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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

(UNEB)
Autorização Decreto nº 9237/86. DOU 18/07/96.
Reconhecimento: Portaria 909/95, DOU 01/08-95
GABINETE DA REITORIA
UNIDADE ACADÊMICA DE EDUCAÇÃO A DIS-
TÂNCIA (UNEAD)
Criação e Implantação Resolução CONSU nº
1.051/2014. DOU 20/05/14

PRÁTICAS DE JOGOS E BRINCADEIRAS NO REFORÇO ESCOLAR DA


EDUCAÇÃO INFANTIL EM IBOTIRAMA

Jackeline Santana Mouzinho1

Mateus Bessa das Neves2

Resumo: Os jogos e as brincadeiras favorecem o desenvolvimento da criança no âmbito


escolar e estão cada vez mais sendo utilizados pelos profissionais na área da educação
como ferramenta de aprendizagem e parte integrante no processo educativo. Nesse
sentido, este artigo tem como questão geradora: quais os benefícios que os jogos e
brincadeiras proporcionam para as crianças no reforço escolar de educação infantil? Com a
contribuição da pesquisa bibliográfica embasada em produções científicas e na análise de
um projeto de intervenção no reforço escolar com crianças de 4 a 5 anos de idade,
impedidas de irem a escola devido ao contexto pandêmico e cheias do rio São Francisco,
constata-se que as brincadeiras fazem com que haja um ambiente propício para
desabrochar as potencialidades das crianças.

Palavras-chave: Contação de histórias, Desenvolvimento, Aprendizagem, Criança.

Introdução

As brincadeiras na vida das crianças ajudam a desenvolver a identidade,


autonomia e próprias habilidades de pensamento, pois, por meio delas se cria as
possibilidades de novas descobertas. É de suma importância para as crianças,
porque além de adquirirem conhecimentos de forma individualizada ou em grupos,
ajuda no desenvolvimento de habilidades de maneira prazerosa e espontânea para

