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Aprender com o Lúdico

Fabiana Sesmilo de Camargo Caetano


Autor

Introdução
O Lúdico é um instrumento pelo qual a criança se expressa no mundo. Por meio
dessa prática cultural, presente no dia a dia infantil, que autores renomados
desempenham suas pesquisas e afirmam que é na brincadeira que a criança
aprende e constrói os conhecimentos necessários para seu pleno desenvolvimento.

Esse capítulo irá apresentar o lúdico na educação e na formação do educador,


teorias e leis básicas para a compreensão da necessidade de transformar a
educação em um instrumento motivador de mudança social e, também, criação de
um novo cidadão.

As indicações de vídeos e livros são leituras complementares que ajudarão a


compreender o tema apresentado. Salienta-se que o professor sempre deve estar
em busca de renovação de estudos, capacitação e ensino continuado.

Objetivos de Aprendizagem

Estudar sobre o lúdico na educação e na formação do educador.

Refletir sobre a criação de um novo cidadão


Lúdico e Educação 
Nesta unidade, será abordada a importância de se aprender a brincar e utilizar o
aprendizado a favor da educação, já que é um verdadeiro desafio prender a
atenção dos estudantes de educação infantil nos dias atuais. Esse é o tipo de frase
que mais se ouve nas salas dos professores em diversas escolas pelo país. Porém,
se estamos rodeados de tecnologias e a escola não parece mais tão atrativa à
criança, há necessidade de mudança por parte de alguns professores ao atuarem
com as ferramentas que apenas a mudança de pensamento pode proporcionar.

Diante do exposto, os autores Perrenoud e Thurler (2010) reforçam que um


profissional reflexivo não é apenas aquele que sabe refletir e analisar, que possui
algumas ferramentas metodológicas e teorias, mas é aquele que reinventa o seu
local de trabalho e a si mesmo enquanto pessoa e professor.

Não há necessidade de o professor ser brincalhão em sala de aula, porém, existem


mecanismos para desenvolver o foco na aprendizagem e utilizar do lúdico para
manifestar o saber, principalmente, na Educação Infantil. Dessa maneira, nessa fase
o desenvolvimento escolar começa por meio do brincar, visto que o aprender
brincando leva à criança a satisfação em procurar e concretizar o desconhecido.
Por isso, é fundamental para a formação do pedagogo a priorização da ferramenta
de se utilizar o Lúdico.

Conceito Histórico do Lúdico na Educação  


Segundo o dicionário, a palavra “lúdico” é adjetivo relativo a jogo e brinquedo, que
visa mais o divertimento do que qualquer outro objetivo; é algo que se faz por gosto.
Para a psicanálise, o lúdico está relacionado à tendência ou manifestação que
surge na infância e na adolescência sob a forma de jogo (HOUAISS et al., 2009).

Para simplificar, Miranda (2013) apresenta o lúdico como uma categoria geral que
engloba jogo, brincadeira e brinquedo. A tendência de nossa sociedade
tecnológica, acostumada a viver no aproveitamento do hoje, é acreditar que o uso
de jogos e brincadeiras veio há pouco tempo. Miranda (2013) explica que, na Grécia
Antiga, Platão (437-348) baseava a educação para crianças com utilização de
jogos educativos, a prática era nos primeiros anos de idade e para ambos os sexos.

A própria cultura grega dava importância ao esporte como formação da


personalidade e do caráter humano, nesse contexto, eram inseridos cálculos com
problemas concretos e, assim, as práticas de matemática lúdica eram iniciadas. Os
problemas concretos eram direcionados aos da vida cotidiana, ligados aos reais
negócios praticados naqueles tempos.

Naquela época, de acordo com Silveira (1998), as leis atenienses reforçaram a


necessidade do jogo para a educação e enfatizavam a construção de profissões
por meio do brincar. Porque aprender brincando é mais satisfatório, Platão
acreditava que o professor deveria mediar o aluno na integração de seu brincar
como construtor, para saber medir e os materiais, assim, a criança estaria apta a
alcançar uma profissão com satisfação. Por essa razão, o lúdico precisa continuar
em sala de aula, Silveira (1998) destaca que a regularidade dos cursos e
aperfeiçoamentos deve ser buscada pelos docentes que atuam na área de
Educação Infantil, como parte prioritária da busca pelo aspecto lúdico na sua
formação para atender às crianças no seu desenvolvimento cognitivo.

Para os gregos, a educação oferecida na escola não era o suficiente, visto que eles
entendiam que a sociedade também ensinava, assim, “para eles a cidade também
educava tanto em suas reuniões políticas administrativas e jurídicas quanto nos
jogos, nas artes, na arquitetura e nas representações dramáticas” (CINTRA;
PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229-230). Eles acreditavam que os jogos educacionais
eram auxiliares na formação do corpo, da mente, da ginástica, das artes, da
música, da filosofia, da ciência e da moral, logo, “[...] o jogo físico, de caráter
reparatório dos militares, possuía um grande valor pedagógico, direcionado para o
ensino-aprendizagem [...]” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229- 230).

