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GESTÃO DE PESSOAS NO SUS: TREINAMENTO DAS HABILIDADES SOCIAIS

EM PROL DE UMA GESTÃO PARTICIPATIVA

NALESSO, Ana Maria

RESUMO

O presente artigo, trata-se de uma revisão bibliográfica, organizada de forma


a encontrar em um primeiro recorte, os fundamentos dos benefícios da gestão de
pessoas, através de suas ferramentas de treinamento, desenvolvimento e
motivação, aplicadas dentro da gestão estratégica de políticas de educação do SUS
e a seguir, em um segundo recorte, a aplicabilidade dessas ferramentas, de forma a
demonstrar que a gestão de pessoas, atuando nessa gestão estratégica, vem ser o
limiar de novos horizontes, dando abertura aos propósitos lançados na PNEPS-SUS
(2017) para o alcance dos eixos estratégicos previstos em seu artigo 4º que seriam:
I- participação, controle social e gestão participativa; II- formação, comunicação e
produção de conhecimento; III- Cuidado em saúde e IV- intersetorialidade e diálogos
multiculturais, pois através do treinamento, desenvolvimento e motivação dos
trabalhadores da saúde, em suas competências socioemocionais, possibilita-se o
alcance de uma gestão participativa e integrada.

Palavras-Chave: treinamento, desenvolvimento, motivação, competências


socioemocionais.
1. INTRODUÇÃO

A partir do plano de Politica Nacional de Gestão Estratégica e Participativa


no SUS ou Participa SUS de 2007, fundamentada no Plano Nacional de Saúde
(PNS), no Conselho Nacional de Saúde (CNS) e nas propostas deliberadas na 12ª
Conferência Nacional de Saúde, cujo objetivo tem sido a promoção e qualificação e
aperfeiçoamento da gestão estratégica nas três esferas do SUS (município, estado e
federação), constitui-se atividades e programas voltados aos cuidados com a saúde
no contexto Humaniza SUS, a inclusão social de grupos minoritários como as
comunidades LGBTQIAP+ considerando travestis e transsexuais, população negra e
quilombolas, pessoas em situação de rua, ciganos, população do campo e florestas;
implicando em todo esse processo a educação popular, a mobilização social, o
monitoramento, tudo a ser efetivado com a participação da força de trabalho atuante
no SUS e do engajamento da coletividade.

Ressalvamos que em 2013 foi instituída a PNEPS-SUS, Politica Nacional


de Educação Popular em Saúde no âmbito do SUS, que em seu artigo 4º, § 2º
propõe a criação de práticas onde os trabalhadores da saúde se envolvam com a
educação popular, produção e disseminação de conhecimentos, ações
comunicativas, todas voltadas aos usuários do SUS.

Defendemos que, a criação dessas práticas, teriam por base os


treinamentos das competências sociais, que são as habilidades desenvolvidas pelos
indivíduos e que lhe conferem as condições necessárias para se relacionarem
saudavelmente, consigo e com os outros.

Além de atingir o contexto da Educação Popular previsto na PNESP-SUS,


as competências socioemocionais também atingem os princípios contidos em seu
artigo 3º: I-diálogo; II -amorosidade; III - problematização; IV- construção
compartilhada do conhecimento; V- emancipação; VI- compromisso com a
construção do projeto democrático e popular.(PNEPS-SUS, 2017).

Segundo Del Prette & Del Prette (2017), as competências sociais facilitam a
produção e aplicação do conhecimento. Assim, “manifestar respeito e empatia”;
“expressar opinião”; “falar em público”; “fazer amizade”, seriam competências sociais
desejáveis enquanto que “agredir”; “desrespeitar”; “enganar”; podem representar
competência sociais indesejáveis. Considerando que as emoções são reações
imediatas a estímulos, nas relações interpessoais é de suma importância conhece-
las para evitar competência socias indesejáveis.

A importância do treinamento das competências socioemocionais dos


trabalhadores na área da saúde, pode ser explicada pela doutrina de Del Prette; Del
Prette (2017) com os seguintes dizeres: “os comportamentos sociais valorizados
pelo individuo, seu grupo e sua comunidade, pode contribuir para um desempenho
socialmente competente em tarefas interpessoais. Pessoas que apresentam um
bom repertório de HS tendem a apresentar-se mais produtivas em seu ambiente
pessoal e de trabalho. Gerentes, supervisores, líderes, professores, profissionais da
área da saúde, entre outros cargos que atuam diretamente com as relações
interpessoais, dependem do desenvolvimento de habilidades sociais e de
relacionamentos saudáveis com seus colegas, para darem conta das demandas
exigidas dentro de seu ambiente de trabalho”.