1
Graduanda em Pedagogia Universidade do Estado da Bahia (UNEB/UNEAD). E-mail:
jackelinymouzinho@hotmail.com

2
Graduando em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB/UNEAD). E-mail:
bessamateus1997@gmail.com
que assim elas possam se desenvolver onde estão inseridas, seja no ambiente
escolar ou familiar.
As atividades lúdicas ganharam amparo legal nas políticas públicas, por isso
são mencionadas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, BRASIL 1990). O
artigo 16 do capítulo II expõe o direito da criança à liberdade para brincar, praticar
esportes e se divertir. Nesse sentido, este trabalho trata sobre o papel dos jogos e
brincadeiras na construção de conhecimentos e demonstra que eles são essenciais
e necessários para promover o nível de aprendizagem de cada aluno envolvido no
processo. O brincar não é somente diversão, mas oportunidade para despertar a
criatividade, o afeto e o aspecto cognitivo das crianças. Na escola, principalmente
nas séries iniciais, o professor deve trazer o brincar para sala de aula, ajudando o
processo de ensino das crianças.
Justifica-se a escolha deste tema devido ao teor instigante no
desenvolvimento educacional e social da criança, deste modo, é indispensável que
as instituições educacionais propiciem as crianças essa proximidade entre o método
educacional de ensino freiriano e a forma lúdica que os jogos e brincadeiras
oferecem, com prazer no aprendizado, da criança durante todo seu ciclo
educacional. Além de o universo brincante fazer parte do cotidiano dos graduandos
escritores deste artigo, Mateus Bessa é poeta, ator, desenhista, dançarino e
palhaço, Jackeline Mouzinho é musicista. Ambos atuam na área de reforço escolar
da educação infantil no município de Ibotirama-BA.
Conforme Kishimoto (1998) “a brincadeira é uma atividade natural e
espontânea da criança, facilitando o seu pleno desenvolvimento físico, cognitivo,
social, motor e psicológico, facilitando a construção de conhecimentos”. Os
educadores devem ter em seu objetivo a intenção de observar e analisar, se em sua
metodologia de ensino a inserção das brincadeiras e jogos favorecem de forma
significativa para a construção do conhecimento de seus alunos.
As brincadeiras tiveram uma mudança na sociedade atual, antes os pais
sentiam-se seguros em deixar as crianças nas ruas com as demais, brincando e
desenvolvendo da sua própria forma e seguindo as regras de brincadeiras antigas
que eram passadas de geração em geração. No cenário atual esse quadro mudou,
devido a violência nas ruas e a insegurança de deixar crianças sozinhas brincando,
muitas famílias têm colocado seus filhos dentro de casa expostos a telas de
aparelhos conectados à internet, tirando-lhes a oportunidade de brincarem e terem
contato com o chão, natureza, objetos e brinquedos para desenvolver a criatividade.
E, em outros ambientes familiares, a escolha dos pais é ocupar o tempo dos filhos
com aulas em turnos opostos ao horário escolar, cursos extracurriculares e falta
tempo para desenvolver o “faz de conta” e a imaginação.
Devido a esse cenário atual, a escola é o meio que ajuda a criança a não
perder essa infância e esses momentos que a faz desenvolver e, repetidas vezes,
resgata as brincadeiras e jogos de rua para dentro da sala de aula, cooperando para
que os alunos vivenciem brincadeiras juntos com os seus colegas, tendo a
oportunidade de serem livres.
Este tema foi escolhido pela necessidade de trabalhar com a criança jogos e
brincadeiras de uma forma lúdica, no intuito que o aluno venha desenvolver a sua
identidade, autonomia, habilidades de pensamento. E é necessário que exista o
brincar, pois cria as possibilidades de novas descobertas, porque além de adquirir
novos conhecimentos de forma individualizada ou em grupos, ajuda também no
desenvolvimento de habilidades de maneira prazerosa e espontânea.
A metodologia utilizada do trabalho é pautada na pesquisa qualitativa e
bibliográfica, onde a primeira procura a trajetória, analisa e busca dados que
possam fazer somatória ao tema escolhido, a segunda embasa a discussão com
diálogo com as teorias e ordenamento entre conteúdos, fazer análises e conclusões
das ideias de autores citados que estudam os jogos e brincadeiras na educação
infantil. Fora realizada junto com as demais, a pesquisa empírica no reforço escolar,
onde se desenvolveu a aplicação de duas atividades, ao qual a primeira foi aplicada
de um método de ensino tradicional para as crianças e a segunda de maneira lúdica
uma atividade de jogos com sílabas, onde os alunos participavam de maneira ativa.
Portanto desde as séries iniciais é necessário que o professor trabalhe o
lúdico por meio de jogos e brincadeiras pois além de estimular os cinco sentidos e
outros aspectos do desenvolvimento, ele ascende na criança o gosto pelo aprender
de uma forma prazerosa o que ajuda no processo de ensino e aprendizagem e traz
resultados positivos para os anos seguintes de sua vida escolar.
Os jogos e as brincadeiras favorecem o desenvolvimento da criança no
âmbito escolar e estão cada vez mais sendo utilizados pelos profissionais na área
da educação como ferramenta de aprendizagem e parte integrante no processo
educativo.
Nesse sentido, este artigo tem como questão geradora direcionada a educadores do
reforço escolar na educação infantil, o seguinte: quais os benefícios que os jogos e
brincadeiras proporcionam para as crianças de educação infantil?
Para tanto, tem como objetivo geral analisar a prática de jogos e brincadeiras
no desenvolvimento motor, afetivo e aprendizagem de crianças no reforço escolar
da Educação Infantil do Município de Ibotirama. Especificamente busca-se verificar
de que forma o brincar interfere no processo de ensino-aprendizagem, analisar os
benefícios dos jogos e brincadeiras no processo do desenvolvimento do aluno.
Contribuir para a melhoria da qualidade e prática pedagógica em sala de aula
O lúdico é subjetivo, faz com que se permita uma alta ligação com o processo
de ensino aprendizagem. Na educação infantil é possível promover o conhecimento
de mundo, explorar o ambiente a volta, porque “ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar possibilidades para sua própria produção ou sua
construção” (FREIRE, 2001, p 52).
Para tanto, este texto está dividido em três seções a partir desta introdução.
Na primeira trata sobre a educação infantil, na segunda seção a análise recai sobre
as práticas cotidianas vividas na aplicação de um projeto de intervenção para
analisar a diferença de aplicação de práticas tradicionais e práticas mediadas por
jogos e brincadeiras no reforço em educação infantil e na terceira seção analisa a
influência dos jogos e brincadeiras no cotidiano das crianças. Por fim, as
considerações finais expõem os principais achados elaborados a partir desse
estudo.

