o território onde se inserem as Outro ponto que foi avaliado é que até
equipes profissionais, fundamenta-se 2012 muitas capacitações ocorreram,
na melhoria da qualidade dos serviços, mas não foram suficientes para dar
programas, projetos e serviços, realiza-se conta das necessidades dos servido-
de modo orgânico, sistemático, partici- res, sendo que muitas eram desconti-
pativo e continuado, produz, sistemati- nuadas e sem relação com a realidade
za e dissemina conhecimento, integra e em que se inserem. Além disso, como
amplia os espaços de debates acerca da já mencionado anteriormente, hou-
política e suas instâncias de execução, ve rotatividade de servidores, sendo
planejamento e controle social. que os mais recentes nos serviços, ain-
189
da não tiveram oportunidade de passar superação da pobreza, conforme o pre-
por capacitação. visto na Constituição Federal de 1988.

A partir disso, propôs-se às coordena- Ao abordar a questão dos direitos huma-


doras dos serviços que sondassem jun- nos, que perpassam e compõem os direi-
to às equipes o interesse e a possibilida- tos socioassistenciais, problematizou-se
de de realizar a prática, o que foi levado os pré-julgamentos profissionais acerca
às reuniões das equipes em cada uma das condições das famílias e suas contin-
das unidades, havendo uma devolutiva gências, origem de classe, gênero, orienta-
positiva com sugestões de temas para ção sexual e outros elementos da diver-
os encontros. Num segundo momento sidade, cujo respeito e reconhecimento
foi criada uma comissão para a organi- devem necessariamente ser promovidos
zação dos encontros e para auxiliar na pelos trabalhadores na sua estreita rela-
distribuição de tarefas, para que todos ção com a ética, seja ela das profissões
se envolvessem nesse processo de pla- regulamentadas do serviço público e/ou
nejamento e execução. do SUAS.

No primeiro encontro realizado no dia Visando a integração e conhecimento


19/09/2014, das 13h30 às 17h30, no Sa- das equipes sobre como se estrutura a
lão de Eventos da ACRIDAS (Rua Edu- FAS na regional, na seqüência foram
ardo Geronasso, 1789), contamos com apresentados os serviços de Proteção
a participação de 63 servidores, in- Social Básica e Proteção Social Espe-
cluindo assistentes sociais, psicólogos, cial pelas gerentes Giseane Ferreira
pedagogos, educadores sociais, agentes da Costa e Rita de Cássia de Oliveira
administrativos, motoristas e profissio- Nascimento do Núcleo Regional e, ao
nais de serviços gerais, contemplando final desta etapa, a equipe do Núcleo se
assim, todos os trabalhadores. apresentou como referência dos servi-
ços. Partindo do princípio de que cada
Como já havia um pré-diagnóstico de território tem suas especificidades, as
que nem todos conheciam de forma gerentes descreveram em linhas gerais
ampla a PNAS (Política Nacional de o que cabe a cada proteção e os servi-
Assistência Social) e o SUAS na aber- ços desenvolvidos no território.
tura do evento, houve uma palestra
com o tema “Assistência Social e Defe- Posteriormente, os servidores de cada
sa de Direitos”, com foco nos direitos equipamento (coordenação, técnicos e
socioassistenciais, direitos humanos educadores sociais) expuseram o traba-
e princípios éticos para os trabalha- lho realizado enfatizando as caracterís-
dores da assistência social (NOB-RH/ ticas dos locais em que estão inseridos
SUAS anotada e comentada, 2013, p.19) (serviços, programas, benefícios e proje-
abordado pela supervisora da FAS Boa tos), pois cada equipamento tem as ca-
Vista, Daraci Rosa dos Santos. O obje- racterísticas que lhe são peculiares. E é
tivo foi fazer com que todos compreen- esse diferencial que organiza o trabalho
dessem uma das funções principais da na unidade, posto que tem relação com
assistência social, comum a todos/as o território e a cultura local, contudo, en-
os/as trabalhadores, que é a defesa dos tende-se que há de se considerar que as
direitos, independente de qual espaço unidades oficiais da política de assistên-
de trabalho estão inseridos. Teve tam- cia social devem ter uma chancela geral e
bém a intenção de mexer com paradig- uma padronização na oferta dos serviços,
mas cristalizados acerca dos direitos considerando o comando único do SUAS.
socioassistenciais, principalmente no
que se refere ao acesso a benefícios, em
especial Bolsa Família, desconstruindo RECURSOS UTILIZADOS
a ideia de favor/assistencialismo para a • Equipamento multimídia (Notebook,
ótica do direito à renda e à transferên- data show, microfone e caixa de som);
cia de renda como um instrumento de
190 CADERNO DE PRÁTICAS

• Lanche; que a avaliação, em sua maioria aponta


satisfeitos e muito satisfeitos. Entende-
• Carro; se que teve resultado significativo, em-
bora parcial, já que haverá continuida-
• Fichas de avaliação. de com outras temáticas, que deverão
acontecer bimestralmente, com temas
diferenciados, mas que, por óbvio, te-
RESULTADOS OBTIDOS nham conexão entre si e com a realida-
de das equipes.
As avaliações dos servidores acerca do
1o Encontro de Integração e Troca de
Acredita-se que houve a integração e a
Saberes foram bastante positivas. Das
problematização do cotidiano, que são
62 pessoas que participaram do even-
objetivos do projeto como um todo e
to, 48 preencheram a ficha de avalia-
possibilitou um mínimo de conheci-
ção. Assim, de acordo com o gráfico a
mento dos trabalhadores, para se ve-
seguir, 54% dos participantes que pre-
rem e saberem uns dos outros o que fa-
encheram as fichas de avaliação, res-
zem, onde se encontram lotados e como
ponderam que ficaram satisfeitos com
desenvolvem o seu trabalho.
as atividades realizadas, e 46% ficaram
muito satisfeitos. Com relação ao avan-
ço nos conhecimentos 69%, ou seja, a Não se trata de uma grande ação de
maioria respondeu ter ficado satisfeito, capacitação, mas de uma dimensão da
29% ficou muito satisfeito e somente 01 Educação Permanente, que vem no
participante respondeu ter ficado insa- sentido de promover e imprimir no
tisfeito neste item. Na questão relacio- ambiente de trabalho uma cultura de
nada ao que aprendeu com os colegas, reflexão a partir dos fundamentos do
65% respondeu ter ficado satisfeito e SUAS e de possibilitar o rompimento
35% ficou muito satisfeito. Ainda, dos de práticas banalizadas e reproduto-
48 participantes, 58% ficaram satisfei- ras de um cotidiano, elevando o grau
tos por sentir o apoio do grupo e 42% fi- de conhecimento e de consciência de
cou muito satisfeito. E por último, com seus trabalhadores sobre o seu papel
relação à estrutura do local, 54% ficou frente as demandas impostas pela re-
satisfeito, 29% ficou muito satisfeito e alidade ao seu trabalho. O formato e
17% ficou insatisfeito. a dinâmica dos encontros deverão ser
definidos sempre pela equipe orga-
nizadora eleita para tal, já que o NR/
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA FAS/BV não conta com uma equipe
específica para esta finalidade.
O Encontro teve boa aceitação pela
maioria dos servidores. A integração,
aprofundamento no conhecimento, REFERÊNCIAS
tanto no tema abordado quanto das
equipes e do trabalho desenvolvido, BRASIL, Constituição da República
foi avaliado de forma bastante positi- Federativa do Brasil. Brasília, DF: Se-
va. Porém, por meio das avaliações, foi nado, 1988.
possível perceber também, problemas
com o espaço físico, pouca iluminação BRASIL, Ministério do Desenvolvi-
e sanitários com defeito e insuficientes, mento Social e Combate à Fome (MDS).
não sendo este espaço próprio da FAS, Conselho Nacional de Assistência So-
mas cedido por entidade da rede con- cial. Tipificação Nacional dos Serviços
veniada. A equipe diretiva já avaliou Socioassistenciais
que aquele não é o espaço mais adequa-
do para a realização de eventos. (Resolução no 109, de 11 de novembro
de 2009). Brasília, 2009.
Trata-se de uma prática relativamente
simples que, aparentemente, causou BRASIL, Ministério do Desenvolvi-
impacto positivo nos trabalhadores, já mento Social e Combate à Fome (MDS).
191
Secretaria Nacional de Assistência So- BRASIL, Ministério do Desenvolvi-
cial. Norma Operacional Básica de Re- mento Social e Combate à Fome (MDS).
cursos Humanos do SUAS – NOB-RH/ Secretaria Nacional de Assistência So-
SUAS Anotada e Comentada. Brasília, cial. Política Nacional de Capacitação
2013. do SUAS – PNC/SUAS. Brasília, 2011.

