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Ética e moral não são a mesma coisa.

A moral quase sempre está


ligada a um código cultural ou religião, enquanto a ética é universal.
Onde há problemas que a moral não consegue resolver deve prevalecer
a Ética.
Fonte: Filósofo Westerley [autor das Cartas Filosóficas]

O que é Ética e Moral: No contexto filosófico, ética e moral


possuem diferentes significados. A ética está associada ao estudo
fundamentado dos valores morais que orientam o comportamento
humano em sociedade, enquanto a moral são os costumes, regras,
tabus e convenções estabelecidas por cada sociedade.

Os termos possuem origem etimológica distinta. A palavra “ética”


vem do Grego “ethos” que significa “modo de ser” ou “caráter”. Já a
palavra “moral” tem origem no termo latino “morales” que significa
“relativo aos costumes”.

Ética é um conjunto de conhecimentos extraídos da investigação do


comportamento humano ao tentar explicar as regras morais de forma
racional, fundamentada, científica e teórica. É uma reflexão sobre a
moral.

Moral é o conjunto de regras aplicadas no cotidiano e usadas


continuamente por cada cidadão. Essas regras orientam cada
indivíduo, norteando as suas ações e os seus julgamentos sobre o
que é moral ou imoral, certo ou errado, bom ou mau.

No sentido prático, a finalidade da ética e da moral é muito


semelhante. São ambas responsáveis por construir as bases que vão
guiar a conduta do homem, determinando o seu caráter, altruísmo e
virtudes, e por ensinar a melhor forma de agir e de se comportar em
sociedade.

6 Exemplos de ética e moral


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A ética tem como fundamento explicar as regras e comportamentos morais do ser
humano de maneira racional e científica, através de legislações que legitimam este
comportamento perante a sociedade.
Já a moral está relacionada com o conjunto de regras aplicadas no cotidiano por
cada cidadão, conforme seu próprio entendimento entre o que é certo ou errado.
Em um contexto filosófico, a ética e a moral possuem significados diferentes,
porém bastante relacionados nas questões de conduta de um indivíduo em
sociedade. Veja alguns exemplos de ética e moral:

1. Ajudar a quem precisa


Quando alguém lhe pede alguma ajuda financeira na rua ou algum idoso lhe pede
auxílio para atravessar a rua, você tem a opção de ajudar ou não.

Pela ética, você não seria obrigado a ajudar em nenhuma das situações. Entretanto,
a moral, por estar mais relacionada com os valores individuais, pode permitir
com que reflita sobre aquela situação e ofereça a ajuda necessária.
2. Cometer atos ilícitos
Esta é uma questão importante para ser refletida dentro dos conceitos da moral e
da ética.

Situações ilícitas como roubar ou matar, são, por lei, possíveis de punição e
entendemos que pela ética seriam então uma atitude ilegal e, moralmente falando,
não condizem com os bons valores e costumes da sociedade.

Portanto, cometer atos ilícitos como roubar e matar são considerados pela ética e
pela moral ações que possuem punições, sejam elas legais ou morais.

3. Jogar lixo na rua


Este também é um exemplo onde a reflexão sobre a ética e a moral são postas em
prática.

Se ao caminhar por uma via pública, uma pessoa estiver com alguma embalagem
que pretenda se desfazer, pela ética ela deve jogar esta embalagem no lixo, que
seria o correto, inclusive pela moral.

Entretanto ela decide jogar a embalagem na via pública, o que pela ética, apesar de
não ser uma atitude punitiva, é tida como algo ruim, pois além de sujar a rua essa
pessoa pode estar dando um mal exemplo para que outros indivíduos possam vir a
cometer este mesmo ato.

Num sentido mais amplo, a finalidade das duas é muito semelhante, pois tanto a
ética quanto a moral são responsáveis por construir as bases que vão guiar a
conduta do homem e a melhor forma de agir em sociedade.

4. Furar fila
Outra questão que exemplifica a reflexão sobre a ética e a moral é a ação de furar
fila em locais de atendimento público, como bancos, restaurantes, etc.