Ainda na Idade Antiga, a educação sensorial e o uso do jogo didático foram


priorizados nas diferentes áreas de ensino. Passou-se a considerar as brincadeiras
como recreação e a criança não tinha aceitação em seu comportamento
espontâneo. Ao abordar o contexto histórico da ludicidade, verifica-se que o
surgimento do lúdico na Antiguidade Greco-romana poderia estar ligado à ideia de
relaxamento, necessária às atividades que exigem esforços físicos e intelectuais.
Porém, Comênio (1957) destacou que não era fácil ensinar as crianças e que estas
precisavam ser atraídas para experimentos de estudos, então, passaram a brincar
com pedrinhas, bolas e corridas.

Na Idade Média, Àries (1981) salienta que os jogos, mesmo quando presentes nas
atividades educativas, não eram analisados como um material pedagógico com
capacidade de gerar aprendizagem, assim, tinha somente como alvo as atividades
recreativas. Pode-se justificar que as crianças não recebiam tratamentos
diferenciados, pois na época acreditava-se que elas eram adultas em menores
estaturas.

Porém, como já abordado, existia uma perspectiva de mudança na Era Medieval,


pois os diversos pensadores enfatizavam que a ludicidade auxiliava na educação
escolar. Naquela época, as questões sociais ainda envolviam a educação, já que
somente a nobreza tinha uma educação ideal. Platão, um dos principais defensores
da educação, “afirmava que os primeiros anos da criança deveriam ser ocupados
com jogos educativos, praticados pelos dois sexos, sob vigilância e em jardins de
infância” (CINTRA; PROENÇA; JESUINO, 2010, p. 229).

De acordo com Kishimoto (1994), apenas no século XVIII houve a disseminação das
brincadeiras e dos jogos. É importante destacar que esse fato ocorreu
principalmente no âmbito rural, pois nessa esfera predominavam as populações
em virtude da produção de bens, assim, tinham uma grande aglomeração de
crianças que popularizaram as brincadeiras e os jogos. Ainda, conforme com a
autora, após a Revolução Industrial e com o advento das tecnologias, em geral, o
lúdico deixou de ser usado pelos adultos, sendo mais encontrado no cenário infantil.

Se para a psicanálise, conforme Houaiss et al. (2009), o lúdico tornou-se a


manifestação por meio do jogo, foram os estudos de Jean Piaget (1896-1980), Lev
Semenovitch Vygotsky (1896-1934) e Sigmund Freud (1856-1939) que modificaram
as formas de se conhecer o desenvolvimento do ser humano. Nesse contexto,
Rischbieter (2011) apresenta as perspectivas dos estudiosos sobre o
comportamento infantil mediante os jogos. O autor aponta quais são as
contribuições de se utilizar os jogos para a criança, para ele, Jean Piaget afirma que
a as crianças discutem umas com as outras, interagem em seus papéis, quando
interagem passam a aprimorar os significados aos objetos e desenvolvem as
regras para convivências, assim, ficam mais ativas e inteligentes. 

Ainda para o autor, Rischbieter (2011), Lev Semenovitch Vygotsky apresenta o jogo
como uma atividade que origina a imaginação e, consequentemente, a inteligência
criativa. Sigmund Freud traz a importância do jogo para que a criança possa
expressar seus desejos mais íntimos, assim, ela poderá descarregar sua
agressividade e, também, colaborar para a construção de sua liberdade.

Segundo Piaget (2011, p. 64), "[...] o brincar implica uma dimensão evolutiva.
Crianças diferentes com características específicas têm maneiras diferenciadas de
brincar”. Dessa forma, a brincadeira não pode ser vista como um momento sem
valor que em nada contribui para a formação da criança, pois considerando que é
básica, principalmente para as séries iniciais, deve ser proposta e conduzida pelo
professor com base nas características de cada uma presente em sua sala de aula
e pressupor um planejamento adequado à faixa etária em que será aplicada.
FIGURA 1 Interação ao brincar
FONTE: Rawpixel / 123RF.

Dando continuidade, Negrine (1994) assegura que o lúdico é uma atividade eficaz
na construção do desenvolvimento infantil, pois o ato de brincar origina um espaço
para pensar e, por meio deste, a criança progride no raciocínio, amplia o
pensamento, estabelece contatos sociais, compreende o meio, desenvolve
habilidades, conhecimentos e criatividade, pois ela se utiliza de todos os
movimentos necessários do corpo para desenvolver as suas brincadeiras.

Becker (2001) menciona que o lúdico possibilita o prazer e alegria nas aulas, não
importando a etapa da vida em que o ser humano esteja e adiciona uma
suavidade ao hábito da sala de aula, fazendo com que o aluno aprenda melhor e
de maneira mais significativa.

Aconteceram importantes renovações na educação: o pensamento pedagógico é


concretizado nas teorias da Escola Nova e reformas importantes começam a
acontecer. No Brasil, as conquistas foram crescendo e formaram a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDBN, 9394/96).

A LDBN, nº. 9394/96, expressa o avanço do pensamento pedagógico transcrito no


artigo 1º: “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na
vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais” (BRASIL, 1996, p.9). É nesse cenário que a escola integra
parte da educação da criança, assim como a família e os responsáveis legais.