A educação infantil

A etapa inicial da vida escolar da criança é a educação infantil é a fase em


que ela desperta para o mundo de forma curiosa e absorve aprendizado que lhe é
oferecido. O professor é um dos responsáveis em mediar e incentivar a criança pelo
caminho da busca e interesse pela aprendizagem. A educação infantil assumiu o
papel de estimular as habilidades, trabalhar a autonomia, respeito, autoestima,
valorizando a voz do aluno e respeitando-o em suas limitações, para que sintam
acolhidos e entendidos.
Os jogos e brincadeiras podem ser vistos na educação infantil como
instrumentos de aprendizagem que vieram para somar aos demais recursos
pedagógicos para o educador, sabendo-se da sua importância para o
desenvolvimento da criança como sujeito. Trata-se de atividades a serem
planejadas e aplicadas de maneira correta seguindo as regras e opiniões dos
envolvidos, embora também é válido o brincar livre. Quando se é notado o aluno
como um ser que tem voz e precisa de intermediações, inserido no meio coletivo, os
jogos e brincadeiras são essenciais no âmbito escolar para que o desenvolvimento
contínuo ocorra.
Metodizar o ato de brincar remete o sentido de que o educador deve
reorganizar a prática pedagógica que desempenha, não deve se manter nos moldes
de uma educação tradicional bancária, mas direcionar para o lúdico por meio das
brincadeiras como ferramentas construtoras do desenvolvimento da criança. Os
jogos e as brincadeiras mediados pelo educador, desempenham um papel
fundamental para a o processo educacional das crianças, pois desenvolvem o
cognitivo, intelectual, social, físico-motor e psicológico.
A prática de atividades lúdicas ajuda no aprendizado dos alunos, pois
despertam o interesse de brincar e, ao mesmo tempo em que brincam, estão no
processo de aprendizagem. É no âmbito escolar que a criança vivencia muitas
descobertas e aprende que se deve obedecer às regras. Com a aplicação de jogos
e brincadeiras na educação infantil se constrói uma base norteadora para que essas
crianças possam ingressar no ensino fundamental das séries iniciais, respeitando os
colegas, professores, as regras das atividades propostas, além de se relacionarem
com os demais com respeito, independente de raça/etnia, cultura e classe social.
A escola também deve assumir o papel de fornecer momentos em que o
lúdico esteja presente, mostrar e incentivar os discentes a participarem para que
possam sentir o prazer em aprender brincando e tornar o momento agradável para
os envolvidos na prática pedagógica.
A ludicidade não é apenas entretenimento, mas atividades que oportunizam o
educando a aprendizagem por meio de diversas habilidades, isso porque brincar é
essencial para o desenvolvimento da criança, desde a simples brincadeiras aos
jogos com regras mais sofisticadas. Para que haja uma aprendizagem significativa é
necessário que a criança com seu próprio conhecimento se aproprie dos conteúdos
e dos jogos que são instrumentos que auxiliam nesse processo.
Todos conhecemos o grande papel que nos jogos da criança desempenha
a imitação, com muita frequência estes jogos são apenas um eco do que as
crianças viram e escutaram aos adultos, não obstante estes elementos da
sua experiência anterior nunca se reproduzem no jogo de forma
absolutamente igual e como acontecem na realidade. O jogo da criança não
é uma recordação simples do vivido, mas sim a transformação criadora das
impressões para a formação de uma nova realidade que responda às
exigências e inclinações da própria criança (VYGOTSKY, p. 1989, p.12).

Desta forma, a criança no ato de brincar costuma refletir as experiências,


impressões e informações adquiridas em seu cotidiano, mais do que isso, não
necessariamente é feito de forma fidedigna ao que acontece na realidade exterior,
molda essa absorção para a realidade da própria criança.
O Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27,
v. 1) reforça afirmando que,
O principal indicador da brincadeira, entre as crianças, é o papel que
assumem enquanto brincam. Ao adotar outros papéis na brincadeira, as
crianças agem frente à realidade de maneira não-literal, transferindo e
substituindo suas ações cotidianas pelas ações e características do papel
assumido, utilizando-se de objetos substitutos.

Portanto, quando criança brinca ela formula sua identidade, que de certa
forma ela ingressa, mesmo que simbolicamente e sem nenhum compromisso com a
realidade do universo adulto, as experiências e informações que eles lhes
proporcionam.

