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FACULDADE DOM ALBERTO

O PAPEL DO PROFESSOR NO QUE TANGE À PROPOSTA DA


LUDOPEDAGOGIA NO UNIVERSO INFANTIL

JÉSSICA RANIELI DE LARA RIBEIRO

Registro
2023
FACULDADE DOM ALBERTO

O PAPEL DO PROFESSOR NO QUE TANGE À PROPOSTA DA


LUDOPEDAGOGIA NO UNIVERSO INFANTIL

JÉSSICA RANIELI DE LARA RIBEIRO

Artigo científico apresentado a FAVENI


como requisito parcial para obtenção do
título de Especialista em Ludopedagogia.

Registro
2023
3

O PAPEL DO PROFESSOR NO QUE TANGE À PROPOSTA DA


LUDOPEDAGOGIA NO UNIVERSO INFANTIL

Jéssica Ranieli de Lara Ribeiro1

Declaro que sou autor(a)¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído,
seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas
consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados
resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste
trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou
violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de
Serviços).

RESUMO- O ato de brincar possibilita que a criança se aproprie do mundo a qual é


pertencente, além de aprimorar suas competências psicomotoras. No contexto da educação
infantil o lúdico se estabelece enquanto uma importante ferramenta que potencializa o processo
de ensino aprendizagem. É possível considerar que os jogos e as brincadeiras, quando
mediadas pelo professor, favorecem de maneira mais contundente o desenvolvimento integral
das crianças, desta forma o papel do educador frente às atividades lúdicas no universo infantil
é imprescindível, uma vez que, se torna possível identificar as necessidades infantis, além de
permitir elaborar estratégias de ensino que venham de encontro com as peculiaridades de cada
um. As crianças naturalmente são seres lúdicos e estabelecem relações através do ato de
brincar, sendo assim as instituições de educação infantil deve considerar e estabelecer
condições favoráveis e de valorização a prática do lúdico em seu cotidiano.

Palavras-chave: Brincar. Criança. Professor. Estratégias de Ensino. Educação Infantil.

1- INTRODUÇÃO

O presente estudo parte do pressuposto de enfatizar a ludicidade sob


um ponto de vista pedagógico, abordando especificamente tal componente no
contexto da Educação Infantil. O tema escolhido justifica-se principalmente pelo
fato de que leciono numa instituição de Educação Infantil municipal, e querer
aprender mais sobre a ludicidade neste universo, como forma de aprimorar
conhecimentos e práticas. A metodologia utilizada para a elaboração do
estudo teve como eixo norteador, pesquisas bibliográficas, utilizando-se de
acervos literários, artigos científicos dentre outros textos e estudos que tratam
do assunto em pauta, que têm a seguinte problemática: até que ponto a
mediação do professor nos momentos em que as crianças estão brincando,
pode interferir significativamente no desenvolvimento das mesmas?

1
jessica.5ranieli@hotmail.com
4

Autores como Kishimoto (2000) Friedmann (2006), Monteiro (2011)


dentre outros reforçam o fato de que o educador diante das práticas
envolvendo a ludicidade na educação infantil, assume de total relevância, certa
vez que, este pode aproveitar tais momentos para explorar ainda mais a
aprendizagem e desenvolvimento dos seus alunos, além de ser um momento
em que este pode articular de maneira multi e interdisciplinar outros eixos de
desenvolvimento e conhecimento nas situações em que as crianças brincam.
O principal objetivo do trabalho configura a perspectiva de incitar a
compreensão em educadores de crianças na tenra idade, sobre a importância
em mediar e conceber as práticas envolvendo o lúdico no dia-a-dia em sala de
aula de maneira valorosa. Inicialmente foi tratado do lúdico sob uma
perspectiva educacional, desvelando preceitos acerca da importância deste
patrimônio cultural que são os jogos e brincadeiras para o desenvolvimento e
formação das crianças.
Em seguida foi feita uma abordagem sobre a criança e o brinquedo,
destacando a tipicidade e dissociabilidade que há entre eles. Por último foi
enfatizado sobre o importante papel que tem o professor, no que tange a
intervenção intencional e ou mediação nos momentos em que as crianças
brincam. Pode se constatar que, de todas as atividades humanas, o brincar, é a
que mais exprime significados, principalmente na infância, sendo ainda que
concomitante ao brincar as mesmas estão aprendendo e se desenvolvendo de
maneira prazerosa, produtiva e saudável.

