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BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A INSERÇÃO DA

LUDICIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

CHERON, Keli Cristina. T. N


RU - 962507
TORRES, Paulo César M.

RESUMO
Esse trabalho foi criado com a intenção de expor o quanto as brincadeiras e os jogos
são relevantes para o processo de ensino e aprendizagem das crianças na
educação infantil demonstrando que as crianças aprendem muito brincando e que o
processo de aprendizagem é mais significativo quando é recebida de uma forma
prazerosa, pois é de extrema importância entender a importância da ludicidade para
o desenvolvimento da criança. O objetivo principal deste trabalho é pesquisar e
analisar um pouco sobre a maneira que as crianças aprendem com jogos e
brincadeiras, quais as habilidades e competências que desenvolvem qual a
influência no comportamento, pois atua na construção da identidade da criança, e
acompanha todas as fases de seu desenvolvimento, tanto na área motora,
emocional e social, quanto na área cognitiva. O resultado das pesquisas foi bastante
relevante, pois pude analisar as brincadeiras como sendo uma aliada ao
desenvolvimento da criança, identificando tanto jogos como brincadeiras como
potentes ferramentas para o ensino e os meios de utilizá-la. Foram pesquisados
vários autores na busca de comprovar as teorias já existentes e procurar relatar a
importância de utilizar a ludicidade como uma estratégia de ensino prazerosa e
significativa.

PALAVRAS - CHAVE: Ludicidade, Educação Infantil, Jogos, Criança, Lúdico.


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Aluno do Curso de Pedagogia do Centro Universitário Uninter Keli Cristina Torres Nunes Cheron.
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso, no curso de Pedagogia do Centro
Universitário Internacional UNINTER, 2°semestre – 2017..
Professor Orientador no Centro Universitário Internacional UNINTER Elis Júlia Floss.
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1. INTRODUÇÃO

Este Trabalho de Conclusão de Curso teve como foco de sua pesquisa


conhecer as contribuições da ludicidade na educação infantil e como o pedagogo
pode utilizar a ludicidade como sua ferramenta pedagógica. O tema escolhido foi
brincadeiras e jogos na educação infantil e a inserção da ludicidade no ambiente
escolar. O problema apresentado é muito importante para o conhecimento do
pedagogo e a pergunta foi se a inserção de brincadeiras e jogos contribui para a
construção do conhecimento e desenvolvimento da criança.
Os objetivos foram identificar as contribuições e a importância da ludicidade
quando aliada a prática docente, conhecer as possibilidades de aprendizagem que
as crianças podem adquirir com brincadeiras e jogos para seu desenvolvimento
possibilitando a aquisição do conhecimento de forma lúdica na educação infantil e
analisar os aspectos teóricos da ludicidade e as contribuições para a prática
pedagógica.
Foi desenvolvida pesquisa bibliográfica em obras de Piaget, Vygotsy, Duprat,
Rau, entre outros teóricos fundamentaram seus estudos sobre o assunto, além
disso, foram utilizadas pesquisas de materiais publicados na internet e livros
didáticos para demonstrar que a ludicidade está intimamente ligada na construção
do desenvolvimento cognitivo da criança, e em âmbito escolar abre caminhos para
uma aprendizagem prazerosa e significativa, deixando o aluno mais seguro e
participativo.
Estudos comprovam que brincadeiras e jogos é um recurso poderoso no
processo de ensino - aprendizagem e não apenas um passa – tempo; torna o
aprendizado pessoal e intelectual diverso, completo, recreativo, que permite a
possibilidade da criança se expressar melhor desenvolvendo habilidades como a
inteligência, a sociabilidade de forma bastante prazerosa.
No entanto, o lúdico ao ser inserido na educação infantil não é com um
objetivo qualquer, um jogo ou brinquedo não são levados para sala de aula sem
propósito algum apenas com o propósito de fazer uma prática diferente ou
inovadora, é necessário conhecimento para definir a metodologia mais adequada
para utilizar esse recurso. Rau afirma que:
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“(...) A prática pedagógica por meio da ludicidade não pode ser considerada
uma ação pronta e acabada que ocorre a partir da escolha de um
desenvolvimento de um jogo retirado de um livro. A ludicidade na educação
requer uma atitude pedagógica por parte do professor, o que gera a
necessidade do envolvimento com a literatura da área, da definição dos
objetivos, organização de espaços, a seleção e da escolha dos brinquedos
adequados e o olhar constante nos interesses e necessidades do educando.
(RAU, 2012b. p.29-30).

