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Lazer e Recreação
Material Teórico
A Formação do Animador Sociocultural
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
A Formação do Animador Sociocultural
• Introdução;
• Voltando um Pouco na História;
• Recreação;
• Adquirir Conhecimento = Um Passo
Fundamental e Constante no Lazer;
• A Ação e Função.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Apresentar ao aluno as expectativas que surgem ao se contratar um animador sociocultural,
como ele deve se portar e desenvolver suas atividades.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
Introdução
Nesta unidade, vamos estudar mais a fundo o profissional Animador Sociocultural.
Outros autores como Bramante (1998 apud GOMES, 2008) e Bruhns (1997
apud GOMES, 2008) já ponderam diferenças entre os termos – enquanto o lazer
está associado à cultura, ao desenvolvimento atribuído às vivências, a recreação está
ligada à atividade em si, podendo considerar a atividade e ou experiência em si, além
da possibilidade de aproximar a recreação, a atividade proposta – ao lúdico.
Figura 1
Fonte: Getty Images
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• Recreação: podemos considerar a atividade proposta no tempo livre; isso significa
uma atividade que ocorre dentro do lazer, cujo objetivo é divertir-se, recrear-se.
Figura 2
Fonte: Getty Images
Figura 3 Figura 4
Fonte: Getty Images Fonte: Getty Images
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UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
Figura 5
Fonte: Getty Images
Recreação
Esse termo foi instituído no século XIX, nos EUA, para englobar atividades de
cultura popular que os “departamentos municipais se incumbiam de organizar; su-
pervisionar e difundir” (MIRANDA, 1993 apud GOMES, 2008, p.88). Segundo esse
autor, depois de muitas discussões acerca do melhor termo entre pesquisadores das
áreas da educação, sociologia, higiene mental, psicologia, entre outras, o termo ‘re-
creação’ foi escolhido como melhor palavra a fim de expressar tais atividades.
Gomes (2008) cita Miranda (1993) descrevendo a fixação do termo recreação nas
seguintes palavras: “uma série de atividades destinadas a diferentes faixas etárias,
livres ou organizadas, públicas ou privadas” (MIRANDA, 1993 apud GOMES, 2008,
P.90). Segundo Gomes (2008), esse conceito encerrava as discussões quanto às preo-
cupações sociais e/ou político-social, havendo como meta a promoção dos interesses
social e moral.
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o desenvolvimento do jogo [...]. O animador deve transmitir a todos os
participantes a sensação de que sabe bem o que esta fazendo (ALMEIDA,
1977, p. 29 apud GOMES, 2008)
A recreação passa a ser ofertada aos adultos como meio de ocupação do ócio,
preenchimento do tempo livre, necessidade de organizá-lo e controlá-lo, como forma
de uso adequado do tempo livre (GOMES, 2008). Observa-se que, nesse momento,
a recreação é vista como sinônimo de lazer. Embora haja uma aproximação dos con-
ceitos, a recreação mantinha a ideia de atividades determinadas por organizações
cujo objetivo não era apenas educacional, mas também biológico e sociopolítico.
Marinho (1957 apud GOMES, 2008) apresenta os esforços dos poderes públicos
a fim de ofertar espaços para o lazer como parques de recreação com amplas áreas
verdes em especial nos bairros em que habitavam as classes proletárias. Essas políti-
cas tinham como objetivo a recuperação do desgaste físico no cotidiano do trabalha-
dor, entretanto, não se valorizava a necessidade da recuperação mental e a alegria
de viver.
Posteriormente, a recreação foi classificada como uma função do lazer. Dessa for-
ma, o lazer apoderou-se do seu conceito e a recreação passou a fazer parte do lazer.
Ferreira (1959 apud GOMES, 2008, p.104) conceitua: “Lazer é tempo, e a recreação
é a expansão dos interesses humanos em tempo de lazer”.
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UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
Outro exemplo: para ser guia de trilhas, simplesmente, deve-se reunir as pessoas
e sair caminhando pelo simples fato de você conhecer o percurso? Não, é importante
saber qual tipo de roupa e calçado usar, carregar consigo um kit emergência, conhe-
cer a trilha, na semana anterior fazer o percurso para ver se está tudo bem, saber en-
sinar as técnicas de caminhada em diferentes terrenos, entre outros conhecimentos.
Figura 6
Fonte: Getty Images
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Adquirir Conhecimento = Um Passo
Fundamental e Constante no Lazer
Faz-se necessário conhecer algumas ciências bases para a compreensão do ho-
mem e sociedade. Silva & Silva (2012) trazem como bases das ciências humanas
áreas como sociologia, antropologia, filosofia e história, destacando a importância de
compreender o “homem” e a “sociedade” em que ele vive, a cultura que o cerca, suas
limitações e suas conquistas ao longo da história. O conhecimento do homem, do
ambiente e da cultura envolvente é a base para o animador sociocultural desenvolver
seu trabalho.
