Você está na página 1de 7

Determinismo ou Libertismo na acção humana?

 Argumentos a favor do determinismo:

É possível prever todos os acontecimentos futuros através da análise do estado atual das
coisas e do conhecimento das leis da natureza;

O livre arbítrio é uma ilusão, que resulta da nossa dificuldade em compreender as leis da
natureza que nos determinam

 Argumentos contra o determinismo:

Não é possível demonstrar que o determinismo se aplica a todas as realidades do universo de


forma constante e uniforme;

Se o determinismo é apenas parcialmente válido, é uma teoria pouco consistente;

Apesar de podermos aplicar leis deterministas a todo o universo, nada garante que estas
regras sejam aplicadas ao ser humano

Determinismo radical: o ser humano não pode escolher reagir de outra forma, pois é
determinado pela cadeia causal de acontecimentos ( o livre arbítrio é uma ilusão)

Libertismo: o ser humano pode sempre escolher agir de outra forma. Decidir não fazer uso da
liberdade representa uma escolha livre ( o ser humano é sempre responsável pelas suas
acções)

Segundo os deterministas:

1. As leis naturais regulam o funcionamento do universo;


2. O ser humano faz parte do mundo natural;
3. O ser humano não tem livre-arbítrio.

Segundo os libertistas:

1. O ser humano, quando age tem consciência de que podia ter agido de outra forma;
2. A única coisa que o ser humano não escolher é deixar de ser livre;
3. O ser humano tem livre-arbítrio, pelo que é responsável pelas suas escolhas.

Determinismo Indeterminismo Determinismo moderado


Deus é o único ser livre logo a O poder de agir Liberdade como autonomia
liberdade é uma ilusão independentemente de ou capacidade de
coações exteriores, ou autodeterminação, a partir
internas de um conjunto de
condicionantes (físicas,
biológicas, socias, culturais…)
O ser humano nasce pré-
determinado como tudo na
natureza
J.P.Sartre

 O homem pode adotar uma certa forma determinista, carregando a responsabilidade


de algo alheio à sua própria escolha segundo Sartre está a agir de má-fé

Má-fé: é uma espécie de auto-engano, ou seja o indivíduo tem consciência da sua liberdade
mas “ cobre com um véu” a total liberdade que dá origem à angústia.

 O “para si” é uma mudança do passado para o futuro, um caminhar de si;


 “O homem é uma paixão inútil”;
 Sartre defende um existencialismo ateu. O ateísmo defende que deus não existe e que
os valores dependem inteiramente do homem e são sua criação;
 A existência precede a estrutura, é escolher em cada instante sem se inventarem
desculpas para o que se faz, “ Não há liberdade senão com situações” e “Não a
situações senão em liberdade”;
 A liberdade é total e infinita, mas não significa que não tenha limites pois possuímos
total responsabilidade de acordo com o que fazemos;
 O encontro com o outro é um acontecimento fundamental para a coexistência “ o
olhar do outro escraviza-me”, todo o tipo de relações humanas está condenada a um
fracasso (sadismo, ódio, masoquismo, amor);
 “somos livres”, devemos nos fazer de livres isto é, nós somos aquilo em que, pelo
exercício da liberdade nos tornamos

Incompatibilismo
Determinismo radical Libertismo
Ser livre é poder agir independentemente da Ser livre é puder exercer a liberdade de
influência das cadeias causais de escolhas
acontecimentos
Não podemos escapar há cadeia causal que Somos responsáveis por todas as nossas
nos determina escolhas
Logo, o ser humano não é livre Logo, o ser humano é livre

Compatibilismo
O ser humano é condicionado na sua liberdade
As condicionantes da acção não determinam de forma absoluta, as suas escolhas
Logo, o ser humano não é totalmente determinado, mas não pode libertar-se das
condicionantes que o influenciam

Livre-arbítrio: designa capacidade inerente há natureza humana (a vontade) de efectuar ou


não um dado comportamento.
Determinismo radical: designa o princípio segundo qual qualquer fenómeno é rigorosamente
determinado (numa sequência causa-efeito) por aqueles que o antecedem ou acompanham,
sendo a sua ocorrência necessária e não aleatória

