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JOGOS E BRINCADEIRAS: UMA ESTRATÉGIA PARA O

DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SOUSA, Margarida Josefa de Jesus 1

Lucia Eugenia 2

RESUMO: O presente artigo foi elaborado com o objetivo de apresentar os resultados de uma pesquisa
realizada por ocasião da conclusão do Curso de Pedagogia EAD/UAB/UFSM. A referida pesquisa buscou
verificar como os jogos e brincadeiras são trabalhados na Educação Infantil, analisando também as
contribuições dos mesmos para o processo de construção das aprendizagens das crianças desta etapa de
escolarização. A pesquisa participante foi escolhida como encaminhamento metodológico para realização
do trabalho, pois os dados foram coletados quando da realização do estágio curricular obrigatório na
Educação Infantil do curso de Pedagogia. Este estágio ocorreu na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Antonio Luiz Barchet na cidade de Dona Francisca/RS. Foram usados como instrumentos
de coleta de dados a observação e a entrevista. Para fundamentar a pesquisa e a análise dos dados
utilizou-se, basicamente, os estudos de Vygotsky (1984,1994,1998) e Kishimoto (1993). Após as
observações ficou evidente que os jogos e brincadeiras constituem-se por si só situações de
aprendizagem. As regras e a imaginação estimulam a criticidade e criatividade da criança promovendo
avanços em seus comportamentos, tanto no que diz respeito ao relacionamento com os demais como
também quanto à questões que envolvem a desinibição, oralidade, psicomotricidade, entre outros. Assim,
ao final da investigação concluiu-se que a prática dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil traz
significativas contribuições para a aprendizagem das crianças, pois proporciona a interação e propicia o
desenvolvimento das capacidades afetivas, cognitivas e sociais.

PALAVRAS CHAVES:

1
2
INTRODUÇÃO

Considerando que é através das brincadeiras que as crianças reproduzem situações


vividas em seu cotidiano, com a imaginação e o faz de conta, estão provocando o
desenvolvimento de sua personalidade, construindo um espaço de experimentação entre
o mundo interno e externo.
Acredita-se que as atividades lúdicas, bem como jogos e brincadeiras são de
extrema importância para o desenvolvimento infantil como um todo, pois permitem
liberdade de ação, o aumento de sua independência, criatividade e socialização, o
desenvolvimento de habilidades motoras, estimula as emoções, a necessidade de
reinventar e prazer que quase nunca são encontrados em outras atividades escolares.
Além de auxiliar na formação de atitudes e sentimento de solidariedade e respeito
mútuo.
É no ambiente escolar que as crianças entram cheias de expectativas e anseios
buscando explorar um universo novo. Devido a este fato cabe ao docente manter o
interesse destas, inovando as metodologias de ensino, fazendo com que elas não
desestimulem e desanimem neste processo.
Os jogos e brincadeiras são instrumentos fundamentais para o desenvolvimento do
raciocínio lógico, além de ser uma maneira prazerosa de aprender, principalmente na
Educação Infantil tornando as aulas mais produtivas.
A arte do brincar faz com que a criança represente tudo que está a sua volta, e
através disso ela vai construindo seus próprios valores, ideias e conceitos. O mundo das
crianças é voltado para as brincadeiras, onde a própria criança demonstra situações da
vida diária de um adulto.
Atualmente vivenciamos que nem toda criança possui o direito de brincar, mesmo
sendo delas esse direito, evidenciando que brincar fica em segundo plano,
principalmente com as menos favorecidas. Na escola muitos professores dão preferência
para que estas mantem-se quietas, reproduzindo apenas o que é mandado.
É evidente que o lúdico está sendo removido do universo infantil, devido ao
crescimento capitalista, observamos que cada vez mais as crianças brincam menos por
motivos diversos, bem como amadurecimento precoce, diminuição do tempo e espaço
de brincar, ou seja, o acumulo de atividades atribuídas, como: escola, inglês, natação,
informática, aulas de pintura, dança, cursos, entre outros, tomando o tempo das mesmas.
Outro fator relevante que impedem as crianças na hora de brincar, é que muitas
vezes estas ficam na frente da televisão, se divertindo com jogos violentos e cercados de
brinquedos eletrônicos, sem qualquer relação social e liberdade de agir, ficando
determinado pelo próprio brinquedo, brinquedo este que não permite que as crianças
desenvolvam seu espaço de faz de contas e desestimula sua criatividade.
Baseado nestes princípios, decidi optar por este tema devido a afinidade que
consegui através do estágio e que, de certa forma, contribuirá para a minha prática
pedagógica, bem como de outros educadores, uma vez que a reflexão e a pesquisa
necessitam ser continuo em nossas vidas enquanto educadores.
Todavia faz-se necessário conhecer as contribuições dos jogos e brincadeiras no
desenvolvimento destas crianças, considerando que vários pesquisadores constataram a
importância destes, verificando seu papel na elaboração e no desenvolvimento de
habilidades, conhecimento e criatividade. Este princípio nos permite uma pratica
educativa dinâmica e criativa, além de respeitar o contexto cultural das crianças.
Devido a este fato torna-se necessário que haja mudanças para o preparo desses
alunos não apenas para o acumulo de informações, mas também para a vida. Isso torna
um desafio para os professores da Educação Infantil, pois os mesmos devem buscar
compreender e conhecer a criança nessa etapa, visando aprimorar seu desenvolvimento.
O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo constatando que os jogos e
brincadeiras são ferramentas importantes para o desenvolvimento de uma boa
aprendizagem, onde os alunos da educação infantil aprendem se divertindo, além disso,
investigar a qualidade dos jogos e brincadeiras para a aquisição do conhecimento e
desenvolvimento das crianças nas séries iniciais.

A IMPORTANCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS

Jogar e brincar são indispensáveis para a formação do indivíduo, sendo assim não
pode ser vista apenas como diversão. O lúdico facilita o desenvolvimento da
aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, contribuindo para a saúde
mental, favorecendo os processos de comunicação, expressão, socialização e construção
do conhecimento.
Conforme Froebel (1881, p.46) “A brincadeira é o mais alto grau do
desenvolvimento infantil nessa idade, porque ela é a manifestação livre e espontânea do
interior, a manifestação do interior exigida pelo próprio interior (...)”.
Segundo Piaget (1978) existe três estruturas básicas de jogos infantis, que se
manifestam segundo a ordem: Jogo de exercício, Jogo simbólico e Jogo de regras.
Conforme Macedo (2000, p.13), “O brincar é fundamental para o nosso
desenvolvimento. É a principal atividade das crianças quando estão dedicadas às suas
necessidades de sobrevivência (repouso, alimentação, etc.). (...)”.
Os jogos e brincadeiras facilitam para o crescimento corporal, para a força e
resistência física e para a coordenação psicomotora, além disso, os mesmos auxiliam
para a socialização e a vida afetiva. Estimulam o desenvolvimento cognitivo através de
exercícios de atenção e imaginação (o faz de conta), e da mesma forma a utilização
progressiva de processos mentais complexos (como comparação e descriminação) e,
pelo impulso à imaginação.
No decorrer da história os jogos e brincadeiras assumiram um papel fundamental
na aprendizagem e no desenvolvimento de habilidade social, necessário às crianças para
sua própria sobrevivência. Conforme Elkonin (1998), o jogo deve ser manifestado como
uma atividade que responde a uma ação da sociedade em que as crianças vivem e da
qual devem chegar a serem membros ativos.
Apesar de não ter sido o primeiro a indagar a questão do valor educativo do jogo
na educação, Froebel (apud Kishimoto, 2002, p.61-62) foi o primeiro a emprega-lo
como parte essencial do trabalho pedagógico.
A brincadeira facilita o processo de aprendizagem da criança, através da
experiência, produzindo seu conhecimento. Ao brincar, ela experimenta, sente, toca,
compara, observa. Vygotsky (1987) afirma que as maiores aquisições de uma criança
são através do brinquedo, uma conquista que futuramente se tornarão seu nível básico
de ação real e moralidade.
É no brincar que as crianças veem o mundo mais atrativo. Com isso os educadores
devem ter um olhar diferenciado para as brincadeiras e os jogos, valorizando-os por ser
um grande instrumento de ensino e aprendizagem, que quando desfrutados possuem o
poder de contribuir no desenvolvimento social e afetivo das crianças.
Kischimoto (1997, p.13) admite que “tentar definir o jogo não é tarefa fácil”, pois
cada jogo tem suas características, onde são estimuladas a imaginação da criança e a
capacidade de diferenciar os jogos onde há regras dos jogos que simplesmente há o
prazer de manipulação de objetos satisfazendo a criança.
Conforme Adriana Friedmann:
[...] acredito no jogo como uma atividade dinâmica, que se transforma
de um contexto para outro, de um grupo para outro: daí a sua riqueza. Essa
qualidade de transformação dos contextos das brincadeiras não pode ser
ignorada. (1996, P.20)
Friedmann, cita acima que não há uma teoria completa sobre o jogo, e sim varias
formas e atesta ainda que é muito difícil findar este assunto, uma vez que cada docente
deve possuir sua maneira de conduzir em cada situação, vale destacar que é muito
importante usar jogos na educação infantil que este deve ser destacado por contribuir no
processo de ensino e aprendizagem.
Há jogo a partir do momento em que a criança aprende a designar algo como jogo;
ela não chega a isso sozinha. Ter consciência de jogar resulta de uma aprendizagem
linguística advinda dos contextos da criança desde as primeiras semanas de sua
existência. (BROUGERE, 1998, p.18)
O autor afirma que a criança obtém os seus conhecimentos no decorrer do tempo,
ela não entende o que é jogo por si mesmo. É fundamental que ela perceba o que é
jogar, e essa percepção se dá por meio de um intercessor que transmitirá as formas de
execução das atividades conforme as regras estabelecidas pelo jogo.
Toda criança tem um tempo para seu desenvolvimento, isso vai depender de sua
idade e do ambiente em que se encontra, para alcançar cada fase, uns alcança alguns
conseguem alcançar essa transformação antes mesmo da previsão da idade e outras no
tempo determinando.