BRASIL, Ministério do Desenvolvi- BRASIL, Ministério do Desenvolvi-


mento Social e Combate à Fome (MDS). mento Social e Combate à Fome (MDS).
Secretaria Nacional de Assistência So- Secretaria Nacional de Assistência So-
cial. Política Nacional de Assistência cial. Política Nacional de Educação
Social (PNAS). Brasília, 2005. Permanente do SUAS – PNEP/SUAS.
Brasília, 2013.

Modelo de fichas de avaliação com


quantidade de respostas assinaladas
192 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Encontro PAIF


com técnicos

EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL CIC to de intervenções, desenvolvidas de


forma continuada, a partir do estabe-
lecimento de compromissos entre fa-
DATA DE INÍCIO: AGOSTO
mília e profissionais, que pressupõe a
construção de um Plano de Acompa-
RELATOR: RODRIGO DAVID A. DE nhamento Familiar – com objetivos a
MEDEIROS serem alcançados, a realização de me-
diações periódicas, a inserção em ações
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: do PAIF, buscando a superação grada-
tiva das vulnerabilidades vivenciadas”
RODRIGO DAVID A. DE MEDEIROS (MDS, 2012, p. 54).

A partir das experiências com a gestão

SITUAÇÃO ANTERIOR da política no município de Curitiba,


notou-se um problema que se coloca
O momento é de consolidação da Po- no âmbito do trabalho social, a saber,
lítica de Assistência Social, através do quando este acaba muito voltado à ló-
Sistema Único da Assistência Social gica do atendimento, isto é, da resolu-
(SUAS). Com o desenvolvimento dos ção de demandas pontuais e emergen-
equipamentos territorializados, Cen- ciais das famílias – como liberação de
tros de Referência da Assistência So- benefícios eventuais e encaminhamen-
cial (CRAS) figurando como centro de tos – em detrimento do foco no acom-
atendimento em Proteção Social Bá- panhamento, que se distinguiria por
sica (PSB), o entendimento do PAIF um planejamento e execução de diver-
(Serviço de Proteção e Atendimento sos atendimentos com um objetivo(s)
Integral á Família) passa ser central definido(s). Tal problema fez com que
como o articulador do trabalho social.
o trabalho social ficasse mais orientado
para a resolução da questão momentâ-
“O desenvolvimento do trabalho social
nea apresentada pela família, restrin-
com famílias do PAIF pode ocorrer por
gindo o olhar e as estratégias para a su-
meio de dois processos distintos, mas
peração da situação de vulnerabilidade
complementares: a) as famílias, um
social. Sem o foco no acompanhamento
ou mais de seus membros, podem ser
é mais difícil para as equipes de refe-
atendidos pelo PAIF e b) as famílias
podem ser acompanhadas pelo PAIF” rência conhecerem realmente a dinâ-
(MDS, 2012, p. 54), de modo que o aten- mica familiar, os desejos, aspirações e
dimento “refere-se a uma ação imedia- em especial, as potencialidades daque-
ta de prestação ou oferta de atenção, le grupo, bem como identificar como o
com vistas a uma resposta qualifica- serviço do CRAS podem auxiliá-los –
da de uma demanda da família ou do as famílias – a transformar sua própria
território” (MDS, 2012, p. 54) e acom- realidade, fortalecendo a função prote-
panhamento “consiste em um conjun- tiva e os vínculos destas.
193
Objetivo Central: Desenvolver a práti- da maneira de um colegiado, para que
ca do Acompanhamento Familiar. todos possam levantar ideias, enca-
minhamentos e compartilhar visões.
Objetivos Específicos: Construir a cul- Em conjunto a isso, sugere-se o uso
tura de discussão de caso, que se ca- do Prontuário SUAS para registro das
racteriza por uma permanente troca novas famílias acompanhadas, possibi-
de informações e ideias sobre os casos litando-se assim a avaliação do instru-
atendidos entre os profissionais da mento, bem como construção de uma
equipe, inclusive com espaços institu- “forma” de usá-lo, tendo em vista, que
ídos para tal; reforçar a importância do as equipes possuem muitas críticas ao
planejamento dos atendimentos; com- instrumento e à sua praticidade.
partilhar informações entre as unida-
des da regional; estudar as ferramentas Durante os Encontros, a palavra é livre
como Prontuários SUAS (documento e a dinâmica é de roda de conversa.
construído pelo Ministério do Desen-
volvimento Social, com o intuito de Há espaço para discutir a ação e pos-
sistematizar o Acompanhamento fami- síveis pautas ou dinâmicas para o En-
liar); estudar listagens e sistemas; cons- contro PAIF.
truir novos fluxos e propostas.
Há flexibilidade para adoção de es-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA tratégias diferentes de acordo com
cada CRAS.
A prática consiste em uma agenda do Ge-
rente de Proteção Social Básica com to-
dos os CRAS para discussão técnica com
RECURSOS UTILIZADOS
os profissionais de Nível Superior. Ocor- Não foram necessários recursos adi-
re com o deslocamento do Gerente até cionais.
cada unidade, uma vez ao mês, ocupando
de 1h30 a 02h00 da Reunião de Equipe
– evitando assim comprometer a equi- RESULTADOS OBTIDOS:
pe com mais um horário. Os Encontros
Avanços:
PAIF têm acontecido desde Agosto 2014.

• Garantia de um espaço de reflexão


1 afase: realização de reunião com as
coordenadoras dos CRAS. Troca
de ideia sobre a proposta, solicitação
sobre a prática;

• Desenvolvimento do trabalho inter-


de sugestões e coleta de opiniões sobre
disciplinar na Regional
a utilidade e viabilidade dos encontros;

• A partir das discussões com os téc-


2 afase: as coordenações comunicam
suas equipes do projeto e de sua
finalidade;
nicos foi possível construir e aprimo-
rar documentos regionais: Orientações
para Acompanhamento PAIF e Pron-
tuário SUAS; Orientações para Grupo
3a fase: construção da Agenda, de
acordo com as reuniões de equipe
que já são realizadas semanalmente nas
de Descumprimento do Bolsa Família.

unidades; REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA

4
O trabalho social é extremamente com-
afase: os encontros propriamente plexo, pois não há uma definição fácil
ditos, conforme o que se segue:
de sua prática, pois esta se confunde
com a própria ética que orienta a ação.
Nas reuniões a proposta é a discussão
Ao realizar um acompanhamento ou
de casos. Cada técnico é convidado
um atendimento, o que mais importa
a trazer o relato de uma família que
parecem ser o olhar que direcionamos
está acompanhando e falar ao grupo,
194 CADERNO DE PRÁTICAS

para aquele sujeito e a capacidade de


fazer vínculo com ele, produzindo um
espaço de reflexão e transformação (de
ambos os sujeitos, para sermos precisos).
Esta constatação coloca um problema
grave, que vem a chocar-se justamente
com a formação e qualificação dos pro-
fissionais, afinal, como é possível garantir
mecanismos que permitam que nossos
trabalhadores desenvolvam uma visão
humanizada e que vá além dos valores
comuns de nossa sociedade – competi-
ção, egoísmo, individualismo?

A ideia dos encontros, muito mais do


que um objetivo pragmático – de re-
solutividade para casos específicos – é
propiciar o pensamento de “equipe”,
isto é, que os diversos profissionais que
compõe o CRAS sintam-se responsabi-
lizados por todo o trabalho desenvolvi-
do no equipamento, e portanto, sejam
capazes de apoiar uns aos outros. Afinal,
trata-se de uma equipe interdisciplinar
que trabalha no modelo técnico de re-
ferência, logo, para garantir um atendi-
mento verdadeiramente interdiscipli-
nar, é necessário que cada um da equipe
possa contribuir com o atendimento do
outro, sendo, portanto, imprescindível
a discussão de casos. A própria prática
de escutar o outro, de ter que organizar
as ideias para uma apresentação oral, e
de se colocar frente às particularidades
de cada um e de cada formação profis-
sional já são processos de formação do
trabalhador social.