Práticas e cotidianos vividos na análise de brincadeiras no reforço escolar

Além da discussão histórica, este estudo apresenta dados de uma atividade


intervenção de um trabalho de reforço escolar associado ao lúdico. Para tal, fez-se a
atividade e relatos em estudantes pertencentes a duas turmas de discentes da
Educação Infantil. A turma, de reforço escolar foi formada por crianças na faixa
etária entre quatro e cinco anos de idade da escola Pingo de Gente e Colégio
Municipal Dois de Julho, duas instituições situadas no município de Ibotirama –
Bahia.
Essas crianças, além de terem enfrentado o isolamento social decorrente do
processo pandêmico da Covid-19, também passaram pelas dificuldades decorrentes
das cheias do rio São Francisco, que inviabilizou a ida delas até a instituição
educacional, interferindo nos seus processos de ensino e aprendizagem.
Primeiro, apresentou-se o conteúdo de forma tradicional, usando somente a
oralidade e poucos recursos visuais. Na segunda parte da intervenção aplicou-se
jogo envolvendo as vogais e o percurso com cores.
Durante as atividades, analisou-se a diferença nas expressões e absorção
dos conteúdos nas ações durante as duas técnicas aplicadas. Na primeira atividade,
os alunos não se interessaram, fizeram as atividades por obrigação e não
interagiram. Na segunda proposta, ao entenderem as regras do jogo apresentando
o nome das vogais se divertiram com a atividade. Na avaliação verificou-se que
desenvolveram o raciocínio lógico, autonomia, além de demonstrarem o prazer de
brincar e aprender.
Após a realização os alunos sentiram mais facilidade em responder a tarefa
escolar, estavam visivelmente animados e empolgados ao máximo em associar a
atividade com o jogo realizado. Com a atividade, as crianças na aula de reforço se
sentiram mais interessados em comparecer diariamente às aulas, sobretudo porque
notaram que podiam participar de forma ativa e construtiva no próprio processo de
ensino e aprendizagem. A brincadeira levou as crianças a terem a sensação de
pertencimento ao grupo e isso faz aumentar a participação, além da assiduidade,
gerando prazer em fazer parte e estar no ambiente escolar. O reforço escolar sendo
um espaço de mediações dos saberes contribui para o desenvolvimento integral de
cada indivíduo e o gosto pelas atividades da escola.
Ao possibilitar as crianças a vivências lúdicas foi possível fazer com que elas
continuassem em seus mundos infantis, sem pressioná-las com exigências de
aprendizagem e comportamentos de adultos, garantiu-se a exploração do meio em
que vivem, fizeram descobertas, sem que deixassem de aprender o conteúdo que
seria útil em sala de aula, quando chegassem à escola. É nesse sentido que a
ludicidade deve estar inserida nos ambientes nos quais as crianças frequentam,
principalmente os educacionais, pois contribui no processo de desenvolvimento.
Os jogos chamam atenção dos alunos e as disciplinas oferecidas em sala de
aula podem ser inseridas nesse universo lúdico. Os resultados obtidos com aulas
brincantes são satisfatórios, pois a participação se torna algo de interesse dos
educandos. No reforço escolar, os professores devem trazer a ludicidade,
proporcionando uma revisão diferente do conteúdo ofertado na escola. O uso de
jogos, brincadeiras e material expositivo facilitam a absorção e compreensão dos
conteúdos, permitem focar no potencial educativo e recreativo da criança, fazem
parte da construção do conhecimento principalmente no período sensório motor e
pré-operatório, ajudando também nas representações simbólicas que contribuem
para o desenvolvimento psicológico e físico da criança.
Os jogos e brincadeiras devem ser reinventados conforme o processo em
que as crianças irão se acomodando, saem do comodismo e desafiam cada vez
mais descobertas feitas por eles. É importante oferecer vários meios para que a
criança sinta desafiada na sua potencialidade, além de obedecer às regras, criar,
aprender e se desenvolver. Os trabalhos diferenciados, envolvendo o lúdico recriam
jogos todas as vezes que forem necessárias, motivam cada vez mais os alunos a
realizarem a busca pelo saber. Essas atividades e desafios devem ser elaborados
conforme a faixa etária e necessidade de cada aluno, respeitando o seu tempo de
desenvolvimento e os conteúdos abordados em sala de aula.
O brincar não é uma forma de passatempo, mas oportunidade diária que o
professor tem de proporcionar aos seus alunos aprendizagens e desenvolvimento.
Por meio da intenção de planejar, observar e analisar, a metodologia de ensino para
a inserção das brincadeiras e jogos favorecem de forma significativa a construção
do conhecimento. Ademais, seus resultados se expandem na área da socialização,
coordenação motora, raciocínio lógico, regras e combinados. Cabe ao educador ter
em mente que é indispensável a busca pelo lúdico que traga absorção de
aprendizados, de acordo com a faixa etária das crianças e levando em conta as
necessidades específicas para sua etapa escolar.
Desde o seu nascimento a criança necessita de acompanhamento, para que
seja inserida nos jogos e brincadeiras na sua rotina, estimulando o seu
desenvolvimento, a imaginação e fantasia. Na sala de aula várias formas de jogos
podem ser apresentadas aos alunos, proporcionando de diferentes formas o
aprendizado do conteúdo ou desenvolvimento das suas habilidades.
No entanto ao crescer, as brincadeiras vão tomando proporções
socializadoras e os participantes, no caso as crianças, passam a ter algo em comum
que é o lidar com o respeito mútuo, partilhar brinquedos, dividir atividades e tudo
que diz respeito ao coletivo, o ambiente deve ser propicio, convidativo aos alunos,
ao mesmo tempo acolhedor e este deve ser organizado antes da realização das
atividades.
Este trabalho aborda o desenvolvimento que a criança pode ter quando se é
utilizado o lúdico dentro da sala de aula, ajuda no desenvolvimento sensório motor,
cognitivo, visual, auditivo, obedece a regras, o cumprimento das regras traz limite, e
responsabilidade, algo que através dos jogos é trabalhado, para que futuramente
eles estejam prontos para a sociedade.
Vygotsky (1979) evidencia a necessidade de o professor incluir em seu
planejamento jogos e brincadeiras, atribui relevante papel ao ato de brincar, pois
isto contribui para a construção do pensamento infantil, aprende sobre as coisas e
símbolos. “Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da
brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta
ou não sente como agradáveis na realidade”.
O lúdico pode ser inserido na rotina da sala de aula, serve como ferramenta
de aprendizagem, porque ajuda a criança a desenvolver a suas habilidades,
conhecer a realidade e socializar-se de maneira prazerosa, obtendo um
desenvolvimento integral.
Vygotsky (1997) explica que “ao brincar, a criança assume papéis e aceita as
regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais
ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade”.
Hoje faz-se mais que importante introduzir nos roteiros de ensino, jogos que
consigam obter a atenção das crianças e que os ajudem no: desenvolvimento das
suas habilidades, conhecimento da sua identidade, autonomia, estimula a realizar
desafios e ir em busca de soluções para problemas e situações que venham
aparecer. Por se tratar do brincar, já se espera o envolvimento dos alunos, pois é
natural da infância prazer em participar.

