Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MINAS GERAIS
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
CONGONHAS
2017
DIEGO BERTOLDO FRANCISCO
CONGONHAS
2017
Folha de Aprovação
III
AGRADECIMENTOS
IV
RESUMO
V
ABSTRACT
VI
LISTA DE FIGURAS
VII
LISTA DE QUADROS
VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BW Business Work
US Ultrassom
UV Ultravioleta
VD Visual dimensional
VSB Vallourec Soluções Tubulares do Brasil
VZ VerbrauchZiffen
IX
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS .................................................................................. IV
RESUMO ....................................................................................................... V
ABSTRACT .................................................................................................. VI
LISTA DE FIGURAS ................................................................................... VII
LISTA DE QUADROS ................................................................................ VIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ....................................................... IX
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 1
1.1 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 2
1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................. 2
1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................... 3
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO ..................................................................... 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................. 6
2.1 LEAN MANUFACTURING .................................................................... 6
2.2 PERDAS DE PROCESSO .................................................................... 9
2.3 CUSTOS DA NÃO QUALIDADE ........................................................... 11
2.4 FERRAMENTAS DA QUALIDADE ........................................................ 14
2.5 INDICADORES................................................................................. 18
3 METODOLOGIA .................................................................................. 21
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE ANÁLISE . 26
5 APRESENTAÇÃO DE DADOS E RESULTADOS ............................... 29
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 45
X
1. INTRODUÇÃO
1
apontam para outros benefícios futuros para além deste trabalho, como
redução de estoques, otimização de operações e fluxos, como bem
asseguram Palmeira e Tenório (2002). Para a evolução desse estudo, foi
utilizado o estudo de caso. No sentido de se obter conhecimento inicial e
aprofundamento da temática, a pesquisa bibliográfica foi necessária. O
estudo de caso foi desenvolvido, em sua integralidade, por meio da análise
das informações de perda metálica por processo e produto disponibilizadas
pelo setor de produção de acabamento de tubos de aço sem costura, ou
recurso como conhecido internamente, na empresa do setor siderúrgico
objeto de análise.
Para esta pesquisa, utilizou-se o indicador de rendimento metálico
conhecido como VZ. Este é definido por Nascimento (2008) como a
quantidade aplicada para se produzir um valor definido de um produto, muito
empregado nos processos de transformação como Aciaria e Laminação. Para
o acabamento, é aplicado de forma mais simples, pois relaciona o quanto o
recurso produtivo empregou e quanto foi produzido a partir desta entrada.
Nessa ótica, o rendimento metálico, como define esse mesmo autor quando
em valores elevados pode ser um demonstrativo de que a qualidade está
com desvios ou problemas. Esse indicador começou a ser utilizado dentro da
organização a partir deste trabalho, assim pode-se considerar o mesmo como
novo no contexto da empresa. Face ao exposto, torna-se relevante pesquisas
que direcionem esforços para a redução de desperdícios nesse setor.
2
• Levantar os possíveis desperdícios na área de acabamento de tubos,
a partir das percepções das equipes envolvidas no processo.
•Analisar e apontar como os desperdícios influenciam no processo de
acabamento e como essas perdas provocam aumentos nos custos gerais e
redução no valor do produto final.
•Apresentar possíveis ações de melhorias para redução dos gastos
encontrados, a partir da análise e conhecimento dos envolvidos, para
atuação rápida e retorno imediato para o recurso de acabamento de tubos.
•Demonstrar as possíveis reduções, após a adoção de melhorias
dentro do processo produtivo, averiguando os números do indicador VZ
implantado para monitoramento a partir dessa pesquisa.
•Implementar o controle de custos da não qualidade como ferramenta
permanente na organização, após a estabilização do indicador, para que as
análises futuras tenham parâmetros e maior efetividade nos resultados.
1.3 Justificativa
3
ferramentas adequadas. Dessa forma, devido à necessidade de se melhorar
continuamente e reduzir perdas em tempos de crise, faz-se importante medir
as atividades e avaliar como está o andamento do trabalho em termos de
desempenho dos produtos e processos. Assim, os indicadores de
desempenho aparecem como ponto focal dessa atividade e Slack e et
al.(2013) demonstram que os indicadores são importantes para avaliação,
bem como para mesurar o nível de trabalho que é implementado.
