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Animação Sociocultural,

Lazer e Recreação
Material Teórico
Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª Me. Júlia Lelis Vieira

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Desbravando as Possibilidades
da Recreação em um Hotel

• Introdução;
• Um Pouco de História;
• Lazer no Hotel – Um Produto Diferenciado para o Empreendimento.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar os tipos e classificações de hospedagem para assim compreender a estrutura
e saber atuar nesse espaço;
• Expor as possibilidades de conhecimento do cliente, bem como entender as vantagens de
se ter uma equipe de lazer no hotel;
• Estudar as características e atribuições dessa equipe e saber elaborar uma programação
de recreação em um hotel.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Introdução
Entramos na terceira unidade do nosso módulo!

Nesta unidade, estudaremos sobre hotéis e as possibilidades de vivências de lazer


em suas estruturas e no seu entorno, mas, para isso, é necessário compreender
primeiro como funcionam os tipos de hotéis e em quais podemos atuar de fato
segundo as classificações hoteleiras da Embratur e Associação Brasileira de Indústrias
de Hotéis – ABIH.

Em seguida, recapitularemos o que vem a ser equipamento específico e não es-


pecífico de lazer e conceito de recreação apresentados anteriormente – assim fica
mais fácil trabalharmos com os novos conceitos.

A partir desses novos e já conhecidos conceitos, entraremos na questão do lazer


em hotéis em si: tipos de atividades por interesses do lazer, programação por faixas
etárias, entre outras informações importantes.

Vamos começar?

Trocando ideias... Importante!


Imagine: você em um hotel... Como ele é? Quais são os ambientes que você frequenta no
hotel? Há programação de atividades recreativas?

Quando pensamos em hotel, logo vêm algumas propagandas de sites de pesquisa


de hotel, certo? São tantas informações, mal você entra no site e as perguntas sur-
gem: quantas pessoas? Lazer ou trabalho? Que tipo de acomodação? Quantas es-
trelas? Quanto você quer pagar? Você deseja internet, piscina, academia, passeios?

Mas, afinal, por que de tantas perguntas surgem? Vamos explicar por que: se-
gundo o Ministério do Turismo, há uma classificação de hotéis e mais, vários tipos
de estrutura.

Primeiramente, vamos lhe apresentar a classificação dos hotéis:

Quadro 1
Estabelecimento com serviço de recepção, alojamento temporário, com ou sem
Hotel alimentação, ofertados e, unidades individuais e de uso exclusivo dos hóspedes,
mediante cobrança de diária.

Hotel com infraestrutura de lazer e entretenimento que disponha de serviços


Resort de estética, atividades físicas, recreação e convívio com a natureza no pró-
prio empreendimento.

Localizando em ambiente rural, dotado de exploração agropecuária, que ofereça


Hotel Fazenda entretenimento a vivência do campo.

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Hospedagem em residência com no máximo três unidades habitacionais para
Cama & Café uso turístico, com serviços de café da manhã e limpeza, na qual o possuidor do
estabelecimento resida.

Instalado em edificação preservada em sua forma original ou restaurada,


ou ainda que tenha sido palco de fatos histórico-culturais de importância
reconhecida. Entende-se como fatos histórico-culturais aqueles tidos como
Hotel Histório relevantes pela memória popular, independentemente de quando ocorreram,
podendo o reconhecimento ser formal por parte do Estado brasileiro, ou
informal, com base no conhecimento popular ou em estudos acadêmicos.

Empreendimento de característica horizontal, composto de no máximo


30 unidades habitacionais e 90 leitos, com serviços de recepção, alimentação e
Pousada alojamento temporário, podendo ser prédio único com até três pavimentos,
ou contar com cháles ou bangalôs.

