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POLÍCIA MILITAR
DIRETORIA DE ENSINO
DEONTOLOGIA POLICIAL
MILITAR
RIO BRANCO – AC
JUNHO 2021
AULAS 1 A 4
Para entendermos a essência da deontologia é necessário o aprendizado de
conceitos que se insere no entendimento desta matéria, tais quais a moral e a ética,
uma vez que a deontologia é uma disciplina da ética especialmente adaptada ao
exercício de uma profissão.
CONCEITO DE ÉTICA
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A
palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco
melhor esse conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos
referimos por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um
médico, jornalista, advogado, empresário, um político e até mesmo um professor. Para
estes casos, é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética
jornalística, ética empresarial e ética pública.
A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional.
Existem códigos de ética profissional que indicam como um indivíduo deve se
comportar no âmbito da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos
que constituem a base de uma sociedade próspera.
Ética no Serviço Público
O tema da ética no serviço público está diretamente relacionado com a conduta
dos funcionários que ocupam cargos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme
um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé e outros princípios
necessários para uma vida saudável no seio da sociedade.
Quando uma pessoa é eleita para um cargo público, a sociedade deposita nela
confiança, e espera que ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar
ao nível dessa confiança e exercer a sua função seguindo determinados valores,
princípios, ideais e regras. De igual forma, o servidor público deve assumir o
compromisso de promover a igualdade social, de lutar para a criação de empregos,
de desenvolver a cidadania e de robustecer a democracia. Para isso ele deve estar
preparado para pôr em prática políticas que beneficiem o país e a comunidade no
âmbito social, econômico e político.
Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar
de forma estratégica, inovar, cooperar, aprender e desaprender quando necessário,
ÉTICA MORAL
A ética é o estudo e a reflexão sobre
os princípios da moral, das regras de A moral se refere às regras de conduta
conduta aplicadas a alguma que são aplicados à determinado grupo,
Definição organização ou sociedade. em determinada cultura.
De onde
vem Individual. Sistema social.
Porque Porque acreditamos que algo é certo Porque a sociedade nos diz que é o
seguimos ou errado. certo.
A moral tende a ser consistente dentro de
A ética é normalmente consistente, um determinado contexto, sendo
embora pode mudar caso as crenças aplicado da mesma forma a todos.
de um indivíduo mudem ou Porém, pode variar de acordo com cada
Flexibilidade dependendo de determinada situação. cultura ou grupo.
CONCEITO DE DEONTOLOGIA
O termo Deontologia surge das palavras gregas “déon, déontos” que significa
dever e “lógos” que se traduz por discurso ou tratado. Sendo assim, a deontologia
seria o tratado do dever ou o conjunto de deveres, princípios e normas adoptadas por
um determinado grupo profissional. A deontologia é uma disciplina da ética especial
adaptada ao exercício de uma profissão.
Existem inúmeros códigos de deontologia, sendo esta codificação da
responsabilidade de associações ou ordens profissionais. Regra geral, os códigos
deontológicos têm por base as grandes declarações universais e esforçam-se por
traduzir o sentimento ético expresso nestas, adaptando-o, no entanto, às
particularidades de cada país e de cada grupo profissional. Para além disso, estes
códigos propõem sanções, segundo princípios e procedimentos explícitos, para os
infratores do mesmo. Alguns códigos não apresentam funções normativas e
vinculativas, oferecendo apenas uma função reguladora. A declaração dos princípios
éticos dos psicólogos da Associação dos Psicólogos Portugueses, por exemplo, é
exclusivamente um instrumento consultivo.
AULAS 5 A 12
DECRETO Nº. 1.053, DE 17 DE AGOSTO DE 1999 – APROVA O
REGULAMENTO DE ÉTICA PROFISSIONAL DOS MILITARES DA POLÍCIA
ANEXO ÚNICO
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II
DA DEONTOLOGIA MILITAR
SEÇÃO I
DOS VALORES MILITARES
SEÇÃO II
DOS DEVERES DO MILITAR ESTADUAL
CAPÍTULO II
DA VIOLAÇÃO DOS VALORES E DOS DEVERES ÉTICOS
Art. 8º - A violação dos valores e dos deveres éticos dos militares estaduais
constituirá crime, contravenção ou transgressão disciplinar, conforme o disposto em
legislação específica.
