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RECREAÇÃO
Belo Horizonte
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SUMÁRIO
1 - SOBRE A RECREAÇÃO ............................................................................. 03
DE ATUAÇÃO ............................................................................................. 18
1. SOBRE A RECREAÇÃO
De acordo com Leandro (2009, s/p) a recreação teve sua origem na pré-
história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de
caça, ou a habitação de uma nova caverna. As atividades se caracterizavam por
festas de adoração, celebrações fúnebres, invocação de Deuses, com alegria,
caracterizando assim um dos principais intuitos da recreação moderna, e também, o
vencimento de um obstáculo. As atividades (jogos coletivos) dos adultos em caráter
religiosas foram passadas de geração em geração às crianças em forma de
brincadeiras.
O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774
com a criação do Philantropinum por J. B. Basedow, professor das escolas nobres
da Dinamarca. Na Dinamarca, as atividades intelectuais ficavam lado a lado às
atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima. Na Fundação
Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos
manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, as lutas, a caça, a
pesca, excursões e danças. A concepção Basedowiana contribuía para a execução
de atividades a fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores.
Contribuindo, Froebel criou os Jardins de Infância onde as crianças brincavam na
terra. (LEANDRO, 2009, s/p)
Desinibir e desbloquear;
fácil assimilar alguma coisa a partir daquilo nos faz bem, sendo possível englobar os
mais altos níveis de conhecimentos e, com crianças, é importante desenvolver e
estimular atividades diferentes da vida cotidiana, mas que façam parte da natureza
humana, já que é na infância o período de aprendizado e da assimilação que
julgamos necessária para a vida adulta. O mais importante desse contexto é permitir
que diferentes grupos de pessoas, principalmente crianças, se integrem,
esquecendo o preconceito de valores, distinção de raça, estrutura familiar; pelo
contrário, é possível estruturar todos esses tópicos.
Para Aguiar (2003, s/p) Werneck (2000), resgatando a trajetória histórica dos
significados do lazer; demonstra que os distintos contextos sociopolíticos imprimem
diversificados sentidos ao termo.
que realiza o homem é o trabalho sendo o lazer mera recompensa. O lazer aparece
como referência apenas numa visão moralista, de ocupação saudável do tempo
ocioso, ou seja, o lazer é digno porque é coadjuvante do trabalho.” Além disso, outro
aspecto que releva a importância alcançada pelo lazer na era moderna vincula-se,
mormente, “(...) a descoberta do lazer como essência de um fecundo e promissor
mercado, capaz de gerar lucros significativos para aqueles que detêm as regras
desse jogo de poder social e político praticado em nosso contexto.” (WERNECK,
2000, p. 69) Nesse sentido, o lazer assume o papel de produto a ser consumido e
com estreitas relações com a indústria cultural do entretenimento; esta, de forma
paradoxal, “(...) determina tão profundamente a fabricação das mercadorias
destinadas à diversão, que (a) pessoa não pode mais perceber outra coisa senão as
cópias que reproduzem o próprio processo de trabalho.” (ADORNO, HORKHEIMER,
1985, p. 128, apud AGUIAR, 2003, s/p)
Ainda segundo Aguiar (2003, s/p) no contexto brasileiro, de acordo com Pinto,
et al (1999), o lazer, a recreação e a Educação Física interagem entre si, atuando
em consonância com medidas sociopolíticas e culturais de cada época. Num
primeiro momento, as práticas recreativas, tais como jogos, danças ou
manifestações culturais diversas, revestiam-se de uma rigorosa disciplina de cunho
religioso. Com o advento da industrialização e consequente urbanização brasileira,
as práticas recreativas são orientadas para crianças e adultos com a finalidade de
aprimorar forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais, bem como funcionar
como instrumento de controle das massas. Decca (1987, p. 89), referindo-se a tal
questão, entende que “(...) há uma retórica que se mantém em grande parte
inalterada quanto à necessidade de um „lazer mais saudável e produtivo‟ para o
operariado no sentido de torná-lo mais „disciplinado e ordeiro‟, esboçam-se
iniciativas, até certo ponto frequentes, de „disciplinar seu lazer‟.” Dessa forma, e
ainda na esteira de Decca (1987, p. 91), essa disciplina do lazer, “(...) em função de
uma maior adequação ao trabalho e à vida em um centro urbano que se
industrializava (...), foi buscada pelos poderes públicos de forma „idealizada‟ nos
cuidados formativos com a criança, principalmente com a dos meios proletários (...).”
