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1° Ano
ORIGEM ETIMOLÓGICA DE ÉTICA, MORAL E DEONTOLOGIA
O código deontológico dos enfermeiros tem força de lei e implica o respeito pela
dignidade humana e a confidencialidade;
Não faz sentido dissociar moral de ética; ética e Moral só podem estar dissociadas
em termos filosóficos; ambas falam da boa conduta numa sociedade; No dia a dia não
podem ser separados (estão intimamente ligados na prática).
A Ética é algo mais interior ao homem; fundamenta as regras, normas, princípios e
valores que a moral possui. Orienta o agir humano e, por isso, condiciona a nossa
liberdade interna (sem ter sanções externas). A sanção sanciona a minha liberdade
externa.
Em certos momentos da vida temos uma moral heterónoma (comportamento que
vem do exterior). Nós temos um Ethos e cada profissão também.
Actos Humanos
→ Os que o homem é dono de fazer (em liberdade) ou omitir de fazer de um ou outro
modo – Actos Realizados Livremente;
Actos do Homem
→ Os que não são livres porque o homem não tem conhecimento, vontade ou domínio
directo;
*Comer é um acto humano e um acto do homem.
Moral – prescreve os comportamentos comuns que são aceites pela sociedade;
Autonomia – capacidade de decidir por si próprio;
Ocorrer Fazer
Nós não somos livres para aquilo que nos ocorre, mas somos livres de fazer algo que nos
ajude lidar com aquilo que nos ocorreu.
Ética Legislação
Regulam
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TEORIAS CLÁSSICAS QUE DEFENDEM AS TEORIAS ACTUAIS EM TERMOS ÉTICOS
Teoria Teleológica
Aristóteles
“Telo” significa fim;
Remonta a Aristóteles;
Diz que é adequado um determinado comportamento quando atinge um bom fim (boa
intenção); para Aristóteles esse fim é a felicidade, estando esta felicidade sempre em
harmonia com tudo o que nos rodeia;
O que é a felicidade? Auto-realização e prazer (a felicidade implica a existência de
virtudes);
Influencia várias teorias éticas actuais;
Exemplo da teoria: “Cheio de boas intenções está o inferno cheio”;
Os meios são importantes para atingir um fim.
Utilitarismo – Ideal em que se procura alcançar o maior bem para o maior número
possível de pessoal;
Prudência – Permite decidir que desejos devem ou não serem atingidos de modo a que
possamos obter a felicidade;
Atitude prudente – Não vai pelos extremos – tem como finalidade a felicidade do ser
humano (máximo de prazer e auto-realização);
Indivíduo prudente – Aquele que toma as decisões não agora mas para a vida e para a
obtenção da felicidade;
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As pessoas não nascem virtuosas, mas tornam-se virtuosas;
A felicidade constrói-se por pequenos momentos com vista a que esta se perpetue para
toda a vida. Os toxicodependentes apenas sentem a felicidade por instantes;
A minha felicidade não é igual à felicidade do outro e as decisões que eu tomo podem
interferir nessa felicidade do outro;
Teoria Deontológica
A pessoa humana nunca pode ser entendida como um meio para atingir um fim;
O progresso na ciência só ocorre com experiências em humanos;
A investigação em humanos, do modo como foi usada dita se foi utilizada como meio ou
não;
Quem se autopropõe para testes não tem problema, mas por exemplo, os nazis que
fizeram experiências em pessoas contra a sua vontade, foram usados como meios;
É prudente aquele que tem em conta as experiências;
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A dignidade de cada um não pode ser remetida ao seu comportamento;
DIGNIDADE HUMANA
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A Pessoa Humana
PESSOA
Ser consciente;
- Tem a capacidade de raciocinar e pensar em si e no que o rodeia;
- Nem todas as pessoas são conscientes;
Ser moral;
- Tem capacidade de conhecer os seus actos e saber se estes são éticos;
- É capaz de clarificar e escolher certos actos, valores e situações em detrimento de
outros, de hierarquizar a vida e a acção segundo uma norma que encontra no dinamismo
