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ÉTICA E DEONTOLOGIA

1° Ano
ORIGEM ETIMOLÓGICA DE ÉTICA, MORAL E DEONTOLOGIA

Ética deriva de:


 Éthos – costume, uso, maneira exterior de proceder;
 Êthos – morada habitual, toca, maneira de ser, carácter;
Decisão autónoma e individual
Moral deriva de: Ver o Slide
 Mós, mores – costumes, hábito, usos, modos de vida, leis;
Algo que é imposto e passado por outros culturalmente
Deontologia deriva de:
 Deon, deontos (dever) e logos (tratados);
 É qualificada como sendo a ciência que estuda os deveres de um grupo profissional;

O código deontológico dos enfermeiros tem força de lei e implica o respeito pela
dignidade humana e a confidencialidade;
Não faz sentido dissociar moral de ética; ética e Moral só podem estar dissociadas
em termos filosóficos; ambas falam da boa conduta numa sociedade; No dia a dia não
podem ser separados (estão intimamente ligados na prática).
A Ética é algo mais interior ao homem; fundamenta as regras, normas, princípios e
valores que a moral possui. Orienta o agir humano e, por isso, condiciona a nossa
liberdade interna (sem ter sanções externas). A sanção sanciona a minha liberdade
externa.
Em certos momentos da vida temos uma moral heterónoma (comportamento que
vem do exterior). Nós temos um Ethos e cada profissão também.

Ética Moral Deontologia Legal


Conjunto de  Distinção entre  Conjunto de  Respeitar e
princípios que visam o correcto e o regras estabelecidas seguir o conjunto de
manter a incorrecto; para a própria leis ministradas pela
individualidade do  Consciência do profissão; legislação;
sujeito, respeitando- que está bem e do  Direitos e  Refere-se à
o; que está errado; deveres sociedade;
 Sistema de  Valores que profissionais;
valores pessoais e regem as pessoas; Condiciona
sociais;  Refere-se
 Refere-se ao ao social; Condiciona
pessoal;
Condiciona

Objecto da Ética – Actos humanos (alguns comportamentos humanos);

 Actos Humanos
→ Os que o homem é dono de fazer (em liberdade) ou omitir de fazer de um ou outro
modo – Actos Realizados Livremente;

 Actos do Homem
→ Os que não são livres porque o homem não tem conhecimento, vontade ou domínio
directo;
*Comer é um acto humano e um acto do homem.
Moral – prescreve os comportamentos comuns que são aceites pela sociedade;
Autonomia – capacidade de decidir por si próprio;

 Somos cada um de nós que decidimos se cumprimos as normas ou não;


 Somos nós que nos julgamos, que tomamos consciência dos nossos actos, e por isso a
ética é muito importante em Enfermagem;
 A ética fundamenta as regras e normas morais;
 Se não entendermos a regra e não a aceitarmos nunca a poderemos cumprir;
 Depende da nossa vontade cumprir o código deontológico;
 A ética não descreve comportamentos, mas os prescreve – diz o que deve ser à
sociedade e a cada um de nós e porque deve ser;
 Em termos éticos a sanção vem de nós próprios. As leis regulam a liberdade externa e a
ética a minha liberdade interna;
 O código deontológico serve para sancionar para além da lei. Sanciona-me pesando na
consciência;
 A ética regula a nossa liberdade interna e por isso não se pode confundir com direito;
 A ética não faz sentido sem falarmos sobre a liberdade do Homem, nem da sua
responsabilidade.
Liberdade  Omnipotência

Ocorrer  Fazer

Nós não somos livres para aquilo que nos ocorre, mas somos livres de fazer algo que nos
ajude lidar com aquilo que nos ocorreu.

Ética Legislação
Regulam

Liberdade Interna Liberdade Externa

- Na ética avalia-se a pessoa no seu carácter (ethos);

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TEORIAS CLÁSSICAS QUE DEFENDEM AS TEORIAS ACTUAIS EM TERMOS ÉTICOS

Teoria Teleológica

Aristóteles
 “Telo” significa fim;
 Remonta a Aristóteles;
 Diz que é adequado um determinado comportamento quando atinge um bom fim (boa
intenção); para Aristóteles esse fim é a felicidade, estando esta felicidade sempre em
harmonia com tudo o que nos rodeia;
 O que é a felicidade? Auto-realização e prazer (a felicidade implica a existência de
virtudes);
 Influencia várias teorias éticas actuais;
 Exemplo da teoria: “Cheio de boas intenções está o inferno cheio”;
 Os meios são importantes para atingir um fim.

Hedonismo – Sociedade que procura o prazer pelo prazer;

Utilitarismo – Ideal em que se procura alcançar o maior bem para o maior número
possível de pessoal;

Virtude – Disposição habitual que desenvolve a acção;

Prudência – Permite decidir que desejos devem ou não serem atingidos de modo a que
possamos obter a felicidade;

Comportamento prudente – Age prudentemente todo aquele que escolhe as suas


acções, não só pensando agora, mas sim no que convém ao conjunto da sua existência;

Prudente  hábil (bom ladrão)

Atitude prudente – Não vai pelos extremos – tem como finalidade a felicidade do ser
humano (máximo de prazer e auto-realização);

Carácter prudente – Precaução, capacidade de antever e precaver aquilo que poderá


acontecer;

Indivíduo prudente – Aquele que toma as decisões não agora mas para a vida e para a
obtenção da felicidade;

 As virtudes adquirem-se pelo hábito à medida que nos vamos desenvolvendo;


