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DE
PRÁTICAS
CADERNO
DE
PRÁTICAS
Ano 2015
Expediente
Prefeito de Curitiba
Gustavo Bonato Fruet
Superintendente Executiva
Simone Camargo Nadolny
Superintendente de Planejamento
Jucimeri Isolda Silveira
Diretor Administrativa
Luiz Henrique Rehme
Diretor Financeiro
Luiz Carlos Betenheuser Junior
Assessora Jurídica
Cibele Koehler Cabral
Publicação da Fundação de Ação Social
Organizadores:
Jucimeri Isolda Silveira
Nicoly Kulcheski Lachovicz
Paulo Roberto de Carvalho Mangili
Renata Duarte de Toledo Reizer
Presidente
Marcia Oleskovicz Fruet
Superintendente de Planejamento
Jucimeri Isolda Silveira
Assessor de Comunicação
Ricardo Sabbag Zipperer
Comissão de Análise
Adriana Becker Maria Aparecida dos Santos
Alzirio Ayres Marlene Filippini
Ana Luiza Suplicy Goncalves Michele Cristina Alves
Antonia Maria Druzian Garcia Nicoly Kulcheski Lachovicz
Daiane Ferreira Lourenço Odete Serafim
Eloíse Alves Manhães Paula Dorothea Scheffer de Oliveira
Erika Haruno Hayashida Paulo Roberto de Carvalho Mangili
Janicler Delmar Neves Alves Renata Duarte de Toledo Reizer
Katia Melissa Roden da Silva Roberta Konfidera L. de Oliveira
Lilian Gomes Brandao dos Reis Rosane Nunes de Deus
Lourdes Grabowski Rosida K. Rosa de Almeida
Lucimara Santos Orlandi Simone Alibosek
Luiz Alberto Agostinhacki Tatielly Leticia Sloboda Tozo
Maria Ines Gusso Rosa
Fica autorizada a reprodução do conteúdo da publicação, desde que não altere o sentido,
bem como seja citado a fonte.
Caderno dedicado
aos trabalhadores e
trabalhadoras
da Assistência Social
de Curitiba, que
desempenham importante
papel para materialização
desta política pública
na esfera da garantia
dos direitos.
10 Prefácio
13 Introdução
17 Trabalho Social
39 O Trabalho Social com a População em Situação de Rua: Uma Trajetória de Busca pelo
Reconhecimento e Resgate da Cidadania
85 O Trabalho Social com Idosos e Pessoas com Deficiência: A Linha Entre a Autonomia e a
Garantia dos Direitos
Apresentação
O
aprimoramento do Sis- Este Caderno de Práticas compõe um “Nossas
tema Único de Assis- conjunto de estratégias de difusão do jornadas
tência Social – SUAS trabalho social e da gestão do SUAS. de reuniões
requer o desenvolvi- Representa parte das intervenções re-
realizadas nos
mento da capacidade alizadas no cotidiano dos territórios
gestora dos municípios, estados e do curitibanos, na direção de uma cidade
equipamentos
governo federal no cumprimento de cada vez mais humana. Práticas que
da assistência
suas responsabilidades definidas no traduzem a importância dos trabalha- social e as
pacto federativo. Uma das competên- dores na política social, no acesso aos avaliações das
cias fundamentais é a implementação direitos de cidadania. supervisões
de mecanismos de educação perma- técnicas têm
nente que superem ações pontuais e As práticas aqui registradas materializam permitido a
possam fomentar a produção de co- o compromisso coletivo em apoiar os identificação
nhecimentos relevantes sobre a gestão usuários da assistência social na supera- de estratégias
e o trabalho social. ção de vulnerabilidades que expressam criativas e
desigualdades, mas também outras fra- inovadoras.”
O Plano Municipal de Assistência gilidades sociais que expõem pessoas aos
Social de Curitiba prevê o desenvol- riscos sociais. Também confirmam o de-
vimento de áreas estratégicas, espe- ver do poder público em direcionar po-
cialmente a educação permanente e líticas públicas que promovam o desen-
gestão do trabalho, a vigilância socio- volvimento social e territorial no sentido
assistencial, funções estruturantes no de ampliar a proteção social e de cons-
processo de aprimoramento da gestão truir possibilidades de maior equidade e
e das provisões no acesso aos direitos participação social.
socioassistenciais.
Torcemos para que este seja o primei-
Nossas jornadas de reuniões realizadas ro de muitos Cadernos de Práticas, que
nos equipamentos da assistência social valorizem e difundam o valoroso traba-
e as avaliações das supervisões técnicas lho social, em defesa da vida, dos direi-
têm permitido a identificação de estraté- tos e de uma sociedade mais humana!
gias criativas e inovadoras; de práticas que
respondem às vulnerabilidades e situa- Marcia Oleskovicz Fruet
ções de risco; das dificuldades que pesso- Presidente da Fundação de Ação Social
as e famílias vivenciam, mas também de
potencialidades, sonhos e expectativas de
reconstrução de projetos de vida.
10 CADERNO DE PRÁTICAS
Prefácio
O
central a criação Sistema Único de As- nificado em demais percursos em fase
de ambientes sistência Social - SUAS de implantação.
dialógicos, de inaugura um novo mar-
produção de co regulatório que ex- As comunicações presentes aqui reve-
saberes, difusão pressa a construção lam a complexidade das intervenções,
de conhecimentos do conteúdo específico da assistência dos fenômenos sociais e a amplitude
críticos, social na proteção social brasileira, das demandas por trabalho social no
inovadores e dinamizando estruturas e processos SUAS em Curitiba. São produções que
criativos.” destinados à democratização e qualifi- permitem identificar uma riqueza de
cação do acesso aos direitos socioassis- significados relacionados às necessida-
tenciais. Sua implementação e aprimo- des humanas, qualificadas como vulne-
ramento têm produzido ordenamentos rabilidades e violações, reproduzidas
institucionais e práxis que exigem no- numa sociedade desigual, ao tempo em
vos patamares de estruturação do tra- que suscita as potencialidades huma-
balho e da gestão. nas e o trabalho transformador. Des-
taco centralmente: o trabalho social
Na atual fase de desenvolvimento do voltado ao protagonismo na aliança
SUAS coloca-se como desafio central a dos trabalhadores com os usuários; a
criação de ambientes dialógicos de pro- acolhida nos serviços como estratégia
dução de saberes, difusão de conheci- de vinculação da população usuária
mentos críticos, inovadores e criativos. no acesso aos direitos; o desenvolvi-
Para tanto, é preciso oportunizar meios mento de processos socioeducativos
de reflexão e sistematização das práti- como estratégica de qualificação e
cas cotidianas, configurando possibili- fortalecimento dos direitos; novas me-
dades mais dinâmicas de intercâmbio todologias de trabalho social voltado
permanente de práticas, de significa- a grupos específicos como população
dos relativos às provisões, no âmbito de rua, mulher, pessoas com defici-
dos serviços continuados, programas, ência, idosos, adolescentes e jovens;
projeto e benefícios. a arte como mediação reflexiva sobre
o cotidiano; as reflexões e o direito à
Este Caderno de Práticas é a primeira ini- cidade; aprimoramento do serviço de
ciativa em educação permanente e gestão convivência e fortalecimento de vín-
do trabalho com o objetivo de iniciarmos culos como mecanismo de filiação so-
a sistematização dos “fazeres” aliada à cial a projetos coletivos e de vida, com
definição de espaços de planejamento e aproveitamento de habilidades sociais
estudos coletivos no percurso formati- e técnicas das equipes, independente-
vo de aperfeiçoamento. Neste sentido, o mente de funções; atuação com grupos
próprio caderno, nesta e em outras edi- historicamente visibilizados e com maior
ções, será refletido, aprimorado, resig- desvantagem no acesso ao trabalho como
11
direito; implantação do monitoramento menta as lutas e as formas de organi-
dos serviços; novos saberes sobre terri- zação que impactam politicamente
tórios e arranjos familiares; questões éti- na gestão e no trabalho, com defesa e
cas e técnicas que sustentam projetos de produção coletiva das estratégias de
vida e coletivos; organização de espaços organização da gestão do trabalho no
criativos e inovadores; aprimoramento SUAS, como a implantação de uma
da gestão do SUAS, com a regulação de Política Nacional de Educação Perma-
padrões de qualidade, acompanhamento nente, que impacte positivamente na
e supervisão técnica, gestão da informa- valorização e no reconhecimento dos
ção, espaços de estudos e planejamento; trabalhadores.
implantação de assessoria descentrali-
zada em educação permanente para a O trabalho social é desenvolvido em
qualificação político-pedagógica dos ser- condições objetivas que configuram
viços; realização de encontros regionais limites e possibilidades. A ética do tra-
sobre direitos humanos; ciclos de estu- balho no SUAS preconiza a assunção
dos; integração entre CRAS e CREAS e de perfis críticos e propositivos, de-
Quintas de Partilha como estratégia de mandando rigor teórico-metodológico
troca de saberes. e compromisso político com os usuá-
rios na reversão das condições institu-
Os registros deste Caderno expressam cionais que possibilitem a ampliação dos
parte do trabalho cotidiano, mas permi- direitos e a constituição de sujeitos polí-
tem identificar uma sintonia e materia- ticos, que partem da análise das próprias
lidade entre os objetivos do Programa determinações e dinâmica dos espaços
Curitiba Mais Humana e o trabalho de- socioinstitucionais em que se inserem, no
senvolvido na gestão e no trabalho social, reconhecimento do potencial reflexivo e
notadamente pela indissociabilidade en- interventivo de suas práxis e na direção
tre direitos humanos de pessoas e grupos da garantia de direitos, em respostas às
mais vulneráveis e com direitos violados, necessidades sociais.
e proteção social nos territórios a serem
desenvolvidos com estratégias de filiação Os espaços de estudos, planejamento
social, desprecarização das condições de e sistematização das práxis se colocam
vida e acesso a um conjunto de políticas como inovações importantes. Por isso,
públicas pela adoção de novas formas de é preciso potencializá-los como espa-
atuação intersetorial. ços dialógicos, inovadores, coletivos,
capazes de explicitar uma ética que
As novas requisições no campo da assis- interpela a realidade em suas contra-
tência social, correspondentes aos atribu- dições, fortalecendo o trabalho social
tos de gestão e de prestação de serviços, crítico, a formação e o exercício profis-
conformam um campo de saberes e prá- sional no SUAS, o fomento à pesquisa
ticas diversos que dimensionam um con- e produção de novos conhecimentos e
junto de conhecimentos, competências e práticas. O cotidiano deste trabalho de
perfis para o desenvolvimento das funções relevância pública compõe a conquis-
de gestão e atendimento. Tais requisições ta histórica dos direitos como travessia
estão relacionadas com os componentes para uma sociedade mais justa, iguali-
que estruturam a própria política, que vão tária e na direção da emancipação hu-
desde o diagnóstico socioterritorial até a mana.
elaboração da política e prestação de ser-
viços. Assim, também será fundamentar Boa leitura!
e criar possibilidades de sinergia entre o
trabalho e a gestão regionalizada com os
processos decisórios no SUAS. Jucimeri Isolda Silveira
Superintendente de Planejamento da FAS
A ativação de canais de participação Docente do Mestrado em Direitos
dos trabalhadores para o controle de- Humanos e Políticas Públicas e Curo de
mocrático da gestão do trabalho ali- Serviço Social da PUCPR
13
Introdução
A
o observar a complexida-
de da gestão do trabalho
compartilharem suas práticas, a fim
de possibilitar a socialização, troca de
“Escreve-se
no âmbito da assistência experiências por meio da sistematiza-
sempre para
social com significado ção das ações, com formulário próprio
dar a vida, para
histórico contraditório, que facilitasse a produção do conhe-
liberar a vida
que hoje se assume na busca pelo for- cimento e detalhamento do campo de aí onde ela está
talecimento de cultura democrática atuação profissional. As produções aprisionada,
e orgânica aos processos de emanci- foram avaliadas por uma Comissão para traçar
pação, percebeu-se a necessidade em formada por representantes das nove linhas de fuga”.
programar ações que ampliem o acesso regionais e gestão central, adequadas,
dos trabalhadores às práticas coletivas trabalhadas, refletidas e selecionadas Gilles Deleuze
e inovadoras, que promovam a garantia para a publicização a partir deste Ca-
de direitos e evidenciem a capacidade derno de Práticas, com objetivo de
de lidar com a realidade social. evidenciar práticas criativas, inovado-
ras ou cotidianas, mas garantidoras de
Além dos desafios colocados na im- direitos, que se adaptam às realidades
plementação da Política Nacional de vivenciadas pelos sujeitos envolvidos
Educação Permanente, na consoli- e pelos trabalhadores.
dação da Norma Operacional Básica
de Recursos Humanos e demais nor- Essa mobilização visou dar mais um
mativas que se vinculam à gestão do passo no envolvimento da Assessoria
trabalho, coloca-se em evidência o de Educação Permanente e Gestão do
imperativo de fortalecer as ações de- Trabalho com os/as próprios/as traba-
senvolvidas pelos trabalhadores do lhadores/as do Sistema Único de As-
SUAS, seja no provimento de serviços sistência Social de Curitiba, possibili-
e benefícios socioassistenciais, na ges- tando verificar sinais de precarização,
tão e/ou controle social. Tais ações de- dificuldades na apreensão da política,
vem ter como foco a desprecarização o fortalecimento da mesma em deter-
das condições de trabalho e a aproxi- minados territórios e a qualidade no
mação dos trabalhadores com ações atendimento aos usuários.
que consolidem a garantia dos direitos
e primem pela qualificação dos servi- Vale ressaltar que a troca de experiên-
ços prestados aos usuários da assistên- cias entre os trabalhadores e a Gestão
cia social, tendo em vista que algumas do Trabalho tende a facilitar o enfren-
vezes são realizadas ações pontuais e/ tamento das situações vivenciadas no
ou desarticuladas, com pouco caráter cotidiano e que exigem múltiplas habi-
reflexivo e crítico diante do território lidades para superação. Com a publica-
e do cotidiano vivenciado. ção e divulgação deste Caderno, é pos-
sível registrar os momentos e impactos
Neste sentido, iniciou-se ao final de gerados, sem que as práticas se percam
2014 um processo de mobilização e pelo passar dos anos e alteração do
incentivo dos trabalhadores da FAS a quadro funcional.
14 CADERNO DE PRÁTICAS
Por fim, mais que a importância obje- dos níveis técnicos e dos equipamentos
tiva na produção e sistematização do da assistência social de Curitiba. Nessa
conhecimento, a relevância está no in- análise, concluiu-se que havia a neces-
centivo de que os/as trabalhadores/as sidade de uma tutoria mais próxima
reflitam, pensem e repensem as ações dos/as trabalhadores/as para reescrita
desenvolvidas, gerando processos de de algumas práticas e/ou aprimora-
ação – reflexão – ação. Tal práxis permi- mento das reflexões constantes.
te ao sujeito ampliar seu campo de ação
3
e aprimorar suas análises na observação Com isso, a terceira etapa contou
do trabalho desenvolvido e assim, trans- com a tutoria agendada para as re-
formar a ação individual e coletiva do gionais e uma tutoria agendada na sede
equipamento/setor que faz parte.
para aqueles que não puderam compa-
recer ou agendar nos Núcleos Regionais.