Sendo assim, o professor deve estar preparado para aproveitar a ludicidade


em sua prática, pois somente assim, a inserção das brincadeiras e dos jogos será
realmente significativa para o aprendizado de seus alunos, e também valorizada
pela escola em que atua. Os questionamentos para a promoção de uma prática
pedagógica que inclua as brincadeiras e os jogos de uma maneira a promover o
desenvolvimento e a aprendizagem da criança de maneira adequada são muito
importantes para o pedagogo e para o futuro da educação a fim de promover
melhorias na qualidade do ensino, com mais motivação dos alunos para freqüentar a
escola são a inspiração para esta pesquisa bibliográfica, pois o lúdico e suas
contribuições para o desenvolvimento da criança são bastante relevantes e aos
poucos estão sendo introduzidos na escola também. Assim, tratar o estudo da
ludicidade, o conhecimento lúdico do professor, a importância da inserção do lúdico
na educação infantil e o conhecimento teórico nas concepções de Piaget e Vygotsky
e a conceituação de brinquedo, jogo e brincadeira são fundamentais para o
professor da atualidade exercer uma prática pedagógica que seja ao mesmo tempo
atraente e significativa.

2. BRINCADEIRAS E JOGOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A INSERÇÃO DA


LUDICIDADE NO AMBIENTE ESCOLAR

2.1. A LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO

As brincadeiras e jogos fazem parte da vida das crianças e por meio delas as
crianças desenvolvem habilidades físicas, psíquicas, motoras, emocionais, sociais,
criativas, a memória, a atenção, a percepção, confiança, a interação com o grupo.
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Desde bebê a criança se desenvolve através do lúdico, quando passa a usar as


mãozinhas ou os pezinhos para brincar, primeiro quando começa a perceber os
movimentos do corpo, e depois quando passa a movimentar-se para pegar um
brinquedo e segurá-lo, mais tarde serve como estímulo para a criança gatinhar, a
disputa pelos brinquedos, a criação de brinquedos imaginários, quando um potinho
vira uma panelinha, uma caixinha vira um carrinho, um paninho serve para o bebê
esconder-se e ele adora quando o adulto o encontra e diz para ele “achou”de acordo
com o crescimento das crianças as atividades lúdicas vão acompanhando e
juntamente com suas faixas etárias vão evoluindo, mas continuam sempre presentes
não se separa da infância.
Na escola, as brincadeiras e os jogos podem adquirir um significado muito
mais além do que apenas promover o interesse dos alunos, passando a ganhar um
intuito pedagógico contribuindo para o processo de ensino e aprendizagem, para
isso é importante que o professor tenha um estudo aprofundado sobre o assunto,
para utilizar de maneira adequada esse recurso. Rau acredita que o educador
precisa ter:
“(...) conhecimento sobre as classificações dos jogos que possibilitam
identificar quais tipos atendem aos objetivos elaborados de acordo com a
necessidade dos alunos e do planejamento pedagógico; como organizar um
ambiente rico e dinamizador de interações, como lidar com conflitos afetivos
nas relações entre os educandos e como observar os avanços e as
dificuldades explicitados em momentos de jogos por meio da escuta das
falas orais, pois o corpo também fala. ( RAU, 2012b. p. 35).