Concluindo, o Encontro PAIF é uma ten-


tativa de instituir um tipo de lógica, que
é a do acompanhamento em detrimento
do atendimento pontual, mas é, espe-
cialmente, a lógica da equipe de referên-
cia – que apóia o técnico de referência –,
da cooperação, da responsabilidade pela
construção do conhecimento e da verti-
calização entre gestão e servidores.

REFERÊNCIAS:
Ministério do Desenvolvimento Social,
Secretaria Nacional da Assistência So-
cial, Departamento de Proteção Social
básica. Orientações Técnicas sobre o
PAIF – Volume 2. Brasília, 2012
195

TÍTULO: Ciclos de Estudos


da Regional Bairro Novo

EQUIPAMENTO: REGIONAL BAIRRO rio próprio, as principais demandas


de capacitação e/ou estudo. A partir
NOVO destas demandas foram elaborados os
encontros em dois grupos: educadores
DATA DE INÍCIO: FEVEREIRO DE 2013 e técnicos (independente do local de
lotação). Os encontros aconteceram
RELATOR: ARIDNA BARTH mensalmente com carga horária de 2h.

PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: Na primeira etapa (fevereiro a julho de


2013) os encontros foram mais infor-
ROSANGELA DE BÁRBARA DA SILVA, mativos com o foco na política nacio-
FRANCIELE LISA GAVLOVSKI, FABIOLA nal da assistência social. Estes encon-
tros foram organizados pela equipe do
DE PAULA GARCIA Núcleo Regional. A ideia geral era pro-
porcionar a todos os servidores conhe-
cimentos mínimos sobre a PNAS (Po-
lítica Nacional de Assistência Social)
SITUAÇÃO ANTERIOR e a Tipificação Nacional dos Serviços
Socioassistenciais. Foram trabalhados
Considerando a complexidade do traba- temas como: princípios e diretrizes da
lho no SUAS, a diversidade dos territó- PNAS, serviços tipificados, proteção
rios e a necessidade de educação perma- social básica, proteção social especial,
nente dos servidores, o Núcleo Regional entre outros.
Bairro Novo optou por realizar Ciclos de
Estudos através de encontros mensais Já na segunda etapa (agosto a novembro
entre os servidores. A prática diária, a de 2013), optamos por uma metodologia
equipe reduzida e as demandas apre- mais participativa onde cada equipamen-
sentadas, não permitiam aos servidores to ficou responsável pela organização de
um espaço para estudo e reflexão sobre um encontro. Nesta etapa cada equipa-
o trabalho. Esta situação impedia o apri- mento apresentou o aprofundamento te-
moramento dos serviços. órico e uma prática de sucesso sobre os
serviços tipificados.
O grande objetivo foi instrumentalizar
as equipes, trocar experiências positivas Na terceira etapa (2014) optamos por
entre os profissionais e proporcionar um abrir mais um grupo contemplando os
espaço de reflexão sobre as práticas ga- agentes administrativos e os auxilia-
rantindo o aprimoramento das ações. res administrativos operacionais. A
divisão da equipe de profissionais da
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA regional em três subgrupos – técnicos,
educadores e equipe administrativa,
Em fevereiro de 2013, foi levantado deve-se a necessidade de desenvol-
com as equipes, através de questioná- vermos o estudo sem prejuízo a oferta
196 CADERNO DE PRÁTICAS

de serviços aos usuários. No caso dos


educadores, o grupo pode escolher en-
RESULTADOS OBTIDOS
tre três temas de acordo com o interes- Estes momentos proporcionaram às
se pessoal e características do trabalho equipes um espaço permanente de estu-
executado nos equipamentos (Benefícios do, reflexão e debate favorecendo a qua-
socioassistenciais, Perfil dos usuários do lificação dos serviços ofertados. Além
Bairro Novo e Princípios da PNAS). Os disso, permitiu identificar as fragilidades
técnicos trabalharam o atendimento e o e potencialidades dos territórios, bem
acompanhamento dentro do PAIF (Ser- como as principais dificuldades dos ser-
viço de Proteção e atendimento integral vidores no planejamento e execução dos
à Família) e PAEFI (Serviço de proteção serviços. Assim, foi possível organizar e
e atendimento especializado a famílias e reorganizar o trabalho de maneira mais
indivíduos) e o grupo dos agentes admi- democrática e assertiva.
nistrativos e os auxiliares administrativos
operacionais trabalharam os procedi- Outro aspecto positivo foi a possibili-
mentos administrativos nos CRAS (Cen- dade de unificar e clarificar conceitos
tro de Referência da Assistência Social) e padronizar (na medida do possível) os
e CREAS (Centro de referência especia- atendimentos nos equipamentos. Desta
lizado da Assistência Social). forma os usuários são contemplados,
pois os servidores têm mais instru-
O grupo de estudo foi organizado de mentos e referenciais que qualificam e
forma a contemplar a elaboração de agilizam os atendimentos prestados à
propostas e construção do trabalho de população.
forma coletiva. Cada encontro possui
um facilitador responsável por mediar Alguns produtos deste trabalho foram:
o debate e um relator que registra as
principais questões abordadas. Todas
as questões e registros foram compila- Gestão
das pelos grupos e apresentadas na 2a
• Apontamento da necessidade de reu-
Semana de Estudos Regional. O mate-
niões entre CRAS e CREAS;
rial será digitalizado e disponibilizado
na intranet.
• Levantamento semestral de remane-
jamento interno;
A 2a SEMANA DE ESTUDOS DA RE-
GIONAL reuniu todos os profissionais
que atuam nos cinco CRAS, no CREAS , • Redimensionamento interno da equipe;
cinco Liceus e Conselho Tutelar.
• Integração entre as equipes;

RECURSOS UTILIZADOS • Reunião técnica mensal entre gerên-


cias e equipes;
• Questionário;

• Apontamento da necessidade de apri-


• Formulário de avaliação (anexo pro-
morar as reuniões de equipe.
tocolo do CRAS);

• Roteiro do grupo de estudo; Administrativo


• Roteiro de Registro do grupo de es- • Revisão dos processos internos admi-
tudo; nistrativos;

• 1 relator e 1 facilitador (alternando • Redimensionamento interno dos


entre os profissionais envolvidos). equipamentos de informática e carros;

• Revisão e criação de instrumentais de


trabalho;
197

CRAS/CREAS _________________Tipificação Nacional


de Serviços sociassistencias. Texto da
• Elaboração de projetos; resolução 109/2009 do CNAS publica-
do no DOU de 25/12/2009.
• Uniformidade e clareza nas informa-
ções;

• Elaboração de propostas práticas de


trabalho.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


A partir da prática percebemos a ne-
cessidade permanente de momentos de
estudo e reflexão, pois o atendimento
qualificado depende de constante ava-
liação e reavaliação sobre sua oferta e
execução. As ações nos territórios pre-
cisam de constante reflexão e monito-
ramento e, a partir do debate em gru-
po, foi possível construir e reconstruir
ações de forma coletiva e participativa
de forma a atender com mais qualidade
às demandas apresentadas.

Além disso, este espaço permanente


de reflexão e debate foi uma forma de
valorizar os saberes dos servidores en-
volvidos. Todos cresceram com as tro-
cas de experiências e saberes entre as
equipes.

É ainda um desafio garantir estes es-


paços devido ao número reduzido de
servidores e do aumento significativo
das demandas, porém faz-se necessário
para avançar no processo de aprimora-
mento dos serviços.