Processo de Construção – Assim, houve a possibilidade de estender
o prazo para entrega da reescrita confor-
Metodologia de Trabalho me a disponibilidade dos equipamentos,
Para a edição das práticas, o processo regionais e demandas operativas.
de construção iniciou-se em outubro
de 2014 e possibilitou a reflexão da
própria equipe para o aprimoramento
e continuidade do processo que, ante-
4 Por fim, a Comissão reuniu-se no-
vamente para avaliar, destacar e
selecionar as práticas, a fim de finalizar
riormente, limitava-se a publicização o processo e sugerir novas configurações
das práticas em forma de caderno e para publicações posteriores.
atualmente se expande para a produ-
ção de reflexões acerca das práticas, Aborda-se nesta introdução o número
somadas às reflexões teóricas nos cam- de práticas que inicialmente foram rece-
pos específicos, nas produções acadê- bidas pela Assessoria de Educação Per-
micas, entre outras formas que incenti- manente e Gestão do Trabalho e quan-
vam e aprimoram as ações no âmbito do tas retornaram após as considerações a
Trabalho Social. análise da Assessoria e da Comissão. Vale
ressaltar que as práticas não aceitas refe-
A estratégia de ação utilizada foi dividi- rem-se a: (i) 18 práticas com retorno fora
da em quatro etapas: do prazo acordado entre os participantes
ou sem retorno em uma das etapas; (ii)
CATEGORIA Nº Práticas
Espaços de Estudo, Reflexão, Troca de Saberes e o Desenvolvimento de Competências 12
O Trabalho Social com Crianças, Adolescentes e Jovens: a Linha entre a Conquista do Direito e sua Consolidação no Cotidiano 7
O Trabalho Social com Idosos e Pessoas com Deficiência: a Linha entre a Autonomia e a Garantia dos Direitos 3
O Trabalho Social com a População em Situação de Rua: uma Trajetória de Busca pelo Reconhecimento e Resgate da Cidadania 2
Prática de Destaque 1
Trabalho Social
D
nome, nem
e acordo com as orienta- Em 2011, o Conselho Nacional de As- acredite no
ções técnicas “O CRAS sistência Social aprovou a Resolução calendário, nem
que temos; O CRAS que 27/2011 que caracteriza as ações de as- possua jardim
queremos”, as ações co- sessoramento, defesa e garantia de di-
munitárias consistem em
para recebê-la.”
reitos no âmbito da assistência social e
atividades de caráter coletivo, voltadas com isso, estabelece um vínculo estrei-
para a dinamização das relações do
Cecilia Meireles
to e delicado entre as entidades sociais
território, com objetivo de promover e a política pública. Na Lei Orgânica
a comunicação, mobilização e protago- de Assistência Social detalha-se que as
nismo, fortalecendo os vínculos entre entidades de defesa e garantia de direi-
as diversas famílias de um mesmo ter- tos são “aquelas que, de forma conti-
ritório, desenvolvendo a sociabilidade, nuada, permanente e planejada, pres-
o sentimento de coletividade e organi- tam serviços e executam programas
zação comunitária. ou projetos voltados prioritariamente
para a defesa e efetivação dos direitos
Neste sentido, a Política Nacional de socioassistenciais, construção de novos
Assistência Social propõe ações que direitos, promoção da cidadania, en-
ampliem o protagonismo das famílias e frentamento das desigualdades sociais,
indivíduos a partir do reconhecimento articulação com órgãos públicos de de-
das demandas sociais e diante dos ser- fesa de direitos, dirigidos ao público da
viços prestados organizados em pro- política de assistência social, nos ter-
teção social, vigilância social e defesa mos da Lei”.
social e institucional. Este último refe-
re-se a organização da proteção social Com isto, surge o primeiro questiona-
de forma a garantir o acesso e reconhe- mento: ao estabelecer diretrizes para
cimento dos seus direitos socioassis- entidades sociais presume-se que a
tenciais e sua defesa. prestação da assistência social em
seus diversos serviços tenha esse ca-
A perspectiva deste trabalho se coloca ráter de defesa e garantia de direitos,
na compreensão de que os usuários são visto que este potencial diferencia as
sujeitos de direitos, entretanto, muitas ações por menor que elas sejam, das
vezes não reconhecem quais direitos exis- demais políticas públicas? E neste
tem e assim não podem exigí-los. Com sentido, estão os trabalhadores do
um movimento que exige dos próprios SUAS dispostos a reconhecer e de-
trabalhadores o reconhecimento destes fender direitos dos usuários a fim de
direitos, tem por objetivo fortalecer os ci- que eles passem a reconhecer e lutar
dadãos em suas famílias e comunidades. por seus direitos?
18 CADERNO DE PRÁTICAS
EQUIPAMENTO: CRAS VILA VERDE que provê os mínimos sociais, realizada Os benefícios
através de um conjunto integrado de eventuais vêm
ações de iniciativa pública e da socie- sendo
DATA DE INÍCIO: MAIO/2014 dade, para garantir o atendimento às amplamente
necessidades básicas. (Lei 8.742 de 07
RELATOR: Ana Paula Pimenta Barbieri discutidos
de dezembro de 1993)
para
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: regulamentação
Para entender como a Política da Assis-
no município
Ana Paula Pimenta Barbieri/Ana tência Social é executada é necessário
de Curitiba.
saber que o SUAS é um sistema que or-
Aparecida Pereira da Silva Buzeti ganiza de forma descentralizada os ser-
A entrega de
viços socioassistenciais envolvendo as cesta básica,
três esferas do governo e que de forma mesmo não
articulada são responsáveis por prover compondo
os mínimos sociais. Este sistema está as prestações
dividido em duas Proteções: Proteção da assistência
SITUAÇÃO ANTERIOR Social Especial (PSE) e a Proteção So- social, é
A assistência social está prevista na cial Básica (PSB). realizada
Constituição Federal de 1988 no Art. atualmente
203 que diz: a assistência social será A PSE tem como foco atuar em núcleos em conjunto
prestada a quem dela necessitar, inde- familiares/indivíduos em que o vínculo com a política
pendentemente de contribuição à se- familiar está rompido/fragilizado, ou de segurança
guridade social. Já em 1993 é aprovada encontra-se com seus direitos violados. alimentar.
a Lei Orgânica da Assistência Social Dentro deste nível de atuação ainda há
(LOAS) com o objetivo de garantir o uma subdivisão em dois tipos de com-
acesso da população aos mínimos so- plexidade: alta complexidade e média
ciais para sua existência e visa meios complexidade. Já a PSB visa atuar di-
para o enfrentamento da pobreza. Mas retamente com famílias/indivíduos que
somente em junho/2004 que o Mi- estejam vivenciando situação de risco/
nistério do Desenvolvimento Social vulnerabilidade social, mas ainda com
e Combate à Fome (MDS) aprovou a vínculo familiar.
Política Nacional da Assistência Social
(PNAS) com a finalidade de reformular A PSB executa seus serviços nos Cen-
coletivamente a assistência social e im- tros de Referência de Assistência So-
plantar o Sistema Único de Assistência cial (CRAS), através do Programa de
Social (SUAS). Ao consolidar esta po- Atendimento Integral à Família (PAIF)
lítica pública foi possível regulamentar . De acordo com o MDS este serviço é
a LOAS que menciona em seu ART. 1°: um trabalho que visa fortalecer a fun-
ção protetiva das famílias, prevenin-
art. 1° A assistência social, direito do do a ruptura dos laços, promovendo o
cidadão e dever do Estado, é Política acesso e usufruto de direitos e contri-
de Seguridade Social não contributiva, buindo para a melhoria da qualidade de
20 CADERNO DE PRÁTICAS
Reunião de Rede
25
• Lista de Presença.
RESULTADOS OBTIDOS
A experiência do grupo é recente. Até
o momento foram realizados dois gru-
pos, sendo que o primeiro aconteceu
nos meses de Agosto e Setembro e o se-
gundo no mês de outubro.
balho e renda, na valorização do meio Mas para traduzir numa linguagem fá-
ambiente, na melhor qualidade de vida cil e acessível às mesmas, o intitulamos
de sua população, no adensamento da :”PENSANDO NO LUGAR QUE A
esfera pública e no exercício do contro- GENTE VIVE”.
le social.”
O formato do trabalho consistiu, num
N
Eu acho que
a sociedade atual, ba- dade complexa em questão. Em 2008, esse é o maior
seada nos valores de em uma parceria do MDS e UNESCO, erro do povo
mercado e consequen- foi realizada a Pesquisa Nacional sobre brasileiro...
temente na super va- a População em Situação de Rua, nos ter esse medo.
lorização do trabalho municípios com mais de 300 mil habi-
Então eu acho
como fundamento econômico, aqueles tantes e todas as capitais. Foram con-
que não constituem trabalho formal tabilizados aproximadamente 50 mil
que deveriam
normalmente são vistos como “vaga- adultos em situação de rua em 75 mu-
de ser cortadas
bundos”, “relaxados” e são esses nor- nicípios pesquisados e, embora o nú-
essas barreiras...
malmente, os nomes usados para des- mero seja expressivo, pode ainda não Elas ficam com
crever a pessoa em situação de rua. refletir a totalidade. medo, como
Levando em conta os fatores indivi- se a pessoa...
duais moralistas, cada um olha e julga O perfil levanta alguns dados, como: você dar um
esse grupo de indivíduos como aqueles 82% do sexo masculino; 53% com choque se ela
que têm vida mais fácil e só não melho- idade entre 25 e 44 anos; 67% são ne- fosse falar com
ram de situação por falta de vontade. gros; a maioria (52,6%) recebe entre ela. Porque
R$20,00 e R$80,00 semanais; Com- ninguém
Aos trabalhadores do SUAS, vale ana- posta, em grande parte, por trabalha- mata, eu posso
lisar a partir do senso comum ou é ne- dores – 70,9% exercem alguma ativida- conversar com
cessário um aprofundamento sobre os de remunerada; Apenas 15,7% pedem determinada
conceitos e direitos destes cidadãos? dinheiro como principal meio para a
pessoa sem
As práticas a seguir refletem esse olhar sobrevivência; 69,6% costuma dormir
reflexivo sobre a garantia dos direitos na rua, sendo que cerca de 30% o faz há
pegar uma
de um público excluído dos diversos mais de 5 anos; 22,1% costuma dormir
doença e
espaços, e que por vezes, privam-se do em albergues ou outras instituições; nem nada...”
convívio familiar e social. Mas antes, 95,5% não participa de qualquer movi- Depoimento de
cabem alguns pontos para reflexão: mento social ou associativismo; 24,8% Jorge um ex-
não possuem qualquer documento de morador de rua
De acordo com o Decreto no 7.053/2009, identificação; 88,5% não é atingida pela
que institui a Política Nacional para a Po- cobertura dos programas governamen- (MATTOS, 2003 p. 425).
pulação em Situação de Rua, as pessoas tais, ou seja, afirma não receber qual-
em situação de rua são consideradas um quer benefício dos órgãos governamen-
“grupo populacional heterogêneo que tais; 61,6% não exercem o direito de
5- MATTOS, R.
possui em comum a pobreza extrema, cidadania elementar: o voto.
M. Processo de
os vínculos familiares interrompidos ou
constituição da
fragilizados e a inexistência de moradia Entre as principais razões pelas quais identidade do
convencional regular, e que utiliza os lo- essas pessoas estão em situação de indivíduo em
gradouros públicos e as áreas degradadas rua, sobressaem: Alcoolismo/drogas situação de rua:
como espaço de moradia e de sustento, (35,5%); Desemprego (29,8%); Desaven- da rualização a
de forma temporária ou permanente, ças com pai/mãe/irmãos (29,1%). sedentarização.
bem como as unidades de acolhimento 2003. 186 f.
para pernoite temporário ou como mora- Os dados revelam mais do que apenas (Inicia-ção
dia provisória”. números. Evidencia-se cada vez mais Científica).
relevante e necessária a garantia de di- Universidade
Neste sentido, torna-se imprescindível reitos e inclusão dessa população nos São Marcos;
a identificação e reconhecimento des- serviços da rede de proteção social. O FAPESP, São
se público, pois as definições teóricas trabalhador da assistência social, além
Paulo.
não dão conta de refletir toda a reali- de reconhecer e identificar o perfil,
40 CADERNO DE PRÁTICAS
http://www.mds.gov.br/falemds/per-
guntas-frequentes/assistencia-social/
centro-pop-centro-de-referencia-es-
pecializado-para-populacao-em-situ-
acao-de-rua/centro-pop-institucional
http://www.mds.gov.br/falemds/per-
guntas-frequentes/assistencia-social/pse
-protecao-social-especial/populacao-de
-rua/populacao-em-situacao-de-rua
http://www.scielo.br/scie-
lo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S0102-71822004000200007
42 CADERNO DE PRÁTICAS
REFERÊNCIAS
Orientações Técnicas Centro de Refe-
rência Especializado para População
em Situação de Rua. SUAS e Popula-
ção em Situação de Rua - Volume III
Brasília, 2011
WWW.noticias.iniversia.com.br http://
carreiras.empregos.com.br/carreira/
administracao/ge/curriculo/melhorar/
cv_atraente.shtm
45
D
e acordo com a UNICEF, famílias pobres, enquanto as negras têm “Enquanto a
no documento “A conven- quase 70% de chances de viver na pobre- sociedade feliz
ção dos direitos da crian- za; Mesmo com redução da mortalidade não chega, que
ça”, “a criança é definida infantil, da pobreza e outros indicadores
haja pelo menos
como todo o ser humano no Brasil, a violência é ainda um cenário
com menos de dezoito anos, exceto se a alarmante, com registro de aproximada-
fragmentos
lei nacional confere a maioridade mais mente 129 denúncias por dia ao “Disque
de futuro em
cedo.” No Estatuto da Criança e do Ado- 100” e mais grave ainda se levado em que a alegria é
lescente (ECA), no Brasil, considera-se consideração o fato de muitos casos não servida como
criança a pessoa até doze anos de idade chegam a ser registrados. sacramento,
incompletos e adolescente aquela entre para que
doze e dezoito anos de idade. Segundo essa mesma organização, o as crianças
Brasil tem outros dois desafios a serem aprendam que o
Para acompanhar dados estatísticos so- superados além da violência, e nestes mundo pode ser
bre a população de crianças, adolescen- inscreve-se a política de assistência so- diferente”.
tes e jovens no Brasil, o Instituto Brasi- cial, articulada a medidas, instituições e
leiro de Geografia e Estatística (IBGE), órgãos, mas que tem em si grande parcela Rubem Alves
disponibilizou uma página chamada do trabalho. O primeiro desafio está em
“IBGE TEEN”, que fornece informações superar o uso abusivo das medidas de
acessíveis e sistematizadas, e traz ele- abrigo, e o segundo, diminuir o número
mentos importantes para uma reflexão das medidas de privação de liberdade
sobre o assunto. para o adolescente em conflito com a lei.
Nos dois casos, cerca de dois terços dos
De 1999 até 2009 a configuração dos da- internos são negros.
dos mudou e houve uma redução do con-
tingente de crianças e adolescentes até 19 Na política de assistência social estão
anos de idade, com proporção de 40,01% previstos os serviços de acolhimento ins-
em 1999 e 32,8% em 2009. Em contrapar- titucional como Proteção Social Especial
tida, um incremento considerável na pi- de Alta Complexidade e o Serviço de
râmide se deu na população idosa. Mes- Proteção Social a Adolescentes em Cum-
mo com essas alterações, o país pode ser primento de Medida Socioeducativa de
considerado essencialmente jovem, com Liberdade Assistida (LA), e de Presta-
cerca de 42% de sua população com até ção de Serviços à Comunidade (PSC), na
24 anos de idade (cerca de 80 milhões). Proteção Social Especial de Média Com-
plexidade. Por este motivo, faz parte da
Diante da totalidade, são outros os nú- superação dos desafios supracitados o
meros que preocupam e precisam ser Sistema de Justiça, o Sistema de Garan-
cada vez mais debatidos e tomados como tia de Direitos e as políticas públicas, in-
ponto inicial para o enfrentamento das cluindo a assistência social.
diversas violências que acometem esse
público, sejam elas violências psicológica Inserida no âmbito da proteção social, o
ou morais, que parecem sutis, mas reve- trabalho desta política institui-se desde a
lam reflexos irreversíveis no crescimento prevenção da ocorrência dos riscos e for-
infantil, seja a violência física ou sexual, talecimentos dos vínculos familiares e
que traduzem ainda a desproteção pela comunitários, até a atuação nos casos em
qual passam as crianças, adolescentes e que ocorrem violação de direitos, riscos
jovens. A partir de dados recolhidos pela estabelecidos e violências. Neste sentido,
UNICEF, 45,6% das crianças vivem em cabe a assistência social uma articulação
50 CADERNO DE PRÁTICAS
http://www.unicef.org/brazil/pt/activi-
ties.html
52 CADERNO DE PRÁTICAS
TÍTULO: Brinquedoteca
Gigante Itinerante
NADOR ENEAS FARIAS. Para isso foi Foi um movimento que fortaleceu
feito uma mostra dos jogos a um peque- parcerias entre os grupos, a interse-
no grupo da escola, o qual se compro- torialidade, o trabalho em equipe, a
meteu a multiplicar o conhecimento valorização pelo outro, trocas de ex-
adquirido ao restante dos alunos. periências e novas amizades. Além do
avivamento do vínculo entre família,
Todo trabalho foi realizado com mate- comunidade, adolescente e Centro da
rial reciclado e por ser em tamanho gi- Juventude (Centro de Referência de
gante usou-se muita cola e fita adesiva, Assistência Social).
a falta desse material quase compro-
meteu o resultado final. Contamos com O grupo percebeu a existência de ou-
algumas doações e mobilizações de ser- tros grupos no seu território, bem como
vidores em busca deste material para
formas de trabalho nas diferentes fai-
a finalização dos jogos. Atualmente, o
xas etárias. A pertença de grupo, o des-
grupo continua com 35 adolescentes
pertar da criatividade, o desenvolvi-
desenvolvendo outros projetos, defi-
mento de potencialidades.
nindo-os em conjunto. A contribuição
do Speculate e do Equilíbrio sociabili-
zou condutas, fortaleceu vínculos e co- A baixa frequência que inicialmente era
municações entre eles e os instrutores pontuada foi substituída hoje pela assi-
bem como com a família e o Centro da duidade e compromisso.
