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Material Teórico
Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Revisão Textual:
Profa. Ms. Sandra Regina F. Moreira
Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse
no Ambiente Organizacional
• Relação Homem-Trabalho
• Psicodinâmica do Trabalho
• Estresse
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Objetiva-se que o estudante, ao concluir a unidade de estudo, seja
capaz de reconhecer fatores intrínsecos e extrínsecos ao trabalho e
como esses interferem na relação do homem com o trabalho.
· Pretende-se ainda que o estudante possa definir estresse e identificar
as fontes potenciais relacionadas aos fatores ambientais, individuais
e organizacionais de estresse e suas consequências físicas, psicológi-
cas e comportamentais.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão,
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
UNIDADE Psicodinâmica do Trabalho: o Estresse no Ambiente Organizacional
Relação Homem-Trabalho
O trabalho pode ser visto como um mero ganha-pão, ou como a parte mais
significativa da vida interior, pode ser encarado como uma expiação ou como uma
expressão exuberante de si mesmo (MILLS, 1976, p. 233).
Para Mills, “nas condições modernas” do trabalho atual o homem não tem mais
a liberdade de organizar seu próprio trabalho, de decidir como fazê-lo. Não há mais
autonomia, não tem mais domínio sobre o produto de seus esforços.
O primeiro deles é fazer um bom trabalho, um bom produto, algo sobre o qual ele
sinta orgulho. O segundo, à um vínculo entre o artesão e seu produto, a ponto que
o artesão consegue visualizar seu produto acabado, ainda que não tenha nem mesmo
começado a fazê-lo. Terceiro, o artesão é livre para realizar seu trabalho de acordo
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com seus planos e pode modificá-los, se necessário. Para o artesão, seu trabalho é
uma forma de aprimorar suas habilidades e essa é a quarta fonte de satisfação, pois
não há separação entre trabalho e lazer, a quinta e última fonte, para o artesão seu
trabalho é a base de sua vida.
Por tal motivo, nas condições atuais outras fontes de satisfação têm tomado o
lugar do trabalho. A renda e as motivações econômicas é uma delas. O salário rece-
bido pelo trabalho realizado pode ser considerado, segundo o autor, um dos motivos
para se exercer atividades laborais. Além deste, Mills aponta também status e o po-
der como prazeres oriundos do ato de trabalhar.
Para Mills o simples fato de ter um emprego, mesmo que não se goste do trabalho
executado, pode permitir ao homem algum tipo de prazer. Em nossa sociedade, o
estar empregado é motivo de status. Um exemplo da importância do emprego em
nossa sociedade pode ser o da presença, quase que constante, dele quando somos
apresentados a alguém: “ah! Este é fulano, ele trabalha em tal empresa”. Reparem
também que muitas vezes o nome da empresa em que trabalhamos muitas vezes ocu-
pa o lugar do nosso sobrenome: - Olá, eu sou o fulano, da empresa tal. As pessoas de
modo geral, valorizam o estar empregado, o ter uma ocupação. Em contrapartida,
o desempregado pode se sentir inferiorizado perante o grupo da qual pertence. Por
isso, algumas vezes as pessoas mantêm empregos dos quais não gostam, porque sem
estes, se sentiriam inferiorizadas.
“Nesse meio-tempo, qualquer satisfação que os homens obtenham com o
seu trabalho ocorre no interior desse quadro de alienação; toda a satisfação
que a vida lhes proporciona ocorre fora dos limites do trabalho; trabalho e
vida estão profundamente separados”. (MILLS, 1976, p. 253)
Vale ressaltar mais uma vez que, embora as análises apresentadas por Mills datem
de 1976, podemos afirmar que muitas delas são bastantes coerentes com situações
de muitos trabalhadores na atualidade. Muitos vivem a imagem do trabalho durante
a semana, mas, aos finais de semana e feriados, vestem a imagem alimentada “pelas
personalidades e acontecimentos divulgados pelos veículos de comunicação de mas-
sa” (1976, p. 253): situação que deixa o homem à mercê de grande frustração e,
obviamente, estresse.
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“Será que o seu trabalho, utilizando as palavras de Mills, é ‘um mero ganha-pão’ ou ‘a parte
da mais significativa da vida’?”
Psicodinâmica do Trabalho
Muito se tem falado sobre a importância do capital humano nas organizações.
Sobre a importância do conhecimento, da vantagem competitiva, que o capital
humano pode trazer às organizações. Utilizando as palavras de Fleury, quando
se trata de competência, é necessário considerar que o “indivíduo agrega valor
econômico à organização”, mas que esta tem a função de agregar “valor social
ao indivíduo”.
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Para o palestrante, enquanto nos Estados Unidos o prejuízo gerado por
funcionários doentes chega a US$ 150 bilhões por ano, no Brasil, esse número
pode ser de aproximadamente 3% do PIB (Produto Interno Bruto).
Silva chamou ainda a atenção para a visão deturpada que a população tem acerca
das doenças psicossomáticas. Segundo o palestrante 75% das pessoas acreditam
que depressão trata-se de uma forma de fraqueza emocional e 45% culpam a
vítima, supondo falta de força de vontade. Todavia, cinco em cada 20 pessoas
consideradas normais são acometidas de depressão e na população brasileira a
prevalência de depressão está entre 20% a 25%, geralmente em pessoas na faixa
etária dos 40 anos (SAÚDE MENTAL EM FOCO, 2009).
Sabe-se que é crescente o número de pessoas que de alguma maneira tem sua
saúde física e mental afetada pelo ambiente de trabalho. Fatores como exigências,
pressões, mudanças, sobrecarga de trabalho, estão cada vez mais presentes no
cotidiano das organizações, contribuindo para o estresse ocupacional.
