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FILOSOFIA,

ÉTICA E
LEGISLAÇÃO EM
ENFERMAGEM

Kenia Santos Corradi Saliba

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OBJETIVOS DA DISCIPLINA:

▪ Proporcionar uma visão crítica e reflexiva sobre os conceitos e princípios de filosofia, ética e
bioética, discutindo suas implicações para a prática clínica, de ensino e pesquisa na área de
saúde, especialmente em Enfermagem.
▪ Reconhecer e analisar instrumentos éticos que orientam a prática profissional da enfermagem.
▪ Identificar e analisar temas da bioética relativos à profissão.
▪ Analisar a conduta profissional da equipe de enfermagem com base nos princípios éticos e
legais.
▪ Desenvolver a crítica e a reflexão como condições para assunção de condutas éticas e
humanização na enfermagem.
▪ Conhecer a legislação sobre a profissão e as entidades de classe.

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UNIDADE 1

CONCEITOS FUNDAMENTAIS

FILOSOFIA (do grego , philosophia, literalmente «amor pela sabedoria» ) é o estudo das
questões gerais e fundamentais relacionadas com a natureza da existência humana; do
conhecimento; da verdade; dos valores morais e estéticos; da mente; da linguagem, bem como
do universo em sua totalidade.

FILOSOFIA

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Ética e Bioética

 São conceitos que têm vindo a ser desenvolvidos ao longo dos últimos tempos,
principalmente no que concerne à sua íntima ligação com o cuidado de enfermagem,
que identificamos com a nossa prática profissional.

ENFERMAGEM

 A arte e função de cuidar de enfermos.

 Enfermagem é conhecimento, pensamento, valores, filosofia, compromisso, ação e


ternura.

Todos os dias de nossas vidas, nossas relações pessoais e profissionais, nossas atitudes, são
moldadas por idéias e conceitos que “moram” dentro de nós.

 Ética: vem do grego “ethos” = “caráter”, “modo de ser”.

 ÉTICA, segundo Aurélio é:


O estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação
do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente a determinada sociedade, seja de
modo absoluto.

FALAR DE ÉTICA É FALAR DE CIDADANIA.

A ÉTICA
Aparece por meio de nossas ações e atitudes, as quais são classificadas como “boas” ou
“ruins” pela sociedade.

 Vivemos em uma sociedade que admite como certo um código de valores que é
reconhecido e legitimado por outras sociedades que, como a nossa, sofreram influências
dos nossos colonizadores e filósofos gregos.

Ética é a investigação geral sobre aquilo que é bom.

A Ética tem por objetivo facilitar a realização das pessoas. Que o ser humano chegue a realizar-
se a si mesmo como tal, isto é, como pessoa. (...) A Ética se ocupa e pretende a perfeição do ser
humano.

MORAL

 Do latim morale, relativo aos costumes.


 Segundo Aurélio, moral é:

Conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para
qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada.

"A Moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas."
Augusto Comte (1798-1857),

ÉTICA E MORAL

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 Confundem-se muitas vezes, todavia, são duas coisas distintas.
 A ética é o aspecto científico da moral, pois tanto a ética como a moral, envolve a
filosofia, a história, a psicologia, a religião, a política, o direito, e toda uma estrutura
que cerca o ser humano.
 Isto faz com que o termo ética necessita ter, em verdade, uma maneira correta para ser
empregado, quer dizer, ser imparcial, a tal ponto a ser um conjunto de princípios que
norteia uma maneira de viver bem, consigo próprio, e com os outros.

VALORES

 São as normas, princípios ou padrões sociais aceitos ou mantidos por indivíduo, classe,
sociedade, etc.
 Os valores e as regras do bem agir variam de lugar para lugar e se modificam ao longo
do tempo.
 Ex.: relações conjugais.

 Podemos observar que as leis são pensadas, escritas e entram em vigor sempre depois
que uma determinada situação já se estabeleceu socialmente.

AMBIÇÃO E ÉTICA

Segundo Kanitz (consultor de empresas):

 Podemos definir ambição como sendo tudo o que você pretende fazer na vida.
São seus objetivos, seus sonhos, suas resoluções.
 Já a ética aponta os limites que você se impõe na busca de sua ambição.

 Na maioria das vezes decidimos nossa ambição antes de nossa ética, quando o certo
seria o contrário.
 Quando a ambição passa por cima da ética como um rolo compressor, o resultado é o
que podemos acompanhar nos noticiários que ocupam as manchetes em nosso país.

 É preciso estabelecer um limite para nossa ambição, não nos permitindo, em hipótese
alguma, violar a ética para satisfação pessoal,em detrimento do coletivo.

A CONDUTA ÉTICA

 Também está relacionada às proibições e ás permissões dos grupos corporativos aos


quais pertencemos enquanto categoria profissional.

 Mas... Tudo aquilo que fazemos exige responsabilidade ética, que ultrapassa a
capacidade e a competência técnica do fazer em saúde.

POR ISSO...
 É importante que a prática profissional, parta de uma visão de mundo que valorize a
vida, as palavras e as relações humanas.

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PRECONCEITO

 Conceito antecipado, isto é, uma opinião formada sobre algo ou alguém, sem um
fundamento aceitável.

 Pré-conceitos podem interferir em nossa prática profissional ou orientá-la, muitas vezes


magoando e fazendo sofrer aqueles que esperam de nós o alívio para suas dores, ou as
respostas para suas necessidades e expectativas.

O CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

 “Leva em consideração, prioritariamente, a necessidade e o direito de Assistência de


Enfermagem à população, os interesses do profissional e de sua organização. Está
centrado na clientela e pressupõe que os Agentes de Trabalho da Enfermagem estejam
aliados aos usuários na luta por uma assistência de qualidade sem riscos e acessível a
toda população”. (Pág. 7).

Não devemos pensar na ética apenas em função de regulamentações e de leis.


É preciso pensá-la a partir da reflexão moral, reconhecendo sua função crítica e seu vínculo
com as emoções.

Refletir sobre a ética é


 Contribuir para aumentar a reflexão sobre a ação humana, tornando-nos mais sensíveis
e mais sensatos, porque ela nos aproxima da realidade e nos torna mais conscientes das
ações que praticamos em qualquer espaço da nossa vida.

ÉTICA
UM DESAFIO DE TODOS NÓS.

Bioética

 Em 1970, Van Rensselaer Potter criou a palavra Bioética.

 Conforme Mário López, "segundo a Encyclopedia of Bioethicus, bioética é o estudo


sistemático da conduta humana nas áreas das ciências da vida e dos cuidados da saúde,
à medida que tal conduta é examinada à luz dos valores e princípios morais".

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 Bioética: Ética para as ciências da vida.

ÉTICA PROFISSIONAL E DEONTOLOGIA

DEONTOLOGIA
 Surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa dever e
 “lógos” que se traduz por discurso ou tratado.
 Tratado dos deveres.
 É o estudo dos princípios, fundamentos e sistemas de moral.

O Código de Deontologia de Enfermagem


 Foi instituído em outubro de 1975.

 Hoje é o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.


 Foi aprovado pela Resolução COFEN 160/93, enumerando os deveres,
responsabilidades, proibições e penalidades a serem aplicadas nas hipóteses de
cometimento de infrações por Enfermeiros, bem como pelos demais profissionais com o
exercício nos serviços de Enfermagem.

Ética Profissional
 Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento que significa
sua adesão e comprometimento com a categoria profissional em que formalmente
ingressa.

 Isso caracterizará o aspecto moral da Ética Profissional, ou seja, a adesão voluntária a


um conjunto de regras estabelecidas como as mais adequadas para o seu exercício.

 Uma prática profissional envolve padrões de excelência, obediência às regras e


consecução de bens.

PONTOS DE ÉTICA

 Respeite todas as confidencias que seus pacientes lhe fizerem durante o serviço.
 Jamais comente em público durante as horas de folga, qualquer incidente ocorrido no
hospital nem de informações sobre seu doente. Qualquer pergunta que lhe for feita
sobre os cuidados que ele recebe, bem como de suas condições atuais e prognosticas,
por seus familiares, deverá ser relatada ao supervisor.
 Evite maledicências-jamais critique seu supervisor ou seus colegas de trabalho na
presença de outros funcionários ou dos enfermos.
 Respeite sempre a intimidade de seus pacientes. Bata de leve á porta antes de entrar no
quarto. Cubra-o antes de executar qualquer posição. Cuide para que haja sempre lençóis
disponíveis para exames e posições terapêuticas.
 A ficha do paciente contém informação privada e deve ser guardada. Apenas as pessoas
diretamente envolvidas no seu atendimento podem ter acesso a ela.
 Demonstre respeito por seus colegas de trabalho em qualquer ocasião. Sejam leais a
seus chefes. Trate-os assim como a seus pacientes, pelo sobrenome, em sinal de

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respeito. Nunca recorra a apelidos, doenças ou número de quarto para se referir aos
doentes.
 Aceite suas responsabilidades de bom grado. Antecipe-se ao chamado do paciente;
procurando adivinhar-lhe as necessidades. É importante que você não exceda
suas responsabilidades nem sua habilidade. Conheça bem seu trabalho.

 Tenha cuidado com os objetos ao paciente, para prevenir posteriores complicações,


tanto para você quanto para o hospital. Guarde os objetos pessoais do doente, isto é,
dinheiro, jóias, como se fossem seus. Cuide para que os objetos de valor sejam
guardados no cofre do hospital.
 Assuma a responsabilidade de seus erros e falhas de julgamento, levando-se logo ao
conhecimento do supervisor, do contrario, você poderá colocar em risco sua própria
pessoa, o paciente e o hospital.
 O bom atendimento ao enfermo é não permitir que haja preconceitos de raça, religião
ou cor. Dispense a todos a mesma consideração e o mesmo respeito, e dê-lhes o melhor
de si.
 Recorra á igreja da qual faz parte do paciente sempre que necessário. Nunca se coloque
na posição de conselheiro espiritual, mas esteja ciente de sua obrigação, em
providenciar este tipo de apoio sempre que necessário. Comunique ao supervisor
quando o paciente exigir um apoio religioso especial.
 Não comente sua vida nem seus problemas pessoais ou familiares com seus doentes a
não ser em termos gerais.
 Normalmente é a enfermeira chefe quem atende ás chamadas telefônicas. Caso você
tenha de fazê-lo seja educado (a) e cortês. Encaminhe qualquer chamada telefônica á
autoridade competente. As ordens médicas dadas por telefone só devem ser recebidas
pela enfermeira chefe. O telefone da enfermeira só deve ser usado para chamadas
internas do hospital e nunca para chamadas pessoais.
 Não faça refeições no quarto do enfermo nem no local onde é preparada sua comida.
Não é permitido comer restos deixados pelo doente e nem servir-se da comida que lhe é
destinada.
 Use com moderação o material fornecido pelo hospital. Tenha cuidado com os
equipamentos. Levar para casa objetos de propriedades do hospital, como termômetros,
canetas e loção para as mãos é roubo.
 Durante a carreira de enfermagem você encontrará certos tipos especiais de pacientes,
como viciados em drogas, alcoólicos, criminosos, suicidas e pervertidos sexuais. Não
deixe que sua simpatia e antipatia pessoal interfiram no atendimento a essa espécie de
doente. Não permita, tampouco, que a condição social ou econômica do paciente
modifique a qualidade do atendimento que você dispensa.
 Tirar medicamentos da reserva do hospital ou do paciente é roubo. Não se aproveite da
presença do médico para lhe pedir que prescreva medicação para você ou seus
familiares.
 Não deixe que se estabeleçam laços pessoais entre você e seu paciente. Delicadamente
desencoraje-o quando ele fizer tentativas neste sentido.
 Você poderá ser despedido (a) se for encontrado (a) sobre efeito de álcool ou de outras
drogas, o fato deverá ser levado imediatamente ao conhecimento do seu supervisor.
 Permaneça no seu setor de trabalho, só saindo quando lhe for permitido, como nos
intervalos para almoço e descanso.
 Responda logo a qualquer chamado do paciente. Atenda a suas solicitações, sempre que
possível. Quando estiver em dúvida ou não for capaz de fazê-lo, chame o supervisor.

As profissões

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 Elaboram códigos com a intenção de fornecer elementos para o pensar e agir diante de
si e do outro.

O CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM (CEPE)

Reúne um conjunto de normas, princípios direitos e deveres, relativos à profissão e ao seu


exercício.

O CÓDIGO
 Foi definido pelos enfermeiros com base no compromisso que eles têm com a
sociedade, a qual os reconhece como pessoas técnicas, científicas e humanamente
capazes de desempenhar um determinado conjunto de funções.
 Além do código de ética, o exercício profissional é limitado pelo Código Penal
Brasileiro, que, se relaciona ao profissional como cidadão.

IMPERÍCIA
 Refere-se à falta de conhecimento técnico científico para a realização de determinada
ação.

NEGLIGÊNCIA
 Descuido e/ou desatenção na realização de uma atividade.
 Ex.: Administrar medicação ao paciente errado.

IMPRUDÊNCIA
 Está relacionada à precipitação, ou seja, à realização de ações de enfermagem sem
cautela, não respeitando as normas de segurança.

 Para melhorar a qualidade da assistência de enfermagem, a qualificação é uma condição


imprescindível, bem como a periódica atualização de conhecimentos e práticas, porque
os conhecimentos técnicos e científicos são contínuos e a cada dia novas e sofisticadas
tecnologias são instaladas nos serviços de assistência à saúde.

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Unidade 2

O TRABALHO

Necessidade, Desejo e Limites.


Trabalhar: do latim tripaliare = martirizar com o tripaliu (instrumento de
tortura).

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É bom lembrar que nos tempos antigos, o trabalho não era visto com bons olhos.
Entre eles, trabalho era atividade apenas de escravos e pobres. Somente a partir do
século XIV é que passou a ter o sentido que empregamos hoje em nossos dias, ou seja, o
exercício material ou intelectual para fazer ou conseguir alguma coisa, o esforço, a
labutação, a lida, a luta.
Na revolução industrial a jornada era de 14 h ao dia. Havia muitas punições
físicas e acidentes.
É uma lei natural.
 Necessidades e prazeres = trabalho
A civilização obriga o homem a trabalhar cada vez mais.
È um meio de aperfeiçoar sua inteligência. Na natureza tudo trabalha.

O homem com bens suficientes também deve trabalhar  ser útil aos seus
semelhantes e ao planeta.
Portanto o trabalho possibilita:
- a conservação do corpo e
- o desenvolvimento do pensamento.
O repouso
Depois do trabalho, também é uma lei natural.
Duas finalidades:
- reparar as forças do corpo
- dar liberdade à inteligência.
O trabalhador é a peça fundamental na promoção de sua própria saúde.
Aquele cuja existência dependa do seu labor deve encontrar em que se ocupar –
o que nem sempre ocorre.
Quando a suspensão do trabalho se generaliza = flagelo, miséria.
A ciência econômica busca a solução no equilíbrio entre a produção e o
consumo. Além desse equilíbrio, a educação como um conjunto de hábitos adquiridos
também deve ser vista como um dos elementos de solução.

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Durante esses intervalos o trabalhador não deve viver menos.

A geração de novos postos de trabalho não acompanhou o crescimento muito rápido da


população, tendo como consequências o aumento de:
- prostituição;
- roubos;
- trabalho informal como dos vendedores ambulantes.
No momento há:
- pessoas trabalhando demais;
- ou pessoas trabalhando de menos;
- número de insatisfeitos muito grandes.
Com o consequente aumento da incidência de estresse.

VALORIZAÇÃO DO SER HUMANO - Escala de necessidades do homem


segundo Maslow

AUTO-REALIZAÇÃO

Realização do
seu próprio potencial
Autodesenvolvimento

ESTIMA
Autoconfiança, reputação

SOCIAIS
Aceitação, amizade, pertencer ao grupo.

SEGURANÇA
Proteção sua e da família, estabilidade no emprego.

FISIOLÓGICAS
Sobrevivência, alimentação, roupa e moradia.

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AÇÃO CORRETA NO TRABALHO
Para alcançarmos a ação correta no trabalho (o topo da pirâmide), devemos
superar:
 O egoísmo
 A impaciência
 A ambição
 O desejo de recompensa.

Como optar pelas ações corretas?

 Praticar a auto-observação.
 Estudar as relações de causa e efeito.
 Identificar as ações que nos aproximam ou afastam de nossas metas.
 Praticar o perdão.

RELACIONAMENTO INTERPESSOAL
Nós temos necessidades de estarmos com os outros.
• O histórico e a vivência de experiências fazem as diferenças entre as pessoas.
• Relacionarmos bem é requisito fundamental no mundo de hoje.

Para se estabelecer um bom relacionamento:

• Conhecer a comunicação não verbal: tom de voz, gestos, expressões faciais.


• Manter-se receptivo, com boa postura corporal, expressão facial, fala agradável
e ser atencioso.
• Lembrar-se que algumas pessoas têm mais dificuldade que as outras.
• Evitar excesso de intimidade.

Usar as “palavras mágicas”:


• por favor,
• com licença,
• obrigado,
• bom dia.
• Sorrir sempre que possível.

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• Cuidar da higiene, apresentação pessoal e postura.
• Atender prontamente.
• Ouvir atentamente.
• Perguntar quando não entender.
• Controlar as reações emocionais: raiva, tristeza, medo.
• Manter-se bem informado.
• Compreender o próximo e colocar-se no lugar dele = empatia.