O correto, pela ética seria respeitar a ordem e aguardar a sua vez. Entretanto, esta
ação não é algo que implique grandes punições e uma pessoa pode cometer, se
achar que esteja correto fazer isso, mesmo que moralmente não seja o mais
correto.
5. Maltratar animais
Esta é uma atitude bem polêmica e controversa na reflexão sobre a ética e a moral,
pois é preciso levar em conta que em determinados países, cada grupo ou
sociedade possui seu próprio código de ética relacionado à esta questão.

É fato, que moralmente falando, maltratar animais é uma atitude negativa. Porém,
em um determinado país, por exemplo, utilizar animais para pesquisa
científica pode ser considerado ético, devido ao código de ética já estabelecido. Já
para outra região, esta atitude pode ser considerada um desrespeito aos princípios
estabelecidos por aquele país.

Veja mais sobre o Código de Ética.


6. Prejudicar algum colega de trabalho
No ambiente de trabalho, é comum que se tenha a chamada ética profissional, onde
se supõe que todos os funcionários ajam de acordo com estes princípios.

Veja mais sobre a Ética Profissional.


Entretanto, se por razões de crescimento pessoal dentro da empresa, algum
funcionário resolver prejudicar algum colega de trabalho, esta atitude, seja pela
ética ou pela moral, não é considerada como algo correto.

Além deste funcionário não estar agindo de acordo com o código de ética
profissional, moralmente falando, não é algo que condiz com o que a sociedade
considere correto.

Significado de Moral
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O que é Moral:
Moral é o conjunto de regras adquiridas através da cultura, da educação,
da tradição e do cotidiano, e que orientam o comportamento humano dentro de
uma sociedade.
Etimologicamente, o termo moral tem origem no latim morales, cujo significado é
“relativo aos costumes”.
As regras definidas pela moral regulam o modo de agir das pessoas, sendo uma
palavra relacionada com a moralidade e com os bons costumes.

Está associada aos valores e convenções estabelecidos coletivamente por cada


cultura ou por cada sociedade a partir da consciência individual, que distingue o
bem do mal, ou a violência dos atos de paz e harmonia.

Os princípios morais como a honestidade, a bondade, o respeito, a virtude, e etc,


determinam o sentido moral de cada indivíduo. São valores universais que regem a
conduta humana e as relações saudáveis e harmoniosas.
Ética e Moral
A moral orienta o comportamento do homem diante das normas instituídas pela
sociedade ou por determinado grupo social.

Diferencia-se da ética no sentido de que esta tende a julgar o comportamento


moral de cada indivíduo no seu meio. No entanto, ambas buscam o bem-estar
social.

Saiba mais sobre o significado de Ética e Moral.


Assédio moral
De acordo com o artigo 483 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o assédio
moral acontece quando o comportamento de um individuo foge às regras
estabelecidas socialmente ou no contrato de trabalho.
Ser submetido a situações vexatórias, críticas não-construtivas constantes e a
humilhação são características do assédio moral.

Moral da história
Esta expressão normalmente é utilizada depois de uma história que indica a lição
que se é possível aprender com essa narrativa. É uma expressão bastante comum
em fábulas e contos populares.

Moral na filosofia
Na filosofia, moral tem uma significação mais abrangente que ética, e que define as
"ciências do espírito", que contemplam todas as manifestações que não são
expressamente físicas no ser humano.

Hegel fez a diferenciação entre a moral objetiva, que remete para a obediência às
leis morais (estabelecidas pelos padrões, leis e tradições da sociedade); e a moral
subjetiva, que aborda o cumprimento de um dever pelo ato da sua própria
vontade.
Na literatura, particularmente na literatura infantil, a moral se resume a uma
conclusão da história narrada cujo objetivo é transmitir valores morais (certo e
errado, bom e mau, bem ou mal, etc.) que possam ser aplicados nas relações
sociais.

Moral, amoral e imoral


As definições de amoral e imoral estão relacionadas com a moral, no entanto
expressão significados distintos.