Juventude, avigorou assim a assiduida-
de e a continuidade do grupo. Um ponto bem positivo foi a recepção
dos outros grupos e a condução dispo-
nibilizada nas datas agendadas.
RECURSOS UTILIZADOS:
• 10 litros Cola branca; A negatividade resume-se nas diver-
gências e limitações do ser humano e
• Papéis; que comparada à apreensão das viven-
cias realizadas torna-se quase que invi-
• Caixas de papelão; sível.
Construção e apresentações.
56 CADERNO DE PRÁTICAS
REFERÊNCIAS:
Manual de Implementação do Progra-
ma Adolescente Aprendiz : vida profis-
sional : começando direito.
TÍTULO: Acompanhamento
Técnico Sistemático ao
Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos para
Crianças e Adolescentes de
6 a 17 Anos Executado por
Entidade Conveniada
Entre os EQUIPAMENTO: FAS/ NÚCLEO REGIO- Programa Integral à Família (PAIF) e
desafios está prevenir a ocorrência de situações de
trabalhar a NAL DO PORTÃO – CRAS GUAÍRA E risco social.
relação de CRAS PAROLIN
De acordo com a Tipificação Nacional
parceria com
dos Serviços Socioassistenciais (Resolu-
o máximo DATA DE INÍCIO: FEVEREIRO 2014 ção CNAS n° 109/2009) o SCFV tem ca-
de respeito ráter preventivo, proativo, está pautado
à história, a RELATOR: LUCIANE HAMMERSCHMIDT na defesa e afirmação dos direitos e no
cultura e a desenvolvimento de capacidades e po-
filosofia da PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: tencialidades, com vistas ao alcance de
Entidade alternativas emancipatórias para o en-
na busca de COORDENADORES, EDUCADORES E frentamento da vulnerabilidade social. A
flexibilizar TÉCNICO DOS CRAS GUAÍRA E PARO- participação de crianças e adolescentes
alguns modos LIN, COORDENADOR E EDUCADORES
no SCFV ou em outras atividades socio-
estabelecidos educativas da rede é considerada estra-
de trabalho os DE ENTIDADE CONVENIADA tégia fundamental para a interrupção do
quais, por vezes, trabalho infantil e para a oferta de novas
atravessam e oportunidades de desenvolvimento às
crianças/adolescentes.
se contrapõem
às adequações SITUAÇÃO ANTERIOR A Política Nacional de Assistência So-
necessárias. O Serviço de Convivência Fortaleci- cial (PNAS 2004) prevê a execução dos
mento de Vínculos (SCFV) é um servi- serviços de Proteção Social Básica de
ço ofertado pela Proteção Social Básica forma direta nos Centros de Referên-
(PSB) e visa complementar as ações do cia de Assistência Social (CRAS) e em
63
outras unidades básicas e públicas de O Reordenamento do Serviço de Con-
assistência social, bem como de forma vivência e Fortalecimento de Víncu-
indireta nas entidades e organizações los, no âmbito do Sistema Único da
de assistência social da área de abran- Assistência Social (SUAS), proposto a
gência dos CRAS. partir do ano de 2013, visou equalizar
a oferta do SCFV, unificar a lógica de
No município de Curitiba, os CRAS cofinanciamento e estimular a inserção
estão localizados em nove Núcleos Re- do público identificado nas situações
gionais. O Núcleo Regional Portão con- prioritárias conforme disposto na Re-
ta com quatro Centros de Referência de solução CIT n° 01, de 07 de fevereiro de
Assistência Social, entre eles o CRAS 2013. Implicou na adoção de novos pa-
Guaíra e o CRAS Parolin. Parte da área râmetros para cofinanciamento federal
territorial referenciada ao CRAS Guaí- e oferta do serviço. Previu a adequação
ra faz divisa com a área territorial refe- e a qualificação da oferta.
renciada ao CRAS Parolin. O território
do Parolin, a área de divisa territorial Com vistas à organização, planejamen-
mencionada e outras duas áreas refe- to, adequação e qualificação da oferta
renciadas ao CRAS Guaíra, têm perfil do SCFV para crianças e adolescentes,
acentuado de exposição a vulnerabili- conforme previsto no Reordenamen-
dades e riscos sociais e apresentam alta to e considerando o número elevado
demanda para o encaminhamento de de metas estabelecidas no convênio
crianças e adolescentes ao SCFV. com atendimento ao público de ambos
os territórios, optou-se pelo acompa-
A execução do SCFV para crianças e nhamento conjunto à Entidade pelos
adolescentes de 06 a 17 anos nos terri- CRAS Guaíra e Parolin.
tórios de referência dos CRAS Guaíra e
Parolin acontece de forma indireta. É
realizada por uma entidade de assistên-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
cia social localizada na área de abran- Preliminar ao contato com a Entidade
gência do CRAS Guaíra e conveniada a para a efetivação da proposta de acom-
Fundação de Ação Social (FAS). Trata- panhamento técnico do SCFV conforme
se de entidade civil, da ordem dos Sale- as adequações previstas pelo Reordena-
sianos de Dom Bosco, sem fins lucrati- mento, foram realizadas reuniões com os
vos e com fins filantrópicos, culturais, profissionais integrantes dos serviços de
beneficentes e de assistência social Proteção Social Básica do Núcleo Regio-
voltada à infância e a juventude. Possui nal Portão (NRPO), com fins de estabe-
duas unidades de atendimento, sendo lecimento de um plano de providências.
uma delas voltada para a execução do Participou a Gerente de Proteção Social
serviço para crianças de 06 a 12 anos Básica/NRPO, os técnicos da Equipe
e a outra unidade voltada para a exe- de Apoio as Entidades Sociais/NRPO, a
cução do serviço para adolescentes de Coordenação do CRAS Guaíra, a coorde-
12 a 17 anos. Apesar de estas unidades nação e a técnica de referência do SCFV
estarem localizadas na área de abran- do CRAS Parolin. Nas ocasiões foram
gência do CRAS Guaíra, elas atendem a repassados e discutidos os documentos
uma demanda relativamente equipara- de convênio da Entidade, o documen-
da dos públicos referenciados ao CRAS to Passo a Passo para o Reordenamento
Guaíra e ao CRAS Parolin. do SCFV, assim como planejado a orga-
nização dos fluxos de acompanhamento
Salienta-se que o convênio da Entida- (inclusões, desvinculações, controle de
de com a FAS para execução do SCFV participação mensal/freqüência, faltas e
a crianças e adolescentes de 06 a 17 desistências, acompanhamento familiar)
anos é anterior ao trabalho aqui des- e o cronograma de visitas.
crito, porém a sua execução, em uma
das unidades, foi para o Programa A primeira reunião realizada com a En-
Projovem Adolescente. tidade para tratar sobre a proposta de
64 CADERNO DE PRÁTICAS
REFERÊNCIAS
Documento Orientador Padrões de
Qualidade do Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos de 06 a
17 anos.
EQUIPAMENTO: CRAS JARDIM como fez seus direitos valerem e agre- Proporcionar
gar ou modificar a valoração que pode vivências
GABINETO fazer de si mesmo e do mundo que es- em que se
tão inseridos. O que visa a ser traba-
permitam o
DATA DE INÍCIO: 02 DE JANEIRO DE lhado nesse projeto é apresentar a este
reconhecimento
grupo outros conceitos de forte e fraco,
2014 certo e errado, justo e injusto, verdade
do valor pessoal
e mentira, dentro de seu conceito origi- e do outro.
RELATOR: GIOVANNA SIMONE STRU- nal, adequando e respeitando a forma Nosso principal
de agir e pensar, sempre num processo aprendizado é
CK GUAREZI BILHERBECK vencer nossas
de acolhimento, entendimento e então
esclarecimento. O problema central próprias
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: identificado para ser trabalhado foi muralhas, sair
SUELI LORENZOM (COORDENADO- à inversão ou até mesmo carência de de nossa zona
RA), GIOVANNA SIMONE STRUCK
valores singulares pensados de forma de conforto,
crítica pelo sujeito. O que se percebeu remover os
GUAREZI BILHERBECK (PSICÓLO- foi uma influência direta da mass mé- empecilhos que
dia, ou seja, dos meios de comunicação
GA),ANA LUCIA CARDOSO (EDUCADO- colocamos pelo
de massa (rádio, televisão, imprensa,
nosso medo de
RA SOCIAL), INDIANARA ANDRADE internet, etc.) que são percebidos por
tentar.
muitos como valores reais e únicos.
(EDUCADORA SOCIAL)
Esse projeto teve como objetivo geral
OTIMIZAR os serviços de Convivên-
cia e Fortalecimento de Vínculos entre
SITUAÇÃO ANTERIOR adolescentes de 12 a 17 anos residentes
na área de abrangência do Cras Jar-
Na área de abrangência do CRAS (Cen- dim Gabineto. Pretendeu-se adequar a
tro de Referência da Assistência So- PNAS (Política Nacional de Assistên-
cial) a vulnerabilidade entre o grupo cia Social) operacionalizada através
de crianças e adolescentes com idade do SUAS (2005) ao nicho específico
entre 12 e 17 anos é percebida em seu conforme necessidades mais iminentes
julgamento de valor, do que conside- para uma efetiva política de promoção
ram bom para si, a forma como encon- à vida. Visou-se afastar as vulnerabili-
tram de serem vistos e conquistarem dades de uma condição absorvida pela
seu espaço na sociedade; muitos se en- comunidade de que foram negados a
contram focados em conceitos propos- eles autonomia e responsabilidade e,
tos pela psicologia social de (maiorias e como resultado, a falta de confiança e
minorias) que não necessariamente evi- a certeza que não são reconhecidos por
denciam quantitativamente, mas entre outros grupos e nunca serão restando-
dominantes e dominados. Embora se- lhes somente a violência e a omissão. O
jam esses os valores que essa comuni- trabalho buscou evidenciar as poten-
dade por vezes se fez ouvir, da forma cialidades e colocar esse cidadão como
68 CADERNO DE PRÁTICAS
atuação, relação dialógica com o co- que é promover o bem social, pode-
lega, mas deve ser capaz de mobilizar mos contribuir de forma eficaz com o
esquemas de ação, caso contrário terá mundo e perceber que este talvez seja
sido inválido. Sabemos que aprende- o nosso principal legado e potencializar
mos quando transmitimos. pessoas que serão outros potencializa-
dores. Para isso se faz necessário um
Muitos têm resistência ao trabalho com constante processo de aprendizagem
crianças e adolescentes por acreditar mútua onde se ensina muito e também
que esta é uma função da escola, po- se aprende. Ter consciência do objetivo
rém, o aprendizado é integrado e nosso que nos levou a escolher acerca da nos-
papel é adicionar saberes. Assim como sa profissão é um dos aprendizados que
a escola não pode estar desvinculada não devemos esquecer.
do social, o social não pode estar des-
vinculado da escola, com relação à for- Buscamos permitir um enfoque reflexi-
mação do sujeito. É um processo que se vo agregando novos valores de forma a
interpenetra constantemente e que se vislumbrar a compreensão do sentido
soma em todos os momentos. Para que a fim de intervir no circuito recursivo,
o aprendizado não fique somente entre onde o indivíduo produz a sociedade
os muros da escola o que propõem a e a sociedade produz o indivíduo. Em
assistência social é uma atuação inte- uma simples e clara analogia, é como se
grada na família, com atendimentos e cada indivíduo fosse uma pilha ou uma
acompanhamentos PAIF e encaminha- bateria e dentro dele estivesse toda sua
mentos aos SCFV voltados para o aten- potencialidade e energia, mesmo que
dimento integral. esteja sem uso ou em uma zona de con-
forto, para que haja uma reação quími-
Se fortalecer enquanto equipe e ter ca basta que se ligue o fio. Lembrando
sempre em mente o que nos levou a in- que em uma pilha ou em uma bateria
gressar no âmbito da assistência social existe o pólo negativo e o positivo que
é uma reflexão que sempre se deve ter pode representar aqui as vulnerabilida-
em mente. Acreditamos que muitos a des (-) e as potencialidades (+) como la-
terão e nosso objetivo é nos melhorar tentes e naturais em todo ser humano,
e melhorar o em mundo que vivemos. mas o nosso papel nessa política é ser
o fio condutor que carregue os elétrons
É fundamental que se priorize a exce- do pólo negativo ao positivo para acen-
lência também no setor público e uma der a luz. Nosso papel é através das vul-
ferramenta para isso é a sistematização nerabilidades apresentadas resgatar as
do trabalho realizado, a partir do tra- diversas potencialidades e despertar,
balho de campo, sendo uma metodolo- iluminar para que esse sujeito possa ser
gia não recebida de “cima para baixo” além de um sujeito de direitos e deve-
como: “cumpra-se!”. Práticas como esta res, passe a ser o protagonista de sua
são construídas e adaptadas conforme vida, sujeito esse que paga o ônus para
a demanda da territorialidade. chegar ao bônus desejado, que mesmo
em um túnel escuro é capaz de vislum-
Proporcionar vivências em que se brar a luz. E esse nosso papel ocorre
permitam o reconhecimento do valor concomitantemente em nós e com eles,
pessoal e do outro. Nosso principal pois também pertencemos a essa socie-
aprendizado é vencer nossas próprias dade que queremos potencializar, hu-
muralhas, sair de nossa zona de confor- manizar e iluminar.
to, remover os empecilhos que coloca-
mos pelo nosso medo de tentar. Nem
sempre nos identificamos com a me-
REFERÊNCIAS:
todologia proposta, com o serviço pro- CREPOP – Centro de Referência Téc-
posto, com a faixa etária que devemos nica em Psicologia e Políticas Públicas.
trabalhar, porém se temos em mente Protocolo de Gestão dos Centros de
o foco, o objetivo do nosso trabalho, Referência da Assistência Social
73
BRASIL. Ministério do Desenvolvi-
mento Social; Secretaria Nacional de
Assistência Social. Política Nacional de
Assistência Social, PNAS/ 2004; Norma
Operacional Básica do Sistema Único de
Assistência Social – NOB/SUAS. 2005.
TÍTULO: Grupo de
Adolescentes – Mobiliza
REFERÊNCIAS
AGUIAR, Wanda M. Junqueira. Cons-
ciência e atividade: categorias funda-
mentais da psicologia sócio-histórica.