 No meio é que está a virtude, nem o excesso nem o defeito;
 Para desenvolver esta virtude, cada um de nós tem de ter o conhecimento de si e a
situação e a capacidade para decidir;

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 As pessoas não nascem virtuosas, mas tornam-se virtuosas;
 A felicidade constrói-se por pequenos momentos com vista a que esta se perpetue para
toda a vida. Os toxicodependentes apenas sentem a felicidade por instantes;
 A minha felicidade não é igual à felicidade do outro e as decisões que eu tomo podem
interferir nessa felicidade do outro;

Cada um deve instruir-se  Aperfeiçoamento profissional

Teoria Deontológica

Kant (1724 – 1804)


 Remonta a Kant;
 No século XVIII, Kant vem dizer que a ética e a acção ética não podem ser baseadas
nos fins;
 Desenvolve teorias que se chamam Deontológicas e o dever impõe-se à priori
independentemente das consequências;
 Designa dois tipos de imperativos: os imperativos categóricos e os imperativos
hipotéticos; Para a ética apenas interessa os imperativos categóricos (tratar cada um
como se fosse a humanidade);
 Está relacionado com a dignidade do ser humano, com a verdade na relação com os
outros e com a prevenção das situações;
 Para tomar decisões tem em conta o maior número de aspectos;

Imperativos categóricos – Deveres que se impõem ao agir antes de se pensar na


realidade, são incondicionais, independentemente da pessoa, do local, etc..

Grande imperativo categórico na acção ética


“Age de tal modo que trates a Humanidade, tanto na tua pessoa como na do outro, sempre
e ao mesmo tempo, como um fim e nunca simplesmente como um meio” (Kant)

Máxima fundamental na Enfermagem


Não podemos nunca usar um utente para atingirmos um fim. Contra a vontade da pessoa,
fazer-lhe algo porque achamos que o resultado vai ser positivo;

 A pessoa humana nunca pode ser entendida como um meio para atingir um fim;
 O progresso na ciência só ocorre com experiências em humanos;
 A investigação em humanos, do modo como foi usada dita se foi utilizada como meio ou
não;
 Quem se autopropõe para testes não tem problema, mas por exemplo, os nazis que
fizeram experiências em pessoas contra a sua vontade, foram usados como meios;
 É prudente aquele que tem em conta as experiências;
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 A dignidade de cada um não pode ser remetida ao seu comportamento;
DIGNIDADE HUMANA

 É o reconhecimento de um valor. É um princípio moral baseado na finalidade do ser


humano e não na sua utilização como um meio;
 Está baseada na própria natureza da Espécie humana, a qual inclui normalmente
manifestações de racionalidade, de liberdade e de finalidade em si que fazem do ser
humano um ente em permanente desenvolvimento na procura da realização de si próprio;
 Este projecto de auto-realização exige da parte dos outros, reconhecimento, respeito,
liberdade de acção;
 Essa auto-realização só é possível através da solidariedade ontológica com todos os
membros da espécie humana;
 A dignidade do ser humano para os cristãos reside no facto do homem ser feito à
semelhança de Deus. Kant diz-nos que a dignidade do Homem é um valor por si mesmo;
 Todas as acções praticadas pelo enfermeiro devem ter em conta a dignidade do ser
humano (código deontológico de Enfermagem);
 A dignidade humana é o valor mais alto e tanto temos de cuidar da vítima como do
agressor, do mesmo modo, porque acima de tudo ambos são pessoas e têm dignidade;

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A Pessoa Humana

PESSOA

 Sujeito de direitos e deveres;


- São os outros da mesma espécie que ditam os nossos direitos e deveres. Todos só por
serem pessoas têm direitos e deveres;

 Ser consciente;
- Tem a capacidade de raciocinar e pensar em si e no que o rodeia;
- Nem todas as pessoas são conscientes;

 Capacidade de ser livre e responsável;


- Valores universais que estão interligados;
- Por ser consciente tem capacidade de decisão o que o torna responsável pelas suas
decisões;

 Ser moral;
- Tem capacidade de conhecer os seus actos e saber se estes são éticos;
- É capaz de clarificar e escolher certos actos, valores e situações em detrimento de
outros, de hierarquizar a vida e a acção segundo uma norma que encontra no dinamismo
do próprio ser;

 Ser Pessoa é um processo dinâmico:


- O homem faz-se a si mesmo no agir, personaliza-se e constitui a sua personalidade;
- Agir como um eu consciente, livre e social face ao mundo e a um tu, é sinal de um
processo de personalização (a pessoa à medida que vai crescendo vai adoptando valores
e princípios. Está em constante desenvolvimento. O facto da pessoa interagir com o outro,
torna-se mais pessoa e cresce);

 Ser que se define pela relação ao outro e nas suas inter-relações;


- É no confronto horizontal entre as pessoas no eu-tu e no ser um tu para outro eu que os
homens se estruturam como pessoas e se identificam (o facto de estabelecer uma relação
mesmo a nível profissional nos torna mais maduros);

 É totalmente corpo e totalmente espírito


- Eu sou o meu corpo ou eu não sou o meu corpo – mesmo que não apresente todos estes
aspectos não deixo de ser pessoa);
- O facto de tirar uma parte do meu corpo não altera em nada a minha condição;
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 Ser situado;
- Dimensões que condicionam e estruturam a pessoa situada:
a) A família, as tradições, a cultura, a casa;
b) O espaço e tempo, o universo concreto em que se inicia e desenrola a existência;
c) A co-responsabilização social e política;
d) A relação com o sagrado;
e) O grau de auto-consciência adquirida;