INSTRUÇÕES PARA TODA A VIDA (DALAI LAMA)

1. Leve em consideração que grandes amores e conquistas envolvem grande risco.


2. Quando você perder, não perca a lição.
3. Siga os três “R”: respeito a si mesmo, respeito aos outros, responsabilidade por
todas as suas ações.
4. Lembre-se que não conseguir o que você quer é algumas vezes um grande lance de
sorte.
5. Não deixe uma disputa por questões menores ferir um grande amigo.
6. Quando você perceber que cometeu um erro, tome providências imediatas para
corrigi-lo.
7. Passe algum tempo sozinho todos os dias.
8. Abras seus braços para mudanças, sem abrir mão de seus valores.
9. Lembre-se que o silêncio é algumas vezes a melhor resposta.
10. Viva uma vida boa e honrada. Assim quando você ficar mais velho e pensar no
passado, poderá obter prazer uma segunda vez.
11. Uma atmosfera de amor em casa é o fundamento da vida.
12. Em discordância com pessoas queridas, trate apenas da situação corrente. Não
levante questões passadas.
13. Compartilhe o seu conhecimento. Esta é uma maneira de alcançar a imortalidade.
14. Seja gentil com a terra.
15. Julgue o seu sucesso por aquilo a que você renunciou para consegui-lo.

As Sete Leis do Dinheiro


Seven Laws of Money
Mike Phillips

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1) Agir! O dinheiro vai entrar quando você fizer a coisa certa. Vá em frente e
faça aquilo que você realmente quer fazer.
2) O dinheiro tem suas regras próprias: fluxo de caixa; orçamentos; poupança;
empréstimos. Nunca esbanje o dinheiro; não seja perdulário.
3) O dinheiro é um sonho. É em si mesmo pura fantasia. As pessoas que
consideram o dinheiro como algo real ou tangível vivem na ilusão de que sua realidade
vai mudar quando tiverem muito dinheiro.
4) O dinheiro é um pesadelo que se traduz muitas vezes em prisão, roubo, medo
da pobreza. Mais de 80% das pessoas condenadas à prisão não sabem como lidar com o
dinheiro. Também é um pesadelo para as pessoas que herdaram muito dinheiro.
5) Nunca se deve jogar dinheiro fora. O dinheiro flui através de certos canais,
como a eletricidade flui através dos fios.
6) Nunca se deve receber dinheiro como um simples presente. Quem dá ou
empresta dinheiro deve exigir que ele seja utilizado de forma satisfatória por quem o
recebe.
7) Existem universos valiosos que não podem ser adquiridos com dinheiro. Por
exemplo: a arte, a poesia, a música, o amor.

TRABALHO DE EQUIPE

Definição:
• Grupo de dois ou mais indivíduos interagindo de forma adaptativa,
interdependente e dinamicamente voltados para um objetivo comum e
apreciados por todos.

Parâmetros do Conceito de Trabalho em Equipe

 Autonomia relativa
   interdisciplinaridade
   horizontalidade
    flexibilidade
    criatividade
    Interação comunicativa

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. Não existe efetivo trabalho em equipe sem um plano comum ou “projeto
assistencial” previamente definido pelos membros da equipe em livre discussão
sobre quais são os problemas e quais devem ser os objetivos da ação coletiva.

BENEFÍCIOS

• O trabalho em equipe surgiu como uma estratégia para redesenhar o trabalho e


promover a qualidade dos serviços.

Entre os benefícios podemos citar:


• O planejamento de serviços,
• O estabelecimento de prioridades,
• A redução da duplicação dos serviços,
• A geração de intervenções mais criativas,
• A redução de intervenções desnecessárias pela falta de comunicação entre os
profissionais,
• A redução da rotatividade, resultando na redução de custos, com a possibilidade
de aplicação e investimentos em outros processos.

Dificuldades e Problemas

• Intensa divisão social e técnica do trabalho na área de saúde, resultado de um


processo de alta especialização e compartimentalização do saber na formação
acadêmica dos profissionais, gerando uma visão reducionista e fragmentada do
ser humano.
• O trabalho em saúde é, sempre, um trabalho de equipe e exige, sempre, respeito
entre os membros do grupo.
• Cada um dos membros de uma equipe que trabalha com saúde, tem que
reconhecer que o trabalho que cada profissional realiza é importante e contribui
para o conjunto e por isso todos precisam se encontrar para refletir sobre sua
atuação.
• NÃO ESQUECENDO que todos têm que proteger o conteúdo das informações
confidenciais.

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• A troca de informações na equipe de saúde é necessária, mas deve ser limitada
àquelas informações que cada profissional precisa para realizar suas atividades
em benefício do cuidado do paciente.

O trabalho de equipe
• Precisa ser entendido como um trabalho de parcerias.
• Numa equipe, todos têm uma função importante que será realizada da melhor
forma possível, na medida em que os profissionais estejam integrados.

A integração
• É um ideal que visa não só a criar laços de solidariedade entre os diversos
trabalhadores, mas também entre as diversas formas de trabalho, com seus graus
variáveis de autonomia e de interdependência.

Requisitos da Integração da Equipe Multiprofissional


• Criar espaços para a discussão e vivência de construção de projetos assistenciais
comuns
• Programar discussões de casos, reuniões periódicas, de supervisão e
planejamento.
• Buscar identificar e incorporar à rotina certas demandas antevistas pelos
membros da equipe

• Uma equipe de saúde trabalha bem, quando integra os papéis de seus membros.
• A integração é sempre muito proveitosa e não pode ser confundida com a
sujeição de um membro da equipe por outro.

O TRABALHO EM EQUIPE
Não dispensa uma hierarquia

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• Lembro aqui, a necessidade de diálogo e de respeito entre as pessoas que
trabalham juntas.
• É dever de todos nós trabalhadores, contribuir para que nosso ambiente de
trabalho seja agradável e acolhedor.

PARA ISSO...
• É preciso que nos olhemos mais e nos escutemos mais.
• A parceria é importante para entender melhor o trabalho que vamos realizar e
para reafirmar uma cumplicidade solidária, diante de situações de tensão, de
tristezas e de alegrias, experimentadas no dia a dia de nosso trabalho.
• Principalmente porque o que nos une é estar lidando tão de perto com o
sofrimento humano.

Estresse
Conjunto de reações do organismo a agressões de ordem física, psíquica,
infecciosa e outras, capazes de perturbar-lhe o equilíbrio (homeostase).
Quando uma agressão passa a exercer uma pressão constante sobre o sistema
nervoso central, é o inicio do estresse, um mecanismo de defesa do corpo. O sistema
nervoso autônomo (SNA) libera a descarga de hormônios no sangue-sobretudo de
noradrenalina, um excitante-que aciona o estado de alerta no organismo e altera o seu
equilíbrio interno. O resultado é alguém mais vigilante, mas com menor concentração
para o trabalho intelectual.
Persistindo a situação, o organismo se sobrecarrega tentando adequar-se a esse
agente agressor. É a fase de resistência ao estresse, resultado do prolongamento desse
estado de alerta, nunca desativado. Aumentam ainda as descargas de adrenalina (um dos
hormônios ligado ao medo, à raiva e à ansiedade) pelo sistema nervoso simpático e de
cortisol (produzido pelas supra-renais, sob comando da hipófise) na corrente sanguínea.

O organismo entra em exaustão, com os circuitos neuro-químicos que controlam


todo o metabolismo já desgastado pelo estresse. O excesso - nunca compensado - das
substâncias que deveriam regular as defesas do corpo passa a agredir a saúde.
Aumentam os riscos de infarto, derrame cerebral, infecções, osteoporose, úlceras. A
saúde mental também é abalada.

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Entre o Estresse e a Tensão Criadora
Pessoas pequenas passam a vida inteira preocupadas com problemas pequenos.
Pessoas grandes ocupam-se de grandes problemas.

Sociedade com grandes transformações = Era da Incerteza  não é pequeno o


número de pessoas que convivem com o perigo do estresse.
Quando uma crise traz estresse, não se trata de castigo.
A crise transforma áreas inerciais da vida em áreas de incerteza  redefinição
mais sábia e um novo equilíbrio harmônico.
As transformações econômicas e culturais e a ameaça de recessão e desemprego
 destroem a rotina tranquila, mas produz:
Um despertar mais amplo das consciências e provoca:
A construção de uma nova realidade, mais justa e mais harmônica que a anterior.

Nos ambientes de trabalho onde a mudança é mais a regra do que a exceção é


necessário:
- novas estruturas organizacionais;
- novos modelos de liderança;
- novas atitudes e estratégias pessoais.

Os trabalhadores eram valiosos na medida em que produziam bens e serviços.


Hoje, sua eficiência profissional é medida em grande parte por sua capacidade
de adaptar-se às mudanças.

Locais de trabalho = locais de treinamento.


Capacitação e trabalho não estão mais separados no tempo e espaço:
- aperfeiçoamento contínuo;
- aprendizado em equipe;
- aprendizado organizacional.

A releitura do trabalho e da vida como experiências de aprendizado = driblar o


perigo do estresse.

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Em síntese:
A contradição fundamental que leva ou não ao estresse se dá na luta entre 2
atitudes:
Controlar a vida, ou
Aprender com ela.
As empresas modernas estão descobrindo que não há uma linha divisória que
separe a vida pessoal da vida profissional dos seus funcionários.

Avaliando a Tranquilidade
O estresse ocorre quando os circuitos energéticos da nossa vida ficam
desarmônicos, no plano físico, emocional ou mental. A tensão criadora, em
compensação, ocorre quando estamos bem motivados, nossa consciência está tranqüila e
o saldo energético é positivo. A seguir, algumas perguntas que nos ajudam a identificar
se nossa vida atual está suficientemente serena. Se você der respostas positivas a uma
ampla maioria das perguntas, há uma boa cota de paz interior em sua vida. Caso
contrário examine como poderá eliminar ou neutralizar alguns focos de tensão inútil.

1. Na relação com as outras pessoas, você tem facilidade para dizer o que
deseja?
2. Tem tranquilidade para dizer não quando isto é necessário?
3. Está razoavelmente satisfeito com sua situação financeira?
4. Consegue olhar com bom humor as dificuldades da vida?
5. Sua vida é interessante? É estimulante?
6. Você tem uma dose razoável de otimismo?
7. Você gosta do seu corpo?
8. Gosta das pessoas mais próximas a você, no trabalho e em casa? Tem prazer
em cultivar essas relações?
9. Você faz uma quantidade razoável de exercícios? Pratica esporte?
10. Tem uma dieta equilibrada?
11. Você brinca com crianças? Convive com os animais e a natureza?
12. Tem prazer em ajudar os outros em pequenas coisas? Dá a si mesmo tempo
necessário para ser gentil com as pessoas?

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13. Avaliando sua vida, você pode dizer honestamente que está em paz com sua
consciência?
14. Sente que as experiências no trabalho e no convívio com as pessoas são
fontes de aprendizado constante? Sua relação com a vida é a de um pesquisador ou
aprendiz?
15. Tem como uma das suas metas pessoais, aumentar gradualmente a qualidade
da sua vida, tanto física como emocional e mentalmente?

Estratégia Para Ter Uma Vida de Aprendizado e Livre de Tensões Incontroláveis -


De Susan Campbel
1 Sentir-se um participante – não um Budistas e taoístas dizem que
controlador nem uma vítima – do processo de todas as coisas são impermanentes.
mudança.
2 Devem-se olhar as coisas não como A tradição esotérica chama isto
gostaríamos que fossem, mas como são na de discernimento.
realidade.
3 Devem-se desenvolver a capacidade O carma ioga ensina a fazer as
de expressar nosso eu essencial e nossas coisas com a alma. A literatura
melhores qualidades no trabalho realizado. teosófica ensina que o eu superior deve
estar presente em todas as nossas ações
diárias.
4 Comunicar-se francamente com as O Aitareya Upanishad hindu
outras pessoas, partilhando informações e diz: “Que a minha palavra esteja em
sentimentos de forma que conduzam ao unidade com a minha mente, e que a
aprendizado e à confiança mútuos. minha mente esteja em unidade com a
minha palavra”.
5 Capacidade tanto de defender seu A tradição esotérica ensina a
ponto de vista quanto de manter-se aberto ao usar a mente abstrata que nos permite
ponto de vista do outro. ver o mundo impessoalmente e buscar a
verdade como ela é e não de acordo
com os nossos interesses.
6 Capacidades de aprender com outras A ordem religiosa ensina a

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pessoas e sentir-se vinculado a um esforço fraternidade e aprendizagem recíproca
em equipe. nas relações familiares, no amor, no
trabalho e na busca da verdade eterna.

A diferença básica entre a tensão criadora (+) e o estresse que destrói (-) é a
intenção do sujeito.
Quando o indivíduo formulou o desafio ou pelo menos aceitou a enfrentá-lo = a
tensão é criativa.
Quando a pessoa não formulou o desafio, não aceitou a luta, nem sabe como
enfrentar os obstáculos = estresse.

A regra de ouro continua sendo fazer aos outro o que se espera que façam
conosco.

Os Seis Medos Básicos de Napoleon Hill


São grandes fontes de estresse para o ser humano em seu estágio atual de
desenvolvimento
1. Medo da pobreza - da miséria, do desemprego.
2. Medo da velhice - de ficar fraco, de depender dos outros.
3. Medo da crítica – de ser ridicularizado, rejeitado, rotulado como uma pessoa
sem valor.
4. Medo de perder o amor de alguém – de perder o alimento emocional que é
indispensável à vida.
5. Medo da doença – da dor, do sofrimento físico e do caminho que leva à morte.
6. Medo da morte – medo de desaparecer, de deixar de existir, de não possuir
mais nada; medo de perceber que o eu pessoal, em última instância não existe.

Como superá-los?

22
1. Querer ardentemente vencer os obstáculos e ser o responsável pelo seu
próprio destino.
2. Materializar esta vontade em um propósito definido.
3. Ação constante e adequada para atingir o objetivo.

O desapego é uma das peças-chave do caminho da libertação = capacidade de


confiar na mudança, de deixar que as coisas fluam  permite relaxar completamente.

Como diz a velha frase: o universo conspira a nosso favor.

Equilibrando Tensão e Relaxamento


Agora, um exercício prático de escuta da sua consciência interior, com o
objetivo de melhorar a qualidade do equilíbrio entre tensão e relaxamento em áreas de
importantes de sua vida. Um diálogo com seu princípio imortal, que para alguns pode
ser Deus, para outros eu superior, alma ou espírito, mas é sua consciência mais elevada.
Sente-se sozinho com papel e caneta em lugar calmo e silencioso, feche os
olhos, respire profundamente. Afaste mentalmente toda preocupação com coisas de
curto prazo. Depois responda, sem pressa alguma, às questões seguintes, expressando
um diálogo entre a sua consciência terrestre, material, e sua consciência celeste, ideal.
Se, ao ser escrito, o texto assumir a forma de um diálogo entre seu eu superior e seu eu
‘pequeno’, está ótimo. O eu superior não precisa falar sozinho.
1. Em que área ou situação da minha vida há um excesso de tensão ou
preocupação?
2. O que posso fazer para eliminar ou neutralizar esse foco de tensão e
transformá-lo num foco de luz e de energia criativa?
3. Em que área da minha vida há um excesso de inércia e estou acomodado,
imobilizado ou apegado à rotina?
4. O que posso fazer de concreto para eliminar este foco de inércia e transformá-
lo num foco de luz e energia criadora?
Este exercício deve ser feito enfocando a cada vez uma só área de tensão e uma
só área de inércia. Se houver uma segunda área, trabalhe com ela outro dia para evitar
dispersão. Em relação às soluções e alternativas, não descarte as que você considera
impossíveis. Todo progresso pessoal consiste exatamente em fazer o que, até agora, era
impossível. Levantada às soluções, decida, planeje, ponha datas e prazos.

23
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UNIDADE 3

ÉTICA E HUMANIZAÇÃO

HUMANIZAR

• Significa "[...] tornar humano, agradável, civilizar".

• A humanização do atendimento tem como base o respeito pelo ser humano,


observando cada pessoa em sua individualidade e necessidades específicas.

Quando escolhemos trabalhar na área da saúde, escolhemos nos aproximar de outros


seres humanos, em todos os sentidos.

Uma prestação de serviços em saúde comprometida com a humanização transcende


questões relacionadas apenas à expressão de sorrisos, alegria e “aceitação
incondicional do paciente”.

A razão e o sentido de uma intervenção humanizada trarão em seu cerne uma nova
visão de instituição de cuidados.

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EM SAÚDE

Sua definição será a de um espaço de convivência que acolhe, cuida e possibilita a


utilização de diversos recursos, enfatizando um projeto de invenção social e não se
focalizando na doença

ENTÃO...

• Podemos afirmar que o conceito de humanização é articulado às políticas de


saúde, ao modo pelo qual se concebe qualidade de vida, saúde e cidadania.

• É a partir dessa articulação que se pode pensar a construção de uma prática


humanizada.

• Os profissionais de enfermagem devem possuir uma visão mais holística do ser


humano, o que permite ao profissional reconhecer suas próprias
responsabilidades e deveres para com o outro, orientando de forma ética seus
comportamentos.

• Porque o acolhimento é um elemento essencial do atendimento, para que se


possa incidir efetivamente sobre o estado de saúde do indivíduo e da
coletividade.

24
O acolhimento
• Consiste na humanização das relações entre trabalhadores e serviço de saúde
com seus usuários, entendida como essencial ao processo de co-produção da
Saúde, sob os princípios orientadores do SUS (universalidade, integralidade e
equidade).