Nesse sentido, nesse projeto utilizou-se a análise do indicador de
perda metálica VZ, sigla alemã da palavra Verbrauch Ziffen, que fornece
informações de consumo e rendimento de produção para auxiliar na redução
de perdas de processo e produto, na área de acabamento de tubos de aço
sem costura. Esse indicador proposto focou em fornecer referências
suficientes para monitorar o processo de redução de perdas e não qualidade,
com foco no aperfeiçoamento dos processos e produtos e aumento de
produtividade.
A partir do exposto, fica claro os benefícios de se eliminar as perdas,
propósito dessa pesquisa, em que os ganhos estão relacionados ao produto
final e também dentro do processo produtivo (GIANNINI, 2007; NEUMAN,
2013). Nessa direção, ações para atuar nas perdas devem ser objeto de
estudo dentro das instituições que visam à melhoria. Para tanto, o
entendimento das perdas deve ser analisado, aprofundado e compreendido.
Em seguida, planos devem ser traçados para atuar nesses desvios que
impedem o desenvolvimento do conjunto processo/produto e aumento na
competitividade. Em tese, as perdas foram objeto de estudo, assim como a
aplicação de ações para sua diminuição ou eliminação, utilizando como
metodologia algumas ferramentas de qualidade visando atuar nas possíveis
causas, com intuito de atingir as melhorias necessárias para o conjunto
processo/produto.
4
Manufacturing e toda sua abrangência, seguido pelo conceito de perdas do
processo e dos problemas que essas causam nas organizações; também são
apresentadas as concepções de custos da não qualidade e seus impactos. A
partir daí são mencionadas as ferramentas de qualidade e, depois disso, os
indicadores caracterizam a forma correta de se medir as melhorias para um
processo. O capítulo três expõe a metodologia utilizada na pesquisa. O
capítulo quatro contextualiza o local de realização da pesquisa; o capítulo
cinco mostra os resultados evidenciados e discutidos, seguido pelo último
capítulo que traz as considerações finais do estudo.
5
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6
Ainda é importante destacar, analisando a figura 1, que as ações para
redução dos desperdícios e aumento de qualidade são conjuntas, seja para
redução dos problemas, seja para alcance de melhorias com foco no cliente,
assegurando as bases para melhoria contínua do processo e produto.
Werkema (2012) garante que utilizando flexibilidade, qualidade, segurança,
ergonomia, motivação dos empregados e capacidade de inovação como eixo
de trabalho, os custos, as exigências e a necessidade de espaço dentro de
uma planta serão reduzidos.
Na esteira desse pensamento, Koenigsaecker (2011) apresenta uma
visão do Lean dividida em dois pilares: o conceito e a prática da melhoria
contínua e a perspectiva comportamental, alcançada por meio de uma cultura
que deve ser instituída em todos os envolvidos no processo. O autor deixa
claro que o Lean não é somente identificar e eliminar os desperdícios, mas
envolve o todo e cria raízes em quem aplica o conceito. No entanto, o
pesquisador ressalta que conhecer o conceito não é o bastante e que a
dificuldade está em construir essa cultura nas pessoas para que pratiquem
diariamente a melhoria contínua.
A partir das ideias apresentas anteriormente pelos autores
Koenigsaecker (2011); Caxito (2008); Antunes (2008) e Alvarez et al. (2008),
nota-se que a ferramenta Lean tem grandes benefícios que ultrapassam a
eliminação dos desperdícios, visto que esse modelo de gestão cria a cultura
para o desenvolvimento das pessoas que, consequentemente, aplicarão
essas melhorias em suas atividades. Os autores deixam claro que a
implementação e a construção dos conceitos no dia a dia podem ser difíceis,
mas os ganhos são constantes e a organização só tende a maximizar seu
desempenho em função disso. Em termos de ganhos no processo e produto,
as principais fontes de perdas e de não qualidade são identificadas e
melhoradas. Dessa forma, o gasto com qualidade pós-produto e processo
são reduzidos, como afirma Werkema (2012). Além disso, o autor apresenta
que o valor agregado dos produtos traz retorno para as organizações.