“Eu sou eu e a minha circunstância” (Ortega y Gasset)

 Eu não posso ver-me isolado pairando por aí, os valores e princípios que defendo e as
normas que são minhas enquanto eu;
 Ser pessoa é mais que as características, é ser tudo embora não se limite a um destes
aspectos; há pessoas (deficientes) que não têm capacidade de ajuizar sobre os seus
actos;

SER PESSOA

“Sujeito autónomo de relação, uma subsistência individual de um suposto racional,


autónomo, capaz de agir responsavelmente em nome próprio, mas não auto-suficiente
nem independente, antes realizando-se na relação e pela relação.”
(Magalhães, Vasco)
 O ser humano é dependente do outro;

DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO KOHLBERG

Kohlberg analisa a estrutura do desenvolvimento moral de uma pessoa tendo em


conta como formula juízos e mais concretamente juízos sobre o que é justo, o correcto –
os juízos sobre a justiça das acções;

Das suas análises conclui:

 Cognitivismo moral: capacidade que o ser humano vai desenvolvendo, considerando as


coisas justas ou não justas; explica as decisões tomadas. O desenvolvimento moral
também se aprende e se ensina (no seio da família, da escola, etc.);
 Os conteúdos dos juízos morais são diferentes nas diversas culturas mas a estrutura do
juízo moral é igual em todos os indivíduos. Fala-se assim de universalismo estrutural (o
modo é igual mas os conteúdos são diferentes de cultura para cultura);

 É possível educar a consciência moral em formas mais justas de tomar decisões porque
as questões de justiça podem-se universalizar. A esta posição denomina-se formalismo;

 O desenvolvimento moral processa-se através de 3 níveis e seis estádios ou etapas


(dois em cada nível) de juízo, ou raciocínio moral que seguem uma sequência idêntica em
pessoas de diferentes culturas;

 Estas etapas são sucessivas não se podendo aceder às posteriores sem passar pelas
anteriores;

 Quem acede a uma etapa mais madura compreende o tipo de juízo que fazia nos
anteriores;

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NÍVEIS E ESTÁDIOS DO DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO KOHLBERG

Estádio 1 – Moral heterónoma


 Nível I – Pré-convencional Estádio 2 – Moral Instrumental

 Nível II – Convencional Estádio 3 – Moral do bom menino


Estádio 4 – Moral da Lei

Estádio 5 – Moral do contrato


 Nível III – Pós-convencional Estádio 6 – Moral dos princípios universais

Nível E Características
 Crianças ou pessoas que se comportam como tal
 Orientação para a posição e para a obediência;
 Confundem a perspectiva da autoridade com a sua própria
1 perspectiva;
Pré-Convencional

 Eu não faço porque sou punido (ex. roubar);


 Entendem como certo aquilo que os adultos (pais) lhe dizem;
 Os princípios e os valores não são do próprio;
I

 Crianças de 8/9 anos


 Orientação individualista, calculista e hedonista ― O indivíduo age
para a troca de interesses e para satisfazer as necessidades e desejos
2 concretos;
 Eu sei que se fizer uma acção posso obter uma recompensa;
 O que guia estas pessoas são os benefícios que podem tirar de uma
situação;
 Adolescência
 Orientação para a aprovação social e interpessoal ― O indivíduo
comporta-se de forma a agradar e receber aprovação social;
3  Os sentimentos e expectativas comuns prevalecem sobre os
interesses individuais;
Convencional

 Os adolescentes precisam de ser aprovados no próprio grupo (por


exemplo: roubar para não ser visto como fraco);
 Adultos
II

 Orientação para a manutenção da ordem da lei do progresso social e


da imparcialidade face ao sistema;
4  O ponto de vista social é mais importante do que os interesses
individuais;
 Dificilmente encontram como justificação para as suas acções aquilo
que vêm na sociedade;
Por vezes dão justificações de estádios inferiores;
 Só alguns atingem este estádio
5 Orientação para o contrato social, para o maior bem de maior número
Pós-Convencional

de indivíduos e para o relativismo das leis;


 Escolhem os seus princípios e os seus valores e analisam a situação;
III

 Ninguém atinge este estádio


6 Orientação para os princípios éticos universais, auto-escolhidos,
prescritivos e generalizáveis;
É muito teórico;

OS VALORES ― DIMENSÃO PESSOAL E DIMENSÃO PROFISSIONAL


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A pessoa enquanto sistema

Percepção e
NECESSIDADES SISTEMA Expectativas COMPORTAMENTOS
Experiências
PESSOAL sobre
HUMANAS Vivências escolas
BÁSICAS
Escolhas

Situação
ACÇÕES

Estrutura do Sistema Pessoal

Subsistemas:
 Objectivos pessoais (aqueles objectivos que procuramos conseguir para atender às
necessidades básicas)
 Competências (conhecimentos, habilidades e dom/destreza que permitem lidar com o
mundo)
 Crenças (ideais acerca do mundo e da forma como ele funciona)
 Valores (atributos pessoais acerca de um objectivo ou ideia)

NOTA: A força unificadora dos quatro subsistemas é o AUTO-CONCEITO


O auto-conceito tem uma componente:
 Cognitiva (o que sou?)
 Afectiva (o que valho? ; entra a auto-confiança)
 Comportamental (como valho?)