Constituído por unidades habitacionais que disponham de dormitório, banheiro,


Flat/ Apart-Hotel sala e cozinha equipada, em edifício com administração e comercialização
integradas, que possua serviço de recepção, limpeza e arrumação.
Fonte: Ministério do Turismo – Sistema Brasileiro de Classificação de Meios de Hospedagem (SBClass)

Observe que cada tipo de hospedagem é bem definido pelo SBClass e que o
lazer é ofertado apenas em resorts. Pela Embratur, também é possível chamar de
hotel de lazer.
Segundo a Embratur (DN 387 de 28 de janeiro de 1998), hotel de lazer é:
Meio de hospedagem normalmente localizado fora dos centros urbanos,
com áreas não edificadas amplas e com aspectos arquitetônicos e cons-
trutivos, instalações, equipamentos e serviços especificamente destina-
dos à recreação e ao entretenimento, que tornam prioritariamente des-
tinados ao turista em viagem de lazer [...]. Inclui-se no tipo de Hotel de
Lazer o empreendimento denominado Resort, como tal entendido o que
[...] tenha áreas total e não edificada, bem como infraestrutura de entre-
tenimento e lazer, significativamente superiores às dos empreendimentos
similares; tenha condição de se classificar nas categorias luxo ou luxo
superior (4 ou 5 estrelas). (EMBRATUR, 1998)

Barbosa (2005) traz outras possibilidades de segmentações dentro do conceito


resorts. Esse autor apresenta tipos como:
Resorts urbanos, de campo, de selva e os de praia [...] existe aqueles mais
dedicados a esportes náuticos, ao ecoturismo ou a esportes sofisticados
como golfe e tênis [...] outros são especialmente concebidos para spa e
mesmo eventos empresariais. (BARBOSA, 2005, p. 102)

Gomes (2004), em seu livro Dicionário Crítico de Lazer, descreve os diferentes ti-
pos de hotéis de lazer como “os mais representativos podem ser divididos em hotéis
fazenda, de estâncias hidrominerais, ecológicos e resorts” (GOMES, 2004, p. 108).

Entendemos se você questionar o conhecimento de Gomes, afinal, não está na


tipologia de hospedagens da Embratur e ABIH (Associação Brasileira de Indús-
trias de Hotéis), por outro lado, essa conceituação corrobora ao detalhamento
de Barbosa (2005).

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Importante destacar que, embora outros tipos de hospedagem possam ser chama-
dos de hotel de lazer e ofertar lazer, os resorts são as estruturas hoteleiras com serviço
de lazer superior aos outros tipos de hotéis de lazer (PINA & RIBEIRO, 2007).

Talvez você esteja se perguntando: por que há necessi-


dade de tipos e classificações?

Um Pouco de História
Em meados do século XIX, o Brasil passava por um grande desenvolvimento
econômico, e como a capital do Brasil era o Rio de Janeiro, ali se concentravam
muitos trabalhadores. Nesse período, os serviços de hospedagens começaram a se
destacar (ROIM & PEREIRA, 2012). Com o crescimento econômico e social no Rio
de Janeiro, esses hotéis passaram a ofertar mais do que estalagem e alimentação
básica, passaram a servir, segundo Roim & Pereira (2012), “conforto, lazer, entre-
tenimento, dentre outros serviços voltados a atender uma demanda em busca de
lazer, diversão, descanso e outras necessidades mais subjetivas dos seres humanos”
(ROIM & PEREIRA, 2012, p. 2).

Muito do crescimento da rede hoteleira está associada à evolução tecnológica no


transporte. Na segunda metade do século XIX, surgiram os transportes movidos a
vapor, e, dessa forma, facilitaram a locomoção e, por consequência, o turismo em
outros locais.

Com esse crescimento, o governo precisou estabelecer algumas regras. Dessa


forma, criou órgãos como: CNTUR (Conselho Nacional de Turismo), Fungetur (Fundo
Geral do Turismo) e Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo). O objetivo desses
órgãos foi melhorar os serviços prestados nos hotéis, assim como exigir transpa-
rências nos serviços, conforto e segurança aos hóspedes e garantir uma cobrança
justa pelos serviços prestados (IGNARRA, 2003 apud ROIM & PEREIRA, 2012).

Assim foi criada a primeira matriz de regulamentação hoteleira, e, em 1998, a


Embratur criou a primeira classificação hoteleira no Brasil. Nesse período, havia três
tipos de classificação vigentes segundo Beni (1997 apud ROIM & PEREIRA, 2012).
• Autoclassificação, ou sem classificação: hospedagem através de administra-
ção familiar, em que as regras são criadas pelos próprios proprietários.
• Classificação privada: seguia regras criadas por instituições e/ou empresas
privadas.
• Classificação formal: somente esta seguia as normas oficiais da Embratur.

