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EDUCAÇÃO EM
SAÚDE
Educação em saúde:
uma aproximação
da comunidade
Beatriz Paulo Biedrzycki
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
As ações educativas em saúde buscam criar situações que impactem positivamente
na saúde de toda a comunidade. Essa característica pode ser observada de maneira
ainda mais evidenciada nas ações da atenção primária, dada a proximidade do
educador em saúde com a comunidade. No entanto, é importante estar atento a
alguns aspectos relativos à comunicação e à utilização de diferentes linguagens,
que podem subir muros ou construir pontes com a comunidade, sendo um ponto
importante quando pensamos no vínculo terapêutico.
Neste capítulo, você vai observar o papel que o educador social exerce na
comunidade, reconhecendo aspectos importantes da comunicação e das lingua-
gens, compreendendo como elas podem ser uma ferramenta de aproximação
do profissional da saúde com a comunidade e verificando maneiras práticas de
comunicar-se com maestria, a fim de aumentar o vínculo terapêutico.
2 Educação em saúde: uma aproximação da comunidade
As ações educativas atuam como uma ferramenta essencial para "[...] in-
centivar a autoestima e o autocuidado dos membros das famílias, promovendo
reflexões que conduzam a modificações nas atitudes e comportamentos" a
partir de ações éticas, escuta, acolhimento e diálogo (MACHADO et al., 2007,
documento on-line). Sendo assim, segundo Machado et al. (2007), os profis-
sionais de saúde passam a ser agentes de mudança no contexto em que o
sujeito está envolvido, facilitadores e mediadores do processo de educação
em saúde. As ações de educação em saúde fazem parte da construção da
cidadania e da democracia, bem como do processo de transformação social
do indivíduo e da sua comunidade.
Nesse cenário, o educador em saúde é apontado como um dos elementos
que permitem a tomada de consciência das responsabilidades individuais e
coletivas, dos direitos à saúde, à reflexão crítica da realidade e dos fatores
determinantes do "ser saudável". Ele é um mediador que permite o desen-
volvimento de um pensar crítico e reflexivo, propondo ações transforma-
doras que levem o indivíduo à sua autonomia e emancipação "[...] enquanto
sujeito histórico e social capaz de propor e opinar nas decisões de saúde
para o cuidar de si, de sua família e da coletividade" (MACHADO et al., 2007,
documento on-line).
Em seus estudos com adolescentes, Farre et al. (2018) notaram que nos
momentos em que acontecem as ações educativas existe uma forte articu-
lação entre o ambiente social e o familiar, reconhecendo os pontos onde,
nesses espaços, temos aspectos protetores ou não da saúde. Além disso,
o profissional que fazia a dinâmica com o grupo também apresentava di-
ferentes possibilidades de expressão das angústias, estimulando o grupo
a compreender as razões e as possíveis soluções para problemas por eles
elencados, sendo uma ferramenta do processo de tomada de consciência
do espaço em que o sujeito está inserido, traçando estratégias de empode-
ramento. Além disso, ao permitir que o sujeito, junto com seus pares, fale
de suas angústias e necessidades e das características da sua comunidade,
é dada a chance para que ele consiga estender seu olhar para as possibilidades
de mudanças, percebendo e propondo ações coletivas, entendendo-se como
parte da comunidade.
Quando pensamos em ações educativas que possuem uma proximidade
com a comunidade, lembramos da Unidade Básica de Saúde (UBS), uma vez
que o espaço físico que ela ocupa é dentro da comunidade, fazendo parte
desse território, com uma prática profissional voltada para a família. Essas
duas características fazem esse serviço da atenção primária ter um caráter
mais próximo da comunidade, pois os profissionais da saúde conhecem a
4 Educação em saúde: uma aproximação da comunidade
todos da família e têm espaço e abertura para discutir ações de saúde mais
abertamente, uma vez que compreendem a realidade do sujeito e sua traje-
tória (BARROS, 2014).
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Além disso, o bom uso da norma culta deve ser utilizado no momento de criar
um material escrito. Dentro desses materiais, a escrita pode ser organizada
de diferentes formas, como cartazes, cartilhas, textos. Não é porque um
material (cartilha, cartaz) possui uma linguagem escrita que ele precisa ser
impessoal. Ele deve se comunicar com o público-alvo, de maneira assertiva.
Sendo assim, percebemos que utilizar todas as linguagens de maneira ade-
quada é extremamente importante para a construção de vínculos, permitindo
a eficácia das ações educativas em saúde, criando vínculos e aproximando a
comunidade do serviço de saúde. Agora que você compreende como o processo
da comunicação acontece, entendendo que existem muitas possibilidades de
linguagens, as quais serão decisivas para a construção de um vínculo com o
paciente, você deve estar se perguntando: como realizar uma comunicação
assertiva nas ações educativas em saúde? Isso você vai acompanhar a seguir.
Isso não significa que a linguagem verbal não seja importante, uma vez
que ela se refere à troca de informações que possuem a base na fala e no
diálogo. Como essa é uma característica comum a quase todas as pessoas,
imagina-se se que não existam maneiras de treiná-la e torná-la adequada
para o contexto da educação em saúde (CAMPOS; LEÃO; DOHMS, 2021).
Lucas (2014) aponta quatro habilidades importantes para uma boa comu-
nicação, descritas a seguir.
Referências
BARROS, I. C. A importância da estratégia da saúde da família: contexto histórico. 2014.
Monografia (Especialização em Atenção Básica) — Curso de Especialização em Atenção
Básica em Saúde da Família, Universidade Federal de Minas Gerais, Teófilo Otoni, 2014.
Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/4357.pdf.
Acesso em: 24 maio 2021.
CAMPOS, C. F. C.; LEÃO, J.; DOHMS, M. Comunicação clínica efetiva. In: DOHMS, M.;
GUSSO, G. (org.). Comunicação clínica: aperfeiçoando os encontros em saúde. Porto
Alegre: Artmed, 2021. (E-pub).
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Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/busca?r=0&f=0&t=0&palavra=comunicar.
Acesso em: 24 maio 2021.
CREVELIM, M. A.; PEDUZZI, M. Participação da comunidade na equipe de saúde da
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Ciência Saúde Coletiva, v. 10, nº 2, p. 323-331, 2005.
FARRE, A. G. M. da C. et al. Promoção da saúde do adolescente baseada na arte/edu-
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Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/reben/v71n1/pt_0034-7167-reben-71-01-0026.
pdf. Acesso em: 24 maio 2021.
FERREYRA, E. N. A linguagem oral na educação de adultos. Porto Alegre: Artmed, 2007.
(E-book).
KIDD, M. A contribuição da medicina de família e comunidade para os sistemas de
saúde - um guia da Organização Mundial dos Médicos de Família (WONCA). 2. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2016. (e-pub).
LINGUAGEM. In: DICIONÁRIO BRASILEIRO DA LÍNGUA PORTUGUESA MICHAELIS, c2021a.
Disponível em: https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-
-brasileiro/linguagem/. Acesso em: 24 maio 2021.
LUCAS, S. E. A arte de falar em público. 11. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. (E-book).
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p. 335-342, 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/csc/v12n2/a09v12n2.pdf.
Acesso em: 24 maio 2021.
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Leitura recomendada
ASEN, E. et al. 10 Minutos para a família: intervenções sistêmicas em atenção primária
à saúde. Porto Alegre: Artmed, 2012. (E-book).