• É importante salientar que, quando falamos em melhoria da assistência à saúde,


não estamos falando somente em competência técnica, mas em assistência
humanizada onde esteja presente a concepção do homem como um ser
biopsicosocial, inserido num contexto histórico e social e que tem vontade e
opinião própria, e acima de tudo que merece ser tratado como ser humano e
como cidadão com um atendimento de qualidade, integral e humanizado.

A Constituição Federal (Brasil, 1988) estabeleceu como competência do SUS:

• “Ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”.

• Basta um olhar superficial sobre a realidade para constatar o oposto:


• Os baixos salários,
• a inexistência de planos de carreira, etc...

Nosso trabalho está a todo o tempo submetido às tensões causadas entre o que o usuário
espera, e o que os serviços de saúde são capazes de oferecer

• Os usuários diversas vezes demonstram não estar contentes com os serviços de


saúde.

• E nós?
• Estamos satisfeitos com o que oferecemos?

Trabalhamos em instituições onde faltam equipamentos e materiais considerados


básicos para o desenvolvimento de nossas atividades.

Somos obrigados a realizar nosso trabalho de uma maneira diferente da que


desejaríamos.

São comuns nas instituições normas e regras rígidas, que de tão impositivas
bloqueiam qualquer iniciativa mais criativa do profissional.

Esses fatores oprimem os trabalhadores, ocasionando certa insensibilidade em


relação as nossas ações.

25
• Portanto, todas as ações de saúde devem, obrigatoriamente, ser ações
inquestionáveis do ponto de vista ético.

O trabalho em saúde se realiza por meio:

• Do ouvir
• Do olhar
• Do tocar.

A forma como relacionamos com o nosso cliente, certamente influencia no resultado


da ação de saúde.

Nosso trabalho se realiza essencialmente acolhendo.

• Uma boa relação dos profissionais de saúde com a clientela requer a existência
de uma troca de saberes.
• Uma relação de reciprocidade permite que renunciemos à onipotência,
sentimento tão freqüente e tão comum entre os profissionais de saúde.

Nossa arrogância e nosso autoritarismo com pessoas que atendemos resultam do


fato de que nós, que trabalhamos em saúde, lidamos com os medos das pessoas – de
adoecer, de morrer-e, freqüentemente, acabamos por desempenhar um papel de
poder por meio das instituições de saúde.

PRECONCEITOS

• Nós, profissionais de saúde, convivemos com pessoas que têm valores morais
diferentes dos nossos; no entanto, isso não pode nem deve definir nossa forma
de atendimento às pessoas.
• Estamos nos serviços de saúde com o propósito de realizar ações de saúde em
benefício de quem nos procura e, portanto não nos cabe julgar seus atos.

• De acordo com os princípios éticos da profissão, sabemos que não nos é


permitido criticar atitudes ou gestos de quem chega até nós.

• Exemplos:
• 1- Reprovar mulher que esteja procurando assistência com conseqüências de
aborto provocado.
• 2- Reprovar adolescente grávida.
• 3- Retardar o atendimento a um assassino que acabou de ser baleado; rejeitar
doente de AIDS, etc.

E ACONTECE MAIS...

26
• Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da saúde, a
dignidade da pessoa humana, com freqüência, parece ser relegada a um segundo
plano.
• A doença, muitas vezes, passou a ser desarticulada do ser que a abriga e no qual
ela se desenvolve.
• Também, os profissionais da área da saúde parecem gradativamente
desumanizar-se, favorecendo a desumanização de sua prática.

• A ética, por enfatizar os valores, os deveres e direitos, constitui-se numa


dimensão fundamental para a humanização nos serviços de saúde.

• A humanização, então, requer uma prática profissional, voltada para um


tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos profissionais da
saúde ao seu principal objeto de trabalho - o doente.

• Nessa perspectiva, diversos profissionais, diante dos dilemas éticos decorrentes,


demonstram estar cada vez mais à procura de respostas que lhes assegurem a
dimensão humana das relações profissionais, principalmente as associadas à
autonomia, à justiça e à necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana.

A HUMANIZAÇÃO DO/NO TRABALHO COMO EXPRESSÃO


DE MORAL E ÉTICA

• Perceber o outro requer uma atitude profundamente humana.


• Reconhecer e promover a humanização, à luz de considerações éticas, demanda
um esforço para rever, principalmente, atitudes e comportamentos dos
profissionais envolvidos direta ou indiretamente no cuidado do paciente, o que
também está enraizado no Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
• Quanto aos valores da profissão de enfermagem, o CEPE, no artigo terceiro,
norteia a prática profissional para o respeito à vida, à dignidade e aos direitos da
pessoa humana, sem qualquer discriminação.

• A humanização encontra respaldo, também, na atual Constituição Federal, no


artigo primeiro, Inciso III, que assinala "a dignidade da pessoa humana" como
um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito.

Os direitos dos seres humanos:

• Nascem com os homens e, naturalmente, quando se fala de direitos da pessoa


humana, pensa-se em:
• sua integridade,
• dignidade,
• liberdade e
• saúde.

27
A implementação de um cuidado humanizado necessita fundamentar-se na ética.
É importante assinalar que a ética não se preocupa apenas com as coisas como são,
mas como as coisas podem ser e, especialmente, como devem ser.

Como falar em humanização do cuidado, se os próprios trabalhadores são tratados,


freqüentemente, de forma desumana?

A HUMANIZAÇÃO DO TRABALHADOR PARA A HUMANIZAÇÃO DO


CUIDADO

Para que os trabalhadores de saúde possam exercer a profissão com honra e


dignidade, respeitar o outro e sua condição humana, necessitam manter sua condição
humana também respeitada:

• trabalhar em adequadas condições,


• receber uma remuneração justa e
• o reconhecimento de suas atividades e iniciativas.

É preciso reconhecer, entretanto, que muitas instituições, com os crescentes cortes


de verbas públicas, enfrentam dificuldades para manter-se:

• quadro profissional limitado,


• deficiência de recursos materiais,
• condições insalubres de trabalho e
• novas e contínuas demandas tecnológicas,
aumentando a insegurança e favorecendo a insatisfação no trabalho.

O clima desfavorável de trabalho tem contribuído para:


• relações de desrespeito entre os próprios profissionais,
• assistência fragmentada e desumanizada.

Sendo assim, torna-se premente que a filosofia institucional assim como as políticas
públicas de humanização estejam, igualmente, voltadas para a vida e a dignidade
dos trabalhadores de saúde, quando o que se pretende realmente seja a humanização
do cuidado nas instituições de saúde.

Humanização como espaço ético, requer:


• Relações profissionais saudáveis, de respeito, de investimento na formação
humana dos trabalhadores que integram as instituições, além do reconhecimento
dos limites profissionais.

Nesse processo,
• O profissional, possivelmente, terá condições de compreender sua condição
humana e sua condição de cuidador de outros seres humanos, respeitando sua

28
condição de sujeito, sua individualidade, privacidade, história, sentimentos,
direito de decidir quanto ao que deseja para si, para sua saúde e seu corpo.

A ética

• Pode contribuir significativamente para a humanização do ambiente hospitalar,


para práticas que respeitem a condição de sujeito dos seres humanos, sejam
cuidadores, sejam seres sob cuidado profissional, sua dignidade, valores,
direitos, deveres.

• Quando se define a humanização hospitalar como expressão da ética, a filosofia


da instituição necessita convergir para a construção de estratégias que
contribuam para a humanização do/no trabalho, mediante o estímulo, à
participação e à comunicação efetiva, com qualidade em todas as suas
dimensões:
• Na relação da administração com os trabalhadores,
• dos trabalhadores entre si e
• desses com os pacientes.

PORTANTO, É FUNDAMENTAL.

• Valorizar a humanidade no trabalhador, favorecendo o desenvolvimento de sua


sensibilidade e competência, com mudanças nas práticas profissionais, de modo
a reconhecer a singularidade dos pacientes, encontrando, junto a eles, estratégias
que facilitem a compreensão e o enfrentamento do momento vivido.

PROGRAMA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA


HOSPITALAR

Em maio de 2000, o Ministério de Saúde regulamenta o Programa Nacional de


Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) e a humanização é também
incluída na pauta da 11a Conferência Nacional de Saúde, realizada em dezembro do
mesmo ano.
O PNHAH constitui uma política ministerial bastante singular se comparada a
outras do setor, pois se destina promover uma nova cultura de atendimento à saúde
(MS, 2000) no Brasil.

Objetivos do PNHAH

• Aprimorar as relações entre profissionais,


• Entre usuários/profissionais (campo das interações face-a-face) e
• Entre hospital e comunidade (campo das interações sócio-comunitárias),

29
• visando à melhoria da qualidade e à eficácia dos serviços prestados por estas
instituições (MS, 2000).

Atualmente,
• O Ministério da Saúde está fazendo modificações no Programa de
Humanização.
O Programa passa a ser Política de Humanização que perpassa por todos os
serviços ofertados pelo SUS: HUMANIZASUS.

• O HOSPITAL DAS CLÍNICAS/UFMG foi o primeiro hospital universitário de


Minas Gerais a fazer parte do Programa Nacional de Humanização da
Assistência do Ministério da Saúde.

POR QUE HUMANIZAR?

• A partir de pesquisas realizadas pelo Ministério da Saúde com os usuários e


os trabalhadores percebeu-se que o grande avanço tecnológico dos últimos
anos, colocando-se a serviço dos profissionais recursos preciosos na luta em
busca da saúde, vem tomando lugar na relação entre o profissional e o
usuário.

• Na perspectiva de que é na relação com o outro que o homem se humaniza,


entendemos a necessidade de buscar sempre o desenvolvimento de tecnologias,
sem nos esquecermos de que é no campo das relações humanas que se dão as
ações de saúde, sejam elas em qualquer grau de complexidade.

Diante disto,
• Questões como:

• o direito dos usuários,


• condições mais adequadas de trabalho,
• construção coletiva das ações de humanização na instituição,
• desenvolvimento de  formas de controle social,
passam a ser entendidas como parte do processo de construção da saúde.

SENDO ASSIM
• É preciso reafirmar que a humanização dos serviços de saúde se faz através de
pessoas.

• Faz-se através de nós.

• Não é possível falar em ética pessoal/profissional, sem falar em humanização.

Não existe humanização sem emoção.

30
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UNIDADE 4

ÉTICA NA ENFERMAGEM

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO ENSINO PROFISSIONALIZANTE NA


ENFERMAGEM

Diariamente, todos constroem de maneira individual e coletiva, a história do grupo


social a que pertencem.
Em nosso meio, contribuímos ativamente para as transformações e para a
consolidação dos aspectos sociais, culturais e psicológicos.
Para compreender melhor os caminhos que, na sociedade brasileira, levaram à
construção da enfermagem enquanto categoria profissional ,vamos relembrar o
curso dos acontecimentos históricos.
Esse percurso pela história nos permitirá situar algumas mudanças importantes que
ocorreram ao longo do tempo, relacionadas à atividade de cuidar de pessoas com
algum tipo de enfermidade, seja em instituições hospitalares seja no domicílio das
mesmas.

O “cuidar de pessoas enfermas” tem sido a essência da profissão de


enfermagem.
Mas as formas como esse cuidado foi exercido através dos séculos tem estreita
relação com a história da civilização.

. Antes do século XVIII, o hospital era uma instituição de assistência aos pobres e
aos feridos em guerras.
. A partir do Renascimento – hospital como um espaço para cuidar, tratar e curar os
doentes.
. As mudanças resultantes da organização do trabalho de enfermagem têm um
importante papel na maneira como se estabeleceu e organizou o hospital como
conhecemos hoje.

Enfermagem como um cuidado não profissional

Enfermagem ato de cuidar


Etimologia da palavra: to nurse (inglês) amamentar, alimentar, acalmar,
reconfortar.
Cuidado realizado pelo sexo feminino
Cuidado realizado por escravos

Enfermagem como um cuidado não profissional

Primeiro hospital na França em 542 DC

31
Ordens religiosas mantinham hospitais-São Vicente de Paula
Reforma Protestante século XVII
Instituto de Diaconisas de Kaiserwerth na Alemanha

Profissionalização da Enfermagem

Florence Nightingale (12 de maio de 1820) – A grande figura da enfermagem


mundial.

Visitas a hospitais e a Kaiserwerth em 1847-1849


‘Instituição para cuidar de senhoras respeitáveis em circunstâncias
desafortunadas’ em 1853
‘Estabelecimento de enfermagem feminina do Hospital geral Inglês’ Criméia-
Turquia em 1854.

Esta é a versão correta da lâmpada de Florence Nightingale Segundo Richard


Gordon (em "A Assustadora História da Medicina"). Trata-se de uma lâmpada
usada pelo exército turco.

Profissionalização da Enfermagem

Escola de enfermagem no Hospital Saint Thomas em Londres- 1860


– dirigida exclusivamente por enfermeiras
– ensino teórico e prático
– candidatas selecionadas pelo físico, moral, intelectual, aptidão
profissional.

32
FLORENCE

Faleceu em 13 de agosto de 1910; deixando legado de persistência, capacidade,


compaixão.
Estabeleceu as diretrizes e caminho para enfermagem moderna.

Estabelecimento da enfermagem profissional no Brasil

Primeiro hospital no Brasil 1540 Olinda


Irmãs de caridade administravam os hospitais
Anna Nery- Guerra do Paraguai- 1864 a 1870
Escola de enfermagem Alfredo Pinto no Hospital dos Alienados do Rio de
Janeiro- atendentes psiquiátricos- 1890
1923 Escola de Enfermagem Anna Nery (hoje é a UFRJ)- Ethel Parsons e Clara
Kieninger - curso Normal, 3 anos de duração.
Decreto nº. 20109/31, regulamenta a prática da enfermagem no Brasil (sem nível
médio).
1936- primeiras Escolas de Auxiliares de Enfermagem (BH e RJ) havia apenas
1300 enfermeiras diplomadas.
Decreto-lei nº. 10472/42 regulamentou o ensino de enfermeiros-auxiliares em 18
meses
1946 decreto-lei nº. 83445 exames para práticos de enfermagem e parteiras
1949 - lei nº. 775 (decreto nº. 27.426/49) dispõem sobre o ensino de
enfermagem no Brasil (cria o curso de auxiliar de enfermagem) - curso em 18
meses (44 horas semanais), pessoal para auxiliar o enfermeiro nas atividades
curativas.
Primeira lei do exercício profissional em 1955 - lei nº. 2604/55, Profissionais:
enfermeiros, auxiliares de enfermagem, práticos de enfermagem
regulamentados.
1956-57: enfermeiros= 4831, auxiliares de enfermagem= 1982, atendentes 36
118.
Lei das Diretrizes e Bases para a educação- lei nº. 4024/61- Enfermagem é
curso superior
Final dos anos 60- Técnico de enfermagem- proposta da ABEn de
profissionalizar durante o 2º grau

1977 - Resolução nº. 7 do CFE exigia o 2º grau para ingressarem no curso


supletivo de auxiliar, Resolução nº. 8 revogou por caráter provisório, exigindo
apenas o 1º grau.
Lei 7498/86 do exercício profissional da enfermagem exclui o atendente do
quadro da enfermagem, teriam 10 anos para profissionalizar-se (curso regular,
supletivo, exame de suplência se tivesse 3 anos de trabalho).
Anos 90 - surgimento de muitos cursos técnicos de enfermagem.

Perspectivas Atuais

33
Lei de diretrizes e bases da educação lei nº. 9394/96, redefine a
profissionalização.
Grande número de atendentes de enfermagem ou de profissionais com outras
denominações no Brasil.

UM POUCO SOBRE A HISTÓRIA DA ENFERMAGEM NO BRASIL

A organização da Enfermagem na Sociedade Brasileira começa no período


colonial e vai até o final do século XIX.
A profissão surge como uma simples prestação de cuidados aos doentes,
realizada por um grupo formado, na sua maioria, por escravos, que nesta época
trabalhavam nos domicílios.
Desde o princípio da colonização foi incluída a abertura das Casas de
Misericórdia, que tiveram origem em Portugal.
A primeira Casa de Misericórdia foi fundada na Vila de Santos, em 1543.
Em seguida, ainda no século XVI, surgiram as do Rio de Janeiro, Vitória,
Olinda e Ilhéus. Mais tarde Porto Alegre e Curitiba, esta inaugurada em 1880,
com a presença de D. Pedro II e Dona Tereza Cristina.
No que diz respeito à saúde do povo brasileiro, merece destaque o trabalho do
Padre José de Anchieta.
Ele não se limitou ao ensino de ciências e catequeses. Foi além. Atendia aos
necessitados, exercendo atividades de médico e enfermeiro. Em seus escritos
encontramos estudos de valor sobre o Brasil, seus primitivos habitantes, clima e
as doenças mais comuns.
A terapêutica empregada era à base de ervas medicinais, minucioasamente
descritas.
Os escravos tiveram papel relevante, pois auxiliavam os religiosos no cuidado
aos doentes.
Em 1738, Romão de Matos Duarte consegue fundar no Rio de Janeiro a Casa
dos Expostos. Somente em 1822, o Brasil tomou as primeiras medidas de
proteção à maternidade que se conhecem na legislação mundial, graças a atuação
de José Bonifácio Andrada e Silva.
A primeira sala de partos funcionava na Casa dos Expostos em 1822. Em 1832
organizou-se o ensino médico e foi criada a Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro. A escola de parteiras da Faculdade de Medicina diplomou no ano
seguinte a célebre Madame Durocher, a primeira parteira formada no Brasil.
No começo do século XX, grande número de teses médicas foram apresentadas
sobre Higiene Infantil e Escolar, demonstrando os resultados obtidos e abrindo
horizontes e novas realizações. Esse progresso da medicina, entretanto, não teve
influência imediata sobre a Enfermagem.