De acordo com Gadotti (1990), há duas vertentes que possuem o pensamento


pedagógico brasileiro, a Liberal e a Progressista. A Liberal é composta por
educadores que defendem a liberdade, o ensino de pensamento, os métodos e a
pesquisa baseados na natureza da criança; por sua vez, a Progressista é regida por
teóricos e educadores que acreditam no envolvimento da escola na formação de
um cidadão crítico e ativo na mudança social. A partir desse contexto, os estudos
na Nova Escola, elaborados por um de seus pioneiros, Lourenço Filho, afirmavam
que as escolas - sem qualquer comunicação entre si - não privilegiam o estudante
viver em sociedade, pois ele não interage com o outro e não assume o seu papel
como cidadão.

Os fatos fizeram com que na década de 90, com a LDBN (1996), as escolas
brasileiras começassem a discutir a interação com os estudantes e as
possibilidades de repensar o pedagógico. Porém, um fator entristecedor que
ocorreu foi que algumas escolas deixaram de aplicar a Ludicidade e alguns
resgates são necessários para que haja a valorização da criatividade apresentada
nas brincadeiras: o desenvolvimento das crianças.

Saiba mais!
 Dia Internacional do Brincar

Você sabia que existe o Dia Internacional do Brincar? Ele é celebrado


em 28 de maio. Tem o propósito de lembrar do artigo 31º da
Convenção sobre os Direitos das Crianças das Nações Unidas. Como a
vida adulta é muito atribulada, o dia foi criado para que haja mais
interação entre os responsáveis e as crianças. Vale de tudo um pouco,
principalmente, atividades ao ar livre: piquenique, jogo de bola, brincar
no parque, reações com os avós, jogos com os pais e brinquedos
infantis. Para saber mais, acesse:

Clique Aqui

Educação Infantil garantida por Lei 


Esse tópico é necessário para o entendimento da Educação Infantil quanto à sua
aplicação na vida da criança, pois se no futuro professor não conhecer de onde
vem as bases na lei, ele pode não entender o quão preciso é a participação dele na
vida de uma criança.

A Educação Básica é oferecida em creches e pré-escolas para crianças de até


cinco anos de idade, promulgada pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional e assegurada pela Constituição Federal Brasileira como Educação Infantil.
Considerando a emenda constitucional de 2006:  Art. 208. O dever do Estado com a
educação será efetivado mediante a garantia de: IV - Educação Infantil, em creche
e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade (Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 53, de 2006).

Nesse caso, a atribuição ao Estado-Nação do dever de proporcionar à sociedade o


acesso à Educação Infantil a todas as crianças de zero a cinco anos de idade. O
atendimento das crianças de até quatro anos é oferecido em creches, nomeadas
em muitos municípios como Centro Municipal de Educação Infantil. Elas oferecem
atendimentos em período parcial ou integral. Já as crianças de quatro e cinco anos
são atendidas em pré-escolas para socializarem com o Ensino Fundamental. Assim,
assegura a LDBN/96:

 Art. 29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação


básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da
criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade. (BRASIL,1996, on-line). 

De acordo com Medeiros e Rodrigues (2015), no decorrer dos anos, a Educação


Infantil deixou de ser apenas assistencialista, ganhou novos estudos e com novas
concepções estabelecidas em leis, abrangendo a população geral e não apenas as
famílias mais pobres ou com risco de pobreza. Segundo os autores, a intensificação
acerca do tema, dando ênfase à promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDBN), é fundada no Referencial Curricular Nacional da
Educação Infantil (RCNEI).

Nesse contexto, enfatizam a utilização dos jogos e das brincadeiras no espaço das
escolas de Educação Infantil por verificarem a necessidade de se agir para o
desenvolvimento global da criança a partir dos aspectos físico, intelectual, social e
psíquico.

O RCNEI é um documento de orientação pedagógica para a Educação Infantil,


dividido em três volumes:
Primeiro volume: é introdutório e trata da criança em si e de seu processo de
formação criança enquanto ser humano;

Segundo volume:  trata da formação pessoal e social e abrange o processo de


formação da identidade e autonomia da criança;

Terceiro volume: aborda o conhecimento de mundo, representado em eixos,


cujo enfoque destaca a música, o movimento, as artes visuais, a linguagem
oral e escrita, a natureza, a sociedade e a matemática.

O brincar é praticamente o agir do lúdico, segundo o Referencial Curricular Nacional


para Educação Infantil, volume 1:

 Brincar é uma das atividades fundamentais para o


desenvolvimento da identidade e da autonomia. O fato de a
criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de
gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na
brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas
brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas
capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a
memória, a imaginação, Amadurecem também algumas
capacidades de socialização, por meio da interação e da
utilização e experimentação de regras e papéis sociais (BRASIL,
1998, p. 22). 

