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Introdução
O Lúdico é um instrumento pelo qual a criança se expressa no mundo. Por meio
dessa prática cultural, presente no dia a dia infantil, que autores renomados
desempenham suas pesquisas e afirmam que é na brincadeira que a criança
aprende e constrói os conhecimentos necessários para seu pleno desenvolvimento.
Objetivos de Aprendizagem
Para simplificar, Miranda (2013) apresenta o lúdico como uma categoria geral que
engloba jogo, brincadeira e brinquedo. A tendência de nossa sociedade
tecnológica, acostumada a viver no aproveitamento do hoje, é acreditar que o uso
de jogos e brincadeiras veio há pouco tempo. Miranda (2013) explica que, na Grécia
Antiga, Platão (437-348) baseava a educação para crianças com utilização de
jogos educativos, a prática era nos primeiros anos de idade e para ambos os sexos.
Para os gregos, a educação oferecida na escola não era o suficiente, visto que eles
entendiam que a sociedade também ensinava, assim, “para eles a cidade também
educava tanto em suas reuniões políticas administrativas e jurídicas quanto nos
jogos, nas artes, na arquitetura e nas representações dramáticas” (CINTRA;
PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229-230). Eles acreditavam que os jogos educacionais
eram auxiliares na formação do corpo, da mente, da ginástica, das artes, da
música, da filosofia, da ciência e da moral, logo, “[...] o jogo físico, de caráter
reparatório dos militares, possuía um grande valor pedagógico, direcionado para o
ensino-aprendizagem [...]” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229- 230).
Na Idade Média, Àries (1981) salienta que os jogos, mesmo quando presentes nas
atividades educativas, não eram analisados como um material pedagógico com
capacidade de gerar aprendizagem, assim, tinha somente como alvo as atividades
recreativas. Pode-se justificar que as crianças não recebiam tratamentos
diferenciados, pois na época acreditava-se que elas eram adultas em menores
estaturas.
De acordo com Kishimoto (1994), apenas no século XVIII houve a disseminação das
brincadeiras e dos jogos. É importante destacar que esse fato ocorreu
principalmente no âmbito rural, pois nessa esfera predominavam as populações
em virtude da produção de bens, assim, tinham uma grande aglomeração de
crianças que popularizaram as brincadeiras e os jogos. Ainda, conforme com a
autora, após a Revolução Industrial e com o advento das tecnologias, em geral, o
lúdico deixou de ser usado pelos adultos, sendo mais encontrado no cenário infantil.
Ainda para o autor, Rischbieter (2011), Lev Semenovitch Vygotsky apresenta o jogo
como uma atividade que origina a imaginação e, consequentemente, a inteligência
criativa. Sigmund Freud traz a importância do jogo para que a criança possa
expressar seus desejos mais íntimos, assim, ela poderá descarregar sua
agressividade e, também, colaborar para a construção de sua liberdade.
Segundo Piaget (2011, p. 64), "[...] o brincar implica uma dimensão evolutiva.
Crianças diferentes com características específicas têm maneiras diferenciadas de
brincar”. Dessa forma, a brincadeira não pode ser vista como um momento sem
valor que em nada contribui para a formação da criança, pois considerando que é
básica, principalmente para as séries iniciais, deve ser proposta e conduzida pelo
professor com base nas características de cada uma presente em sua sala de aula
e pressupor um planejamento adequado à faixa etária em que será aplicada.
FIGURA 1 Interação ao brincar
FONTE: Rawpixel / 123RF.
Dando continuidade, Negrine (1994) assegura que o lúdico é uma atividade eficaz
na construção do desenvolvimento infantil, pois o ato de brincar origina um espaço
para pensar e, por meio deste, a criança progride no raciocínio, amplia o
pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, desenvolve
habilidades, conhecimentos e criatividade, pois ela se utiliza de todos os
movimentos necessários do corpo para desenvolver as suas brincadeiras.
Becker (2001) menciona que o lúdico possibilita o prazer e alegria nas aulas, não
importando a etapa da vida em que o ser humano esteja e adiciona uma
suavidade ao hábito da sala de aula, fazendo com que o aluno aprenda melhor e
de maneira mais significativa.
Os fatos fizeram com que na década de 90, com a LDBN (1996), as escolas
brasileiras começassem a discutir a interação com os estudantes e as
possibilidades de repensar o pedagógico. Porém, um fator entristecedor que
ocorreu foi que algumas escolas deixaram de aplicar a Ludicidade e alguns
resgates são necessários para que haja a valorização da criatividade apresentada
nas brincadeiras: o desenvolvimento das crianças.
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Dia Internacional do Brincar
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Nesse contexto, enfatizam a utilização dos jogos e das brincadeiras no espaço das
escolas de Educação Infantil por verificarem a necessidade de se agir para o
desenvolvimento global da criança a partir dos aspectos físico, intelectual, social e
psíquico.
Atenção!
Já dizia Rubens Alves, “É brincando que se aprende…
Para que haja uma reflexão entre a prática e a teoria buscando uma aproximação
da realidade da sala de aula, “[...] a formação teórica recebida nos primeiros anos
da formação inicial é uma espécie de receituário em que a prática é uma aplicação
da teoria” (SOUSA; FERNANDES, 2004, p. 92).
Sabe-se também que a educação vai além do contexto de sala de aula e que é, ao
menos deveria ser, uma preocupação social, que envolve estudantes, supervisor,
professores e todo o contexto no qual o indivíduo está inserido. Logo, é
responsabilidade de todos, sobretudo, daquele que deseja tornar-se professor e
que terá a responsabilidade de fazer da licenciatura realmente sua profissão.