Assim sendo, na enfermagem brasileira do tempo do Império, raros nomes de


destacaram e, entre eles, merece especial menção o de Anna Nery.

Anna Nery

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Aos 13 de dezembro de 1814, nasceu Anna Justina Ferreira, na Cidade de
Cachoeira, na Província da Bahia.
Casou-se com Isidoro Antonio Nery, e ficou viúva aos 30 anos.
Seus dois filhos, um médico militar e um oficial do exército, são convocados a
servir a Pátria durante a Guerra do Paraguai (1864-1870), sob a presidência de
Solano Lopes.
O mais jovem, aluno do 6º ano de Medicina, oferece seus serviços médicos em
prol dos brasileiros.
Anna Nery não resiste à separação da família e escreve ao Presidente da
Província, colocando-se à disposição de sua Pátria.
Em 15 de agosto parte para os campos de batalha, onde dois de seus irmãos
também lutavam. Improvisa hospitais e não mede esforços no atendimento aos
feridos.
Após cinco anos, retorna ao Brasil, é acolhida com carinho e louvor, recebe uma
coroa de louros e Victor Meireles pinta sua imagem, que é colocada no edifício
do Paço Municipal.
O governo imperial lhe concede uma pensão, além de medalhas humanitárias e
de campanha.
Faleceu no Rio de Janeiro a 20 de maio de 1880.

SIMBOLOGIA DA ENFERMAGEM

Resolução COFEN - 218

Aprova o Regulamento que disciplina sobre Juramento, Símbolo, Cores e Pedra utilizados na Enfermagem

O Conselho Federal de Enfermagem-COFEN, no uso de suas atribuições legais e estatutárias.


Considerando os estudos e subsídios contidos o PAD-COFEN Nº 50/98, sobre "padronização de Juramento, Pedra,
Cor e Símbolos a serem utilizados nas Solenidades de Formaturas ou representativas da Profissão", pelo Grupo de
Trabalho constituído através da Portaria COFEN-49/98;
Considerando as diversas condutas sobre o tema, que constantemente são efetuadas
Considerando inexistir legislação, normatizando a matéria
Considerando deliberação do Plenário em sua Reunião Ordinária de nº 273; realizada em 28.04.99.

Resolve:

Art. 1º - Aprovar o regulamento anexo que dispõe sobre o Juramento a ser proferido nas Solenidades de Formatura
dos Cursos de Enfermagem, bem como a pedra, a cor e o Brasão ou marca que representará a Enfermagem, em anéis e
outros acessórios que venham a ser utilizados em nome da Profissão.

Art 2º - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando disposições em contrário.

Rio de Janeiro, 09 de junho de 1999

Hortência Maria de Santana


Presidente do Cofen

Nelson da Silva Parreiras


1º Secretário

Regulamento aprovado pela Resolução-218/99

I - Simbologia aplicada à Enfermagem

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Os significados dados aos símbolos utilizados na Enfermagem, são os seguintes:

Lâmpada: caminho, ambiente


Cobra: magia, alquimia
Cobra + cruz: ciência
Seringa: técnica
Cor verde: paz, tranquilidade, cura, saúde

Pedra Símbolo da Enfermagem: Esmeralda


Cor que representa a Enfermagem: Verde Esmeralda
Símbolo: lâmpada, conforme modelo apresentado.
Brasão ou Marca de anéis ou acessórios:
Enfermeiro: lâmpada e cobra + cruz
Técnico e Auxiliar de Enfermagem: lâmpada e seringa

II – Juramento
"Solenemente, na pesença de Deus e desta Assenbléia, juro:
Dedicar minha vida profissional a serviço da humanidade, respeitando a dignidade e os direitos da pessoa humana,
exercendo a Enfermagem com consciência e fidelidade; guardar os segredos que me forem confiados; respeitar o ser
humano desde a concepção até depois da morte; não praticar atos que coloquem em risco a integridade física ou
psíquica do ser humano; atuar junto à equipe de saúde para o alacance da melhoria do nível de vida da população;
manter elevados os ideais de minha profissão, obedecendo os preceitos da ética, da legalidade e da moral, honrando
seu prestígio e suas tradições".
 

ESMERALDA

Seu nome deriva do grego "smaragdos", que significa pedra verde, mas
provavelmente a origem do nome seja persa ou hindu.
Com todas as nuances da folhagem tropical brasileira, as esmeraldas fascinavam
antigos aventureiros caçadores de tesouro...
Acreditava-se que as esmeraldas serviam para adivinhar eventos futuros, mas
não sabemos se as visões eram realmente observadas na pedra, como são em
esferas de cristal ou berilo, ou se uma esmeralda dotava o usuário de
conhecimentos sobre o futuro.
Como uma inimiga, de todos os encantamentos e conjurações, as esmeraldas
eram temidas pelos mágicos, que não se consideravam aptos a atuar se uma
pedra estivesse nas proximidades.

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As esmeraldas eram empregadas como antídoto para venenos e feridas, assim
como contra possessões demoníacas. Usadas ao redor do pescoço eram vistas
como um fator de cura para a epilepsia.
No século III, a pedra preciosa era sugerida para a vista cansada. Esta teoria era
tão prevalecente naquele tempo, que os gravadores de pedra conservavam
esmeraldas em suas mesas de trabalho de modo a poder, de tempos em tempos,
olhar para elas para aliviar a fadiga dos olhos.

A tradição medieval dizia que o Santo Graal fora esculpido a partir de uma única
esmeralda grande, que caíra da coroa de Satanás durante a sua descida do céu
para o mundo inferior...
Dizia-se que a Esmeralda fazia mal aos olhos das cobras, chegando até a cegá-
las.

A esmeralda era usada, na Grécia antiga, para revelar a fidelidade do(a)


amado(a) e foi dedicada à deusa Afrodite. Também foi utilizada para facilitar o
trabalho de parto das mulheres.
Era a pedra favorita de Cleópatra, que a usava como enfeite, amuleto e antídoto
em todas as suas conquistas, amorosas e políticas...
O imperador romano Nero, assistia às lutas dos gladiadores através de uma
esmeralda lisa e plana...

Analogias

Energia: receptiva. Planeta: Vênus. Signo: Câncer, Touro. Elemento: terra.


Chakra: cardíaco. Tarô: A Sacerdotisa.
A pedra era considerada uma inimiga de todos os encantamentos e feitiços. Na
Idade Média foi utilizada como antídoto para venenos e feridas. Significa
coragem e vitória. Para os espiritualistas, simboliza fé e esperança.
No norte da África e na América do Sul, a esmeralda é considerada uma aliada
contra doenças.
Rejuvenesce, ajuda a desenvolver um belo corpo e a revitalizar o físico após
doenças graves ou longos períodos de falta de exercício. Equilibra a cura.
Normaliza a pressão arterial.
Boa para infecções oculares, pois possui um efeito calmante sobre os olhos. Seu
uso constante favorece a aquisição de abundância e riqueza. Alinha o corpo
entérico, astral e emocional. Estabiliza a personalidade, aumenta o psiquismo e a
faculdade de clarividência.
Equilibra o coração, especialmente na relação com o pai. Melhora a meditação e
suaviza temores escondidos dentro de nós.
Objetivo: amor, espiritual, cura, proteção.

Decreto nº. 2.956/38, de 10 de agosto de 1938


Institui o "Dia do Enfermeiro"

O Presidente da República,

Decreta:

37
Art. único - Fica instituído o "Dia do Enfermeiro", que será celebrado a 12 de maio, devendo nesta data serem
prestadas homenagens especiais à memória de Ana Neri, em todos os hospitais e escolas de Enfermagem do País.

Rio de Janeiro, em 10 de agosto de 1938, 117º da Independência e 50º da República.

Getúlio Vargas

Decreto nº. 48.202, de 12 de maio de 1960


O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 87, item I, da Constituição decreta:

Art. 1º - Fica instituída a Semana da Enfermagem, a ser celebrada anualmente, de 12 a 20 de maio, datas nas quais
ocorreram, respectivamente, em 1820 e 1880, o nascimento de Florence Nightingale e o falecimento de Ana Neri.

Art. 2º - No transcurso da Semana deverá ser dada ampla divulgação às atividades da Enfermagem e posta em relevo a
necessidade de congraçamento da classe e suas diferentes categorias profissionais, bem como estudados os problemas de
cuja solução possa resultar melhor prestação de serviço ao público.

Art. 3º - Durante a Semana, deverão ser prestadas homenagens a memória de Ana Neri e a outros vultos consagrados da
enfermagem.

Brasília, em 12 de maio de 1960, 139º da Independência e 72º da República.

Juscelino Kubitschek
Clovis Salgado

LEGISLAÇÃO SOBRE O EXERCÍCIO DA ENFERMAGEM NO BRASIL

Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986.

Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências

O Presidente da República.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º - É livre o exercício da Enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições desta Lei.

Art. 2º - A Enfermagem e suas atividades Auxiliares somente podem ser exercidas por pessoas legalmente habilitadas
e inscritas no Conselho Regional de Enfermagem com jurisdição na área onde ocorre o exercício.
Parágrafo único - A Enfermagem é exercida privativamente pelo Enfermeiro, pelo Técnico de Enfermagem, pelo
Auxiliar de Enfermagem e pela Parteira, respeitados os respectivos graus de habilitação.

Art. 3º - O planejamento e a programação das instituições e serviços de saúde incluem planejamento e programação
de Enfermagem.

Art. 4º - A programação de Enfermagem inclui a prescrição da assistência de Enfermagem.

38
Art. 5º - (vetado)

§ 1º - (vetado)
§ 2º - (vetado)

Art. 6º - São Enfermeiros:

I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferidos nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica
ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as leis do país, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de
Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiverem título de Enfermeiro conforme o disposto na
alínea "d" do Art. 3º. do Decreto nº. 50.387, de 28 de março de 1961.

Art. 7º - São Técnicos de Enfermagem:

I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e


registrado pelo órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude
de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.

Art. 8º - São Auxiliares de Enfermagem:

I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e
registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº. 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o inciso III do Art. 2º. da Lei nº. 2.604, de 17 de setembro de
1955, expedido até a publicação da Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço
Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de
Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº. 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº.
8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº. 3.640, de 10 de outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº. 299, de 28 de fevereiro de
1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado
em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.

Art. 9º - São Parteiras:

I - a titular de certificado previsto no Art. 1º do Decreto-lei nº 8.778, de 22 de janeiro de 1964, observado o disposto
na Lei nº 3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - a titular do diploma ou certificado de Parteira, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo
as leis do país, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 2 (dois) anos após a
publicação desta Lei, como certificado de Parteira.

Art. 10º - (vetado)

Art. 11º - O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe:

I - privativamente:

a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia
de serviço e de unidade de Enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem;
d) - (vetado)
e) - (vetado)
f) - (vetado)
g) - (vetado)
h) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
i) consulta de Enfermagem;

39
j) prescrição da assistência de Enfermagem;
l) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
m) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos de base científica e
capacidade de tomar decisões imediatas;

II - como integrante da equipe de saúde:

a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;


b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de
saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemática de infecção hospitalar e de doenças transmissíveis em geral;
f) prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados à clientela durante a assistência de
Enfermagem;
g) assistência de Enfermagem à gestante, parturiente e puérpera;
h) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
i) execução do parto sem distócia;
j) educação visando à melhoria de saúde da população;

Parágrafo único - às profissionais referidas no inciso II do Art. 6º desta Lei incumbe, ainda:

a) assistência à parturiente e ao parto normal;


b) identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
c) realização de episiotomia e episiorrafia e aplicação de anestesia local, quando necessárias

Art. 12º - O Técnico de Enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação e acompanhamento do
trabalho de Enfermagem em grau auxiliar, e participação no planejamento da assistência de Enfermagem, cabendo-lhe
especialmente:

a) participar da programação da assistência de Enfermagem;


b) executar ações assistenciais de Enfermagem, exceto as privativas do Enfermeiro, observado o disposto no Parágrafo
único do Art. 11 desta Lei;
c) participar da orientação e supervisão do trabalho de Enfermagem em grau auxiliar;
d) participar da equipe de saúde.

Art. 13º - O Auxiliar de Enfermagem exerce atividades de nível médio, de natureza repetitiva, envolvendo serviços
auxiliares de Enfermagem sob supervisão, bem como a participação em nível de execução simples, em processos de
tratamento, cabendo-lhe especialmente:

a) observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas;


b) executar ações de tratamento simples;
c) prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente;
d) participar da equipe de saúde.

Art. 14º - (vetado)

Art. 15º - As atividades referidas nos arts. 12 e 13 desta Lei, quando exercidas em instituições de saúde, públicas e
privadas, e em programas de saúde, somente podem ser desempenhadas sob orientação e supervisão de Enfermeiro.

Art. 16º - (vetado)

Art. 17º - (vetado)

Art. 18º - (vetado)


Parágrafo único - (vetado)

Art. 19º - (vetado)

Art. 20º - Os órgãos de pessoal da administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito
Federal e dos Territórios observarão, no provimento de cargos e funções e na contratação de pessoal de Enfermagem,
de todos os graus, os preceitos desta Lei.
Parágrafo único - Os órgãos a que se refere este artigo promoverão as medidas necessárias à harmonização das

40
situações já existentes com as diposições desta Lei, respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimentos e salários.

Art. 21º - (vetado)

Art. 22º - (vetado)

Art. 23º - O pessoal que se encontra executando tarefas de Enfermagem, em virtude de carência de recursos humanos
de nível médio nesta área, sem possuir formação específica regulada em lei, será autorizado, pelo Conselho Federal de
Enfermagem, a exercer atividades elementares de Enfermagem, observado o disposto no Art. 15 desta Lei.
Parágrafo único - A autorização referida neste artigo, que obedecerá aos critérios baixados pelo Conselho Federal de
Enfermagem, somente poderá ser concedida durante o prazo de 10 (dez) anos, a contar da promulgação desta Lei.

Art. 24º - (vetado)


Parágrafo único - (vetado)

Art. 25º - O Poder Executivo regulamentará esta Lei no prazo de 120 (cento e vinte) dias a contar da data de sua
publicação.

Art. 26º - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 27º - Revogam-se (vetado) as demais disposições em contrário.

Brasília, em 25 de junho de 1986, 165º da Independência e 98º da República

José Sarney
Almir Pazzianotto Pinto

Lei nº. 7.498, de 25.06.86


publicada no DOU de 26.06.86
Seção I - fls. 9.273 a 9.275.
 

Decreto nº. 94.406, de 08 de junho de 1987


Regulamenta a Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras
providências.

O Presidente da República, usando das atribuições que lhe confere o Art. 81, item III, da Constituição, e tendo em
vista o disposto no Art. 25 da Lei nº. 7.498, de 25 de junho de 1986,

Decreta:

Art. 1º - O exercício da atividade de Enfermagem, observadas as disposições da Lei nº. 7.498, de 25 de junho de
1986, e respeitados os graus de habilitação, é privativo de Enfermeiro, Técnico de Enfermagem, Auxiliar de
Enfermagem e Parteiro e só será permitido ao profissional inscrito no Conselho Regional de Enfermagem da
respectiva região.

Art. 2º - As instituições e serviços de saúde incluirão a atividade de Enfermagem no seu planejamento e programação.

Art. 3º - A prescrição da assistência de Enfermagem é parte integrante do programa de Enfermagem.

Art. 4º - São Enfermeiros:

I - o titular do diploma de Enfermeiro conferido por instituição de ensino, nos termos da lei;
II - o titular do diploma ou certificado de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, conferidos nos termos da lei;
III - o titular do diploma ou certificado de Enfermeira e a titular do diploma ou certificado de Enfermeira Obstétrica

41
ou de Obstetriz, ou equivalente, conferido por escola estrangeira segundo as respectivas leis, registrado em virtude de
acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Enfermeiro, de Enfermeira Obstétrica ou de
Obstetriz;
IV - aqueles que, não abrangidos pelos incisos anteriores, obtiveram título de Enfermeira conforme o disposto na letra
"d" do Art. 3º. do Decreto-lei Decreto nº 50.387, de 28 de março de 1961.

Art. 5º - São Técnicos de Enfermagem:

I - o titular do diploma ou do certificado de Técnico de Enfermagem, expedido de acordo com a legislação e


registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma ou do certificado legalmente conferido por escola ou curso estrangeiro, registrado em virtude
de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como diploma de Técnico de Enfermagem.