REFERÊNCIAS
__________________.Lei Orgânica da As-
sistência Social – 8742 de 07/12/1993,
Secretaria Nacional de Assistência So-
cial Brasília, MDS, 2009

__________________ Política Nacional de


Assistência Social (PNAS). Brasília,
2004

__________________Protocolo de Gestão
dos CRAS de Curitiba/Fundação de
Ação Social; coordenação de Érika Ha-
runo Hayashida. ___Curitiba: FAS, 2012
198 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: “1º Encontro CRAS


e CREAS Regional Cajuru –
Construindo uma cultura
de Diálogo”.
EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL ser a outra proteção a prestar os atendi-
mentos. Técnicos de CRAS afirmam que
CAJURU não atendem “situações de risco social”,
que isso compete ao CREAS, e técnicos
DATA DE INÍCIO: 28 DE NOVEMBRO deste equipamento alegam que famílias
que estão em “situação de vulnerabilida-
RELATOR: TIAGO PEIXOTO DE LIMA de social” devem ser atendidas, primei-
ramente pelo CRAS, mesmo estando em
situação de risco social. Identificamos
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: também que este cenário não é exclusi-
TIAGO PEIXOTO DE LIMA, MARIA vo da Regional Cajuru no Município de
Curitiba. Esta situação é inerente à im-
VALDEVÂNIA DE ASSIS, MARIA SIRLEI plantação da Política Nacional de Assis-
NEDOCHETKO, ROSECLER QUIRINO DA tência Social, que dividiu em proteções
sociais e definiu os conceitos de vulnera-
CUNHA, ELISANGELA DE LIMA KRENKE, bilidade e risco social como critérios de
LUCIANE SILVEIRA DOS ANJOS, MARLI atendimentos para as proteções.

AP. DE OLIVEIRA GONÇALVES. Diante deste cenário, iniciamos encon-


tros entre coordenadores, técnicos de
CRAS e CREAS, gerentes e a supervisão
para estabelecer acordos sobre as estra-
SITUAÇÃO ANTERIOR tégias que qualificassem esta relação.
Num primeiro momento os encontros
A Regional Cajuru possui 6 (seis) Cen- trataram das medidas socioeducativas,
tros de Referência da Assistência Social e na sequência estabelecemos um calen-
- CRAS e 1 (um) Centro de Referência dário para reuniões, cujo objetivo foi/é a
Especializado da Assistência Social - discussão de casos que as duas proteções
CREAS. Os gestores regionais (gerentes e devem atender, ou mesmos definir pelo
supervisora) observaram que existem di- atendimento. A partir desta experiência
ficuldades de fluxo e entendimento en- foi pensado um Encontro Regional, onde
tre os técnicos das duas proteções sobre fosse possível promover o encontro de
os atendimentos prestados às famílias todos os técnicos de nível superior da re-
nos territórios. Os desentendimentos e gional, de ambas as proteções, com o ob-
dúvidas também surgem quando as famí- jetivo de: “construir fluxos e estabelecer
lias estão em situação de vulnerabilidade rotinas entre as equipes do CREAS e dos
e risco social, cada qual afirma que deve CRAS; promover maior integração entre
199
as equipes técnicas destes equipamentos; 2o Grupo - PSE/SCFV (Proteção Social
valorizar o conhecimento já construído Especial – PSE / Serviço de Convivência
entre os técnicos; organizar as boas práti- e Fortalecimento de Vínculos - SCFV):
cas que existem nessa relação e adotá-las este grupo discutiu a inclusão de famílias/
como rotinas para os demais serviços”. indivíduos em situação de risco pessoal
e/ou social, por violação de direitos, no
SCFV, por ser público prioritário deste
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA Serviço. O grupo dialogou sobre: identifi-
Para a concretização deste encontro, foi cação das situações prioritárias, inclusão
criada uma comissão regional formada no serviço, acompanhamento da situa-
por técnicos e gestores da regional: Ge- ção, plano de intervenção; numa perspec-
rente da Proteção Social Especial, Ge- tiva de interação entre as duas proteções.
rente da Proteção Social Básica, Coor-
denadora do CRAS Yasmim, Técnica de Cada grupo teve uma hora para trabalhar
referência da DMMT, Coordenadora do o tema proposto. Após esse período o gru-
CREAS e uma técnica de Nível Superior po mudou de sala para discutir o segundo
do CREAS Cajuru. Este grupo reuniu-se tema. Os coordenadores permaneceram
quatro vezes para elaborar e planejar o na sala e, com o grupo novo, retomaram as
evento. Dentre o que foi discutido, segue discussões a partir das construções realiza-
o que foi realizado: das pelo grupo anterior.

No período da tarde, reunimos o conjun-


Metodologia to de servidores numa plenária, onde to-
das as propostas produzidas foram apre-
A Comissão organizadora definiu pela
sentadas e validadas.
metodologia do World Café. Trata-se de
um método que propicia a construção
coletiva de saberes, que incentiva a parti- Alguns destaques:
cipação de todos os convidados do even-
to, possibilita a integração e a formula- Todos os técnicos receberam convites
ção criativa de soluções. É um método nominais que foram entregues pessoal-
que valoriza o conhecimento já existente mente pelos gerentes regionais. Esse de-
entre os técnicos da regional e favorece talhe causou surpresa a quem recebeu o
a construção coletiva e democrática de convite, provocando um sentimento de
práticas e saberes. importância e valorização, motivando
sua participação no evento;
Na primeira hora do Seminário aconte-
ceu uma breve apresentação da Supe- Optamos por realizar o evento num pra-
rintendente de Planejamento da FAS, zo de seis horas. O evento ocorreu entre
Jucimeri Silveira, sobre “A relevância 8h e 14h. A grande maioria dos técnicos
do trabalho integrado entre PSE e PSB”, da regional cumpre seis horas diárias de
com duração aproximada de 40 minutos trabalho e um evento mais longo poderia
e abertura para perguntas. Na sequência, prejudicar suas rotinas ou comprometer
os participantes foram divididos em dois a adesão de todos até o fim do evento.
grupos temáticos: Todos receberam certificação pelo Imap.

1o Grupo - Paif/Paefi (Serviço de Pro- Todo o ambiente onde o evento aconte-


teção e atendimento Integral à Família ceu foi pensado para ser o mais acolhe-
– PAIF / Serviço de Proteção e Atendi- dor possível. As cadeiras foram dispostas
mento Especializado a Famílias e Indiví- em torno de mesas, onde se reuniam de
duos - PAEFI): este grupo discutiu e pro- quatro a seis pessoas, e não enfileiradas
pôs de que maneira os dois serviços irão voltadas para frente de um auditório;
estabelecer rotinas e fluxos; além de dis- no inicio do evento, durante o café, dois
cutir método de trabalho e instrumentos educadores sociais da regional, foram
para o acompanhamento das famílias por convidados a se apresentar com seus
ambas as proteções; instrumentos (violão e guitarra) propor-
200 CADERNO DE PRÁTICAS