Piconez (1991) defende que a Prática de Ensino deve estar interligada a vários
componentes, não sendo tarefa exclusiva de uma única área, mas envolvendo
todos que participam do processo.
Precisa-se buscar a valorização das relações para que seja utilizado o lúdico na
escola, porque as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento e a
assimilação de novos conhecimentos, a socialização e a criatividade. Sem a
valorização das relações, as brincadeiras podem tornar-se sem objetivos.
Lembrando que a criança quando ingressa na escola sofre o impacto da perda de
seu ambiente com a família e com seus brinquedos, por isso a necessidade de o
professor ser “o grande educador e fazer do jogo uma arte, um admirável
instrumento para promover a educação para as crianças” (ALMEIDA, 1994, p.18).
Por meio do lúdico que a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário,
segundo Friedmann (2003), ao desenvolver a aprendizagem de forma significativa,
esta torna-se prazerosa e possibilita as aulas resultantes de satisfação e sucesso
para alunos e professores. Considerando que a fase da criança de até os seis anos
de idade é toda baseada no lúdico, dessa maneira, ao docente está o convite de
facilitar o aprendizado por meio de brincadeiras.
De acordo com Friedmann (2012), existem atitudes que podem ser adotadas pelos
educadores para alcançar a aplicação do lúdico:
Permitir o julgamento de qual regra deve ser aplicado a cada situação como
forma de promover o desenvolvimento da inteligência. (FRIEDMANN, 2012, p.54).
Kobayashi (2018) acredita que todos os profissionais da escola infantil devem ser
motivados a entender que o espaço escola é o ambiente para a criança brincar,
sempre mediada por um professor, assim, qualquer coisa pode ser um brinquedo
lúdico. No mesmo aspecto, Kishimoto (2010) afirma que apenas a sala de aula não
é o suficiente para a apresentação de brincadeiras para a criança e que os objetos
externos podem servir de brinquedos. Então, saber trabalhar os jogos ou qualquer
objeto que faça a ponte entre a criança e a realidade é considerado o lúdico, desde
caixas a legumes e frutas.
A escola é um lugar muito importante para cada criança, já que é onde ela passa
uma boa parte do dia estudando, brincando, interagindo, alimentando-se,
dormindo, assim, a escola pode ser considerada um “segundo lar”. Nesse sentido, a
responsabilidade do professor em sala de aula é grande, pois além de ser o
mediador de todo processo educacional, também é considerado um “psicólogo, pai
e mãe” para entender o comportamento de cada criança, dar um “colo”, um
abraço de amor e afetividade, um sorriso de carinho. Isso é preciso e faz parte do
processo educacional como um todo, que vai além de ensinar conteúdos
sistematizados.
O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-
se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na
posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo
um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o
da vida (GADOTTI 1999, p. 2).
Nesse contexto, Kishimoto (2010), explica que nas escolas não há espaço para os
profissionais que trabalham seis horas descansarem, não há planejamento
adequado para o dia ou turno seguinte, como exemplo: observou-se na turma do
turno da manhã quais foram as evoluções de uma ou outra criança. De acordo com
a autora, pequenas conversas sobre como a criança brincava e como ela está na
brincadeira agora podem melhorar o processo de seu crescimento intelectual.
Atenção!
Por que é necessário planejar as brincadeiras e os jogos?
Atenção!
Qual é a regulamentação que orienta a Educação Infantil?
Atenção!
Pedagogo na Lei
Agora que você concluiu a leitura desse estudo, veja nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:
Indicação de Leitura
Livro: José, a bola e a história do brinquedo
Ano: 2017.
Editora: PIMPÃO.
Sinopse: Livro infantil que conta a história da infância de José para o docente
aplicar na sala de aula e utilizar as curiosidades que existem no final do livro, tais
como: a história da bola, algumas cantigas, curiosidades sobre o jogo das “Cinco
Marias” ou “As pedrinhas”, como é conhecido em outras regiões. A história do livro é
de socialização de um menino com uma menina e eles brincam com seus
brinquedos, criando vida para os bonecos e carrinhos.
Questão
Questão 2
Questão 3
Síntese
A intenção deste estudo é ampliar a visão acerca das questões do brincar na
Educação Infantil, abrindo horizontes para novos estudos com foco no
aprofundamento do tema.
Percebe-se que acreditar que o brincar não pode fazer parte do ato de ensinar é
uma concepção ultrapassada, pois com apoio das leis e com a proposta de
mudança de alguns educadores a tendência é trazer um ensino de mais qualidade.
Por isso, pensar a brincadeira como momento de descanso e relaxamento - como
brincar por brincar, sem intencionalidade ou objetividade - diante das concepções
dos autores apresentados, é uma atitude inconsequente que precisa ser superada
pelos educadores.
Brincar é coisa séria que precisa ser colocada em prática em todos os espaços de
educação infantil oportunizando à criança um desenvolvimento saudável e de
acordo com as suas necessidades.
Referências Bibliográficas
ALVES, R. Cenas da Vida. Campinas/SP: Editora Papirus, 1997.
ARIÈS, P. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar Editores,
1981, p. 279.
PIAGET, J. Educação Infantil: Brincar na escola. In: Revista Nova Escola. São Paulo/SP,
v. 26, n. 243, p. 64-67, 2011.
PERRENOUD, P.; THURLER, M.G.; et. al. As competências para ensinar no século XXI: a
formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2010.