O bom educador precisa propiciar um ambiente que valorize os aspectos


culturais que a criança está inserida, adequando a brincadeira para um aspecto
pedagógico que estimule a interação social, promovendo o contato com o coletivo,
entendendo quais as atividades se enquadram em cada grupo, atuando na solução
dos problemas, abrindo o caminho para que a imaginação seja despertada,
promovendo a aprendizagem.
De acordo com Duprat:

“O lúdico é um jeito diferente de educar, porque traz elementos do dia a dia


dos alunos associados ao prazer. Quando a criança está brincando
espontaneamente, mostra seus sentimentos medos, curiosidades,
interesses e necessidades. Não só os conteúdos ensinados tornam-se mais
interessantes, porque vêm acompanhados de linguagens diferentes –
música, desenho, dança - como esse momento se torna uma forma de
conhecer seu perfil afetivo, social e econômico”.(DUPRAT, 2015. p.24).
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Outro aspecto relevante em relação ao conhecimento lúdico do professor é a


questão de no anseio de promover uma aula diferente, de minimizar o desinteresse
das crianças e até mesmo agradar os pais, acaba utilizando a ludicidade sem levar
em consideração o desenvolvimento da criança, e acabam propondo atividades
inadequadas à faixa etária em que atua, existem crianças que possuem mais
dificuldades, o tempo dessas crianças deve ser respeitado.
Enquanto algumas escolas falham quando desconsideram essa forma de
ensinar, muitas vezes com aulas monótonas, repetitivas, com pouca interação, ou
até mesmo utilizando somente do método tradicional de ensinar a ler e escrever com
uma didática pronta, outras vezes acabam avançando no processo da criança como
meio de colocar sua prática valorizada frente aos olhos da escola e dos pais, que se
sentem orgulhosos de ver os trabalhos que os filhos fizeram, sem saber que seus
conhecimentos foram estimulados de forma inadequada, temos também escolas que
cuidam da saúde, higiene e alimentação e não muito mais do que isso.
A atitude de inserir brincadeiras está muito relacionada com a ação do
professor, e pode ter um significado pedagógico na construção do conhecimento da
criança quando ele oferece atividades respeitando o jeito que cada criança aprende,
considerando a realidade em que a criança está inserida, entendendo a importância
de a criança brincar, resgatar muitas vezes nela a brincadeira, o adulto deve
resgatar o prazer de brincar e ensinar para as crianças as brincadeiras que fazia
incentivar o pega-pega, o esconde-esconde e outras brincadeiras que façam a
criança se movimentar e desenvolver não só a motricidade, como também outras
áreas do conhecimento, pois na atualidade, as crianças acabam brincando com
brinquedos informatizados e em casa seus pais também envolvidos com trabalhos e
cursos acabam deixando escapar a oportunidade de brincar com seus filhos.

“Assim, cabe aos educadores encontrar métodos que utilizem o lúdico,


resgatar jogos e estimular a criação de construção de brinquedos com
elementos naturais – fundamentais para o desenvolvimento sensorial. O
professor deve se lembrar do mundo cultural da criança fora da escola,
procurando atividades que tenham a ver com folclore, a música e as
cantigas de roda”. (DUPRAT, 2015. p. 27,28).

Além disso, a parceria entre pais e a escola a fim de um resultado na


aprendizagem mais significativo, sobre esse aspecto:
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“Ao estimular a criança durante a brincadeira, os pais tornam-se mediadores


do processo de construção do conhecimento, fazendo que elas passem de
um estágio de desenvolvimento para outro. Também, ao brincar com os
pais, as crianças podem se beneficiar de uma sensação de maior segurança
e liberdade para maior exploração, além de se sentirem mais próximas e
mais bem compreendidas, o que pode contribuir para o melhor
desenvolvimento de sua auto – estima e independência.” (CARNEIRO e
DODGE, 2007. p.201).