Da classificação que a Embratur estabeleceu em 1998 para a de 2002, houve


pequenas mudanças. Segue a seguir a classificação hoteleira segundo esse órgão e
a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis – ABIH Nacional.

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Quadro 2

Hotel de 1 a 5 estrelas

Resort de 4 e 5 estrelas

Hotel Fazenda de 1 a 5 estrelas

Cama & Café de 1 a 4 estrelas

Hotel Histórico de 3 a 5 estrelas

Pousada de 1 a 5 estrelas

Flat/Apart - Hotel de 3 a 5 estrelas


Fonte: Ministério do Turismo – Sistema Brasileiro de Classificação
de Meios de Hospedagem (SBClass)

Essas informações quanto à classificação do hotel têm um caráter maior de


curiosidade, afinal, o lazer é ofertado apenas em hotéis de lazer (de 3 a 5 estrelas)
ou resorts que são classificados com 4 ou 5 estrelas.

Há, neste momento, essa diferenciação devido a modificações, incrementos,


melhorias que os hotéis vão fazendo em suas estruturas, podendo, por exemplo,
transformar um hotel fazenda em um resort. Em outras palavras, ele continua clas-
sificado com 3 estrelas, porém, oferece serviços que um resort pode oferecer.

Lazer no Hotel – Um Produto Diferenciado


para o Empreendimento
Na década de 1970, os hóspedes estavam preocupados em se hospedar em um
hotel que lhe oferecesse estrutura para repousar e lugar para guardar seus perten-
ces enquanto estavam trabalhando. Hoje em dia, as pessoas que buscam um hotel,
buscam mais que um local para descanso, elas querem usufruir do que o hotel
pode oferecer e o que há no entorno dele, ou seja, na cidade em que se localiza, é
possível encontrar vivências no âmbito do lazer, como teatros, cinemas, bons res-
taurantes, shoppings centers etc.

Quando pensamos em uma equipe para o lazer, devemos pensar para além
da atividade proposta pela programação do dia em si. Muitas vezes, o cliente se
lembrará do hotel pela equipe de recreação, seja pelas atividades, ou pela acolhida,
pela simpatia, ou pela proatividade em querer ser útil.

Os animadores socioculturais que atuam na equipe estão por toda parte do hotel
– desde a chegada do cliente no check-in, passando pelas refeições, tempo livre e
finalização da hospedagem com o check-out.

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Pina & Ribeiro (2007) apresentam as seguintes vantagens para um hotel em ter
uma equipe de lazer:
Proporcionar ao hóspede um ambiente descontraído;
Caracterizar o setor como mais um serviço importante oferecido
aos hóspedes;
Ampliar a comunicação direta com os hóspedes;
Evidenciar a qualidade em serviços pelo diferencial em relação à grande
maioria dos hotéis que não oferece o serviço;
Maior interação entre os hóspedes. (PINA & RIBEIRO, 2007, p. 37)

Setor de Lazer dentro de um Hotel


Castelli (2001 apud PINA & RIBEIRO, 2007) disserta sobre as obrigações, res-
ponsabilidades, e atribuições além do perfil dos profissionais desse setor:
A: Cabe ao responsável pelo departamento de lazer:
Desenvolver atividades de lazer para adultos e crianças;
Coordenar todas as atividades de lazer;
Organizar os materiais de esportes;
Cuidar da programação audiovisual;
Controlar o estoque, fazendo as requisições;
Preparar relatórios mensais.
Manter contatos cordiais com os hóspedes, participar da acolhida e do
treinamento do novo funcionário.
B: Cabe aos monitores e animadores, segundo o autor:
Executar as atividades de esportes, como futebol, vôlei, basquete, tênis,
peteca, arco e flecha, jogos de piscina, torneios, gincanas, aulas de ginás-
tica, hidroginástica, aeróbica, alongamento, musculação, danças, ativida-
des infantis e recreação em geral.
Manter relações cordiais com os hóspedes.
Apresentar-se às atividades com uniformes adequados.
Zelar pela boa postura e por vocabulário condizente.
Requisitar material necessário.
Preparar relatórios mensais.
Participar das reuniões. (CASTELLI, 2001 apud PINA & RIBEIRO, 2007,
p. 40-41)

Importante! Importante!