Agir pressupõe valorar …

ACÇÃO VALOR
1. Parar quando um semáforo está vermelho Civismo
2. Adoptar comportamentos saudáveis (Exemplo: praticar
Saúde
exercício físico, etc.)
3. Cumprir o que se prometeu Honradez
4. Participar numa manifestação contra a repressão a Timor Solidariedade
5. Assumir e cumprir as obrigações inerentes a uma dada função Responsabilidade
6. Defender convicções, de forma racional, em ambiente hostil e
Coragem
expressivo
7. Vestir roupas combinando bem as cores Elegância

Valor ― em sentido …

 … etimológico, tem origem no latim (valor, oris) – (“valere”), significa “grau de utilidade ou
aptidão das coisas, para satisfazerem as necessidades das pessoas ou proporcionar-lhes
bem-estar ou prazer” (Grande Enciclopédia Univrsal, 2004)

 … comum, “quantidade das coisas, das personagens, das condutas, cuja conformidade
em relação à norma ou a sua proximidade em relação a um ideal tornam particularmente
dignas de estima” (Grande Enciclopédia Universal, 2004)
 … filosófico, “qualidade que possuem algumas realidades, chamadas bens, em virtude
da qual são estimadas a apetecíveis” (Grande Enciclopédia Unicersal, 2004)

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 … económico, “terminologia (…) para indicar a posição relativa de um bem num mercado
ou para apresentá-lo perante um indivíduo em função da sua utilidade, raridade e trabalho
que tem incorporado” (Grande Enciclopédia Universal, 2004)

Valor ― em sentido ético …

 … uma crença pessoal sobre a importância de determinada ideia, costume ou objctivo,


que estabelece padrões que influenciam o comportamento” (Potter, Perry, 1999)
 … conjunto de regras de conduta, de leis que se creêm conforme a um ideal, por uma
pessoa ou uma colectividade” (Polleti, 1983)
 “Uma crença persistente de que uma forma de conduta específica ou maneira de estar
pessoal ou social e preferível (…) uma crença aprendida, interiorizada tão fortemente que
dá o tom às acções e pensamentos do indivíduo e produz uma forte resposta emocional e
intelectual quando algo não está em conformidade” (McNelly, 1982)

Os valores …

 “Os valores dão vida e identidade aos indivíduos, às profissões e às sociedades.” (Potter,
Perry, 1999)
 “Os valores prevêem um comportamento um comportamento para a pessoa ou para o
grupo que os possui.” (Potter, Perry, 1999)

Natureza dos valores …

1. Os valores estão organizados num SISTEMA que tem sentido para o indivíduo. Este
sistema representa a sua estrutura conceptual sobre o que considera ser certo. (Rokeach,
1996)
2. Alguns valores são mais importantes que outros, e têm mais prioridade para o
indivíduo. Esta HIERARQUIA é geralmente bastante estável e não muda muito com o
tempo, no entanto, alguns valores põem ser substituídos (…) segundo as experiências
vitais e a reavaliação do indivíduo. (Rokeach, 1996)
3. Os valores (…) podem entrar em CONFLITO facilmente entre si, assim como os
direitos dos pacientes e os deveres dos profissionais. Os valores pessoais podem entrar
em conflito com os valores culturais.” (Fry, 1996)
4. Os valores apresentam BIPOLARIDADE: Pólo negativo (valor negativo ou anti-valor) e
Pólo positivo (valor positivo).

Quanto à moralidade …

 MORAIS: associados a acções e comportamentos humanos ― actos humanos ― e


institucionais. (Só estes são objecto da Ética)
 NÃO MORAIS: relacionados com preferências pessoais, crenças ou questões de gosto
pessoal.

Quanto à dimensão …

 PESSOAIS: valores e atitudes individuais que constituem a base do comportamento e


determinam a forma como cada um experiência a vida

 PROFISSIONAIS: atributos gerais seguidos por um grupo profissional, habitualmente


promovidos pelos códigos deontológicos

 ORGANIZACIONAIS: valores adaptados pelas organizações, pressupõe a adesão dos


trabalhadores

 CULTURAIS: valores pertencentes a uma cultura ou povo e que afectam as suas


crenças sobre a saúde, doença, comportamentos moralmente requeridos, …)

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Aquisição de valores …

“As pessoas crescem e aprendem através da EXPERIÊNCIA e é na EXPERIÊNCIA que


podem encontrar ORIENTAÇÕES para o seu COMPORTAMENTO.” (Rachs, Harman,
Simon, 1996)

1. MODELAMENTO

 Os modelos agem de certa forma para mostrar o modo preferido de se comportar


 As pessoas adquirem valores de vários modelos (professores, colegas, idosos, …)
 Inicialmente pelos PAIS, pois as crianças desejam ser como eles
 O Modelismo pode conduzir a um comportamento socialmente acreditável (exemplo:
solidariedade) ou inacreditável (exemplo: comportamento agressivo)
 Se os pais não adoptarem comportamentos desejáveis, os filhos podem optar por outros
modelos.