In: BOCK, Ana Mercês Bahia; GON-
ÇALVES, M. Graça M.; FURTADO,
Odair. Psicologia sócio-histórica: uma
perspectiva crítica em psicologia. 5. ed.
São Paulo: Cortez, 2011.
Dados de 2014:
FEVEREIRO 1 3 12
MARÇO 4 7 23
ABRIL 4 1 27
MAIO 3 5 16
JUNHO 2 1 4
JULHO 0 0 0
AGOSTO 0 0 0
SETEMBRO 2 1 6
OUTUBRO 5 1 18
NOVEMBRO 2 3 4
LA PSC LA/PSC
106 26 52 28
79
Tipo de MSE
Totalidades
80 CADERNO DE PRÁTICAS
... mas o desejo EQUIPAMENTO: UNIDADE DE ACO- outra providência, caso em que será
de fazer a esta incluída em programas de orienta-
diferença LHIMENTO INSTITUCIONAL SANTA ção e auxílio, nos termos do parágrafo
único do art. 23, dos incisos I e IV do
é maior e FELICIDADE – UAI-SF
caput do art. 101 e dos incisos I a IV do
é o grande
caput do art. 129 desta Lei. (BRASIL,
diferencial do DATA DE INÍCIO: JULHO/2010 lei 8.069/90)
nosso trabalho.
RELATOR: MÉRILIN CARVALHO Também nas Orientações Técnicas para
FERREIRA Serviços de Acolhimento está descrita
dentre as principais atividades que deve
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: ser desenvolvida pela equipe técnica a
“preparação e acompanhamento psicos-
TODA EQUIPE DE PROFISSIONAIS DA social das famílias de origem, com vistas
à reintegração familiar”.
UAI-SF
Cabe a nós, enquanto equipe do Aco-
lhimento Institucional engendrar es-
REFERÊNCIAS
Manual de Orientações Técnicas
para Serviços de Acolhimento. Dis-
ponível em http://www.mds.gov.br/
assistenciasocial/secretaria-nacional-
de-assistencia-social-snas/cadernos/
orientacoes-tecnicas-servicos-de-aco-
lhimento-para-criancas-e-adolescen-
tes-tipo-de-publicacao-caderno/68-o-
rientacoes-tecnicas-servicos-de-alco-
lhimento.pdf/download
N
o campo da assistência alçar a amplitude das ações abarcadas “Apenas quando
social, existem públi- por tal política na sociedade e na arti- somos instruídos
cos específicos para culação com demais garantias. pela realidade
atuação nos níveis de
é que podemos
proteção social básica e Em relação à Pessoa Idosa, há uma
especial, desde a prevenção de riscos e
mudá-la.”
projeção das Nações Unidas que indi-
fortalecimento de vínculos, até as me- ca que uma em cada nove pessoas no
didas necessárias em situações de vio- Bertolt Brecht
mundo tem 60 anos ou mais e estima-se
lência e ruptura de vínculos já estabe- o crescimento para um em cada cinco
lecidos, tendo como pressuposto cada por volta de 2050. No Brasil, o núme-
usuário como sujeito de direitos. Vale ro dobrou nos últimos 20 anos (IBGE),
uma reflexão acerca de dois públicos enquanto o número de crianças de até
distintos, que entretanto, perpassam quatro anos caiu de 16,3 milhões para
necessidades e intervenções semelhan- 13,3 milhões em 10 anos.
tes: a Pessoa com Deficiência e o Idoso.
Os dados sobre o Envelhecimento no
Segundo os dados do último Censo do Brasil da Secretaria de Direitos Huma-
IBGE de 2010, 23,92% da população
nos apontam que neste novo contexto
brasileira possui algum tipo de defici-
surgem necessidades como de “autono-
ência. No Paraná essa porcentagem é
mia, mobilidade, acesso a informações,
de 21,86%, ou seja, a cada quatro pesso-
serviços, segurança e saúde preventi-
as, uma tem algum tipo de deficiência.
va”, a ampliação de direitos às pessoas
idosas e uma nova concepção do pro-
Ao mesmo tempo em que o convívio
cesso de envelhecimento.
com pessoas com deficiência vem sen-
do ampliado e as políticas públicas se
As violências registradas pelo Disque
preocupam com o debate sobre a ques-
Direitos Humanos são de 68,7% de
tão, há uma escassa produção teórica
violações por negligência, 59,3% de
em relação aos riscos e violências sofri-
violência psicológica, 40,1% de abuso
das por esta população. Recentemente,
financeiro/econômico e violência pa-
um estudo divulgado pela UNICEF re-
vela que crianças com deficiência tem trimonial e 34% de violência física.
mais probabilidade de serem vítimas
de violência do que outras pessoas, tor- Para compreender os desafios presentes
nando-as mais vulneráveis na socieda- na área, vale retornar as deliberações da
de. A partir desta pesquisa, identifica- 3a Conferência Nacional da Pessoa Ido-
se que os números de violência contra sa, que pontuam sobre a necessidade da
crianças com deficiência variaram de intersetorialidade para a garantia dos di-
26,7%, para medidas combinadas de reitos, promoção do protagonismo para
violência, a 20,4%, para violência físi- conquista e implementação dos direitos,
ca, e 13,7%, para violência sexual. fortalecimento dos conselhos com am-
pliação da participação para defesa dos
Este sentido promove uma reflexão so- direitos, e reconhecimento da demanda
bre a necessidade da criação de meca- no Orçamento Público e Diretrizes Orça-
nismos para identificá-las, protegê-las mentárias.
e garantir o acesso às políticas públicas
e no campo da assistência social, a ne- Na 3a Conferência Nacional da Pessoa
cessidade em abordar o assunto e re- com Deficiência, as propostas adqui-
86 CADERNO DE PRÁTICAS
TÍTULO: Autonomia
na Terceira Idade
Por outro lado EQUIPAMENTO: CRAS ARROIO ou pelo menos a redução destes epi-
ocorreram sódios. Desta reflexão surgiu a ideia
ganhos no de realizar rodas de conversas e ofici-
DATA DE INÍCIO: 2011 – EM ANDAMENTO nas de reflexão, com temas variados,
sentido
conforme o grupo sugeria.
profissional RELATOR: NOEMI LIMA MEIRELES DE
e pessoal dos
envolvidos no SOUSA O objetivo principal foi melhorar
a interdependência, estimular uma
processo, visto
que ocorreram PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: maior participação, desenvolver a
autonomia dos membros do grupo e
quebra de EDUCADOR, TERAPEUTA OCUPACIO- ainda melhorar o posicionamento e
paradigmas
para estes, NAL (UNIART) E TÉCNICO tomada de decisão por parte dos par-
ticipantes e facilitar a introdução de
contribuindo novas atividades para o grupo.
para o sucesso
das ações.
SITUAÇÃO ANTERIOR Como base teórica acreditou-se que
a dialética (diálogo, debate, raciocí-
O Grupo de Convivência apresenta- nio, ouvir e falar – Paulo Freire) seria
va-se relutante aos processos de mu- o meio que em médio prazo iria tra-
dança e predominava o que já estava zer resultados eficazes em relação ao
estabelecido, por exemplo, artesana- grupo e de como eles percebiam estas
to como única atividade e sendo uma situações, sempre levando em consi-
atividade quase que individualista. deração o conhecimento, história de
vida e a opinião dos participantes.
Desde 2011, este grupo é acompanha-
do pelo mesmo educador, técnico e
T.O. (UNIART) o que permitiu ob-
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
servar que havia falta de respeito por Iniciamos as ações através de rodas de
parte de alguns participantes com os conversa, onde primeiramente busca-
demais, intolerância, falta de posicio- mos ouvir as “queixas” do grupo va-
namento, não participação das deci- lorizando a auto-expressão de cada
sões em grupo, resistência às ativida- indivíduo. A roda de conversa apresen-
des sugeridas, a falta de aspirações tou-se como atividade avaliativa grupal
era visível na maioria do grupo, até e individual, onde cada participante foi
mesmo para escolhas das atividades observado na maneira como agia e se
artesanais, também era perceptível posicionava durante a intervenção.
a posição da representante do grupo
que estabelecia um vínculo de posse Com base no diálogo, percepção do
sobre o grupo. indivíduo e do grupo e das atividades,
realizou-se um planejamento visando
Percebido esta problemática, tomou- contemplar as problemáticas e reso-
se a iniciativa de buscar uma solução lução das mesmas e buscando sempre
91
atingir os objetivos definidos. tocar no companheiro, pois este deve
ser guiado apenas pela voz. Após in-
Como a resistência aos processos de verte-se os papéis. Ao final é realiza-
mudança foi uma das circunstâncias da uma avaliação de como foi para
observadas, visto que na visão do cada um dos participantes e como se
grupo nossas propostas de atividades sentiu durante a atividade.
vinham de encontro ao que os parti- No segundo encontro foi apresen-
cipantes acreditavam serem os obje- tado o vídeo motivacional “Atitude
tivos do grupo, tivemos dificuldades é tudo de bom” e roda de conversa
para apresentarmos e executarmos para feedback.
algumas atividades grupais.
Atividade – Flash Mob realizado no Baile Rosa no dia 29/11/2014 para encerramento da Campanha Outubro Rosa, com
a participação dos participantes do grupo.
93
Um Ano de Condomínio
Social e os Diversos Olhares
que Compõem este Serviço
A
Fundação de Ação So- gradual autonomia e independência de
cial (FAS), gestora da seus moradores.
assistência social no mu-
nicípio de Curitiba, visa A Fundação de Ação Social, por meio
consolidar a assistência da sua atual gestão, compreendia que
social em Curitiba, atuando conforme deveria investir em maneiras alterna-
preconizam as diretrizes do Sistema tivas ao acolhimento institucional de
Único de Assistência Social (SUAS). pessoas adultas com maior grau de
Suas ações são voltadas prioritaria- autonomia e independência, como por
mente à indivíduos, grupos e famílias exemplo, a modalidade de atendimento
que se encontram em situação de risco em república. Somado a isso, verificou-
e vulnerabilidade social, sendo os seus se a necessidade de implantação de
serviços organizados em dois níveis de serviços de acolhimento emergenciais,
proteção: básica e especial. A proteção considerando as especificidades climá-
social básica refere-se à prevenção de ticas do município de Curitiba, as quais
situações de risco e a oferta de serviços usualmente geram risco e vulnerabili-
que visam à socialização e a convivên- dade aos seus indivíduos, em especial
cia familiar e/ou comunitária e a pro- a população em situação de rua, já que
teção social especial se caracteriza pela entre os meses de Julho e Setembro há
atenção integral e está voltada às fa- aumento de probabilidade de massas
mílias e indivíduos com direitos viola- de ar frio, com temperaturas mínimas
dos e laços familiares ou comunitários podendo atingir valores abaixo de 0ºC
rompidos ou fragilizados. Os serviços (Fonte Infotempo). Objetivando ga-
estão disponíveis nas modalidades de rantir a proteção da vida dos indiví-
média e alta complexidade. Na moda- duos mais suscetíveis a essas situações
lidade alta complexidade, conforme a climáticas, em 2013 foram elaboradas
Tipificação Nacional de Serviços So- estratégias emergenciais. Dentre es-
cioassistenciais (2009) está previsto o sas estratégias, destaca-se o serviço de
serviço de acolhimento em repúblicas, proteção em situações de emergência
o qual se destina a ofertar proteção, nomeado “Operação Inverno”. Tratou-
apoio e moradia subsidiada a grupos de se de uma medida aplicada pela atual
pessoas maiores de 18 anos em estado gestão da FAS de ampliar, em caráter
de abandono, situação de vulnerabili- emergencial, a oferta de serviços de
dade e risco pessoal e social, com vín- abordagem social e acolhimento insti-
culos familiares rompidos ou extrema- tucional para a população em situação
mente fragilizados e sem condições de de rua de Curitiba.
moradia e auto-sustentação. O serviço
deve ser desenvolvido em sistema de Objetivando ampliar os serviços ofer-
autogestão ou cogestão, possibilitando tados para a população em situação
98 CADERNO DE PRÁTICAS
TÍTULO: “República
Condomínio Social uma
experiência Pioneira no Processo
de Gestão Compartilhada”
EQUIPAMENTO: REPÚBLICA CONDO- Secretarias da Prefeitura Municipal
de Curitiba – PMC, observou-se a ne-
MÍNIO SOCIAL cessidade de reordenar os serviços da
Proteção Social Especial – PSE com
DATA DE INÍCIO: 07 DE JANEIRO DE ampliação de unidades de acolhimento
que pudessem atender a população em
2014. situação de rua, de forma qualificada e
personalizada, garantindo a construção
RELATORAS: DENISE GISELE RIS- conjunta com cada pessoa no seu pro-
cesso de saída das ruas, com cidadania,
SARDI, MARIA TEREZA GONÇALVES, dignidade, participação e autonomia.
MARILIS BAUMEL, NIUCÉIA DE
O fenômeno da população de rua se
FÁTIMA OLIVEIRA, SUZANA BORGES caracteriza por ser multidimensional.
RECANELLO Desta forma, é necessário fugir da ten-
dência à naturalização dessa questão
PARTICIPANTES: MORADORES DA social. Tendência esta, atribuída a indi-
víduos particulares ou famílias que são
REPÚBLICA CONDOMÍNIO SOCIAL culpabilizados pelas condições de vida
a que foram submetidos pelas condi-
RESPONSÁVEIS: TODA EQUIPE DE ções sociais existentes na sociedade.
dos profissionais da FAS e outros par- Portanto, receber o que vem da FAS, da
ceiros, da comunidade e já neste pro- PMC, do Governo Federal ou das doa-
cesso revolucionário sob a perspectiva ções dos parceiros, comunidade entre
de ouvir as pessoas em sua trajetória outros ganharam a proporção do resga-
de vida, dificuldades e esperanças. As- te do direito e do cuidado.
sim nasceu um novo modelo de profis-
sionalização da Assistência e de uma E assim destacamos algumas doações
Curitiba mais humana. Essa trajetória é que fizeram a diferença e foram dire-
a nossa base para implantar e/ou forta- cionadas para a estruturação individu-
lecer uma metodologia de participação alizada e coletiva dos espaços da casa,
compartilhada, onde trazemos enquan- doação de vinte beliches que foram
to profissionais a responsabilidade com transformados em quarenta camas in-
o trabalho e com os equipamentos, mais dividuais e um espaço de descanso e
com vistas oportunizar e respeitar um reconhecimento de pertença dos mo-
processo de relações horizontalizadas. radores; geladeiras que compuseram a
organização da cozinha e da copa; di-
RECURSOS UTILIZADOS ferentes tipos de mesas que organizam
de maneira interessante o refeitório, o
A FAS propiciou desde o início ma- espaço de multiuso e demais salas; as
teriais/equipamentos/serviços para TVs e mesas de jogos que são lazeres
viabilizar o funcionamento do Condo- diários; materiais de escritório para
mínio numa perspectiva importante equipar as salas da Coordenação, Equi-
de oferecer aos moradores espaço dig- pe Técnica e Administrativo; Tapetes,
no, levando em conta a estrutura físi- sofás, cadeiras que dão o aconchego de
ca do prédio locado e as necessidades uma casa.