A metodologia Lean, de acordo com Werkema (2012), traz em sua
concepção a redução de sete perdas, que são oriundas dos trabalhos de
Shingo (1996) e Ohno (1997), a saber: i) o defeito, que é problema durante o
7
processo; ii) a superprodução, que se explica pelo excesso de produção; iii) a
espera ou gargalos; iv) o transporte, que gera gastos extras para levar as
matérias primas ou produtos de um lugar para outro; v) a movimentação, que
se descreve pelas atividades logísticas realizadas; vi) os processos
ineficientes, quando não é garantida a produção; e, vii) o estoque de material,
que é constituído pela espera para entrada em um recurso (processo). As
sete perdas demonstradas na literatura estão envolvidas com processo e
produto, todas elas têm suas particularidades de acordo com a atividade da
organização, mas podem ser facilmente identificadas.
Conforme explicado acima, essa metodologia é um modo de gestão
que tem influência direta também no comportamento das pessoas, pois a
criação da cultura muda a forma de lidar dentro das organizações. Nessa
perspectiva, conforme advoga Dennis (2008):
8
ferramentas para compor a gestão Lean são variadas e faz-se muito
importante definir, no início do trabalho de grupos de melhoria, quais as mais
aplicáveis. Esse tópico será discorrido em seção posterior nesse trabalho.
9
processo e, consequentemente, redução dos lucros no preço final do produto.
A figura 2 mostra de forma simplificada como a perda está alocada em um
sistema produtivo:
10
objetivos organizacionais, através de uma série de ações estratégicas que
melhor desenvolvam o processo da planta industrial.
De maneira complementar, Magee (2008) afirma que:
11
Como bem nos assegura Lucinda (2010), a partir do conceito de
Crosby (1994), a detecção antecipada de problemas tem um custo mais
baixo do que a resolução depois de ocorrido. Para garantir essa antecipação
ou prevenção, os conceitos de produtos sem defeitos e de fazer correto na
primeira vez são as chaves para os quatro preceitos de cautela com a
qualidade, são eles: i) prevenção deve ser a filosofia das equipes; ii) os
custos da qualidade servem para a gestão e avaliação; iii) zero defeitos deve
ser a meta de trabalho e; iv) conformidade deve ditar o ritmo da linha
produtiva. A partir de tudo que foi apresentado, vale enfatizar que os custos
financeiros para que os problemas não ocorram precisam ser ponto focal das
equipes, e não as correções e os gastos pós-desvios.
É interessante destacar a abordagem referente aos custos de não
qualidade que deve ser ponto de atenção para controles durante o processo.
Conforme citado, o custo da não qualidade é maior e ainda pode acarretar
um problema de imagem da organização, gerado quando da ocorrência de
um problema. A figura 3 mostra a relação entre os custos e os gastos com
qualidade:
Figura 2 - Gráfico da relação dos custos das falhas com os gastos de qualidade
12
com falhas não devem ocorrer se o produto final já estiver de posse do
cliente, pois assim a imagem da empresa será afetada.
O custo da não qualidade dentro de uma organização pode ser
considerado em duas categorias, como assegura Weill (2005): os custos
internos, ocorridos dentro dos domínios da instituição; e os custos externos,
encontrados quando o produto já está em posse do cliente. A teoria
apresentada pelo autor garante que o custo aumenta quando a falha do
produto não está sobre o controle da organização. Ele sustenta também a
premissa de que o foco no cliente deve orientar todo o direcionamento da
empresa para as garantias de controles internos e prevenção, e não de
correção após o fim da produção.
Guelbert (2012) defende ainda que quanto maior a qualidade, menor o
custo para empresa e para os clientes, além de aumentar o valor final do
produto. Nessa direção, as ferramentas de qualidade devem ser utilizadas
para auxiliar nesse aperfeiçoamento, na redução de perdas e no
consequente aumento e melhoria da imagem da empresa face ao mercado.
Conforme explicado, a não qualidade é um grande empecilho para o
produto e o processo tanto direta quanto indiretamente, já que causa outras
perdas organizacionais, como dificuldades em otimizar o processo com
excesso de não qualidade e imagem negativa da empresa. Assim, faz-se
importante apresentar que ferramentas de qualidade devem ser incorporadas
na rotina organizacional para auxiliar nas melhorias e redução de perdas.
Teboul (1991) contribui ao destacar que:
13
sentido, os programas para melhoria contínua e resolução de problemas
precisam acontecer de modo dinâmico para sustentar esse processo.
Diante do exposto, ressalta-se que os grupos de trabalho com as
ferramentas de qualidade devem ser introduzidos no ambiente organizacional
a fim de reduzir os custos da não qualidade, como destaca Oakland (1994).