Segundo Bercito (1991), partem das fábricas e de órgãos oficiais iniciativas de ações
que visavam o controle do trabalhador, desde sua utilidade/produtividade até seu
viver fora do seu ambiente de trabalho. Ainda em Goellner (1992, p. 36)
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encontramos argumentos que corroboram com essa ideia: “(...) Instalou-se, assim,
toda uma dimensão de disciplinação da sociedade em função do „mundo do
trabalho‟, que passava a exigir do individuo uma redefinição de sua própria vida com
hábitos, valores, crenças, e outros, uma vez que, o capitalismo e a consequente
exaltação ao trabalhador não encontrou o trabalhador feito, teve de formá-lo.”
(AGUIAR, 2006, s/p)
Recreação;
2. Espaços públicos de bairro, que são aqueles de médio porte e que atendem a um
escopo maior de atividades, incluindo aquelas de interesse comunitário, de
conservação ambiental e de recreação, entre outros;
3. Espaços públicos municipais, que são aqueles de grande porte e que atendem a
todo o Município, podendo abrigar uma grande diversidade de atividades,
especialmente aquelas relacionadas ao lazer esporádico e à preservação e
conservação ambiental.
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Segundo Saboya (2007, s/p) é possível perceber que esses valores parecem
um pouco superdimensionados para os padrões brasileiros. De qualquer forma,
valem como referência. Alexander, et al (1977) defendem a necessidade de praças
pequenas, para que não fiquem ou pareçam desertas aos usuários. Segundo ele,
duas pessoas podem se comunicar com relativo conforto a até 23m de distância (ou
seja, enxergar os rostos uma da outra e ouvirem-se). Por isso, as praças não devem
ser maiores que isso no seu menor lado, para manter uma ambiência interessante.
Jacobs (2000, apud Saboya, 2007, s/p) também argumenta que não é
possível conferir animação para uma quantidade muito grande de espaços públicos.
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Por isso, as áreas verdes defendidas pelo Movimento Moderno não funcionaram,
tornando-se áreas vazias e sem apropriação por parte da população. Assim, ela
recomenda implantar os espaços públicos naqueles lugares onde já exista vida,
pessoas passando e usos variados. “Se for no centro da cidade, deve ter lojistas,
visitantes e transeuntes, além de funcionários. Se não for no centro, deve situar-se
onde a vida pulse, onde haja movimentação de escritórios, atividades culturais,
residências e comércio”. (JACOBS, 2000, p. 110) Muitos bairros já têm esses
lugares bem demarcados, mas é comum vermos duas situações: ou posicionam os
espaços em lugares mais vazios, esperando dar-lhes animação, ou implementam
nas áreas mais animadas, mas para isso acabam destruindo uma parte dessa
diversidade, como por exemplo nas intervenções higienistas do século XX.
(SABOYA, 2007, s/p)
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- Como professor: Para Santos (2006, s/p) esta vertente da educação física é
apresentada por Darido (2005) e situa professor como um profissional de apoio no
contexto pedagógico, permitindo ao aluno que determine a atividade que fará
durante a aula. Os alunos têm liberdade para escolher atividades de sua preferência
cabendo ao professor apenas cuidar de aspectos burocráticos, como fornecer
material, controlar o tempo da aula, e em alguns momentos arbitrar a pelada. O
professor não apresenta aspetos diretivos na sua aula.
docente um espaço superficial que poderia star sendo organizado por qualquer
indivíduo sem conhecimentos e formação em Educação física que estivesse
passando pela esquina da escola.