do próprio ser;
Eu não posso ver-me isolado pairando por aí, os valores e princípios que defendo e as
normas que são minhas enquanto eu;
Ser pessoa é mais que as características, é ser tudo embora não se limite a um destes
aspectos; há pessoas (deficientes) que não têm capacidade de ajuizar sobre os seus
actos;
SER PESSOA
É possível educar a consciência moral em formas mais justas de tomar decisões porque
as questões de justiça podem-se universalizar. A esta posição denomina-se formalismo;
Estas etapas são sucessivas não se podendo aceder às posteriores sem passar pelas
anteriores;
Quem acede a uma etapa mais madura compreende o tipo de juízo que fazia nos
anteriores;
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NÍVEIS E ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO KOHLBERG
Nível E Características
Crianças ou pessoas que se comportam como tal
Orientação para a posição e para a obediência;
Confundem a perspectiva da autoridade com a sua própria
1 perspectiva;
Pré-Convencional
Percepção e
NECESSIDADES SISTEMA Expectativas COMPORTAMENTOS
Experiências
PESSOAL sobre
HUMANAS Vivências escolas
BÁSICAS
Escolhas
Situação
ACÇÕES
Subsistemas:
Objectivos pessoais (aqueles objectivos que procuramos conseguir para atender às
necessidades básicas)
Competências (conhecimentos, habilidades e dom/destreza que permitem lidar com o
mundo)
Crenças (ideais acerca do mundo e da forma como ele funciona)
Valores (atributos pessoais acerca de um objectivo ou ideia)
ACÇÃO VALOR
1. Parar quando um semáforo está vermelho Civismo
2. Adoptar comportamentos saudáveis (Exemplo: praticar
Saúde
exercício físico, etc.)
3. Cumprir o que se prometeu Honradez
4. Participar numa manifestação contra a repressão a Timor Solidariedade
5. Assumir e cumprir as obrigações inerentes a uma dada função Responsabilidade
6. Defender convicções, de forma racional, em ambiente hostil e
Coragem
expressivo
7. Vestir roupas combinando bem as cores Elegância
Valor ― em sentido …
… etimológico, tem origem no latim (valor, oris) – (“valere”), significa “grau de utilidade ou
aptidão das coisas, para satisfazerem as necessidades das pessoas ou proporcionar-lhes
bem-estar ou prazer” (Grande Enciclopédia Univrsal, 2004)
… comum, “quantidade das coisas, das personagens, das condutas, cuja conformidade
em relação à norma ou a sua proximidade em relação a um ideal tornam particularmente
dignas de estima” (Grande Enciclopédia Universal, 2004)
… filosófico, “qualidade que possuem algumas realidades, chamadas bens, em virtude
da qual são estimadas a apetecíveis” (Grande Enciclopédia Unicersal, 2004)
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… económico, “terminologia (…) para indicar a posição relativa de um bem num mercado
ou para apresentá-lo perante um indivíduo em função da sua utilidade, raridade e trabalho
que tem incorporado” (Grande Enciclopédia Universal, 2004)
Os valores …
“Os valores dão vida e identidade aos indivíduos, às profissões e às sociedades.” (Potter,
Perry, 1999)
“Os valores prevêem um comportamento um comportamento para a pessoa ou para o
grupo que os possui.” (Potter, Perry, 1999)
1. Os valores estão organizados num SISTEMA que tem sentido para o indivíduo. Este
sistema representa a sua estrutura conceptual sobre o que considera ser certo. (Rokeach,
1996)
2. Alguns valores são mais importantes que outros, e têm mais prioridade para o
indivíduo. Esta HIERARQUIA é geralmente bastante estável e não muda muito com o
tempo, no entanto, alguns valores põem ser substituídos (…) segundo as experiências
vitais e a reavaliação do indivíduo. (Rokeach, 1996)
3. Os valores (…) podem entrar em CONFLITO facilmente entre si, assim como os
direitos dos pacientes e os deveres dos profissionais. Os valores pessoais podem entrar
em conflito com os valores culturais.” (Fry, 1996)
4. Os valores apresentam BIPOLARIDADE: Pólo negativo (valor negativo ou anti-valor) e
Pólo positivo (valor positivo).