2- OS JOGOS E BRINCADEIRAS SOB UMA ÓTICA EDUCATIVA

A caracterização do lúdico, a palavra lúdica vem do latim “ludus" e


significa brincar. Neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e
divertimentos das mais diferentes formas e é relativa também à conduta
daquele que joga que brinca e se diverte. Por sua vez, a função educativa do
jogo oportuniza a aprendizagem do indivíduo, seu saber, seu conhecimento e
sua compreensão do mundo. (SANTOS, 1997).
5

Kishimoto (2008) infere dizendo que as propostas voltadas a educação


infantil, deve valorizar a ludicidade em todas as suas dimensões, seja através
da musicalidade, dos jogos, das histórias, das brincadeiras, pois as crianças
necessitam brincar, as mesmas por si só são detentoras de características
lúdicas. A mesma autora chama a atenção para o fato de que muitas
brincadeiras foram sendo esquecida ao longo dos tempos, isto devido á varias
circunstâncias. E é no espaço escolar que muitas vezes as crianças encontram
a oportunidade de brincar e interagir com outras crianças.
De acordo com Monteiro (1992) o jogo é uma maneira muito inteligente
de suscitar nos pequenos a autodisciplina, a cordialidade, e o cumprimento de
regras. Em tal situação a criança assimila as características e normativas do
jogo, além de compreender o fato, de que se as infringirem poderá ser
penalizadas no jogo, tal situação por mais simples que pareça é fundamental
pá e muito influente na formação de valores.
Santos (1999) explica que a proposta de ludo educação passou a ser a
mola mestra para o trabalho com crianças, pois se acredita que de todas as
atividades essenciais no contexto da educação infantil, as brincadeiras são as
mais importantes, certa vez que permite as crianças aprenderem e a
desenvolverem múltiplas habilidades e capacidades.
Segundo Neto (1998), o jogo é:

(...) uma das formas mais importantes do comportamento humano,


desde o nascimento até à morte, sendo essencial na formação da
sobrevivência e no processo de desenvolvimento do homem. “os
professores deveriam obter uma formação inicial, contínua e pós-
graduada mais consistente e adequada sobre os fundamentos
pedagógicos e científicos do jogo no desenvolvimento da criança”
(p.167).

A citação acima reforça a importância de se conceber o lúdico no


enquadramento curricular da formação de professores, como forma de
estabelecer profissionais mais habilitados no trato com as crianças, certa vez
que os jogos e brincadeiras mediados tornam-se mais satisfatórios no que
tange o fomento a aprendizagem infantil.
Segundo explica Winnicott (1982) às crianças são seres lúdicos, e o
adulto no trato com os pequenos muitas vezes tem que cativa-los, adaptar sua
linguagem e adentrar de fato no mundo infantil, assim sendo o professor
6