1.2. HABILIDADES SOCIAIS ASSERTIVAS

A Habilidade Social conhecida como Assertividade, é segundo Emilio &


Rodrigues (2022 apud Alberti e Emmons 1970, apud DEL PRETTE; DEL PRETTE,
2003), “o comportamento que capacita a pessoa a atuar em seu melhor interesse,
afirmar-se sem ansiedade indevida, expressar confortavelmente de forma honesta
os sentimentos e exercitar os direitos pessoais sem negar os direitos dos outros”
(Alberti; Emmons, 1970, p. 154). Segundo Segundo Emilio & Rodrigues (2022; apud
Rich e Schroeder,1976 p.1084), o comportamento assertivo é: “[…] considerado
como sendo habilidades que focam na busca e constância de realçar os reforços
que ocorrem em situações nas quais existam o envolvimento do risco de perda ou a
possibilidade de uma punição” .

Como esquema abaixo representa a função da assertividade como


habilidade a ser empregada em vários contextos e situações, mesmo naquelas
demandadas de emoções negativas, como a raiva.
Fonte: Emilio & Rodrigues, 2022, p.31

Outras habilidades sociais podem ser conectadas a assertividade, como a


empatia. A empatia seria a capacidade de se colocar no lugar do outro. Esse termo
foi usado pela primeira vez por Titchener na década de 1920 ( Emilio & Rodrigues,
2022). Afeto e automonitoria também representam são exemplos de habilidades
sociais de bom desempenho social, bem como a criatividade, o respeito, a
confiança, a determinação. Algumas habilidades sociais de caráter profissional,
também podem ser treinadas e desenvolvidas nesse contexto da criação de uma
gestão integrativa do participa SUS, entre elas estão a habilidade de resolver
conflitos; apresentar resultados e ouvir sugestões; lidar de modo efetivo com
situações estressantes

1.3 – TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES


SOCIAIS

1.3.a- ROLE PLAYING

Segundo Souza,Orti,e Bolsoni-Silva (2002), o role playing é viável para


modelar os comportamentos relevantes, para desenvolver auto conhecimento em
pessoas com dificuldades em relações interpessoais.

1.3.b – VIVÊNCIA
Emilio, Rodrigues( 2022) apud Pereira; Del Prette (2011) definem que
compartilha a vivência de experiências, é um dos procedimentos mais usados,
pois, possibilita ao facilitador o uso de vários processos que promovem a
aprendizagem de novos comportamentos sociais, além de fortalecer as Habilidades
Sociais que já foram aprendidas.

1.3.c – TREINAMENTO COMPORTAMENTAL OU “SOFT SKILL”

Partindo do principio que os princípios a serem incorporados partem da


PNESP- SUS, e não de uma cultura organizacional, esse treinamento poderia ser
aplicado, pois capacita os trabalhadores na observância dos objetivos a serem
alcançados, disseminando valores e normas de condutas. Treina-se habilidades
pertinentes as relações interpessoais, comunicação assertiva, empatia, facilitando o
trabalho em equipe.

Fonte: Emilio & Rodrigues, 2022 p.188

1.3.d- TREINAMENTO MOTIVACIONAL


A principal função desse treinamento, é o engajamento. Inclui palestras,
dinâmicas, confraternizações, podendo envolver todos os níveis da força de trabalho
da saúde.

2. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Serviços de Saúde Pública são compostos por pessoas e pessoas podem
ser treinadas para que as propostas do PNESP-SUS sejam atingidas, principalmente
porque a produção da atenção básica é determinada pela qualidade da gestão de
pessoas que nela trabalham.
As propostas de treinamento apresentadas nesse artigo, referem-se
exclusivamente as competências sociais, como necessidade para treinamento,
visando uma harmônica adaptação e engajamento entre a força de trabalho e os
usuários do SUS, levando a produção da educação social e o comprometimento de
todos e evitando o agravamento de doenças, a exclusão de grupos.
Inclusive, a possibilidade de treinamento alusivo a competências sociais,
podem ajudar a minimizar a alta rotatividade de trabalhadores da área da saúde,
facilitando a cada instituição, a possibilidade de retenção de valores humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. 12ª conferencia nacional de Saude. 2003.


Disponivel: http://conselho.saude.gov.br/conferencia/12conferencia.html . Acesso em
24 de novembro de 2022.

DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z.A.P. Competência Social e Habilidades


Sociais. Editora Vozes, 2017, 256p.

EMILIO, M.A.; RODRIGUES, M. de S. Treino de Habilidades Sociais. Processo,


Avaliação e Resultados. Editora Dialética, 2022, 189 p.
MINISTERIO DA SAÚDE. Politica Nacional de Gestão Estratégica e Participativa
no SUS PARTICIPASUS. 2ª edição. 2009. Disponível:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_estrategica_participasus_2ed.pd
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MINISTERIO DA SAÚDE, Portaria 2761 de 19 de novembro de 2013. Disponível


em
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.html.
Acesso em 25 de novembro de 2022.

SOUZA, Vivian Bonani de; ORTI, Natália Pinheiro; BOLSONI-SILVA, Alessandra


Turini. Role-playing como estratégia facilitadora da análise funcional em contexto
clínico. Rev. bras. ter. comport. cogn.,  São Paulo ,  v. 14, n. 3, p. 102-122, de
2012. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?
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25  nov.  2022.

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