2. MORALIZAÇÃO

 Os educadores possuem padrões para o certo e o errado


 Forma rígida de forçar os educadores e adaptarem-se aos seus valores
 Com esta abordagem um caminho
 Único caminho
 Pode ser muito autoritária
 Os educadores moralizadores não consideram valores alternativos
 Os educadores, frequentemente, têm dificuldades em fazer escolhas independentes

3. “LAISSEZ-FAIRE” (NÃO INTERFERINDO)

 Os educadores adquirem valores comportando-se informalmente, sem restrições ou


limitações
 Nenhum sistema de valores é absolutamente certo para todos, os educandos formam
os valores sem orientações rígidas
 Os educadores querem educadores livres para exploração das diferentes experiências
de vida
 Os educadores não encorajados a serem inquisitivos e a aprenderem a partir das
experiências
 Ninguém assume a responsabilidade pelo comportamento do educando
 O conflito e a confusão podem surgir, se não há orientação

4. ESCOLHA RESPONSÁVEL

 O equilíbrio entre liberdade e restrição permite seleccionar valores que conduzem à sua
satisfação pessoal e à dos educadores
 Escolhas mais limitadas que no modelo de não interferência
 Os valores não são impostos
 Os educadores permitem explorar, dentro dos limites, novos comportamentos e suas
consequências
 O educando pode discutir livremente os seus comportamentos e os efeitos destes
 Os educandos aprenderão a entender os seus próprios valores

5. RECOMPENSA E CASTIGO

 Recompensas para valores requeridos e castigos para os não requeridos


 O uso de recompensas pode ser uma aproximação positiva para os valores preferidos
 Mas o CASTIGO pode (…) que a VIOLÊNCIA É ACEITÁVEL

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Os valores na saúde …

 As práticas de saúde estão intimamente vinculadas a valores:


 Na SAÚDE: a frequência e consistência com que seguem comportamentos de
promoção de saúde depende do que valorizam
 Na DOENÇA: muitas vezes, os valores são reavaliados pela pessoa

Valores na profissão de enfermagem

 Os enfermeiros são confrontados diariamente com relacionamentos e decisões


influenciados por valores

 Quanto mais atentos aos seus valores pessoais e profissionais, tanto mais serão
capazes de se tornarem profissionais eficientes

 Para além dos valores de ordem individual e profissional têm repercussão na


Enfermagem:
 “Conceito de saúde e doença
 Da relação enfermeira/cliente
 Do papel da enfemeira
 Da relação enfermeira/médico (Potter, 1983)
 Das relações Enfermegem/Medicina/Sociedade (EEPBL, 1989)
 Das condições sócio-políticas, sócio-económicas e das culturas dos serviços de saúde

 Os diversos teóricos de enfermagem e as suas escolas reconheceram como conceitos


fulcrais valorizados na enfermagem:
 Pessoa
 Cuidar (cuidados de enfermagem)
 Saúde
 Ambiente
 O valor central da profissão de enfermagem é o cuidado, cuja natureza se caracteriza
por ser:
 Uma peculiaridade humana
 Um ideal moral
 Um afecto
 Uma relação interpessoal
 Prescrições terapêuticas

 Se os valores dão identidade, influenciam as acções e sustentam o que é significante, as


profissões são tão mais fortes quanto os valores em que elas estão baseadas (Potter,
Perry, 1999)

 As profissões periodicamente reavaliam os seus valores e comportamentos, dando-lhes


novas prioridades ou ampliando-lhes para se adaptarem às novas exigências

Valores no Código Deontológico do Enfermeiro (Dec. Lei nº 104/98 de 21 de Abril)

 Valores Universais da Relação Profissionais (art. 78º)


 Liberdade responsável, com a capacidade de escolha, tendo em atenção o bem
comum
 Verdade e justiça
 Altruísmo e solidariedade
 Igualdade
 Competência e aperfeiçoamento profissional

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 Dos Valores Humanos (art. 81º)
 Cuidar da pessoa sem qualquer discriminação económica, social, política, étnica,
ideológica ou religiosa
 Salvaguardar os direitos da criança, protegendo-as de qualquer forma de abuso
 Salvaguardar os direitos os direitos da pessoa idosa, promovendo a sua independência
física, psíquica e social e o autocuidado, com o objectivo de melhorar a sua qualidade de
vida
 Salvaguardar os direitos da pessoa com deficiência e colaborar activamente na sua
reinserção social
 Abster-se de juízos de valor sobre comportamento da pessoa assistida e não lhe impor
os seus próprios critérios e valores no âmbito da consciência e da filosofia de vida
 Respeitar e fazer respeitar opiniões políticas, culturais, morais e religiosas da pessoa e
criar condições para que ela possa exercer, nestas áreas, os seus direitos.

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Ética na saúde

BIOÉTICA

(está relacionada com todos os seres vivos, direitos dos animais, experiências em seres
humanos)

 Nasceu da revolução bio - tecnológica a partir das décadas de 50/60, alimentada por
uma nova consciência dos direitos individuais e sociais

 A evolução é galopante; o primeiro bebé proveta surge na década de 70 e hoje falamos


em clonagem. Traz consequências que podem ser devastadoras

 De destacar 3 mega projectos do século XX:


 O primeiro descobriu a energia nuclear (deu uma melhor qualidade de vida, mas trouxe
muitas consequências – foi usada na segunda guerra mundial)
 O segundo conquistou o espaço (abriu ao homem novas perspectivas que
transformaram as nossas vidas)
 O terceiro grande projecto foi o genoma humano que dá início à revolução biológica
(levou-nos à possibilidade de prever que determinada pessoa pode ter várias doenças –
alterar o genoma para não ter doenças ou até alterar a cor dos olhos ou o sexo)

 Na área da medicina habitualmente são também mencionados 3 factos que


desencadearam o desenvolvimento da bioética:
 Alguns abusos na experimentação em seres humanos (o uso de células neoplásicas
em idosos)
 O surgir de novas tecnologias que põem problemas inéditos como a experimentação
em seres humanos, transplantes, as novas definições de morte
 A percepção da insuficiência dos referenciais éticos tradicionais

 O homem interroga-se sobre os limites que a sua acção sobre a vida, em geral deve ter

 Questiona-se sobre o ligado às gerações vindouras

 Começa por falar de justiça transgeracional;


 Que posso fazer?
 Até onde a minha acção me pode levar?
 Que devo fazer?
 Qual o sentido da minha acção?
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 Nem tudo o que cientificamente é possível é eticamente admissível.
 Surge uma nova lógica de pensar e agir, um novo discurso, uma nova ética que apela ao
contributo de várias formas de conhecimento – medicina, filosofia, direito, etc.

