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CIÊNCIAS JURÍDICAS
Tópicos Especiais das Ciências Jurídicas
Resumo
Palavras-chave
Introdução
Desenvolvimento
Assim, a moral diz respeito ao indivíduo, ainda que pertencente a um grupo social,
enquanto a ética é teórica e se refere ao que o grupo social considera correto e
moralmente aceito. Como bem salienta Zanon, entretanto:
Cabe referir que os julgamentos morais e éticos influenciam, ainda que de forma
inconsciente, as tomadas de decisões das pessoas, ainda que seja no sentido de
justamente contrariar aquilo que entendem como certo. Por exemplo, não é
incomum que uma pessoa, ao subtrair indevidamente os pertences de outra,
entenda que sua conduta é moralmente inadequada, pois contrária àquilo que
entende como valioso, e ainda eticamente reprovável, porquanto incompatível com
os ditames compartilhados intersubjetivamente em comunidade, embora mesmo
assim proceda por crer, por exemplo, que não será descoberta nem punida.
Outrossim, quando se afirma que a Moral e a Ética influenciam e orientam a
tomada de decisão, isto muito obviamente não significa que ambas sejam forças
1
naturais que causem determinada conduta.
1
Zanon, Orlando Luiz. Moral, Ética e Direito, REVISTA DA ESMESC, v. 21, n. 27, 2014
Um dos fundamentos da ação política, além do uso no cotidiano das pessoas,
é a questão da sua relação com a ética. Para estudarmos mais esse campo,
vamos nos aprofundar um pouco sobre o tema da Moral, que é o imenso
campo de investigação e análise da ética.
Aristóteles compreendia a ética como a finalidade de se viver bem, ter uma boa
vida, tanto em relação a si mesmo como em relação aos outros (na cidade, a
“pólis”, que é a Cidade-Estado na Grécia antiga 3). Viver uma boa vida para ele
é ter uma vida reta e virtuosa.
Há, ainda, a necessidade de o indivíduo ter consciência do que faz, ter pleno
discernimento e livre vontade. Se a pessoa não sabe o que faz ou está coagida
a agir de alguma forma não se poderá afirmar se possui ou não comportamento
ético. Assim, por exemplo, uma pessoa que ajuda outra, estando sob grave
ameaça, não está agindo por influência de um argumento moral ou ético, mas
sob coação, nesse caso, não há virtude.
5
REALE, Miguel. Lições preliminares de Direito. 29° edição, ajustada ao novo Código Civil, 6°
Tiragem
transgressão dos dispositivos considerados indispensáveis à paz social
(REALE, 1993).
Nosso próximo tópico trata, de forma concisa, sobre a evolução das ideias
sobre a moral e a ética, para depois adentrarmos no tema propriamente dito,
da moral em seu entrelaçamento com o direito.
6
Ramos, Flamarion Caldeira. Coordenador. Manual de Filosofia Política. Saraiva. 2012. p.143.
da sociedade sociais antagônicas.
7
SANTOS, Washington dos. S337. Dicionário jurídico brasileiro / Washington dos Santos. -
Belo Horizonte : Del Rey, 2001.Disponível em
http://www.ceap.br/artigos/ART12082010105651.pdf
8
SANTOS, Obra citada, p.30
9
SANTOS, Obra citada, p.31.
extrajudicialmente. Ao contrário, usa-se o poder Ad negocia nos mandatos em
geral para conferir poderes para atuação para fins extrajudiciais, como um
contrato, por exemplo.
Ad quem.Para quem. 1 Diz-se do juiz ou tribunal a que se recorre de
sentença ou despacho de juiz inferior. 2 Dia marcado para a
execução de uma obrigação. Se contrapõe a:
A quo. De que, do qual. Dia a partir do qual se começa a contagem
dos prazos da lei. Também designa juiz ou tribunal de instância
10
inferior
Ad quem significa juízo de instância superior, para o qual, seguem os
recursos. A quo é uma expressão que significa, sua origem.
A non domino.Transferência de bens, móveis ou imóveis, por parte
11
de quem não é o proprietário.
Diz-se da transferência de bens móveis ou imóveis, por quem não é seu
legítimo dono. Nesse caso a venda é considerada nula de pleno direito. Pode,
eventualmente, serem reconhecidos direitos (de indenização, por exemplo) ao
adquirente de boa fé.
Audiatur et altera pars. Que a outra parte seja também ouvida.
Para haver imparcialidade e justiça no julgamento, deve-se ouvir a
12
defesa depois da acusação.
É a consagração do princípio do contraditório, pelo qual a outra parte deve
sempre ser ouvida.
Bis de eademre non sitactio. Não haja dupla ação sobre a mesma
13
causa.
Não pode haver ação sobre mesma causa de pedir, pedido e partes. É a
chamada litispendência, que pode ser alegada sempre que isso ocorra.