primordiais para que pudéssemos dar
início e gradativamente ir compondo Alguns parceiros vieram como corres-
a casa de acordo com as necessidades, ponsáveis e investiram nesta proposta:
as possibilidades do poder público e as o Disque Solidariedade da FAS res-
condições para o recebimento de doa- ponsável pelo apoio primeiro; o Setor
ções. Todo este conceito sempre resul- de Marcenaria da FAS que produziu os
tou em reflexão educativa para equipe armários individualizados dos morado-
e moradores, no sentido de preparação res e promoveu a garantia da segurança
para vida pós Condomínio. Assim o pessoal; o Instituto Pró Cidadania de
principal aprendizado é valorizar o que Curitiba - IPCC por assumir a compra
conquistamos, o que construímos e o dos móveis do refeitório/cortinas/entre
fazer com criatividade diante das con- outros, que transformaram a grandeza
dições atuais. do espaço da casa em local organizado
capaz de desenvolver o trabalho com
Este processo estimulou a compreen- até 70 moradores; o Distrito de Saúde
são de que o Poder Público Municipal de SF, com o atendimento incondi-
com a contribuição do Governo Federal cional da Unidade de Saúde Campina
e sob a gestão da FAS, tem o compro- do Siqueira; a Secretaria Municipal
misso fundamental com a questão da do Meio Ambiente por meio do Hor-
população em situação de rua em Curi- to da Barreirinha com a concessão de
tiba e isto refletido em nossas reuniões 100 mudas de plantas que ornamentam
semanais com os moradores, visando a nossos jardins e oportunizam aos mo-
mudança de paradigma de um sistema radores condições de aprendizado e de
assistencialista bastante ultrapassado, cuidado com a natureza e hoje já temos
vai transformando o pensamento das inclusive uma horta; o Centro de Re-
artimanhas aprendidas na rua ou mes- ferência da Assistência Social - CRAS
mo pelo “drible” aprendido por profis- Bom Menino - SF pelo acolhimento/
sionais/moradores impedindo muitas encaminhamento dos Moradores quan-
vezes que a ética dos Direitos Humanos to aos seus direitos de construir cida-
pudesse ser respeitada. dania; o Centro de Referência Especia-
103
lizado da Assistência Social CREAS-SF • Livros recebidos da comunidade para
pelo acompanhamento/presença e in- iniciarmos a sala de Estudo e Cultura.
clusive encaminhamento de novos mo- Além desta sala ser utilizada diaria-
radores; a comunidade do entorno que mente pelos moradores, é também
questionou a nossa vinda, esclareceu e espaço de encontros para o público
acolheu os moradores com música, res- da casa e de outras autoridades: Ges-
peito e proximidade. tores da Assistência Social de Curiti-
ba e Região Metropolitana; do Comitê
Destacamos ainda doações vindas de Intersetorial de Acompanhamento e
cidadãos e empresas de Curitiba, que Monitoramento das Ações da Política
fazem a diferença no espaço e na forma Nacional para População em situação
de viver o Condomínio: de Rua - CIAMP; Ex. e atuais Ministras
do MDS, Direitos Humanos, entre ou-
• Obras de arte: são 44 quadros vindos tros. Foi realizado também um Curso
da Galeria Solar do Rosário em expo- de Desenvolvimento de Habilidades e
sição nos espaços coletivos do Condo- Competência - DHC promovido pela
mínio; FAS aos moradores. E vale ressaltar
que no Exame Nacional do Ensino Mé-
• Arquiteto Flávio Monastier, que em dio - ENEM/2014, tivemos a participa-
conjunto com a equipe profissional da ção de três moradores e um Educador
casa, da Manutenção da FAS e morado- Social, que foram estimulados pela in-
res fez a orientação para a definição da tervenção da equipe da casa, que além
posição dos quadros e também quanto de orientar os estudos buscou parceria
ao plantio de 100 mudas que recebe- para compra das apostilas. Acredita-
mos do Horto Municipal da PMC, para mos que toda esta vivência são vitórias
fazer os jardins no Condomínio; ímpares na construção daquilo que
verdadeiramente liberta para autono-
• Utensílios Domésticos Diversos (lou- mia, consciência de realidade e fortale-
ças, talhares, panos de louça, toalhas, cimento da capacidade de diariamente
material de jardinagem), doados in- promover a transformação cidadã.
clusive por servidores públicos, os pe-
quenos gestos que agregaram sabores e • Preparação para o Mundo do Tra-
valores; balho realizado pelo psicólogo Victor,
representante da antiga DMMT/FAS,
• Montagem da sala de vídeo com do- que contribuiu muitíssimo para uma
ação dos equipamentos, tornou viável maior condição dos moradores em re-
a participação de pequenos grupos de alizar entrevistas na procura de empre-
moradores que se reúnem nos finais de go; postura profissional; importância
semana para escolha do filme, na pre- do respeito às relações; auto-confiança
paração da pipoca, na compra conjunta para seguir buscando e se acreditando
de um refrigerante... Já recebemos pe- capaz.
dido dos moradores para utilizar este
espaço, também durante a semana nos • Trabalho de Coaching realizado por
horários deliberados em reunião para dois voluntários, Tiago e Sebastian,
uso da TV, com objetivo de assistir ou- os quais buscaram o condomínio atra-
tras programações ou mesmo vídeos vés das reportagens de divulgação do
diferenciados; projeto e oferecem gratuitamente o
acompanhamento para quatro mora-
• Equipamentos para academia, con- dores e estão construindo uma propos-
tribuição da Igreja São José Traba- ta de trabalho coletivo para ampliar a
lhador, nossos vizinhos e locatários. oportunidade e melhor prepará-los na
Nossos parceiros para além dos mu- condução das suas decisões e engaja-
ros, na compreensão maior do signifi- mentos, com vistas a desenvolver seus
cado do trabalho que realizamos nes- dons profissionais. São profissionais
te Condomínio. sérios que trazem em sua própria tra-
jetória de vida pessoal e profissional a
104 CADERNO DE PRÁTICAS
RESULTADOS OBTIDOS
PRINCIPAIS DESAFIOS E AVANÇOS DESTE UM ANO DE EXISTÊNCIA:
Desafios Aprendizados
• Seleção dos Moradores: como mobilizar e reconhecer os candidatos, • Construir com a equipe do Condomínio Social, da Unidade de Acolhimento
em condições de se responsabilizar pelo processo de aprendizado e de Rebouças, da Central de Resgate Social, Centro POP Boqueirão, CREAS e
moradia coletiva em sistema de república. demais setores e profissionais da FAS, o perfil de entrevista, sensibilização e
seleção dos futuros moradores para o Condomínio Social. A importância da
opção consciente de cada morador em inserir-se no condomínio conhecendo
as regras e o funcionamento, isso responsabiliza e ajuda na permanência.
• Escalas a Escola do Condomínio: facilidade para alguns e dificuldades • Cuidar-se e também do coletivo é um dos trabalhos mais exigentes com
para muitos, participar depois de algum tempo de moradia, das escalas os moradores. Depende de um estímulo diário e incansável da equipe,
para os trabalhos cotidianos na cozinha, na limpeza, com os apartamentos dos próprios moradores entre si e da descoberta cotidiana de como esta
e banheiros, com os seus pertences. situação pode ser transformada. Esta é uma pauta permanente nas reuniões
com moradores, onde reconhecemos os avanços, mediamos as sanções,
trabalhando com o contexto dos acontecimentos para que o próprio regi-
mento tenha a dimensão da realidade vivida e seguimos tendo que aprender,
com os que já estão a mais tempo e com os chegam, com outros costumes
interferindo na trajetória. É uma necessidade de retornar freqüentemente
nessa temática.
106 CADERNO DE PRÁTICAS
Desafios Aprendizados
• Trabalho X Realidade: preparação para busca do trabalho e depois as • Uma frase logo nos primeiros meses impactou “vocês tratam o trabalho
dificuldades imensas para se manter no emprego. como a solução e pode estar sendo uma arma”. Silenciou equipe e morado-
res, buscar trabalho foi coletivamente um caminho animador, mais perceber
que literalmente os ganhos financeiros, disparam o gatilho pela fissura da
droga e do álcool era alarmante. E aí fomos contando com um trabalho par-
ceiro fundamental com a presença do psicólogo Victor Piassa da DMMT-FAS,
que conquistou nossos moradores e por meses reuniu os interessados em
avançar no tema das relações de trabalho. Desde como fazer uma entrevista,
ter atitudes que contributivas para a manutenção no emprego até o como
cuidar da questão financeira, para ter boas condições de vida no presente e
uma poupança para quando sair do Condomínio e tocar a vida.
• Imediatismo e Autoritarismo: os moradores trazem as questões de • Ponto forte tem sido o debate nos espaços de reunião semanal, onde
maneira individualista e imediatista quase sempre. Não há espaço para o utilizamos uma metodologia de tratar os assuntos por pauta, ouvindo a
“depois”, “daqui a pouco” e “amanhã” parece não existir. A vida nas ruas todos(as) moradores e profissionais. Mediamos os encaminhamentos e
tem a prioridade do agora e isto parece os tornar extremistas. As mudan- reflexões e definimos procedimentos para serem adotados pelo Condomínio
ças frente às dificuldades são exigidas com muita rigidez, diante dos ou seja pelo Coletivo
temas: escalas, quebra de regras, dependência química, atitudes dos mora-
dores que não contribuem para o coletivo... Pedem sanções duras como Percebe-se que a medida que enfrentamos as crises com mudanças no
desligamentos, presença da polícia, providências da equipe para inibir e/ funcionamento da casa, os vínculos de confiança parecem subsidiar
ou impedir que tais situações aconteçam, afastamento dos profissionais também a transformação dos moradores na forma de expressão diante das
que de alguma maneira não condiz com as expectativas, entre outras cobranças, do engajamento, do estímulo em ser também responsável pelo
Condomínio, pelos avanços e pela sua trajetória. Muitos fazem depoimentos
Percebe-se por vezes uma visão distorcida da realidade, do que é direito e importantes e espontâneos nas reuniões, em espaços de comemoração, com
do que pode ser utilizado tendencialmente para privilégios de alguns; visitantes, etc.
Outro aspecto bastante desafiador e constantemente vivenciado é o receio A construção do Regimento interno, proporcionou também que fosse garan-
de rever a própria trajetória, as suas atitudes e com facilidade se desvia tido o direito ao debate coletivo sobre o funcionamento da casa. Este tempo,
o olhar para culpabilizar o outro. Estas não são situações vivenciadas foi também um espaço que proporcionou a formação gradativa entre equipe
somente no Condomínio Social, pois pertence ao sistema de defesa do ser e moradores, de como estabelecer parâmetros para que o Condomínio seja
humano e comumente os grupos trazem esta atitude. O que elencamos um espaço de convivência, de acolhimento e principalmente que proporcio-
aqui é a intensidade e o rigor do julgamento. ne condições para o desenvolvimento da autonomia e o fortalecimento de
uma trajetória cidadã, com os direitos humanos compreendidos e o como
acessar as políticas sociais e o trabalho.
107
Desafios Aprendizados
É também exigente o aprendizado para nós enquanto equipe de acompanha-
mento e/ou do trabalho cotidiano, ter a paciência histórica de Paulo Freire e
perceber a importância do trabalho diferenciado e permanente, que esta rea-
lidade precisa para que possamos compor a garantia de direitos, a proteção,
o aprendizado cotidiano, a elevação da auto-estima, a firmeza diante dos
limites, a construção de um processo pedagógico cotidiano que aproxime e
faça deslanchar, numa construção coletiva concreta.
• Saúde Mental: as recaídas com uso e/ou abuso do álcool, crack, cocaína • Procuramos conhecer e firmar parceria com toda rede de tratamento e
e outras drogas, traz consequências importantes para trajetória individual, enfrentamento das questões de saúde mental: Unidade de Saúde referência,
coletiva e social de todos. Principalmente quando não se tem adesão para UPA para as emergências, grupos de auto-ajuda Narcóticos Anônimos - NA,
o tratamento e/ou engajamento para compreender os riscos pessoais e Acoólicos Anônimos - AA; Centro de Atenção Psicossocial - CAPS, Consultó-
coletivos, além de toda “escravidão recorrente” que a dependência química rio na Rua, além das buscas espontâneas e proximidade com instituições
oculta, por doenças psíquicas não tratadas. religiosas, casas terapêuticas que os próprios moradores tem em suas
trajetórias de vínculos.
Frente aos grandes desafios que enfrentamos, temos proposto a formação de uma COMISSÃO entre profissionais envolvidos com os Acolhimentos do Municí-
pio, setor de Direitos Humanos da PMC e demais Órgãos envolvidos com a realidade da população em situação de rua, para trabalharmos desde as questões
que envolvem a entrada no Condomínio e em outros abrigos até toda complexidade que leva ao desligamento dos mesmos.
108 CADERNO DE PRÁTICAS
Acolhimentos Moradores
Residem no Condomínio em 07/11/14 55
Solicitação Voluntária 16
Evasão 11
Total 52
Em busca de Trabalho 17
Recluso 01
Auxílio Doença 01
Total 55
109
tos receios que são superados a medida • Encontro com as famílias realizada no
que os moradores avançam em determi- Festerê Junino, onde muito nos surpre-
nação, encorajamento e preparação. E endeu a adesão dos familiares, o receio
também enfrentamos com os moradores com que chegaram no Condomínio com
as frustrações pela não condição de con- dificuldade até mesmo para entrar e a fe-
tinuidade e permanência de muitos nos licidade do que foi se transformando em
seus empregos. Temos como diretriz a proximidade, alegria, diálogo e reconhe-
não desistência do processo motivacio- cimento de que os moradores vivem num
nal e realista, e agimos constantemente espaço diferenciado. “Aqui é bom de se vi-
com as orientações, esclarecimentos, ver”, estava escrito no sorriso de todos que
acompanhamento, presença diária e puderam celebrar a virada da vida com
quando necessária e possível interven- seus laços de amor, de família, de vida;
ção conjunta nos espaços de trabalho,
para compreender e contribuir para • Importância das reuniões com algu-
manutenção dos moradores no trabalho mas famílias que são possíveis de aces-
e também para a realização de buscas so, ou que vem até o Condomínio para
mais assertivas. conhecer o espaço, etc. A equipe técnica
realiza um trabalho de proximidade e
Também é um aspecto relevante me- esclarecimentos e muitas vezes resulta
diação das posturas imediatistas e aus- num resgate de relações distantes e/ou
teras com que esta população aprendeu fragilizadas;
a recorrer, acreditamos que essas sejam
medidas de proteção e sobrevivência na • É por meio das reuniões semanais
rua. E mostrar as duas principais facetas que percebemos a maior força do tra-
da nossa proposta, que este Condomínio balho coletivo, onde as lideranças se
é um direito e o sucesso dele depende colocam diante do que precisa avançar
da nossa capacidade de vida coletiva, e fazem cobranças para melhorias. É
tem sido os maiores instrumentos para onde também a metodologia das defi-
construir pactos humanizados, sérios nições compartilhadas, se transformam
e permanentes, resultante inclusive na em procedimentos para moradia e ope-
escrita do Regimento Interno que assim racionalização do Condomínio. Estes
que for concluído pretendemos disponi- encontros ocorrem nas terças-feiras
bilizar no site da FAS. das 20h às 22h e tem sido acompanha-
do inclusive por uma equipe do Instituo
As maiores facilidades vêm sendo o Municipal de Administração Pública -
apoio incondicional da FAS em todas as IMAP para realizar estudos.
suas instâncias e de maneira muito pre-
sente o acompanhamento realizado pela • Reflexão sobre as questões políticas,
FAS – SF e as parcerias compreendidas sobre a importância do voto consciente
como a nossa rede social local. Traze- e os demais movimentos e posiciona-
mos a cada passo uma reflexão, buscan- mentos que precisamos ter para contri-
do explicação, compreensão e avaliação buir com uma sociedade mais humana
para superação. e justa com todas as pessoas. Tudo isso
mobilizado pelas campanhas políticas
Mas seguir em frente também depende em 2014 onde nenhum horário eleitoral
de concisão. Aqui, uma: lista do que fi- foi deixado de assistir e ser debatido en-
cou gravado como evolução: tre os moradores;
DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO. Tipifi- Nos dias das provas o maior incentivo
cação Nacional de Serviços Socioassis- que tive, foi a presença da Coordenação
tenciais. Resolução no 109, de 11 de no- ter vindo ao Condomínio somente para
vembro de 2009. nos apoiar.
