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DETERMINISMO E LIBERDADE NA

AÇÃO HUMANA
• Todas as ações são acontecimentos mas nem todos os
contecimentos são ações.

• Ação: implica um agente que atua de modo consciente e


voluntário, com intenção e propósito, com certo motivo ou razão.
A ação resulta muitas vezes de deliberação, resultando numa
escolha/decisão.
• Acontecimento: ocorrências/eventos do universo
Liberdade circunstancial e Livre-arbítrio

• Liberdade circunstancial: capacidade de realizar uma ação


sem interferência de forças externas.

Ex. Temos a liberdade de correr mas


se alguém nos prender as pernas,
perdemos essa liberdade
circunstancial.
Também não somos livres de escolher a família onde nascemos, a
época em que estamos, a nossa herança genética, os nossos
sonhos…

As nossas ações estão limitadas por condicionantes como os


aspectos físico-biológicos, psicológicos e histórico-culturais.
Livre-arbítrio: a vontade livre e o poder de controlar algumas
das ações que escolhemos realizar. É um poder de escolha.
É um exercício de vontade, de um ser racional e autónomo,
responsável por escolher entre várias possibilidades alternativas
da ação.
Exemplo:
Katya (63 anos) é agente da ação. Realiza uma escolha e com
ela pode alterar o curso da história da sua vida, da vida dos
ucranianos e da Guerra. Ao contrário de outros, decide combater
e acredita na eficácia do seu ato. Poderia ter optado por outras
alternativas, ter-se recusado a lutar, ter fugido para outro país.
Mas Katya, analisadas as circunstâncias e ponderadas as
alternativas, escolheu combater mesmo sabendo que o poder
militar russo é bastante superior.

Perseguiu a possibilidade que acreditava servir melhor o seu


propósito e recusou as demais. Ao contrário de outros
ucranianos, fê-lo porque quis, fê-lo racional e intencionalmente.
São seus a intenção (propósito) e os motivos (razões para agir)
da ação.
Agente da Ação – quem faz
(Katya é autora da ação, são seus
os motivos e intenção)

Intenção – que faz Motivos – porque faz


-Defende a família e -porque sabe que a sua honra e
Concidadãos dignidade estão em causa
-Procura salvar a Ucrânia - Acredita que combater é um dever
seu
- Porque é seu desejo expulsar os
russos
É o ser humano efetivamente livre no seu agir e no seu querer?

Temos, de facto, controlo sobre aquilo que fazemos?


Proposições Determinismo Libertismo Determinismo
radical moderado
Estamos determinados
 X 
Se estamos
determinados, não
temos liberdade
necessária para sermos   X
moralmente
responsáveis

Temos a liberdade
necessária para sermos
moralmente X  
responsáveis
• Livre-arbítrio: liberdade que o ser humano tem de escolha, entre o
bem e o mal, entre o certo e o errado

• Determinismo está relacionado com


a ideia de que tudo o que acontece no
universo é causado /determinado
por acontecimentos ou circunstâncias
anteriores. Tudo está determinado.
• Teoria filosófica segundo a qual não existe livre-arbítrio.

• O passado controla o futuro.

• O sujeito é incapaz de controlar o passado, o presente e o futuro,


assim, qualquer acontecimento resulta de causas que o
antecederam, de acordo com as leis imutáveis da natureza.
• Tudo o que acontece tem uma causa, todos os fenómenos estão
necessariamente ligados por meio de relações causais.

• Qualquer acontecimento é um efeito provocado por algo


antecedente, ou seja, é uma consequência inevitável.
• Este determinismo radical não permite a liberdade de escolha, da
vontade, é previsível.

Estado atual
Acontecimentos das coisas Acontecimentos
anteriores + leis da futuros
natureza
• Se a ação é determinada, então, não é livre (a pessoa não poderia,
assim, ter decidido não a fazer)

• Não há ações livres, não podemos ser responsabilizados pelas nossas


ações.