A imoral é todo o tipo de comportamento ou situação que contraria os princípios


estabelecidos pela moral. Por exemplo, a falta de pudor, a indecência e etc.
Já um comportamento ou situação amoral é a ausência do conhecimento ou noção
do que seja a moral. As pessoas com comportamentos amorais não sabem quais os
princípios morais de determinada sociedade, por isso não segue-os.
Saiba mais sobre o significado de amoral e imoral.
Significado de Ética
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O que é Ética:
Ética é o nome dado ao ramo da filosofia dedicado aos assuntos morais. A
palavra ética é derivada do grego, e significa aquilo que pertence ao caráter.
Num sentido menos filosófico e mais prático podemos compreender um pouco
melhor esse conceito examinando certas condutas do nosso dia a dia, quando nos
referimos por exemplo, ao comportamento de alguns profissionais tais como um
médico, jornalista, advogado, empresário, um político e até mesmo um professor.
Para estes casos, é bastante comum ouvir expressões como: ética médica, ética
jornalística, ética empresarial e ética pública.

A ética pode ser confundida com lei, embora, com certa frequência, a lei tenha
como base princípios éticos. Porém, diferentemente da lei, nenhum indivíduo pode
ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas,
nem sofrer qualquer sanção pela desobediência a estas; mas a lei pode ser omissa
quanto a questões abrangidas pela ética.

A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à vertente profissional.
Existem códigos de ética profissional que indicam como um indivíduo deve se
comportar no âmbito da sua profissão. A ética e a cidadania são dois dos conceitos
que constituem a base de uma sociedade próspera.
Ética e Moral
Ética e moral são temas relacionados, mas são diferentes, porque moral se
fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais,
hierárquicos ou religiosos e a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo
pensamento humano.
Na filosofia, a ética não se resume à moral, que geralmente é entendida como
costume, ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor
modo de viver; a busca do melhor estilo de vida. A ética abrange diversos campos,
como antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, política, e até
mesmo educação física e dietética.

Ética no Serviço Público


O tema da ética no serviço público está diretamente relacionada com a conduta dos
funcionários que ocupam cargos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme
um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé e outros princípios
necessários para uma vida saudável no seio da sociedade.

Quando uma pessoa é eleita para um cargo público, a sociedade deposita nela
confiança, e espera que ela cumpra um padrão ético. Assim, essa pessoa deve estar
ao nível dessa confiança e exercer a sua função seguindo determinados valores,
princípios, ideais e regras. De igual forma, o servidor público deve assumir o
compromisso de promover a igualdade social, de lutar para a criação de empregos,
de desenvolver a cidadania e de robustecer a democracia. Para isso ele deve estar
preparado para pôr em prática políticas que beneficiem o país e a comunidade no
âmbito social, econômico e político.

Um profissional que desempenha uma função pública deve ser capaz de pensar de
forma estratégica, inovar, cooperar, aprender e desaprender quando necessário,
elaborar formas mais eficazes de trabalho. Infelizmente os casos de corrupção no
âmbito do serviço público são fruto de profissionais que não trabalham de forma
ética.

Ética Imobiliária
A ética no ramo imobiliário diz respeito à forma como os agentes ou corretores
imobiliários interagem com os possíveis clientes.

No mercado imobiliário, um dos valores mais importantes é a credibilidade, que é


um valor que se conquista trabalhando de forma ética. Muitos agentes imobiliários
forçam uma venda ou um imóvel, sendo que muitas vezes escondem detalhes que
sabem que irão prejudicar o cliente no futuro. Trabalhar de forma ética é pensar no
bem comum e deixar o individualismo para trás. O profissional deve procurar a
satisfação mútua das partes. Quando um negócio é conduzido e fechado e forma
ética, a probabilidade da fidelização do cliente é muito maior.

O mundo imobiliário lida com mercadorias intangíveis, como a ética, o bom senso,
a criatividade, o profissionalismo, o conhecimento do produto, etc. Desta forma,
um agente imobiliário inteligente, profissional e com ética atua com justiça e
decência, sabendo que o âmago da sua profissão não é lidar com imóveis e sim
construir relações saudáveis e tornar sonhos em realidade.