consegue nas brincadeiras desenvolver seus objetivos educacionais, avaliar as


diferentes potencialidades e necessidades de seus educandos. A mesma
autora suscita ainda que as brincadeiras no âmbito escolar oferece para o
educador um leque muito grande de opções para trabalhar o currículo.
Brincando as crianças também aprendem, porém é imprescindível fazer
combinados com as mesmas, que existem momentos em que devemos
priorizar outras situações que muitas vezes não envolvem o brincar.
Para Brougere (1998) brincar promove situações e experiências em que
as crianças descobrem o outro, o meio, e interage espontaneamente com
vários elementos no contexto em que vive. A mãe que brinca com o filho está
estimulando sua inteligência, esta despertando sentimentos nas crianças e
consequentemente os preparando para a vida em sociedade, mesmo que de
forma preliminar e simbólica.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
LDBEN 9393/96, dispõe que a Educação Infantil é a primeira etapa da
Educação Básica, e tem por objetivo fomentar o desenvolvimento integral da
criança, em seus aspectos; físico, psicológico, intelectual e social. (BRASIL,
1996). Desta forma fica evidente que a lei mor da educação nacional
estabelece e assegura que todas as crianças devem ter a oportunidade de se
desenvolver de maneira plena, e para isso as escolas devem, propor, criar e
adaptar condições, espaços e tempo para que isto ocorra, e uma das principais
estratégias de estímulo á aprendizagem e desenvolvimento infantil se dá por
meio do lúdico.
Rego (1995) explica que os jogos e brincadeiras são as atividades mais
favoráveis de serem trabalhadas nas escolas de educação infantil. Todas as
crianças têm o direito de brincar, pois a infância e ao ludicidades são fatores
indissociáveis, desta forma a escola deve valorizar e criar condições que
favoreçam tais práticas. São através das atividades lúdicas que a criança
passa se apropriar do conhecimento, e ao promover situações significativas, o
professor possibilita que a aprendizagem se efetive, contribuindo para o
desenvolvimento da criança. As aprendizagens consolidadas na escola e fora
dela são fundamentos para a vida social das pessoas com necessidades
especiais educacionais. Pode-se dizer que ao brincar se aprende, e na escola,
7

também pode ser assim, se observarmos as crianças durante a brincadeira, ela


envolve momentos de impasses, de superação de limites e enfrentamento de
desafios. Não é, portanto, somente um campo de facilidades, de prazer
desprovido de esforço. Por outro lado, se entendermos que o esforço
empreendido no ato de aprender pode trazer junto com ele a alegria da
descoberta, também a aprendizagem pode ter uma dimensão lúdica. Winnicott
(1982) reafirma a importância que as brincadeiras possuem ao longo da
história, pois em muitas culturas o brincar pode ser uma preparação para a vida
adulta, e de fato é, brincado se aprende muitas coisas que vamos
aperfeiçoando ao longo da vida. Este estágio inicial é um dos mais importantes
na trajetória de vida do ser humano, e deixa muitas marcas e características
importantes.
Para Cunha (2001) brincar desenvolve as habilidades da criança de
forma natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças,
desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas
sim com prazer. A mesma autora afirma ainda que a dimensão dos jogos e
das brincadeiras enquanto instrumentos de ensino possibilita, a aprendizagem,
a construção de significados aos alunos, fazendo que estes tenham uma
maneira diferente na aquisição dos símbolos necessários à apropriação do
conhecimento, entendendo que neste processo alguns elementos tornam-se
pontos norteadores, quando se busca compreender a dinâmica dos aspectos
cognitivos, afetivos e sociais em relação às intervenções e estímulos que o
aluno recebe em sua vida escolar. Sendo assim a utilização das atividades
lúdicas como brincadeiras, jogos e músicas são instrumentos na
aprendizagem, em que o aluno desperta na ludicidade o desenvolvimento
habilidade de perguntar sempre encontrando estratégicas para revolver os
problemas.
De acordo com Aguiar (2015), as atividades lúdicas são reconhecidas
como meio de fornecer a criança um ambiente agradável, motivador, planejado
e enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias habilidades, mediante
a brincadeira, a fantasia, a criança forma a base a adquire a maior parte de
seus repertórios cognitivos, emocionais, sociais e motores.
8