A influência dos jogos e brincadeiras no cotidiano educacional

Conforme Oliveira (2002), o jogo é fundamental para a educação e o


desenvolvimento infantil. O jogo e a criança caminham juntos desde o momento em
que se fixa a imagem da criança como um ser que brinca, a infância carrega
consigo brincadeiras que se perpetuam e se renovam a cada geração.
As brincadeiras fazem parte do nosso cotidiano desde quando nascemos, os
pais são os primeiros incentivadores para que exista a atividade lúdica em nosso
dia-a-dia. As músicas para comer, “aviãozinho”, “o gato comeu” e as brincadeiras
com números se tornam fundamentais para o inicio da aprendizagem, e
aprendizagem de regras. A criança consegue viver no mundo da fantasia e faz de
conta e é dentro desse mundo que precisamos incorporar para conseguir alcança-
los. Não é preciso que ensine a criança a brincar, por ser algo espontâneo, mas sim
planejar e criar situações e brincadeiras diversificadas, naõ deixando cair na rotina.
De acordo com Museu (2022), as atividades lúdicas podem promover o
desenvolvimento da imaginação, facilidade de memorização, liberdade de
expressão, criatividade, raciocínio lógico, autonomia da criança, além das áreas
físico-motora, afetiva, aprendizado e socialização. Ainda, que o lúdico possibilita
também desenvolver o raciocínio, a tomada de escolhas, o pensar em estratégias,
respeito as regras, representação de papéis e a investigação sobre conteúdos
transmitidos em sala de aula, em relação as demais matérias ofertadas pela
instituição escola, como artes, matemática, ciências, dentre outros, de forma
produtiva e divertida.
A evolução histórica das sociedades, identificam que a brincadeira sempre
esteve presente, que é vista para alguns pesquisadores como algo inerente ao ser
humano, estando intrelaçado na base das relações sociais que fazem parte da
essência do desenvolvimento, conforme Silva e Sousa (2010), que analisaram as
pesquisas de Rizzi e Haydt (2002), Redim (1998) e Borba (2006).
Dentro das contribuições dadas por Vygostky relacionado ao
desenvolvimento de brincadeiras infantis Lazaretti vem afirmar que:
A brincadeira surgiu em uma determinada etapa do desenvolvimento da
sociedade, no curso da mudança histórica do lugar que a criança ocupa
nela. A brincadeira é uma atividade social por sua origem, e por isso seu
conteúdo é social e é uma forma de vida e atividade da criança para
orientar-se no mundo das ações e relações humanas, dos problemas e
motivos das ações dos indivíduos (LAZARETTI, 2011, p. 1).