Libertismo: só o livre-arbítrio é verdadeiro a livre vontade do agente é a única causa da acção

Valores: são uma apreciação de objetos, pessoas, animais, etc…

EXPERIÊNCIA VALORATIVA: Ato através do qual o sujeito atribui um determinado valor

aos diferentes objetos situações ou pessoas à sua volta

Características dos valores

Polaridade: Todos os valores têm um contra valor oposto

Diversidade: Existem vários tipos de valores diferentes

Hierarquia: há valores que tem mais “valor” do que outros dependendo de cada pessoa

Tipos de valores e exemplo de uma hierarquia de valores

 Valores religiosos: Santo, profano, sagrado, milagroso, supremo...


 Valores Morais: bom, mau, certo, digno, errado, Justo, Leal...
 Valores estéticos: bonito, feio, tosco, elegante...
 Valores lógicos: verdadeiro, exato, evidente, improvável...
 Valores vitais: forte, fraco, incapaz, doente...
 Valores úteis: caro, barato, útil, inútil, conveniente, inconveniente

ex: Se esta correspondesse a uma hierarquia de valores, veríamos que os valores religiosos,
para o sujeito em causa, eram mais importantes os valores lógicos ou úteis.

Juízo: Julgamento ou Apreciação acerca de algo. Podem ser de facto ou de valor

Juízo moral: ato mental que estabelece se uma determinada conduta ou situação tem
conteúdo ético ou não.

Juízo

Juízo de facto: Juízo de valor: é um


avaliação das coisas tal juízo que pretende
como elas são, de avaliar alguma coisa
forma objectiva
Teorias que se propõem a estudarem os Juízos

SUBJETIVISMO

Teoria que defende que o Certo ou errado não são conceitos objetivos, dependendo da
percepção de cada pessoa. Para o subjectivismo o juízo moral é na verdade uma expressão dos
nossos desejos, por exemplo se eu disser que matar é errado, é porque isso me desagrada a
mim enquanto pessoa. Segundo esta teoria os valores Não estão intrínsecos nas ações

RELATIVISMO

Defende que os valores avaliados como certos ou errados dependem de cada cultura sendo
relativos a esta. Para esta teoria os valores são apenas convenções sociais, que apesar de
Existirem, não são universais nem objetivos.

OBJETIVISMO

Defende que os valores avaliados como certos ou errado estão intrínsecos em cada ação não
dependendo de cada pessoa, sociedade ou crença.

O problema da natureza dos juízos morais

Cognitivismo: os
Não cognitivismo: os
juízos morais são
juízos de valores não
crenças, ou seja, são
têm qualquer
juízos propriamente
conteúdo cognitivo.
ditos. Quando
formulamos juízos Ex: a prescrição
morais fazemos a moral “ não minta”
atribuição de não é verdadeira
propriedades morais. nem falsa

Ex: A coragem, a
justiça, a bondade, as
pessoas e a ação

Ética e Moral

Ética: reflexão, análise e compreensão dos princípios e fundamentos morais


Moral: conjunto em máximas leis, costumes e hábitos socias que regulam a vida em
sociedade.

Ética: deriva do vocábulo grego Ethos que significa forma de agir, costume, mode de
ser comportar, carácter. O termo ética também foi usado no sentido de “morada
habitual”. EM latim o termo equivalente a ethos é mores que significa hábitos e
costumes, tendo dado origem à palavra moral.

Ética Moral
A ênfase recai naquilo que é o bem A ênfase recai no que se impõe
obrigatoriamente
A ética relaciona-se com o objetivos de uma A moral relaciona-se com a vertente
vida realizada sob o desígnio de acções boas obrigatória marcada por normas, obrigações,
interdições caracterizadas por um lado , por
exigência de universalidade e por outro lado,
por um efeito de quação
A ética esta relacionada com a compreensão A moral pode ser associada a norma e
dos valores morais legalidade

Consciência moral: é a capacidade de um indivíduo, avaliar os seus atos e atos dos outros em
função de critérios de bem e de mal, é uma espécie de “voz interior” de “juízo” que nos ordena
o que deve ou não ser feito, é o que nos permite distinguir o bem do mal e julgar assim as
nossas acções humanas.