Para as orientações esportivas e aulas de práticas corporais, somente os profissionais


de Educação Física que atuam como animadores socioculturais podem ministrar
tais atividades.

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Esse autor também traz a importância de ofertar espaços de livre acesso, sem a
necessidade de orientação como: saunas, cinema, pista de cooper, barcos e pedali-
nhos, entre outras possibilidades de vivências de lazer não orientada (CASTELLI,
2001 apud PINA & RIBEIRO, 2007).

Outras atribuições são importantes para esses profissionais, como: informar os


hóspedes dos horários da programação, ser um elo de comunicação entre as pes-
soas, ser um profissional flexível ofertando o lazer e não impondo as atividades
e criando um ambiente agradável, totalmente livre de juízo de valor, que não dis-
crimina ninguém, independente da raça, idade, gênero, além da permissão para
avaliação dos serviços prestados (PINA & RIBEIRO, 2007).

A Programação de Lazer em Hotéis


Uma programação de qualidade deve contemplar os mais variados interesses
do lazer, exemplo: atividades recreativas como jogos e brincadeiras, curtas compe-
tições, práticas aquáticas, caminhadas ao ar livre (podemos aqui associar ao inte-
resse físico-esportivo); atividades artísticas, como shows musicais e apresentações
teatrais, sociais como festas temáticas, manuais como oficinas de gastronomia etc.

É importante ressaltar a possibilidade da utilização de programas ao redor do


hotel, ou o que chamamos de entorno do hotel, ofertando traslados para aqueles
hóspedes que se interessam em conhecer a cultura local, frequentar as feiras e
comércio da cidade, ou prestigiar uma apresentação artística. A interação do hotel
com a cidade é uma parceria muito positiva em que amplia as possibilidades de
lazer ofertadas pelo hotel e aumenta o turismo na cidade em que o hotel se situa.

Importante! Importante!

Você se lembra dos interesses do lazer? E sobre os conceitos de equipamentos específicos


e não específicos de lazer e recreação?

Primeiro, para recapitular, temos sete interesses do lazer, sendo eles: físico-es-
portivo, manual, artístico, intelectual, social, turístico e, recentemente e ainda em
discussão, o virtual.

Já recreação é considerada atividade que pode ter caráter lúdico, como jogos e
brincadeiras, e que na maioria das vezes é realizada no tempo livre.

Bem, para relembrarmos o que são os equipamentos específicos e não específi-


cos, é importante pensar na origem do equipamento.

A praça em que há feirinhas de final de semana faz parte de qual tipo de equipamento?
Explor

A quadra comunitária em que há jogos recreativos no final de tarde faz parte de qual tipo
de equipamento?

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

É isso aí, todos os equipamentos criados com o intuito de serem utilizados para o
lazer são equipamentos específicos de lazer, exemplos: quadras comunitárias, pistas
de skate, mesas com tabuleiro nas praças, brinquedoteca, campo de futebol etc.

Os equipamentos criados para outros fins, mas que podem ser utilizados para o
lazer, são os equipamentos não específicos de lazer, exemplo: praças, salão multiuso,
rua, avenidas, pátios, natureza (utilizada para trilhas) etc.

Conhecendo a Estrutura
Para que você consiga desenvolver um planejamento de atividades de lazer e
atividades de recreação no hotel, primeiramente, é preciso conhecer a estrutura
que você trabalhará.

Quais equipamentos específicos de lazer há nesse espaço? E quais equipamentos


não específicos há nesse espaço?

Basicamente, em um hotel de lazer ou um resort, sempre haverá dois ambientes


básicos: a área descoberta, normalmente composta por piscinas, quadras, campos
de futebol e outros esportes, áreas arborizadas, e a área coberta, que possui ambiente
de convivência, salão de festa, sala de jogos, centro de condicionamento físico.

