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TEORIA E PRÁTICA DA

RECREAÇÃO

Belo Horizonte
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SUMÁRIO
1 - SOBRE A RECREAÇÃO ............................................................................. 03

2 - AS VIVÊNCIAS: TEORIA E PRÁTICA EM RECREAÇÃO .......................... 05

3 - CARACTERIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA RECREAÇÃO .................... 07

4 - A MODERNIDADE: A RECREAÇÃO E O LAZER ...................................... 11

5 - A RECREAÇÃO E O LAZER NOS ESPAÇOS PÚBLICOS ........................ 15

6 - O RECREACIONISTA: FUNÇÃO NOS DIVERSOS CAMPOS

DE ATUAÇÃO ............................................................................................. 18

7 - A RECREAÇÃO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA ........................... 23

REFERÊNCIAS UTILIZADAS E CONSULTADAS ........................................... 35


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1. SOBRE A RECREAÇÃO

De acordo com Leandro (2009, s/p) a recreação teve sua origem na pré-
história, quando o homem primitivo se divertia festejando o início da temporada de
caça, ou a habitação de uma nova caverna. As atividades se caracterizavam por
festas de adoração, celebrações fúnebres, invocação de Deuses, com alegria,
caracterizando assim um dos principais intuitos da recreação moderna, e também, o
vencimento de um obstáculo. As atividades (jogos coletivos) dos adultos em caráter
religiosas foram passadas de geração em geração às crianças em forma de
brincadeiras.
O movimento da recreação sistematizada iniciou-se na Alemanha em 1774
com a criação do Philantropinum por J. B. Basedow, professor das escolas nobres
da Dinamarca. Na Dinamarca, as atividades intelectuais ficavam lado a lado às
atividades físicas, como equitação, lutas, corridas e esgrima. Na Fundação
Philantropinum havia cinco horas de matérias teóricas, duas horas de trabalhos
manuais, e três de recreação, incluindo a esgrima, equitação, as lutas, a caça, a
pesca, excursões e danças. A concepção Basedowiana contribuía para a execução
de atividades a fim de preparação física e mental para as classes escolares maiores.
Contribuindo, Froebel criou os Jardins de Infância onde as crianças brincavam na
terra. (LEANDRO, 2009, s/p)

Ainda segundo Leandro (2009, s/p) nos Estados Unidos da América o


movimento iniciou em 1885 com a criação de jardins de areia pra as crianças se
recrearem. Com o tempo, o espaço tornou-se pequeno visto que os irmãos mais
velhos vinham também se recrearem nos jardins. Criavam-se então os Playgrounds
em prédios escolares, chamados também de pátios de recreio. O primeiro Hull
House - Chicago, em 1892. Área para jogos, aparelhos de ginástica e caixa de areia.

Prevendo a necessidade de atender as diversas faixas etárias, foram criados


os Centros Recreativos, que funcionavam o ano todo. Eram casas campestres com
sala de teatro, de reuniões, clubes, bibliotecas e refeitórios. Havia estruturas
semelhantes ao que temos hoje em dia: Caixas de areia, escorregadores, quadras e
ginásio para ambos os sexos com vestiários e banheiros, balanços, gangorra, etc.
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Para orientação das atividades existiam os líderes especialmente treinados.


Em 1906 foi criado um órgão responsável pela recreação, o Playground Association
Of America, hoje mundialmente conhecido com National Recreation Association. O
termo playground foi mudado para “recreação” devido à necessidade de atingir um
público de diferente faixa etária, como os jovens e adultos. E devido a crescente
importância do tempo de lazer dos indivíduos da sociedade.
No Brasil a criação de praças públicas iniciou-se em 1927, no Rio Grande do
Sul com o Professor Frederico Guilherme Gaelzer. O evento chamava “Ato de
Bronze”, onde foram improvisadas as mais rudimentares aparelhagens. Pneus
velhos amarrados em árvores construíam um excelente meio de recreação para a
garotada. Em 1929, aparecem as praças para a Educação Física, orientadas por
instrutores, pois não havia professores especializados. Surgia a partir daí, Centros
Comunitários Municipais. Em 1972, foi criado o “Projeto RECOM” (Recreação -
Educação - Comunicação), pelo prefeito Telmo Flores juntamente com Gaelzer.
Porto Alegre (a pioneira desse tipo de projeto) realizou atividades recreativas e
físicas promovendo o aproveitamento sadio das horas de lazer e a integração do
homem com sua comunidade.

Funcionavam no RECOM uma Tenda de Cultura e um Carrossel de Cultura,


desmontáveis e de fácil remoção. A Tenda é uma casa de espetáculos. O Carrossel
foi criado para apresentações externas, espetáculos ao ar livre.
Façamos a ressalva, pela importância da recreação, a Alemanha a introduziu nas
escolas e criando os parques infantis. Os EUA, criando os playgrounds equipados
revolucionando a recreação pública. O Rio Grande do Sul pelo pioneirismo e a
implantação do RECOM com a recreação móvel. (LEANDRO, 2009, s/p)
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2. AS VIVÊNCIAS: TEORIA E PRÁTICA EM RECREAÇÃO

Conforme Vieira (2009, s/p) no dia-a-dia das aulas para a prática da


Educação Física, tem se observado que o número de alunos que dispensa das aulas
de Educação Física, sendo também um dos fatores que também caracterizam a falta
de motivação dos alunos para a prática das aulas de Educação Física Escolar.

A recreação é muito importante para o ser humano não só para a criança.


Todos nos precisamos dos nossos momentos de lazer. A palavra recreação vem do
latim, recreare, cujo significado é recrear. Portanto as atividades recreativas devem
ser espontâneas, criativas e que nos traga prazer. Devem ser praticadas de maneira
espontânea, diminuindo as tensões e preocupações. Com a atividade recreativa, os
corpos expressam a ordem interna da vivência lúdica, cujo ritmo e harmonia são
construídos pelos jogadores em clima envolvente, que desafia a todos como
parceiros: uns assumem-se aos outros e a realidade onde acontece a ação
brincante.

A recreação possui como principais objetivos:

Integrar o indivíduo ao meio social;

Desenvolver o conhecimento mútuo e a participação grupal;

Facilitar o agrupamento por idade ou afinidades;

Desenvolver ocupação para o tempo ocioso;

Adquirir hábitos de relações interpessoais;

Desinibir e desbloquear;

Desenvolver a comunicação verbal e não verbal;

Descobrir habilidades lúdicas;

Desenvolver adaptação emocional;

Descobrir sistemas de valores;


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Dar vazão ao excesso de energia e aumentar a capacidade mental do


indivíduo.

Infelizmente na Educação Física Escolar, vários fatores contribuem para a


falta de motivação dos alunos para a prática das aulas de Educação Física, porém, o
professor é o maior responsável em motivar o aluno a praticar as aulas, fazendo
com que o aluno leve este hábito para a vida toda, pois toda pessoa passa pela
escola para se tornar um cidadão digno e com responsabilidade. A recreação não
deve ser vista como simples brincadeiras sejam elas infantis ou para adultos. Deve
ser analisada e respeitada, principalmente como formadores de opinião e como
cidadãos. (VIEIRA, 2009, s/p)
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3. CARACTERIZAÇÃO E CONCEITUAÇÃO DA RECREAÇÃO

Para Nogueira, Martinez (2008, s/p) a recreação é uma prática prazerosa em


que os alunos participam de atividades descontraídas. Ela pode ser uma importante
estratégia de inclusão e socialização, além de desenvolver as habilidades
psicomotoras das crianças. Assim, a recreação transfere-se para o cotidiano e
aproxima-se de uma vida permeada de informações. Esse processo de educação se
dá através da convivência de diversos desses indivíduos, mais especificamente
crianças, dentro de locais especializados que transmitem tais valores indiretamente,
por meio da recreação. (...) Recreação designa recreio ou prazer; sentir satisfação
divertir-se, numa atividade esportiva de acordo com Ferreira (2000). Por meio da
recreação é possível educar. As crianças buscam em seu interior algo estimulante,
que saia da rotina diária, podendo a recreação ser utilizada, até mesmo dentro da
sala de aula. Hoje, o que se vê é uma sociedade totalmente voltada para o bem
comum, que continua em transformação, mas que busca maneiras alternativas que
contribuam no processo de reestruturação social. Os pais estão muito preocupados
com a educação de seus filhos, que necessitam de uma contribuição externa, ou
seja, novas alternativas na busca de melhor qualidade de vida em vários aspectos,
tais como, psicológico, afetivo e social, já que os valores atuais são outros e foram
transferidos, também, a outras pessoas. A responsabilidade de educar um indivíduo
e transformá-lo é peça fundamental numa sociedade; deixou de ser apenas papel da
família e passou a ser de responsabilidade da escola. De acordo com Brotto (2001),
a recreação é uma forma específica de atividade, uma atitude ou disposição, uma
área de vida rica e abundante, a vida fora das horas de trabalho. (NOGUEIRA,
MARTINEZ, 2008, s/p)