Uma mesma brincadeira pode ser desenvolvida com idades diferentes, exemplo: crianças de
Explor
Não se assuste com tantas áreas, todas elas buscam responder o desenvolvimento
do homem ao longo da sua formação física, psíquica, emocional e social, e, embora
seja muito importante você ter o conhecimento básico, a riqueza da área do lazer é
poder atuar de maneira multiprofissional.
nadas faixas etárias, assim como a informação é absorvida e contemplada. Disponível em:
http://bit.ly/2E0vj8S
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UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
Talvez surja em sua mente neste momento a pergunta: mas o animador sociocultural não
Explor
é aquele que faz atividades recreativas, diverte as pessoas e possibilita o prazer ao gru-
po envolvido?
Sim, uma das funções do lazer é a diversão, entretanto, o lazer vai além – o lazer
tem como base o prazer intrínseco baseado no desenvolvimento pessoal e social
do sujeito, além do descanso e da diversão. Dessa forma, podemos sim atuar com
brincadeiras, jogos, estafetas, entre outras atividades que causam um prazer. Por
outro lado, podemos também ofertar, através dessas atividades, interação social,
desenvolvimento de habilidades motoras e ganho do repertório de atividades no
âmbito do lazer.
Em seguida, essa autora afirma: “É importante não confundir bom humor com
bobo-alegrismo, pois é do prazer do trabalho que deve nascer o bom humor”
(GUALHARDO, 2010, p. 38).
Figura 7
Fonte: Getty Images
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As vivências no âmbito do lazer podem ser uma ferramenta para superar difi-
culdades emocionais, traumas físicos e emocionais, perdas, entre outras questões
acerca da saúde física e mental. Exemplo dessas possibilidades são as fisioterapias
com jogos eletrônicos que simulam movimentos e fortalecem as estruturas em tra-
tamento, crianças hospitalizadas que são colocadas para desenharem junto da equi-
pe de psicologia para externar suas emoções, brincadeiras lúdicas desenvolvidas
por terapeutas ocupacionais cujo objetivo é o desenvolvimento cognitivo-motor e
atividades ditas como ‘hobbies’ como fazer aulas de culinária, atividades artísticas e
ou intelectuais, como aprender uma nova língua.
Figura 8
Fonte: Getty Images
Importante! Importante!
O lazer tem sido estudado por várias áreas como: Administração, Arquitetura, Educa-
ção Física, Pedagogia, Psicologia, Turismo e Hotelaria, entre outras profissões (ISAYAMA,
2009), entretanto, ainda assim nos dias de hoje, o lazer tem sido associado mais às práti-
cas corporais do que aos demais interesses do lazer.
Dessa forma, é possível observar, em todo momento, que a mídia e o senso co-
mum atrelam a vivência do lazer às práticas corporais, reduzindo as experiências
do lazer somente ao cuidado do corpo. Se pensarmos na tipologia do tempo de
Frederic Munné (1984), as práticas corporais com fins de saúde, estética e qualidade
de vida não poderiam ser consideradas atividade no tempo livre e sim no tempo psi-
cobiológico. Werneck (1998, apud SILVA & SILVA, 2012) atribui essa visão limitada
do lazer ao sentimento depositado ao mesmo, sendo ele supérfluo e dispensável,
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UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
ou seja, se você tem tempo livre, significa que você tem o poder de escolha entre
vivenciar algo no lazer ou não; agora, se não tem esse tempo livre, o mesmo não
lhe fará falta.
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A Ação e Função
O animador sociocultural tem como ação desenvolver ações pedagógicas, emba-
sadas nas questões socioculturais a fim de construir novas experiências no âmbito do
lazer de maneira crítica e criativa (BRITO, 2007; NEGRINE et al., 2001 apud SILVA
& PINES JUNIOR, 2017).
Valores
Podemos considerar os valores como princípios básicos de uma relação dialética
entre duas ou mais pessoas; pensar nos valores é pensar em características essen-
ciais que você considera indispensável na relação você e seu cliente.
Vejamos: você compra um produto produzido por mão de obra escrava conscien-
temente? Ou então você compra um produto sem nota fiscal, sem embalagem segura?
Pois bem, os valores são aquelas características que são essenciais a você para
desempenhar um bom trabalho. Exemplos de valores são: ética, honestidade, com-
prometimento, zelo pelo produto, entre outros.
Exercício: Faça uma lista de valores que você acredita ser essencial para você ser
um animador sociocultural de sucesso.
Habilidades
A habilidade está associada à questão técnica em si. Dito isso, é importante a
repetição para o aperfeiçoamento da prática para o seu domínio e a capacidade de
encontrar soluções para os problemas (SAUPE, 2006).
