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FAIBI
IBITINGA/SP
2022
Laura Bovolim Cinegaglia
Orientador(a):
Profª Ms Daniela Gonçalves Campos
IBITINGA/SP
2022
SUMÁRIO
O brincar é algo que deve ser resgatado tanto na família como na escola,
aprender tem que ser lúdico, e ao assumir a função lúdica e educativa, de acordo com
Kishimoto (2003, p. 37) o brinquedo educativo merece algumas considerações:
Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente; e
Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo
em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo.
educação infantil e ainda nos dias de hoje perduram práticas pedagógicas sob sua
influência. Froebel não foi o precursor a analisar o jogo como objeto da educação,
mas deu início à prática dos jogos e brincadeiras com a criação do primeiro jardim
de infância, defendendo que o conhecimento e desenvolvimento da criança é fruto
do seu papel ativo no aprendizado, e que este deve ser desenvolvido de acordo com
seus interesses, por meio dos jogos e brincadeiras, ou seja, o papel lúdico da
educação.
Para a realização do autoconhecimento com liberdade, Froebel elege o jogo
como seu grande instrumento, juntamente com os brinquedos. O jogo seria um
mediador nesse processo de autoconhecimento, por meio do exercício de
exteriorização e interiorização da essência divina presente em cada criança,
levando-a assim a reconhecer e aceitar a “unidade vital”. Froebel foi pioneiro
ao reconhecer no jogo a atividade pela qual a criança expressa sua visão do
mundo. Segundo Froebel o jogo seria também a principal fonte do
desenvolvimento na primeira infância, que para ele é o período mais importante
da vida humana, um período que constitui a fonte de tudo o que caracteriza o
indivíduo, toda a sua personalidade. Por isso Froebel considera a brincadeira
uma atividade séria e importante para quem deseja realmente conhecer a
criança (ARCE, 2004, p. 5).
De acordo com Arce (2004), Froebel tinha uma visão romântica e muito ligada
à natureza da educação. Ele acreditava que o ser humano está em constante
aprendizado, ele constrói sua história e por ela é construído. Diante dessa
concepção, a criança construirá o seu saber através do ambiente em que vive e
suas experiências construirão a sua história.
Kishimoto (2003) afirma que não é tarefa fácil tentar definir o jogo, isso porque
quando nos deparamos como a palavra jogo podemos dar a ela vários significados. De
acordo com a autora:
Pode-se estar falando de jogos políticos, de adultos, crianças, animais ou
amarelinha, xadrez, adivinhas, contar estórias, ‘brincar de mamãe e filhinha’,
futebol, dominó, quebra-cabeça, construir barquinho, brincar de areia e uma
infinidade de outros. Tais jogos, embora recebam a mesma denominação, têm
suas especificidades (KISHIMOTO, 2003, p. 13).
O brincar é algo que deve ser resgatado tanto na família como na escola,
aprender tem que ser lúdico, e ao assumir a função lúdica e educativa, de acordo com
Kishimoto (2003) o brinquedo educativo merece algumas considerações:
Função lúdica: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando
escolhido voluntariamente; e
Função educativa: o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indivíduo
em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo. (KISHIMOTO
(2003, p. 37).
Cada uma dessas áreas está associada a uma ou mais competências que
devem ser desenvolvidas pelas crianças durante a Educação Infantil. Essas
competências incluem habilidades, conhecimentos, valores e atitudes que se espera
que as crianças desenvolvam para se tornarem cidadãos críticos, criativos e
responsáveis.
É papel de todo professor, mas principalmente do que deseja trabalhar o lúdico
com seus alunos levar em consideração que as crianças já possuem uma bagagem
cultural desenvolvida em seu meio social e que se dão principalmente através das
brincadeiras, que é algo inerente às crianças.
O interesse em despertar nas crianças o desejo pela aprendizagem é um fator
imprescindível na carreira de um professor. Mas para tornar possível o anseio dos
alunos pelo conhecimento é necessário refletir sobre diversos fatores, como quais são
os interesses dos alunos e de que maneira os trabalhar em prol do aprendizado. A
partir deste ponto de vista é que podemos relacionar os jogos e brincadeiras ao ensino
e aprendizagem.