O jogo livre, denominado espontâneo é muito importante, pois auxilia o


professor a entender melhor o desenvolvimento da criança, permitindo uma
avaliação de seus comportamentos, afetivos, cognitivos, psicomotores conhecendo
suas necessidades e idéias no momento da brincadeira percebendo suas
diferenças, através das brincadeiras o professor percebe nas crianças o sentimento
da alegria, as frustrações e medos, suas emoções e quanto mais o adulto brincar
mais conseguirá tornar prazerosas suas atividades com os pequenos, sendo assim a
partir do conhecimento de seu educando é possível definir quais as brincadeiras, o
espaço e o tempo adequados para que a criança tenha liberdade para movimentar-
se e se expressar, ressaltando que a palavra “tempo” refere-se ao tempo da criança
no sentido que ela se desenvolva sem que haja pressa de maneira espontânea e
acompanhando sua fase, sem propor atividades que não desperte o interesse das
crianças, a avaliação pode ser feita de uma maneira bem completa.
Como recurso o professor pode utilizar caixas, lençóis, sons, areia, caixas,
recipientes com água, são amplas as possibilidades, a diversidade de brinquedos e
materiais ganha significado a partir da mediação do educador entre a criança e o
brinquedo ensinando as crianças a lidarem com suas frustrações, superando-as, o
professor deve saber reconhecer se tais dificuldades em relação a sua proposta
podem ser superadas por seus alunos, incentivar e valorizar as conquistas das
crianças também estimula e incentiva a aprender mais.
Nas palavras de Kishimoto (2008, p.37):

“O jogo é um instrumento pedagógico muito significativo. No contexto


cultural e biológico é uma atividade livre, alegre, que engloba uma
significação. É de grande valor social, oferecendo inúmeras possibilidades
educacionais, pois favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida
psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo, preparando a
criança para viver em sociedade, participando e questionando os
pressupostos das relações sociais tais como estão postos”.

Pesquisas revelam que os educadores já reconhecem a importância da


ludicidade em sua prática profissional, no entanto, ainda existe bastante dificuldade
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de encontrar uma metodologia para ensinar através das brincadeiras, ou por ensinar
através do lúdico não ser levado tão a sério, ou por falta de recursos, espaços e
tempo, ou até mesmo pelo fato de não existir uma única metodologia para ensinar
utilizando a ludicidade, pois a característica de cada grupo deve ser levada em
consideração, pois não existe um modelo único de criança.
Segundo Carneiro e Dodge (2007, p.91):

“Para que a prática da brincadeira se torne uma realidade na escola, é


preciso mudar a visão dos estabelecimentos a respeito dessa ação e a
maneira como entendem o currículo. Isso demanda uma transformação que
necessita de um corpo docente capacitado e adequadamente instruído para
refletir e alterar suas práticas. Envolve, para tanto uma mudança de postura
e disposição para muito trabalho”.

Nessa perspectiva, para melhor compreender o lúdico é importante conhecer


as idéias de autores que esclarecem conceitos e concepções a respeito da
ludicidade na educação infantil, sobre o desenvolvimento das crianças através do
lúdico sabendo diferenciar o que é adequado para cada grupo, conhecendo as
estruturas dos jogos e das brincadeiras e seus benefícios para a criança e como o
lúdico inserido na escola pode ser utilizado afim de uma aprendizagem efetiva no
aluno a fim de uma prática prazerosa e valorizada dentro das escolas.

De acordo com o Referencial Curricular da Educação Infantil (1998, p.23):

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados, brincadeiras e


aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para
o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser
e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e
confiança, e o acesso pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da
realidade social e cultural.

A preocupação do professor a respeito de suas escolhas metodológicas de


como promover a aprendizagem de seus alunos através da ludicidade, de como
propor as atividades adequadas, percebendo o potencial e as dificuldades do
educando, suas necessidades, desafiam os atuais professores, pois na atualidade
as crianças passam a ter direito à educação iniciando seu processo de ensino-
aprendizagem desde bebês dentro das creches, que deixaram de ter o papel de
cuidar passando a educar. Nessa perspectiva, deve-se considerar que o bebê
atravessa muitas fases no seu desenvolvimento até chegar à educação infantil, a
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criança que o professor recebe na atualidade é bastante diferente da criança de


tempos atrás.