O empresário Fábio Azevedo afirma que: "Para vender com ética, primeiro, venda
para você mesmo, depois compre de você mesmo, se você ficar satisfeito, estará no
caminho."

Ética a Nicômaco
O livro intitulado "Ética a Nicômaco" é da autoria de Aristóteles e foi dedicado ao
seu pai, cujo nome era Nicômaco. Esta é a principal obra de Aristóteles sobre Ética
e é constituída por dez livros, onde Aristóteles é como um pai que está preocupado
com a educação e felicidade do seu filho, mas também tem por objetivo fazer com
que as pessoas pensem sobre as suas ações, colocando assim a razão acima das
paixões, procurando a felicidade individual e coletiva, porque o ser humano vive
em sociedade e as suas atitudes devem ter em vista o bem comum. Nas obras
aristotélicas, a ética é vista como parte da política que precede a própria política, e
está relacionada com o indivíduo, enquanto que a política retrata o homem na sua
vertente social.

Para Aristóteles, toda a racionalidade prática visa um fim ou um bem e a ética tem
como propósito estabelecer a finalidade suprema que está acima e justifica todas
as outras, e qual a maneira de alcançá-la. Essa finalidade suprema é a felicidade, e
não se trata dos prazeres, riquezas, honras, e sim de uma vida virtuosa, sendo que
essa virtude se encontra entre os extremos e só é alcançada por alguém que
demonstre prudência.

Esta obra foi muito importante para a história da filosofia, uma vez que foi o
primeiro tratado sobre o agir humano da história.

Ética e Moral
Leonardo Boff
Teólogo

Publicado no jornal O POVO, dia 04 de julho de 2003

Que é ética, que é moral? É a mesma coisa ou há distinções a serem feitas? Há


muita confusão acerca disso.

Tentemos um esclarecimento. Na linguagem comum e mesmo culta, ética e


moral são sinônimos. Assim dizemos: Aqui há um problema ético ou um
problema moral . Com isso emitimos um juízo de valor sobre alguma prática
pessoal ou social, se boa, se má ou duvidosa.

Mas, aprofundando a questão, percebemos que ética e moral não são sinônimos.
A ética é parte da filosofia. Considera concepções de fundo, princípios e valores
que orientam pessoas e sociedades. Uma pessoa é ética quando se orienta por
princípios e convicções. Dizemos, então, que tem caráter e boa índole. A moral
é parte da vida concreta. Trata da prática real das pessoas que se expressam
por costumes, hábitos e valores aceitos. Uma pessoa é moral quando age em
conformidade com os costumes e valores estabelecidos que podem ser,
eventualmente, questionados pela ética. Uma pessoa pode ser moral (segue
costumes) mas não necessariamente ética (obedece a princípios).

Embora úteis, estas definições são abstratas porque não mostram o processo
como a ética e a moral, efetivamente, surgem. E aqui os gregos nos podem
ajudar.

Eles partem de uma experiência de base, sempre válida, a da morada entendida


existencialmente como o conjunto das relações entre o meio físico e as pessoas.
Chamam à morada de ethos (em grego com a letra e pronunciada de forma
longa). Para que a morada seja morada, precisa-se organizar o espaço físico
(quartos, sala, cozinha) e o espaço humano (relações entre os moradores entre
si e com seus vizinhos), segundo critérios, valores e princípios para que tudo flua
e esteja a contento.

Isso confere caráter à casa e às pessoas. Os gregos chamam a isso também de


ethos. Nós diríamos ética e caráter ético das pessoas. Ademais, na morada, os
moradores têm costumes, maneiras de organizar as refeições, os encontros,
estilos de relacionamento, tensos e competitivos ou harmoniosos e cooperativos.
A isso os gregos chamavam também de ethos (com a letra e pronunciada de
forma curta). Nós diríamos moral e a postura moral de uma pessoa.