No conteúdo de consciência moral encontramos vários elementos:

1. Valores, normas e deveres: estão na consciência como aspirações e ideais a que


apelamos, nesta medida a consciência moral é uma voz que chama;

2. Conhecimento da situação e juízo de valor: relativo as acções realizadas na situação,


neste sentido a consciência moral é uma voz que julga

3. Sentimentos de obrigação: através dos quais o sujeito se obriga a si próprio, aqui a


consciência moral é uma voz que obriga

4. Sentimentos de remoção ou satisfação: que surgem como consequência da acção,


aqui a consciência moral é uma voz que sanciona
Estrutura da consciência moral

A consciência moral pode ser representada por um sistema trilinear: sentimentos morais,
raciocínios morais e normas morais interiorizadas.

Sentimentos morais: apesar de educáveis, são automaticamente invocados por


estímulos externos;
Raciocínios morais: estimulam alguns sentimentos morais (justiça, solidariedade, etc)
e inibem outros (inveja, vingança, etc);
Regras morais: interiorizadas ao longo da educação e socialização

A consciência moral tem como funções:

 Controlar
 Orientar
 Influenciar

A estrutura da consciência moral pode ser avaliada como:

 Complexa: porque é constituída por elementos de diferentes níveis do nosso


psiquismo
 Evolutiva: porque vai amadurecendo em função dos resultados da acção e das própias
experiencias individuais
 Dialéctica: porque os seus elementos interagem uns com os outros, intensificando-se
ou inibindo-se, e porque os sentimentos e os raciocínios pessoais se constituem em
função das pressões e normas socias.

Origem da consciência moral (3 perspectivas)

1. Alguns pensadores (Immanuel Kant, Jeau-Jacques Rosseau) defendem que a


capacidade de distinguir o bem do mal, o correto do incorrecto é inata ou imanente
em nós, universal e anterior a qualquer experiência moral

2. Outros pensadores (E.Durkhein, Jean Piaget, Hahlberg) defendem que a consciência


moral é adquirida gradualmente, a partir da própria experiência de indivíduos, a partir
do período premitivo de amoralidade. A consciência moral tem portanto uma origem
social e responde a necessidades do homem ajustar a sua conduta a vida do grupo
através da educação e da pressão social

3. Para outros a origem da consciência moral é transcendente (atribuída a uma


identidade divina) o seu fundamento não se contra no indivíduo, pois a vontade a
origem fundamento de obrigação moral (ou dever) associado à consciência moral:
Deus teria depositado no homem uma “ centena de consciência”, por meio da qual se
descobre se um ato é justo ou injusto.

Desenvolvimento Cognitivo (Piajet) Desenvolvimento do raciocínio moral


1ºestádio: sensório/motor (0»2 anos) 1ºetapa: moral da heteronancia
2ºestádio: simbólico ou pré-operário 2ºetapa: solidariedade entre iguais
(2»5/6anos)
3ºestádio: das operações concretas 3ºetapa: moral de autonomia
(5/6»10/11 anos)
4ºestádio: das formais (11»15/16)

L.Kalhberg

1. Nível pré convencional (moral de castigo + moral de intresse)


2. Nível convencional (moral do coração + moral da lei)
3. Nível pós convencional (ideia da relatividade de normas + moral da razão)

Dimensão pessoal Dimensão social


Considera-se aqui o agente enquanto sujeito Comportamento moral ´um fenómeno social
moral. Ao agir ele revela a sua individualidade uma vez que não há moralidade senão em
e intencionalidade assumindo por convicção contexto social. A moral responde, neste
própria aderir ou não as normas, princípios e sentido a necessidade social de regulação dos
valores instituídos no meio da sua comportamentos dos indivíduos e das
comunidade e cultura relações, no sentido de manter a ordem e
estabilidade

Você também pode gostar