Schreyer, Driver (1989, p. 413, apud Pimentel, 2006, p. 7), sobre mudanças
nas perspectivas de profissionais do lazer na América do Norte, avalizam não haver
uma única profissão do lazer. Isto porque há variação considerável no
conhecimento, valores, e capacidades de indivíduos que trabalham na provisão de
serviços no lazer. Mesmo que, frequentemente, os especialistas tendam a enfatizar
as preocupações mais imediatas de administração, os autores percebem um quadro
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Evidente, nem todo lazer se mostra criativo. Daí essa crise de identificação
acadêmica com o lazer ser muitas vezes fruto do próprio encaminhamento
equivocado que os trabalhadores da área dão à recreação. Primeiro porque os
projetos são desenvolvidos desprovidos da devida análise de contexto. Sem
inventário do local e da população alvo, são presumidas algumas características e
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- Lazer: Para Maffei Junior (2004, p. 53) de acordo com a Carta Internacional de
Educação para o Lazer, da Associação Mundial de Recreação e Lazer (World
Leisure and Recreation Association – WLRA, 2004), a finalidade básica da educação
é desenvolver os valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e
aptidões que lhes permitirão sentirem-se mais seguras e obter mais prazer e
satisfação na vida. Essa perspectiva subentende que a educação, além de ser
importante para o trabalho e para a economia, é igualmente importante para o
desenvolvimento do indivíduo como um membro plenamente participativo da
sociedade e para a melhoria da qualidade de vida. A educação deve ser
considerada como processo para o desenvolvimento humano integral. Para isso, ela
deve organizar-se, segundo Délors (2001, p. 89-90), em torno de quatro
aprendizagens fundamentais, que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo
para cada indivíduo, os pilares do conhecimento:
da existência humana individual e grupal.” Libâneo diz ainda que a educação tem
função construtora e reconstrutora dos espaços de vida, e para isso utiliza
“processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade
assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores”. É nesse contexto que a
escola precisa estar inserida, oferecendo uma formação geral na direção da
educação integral. Segundo Gadotti (2000), cabe à escola: amar o conhecimento
como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural;
selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e
inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir,
construir e reconstruir conhecimento elaborado. (MAFFEI JUNIOR, 2204, p. 54)
lazer, tal como a educação intelectual e a educação física, não podem ser
consideradas como partes separadas. Isso deve ser ensinado aos alunos.
Ainda Maffei Junior (2004, p. 57) aponta que Bramante (1998, p. 42) se refere
ao duplo aspecto educativo do lazer (Requixa 1989) e diz que “a educação para e
pelo lazer tem oscilado entre dois extremos: da inclusão de uma disciplina específica
no currículo escolar desde o início do processo de escolarização” até a proposta de
que “todo currículo escolar deveria ter como paradigma a ludicidade, explorando os
conteúdos específicos de todas as disciplinas através de uma educação pelo lazer”.
Segundo Le Boulch (1983, p. 23), a preparação dos alunos para o lazer é uma
questão pedagógica: “ao assumir a nobre função de educar na plenitude do termo o
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1. A pedagogia do lazer constitui uma forma culta de serviço especial que oferece ao
indivíduo (desde a etapa pré-escolar até a formação do adulto) ajuda para aprender,
desencadear e tolerar as trocas individuais e sociais.
individuais desejáveis nos estudantes que estão expostas a ela”. Este autor trabalha
com algumas metas que podem ser estabelecidas:
- Recreação: de acordo com Graciano, Silva (2009, s/p) a palavra recreação vem do
latim recreare e significa “criar novamente” no sentido positivo, ascendente e
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dinâmico (Ferreira 2003). Silva (1959) informa que a definição de recreação pode
ser achada no termo inglês play significado que o homem encontra uma verdadeira
satisfação e alegria no que esta fazendo. Representa uma atividade que é livre e
espontânea na qual o interesse se mantém por si só, sem nenhuma compulsão
interna ou externa de forma obrigatória ou opressora. Para Mian (2003) recreação
significa satisfação e alegria naquilo que faz. Retrata uma atividade que é livre e
espontânea e na qual o interesse se mantém por si só, sem nenhuma coação
interna ou externa de forma obrigatória ou opressora, afora e prazer. Schimit (apud
Frietzen, 1995) define a recreação como sendo o relaxamento do organismo e da
mente. É diversão, renovação, recuperação. È a atividade livremente escolhida
exercida nas horas de lazer ativa ou passiva, individualmente ou em grupo,
organizada ou espontânea.
las para poder transformar num bom adulto. E o mesmo acontece com os
professores. (MIAN, 2003) Nem todo passatempo é recreação, nem toda diversão é
uma atividade recreativa. (FERREIRA, 2003, apud GRACIANO, SILVA, 2009, s/p).