Segundo Nogueira, Martinez (2008, s/p) a recreação é uma ferramenta muito


importante no desenvolvimento humano: afetivo, cognitivo, motor, linguístico e
moral. Dentro de um contexto social, quando um indivíduo está em recreação
significa que está sentindo prazer em realizar alguma coisa. Os seres humanos são
movidos, principalmente, pela emoção e pelo prazer; sendo assim, fica muito mais
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fácil assimilar alguma coisa a partir daquilo nos faz bem, sendo possível englobar os
mais altos níveis de conhecimentos e, com crianças, é importante desenvolver e
estimular atividades diferentes da vida cotidiana, mas que façam parte da natureza
humana, já que é na infância o período de aprendizado e da assimilação que
julgamos necessária para a vida adulta. O mais importante desse contexto é permitir
que diferentes grupos de pessoas, principalmente crianças, se integrem,
esquecendo o preconceito de valores, distinção de raça, estrutura familiar; pelo
contrário, é possível estruturar todos esses tópicos.

A recreação, nessa perspectiva, deve ser pautada em três pilares básicos de


desenvolvimento: o biofisiológico, o social e o cultural, desenvolvendo o indivíduo
com harmonia na realidade do seu cotidiano. Vygotsky (1991) defende uma relação
de constituição recíproca, pois a criança se desenvolve no contexto das interações
sociais e quando as informações ou experiências são internalizadas reestrutura a
organização das ações sobre os objetos, reorganizando o plano do desenvolvimento
interno e, consequentemente obtendo transformações nos processos mentais.
Assim, pode-se observar que a informação e a conivência no meio social,
interpretando os seus vários significados, são necessárias para o desenvolvimento
da criança. Por sua vez, a Educação Física deve ser entendida numa perspectiva
político-filosófica. (NOGUEIRA, MARTINEZ, 2008, s/p)

Ainda conforme Nogueira, Martinez (2008, s/p) existem vários estudos


significativos e, de ainda com o critério cronológico, os principais são:

Segundo Bourdieu (1979), o indivíduo expressa no seu corpo a sua história,


marcada como tatuagem; o monge veste o hábito da mesma forma que o hábito
veste o monge, pois este expressa a sua representação na hexis corporal. Nesse
percurso, nota-se que o caminho da primeira concepção parte da sociedade mais
ampla em direção ao indivíduo; em consequência, a segunda parte do indivíduo para
a sociedade. Assim, é possível analisar os condicionantes no grupo social ou
frações de classes (análise micro-social), objetivando observar a cultura expressa
por esses indivíduos pertencentes a essas camadas especiais. Assim, pode-se
contribuir, através dessas análises, para uma reestruturação do Habitus do
indivíduo, procurando ampliar o seu capital cultural e proporcionando uma
reorganização de conhecimentos. Uma reformulação de conteúdos que deverá estar
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em consonância com a realidade do educando, a fim de ser abordada. Nessa nova


abordagem, deve-se procurar desenvolver no estudante meio para que ele possa
utilizar suas experiências, sua realidade e o seu cotidiano para, enfim, ampliar suas
informações e sua formação cultural.

O desporto participação deve ter como princípio norteador à formação de


habitus, segundo Bourdieu (1997): reestruturação de valores, crenças, habilidades e
conduta humana que deve ser trabalhada na instituição de lazer no decorrer da vida
do indivíduo, atribuindo ao mesmo uma valorização na prática da atividade física e a
necessidade do tempo livre, ou seja, o lazer. Bourdieu (1979) expressa em seus
textos que educandos oriundos de meios sociais desiguais possuem heranças
culturais diferenciadas e tendem a agir de acordo com essa cultura já interiorizada.
Ele ainda acrescenta que, para difundir a cultura socialmente legitima e valorizada
universalmente é necessário que esses indivíduos tenham contato com os
conhecimentos e com práticas culturais. Assim reestruturarão seus habitus. Este é o
conceito principal da Teoria Bourdiniana. Segundo ele, o habitus pode ser entendido
como: (...) sistemas de disposições duráveis, estruturas estruturadas predispostas a
funcionar como estruturas estruturantes, isto é, como princípio gerador e
estruturador das práticas e das representações que podem ser objetivamente
“reguladas” e “regulares” sem ser o produto da obediência a regras, objetivamente
adaptado a seu fim, sem supor a intenção consciente dos fins e o domínio expresso
das operações necessárias, para atingi-los e coletivamente orquestradas, sem ser o
produto da ação organizadora de um regente (BOURDIEU in ORTIZ, 1983, p. 60-61,
apud NOGUEIRA, MARTINEZ, 2008, s/p).

Para Cavallari, Zacharias (2008, s/p) recreação é uma forma de passar o


tempo para obter distração, ou seja, relaxamento mental ou físico. Enquanto
o lazer é uma forma de entretenimento ou descanso, a recreação exige empenho
em atividades de forma a obter diversão. Os jogos de recreação visam apenas o
divertimento dos jogadores, não sendo assim um jogo desportivo, onde ocorre
competição. A recreação apresenta cinco características básicas, as quais deverão
ser observadas, pois uma vez quebradas fazem com que o praticante não
desenvolva sua recreação na forma mais ampla. São elas:
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A recreação deve ser encarada pelo praticante como um fim em si mesmo,


sem que espere benefícios ou resultados específicos. A pessoa que busca
recreação nunca terá outro objetivo com sua prática que não apenas o fato de
se recrear. Há um total descompromisso e uma total gratuidade. Não busca
qualquer tipo de retorno.

A recreação deve ser escolhida livremente e praticada espontaneamente,


segundo os interesses de cada um. Cada pessoa terá oportunidade de opção
quanto àquilo que pretenda fazer uma função de sua recreação e, se preferir,
ainda optar por não tê-la naquele ou em qualquer outro momento. Os
profissionais de recreação apenas criam circunstâncias propícias para que
cada pessoa se recrie.

A prática da recreação busca levar os praticantes a estados psicológicos


positivos. É necessário tomar-se cuidado com a prática de determinadas
atividades lúdicas que durante seu desenrolar poderão desviar-se e acarretar
nos praticantes sensações indesejadas e negativas.

A recreação dever ser de natureza a propiciar à pessoa o exercício da


criatividade. Na medida em que se ofereça estimulação, essa criatividade
deve ser plenamente desenvolvida. A importância da criatividade para a
pessoa é enorme, pois engrandece a personalidade e prepara para uma
condição melhor de vida. O trabalho será muito melhor e apresentará
resultados muito mais satisfatórios se desenvolvido desde a infância.

Nas características de organização da sociedade nos níveis econômicos,


sociais, políticos e culturais em geral, a recreação de cada grupo é escolhida de
acordo com os interesses comuns dos participantes. Pessoas com as
mesmas características têm uma tendência natural de se procurarem e se agrupem.
Seu comportamento é semelhante. Essas pessoas formam os chamados grupos de
iguais. Cada grupo de iguais, de acordo com suas características, busca um
determinado tipo de recreação. (CAVALLARI, ZACHARIAS, 2008, s/p)
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4. A MODERNIDADE: A RECREAÇÃO E O LAZER

Para Aguiar (2003, s/p) Werneck (2000), resgatando a trajetória histórica dos
significados do lazer; demonstra que os distintos contextos sociopolíticos imprimem
diversificados sentidos ao termo.

Na civilização greco-romana o lazer estava relacionado ao ócio, significando


repouso, prazer, liberdade e reflexão, noção ligada aos sentidos de cultura e
educação da aristocracia grega, que com seu ideal de educação do homem integral
estabelecia com o trabalho uma distante relação, caracterizando a vida produtiva
como um fator/elemento impeditivo à possibilidade de criação, satisfação,
emancipação do espírito e contemplação oferecidos pelo lazer. Considerado como
um privilégio de classe exigia certas condições educacionais, socioeconômicas e
políticas para seu usufruto.