COMO SE PODE DEFINIR A BIOÉTICA?

Potter, em 1970/71 introduz o termo bioética para designar uma nova ciência da
sobrevivência a constituir a partir da associação da ciência dos seres vivos (bio) e do
conhecimento dos sistemas de valores humanos (ética).

Bioética era entendida como uma disciplina que recorria às ciências biológicas para
melhorar a qualidade de vida do ser humano, no sentido em que permite ao homem
participar na evolução biológica, preservando a harmonia universal – há uma dimensão
vincadamente ecológica.

Definição actual

A bioética pode ser definida como o estudo sistemático da conduta humana no


campo das ciências biológicas e da atenção da saúde, na medida que esta conduta seja
examinada à luz de valores e de princípios morais, utilizando uma variedade de
metodologias éticas num contexto interdisciplinar.

PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DA BIOÉTICA


(Segundo Pessini)

 Ser uma ciência na qual o homem é sujeito e não somente objecto;


 Ser notadamente protectora da vida frente à exacerbação tecnológica;
 Não se pretender numa acabada, mas aberta aos novos problemas emergentes da
biologia, genética, engenharia, etc.;
 Estar aberta ao dialogo não só com as ciências biológicas, mas com todos os que tratam
hoje da vida, desde a ecologia à filosofia, correntes religiosas, etc.;
 Pretender humanizar e personalizar os serviços de saúde, bem como promover os
direitos dos pacientes;
Articular ética e ciências biomédicas;
Ter como critérios a chamada tríade bioética – beneficência, autonomia e justiça.

TEDÊNCIA PERSONALISTA E HUMANISTA


(desenvolvida sobretudo na Europa)

Não é descritiva nem procura estabelecer normas de acção. Desenvolve um


raciocínio deontológico de orientação teleológica que toma o homem, na sua dignidade
universal, como valor supremo do agir.

Parte de uma noção de pessoa que torna na singularidade da sua realidade concreta
e na universalidade da sua humanidade e procura enunciar as categorias essenciais da
pessoa enquanto tal. São elas:

 A unidade de subjectividade: refere-se ao carácter singular e irrepetível da pessoa, ao


ser único e original que a pessoa constitui;
O carácter relacional na intersubjectividade: refere-se à inviabilidade de um processo
individual da personalização;
A solidariedade em sociedade: refere-se à integração efectiva do homem numa
sociedade concreta, na qual é chamado a intervir pela dimensão social do seu ser e do seu
existir.

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A REFLEXÃO BIOÉTICA PORTUGUESA

Dos pareceres que o Concelho Nacional de Ética para as ciências da vida vem
produzindo nos últimos anos há um princípio que se destaca – é o princípio da dignidade
da pessoa humana.

O pensar e agir éticos fundamentam-se na noção de pessoa definida na sua natureza


como: racionalidade, temporalidade, historicidade, finalidade em si e liberdade.

A pessoa é entendida como um ser num continuo processo de auto-realização


pessoal e social, cujo valor não é susceptível de ser objectivado – realidade em que
consiste a sua dignidade.

O reconhecimento da dignidade do ser humano exige o respeito pelos seus direitos,


determinados pela declaração universal dos direitos do homem.

O Concelho Nacional de Ética para as ciências da vida faz enunciar o direito aos
cuidados de saúde, à privacidade e à equidade e sistematiza quatro valores fundamentais.
O da dignidade da pessoa humana, o da participação de cada pessoa nas decisões que
lhe dizem respeito, o da equidade, por oposição à descriminação e o da solidariedade
entre os homens.

PRINCÍPIOS DA BIOÉTICA

1. Autonomia

Capacidade de tomar decisões. Afirma a capacidade que a pessoa tem de pensar,


decidir e agir de modo livre independente.

▪ É necessário fornecer informações, não têm que ser verdadeiras;


▪ O medo impede uma melhor decisão;
▪ As crianças e os deficientes têm a capacidade de decidir reduzida;
▪ Ser autónomo na minha actividade profissional tendo em conta os valores da outra
pessoa;
▪ Autonomia exige condições e que trazem consequências para nós;

O respeito por este princípio envolve dois aspectos complementares entre si:
▪ O reconhecimento da capacidade comum a todas as pessoas de tomar as suas próprias
decisões;
▪ A promoção efectiva de condições que favoreçam o exercício da autonomia.

O que implica:

▪ Manter uma relação baseada na veracidade;


▪ Transmitir a informação adequada verificando a sua correcta compreensão;
▪ Assegura-se da decisão tomada sem qualquer forma de coacção ou manipulação.

É também essencial:

▪ Reconhecer as situações em que a autonomia possa estar diminuída. Tendo nesses


casos a obrigação de assegurar que o utente tem a protecção decidida;

Factores que condicionam a capacidade de autodeterminação das pessoas:


▪ O medo (grave inibidor da capacidade de afrontamento dos riscos medidos);
▪ As diversas formas de sofrimento intenso, perturbadores da lucidez de julgamento e da
avaliação correcta;
▪ O abuso de substâncias tóxicas;
▪ Determinadas perturbações psíquicas graves;

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Notas: As crianças, os idosos, os prisioneiros e as pessoas economicamente
desfavorecidas ou pertencentes a minorias étnicas são frequentemente apontadas, com o
risco de não verem o seu direito à autonomia respeitado.