Tudo isso também não foi só Através deste novo modelo de trabalho
um mar de rosas, também teve seus acredito que estamos na direção certa.
espinhos, principalmente com a luta Quero deixar uma mensagem que acho
da sobriedade e o convívio com outros que serve para todos: “Se desejarmos
condôminos, mas sempre tivemos o ampliar nossa maturidade, precisamos
apoio de todos os profissionais. desde já eliminar algumas imaturida-
des, tais como: autocorrupção, desorga-
Completei um ano no Condo- nização, fanatismos, futilidades, medos,
mínio Social e quero agradecer a todos preconceitos, preguiça, superstições,
pelo carinho, respeito e a excelência em vícios e muitos outros empecilhos que
tudo que fazem pela questão social. atravancam nossa evolução.
___________________________________ Um Abraço
GESTÃO DO SUAS
A
aspectos mais
Gestão da Política Na- tas”, (Brasil, CapacitaSUAS Caderno profundos de
cional de Assistência 2, 2013, p.37) e prevê ações para a uma existência
Social na perspecti- acolhida, convivência e socialização que é a um só
va do SUAS se dá pela das famílias e indivíduos como res-
compreensão dos con-
tempo social
posta às situações de vulnerabilidade
ceitos e bases de organização como social. A proteção social especial se
e individual,
a Matricialidade Sociofamiliar, a destina às situações de desproteção
projetos de
Descentralização Político-Adminis- já agravadas, que colocam em risco
vida, desejos,
trativa e Territorialização, a Relação pessoal ou social o cidadão, grupos ou necessidades,
entre o Estado e a Sociedade Civil, o famílias com direitos violados, amea- satisfações e
Financiamento, o Controle Social, a çados, com ocorrência de violência, frustrações
Política de Recursos Humanos, e a abuso, exploração, abandono, rompi- que, enquanto
Vigilância Socioassistencial. Dentro mento e/ou fragilização dos vínculos experiências
disso, inaugura-se o desafio de não etc. Diante da complexidade das situ- vão carregando
apenas compreender os conceitos, ações, as demandas integram as ações de significado a
mas incorporá-los e traduzi-los em da média complexidade quando ainda vida cotidiana”.
ações práticas que aprimoram e qua- há vínculo familiar, afetivo ou comu-
lificam a prestação dos serviços e os nitário, mesmo que fragilizado, e da Lacombe (2007)
processos de trabalho na lógica do alta complexidade quando ocorre o
Trabalho Social. rompimento do vínculo.
REFERÊNCIAS
Conselho Municipal de Assistência So-
cial de Londrina. Resolução 060/2012.
REFERÊNCIAS
Base Cadastro Único da Prefeitura
Municipal de Curitiba
REFERÊNCIAS:
Ofício circular no43/ SENARC/ MDS
TÍTULO: Processo de
Reordenamento de Serviços
do CREAS Boqueirão
EQUIPAMENTO: CREAS BOQUEIRÃO rão observaram que em muitos casos A análise
não ocorria um bom aproveitamento deste cenário
de todos os saberes profissionais que objetivou
DATA DE INÍCIO: JAN/2014 compunham a equipe, e que devido a
o repensar
questão da ansiedade profissional, a
RELATOR: ROBERTA SCARABELOT complexidade e a emergência das si-
da práxis, a
desconstrução
CAMARGO, CHARLI REGINA DA SILVA tuações, as trocas entre os profissio-
de velhos
nais eram superficiais, não havendo
PADILHA discussões sistematizadas de casos e paradigmas e
real aproveitamento dos saberes pro- a construção e
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: fissionais de cada área de atuação. reconstrução
Outro ponto detectado nas reuniões de conceitos
EQUIPE DO CREAS BOQUEIRÃO de equipe e que dificultava o traba- e práticas,
lho era a compreensão e a percepção bem como a
das nuanças intrínsecas de cada ser- proposição de
viço ofertado, bem com a intersecção novas formas
SITUAÇÃO ANTERIOR entre estes serviços, o que interferia de pensar e
diretamente na sistematização e regis-
O Centro de Referência Especializado operacionalizar
tro das informações e dos casos, preju-
da Assistência Social (CREAS), é uma dicando o diagnóstico e o atendimento
os serviços.
unidade que referencia os Serviços dos casos.
da Proteção Social Especial de Média
Complexidade, o que impõe à práxis Aliado a estas reflexões, outro ponto
dos profissionais que atuam no CRE- analisado era a questão do atendimen-
AS uma expertise maior e um olhar to por território, pois os serviços não
qualificado e especializado. Devido a estavam sendo operacionalizados em
complexidade das demandas que che- suas especificidades, conforme a Tipi-
gam para atendimento, a dinâmica da ficação Nacional dos Serviços Socioas-
Proteção Especial possui como pecu- sistenciais. Assim sendo, a inquietação
liaridade a necessidade de grande en- e a necessidade de entender, qualificar
volvimento profissional, de qualifica- e organizar os serviços prestados no
do olhar, decisões rápidas e eficazes. CREAS Boqueirão foi a mola propulso-
Deste modo, a dinâmica de trabalho ra para busca por um novo olhar para
no CREAS causa nos profissionais o trabalho. Associado a isso, houve a
grande nível de estresse e ansieda- mudança de gestão municipal e o in-
de, pois muitas vezes o profissional centivo desta para o reordenamento
sente-se impotente frente a situações dos serviços.
complexas, não conseguindo em al-
gumas situações efetividade da sua A análise deste cenário objetivou o
práxis. Ao refletir sobre sua prática, repensar da práxis, a desconstrução
os profissionais do CREAS Boquei- de velhos paradigmas e a construção
142 CADERNO DE PRÁTICAS
TÍTULO: Supervisão,
acompanhamento e análise
dos Relatórios Mensais dos
Centros de Referência de
Assistência Social - CRAS
O trabalho EQUIPAMENTO: DPSB - DIRETORIA nal de Assistência Social – CNAS, a
destacou-se Proteção Social Básica é composta
pelo seu cunho DE PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA / por três serviços: Serviço de Prote-
pedagógico, ção e Atendimento Integral à Famí-
COORDENAÇÃO DE SERVIÇOS SOCIO- lia (PAIF); Serviço de Convivência e
buscando
superar as ASSISTENCIAIS À FAMÍLIA Fortalecimento de Vínculos (SCFV);
e Serviço de Proteção Social Básica
resistências
iniciais, DATA DE INÍCIO: SETEMBRO / 2013 no domicílio para pessoas com defi-
ciência e idosas.
alinhando
conceitos, RELATOR: ANDRÉA PHILIPPI CAMBOIM
Todos esses serviços são ofertados
criando E DANIELE CRISTINA CONTI PEREIRA ininterruptamente pelos Centros de
consensos e Referência de Assistência Social –
elaborando PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: CRAS e os registros são feitos nos
documentos, Relatórios Mensais dos CRAS.
com vistas à EQUIPE DA DIRETORIA DE PROTEÇÃO
construção SOCIAL BÁSICA - COORDENAÇÃO DE Até setembro de 2013, os Relatórios
coletiva e Mensais dos CRAS, no município
corresponsável. SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS À de Curitiba, eram preenchidos pelas
FAMÍLIA, GERENTES DA PSB - PROTE- equipes dos núcleos regionais e enca-
minhados diretamente à Superinten-
ÇÃO SOCIAL BÁSICA DOS 09 NÚCLE- dência de Planejamento – SPL para
OS REGIONAIS E COORDENADORES compilação dos dados na intranet da
FAS, elaboração de documentação
DOS CRAS. e preenchimento no sistema RMA –
Relatórios Mensais de Atendimento,
ferramenta informatizada que tem
como objetivo contribuir para a qua-
SITUAÇÃO ANTERIOR lificação das informações no âmbito
do Sistema Único de Assistência So-
Conforme a Tipificação Nacional de cial - SUAS, por meio da uniformiza-
Serviços Socioassistenciais, Resolu- ção dos registros das informações dos
ção no 109/2009, do Conselho Nacio- CRAS, CREAS e CENTROS-POP, do
149
Ministério de Desenvolvimento So- • Identificação familiar: relação no-
cial e Combate à Fome - MDS. minal, perfil e outras informações
sobre as famílias inseridas no acom-
Percebendo-se a necessidade de panhamento PAIF;
aprimorar e qualificar os dados in-
formados mensalmente pelos CRAS, • Ações complementares: informa-
criou-se uma etapa intermediária ções sobre Cadastro Único, grupos
no processo, de responsabilidade da comunitários, articulação com a rede
Diretoria de Proteção Social Básica, local e ações de mobilização para o
para supervisão, acompanhamento e trabalho;
análise dos Relatórios Mensais.
• SCFV (Serviço de Convivência e
O objetivo foi construir uma nova Fortalecimento de Vínculos): infor-
percepção junto às equipes: a de que mações sobre pessoas no Serviço de
o relatório é um importante instru- Convivência e Fortalecimento de
mento de trabalho, que possibilita a Vínculos;
leitura das ações realizadas no equi-
pamento, das características do ter- • SPSB no domicílio (Serviço de Pro-
ritório e das demandas das famílias. teção Social Básica no domicílio para
pessoas com deficiência e idosas):
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA informações sobre pessoas e famílias
acompanhadas no referido Serviço;
Os relatórios mensais são preenchi-
dos mensalmente pelo coordenador • Centro de Convivência Amigo Curi-
do CRAS e validados pelos gerentes tibano: informações sobre pessoas
de Proteção Social Básica do Nú- com deficiência que participam men-
cleo Regional. salmente das atividades na unidade
(apenas para o CRAS de referência);
Os dados informados são utilizados
institucionalmente para acompanhar o • Grupo de PcD (Pessoas com Defi-
trabalho dos CRAS e núcleos regionais ciência): informações sobre pessoas
e subsidiar a diretoria com indicadores com deficiência que participam de
de gestão e de resultados, contribuin- grupos específicos (somente para al-
do para a tomada de decisão. guns CRAS).
REFERÊNCIAS
BRASIL. Conselho Nacional da As-
sistência Social. Tipificação Nacio-
nal de Serviços Socioassistenciais
(Resolução no 109, de 11 de Novem-
bro de 2009) Brasília, MDS: 2009.
TÍTULO: Supervisão em
A possibilidade
de profissionais Cadastro Único e Gestão
da Sede
Administrativa
da Fundação
de Ação Social
de Benefícios
deslocarem-
se para os
equipamentos
onde estão
localizados os EQUIPAMENTO:DIGB – DIRETORIA DE nalidades do Programa Bolsa Família.
A capacitação dos servidores munici-
atendimentos das INFORMAÇÕES E GESTÃO DE BENE- pais melhora sensivelmente o serviço
pessoas/famílias FÍCIOS ofertado à população, principalmente
cadastradas no no atendimento as pessoas ou famílias
CadÚnico e DATA DE INÍCIO: 2013
que buscam os serviços da assistência
beneficiarias de social, seja no repasse de orientações
Programas Sociais, apropriadas acerca do benefício Bolsa
criou um ambiente RELATORES: ALZYRIO AYRES E SIMO- Família, seja no acesso a ele. Para isto
favorável para que NE ANDREIA ALIBOSEK é necessário que os servidores da Pre-
feitura Municipal de Curitiba, especi-
os participantes ficamente dos Centros de Referência
se sentissem PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: da Assistência Social, tenham a com-
à vontade e ALZÍRIO AYRES, DANIELLE DO preensão necessária para operaciona-
pudessem abordar lização dos Programas. Tais capacita-
as dificuldades ROCIO FAGUNDES, DENISE FER- ções são organizadas e executadas pela
e dúvidas REIRA NETTO, JORGE VELOSO DE equipe da DIGB – Diretoria de Infor-
vivenciadas no mações e Gestão de Benefícios. A par-
cotidiano deste LIMA JUNIOR, LEONARDO PIGATTO tir da formação destes profissionais, a
atendimento. CAMARGO, LUCIANO BATISTA SIKOR- equipe da DIGB começou a identificar
Esse processo dificuldades que surgiam na execução
tem aprimorado SKI, MARIA ODILA RODRIGUES DA prática destes conhecimentos e no ma-
nosso olhar como SILVA, MARCUS PEDROZO DE SOUZA nuseio dos sistemas. Tais dificuldades
gestores para, uma eram sanadas por meio de contatos via
vez entendendo E SIMONE ANDREIA ALIBOSEK telefone e e-mail, pois até então não
havia um acompanhamento mais pró-
a lógica de como ximo para monitorar a prática. Ao mes-
os serviços são mo tempo, identificava-se que a qua-
operacionalizados
nas unidades SITUAÇÃO ANTERIOR lidade das ações envolvendo Cadastro
Único e Gestão de Benefícios poderia
da assistência Os servidores da Fundação de Ação ser aprimorada, pois constatávamos
social, com suas Social, atuantes nos equipamentos da inconsistências no preenchimento de
especificidades, Proteção Básica e Especial, que aten- formulários do Cadastro Único, os
alcançar as dem pessoas e famílias vulneráveis quais apresentavam um grande núme-
dificuldades e participam da capacitação de entre- ro de devolução para correção. Além
resolvê-las. vistadores para preenchimento dos disso, não havia uma padronização de
formulários do Cadastro Único para procedimentos, tanto de informação
Programas Sociais - Cadúnico, além de aos usuários como de procedimentos
capacitações para acesso aos sistemas internos nos equipamentos. A partir
SIBEC - Sistema de Benefícios ao Ci- das dificuldades apresentadas, identi-
dadão e SICON - Sistema de Condicio- ficou-se ser necessária uma rotina de
153
supervisão, compreendendo esta como • Lista de presença;
encontros para revisão de conteúdos
abordados em capacitações, possibili- • Manuais, portarias e decretos, infor-
tando revisão de conceitos e de fluxos mes, relativos a Cadastro Único e bene-
já estabelecidos e uma padronização fícios sociais;
de procedimentos, principalmente com
formulários. Aliado a isso, propomos • Eventualmente algum informativo
abordar dúvidas que as equipes pos- impresso ou Cartilha de Benefícios So-
suíam com relação aos benefícios vin- ciais.
culados ao Cadastro Único. A funda-
mentação teórica ocorreu a partir das • Sala com cadeiras dispostas em cír-
legislações existentes. culo;
Anexo
163
P
ara a concretização das território em seu sentido comunitário, “Não é no
ações pontuadas anterior- familiar e relacional. Para conceituar, silêncio que
mente dentro da perspectiva em seu artigo sobre as responsabilida- os homens se
de implementação e consoli- des dos trabalhadores, Muniz (2011)
fazem, mas na
dação do SUAS, diversas ati- cita definições de Silveira (2009), re-
vidades podem ser realizadas com obje- fletindo que os usuários são famílias e
palavra, no
tivo de aprimorar os serviços e processos indivíduos que sofrem cotidianamente
trabalho, na
de trabalho, qualificando e aproximando as necessidades sociais, vivenciando ação-reflexão.”
os/as trabalhadores de seu cotidiano, do situações materiais e subjetivas que
território, permitindo assim que identi- se relacionam com a pobreza e subal- Paulo Freire
fiquem-se e reconheçam as demandas ternidade, com o precário acesso aos
com as quais que irão atuar. serviços públicos, com a desigualda-
de nas relações intrafamiliares de po-
São exemplos destas atividades as Ro- der e arbitrariedade, que resultam nos
das de Diálogo, os ciclos e espaços de conflitos afetivos, nos maus tratos, no
estudo para troca de experiências e abuso sexual, e afetam a capacidade
saberes múltiplos, entre outros que po- protetiva das famílias, reproduzindo a
dem surgir por demanda espontânea opressão e violência intrínsecas à natu-
das regionais, equipamentos ou dire- reza das relações sociais presentes em
torias e a partir de então acontecer de nossa sociedade. Neste sentido, tais ne-
forma organizada e planejada para o cessidades não podem ser compreendi-
desenvolvimento de competências. das como responsabilidade individual
e para a superação são indispensáveis
Para estes processos é necessário ter ações articuladas e análise de con-
clareza dos debates acerca do terri- juntura com objetivo fundamentado
tório, que podem ser acompanhados, e compreensão dos conceitos básicos
por exemplo, nas reflexões de Milton para atuação.