De tal forma, pode-se dizer que o ganho de uma empresa está diretamente
relacionado à redução da não qualidade, uma vez que esse custo incorpora o
valor final do produto, perspectiva essa já sustentada nesta seção.
14
Dessa maneira, as ferramentas da qualidade participam de forma ativa
do modelo de gestão das empresas e devem ser entendidas como um
processo cultural, que necessita do envolvimento de todos para que seu
funcionamento seja pleno. Pode-se verificar na figura 4 as sete ferramentas
básicas da qualidade:
15
Para esta pesquisa, entre as ferramentas básicas utilizou-se apenas o
histograma para agilizar as análises preliminares em busca das soluções
rápidas e aplicáveis ao contexto e demanda imediatista da gerência.
Para os histogramas, os resultados são obtidos através da distribuição
dos dados em análise. Melo (2012) define que os histogramas facilitam as
ações e auxiliam na tomada de decisão, pois fornecem o entendimento dos
números, a análise das médias e dos desvios padrão, permitem
comparações de resultados, entre outros. Essa ferramenta tem grande
utilidade para aplicação em trabalhos que requerem resolução rápida, já que
apresenta diferentes interpretações de números em uma mesma ferramenta.
Outras ferramentas foram desenvolvidas com objetivo de melhorar as
análises após a criação das ferramentas básicas, o Brainstorming, por
exemplo, se destaca por ser uma ferramenta de simples aplicação e para
auxílio de equipes que desejam atuar sobre um problema em um curto
espaço de tempo, como demonstra Rodrigues (2014). O autor ainda atenta
que, para aplicação, são necessárias cinco etapas básicas: i) definir o
objetivo; ii) estabelecer equipe; iii) eleger um líder para conduzir; iv) definir
um membro do grupo para registrar as ideias e controlar o tempo; e, v) fixar o
tempo da rodada de ideias.
César (2013) argumenta que nenhuma melhoria tem início sem que se
possa compreender completamente o problema, a origem, a extensão e as
causas, visto que meras especulações não significam bom entendimento das
informações. Nesse sentido, as ferramentas de qualidade aprimoram e focam
na problemática com objetivo de produzir soluções. O autor ainda menciona
que as melhorias são necessidades evidentes das empresas, e que a
utilização de ferramentas da qualidade se apresenta como principal condutor
ao sucesso na resolução de problemas, desde que empregadas de forma
correta, seguindo devidamente as metodologias.
Percebe-se ainda que diversos autores (SILVA, 2015; LUCINDA, 2010;
DIAS, 2016) mostram a real importância da utilização das ferramentas de
qualidade, que devem modificar a cultura de todos envolvidos, quando se tem
a clara necessidade de melhorar e resolver problemas, ou seja, aprimorar o
cotidiano das organizações. Lucinda (2010) mostra que, devido às
divergências de pensamento, as soluções podem não aparecer por falta de
16
um modo correto de análise e, nesse contexto, as ferramentas da qualidade
vêm para auxiliar no encontro de soluções e apresentar facilidade na
aplicação.
Segundo explicitado, as organizações têm grande necessidade do uso
das ferramentas da qualidade, sobretudo quando o objetivo é eliminar perdas
e custos da não qualidade e garantir aplicação da melhoria contínua. Uma
aplicação, por exemplo, seria reduzir um reprocesso ou padronizar uma
atividade, sendo que, em ambos os casos, as ferramentas da qualidade
oferecem resolução e resultado favorável. Dessa forma,
17
2.5 Indicadores
18
Nesse contexto, pode-se dizer que o uso de indicadores nas
organizações deve ser efetivo e estabelecido para verificação de resultados,
cuja influência recai em todas as áreas. A visão mais interessante fica por
conta da complementação de indicadores de performance e qualidade, em
que os autores Tachizawa, Ferreira e Fortuna (2004) demonstram a
associação necessária para melhorar as análises ao se iniciar um trabalho.
De acordo com os pesquisadores, os indicadores podem ser aplicados como
primeiro alerta dos problemas e também como ponto de partida para a busca
de soluções e melhorias. Isso visto que muitos números já estão preenchidos
em sua base de dados e ainda apresentam os desvios em uma escala de
priorização.
Dessa forma, os indicadores não são apenas números, são
ferramentas de grande importância para análises e busca por resultados.
