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Ser libertado de uma prisão representa a remoção de uma restrição física. Trancada em uma
cela, a pessoa não pode sair, a abertura da cela é como abertura de uma gaiola. No que se
refere a restrições, prisões e gaiolas são as mais óbvias. Essa forma particular de ser livre não
apresenta problema para a análise comportamental, porque se refere apenas ao fato de uma
ação ser ou não possível.
Você nunca opta livremente por respirar, andar ou mesmo aprender a falar. Essas opções
foram limitadas pelos seus genes e seu ambiente. Se fosse possível libertar-se desses limites,
então teríamos livre arbítrios.
Livre-arbítrio leva à presunção: “Se dependentes de cocaína são livres para optar por não usar
a droga, então a dependência é culpa dos dependentes. Eles deveriam “ter vergonha na cara”
e nenhum a ajuda lhes deveria ser dispensada.”
A falta de liberdade dos escravos tem menos a ver com restrição física, pois o escravo pode se
recusar a trabalhar. A consequência provável dessa recusa, porém, seria o chicote.
Também de pessoas que vivem em um estado policial se diz que não têm liberdade, porque
muitas de suas ações são proibidas pela ameaça de punição. Não se sentem livres, como
grande parte de nós que vivemos em um a sociedade democrática.
Dois tipos de controle aversivo, punição positiva e reforço negativo. Se falar o que pensamos
resulta em um a surra, nesse caso o falar foi positivamente punido. Se mentir evita a surra,
então o mentir foi negativamente reforçado. Em geral, os dois andam juntos; se uma ação é
punida, normalmente há alguma alternativa que evita a punição.
Inúmeras formas de relacionamento podem ser coercivas. Mas todos esses relacionamentos
coercivos podem ser substituídos por relacionamentos não-coercivos. Ex.: O pai pode dar afeto
ou presentes quando a criança obedece.
Os que sustentam que a coerção não é eficaz estão enganados, pois, devidamente treinados,
os seres humanos são extraordinariamente sensíveis a possíveis consequências aversivas, em
especial à desaprovação e isolamento social.
*Como forma de lidar com as pessoas, portanto, a coerção é ruim, porque torna as pessoas
rancorosas, agressivas e ressentidas.
Liberdade e Felicidade
Ao se falar de liberdade política ou social, se diz frequentemente que liberdade é ter escolhas.
Para os analistas do comportamento, “ter escolhas” não tem nada a ver com livre-arbítrio;
significa apenas a que mais de uma ação é possível.
Nossa discussão de coerção sugere que a liberdade social consiste não tanto em ter escolhas
como em não ser punido por elas. Posso optar por integrar um partido político ou religião
banidos pela lei; dizemos que minha liberdade política ou religiosa é restrita, pois serei punido.
Sentimo-nos tanto livres quanto felizes, quando nos comportamos de uma maneira e não de
outra; não porque a ação que não escolhemos seria punida, mas porque a que escolhemos foi
mais positivamente reforçada. Evidentemente, é raro que uma escolha leve a
Observação: quanto menos nosso comportamento for modelado por punição e ameaça de
punição - quanto mais nossas escolhas forem guiadas por reforço positivo, mais nos
sentiremos livres e felizes.
Várias objeções ao ponto de vista do analista comportamental sobre liberdade social são
levantadas pelos críticos, duas delas são especialmente relevantes:
1)A primeira objeção se baseia de que a liberdade consiste na ideia de que a liberdade consiste
em ser capaz de “fazer o que quero”. Na análise comportamental, o querer é a tendência a agir
que ocorre em um contexto em que houve reforço no passado.
Prossegue a objeção, você pode desejar coisas nunca experimentadas > Dois fatores explicam
o querer um a coisa nova: generalização e regras. A probabilidade de dizer que quer alguma
coisa só existe se você tiver tido experiência com coisas semelhantes.
Ex.: Talvez você nunca tenha estado no Caribe, mas já esteve em férias e fez outras viagens.
Você generaliza dentro da categoria “férias e viagens de lazer”.
Poderia parecer que conceder ao controlador os meios para prover reforço positivo seria
conceder-lhe um poder que pode facilmente ser mal-empregado. Afinal, dizem os críticos, o
poder de dar é também o poder de tirar.
Reforço positivo significa prover relações de reforço pelas quais o comportamento socialmente
desejável pode levar o indivíduo a uma melhor sina. O reforço positivo, entretanto, tem um
problema: ele pode ser mal-empregado. Reforçadores pequenos, porém conspícuos, liberados
imediatamente, podem ser tão poderosos que as pessoas sacrificarão o bem-estar a longo
prazo pelo ganho a curto prazo. Essa situação pode ser chamada uma armadilha de reforço.
Diz-se que maus hábitos, com o fumar e comer em excesso, exigiriam autocontrole > parece
sugerir o controle por um “eu” em algum lugar interno, ou um “eu” interno controlando o
comportamento externo. Os analistas comportamentais rejeitam esses pontos de vista por
mentalistas. O que seria então autocontrole?
Autocontrole consiste em fazer um a opção. A alternativa, que seria ceder ao hábito, é agir
impulsivamente.
Liberdade espiritual
“Prazeres mundanos” - comida, sexo, belos carros, férias no Caribe - são todos reforçadores.
Em termos técnicos, os escritores precedentes parecem falar sobre alguma coisa que
transcende a libertação do controle aversivo; parecem falar sobre a libertação que transcende
até mesmo o reforço positivo. Se a gente pudesse se libertar do controle aversivo e do reforço
positivo, que controle sobraria?
Uma forma de compreender a liberdade espiritual se torna mais clara quando consideramos
não apenas o que é denegrido, mas também o que é defendido. Se perseguir o prazer
mundano é mau, então o que é bom? As respostas variam, mas, em geral, preconizam valores
como a bondade e a simplicidade.
Em termos comportamentais, a defesa da liberdade espiritual pode ser vista não como
um argumento em prol da libertação de todos os reforços positivos, mas, antes, como
um argumento a favor de um conjunto de reforçadores positivos em contraposição a
outro. Trata-se da qualidade de vida.