Santos (in Brasil, CapacitaSUAS Ca-
derno 3, 2013): “território tem que ser Perpassar esses conhecimentos é res-
entendido como o território usado, não ponsabilidade dos trabalhadores do
o território em si. O território usado é SUAS e mais que individualmente,
o chão mais a identidade. A identida- deve ser garantido por processos cole-
de é o sentimento de pertencer àquilo tivos, que garantam a troca de saberes e
que nos pertence. O território é o fun- experiências relacionadas ao cotidiano.
damento do trabalho.”(p. 63). Por este Ainda neste contexto é necessário ali-
motivo, o território é vivencial, relacio- nhar o domínio de conhecimento téc-
nal e precisa ser compreendido pelos nico e capacidade de inovação com os
trabalhadores em sua dimensão estra- princípios da gestão pública, a fim de
tégica na vida individual e coletiva, nos garantir que o conhecimento se torne
processos de produção e reprodução, prático e caminhe na esfera da garantia
de construção de vínculos e da dinâmi- dos direitos.
ca da vida.
O conhecimento só se torna impor-
Partindo desta conceituação do terri- tante quando colocado em movi-
tório como fundamento para o traba- mento para o reconhecimento dos
lho social, vale aprofundar a reflexão usuários, de seus direitos, potencia-
também quando se refere aos usuários lidades e desafios vivenciados e por
do SUAS, tendo em vista que é preci- este motivo, compreender a política
so articular os conceitos do território de assistência social não pode ser um
vivenciado com aqueles que habitam o conhecimento estático, pois a cada
164 CADERNO DE PRÁTICAS
Referências
Caderno Capacita SUAS Volume 3 –
Vigilância Socioassistencial: Garantia
do Caráter Público da Política de Assis-
tência: http://goo.gl/25O9Zj
TÍTULO: Assessoria
pedagógica ao SCFV
Cabe ressaltar que os encontros continua- É possível destacar como avanços es-
ram acontecendo mensalmente em 2014. pecíficos:
168 CADERNO DE PRÁTICAS
1 SCFV 0 a 6 anos;
2 SCFV Idosos
3 SCFV 6 a 17;
__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e for-
talecimento de vínculos para Pessoas
Idosas - Brasília, DF: MDS; Secretaria
Nacional de Assistência Social, 2012.
(versão preliminar)
__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e forta-
lecimento de vínculos para crianças e
adolescentes de 6 a 15 anos. - Brasília,
DF: MDS; Secretaria Nacional de As-
sistência Social, 2011.
__________________Orientações técnicas
dobre o serviço de convivência e for-
talecimento de vínculos para crianças
de até 6 anos. - Brasília, DF: MDS; Se-
cretaria Nacional de Assistência Social,
2010.
__________________Protocolo de Gestão
dos CRAS de Curitiba/Fundação de
Ação Social; coordenação de Érika Ha-
runo Hayashida. ___Curitiba: FAS, 2012
__________________Resolução 01/2013 do
CNAS. Disponível em: www.mds.gov.
br/cnas
__________________Tipificação Nacional
de Serviços sociassistencias. Texto da
resolução 109/2009 do CNAS publica-
do no DOU de 25/12/2009.
171
Momento de estudo em grupo dos servidores que atuam com SCFV 6 a 17 anos.
Troca de experiências entre os servidores que atuam com o SCFV idosos.
Oficina de literatura e contação de história.
172 CADERNO DE PRÁTICAS
TÍTULO: Encontros de
Planejamento Pedagógico para
o Serviço de Convivência e
Fortalecimento de Vínculos
“Nenhum EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL para crianças e adolescentes de 6 a 15
educador de anos, SCFV para jovens de 15 a 17 anos,
mediano bom FAS BOA VISTA SCFV para idosos(as) e recentemente, a
partir da Resolução 13/2014 do CNAS,
senso vai achar
que a educação, DATA DE INÍCIO: 14/10/2013 o público de 18 a 59 anos pode ser con-
templado pelo Serviço. É operacionali-
por si só,
liberta. Mas RELATOR: ELIZELI FAUSTINONI DE zado por meio de grupos, que realizam
atividades específicas para cada ciclo
também não SOUZA de vida, coordenado por um técnico de
pode deixar referência (assistente social, psicólogo
de reconhecer PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: ou pedagogo) e executado pelo edu-
o papel da cador social. As atividades devem ser
educação ELIZELI – PEDAGOGA NÚCLEO REGIO- planejadas com objetivo socioeducati-
na luta pela NAL FAS BOA VISTA vo utilizando-se de diferentes recursos
libertação.” como atividades esportivas, lúdicas e
culturais sempre centradas no fortale-
Paulo Freire cimento de vínculos das famílias.
SITUAÇÃO ANTERIOR
A partir de uma perspectiva educativa,
A Fundação de Ação Social possibilita o Serviço de Convivência e Fortaleci-
o acesso da população em situação de mento de Vínculos desenvolvido pelos
vulnerabilidade aos serviços de prote- CRAS visa a superação da situação de
ção social básica, por meio do atendi- vulnerabilidade social, tendo como
mento nos CRAS – Centro de Referência objetivo formar os indivíduos para a
da Assistência Social. De acordo com o cidadania, oportunizando um proces-
Protocolo de Gestão dos CRAS de Curi- so de conscientização de seu contexto
tiba (2012), as ações e serviços desta sócio-histórico, transformando-o em
proteção estão estruturados, dentre um cidadão protagonista, ou seja, par-
outros eixos, em: ações socioeducati- ticipativo e crítico. Assim, protagonista
vas com grupos. Estas ações acontecem é o indivíduo que participa dos assun-
por meio do Serviço de Convivência e tos atuais, questiona e busca soluções
Fortalecimento de Vínculos. como ator principal na construção da
história da sua vida e na construção
Este serviço é organizado segundo fai- de uma sociedade melhor e mais justa.
xas etárias, com flexibilidade para ca- Como cidadão conhece seus direitos e
sos específicos. Está dividido em: SCFV também responde por seus atos, res-
para crianças de até seis anos, SCFV ponsabilizando-se por suas ações.
173
Neste contexto, o educador social de- Nestes encontros foram trabalhadas
sempenha um papel fundamental, um as Orientações Técnicas para o SCFV
papel emancipador na vida dos edu- descritas nos documentos disponibili-
candos, desenvolvendo um trabalho zados pelo Ministério do Desenvolvi-
investigativo, que seja coerente com mento Social e Combate à Fome, a Re-
a realidade na qual atua, propiciando solução no 1 de 7 de fevereiro de 2013
momentos de trocas de experiências, que traz o reordenamento deste servi-
busca de soluções para problemas re- ço no âmbito nacional, as legislações
ais do cotidiano, criando oportunida- como o Estatuto da Criança e do Ado-
des para que os educandos exercitem lescente, o Estatuto do Idoso e outros
liberdade de escolhas, participando referenciais teóricos. Também foram
das decisões do grupo. Para isso, este discutidas questões sobre o desenvol-
profissional deve construir uma rela- vimento físico, social, emocional e as
ção baseada no respeito e afetividade, peculiaridades sobre cada faixa etária
de modo a estimular o sentimento de do público atendido, sobre a impor-
pertença nos educandos. Deve também tância da educação social e o papel do
ser comprometido com o trabalho, bus- educador neste processo socioeduca-
cando sempre se atualizar nos conheci- tivo, sobre planejamento e metodolo-
mentos e metodologias. gias de trabalho e os temas transversais
propostos nos documentos orientado-
É com a ajuda do educador que o edu- res do SCFV.
cando inicia seu processo de autocons-
cientização. É a partir do diálogo que o Assim, este projeto teve como objetivo
educador auxilia no resgate da margi- instrumentalizar teórica e metodologi-
nalidade. Tudo isso faz parte de um pro- camente técnicos e educadores sociais
jeto pedagógico. Este trabalho necessita atuantes no Serviço de Convivência e
ter direcionamento, intencionalidade, Fortalecimento de Vínculos dos CRAS.
motivação e acima de tudo acreditar, Também buscou a construção cole-
apostar no outro, “aposta que nem sem- tiva de metodologias para o trabalho
pre é ganha” (COSTA, 2001, p.102). em grupos de convivência por meio da
troca de saberes, idéias e experiências.
É a partir desta postura educativa que Além disso, os encontros propiciaram
percebemos a necessidade de elaborar momentos para reflexão sobre a impor-
um projeto pedagógico para o aperfei- tância do planejamento do trabalho so-
çoamento do Serviço de Convivência e cioeducativo com clareza dos objetivos
Fortalecimento de Vínculos, oportuni- a serem atingidos. Além dos profissio-
zando espaço e tempo específico para o nais atuantes no SCFV, algumas servi-
planejamento de atividades socioedu- doras da Unidade de Acolhimento Ins-
cativas, com flexibilidade para a opera- titucional Nova Esperança e do CREAS
cionalização, adaptando à realidade de Boa Vista, responsáveis pelo SINASE,
cada comunidade, visto que a educação também participaram dos encontros.
social não se utiliza de currículo orga- No último encontro também foi possí-
nizado de forma seqüencial e seriada. vel a participação da equipe de profis-
sionais da entidade conveniada Centro
Foram realizados 6 (seis) encontros Educacional Passionista.
com as equipes responsáveis pelo
SCFV de 06 a 17 anos (bimestrais) e 2 A metodologia utilizada nos encontros
(dois) encontros com as equipes res- foi exposição oral, rodas de conversa,
ponsáveis pelo SCFV de Idosos(as) oficinas, apresentação de vídeos, fil-
(semestrais) com início em outubro de mes e músicas, e atividades e dinâmi-
2013 e durante o ano de 2014, período cas de grupo relacionadas aos temas
de reordenamento deste serviço, ten- propostos.
do uma profissional técnica pedagoga
responsável pela organização e plane- Segue abaixo a descrição dos encontros
jamento das ações. e da metodologia utilizada.
174 CADERNO DE PRÁTICAS
Este primeiro encontro teve início com Participantes: Elizeli - Pedagoga Nú-
orientações sobre o processo de reor- cleo Regional FAS Boa Vista e 10 ser-
denamento do Serviço de Convivência vidoras (técnicas e educadoras sociais
e Fortalecimento de Vínculos, utilizan- responsáveis pelo Serviço de Convi-
do como referência a Resolução no 01 vência e Fortalecimento de Vínculos,
da SNAS – MDS e o Documento Orien- da UAI Nova Esperança e técnica res-
tador – Padrões de Qualidade do MDS. ponsável pela Rede de Proteção)
Na sequência foram trabalhadas ques-
tões sobre os objetivos, recursos deste Os temas trabalhados neste encontro
serviço e a apresentação das sugestões foram Família (o que é família, diversi-
dos temas transversais. dade na estrutura, conflito e violência
familiar/urbana, a família na socieda-
1 e2
Regional FAS Boa Vista e 11 participan-
tes (técnicas e educadoras sociais res-
o oEncontro SCFV para
Pessoas Idosas:
ponsáveis pelo Serviço de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos, da UAI
Dia 19 de Novembro de 2013 e dia 1º
Nova Esperança e 1 educador militar do
de julho de 2014. Horário: das 8h30 às
Formando Cidadão Cel. Dulcídio).
12h. Local: Auditório 3 da Rua da Cida-
dania Boa Vista.
Para os meses de agosto e setembro
de 2014, foram planejadas ações rela-
Temas:
cionadas ao tema Saúde. Dentro deste
tema foram discutidas questões sobre
• Envelhecimento e Direitos Humanos
qualidade de vida, o que é saúde, como
é possível promover a saúde mental nas e Socioassistenciais,
crianças e adolescentes, quais as fases
do desenvolvimento físico e da sexuali- • Envelhecimento Ativo e Saudável,
dade, DST’s, AIDS, a definição de dro-
gas, um olhar a partir do conhecimento • Memória, Arte e Cultura,
histórico, quais os tipos de drogas e os
prejuízos que seu uso pode causar. • Pessoa Idosa, Família e Gênero,
REFERÊNCIAS:
Ministério do Desenvolvimento Social,
Secretaria Nacional da Assistência So-
cial. Política Nacional de Assistência
Social (PNAS). Brasília, 2004.
182 CADERNO DE PRÁTICAS
• Você gostaria de ter que voltar em uma • Você pediria pensão alimentícia ao
repartição pública/privada mais de uma genitor de seus filhos, caso este fosse
vez e/ou te encaminharem para diferen- traficante e violento? Mesmo que este
tes lugares e estes mesmos lugares te en- fosse um direito de seus filhos?
caminharem para outros lugares e ainda
por cima não ter resolutividade? • Você já sofreu violência física, psico-
lógica, moral ou outras ? Caso a respos-
• Você gosta que mandem em você? ta seja sim, você denunciou a vez que
ocorreu? É fácil denunciar?
• Quando você esta em uma conversa,
incomoda quando o outro apenas fala e • Se você um adolescente infrator e
não te ouve? em medida socioeducativa, você gos-
taria de estabelecer relações de auto-
• Você gosta de ser atendido no corredor? ridade com outro? Você gostaria que
as pessoas tivessem medo ou descon-
• Você gostaria que alguém cuidasse fiassem de você?
de seu filho para que você fizesse algo
184 CADERNO DE PRÁTICAS
• Você acha que alguém que atende “Ver o sujeito de modo holístico, consi-
pessoas precisa estudar? Ou o senso derando a sua história anterior e atual
comum é suficiente? para ajudá-lo na construção de um fu-
turo mais digno e decente para si e para
• Você deixaria o seu filho com um vi- sua família “.
zinho ou pagaria alguém para ficar com
ele? Ou preferia deixá-lo sozinho em “ Orientar os beneficiários acerca de seus
casa, embora criança, mas com uma direitos e também informá-los quanto a
idade que pudesse se autoproteger? possibilidade de deslumbrar novas possi-
bilidades apesar das adversidades”
• Você gostaria de trabalhar como au-
tônomo (fazer os seus horários, não ter “Respeito e empatia”
chefe e talvez até ganhar mais) ?
“Apresentar opções para solucionar os
• Você sabe o que trabalho social sig- problemas apresentando pelos usuários”
nifica?