cionando música ambiente agradável


aos participantes enquanto os trabalhos
RESULTADOS OBTIDOS
não começavam; foi proporcionado um O evento ocorreu como o planejado.
“brunch” entre 12h e 13h, entre os traba- Houve a participação efetiva de todos
lhos de grupo e a plenária, para que os os técnicos da regional no dia, bem
participantes não tivessem que se ausen- como a presença de gestores da Direto-
tar do local para se alimentar; este lanche ria de Proteção Social Básica, Diretoria
foi ofertado pela equipe de gestores do de Proteção Social Especial e da Dire-
NR Cajuru. Ao final do evento, foi entre- toria de Planejamento. O instrumento
gue uma “lembrancinha” confeccionada utilizado nos grupos - o pôster conten-
na própria regional, uma caixa feita de do um desenho do CRAS e CREAS - foi
papel camurça, adornada com desenhos, preenchido por ambos os grupos, sendo
e em seu interior mel de abelha em cáp- levantadas as práticas já estabelecidas
sulas, simbolizando o fruto do trabalho entre as proteções, às dificuldades en-
realizado no dia. contradas e propostas foram sugeridas
e construídas em conjunto entre técni-
Gestores da FAS Sede, de ambas as pro- cos dos CRAS e do CREAS. Os dados
teções, também foram convidados, com o dos pôsteres ainda não foram sistema-
objetivo de também aproximá-los e integrá tizados, no entanto, segue abaixo os te-
-los a equipe técnica da regional, além de mas levantados nestas produções:
contribuírem com suas experiências e co-
nhecimentos nos trabalhos desenvolvidos. • Das práticas que já ocorrem, foram
listadas: Caderno CREAS Cajuru (Docu-
RECURSOS UTILIZADOS mento elaborado pela equipe do equipa-
mento que reúne procedimentos e fluxos
Para os trabalhos em grupo foi desenvol- internos do CREAS), Contrarreferências,
vido um instrumento para preenchimen- pró-atividade das equipes, comunicação
to, pelas equipes. Tratava-se de um pôster, eletrônica, ações em conjunto, encontro
em tamanho grande, contendo o seguinte de CRAS e CREAS, Caderno de Orienta-
desenho: duas colinas, e no alto de uma ções Técnicas do Ministério do Desen-
delas um desenho de um CRAS e na ou- volvimento Social e Combate a Fome
tra um desenho de um CREAS. Descendo - MDS, instrumentais, identificação de
a colina e atravessando um vale havia um famílias.
desenho de uma estrada ligando ambas as
casas. Um pouco acima no vale havia o de- • Das dificuldades encontradas: estru-
senho de um pântano. E no alto, na beira- tura deficitária, desconhecimento dos
da de ambas as colinas, o desenho do ini- serviços, falta de comunicação sistema-
cio da construção de uma ponte. Durante tizada, falta de protocolo, resistência ao
os trabalhos em grupo, os técnicos deve- novo, aumento da demanda, falta de lo-
riam escrever e desenhar nesse pôster. Na gística e RH, interação entre gestão PSB
estrada que ligava os dois equipamentos e PSE, demanda do Ministério Público e
poderiam escrever (ou desenhar) sobre as Tribunais de Justiça, Intersetorialidade,
práticas já existentes que ligavam ambas falta de um sistema municipal que unifi-
as proteções. No pântano, poderiam fazer que os processos de informação.
o mesmo sobre as dificuldades encontra-
das. E no alto, no projeto de ponte, pode- • Das propostas: Implicação de mudança
riam escrever ou desenhar as propostas/ de paradigma, Continuidade da Agenda
sugestões/idéias que poderiam aproximar CRAS e CREAS, Plano de Ação Integra-
e melhorar a relação entre os equipamen- do CRAS/CREAS, Listagem mensal das
tos. O pôster foi desenhado à mão, usando famílias acompanhadas, sistema de in-
lápis de cor colorido, por duas educadoras formação unificado, instrumentos coti-
sociais da regional. dianos e concretos, unificação de fluxos,
normatização, diretrizes, priorização de
demandas.
201
• Dentre o conteúdo que foi levanta- de integração, de sentirem-se fazendo
do, observamos que existem diferentes parte de uma única e grande equipe.
questões:
Entendemos que para promover inte-
• Existem questões de ordem estrutu- gração entre as equipes, esta deve par-
ral, como falta de RH, protocolo e sis- tir não apenas de propostas e ideias,
tema informatizado único, que exigem mas também de um forte sentimento de
muito mais tempo e de esforços que pertencimento, de fazer parte, de estar
estão além da regional; junto para fazer acontecer. O evento
conseguiu alcançar a ambos, uniu pes-
• Também apareceram questões que se soas em torno de propostas e avivou o
referem as atitudes dos técnicos, como sentimento de pertencimento ao grupo.
as expressões: resistência ao novo, falta
de comunicação e mudança de paradig- Em curto prazo conseguimos aproxi-
ma, que implicam numa mudança de mar as pessoas e dar alguns passos em
postura dos técnicos que estão à frente direção a uma integração maior en-
dos serviços. Estas questões exigem da tre as equipes. A médio e longo prazo
gestão diálogo permanente com estes entendemos que este esforço deve ser
servidores, oferta de capacitação conti- continuado e que as propostas elenca-
nuada e formação de grupos de estudo, das devem ser colocadas em prática,
além de uma capacidade individual de correndo o risco de o trabalho cair em
cada um para se abrir ao novo. descrédito.

• Existem questões que tratam de prá-


ticas já em andamento na regional e que
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
os técnicos pedem continuidade, como Promover a integração entre uma equi-
a agenda de encontros CRAS e CREAS, pe de trinta técnicos, distribuídos em
que promove estudo de casos entre as sete equipamentos diferentes e que
proteções e a troca de listagem de fa- atendem demandas específicas e dife-
mílias acompanhadas que já acontece rentes não é tarefa fácil. Também não
entre alguns serviços e equipamentos. ocorre em um único evento. Promover
esta integração exige esforço contínuo,
• Algumas questões tratam de temas tanto dos gestores quanto da equipe.
que terão que ser mais bem aprofun- Nessa caminhada, esbarramos em di-
dados a partir de agora, por serem ficuldades estruturais, técnicas, po-
ainda muito vagos e trazerem apenas líticas e atitudinais. Equacionar estas
uma idéia conceitual, como é o caso da questões, definir um norte e envolver
proposta de Plano de ação Integrado a equipe nesse processo exige engaja-
CRAS/CREAS, que propõe a criação de mento continuo de todos os envolvidos
um instrumento que possibilite um Pla- no processo. Alem de compreender que
no de Intervenção e acompanhamento este processo deve ser continuo, inin-
de uma família por ambas as proteções. terrupto. Integração não é um objetivo
a ser alcançado, mas sim vivido coti-
Com relação aos resultados qualita- dianamente.
tivos, foi solicitado aos participantes
que, ao final do evento, fizessem uma Hoje vivemos um processo que resulta
avaliação oral sobre o encontro. A da forma como os serviços foram im-
avaliação era livre e participava quem plantados, seja da PSE ou PSB, proces-
quisesse. Pelo menos dez pessoas qui- so este construído sem a participação
seram se expressar nesse momento e dos servidores. Tal processo privile-
estas teceram elogios ao evento, dizen- giou as estruturas e não o debate aberto
do o quanto foi produtivo, importan- e contínuo sobre os serviços, contudo
te e válida a proposta, e o sentimento constatamos grande motivação dos ser-
trazido nestas falas era de satisfação, vidores na medida em que eles se vêem
202 CADERNO DE PRÁTICAS

incluídos no planejamento, reflexão e BRASIL. Lei no 8.742, de 7 de dezembro


definição de novos caminhos que ali- de 1993. Lei Orgânica da Assistência
mentem sua/nossa prática. Social (LOAS). Brasília, 1993.

REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério do Desenvolvi-


mento Social e Combate à Fome. Se-
BRASIL. Conselho Nacional de Assis- cretaria Nacional de Assistência Social.
tência Social. Norma Operacional Bá- Orientações Técnicas: Centro de Refe-
sica de Recursos Humanos do Sistema rência de Assistência Social. Brasília,
Único de Assistência Social. Resolução 2009.
no 269, de 13 de dezembro de 2006.
Brasília, 2006. BRASIL. Conselho Nacional de Assis-
tência Social. Política Nacional de As-
BRASIL. Conselho Nacional de Assis- sistência Social. Resolução no 145, de 15
tência Social. Tipificação Nacional de de outubro de 2004. Brasília, 2005.
Serviços Socioassistenciais. Resolução
no 109, de 11 de novembro de 2009. Bra-
sília, 2009.