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Estresse
Robbins citando Schuler define estresse como “uma condição dinâmica na qual um
indivíduo é confrontado com uma oportunidade, limitação ou demanda em relação
a alguma coisa que ele deseja e cujo resultado é percebido, simultaneamente, como
importante e incerto” (2005, p. 438). A definição é interessante, pois traz pontos
importantes sobre o estresse. Primeiro, é uma condição dinâmica, ou seja, há um
movimento de forças. Segundo, esse movimento de forças confronta o indivíduo
com situações as quais exige dele uma decisão (uma escolha, uma restrição de
possibilidades; e/ou disputa). Terceiro, a decisão, e respectivamente à ação, que
foi desencadeada por forças opostas, deve ser adotada diante de uma situação que
merece consideração, pois é relevante, mas também duvidosa, instável.
O termo estresse foi conhecido no século XIX por engenheiros germânicos para representar
Explor
a tensão resultante da aplicação de uma força sobre um corpo. Foi o biólogo canadense Hans
Selye, que na década de 1920, levou o termo para a medicina.
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Fatores Potenciais de Estresse
Robbins sintetiza três fontes potenciais do estresse: (1) Fatores Ambientais;
(2) Fatores Individuais; e (3) Fatores Organizacionais. O Quadro 1 apresenta os
componentes de cada um dessas fontes de estresse.
A história recente de nosso país traz situações que resultam em incerteza política
e consequentemente econômica. Os impeachments dos ex-presidentes Fernando
Collor de Mello e da Dilma Roussef desencadearam incertezas nas organizações,
e, também nos cidadãos, sendo exemplos de fatores ambientais potenciais de
estresse. Vale destacar que, evidentemente, os impeachments não são os únicos
motivos para a crise do país, mas contribuem para o ambiente de incerteza e por
isso estão sendo utilizados como exemplo nesse texto.
O conceito “imigrante digital“, assim como o de “nativo digital” foi criado por Marc Prensky
Explor
em 2001. O primeiro, imigrante digital, faz referência aqueles que não nasceram em uma
atmosfera psicológica e que tiveram que se adaptar às novas tecnologias. O segundo, nativo
digital, são os nascidos a partir de meados de 1980 e que passaram a vida toda convivendo
com as novas tecnologias”.
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Por fim os fatores organizacionais são vários. Dejours afirma que as organizações
do trabalho são as principais fontes das pressões do trabalho que, por sua vez,
põem em risco “o equilíbrio psíquico e a saúde mental”. (1996, p. 153).
Consequências do Estresse
Além das fontes potenciais de estresse, é importante que estejamos sempre
atentos às consequências do estresse. Tomando como base a organização proposta
por Robbins, o Quadro 2 apresenta algumas das principais consequências do
estresse, conforme os sintomas apresentados.
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Quadro 2 – Consequências do estresse
Consequências do Estresse Sintomas
Físicas Dor de cabeça
Aumento da pressão sanguínea
Doenças e/ou ataques cardíacos
Mudança no metabolismo
Aumento do ritmo respiratório
Psicológicos Ansiedade
Tensão
Depressão
Diminuição da satisfação
Irritabilidade
Procrastinação
Comportamentais Produtividade
Absenteísmo
Presenteísmo
Rotatividade/Turnover
Distúrbio do sono
Alterações nos hábitos alimentares/no
consumo de drogas legais ou ilegais
Inquietação
Fonte: Adaptada de Robbins, 2005, p. 440.
Turnover, termo em Inglês cujo significado na Língua Portuguesa pode ser rotatividade,
Explor
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Comportamento Organizacional
ROBBINS, Stephen P. (2005) Comportamento Organizacional. São Paulo: Pearson
Prentice Hall.
Leitura
Desafios da Sociedade do Conhecimento e Gestão de Pessoas em Sistemas de Informação
PESTANA, M. C. et. al. Desafios da sociedade do conhecimento e gestão de pessoas
em sistemas de informação. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 2, p. 77-84,
maio/ago. 2003.
https://goo.gl/gWeHkU
Estresse e Fatores Psicossociais
REIS, Ana Lúcia Pellegrini Pessoa dos; FERNANDES, Sônia Regina Pereira; e
GOMES, Almiralva Ferraz. (2010). Estresse e Fatores Psicossociais. Psicologia, Ciência
e Profissão, Vol. 30. Nº 4, p. 712-725
https://goo.gl/e2njRN
Sofrimento no trabalho na visão de Dejours
RODRIGUES, Patrícia Ferreira; ALVARO, Alex Leandro Teixeira; e RONDINA,
Regina. (2006). Sofrimento no trabalho na visão de Dejours. Revista Científica
Eletrônica de Psicologia. Ano IV. N º 7, Nov. Periódicos semestral.
https://goo.gl/sWMgdY
Uma nova classe média no Brasil da ultima década? O debate a partir da perspectiva sociológica.
SCALON, Celi; e SALATA, André. (2012). Uma nova classe média no Brasil da ultima
década? O debate a partir da perspectiva sociológica. Sociedade e Estado. Vol. 27. Nº
2. Brasília, Maio e Ago.,
https://goo.gl/cj2eQx
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Referências
BRIDGES, W. (1995). Job Shift: um Mundo sem Empregos. São Paulo: MB Books.
LIDA, Itiro. (2001) Ergonomia: projeto e produção. 7ed. São Paulo: Edgar Blucher.
MILLS, Wright. (1976) A Nova Classe Média. Rio de Janeiro: Zahar Editores.
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