O desrespeito pela autonomia da pessoa implica a sua desconsideração como sujeito


e fim em si mesma e a sua perspectiva como simples meio, susceptível de objectivação;

2. Beneficência

Determina que o profissional de saúde deve promover sempre o bem do utente, o


que pressupõe que a sua actuação resulta de uma cuidada análise sobre os custos, os
riscos e os benefícios (Ex. uma transfusão pode salvar mas também pode matar);

Este princípio encontra-se hoje limitado por quatro factores principais:


▪ A necessidade de se definir o que é o bem do paciente;
▪ A não aceitação do paternalismo contido na beneficência;
▪ O surgimento do critério de autonomia;
▪ As novas dimensões da justiça na saúde.

3. Não maleficência

Enuncia a obrigatoriedade de não fazer mal a outrem, o que na situação de


cuidados significa não só a remoção de situações prejudiciais mas também a
sua prevenção;

A aplicação deste princípio leva a que em determinadas circunstâncias se


tenha em conta o princípio do duplo efeito segundo o qual nem sempre é
moralmente condenável realizar uma acção que tenha um efeito bom, o
pretendido e outro prejudicial, o tolerado. È também recorrendo a ele que se
proíbem determinadas acções, pelo elevado risco que elas acarretam.

Exemplo: Amputação

4. Justiça

Impõe que todas as pessoas sejam tratadas com a mesma consideração, sem
qualquer tipo de discriminação, tenha ela origem na raça, idade, nível sociocultural, nível
económico, inteligência, hábitos de vida ou outros.

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Dimensão ética da
Enfermagem

Código deontológico

É um sistema de regras e princípios que permitem à profissão regulamentar os seus


membros e demonstrar a sua responsabilidade para com a sociedade, deve reflectir a
concepção ética comum e maioritária dos membros dessa profissão.

Funções do código deontológico

▪ Elevar o nível da profissão ao investir os enfermeiros de direitos e responsabilidades;


▪ Elevar o nível de cuidados de enfermagem através da definição de critérios que regulam
a conduta dos enfermeiros;
▪ Indicar o que o publico pode esperar de um membro dessa profissão;
▪ Servir de suporte para a elaboração de programas de formação em enfermagem;
▪ Constituir um registo valioso dos conceitos éticos considerados mais importantes na
prática de enfermagem;
▪ Ajudar na solução de conflitos éticos, através da explicitação dos direitos e deveres que
os profissionais têm nas relações que estabelecem consigo mesmos, com os seus pares,
com as equipas onde estão inseridos, com as instituições onde trabalham com utentes e
a sociedade;

Direitos dos utentes

▪ Direito de reclamar;
▪ Direito a uma segunda opinião;
▪ Direito à informação;
É um dever dos profissionais
▪ Direito a cuidados personalizados; de saúde informar sobre o
▪ Direito ao sigilo; direito dos utentes
▪ Direito à consulta do processo;
▪ Direito à privacidade/intimidade;
▪ Direito a recusar os cuidados;

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Objectivos dos direitos dos doentes (segundo a DGS – Direcção Geral de Saúde)

▪ Consagrar o primado do cidadão, considerando-o como figura central do sistema de


saúde;
▪ Reafirmar os direitos humanos fundamentais na prestação dos cuidados de saúde e,
especialmente, proteger a dignidade e integridade humana, bem como o direito à
autodeterminação;
▪ Promover a humanização no atendimento a todos os doentes principalmente aos grupos
vulneráveis;
▪ Desenvolver um bom relacionamento entre os doentes e os prestadores de cuidados de
saúde e, sobretudo, estimular uma participação mais activa por parte do doente;
▪ Proporcionar e reforçar novas oportunidades de diálogo entre organizações de doentes,
prestadores de cuidados de saúde e administrações das instituições de saúde;

Segredo Profissional

Segredo – Tudo aquilo que, ou por natureza das coisas, ou por contrato deve permanecer
oculto;

Tipos de segredo

Segredo Natural – Aquele que pela importância das coisas de que se toma conhecimento,
se fosse revelado, poderia prejudicar alguém;

Segredo Prometido – Aquele que se promete guardar, mesmo antes de nos ser contado;

Segredo Confiado (o segredo profissional insere-se aqui) – Aquele que se recebe depois
de um contrato, expresso ou tácito, de o guardar;

Ex: Segredo sacramental, segredo profissional;

Mas o que é o segredo profissional?

▪ Tudo o que se tiver conhecimento em razão e no exercício da profissão;


▪ O enfermeiro deve considerar confidencial toda a informação acerca do destinatário de
cuidados e da família, qualquer que seja a fonte;

Limites do segredo profissional

▪ Consentimento do interessado;
▪ Exigência do bem comum;
▪ Exigência do bem do terceiro;
▪ Se a revelação poupar prejuízo grave à pessoa interessada no segredo;
▪ Se da não revelação do segredo decorrer prejuízo grave para a pessoa depositária do
segredo;

Exemplos

 Exemplo 1

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A enfermeira Joana está na esplanada da praia à espera do namorado quando é
abordada pela D. Isabel, que esteve internada no serviço onde trabalhava, e lhe conta a
evolução da sua mastectomia. O namorado, Vasco, ao chegar reconhece a D. Isabel,
porque são da mesma terra, cumprimenta-a e pergunta-lhe se está melhor.
Quando a Sª se foi embora o Vasco perguntou o que estavam a falar e a Joana
relatou-lhe a conversa.