Fotos do Evento.
203

TÍTULO: O símbolo
do território

EQUIPAMENTO: CRAS BARIGUI DESCRIÇÃO DA PRÁTICA


DATA DE INÍCIO: AGOSTO/14 Na reunião de equipe com a presença dos
todos os servidores da unidade do CRAS,
Supervisora Regional e Gerente de Pro-
RELATOR: PRISCILA SOARES PEREIRA teção Social Básica da CIC, o grupo foi
DO NASCIMENTO COMINEZI divido em subgrupos, os quais foram
agrupados de acordo com os microterri-
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: tório de atuação, configurando assim as
equipes de referência (educadores e téc-
EQUIPE DO CRAS BARIGUI / RESPON- nicos sociais). No caso desta unidade, as
SÁVEL : PRISCILA SOARES PEREIRA DO áreas de extensão são (Vila Barigui, Vila
Sabará, Morro da Esperança, Ocupação
NASCIMENTO COMINEZI Nova Primavera, Moradias Corbélia e
Alto Bela Vista). Foi distribuida em cada
subgrupo uma cartolina onde a orien-
tação dada foi de que colocassem título
SITUAÇÃO ANTERIOR com o nome da área em que atuam para
orientação a partir das representações a
Em agosto de 2014 a Superintendência
serem desencadeadas por questões evo-
de Planejamento da Fundação de Ação
cadas pelo facilitador do grupo:
Social promoveu a oficina territorializada
nos núcleos regionais. A ideia dessa capa-
• Que frase ou música representaria esse
citação era ampliar o olhar para o território
microterritório?
idenficando a necessidade de intervenção
em uma determinada realidade, elegendo
• Que fruta representa esse microterri-
prioridades, situações de maior risco social
tório?
ou individual ao público com domicílio no
território de abrangência desta unidade.
A continuidade da capacitação, após ser • Que objeto representaria esse micro-
trabalhado o território como um espaço território?
relacional, foi das equipes efetivarem essa
leitura na área em que trabalham e fazerem • Que animal representaria esse micro-
correlações com dados quantitaivos (CEN- terriório?
SO, IPPUC, Base do Cadastro Único e Re-
latório Mensal do CRAS). Inspirados neste O grupo então teria que encontrar ele-
pedido, vimos a possibilidade de a partir mentos comuns no sentido de abstrair
dessa tarefa refletir com a equipe como os as questões literais do territírio para pri-
território em que trabalham são percebi- vilegiar as questões simbólicas dessas
dos, tendo como premissa que a ótica que áreas, conforme o olhar das equipes de
seriam lidos os dados brutos perpassariam referência. Após ser discutida tais repre-
pela representação simbólica que cada ser- sentações, estas seriam desenhadas e/ou
vidor faz do mesmo. escritas na cartolina para uma explana-
204 CADERNO DE PRÁTICAS

ção posterior aos demais subgrupos. Des- potencialidades e vulnerabilidades


tacamos que a construção das imagens de cada área trabalhada, tendo como
bem como a discussão feita a partir das base as representações, o que contri-
questões, levaram em consideração os buiu para uma melhor compreensão do
seguintes aspectos das áreas: habita- comportamento das famílias que ali re-
cionais, históricas, econômicas, sociais sidem, assim como identificar quais são
e a relação com a unidade de referên- os focos para intervenção no âmbito do
cia, bem como percepções citadas pe- trabalho social.
los próprios moradores. A atividade
foi concluída no apontantamento das Segue abaixo algumas ilustrações:

Microterritório: Morro da Esperança Microterritório: Vila Barigui

Microterritório Alto Bela Vista/ Diadema / CAIUA Microterritório Corbélia /Ocupação Irregular Nova Primavera
205

Microterritório: Sabará

RECURSOS UTILIZADOS • Favoreceu o olhar do território no


sentido de respeitar esse espaço com
• Cartolina, lápis de cor e canetinhas aspectos relacionais e subjetivos;
coloridas.
• Reflexão crítica da nossa percepção
sobre microterritórios, inclusive idéias
RESULTADOS OBTIDOS preconceituosas e superficiais;
Resultados qualitativos
• Fomentada a leitura das potenciali-
• Proporcionou a troca entre as equi- dades e vulnerabilidades das áreas.
pes de referência que mesmo traba-
lhando no mesmo CRAS por vezes REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
desconhecem a dinâmica de outros
territórios, considerando principal- Há necessidade de trocas entre os in-
mente áreas que possuem característi- tegrantes das equipes assim como in-
cas muito diferentes. terrupções nas ações cotidianas que
ficam mais voltadas para os atendi-
• Resgate de aspectos históricos que au- mentos reativos, que privilegiam um
xiliaram na compreensão da realidade diagnóstico mais apurado e, por con-
apresentadas pelo território atualmente; seguinte, definir intervenções mais fo-
cais que dialoguem com as demandas
• Identificação de demandas coletivas do território.
em termos de todas as áreas do CRAS
Barigui e de demandas específicas das
unidades de atendimentos (Corbélia e
Alto Bela Vista);
206 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Quintas de Partilha

EQUIPAMENTO: DIRETORIA DE PROTE- lho social coletivo, na proteção básica,


com famílias/comunidades, através de
ÇÃO SOCIAL BÁSICA – COORDENAÇÃO um formato diferenciado de capacita-
ção, onde prevalecesse a participação
DE SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS ÀS
profissional e a criação de espaços re-
FAMÍLIAS flexivos e criativos.

DATA DE INÍCIO: JULHO DE 2012 Por que o nome Quintas de Partilha?

RELATOR: DÉBORA MARINHO E GIOVA- Quintas: tem o significado de terreno,


de semeadura com horta e árvores, mu-
NA HARTKOPF rado ou cercado de sebes, e que tem ge-
ralmente casa de habitação (Dicionário
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: Priberam da Língua Portuguesa).
TÉCNICOS E EDUCADORES SOCIAIS
Partilha: sentimento de identificação
ATUANTES NA PROTEÇÃO SOCIAL com a maneira de pensar e/ou sentir
BÁSICA e EQUIPE CSSF – DPSB existente entre duas ou mais pessoas
(Língua Portuguesa, Porto Editora).

Ao final desta primeira experiência


SITUAÇÃO ANTERIOR ocorrida há dois anos, composta ini-
cialmente por uma turma de 30 servi-
A partir da publicação das “Orienta- dores dos Centros de Referência da As-
ções Técnicas sobre o PAIF, vol. 1, O sistência Social – CRAS, foi realizada
Serviço de Proteção e Atendimento In- uma avaliação de impacto a fim de ve-
tegral à Família – PAIF, segundo a Ti- rificar sua efetividade junto às equipes,
pificação Nacional de Serviços Socio- subsidiar a continuidade do projeto e
assistenciais” e “Orientações Técnicas eventuais adequações da proposta.
sobre o PAIF, vol. 2, Trabalho social
com famílias do Serviço de Proteção e Feitas as adequações propostas nesta
Atendimento Integral à Família- PAIF” avaliação, o projeto Quintas de Par-
em 2012 pelo Ministério de Desenvol- tilha teve sua continuidade em 2013 e
vimento Social, percebeu-se a neces- 2014, desta vez envolvendo um número
sidades de disseminar o seu conteúdo maior de participantes, contemplando
em relação ao trabalho coletivo com três turmas no sistema de divisão em
famílias. Neste cenário, estavam sendo macro regionais.
apresentados novos conceitos sobre o
trabalho social com famílias de forma Os objetivos do projeto foram sendo
coletiva, que conflitavam com a histó- ampliados, mas sem perder seu escopo
rica forma de trabalhar os chamados principal: trocar experiências e crescer
“grupos de famílias”. coletivamente. Quanto aos demais ob-
jetivos, destacamos: instrumentalizar
Desta motivação nasceu o Projeto as equipes em relação aos conceitos e
Quintas de Partilha, em julho de 2012, procedimentos referentes ao acompa-
com o objetivo de ser um momento nhamento coletivo com famílias; am-
para refletir a prática diante do traba- pliar o conhecimento sobre as abor-
207
dagens metodológicas propostas nas Bion; Bernardo Toro, o qual trata das
“Orientações Técnicas sobre o PAIF questões de mobilização social; Pau-
– vol. 02”; possibilitar a relação teoria lo Freire, na perspectiva da pedagogia
-prática; proporcionar a reflexão sobre problematizadora como metodologia
o fazer profissional qualificado, com- para o trabalho coletivo.
prometido e ético no desenvolvimento
do trabalho social com famílias.
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
Além das Orientações Técnicas sobre o
PAIF – volume 01 e volume 02 – tam- Em 2013 e 2014, o projeto se desenvol-
bém foram utilizadas outras referên- veu em 05 encontros, com carga horária
cias para embasar o trabalho. Autores total de 20h, contemplando técnicos e
que abordam questões grupais, tais educadores sociais da Proteção Social
como Kurt Lewin, Pichon-Rivière e Básica, divididos da seguinte forma:

Núcleo Regional Participantes Local


GRUPO 01 – Boa Vista, Boqueirão, Cajuru 30 CRAS Cajuru – Rua Miguel Caluf, 2130 – Cajuru

GRUPO 02 – CIC, Portão e Santa Felicidade 30 Sala de Curso do Semeador – Sede da FAZ

GRUPO 03 – Bairro Novo, Pinheirinho e Matriz 30 Liceu de Ofícios Curitiba – Rua Monsenhor Celso, 35 – Centro

