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Determinismo Moderado

O problema do livre-arbítrio é uma das questões filosóficas mais difíceis. Por um lado, as
pessoas acreditam que escolhem (pelo menos) parte daquilo que fazem. Por outro lado, existem
as evidências e a explicação científica do mundo fundada no determinismo e no princípio da
causalidade universal. Será que é possível conciliar/compatibilizar a liberdade e o
determinismo?
De acordo com o determinismo moderado, sim. Todos os acontecimentos são efeitos de
causas anteriores. Há livre-arbítrio. Logo, é falso que, se todos os acontecimentos são efeitos
de causas anteriores, então não há livre-arbítrio. Segundo este perspetiva, a liberdade e o
determinismo são compatíveis. Os compatibilistas argumentam que estar determinado a querer
fazer algo não é o mesmo que não ter livre-arbítrio, pois o que conta é se algo nos constrange
a escolher aquilo que estamos determinados a escolher ou se, pelo contrário, o que escolhemos
voluntariamente. Sendo livre, o agente é responsável, se as suas ações forem causadas por
estados internos (desejos e crenças) do agente. Existem os comportamentos constrangidos não
livres: “O Afonso, depois de ter sido torturado confessou um crime que não cometeu.” e os
comportamentos não constrangidos livres: “A Matilde decidiu mentir à professora, para evitar
sarilhos.” As vantagens desta teoria são: noção de livre-arbítrio e noção de responsabilidade.
As desvantagens ou objeções que podem ser apresentadas são: A distinção entre ações livres e
não livres não é clara. Do facto de não sentirmos qualquer constrangimento para fazer algo,
não se segue que não estejamos mesmo constrangidos, pois pode apenas dar-se o caso de não
termos consciência dos nossos constrangimentos. A diferença entre ações livres e não livres
não pode ser feita através da diferença entre causalidade interna e causalidade externa. Teria
de admitir que todas as ações são livres. Exemplo: Aponto uma arma à cabeça da pessoa e digo:
“A carteira ou a vida!”. A pessoa dá-me a carteira. Segundo o determinismo moderado, a causa
da ação está no exterior do agente (não livre). Mas será que é mesmo assim? A pessoa deu-me
a carteira porque acreditou que eu estava a fala a sério e a mataria se não me obedecesse
(crença) e porque queria conservar a sua vida (desejo); Não explica o comportamento
compulsivo. Quem age compulsivamente age de acordo com os seus próprios desejos e crenças,
mas a ação não é livre. Uma pessoa com a compulsão para roubar é uma pessoa cuja ação tem
uma causa interna, ou seja, não consegue resistir a um desejo mais forte do que ela. A sua ação
é livre (causa interna) e não é livre (é forçada). O determinismo contradiz-se.
Em conclusão, o determinismo moderado é a perspetiva segundo a qual temos livre-arbítrio
e o livre-arbítrio é compatível com o determinismo. Desde que não sejamos obrigados ou
forçados a escolher algo, a nossa escolha é livre.

Daniela Basílio Jorge, nº36, 10ºD

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