Com ascensão da sociedade romana e o nascimento do cristianismo outros


valores são incorporados pelo lazer. A moral cristã reconhecia no trabalho um meio
de salvação e purificação da alma, até mesmo o lazer, ainda não caracterizado
como um “tempo livre”, deveria ser destinado às tarefas religiosas. Nesse sentido, as
práticas culturais e as manifestações festivas eram controladas pela Igreja e
deveriam findar em um objetivo religioso, sendo a alegria e a diversão perniciosas à
moral do homem. O protestantismo corroborou com este entendimento de lazer, um
vício que possibilitava a degradação moral, e fortaleceu o sentido de trabalho como
um dever, um modo de servir a Deus. A virtude do trabalho e sua dimensão
humanizadora e regeneradora era capaz de avaliar a condição existencial do
homem. (LENHARO, 1986, apud AGUIAR, 2003, s/p)

Esta concepção de trabalho segundo Aguiar (2003, s/p) foi paulatinamente


sendo revestida de princípios capitalistas e, na modernidade, influenciou a
construção de outros sentidos para o lazer. (WERNECK, 2000) Nesse bojo, segundo
Bracht (2001, p. 72), “(...) a partir da ética do trabalho com uma ética fundamental
para o desenvolvimento do capitalismo, a população tinha que assumir a ideia de o
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que realiza o homem é o trabalho sendo o lazer mera recompensa. O lazer aparece
como referência apenas numa visão moralista, de ocupação saudável do tempo
ocioso, ou seja, o lazer é digno porque é coadjuvante do trabalho.” Além disso, outro
aspecto que releva a importância alcançada pelo lazer na era moderna vincula-se,
mormente, “(...) a descoberta do lazer como essência de um fecundo e promissor
mercado, capaz de gerar lucros significativos para aqueles que detêm as regras
desse jogo de poder social e político praticado em nosso contexto.” (WERNECK,
2000, p. 69) Nesse sentido, o lazer assume o papel de produto a ser consumido e
com estreitas relações com a indústria cultural do entretenimento; esta, de forma
paradoxal, “(...) determina tão profundamente a fabricação das mercadorias
destinadas à diversão, que (a) pessoa não pode mais perceber outra coisa senão as
cópias que reproduzem o próprio processo de trabalho.” (ADORNO, HORKHEIMER,
1985, p. 128, apud AGUIAR, 2003, s/p)

Ainda segundo Aguiar (2003, s/p) no contexto brasileiro, de acordo com Pinto,
et al (1999), o lazer, a recreação e a Educação Física interagem entre si, atuando
em consonância com medidas sociopolíticas e culturais de cada época. Num
primeiro momento, as práticas recreativas, tais como jogos, danças ou
manifestações culturais diversas, revestiam-se de uma rigorosa disciplina de cunho
religioso. Com o advento da industrialização e consequente urbanização brasileira,
as práticas recreativas são orientadas para crianças e adultos com a finalidade de
aprimorar forças físicas, morais, cívicas, psíquicas e sociais, bem como funcionar
como instrumento de controle das massas. Decca (1987, p. 89), referindo-se a tal
questão, entende que “(...) há uma retórica que se mantém em grande parte
inalterada quanto à necessidade de um „lazer mais saudável e produtivo‟ para o
operariado no sentido de torná-lo mais „disciplinado e ordeiro‟, esboçam-se
iniciativas, até certo ponto frequentes, de „disciplinar seu lazer‟.” Dessa forma, e
ainda na esteira de Decca (1987, p. 91), essa disciplina do lazer, “(...) em função de
uma maior adequação ao trabalho e à vida em um centro urbano que se
industrializava (...), foi buscada pelos poderes públicos de forma „idealizada‟ nos
cuidados formativos com a criança, principalmente com a dos meios proletários (...).”
Segundo Bercito (1991), partem das fábricas e de órgãos oficiais iniciativas de ações
que visavam o controle do trabalhador, desde sua utilidade/produtividade até seu
viver fora do seu ambiente de trabalho. Ainda em Goellner (1992, p. 36)
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encontramos argumentos que corroboram com essa ideia: “(...) Instalou-se, assim,
toda uma dimensão de disciplinação da sociedade em função do „mundo do
trabalho‟, que passava a exigir do individuo uma redefinição de sua própria vida com
hábitos, valores, crenças, e outros, uma vez que, o capitalismo e a consequente
exaltação ao trabalhador não encontrou o trabalhador feito, teve de formá-lo.”
(AGUIAR, 2006, s/p)

Principalmente a partir da década de 60, segundo Aguiar (2003, s/p) o


contexto político influenciou fortemente a relação estabelecida entre recreação, lazer
e Educação Física. O desenvolvimento esportivo e seus aspectos, o desporto
escolar, de competição e o de participação (lazer) foram priorizados e grandes
campanhas governamentais serviram para a difusão sobretudo do esporte (PINTO,
et al, 1999, p. 107). A partir dos anos 80, “(...) a recreação e o lazer conquistaram
espaços em toda a sociedade e ganham força econômica com o avanço da indústria
cultural e as exigências do estilo de vida capitalista”, sendo este em voga o quadro
hegemônico quando nos referimos a tal temática.

No contexto hodierno, de acordo com Bracht (2001), podemos perceber, sem


profundas análises, que a base de sustentação do modelo que legitimava a
Educação Física na escola passa por profundas transformações. Interessa-nos, de
perto, dentre aqueles elementos legitimadores, a relação estabelecida entre o
trabalho, o lazer e a Educação Física.

A ideia do trabalho como um dever e o lazer como mera recompensa vem


sofrendo uma profunda reordenação. De acordo com Lipovetsky (1994, p. 198), “o
advento da sociedade de consumo de massas e das suas normas de felicidade
individualista desempenharam um papel essencial: o evangelho do trabalho foi
destronado pela valorização social do bem-estar, do lazer e do tempo livre, as
aspirações coletivas orientaram-se maciçamente para os bens materiais, as férias, a
redução do tempo de trabalho. O dito espirituoso de Tristan Bernard, „o homem não
foi feito para trabalhar, a prova é que o trabalho fadiga‟, tornou-se, num certo
sentido, um credo das massas da era pós-moralista.” Em outras palavras, “(...) (o)
tempo livre (tornou-se) tão importante para a realização do homem quanto o
trabalho. Tendo sido o trabalho como dever, direta ou indiretamente, a referência do
modelo que sustentava a Educação Física, a perda desse caráter a afeta. O
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problema é que, quando a referência passa a ser o lazer na perspectiva


conservadora ou liberal-burguesa, ele se refere a uma esfera de consumo, a um
espaço para o exercício da (pseudo) liberdade individual para fazer opções, portanto
cai no espaço do privado.” (BRACHT, 2001, p. 75) Nesse sentido, que novos
significados/funções o lazer assume diante de uma possível perda de centralidade
do trabalho? Que possibilidades de intervenção cabe à Educação Física? “(...) Como
a Educação Física escolar e o lazer interagem? O que eles têm em comum e o que
os diferencia? O que um pode esperar do outro? O fenômeno do lazer, ou
simplesmente, o lazer é ou deve ser uma referência fundamental para a teoria e
prática da Educação Física enquanto componente curricular?” (BRACHT, 2003, p.
147, apud AGUIAR, 2003, s/p)
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5. A RECREAÇÃO E O LAZER NOS ESPAÇOS PÚBLICOS

Conforme Saboya (2007, s/p) os espaços públicos desempenham diversas


funções para a cidade. Entre elas, estão:

Recreação;

“Respiro” para o ambiente urbano densificado;

Identidade para bairros ou até mesmo cidades inteiras;

Embelezamento do espaço urbano;

Possibilidade de interação e convívio social;

Uma classificação possível dos espaços públicos.