Vygostky (ano) afirma que a criança vem sempre a criar seu mundo
imaginário, onde o mesmo cria suas regras na hora da brincadeira e permite que
outros participem, respeitando as regras colocadas. Os jogos podendo ter suas
regras explicitas e implícitas, no primeiro quando essas regras não são respeitadas
faz com que a criança fique chateada se tornando uma falta grave, em segundo as
regras que são ditadas e que são necessárias para o andamento do jogo. Segundo
ele por meio de interações sociais a criança consegue obter informações que
venham fazer com que ela entenda as regras do jogo, conseguindo regular o seu
comportamento e sabe se tudo aquilo a sua volta é agradável ou não.
De acordo com as experiências vividas pelos autores deste texto na
aplicação de um projeto de intervenção no contexto do reforço de educação infantil,
a ludicidade depende de o professor ter um perfil dinâmico e aceitar desafios. Dessa
maneira, os alunos respondem aos estímulos porque estão em fase de descobertas
do mundo e dos seus próprios limites, e cada dia tenta superá-los. As brincadeiras
propostas aos educandos servem como mediação entre o docente e discentes,
quebra as barreiras e fortalece os vínculos.
O sujeito é interativo pois vem a se relacionar sempre com os demais e com
o meio em que se encontra, e o desenvolvimento não está voltado para uma faixa
etária exclusiva, pois no decorrer da sua existência o ser humano irá se
desenvolver, pelo fato de estar sempre diante de situações novas que precisam
serem enfrentadas.
As brincadeiras e jogos são atividades que se tornam específicas da
infância, onde a criança consegue recriar a realidade com sistemas simbólicos,
facilitando seu entendimento para o momento em que vive. Bonecos imaginários e
fantasias colabram para interagir com as demais pessoas.
Esses momentos são importantes para que a criança se sinta livre para criar,
sem que haja impedimento da mesma se expressar, quando ela é calada por um
adulto, ali se cala varias possibilidades de expressar e desenvolver seu psicológico
e físico motor, fazendo com que ela sinta envergonhada ou desestimulada em voltar
a dividir esse momento com os adultos, com medo de ser retalhada pela sua
expressão de idéias.
No desenvolvimento a imitação e o ensino desempenha um papel de
primeira importância põe em evidências às qualidades especificamente
humanas do cérebro e conduzem a criança a atingir novos níveis de
desenvolvimento a criança fará amanhã sozinha aquilo que hoje é capaz de
fazer em cooperação por conseguinte o único tipo correto de pedagogia é
aquele que segue em avanço relativamente desenvolvimento e o guia deve
ter por objetivo não as funções maduras mas as funções em vias de
maturação (VYGOTSKY, 1979, p.139).