Baseado nisto Piaget-Inhelder, afirma que:

[...] a criança não consegue, como nós, satisfazer as necessidades afetivas e


até intelectual do seu eu nessas adaptações, as quais, para os adultos, são
mais ou menos completas mais, que permanecem para ela tanto mais
inacabadas quanto mais jovens for. É, portanto, indispensável ao seu
equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade cuja
motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo contrário, a assimilação
do real ao eu, sem coações nem sanções ”... (Piaget- Inhelder, 1980, p.53)

Ainda Kischimoto, (1997) desperta os educadores, para que descubram a


verdadeira importância do jogo na educação infantil. A autora alerta para que os
educadores não vejam o jogo como uma simples distração, pois o mesmo na educação
infantil proporciona além do mundo de sonhos e imaginação. É exatamente neste
momento que a criança absorve ótimas informações.

Para Araújo:
O jogo toma um aspecto muito significativo no momento em que ele se
desvincula de ser meio para atingir a um fim qualquer. Revendo a história do
jogo, certificamo-nos de que sua importância foi percebida em todos os
tempos, principalmente quando se apresentava com fator essencial na
construção da personalidade da criança. (1992 p.13).

Este autor o jogo educativo assegura que o jogo só apresenta um significado


quando há um objetivo ou um alvo a ser atingido, com isso o jogo deixará de ser um
simples brincadeira e passará a ser uma atividade que contribuirá para o
desenvolvimento intelectual da criança.
Em 1930 a 1950, os jogos infantis foram abandonados em relação ao período
anterior, ficando a atenção voltada apenas para os jogos de adultos. O jogo era visto
como meio de diagnosticar o comportamento das crianças e adultos entre a década de
1920 até 1960.
No inicio da década de 1950, Piaget, realizou várias pesquisas sobre o jogo
visando a sua importância, demonstrando a relação entre compreensão e aprendizagem.
A partir da década de 1970 foram discutidos vários estudos focando os jogos tentando
definir o comportamento das crianças na educação infantil. Em busca de compreender
como é o seu pensamento, como elas criam e se comportam diante de uma situação. Era
através dos jogos que realizavam a analise comportamental, através dos meios lúdicos e
suas regras.
Ao longo da trajetória cada vez mais os jogos educacionais têm sido valorizados
na educação infantil, passando por mudanças e se tornando cada vez mais presente na
escola. Desta forma, esta ligação possui mais sentido de acordo com os projetos
desenvolvidos por professores e pedagogos.
É através do brincar que a criança compreende sua realidade, utilizando sistemas
simbólicos, dentro de um contexto histórico, cultural e social. Para Vygotsky (1984) a
criança precisa satisfazer imediatamente seus desejos. Quando isto não é possível ela
busca realizá-los em sua imaginação, com o “faz-de-conta”. É por intermédio do brincar
que a criança constrói significados e elabora interpretações das diversas realidades.
Vygotsky (1984), afirma também que é no brincar que a criança se coloca nas
atividades adultas e sua cultura, com isso ela ensaia futuros papéis e valores. Através
disso, a brincadeira torna-se um instrumento para o desenvolvimento intelectual da
criança, adquirindo motivação, habilidades e atitudes que contribuirão para sua
socialização.
Oliveira (2002) afirma baseado neste entendimento que:
Ao imitar o outro, as crianças necessitam captar o modelo em suas
características básicas, percebendo-o em sua plasticidade perceptivo-postural,
conforme ajustam afetividade a ele. Com isso decodificam o conjunto de
impressões que captam do outro, experimentando diversas possibilidades de
ações no meio em que estão inseridas e diferenciando os elementos originais
trazidos para situação presente. Isso permite ao indivíduo recuperar o passado
no presente, ao mesmo tempo em que este é projetado para o futuro, abrindo-
se para o novo. (Oliveira, 2002,p.161)