Assim, no sentido de orientar a prática pedagógica do brincar na educação


infantil, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil
(RCNEI) apontam que trabalhar com o jogo é levar a criança à possibilidade
de expressar-se e descobrir o mundo, estabelecendo relações com ele a fim
de obter segurança. (BRASIL, 1997 apud RAU, 2012. p. 81).

Nesse sentido as brincadeiras são bastante significativas para as crianças,


pois seu crescimento está intimamente ligado a elas, atuando em diferentes áreas
de seu conhecimento, ao professor cabe o conhecimento lúdico, ter clareza de quais
habilidades pretende estimular na criança, observar as crianças durante as
brincadeiras oferecendo brinquedos e espaços adequados, perceberem como
reagem perante as dificuldades, como interage durante as brincadeiras, quais as
brincadeiras que mais os deixam alegres e como aquela atividade contribui no
desenvolvimento da criança. Estar preparado para encontrar dificuldades ao
desenvolver uma atividade lúdica com as crianças é fundamental para o professor
que deseja inserir a ludicidade em sua prática pedagógica, para isso ter o
conhecimento sobre as classificações dos jogos, a fim de realizar seu planejamento
de acordo com as necessidades de seu grupo.

“Para a superação das dificuldades, é preciso que você, educador, tenha


conhecimento sobre as classificações dos jogos que possibilitam identificar
quais tipos atendem aos objetivos elaborados de acordo com as
necessidades dos alunos e do planejamento pedagógico; como organizar
um ambiente rico e dinamizador de interações, como lidar com conflitos
afetivos nas relações entre os educandos e como observar os avanços e as
dificuldades explicitadas em momento de jogos por meio da escuta das falas
orais e corporais, pois o corpo também fala”.(RAU; 2012, p.35).

Sobre a importância de o educador estudar para brincar ao desenvolver


propostas pedagógicas com crianças de acordo com Rau ressalta dois aspectos
importantes:

“(...). O primeiro é o conhecimento teórico sobre o lúdico, que diz respeito ao


entendimento sobre as concepções dos autores, á estrutura, e à
classificação dos jogos, ao papel do educador e à organização do espaço e
dos materiais. O segundo refere-se ao lúdico na educação, envolvendo
questões relativas ao desenvolvimento e à aprendizagem infantil com base
na ação lúdica da criança e da prática como expressão da teoria”. (RAU;
2012, p. 64.)
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É relevante que o professor utilize o conhecimento de suas vivências lúdicas,


resgatar em si próprio a alegria de brincar, pois o cotidiano, a própria vida do ser
humano o faz abrir mão muitas vezes de se divertir, muitas vezes a responsabilidade
do dia a dia o faz pensar que o seu tempo de brincar já passou, que ficou no
passado, no entanto, quanto mais proximidade o adulto tem das atividades lúdicas,
melhor será sua atuação como mediador nesse processo de ensino-aprendizagem.
Considerando de fundamental importância para o estudo do professor o
conhecimento teórico sobre o lúdico, ter o conhecimento no que se refere à estrutura
e classificação dos jogos, à maneira de como o educador realizará seu planejamento
e organizará os espaços utilizando os materiais adequados, considerando o
desenvolvimento e a aprendizagem da criança a partir do lúdico, estudaremos as
contribuições nas concepções de Piaget e Vygotsky sobre a ludicidade na educação
infantil.