Por isso, torna-se necessária a brincadeira orientada no desenvolvimento infantil,


como um instrumento a proporcionar o desenvolvimento da criança de forma a
utilizar o seu potencial, capaz de se autoconhecer e de se reconhecer na interação
com seus pares. Evidencia-se, aqui, que poderá acontecer mesmo antes da
inserção na escola de Educação Infantil, ou seja, no ambiente familiar em que ela
está inserida. Observa-se no RCNEI, volume 2:

 Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as


crianças também se apropriam do repertório da cultura
corporal na qual estão inseridas. Nesse sentido, as instituições
de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e
social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao
mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios.
Quanto mais rico e desafiador for esse ambiente, mais ele lhes
possibilitará a ampliação de conhecimentos acerca de si
mesmos, dos outros e do meio em que vivem (BRASIL, 1998, p.
15). 

Nesse contexto, a utilização de jogos e brincadeiras nas atividades pedagógicas


não deve apenas visar o desenvolvimento da ludicidade no sentido tão somente de
prazer do brincar, mas principalmente ser coadjuvante do processo de
desenvolvimento dos raciocínios lógico, cognitivo e social.

Infere-se, portanto, que os jogos e as brincadeiras na Educação Infantil possuem


relevância para o desenvolvimento global da criança, além de prepará-la para a
fase de alfabetização, etapa na qual necessita adaptar-se aos novos desafios da
escrita e da leitura.

De acordo com Kishimoto (2010), o acompanhamento do brincar na sala de aula é


extremamente importante, porém, há necessidade de garantia do governo federal
para que os RCNE realmente sejam cumpridos, conforme apresentam em sua
teoria. Por exemplo, nos municípios que cuidam da Educação Infantil, a autora
exemplifica que nas escolas da cidade de São Paulo chegam a ter 35 crianças em
uma sala de aula, enquanto nos referenciais a quantidade de 25 crianças é
assegurada.

No entanto, Friedmann (2012) esclarece que mesmo que o Referencial Curricular


Nacional para a Educação Infantil tenha resgatado a importância do brincar nas
instituições de Educação Infantil, isso por si só não está garantido pelo simples fato
de ter aberto possibilidades de discussão, de reflexão e de crítica sobre o tema.
Para a autora, há necessidade da conscientização de que o brincar é primordial no
trabalho com crianças de 0 a 6 anos e que essa conscientização seja tanto do
professor quanto dos demais participantes do corpo educacional dessas
instituições.

Atenção!
 Já dizia Rubens Alves, “É brincando que se aprende…

” A importância da criança fazer o seu próprio brinquedo auxilia na


imaginação e na busca por resolver a aplicação de cada peça para
que o protótipo transforme-se em um carro, um avião ou uma
espaçonave. A teoria de Piaget apenas revela o que os homens da
caverna já faziam, colocavam em prática o que estava em suas
cabeças. Hoje, a criança possui um brinquedo pronto e não utiliza
mais as ferramentas para criação de estilingues e bonecas. A criação
do brinquedo deixou de ser desafio. Muitas vezes, a própria escola
poda a imaginação. Quem brinca com alegria sabe do desafio de
montar um brinquedo e, desse modo, “professor bom não é aquele
que dá uma aula perfeita, explicando a matéria. Professor bom é
aquele que transforma a matéria em brinquedo e seduz o aluno a
brincar. Depois de seduzir o aluno, não há quem o segure” (ALVES, 1997,
p.122). Fonte: Adaptado de Alves (1997).
O Lúdico e a Formação do Educador 
Para uma aproximação à realidade e ao cotidiano escolar, os profissionais são
iniciados no Estágios Supervisionados, que são de suma importância para a
formação prática do profissional, pois proporciona ao futuro licenciado o
conhecimento de situações reais, objetivas e concretas daquele que será seu
ambiente de trabalho. O objetivo principal é inserir o acadêmico na realidade de
sua profissão, já que o mesmo tem conhecimento da teoria e o estágio fará com
que ele relacione-o com a prática.

Mesmo não sendo o estudo do Estágio Supervisionado o objetivo principal, faz-se


importante mencionar essa prática acadêmica que desempenha um papel
fundamental para a formação dos professores. Ela é lei para determinados cursos e
consta nas Diretrizes de Bases da Educação Nacional, n°9394/96. Os cursos de
formação de professores no Brasil são considerados o momento de se efetivar, sob
a supervisão de um professor experiente, um processo de ensino-aprendizagem,
podendo ocorrer tanto em instituições públicas quanto privadas. De acordo com
Piconez (1991):

 [...] A prática da reflexão sobre a prática, no curso de


Pedagogia, tem favorecido as discussões sobre o processo
pedagógico, suas multifaces e suas questões necessárias [...]
indaga a respeito de quem toma as decisões sobre o rumo do
processo pedagógico e quais os interesses dos que participam
dessas decisões (PICONEZ, 1991, p. 37). 

De acordo com Barreiro e Gebran (2006), o Estágio supervisionado é o momento em


que o aluno estagiário entra pela primeira vez em contato com seu futuro campo
de atuação, podendo, assim, assumir sua postura profissional diante das reais
situações da docência, por meio da observação, da participação e da regência,
que contribuem para aproximar o aluno de sua futura realidade. Essa é a
oportunidade para compreender e vivenciar os diversos desafios que a profissão
apresenta dentro do espaço escolar, apresentando-se como um elemento
mediador entre a teoria e a prática.