§ 1º - É obrigado de todo militar estadual cumprir e fazer cumprir os deveres
éticos;
§ 2º - A violação dos preceitos, será tão mais grave quanto mais elevado for o
grau hierárquico de quem a cometer;
§ 3º - Havendo concurso de crime militar e transgressão disciplinar, da mesma
natureza, a apuração de responsabilidade criminal militar não sobrestará o
procedimento disciplinar;
§ 4º - A inobservância ou falta de exação no cumprimento dos deveres
especificados em legislação e regulamentos, poderá acarretar ao militar estadual
responsabilidade de ordem civil, administrativa e criminal;
§ 5º - A responsabilidade de que trata o parágrafo anterior, pela participação de
mais de um militar estadual, é solidária, respondendo cada um
PROPORCIONALMENTE pelos danos causados.
CAPÍTULO IV
DOS DIREITOS HUMANOS
CAPÍTULO V
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Jorge Viana
Governador do Estado do Acre
AULAS 13 A 16
CÓDIGO DE CONDUTA PARA OS FUNCIONÁRIOS
RESPONSÁVEIS PELA APLICAÇÃO DA LEI
Introdução
Um Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela aplicação da
lei estabelecendo que todos aqueles que exercem poderes de polícia devem respeitar
e proteger a dignidade humana e defender os direitos humanos de todas as pessoas,
foi adaptado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, no dia 17 de dezembro de
1979.
A Assembleia recomendou aos Governos que estudassem o uso do C6digo de
Conduta no quadro da Legislação ou da prática nacional, como um corpo de princípios
a ser observados pelos funcionários responsáveis pela aplicação da Lei.
Uma resolução estabelecendo o C6digo de Conduta (Nº 34/169) declarou que
a natureza das funções de aplicação da lei em defesa da ordem pública e a maneira
pela qual estas funções eram exercidas tinham um impacto direto na qualidade de
vida dos indivíduos, como também na sociedade como um todo. A Assembleia afirmou
que estava consciente da importante tarefa que os agentes policiais estavam
realizando diligentemente e com dignidade, mas também estava consciente, no
entanto, do potencial de abuso acarretado pelo exercício de tais deveres.
Além de exortar todos os funcionários responsáveis pela aplicação da lei a
defenderem os direitos humanos, o Código de Conduta, entre outras coisas, proíbe a
tortura, estabelece que a força só pode ser usada quando estritamente necessária e
exige proteção completa para a saúde das pessoas detidas.
Cada um dos oito artigos do Código de Conduta é acompanhado com um
comentário com informações destinadas a facilitar o uso do Código no quadro da
legislação nacional ou da sua prática.
O texto do Código de Conduta é apresentado abaixo.
Código de Conduta para os Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei
ARTIGO 1º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei devem sempre cumprir o
dever que a lei Ihes impõe, SERVINDO a comunidade E PROTEGENDO todas as
pessoas contra atos ilegais, em conformidade com o elevado grau de
responsabilidade que a sua profissão requer.
Comentário
O termo "funcionários responsáveis pela aplicação da lei" inclui todos os
agentes da lei, quer nomeados, quer eleitos, que exerçam poderes policiais,
especialmente poderes de prisão ou detenção.
Nos países onde os poderes policiais são exercidos por autoridades militares,
quer em uniforme, quer não, ou por forças de segurança do Estado, será entendido
que a definição dos funcionários responsáveis pela aplicação da lei incluirá os
funcionários de tais serviços.
O serviço à comunidade deve incluir particularmente a prestação de serviços
de assistência aos membros da comunidade que, por razões de ordem pessoal.
econômica, social e outras emergências, necessitam de ajuda imediata. Esta cláusula
deve incluir não só todos os atos violentos, destruidores e prejudiciais, mas também
toda a gama de proibições sujeitas a medidas penais. Estende•se à conduta de
pessoas não susceptíveis de incorrerem responsabilidade criminal.
ARTIGO 2º
No cumprimento do dever, os funcionários responsáveis pela aplicação da lei
devem respeitar e proteger a dignidade humana, manter e apoiar os direitos
humanos de todas as pessoas.
Comentário
Os direitos humanos em questão são identificados e protegidos pelo direito
nacional e internacional. De entre os instrumentos internacionais relevantes
contam·se a Declaração Universal dos Direitos do Homem, o Pacto
Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, a declaração sobre a Proteção
de Todas as Pessoas contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis,
Desumanos ou Degradantes, a Declaração das Nações Unidas sobre a
Eliminação de todas as Formas de Discriminação Racial, a Convenção
Internacional sobre a Supressão e Punição do Crime de Apartheid, a
Convenção sobre a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio, as Regras
Mínimas para o Tratamento de Presos, e a Convenção de Viena sobre Relações
Consulares.