Pode-se dizer que são os primeiros pontos que indicam que alguma coisa
não está de acordo. Os indicadores também são importantes para mensurar
e mostrar a evolução dos trabalhos que são realizados, como demonstram
Liker e Hoseus (2009) em seu estudo, evidenciando que dentro de um
diagnóstico eles são parte a se considerar para a correta análise e
implantação de ações. Nesse sentido,
19
Por essa razão, ressalta-se a necessidade de aplicação de indicadores
de desempenho nos processos das empresas em busca da qualidade,
performance e melhoria contínua tanto para desenvolvimento, quanto para
manutenção competitiva e aumento dos lucros. Os indicadores de qualidade
ainda podem ser definidos como balizadores de custos, pois, conforme já
apresentado, são potencializadores para iniciar os trabalhos, seja na
qualidade, no processo ou em ambos. Logo, pode-se caracterizá-los como
primeiro ponto de alerta para a não qualidade e para as perdas de processo.
Face ao exposto, essa pesquisa objetiva aplicar o indicador de perda
metálica VZ. Indicador esse que não possui muitos estudos na literatura com
aplicação direta do mesmo, o que se pode verificar são indicadores parecidos
com algumas particularidades de acordo com a área onde está aplicado.
Algumas bibliografias trazem nomenclaturas variadas, podendo citar:
rendimento metálico, coeficiente de perda metálica e outros mais voltados
para setores de produção de aço.
20
3 METODOLOGIA
21
descrever, decodificar, traduzir, apreender o significado, e não a frequência
de certas ocorrências. Para as pesquisas quantitativas, os autores
apresentam que o método se utiliza de dados numéricos para interpretação
na forma de gráficos e tabelas de valores.
Segundo Gil (2008), as pesquisas qualitativas têm o propósito de
apresentar as características do fenômeno e a interpretação está diretamente
ligada ao perfil do pesquisador, pois os métodos analíticos não têm fórmulas
pré-definidas. O autor ainda determina que as pesquisas quantitativas têm o
objetivo de medir alguma observação e apresentar esses valores de forma a
chegar a uma interpretação coerente. Neste trabalho, avaliou-se que seriam
aplicadas as pesquisas qualitativa e quantitativa combinadas a fim de
trabalhar com o problema proposto.
Foram utilizadas, a priori, as técnicas de pesquisa bibliográfica para se
conhecer sobre assunto proposto e construir um quadro teórico. Em seguida,
foi realizada a pesquisa aplicada com a técnica de estudo de caso, para se
observar o fenômeno, fazer análises do objeto e obter os resultados.
Gil (2008) mostra que o estudo de caso é estruturado pelo profundo
exame de um ou poucos objetos, para permitir um maior conhecimento
detalhado sobre o problema investigado. Para a pesquisa em questão, foi
aplicada a técnica de estudo de caso por se tratar de um problema
apresentado em um setor de uma empresa siderúrgica, na qual os dados
foram disponibilizados para análise, aplicação de ações e resultados sobre o
estudo.
Cooper e Shindler (2016, p.168) definem estudo de caso como:
22
O objetivo deste estudo de caso foi analisar como o indicador de perda
metálica VZ auxilia na redução de perdas de processo e produto, na área de
acabamento de tubos de aço sem costura. Isso, com a finalidade de
apresentar o benefício do controle e redução das perdas de não qualidade no
setor siderúrgico.
Quanto à classificação, as fontes para a coleta de dados utilizada para
efetivação do projeto foram secundárias, uma vez que os dados de pesquisa
estão disponíveis na empresa e já são trabalhados em um sistema que os
estabelece em forma de tabela ordenada, facilitando sua manipulação para
entendimento do problema.
Abrão (2002, p.21) estabelece para fonte secundária:
23
os dados são obtidos diretamente das pessoas. Sem contar que
em muitos casos só se torna possível realizar uma investigação
social por meio de documentos. Para fins de pesquisa científica são
considerados documentos não apenas os escritos utilizados para
esclarecer determinada coisa, mas qualquer objeto que possa
contribuir para a investigação de determinado fato ou fenômeno.
24
para analisar como estava sendo o desempenho do grupo em sua atuação e
quais os resultados da linha de acabamento dentro do contexto da empresa
como um todo.
25
4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA EMPRESA E DO SETOR DE ANÁLISE
26
Figura 4 - Fluxograma de processos
27
aplicação da camada protetora sobre os tubos. Por fim, o processo final de
embalagem é a preparação dos mesmos para estocagem logística.