Quando a criança tem base de ensino ela futuramente será bem sucedida, o
seu cérebro ajudará a conduzir e estar pronta para novos desafios que venham a
surgir e ela não necessitará de ajuda, pois conseguirá individualmente resolver os
seus problemas, sabendo viver em sociedade e aberto a ajudar e receber ajuda
quando for preciso.
As vivências das crianças com o meio precisam serem ampliadas e para que
isso aconteça, brinquedos, papeis, lápis e objetos diversos devem ser ofertados,
com a intenção de diversificar as experiências, permitir relações, descobrie e
aprender de forma que não seja imposta ou de madeira tradicional, dando a
oportunidade da criança se envolver e gostar desses momentos, conforme
contribuições da epistemologia do desenvolvimento.
A Epistemologia genética (PIAGET, 1998) norteia sobre o desenvolvimento
humano, conceitua quando se inicia os processos mentais que formam o
pensamento alinhado às funções mentais e ajudando a compreender as fases do
desenvolvimento, para entender o comportamento da criança conforme as fases de
desenvolvimento.
Piaget (1998) contribui em relação a construção do pensamento da criança. A
inteligência é vista como adaptação, forma de sobrevivência do sujeito, podendo ser
estimulada. Ao interagir a criança conhece seu meio, ganha novas funções mentais
e não se mantém estagnada. A teoria piagetiana ajuda no entendimento sobre a
aquisição do conhecimento, as suas experiencias vividas possuem valor significativo
e aquelas que se adquire no percurso, levando em consideração o que foi vivido nos
primeiros anos de vida, nada é descartado, mas aprimorado para o conhecimento.
Ao explorar os limites da capacidade das crianças nas atividades elaboradas e
realizadas dentro da sala, como atividades atrativas despertam a curiosidade e
envolvem a criança.
Portanto, a fase pré-escolar é um momento de aprendizado e
desenvolvimento, pois a criança constrói conceitos a partir das experiências
visuais concretas representando situações já vividas ou futuras. A cada
avanço maturacional, é uma descoberta para ela, possuindo uma
percepção global sem discriminar detalhes na infância tem grande
importância para criança, para que, na vida adulta, o indivíduo por suas
capacidades básicas intelectuais e de raciocínio, já que é neste período que
as competências e qualidades da personalidade se desenvolvem
(SANTOS, 2016, p. 26).

A criança na faixa-etaria dos dois a quatro anos, sai do estágio sensório-


motor e entra no estágio pré-operacional (PIAGET, 1998), começa a fazer parte
período simbólico. Nessa fase, a linguagem determina e a criança começa a repetir
o que os adultos falam e aos poucos cria suas próprias palavras e entende como
funciona a linguagem para se comunicar. A linguagem é entendida como
necessária, ela é o meio de comunicação entre a criança e família, escola e criança
e família e escola. A linguagem quando iniciada ajuda no desenvolvimento dos
aspectos cognitivos, afetivos e sociais, possibilitando a oportunidade de interações.
O período intuitivo inicia-se entre dos quatro sete anos, a criança estão aptas
a fazerem suas próprias associações, o faz de conta e a fantasia começam a serem
mais presentes, faz a distinção da fantasia e realidade, os jogos e brincadeiras
começam a serem mais atraentes a cada dia e jogam por um tempo maior que
antes, os questionamentos começam a serem mais frequentes, e o desejo de
explicações cada vez maior, suas ideias e decisões tende a serem mais firmes. É
nessa fase que o professor deve ofertar diversos desafios dentro dos jogos e
brincadeiras aguçando a curiosidade e incentivando a participação e resoluções do
que for proposto.
Nesse período o aluno sai da Educação Infantil e ingressa no Ensino
Fundamental, a sua maturidade se eleva a cada dia. A criança tem a capacidade
de usar símbolos, fazer representações mentais, compreender sua própria
identidade, temática essa que geralmente se trabalha em sala de aula e utiliza
vários métodos lúdicos para ajudá-la a se conhecer e saber quem ela é. Agrupa
objetos, consegue enumerá-los oralmente, tem a noção de quantidade e números. A
empatia por quem está ao redor se torna mais evidente e se põe no lugar das
outras pessoas tentando ajudar, a linguagem ganha mais estruturação sendo capaz
de dialogar e ser compreendido no total (PIAGET, 1998).
A escola contribui fornecendo um espaço acolhedor, com os estímulos para
desenvolver a capacidade cognitiva da criança, aspectos imprescindíveis para a
educação infantil. As práticas dentro da sala podem ser voltadas para a motricidade,
onde se desenvolve o período sensório-motor. Quando esses são trabalhados
ajudam a locomoção e a vontade de explorar o ambiente, sempre avançando para
saber a partir da curiosidade em conhecer.
Cabe ao professor compreender cada estágio de desenvolvimento em que a
criança se encontra, conforme a sua idade e sua individualidade, para planejar suas
aulas, sejam regulares e/ou de reforço escolar. As regras e brincadeiras serão
ofertadas de maneira correta no intuito de ajudar o desenvolvimento dos educandos.
Quando se trata da Educação Infantil é coerente que se conheça esses conceitos,
para aplicar os conteúdos e atividades de forma significativa para alcançar os
objetivos elencados no plano.
Na Educação Infantil o discente experimenta experiências que são essenciais
para sua cognição e formação humana. Quando a criança se sente respeitada,
amada e a linguagem utilizada é de seu entendimento, suas competências
cognitivas são moldadas em um processode conscientização e respeito a sua fase,
e isso é importante, pois ela se sente incluída e valorizada. Trata-se de um período
de construção e evolução.

