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TEORIAS SOBRE O LIVRE ARBÍTRIO

TEORIAS INCOMPATIBILISTAS TEORIAS COMPATIBILISTAS

Defendem que o livre arbítrio é


Afirmam que não podemos, ao mesmo tempo, defender a possibilidade do compatível com o determinismo – ambas
determinismo e a possibilidade do livre arbítrio. Ou não temos livre arbítrio e o
determinismo existe, ou não há determinismo e existe livre arbítrio as crenças são possíveis.

DETERMINISMO RADICAL LIBERTISMO


 Temos livre arbítrio; DETERMINISMO MODERADO
 Não temos livre arbítrio;  Só o mundo natural é
 O mundo material é determinado: a vontade e a
determinado e as ações consciência humanas não são
humanas também. determinadas pelas cadeias  Temos livre arbítrio, embora não possamos,
causais do mundo físico. de certa forma, escapar à causalidade
natural - há certos fatores que
condicionam a nossa ação;
 o mundo físico é determinado.
.
TEORIAS Há livre Tudo está
arbítrio? determinado?

Determinismo
Radical
Incompatibilismo

Libertismo

Compatibilismo Determinismo
moderado
ARGUMENTOS A FAVOR E CRÍTICAS ÀS TEORIAS SOBRE O LIVRE ARBÍTRIO
TESES DEFENDIDAS CRÍTICAS OU OBJEÇÕES
DETERMINISMO PRINCIPAL ARGUMENTO:
RADICAL - Se tudo tem uma causa, então não há ações 1 - Quando ponderamos se devemos ou não agir
livres. pensamos em liberdade e verificamos que temos a
- É verdade que tudo tem uma causa. possibilidade de realizar ou não certas ações.
- Logo, não há ações livres.
“Existem estados mentais como a intencionalidade e
JUSTIFICAÇÕES E EXPLICAÇÕES: a consciência que não são causais. Sempre que
Todos os fenómenos naturais dependem alguém diz para fazer alguma coisa, posso muito
sucessiva e necessariamente de causas, os bem não fazer essa coisa. Este tipo de opção não
acontecimento sucedem-se numa relação de está á disposição dos glaciares .” John Searle
causa-efeito. Se todos os fenómenos estão
submetidos às leis naturais de caráter causal, 2- Se o determinismo radical tiver razão, não temos
então a própria ação humana também deve ser livre-arbítrio.
entendida à luz da lei da causalidade. Se não tivermos livre-arbítrio, não poderemos ser
moralmente responsáveis.
CONSEQUÊNCIAS DO DETERMINISMO RADICAL: Se não formos moralmente responsáveis, não
– Se não há ações livres, não podemos ser podemos ser castigados.
responsabilizados pelas nossas ações. É absurdo defender que não podemos ser
castigados.
CONCLUSÃO: tudo o que fazemos é inevitável, Logo, o determinismo radical é falso.
portanto, quando alguém rouba alguém, a culpa
não é sua, mas sim de causas que o antecederam,
o homem, em causa, não pode ser condenado.
TESES DEFENDIDAS: CRÍTICAS

LIBERTISMO PRINCIPAL ARGUMENTO: - Os opositores dos libertistas


- Se temos livre-arbítrio, o determinismo é falso. defendem que estes:
- Temos livre-arbítrio.
- Logo, o determinismo é falso. - Não conseguem explicar como
é que o homem não está
JUSTIFICAÇÕES OU EXPLICAÇÕES: sujeito à causalidade natural;
Quando agimos temos a intuição de que o fazemos
livremente; Não sentimos que estejamos - Não apresentam argumentos
obrigados a agir determinados por uma causa fortes para justificar o livre
externa. Logo temos livre arbítrio e o arbítrio;
determinismo não existe.
- Não basta defender o livre-
CONSEQUÊNCIAS DO LIBERTISMO: arbítrio dizendo que temos
– Se há ações livres, podemos ser uma intuição de que quando
responsabilizados pelas nossas ações. agimos o fazemos livremente.

CONCLUSÃO: - A intuição de liberdade pode


O homem pode responsabilizado pela sua ação. ser ilusória.
Tanto pode ser castigado ou condenado por certas
ações, como pode ser elogiado e admirado por
outras.
TESES DEFENDIDAS CRÍTICAS

DETERMINISMO PRINCIPAL ARGUMENTO:


MODERADO - Estamos sujeitos ao determinismo mas também, já - Os compatibilistas argumentam que
exercemos o livre arbítrio, decidindo como agir; somos livres se agirmos sem
constrangimentos ou obstáculos,
- Logo, o determinismo é compatível com a existência internos ou externos, que nos
do livre arbítrio; impeçam de fazer o que desejamos.

JUSTIFICAÇÕES OU EXPLICAÇÕES: - Mas, se aquilo que desejamos fazer


se encontra determinado por
Ainda que as nossas ações sejam determinadas por acontecimentos anteriores
causas, é possível ao agente alterar o rumo da ação (determinismo) então as nossas ações
(como por exemplo, controlar um impulso) e escolher estão constrangidas por
uma outra alternativa de realização da ação (por acontecimentos anteriores. Não temos
exemplo, escolher não agredir alguém que nos passa a é consciência de que estamos a ser
frente na fila). constrangidos.

CONCLUSÃO: Apesar de estarmos sujeitos à causalidade  


natural, somos livres quando escolhemos o que - Não explica porque é que ser
queremos, e o que queremos não resulta de qualquer constrangido por acontecimentos
coação. anteriores é um ato livre e ser
constrangido por alguém -estar sob
coação - já não é um ato livre.
 
TESES DEFENDIDAS CRÍTICAS
INDETERMINISMO - Defende a impossibilidade de prever os fenómenos a partir de causas
determinantes, nega o determinismo.  O indeterminismo ao
- Introduz as noções de acaso e de aleatório. Tal como sucede com as partículas nível das partículas na
na física, também ação humana resultaria do aleatório, do acaso. física não é,
CONSEQUÊNCIAS: efetivamente, um
- A introdução de um elemento de acaso, não chega para resolver o problema do apoio para qualquer
livre arbítrio. Pelo contrário, se as nossas ações forem mero fruto do acaso ou doutrina da liberdade
do aleatório, casuais, então o agente também não é responsável, não pode ser da vontade; porque,
condenado. em primeiro lugar, a
O facto de o indeterminismo anular a liberdade e a responsabilidade conduz ao indeterminação
chamado dilema do determinismo ou dilema de Hume, em homenagem ao estatística ao nível das
homem que o formulou no séc. XVIII. partículas não mostra
“Ou o determinismo é verdadeiro ou é falso; qualquer
Se for verdadeiro, não somos livres; indeterminação ao
Se for falso, as nossas ações são indeterminadas, nível dos objetos que
Logo, também não somos livres.” nos afetam – corpos
Em qualquer das situações não somos livres. humanos, por
O dilema de Hume coloca – nos num impasse entre o determinismo radical e o exemplo.
indeterminismo. Optar pelo primeiro é afirmar que não há compatibilidade entre John Searle, Mente,
o exercício da nossa liberdade e a lógica de funcionamento causalista a que cérebro e ciência,
necessária e naturalmente nos submetemos. Optar pelo segundo é afirmar que Edição 70, p.106
todas as nossas ações são aleatórias, que não se submetem a qualquer lógica de
determinação e, por conseguinte, esta situação também não é compatível com o
livre – arbítrio.

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