Para Barreiro e Gebran (2006), a articulação da relação entre a teoria e a prática


que é um processo definidor da qualidade na formação inicial e continuada do
professor como sujeito autônomo na construção de sua profissionalização docente,
visto que permite uma constante investigação e a busca de respostas aos
fenômenos e às contradições vivenciadas. O acadêmico estagiário, por meio da
teoria e da prática vivenciadas no estágio, constrói sua própria identidade, o que o
enriquece sua futura ação de educador.
FIGURA 2 Professor: mediador do conhecimento
FONTE: Mark Bowden / 123RF.

Desse modo, o Estágio Supervisionado relaciona-se com a prática do ensino, uma


vez que os acadêmicos são gradativamente infiltrados nas escolas passando por
um processo de observação e investigação, acompanhado pelos professores
responsáveis pelo estágio, o que propicia vínculos com sua futura profissão.

Para que haja uma reflexão entre a prática e a teoria buscando uma aproximação
da realidade da sala de aula, “[...] a formação teórica recebida nos primeiros anos
da formação inicial é uma espécie de receituário em que a prática é uma aplicação
da teoria” (SOUSA; FERNANDES, 2004, p. 92).

Sabe-se também que a educação vai além do contexto de sala de aula e que é, ao
menos deveria ser, uma preocupação social, que envolve estudantes, supervisor,
professores e todo o contexto no qual o indivíduo está inserido. Logo, é
responsabilidade de todos, sobretudo, daquele que deseja tornar-se professor e
que terá a responsabilidade de fazer da licenciatura realmente sua profissão.

Piconez (1991) defende que a Prática de Ensino deve estar interligada a vários
componentes, não sendo tarefa exclusiva de uma única área, mas envolvendo
todos que participam do processo.

Sendo assim, o Estágio Supervisionado possui um diferencial, uma vez que as


atividades que os acadêmicos, futuros professores, deverão realizar durante o seu
curso de formação estarão diretamente articuladas à prática pedagógica.

Partindo dessas perspectivas, a proposta é que a mudança seja desenvolvida a


partir da aproximação entre a realidade escolar e uma prática da reflexão para que
tenhamos professores que busquem ao longo da carreira uma aprendizagem
significativa e um novo perfil de profissional. E mais: que eles desenvolvam técnicas
que ajudem os estudantes a aprenderem as várias habilidades e que estas os
encaminhem a serem cidadãos de valores.

Para a formação do profissional da educação, é essencial que a ludicidade esteja


presente com inteiro estado de prazer, simbolizando diferentes partes da vida. Em
algumas escolas, a criatividade e a liberdade infantil são colocadas em escanteio e
as brincadeiras e jogos são ignorados, afastando o aspecto lúdico que envolve a
criança.

Precisa-se buscar a valorização das relações para que seja utilizado o lúdico na
escola, porque as atividades lúdicas possibilitam o desenvolvimento e a
assimilação de novos conhecimentos, a socialização e a criatividade. Sem a
valorização das relações, as brincadeiras podem tornar-se sem objetivos.
Lembrando que a criança quando ingressa na escola sofre o impacto da perda de
seu ambiente com a família e com seus brinquedos, por isso a necessidade de o
professor ser “o grande educador e fazer do jogo uma arte, um admirável
instrumento para promover a educação para as crianças” (ALMEIDA, 1994, p.18).

As crianças permanecem muito tempo na escola, assim, algumas ficam um


período de até 10 horas em cadeiras desconfortáveis e não podem se movimentar
livremente por conta da obrigatoriedade de manterem a disciplina escolar, desse
modo, acabam criando uma resistência em ir à escola. Tal consideração deve ser
levada a sério quando não é apenas o ambiente que desagrada, mas a perda de
realizar as suas brincadeiras preferidas e algumas regras impostas, como restrição
de atividades.

Infelizmente, confunde-se ensinar com transmitir, voltando-se ao ainda fazer o


aluno agente passivo da aprendizagem e o professor apenas um transmissor de
conhecimentos. Lembre-se de que toda a criança tem um a bagagem trazida de
casa ou do local de seu convívio.

De acordo com Friedmann (2003), os professores precisam trabalhar jogos para


difundir o conhecimento. É indispensável para professores e gestores escolares
refletir e tomar ação da importância da prática pedagógica como facilitadora do
ensino e da aprendizagem, porque a escola atual tem demonstrado apenas um
repasse de conhecimento, com imposição de saberes e restringindo aos alunos o
recebimento desse domínio.

Por meio do lúdico que a criança encontra o equilíbrio entre o real e o imaginário,
segundo Friedmann (2003), ao desenvolver a aprendizagem de forma significativa,
esta torna-se prazerosa e possibilita as aulas resultantes de satisfação e sucesso
para alunos e professores. Considerando que a fase da criança de até os seis anos
de idade é toda baseada no lúdico, dessa maneira, ao docente está o convite de
facilitar o aprendizado por meio de brincadeiras.