A partir do seu conhecimento técnico associado ao seu conhecimento da estru-


tura local em que trabalha você está quase perto para elaborar uma programação.
Neste momento, apresentamos o último item importante para este trabalho: co-
nhecer o seu cliente – quais os tipos de atividades o grupo tem maior preferência,
se é mais adepto a práticas corporais ou gostam mais de atividades artísticas. Não
há uma regra para a elaboração da sua programação, por isso, quanto maior a
variedade de atividades contemplando os mais diversos interesses do lazer, maior
a chance de você agradar seu cliente. Uma vez que você detectou qual interesse é
mais vivenciado, você passa a colocar na programação mais possibilidades dentro
desse conteúdo.

Importante! Importante!

Saiba antes da chegada dos hóspedes um pouco sobre eles, assim você terá tempo para
se programar nas atividades e não correr risco de desagradá-los.

Para conhecer seus clientes, há algumas possibilidades:


• Quando se fecha a reserva, o cliente e/ou grupo responde a um rápido ques-
tionário.
• Ao fazer check-in no hotel, o cliente e/ou grupo responde a um breve questionário.
• Comunicação aberta entre animador e cliente.
• Avaliação das atividades propostas no final de cada atividade ou por escrito
no check-out.

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Para a elaboração de uma programação de atividades de lazer no hotel, é preciso
destes três conhecimentos: conhecimento técnico + conhecimento da estrutura
interna e do entorno + conhecimento do seu público. Com a experiência no hotel,
talvez seja possível traçar um perfil dos clientes que buscam o seu estabelecimento,
entretanto, a diversificação de oferta de atividades no âmbito do lazer com certeza
será o diferencial da sua programação.
Se for possível, trabalhe com atividades simultâneas para cada faixa etária – essa
possibilidade está associada ao número de animadores que há na sua equipe.

Exemplo de uma Programação do Hotel The Royal Palm Plaza, Campinas-SP


Quadro 3
Hotel The Royal Palm Plaza Campinas - São Paulo Programação de Lazer
Sábado
Crianças Adultos
9h30 – Canibal 9h30 – Caminhada
11h – Hopi Hari/Vôlei 11h – Hopi Hari
12h30 – Almoço 11h – Música ao vivo na piscina
14h – “Rei do mé” 11h30 – Ginástica localizada
15h30 – “Hospitalocura” 15h30 – Alogamento; futebol de salão
17h – Bandeirão 17h – Artesanato
19h30 – Jantar 21h30 – Videoquê
20h30 – “Nhã Nhã”
21h30 – Superamigos
Fonte: PINA & RIBEIRO, 2007, p. 63

Observe que, nessa programação, há uma atividade para crianças e uma atividade
para adultos. Em determinados horários, é possível observar uma mesma atividade
para ambos os grupos e uma segunda possibilidade de lazer para também ambos
os grupos. Isso acontece porque o hotel oferece um passeio no parque Hopi Hari,
que fica no entorno do hotel. Para aqueles que desejam ir, o hotel disponibiliza um
transporte e, para aqueles que desejam permanecer no hotel, há a possibilidade de
participar da atividade interna.

Distribuição das Atividades


Segundo Pina & Ribeiro (2007), é importante saber distribuir bem sua pro-
gramação de recreação, tomando cuidado com o horário de início e sua duração.
Dessa forma, veja as informações importantes:
• Qual a situação dos seus hóspedes: férias (estadia prolongada), ou fora de
temporada como finais de semana e feriados?
» Para estadias maiores, é importante ofertar atividades recreativas ao longo
da semana com maior ênfase no final de semana. Já fora de temporada, é
importante uma programação completa de sexta a domingo (entrada e per-
manências dos clientes).

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

• Duração da atividade: é muito importante que a atividade proposta não seja


longa, pois você não quer entediar seus clientes, certo?
• Horários:
»» Período da manhã: não comece muito cedo, seus hóspedes estão no tempo
de lazer deles e não estão no ritmo frenético do tempo de trabalho; dessa
forma, tendem a não se preocupar em acordar cedo.
»» Período pós-almoço: cuidado com as atividades ao ar livre devido ao sol/calor.
»» Período noturno: ofereça atividades diversificadas, não se prenda ao óbvio,
lembre-se: conheça sua clientela. E mais um cuidado: encontre um horário
que não seja muito cedo para não competir com o jantar, nem muito tarde
que faça seus clientes desistirem da atividade.
• A distribuição das atividades será o sucesso ou fracasso da sua pro-
gramação: se você sobrecarregá-la de inúmeras atividades, a chance de não
participação é alta, pois os hóspedes também buscam tempo para descanso e
socialização com os seus; e, se não houver variação de atividades ou períodos
longos sem oferta, a equipe de lazer não será bem avaliada.