O jogo busca um vencedor, Ferreira (2003) jogo é uma atividade física, e/ou
mental que favorece a sociabilização obedecendo a um sistema de regras, visando
um determinado objetivo, sendo uma atividade que tem começo, meio e fim, regras
a seguir e um provável vencedor. O jogo educativo é um elemento de observação e
conhecimento metodológico da psicologia da criança, suas tendências, qualidades,
aptidões, lacunas e defeitos. Jogo é uma das experiências mais ricas e polivalentes
e, uma necessidade básica para a idade infantil. A revalorização do tempo livre, nos
últimos tempos, e a continuidade do ensino de expressão dinâmica, vão
despertando uma renovada atenção em direção ao aspecto lúdico, a
psicomotricidade e suas grandes possibilidades (SILVA, 1999). Cavallari, Zacharias
(2008) dizem que todo jogo apresenta uma evolução regular, ele tem começo meio e
fim. Consequentemente existem maneiras formais de se proceder.
cria uma relação de atividade criativa e amigável (SILVA, 1959, apud GRACIANO,
SILVA, 2009, s/p).
- Brincadeiras: Para Graciano, Silva (2009, s/p) Cavallari e Zacharias (2008) definem
como a principal diferença entre jogo e brincadeira é o vencedor, na brincadeira não
há como ter um vencedor. Ela simplesmente acontece e segue-se se desenvolvendo
enquanto houver motivação e interesse por ela. Para a criança brincar é a coisa
mais séria do mundo, é tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e
o descanso. É o meio que a criança tem de travar conhecimento com o mundo e
adaptar-se ao que rodeia (FRITZEN, 1995). É por meio de brincar que a criança
torna-se intermediária entre a realidade interna e externa, participando, entendendo
e percebendo-se como membro integrante do seu meio social. É brincando também,
que a criança deixa de ser passiva para tornar-se responsável pela a ação realizada,
decidindo os rumos das situações socioculturais por ela criadas é vivenciada
sentimentos diversos, que contribui para a formação da sua personalidade (MIAN,
2002).
Marcellino (1990, apud Graciano, Silva, 2009, s/p) informa que através do
prazer, o brincar possibilita à criança a vivência de sua faixa etária e ainda contribui
de modo significativo para sua formação como ser humano, participando da cultura
da sociedade que vive, e não apenas como mero indivíduo requerido pelos padrões
de produtividade social. Sendo assim a vivência do lúdico é imprescindível em
termos de participação cultural e crítica e, principalmente criativa. Marcellino
descreve também o quanto é fundamental assegurar a criança o tempo e o espaço
para que o lúdico seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida da
criatividade e da participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de
viver. São os conteúdos e a forma (produtos e processo) da cultura da criança, que
representam o antídoto a aceitação do “jogo” pré-estabelecido, da sociedade e
mesmo a camuflagem das colocações individuais, justificando sua impotência frente
a estrutura do mundo que receberam e são obrigadas a produzir. A criança que
brinca vive a sua infância torna se um adulto muito mais equilibrado, física e
emocionalmente suportará muito melhor as pressões das responsabilidades adultas
e terá maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgem, sendo assim,
a brincadeira é uma atividade não apenas natural, mas, sobretudo sociocultural já
que, muitas crianças a cada dia, tem menos tempo para brincar, pois os pais se
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Ainda de acordo com Graciano, Silva (2009, s/p) a alegria tem um efeito
estimulante sobre o sistema nervoso e, sendo este o sistema que controla toda a
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BERCITO, S. D. R. Ser forte para fazer a nação forte: a educação física no Brasil
(1932-1945). 1991. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da
Universidade de São Paulo. (Dissertação de Mestrado em História Social).
BERKE, Philip, et al. Urban land use planning. Urbana: University of Illinois Press,
2006.
DECCA, M. A. G de. A vida fora das fábricas: cotidiano operário em São Paulo
(1920-1934). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
JACOBS, Jane. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes,
2000.
PIAGET, J. Para onde vai a educação? Rio de Janeiro: José Olympio, 1973.
<http://www.ifma.edu.br/SiteCefet/publicacoes/artigos/revista8.5.1/Giuliano_Lazer.pd f>
Acesso em: 26.08.2010.
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