2.1.1. CONTRIBUIÇÕES DA LUDICIDADE NAS CONCEPÇÕES DE PIAGET E


VYGOTSKY

Piaget descreve que o lúdico ocorre primeiramente como exercício do


sensório motor, que ocorre desde os primeiros meses de vida através de
movimentos como espichar as perninhas, segurar objetos, soltar, jogar no chão,
subir, empurrar, montar e desmontar. Tais movimentos permitem que a criança
explore seu corpo adquirindo novas habilidades, isso ocorre a todo o momento do
desenvolvimento da criança, com atividades de pular corda, andar de bicicleta e até
mesmo pro adulto quando passa a conhecer um movimento novo, como aprender a
dirigir fazer aula de dança, começar um esporte, ou até coisas simples, como digitar
em um teclado, o adolescente, por exemplo, mesmo sem notar, realiza muitos
movimentos com os dedos e as mãos quando estão nas redes sociais com seus
aparelhos celulares, tablets, computadores, movimentos que são cada vez mais
aperfeiçoados tornando-se novas habilidades.

“Quase todos os esquemas sensórios motores dão lugar a um exercício


lúdico. Esses exercícios motores consistem na repetição de gestos e
movimentos simples, com um valor exploratório: nos primeiros meses de
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vida, o bebê estica e recolhe braços e pernas, agita as mãos e os dedos,


toca os objetos e os sacode, produzindo ruídos ou sons. Esses exercícios
têm valor exploratório porque a criança os realiza para explorar e exercitar
os movimentos do próprio corpo, seu ritmo, cadência e desembaraço, ou
então para ver o efeito que sua ação vai produzir.” (PIAGET;1976.p.91).

A segunda atividade lúdica de acordo com Piaget é o jogo simbólico. Nessa


fase a criança passa a imitar, imaginar, a partir de cenas de sua vivência, por
exemplo, a criança imita as atitudes da mãe no jogo simbólico com as bonecas. Um
controle remoto pode ser um telefone, ou uma vassoura um cavalo, um potinho é
associado às panelas e nesse caso a criança imita sua mãe fazendo sua comidinha,
o professor de sua escolinha e etc.

“Assim, o autor aponta que esse tipo de jogo tem a função de assimilar a
realidade por meio da liquidação de conflitos, da compensação das
necessidades não satisfeitas ou da simples inversão de papéis. Piaget
destaca que é o caminho para um mundo de faz de conta, que possibilita à
criança a realização de sonhos e fantasias, revela conflitos interiores,
medos e angústias, aliviando a tensão e as frustrações”. (RAU; 2012, p. 92).

A terceira forma de atividade de acordo com o autor é o jogo de regras como


futebol, cartas, bingo, xadrez, corrida, dominó etc. A criança passa a ter o interesse
pelo jogo de regras normalmente a partir dos cinco anos de idade se efetivando
predominantemente aos sete anos até a idade adulta. Essa fase possui como
características a competição e a utilização de regras.

“Os jogos de regras são jogos de combinações sensório-motoras (corridas,


jogos com bolas), ou intelectuais (cartas, xadrez), em que há a competição
dos indivíduos (sem o que a regra seria inútil) e regulamentados quer por
um código transmitido de geração a geração, quer por acordos
momentâneos.” (PIAGET;1976.p.81).

O autor define o jogo de construção como a quarta forma de atividade lúdica


que possibilita a reconstrução do real refletindo aspectos da vida social em que
estão inseridas as relações de trabalho.

“Assim, o educando, ao participar dessas atividades, lida com questões


como a percepção do meio enfocadas no exercício sensório-motor, o faz de
conta que lida com cenas cotidianas, a reflexão sobre as regras que
regulam e limitam as relações sociais.” (PIAGET apud RAU 2012, p. 93).

Assim, segundo o autor na fase sensório-motora a criança desenvolve


satisfação, autonomia, confiança para adquirir conhecimentos novos. O jogo
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simbólico desenvolve áreas afetivas e sociais, a regra envolve os limites e o jogo de


construção está relacionado com a criatividade e a imaginação que deverá
prevalecer na fase adulta.