O princípio norteador da Educação Infantil se estabelece principalmente


no fato de propiciar a mesma educação a todas as crianças, atendendo e
respeitando às necessidades delas. Nessa direção a Ludo pedagogia traz
como eixo norteador o trabalhar com diferentes práticas pedagógicas por meio
de alternativas diversas como jogos, brincadeiras e experimentação de
diferentes estratégias (MONTEIRO, 2011).
Quando a criança apresenta alguma necessidade às atividades devem
ser atrativas para que a mesma aprenda de maneira dinâmica onde possa
estar em contato com diferentes meios de aprendizagem, e envolver o lúdico
neste processo é dar oportunidade para a criança se desenvolver de maneira
ampla e significativa.
Winnicott afirma: “é no brincar, e somente no brincar, que o indivíduo, a
criança ou adulto pode ser criativo e usar sua personalidade integral: e é
somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu” (WINNICOTT, 1982, p.
12). É através do brincar que os seres humanos se desenvolvem plenamente,
que se descobrem como ser criativo que compreende e aprende, e inserir a
criança num contexto variado, promovendo autonomia, confiança e outros
benefícios que faz com que ela seja capaz de se desenvolver de maneira
saudável. O lúdico no cotidiano escolar propicia momentos de construção do
conhecimento, descobertas, autoconfiança e nos leva a crer que os jogos e
brincadeiras favorecem o domínio das habilidades e comunicação nas suas
várias formas, porque brincar apesar de parecer algo simples, ajuda no
desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança, além de ser uma forma
de auto expressão.
Podemos considerar a ação lúdica como metacomunicação, ou seja, a
possibilidade de a criança pensar sobre seu próprio agir e pensar, bem como
compreender o pensamento e a linguagem do outro (KISHIMOTO, 2008).
Sabemos que o brincar desenvolve habilidades nos seres humanos que
serão levadas para toda vida. E todas as atividades são importantes e mais
importantes para a criança, ela passa a querer aprender sempre mais, por
intermédio das brincadeiras, jogos, cantigas, danças entre outros; deixando
suas limitações e dificuldades de lado (WINNICOTT, 1982).
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Nas atividades lúdicas se aprende brincando e as brincadeiras são


essências para o desenvolvimento da criança em muitos aspectos: social,
emocional, cognitivo, da motricidade e linguagem. Ao estar em contato com o
lúdico a criança adquire mais confiança sendo capaz de realizar o que lhe é
proposto. Através das atividades lúdicas a aprende a refletir suas ações e as
dos outros, experimenta situações novas, cria oportunidades para os desafios
do seu cotidiano e ainda adquire maior autonomia para resolver as atividades
pedagógicas contribuindo para construção do conhecimento e do
desenvolvimento.
Segundo Cunha: “brincar desenvolve as habilidades da criança de forma
natural, pois brincando aprende a socializar-se com outras crianças,
desenvolve a motricidade, a mente, a criatividade, sem cobrança ou medo, mas
sim com prazer” (CUNHA, 2001, p. 14).
Assim as atividades lúdicas favorecem o desenvolvimento integral da
criança, agindo em todas as áreas, contribuindo para que esta criança aprenda
aquilo que muitas vezes para ela é algo inalcançável. O lúdico contribui para
que a criança se desenvolva e se socialize, porque através das atividades
lúdicas há o contato verbal, físico, troca de ideias. E nas brincadeiras a criança
pode desenvolver capacidades importantes tais como; atenção, memória,
imitação e imaginação. De acordo com Aguiar (2015), as atividades lúdicas
têm influência desde cedo:
As atividades lúdicas são reconhecidas como meio de fornecer
a criança um ambiente agradável, motivador, planejado e
enriquecido, que possibilita a aprendizagem de várias
habilidades. Na educação infantil, mediante a brincadeira, a
fantasia, a criança forma a base e adquire a maior parte de
seus repertórios cognitivos, emocionais, sociais e motores
(AGUIAR, 2015, p.25).