Os espaços públicos podem ser classificados segundo seu porte, raio de


abrangência e tipos de usos que abriga. Kelly, Becker (2000) apresentam a
classificação proposta pela National Recreation and Park Association. Uma possível
classificação, mais simples, adaptada desta última seria:

1. Espaços públicos de vizinhança, que são aqueles de pequeno porte e que


atendem a um pequeno conjunto de quadras e lotes, servindo como unidade básica
do sistema de espaços públicos e abrigando especialmente atividades relacionadas
ao convívio e ao lazer cotidianos;

2. Espaços públicos de bairro, que são aqueles de médio porte e que atendem a um
escopo maior de atividades, incluindo aquelas de interesse comunitário, de
conservação ambiental e de recreação, entre outros;

3. Espaços públicos municipais, que são aqueles de grande porte e que atendem a
todo o Município, podendo abrigar uma grande diversidade de atividades,
especialmente aquelas relacionadas ao lazer esporádico e à preservação e
conservação ambiental.
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A mesma National Recreation and Park Association sugere as seguintes


medidas e parâmetros para os espaços públicos (BERKE, et al, 2006, apud,
SABOYA, 2007, s/p):

Tipo de espaço Raio de Área


público abrangência

1000a 2000m2 por


Mini-parques Menos de 400m 1000 habitantes

400 a 800 m, de 4000 a 8000m2 por 1000


De Bairro forma a servir até habitantes
5000 pessoas

1600 a 3200m 20000 a 32000m2 por


Municipais 1000 habitantes

Segundo Saboya (2007, s/p) é possível perceber que esses valores parecem
um pouco superdimensionados para os padrões brasileiros. De qualquer forma,
valem como referência. Alexander, et al (1977) defendem a necessidade de praças
pequenas, para que não fiquem ou pareçam desertas aos usuários. Segundo ele,
duas pessoas podem se comunicar com relativo conforto a até 23m de distância (ou
seja, enxergar os rostos uma da outra e ouvirem-se). Por isso, as praças não devem
ser maiores que isso no seu menor lado, para manter uma ambiência interessante.

Com relação às áreas verdes, Alexander, et al (1977) defendem que estejam


localizadas de forma que de qualquer habitação se tenha que caminhar no máximo 3
minutos para alcançá-la, o que equivale a uma distância de 230m aproximadamente.
Para criar um mínimo de ambiência em meio ao verde, sua menor dimensão não
pode ser menor que 45m, e sua área deve ser no mínimo de 0,5 hectare.

Jacobs (2000, apud Saboya, 2007, s/p) também argumenta que não é
possível conferir animação para uma quantidade muito grande de espaços públicos.
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Por isso, as áreas verdes defendidas pelo Movimento Moderno não funcionaram,
tornando-se áreas vazias e sem apropriação por parte da população. Assim, ela
recomenda implantar os espaços públicos naqueles lugares onde já exista vida,
pessoas passando e usos variados. “Se for no centro da cidade, deve ter lojistas,
visitantes e transeuntes, além de funcionários. Se não for no centro, deve situar-se
onde a vida pulse, onde haja movimentação de escritórios, atividades culturais,
residências e comércio”. (JACOBS, 2000, p. 110) Muitos bairros já têm esses
lugares bem demarcados, mas é comum vermos duas situações: ou posicionam os
espaços em lugares mais vazios, esperando dar-lhes animação, ou implementam
nas áreas mais animadas, mas para isso acabam destruindo uma parte dessa
diversidade, como por exemplo nas intervenções higienistas do século XX.
(SABOYA, 2007, s/p)
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6. O RECREACIONISTA: FUNÇÃO NOS DIVERSOS CAMPOS DE ATUAÇÃO

- Como professor: Para Santos (2006, s/p) esta vertente da educação física é
apresentada por Darido (2005) e situa professor como um profissional de apoio no
contexto pedagógico, permitindo ao aluno que determine a atividade que fará
durante a aula. Os alunos têm liberdade para escolher atividades de sua preferência
cabendo ao professor apenas cuidar de aspectos burocráticos, como fornecer
material, controlar o tempo da aula, e em alguns momentos arbitrar a pelada. O
professor não apresenta aspetos diretivos na sua aula.

A partir das críticas ao modelo esportivizante, predominante nas décadas de


60 e 70, surge esta tendência no ensino da Educação Física, na qual o professor
tende a demonstrar passividade e apatia, contrastando com o estilo militar e
autoritário característico de uma pratica que privilegia o esporte como conteúdo
onipresente. A tendência recreacionista não possui nenhum arcabouço teórico. Não
existem teóricos ou estudiosos que tenham pesquisado ou, refletido, sobre os
aspectos que levam a uma atuação que não privilegia a intencionalidade. A autora
também afirma que esta ausência de material conceitual não diminui sua
predominância no dia-a-dia da escola e reputa as causas desta alternativa a
interpretações equivocadas do papel do educador físico no contexto escolar e uma
formação deficiente do professor. (SANTOS, 2006, s/p)

Por analogia, continua Santos (2006, s/p) podemos comparar um regente de


turma, cuja atuação se reduz a atitudes recreacionista, a um maestro que teria como
principal função conduzir sua orquestra com as obras de sua escolha, mas permite
que os músicos se auto-organizem e desenvolvam o repertório da apresentação.
Dessa forma o maestro, que seria o regente do espetáculo se transforma em mais
um espectador, não se diferenciando em quase nada do público que prestigia a
atuação dos músicos. É o que acontece com o professor que torna sua prática
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docente um espaço superficial que poderia star sendo organizado por qualquer
indivíduo sem conhecimentos e formação em Educação física que estivesse
passando pela esquina da escola.

A inexistência de pressupostos teóricos que corroboram e fundamentam a


vertente recreacionista comprova que esse professor não tem a intenção de justificar
sua prática cotidiana, a não ser através de subterfúgios. A postura acionada como
recurso de argumentação é se ancorar, de forma equivocada, no discurso que
defende a promoção do lazer na escola, porém sem a vinculação dos aspectos
pedagógicos. Seu trabalho cotidiano se resume a atividades isoladas e sem conexão
entre si, voltadas para o lazer, sem que visem nenhuma autonomia do aluno. Se a
Educação Física assume este papel catártico através do lazer, perde a função como
disciplina no panorama do ensino formal. O professor recreacionista parece
argumentar em um terreno instável, a beira de um abismo ou em solo arenoso, ao
constituir uma prática superficial no contexto pedagógico. (SANTOS, 2006, s/p)

- A Educação Física e o lazer: Para Pimentel (2006, p. 7) historicamente, conforme


apontam Melo, Fonseca (1997) a Educação Física vem se sedimentando no campo
do tempo livre muito em função da recreação. A sociedade já referenda a área como
a mais associada a atividades como: colônias de férias, gincanas, ruas de lazer,
acampamentos, animação de festas, entre outras estratégias recreativas. Mas com o
desenvolvimento do turismo, como mercado e área do lazer, os formados em
Turismo (turismólogos), vêm buscando competências para terem inserção mais
significativa no lazer e recreação. No âmbito da animação cultural e do planejamento
do lazer, turismólogos ganham terreno devido à formação em ciências sociais
aplicadas. Isso lhes fundamenta para uma intervenção mais no campo teleológico
(diretrizes) enquanto o profissional de Educação Física, em geral, se preocupa com
a questão instrumental (ações).

Schreyer, Driver (1989, p. 413, apud Pimentel, 2006, p. 7), sobre mudanças
nas perspectivas de profissionais do lazer na América do Norte, avalizam não haver
uma única profissão do lazer. Isto porque há variação considerável no
conhecimento, valores, e capacidades de indivíduos que trabalham na provisão de
serviços no lazer. Mesmo que, frequentemente, os especialistas tendam a enfatizar
as preocupações mais imediatas de administração, os autores percebem um quadro
20

claro da extensão desta perspectiva. O entendimento enfocado nas questões do dia


a dia é, para Schreyer, Driver (1989), uma visão estreita que mantém o romantismo
ingênuo sobre o lazer como algo maravilhoso capaz de reduzir criminalidade e curar
enfermidades. Portanto, o problema na realidade deles não é somente a
necessidade de uma articulação entre vários profissionais, mas a formação pouco
crítica dos que atuam na área. Isto contribui à percepção que lazer é uma coisa
trivial, sem necessidade dos especialistas possuírem educação profissional
específica. Como não existe articulação séria da natureza de causa-efeito entre
atividades de lazer e benefícios específicos, mesmo nos países ditos desenvolvidos
não se prega como necessário, ou até mesmo desejável, que se faça pesquisa
sistemática sobre a melhor forma de o lazer trazer benefícios para cada grupo em
particular. Consequentemente, no mercado de trabalho se oferece um pacote de
profissional/atividades, tido como apropriado para qualquer pessoa nas mais
diversas realidades. (PIMENTEL, 2006, p. 7)

Naturalmente, enfatiza Pimentel (2006, p. 8) estas são aproximações que


ainda necessitam de melhor reflexão, mas que já são apontadas em estudos, como
o realizado pela Confraria dos Profissionais do Lazer no Paraná (Pimentel, Pereira,
Carvalho, et al, 2001). Tal pesquisa sobre a atuação profissional no lazer reforça que
muitos graduados e acadêmicos da Educação Física, consideram a recreação como
um „bico‟ e preferem mais serem vistos como professores que recreadores ou
animadores. Apresentam pouca inserção em cargos de gerência ou planejamento,
estando mais interessados em adquirir competências para trabalho direto com o
público, executando a programação ao invés de construí-la. Ainda há aqueles que
se refugiam na Educação Física escolar como „emprego institucionalizado‟,
encarando a atuação no lazer como um mercado promissor, porém incerto,
absorvente e subversivo quando comparado à escola. Enquanto setores como
escola, iniciação desportiva e musculação envolvem muita rotina, o mercado do
lazer requisita atenção e inovação constantes do trabalhador.