O trabalho iniciava-se com uma dinâ- Ao final de cada encontro, era entregue
mica de grupo, trazendo a reflexão so- material de apoio aos participantes, com
bre o tema proposto em cada encontro o conteúdo trabalhado, com a proposta
e, também, instrumentalizando os téc- de disseminação junto às suas equipes,
nicos para a aplicação desta dinâmica associando o que foi vivenciado com a
com grupos de famílias nos respectivos realidade do trabalho, articulando com
locais de trabalho. leituras de referências bibliográficas so-
bre o tema e ampliando a discussão com
Em seguida, o grupo realizava o debate toda a equipe do CRAS.
sobre o tema, apresentando experiências
sobre a prática cotidiana de trabalho nos O resultado da discussão com as equipes
CRAS, trazendo as dificuldades enfren- era trazido no encontro seguinte, com o
tadas e sugerindo melhorias. A apresen- objetivo de iniciar a atividade do módu-
tação da experiência era realizada pelo lo, fazendo a relação entre os temas.
CRAS que possui grupo de acompanha-
mento coletivo já implantado, utilizando-
se de roteiro pré-definido para exposição RECURSOS UTILIZADOS
dos pontos relevantes a serem observa- • 02 técnicos (Assistente Social e Psi-
dos sobre a prática cotidiana, bem como cóloga) da Diretoria de Proteção Social
suscitando a reflexão acerca dos conteú- Básica – DPSB responsáveis pela coor-
dos teóricos que embasam o trabalho. denação e execução do projeto / outros
02 técnicos convidados como docentes
Após cada vivência, o docente apre- (Psicólogo e Pedagoga);
sentava, através de exposição oral, o
conteúdo teórico proposto no módulo, • Músicas e dinâmicas de grupos espe-
integrando-o à prática. cíficas, de acordo a temática trabalha-
208 CADERNO DE PRÁTICAS

da no encontro; exercícios práticos visando o repasse


de conteúdo, como também instrumen-
Formulários elaborados pela equipe talizando as equipes para utilização da
para sistematização e disseminação dos mesma metodologia nos grupos PAIF. O
conteúdos; material disponibilizado na intranet após
cada encontro e os exercícios de reflexão
• Disponibilização dos materiais na in- realizados com toda a equipe dos CRAS
tranet. também contribuíram para estimular a
disseminação dos conteúdos.

RESULTADOS OBTIDOS A partir de uma análise geral, pode-se


Durante os três anos de realização do afirmar que o Projeto foi muito posi-
Projeto Quintas de Partilha foram tivo, tendo alcançado resultados im-
atingidos aproximadamente 200 ser- portantes para as equipes da Proteção
vidores e a avaliação dos participantes Social Básica, refletindo também na
sempre foi bastante positiva. Ao final qualificação do Serviço diretamente
do primeiro ano, com a aplicação da prestado à comunidade.
Avaliação de Impacto, os participantes
puderam pontuar diversas aquisições REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
conquistadas com a capacitação.
Os aprendizados adquiridos com a rea-
Nos anos seguintes as avaliações qua- lização desta experiência foram muitos.
litativas continuaram a ser realizadas, Para além da capacitação propriamente
sempre com retorno positivo à equipe dita e todo seu conteúdo teórico e vi-
da DPSB e solicitações de continuidade vencial repassado às equipes de CRAS,
do projeto. Em 2013 e 2014, tendo em entendemos que o maior ganho foi ter
vista a ampliação expressiva do núme- construído conjuntamente um ambiente
ro vagas e a abertura para participação acolhedor, fértil em ideias e produções;
dos educadores sociais, percebeu-se uma troca rica entre saber teórico e prá-
um avanço significativo junto às equi- tica cotidiana e, acima de tudo, poder
pes quanto ao entendimento do Serviço efetivamente partilhar experiências pro-
PAIF, principalmente no que concerne fissionais e experiências de vida.
ao acompanhamento coletivo.
A cada encontro o grupo se fortalecia
Em relação à análise quantitativa, per- enquanto coletivo e era visível o víncu-
cebeu-se um pequeno aumento no nú- lo criado e o amadurecimento de todos
mero de grupos de acompanhamento que ali estavam. A troca de conhecimen-
coletivo. Tal dado não pode ser anali- tos nunca ocorreu de forma linear, uma
sado isoladamente, uma vez que outras vez que a equipe de condução do projeto
variáveis interferem neste processo, sempre se colocou como mediadora do
por exemplo, a existência dos chama- processo e, desta forma, também pode
dos “grupo de famílias”, os quais exis- aprender e crescer com o grupo.
tiam em maior número e agora estão
passando por processo de readequação; A dedicação e participação efetiva da-
o quadro reduzido de equipe técnica em queles que conseguiram concluir cada
alguns equipamentos, o que dificulta a ciclo foi um dos pontos essenciais do
implantação de grupos de acompanha- projeto. Apesar das dificuldades em con-
mento coletivo PAIF, dentre outros. ciliar as diversas ações previstas pela ins-
tituição, as equipes conseguiram, em sua
Percebe-se, ainda, que um dos fatores maioria, concluir a capacitação com assi-
positivos do projeto foi a utilização duidade e comprometimento.
da metodologia diferenciada utiliza-
da durante toda a capacitação, a qual Ainda importante ressaltar o traba-
proporcionava aos participantes, além lho da equipe da DPSB, desde a fase
de reflexão, dinâmicas vivenciais e embrionária do projeto, a qual se em-
209
penhou sempre em trabalhar de forma
horizontal, dialógica, possibilitando uma
relação mediada pelo diálogo e pela con-
fiança mútua. Cada encontro era plane-
jado com afinco, construído a partir de
muita pesquisa de referencial teórico,
além das sugestões colocadas pelo grupo.
Em razão disto, a cada ano o conteúdo foi
se modificando e se aprimorando, bem
como a cada encontro eram revistas as
atividades propostas.

A escassez de recurso para a realização


do projeto sempre é um desafio; ele
nunca foi uma barreira ou mesmo um
impeditivo para a efetivação do traba-
lho, mas é um ponto importante a ser
considerado.

Por fim, mas não menos importante,


deixamos uma reflexão de Paulo Freire
– a qual foi utilizada no Quintas de Par-
tilha – 2014 – que traduz o constante
processo de aprendizagem ao qual es-
tamos sujeitos:

“Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe


tudo. Todos nós sabemos alguma coisa.
Todos nós ignoramos alguma coisa. Por
isso aprendemos sempre.” (Paulo Freire)
210 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Agenda com