O lúdico, portanto, é sem dúvida, uma atividade muito importante na


educação. E as atividades lúdicas são fundamentais na formação da criança, e
facilitadoras no processo de socialização, de conhecimentos e das vivências
em sala de aula, que promovem a imaginação e, principalmente, as
transformações do sujeito. Ao definir o termo ludicidade Rego (1995) diz ser a
forma mais concreta e prazerosa de estabelecer relações na infância, o lúdico
são as diferentes formas de prazer que resultam das brincadeiras. O lúdico é
10

típico da infância e está intrínseco na essência da criança, e se manifesta de


maneira natural e espontânea.

2.1- A criança e o lúdico

Brougere (1998) nos ensina que as crianças que habitualmente brincam,


são mais dotadas de pré-requisitos, ou seja, a brincadeira possibilita a
ascensão de habilidades comunicativas, motoras, psíquicas, emocionais entre
outras que são muito importantes para a maturação dos seres humanos.
De acordo com Campos et.al (1992) a criança necessita do brincar,
desde a tenra idade o brincar é fundamental para as mesmas, até mesmo os
bebês brincam, e estabelecem relação com o adulto expressando ludicidade
em suas ações. O estimulo á aprendizagem por intermédio de brinquedos é o
mesmo que ir de encontro com a natureza infantil.
Os brinquedos para as crianças são repletos de emoção e significado,
certa vez que as mesmas imaginam uma diversidade de situações que já
vivenciaram, além de compreenderem-nas, vão descobrindo novas
experiências de vida.
De acordo com Held (1980);

Em qualquer ser humano, e mais ainda na criança, imaginação,


sensibilidade, inteligência não são funções que poderíamos
facilmente envolver e dissociar. A crença psíquica é global. A criança
para se desenvolver de maneira equilibrada e harmoniosa, tem
necessidade de sonho, de imaginário. (p.174)

As palavras do autor supramencionado elucida a importância que tem o


processo imaginário para a compreensão do mundo e a para a construção da
personalidade dos seres humanos, esses que logo já foram crianças, e de
alguma forma já brincaram. Neste panorama a criança que brinca se torna mais
habilitada para viver sua vida adulta. Held (1980) acrescenta ainda que é
através da imaginação que as crianças concebem o mundo, vistam lugares
fantásticos, descobrem situações, fazem associações entre o que é real e
fictício, e o lúdico é o principal propulsor que aguça o sentido imaginário da
criança.
11

Kishimoto (1994) diz ser o lúdico toda atividade que causa prazer e
diversão, sendo tal termo relativo aos jogos e brincadeiras e extremamente
entrelaçado ao universo infantil. A autora explicita justifica tal concepção
reforçando que a ludicidade é inerente à infância, as crianças desde que
nascem já estabelecem relação com o outro e com o mundo através das
brincadeiras. Seber (1995) diz que a criança quando brinca se empenha da
mesma forma como anda, corre, fala e come. O brincar é tão essencial para as
crianças como as outras atividades básicas do dia-a-dia, desta forma é
imprescindível respeitar os momentos lúdicos, proporcionar condições para que
as mesmas brinquem.

2.2.- O papel do professor frente à proposta da ludo educação na


educação infantil

Para Vasconcellos (2006) o mediador das ações envolvendo o brincar


assume total relevância, pois o adulto é o provedor de ambientes estimulantes
e desafiadores, além deste personagem ajudar as crianças a lidarem com suas
dúvidas, frustações dentre outras imposições que as brincadeiras
proporcionam. Em paralelo ao exposto Kishimoto (2008) explica que o papel do
professor nos momentos em que as crianças estão brincando, é primordial, e
consiste num brincar mais holístico, onde o adulto é oi intermediário de ideias e
situações que podem tornar as brincadeiras mais ricas e estimulantes.
De acordo com Friedmann (2006) ao se levar em considerar a prática do
lúdico enquanto ferramenta didático-pedagógica é essencial disponibilizar
ambientes, materiais dentre outros recursos que enriqueçam o brincar, que
torne as brincadeiras mais produtivas. De fato as crianças não precisam de
muito para brincar e imaginar, mas endossar as brincadeiras, através de
exemplos, indagações, materiais, sugestões torna o lúdico mais significativo.
Vasconcellos (1995) concebe a ludicidade como sendo atividades ricas
de estimulo, que pode conter desafios que provocam a imaginação e a
aprendizagem de maneira exponencial. O lúdico enquanto estratégia de ensino
possibilita além da construção de saberes, o exercício da motriz assim como
fatores relativos à sociabilidade, certa vez que ao brincar as crianças testam
12