Evidente, nem todo lazer se mostra criativo. Daí essa crise de identificação
acadêmica com o lazer ser muitas vezes fruto do próprio encaminhamento
equivocado que os trabalhadores da área dão à recreação. Primeiro porque os
projetos são desenvolvidos desprovidos da devida análise de contexto. Sem
inventário do local e da população alvo, são presumidas algumas características e
21

montado um pacote de brincadeiras „infalíveis‟. Com o tempo, há o perigo desse


trabalho de pouca qualidade fazer parecer ser o normal, o padrão. E por sempre as
atividades serem feitas dessa maneira, vai sendo reproduzido o círculo vicioso: é
oferecida „qualquer coisa‟, mas a comunidade vai se acostumando. Daí que ao
solicitar serviços recreativos, não é cobrado o diagnóstico local para programar uma
atividade personalizada, com participação efetiva da comunidade, numa perspectiva
de desenvolvimento e cidadania cultural. Em projetos de extensão comunitária, por
exemplo, é comum virem pedidos de evento com poucos dias de antecedência e ao
se explicar da necessidade de um trabalho de preparação, ainda respondem: „nem é
preciso isso não; é só ir lá e brincar com a criançada. (...)‟ (PIMENTEL, 2006, p. 8)

O segundo motivo conforme Pimentel (2006, p. 8) que pode explicar a


paradoxal relação de simpatia/rejeição do profissional de Educação Física com o
lazer/recreação, é o caráter superficial e alienante das práticas de lazer na
perspectiva tradicional da recreação. Para alguns, atuar com recreação se confunde
com o próprio lazer pessoal, visto que exige uma aparente e constante negação da
rotina. Por outro lado, muitos profissionais, municiados de um referencial mais
denso, da licenciatura, percebem que ser professor, além de atrair mais
reconhecimento, significa trabalhar numa perspectiva mais abrangente e
transformadora quando comparada ao ofício do recreador. Nesse sentido, a
recreação, por não se apresentar como contraponto à hegemonia, não despertaria
nenhum interesse às perspectivas mais críticas da educação. De fato, como
Werneck (2000, p. 109-121) é enfática ao dizer, a recreação está inserida em
escolas, hospitais e clubes com diversos interesses, mas que redundam na mera
conformação e controle social. Porém, a recreação não pode ser confundida com
jogos e nem com o lazer. Este último, particularmente, deve ser entendido como
direito social e possibilidade de produção cultural. Uma educação para o lazer
facilitaria a apreensão desse tempo conquistado, através de múltiplas possibilidades.
Neste sentido, lazer difere de recreação, o movimento de ocupar as horas vagas das
massas populares. (PIMENTEL, 2006, p. 9)

Sem preconceitos, o professor de Educação Física deve entender que muito


do que faz está relacionado ao lazer (maior parte das atividades corporais
significativas ocorre no tempo livre das pessoas ou tem reflexos nas opções de
lazer). Também cabe a ele a crítica aos modelos vigentes, visando o
22

desenvolvimento de novas possibilidades de consumir e produzir a cultura no tempo


livre. Essa competência didático-pedagógica, aliada à consciência política, precisa
ser entendida como necessária também na animação sociocultural, especialmente
quando se entende o profissional do lazer como um educador.

A esse respeito, Requixa (1980, p. 52-56, apud Pimentel, 2006, p. 9) ao tratar


do “duplo aspecto educativo do lazer”, diz ser a educação para o lazer uma resposta
ao sentimento de tédio e depressão experimentado por trabalhadores ao terem
tempo livre. Para o autor, a falta de preparação para o lazer é sintoma de um tipo de
sociedade no qual as pessoas consomem mais coisas e, paradoxalmente, sentem-
se com menos qualidade de vida. Técnicos de várias especialidades seriam
necessários para cultivar múltiplos interesses no lazer e emancipar as pessoas da
procura por fazer algo útil em seu tempo livre. O resultado esperado seria que a
pessoa conseguisse “preparar para si mesma uma arte de viver.”

Na esteira da educação informal, o lazer é um meio de desenvolvimento de


diferentes aspectos do ser humano. Em complemento, é por meio da educação que
muitas possibilidades de transformação das práticas de lazer se delineiam. Isto
significa, entre outras coisas, que o profissional de Educação Física precisa
redimensionar sua intervenção no lazer, buscando as interfaces de seus
conhecimentos na educação com as práticas corporais no tempo livre.

Por fim, é fundamental recordar a amálgama entre a educação para o lazer e


o seu consumo/produção no tempo livre. O fato desses dois campos não serem
pensados como interdependentes reflete a desconsideração dos educadores com a
dinâmica cultural. Sobrevive ainda o paradigma de educar primordialmente para o
trabalho. A escola tem de ser pensada como centro cultural, onde é possível
construir vivências significativas para os vários campos lúdicos de realização
humana (teatro, cinema, esportes, dança, ginástica, pintura, jardinagem, modelismo,
viagem, associativismo, entre outros). Essas experiências permitiriam que o
educando formasse uma sólida cultura geral, apontando para a cidadania. Neste
sentido, o profissional escolar estaria formando o futuro cliente (não mais acéfalo) do
profissional do lazer, nos vários campos de interesse no lazer. Pois uma vez
enriquecidas de vivências, as pessoas poderiam se dedicar às manifestações
lúdicas com mais autonomia, cientes das opções e, provavelmente, mais criteriosas
23

quanto à qualidade dos agentes que irão acompanhá-las nesse processo.


(PIMENTEL, 2006, p. 9)

7. A RECREAÇÃO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO BÁSICA

- Lazer: Para Maffei Junior (2004, p. 53) de acordo com a Carta Internacional de
Educação para o Lazer, da Associação Mundial de Recreação e Lazer (World
Leisure and Recreation Association – WLRA, 2004), a finalidade básica da educação
é desenvolver os valores e atitudes das pessoas e provê-las com o conhecimento e
aptidões que lhes permitirão sentirem-se mais seguras e obter mais prazer e
satisfação na vida. Essa perspectiva subentende que a educação, além de ser
importante para o trabalho e para a economia, é igualmente importante para o
desenvolvimento do indivíduo como um membro plenamente participativo da
sociedade e para a melhoria da qualidade de vida. A educação deve ser
considerada como processo para o desenvolvimento humano integral. Para isso, ela
deve organizar-se, segundo Délors (2001, p. 89-90), em torno de quatro
aprendizagens fundamentais, que, ao longo de toda a vida, serão de algum modo
para cada indivíduo, os pilares do conhecimento:

Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão;

Aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente;

Aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas


as atividades humanas;

Finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes.