Quanto à moralidade …
Quanto à dimensão …
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Aquisição de valores …
1. MODELAMENTO
2. MORALIZAÇÃO
4. ESCOLHA RESPONSÁVEL
O equilíbrio entre liberdade e restrição permite seleccionar valores que conduzem à sua
satisfação pessoal e à dos educadores
Escolhas mais limitadas que no modelo de não interferência
Os valores não são impostos
Os educadores permitem explorar, dentro dos limites, novos comportamentos e suas
consequências
O educando pode discutir livremente os seus comportamentos e os efeitos destes
Os educandos aprenderão a entender os seus próprios valores
5. RECOMPENSA E CASTIGO
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Os valores na saúde …
Quanto mais atentos aos seus valores pessoais e profissionais, tanto mais serão
capazes de se tornarem profissionais eficientes
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Dos Valores Humanos (art. 81º)
Cuidar da pessoa sem qualquer discriminação económica, social, política, étnica,
ideológica ou religiosa
Salvaguardar os direitos da criança, protegendo-as de qualquer forma de abuso
Salvaguardar os direitos os direitos da pessoa idosa, promovendo a sua independência
física, psíquica e social e o autocuidado, com o objectivo de melhorar a sua qualidade de
vida
Salvaguardar os direitos da pessoa com deficiência e colaborar activamente na sua
reinserção social
Abster-se de juízos de valor sobre comportamento da pessoa assistida e não lhe impor
os seus próprios critérios e valores no âmbito da consciência e da filosofia de vida
Respeitar e fazer respeitar opiniões políticas, culturais, morais e religiosas da pessoa e
criar condições para que ela possa exercer, nestas áreas, os seus direitos.
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Ética na saúde
BIOÉTICA
(está relacionada com todos os seres vivos, direitos dos animais, experiências em seres
humanos)
Nasceu da revolução bio - tecnológica a partir das décadas de 50/60, alimentada por
uma nova consciência dos direitos individuais e sociais
O homem interroga-se sobre os limites que a sua acção sobre a vida, em geral deve ter
Potter, em 1970/71 introduz o termo bioética para designar uma nova ciência da
sobrevivência a constituir a partir da associação da ciência dos seres vivos (bio) e do
conhecimento dos sistemas de valores humanos (ética).
Bioética era entendida como uma disciplina que recorria às ciências biológicas para
melhorar a qualidade de vida do ser humano, no sentido em que permite ao homem
participar na evolução biológica, preservando a harmonia universal – há uma dimensão
vincadamente ecológica.
Definição actual
Parte de uma noção de pessoa que torna na singularidade da sua realidade concreta
e na universalidade da sua humanidade e procura enunciar as categorias essenciais da
pessoa enquanto tal. São elas:
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A REFLEXÃO BIOÉTICA PORTUGUESA
Dos pareceres que o Concelho Nacional de Ética para as ciências da vida vem
produzindo nos últimos anos há um princípio que se destaca – é o princípio da dignidade
da pessoa humana.
O Concelho Nacional de Ética para as ciências da vida faz enunciar o direito aos
cuidados de saúde, à privacidade e à equidade e sistematiza quatro valores fundamentais.
O da dignidade da pessoa humana, o da participação de cada pessoa nas decisões que
lhe dizem respeito, o da equidade, por oposição à descriminação e o da solidariedade
entre os homens.
PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA
1. Autonomia
O respeito por este princípio envolve dois aspectos complementares entre si:
▪ O reconhecimento da capacidade comum a todas as pessoas de tomar as suas próprias
decisões;
▪ A promoção efectiva de condições que favoreçam o exercício da autonomia.
O que implica:
É também essencial:
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Notas: As crianças, os idosos, os prisioneiros e as pessoas economicamente
desfavorecidas ou pertencentes a minorias étnicas são frequentemente apontadas, com o
risco de não verem o seu direito à autonomia respeitado.
2. Beneficência
3. Não maleficência
Exemplo: Amputação
4. Justiça
Impõe que todas as pessoas sejam tratadas com a mesma consideração, sem
qualquer tipo de discriminação, tenha ela origem na raça, idade, nível sociocultural, nível
económico, inteligência, hábitos de vida ou outros.