“Piaget entende que a inteligência é uma forma de adaptação ao meio, e o


jogo é basicamente uma forma de relação da criança com o contexto no
qual ela está inserida, nesse sentido, adverte que a criança elabora e
desenvolve suas estruturas mentais através de atividades lúdicas”.
(NEGRINE;NEGRINE, 2010, p. 62).

Outro autor que considera que os jogos contribuem para a construção do


conhecimento das crianças é Vygotsky (1984) que aponta que o jogo é um estímulo
para a criança que a partir de suas vivências cria situações imaginárias de relações
sociais que demonstram características de seus comportamentos e nesse processo
de vivenciar situações imaginárias desenvolve o cognitivo por meio do pensamento
abstrato, realizando a imitação das práticas vivenciadas, sejam elas uma imitação
real ou também uma criação de uma brincadeira atribuindo a objetos funções pelas
quais não foram criados, por exemplo, transformando uma vassoura em cavalo,
lenços viram lindos vestidos de festa etc. Assim, as regras das situações imaginárias
do jogo simbólico, são as regras de conduta, as regras sociais.

“A perspectiva de Vygotsky (1984) em relação ao fator social mostra que, no


jogo de papéis, a criança cria uma situação imaginária, incorporando
elementos do contexto cultural adquiridos por meio da interação e da
comunicação. A noção central é a de que se constitui uma zona de
desenvolvimento proximal, em que se diferencia o nível atual que a criança
alcança com a solução dos problemas independentes do nível de
desenvolvimento potencial marcados pela mediação do adulto. O jogo é o
elemento que irá estimular o desenvolvimento dentro da zona de
desenvolvimento proximal.” (RAU, 2012, p. 57).

Assim, de acordo com a concepção dos dois autores, o lúdico possibilita ao


educador conhecer a realidade de seus alunos, pois ao brincar as crianças refletem
situações do seu cotidiano criando brincadeiras utilizando por base as relações
sociais do seu dia a dia, com isso, é possível perceber os seus interesses, como
lidam com as situações, como enfrentam as dificuldades. Essa percepção, é o ponto
inicial para identificar como o lúdico pode ser utilizado como recurso pedagógico na
sua prática cotidiana a fim de estimular o desenvolvimento cognitivo, social, afetivo,
lingüístico e psicomotor de seus educandos.
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2.1.2. CONCEITOS DE JOGOS, BRINCADEIRAS E BRINQUEDO

Os elementos que compõem o lúdico são a brincadeira, o brinquedo e o jogo,


esses elementos são utilizados de diferentes formas e cada um desperta um tipo de
comportamento na criança. A principal característica do jogo é a presença de regras
sem necessariamente descartar a imaginação. Nesse caso, a competição deve
acontecer de acordo com a obediência das regras, que podem ser adequadas de
acordo com o interesse do grupo, a alegria, a superação ocorre durante o
desenvolvimento do jogo. A principal característica da brincadeira é a imaginação,
nesta ação a criança é livre para expressar suas idéias e quando existe a presença
de regras, são bem mais flexíveis. O brinquedo é o objeto que propicia à criança a
oportunidade de representar algo que não está ao seu alcance guiado pelo
significado que a criança deseja dar para esse objeto, representando sua realidade
social.
Tanto a brincadeira, o brinquedo e o jogo estão presentes na educação
infantil, pois o brincar acompanha as crianças nas suas relações sociais, mesmo
sem que ocorra a intervenção do adulto para que ela ocorra. Com a mediação do
educador, a ludicidade além de propiciar momentos de prazer, de facilitar na
adaptação da criança com o meio, nas relações da criança com outras crianças e
com o educador, produz uma aprendizagem significativa para a criança atendendo
as necessidades do currículo, mas também a necessidade de aprendizagem
individual da criança com ser social.