De acordo com Friedmann (2012), existem atitudes que podem ser adotadas pelos
educadores para alcançar a aplicação do lúdico:

Possibilitar tempo, espaço e materiais para as crianças brincarem livremente;

Escutar o que as crianças têm a dizer, fortalecendo seus posicionamentos e


autoestima;

Fomentar a autonomia durante os conflitos, para estimular o desenvolvimento


emocional e o autoconhecimento;

Possibilitar ações físicas que motivem as crianças a ser mentalmente ativas;

No caso de brincadeiras dirigidas, propor regras, em vez de impô-las; assim as


crianças ganham a oportunidade de participar de sua elaboração. As
crianças se desenvolvem social e politicamente e devem ter oportunidade de
questionar valores morais. As brincadeiras e jogos em grupo dão inúmeras
chances de criação e modificação de regras, verificação de efeitos,
comprovação de resultados;

Proporcionar a troca de ideias para chegar a um acordo sobre as regras. Isso


ajuda as crianças a se descentrar de si mesmas, escutar os outros e
coordenar pontos de vista diversos – processo cognitivo que contribui para o
desenvolvimento do pensamento lógico;

Incentivar a responsabilidade de cada criança quanto ao cumprimento das


regras, motivar o desenvolvimento da iniciativa, agilidade e confiança em
dizer o que pensa e prever a criação de sanções, o que torna as crianças mais
inventivas;

Permitir o julgamento de qual regra deve ser aplicado a cada situação como
forma de promover o desenvolvimento da inteligência. (FRIEDMANN, 2012, p.54).

Nesse ínterim, o professor estimula a criança a vencer a timidez, a se aventurar, a se


arriscar e desenvolve as estruturas necessárias para o amadurecimento mental,
psicossocial, social, afetivo e cultural. Pode-se dizer que tudo é adquirido pelo
incentivo do professor e pela relação à aplicabilidade das atividades lúdicas.

Ainda, segundo Friedmann (2012), a postura do professor e de papel de incentivador


e mediador se aplica na intenção de fazer a criança um ser completo, na
incumbência do reconhecimento de seu desenvolvimento de atitudes, de suas
potencialidades e de valores que permeiam a sociedade. Além de observador,
mediador e incentivador, o docente precisa incorporar em sua rotina a aplicação
da prática pedagógica como espaço privilegiado de reflexão do seu trabalho. É por
meio dessa prática que o professor amplia o olhar do ponto de vista de seu
trabalho e encontra o subsídio de que ele precisa para seguir na sua trajetória com
as crianças, caracterizando-o como instrumento articulado ao planejamento e à
avaliação.

A professora Maria do Carmo Kobayashi apresenta um projeto com formação de


professores nas escolas públicas do Estado de São Paulo. Para ela, é necessário
trabalhar em pequenos grupos educacionais, envolvendo a família e fazer com que
todos os funcionários da escola participem do trabalho lúdico na escola. Kobayashi
(2018) enfatiza que o professor precisa aprender o novo, que a linguagem da
criança é o lúdico e reconhecer o papel dele e do brincar para a criança. Quando o
professor entende esse conceito, ele sai de sua zona de conforto e apresenta um
grande desenvolvimento na educação.

Kobayashi (2018) acredita que todos os profissionais da escola infantil devem ser
motivados a entender que o espaço escola é o ambiente para a criança brincar,
sempre mediada por um professor, assim, qualquer coisa pode ser um brinquedo
lúdico. No mesmo aspecto, Kishimoto (2010) afirma que apenas a sala de aula não
é o suficiente para a apresentação de brincadeiras para a criança e que os objetos
externos podem servir de brinquedos. Então, saber trabalhar os jogos ou qualquer
objeto que faça a ponte entre a criança e a realidade é considerado o lúdico, desde
caixas a legumes e frutas. 

Assim, a possibilidade de rever as experiências vividas - por meio do registro -


possibilita a reflexão, a socialização dos resultados, a teorização da prática e o
repensar do caminho, da trajetória a ser seguida.

 O jogo, por si só, é repleto de motivação e desafio, e é isso que


concorre para que ele seja de grande valia para a educação,
pois a solução de problema, que é parte do jogo, mexe com as
habilidades básicas, ajudando a desenvolver as habilidades
superiores (SANTOS, 2014, p. 23). 

O educador da atualidade deve ter como compromisso estimular as crianças a


novos desafios a partir da contextualização dos conteúdos para que ela perceba
que o que aprende na escola é de utilidade para sua vida. Por isso, o educador deve
buscar aperfeiçoamento, nesse sentido, Carvalho et al. (1999) explica que a
formação de docentes é uma situação particular, em que o conhecimento a ser
divulgado deve ser constantemente redimensionado e reelaborado em decorrência
das constantes mudanças que vive a sociedade. Até mesmo grandes avanços da
ciência e da tecnologia, podem gerar mudanças da prática docente em sala de
aula.
Entende-se que a formação continuada para o profissional da área educacional
oportuniza a qualidade na educação para que haja uma promoção de um
posicionamento crítico do discente, ao mesmo tempo em que ele é inserido na
sociedade.