Art. 6º - São Auxiliares de Enfermagem:

I - o titular do certificado de Auxiliar de Enfermagem conferido por instituição de ensino, nos termos da Lei e
registrado no órgão competente;
II - o titular do diploma a que se refere a Lei nº. 2.822, de 14 de junho de 1956;
III - o titular do diploma ou certificado a que se refere o item III do Art. 2º. da Lei nº. 2.604, de 17 de setembro
de1955, expedido até a publicação da Lei nº. 4.024, de 20 de dezembro de 1961;
IV - o titular de certificado de Enfermeiro Prático ou Prático de Enfermagem, expedido até 1964 pelo Serviço
Nacional de Fiscalização da Medicina e Farmácia, do Ministério da Saúde, ou por órgão congênere da Secretaria de
Saúde nas Unidades da Federação, nos termos do Decreto-lei nº. 23.774, de 22 de janeiro de 1934, do Decreto-lei nº.
8.778, de 22 de janeiro de 1946, e da Lei nº. 3.640, de 10 de outubro de 1959;
V - o pessoal enquadrado como Auxiliar de Enfermagem, nos termos do Decreto-lei nº. 299, de 28 de fevereiro de
1967;
VI - o titular do diploma ou certificado conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo as leis do país, registrado
em virtude de acordo de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil como certificado de Auxiliar de Enfermagem.

Art. 7º - São Parteiros:

I - o titular de certificado previsto no Art. 1º do nº. 8.778, de 22 de janeiro de 1946, observado o disposto na Lei nº.
3.640, de 10 de outubro de 1959;
II - o titular do diploma ou certificado de Parteiro, ou equivalente, conferido por escola ou curso estrangeiro, segundo
as respectivas leis, registrado em virtude de intercâmbio cultural ou revalidado no Brasil, até 26 de junho de1988,
como certificado de Parteiro.

Art. 8º - Ao Enfermeiro incumbe:

I - privativamente:

a) direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura básica da instituição de saúde, pública ou privada, e chefia
de serviço e de unidade de Enfermagem;
b) organização e direção dos serviços de Enfermagem e de suas atividades técnicas e auxiliares nas empresas
prestadoras desses serviços;
c) planejamento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços da assistência de Enfermagem;
d) consultoria, auditoria e emissão de parecer sobre matéria de Enfermagem;
e) consulta de Enfermagem;
f) prescrição da assistência de Enfermagem;
g) cuidados diretos de Enfermagem a pacientes graves com risco de vida;
h) cuidados de Enfermagem de maior complexidade técnica e que exijam conhecimentos científicos adequados e
capacidade de tomar decisões imediatas;

II - como integrante da equipe de saúde:

a) participação no planejamento, execução e avaliação da programação de saúde;


b) participação na elaboração, execução e avaliação dos planos assistenciais de saúde;
c) prescrição de medicamentos previamente estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela
instituição de saúde;
d) participação em projetos de construção ou reforma de unidades de internação;
e) prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar, inclusive como membro das respectivas comissões;
f) participação na elaboração de medidas de prevenção e controle sistemático de danos que possam ser causados aos
pacientes durante a assistência de Enfermagem;
g) participação na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral e nos programas de vigilância
epidemiológica;

42
h) prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente, puérpera e ao recém-nascido;
i) participação nos programas e nas atividades de assistência integral à saúde individual e de grupos específicos,
particularmente daqueles prioritários e de alto risco;
j) acompanhamento da evolução e do trabalho de parto;
l) execução e assistência obstétrica em situação de emergência e execução do parto sem distócia;
m) participação em programas e atividades de educação sanitária, visando à melhoria de saúde do indivíduo, da
família e da população em geral;
n) participação nos programas de treinamento e aprimoramento de pessoal de saúde, particularmente nos programas
de educação continuada;
o) participação nos programas de higiene e segurança do trabalho e de prevenção de acidentes e de doenças
profissionais e do trabalho;
p) participação na elaboração e na operacionalização do sistema de referência e contra-referência do paciente nos
diferentes níveis de atenção à saúde;
q) participação no desenvolvimento de tecnologia apropriada à assistência de saúde;
r) participação em bancas examinadoras, em matérias específicas de Enfermagem, nos concursos para provimento de
cargo ou contratação de Enfermeiro ou pessoal Técnico e Auxiliar de Enfermagem.

Art. 9º - Às profissionais titulares de diploma ou certificados de Obstetriz ou de Enfermeira Obstétrica, além das
atividades de que trata o artigo precedente, incumbe:

I - prestação de assistência à parturiente e ao parto normal;


II - identificação das distócias obstétricas e tomada de providências até a chegada do médico;
III - realização de episiotomia e episiorrafia com aplicação de anestesia local, quando necessária.

Art. 10º - O Técnico de Enfermagem exerce as atividades auxiliares, de nível médio técnico, atribuídas à equipe de
Enfermagem, cabendo-lhe:

I - assistir ao Enfermeiro:

a) no planejamento, programação, orientação e supervisão das atividades de assistência de Enfermagem;


b) na prestação de cuidados diretos de Enfermagem a pacientes em estado grave;
c) na prevenção e controle das doenças transmissíveis em geral em programas de vigilância epidemiológica;
d) na prevenção e controle sistemático da infecção hospitalar;
e) na prevenção e controle sistemático de danos físicos que possam ser causados a pacientes durante a assistência de
saúde;
f) na execução dos programas referidos nas letras "i" e "o" do item II do Art. 8º.

II - executar atividades de assistência de Enfermagem, excetuadas as privativas do Enfermeiro e as referidas no Art. 9º


deste Decreto:
III - integrar a equipe de saúde.

Art. 11º - O Auxiliar de Enfermagem executa as atividades auxiliares, de nível médio atribuídas à equipe de
Enfermagem, cabendo-lhe:

I - preparar o paciente para consultas, exames e tratamentos;


II - observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas, ao nível de sua qualificação;
III - executar tratamentos especificamente prescritos, ou de rotina, além de outras atividades de Enfermagem, tais
como:

a)ministrar medicamentos por via oral e parenteral;


b)realizar controle hídrico;
c)fazer curativos;
d) aplicar oxigenoterapia, nebulização, enteroclisma, enema e calor ou frio;
e) executar tarefas referentes à conservação e aplicação de vacinas;
f) efetuar o controle de pacientes e de comunicantes em doenças transmissíveis;
g) realizar testes e proceder à sua leitura, para subsídio de diagnóstico;
h) colher material para exames laboratoriais;
i) prestar cuidados de Enfermagem pré e pós-operatórios;
j) circular em sala de cirurgia e, se necessário, instrumentar;
l) executar atividades de desinfecção e esterilização;

IV - prestar cuidados de higiene e conforto ao paciente e zelar por sua segurança, inclusive:

a) alimentá-lo ou auxiliá-lo a alimentar-se;

43
b) zelar pela limpeza e ordem do material, de equipamentos e de dependência de unidades de saúde;

V - integrar a equipe de saúde;


VI - participar de atividades de educação em saúde, inclusive:

a) orientar os pacientes na pós-consulta, quanto ao cumprimento das prescrições de Enfermagem e médicas;


b) auxiliar o Enfermeiro e o Técnico de Enfermagem na execução dos programas de educação para a saúde;

VII - executar os trabalhos de rotina vinculados à alta de pacientes:


VIII - participar dos procedimentos pós-morte.

Art. 12º - Ao Parteiro incumbe:

I - prestar cuidados à gestante e à parturiente;


II - assistir ao parto normal, inclusive em domicílio; e
III - cuidar da puérpera e do recém-nascido.

Parágrafo único - As atividades de que trata este artigo são exercidas sob supervisão de Enfermeiro Obstetra, quando
realizadas em instituições de saúde, e, sempre que possível, sob controle e supervisão de unidade de saúde, quando
realizadas em domicílio ou onde se fizerem necessárias.

Art. 13º - As atividades relacionadas nos arts. 10 e 11 somente poderão ser exercidas sob supervisão, orientação e
direção de Enfermeiro.

Art. 14º - Incumbe a todo o pessoal de Enfermagem:

I - cumprir e fazer cumprir o Código de Deontologia da Enfermagem;


II - quando for o caso, anotar no prontuário do paciente as atividades da assistência de Enfermagem, para fins
estatísticos;

Art. 15º - Na administração pública direta e indireta, federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e dos Territórios
será exigida como condição essencial para provimento de cargos e funções e contratação de pessoal de Enfermagem,
de todos os graus, a prova de inscrição no Conselho Regional de Enfermagem da respectiva região.
Parágrafo único - Os órgãos e entidades compreendidos neste artigo promoverão, em articulação com o Conselho
Federal de Enfermagem, as medidas necessárias à adaptação das situações já existentes com as disposições deste
Decreto, respeitados os direitos adquiridos quanto a vencimentos e salários.

Art. 16º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 17º - Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 08 de junho de 1987; 166º da Independência e 99º da República

José Sarney
Eros Antonio de Almeida

DEC.Nº. 94.406, de 08.06.87


publicado no DOU de 09.06.87
seção I - fls. 8.853 a 8.855.

COMISSÃO DE ÉTICA E PROCESSO ÉTICO

RESOLUÇÃO COFEN - Nº172/1994

• O Conselho Federal de Enfermagem, no uso de sua competência estabelecida


nos arts. 2º e 8º, da Lei nº. 5.905/73, e arts. 10 e 16 da Resolução COFEN-52/79;

44
• Considerando a Resolução COFEN nº 160/93, que institui o Código de Ética dos
Profissionais de Enfermagem na jurisdição de todos os Conselhos Regionais de
Enfermagem;
• Considerando o que consta no PAD-170/87, que reúne documentos de sugestões
e solicitações acerca da criação de Comissão de Ética nas instituições de saúde;
• Considerando a deliberação do Plenário do COFEN em sua 230ª Reunião
Ordinária,

RESOLVE:

• Art. 1º - Autorizar a criação de Comissões de Ética de Enfermagem como


órgãos representativos dos Conselhos Regionais junto a instituições de saúde,
com funções educativas, consultivas e fiscalizadoras do exercício profissional e
ético dos profissionais de Enfermagem.
• Art. 2º - A Comissão de Ética de Enfermagem tem como finalidade:
a) Garantir a conduta ética dos profissionais de Enfermagem na instituição.
b) Zelar pelo exercício ético dos profissionais de Enfermagem na instituição,
combatendo o exercício ilegal da profissão, educando, discutindo e divulgando o
Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
• c) Notificar ao Conselho Regional de Enfermagem de sua jurisdição
irregularidades, reivindicações, sugestões, e, as infrações éticas.
• Art. 3º - Ao Conselho Regional de Enfermagem cabe:
• a) Propiciar condições para a criação de Comissões de Ética nas instituições,
inclusive suporte administrativo, através de normatização e divulgação da
matéria.
• b) Manter as Comissões de Ética atualizadas através de encaminhamentos e
divulgação das normas disciplinares e éticas do exercício profissional.
• c) Atender, orientar e assessorar as Comissões de Ética das instituições, quando
do encaminhamento das notificações de irregularidades.
• Art. 4º
• A Comissão de Ética de Enfermagem deverá ser composta por Enfermeiro,
Técnico e/ou Auxiliar de Enfermagem, com vínculo empregatício na instituição
e registro no Conselho Regional.

Parágrafo único

• Cabe aos Conselhos Regionais de Enfermagem definir sobre a constituição,


eleição, função e atribuições da Comissão de Ética, regulamentando através de
decisão, que deverá ser homologada pelo COFEN;
Art. 5º - Os casos omissos no presente ato resolucional serão resolvidos pelo
COFEN.
• Art. 6º - A presente Resolução entrará em vigor na data em que for publicada no
órgão de Imprensa Oficial da Autarquia.
• Rio de Janeiro, 15 de junho de 1994.

45
* DELIBERAÇÃO COREN-MG-35/00

Dispõe sobre a criação de Comissão de Ética de Enfermagem em todas as


instituições onde existirem atividades de enfermagem, no Estado de Minas
Gerais.

O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais, no uso de sua competência estabelecida


na Lei 5.905/73, art. 15, inciso II, Ve VIII,

CONSIDERANDO a Resolução COFEN 160/93, que aprova o Código de Ética dos


profissionais de Enfermagem.

CONSIDERANDO a Resolução COFEN 172/94, que normatiza a criação de Comissão de


Ética de Enfermagem nas Instituições de saúde.

CONSIDERANDO a Portaria COREN-MG 09/97 de 27/01/97, que cria a Comissão de Ética


do COREN-MG.

CONSIDERANDO as sugestões advindas de reuniões com enfermeiras Rt's e Presidentes de


Comissões de Ética de Enfermagem bem como Seminários de Ética e Bioética em 1997, 1998 e
1999, quando se discutiu, com toda a categoria de Enfermagem, a importância da constituição
de Comissões de Ética de Enfermagem nas instituições de saúde do Estado de Minas Gerais.

DECIDE:

Art. 1° - Determinar a Criação da Comissão de Ética de Enfermagem em todas as instituições


onde existirem atividades de Enfermagem, no Estado de Minas Gerais, como órgão
representativo do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais, nas questões éticas da
Profissão.

Art. 2° - A Comissão de Ética de Enfermagem tem funções educativas, consultivas,


fiscalizadoras e de assessoramento nas questões éticas do exercício profissional.

Art. 3° - A Comissão de Ética de Enfermagem deverá ser composta por enfermeiro, técnico
e/ou auxiliar de enfermagem em igual número, com vinculo empregatício na instituição e
registro no COREN-MG.
Parágrafo único: A Comissão de Ética de Enfermagem deverá ser formada por membros
efetivos e igual número de suplentes, cabendo a coordenação ao enfermeiro.

Art. 4° - A Comissão de Ética de Enfermagem deverá ser constituída através de eleição direta,
convocada pela Direção do órgão de Enfermagem da instituição.

§ 1° - Nas instituições onde não existirem órgãos de enfermagem, a convocação ficará sob a
responsabilidade da Comissão de Ética do Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais
§ 2° - Os membros da Comissão de Ética exercerão um mandato de 02 (dois) anos, podendo ser
reconduzidos por igual período.

Art. 5° - As demais disposições referentes à Estruturação e competência da Comissão de Ética


de Enfermagem, obedecerão ao documento de orientação para implantação de Comissões de
Ética de Enfermagem do Conselho Regional de Enfermagem do
Estado de Minas Gerais.

46
Art. 6° - Os casos omissos na presente decisão serão resolvidos pelo Conselho Regional de
Enfermagem de Minas Gerais.

Art. 7° - Esta decisão entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se a decisão
COREN-MG 15/95.

Belo Horizonte, 20 de março de 2000.

- O Conselho Federal de Enfermagem-COFEN, no uso de suas atribuições legais e regimentais;

CONSIDERANDO a Lei nº 5.905, Art. 8º incisos III e IV;

CONSIDERANDO Resolução COFEN-242, artigo 13, incisos III, IV e XLIX;

CONSIDERANDO o resultado de estudos originários de Seminário Nacional realizado com as


Assessorias Jurídicas do Sistema COFEN/CORENs;

CONSIDERANDO o que mais consta do Processo Administrativo COFEN Nº 83/93;

CONSIDERANDO deliberação do Plenário do COFEN em sua 294ª Reunião Ordinária;

RESOLVE:

Art. 1º- Aprovar o "CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO DAS AUTARQUIAS


PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM", a ser aplicado na jurisdição de todos os Conselhos de
Enfermagem.

Art. 2º- Os Profissionais de Enfermagem deverão conhecer o inteiro teor do presente Código,
bastando, para tudo, requerê-lo no Conselho Regional de Enfermagem onde exercem suas
atividades.

Art. 3º- O presente Código de Processo Ético que contém as normas processuais de julgamento
ético, inseridas em todo o anexo, entra em vigor na data em que esta Resolução for publicada na
Imprensa Oficial, revogando as disposições em contrário, em especial a Resolução COFEN Nº
181/95.

Rio de Janeiro, 02 de abril de 2001.

A Fiscalização do Exercício Ético Profissional de Enfermagem está voltada para o


controle da assistência prestada, com o objetivo de estar detectando falhas e buscando
sempre uma boa qualidade.

. Conduta frente às Infrações Éticas

• Através da fiscalização do exercício profissional de Enfermagem é possível


detectar infrações éticas cometidas pelos profissionais de qualquer categoria.

47
• Essas infrações compreendem qualquer deslize ético, ou seja, qualquer falha
cometida pelos profissionais de enfermagem que infrinja o Código de Ética da
profissão.

Periodicidade das Reuniões

• As pessoas encarregadas da análise dos problemas éticos se reúnem


periodicamente e essa periodicidade varia de acordo com cada instituição e
mediante necessidade:
• Bimestrais
• Mensais
• Quinzenais
• Semanais
• Durante a passagem de plantão, etc.

Problemas Éticos mais Comuns

• A maioria desses problemas concentra-se:


• na postura inadequada dos profissionais e
• nas questões referentes à medicação.

A postura inadequada dos profissionais compreende:

• Comentários feitos pelos profissionais, sobre casos de pacientes, a outros


profissionais ou a amigos;
• Mau relacionamento entre funcionários;
• Demora no atendimento aos pacientes;
• Mau atendimento aos pacientes (atendimento rápido, sem vontade).

Os problemas referentes à medicação compreendem:

• Administração de medicamentos errados;


• Administração de medicamentos a pacientes errados;
• Administração de medicamentos em horários errados;
• Não registro de medicação administrada, implicando em nova administração,
com super dosagem para o paciente.

Punições

• São aplicadas punições de acordo com cada infração ética; exemplos:


• Advertência verbal
• Advertência escrita
• Suspensão

48
• Demissão
• Estudo sobre o assunto

A Comissão de Ética:

• Deve realizar sindicância frente a qualquer denúncia de infração ética; nessa


sindicância são ouvidas as pessoas envolvidas e o caso é analisado.
• Constatados indícios de possível infração ética, a Comissão deve encaminhar o
relatório da sindicância ao COREN de sua jurisdição, o qual realiza nova
sindicância, ouvindo os envolvidos, analisando o caso e emitindo um parecer.
• Se realmente for constatada infração ética, o Conselho instaura o processo ético
que culminará com absolvição ou condenação do denunciado e aplicação de
penalidade.