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Dimensão ética da
Enfermagem
Código deontológico
▪ Direito de reclamar;
▪ Direito a uma segunda opinião;
▪ Direito à informação;
É um dever dos profissionais
▪ Direito a cuidados personalizados; de saúde informar sobre o
▪ Direito ao sigilo; direito dos utentes
▪ Direito à consulta do processo;
▪ Direito à privacidade/intimidade;
▪ Direito a recusar os cuidados;
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Objectivos dos direitos dos doentes (segundo a DGS – Direcção Geral de Saúde)
Segredo Profissional
Segredo – Tudo aquilo que, ou por natureza das coisas, ou por contrato deve permanecer
oculto;
Tipos de segredo
Segredo Natural – Aquele que pela importância das coisas de que se toma conhecimento,
se fosse revelado, poderia prejudicar alguém;
Segredo Prometido – Aquele que se promete guardar, mesmo antes de nos ser contado;
Segredo Confiado (o segredo profissional insere-se aqui) – Aquele que se recebe depois
de um contrato, expresso ou tácito, de o guardar;
▪ Consentimento do interessado;
▪ Exigência do bem comum;
▪ Exigência do bem do terceiro;
▪ Se a revelação poupar prejuízo grave à pessoa interessada no segredo;
▪ Se da não revelação do segredo decorrer prejuízo grave para a pessoa depositária do
segredo;
Exemplos
Exemplo 1
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A enfermeira Joana está na esplanada da praia à espera do namorado quando é
abordada pela D. Isabel, que esteve internada no serviço onde trabalhava, e lhe conta a
evolução da sua mastectomia. O namorado, Vasco, ao chegar reconhece a D. Isabel,
porque são da mesma terra, cumprimenta-a e pergunta-lhe se está melhor.
Quando a Sª se foi embora o Vasco perguntou o que estavam a falar e a Joana
relatou-lhe a conversa.
Exemplo 2
Aluna A – O António picou-se na agulha daquele senhor amputado que está na cirurgia 1,
sabes?
Aluna B – Sei. O que é de Coruche.
Aluna B – E sabes que ele é seropositivo? O António está cheio de medo.
Problema ético
Quando na tomada de decisão é possível encontrar uma solução que respeita todos
os valores em conflito;
Dilema ético
Quando na tomada de decisão não é possível encontrar uma solução que respeite
todos os valores em conflito;
▪ Eu tento tomar a decisão tendo em conta os diferentes valores que estão em conflito;
▪ Noutras situações não é possível valores semelhantes estarem devidamente
respeitados;
Ex: dilema – a vida da mãe e do filho em risco, tendo que morrer um.
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▪ Tenho que ter conhecimento sobre a situação para poder escolher/tomar a decisão do
que tenho a fazer;
▪ Ex: Duas pessoas em paragem respiratória, só posso salvar uma;
▪ Em termos profissionais a decisão ética é mais importante porque a profissão tem vindo
a adquirir autonomia;
▪ Eu sou responsável pelas minhas acções autónomas ou interdisciplinares, porque eu é
que decido a forma como cumpro uma ordem;
▪ A decisão envolve sempre a responsabilidade pele decisão;
▪ Se eu tiver mais do que uma alternativa é difícil optar por uma ou outra;
▪ A informação pode ajudar-nos em situações complexas;
Há decisões que são decisões deliberativas
Ex: Um utente tem que ser submetido a uma cirurgia e não tem capacidade de decidir. O
utente não deu consentimento, mas a cirurgia é para seu benefício;
Ambiente interno
▪ Perspectiva filosófica sobre saúde/doença, vida, etc;
▪ Os meus valores, a minha perspectiva sobre a vida é fundamental nas nossas tomadas
de decisão;
▪ Crenças éticas e morais;
▪ Passado cultural (as nossas crenças dependem muito da cultura em que crescemos.
As decisões que tomo dependem da cultura que eu tenho);
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▪ Representação que os profissionais têm de si e do serviço que prestam à sociedade;
Ambiente externo
▪ Tendências sociais;
▪ Directivas legais;
▪ Políticas de saúde;
▪ Grau de autonomia profissional;
▪ Normas institucionais;
▪ Os poderes existentes nas organizações;
▪ Os recursos humanos e materiais;
▪ As condições de trabalho;
▪ O ambiente externo pode influenciar a minha própria tomada de decisão;
▪ Se a minha tomada de decisão for contra as normas institucionais, o que fazer?... É
a minha tomada de decisão;
▪ Em situações idênticas a nossa tomada de decisão pode ser totalmente diferente;
Grupos de pessoas peritas em determinadas áreas que dão conselhos numa dada
situação;
A bioética tem colaboração de diferentes áreas do saber que podem ou não ser fixas numa
mesma comissão;
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