• Tudo o que acontece é determinado pelos que aconteceu no passado,


assim as nossas ações são causadas pelas leis da natureza e por
acontecimentos anteriores.

• O determinismo radical nega a liberdade da ação humana,


existe Incompatibilidade entre a liberdade e o determinismo natural.
• Um acontecimento causa o outro, quando o primeiro acontece o
segundo tem de acontecer também.

• Ex. soprar uma vela, sabemos que vai apagar-se


• Responsabilidade moral: se não formos livres, e somos
determinados, então, não podemos ser responsabilizados pelas
nossas ações.

• Então, qual o sentido de castigos e prisões?


• Fenomenologicamente: como seria viver com a crença de que
não há livre-arbítrio?

• Acreditar que temos


livre-arbítrio faz parte da
nossa maneira de agir,
temos liberdade para
pensar logo teremos a
liberdade de agir.
• Temos livre-arbítrio, logo, não somos determinados

• Experiência direta da liberdade: quando agimos temos a


possibilidade de escolha, esta escolha é livre na medida em
que resultam das nossas deliberações e decisões e não de
acontecimentos anteriores.

• O passado não controla as nossas ações, não decide por nós,


logo temos livre-arbítrio
• Para J.P. Sartre, o ser humano está condenado a ser livre e só
não pode escolher deixar de o ser.
• Mesmo que eu decida deixar de ser livre, esta decisão
demonstra a minha liberdade de escolha.

• Podemos acreditar que somos livres pois as nossas escolhas


partiram de nós; mesmo que estejamos perante uma escolha
difícil quase como que
obrigatória, a escolha de a
fazer, ou não, é minha.
• Ex. Concluir o 12º ano não conduz
necessariamente à frequência universitária,
depende de mim, da minha decisão.
• Há responsabilidade moral; caso fossemos determinados,
então, não poderíamos ser responsabilizados pelas nossas
ações.
• Se faz sentido responsabilizar as pessoas pelas suas ações,
logo, há livre-arbítrio.
• As nossas escolhas e decisões são determinadas por crenças e
desejos, escolhas indeterminadas não são escolhas

• Uma escolha que não seja determinada por acontecimentos


anteriores é simplesmente aleatória, fruto do acaso, pelo que
também não é livre dado que o acaso é algo que não
podemos controlar.
• Aceita o determinismo no mundo natural, mas defende
que existe espaço para a liberdade e para a
responsabilidade humana – compatibilista.

• Acções Livres: aquelas que fazemos com vontade de as fazer


e sem que ninguém nos obrigue. Resultam dos nossos desejos do
nosso carácter e da nossa personalidade;
• Acções Não Livres: são aquelas em que somos forçados a
escolher uma coisa ou outra, a fim de conservamos.
• Um ato pode ser, ao mesmo tempo, livre e determinado
• Estamos determinados mas temos a liberdade necessária para
sermos moralmente responsáveis.

• Ao conciliar o determinismo com o livre-arbítrio, o


compatibilismo permite responsabilizar o agente.
• Estamos determinados mas temos a liberdade para sermos
moralmente responsáveis.
• O carácter, as crenças e os desejos dependem de
forças que não controlamos, constrangendo-nos a
agir de determinado modo.

• Mas não temos consciência desses


constrangimentos causais.

• Em rigor, nunca poderíamos ter agido de outro modo


nem ter desejos diferentes.

• Assim, não somos realmente livres nem podemos


ser responsabilizados.
• Frankfurt é um autor compatibilista que põe em causa o
princípio das possibilidades alternativas.

• Mesmo que não pudesse ter agido de modo diferente do


que agiu, o agente tem livre-arbítrio e pode ser
responsabilizado.

• Afirmar o livre-arbítrio do ser humano é afirmar que ele é


capaz de determinar as suas vontades e agir em função
dessa determinação.

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