28
5 APRESENTAÇÃO DE DADOS E RESULTADOS
29
necessário que as devidas manipulações fossem realizadas, a fim de se
estabelecer a quantidade de material empregado.
Para aprofundamento, as famílias foram divididas de acordo com a
seguinte ordem: tipo de material LinePipe (LP - tubo com as extremidades
chanfradas e aplicação final do cliente) e tubos Ponta Lisa (PE - material que
sofre acabamento final nos clientes internos ou externos), faixa de diâmetro
(OD), tratamento térmico (tratado e não tratado) e parede (fina, média e
grossa). As 27 famílias, de acordo com sua classificação, são exibidas no
quadro 1:
30
Quadro 1 - Divisão de família de produtos
31
para a família 27 de reparo, são inseridos os materiais que necessitam ser
corrigidos problemas de qualidade, já identificados nos vários outros setores
da empresa em objeto de estudo.
O modelo de cálculo de VZ também foi apresentado e relaciona a
quantidade de material empregado, ou seja, o que entra na linha de produção
e o que sai produzido em unidade de peso. Significa dizer o quanto é
necessário para se produzir 1000 kg de tubo. O detalhamento do cálculo
segue a estrutura abaixo:
32
Quadro 2 - Brainstorming dos problemas
33
provenientes do fornecedor interno anterior, no caso a Laminação, que
somente seriam detectados no processo de VD (Visual dimensional), sendo
esse o grande desafio a resolver. Os seis principais desvios foram colocados
para ação imediata até que a análise numérica fosse concluída e os pontos
de VZ contabilizados.
A segunda questão da influência das perdas no processo de
acabamento era compreender: “Como as perdas tendem a gerar influência
negativa no processo de acabamento?”.
Aplicando a forma do VZ, chegou-se ao valor de 1,067 pontos, ou seja,
para produzir 1000 kg de tubos era necessário empregar 1067 KG, isto é,
perdia-se 67 KG de tubos para cada 1000 KG que saía como produto perfeito
da linha de acabamento. Os números de produção de 2014 foram 114.165
ton. e as perdas de processo, sucateamento e na produção foram de 7.644
ton.. Assim, atribuindo um tubo com peso médio de 1000 KG, foi perdido em
torno de 7000 tubos. Concedendo um valor fictício de R$ 4000,00 por tubo,
baseado no valor médio do produto no mercado de tubos de aço sem
costura, temos uma perda estimada em R$28.000.000,00 com não qualidade
durante o ano de 2014. Valores expressivos que a empresa esperava
compensar a partir da realização desse trabalho.
Com o valor do VZ de 2014 calculado em 1,067 pontos, a meta
definida pelo comitê da diretoria foi de 1,045 pontos, ou seja, uma redução
acumulada durante o ano de 22 pontos. Desses 1067 pontos, foram definidos
que dois pontos eram do processo em funcionamento normal. Dessa forma,
os outros 65 pontos eram provenientes de perdas, desvios e outros. Com a
aplicação da formula do VZ nas 27 famílias chegou-se aos seguintes
números:
34
Quadro 3 - VZ por família de produto
35
são necessárias, pois tratam de materiais que estavam sendo testados para
vendas futuras e o reparo os considerava já com problemas. No primeiro
momento, foram medidos e controlados, no entanto, não teriam ações iniciais
para redução. Para as 5 famílias (2, 16, 17, 21 e 23) que estavam dentro da
meta definida de 1,045 foi preciso apenas monitorar e garantir que não se
desviassem da meta.
O VZ pode ser entendido como a quantidade necessária de material
para atendimento planejado de um volume proposto pelo cliente. Deste
modo, um número não verdadeiro pode significar o não atendimento e
reprogramação de material, ou ainda, um número melhor que o planejado
pode significar superprodução. Ambos os problemas foram apresentados nos
sete tipos de desperdícios da gestão Lean que devem ser reduzidos. Por
isso, foi solicitado ao comitê por parte da diretoria uma análise crítica e a
correção no sistema de produção de todos os materiais da usina. Para esta
correção, foi utilizada a função histograma com o auxílio do software Minitab.
Usou-se o material 600946, escolhido aleatoriamente para exemplificar o
processo, o mesmo está compreendido na família 17, e conforme
apresentado na tabela de famílias podemos classificar o mesmo como sendo
um PlainEnd de diâmetro 177,80<OD<=219,1 mm com tratamento térmico.