Freire (1997) diz no livro Professora sim, Tia que “...é necessário que evitemos
outros medos que o cientificismo nos inoculou. O medo, por exemplo, de nossos
sentimentos, de nossas emoções, de nossos desejos, o medo de que ponham a perder
nossa cientificidade”. Este pensamento destaca a importância da afetividade e da
construção de relações significativas entre professores e alunos no processo de
aprendizagem. Ele enfatiza que o aprendizado lúdico não deve ser apenas sobre a
transmissão de informações, mas também sobre a construção de experiências
emocionais e afetivas que permitam aos alunos se envolverem com o conteúdo de
forma significativa.
Para Freire, o medo do cientificismo pode levar os educadores a negligenciarem
a dimensão afetiva do processo educativo e a se concentrarem apenas na transmissão
de informações e conhecimentos, sem considerar a importância das emoções e dos
desejos dos alunos. Ele acredita que a aprendizagem deve ser um processo ativo e
participativo, no qual os alunos possam explorar e construir o conhecimento a partir de
suas próprias experiências e perspectivas.
Portanto, o aprendizado lúdico não se trata apenas de jogos e brincadeiras, mas
sim de um processo de aprendizagem que valoriza as relações afetivas e emocionais
entre professores e alunos, e que busca construir experiências significativas e
envolventes para os alunos.
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aprendizagem. Ele enfatiza que o aprendizado lúdico não deve ser apenas sobre a
transmissão de informações, mas também sobre a construção de experiências
emocionais e afetivas que permitam aos alunos se envolverem com o conteúdo de
forma significativa.
Para Freire, o medo do cientificismo pode levar os educadores a negligenciarem
a dimensão afetiva do processo educativo e a se concentrarem apenas na transmissão
de informações e conhecimentos, sem considerar a importância das emoções e dos
desejos dos alunos. Ele acredita que a aprendizagem deve ser um processo ativo e
participativo, no qual os alunos possam explorar e construir o conhecimento a partir de
suas próprias experiências e perspectivas.
Portanto, o aprendizado lúdico não se trata apenas de jogos e brincadeiras, mas
sim de um processo de aprendizagem que valoriza as relações afetivas e emocionais
entre professores e alunos, e que busca construir experiências significativas e
envolventes para os alunos.
Freire (1997) faz uma provocação acerca do papel do professor:
O processo de ensinar, que implica o de educar e vice-versa, envolve a “paixão
de conhecer” que nos insere numa busca prazerosa, ainda que nada fácil. Por
isso é que uma das razões da necessidade da ousadia de quem se quer fazer
professora, educadora, é a disposição pela briga justa, lúcida, em defesa de
seus direitos (…). Recusar a identificação da figura da professora com a da tia
não significa, de modo algum, menosprezar a figura da tia (…). Significa, pelo
contrário, retirar algo fundamental à professora: sua responsabilidade
profissional de que faz parte a exigência política por sua formação permanente.
(…) Identificar professora como tia, (…), é quase como proclamar que
professoras, como boas tias, não devem brigar, não devem rebelar-se, não
devem fazer greve. Quem já viu mil tias fazendo greve, sacrificando seus
sobrinhos, prejudicando-os no seu aprendizado?
que muitas vezes não valoriza a participação ativa dos alunos. Dessa forma, o ensino
lúdico pode ser uma forma de resistência e de luta por uma educação mais
democrática e participativa.
Também é importante destacar que a recusa em identificar a figura da
professora com a da tia, defendida por Freire, pode ser entendida como uma forma de
valorizar a figura do professor como um profissional comprometido com a sua
formação e com a luta por seus direitos. Ao utilizar metodologias lúdicas, o professor
pode estar reforçando essa postura crítica e comprometida, contribuindo para a
construção de uma educação mais democrática, participativa e significativa.
A sociedade em que vivemos atualmente está em constante processo de
mudanças e avanços no âmbito tecnológico e das habilidades, e com isso é levada a
um direcionamento que motiva as crianças a adquirem cada vez mais novas
competências.
As crianças são seres sociais, têm uma história, pertencem a uma classe
social, estabelecem relações segundo seu contexto de origem, têm uma
linguagem, ocupam um espaço geográfico e são valorizadas de acordo com os
padrões do seu contexto familiar e com a sua própria inserção nesse contexto.
Elas são pessoas, enraizadas num todo social que as envolve e que nelas
imprime padrões de autoridade, linguagem, costumes. Essa visão de quem são
as crianças - cidadãos de pouca idade, sujeitos sociais e históricos, criadores
de cultura - é condição para que se atue no sentido de favorecer seu
crescimento e constituição, buscando alternativas para a educação infantil que
reconhecem o saber das crianças (adquirido no seu meio sócio-cultural de
origem) e oferecem atividades significativas, onde adultos e crianças têm
experiências culturais diversas, em diferentes espaços de socialização.