Os comentários nacionais a esta cláusula devem indicar as provisões regionais
ou nacionais que identificam e protegem estes direitos.
ARTIGO 3º
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei só podem empregar a
força quando estritamente necessária e na medida exigida para o cumprimento do
seu dever.
Comentário
Esta cláusula salienta que o emprego da força por parte dos funcionários
responsáveis pela aplicação na lei deve ser excepcional. Embora admita que estes
funcionários possam estar autorizados a utilizar a força de uma forma razoável,
conforme as circunstâncias para a prevenção do crime ou ao efetuar ou ajudar à
detenção legal de transgressores ou de suspeitos, qualquer outra força empregue fora
deste contexto não é permitida.
A lei nacional normalmente restringe o emprego da força aos funcionários
responsáveis pela lei de acordo com o princípio da proporcionalidade. Deve-se
entender que tais princípios nacionais de proporcionalidade devem ser respeitados na
interpretação desta cláusula. De nenhuma maneira esta cláusula deve ser interpretada
AULAS 17 E 18
REFLEXÕES SOBRE A DEONTOLOGIA POLICIAL-MILITAR
Cel. PM RR Wilson Odirley Valla
INTRODUÇÃO
prestadoras de serviços ou, não obstante a isso, o que é pior, como outras
organizações quaisquer.
Lastimavelmente, este quadro adverso favorece, na prática, a progressão de
uma ordem moral descompromissada dos valores tradicionais que se constituem nos
verdadeiros arrimos da investidura militar. Basta verificar a movimentação nas
corporações, tais como: ensaios de paralisações; greves violentas já deflagradas em
vários Estados; protestos contra autoridades publicados na imprensa; cláusulas
reivindicatórias, políticas e representativas de classe inseridas nos estatutos
associativos; agremiações comuns aos círculos de oficiais e praças e outras. Este
panorama, ferreteado com a cicatriz da fuga aos compromissos, sugere a tendência
de uma nova racionalidade ética, contudo na contramão do discurso, que atualmente
pode ser assim traduzida: trabalhar pouco - cada vez menos, se possível - porém,
ganhando sempre mais; a relevância da missão pouco interessa. Da mesma forma,
pela desatenção gradativa aos pressupostos básicos da atividade policial-militar -
tempo integral de dedicação exclusiva - está se estimulando reivindicações por
remuneração de horas extraordinárias e adicional noturno, encontrando ressonância
em alguns Estados, o que não deixa de se constituir em mais absurdos, considerando-
se o regime jurídico exigido pela investidura militar.
Comentário - Esses inválidos profissionais não percebem a coerção da
sociedade, muito menos da corporação à qual pertencem. Sua moralidade inferior
navega junto aos paradoxos já citados, até o momento de encalhar na transgressão
ou no crime. Parafraseando José Ingenieros (2), pode-se consignar que esses
policiais-militares atuam na Corporação como os insetos nocivos à natureza.
DEONTOLOGIA POLICIAL-MILITAR
Para contrapor-se a esse quadro de crise, o resgate da reflexão moral e a
retomada da discussão ética são alguns dos mecanismos que se deve viabilizar, na
tentativa de restaurar o equilíbrio de determinados julgamentos e valores, que são
tidos de grande apreço, indispensáveis à sobrevivência das Instituições policiais-
militares e afiançadores de uma certa estabilidade em relação à emergência da
sociedade civil organizada.
Cada profissão exige de quem está cumprindo as obrigações a ela inerentes, a
observância dos princípios comuns de toda a sociedade. Apesar disso, vai além e
separa algumas regras de procedimentos que para outras profissões ou grupos de
tudo o que seja contrário à moral profissional, mas em termos extremamente largos e
genéricos". Como se observa, os códigos de ética das profissões civis, também,
apontam preceitos de ordem geral e de natureza restrita, porém limitados às normas
profissionais. Ao contrário, a ordem deontológica que rege a vida castrense, neste
particular, além de alcançar aquelas ilicitudes relacionadas à atividade profissional,
tem eficácia, também, sobre os demais atos que revestem a moralidade privativa do
militar, mesmo que não relacionados ao múnus profissional. Por isso, todo o policial-
militar deve abster-se, mesmo fora dos limites da órbita funcional, de todas as
atividades e atitudes consideradas suspeitas ou incompatíveis. Eis a razão pela qual
atitudes, como não se revelar bom cidadão, ou bom pai ou mãe, filho ou filha, esposo
ou esposa, ou não satisfazer compromissos financeiros assumidos, ou ainda, manter
ligações com pessoas de reputação duvidosa, ou pelo simples fato de não se trajar
adequadamente, embora genéricas e de natureza restrita, são alcançadas pelo
Regulamento Disciplinar ou pelas leis que regulam os Conselhos de Justificação e
Disciplina.