ATENÇÃO!

Os profissionais relutam em se candidatar a cargos na Comissão de Ética de


Enfermagem por sentirem-se despreparados para lidar com questões éticas e, sobretudo,
pela falta de conhecimento acerca do Código de Ética da própria profissão.
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UNIDADE 5
BIOÉTICA E EXERCÍCIO PROFISSIONAL

Bioética

 É o estudo transdisciplinar entre biologia, medicina e filosofia (dessa,


especialmente as disciplina da ética, da moral e da metafísica), que investiga as
condições necessárias para uma administração responsável da vida humana (em
geral) e da pessoa (em particular).

 Considera, portanto, questões onde não existe consenso moral como a


fertilização in vitro, o aborto, a clonagem, a eutanásia e os transgênicos, bem
como a responsabilidade moral de cientistas em suas pesquisas e suas
aplicações.

A Bioética

 É considerada como sendo a Ética Aplicada às questões da saúde e da pesquisa


em seres humanos, ou seja, é ética da vida.
 A Bioética aborda estes novos problemas de forma original, secular,
interdisciplinar, contemporânea, global e sistemática.
 Desta forma, estimula novos patamares de discussão que podem possibilitar
soluções adequadas.
 É a ciência com consciência.

49
História

 Bioética é um neologismo construído a partir das palavras gregas bios (vida) +


ethos (relativo à ética).

 As diretrizes filosóficas dessa área começaram a consolidar-se após a tragédia


do holocausto da Segunda Guerra Mundial, quando o mundo ocidental, chocado
com as práticas abusivas de médicos nazistas em nome da Ciência, cria um
código para limitar os estudos relacionados.
 Formula-se aí também a idéia que a ciência não é mais importante que o homem.

 O progresso técnico deve ser controlado e acompanhar a consciência da


humanidade sobre os efeitos que eles podem ter no mundo e na sociedade para
que as novas descobertas e suas aplicações não fiquem sujeitas a todo tipo de
interesse.

O TERMO BIOÉTICA

 Foi mencionado pela primeira vez em 1970, em um artigo, do biológo e


oncologista americano Van R. Potter.
 Em 1971, ele lançou o livro “Bioética: Ponte para o Futuro",
 Pouco tempo depois, uma abordagem mais incisiva da disciplina foi feita pelo
obstetra holandês Hellegers.

Definições de bioética: Van Rensselaer Potter

 Primeiro texto a utilizar a palavra Bioética no livro "Bioethics: bridge to the


future” publicado em 1971:

Nós temos uma grande necessidade de uma ética da terra, uma ética para a vida
selvagem, uma ética de populações, uma ética do consumo, uma ética urbana, uma
ética internacional, uma ética geriátrica e assim por diante... Todas elas envolvem a
bioética, (...)

 Bioética é a combinação da biologia com conhecimentos humanísticos diversos


constituindo uma ciência que estabelece um sistema de prioridades médicas e
ambientais para a sobrevivência aceitável (V. R. Potter, 1988).

 Bioética como nova ciência ética que combina humildade, responsabilidade e


uma competência interdisciplinar, intercultural e que potencializa o senso de
humanidade (V. R. Potter 1998).

 A problemática bioética é numerosa e complexa, envolvendo fortes reflexos


imprimidos na opinião pública, sobretudo pelos meios de comunicação de
massa.

50
 Hoje a bioética, também, está voltada para o biodireito e para a legislação com a
finalidade de garantir mais humanismo nas ações e relações médico-científicas.

A bioética apresenta-se, ao mesmo tempo, como reflexão e ação

 Reflexão porque tem o diferencial de realmente parar para refletir sobre as


conseqüências psicossociais, econômicas, políticas e éticas advindas dos
avanços da ciência e

 Ação, porque, após a reflexão, é capaz de posicionar-se de forma a assegurar o


sucesso desse tipo de relação, impondo limites e ditando regras que estabeleçam
um novo contrato social entre povo, médicos, governos etc.

 Os últimos anos veem na bioética uma contribuição decisiva na construção de


uma vida mais digna para todos, na discussão de questões e problemas
concretos.

O Brasil:

Precisa trabalhar a sua própria visão de bioética, adaptando-a de acordo com a


realidade nacional, levando em conta à fome, o abandono, a exclusão social, o
racismo etc.
A bioética tem uma tríplice função:

 (1) descritiva- consistente em descrever e analisar os conflitos em pauta;

 (2) normativa - com relação a tais conflitos, no duplo sentido de prescrever os


comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever
aqueles considerados corretos; e

 (3) protetora - no sentido, bastante intuitivo, de amparar, na medida do possível,


todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando,
quando isso for necessário, os mais “fracos”.

O desafio é a construção de uma ética nova, baseada na solidariedade em que o


pensamento do "eu" passe a ser o pensamento do "nós"!

(...) a ética não deve se referir somente ao homem, mas deve estender o olhar para a
biosfera em seu conjunto, ou melhor, para cada intervenção científica do Homem
sobre a vida em geral. A bioética, portanto, deve se ocupar de uma ‘ética’ e a
‘biologia’, os valores éticos e os fatos biológicos para a sobrevivência do
ecossistema como um todo. Lino Rampazzo (2003, p. 72)

ENFOQUES DA BIOÉTICA

1. LIBERALISMO: tem nos direitos humanos a justificativa para o valor central da


autonomia do indivíduo sobre seu próprio corpo e as decisões relativas à sua vida.

51
2. VIRTUDES

 Virtude é a tradução do termo grego areté que significa “qualquer forma de


excelência”.
 Ênfase no caráter e na personalidade das pessoas ou dos profissionais.

VIRTUDES INDISPENSÁVEIS AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE:

 HONESTIDADE
 FIDELIDADE
 CORAGEM
 JUSTIÇA
 TEMPERANÇA
 MAGNIMIDADE
 PRUDÊNCIA
 SABEDORIA, etc.

3. CASUÍSTICA: incentiva a análise sistemática de casos a fim de reunir


características paradigmáticas que se prestarão para analogias em situações com
circunstâncias semelhantes.
4. NARRATIVO: entende a intimidade e a identidade experimentadas pelas pessoas
ao contarem ou seguirem histórias como um instrumental facilitador da análise ética.

5. O DO CUIDADO

 Que defende a importância das relações interpessoais e da solicitude.


 O ideal do cuidado consiste, portanto, em uma atividade de relacionamento, de
perceber e responder às necessidades uns dos outro, de tomar conta do mundo
buscando a manutenção e o aprimoramento da teia de conexão de modo que
ninguém seja deixado sozinho ou sofra danos.

6. PRINCIPIALISTA:

 Com ênfase nos princípios e nos atos.


 Baseado nos princípios da beneficência, não maleficência, autonomia e justiça.

Bioética:

Modelo dos Princípios:

 Não Maleficência
 Beneficência
 Justiça
 Autonomia

NÃO MALEFICÊNCIA:
 Obrigação de não causar danos aos outros.

52
BENEFICÊNCIA:
 Por beneficência entende-se “fazer o bem”, “cuidar da saúde”, “favorecer a
qualidade de vida”.
 Uma ação beneficente é toda aquela que pretende beneficiar as pessoas.

JUSTIÇA:
 Obriga a garantir a distribuição justa, eqüitativa e universal dos benefícios dos
serviços de saúde.
 Passa por questões como o exercício da cidadania e direito à saúde.

AUTONOMIA:
 Deriva da união dos termos gregos autós (¨próprio¨) e nómos (¨regra, autoridade,
lei, norma¨).
 Refere-se à capacidade do ser humano de se decidir pelo que é ¨bom¨, ou por
algo que é para seu ¨bem estar¨, de acordo com seus valores, expectativas,
necessidades, prioridades e crenças.

 A TOLERÂNCIA ATIVA, A CIVILIDADE, O RESPEITO E A BOA


VONTADE PARA INTERESSAR-SE PELA VISÃO DOS QUE OPERAM EM
DIFERENTES TRADIÇÕES ÉTICAS, TANTO SECULARES COMO
RELIGIOSAS, SÃO QUALIDADES IMPRESCINDÍVEIS A UMA BIOÉTICA
CONSISTENTE E SALUTAR.

 A Bioética:
 “Não pode perder de vista sua finalidade precípua,que é a promoção da saúde
humana, da sobrevivência da humanidade, da justiça social e da sabedoria que
instruirá a humanidade quanto a sua responsabilidade moral para com todos os
seres viventes, sendo, assim, uma ponte para o futuro.”

ÉTICA DA RESPONSABILIDADE

 O tema da responsabilidade deve estar na base da eticidade contemporânea, haja


visto o expressivo poder adquirido pelo homem para intervir e modificar a vida,
inclusive em escala planetária.

O TERMO RESPONSABILIDADE:
 Tem origem nas palavras latinas respondere e responsus, de responder ou ser
responsável.
 Aurélio define o termo como: qualidade ou condição de responsável, ou seja, de
responder pelos próprios atos ou de outrem.

 Falar em responsabilidade implica retroceder a um princípio bastante antigo, que


rege o plano da eticidade humana:

53
O princípio da responsabilidade em relação à vida, como um dilema que instiga e
intriga o “ethos” humano nos tempos atuais.

Elementos Éticos no Atendimento ao Paciente

 Confidencialidade
 Privacidade, Discrição, Respeito
 Não discriminação
 Solidariedade
 Avaliação de situações excepcionais - Dependência, Vulnerabilidade,
Emergências.
 Relação com familiares
 Acesso às tecnologias, aos medicamentos e aos técnicos essenciais
 Abordagens preventivas, educação para a saúde
 Organização do Sistema Único de Saúde

Elementos Técnicos no Atendimento


ao Paciente

 Capacitação Técnica do Profissional


 Execução adequada das Técnicas e das prescrições
 Avaliação correta e priorização de situações de Urgência e Emergência
 Trabalho em Equipe
 Sequência dos cuidados
 Encaminhamentos corretos (referência)

O respeito à técnica adequada configura um campo de proteção ética ao


profissional, mas a ética não está toda contida na técnica.

A RESPONSABILIDADE, PORTANTO,

 Significa responder pelos seus atos e/ou de outras pessoas envolvidas na


realização de um determinado ato.
 Se esse ato implicar em dano físico, moral ou patrimonial para alguém, haverá
responsabilidade legal (civil, penal,ético-profissional) dos envolvidos.

AS PESQUISAS BIOMÉDICAS

 Trouxeram avanços enormes que beneficiaram a humanidade.

 Muitos destes avanços utilizaram pesquisas usando sujeitos humanos e


experimentações.

Histórico:

54
 Código de Nuremberg 1947
 Declaração de Helsinque 1964, 1983, 1989, 1996, 2000.
 Relatório Belmont 1979
 CIOMS: Council for Internacional Organization of Medical Sciences 1982,
1993

Declaração de Helsinque

“É dever do médico, na pesquisa clínica, proteger a vida, saúde, privacidade e


dignidade do ser humano”.

No Brasil
 Os aspectos éticos envolvidos em atividades de pesquisa que envolvam seres
humanos estão regulados pelas Diretrizes e Normas de Pesquisa em Seres
Humanos, através da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde,
estabelecida em outubro de 1996.

 Resolução 196/96 Conselho Nacional de Saúde.


- Autonomia
- Não maleficência
- Beneficência
- Justiça

A RESOLUÇÃO CNS 196/96

 Define a abrangência da norma e orienta sobre aspectos éticos a serem


observados nos protocolos de pesquisa.

 Cria instâncias institucionais:


. Os CEPs – Comitê de Ética e Pesquisa e
. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa-Conesp, vinculada ao Conselho
Nacional de Saúde.

Órgãos responsáveis pela avaliação ética dos projetos de pesquisa:

 CONEP
 CEP

Fator principal para pendência ou desaprovação do projeto de pesquisa:


- Não acatamento da resolução 196/96

A avaliação ética de um projeto de pesquisa na área da saúde baseia-se:

 Na qualificação da equipe de pesquisadores e do próprio projeto;


 Na avaliação da relação risco-benefício;

55
 No consentimento informado e
 Na avaliação prévia por um Comitê de Ética.

A qualificação da equipe de pesquisadores


 Deve avaliar a competência dos seus membros para planejar, executar e divulgar
adequadamente um projeto de pesquisa.

 A adequação metodológica do projeto de pesquisa é fundamental.

Devem ser esgotadas todas as possibilidades de obter dados por outros meios,
utilizando simulações, animais, culturas de células, antes de utilizar seres humanos.

 Os pesquisadores devem dar garantias de que os dados serão utilizados apenas


para fins científicos, preservando a privacidade e a confidencialidade.

 A identificação e o uso de imagens somente poderão ser feitas com uma


autorização expressa do indivíduo pesquisado.

Na avaliação da relação risco- benefício

 Entra em jogo tanto o princípio da não-maleficência como o da beneficência.


 O dano irreparável ou a possibilidade de morte, decorrente do projeto, impedem
a realização do mesmo.

NO CONSENTIMENTO INFORMADO

 A obtenção de consentimento informado de todos os indivíduos pesquisados é


um dever moral do pesquisador.
 O consentimento informado é um meio de garantir a voluntariedade dos
participantes, isto é, é uma busca de preservar a autonomia de todos os sujeitos.

O processo de consentimento informado

 Deve fornecer informações completas, incluindo os riscos e desconfortos, os


benefícios e os procedimentos que serão executados.
 A sua redação deve ser adequada ao nível de compreensão dos indivíduos.
 É sempre registrado em um documento por escrito, denominado de Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, de acordo com a Resolução 196/96, que
deve ter sua redação aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa. 

 Deve ser constituído de forma multidisciplinar com participação de:


. Profissionais da área de saúde
. Das ciências exatas, sociais e humanas

56
. E pelo menos um membro da sociedade.
 Composição média: 11 membros.

ATRIBUIÇÕES DO COMITÊ

 Revisar todos os projetos de pesquisa envolvendo seres humanos


 Emitir parecer sobre os projetos
 Acompanhar o desenvolvimento dos projetos
 Desempenhar papel educativo e consultivo(fomentando a reflexão da ética na
ciência).

 AS INTITUIÇÕES organizam os comitês e solicitam o seu registro na Comissão


Nacional.
BIOÉTICA E REPRODUÇÃO HUMANA

Histórico

1799 - inseminações artificiais


1944 - tentativa de fertilização in vitro
1953 - congelamentos de espermatozóides humanos
1978 - nasce bebê fecundado in vitro
- nasce bebê oriundo de embrião congelado
1983 - nasce bebê de maternidade substitutiva
1993 - clonagens de embriões humanos a partir de outro embrião
2001 – suposta clonagem de embrião humano

RESOLUÇÃO CFM nº. 1.358/92

 Normas Éticas em Reprodução Humana:


 PRINCÍPIOS GERAIS
1 - As técnicas de Reprodução Assistida (RA) têm o papel de auxiliar na
resolução dos problemas de infertilidade humana, facilitando o processo de
procriação quando outras terapêuticas tenham sido ineficazes ou ineficientes
para a solução da situação atual de infertilidade.

 2. As técnicas de RA podem ser utilizadas desde que exista probabilidade efetiva


de sucesso e não se incorra em risco grave de saúde para a paciente ou o possível
descendente.

57
 3. O consentimento informado será obrigatório e extensivo aos pacientes
inférteis e doadores.
 Os aspectos médicos envolvendo todas as circunstâncias da aplicação de uma
técnica de RA serão detalhadamente expostos, assim como os resultados já
obtidos naquela unidade de tratamento com a técnica proposta.

 As informações devem também atingir dados de caráter biológico, jurídico, ético


e econômico.

 O documento de consentimento informado será em formulário especial, e estará


completo com a concordância, por escrito, da paciente ou do casal infértil.

 4 - As técnicas de RA não devem ser aplicadas com a intenção de selecionar o


sexo ou qualquer outra característica biológica do futuro filho, exceto quando se
trate de evitar doenças ligadas ao sexo do filho que venha a nascer.
 5 - É proibida a fecundação de oócitos humanos, com qualquer outra finalidade
que não seja a procriação humana.
 6 - O número ideal de oócitos e pré-embriões a serem transferidos para a
receptora não deve ser superior a quatro, com o intuito de não aumentar os riscos
já existentes de multiparidade.
 7 - Em caso de gravidez múltipla, decorrente do uso de técnicas de RA, é
proibida a utilização de procedimentos que visem a redução embrionária.