(KRAMER, 1999, p. 2).
Vygotsky entendia que as interações do homem não eram feitas de forma direta,
essas relações tinham como auxílio ferramentas próprias da espécie humana, os
instrumentos e signos, fornecidos pela cultura. O instrumento auxilia provocar
mudanças nos objetos externos, facilitando a intervenção na natureza (como o uso de
uma faca para cortar algo), os homens criam, produzem, manipulam, preservam,
aperfeiçoam e seus instrumentos, além de transmitir conhecimentos sobre eles para
outras gerações. Já os signos são como instrumentos, só que de ordem interna,
psicológicos, ajudam nas representações mentais e a lembrar, comparar, escolher
coisas. Com o auxílio dos signos, o indivíduo pode voluntariamente controlar sua
atividade mental e ampliar suas potencialidades. Um dos mais importantes é a
linguagem (REGO,1995).
De acordo com Rego (1995), os instrumentos e signos são elementos
mediadores que possibilitam a comunicação e interação do sujeito com o ambiente e
com as pessoas, facilitam o estabelecimento de significados e conceitos
compartilhados por aquela cultura, além da percepção e interpretação da realidade.
Essas ferramentas se dão graças à inserção e apropriação da cultura.
A cultura, por sua vez, está em constante transformação, não é algo estático e
imóvel, ao contrário, por seus membros estarem em constante movimentação,
recriação e reinterpretação, esta também se movimenta, e se torna uma “via de mão
dupla”, em que a cultura afeta o homem e o homem afeta a cultura (REGO,1995).
Autora salienta ainda que o homem tem papel ativo sobre a cultura e sobre seu
próprio desenvolvimento, não sendo um recipiente vazio que as pressões do ambiente
vão despejando informações, reagindo de forma passiva, ao contrário, ao mesmo
tempo em que internaliza e aprende as formas culturais, ele modifica e transforma seu
ambiente, sendo uma relação dialética. (REGO,1995).
Bulgraen (2010) reflete que o professor quando ensina a criança a “pensar” por
conta própria, favorece o questionamento e problematização, ao invés de depositar
nela informações que ela só vai memorizar e repetir. Esse processo mostra o educador
com uma responsabilidade de atuar não só entre as paredes da escola, mas no meio
social, oferecendo a chance de as crianças serem protagonistas de sua história, de seu
contexto e da sua comunidade.
Claro que não é uma tarefa fácil, por isso ainda se está em luta para garantir
uma sociedade crítica, ativa e pensante. Como primeiro passo para ajudar a construir
cidadãos mais participantes e engajados, o professor, além de necessitar de uma boa
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A criança recebe seus primeiros aprendizados no convívio familiar. Desde que sai
da barriga da mãe ela vai recebendo ensinamentos, que vão acompanhá-la por toda a
vida. Ao mesmo tempo, ela vai recebendo também os ensinamentos repassados e
aprendidos dentro da escola, que é um ambiente de aprendizagem e socialização que
complementa o trabalho desenvolvido pela família. Siqueira (2004, p.43) esclarece
que:
Mesmo havendo uma preocupação crescente com a formação integral das crianças,
muitas vezes a infraestrutura das escolas, a formação dos profissionais e os recursos
disponíveis não são suficientes para garantir uma educação de qualidade para as
crianças. É importante que a sociedade continue a demandar e a pressionar por
melhorias na educação infantil, visando garantir que as crianças tenham acesso a um
ambiente educativo adequado e acolhedor.
REFERÊNCIAS
PEREIRA, Rita Marisa Ribes. Uma história cultural dos brinquedos: apontamentos
sobre infância, cultura e educação. 2009.
SOUSA, Ana Carolina Oliveira de; VIEIRA, Viviane Elisângela Oliveira; BARBOSA,
Simone Pereira de Sá. Pequenos curiosos: um relato de experiência sobre a
prática lúdica na Educação Infantil. Revista de Ciências Humanas, Belo Horizonte, v.
12, n. 1, p. 122-136, 2012. Disponível em:
<https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/VRNS-9NSFA5/1/pequenos_curiosos.pdf>
Acesso em: 18 mar. 2023.