Comentário - Em serviço ou fora dele, ativo ou inativo, o policial-militar deve
manter elevado padrão de disciplina e dignidade e sua conduta moral deve ser
pautada em função dos objetivos da Instituição. E, um destes objetivos é a inteireza
moral.
Já, por sua vez, os deveres e compromissos de natureza profissional são
relativos ao exercício profissional e compreendem as normas inerentes ao
desempenho da profissão, que envolve a atividade de polícia ostensiva e a investidura
militar. Aí, inclusos, aqueles ditames que objetivam preservar o pundonor militar e o
próprio decoro da classe. Visto desta forma, fica fácil perceber que a ética que se
propugna para atividade profissional, além de preencher as características já
analisadas, introduz não apenas aquelas relações do profissional com a Corporação,
mas também reforçando o que já foi repetido, do profissional com o cidadão, com a
comunidade, com o Estado e, sobretudo, com a Pátria. Deste modo, excluindo por
ilação lógica, o exercício de toda outra atividade julgada incompatível, implica em
obediência e subordinação à lei, regulamentos e às autoridades hierárquicas, quer se
trate de decisões regulamentares, quer dos recursos a serem interpostos. De sorte
que, manifesta-se afeiçoada ao fortalecimento do Estado de Direito e da própria
cidadania, na medida que inclui a proteção dos direitos humanos na sua plenitude, os
CONCLUSÃO
É evidente que as leis, parafraseando José Ingenieros, não podem dar
hombridade às sombras, caráter ao tosco, coragem ao timorato, dignidade ao aviltado,
virtude ao desonesto, afã de obediência ao servil ou bajulador, mas subordinam e
condicionam o indivíduo a princípios que o tornam responsável, que,
indiscutivelmente, se não eliminam os fatos reprováveis, ao menos freia-lhes os
excessos. Obviamente, também, o fato de existir uma Deontologia específica, mesmo
que baseada em formulações éticas exemplares, por si só, não suprimirá os
problemas relacionados aos comportamentos aéticos, a exemplos da omissão diante
do dever, da corrupção, da violência policial, da incompetência profissional, do abuso
da coisa pública, do desamor à profissão, da indisciplina, além de outros. Contudo, se
compreendida e bem utilizada, contribuirá de forma marcante para a diminuição dos
desvios de conduta, proporcionando um padrão de comportamento MELHOR
DEFINIDO, daquele existente na atualidade. Além do mais, influenciará na seleção de
candidatos, com base num perfil profissional, alinhado às exigências atuais das
AULAS 19 E 20
PARA SERVIR E PROTEGER
DIREITOS HUMANOS E DIREITO INTERNACIONAL HUMANITÁRIA PARA FORÇAS
POLICIAIS E DE SEGURANÇA
MANUAL PARA INSTRUTORES
Conduta Ética e Legal na Aplicação da Lei
Introdução A função da aplicação da lei é um serviço público previsto por lei, com
responsabilidade pela manutenção e aplicação da lei, manutenção da ordem pública e
prestação de auxílio e assistência em emergências. Os poderes e autoridades que são
necessários ao eficaz desempenho dos deveres da aplicação da lei também são
estabelecidos pela legislação nacional. No entanto, estas bases legais não são suficientes por
si só para garantir práticas da aplicação da lei que estejam dentro da lei e que não sejam
arbitrárias: elas simplesmente apresentam um arcabouço e geram um potencial. O
desempenho correto e eficaz das organizações de aplicação da lei depende da qualidade e
da capacidade de desempenho de cada um de seus agentes. A aplicação da lei não é uma
profissão em que se possam utilizar soluções-padrão para problemas-padrão que ocorrem a
intervalos regulares. Trata-se mais da arte de compreender tanto o espírito como a forma da
lei, assim como as circunstâncias únicas de um problema particular a ser resolvido. Espera-
se que os encarregados da aplicação da lei tenham a capacidade de distinguir entre inúmeras
tonalidades de cinza, ao invés de somente fazer a distinção entre preto e branco, certo ou
errado. Esta tarefa deve ser realizada cumprindo-se plenamente a lei e utilizando-se de
maneira correta e razoável os poderes e autoridade que lhes foram concedidos por lei. A
aplicação da lei não pode estar baseada em práticas ilegais, discriminatórias ou arbitrárias por
parte dos encarregados da aplicação da lei. Tais práticas destruirão a fé, confiança e apoio
públicos e servirão para solapar a própria autoridade das corporações. Os encarregados da
aplicação da lei devem não só conhecer os poderes e a autoridade concedidos a eles por lei,
mas também devem compreender seus efeitos potencialmente prejudiciais (e potencialmente
corruptores). A aplicação da lei apresenta várias situações nas quais os encarregados da
aplicação da lei e os cidadãos aos quais eles servem encontram-se em lados opostos.