Trabalhadores do SUAS
– NR CIC
11 - No município
de Curitiba, a
Fundação de
Ação Social
(FAS) é o ente da EQUIPAMENTO: NR CIC coordenações e técnicos de nível supe-
rior, com reuniões periódicas e incentivo
Administração de discussões pertinentes para a forma-
Indireta DATA DE INÍCIO: 2014 ção do trabalhador social. Contudo, ao
responsável final de 2013, na avaliação de fim de ano,
pela execução RELATOR: MARINA BINI DA SILVA as equipes sinalizaram a necessidade de
da Política de
Assistência MICHELS E RODRIGO DAVID A. DE ampliação das discussões, com o envol-
vimento de todas as categorias. Então,
Social. MEDEIROS em 2014, a FAS-CIC realizou planeja-
mento, construindo uma Agenda com
12 - A PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: técnicos de nível superior, nível médio e
Administração agentes administrativos.
Pública MARINA BINI DA SILVA MICHELS, RO-
Municipal DRIGO DAVID A. DE MEDEIROS, LUIZA
de Curitiba DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
está dividida COSMO SPAKI E ROSANA MARA PERSI
Foram divididos em três agendas dife-
atualmente em BARCELLOS rentes: técnico de nível superior (encon-
nove regionais, tros mensais), técnico de nível médio
ás quais se (encontros bimestrais) e agentes admi-
ocupam do nistrativos (encontros trimestrais).
desenvolvimento SITUAÇÃO ANTERIOR
dos serviços e Com exceção da Agenda com Técnicos
das políticas no A Norma Operacional Básica de Re- de Nível Médio, realizada em um Cen-
território. Sendo cursos Humanos do SUAS (NOB-RH/ tro de referência da Assistência Social
que o Núcleo SUAS) reconhece a capacitação como (CRAS) - tendo em vista o espaço exi-
Regional da elemento fundante da qualidade dos gido - as demais Agendas aconteceram
Cidade Industrial serviços, programas, projetos e bene- no Núcleo Regional da CIC.
de Curitiba fícios, sendo essencial para consolida-
(CIC) abrange ção do Sistema Único da Assistência Para todas as Agendas o primeiro En-
Social (SUAS), bem como a finalidade
4 bairros, e contro foi de planejamento das ativi-
de produzir e difundir conhecimentos dades do ano, conforme interesse das
possui 6 Centros
direcionados ao desenvolvimento de próprias equipes e a disponibilidade de
de Referência competências e atitudes das equipes de datas e profissionais habilitados.
da Assistência referência de cada serviço.
Social (CRAS)
• Agentes Administrativos: Foram re-
e um Centro Neste sentido, desde o ano de 2013, a ges- alizadas discussões sobre fluxos de
de Referência tão regional da Fundação de Ação Social documentos, trocas de experiências,
Especializado (FAS)11 , Núcleo Regional da Cidade In- integração da equipe, avaliação do tra-
da Assistência dustrial de Curitiba (NR-CIC)12 vem de- balho, roda de conversa com esclareci-
Social (CREAS). senvolvendo ações de capacitação para mento de dúvidas comuns.
211
• Técnicos de Nível Médio: Apresen- necessário que os responsáveis priori-
tação do Trabalho do Educador Social, zem a atividade.
discussão sobre o papel do Educador
Social, discussão em grupos divididos Em uma Regional com seis CRAS e um
por serviços, construção de fluxos e Centro de Referência Especializado da
acompanhamento familiar. Assistência Social (CREAS), e de longa
extensão territorial, é muito fácil que
• Técnicos de Nível Superior: O que cada equipamento trabalhe isolada-
é o trabalho técnico; apresentação do mente, sem conhecer a realidade e ex-
trabalho por unidade; roda de conversa periências do outro. Na medida em que
com a Saúde Mental, INSS, Defensoria foram estabelecidas as Agendas, ob-
Pública; Discussão de fluxos e Acom- servamos uma maior padronização dos
panhamento Familiar. Aprox. 30 procedimentos e alinhamento concei-
tual, bem como a formulação de uma
Para todas as Agendas foi realizado um identidade para a Regional CIC.
último encontro de Encerramento e
Avaliação. Sendo que para os Técnicos
de Nível Médio também houve palestra
REFERÊNCIAS
com o Professor Humberto Herrera. Ministério do Desenvolvimento Social,
Secretaria Nacional da Assistência So-
RECURSOS UTILIZADOS cial, Departamento de Proteção Social
básica. Norma Operacional Básica de
• Espaço físico; Recursos Humanos do SUAS (NOB
-RH SUAS). Brasília, 2006.
• Convidados das Rodas de Conversa;

• Lanche;

• Material áudio visual.

RESULTADOS OBTIDOS
Foi possível notar uma maior integra-
ção entre os servidores e unidades,
com uma maior articulação, resultando
em mais ações em parceria; amadureci-
mento de discussões importantes para
a Política de Assistência Social; bem
como levantamento de informações so-
bre outras políticas.

Foram construídos, coletivamente, flu-


xos de atendimento, levando em consi-
deração a diversidade de contexto das
unidades e a riqueza das diferenças.

REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA


Trata-se de um desafio proporcionar
espaços de reflexão, horizontalizados,
com ampla participação dos servido-
res. Os compromissos cotidianos mui-
tas vezes atrapalham e fazem barreira
ao cumprimento do planejamento. É
212 CADERNO DE PRÁTICAS

TÍTULO: Oficina de
informática para servidores
EQUIPAMENTO: REGIONAL BAIRRO DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
NOVO Na primeira etapa foram levantados
através dos coordenadores de CRAS e
DATA DE INÍCIO: OUTUBRO DE 2014 CREAS os servidores interessados em
participar desta oficina e quais seriam
RELATOR: ARIDNA BARTH os programas que apresentavam maior
nível de dificuldade.
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS:
A partir da demanda apresentada, fo-
MARCELO CAMARGO RIBEIRO, ram organizadas quatro oficinas:
MARCIO EWERTON DE MEDEIROS,
• Informática básica - conteúdo: har-
ARIDNA BARTH dware, software, sistema operacional,
arquivos e extensões, unidades de me-
dida, compactação e descompactação,
formatação de dispositivos, segurança
SITUAÇÃO ANTERIOR de arquivos (19 servidores inscritos);
A partir da rotina de trabalho (emails,
• Email - conteúdo: ferramentas dispo-
planilhas, sistemas de consulta e moni-
toramento dos programas sociais, entre níveis, segurança, internet e servidores
outras) percebemos que muitos servi- (16 servidores inscritos);
dores apresentavam dificuldades com
noções básicas de informática, o que • Excel – conteúdo – básico e interme-
dificultava os procedimentos adminis- diário (30 servidores inscritos);
trativos e a agilidade no atendimento
aos usuários. Alguns servidores tinham • Power point – básico (22 servidores
dificuldade em participar de capaci- inscritos).
tações que demandassem o acesso ao
computador. Cabe informar ainda que As oficinas foram ministradas no labo-
alguns servidores não acessavam seus ratório de informática do CRAS Bairro
emails e as informações disponíveis na Novo com carga horária de três horas
internet o que dificultava a divulgação semanais por três educadores da regio-
ampla de informações essenciais à exe- nal. A metodologia utilizada foi a expo-
cução dos serviços. sição de conteúdo e prática no labora-
tório através de:
Assim, a partir desta demanda, pro-
pomos uma oficina de informática aos • Apresentação das ferramentas e van-
servidores da regional. O principal tagens do uso da informática no traba-
objetivo foi instrumentalizar os servi- lho e na vida;
dores com as noções básicas de infor-
mática necessárias à execução de suas • Apresentação do conteúdo atrelado
atividades nos CRAS e CREAS. à prática, sempre incentivando a busca
213
do conhecimento a partir das noções • Conscientização dos servidores sobre
básicas; a importância do conhecimento de in-
formática na vida moderna, inclusive
• Resolução de dúvidas; para a aproximação com as crianças e
adolescentes atendidos no SCFV (Ser-
• Suporte pós-oficina; viço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos);
• Incentivo à aplicação do conheci-
mento aprendido no trabalho. • Ampliação das ferramentas disponí-
veis para os servidores atenderem os
usuários nos vários espaços: acolhida,
RECURSOS UTILIZADOS SCFV, cadastro único, etc.
• Laboratório de informática;
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
• Microsoft Windows XP;
O primeiro aspecto que nos chamou
• Microsoft Office 2003/2007; atenção foi a demanda apresentada pelos
servidores que superou todas as expecta-
tivas, refletindo a dificuldade das equi-
• Datashow;
pes com os processos informatizados.
• Notebook;
Os servidores inscritos participaram
motivados das oficinas que acabaram se
• Quadro branco;
tornando um espaço também de integra-
ção e valorização. A troca de saberes na
• Três educadores sociais com conhe-
oficina foi extremamente produtiva para
cimento em informática.
todos os servidores envolvidos. O grupo
teve a oportunidade de refletir sobre a
RESULTADOS OBTIDOS importância e a disposição para o apren-
dizado contínuo em todas as áreas para,
• Acesso dos servidores a conhecimen- inclusive, melhorar e facilitar nossa prá-
tos básicos de informática; tica diária de trabalho.

• Melhora no fluxo de comunicação Percebemos também que é necessário


interna da regional através dos emails; um olhar permanente para as necessi-
dades de capacitação e aprimoramento
• Melhora no registro de dados de dos servidores para que os mesmos sin-
atendimentos; tam-se valorizados e tenham condições
de atender os usuários com qualidade.
• Melhora no preenchimento das pla-
nilhas de rotina;

• Qualidade da informação repassada


durante o trabalho tanto para os cole-
gas como para o público atendido;

• Qualidade no atendimento ao público;

• Conscientização dos servidores para


o bom uso da internet tanto no ambien-
te de trabalho quanto no uso doméstico
dos computadores e internet evitando
golpes, vírus, etc;
CADERNO
DE
PRÁTICAS

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