Possibilidades de Lazer em Hotéis Segundo os Interesses


Artístico
Pina & Ribeiro (2007) dizem: “[...] predomina o imaginário – as imagens, emo-
ções e sentimentos -, e o que se busca é a beleza e o encantamento.” (PINA &
RIBEIRO, 2007, p. 48).

Possibilidades nesse interesse: apresentações musicais, exposição de obras de


arte no hotel, peças teatrais, dança, cinema, literatura. Também é possível estimular
os hóspedes a participarem dessas atividades no entorno do hotel, valorizando os
artistas locais.

Físico esportivo
Esse interesse está voltado ao desejo de movimentar o corpo – dessa forma,
desenvolver práticas corporais individualmente ou em grupo.

Listo algumas atividades que a equipe de lazer pode ofertar:


• Esportes coletivos como: basquete, futebol, futsal, vôlei, handebol, peteca,
futevôlei, biribol, entre outras que você conhecer e ter espaço e material.
• Esportes individuais: tênis, golfe, cooper, caminhada etc.
• Esportes de aventura: esse somente se houver alguém da equipe especializa-
do na área, ou se o hotel contratar um especialista ou terceirizar a atividade.
É muito comum hotéis que estão localizados em ambientes propícios terceirizar
tais atividades para empresas locais.

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• Práticas corporais específicas como yoga, pilates, tai chi, lian gong devem
ser ofertadas por profissionais qualificados, dessa forma, ou se capacita um
profissional da equipe de lazer que seja formado em Educação Física, ou se
terceirizam tais aulas.

Intelectual
Interesse voltado ao conhecimento, ao prazer do desenvolvimento pessoal; con-
tato com a ciência, com a razão.
Atividades: leitura (exemplo: roda de história contada), palestras, jogos como:
baralho, gamão, dama, xadrez.
Nota-se: embora não seja o mais comum, é muito interessante o hotel ofertar
um espaço tranquilo, sem muitos barulhos, local em que se disponibilizam poltro-
nas, livros, revistas, gibis para a leitura. Computadores conectados a internet e TV
também são bem-vindos nesse local, pois podemos ofertar o ócio mental.

Manual
São atividades que requerem habilidades motoras das mãos para transformar
matérias em objetos. Atividades como tricô, pintura em tecido, decoupage, dobra-
duras como origami, escultura em argila, mosaico, arranjos de flores podem ser
desenvolvidas na sua programação.

Importante sempre se lembrar do material a ser utilizado.

Social
Interesse voltado às inter-relações, ou seja, ao relacionamento social dos presentes
no local.

Você pode interagir com as pessoas de várias maneiras, e uma delas é por meio
dos eventos. Festas temáticas como Halloween, Festa Junina, Dia das Crianças são
ótimas para colocar as crianças na elaboração da decoração do evento e, assim,
criar as expectativas para o momento da festa e a troca de diálogos entre os parti-
cipantes. Comemorar o aniversário de um hóspede também pode aumentar a rede
social, criando um ambiente propício para risos, diálogos e novas amizades.

Turístico
Embora os hóspedes já estejam usufruindo desse interesse, enriquece sua pro-
gramação ofertar passeios durante a programação. Qual a localização do seu hotel?
O que há no entorno dele? Bem, se houver reserva ambiental, uma trilha seria bem
legal; se você estiver em um hotel próximo de Holambra, pode ofertar passeios na
ExpoFlora, ou, se estiver em uma cidade histórica, pode levá-los para conhecer a
cidade e seus munícipes.