Ocorre que esses costumes (moral) formam o caráter (ética) das pessoas.
Winnicot, prolongando Freud, estudou a importância das relações familiares para
estabelecer o caráter das pessoas. Elas serão éticas (terão princípios e valores)
se tiverem tido uma boa moral (relações harmoniosas e inclusivas) em casa.

Os medievais não tinham as sutilezas dos gregos. Usavam a palavra moral (vem
de mos/mores) tanto para os costumes quanto para o caráter. Distingüiam a
moral teórica (filosofia moral) que estuda os princípios e as atitudes que iluminam
as práticas, e a moral prática que analisa os atos à luz das atitudes e estuda a
aplicação dos princípios à vida.

Qual é ética e a moral vigentes hoje? É a capitalista. Sua ética diz: bom é o que
permite acumular mais com menos investimento e em menos tempo possível.
Sua moral concreta reza: empregar menos gente possível, pagar menos salários
e impostos e explorar melhor a natureza. Imaginemos como seria uma casa e
sociedade (ethos) que tivessem tais costumes (moral/ethos) e produzisse
caracteres (ethos/moral) assim conflitivos? Seria ainda humana e benfazeja à
vida? Eis a razão da grave crise atual.
Axiologia

O fundamento filosófico para a idéia da


Axiologia.
Por André Vinicius Dias Senra em 23/07/2009

Axiologia

A Axiologia é uma parte importante do estudo filosófico. Axiologia pode ser


denominada como Teoria dos Valores, pois, o sentido do termo axiologia indica,
etimologicamente, o estudo que se ocupa com a consideração dos aspectos valorativos.

Toda filosofia é a busca da compreensão de certas respostas em relação aos problemas


fundamentais suscitados pela experiência humana, isto é, qualquer estudo filosófico
se apresenta como verificação de certas respostas, ou ainda, se estas resolvem estas
questões que são propostas de modo problemático. Neste sentido, é possível dizer que
cada experiência é conseqüência de um juízo de valor. O juízo de valor é prévio em
relação à ação individual, pois, estabelece um modo de encarar as coisas que não só
antecede, mas determina um modo de agir. Os juízos de valor são constitutivos da
estrutura cognitiva e resultam diretamente, como parte integrante, naquilo que
denominamos como experiência. E isto, desde a mais tenra infância na vivência
individual.

Assim sendo, a valoração é, na verdade, um ato subjetivo de valorar. Subjetivo é o que


se refere ao sujeito que pensa, questiona, sente, imagina, compara, quer, ou ainda, o
sujeito que escolhe uma opção mediante sua própria condição. Valorar é conferir
valor, seja a alguém, a uma situação ou mesmo a uma idéia (trata-se de buscar o motivo
do valor ou de sua ausência). O ato de valorar é determinante no modo como cada
indivíduo observa o mundo, e, por isto mesmo, tal ato está diretamente relacionado
com as próprias escolhas de vida que uma pessoa pode ter. O vocábulo valorar não é
o mesmo que valorizar, pois, este sugere uma associação da idéia do valor com um
sentido materialista.

O materialismo conduz necessariamente às ações interessadas, ou até interesseiras. No


entanto, deve-se enfatizar que o ato de valoração é o modo individual de pensar que
motiva as pessoas, em geral, a agirem de acordo com a própria liberdade . A
tematização da noção de liberdade, a partir da referência com a Axiologia, indica que
tal discussão confere humanidade às nossas ações. Por esta razão, a Axiologia pode
ser tematizada propriamente como Teoria dos Valores. A abordagem de tais aspectos
pode ser desenvolvida em dois sentidos, a saber, no sentido moral e no sentido ético.
Portanto, ao mencionarmos as palavras ‘ética’ ou ‘moral’, já estamos tentando
compreender, de modo axiológico, ou melhor, de modo valorativo as ações humanas.
Examinar alguma consideração valorativa, indica falar em termos de busca do
significado. O tratamento de uma teoria do significado não teria o menor sentido se
não contivesse uma abordagem axiológica e existencial. Tendo em vista que a
Axiologia está voltada para a atividade humana, logo, este assunto pertence à Filosofia
Prática. Ao que parece, a questão axiológica pode ser formulada do seguinte modo:
Qual a importância de se pensar numa teoria dos valores tendo como referência o
convívio em sociedade ? O reino mineral não tem um mundo de valorações. O reino
vegetal não tem um mundo de valorações. O reino animal é dividido em racional e
irracional, donde se conclui que os animais irracionais possuem um mundo pobre de
valorações e apenas os seres humanos, por admitirem um comportamento baseado na
razão, possuem um mundo de valores . Assim sendo, a consciência só pode ser um
assunto, se houver a tematização axiológica.