Observa-se que o desenvolvimento da criança no mundo de hoje é muito mais


avançado se comparado a décadas remotas. Nota-se que as crianças são muito
influenciadas pelos jogos eletrônicos e que estes ajudam a estimular algumas
habilidades, sendo brincadeiras simples que também podem fazer a criança
vivenciar, brincar e aprender. Em comparação ao tempo em que os jogos
eletrônicos não estavam disponíveis para as crianças, elas buscavam outros meios
de diversão e a aprendizagem acontecia naturalmente com brincadeiras infantis,
músicas, danças, brincadeiras de roda, corrida, bola etc. Infelizmente, não
presenciamos muito esses tipos de brincadeiras atualmente, que são essenciais
para o desenvolvimento cognitivo, físico, social e motor.

O papel do professor não é apenas buscar brincadeiras esquecidas com o passar


do tempo, mas ensinar de maneira diferenciada a buscar valores importantes para
o desenvolvimento de habilidades e para a compreensão do conteúdo por meio
das brincadeiras. As crianças podem aprender brincando (KISHIMOTO, 1994).

O professor é o grande mediador de todo processo educacional para contribuir no


desenvolvimento das capacidades infantis, não é apenas mostrar as ferramentas,
mas oferecer várias delas para que o educando construa seu próprio
conhecimento. De acordo com o RCNEI, volume 1:

 O professor é mediador entre as crianças e os objetos de


conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações
de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades
afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos
seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos
diferentes campos de conhecimento humano (BRASIL, 1998, p.
30). 

A escola é um lugar muito importante para cada criança, já que é onde ela passa
uma boa parte do dia estudando, brincando, interagindo, alimentando-se,
dormindo, assim, a escola pode ser considerada um “segundo lar”. Nesse sentido, a
responsabilidade do professor em sala de aula é grande, pois além de ser o
mediador de todo processo educacional, também é considerado um “psicólogo, pai
e mãe” para entender o comportamento de cada criança, dar um “colo”, um
abraço de amor e afetividade, um sorriso de carinho. Isso é preciso e faz parte do
processo educacional como um todo, que vai além de ensinar conteúdos
sistematizados.
 O educador para pôr em prática o diálogo, não deve colocar-
se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na
posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo
um analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o
da vida (GADOTTI 1999, p. 2). 

Para Kishimoto (2010), os professores precisam saber a importância do brincar.


Segundo a autora, vários cursos de Pedagogia formam na teoria, porém, não se
atentam para a transformação da teoria na prática, a razão do brincar e quais são
as melhores maneiras para essa brincadeira. As práticas devem ser diferenciadas
para as séries das crianças de variadas idades, porque os educadores e
profissionais da  Educação Infantil trabalham com criança de 0 a 6 anos. Salienta-
se a necessidade de políticas públicas para a melhoria no atendimento do
profissional em relação ao cuidado com a criança.

Nesse contexto, Kishimoto (2010), explica que nas escolas não há espaço para os
profissionais que trabalham seis horas descansarem, não há planejamento
adequado para o dia ou turno seguinte, como exemplo: observou-se na turma do
turno da manhã quais foram as evoluções de uma ou outra criança. De acordo com
a autora, pequenas conversas sobre como a criança brincava e como ela está na
brincadeira agora podem melhorar o processo de seu crescimento intelectual.

Atenção!
 Por que é necessário planejar as brincadeiras e os jogos?

Toda a ação docente está baseada na antecipação e no


planejamento de sala de aula. O trabalho do professor deve estar
amparado no Projeto Político Pedagógico da escola e, também, no
Plano de Trabalho Docente. Por essa razão, a ação é fundamentada na
ação social da escola. Dessa maneira, existe a necessidade do
docente planejar as atividades lúdicas aplicadas em aula para
direcionamento da criança, sem tirar a espontaneidade e facilitar o
processo de aprendizagem por meio do brincar. Fonte: Elaborado pela
autora (2019). 
Sabendo que a ludicidade melhora o desempenho escolar da criança. Tudo se
torna mais significante quando há a interação do professor e aluno partindo da
amizade, troca de experiências, respeito, solidariedade, transformando o ambiente
escolar prazeroso. Dessa maneira, o professor que adota o trabalho lúdico deve ser
um profissional que encara com seriedade o seu trabalho, buscando estudar,
pesquisar, experimentar novas técnicas e métodos e, ao mesmo tempo ser alguém
aberto a novas experiências, aquele que vivencia e participa, humanizando, assim, o
seu fazer pedagógico.

Atenção!
 Qual é a regulamentação que orienta a Educação Infantil?

A regulamentação é o conjunto de leis e normas que orienta a criação,


a autorização, o funcionamento, a supervisão e a avaliação das
instituições de Educação Infantil. Os sistemas de ensino têm
autonomia para complementar a legislação nacional por meio de
normas próprias, específicas e adequadas às características locais. O
município que não organizou o Sistema Municipal de Ensino, bem
como não implantou o Conselho Municipal de Educação (CME),
permanece integrado ao sistema estadual e segue as normas
definidas pelo Conselho Estadual de Educação (CEE). Nas cidades em
que o Sistema Municipal de Ensino foi organizado, a competência da
regulamentação da Educação Infantil é do Conselho Municipal de
Educação (CME) (BRASIL, 2013, p. 4). Fonte: Adaptado de Brasil (2013). 