Para Piaget (1978) existem três tipos de estruturas que definem o jogo infantil: o
exercício, o simbólico e de regras, que ocorrem sucessivamente de acordo com as fases
do desenvolvimento cognitivo da criança. Baseado nisso o autor faz uma distribuição
dos jogos através de três categorias, onde cada uma corresponde a um tipo de estrutura
mental:
O Jogo de exercício dá-se inicio a partir do nascimento e vai aproximadamente até
os dois anos de idade, nesta condição a criança é capaz de estabelecer relações com o
ambiente através das percepções e movimentos. A inteligência é desenvolvida com a
prática. Já as noções de espaço e tempo, são elaboradas pela ação. Em decorrência deste
fato dá-se inicio ao jogo de exercício, também conhecido como jogo prático ou
funcional, cujo único intuito é o próprio prazer do funcionamento.
O bebê no inicio brinca apenas com o próprio corpo, realizando movimentos
utilizando as pernas, os braços e dedos, pega e sacode os objetos, demostrando grande
prazer nesses brinquedos motores. Ao observar estes comportamentos, Piaget verificou
que a repetição constante das mesmas possui o prazer de exercitar estruturas já
descobertas, concedendo a criança a sensação de eficácia e poder. Neste período
conhecido como sensório motor, torna-se necessário um ambiente com diversos
materiais concretos para que a criança possa manipular estimulando assim a formação
de conceitos práticos dos objetos que a envolvem.
A partir do segundo ano de vida surgem os jogos simbólicos juntamente com a
linguagem. Conforme Piaget, a brincadeira de faz de conta é no inicio apenas uma
atividade solitária compreendendo o uso idiossincrático de símbolos: brincadeiras
sociodramáticos usando símbolos coletivos só vão aparecer no terceiro ano de vida.
No Jogo simbólico a criança atravessa a simples satisfação da manipulação. Ela
vai assimilando a realidade exterior ao seu eu, fazendo distorções ou transposições.
À medida que a criança avança a idade a realidade vai se tornando cada vez mais
nítida, indo de encontro com o terceiro tipo de jogo que Piaget avalia: o de regras que
marca a transição da atividade individual para socialização.
Este jogo ocorre aproximadamente entre os 4 a 7 anos e prevalece no período de 7
a 11 anos. Para Piaget, a regra implica a interação de dois indivíduos e sua função é
regular e integrar o grupo social. O autor especifica que há dois tipos de regras: as que
vêm de fora e as que são construídas espontaneamente. Piaget salienta os jogos
espontâneos com regras baseadas em concordância temporária. Ele contempla os jogos
espontâneos como os resultados da socialização de jogos de exercícios e simbólicos.
Todo material concreto que a criança manipular permitirá a formação de conceitos
práticos dos objetos que fazem parte de seu meio.
Os jogos com regras, possibilitam a adaptação das crianças em relação as ações
individuais à coerência e às regras do grupo, bem como a respeitar às diferenças, que
são pré-requisitos para a convivência em harmonia entre os indivíduos. De acordo com
este pensamento torna-se importante incorporar os jogos e as brincadeiras aos
procedimentos pedagógicos.

METODOLOGIA

RESULTADO E DISCUSSOES

CONCLUSAO

REFERENCIAS

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