Freqüentemente os encarregados da aplicação da lei serão forçados a agir para prevenir ou
investigar um ato claramente contra a lei. Não obstante, suas ações deverão estar dentro da
lei e não podem ser arbitrárias. Os encarregados podem, em tais situações, sofrer ou perceber
uma noção de desequilíbrio ou injustiça entre a liberdade criminal e os deveres de aplicação
da lei. No entanto, devem entender que esta percepção constitui a essência daquilo que
separa os que aplicam a lei daqueles infratores (criminosos) que a infringem. Quando os
encarregados recorrem a práticas que são contra a lei ou estão além dos poderes e autoridade
concedidos por lei, a distinção entre os dois já não pode ser feita. A segurança pública seria
posta em risco, com conseqüências potencialmente devastadoras para a sociedade. O fator
humano na aplicação da lei não deve pôr em risco a necessidade da legalidade e a ausência
de arbitrariedade. Neste sentido, os encarregados da aplicação da lei devem desenvolver
atitudes e comportamentos pessoais que os façam desempenhar suas tarefas de uma
maneira correta. Além dos encarregados terem de, individualmente, possuir tais
características, também devem trabalhar coletivamente no sentido de cultivar e preservar uma
imagem da organização de aplicação da lei que incuta confiança na sociedade à qual estejam
servindo e protegendo. A maioria das sociedades reconheceu a necessidade dos profissionais
de medicina e direito serem guiados por um código de ética profissional. A atividade, em
qualquer uma dessas profissões, é sujeita a regras, e a implementação das mesmas é gerida
por conselhos diretores com poderes de natureza jurídica. As razões mais comuns para a
existência de tais códigos e conselhos consistem no fato de que são profissões que lidam com
a confiança pública. Cada cidadão coloca seu bem-estar nas mãos de outros seres humanos
e, portanto, necessita de garantias e proteção para fazê-lo. Estas garantias estão relacionadas
ao tratamento ou serviço correto e profissional, incluindo a confidencialidade de informações,
como também a proteção contra (possíveis) consequências da má conduta, ou a revelação
de informações confidenciais a terceiros. Embora a maioria dessas caracterizações seja
igualmente válida à função de aplicação da lei, um código de ética profissional para os
encarregados da aplicação da lei, que inclua um mecanismo ou órgão supervisor, ainda não
existe na maioria dos países. Definição O termo Ética geralmente refere-se a: “...a disciplina
que lida com o que é bom e mau, e com o dever moral e obrigação... ...um conjunto de
princípios morais ou valores. os princípios de conduta que governam um indivíduo ou grupo
(profissional)... ...o estudo da natureza geral da moral e das escolhas morais específicas. ...as
regras ou padrões que governam a conduta de membros de uma profissão....... a qualidade
moral de uma ação; propriedade.”