Atenção!
 Pedagogo na Lei

Após a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação


Nacional, em 20 de dezembro de 1996, entendeu-se que para atuar na
Educação Infantil era necessário que os profissionais da educação
tivessem o Ensino Superior completo. Foi um agravante para alguns,
que resistiram à mudança e, para outros, o começo de um
reconhecimento. A reflexão e discussão sobre o assunto começou por
meio do Art. 62 da LDBEN/96, pois traz claramente a declaração da
necessidade do Ensino Superior. Porém, ainda há discussões sobre o
Art. 64 da LDBEN/96, este prevê que a formação de outras áreas dos
profissionais de educação seja feita com base na graduação em
Pedagogia. Fonte: Elaborado pela autora (2019). 

Agora que você concluiu a leitura desse estudo, veja nos vídeos a seguir, temas que
complementarão seus estudos:

Indicação de Leitura
Livro: José, a bola e a história do brinquedo

Autor: José Ribeiro do Carmo.

Ano: 2017.

Editora: PIMPÃO.

Sinopse: Livro infantil que conta a história da infância de José para o docente
aplicar na sala de aula e utilizar as curiosidades que existem no final do livro, tais
como: a história da bola, algumas cantigas, curiosidades sobre o jogo das “Cinco
Marias” ou “As pedrinhas”, como é conhecido em outras regiões. A história do livro é
de socialização de um menino com uma menina e eles brincam com seus
brinquedos, criando vida para os bonecos e carrinhos. 

Questão

 O educador, para colocar em prática o diálogo, não deve colocar-se na


posição de detentor do saber, mas deve colocar-se antes na posição de
quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador
do conhecimento mais importante: o da vida.

Fonte: GADOTTI, M. Convite à leitura de Paulo Freire. São Paulo: Scipione,


1999, p. 2.  
De acordo com o contexto, é correto afirmar que: 

A. O professor é o detentor do saber, pois ele tem mais estudo do que


o seu aluno.

B. A criança mesmo sem saber ler possui conhecimentos de mundo


que são importantes.

C. A vida não ensina a ler, por isso não traz conhecimento.

D. Ao reconhecer que o analfabeto está em sala, o professor deve


apenas ouvi-lo.

E. A escola ensina mais do que a vida, por isso o professor é o mais


importante.

Questão 2

 O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento,


organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que
articulem os recursos e as capacidades afetivas, emocionais, sociais e
cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos
conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano.

Fonte: BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de


Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a Educação
Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998. v.1 p. 30.

Com base nos estudos da disciplina e no Referencial Curricular Nacional


para a Educação Infantil, assinale a alternativa correta: 

A. A criança não precisa de apoio ao brincar, pois a brincadeira


sempre acontece sozinha.

B. O brincar não auxilia no aprendizado, apenas é o passatempo.


C. A brincadeira direcionada pelo professor é para o aprendizado
completo da criança.

D. Qualquer ambiente serve para o aluno brincar, o importante é ter


brinquedos.

E. A mediação é apenas necessária para os alunos que não


entenderam a brincadeira.

Questão 3

 O Estágio Supervisionado desempenha um papel fundamental para a


formação dos professores. Ele é lei para determinados cursos e consta nas
Diretrizes de Bases da Educação Nacional, n°9394/96. Os cursos de
formação de professores no Brasil são considerados o momento de se
efetivar, sob a supervisão de um professor experiente, um processo de
ensino-aprendizagem, podendo ocorrer tanto em instituições públicas
quanto privadas.

De acordo com esse assunto e com base no apresentado na disciplina,


assinale a alternativa correta: 

A. A lei de diretrizes e bases da educação nacional não auxiliavam no


processo de formação acadêmica.

B. A LDBN foi instaurada no final de 1989 para a contratação de novos


professores.

C. Não há necessidade de apoio para a formação de professores, a


reforma começou antes da LBDN.

D. O estágio deve ser realizado para que o futuro pedagogo sinta a


realidade das escolas.
E. A Educação Básica é oferecida pelos colégios estaduais e está
somente ligada às creches.

 
Síntese
A intenção deste estudo é ampliar a visão acerca das questões do brincar na
Educação Infantil, abrindo horizontes para novos estudos com foco no
aprofundamento do tema.

Percebe-se que acreditar que o brincar não pode fazer parte do ato de ensinar é
uma concepção ultrapassada, pois com apoio das leis e com a proposta de
mudança de alguns educadores a tendência é trazer um ensino de mais qualidade.
Por isso, pensar a brincadeira como momento de descanso e relaxamento - como
brincar por brincar, sem intencionalidade ou objetividade - diante das concepções
dos autores apresentados, é uma atitude inconsequente que precisa ser superada
pelos educadores.

Brincar é coisa séria que precisa ser colocada em prática em todos os espaços de
educação infantil oportunizando à criança um desenvolvimento saudável e de
acordo com as suas necessidades.

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dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília:
Diário Oficial, 1996.
BRASIL, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.
Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
v.1.

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


Referencial curricular nacional para a Educação Infantil. Brasília, DF: MEC/SEF, 1998.
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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental.


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