Segue apresentado na figura 6.
36
Figura 6 - Histograma Minitab
37
quadro 4 seguem as ações levantadas na base dos desvios da linha
acabadora:
38
No início de 2016, após quase um ano de trabalhos, na mesma
sistemática de análise e correção dos problemas, o valor geral se apresentou
da seguinte maneira:
39
colaboradores em treinamento fora da planta. Por tal razão, não ocorreu
produção nesse período.
O último questionamento que se relaciona à continuidade do projeto
foi: “Como ficou o processo de controle da não qualidade na linha de
acabamento?”.
A partir do início do ano de 2016, com os ótimos resultados
apresentados, a empresa optou por colocar o VZ como um indicador fixo para
monitoramento da não qualidade. Assim, a análise é realizada no sistema
automático, material a material, realizando a comparação do planejado
versus realizado. Dessa forma, o diagnóstico passou a ser mais minucioso e
todo desvio ocorrido devia ter ações para correção dos problemas. O foco da
empresa continuou sendo na Gestão Lean e com o VZ em controle,
direcionando os trabalhos para novos processos descritos a partir dessa
metodologia - modelo de gestão e controle.
Após apresentação dos resultados, em que os maiores desafios foram
as ações que deveriam ser implementadas em conjunto com os fornecedores
internos, verificou-se que esse processo foi um pouco mais acessível do que
se presumia, devido aos fornecedores internos também estarem com
aplicação própria de trabalho de redução das perdas. As outras ações foram
concluídas com sucesso e os resultados apresentados foram de grande
importância para a organização. Cabe ressaltar que a mudança de cultura
ocorreu, talvez, com as ações mais simples: definição da governança do
processo de sucateamento e de quais etapas deveriam ser seguidas para
realizar o procedimento de sucatear. Ademais, os números de redução para
1,025 pontos de VZ no resultado global, com 42 pontos abaixo da meta
estipulada e a economia de R$5.000.000,00/ano mostraram a qualidade do
trabalho desempenhado por toda a equipe do projeto. A partir da ajuda de
todos os envolvidos no processo produtivo, houve a evolução no nível de
melhoria contínua e diminuição considerável dos desperdícios da área de
acabamentos.
40
CONSIDERAÇÕES FINAIS
41
R$5.000.000,00/ano pode representar um ponto significativo no desempenho,
sobretudo, devido ao momento de crise vivido pelas siderúrgicas no Brasil.
Por sua vez, o objetivo de desenvolver o controle de custos da não
qualidade foi talvez o ponto de maior satisfação, já que a criação da cultura
de reduzir perdas e melhorar o senso crítico para análises deve ser aplicada
para além desse projeto, ou seja, em outras atividades que a empresa deseja
alavancar. A aplicação do VZ como indicador oficial possibilitou também
tratar diariamente as reduções como meta, assim cada material recebe uma
atenção especial para seu desenvolvimento, fruto da cultura de melhoria
contínua implantada.
É importante citar, no entanto, que houve uma limitação do trabalho no
momento em que foi iniciado dentro da empresa. Isso porque os sistemas
automatizados não existiam, então as ferramentas da qualidade utilizadas se
limitaram as mais simples para execução de ações. Com a automatização do
sistema, o emprego de novas ferramentas poderá ser ampliado, tornando o
processo de verificação mais embasado dentro do conceito de aplicação de
ferramentas de qualidade.
Ressaltam-se aqui apenas alguns pontos fundamentais do trabalho
executado que fizeram com que tudo ocorresse conforme solicitado pela
diretoria da empresa - objeto de estudo. Por se tratar de uma companhia
competitiva no mercado, o destaque principal é a redução dos desperdícios
em números, ou seja, a empresa deixou de gastar um valor substancial com
a efetividade dos controles e ações para melhoria contínua.
Todas as ferramentas utilizadas tais como o brainstorming, o
histograma e o plano de ação realizado e os grupos de trabalho reforçam o
quanto são importantes para a resolução de problemas. Mas, talvez, a cultura
criada possa ter sido o maior ganho, não mensurado em valor, pois a
empresa mudou seu patamar para que os colaboradores envolvidos tenham
atenção, zelo e autonomia em não gerar desperdícios. Além disso, os que
chegaram à empresa, a partir dessa incorporação, vão se adequar mais
facilmente à nova cultura, posto que já faça parte do modo de gestão da
área; assim, as tratativas deverão ser apenas para casos em que ocorrerem
uma crise de qualidade ou um problema específico.