Ética Pessoal, Ética de Grupo, Ética Profissional. As definições podem ser usadas em
três níveis diferentes, com consequências distintas: ética pessoal refere-se à moral, valores e
crenças do indivíduo. É inicialmente a ética pessoal do indivíduo encarregado da aplicação da
lei, que vai decidir o curso e tipo de ação a ser tomada em uma dada situação. Ética pessoal
pode ser positiva ou negativamente influenciada por experiências, educação e treinamento. A
pressão do grupo é um outro importante instrumento de moldagem para a ética pessoal do
indivíduo encarregado da aplicação da lei. É importante entender que não basta que esse
indivíduo saiba que sua ação deve ser legal e não arbitrária. A ética pessoal (as crenças
pessoais no bem e no mal, certo e errado) do indivíduo encarregado da aplicação da lei deve
estar de acordo com os quesitos legais para que a ação a ser realizada esteja correta. O
aconselhamento, acompanhamento e revisão de desempenho são instrumentos importantes
para essa finalidade. A realidade da aplicação da lei significa trabalhar em grupos, trabalhar
com colegas em situações às vezes difíceis e/ou perigosas, vinte e quatro horas por dia, sete
dias por semana. Estes fatores podem facilmente levar ao surgimento de comportamento de
grupo, padrões subculturais (isto é, linguagem grupal, rituais, nós contra eles, etc.), e a
conseqüente pressão sobre membros do grupo (especialmente os novos) para que se
conformem à cultura do grupo. Assim o indivíduo, atuando de acordo com sua ética pessoal,
pode confrontar-se com uma ética de grupo estabelecida e possivelmente conflitante, com a
pressão subsequente da escolha entre aceitá-la ou rejeitá-la. Deve ficar claro que a ética de
grupo não é necessariamente de uma qualidade moral melhor ou pior do que a ética pessoal
do indivíduo, ou vice-versa. Sendo assim, os responsáveis pela gestão em organizações de
aplicação da lei inevitavelmente monitorarão não somente as atitudes e comportamento em
termos de éticas pessoais, mas também em termos de ética de grupo. A história da aplicação
da lei em diferentes países fornece uma variedade de exemplos onde éticas de grupo
questionáveis levaram ao descrédito da organização inteira encarregada da aplicação da lei.
Escândalos de corrupção endêmica, envolvimento em grande escala no crime organizado,
racismo e discriminação estão frequentemente abalando as fundações das organizações de
aplicação da lei, ao redor do mundo. Estes exemplos podem ser usados para mostrar que as
organizações devem almejar níveis de ética entre seus funcionários que, efetivamente,
erradiquem esse tipo de comportamento indesejável. Quando nos consultamos com um
médico ou advogado por razões pessoais e privadas, geralmente não passa por nossas
cabeças que estamos agindo com grande confiança. Acreditamos e esperamos que nossa
privacidade seja respeitada e que nosso caso seja tratado confidencialmente. Na verdade,
confiamos é na existência e no respeito de um código de ética profissional, um conjunto de
normas codificadas do comportamento dos praticantes de uma determinada profissão. As
profissões médicas e legais, como se sabe, possuem tal código de ética profissional com
padrões relativamente parecidos em todos os países do mundo. Não se reconhece a profissão
de aplicação da lei como tendo alcançado uma posição similar em que exista um conjunto de
normas, claramente codificadas e universalmente aceitas, para a conduta dos encarregados
de aplicação da lei. No entanto, junto ao sistema das Nações Unidas, bem como junto ao
Conselho da Europa, desenvolveram-se instrumentos internacionais que tratam das questões
de conduta ética e legal na aplicação da lei. Esses são os instrumentos que serão discutidos
a seguir.
As práticas da aplicação da lei devem estar em conformidade com os princípios da
legalidade, necessidade e proporcionalidade. Qualquer prática da aplicação da lei deve estar
aplicação da lei devem abster-se de fazê-lo. O artigo 5° reitera a proibição da tortura ou outro
tratamento ou pena cruel, desumana ou degradante. O artigo 6° diz respeito ao dever de
cuidar e proteger a saúde das pessoas privadas de sua liberdade. O artigo 7° proíbe os
encarregados da aplicação da lei de cometer qualquer ato de corrupção. Também devem
opor-se e combater rigorosamente esses atos. O artigo 8° trata da disposição final exortando
os encarregados da aplicação da lei (mais uma vez) a respeitar a lei (e este Código). Os
encarregados da aplicação da lei são incitados a prevenir e se opor a quaisquer violações da
lei e do código. Em casos onde a violação do código é (ou está para ser) cometida, devem
comunicar o fato a seus superiores e, se necessário, a outras autoridades apropriadas ou
organismos com poderes de revisão ou reparação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Moral e ÉTICA. Disponível em: <https://www.psicologia.pt/instrumentos/etica.php>.
TAVARES, Durval. Uma licitação bem redonda. Disponível em: < http://seu-
bolso.bhaktimarga.mx/pdf/112>.
PORFíRIO, Francisco. "Diferença entre ética e moral"; Brasil Escola. Disponível em:
<https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/diferenca-entre-etica-moral.htm>.
NEME, Carmem Maria Bueno; SANTOS, Marisa Aparecida Bueno. Ética: conceitose
fundamentos. Disponível em:
<https://acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155316/1/unesp-
nead_reei1_ee_d05_texto1.pdf >.