2.2 METODOLOGIA

Para a elaboração deste trabalho acadêmico a metodologia utilizada foi


baseada em pesquisa bibliográfica e acessos à internet objetivando realizar um
estudo do que os autores dizem a respeito da inserção da ludicidade na educação
infantil. Objetivou-se também conhecer os desafios que o educador encontra para
garantir que seu planejamento através da inserção do lúdico seja significativo,
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promovendo interações sociais, afetivas, cognitivas e motoras. Buscou-se conhecer


as potencialidades que podem ser desenvolvidas na criança a partir dos jogos e das
brincadeiras, as metodologias que o professor pode utilizar para que seus alunos
aprendam se divertindo a partir de brincadeiras e jogos, promovendo o interesse e
efetivando a aprendizagem dos mesmos.
O resultado da busca de informações procurando evidenciar a importância do
lúdico, pesquisando com profundidade o que dizem os teóricos faz caracterizar a
pesquisa como qualitativa, pois para Mynaio:
“...é o que se aplica ao estudo da história, das relações, das
representações, das crenças, das percepções, produtos das interpretações
que os humanos fazem a respeito de como vivem, constroem seus artefatos e
a si mesmos, sentem e pensam.Embora já tenham sido usadas para estudos
de aglomerados de grandes dimensões (IBGE,1976; Parga Ninaet.al 1985),
as abordagens qualitativas se conformam melhor a investigações de grupos e
segmentos delimitados e focalizados, de histórias sociais, sob a ótica dos
atores, de relações e para análises de discursos e documentos”. (MINAYO,
2010;P.57”
. Assim, objetivo deste trabalho, foi conhecer estratégias de ensino através do
lúdico, identificar os interesses das crianças, e a relação entre o comportamento
através do lúdico. A intenção é de que as práticas pedagógicas possam ser
repensadas, melhoradas, sem perder o foco cumprindo com os objetivos da
educação, mas, no entanto, sem abrir mão do prazer de ensinar e do prazer de
aprender.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa proporcionou uma reflexão a respeito da inserção da ludicidade


na educação infantil, tais aspectos foram analisados sob a perspectiva de que os
jogos e as brincadeiras ao serem utilizadas de maneira adequada trazem resultados
positivos produzindo aprendizagem significativa e bastante prazerosa para as
crianças podendo ser uma ferramenta poderosa para o educador. Para mim, foi
muito significativo pesquisar sobre esse assunto, pois nós adultos deixamos as
brincadeiras na nossa infância, e por muitas vezes não percebemos de sua
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importância, não conhecemos o desenvolvimento cognitivo que resulta dela, passei


a observar com um olhar mais atento as brincadeiras, a brincar mais, prestar mais
atenção nas crianças quando estão brincando, direcionar as brincadeiras e pude
aprender com os autores pesquisados que a ludicidade pode ser introduzida na
escola e melhorar a prática dos professores.

REFERÊNCIAS:
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação
Fundamental. Referenciais Curriculares para a Educação Infantil. Documento
Introdutório. Versão Preliminar. Brasília, 1997.

CARNEIRO, M.A.B. e DODGE,J.J. A Descoberta do Brincar. São Paulo. Editora


Melhoramentos, 2007.

DUPRAT, M.C.(org.). Ludicidade na Educação Infantil. São Paulo. Pearson


Education do Brasil, 2015.

KISHIMOTO, T. M. (org.). Jogo, Brinquedo, Brincadeira e Educação. 11 ed. São


Paulo: Cortez, 2008.

MINAYO, M.C.de S. O Desafio do Conhecimento: pesquisa qualitativa em


saúde. 12° Ed. São Paulo: Hucitec-Abrasco , 2010

PIAGET. J. A Formação do Símbolo na Criança: imitação, jogo, imagem e


representação. Rio de Janeiro. J. Zahar,1976.

RAU, M.C.T.D. A Ludicidade na Educação: uma atitude pedagógica. 1° Ed.


Curitiba. Intersaberes ,2012.

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