Através dessas quatro aprendizagens, os indivíduos podem adquirir a


consciência crítica que amplia a visão de mundo, ajudando-os na leitura
interpretativa dos fatos sociais, das relações intrapessoais e interpessoais e com a
natureza. Deve ser contextualizada, propiciando ao aluno a apropriação do
conhecimento elaborado, tendo como referência a sua própria realidade. Libâneo
(1998, p. 22) define a educação como “uma prática social que atua na configuração
24

da existência humana individual e grupal.” Libâneo diz ainda que a educação tem
função construtora e reconstrutora dos espaços de vida, e para isso utiliza
“processos de comunicação e interação pelos quais os membros de uma sociedade
assimilam saberes, habilidades, técnicas, atitudes, valores”. É nesse contexto que a
escola precisa estar inserida, oferecendo uma formação geral na direção da
educação integral. Segundo Gadotti (2000), cabe à escola: amar o conhecimento
como espaço de realização humana, de alegria e de contentamento cultural;
selecionar e rever criticamente a informação; formular hipóteses; ser criativa e
inventiva (inovar); ser provocadora de mensagens e não pura receptora; produzir,
construir e reconstruir conhecimento elaborado. (MAFFEI JUNIOR, 2204, p. 54)

Continuando, Maffei Junior (2004, p. 94) afirma que para os alunos, as


consequências dessa escola, de acordo com Gadotti, são enormes: ensinar a
pensar; saber comunicar-se; saber pesquisar; ter raciocínio lógico; fazer sínteses e
elaborações teóricas; saber organizar o seu próprio trabalho; ter disciplina para o
trabalho; ser independente e autônomo; saber articular o conhecimento com a
prática; ser aprendiz autônomo e a distância. Com isso se quer dizer que a escola
constitui um pilar básico na sociedade para a formação dos indivíduos e,
indiretamente, da própria comunidade em que se integram. Este atributo da escola é
inegável, pois a maioria das crianças e dos adolescentes cresce dentro dela. A
escola representa o espaço onde se criam condições para promover, de maneira
organizada, as aquisições consideradas fundamentais para o normal
desenvolvimento humano. É essa a função da escola: dar conta do desenvolvimento
pleno dos educandos – a escola tem que se preocupar com a formação em todas as
dimensões. Isso inclui proporcionar aos alunos conhecimentos e oportunidades para
que eles possam viver, conviver e trabalhar, dando sentido às suas vidas. E, o que
muito se discute hoje é que não se pode alcançar estes objetivos olhando a escola
simplesmente pela ótica da educação para o trabalho; deve-se olhar, sim, pela ótica
de uma educação para a vida, que envolve trabalho, lazer, relações,
desenvolvimento artístico e profissional.

Para Requixa (1977, p. 21), a educação é hoje entendida como o grande


veículo para o desenvolvimento, e o lazer, um excelente e suave instrumento para
impulsionar o indivíduo a se desenvolver, a se aperfeiçoar, a ampliar os seus
interesses e a sua esfera de responsabilidades. Requixa (1980, p. 72) sugere um
25

duplo aspecto educativo do lazer: o lazer como veículo de educação – educação


pelo lazer; o lazer como objeto de educação – educação para o lazer. Este autor diz
que o indivíduo, ao participar em atividades de lazer, desenvolve-se tanto individual
como socialmente, condições estas indispensáveis para garantir o seu bem-estar e a
participação mais ativa no atendimento de necessidades e aspirações de ordem
individual, familiar, cultural e comunitária. Marques (1998) entende que o objetivo da
educação para o lazer é formar o indivíduo para que viva o seu tempo disponível da
forma mais positiva. Através desse processo o indivíduo amplia o conhecimento de
si próprio, do lazer e das relações do lazer com a vida e com o tecido social, e
reconhece os valores do lazer, aprendendo a utilizar os conhecimentos necessários
para que possa organizar a sua vida, tanto do ponto de vista laboral como do
aproveitamento do seu tempo livre. Para Dumazedier (1979), os objetivos da
educação e do lazer se harmonizam, haja vista que uma das funções do lazer é o
desenvolvimento da personalidade do indivíduo. Requixa (1976, p. 38)
complementa, dizendo do papel preponderante da educação para o lazer para o
aluno: a família, a escola e todos os educadores têm papel determinante a
desempenhar quando da iniciação da criança numa atividade lúdica e ativa de lazer,
na qual a frequente contradição entre o ensino e a realidade necessita ser eliminada.
(MAFFEI JUNIOR, 2004, p. 56)

Segundo a Carta Internacional de Educação para o Lazer, a educação para o


lazer há muito tem sido reconhecida como parte da área da educação, mas não tem
sido amplamente implementada. Tem sido entendida como parte importante do
processo de socialização no qual uma variedade de agentes desempenha um papel
importante, sendo que se pode destacar como principais agentes os alunos e o
professor de educação física. Mas, por que implementar a educação para o lazer na
escola? Porque a meta geral da educação para o lazer é ajudar estudantes em seus
diversos níveis a alcançarem uma qualidade de vida desejável através do lazer. Isto
pode ser obtido pelo desenvolvimento e promoção de valores, atitudes,
conhecimento e aptidões de lazer através do desenvolvimento pessoal, social, físico,
emocional e intelectual. Diz Vaz (2003): a escola deve atender às necessidades,
interesses e motivações de seus alunos, onde o aspecto recreativo, base da
concepção utilitária e social da educação física, deve ser levado em consideração
quando do planejamento das atividades a serem desenvolvida, pois, trabalho e
26

lazer, tal como a educação intelectual e a educação física, não podem ser
consideradas como partes separadas. Isso deve ser ensinado aos alunos.

Em relação aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) (BRASIL, MEC,


1996), este documento somente cita o lazer na escola, não aprofundando e nem
explicitando o tema. Os PCNs apontam a importância de se educar para o lazer,
mas não indicam como fazer isso. Afirmam que, ao final do ensino fundamental, os
alunos devem estar capacitados a conhecer, organizar e interferir no espaço de
forma autônoma, bem como reivindicar locais adequados para promover atividades
corporais de lazer, reconhecendo-as como uma necessidade básica do ser humano
e um direito do cidadão. Entretanto, isso não ocorre, porque são raros os
professores de educação física que incluem em seu planejamento de aula
conteúdos sobre o lazer. Um dos motivos pode ser a má formação que este
professor recebeu sobre o lazer quando cursou a faculdade. São poucas as
instituições que oferecem embasamento sobre o lazer. Isayama (2002, p. 121),
analisando os currículos, observou que com relação à importância atribuída à
recreação e ao lazer nos currículos desses cursos, existe contradição entre o que se
propõe como objetivo e o que realmente se realiza no interior dos currículos. Nesse
sentido, muitos cursos afirmam em seus objetivos que a recreação e o lazer são
campos de atuação do profissional de Educação Física, além do treinamento
desportivo e da escola, e que o seu currículo irá privilegiar esses três enfoques. No
entanto, fica difícil formar profissionais qualificados para atuar nos campos da
recreação e do lazer, se esses conhecimentos são trabalhados de forma rápida e
superficial, em virtude da pequena abertura que têm, em termos de carga horária,
número de disciplinas e abordagem dentro de outras disciplinas do currículo.
(MAFFEI JUNIOR, 2004, p. 57)

Ainda Maffei Junior (2004, p. 57) aponta que Bramante (1998, p. 42) se refere
ao duplo aspecto educativo do lazer (Requixa 1989) e diz que “a educação para e
pelo lazer tem oscilado entre dois extremos: da inclusão de uma disciplina específica
no currículo escolar desde o início do processo de escolarização” até a proposta de
que “todo currículo escolar deveria ter como paradigma a ludicidade, explorando os
conteúdos específicos de todas as disciplinas através de uma educação pelo lazer”.
Segundo Le Boulch (1983, p. 23), a preparação dos alunos para o lazer é uma
questão pedagógica: “ao assumir a nobre função de educar na plenitude do termo o
27

cidadão, a escola esteja preocupada, em todos os níveis, em prepará-lo não apenas


para o trabalho, mas também e cada vez mais para o lazer”. Opachowski citado por
Vaz (2003) desenvolveu uma “pedagogia do lazer”, defendendo a necessidade de
criar medidas e intenções educativas para o lazer, garantindo que o mesmo seja
realmente um tempo livre para o indivíduo. A “pedagogia do lazer” apresenta oito
características, resumidas por Haag (1981, p. 100-101), que podem ser plenamente
utilizadas pelo professor de educação física para explicar aos alunos a importância
do lazer:

1. A pedagogia do lazer constitui uma forma culta de serviço especial que oferece ao
indivíduo (desde a etapa pré-escolar até a formação do adulto) ajuda para aprender,
desencadear e tolerar as trocas individuais e sociais.

2. A pedagogia do lazer supõe uma atitude política ante um mundo não


harmonizável.

3. A pedagogia do lazer libera da identificação total com os afazeres (e com os


afazeres desempenhados durante o tempo livre, porém determinados pelo trabalho
e por terceiros), da consequente idealização do trabalho e do predomínio absoluto
do princípio de rendimento.

4. A pedagogia do lazer estimula ao indivíduo a autoanálise e a reflexão sobre si


mesmo e sobre o lugar ocupado por ele no trabalho e no tempo livre.

5. A pedagogia do lazer vence a angústia, a penúria e a repressão; está aberto ao


bem estar, ao lazer e ao desfrute dele mesmo.