Início da Vida Humana

Celular: Fecundação
Cardíaco: Início dos batimentos cardíacos (3 a 4 semanas)
Encefálico: Atividade do tronco cerebral (8 semanas)
Neocortical: Inicio da atividade neocortical (12 semanas)
Respiratório: Movimentos respiratórios (20 semanas)
Neocortical: Ritmo sono-vigília (28 semanas)
"Moral" Comunicação (18 a 24 meses pós-parto)

Questões Éticas

• Status do embrião

58
• Congelamento
• Danos potenciais

• Multiplicidade de participantes
• Perda da privacidade/intimidade

• Disputas de linhagens
• Doador não identificado/ anônimo/não identificável
• Identificação dos participantes
• Maternidade substitutiva
• Vínculo comercial / Vínculo familiar
• Reprodução além da idade
reprodutiva

• Reprodução além da vida de


um dos pais
. Orfandade programada

• Filho apenas como meio

• Potencial eugênico
• Seleção de embriões por sexo
• Seleção por características imunológicas

• Repercussões psicológicas e sociais tardias

Conclusões de caráter ético:

 1- A gestação é um elemento fundamental reprodutivo e insubstituível no


processo;
 2- As ligações existentes entre mãe e filho são sui generis, sem par, não podendo
ser comparáveis nem com as que se estruturam entre pai e filho;
 3- A maternidade pode ser estabelecida por outros meios, como a adoção; porém
os vínculos afetivos serão essencialmente diferentes, embora se saiba que na
mulher ocorrem alterações orgânicas, além das emocionais, por conta de uma
adoção, e que o amor poderá ser tão grande quanto o existente entre mãe e filho
natural;

 4- As técnicas de fertilização assistida deverão, obrigatoriamente, atender a essa


realidade, não podendo jogar levianamente com o vínculo patrocinado pela
gestação.
 É mais fácil admitir-se, eticamente, a maternidade por adoção de gametas do que
pela alocação de ventres gestatórios;

 5- É válida qualquer tentativa, por meios cientificamente consagrados, de assistir


ao processo reprodutivo lançando mão de toda tecnologia disponível, para
proporcionar a uma mulher um filho desejado, especialmente naquelas situações
em que patologias impedem que esse fato se processe de modo natural e
espontâneo;

59
 6- Devem ser respeitados, acima de tudo, na reprodução assistida, os propósitos
criativos da mãe, e somente eles.
 Vale dizer: não se pode atribuir à gestação propósitos "de fora", isto é, de
pessoas ou entidades que não a própria mãe.
 Fica, assim, excluída a possibilidade de se patrocinarem gestações com
finalidades de aprimoramento genético; de geração de indivíduos com aptidões
específicas ao desenvolvimento de tarefas determinadas; de geração de órgãos
para transplantes e de pesquisas científicas, por mais nobres que sejam.

A reprodução assistida

Confirmou:

 A função sexual está, no ser humano, desvinculada da reprodução.


 A dimensão do impacto ético da anticoncepção não se restringe ao âmbito do
indivíduo, do casal ou da família.
 Estende-se ao universo das questões ecológicas, de preservação ambiental.
 É fundamental que a população do planeta Terra não exceda os limites
toleráveis.

Reproduzir ou Procriar
• é gerar novas pessoas a partir de nós mesmos,
• é deixar uma descendência,

• é extrapolar o limite da nossa vida pessoal.

• Quando criança, aprendemos que o homem foi criado por Deus à sua imagem e
semelhança.
• Hoje, é possível afirmar que quanto maior for a consciência que tiver de si
próprio e de suas funções, exercitando um domínio sobre elas, tanto mais
próximo estará do Divino Criador.

NÚMEROS DA INFERTILIDADE

 Louise Brown, o primeiro bebê de proveta do mundo. Desde então, mais de 1


milhão de crianças globalmente foram concebidas através da tecnologia de
reprodução assistida;
 A Europa lidera o mundo da reprodução assistida.
 Em 1998, foram registrados 232.443 ciclos de reprodução assistida em 18 países
europeus, resultando 40 mil crianças nascidas.
 No Canadá e nos Estados Unidos, em 1997, foram registrados 73.069 ciclos de
reprodução assistida.
 A maioria dos tratamentos ocorreu entre mulheres dos 30 aos 39 anos.
 A Dinamarca tem a maior eficácia dos tratamentos, enquanto França e Grã-
Bretanha, o maior número de bebês de proveta.

BIOTECNOLOGIA E BIOÉTICA EM SAÚDE

60
BIOTECNOLOGIA

 É tecnologia baseada na biologia, especialmente quando usada na agricultura,


ciência dos alimentos e medicina.

A Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, a define assim:


“Biotecnologia define-se pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e
sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas e criar
produtos de utilidade."

A engenharia genética, tanto animal quanto vegetal, tem sido o instrumento de


progresso tecnológico em diversas áreas: na medicina curativa, na produção de
alimentos, na agricultura e outros setores.

A Biotecnologia possui dimensões grandiosas, envolvendo diversas áreas do saber,


aspectos de produção e maneiras de se utilizar.

CLONAGEM

A palavra clone (do grego klon, significa “broto”)


É utilizada para designar um conjunto de indivíduos que deram origem a outros por
reprodução assexuada.

A Clonagem é o processo natural ou artificial em que são produzidas cópias fiéis de


outro indivíduo (homem, animais, etc.), ou seja, a clonagem é o processo que
formará um clone.

O termo clone foi criado em 1903, pelo botânico norte-americano Herbert J.


Webber, segundo ele, o clone é basicamente um descendente de um conjunto de
células, moléculas ou organismos geneticamente igual à de uma célula matriz.

O processo de clonagem natural ocorre em alguns seres, como as bactérias e outros


organismos unicelulares que realizam sua reprodução pelo método da bipartição.

No caso dos humanos os clones naturais são os gêmeos univitelinos, ou seja, são
seres que compartilham do mesmo material genético (DNA), sendo originado da
divisão do óvulo fecundado.

No processo de clonagem artificial existem várias técnicas de clonagem, uma delas


permite clonar um animal a partir de óvulos não fecundados, sendo este processo
conhecido desde o século XIX.

Estes processos eram praticados pelos horticultores que obtinham clones de


orquídeas, que através de tecidos meristemáticos de uma planta matriz, originava
dezenas de novas plantas geneticamente idênticas.

Quais as vantagens da clonagem?

 A preservação de animais em extinção;

61
 Desenvolvimento de animais imunes a algumas doenças que são contagiosas;
 Clonagem de células humanas para tratamento de doenças, como: pâncreas para
diabéticos e de células do sangue para os leucêmicos; etc.

CÉLULAS - TRONCO

As células-tronco, também conhecidas como células-mãe ou células estaminais, são


células que possuem a melhor capacidade de se dividir dando origem a células
semelhantes às progenitoras.
Encontradas no sangue, medula e em outros tecidos em quantidade pequena.
No cordão umbilical e na placenta, em quantidades bem maiores.
E, em embriões nas fases iniciais da divisão celular, ou seja, na fase de blastócitos.

As células-tronco dos embriões têm ainda a capacidade de se transformar, num


processo também conhecido por diferenciação celular, em outros tecidos do corpo,
como ossos, nervos, músculos e sangue.

A FUNÇÃO DAS CÉLULAS –TRONCO

No corpo humano, é ajudar no reparo de uma lesão.


A terapia com essas células visa tratar doenças e lesões mediante a substituição de
tecidos doentes por células saudáveis.

Classificação das células-tronco

1- Totipotentes ou embrionárias:
São as que conseguem diferenciar-se em todos os tecidos do corpo humano; são
capazes de efetuar todo e qualquer tipo de função.
Encontrada até 3 ou 4 dias de vida do embrião.

2- Pluripotentes ou multipotentes:
São as que conseguem diferenciar-se, presentes em quase todos os tecidos humanos,
menos placenta e anexos embrionários; elas destinam-se a várias funções
simultâneas.
Encontrada a partir do 5° dia de vida embrionária.

62
3- OLIGOPOTENTES

São as que conseguem diferenciar-se em poucos tecidos.


Encontrada por exemplo: no trato intestinal.

4- UNIPOTENTES

São as que conseguem diferenciar-se em um único tecido, ou seja, tendem a


desempenhar uma única função.
Encontrada por exemplo: no tecido cerebral adulto e na próstata.

Em termos gerais podemos dizer que as células- tronco possuem duas características
primordiais que as diferenciam das demais células.

. O primeiro grande diferencial se deve a sua capacidade de dar origem a todas as


células que formam o indivíduo.

Esta capacidade faz com que estas células tenham uma grande aplicabilidade na área
de engenharia de tecidos. Imagine uma fratura óssea.

Reconstituição de fratura em cavalo com células - tronco

As células-tronco podem ser introduzidas na região lesionada de forma a se


diferenciarem em células ósseas e consequentemente curar a fratura.

A segunda característica:

 É a capacidade que temos de manter as células-troncos na sua forma


indiferenciada, ou seja, elas ainda manterem a capacidade de dar origem a todas
as células que compõe os órgãos e os tecidos do indivíduo.

As pesquisas de células-tronco no Brasil:

A Lei de Biossegurança de 1995, proibia pesquisas com embriões.

A Lei de Biossegurança:

63
Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005
 Libera no país a pesquisa com células-tronco de embriões obtidos por
fertilização in vitro e congelados há mais de três anos.
 Em todos os casos, é necessário o consentimento dos pais.
 A comercialização do material biológico é crime.

Pela atual lei de biossegurança:


 Apenas os embriões congelados há mais de três anos e os inviáveis para
implantação podem ser utilizados em pesquisas.

 Por embrião inviável entendam-se aqueles que, na fertilização in vitro, não são
introduzidos no útero da mulher por não terem qualidade ou por conterem
mutações responsáveis por doenças genéticas.

O que regulamenta a lei

 A lei de Biossegurança estabelece as normas e mecanismos de fiscalização que


regulamentam qualquer atividade que envolva organismos geneticamente
modificados e seus derivados.
 Seu texto abrange, portanto, desde o cultivo de alimentos transgênicos e a
engenharia genética até as pesquisas com células-tronco embrionárias.
 A controvérsia sobre quando começa a vida também afeta as decisões sobre a
liberação das pesquisas com células tronco no Brasil.

 Dois meses depois de aprovada a lei em maio de 2005 o então procurador da


República Cláudio Fonteles entrou com uma ação direta de
inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal contra o artigo da Lei de
Biossegurança que trata do uso de células-tronco embrionárias em pesquisas.
Em sua ação Fonteles argumenta que o artigo 5º da Constituição Federal garante
o direito "à inviolabilidade da vida humana" e que os embriões são seres vivos.

EM 29/MAIO/2.008 O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL LIBEROU AS


PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO, QUE ESTAVAM PARADAS
DESDE 2.005.

QUANDO COMEÇA A VIDA?

 A controvérsia sobre quando começa a vida também afeta as decisões sobre a


liberação das pesquisas com células tronco no Brasil; dividindo as comunidades
científicas e religiosas em todo o mundo.

Na Itália
Onde está o Vaticano e a Igreja Católica tem forte influência nas decisões do
governo, está proibida qualquer tipo de pesquisa com células-tronco embrionárias
humanas, bem como a sua importação.

No Reino Unido

A legislação liberal permite até mesmo a clonagem terapêutica (embriões clonados


de outros embriões).

64
Mas é nos países asiáticos como Coréia do Sul, Japão, China e Cingapura, e em
países como Rússia e África do Sul, que a pesquisa com embriões é totalmente
liberada.

 Dos países latino-americanos o único que permite a criação de embriões para


fins de pesquisa é o México.

CÉLULAS DA VIDA

ÁREAS MAIS ADIANTADAS DE PESQUISAS COM CÉLULAS -TRONCO NO


BRASIL:

Cardiopatias
Anemia falciforme
Necrose óssea

MATERIAL USADO

CÉLULAS-TRONCO ADULTAS, que são aquelas derivadas de qualquer tecido


de uma pessoa após o nascimento. Usam a célula do próprio paciente, de doador
ou de recém-nascido. Elas têm menor capacidade de diferenciação.

EMBRIONÁRIAS, que são retiradas por volta do 3º dia após a concepção,


quando ainda não passam de um amontoado de células indiferenciadas.
Têm alto poder de diferenciação.

REPROGRAMADAS, que são as adultas com características iguais às


embrionárias. Elas são rejuvenescidas nos laboratórios.

O controle ético da biotecnologia deve sempre buscar a qualidade de vida no


planeta, tendo como perspectiva o equilíbrio entre os planos científico e tecnológico.
Ou seja, a ética deve permear as ações tecnológicas, científicas, políticas,
econômicas e sociais não permitindo que a tecnociência se transforme em um
instrumento destruidor da humanidade.

BIOÉTICA - DOAÇÃO E TRANSPLANTES DE ÓRGÃOS NO BRASIL

A política nacional de transplantes de órgãos e tecidos no Brasil está fundamentada


na Legislação (Lei nº. 9.434/1997 e Lei nº. 10.211/2001), tendo como diretrizes:
1. A gratuidade da doação;
2. A beneficência em relação aos receptores e
3. A não maleficência em relação aos doadores vivos.

65
LEI Nº. 9.434, DE 4 DE FEVEREIRO DE 1997.

Dispõe sobre a remoção de órgãos, tecidos e partes do corpo humano para fins de
transplante e tratamento e dá outras providências.

Como ser doador de órgãos?

 Só precisa avisar a sua família.


 Os órgãos somente serão retirados após a família autorizar a doação.

Quem pode ser doador?

 Todo cidadão, após o diagnóstico de morte encefálica ou a parada do coração.


 
 Existem dois tipos:
 Doador vivo - A doação ocorre a partir de pessoas vivas, sendo permitida
apenas nos seguintes casos:
 Órgãos duplos ou partes de órgãos, cuja retirada não cause transtornos à vida do
doador;
 Quando não há grave comprometimento das aptidões vitais e da saúde mental;
 Quando não causa mutilação ou deformidade inaceitável. 

Doador cadáver

 A retirada post-mortem de órgãos e tecidos destinados a transplante deve ser


precedida de diagnóstico de Morte Encefálica.
 O transplante só pode ser autorizado após a realização, no doador, de testes de
triagem para afastar infecção sanguínea.

 Um doador cadáver, pode doar órgãos e tecidos para até 12 pessoas (receptores
na Lista Única), todavia, após a retirada, o cadáver é condignamente
recomposto e entregue à família ou aos responsáveis legais para o sepultamento. 

Discuta o assunto em família

  Candidatos a transplantes enfrentam mitos e crenças da população devido a


desinformação, no entanto, sonham com melhora da qualidade de vida para
aliviar suas limitações.
 Campanhas de esclarecimento são essenciais para a transformação dessa
realidade e diminuição das listas de espera.
 Assim, constantemente deve-se incentivar a discussão no âmbito familiar, sem
preconceitos, de forma clara e considerando as diferenças culturais e religiosas.
       
Após essa discussão, cada cidadão deve externar o desejo de ser doador, pois, somente
assim, os familiares irão autorizar a doação no momento da morte encefálica.

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As famílias que perdem um ente querido necessitam de apoio emocional e tempo para
aceitar a perda, todavia, os mesmos devem lembrar que a doação de órgãos é um ato de
amor, e que pode aliviar a dor.

QUEM NÃO PODE SER DOADOR DE ÓRGÃOS E TECIDOS?


 
Não podem ser considerados doadores pessoas portadoras de doenças infecciosas
incuráveis, câncer ou doenças que pela sua evolução tenham comprometido o estado
do órgão. Os portadores de neoplasias primárias do sistema nervoso central podem
ser doadores de órgãos.

 Também não podem ser doadores: pessoas sem documentos de identidade e


menores de 21 anos sem a expressa autorização dos responsáveis.

Tempo para retirada de órgãos e tecidos

 Cada órgão tem um tempo médio de sobrevida entre sua retirada do doador e o
transplante no receptor. Esse intervalo varia de acordo com as condições de
quem doa e de quem recebe.

Órgãos / Tecidos Tempo para retirada Tempo de Preservação

Coração Antes da PC Até 4 a 6 h

Pulmão Antes da PC Até 4 a 6 h


Rins Até 30 min pós-PC Até 48 h

Fígado Antes da PC Até 12 a 24h


Pâncreas Antes da PC Até 12 a 24h
Córneas Até 6 h pós-PC Até 7 dias
Ossos Até 6 h pós-PC Até 5 anos
Pele Até 6 h pós-PC Até 5 anos

Valva cardíaca Até 10 h pós-PC Até 5 anos

Morte encefálica = morte

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Neste caso o coração continua batendo, mas não existe vida. Trauma craniano e
derrame cerebral podem causar parada irreversível do encéfalo (morte), mas a
respiração é mantida por aparelhos e o coração continua batendo por algumas horas,
fazendo o sangue circular por outros órgãos (rins, fígado, pulmões, etc.). Estes
podem ser doados para outras pessoas através de uma cirurgia de transplante.

Morte encefálica não é igual à coma

 No coma, as células cerebrais continuam vivas, a pessoa está desacordada e pode


ser reversível.
 Na morte encefálica, as células cerebrais estão mortas, sendo irreversível, a qual
deve ser constatada e registrada por dois médicos não participantes de equipes
de captação e transplantes, mediante utilização de critérios clínicos e
tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina.
 Será admitida a presença de médico de confiança da família do falecido no ato
da comprovação da morte encefálica. 
 Após a confirmação da morte, por médico neurologista, deve-se realizar a
captação e o transplante de órgãos, mediante autorização dos familiares para a
doação. É sempre precedida de avaliação criteriosa dos órgãos a serem retirados,
confirmação por método gráfico da morte encefálica e comunicação do
procedimento de retirada de órgãos à Secretaria Estadual de Saúde.

Quando desligar os aparelhos em caso de morte encefálica?

  Após a conclusão do protocolo de morte encefálica, os familiares devem ser


consultados para autorização da doação de órgãos.
 Em caso de negação da doação, deve-se fazer nova consulta sobre a
possibilidade de suspensão das medidas de suporte.
 A RESOLUÇÃO 1.826/07, do Conselho Federal de Medicina no seu Art.1º diz:
 É legal e ética a suspensão dos procedimentos de suportes terapêuticos quando
determinada a morte encefálica em não-doador de órgãos, tecidos e partes do
corpo humano para fins de transplante.
 A suspensão do fornecimento dos recursos de suporte artificiais não é eutanásia,
pois se trata de paciente clinicamente diagnosticado morto e não em estado
terminal.