Considerações finais

Por meio desta pesquisa constata-se que a inserção do lúdico no processo


de ensino e aprendizagem, por meio do brincar e suas diversas nuances é uma
ferramenta imprescindível para o desenvolvimento físico-motor, psicológico, social e
cognitivo das crianças.
Com a oportunidade de aplicar um projeto de intervenção lúdico nas aulas de
reforço escolar de forma descontraída e dinâmica através do lúdico, constatou-se
que o processo de ensino e aprendizagem sendo prazeroso e divertido conduzem
as crianças para uma aprendizagem de qualidade e significativa. Vale ressalvar que
não é do brincar apenas por brincar, cabe ao educador a responsabilidade de
sistematizar as brincadeiras de acordo as necessidades e especificidades de seus
alunos, buscando através da organização, planejamento e mediação, fazer com que
seus alunos absorvam e compreendam o que está sendo proposto, atingindo assim
o objetivo desejado.
Evidenciou-se que além da instituição educacional formal, outros espaços
como o reforço educacional pode proporcionar meios prazerosos de fornecer
aprendizagem, autoconhecimento, preparo psicológico, emocional e físico. Assim,
busca através do lúdico transformar a sala de aula em ambiente familiar divertido e
aconchegante, dando continuidade ao processo de aprendizagem reforçando assim
a sua qualidade.
Refletir sobre o uso de jogos e brincadeiras no reforço escolar da Educação
infantil proporcionou compreender de uma forma mais direta, a importância que
esses têm para o desenvolvimento de cada criança, e a relevância do papel do
educador em proporcionar essa forma de aprender sobre o mundo e a si mesmo,
colaborando com o seu papel educacional e social.
Oferecer atividades lúdicas às crianças, além de favorecer com suas
aprendizagens, incentiva a assiduidade e permanência delas no ambiente
educacional. Ao utilizar as brincadeiras em sala de aula, de forma sistematizada,
além de possibilitar uma educação consciente e geradora, se cria um ambiente
aconchegante, divertido, ao qual as crianças se sentem acolhidas e motivadas a
retornarem. Deste modo, conclui-se que as brincadeiras fazem com que haja um
ambiente propício para desabrochar as potencialidades da criança.

Referências

BRASIL, Referencial curricular Nacional para a Educação Infantil, Ministério da


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VYGOTSKI, L. S. Fundamentos da Defctologia: Obras Escogidas V. Madri:


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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. Tradução de M. Resende. Lisboa:
Antídoto, 1979.

Apêndice – Poema A importância do brincar – Autoria Mateus

Atenção caros ouvintes As áreas favorecidas


Pois agora vou lhes falar Psicológica, social
Sobre um fato importante Cognitiva, físico-motora
Que é o ato de brincar E a área emocional
Pois é sendo um ser brincante Se aprendem brincando
Que se aprende a pensar No processo educacional

Desde a nossa infância É de extrema importância


A brincadeira nos guia Que seja coligada
entre as linhas do saber A ação entre família e escola
através da alegria Para que seja continuada
é por isso que brincando A busca pelo conhecimento
se obtém sabedoria Mantendo a criança motivada
Através da ludicidade
É possível perceber Então está mais que claro
Que jogos e brincadeiras Que dentro do fazer docente
Podem nos fornecer O jogo e a brincadeira
Ferramentas indispensáveis Deve estar sempre presente
No processo do aprender Auxiliando os mesmos
Para um ensino eficiente
Vygotsky elucida
Para a classe educadora E rebuliço maior
Que além de facilitar Na educação nunca se viu
A ludicidade é geradora E agora já sabemos
De aprendizagem de qualidade Que o brincar sempre serviu
Ela é força movedora Para o ensino-aprendizagem
Da Educação Infantil

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