umas as outras, dividem seus brinquedos, ou não, dentre outras relações que
permeiam sua formação. Em paralelo ao exposto é imprescindível ressaltar o
papel do professor, este que deve mediar os conflitos e relações entre as
crianças, frisando sempre atitudes correspondentes à cooperação, trabalho em
equipe, solidarismo dentre outras atitudes nas quais devem se estabelecer a
vida em sociedade e é imprescindível de se iniciar na infância. Os jogos e
brincadeiras têm como objetivo auxiliar o professor, a resgatar o interesse do
educando pelo aprender, integrar a criança no contexto escolar e contribuir
para que faça parte ativa do grupo que está inserida, pois a aprendizagem é
um direito de toda criança (CUNHA, 2001).
É de responsabilidade do professor, se preocupar em gerar essa
aprendizagem, em contrapartida buscar novos conhecimentos e recursos que
irão auxiliá-lo para a execução desse trabalho, porque a criança também é
capaz de aprender significativamente.
É nesse contexto que o lúdico ganha um espaço como a ferramenta
ideal da aprendizagem, na medida em que propõe estimulo ao interesse do
aluno, o jogo ajuda-o a construir e desconstruir conceitos, estabelecer vínculos
com o conteúdo escolar, promove aprendizagens, à medida que este vai
ganhando significado através das mediações recebidas. É importante que o
professor tenha como pressuposto que através dos jogos o aprendizado
acontece de forma divertida e significativa, mas que há sempre formas de
propiciar ao aluno a percepção de outras relações, além de permiti-lo fazer
variações num determinado jogo para que este auxilie no alcance de outros
objetivos. (BROUGERE, 1998).
Segundo explica Seber (1995) à educação infantil deve valorizar as
crianças como um todo, como um ser muito ativo, mas que necessita de apoio
para desenvolver-se integralmente. Neste contexto as brincadeiras detêm
principal relevância, assim como a mediação do professor, este que devem
resgatar atividades lúdicas de maneira global, utilizando dessas, por exemplo,
para anteceder aprendizagens, tais como a alfabetização.
Wajskop (2007) ao tratar do brincar enquanto uma ferramenta
pedagógica, expressa que tais atividades além de tornar a aprendizagem dos
educandos mais tangível e prazerosa, ajudam o professor no atoo de ensinar,
13

ou seja, o lúdico é um importante componente no que tange o processo de


ensino-aprendizagem na Educação Infantil.
Vasconcellos (1995) diz que o educador tem que partir da realidade dos
alunos, identificando suas necessidades, e ainda buscar alternativas que
promovam interação das crianças umas com as outras e com os brinquedos. É
preciso levar em conta que quando o adulto introduz uma determinada
brincadeira, a criança precisa se adaptar a mesma, reconhecendo-as,
experimentando situações assim como identificar as possibilidades, pois
brincar envolve ação e pensamento.
Friedmann (2006) destaca ainda que o brincar com o passar do tempo
vem perdendo espaço seja na escola, na rua, ou em casa. Com o advento
tecnológico cada vez mais as crianças se encontram estritamente ligadas a
computadores, televisão dentre outros recursos sofisticados que assumem o
lugar das brincadeiras, além das ruas estarem cada vez mais perigosas às
crianças ficam privadas no contato com os colegas. Frente ao exposto a autora
chama a atenção para o fato de que a escola assume um papel primordial, no
que tange o resgate das brincadeiras tradicionais, essas que são um
patrimônio cultural muito importante e que fez parte da infância feliz de muitos
adultos.
Segundo Lima (1992) apud Pires (2008) as atividades lúdicas além de
estimular a coordenação motora, desenvolvem o raciocínio lógico e a
percepção da criança, também com atividades lúdicas, identificamos o
desenvolvimento da linguagem e criatividade, por isso é de suma importância à
escolha de uma metodologia de trabalho que permita a exploração do potencial
dos jogos no desenvolvimento de todas as habilidades.