Quando uma certa pessoa não consegue adequar sua própria conduta à uma
determinação restritiva de sua liberdade individual, temos uma postura moral.
Contudo, se um indivíduo observa a lei e as regras (que, supõe-se, pretendem uma
validade universal), e procura respeitar este limite, temos uma conduta baseada na
ética. Kant enunciou a ‘regra de ouro’ da ética do seguinte modo: “Age de tal modo
que a sua vontade possa valer sempre ao mesmo tempo como princípio de uma
legislação universal”. Basicamente, as ações morais são motivadas por interesses
individuais, enquanto as ações éticas se orientam por questões que apelam para
compreensão de razões em comum. Em relação à ética, não se trata exatamente de um
respeito forçado ou condicionado, pois, para ser ético, um indivíduo precisa, antes,
compreender o significado da regra, aceitar isto por sua própria vontade e reconhecer
a importância da ética para o bom funcionamento da convivência em sociedade.

Do ponto de vista ético, as ações humanas só possuem valor quando representam


autenticamente o que uma pessoa aceita como um valor seu. A internalização da regra
ética pressupõe a aceitação da mesma por meio da livre vontade do sujeito. A
aceitação, por parte do sujeito, do argumento em prol da ética, deveria ser através de
um convencimento das razões que sustentam a petição por uma ação ética. Ética é a
disciplina do ‘dever ser’. A ética está para as ações práticas, tal como a lógica está
para os pensamentos. Ambas são legisladoras da razão. Só pode haver ética, se houver
uma genuína adequação entre discurso, pautado em princípios válidos em geral, e a
ação individual. Obviamente, regras são determinações e o cumprimento destas, é
irrevogável. Mas uma regra deste tipo, não está inscrita em um código e, por vezes,
caso não seja cumprida, o que pode acarretar é a falta de união nos negócios humanos.
Esta falta de união se caracteriza como impossibilidade de diálogo, e assim, como
irracionalidade nas relações. Costuma-se pensar que os códigos jurídicos expressam o
que deve ser, e por isso, se caracterizam como códigos éticos. No entanto, para haver
ética, não basta uma teoria ou lei, precisa-se, apenas, de uma ação que venha se
adequar a um testemunho verdadeiro, ou seja, do discurso ético para a ação ética. Sem
ética, não existe qualquer possibilidade de travar contato minimamente amistoso,
estável, respeitoso no sentido da construção dos aspectos positivos das relações
humanas. Se um indivíduo segue as regras, de tal modo que não haja nenhum histórico
que indique alguma transgressão, ainda assim não é possível dizer que sua ação é ética,
pois, de fato, pode ser que ele só aceite as regras por conta da consideração ao temor
de ser apanhado em flagrante ou ainda da obtenção de algum benefício. Se a ética quer
predizer o que é certo de um modo em geral no que se refere ao comportamento
humano, o objetivo se refere à sociabilidade das relações, o que indica que sua
finalidade é reduzir a possibilidade de atrito e desentendimento nas relações humanas.
Considerações Finais

A minha ideia, no texto, foi marcar a Axiologia como sendo aquela parte da Filosofia
que se ocupa com questões práticas. A conduta humana se orienta pelo modo de
valoração. Questões éticas são mais teóricas do que práticas, e isto porque a ética se
apresenta de um modo mais normativo do que a moral. Ética é disciplina do ‘dever
ser’, e é realmente tal qual uma lógica para a conduta humana porque encontra-se
baseada em regras. A Ética pretende estabelecer o que é certo ou errado, e isto a partir
de uma consideração universal.