Causamortis.A causadamorte. Serve para distinguir os atos de
última vontade ou os atos detransmissão de propriedade,
após a morte, dos atos de transmissão entre vivos, inter
vivos. Também seemprega com relação ao imposto pago
14
sobre a importância líquida da herança ou legado.
10
ARAUJO, Ruy Magalhães. Expressões Jurídicas Latinas Aplicadas ao Cotidiano
Forense(Pequeno Dicionário Comentado), p. 9,disponível em
https://www.passeidireto.com/arquivo/11228171/dicionario-de-expressoes-juridicas-latinas
11
Michaelis, Dicionário Brasileiro de Língua Portuguesa. Editora
Melhoramentos.2017.Disponível em
http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=lit%EDgio
12
ARAUJO, Idem p. 14.
13
ARAUJO, idem p. 16
14
ARAUJO, Idem p. 19.
Causamortis é expressão oposta à expressão intervivos. Servem para gerar,
respectivamente, em caso de transmissão de bens, o imposto denominado
ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de Bens ou
Direitos), no caso de morte de alguém ou ITBI (Imposto sobre Transmissão de
Bens Imóveis), quando se trata de transação entre pessoas vivas.
25
Ex lege.Por força da lei: Foi nomeado ex lege.
Assim, por exemplo, a obrigação tributária é ex lege, ou seja, a lei tributária
prevê as hipóteses de incidência e o fato gerador, entre outros detalhes da
obrigação.
Exofficio. Por obrigação, por dever do cargo. Diz-se do ato realizado
26
sem provocação das partes.
Há casos em que mesmo sem a parte solicitar, há por parte do Judiciário,
cautelas ao realizar determinado ato, como por exemplo, o envio ao Tribunal
para reexame necessário do processo em certas hipóteses.
27
Extunc. Desde então. Com efeito retroativo.
É o contrário de ex nunc que significa a partir de agora, sem retroagir.
Observe-se que os atos nulos produzem efeitos retroativos, isto é, extunc
enquanto osanuláveis possuem efeitosex nunc.
28
Factumprincipis. Fato do príncipe. Em direito trabalhista,
cessação do trabalho por imposição da autoridade pública, sem culpa
do empregador, ficando o governo responsável pela indenização
29
devida ao empregado (CLT, art. 486).
21
Artigo 3º que "ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece."
BRASIL. 1942. Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del4657compilado.htm
22
ARAUJO, Idem p. 37
23
ARAUJO, Idem p. 42
24
“a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas
rogatórias” Brasil, 1988, (Incluída pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004), BRASIL.
1988 Constituição da República Federativa do Brasil . Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
25
ARAUJO, Idem p. 39
26
ARAUJO, Idem p. 39
27
ARAUJO, Idem p. 40
28
ARAUJO, Idem p. 44
29
Art. 486 - No caso de paralisação temporária ou definitiva do trabalho, motivada por ato de
autoridade municipal, estadual ou federal, ou pela promulgação de lei ou resolução que
impossibilite a continuação da atividade, prevalecerá o pagamento da indenização, que ficará a
cargo do governo responsável. (Redação dada pela Lei nº 1.530, de 26.12.1951)BRASIL, 1943. CLT.
Outra situação: Fato do príncipe é um ato do Estado, como uma Lei ou decisão
administrativa, por exemplo, que vem a trazer resultados que dificultam ou não
permitem o cumprimento de um Contrato administrativo. Assim, a parte não
tem como agir e não pode dar cabal cumprimento ao contrato firmado com a
própria Administração pública, em virtude de ato editado por ela mesma.
Habeas corpus. Que tenhas o corpo. Recurso judicial que garante o
direito de liberdade de locomoção, por ilegalidade ou por abuso de
30
poder.
O caso mais comum de impetração de habeas corpus é a prisão ilegal por
autoridade policial. Nesse caso, o advogado peticiona ao Tribunal e um
habeascorpus libera o réu da prisão, que continuará respondendo ao
processo em liberdade.
In dubio pro reo. Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a prática de
um delito ou sobre alguma circunstância relativa a ele deve
31
favorecer o réu.
Esse é um dos maiores direitos para o homem. Se há dúvida sobre a
materialidade ou a autoria, deve o réu ser favorecido. Por outro lado, a lei penal
não pode retroagir se não for para beneficiar o réu.32
33
Intuitu personae. Em consideração à pessoa.
Muitos contratos são celebrados tendo-se em vista da pessoa que vai executar
um trabalho ou tarefa. Por exemplo: contratar um advogado para uma ação
será intuitu personae, pois, em razão da confiança depositada, somente ele
poderá dar cumprimento ao ato.
Juris et de jure. Dedireito e por direito. Estabelecido por lei e
34
considerado por esta como verdade.