6. A pedagogia do lazer assume uma atitude positiva frente à abundância e


variedade das ofertas de consumo, evitando, ao mesmo tempo, um permanente
autocontrole, vigilância e distância crítica permanentes frente à indústria de lazer.

7. A pedagogia do lazer proporciona segurança física, psíquica e social e uma nova


economia da saúde.

8. A pedagogia do lazer melhora o estado de ânimo, e assim contribui a atingir o


otimismo frente à vida e a fortalecer a autoconsciência.

Kraus (1972, p. 1-2) afirma que o principal propósito da educação para o


lazer, assim como em outras formas de educação, é “promover certas mudanças
28

individuais desejáveis nos estudantes que estão expostas a ela”. Este autor trabalha
com algumas metas que podem ser estabelecidas:

Atitude: é essencial que o estudante desenvolva um conhecimento da


importância do lazer na sociedade e reconheça os valores significativos que
eles podem trazer à sua vida;

Conhecimento: atitudes positivas bem fundadas devem ser suplementadas


pelo conhecimento individual; saber “como”, “por que”, e “onde” deve ocorrer
a participação recreativa;

Habilidades: o objetivo de ensinar técnicas não é somente o de conseguir que


o estudante domine um certo número de atividades específicas, com a ideia
de que ele necessariamente participará delas, em sua vida recreativa, na
juventude e idade adulta; e ainda proporcionar certas habilidades básicas,
para que ele possa participar dessas habilidades com um certo grau de
competência, sucesso e prazer;

Comportamento: qualquer das metas acima, atitude, conhecimento e


habilidades, leva a esse último propósito que é o comportamento. A
consequência da educação para o lazer dever ser a existência de um
comportamento que seja marcado pela capacidade de um bom julgamento
pessoal, quando da seleção de atividades recreativas.

Segundo Kraus (apud Gaelzer, 1979, p. 2), a escola tem a responsabilidade


de proporcionar experiências vivas, tanto pela assistência direta ao corpo discente
como pela colaboração com a comunidade que também deve proporcionar
atividades recreativas para a intensificação de seu programa de educação para o
lazer. O comportamento de lazer pode ser firmado e os hábitos de participação
efetiva podem ser solidamente implantados se a escola se esforçar em ensinar uma
real participação nas atividades de lazer. Como diz M'Bow citado por Vaz (2003),
“que cada um seja, daqui por diante, preparado para uma educação física e
esportiva que lhe permita manter a saúde ao longo da vida, ou simplesmente ocupar
o seu lazer”. (MAFFEI JUNIOR, 2004, p. 58-59)

- Recreação: de acordo com Graciano, Silva (2009, s/p) a palavra recreação vem do
latim recreare e significa “criar novamente” no sentido positivo, ascendente e
29

dinâmico (Ferreira 2003). Silva (1959) informa que a definição de recreação pode
ser achada no termo inglês play significado que o homem encontra uma verdadeira
satisfação e alegria no que esta fazendo. Representa uma atividade que é livre e
espontânea na qual o interesse se mantém por si só, sem nenhuma compulsão
interna ou externa de forma obrigatória ou opressora. Para Mian (2003) recreação
significa satisfação e alegria naquilo que faz. Retrata uma atividade que é livre e
espontânea e na qual o interesse se mantém por si só, sem nenhuma coação
interna ou externa de forma obrigatória ou opressora, afora e prazer. Schimit (apud
Frietzen, 1995) define a recreação como sendo o relaxamento do organismo e da
mente. É diversão, renovação, recuperação. È a atividade livremente escolhida
exercida nas horas de lazer ativa ou passiva, individualmente ou em grupo,
organizada ou espontânea.

A recreação tem o objetivo de criar condições ótimas para o desenvolvimento


integral das pessoas, promovendo a sua participação individual e coletiva em ações
que melhorem a qualidade de vida a preservação da natureza e afirmação dos
valores essências da humanidade. Segundo Gouvêa (1963) recrear é educar, pois a
recreação permite criar e satisfazer o espírito estético do ser humano ricas
possibilidades culturais, permite escapar do desagradável, utilizando excesso de
energia ou diminuindo tensão emocional; é experiência, complementa atividade
compensadora, descarrega impulsos agressivos, fuga de pressão social que
provoca frustração, monotonia ou ansiedade. Já Kishimoto (1997) define recreação,
como atividade física ou mental a que o indivíduo é naturalmente impelido para
satisfazer as necessidades físicas, psíquicas, ou sociais, de cujas realizações lhe
advêm prazer, e que é aprovada pela sociedade. (GRACIANO, SILVA, 2009, s/p)

Ainda de acordo com Graciano, Silva (2009, s/p) o entretenimento em si


mesmo não é, sempre recreação. Muitas diversões, muitos passatempos
catalogados ou tidos como recreadores, não passam de atividades, nocivas a
formação do caráter, responsáveis por grande número de problemas morais e
sociais. A verdadeira recreação contém todos os elementos citados -
entretenimento, diversões, passatempos e distração - mas em um nível construtivo.
Atividades feitas apenas com o sentido de “matar o tempo” não podem ser
classificadas como recreação relata Silva (1959). Infelizmente, nossas crianças na
maioria das escolas recebem regras prontas, não significações. Elas devem aceitá-
30

las para poder transformar num bom adulto. E o mesmo acontece com os
professores. (MIAN, 2003) Nem todo passatempo é recreação, nem toda diversão é
uma atividade recreativa. (FERREIRA, 2003, apud GRACIANO, SILVA, 2009, s/p).

- Jogos e brincadeiras: os jogos surgiram na Grécia como forma de diversão


passando mais tarde a serem aperfeiçoados e estudados por grandes mestres a fim
de torná-lo parte do desenvolvimento educacional da criança. Depois da segunda
guerra mundial e com a criação da (A. C. M.) Associação Cristã de Moços em vários
países, o jogo como um fator educacional, começou a ocupar espaço (Ferreira
2003). Segundo Cavallari, Zacharias (2008) se uma atividade recreativa permite
alcançar vitória, ou seja, pode haver um vencedor, estamos tratando de um jogo.

O jogo busca um vencedor, Ferreira (2003) jogo é uma atividade física, e/ou
mental que favorece a sociabilização obedecendo a um sistema de regras, visando
um determinado objetivo, sendo uma atividade que tem começo, meio e fim, regras
a seguir e um provável vencedor. O jogo educativo é um elemento de observação e
conhecimento metodológico da psicologia da criança, suas tendências, qualidades,
aptidões, lacunas e defeitos. Jogo é uma das experiências mais ricas e polivalentes
e, uma necessidade básica para a idade infantil. A revalorização do tempo livre, nos
últimos tempos, e a continuidade do ensino de expressão dinâmica, vão
despertando uma renovada atenção em direção ao aspecto lúdico, a
psicomotricidade e suas grandes possibilidades (SILVA, 1999). Cavallari, Zacharias
(2008) dizem que todo jogo apresenta uma evolução regular, ele tem começo meio e
fim. Consequentemente existem maneiras formais de se proceder.

A maneira como se joga pode tornar o jogo mais importante o que


imaginamos, pois significa nada menos que a maneira como, estamos no mundo. Os
jogos de que as crianças participam tornam-se seus jogos de vida. Participando
destes jogos tocamos uns aos outros pelo coração. Desfazemos a ilusão de sermos
separados e isolados. E percebemos o quanto é bom e importante será respeitar a
singularidade do outro. (BROTTO, 2003) O professor tem seu papel nos jogos, ele
representa e projeta a maneira de jogar, ele é quem comunicar-se através de voz
audível e gestos harmoniosos, a fim de promover uma atmosfera agradável sua
experiência é fundamental, pois através de seus exemplos conquista a confiança e
31

cria uma relação de atividade criativa e amigável (SILVA, 1959, apud GRACIANO,
SILVA, 2009, s/p).

- Brincadeiras: Para Graciano, Silva (2009, s/p) Cavallari e Zacharias (2008) definem
como a principal diferença entre jogo e brincadeira é o vencedor, na brincadeira não
há como ter um vencedor. Ela simplesmente acontece e segue-se se desenvolvendo
enquanto houver motivação e interesse por ela. Para a criança brincar é a coisa
mais séria do mundo, é tão necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e
o descanso. É o meio que a criança tem de travar conhecimento com o mundo e
adaptar-se ao que rodeia (FRITZEN, 1995). É por meio de brincar que a criança
torna-se intermediária entre a realidade interna e externa, participando, entendendo
e percebendo-se como membro integrante do seu meio social. É brincando também,
que a criança deixa de ser passiva para tornar-se responsável pela a ação realizada,
decidindo os rumos das situações socioculturais por ela criadas é vivenciada
sentimentos diversos, que contribui para a formação da sua personalidade (MIAN,
2002).