Ora, todo universal é tão abstrato que sequer o vivenciamos em nossas experiências.

Vivenciamos situações relativas às nossas vidas (situações concretas ou particulares),


o que é incomparável. Mas a questão do universal continua presente, e sua função é
estabelecer um critério para os particulares, portanto, assume a função de estabelecer
critérios de comparação, e principalmente, de estabelecer parâmetros para o juízos de
valor. Não é necessário que haja conflito entre ética e moral, a menos que aquilo que
seja requerido de um ponto de vista ético não venha a se adequar à uma postura moral
(que é sempre individual). A doutrina de Jesus Cristo, nesta matéria, ensinava o
testemunho verdadeiro, ou seja, que o que é dito deve corresponder de modo autêntico
ao que se pensa e ao que se sente. Ou ainda que a manifestação comportamental
expresse exatamente o que é defendido em tese. Este ensinamento pode ser verificado
nas palavras: ‘não julgueis para não serdes julgado’; ‘quem não tiver pecado que atire
a primeira pedra (em Madalena)’; E isto porque Jesus enfatizava a questão da
importância do testemunho verdadeiro, ou seja, que aquilo que falamos e fazemos
represente exatamente aquilo que pensamos. Melhor ensinamento filosófico não há.

ANEXO 1
Podemos classificar os assuntos axiológicos do seguinte modo:
Ética Moral
Baseada em princípios Baseada em contextos
Bem, no sentido da universalidade Bem, no sentido do relativismo
Apelo para adequação das volições às regras Apelo para a tomada de decisão
Público imediatista/pragmática
Finalidade coletiva Particular
Finalidade individual
Voltada para significação (razões Voltada para as coisas, situações
internalistas) (razões externalistas)
Baseada em ações desinteressadas (do Baseada em ações interessadas
ponto de vista individual) (do ponto de vista individual)

ANEXO 2
A questão da teoria do valores refere-se à possibilidade de comportar as ações livres
com aquilo que é esperado do sujeito enquanto ação apropriada a certos fins.
Liberdade => Indivíduo x Regras => V ou F (lógica)/C ou
E (Ética)
ANEXO 3
Valor:
1) Material = visar o bem no sentido concreto / bens materiais = riqueza.
2) Sentimental = visar o bem no sentido da significação / vivência significativa =
felicidade.

OBS: O senso comum confunde a busca da felicidade com a busca de melhores


condições de um ponto de vista material. Dinheiro não traz felicidade, mas facilidade
para alcançar certos objetivos, e quem sabe, utilidade se for bem empregado. Em geral,
dinheiro é um valor importante em nossa sociedade em função de originar uma
sensação de liberdade para quem detém quantia acumulável. No entanto, esta sensação
é falsa, pois, a pessoa que julga ser dona do dinheiro é, na verdade, sua escrava.
Dinheiro tem a ver com poder e promove um comportamento que separa indivíduos.
Poder é poder mostrar, fazer, ostentar, etc, em benefício próprio. Poder não é algo que
se divide, e pela mesma razão, dinheiro deve ser acumulado, pois, tanto o dinheiro
quanto o poder perdem sua finalidade quando são distribuídos. Felicidade não tem a
ver com poder, menos ainda com dinheiro, e é algo bem mais intimista no sentido que
inibe o sentimento de oposição que um indivíduo poderia ter, naturalmente, em relação
a qualquer outro. Não é sem razão que se diz que a felicidade é um estado de espírito.

*André Vinícius Dias Senra é professor de Filosofia da rede estadual de ensino, da


The British School do Rio de Janeiro, e da Pós-Graduação em Filosofia Medieval
da Faculdade de São Bento do Rio de Janeiro e doutorando em Epistemologia pela
UFRJ.

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