Trata-se aqui de uma presunção de certos atos, que não admitem prova em
contrário. Por outro lado, inversamente, temos a expressão latina juris tantum
para a qual se admite prova em contrário. Exemplo: A presunção de inocência
no Direito Penal é Juris tantum , admitindo prova em contrário.
Jussanguinis. Direito de sangue. Princípio que só reconhece como
nacionais os filhos de pais nascidos no país.
35
ARAUJO, Idem p. 58
36
ARAUJO, Idem p. 70
37
ARAUJO, Idem p. 72
38
Michaelis. Obra citada
39
ARAUJO, p. 83
40
ARAUJO, p. 94
Para que possamos comentar alguns verbetes funcionais do direito, vamos
primeiro falar um pouco sobre a teoria funcional do direito de Norberto Bobbio,
fazendo nossas observações adaptadas em relação ao Estado brasileiro.
Com o início do Estado de bem-estar social, previsto na Constituição Brasileira
de 1988, o papel do direito deixou de ser apenas coercitivo para punir os
infratores dos atos ilícitos e proteger os atos lícitos. A partir de então, o Estado
passa a agir de forma positiva, ora intervindo no domínio econômico, ora no
meio social, para incentivar e promover os direitos individuais e a igualdade de
oportunidades a todos, entre outros direitos.
Segundo Bobbio, em sua obra “Da estrutura à função: novos estudos de teoria
do direito”. 41 As políticas de estímulo ou encorajamento social ou, ao contrário,
as de desencorajamento, visam a operar mudanças na sociedade ou, de outra
forma, desencorajar atitudes, para estimular a manutenção de situação
existente ou conservação social. As medidas de desencorajamento são sempre
mais comuns, pois o direito tende a manter o status quo, sendo essas técnicas
ainda dominantes na teoria do direito.
42
A CF de 1988 passa, portanto, a ser uma Constituição programática
, para,
em muitas ocasiões, “promover” ações que objetivamo bem-estar social. O
verbo “promover” é um dos que mais aparece na CF de 1988.
A respeito do assunto, Paulo Bonavides salienta:
A Constituição brasileira de 1988, por exemplo, classificada pela doutrina como
uma Constituição do Estado Social, prevê como objetivo da República "promover o
bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade, e quaisquer
outras formas de discriminação" (Art. 3, IV); é dever do Estado promover a defesa
do consumidor (art. 5º, XXXII), promover a defesa contra calamidades públicas
(art. 21, XVIII), promover programas de construção de moradias e a melhoria das
condições habitacionais e de saneamento básico (art. 23, IX), combater as causas
da pobreza e da marginalização, promovendo a integração social dos setores
desfavorecidos (art. 23, X); é dever dos Municípios promover a proteção do
patrimônio histórico-cultural local (art. 30,IX); é dever do Presidente o do Vice-
Presidente da República prestar compromisso de promover o bem geral do povo
brasileiro (art. 78); admissão da concessão de incentivos fiscais destinados a
41
BOBBIO, Norberto. Da estrutura à função: novos estudos de teoria do direito. Tradução de
Daniela BaccacciaVersani. Barueri-SP: Editora Manole, 2007. Ibidem, p. 19
42
Constituição dirigente ou compromissória ou, ainda, programática de acordo com a doutrina
constitucionalista consagra inúmeras normas programáticas a serem cumpridas por outras leis
ou programas de governo. É o caso da Constituição brasileira de 1988 . [comentários nossos]
promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as diferentes
regiões do país (art. 151, I); é dever do Estado promover e incentivar o turismo
como fator de desenvolvimento social e econômico (art. 180); [ ... ] Promover e
incentivar o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas
43
(art. 218), e promover a educação ambiental (art. 225, VI). ”
43
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 21ª ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2007,
p. 371.
se em consideração fatores sociológicos, econômicos e outros, a depender de
cada situação, tudo buscando compreender e aplicar a legislação da maneira
mais adequada e justa em cada aspecto.
Não podemos esquecer o sistema, a estrutura do sistema jurídico vigente, mas
devemos aplicar o direito de forma a atender a sociedade, o ser humano.
A ideia está vinculada à teoria funcional de Norberto Bobbio. O Direito deve ser
aplicado, no Judiciário e interpretado sempre, levando-se em conta fatores
sociais, históricos, econômicos etc., para melhor análise de cada situação. O
Direito é uma ciência social que se comunica com as outras ciências sociais
(Sociologia, Filosofia, etc.). A teoria funcional é oposta, em muitos aspectos, à
antiga escola da exegese e ao positivismo jurídico de Kelsen, pela qual eram
rígidas as formas de interpretar a lei. A interpretação deveria ser literal, racional
e gramatical, não havendo possibilidade de outras ciências humanas
interferirem na interpretação.
Considerações finais
Referências
BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 21ª ed. São Paulo: Ed.
Malheiros, 2007