Marcellino (1990, apud Graciano, Silva, 2009, s/p) informa que através do
prazer, o brincar possibilita à criança a vivência de sua faixa etária e ainda contribui
de modo significativo para sua formação como ser humano, participando da cultura
da sociedade que vive, e não apenas como mero indivíduo requerido pelos padrões
de produtividade social. Sendo assim a vivência do lúdico é imprescindível em
termos de participação cultural e crítica e, principalmente criativa. Marcellino
descreve também o quanto é fundamental assegurar a criança o tempo e o espaço
para que o lúdico seja vivenciado com intensidade capaz de formar a base sólida da
criatividade e da participação cultural e, sobretudo para o exercício do prazer de
viver. São os conteúdos e a forma (produtos e processo) da cultura da criança, que
representam o antídoto a aceitação do “jogo” pré-estabelecido, da sociedade e
mesmo a camuflagem das colocações individuais, justificando sua impotência frente
a estrutura do mundo que receberam e são obrigadas a produzir. A criança que
brinca vive a sua infância torna se um adulto muito mais equilibrado, física e
emocionalmente suportará muito melhor as pressões das responsabilidades adultas
e terá maior criatividade para solucionar os problemas que lhe surgem, sendo assim,
a brincadeira é uma atividade não apenas natural, mas, sobretudo sociocultural já
que, muitas crianças a cada dia, tem menos tempo para brincar, pois os pais se
32

matriculam no maior número possível de atividades e como consequência elas são


vítimas de estresse bem mais cedo. O brinquedo por sua vez tem seu papel
importante nas brincadeiras sendo para criança um passaporte para o reino mágico
de brincadeira (KISHIMOTO, 1997, apud GRACIANO, SILVA, 2009, s/p).

Infelizmente, nossas crianças na maioria das escolas recebem regras prontas,


não significações. Elas devem aceitá-las para poder transformar num bom adulto. E
o mesmo acontece com os professores. (MIAN, 2003) Observa-se cada vez mais
que o contato das crianças com jogos brinquedos e brincadeiras tradicionais vem
perdendo espaço, possivelmente como consequência dos processos de urbanização
e de produção consumo de equipamentos de alta tecnologia (videogames,
computadores, televisores e brinquedos de controle remoto). (SCHWARTZ, 1958).

Segundo Neto (apud Velasco, 1996) é um fato inquestionável que as


oportunidades de jogo e atividade física tem vindo a degradar- se de forma
considerável nas ultimas décadas aumentando substancialmente o sedentarismo na
infância. A infância é uma época importante para a prática de várias atividades
físicas e o desenvolvimento de habilidades motoras diversas a fim de promover
atitudes saudáveis, melhorias na proficiência motora, maiores possibilidades de
aderência a um estilo de vida ativo e melhor autoestima e confiança. Uma possível
dinâmica de aula, em algumas ocasiões é iniciar conversando com os alunos,
perguntando-lhes do que gostariam de brincar. Trata-se de uma forma de estimular
a participação da criança e fazê-la sentir toda importância que tem favorecendo
ainda, a rica troca de experiência entre elas e seus respectivos universos de jogos.
Outra possibilidade é resgatar jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais, que os
pais ou responsáveis e familiares dos alunos desenvolviam quando crianças pedindo
ao aluno conversem com eles, perguntando-lhes a respeito de que e como
brincavam na infância trazendo referências por escrito ou desenhada representação
de uma pequena exposição (organizada pelos próprios alunos, professores, pais ou
responsáveis familiares e comunidade, na escola) da memória da cultura de jogos,
brinquedos e brincadeiras infantis. (SCHWARTZ, 1958, apud GRACIANO, SILVA,
2009, s/p)

Ainda de acordo com Graciano, Silva (2009, s/p) a alegria tem um efeito
estimulante sobre o sistema nervoso e, sendo este o sistema que controla toda a
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atividade química que se processa no íntimo dos tecidos, é indiscutível os profundos


efeitos das emoções de prazer sobre o organismo em geral e a estreita correlação
entre saúde e bem estar. O treino nas diferentes atividades que se entrega a criança
que se dispõe de espaço e estímulos naturais promove crescimento muscular,
presteza em agir de acordo com a vontade, reserva de energia nervosa e maior
resistência ao esforço físico. Cada momento de atividade recreativa envolve um
estado emocional: de simples prazer ou alegria promovido pela satisfação de agir,
de medo diante ao insucesso, da identificação real com um personagem mais fraco,
ou ainda do perigo que possa enfrentar de raiva na luta contra obstáculos ou na
personificação de elementos destruidores (GOUVÊA, apud KISHIMOTO, 1997).

- Características das crianças de 6 a 8 anos: a criança de 6 a 7 anos para Ferreira


(2003) pode ser definida como estando no estágio pré-operatório sendo a de 6 a 7
onde aparece à linguagem oral. Pensamentos egocêntricos, rígidos, centrada em si
mesma e com características de animismo (ciosas e animais). Não possui noção de
conservação, quantidade, volume, massa, peso e não consegue retornar ao ponto
de partida mentalmente (condição básica para a realização de operações).

No período pré-operatório a assimilação, (isto é, a interpretação de novas formações


baseada em interpretações presentes) é uma tarefa suprema para a criança. Nesta
fase, a ênfase no por que e no “como” torna-se uma ferramenta básica para que a
adaptação ocorra (GALLAHUE, OZMUN, 2005).

Brincar serve como um importante meio de assimilação e ocupa maior parte


das horas que a criança passa acordada. As brincadeiras imaginárias e as paralelas
são importantes ferramentas para o aprendizado. Brincar também serve para
demonstrar as regras e os valores dos familiares mais velhos do indivíduo. A
ampliação do interesse social por seu mundo é característica da fase do
pensamento pré–operatório da criança. Como resultado o egocentrismo é reduzido e
a participação social aumenta. A criança começa a exibir interesse nos
relacionamentos entre as pessoas. A compreensão dos papéis sociais de “mamãe”,
“irmã” e “irmão” e seu relacionamento uns com os outros é importante para a criança
nesta fase. A criança pequena demonstra crescente pensamento simbólico pela
ligação do seu mundo com palavras e imagens. A assimilação é avançada usando a
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atividade física para realizar os processos cognitivos. (GALLAHUE, OZMUN, 2005,


apud GRACIANO, SILVA, 2009, s/p)

Na fase operatório-concreta de 7 a 11 anos para Ferreira (2003) a criança


começa a ter um pensamento mais lógico, menos egocêntrico, ações mentais mais
reversíveis, móveis e flexíveis. Apesar de o pensamento basear-se mais no
raciocínio, ainda precisa de materiais e exemplos concretos. Não pode ordenar,
seriar e classificar. Nesta fase, as percepções são mais precisas, e a criança aplica
a interpretação dessas percepções ambientais sabiamente. Ela examina as partes
para obter conhecimento do todo e estabelece meios de classificação para organizar
as partes em um sistema hierárquico. A criança brinca para compreender seu
mundo físico. Regras e regulamento são de interesse da criança quando aplicadas a
brincadeira. A criança raciocina logicamente sobre eventos concretos e consegue
classificar objetos de seu mundo em vários ambientes, existindo a reversibilidade
com experimentação intelectual através da brincadeira ativa. (GALLAHUE, OZMUN,
2005, apud GRACIANO, SILVA, 2009, s/p)

Finalizando Graciano, Silva (2009, s/p) afirmam que é de extrema importância


a recreação na vida da criança, tanto no seu desenvolvimento motor, afetivo e
social. E são os jogos e brincadeiras que tornam um facilitador para que tudo
aconteça de forma natural e melhor ainda de forma “prazerosa”. É necessário ter um
objetivo a ser trabalhado, para que assim elas se desenvolvam e mostrem seu
potencial, não simplesmente “brincar” e sim educar, com essas ferramentas tão úteis
e significativas que trazem sorrisos e mudam a vida das crianças. O brincar de forma
construtiva abre a portas para a educação, e depende de nós deixá-la aberta.
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