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Virtual
Há, ainda, discussões acadêmicas sobre esse ser ou não ser um interesse. Quan-
do olhamos para as atividades vivenciadas no tempo livre de muitas crianças e ado-
lescentes, nós nos deparamos com a questão virtual. Dessa forma, apresentamos
algumas possibilidades no hotel em atividades desse estilo.
Jogos eletrônicos utilizando videogames como: Nitendo Wii e Xbox em que o
jogador faz seus movimentos.
Interação da tecnologia com os demais interesses, exemplo: em um jogo de
caça ao tesouro, os enigmas deverão ser pesquisados no Google por meio de apa-
relhos celulares.
Por fim, convidamos você que deseja ser um animador sociocultural a preservar
jogos e brincadeiras da nossa cultura, atividades conhecidas como folclóricas.
Oferte oficinas de confecção de pipas, ensine as crianças a jogarem peão e cinco
marias, bolinha de gude. Jogos como queimada, bets, mãe da rua, entre outras,
também são atividades muito bem vindas, são atividades também conhecidas como
quebra-gelo.

Aprofunde seus estudos na área lendo o livro: Lazer e recreação na hotelaria de Luiz Wilson
Explor

Pina e Olívia C. F. Ribeiro.

Em Síntese Importante!

Nesta unidade, foram apresentadas tipologia e classificação hoteleira segundo a Embratur


e ABIH. O objetivo desse conhecimento é compreender as estruturas hoteleiras e discutir os
locais em que se podem ofertar atividades de lazer.
Ter uma equipe de lazer em um hotel de lazer e/ou resort tem suas vantagens. Essa equipe,
além de ofertar atividades no âmbito do lazer, é considerada “elo” entre o cliente e o hotel,
acompanhando o hóspede desde a sua chegada ao check-in até o final da estadia no check-out.
É de suma importância saber as características e atribuições de cada membro da equipe de
lazer em um hotel, além do conhecimento quanto à estrutura do hotel e o que há de possi-
bilidades em seu entorno.
Conhecer o seu cliente é a chave do sucesso da sua programação. Você pode conhecê-lo
através de enquetes, questionários, diálogos e avaliações após finalização da atividade ou
no final da estadia.
Distribuir bem as atividades ao longo do dia faz da sua programação uma programação de
sucesso. Não comece muito cedo, e não faça atividades muito longas! Lembre-se de variar
as atividades entre os interesses de lazer e, se for possível – a depender da quantidade de
animadores que você tem em sua equipe – oferte atividades simultâneas. Não sufoque seu
cliente, então oferte vivências de lazer, mas sem ocupar a estadia toda do hóspede com lazer.
Por fim, apresente possibilidades de atividades segundo cada interesse do lazer. Há inúme-
ros livros que descrevem atividades passo a passo. Não caia na mesmice!

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Sites
Sistema Brasileiro de Classificação de meios de Hospedagem (SBClass)
MINISTÉRIO DO TURISMO. Sistema Brasileiro de Classificação de meios de
Hospedagem (SBClass).
https://bit.ly/2kQVV1P

Livros
Lazer e Recreação na hotelaria
PINA, L. W.; RIBEIRO, O. C. F. Lazer e Recreação na hotelaria. 2. ed. São Paulo:
Senac São Paulo, 2012.
Lazer e Recreação: Repertório de atividades por fases da vida
MARCELLINO, N. C. (org). Lazer e Recreação: Repertório de atividades por fases da
vida. Campinas, SP: Papirus, 2006.
Lazer e Recreação: Repertório de atividades por ambientes – Vol.II
MARCELLINO, N.C. (org). Lazer e Recreação: Repertório de atividades por ambientes
– Vol.II. Campinas, SP: Papirus, 2010.

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UNIDADE Desbravando as Possibilidades da Recreação em um Hotel

Referências
BARBOSA, M. A. Resort: O lazer no contexto de negócio. Rev. Licere, Belo
Horizonte, v. 8, n. 2, p. 99-113, 2005.

EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo. Deliberação Normativa nº 387 de


28 de janeiro de 1998.

GOMES, C. L. Dicionário Crítico de Lazer. Belo Horizonte: Autêntica, 2004.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Sistema Brasileiro de Classificação de meios de


Hospedagem. 2. ed. 2010.

PINA, L. W.; RIBEIRO, O. C. F. Lazer e Recreação na Hotelaria. 2. ed. São


Paulo: Senac São Paulo, 2012.

ROIM, T. P. B; PEREIRA, J. I. M. A classificação hoteleira e sua importância para


a qualidade dos serviços prestados pelos meios de hospedagem. Rev. Científica
Eletrônica de Turismo, n. 17, 2012.

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