O brincar é a forma de atividade humana que tem grande


predomínio na infância e sua utilização promove o
desenvolvimento dos processos psíquicos, dos movimentos
físicos, acarretando o conhecimento do próprio corpo, da
linguagem, da socialização e a aprendizagem de conteúdos de
áreas especificas (LIMA, 1992, apud PIRES, 2008, p.3).

O trabalho com atividades lúdicas é uma das alternativas para


aprendizagem da criança, portanto não deve tornar-se obrigatória no quesito
avaliação, pois o lúdico é mais um recurso que é utilizado para desenvolver os
14

conteúdos necessários no processo de ensino aprendizagem, propício para


inclusão. Para Wajskop (2007) as crianças quando estão brincando
naturalmente estão exercitando suas competências, motoras, cognitivas e
afetivas. As brincadeiras são uma das formas de expressão mais típica da
infância, além de serem atividades que causam prazer e sanam as
necessidades infantis.

3- CONCLUSÃO

Ao se pensar em uma educação infantil de qualidade, que de fato


valorize e identifique a infância enquanto uma fase muito importante na
trajetória de vida humana é necessário refletir sobre a prática educativa com
um “novo olhar”, sensível às diferenças, atento as atividades lúdicas (jogos e
brincadeiras) e às demandas de cada grupo, como um todo e aos limites e
possibilidades de cada um, onde cada criança é única, singular, porém, as
mesmas apresentam naturalmente a necessidade de brincar. Ao tratar esse
assunto, muito aprendemos e esperamos que os leitores desse trabalho, se
conscientizem da importância dos jogos e brincadeiras que favorecem a
aprendizagem e a aquisição de valores, garantindo aos alunos, uma formação
moral, ética e social que possibilite interagir de maneira produtiva na
sociedade. A utilização dos jogos e brincadeiras pelas crianças não deve ter
apenas o caráter de divisão, mas deve ser uma ferramenta que busca o seu
desenvolvimento físico, cognitivo, social e moral. Ficou claro que as atividades
contribuem para que a criança amplie seu conhecimento de si e do mundo de
maneira mais agradável e rápida, fortalecendo as interações sociais,
construindo seus valores e se preparando para o exercício de cidadania. O
lúdico pode e deve fazer parte das estratégias didáticas, acelerando o processo
de aprendizagem por meio de um ensino cujas técnicas diversificadas
possibilitem a interdisciplinaridade, enriquecendo os conteúdos assimilados e
vivenciados, proporcionando uma formação mais completa.
Pode se compreender que o grande desafio para o educador, na
atualidade, é desenvolver um trabalho que propicie uma aprendizagem pautada
na valorização do potencial de cada criança, onde criatividade, expressão,
15

curiosidade e conhecimentos se relacionam com os contextos que se


apresentam na sua realidade.
Estes desafios remetem a uma profunda reflexão do que é o universo do
conhecimento, assim como significados, sentidos e amplitude que adquirem ao
serem analisados na sua forma de apropriação e construção tendo como foco a
Educação Infantil. De uma maneira geral pode-se concluir que o professor de
crianças na tenra idade assume total importância, certa vez que este pode
enriquecer as brincadeiras, possibilitar condições mais favoráveis para que o
ato de aprender se torne mais tangível para os pequenos, mas para isso é
importante que esses profissionais valorizem as crianças, reconhecendo-as
como seres em constante maturação, e que os jogos e brincadeiras são
elementos muito ativos no que consiste em aprendizagem e desenvolvimento.

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