AS PESSOAS TÊM VIDA NORMAL APÓS UM TRANSPLANTE?

 Após o transplante, os receptores devem tomar diversos medicamentos. Os mais


importantes são para evitar a rejeição. Estes medicamentos, que devem ser
usados pelo resto da vida, podem causar uma série de efeitos não desejáveis.
 Para combater estes paraefeitos outras drogas devem ser administradas.

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EXISTEM 3 TIPOS DE REJEIÇÃO QUE PODEM OCORRER APÓS
TRANSPLANTE:

REJEIÇÃO HIPERAGUDA

 Ocorre assim que o órgão doado está no corpo. Isso só ocorre se já existirem
anticorpos na corrente sanguínea do receptor para reagir ao novo órgão.
 É o que acontece quando os tipos sangüíneos do doador e receptor são
incompatíveis. Isso quase nunca ocorre, uma vez que as equipes de transplante
sempre testam as compatibilidades antecipadamente. Se isso acontecesse, o
receptor morreria na mesa de cirurgia;

REJEIÇÃO AGUDA

 Acontece pelo menos alguns dias após o transplante, depois de o corpo ter tido
tempo para reconhecer o corpo estranho, reação normal a um corpo estranho;
 O obstáculo principal de viver com um transplante é a rejeição aguda.
 Esse tipo de rejeição ocorreria em quase todos os receptores se não existissem os
remédios imunossupressores.

REJEIÇÃO CRÔNICA

 É uma rejeição muito gradual, que dura meses ou anos.


 Ela pode ser tão sutil que o paciente não sente seus efeitos por algum tempo.

NO BRASIL

 Segundo o Ministério da Saúde, existem cerca de 117 instituições cadastradas


para realizar transplante de órgãos: Rim (111), Medula óssea (13), Fígado (6),
Coração (9) e Pulmão (3). Deste total, 40 estão localizados na Região Sul (PR,
SC, RS) dos quais, 20 são Hospitais do Rio Grande do Sul.

As estatísticas mundiais mostram que:

 A maioria (mais de 80%) das pessoas que receberam um coração por


transplante, por exemplo, retornam as suas atividades anteriores.
 Alguns praticam esportes, existindo até federações de transplantados.

O Tráfico de Órgãos

 A complexidade de um transplante e a dificuldade de encontrar doadores tem


pressionado – desafortunadamente - a existência de um mercado negro de
órgãos, que longe de resolver os problemas dos pacientes, os prejudicam.

Indicação de filme:

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FILME: DÍVIDA DE SANGUE

 Gênero: Suspense
 Tempo: 108 min.
 Lançamento: 2002
 Classificação: 14 ANOS
 Dirigido por: Clint Eastwood
 Produzido por: Clint Eastwood

 BIOÉTICA E EUTANÁSIA
EUTANÁSIA
 Do grego ευthαnαsία - ευ "bom", tάnαtos "morte“.
 É a prática pela qual se abrevia a vida de um enfermo incurável de maneira
controlada e assistida por um especialista.
 A eutanásia designa uma morte suave, sem sofrimento.

A Eutanásia

 É considerada crime no Brasil — como o disposto no artigo 121 do Código


Penal.

 O ESTADO tem como princípio a proteção da vida dos seus cidadãos.

A tradição deontológica

 É claramente oposta à eutanásia, desde Hipócrates; sua condenação percorre os


códigos médicos de vários países .

NO CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

 PROIBIÇÕES:
 ARTIGO 29 - Promover a eutanásia ou participar em prática destinada a
antecipar a morte do cliente.

TIPOS DE EUTANÁSIA

 a) Eutanásia ativa

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 Ato deliberado de provocar a morte sem sofrimento do paciente, por fins
humanitários (por exemplo, utilizando uma injeção letal).

Holanda,
 Em fevereiro de 1993, instituiu a nova legislação, que permite que o médico
realize eutanásia ativa.

World Medical Association


Madrid/Espanha - 1987

 A Associação Mundial de Medicina, desde 1987, na Declaração de Madrid,


considera a eutanásia como sendo um procedimento eticamente inadequado.

b) Eutanásia passiva

 Quando a morte ocorre por omissão proposital em se iniciar uma ação médica
que garantiria a perpetuação da sobrevida.

(c) Eutanásia de duplo efeito

 Nos casos em que a morte é acelerada como consequência de ações médicas não
visando ao êxito letal, mas sim, ao alívio do sofrimento de um paciente.
 Por exemplo: emprego de morfina para controle da dor, gerando,
secundariamente, depressão respiratória e óbito.

Argumentos pró

 Dois são os principais pontos de apoio dos defensores da eutanásia:

 1º. Os princípios da qualidade de vida e


 2º. Da autonomia pessoal.

DISTANÁSIA

É a agonia prolongada, é a morte com sofrimento físico ou psicológico do indivíduo


lúcido.
É o antônimo de eutanásia.
 É O PROLONGAMENTO DO PROCESSO DE MORTE ATRAVÉS DA
REALIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS QUE NADA BENEFICIAM O
PACIENTE, SOMENTE ADIAM A MORTE E PROLONGAM O
SOFRIMENTO DO PACIENTE E DE SEUS FAMILIARES.

ORTOTANÁSIA

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 É a atuação correta frente a morte.
 É a abordagem adequada diante de um paciente que está morrendo.
 É A MORTE A SEU TEMPO, ONDE É PRIVILEGIADO O ALÍVIO DE
SINTOMAS, PRINCIPALMENTE A DOR. PROCEDIMENTOS
OBSTINADOS, QUE NÃO PODEM MELHORAR O QUADRO DO
PACIENTE, SÃO DESACONSELHADOS.
 NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA PUBLICADO NO DIA 13/04/2010
CONTEMPLA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS E DA
ORTOTANÁSIA.

ARTIGO 41 DO NOVO CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA:

“NOS CASOS DE DOENÇA INCURÁVEL E TERMINAL, DEVE O MÉDICO


OFERECER TODOS OS CUIDADOS PALIATIVOS DISPONÍVEIS SEM
EMPREENDER AÇÕES DIAGNÓSTICAS OU TERAPÊUTICAS INÚTEIS OU
OBSTINADAS, LEVANDO SEMPRE EM CONSIDERAÇÃO A VONTADE
EXPRESSA DO PACIENTE OU, NA SUA IMPOSSIBILIDADE, A DE SEU
REPRESENTANTE LEGAL”.

MISTANÁSIA

 Também chamada de eutanásia social.


 Leonard Martin sugeriu o termo mistanásia para denominar a morte miserável,
fora e antes da hora. 

Indicação de filme: MENINA DE OURO

BIOÉTICA E ABORTO
Terminologia

 A palavra aborto tem sua origem etimológica no latim abortus, derivado de


aboriri ("perecer"), composto de ab ("distanciamento", "a partir de") e oriri
("nascer").
 HISTÓRIA
 A história do aborto, segundo a Antropologia, remonta à Antiguidade. Há
evidências que sugerem que, historicamente, dava-se fim à gestação, ou seja,
provocava-se o aborto, utilizando diversos métodos, como ervas abortivas, o

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uso de objetos cortantes, a aplicação de pressão abdominal entre outras
técnicas.
 Na Grécia a reprovação do aborto era frequente, Aristóteles e Platão
aconselharam o aborto(desde que o feto ainda não tivesse adquirido alma) para
controlar os índices de crescimento demográfico ou populacional em função dos
meios de subsistência.
 Platão, por exemplo, preconizava o aborto em toda mulher que concebesse
depois dos quarenta anos.
 Na Grécia
 Sócrates defendia que o aborto fosse um direito materno.
A primeira referência ao aborto, na Grécia Antiga, encontra-se nos livros
atribuídos a Hipócrates, que negava o direito ao aborto e exigia aos médicos jurar
não dar às mulheres bebidas fatais para a criança no ventre.
 Curiosidades
 Os gregos permitiam o aborto, mas os romanos o puniam com pena de morte.
 O primeiro país a permitir aborto no prazo de 28 semanas foi a Inglaterra,
tornando-se atração turística para feministas.
 O primeiro país do mundo a legalizar o aborto foi a União Soviética, em 8 de
novembro de 1920.
 A segunda nação moderna a legalizar o aborto foi a Alemanha, em junho de
1935.
 Em seguida, o aborto foi legalizado na Islândia (1935), na Dinamarca (1937) e
na Suécia em (1938).
 Santo Agostinho
Com fulcro nas idéias aristotélicas pregava que o aborto só seria crime quando o
feto já tivesse recebido alma, que, presumia-se após 40 ou 80 dias de sua
concepção, dependendo ainda de seu sexo( se varão ou mulher, respectivamente).

Aspectos Médico-legais do Aborto

Abortamento ou amblose: morte do produto da concepção provocada em qualquer altura


do processo gestatório, da fecundação à sua expulsão a termo:
 Precoce: < 20ª semana;
 Intermediário: 20 a 28ª;

73
 Tardio: > 28ª.

Tipos

a) Espontâneo: independe da vontade da mulher ou de terceiros. Causas: tumores


uterinos, sífilis, diabetes, cardiopatias, hipo ou hipertireoidismo.

b) Acidental: em conseqüência de traumatismo. Causas: quedas, intoxicações por


chumbo, arsênico, álcool, psicotrópicos, anfetaminas, ópio, codeína, morfina, heroína,
cocaína, LSD.

c) Feticídio: o agente não tinha intenção de provocar o aborto, ao agredir a mãe.

d) Necessário (ou terapêutico):


I. Tem que ser realizado por médico
II. Não há outro meio de salvar a gestante: cardiopatias, tuberculose evolutiva grave,
insuficiência renal e diabetes.
e) Sentimental:
I. Realizado por médico;
II. Gravidez resultante de estupro;
III. Consentimento da gestante.

f) Criminoso:
I. Provocado pela gestante ou com seu consentimento, art. 124, Código Penal(CP);
II. Por terceiro, sem o consentimento da gestante, art. 125, CP;
III. Por terceiro com o consentimento da gestante, art. 126, CP;
Lesão corporal grave ou morte da gestante, art. 127, CP.

g) Eugênico
Feito quando o feto for nascer com graves defeito físicos ou mentais; não permitido por
lei. Existem sentenças judiciais que autorizam a interrupção da gravidez.

74
Em abril de 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) votou a liberação da interrupção
de gravidez de feto anencéfalo, sendo que 8 votos foram a favor e 2 contra, desde então
as grávidas de fetos anencéfalo podem optar por interromper a gestação com assistência
médica.
A anencefalia caracteriza-se pela ausência do cérebro, calota craniana e couro cabeludo,
sendo incompatível com a vida.
No Brasil a incidência é de 1 caso para cada 1.000 nascidos vivos.
Até o final de 2012, o Brasil terá 95 hospitais da rede SUS qualificados para executar o
aborto em grávidas de fetos anencéfalos.

Alguns mecanismos de aborto:


a) Provocando contrações uterinas: injeção intra-uterina, corrente elétrica,
medicamento.
b) Provocando dilatação do colo: laminarias, balões, metais.
c) Provocando deslocamento do ovo: pinças abortivas, curetagem.
d) Provocando extração do ovo: pinças abortivas.
e) Realizando pequenas cirurgias.
f) Provocando destruição fetal: RX, formol.

OBSERVAÇÃO

 Não constitui aborto, a conduta de quebrar um tubo de ensaio contendo óvulo


fertilizado in vitro, a eliminação de embriões humanos em laboratório.

NO CÓDIGO DE ÉTICA DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM

SEÇÃO 1 - PROIBIÇÕES:
 ARTIGO 28 – Provocar o aborto, ou cooperar em prática destinada a
interromper a gestação.
Parágrafo único – Nos casos previstos em Lei o profissional deverá decidir, de
acordo com a sua consciência, sobre sua participação ou não no ato abortivo.

75
UNIDADE 6
ENTIDADES DE CLASSE DA ENFERMAGEM

O COFEN

• O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os seus respectivos Conselhos


Regionais (CORENs) foram criados em 12 de julho de 1973, por meio da Lei
5.905. Juntos, eles formam o Sistema COFEN/CORENs.

• Estão subordinados ao Conselho Federal todos os 27 conselhos regionais


localizados em cada estado brasileiro.

• Filiado ao Conselho Internacional de Enfermeiros em Genebra, o COFEN existe


pra normatizar e fiscalizar o exercício da profissão de enfermeiros, técnicos e
auxiliares de enfermagem, zelando pela qualidade dos serviços prestados pelos
participantes da classe e pelo cumprimento da Lei do Exercício Profissional.

• Atualmente, o órgão é presidido por  um presidente.

• A sede do COFEN está situada na Rua da Glória, 190/12º, na Glória, Rio de


Janeiro.

Principais atividades do COFEN:

• Normatizar e expedir instruções para uniformidade de procedimentos e bom


entrosamento dos Conselhos Regionais;
• Apreciar de decisões dos CORENs;
• Aprovação de contas e propostas orçamentárias, remetendo-as aos órgãos
competentes;

• Promover estudos e campanhas para aperfeiçoamento profissional.

Principais atividades dos CORENS:

• Deliberar sobre o valor das inscrições no Conselho, bem como o seu


cancelamento;
• Disciplinar e fiscalizar o exercício profissional, observando as diretrizes gerais
do COFEN;
• Executar as resoluções do COFEN;
• Expedir a cédula de identidade profissional, indispensável ao exercício da
profissão e válida em todo o território nacional;

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• Fiscalizar e decidir os assuntos referentes à Ética Profissional, impondo as
penalidades cabíveis;
• Elaborar a proposta orçamentária anual e o projeto de seu regimento interno,
submetendo-os à aprovação do COFEN;

COREN-MG

• Endereço: Rua da Bahia, 916 - Centro


Cidade: Belo Horizonte - MG
CEP: 31160-011
CNPJ: 21.699.889/0001-17.
• Telefone: (31) 3238-7500
Fax: (31) 3238-7530
Site: www.corenmg.gov.br

• A criação dos Conselhos de Enfermagem deve-se ao movimento de um grupo de


Enfermeiras da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) que sentia a
importância da regulamentação da Profissão.
• Em julho de 1973 foi promulgada a Lei 5.905, que instituiu os Conselhos de
Enfermagem (Federal e Regionais), representando uma vitória do trabalho da
ABEn.
• Assim os Conselhos de Enfermagem são criados como Autarquias Federais.

COREN-MG

• Criado pela Lei 5.905, de 12 de julho de 1973.


• O Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais - COREN-MG é órgão
disciplinador e fiscalizador do exercício profissional da enfermagem. Está
subordinado ao Conselho Federal de Enfermagem (COFEN).

• SEDE E FORO:
• Em Belo Horizonte (MG)

• JURISDIÇÃO:
• Todo o território do Estado de Minas Gerais

• ATUAÇÃO:
• Como órgão colegiado, no qual as decisões são tomadas por maioria de votos de
seus Conselheiros.

• CONSELHEIROS:
• Os Conselheiros integrantes do Plenário são eleitos trienalmente por Assembléia
Geral, constituída pela totalidade dos profissionais inscritos no COREN-MG e
convocada com esta finalidade.

• SUBSEÇÕES:

JUIZ DE FORA
MONTES CLAROS

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PASSOS
POUSO ALEGRE
TEÓFILO OTONI
UBERABA
UBERLÂNDIA
VARGINHA
A Associação Brasileira de Enfermagem - ABEn

• Fundada em 12 de agosto de 1926, sob a personalidade jurídica que congrega


enfermeiros, obstetrizes, técnicos e auxiliares de enfermagem e estudantes dos
cursos de graduação e de educação profissional de nível técnico que a ela se
associam, individual e livremente.
 
• É uma Entidade de âmbito nacional, de caráter não-governamental e de direito
privado, reconhecida como de utilidade pública, conforme Decreto Federal nº
31.417/52, publicado no DOU de 11 de setembro de 1952. É filiada à
Federación Panamericana de Profesionales de Enfermeria - FEPPEN,
desde 1970, junto à qual representa a enfermagem brasileira.

SINDICATO DOS ENFERMEIROS

Localizado à Rua da Bahia, 1148- s 1315, Edifício Maleta. Centro-Belo Horizonte,


MG.

BIBLIOGRAFIA

COREN. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Resolução COFEN N°


311/2007: Conselho Regional de Enfermagem de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

OGUISSO, Taka. ZOBOLI, Elma Lourdes Campos Pavone. Ética e bioética: desafios para a
enfermagem e a saúde. Barueri, SP: Manole, 2006.

ANGERAMI-CAMON, Valdemar Augusto ET AL. Ética na saúde. São Paulo: Pioneira, 1997,
182p.

SEGRE, Marco; COHEN, Claudio  (Org.).  Bioética.  2.ed. ampl.  São Paulo:  EDUSP,  1999.
188 p.

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CASABONA, Carlos Maria Romeu. Biotecnologia, direito e bioética. Belo Horizonte: Del
Rey, 2002.

DA CUNHA, Jorge Teixeira et al. Dicionário de bioética. São Paulo: Santuário, 2001.

PALÁCIOS, Marisa e tal. (org.). Ética, ciência e saúde. Petrópolis: Vozes, 2002.

SELLI, Lucilda. Bioética na enfermagem. São Leopoldo: Unisinos, 1998. 153p.

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81
se

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