▪A enfermeira violou o segredo profissional, porque esteve na razão do exercício da


profissão.

 Exemplo 2

O diálogo ocorre entre duas alunas de enfermagem num autocarro público.

Aluna A – O António picou-se na agulha daquele senhor amputado que está na cirurgia 1,
sabes?
Aluna B – Sei. O que é de Coruche.
Aluna B – E sabes que ele é seropositivo? O António está cheio de medo.

▪A aluna A está a violar o segredo profissional porque a aluna B está implicada no


processo terapêutico do doente.

▪ No dia a dia nós temos que tomar decisões;


▪ Porque é que escolhemos uma coisa e não outra?
▪ Nas decisões morais há aspectos que eu não sinto como decisões mas há outras
decisões que eu tenho que tomar;
▪ Pelo facto de eu gostar de uma coisa, não faz sentido eu a roubar porque, não vai
de acordo com os meus valores;
▪ Ex: Se eu tiver vários utentes, tenho de escolher aquele que prestar mais atenção;
▪ Há situações em que a decisão são problemas;

Problemas  Dilema ético

Problema ético

Quando na tomada de decisão é possível encontrar uma solução que respeita todos
os valores em conflito;

Dilema ético

Quando na tomada de decisão não é possível encontrar uma solução que respeite
todos os valores em conflito;

▪ Eu tento tomar a decisão tendo em conta os diferentes valores que estão em conflito;
▪ Noutras situações não é possível valores semelhantes estarem devidamente
respeitados;

Ex: dilema – a vida da mãe e do filho em risco, tendo que morrer um.

Distonosia – o Homem quer-se sobrepor à natureza tentando e evitando a morte quando


não é possível

▪ Tudo o que exige de mim decisões morais causa em mim um dilema;

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▪ Tenho que ter conhecimento sobre a situação para poder escolher/tomar a decisão do
que tenho a fazer;
▪ Ex: Duas pessoas em paragem respiratória, só posso salvar uma;

Decidir envolve sempre:


▪ A autonomia;
▪ A responsabilidade;

▪ Em termos profissionais a decisão ética é mais importante porque a profissão tem vindo
a adquirir autonomia;
▪ Eu sou responsável pelas minhas acções autónomas ou interdisciplinares, porque eu é
que decido a forma como cumpro uma ordem;
▪ A decisão envolve sempre a responsabilidade pele decisão;

A complexidade da decisão depende:


▪ Do número de alternativas;
▪ Do tipo e quantidade da informação;
▪ Tempo que se tem para tomar decisões;

▪ Se eu tiver mais do que uma alternativa é difícil optar por uma ou outra;
▪ A informação pode ajudar-nos em situações complexas;
Há decisões que são decisões deliberativas

Há a possibilidade de estudar o assunto


Recolher toda a informação e só depois decidir

Há outras em que tenho que tomar decisão no imediato

Sem ter muito conhecimento da situação

Ex: Um utente tem que ser submetido a uma cirurgia e não tem capacidade de decidir. O
utente não deu consentimento, mas a cirurgia é para seu benefício;

▪ Quando temos tempo suficiente devemos informar a pessoa ou a família;

▪ A decisão ocorre num contexto constituído por:


- Ambiente interno – da própria pessoa que delibera;
- Ambiente externo – a situação que envolve a pessoa que toma a decisão;

▪ A decisão é tomada perante um ambiente interno;


Factores que interferem na tomada de decisão

Ambiente interno
▪ Perspectiva filosófica sobre saúde/doença, vida, etc;
▪ Os meus valores, a minha perspectiva sobre a vida é fundamental nas nossas tomadas
de decisão;
▪ Crenças éticas e morais;
▪ Passado cultural (as nossas crenças dependem muito da cultura em que crescemos.
As decisões que tomo dependem da cultura que eu tenho);

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▪ Representação que os profissionais têm de si e do serviço que prestam à sociedade;

Ambiente externo
▪ Tendências sociais;
▪ Directivas legais;
▪ Políticas de saúde;
▪ Grau de autonomia profissional;
▪ Normas institucionais;
▪ Os poderes existentes nas organizações;
▪ Os recursos humanos e materiais;
▪ As condições de trabalho;
▪ O ambiente externo pode influenciar a minha própria tomada de decisão;
▪ Se a minha tomada de decisão for contra as normas institucionais, o que fazer?... É
a minha tomada de decisão;
▪ Em situações idênticas a nossa tomada de decisão pode ser totalmente diferente;

Existem várias comissões de ética

Grupos de pessoas peritas em determinadas áreas que dão conselhos numa dada
situação;

A bioética tem colaboração de diferentes áreas do saber que podem ou não ser fixas numa
mesma comissão;

Surgiu a necessidade de formar comissões de ética

As comissões de ética são formadas por diferentes peritos

As primeiras surgiram com as questões da bioética

 A comissão nacional de ética para as ciências de vida está em


remodelação/reformulação;
 Existe a nível nacional a comissão de investigação (desde 2000) e trata todas as
questões relacionadas com os ensaios clínicos;
 A comissão nacional para as ciências da vida põe ser um recurso para qualquer
problema que temos numa instituição;

Comissões de ética para a saúde Decreto-lei n°97/1995

▪ Justificação para a sua formação


▪ Âmbito
▪ Composição (artigo 2º)
▪ Competências (artigo 6º)
▪ Critérios para a tomada de decisão (tem de haver consenso)
▪ Quem pode pedir pareceres

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