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ATIVIDADE DISCURSIVA

Constantemente o SUS inova na proposição de ferramentas que contribuam para a


ampliação do atendimento e da compreensão dos fenômenos que envolvem o
processo de saúde e doenças. Podemos destacar algumas: o colegiado de gestão é
um lugar no qual o coordenador experiência a sua liderança democrática,
percebendo até onde ou o quanto consegue compartilhar decisões que afetam a
vida dos trabalhadores de sua unidade, conciliando a sua autoridade a um modelo
de decisão participativo. Outra ferramenta é o Apoio Institucional, no qual um agente
externo à unidade proporciona a construção coletiva das práticas, através também
da educação permanente, auxiliando na análise da gestão e na organização dos
processos de trabalho, articulando com outros atores da política de saúde e de
outras políticas necessárias para a problematização do caso clínico. E, por fim, o
apoio matricial que se configura como um modo de operação entre duas ou mais
equipes que constroem coletivamente ações em saúde, focando em uma proposta
de intervenção pedagógico-terapêutica.

Quais as potencialidades e desafios comuns a essas três ferramentas


(colegiado de gestão, apoio institucional, apoio matricial)? Elabore também
uma reflexão sobre as diferenças entre esse modelo de cuidado e a visão
hospitalocêntrica, anterior à reforma psiquiátrica

No Brasil no ano de 1978, houve a Conferência Regional de Reforma dos Serviços


de Saúde Mental e foi considerado como o início dos movimentos sociais da Saúde
Mental (MTSM) pelos direitos dos pacientes psiquiátricos, onde houve o surgimento
de vários grupos e movimentos como integrantes do movimento sanitário,
trabalhadores da saúde mental, associações de familiares, pessoas com histórico de
internações psiquiátricas, iniciando assim de forma coletiva uma criticidade quanto
ao saber psiquiátrico e quanto ao modelo hospitalocêntrico, com isso a
protagonização e a construção de denúncias de violências contra os manicômios,
hegemonia da rede privada e mercantilização da loucura.

O modelo hospitalocêntrico não promovia a saúde e violava os direitos humanos, o


que podemos verificar um grande avanço em prol desse sentido com a instituições
de vários outros modelos do segmento dos cuidados psiquiátricos na rede
comunitária.

No ano de 2004 foi aprovada a Portaria nº 52 que se refere ao reestruturação da


Assistência hospitalar no SUS, através de um Programa anual quanto a redução dos
leitos hospitalares, avaliações de qualidade no atendimento e a construção de
alternativas de atenção no modelo comunitário. (Brasil, 2002). Assim surgiram outros
serviços extra hospitalares, como a assistência a saúde mental.

Pode-se dizer que novos instrumentos foram criados mediante as


necessidades do sistema de saúde brasileiro, como o Colegiado que
deve instituir processo de planejamento regional, definir
prioridades, as responsabilidades de cada ente, as bases de
programação integrada da atenção à saúde, o desenho do processo
regulatório, estratégias de qualificação do controle social, linhas de
investimento e o apoio para o processo de planejamento local
(BRASIL, 2006, p.21).

Já o Apoio Institucional (AI) constitui uma metodologia de trabalho


gerencial, que tem um direcionamento coletivo organizados para a
produção de saúde, que visa a promover a análise e a gestão
compartilhadas do trabalho, em contraposição às principais
características dos modos tradicionais de administração. Nesse
sentido, objetiva a democratização das instituições e procura
evidenciar as relações intrínsecas entre a oferta de serviços que
atendam a necessidades sociais, à configuração das organizações
que os provêm e à formação subjetiva dos profissionais que nelas
atuam. No âmbito da Atenção Básica (AB), escopo de reflexão deste
trabalho, o AI foi também incorporado como uma função gerencial
de suporte à implementação e consolidação da Política Nacional de
Atenção Básica (Pnab), principalmente no tocante à sua adequação
aos contextos e políticas locorregionais.

O Apoio Matricial, também chamado de matriciamento, é um modo


de realizar a atenção em saúde de forma compartilhada com vistas
à integralidade e à resolubilidade da atenção, por meio do trabalho
interdisciplinar 1,2. Na Atenção Básica em Saúde (ABS)/ Atenção
Primária em Saúde (APS), ele pode se conformar através da relação
entre equipes de Saúde da Família (equipes de SF) e Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF), configurando-se de diferentes
formas através de suas duas dimensões: técnico-pedagógica e
assistencial 1,2,3.

Na dimensão técnico-pedagógica, estão incluídas as ações


conjuntas entre profissionais do NASF e das equipes vinculadas,
considerando-se as necessidades de cada indivíduo, família ou
comunidade em questão e as possibilidades de integração3. Tais
ações são importantes estratégias para a educação permanente das
equipes de SF, uma vez que o compartilhamento de saberes e
práticas promovem o “aprender no fazer em conjunto”. São
possibilidades de configuração das ações conjuntas 3: Reuniões de
matriciamento: reuniões periódicas, no mínimo realizadas
mensalmente, entre cada um dos profissionais do NASF com cada
equipe de SF vinculada, com o objetivo de discutir casos e temas,
pactuar ações, avaliar seus resultados e repactuar novas
estratégias para a produção do cuidado.

Reforma Psiquiátrica e política de Saúde Mental no Brasil. Conferência Regional de Reforma dos
Serviços de Saúde Mental : 15 anos depois de Caracas, 2005.

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Relatorio15_anos_Caracas.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0399_22_02_2006.html

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