42
Diante disso, pode-se dizer que o estudo de caso proposto foi
concluído com êxito, pois todos os objetivos - geral e específicos - foram
atingidos. Os números de redução e os ganhos não mensuráveis poderão ser
utilizados em outras atividades que forem desenvolvidas na empresa. O
trabalho com pessoas de visões diferentes dentro de um mesmo processo e
a análise minuciosa dos desvios possibilitaram que as ações aplicadas
fossem efetivas e que os ganhos ultrapassassem as expectativas e metas
estabelecidas.
Além disso, o VZ determinado como um indicador fixo na rotina
gerencial faz com que não exista a necessidade desse intensivo trabalho
rotineiramente, sendo um ponto de importância para a organização, uma vez
que pode indicar vários desvios como má qualidade, geração de custos
desnecessários e outros. A continuidade da aplicação dos conceitos Lean
para a organização representa um modo novo de visão para melhorar a
competitividade no mercado. Dessa forma, novos projetos devem ser foco de
estudos futuros, tais como controle de estoque e lead time de produção.
A evolução do projeto viabilizou uma análise de como as perdas
influenciam negativamente no processo de produção, quanto custam e quais
as principais etapas afetadas. Da mesma forma, avaliaram-se os problemas e
suas causas e ainda apresentou-se um conjunto de ações para melhoria do
processo de manufatura, visando à eliminação das perdas e não qualidade.
O estudo compreendeu como as ferramentas de qualidade podem ser
empregadas a fim de auxiliar na construção de formato padrão de trabalho
em grupo e mostrou quais os ganhos após aplicação das técnicas para
solucionar os desvios.
De uma forma integral, as reduções de perdas foram de significativa
importância para a organização objeto de análise, sobretudo em relação à
eficiência alcançada e custos reduzidos. Ademais, o controle do processo
passou a funcionar com o monitoramento e correções nos desvios positivos e
negativos de perdas, evitando o aparecimento de outros problemas do
mesmo tipo no processo. As ações atuaram em diferentes áreas e foram
complementares, envolvendo processo, produto, equipamento, gestão e
atitude dos colaboradores. Esta sintonia permitiu resultados importantes para
a organização de modo geral.
43
Analisando as perdas através da utilização do indicador de VZ foi
possível embasar como elas provocavam custos não previstos e
problemáticos para a organização, que até o presente momento não eram
conhecidos e nem mensurados. Ficou evidenciada também a real
necessidade de análises, estudos em grupo, ações para redução e
monitoramento por meio de indicadores para a evolução contínua do
processo produtivo. O trabalho em grupo permitiu que visões diferentes de
colaborações envolvidos em um mesmo processo chegassem a ações com
resultado positivo, de forma a atender as reduções estabelecidas em metas.
Apresentada a importância da temática, faz-se necessária a
continuidade do monitoramento e de ações para melhoria e aplicação dos
outros conceitos indicados na gestão Lean, que serão baseadas no projeto
de redução de custos com perdas. Outros problemas podem ser resolvidos
com aplicação da metodologia e o trabalho em grupo permanecer estimulado
dentro da organização, que fica como indicação também para estudos
futuros.
Diante disso, averiguou-se que a análise deste novo indicador VZ
permite que o controle de custos ocorra dentro de uma linha produtiva, a fim
de reduzir as perdas e aumentar os lucros do produto final, tornando a
empresa, portanto, mais competitiva tal como dita o atual mercado.
44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
45
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚTRIA. Água, Indústria e
Sustentabilidade. Brasília: Água, Indústria e Sustentabilidade, 2013.
46
FONSECA , R. C. V. D. Metodologia Do Trabalho Científico. Curitiba: ISDE
Brasil, 2009.
47
LIKER, J. K.; MEIER, D. O Modelo Toyota - Manual de Aplicação. Porto
Alegre: Bookman, 2007.
MELO, M. Guia de Estudo para o Exame PMP. 4ª. ed. Riode Janeiro:
Brasport, 2012.
48
OAKLAND, J. S. Gerenciamento da Qualidade Total. São Paulo: Nobel,
1994.
49
SLACK , N. et al. Gerenciamento de Operações e de Processos. 2ª. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2013.
50
WERKEMA, C. Criando a Cultura Lean Seis Sigma. 3ª. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2012.
51