“Respeitando as escolhas dos mesmos”
TÍTULO: A Educação
Permanente Descentralizada
como Estratégia para
a Integração e a Troca
de Saberes entre os
Trabalhadores do SUAS
..., buscando EQUIPAMENTO: NÚCLEO REGIONAL das suas equipes, permanência e vincu-
desenvolver lação aos serviços, desde a inauguração
a capacidade FAS BOA VISTA do SUAS (Sistema Único de Assistên-
cia Social), em 2005, passando por um
crítica, a
autonomia e a DATA DE INÍCIO: 19/09/2014 processo de intensa rotatividade de
profissionais em suas unidades. Fenô-
responsabilização
das equipes de RELATOR: DARACI ROSA DOS SAN- meno este que, embora não haja estu-
dos comprobatórios, parece ser fruto
trabalho para TOS/ GISEANE FERREIRA DA COSTA/ da própria dinâmica da política de as-
a construção sistência social e as exigências impos-
de soluções LIDIANE REGINA GÓES tas pela mesma aos/as trabalhadores;
compartilhadas, pelas condições materiais e estruturais
visando as PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS: DA- ainda em construção, visto que é uma
mudanças RACI ROSA DOS SANTOS, GISEANE política relativamente nova, em pro-
necessárias no cesso de implantação e implementa-
contexto real em FERREIRA DA COSTA, ROBERTA MELO ção; pela, ainda, incipiente política de
que se inserem os OLIVAN, LIDIANE REGINA GÓES, Educação Permanente, recém inaugu-
rada na instituição (2013) e que, obvia-
profissionais. É ELIZELI FAUSTINONI DE SOUZA E mente, não possui todos os elementos
uma iniciativa que para suprir as necessidades imediatas
busca romper com SERVIDORES/AS DA FAS REGIONAL dos/as profissionais em termos de ca-
a cotidianidade BOA VISTA. pacitação e aperfeiçoamento; pela bus-
mecânica, ca de melhores condições de trabalho e
pragmática e salários mais elevados em outros espa-
repetitiva e ços sociocupacionais, seja em municí-
pretende imprimir SITUAÇÃO ANTERIOR pios vizinhos, na própria política ou em
no cotidiano dos outros setores, entre outras questões.
servidores ... A FAS - Fundação de Ação Social de A rotatividade, em si, dificulta que as
Curitiba - vive uma realidade bastante equipes se conheçam e se reconheçam,
dinâmica, em termos de composição se aperfeiçoem e se fortaleçam enquan-
187
to uma unidade de trabalhadores, cujo Considerando a constante entrada de
conhecimento precisa ser aprofundado novos servidores e conseqüente mu-
teórica e metodologicamente, a fim de dança na estrutura das equipes e a di-
desenvolver uma práxis coerente com ficuldade de articulação, também em
as necessidades demandadas pela po- decorrência da demanda de trabalho,
pulação e em consonância com o SUAS. observou-se a necessidade de promo-
ver ações de educação permanente,
O Núcleo Regional Boa Vista, compo- de forma descentralizada, visando
nente da política de assistência social a elevação do nível de conhecimen-
no município de Curitiba, executada to das equipes acerca da política de
pela FAS, possui as seguintes unida- assistência social, o SUAS, a reflexão
des que ofertam os serviços, progra- -ação sobre o cotidiano da atuação
mas, projetos, serviços e benefícios profissional, assim como a integração
socioassistenciais no seu território: dos servidores, o seu reconhecimento
quatro CRAS (Centros de Referência e a sua valorização profissional, por
da Assistência Social), um CREAS parte da gestão, além de possibilitar
(Centro de Referência Especializado também que as equipes elevem o sen-
da Assistência Social), uma Unidade timento de pertença e fortaleçam seu
de Acolhimento Institucional para vínculo com os equipamentos, com o
Adolescentes do sexo feminino, três território e com a população atendida,
Liceus de Ofício (que ofertam par- na perspectiva da melhoria da oferta
cialmente serviços de assistência so- dos serviços prestados.
cial, na perspectiva da mobilização
para o mundo do trabalho), um CATI A partir desta percepção acerca da re-
(Centro de Atividades para Idosos – alidade que envolve os trabalhadores a
com oferta exclusiva de Serviço de equipe diretiva da FAS/Núcleo Regio-
Convivência e Fortalecimento de nal Boa Vista, corroborando o propos-
Vínculos), além de duas unidades de to pela Política Nacional de Educação
atendimento social, vinculadas aos Permanente (PNEP/2012), após con-
CRAS e, ainda, o Núcleo Regional, sulta e anuência do conjunto de servi-
sendo esta uma base administrativa dores sobre seu interesse em participar
e gerencial, em nível de supervisão, de eventos de natureza político-peda-
articulação e monitoramento dos di- gógica e prováveis temas que poderiam
versos equipamentos, serviços (go- ser tratados, propôs e vem executando
vernamentais e não governamentais) um projeto de encontros periódicos
estando entre suas competências, ad- denominado de “Encontro de Integra-
ministrar o conjunto de seus recursos ção e Troca de Saberes” destinado a
humanos, em termos funcionais, orien- totalidade de seus trabalhadores. Os
tações técnicas, legais, teórico-meto- encontros foram planejados com obje-
dológicas, éticas e políticas no que se tivo de promover, além da integração e
refere à execução e planejamento da troca de saberes das equipes, a valori-
assistência social no âmbito regional. zação dos trabalhos desenvolvidos em
cada uma das unidades, sendo os temas
No total são 121 servidores, os quais sugeridos pelas próprias equipes de
possuem perfis e características dife- servidores a partir de problemáticas
renciadas, relacionadas as habilidades vividas no cotidiano de trabalho. Con-
e competências profissionais específi- forme descrito na PNEP, a promoção
cas, mas também a trajetória, história deste tipo de encontro visa refletir so-
e tempo de serviço na política de as- bre o trabalho no SUAS que é:
sistência social. Trata-se de um grupo
considerável de trabalhadores cuja “O trabalho relacionado à função de
manutenção e sobrevivência nos servi- provimento de serviços e benefícios é
ços precisa ser cada dia mais qualifica- fundado essencialmente em relações
da a fim de cumprir os objetivos, finali- sociais e intersubjetivas. Os conheci-
dades e princípios do SUAS. mentos teóricos, metodológicos e tec-
188 CADERNO DE PRÁTICAS
nológicos requeridos apresentam uma Porque se continuada, tal ação deve in-
estreita vinculação com os contextos cidir sobre a formação das pessoas que
históricos, econômicos, políticos e so- atuam na política de assistência social,
cioculturais. Por isso, essa função re- de modo a instrumentalizá-las em seus
quer constante análise, reflexão e ade- aspectos cognitivos e operativos, tor-
quação - por parte dos trabalhadores nando-as capazes de construir sua pró-
- de práticas profissionais e processos pria identidade como trabalhadoras,
de trabalho, seja no que se refere às re- suas compreensões quanto aos contex-
lações internas às equipes de trabalho, tos em que se inserem e seus julgamen-
seja no que diz respeito ao trabalho tos quanto a condutas, procedimentos
dirigido diretamente aos cidadãos que e meios de ação apropriados aos dife-
demandam as proteções da Assistência rentes contextos de vida e de trabalho
Social.” (PNEP, 2013, p.30). e de resolução de problemas. (PNEP,
2013, p.33).
Seguindo a lógica dos percursos for-
mativos propostos na Política Nacional
de Educação Permanente, embora não
DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
tenha a formalidade institucional, visto Em reunião de equipe de coordenado-
ser uma iniciativa do Núcleo Regional ras (CRAS/CREAS/UAI), discutiu-se
da FAS Boa Vista, a prática aqui descri- acerca da situação dos servidores que
ta vem no sentido de problematizar os se encontram num processo de fragi-
pressupostos e os contextos dos pro- lidade profissional, sem acompanha-
cessos de trabalho e das práticas profis- mento adequado do desenvolvimento
sionais realmente existentes, buscando de suas funções, atribuições e compe-
desenvolver a capacidade crítica, a tências; que, em muitos momentos, em-
autonomia e a responsabilização das bora comprometidos e desenvolvendo
equipes de trabalho para a construção da melhor forma possível o trabalho,
de soluções compartilhadas, visando as de acordo com o seu valoroso conhe-
mudanças necessárias no contexto real cimento e dentro das condições dis-
em que se inserem os profissionais. É poníveis, revelam-se desmotivados e
uma iniciativa que busca romper com cansados. Avaliou-se que seria necessá-
a cotidianidade mecânica, pragmática e rio adotar estratégias de valorização e
repetitiva e pretende imprimir no coti- reconhecimento, estimulando-os a per-
diano dos servidores novas práticas que manência, a vinculação, a dedicação e
vão ressignificando o fazer profissio- ao engajamento crítico do trabalho na
nal, com vistas a superação de práticas assistência social. Pensou-se, assim,
conservadoras e descoladas das neces- que seria importante trabalhar com
sidades dos/as usuários da política de questões motivadoras, adotando práti-
assistência social. cas de gestão inovadoras e de aperfei-
çoamento do trabalho, colocando-os/
Assim, se justifica ser uma ação de as e reconhecendo-os como sujeitos
Educação Permanente descentralizada, centrais no desenvolvimento das ações
tendo em vista que não refere apenas a dentro das unidades de atendimento do
formalidade do processo formativo e se SUAS na regional.
relaciona diretamente com o cotidiano
vivido, o território onde se inserem as Outro ponto que foi avaliado é que até
equipes profissionais, fundamenta-se 2012 muitas capacitações ocorreram,
na melhoria da qualidade dos serviços, mas não foram suficientes para dar
programas, projetos e serviços, realiza-se conta das necessidades dos servido-
de modo orgânico, sistemático, partici- res, sendo que muitas eram desconti-
pativo e continuado, produz, sistemati- nuadas e sem relação com a realidade
za e dissemina conhecimento, integra e em que se inserem. Além disso, como
amplia os espaços de debates acerca da já mencionado anteriormente, hou-
política e suas instâncias de execução, ve rotatividade de servidores, sendo
planejamento e controle social. que os mais recentes nos serviços, ain-
189
da não tiveram oportunidade de passar superação da pobreza, conforme o pre-
por capacitação. visto na Constituição Federal de 1988.
4
O trabalho social é extremamente com-
afase: os encontros propriamente plexo, pois não há uma definição fácil
ditos, conforme o que se segue:
de sua prática, pois esta se confunde
com a própria ética que orienta a ação.
Nas reuniões a proposta é a discussão
Ao realizar um acompanhamento ou
de casos. Cada técnico é convidado
um atendimento, o que mais importa
a trazer o relato de uma família que
parecem ser o olhar que direcionamos
está acompanhando e falar ao grupo,
194 CADERNO DE PRÁTICAS
REFERÊNCIAS:
Ministério do Desenvolvimento Social,
Secretaria Nacional da Assistência So-
cial, Departamento de Proteção Social
básica. Orientações Técnicas sobre o
PAIF – Volume 2. Brasília, 2012
195
REFERÊNCIAS
__________________.Lei Orgânica da As-
sistência Social – 8742 de 07/12/1993,
Secretaria Nacional de Assistência So-
cial Brasília, MDS, 2009
__________________Protocolo de Gestão
dos CRAS de Curitiba/Fundação de
Ação Social; coordenação de Érika Ha-
runo Hayashida. ___Curitiba: FAS, 2012
198 CADERNO DE PRÁTICAS
Fotos do Evento.
203
TÍTULO: O símbolo
do território
Microterritório Alto Bela Vista/ Diadema / CAIUA Microterritório Corbélia /Ocupação Irregular Nova Primavera
205
Microterritório: Sabará
GRUPO 02 – CIC, Portão e Santa Felicidade 30 Sala de Curso do Semeador – Sede da FAZ
GRUPO 03 – Bairro Novo, Pinheirinho e Matriz 30 Liceu de Ofícios Curitiba – Rua Monsenhor Celso, 35 – Centro
O trabalho iniciava-se com uma dinâ- Ao final de cada encontro, era entregue
mica de grupo, trazendo a reflexão so- material de apoio aos participantes, com
bre o tema proposto em cada encontro o conteúdo trabalhado, com a proposta
e, também, instrumentalizando os téc- de disseminação junto às suas equipes,
nicos para a aplicação desta dinâmica associando o que foi vivenciado com a
com grupos de famílias nos respectivos realidade do trabalho, articulando com
locais de trabalho. leituras de referências bibliográficas so-
bre o tema e ampliando a discussão com
Em seguida, o grupo realizava o debate toda a equipe do CRAS.
sobre o tema, apresentando experiências
sobre a prática cotidiana de trabalho nos O resultado da discussão com as equipes
CRAS, trazendo as dificuldades enfren- era trazido no encontro seguinte, com o
tadas e sugerindo melhorias. A apresen- objetivo de iniciar a atividade do módu-
tação da experiência era realizada pelo lo, fazendo a relação entre os temas.
CRAS que possui grupo de acompanha-
mento coletivo já implantado, utilizando-
se de roteiro pré-definido para exposição RECURSOS UTILIZADOS
dos pontos relevantes a serem observa- • 02 técnicos (Assistente Social e Psi-
dos sobre a prática cotidiana, bem como cóloga) da Diretoria de Proteção Social
suscitando a reflexão acerca dos conteú- Básica – DPSB responsáveis pela coor-
dos teóricos que embasam o trabalho. denação e execução do projeto / outros
02 técnicos convidados como docentes
Após cada vivência, o docente apre- (Psicólogo e Pedagoga);
sentava, através de exposição oral, o
conteúdo teórico proposto no módulo, • Músicas e dinâmicas de grupos espe-
integrando-o à prática. cíficas, de acordo a temática trabalha-
208 CADERNO DE PRÁTICAS
• Lanche;
RESULTADOS OBTIDOS
Foi possível notar uma maior integra-
ção entre os servidores e unidades,
com uma maior articulação, resultando
em mais ações em parceria; amadureci-
mento de discussões importantes para
a Política de Assistência Social; bem
como levantamento de informações so-
bre outras políticas.
TÍTULO: Oficina de
informática para servidores
EQUIPAMENTO: REGIONAL BAIRRO DESCRIÇÃO DA PRÁTICA
NOVO Na primeira etapa foram levantados
através dos coordenadores de CRAS e
DATA DE INÍCIO: OUTUBRO DE 2014 CREAS os servidores interessados em
participar desta oficina e quais seriam
RELATOR: ARIDNA BARTH os programas que apresentavam maior
nível de dificuldade.
PARTICIPANTES/RESPONSÁVEIS:
A partir da demanda apresentada, fo-
MARCELO CAMARGO RIBEIRO, ram organizadas quatro oficinas:
MARCIO EWERTON DE MEDEIROS,
• Informática básica - conteúdo: har-
ARIDNA BARTH dware, software, sistema operacional,
arquivos e extensões, unidades de me-
dida, compactação e descompactação,
formatação de dispositivos, segurança
SITUAÇÃO ANTERIOR de arquivos (19 servidores inscritos);
A partir da rotina de trabalho (emails,
• Email - conteúdo: ferramentas dispo-
planilhas, sistemas de consulta e moni-
toramento dos programas sociais, entre níveis, segurança, internet e servidores
outras) percebemos que muitos servi- (16 servidores inscritos);
dores apresentavam dificuldades com
noções básicas de informática, o que • Excel – conteúdo – básico e interme-
dificultava os procedimentos adminis- diário (30 servidores inscritos);
trativos e a agilidade no atendimento
aos usuários. Alguns servidores tinham • Power point – básico (22 servidores
dificuldade em participar de capaci- inscritos).
tações que demandassem o acesso ao
computador. Cabe informar ainda que As oficinas foram ministradas no labo-
alguns servidores não acessavam seus ratório de informática do CRAS Bairro
emails e as informações disponíveis na Novo com carga horária de três horas
internet o que dificultava a divulgação semanais por três educadores da regio-
ampla de informações essenciais à exe- nal. A metodologia utilizada foi a expo-
cução dos serviços. sição de conteúdo e prática no labora-
tório através de:
Assim, a partir desta demanda, pro-
pomos uma oficina de informática aos • Apresentação das ferramentas e van-
servidores da regional. O principal tagens do uso da informática no traba-
objetivo foi instrumentalizar os servi- lho e na vida;
dores com as noções básicas de infor-
mática necessárias à execução de suas • Apresentação do conteúdo atrelado
atividades nos CRAS e CREAS. à prática, sempre incentivando a busca
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do conhecimento a partir das noções • Conscientização dos servidores sobre
básicas; a importância do conhecimento de in-
formática na vida moderna, inclusive
• Resolução de dúvidas; para a aproximação com as crianças e
adolescentes atendidos no SCFV (Ser-
• Suporte pós-oficina; viço de Convivência e Fortalecimento
de Vínculos);
• Incentivo à aplicação do conheci-
mento aprendido no trabalho. • Ampliação das ferramentas disponí-
veis para os servidores atenderem os
usuários nos vários espaços: acolhida,
RECURSOS UTILIZADOS SCFV, cadastro único, etc.
• Laboratório de informática;
REFLEXÕES SOBRE A PRÁTICA
• Microsoft Windows XP;
O primeiro aspecto que nos chamou
• Microsoft Office 2003/2007; atenção foi a demanda apresentada pelos
servidores que superou todas as expecta-
tivas, refletindo a dificuldade das equi-
• Datashow;
pes com os processos informatizados.
• Notebook;
Os servidores inscritos participaram
motivados das oficinas que acabaram se
• Quadro branco;
tornando um espaço também de integra-
ção e valorização. A troca de saberes na
• Três educadores sociais com conhe-
oficina foi extremamente produtiva para
cimento em informática.
todos os servidores envolvidos. O grupo
teve a oportunidade de refletir sobre a
RESULTADOS OBTIDOS importância e a disposição para o apren-
dizado contínuo em todas as áreas para,
• Acesso dos servidores a conhecimen- inclusive, melhorar e facilitar nossa prá-
tos básicos de informática; tica diária de trabalho.