Exercício:
Volte na parte dos pré-requisitos para um animador sociocultural e faça uma nova
leitura. Em seguida, pegue um papel e uma caneta, faça duas linhas dividindo a folha
em três partes: na primeira parte da folha, você escreverá os pré-requisitos que você
tem em potencial; na segunda parte, você escreverá os pré-requisitos que você pre-
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UNIDADE A Formação do Animador Sociocultural
cisa desenvolver mais; e, na terceira parte, você escreverá os pré-requisitos que não
têm domínio nenhum.
Esse exercício servirá para você visualizar suas potencialidades e suas limitações
e, a partir dessa visualização, você tem a opção de escolher melhorar algumas e
desenvolver outras.
Atitudes
O conhecimento está associado ao saber, já a habilidade está associada ao saber
fazer e, por fim, vem a atitude, não menos ou mais importante, mas sim no mesmo
nível que as anteriores que está associada ao saber ser (BOMFIM, 2012). Dessa for-
ma, desafiamos você a fazer uma lista de características que, depois de fazer toda a
leitura, acredita ser o melhor posicionamento profissional de um animador sociocul-
tural, como ele deve proceder quando solicitado uma proposta de atuação, e quando
ele se depara com uma situação inusitada em sua rotina de trabalho.
Em Síntese Importante!
O termo recreação surgiu como forma de divertir os trabalhadores nos Estados Unidos,
contudo, essa diversão tinha a função de educar moralmente, desenvolver projetos so-
ciais e políticos, formação da nacionalidade e a busca por uma sociedade harmoniosa.
Os termos “recreação” e “lazer”, ao longo da história, teve seus momentos de junção e
distanciamento. Hoje consideramos a recreação como atividades propostas no tempo
livre com caráter lúdico, e o lazer como possibilidades de vivências além da recreação no
tempo livre.
A profissão do animador surgiu com o objetivo de guiar as atividades de recreação, a fim
de atingir os objetivos da época, que eram: educação moral, formação da nacionalidade
e educação social e política. Dessa forma, fica clara a importância de estudar as caracte-
rísticas da sociedade e da cultura que ali predominam, além, é claro, de compreender as
possibilidades em potencial de atender às necessidades do grupo em si.
Entre os pré-requisitos listados na unidade, destacamos a formação continuada, pois,
como estamos em constantes mudanças sociais e políticas, é de suma importância com-
preender, dialogar, questionar e criticar o conhecimento atual.
Por fim, os valores, as habilidades e as atitudes são características importantes a serem
definidas antes mesmo de iniciar a atuação, pois elas serão as características que guiarão
a sua profissão.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Competência profissional: uma Revisão Bibliográfica
BOMFIM, R. A. Competência profissional: uma revisão bibliográfica. Revista
Organização Sistêmica, v.1, n.1, 2012.
Os jogos cooperativos na formação de animadores culturais em acampamentos
GALHARDO, S. Os jogos cooperativos na formação de animadores culturais em
acampamentos: Uma experiência que deu certo. Monografia (latus sensu) Centro
Universitário Monte Serrat – Unimonte. Santos, p. 121. 2010.
Questões contemporâneas: Significados e relações constituídas entre o lazer e a recreação no Brasil
GOMES, C. L. Questões contemporâneas: Significados e relações constituídas
entre o lazer e a recreação no Brasil. In: GOMES, C. L Lazer, trabalho e educação:
relações históricas, questões contemporâneas. 2. ed. Belo Horizonte: UFMG, 2008.
Valores Organizacionais e Criação do Conhecimento Inovador
MIGUEL, L. A. P.; TEIXEIRA, M. L. M. Valores Organizacionais e Criação do
Conhecimento Inovador. RAC, Curitiba, v.13, n.1, p.36-56, 2009.
Gestão Estratégica das experiências de lazer
SILVA, T. A. C.; PINES JUNIOR, A. R. Lazer e animação sociocultural: formação e
atuação profissional. In: AZEVEDO, P. H.; BRAMANTE, A. C. Gestão Estratégica
das experiências de lazer. Curitiba, PA: Appris, 2017.
A formação profissional no lazer em nossa moderna sociedade
WERNECK, C. L. G. A formação profissional no lazer em nossa moderna sociedade:
Repensando os limites, os horizontes e os desafios para a área. Revista Licere, Belo
Horizonte, v.1, n.1, p.47-65, set. 1998.
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Referências
BOMFIM, R. A. Competência profissional: uma revisão bibliográfica. Revista
Organização Sistêmica, v.1, n.1, 2012.
TAMAYO, A.; BORGES, L. O. Valores del trabajo y valores de las organizaciones. In:
M. Ros & V. V.Gouveia (Coords.). Psicología social de los valores humanos: desar-
rollos teóricos, metodológicos y aplicados. Madrid: Editorial Biblioteca Nueva. 2001.
SILVA, C. L.; SILVA, T. P. Formação profissional em lazer. In: SILVA, C. L.; SILVA,
T. P. Lazer e Educação Física: textos didáticos para a formação de profissionais
do lazer. Campinas, SP: Papirus, 2012.
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