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Psicologia do Trabalho
1ª Edição
Brasília/DF - 2021
Autoras
Verônica Brito Aguiar
Andréia Lins Ribas
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático........................................................................................................................................5
Introdução...............................................................................................................................................................................7
Capítulo 1
O Mundo do Trabalho....................................................................................................................................................9
Capítulo 2
A Psicologia do Trabalho........................................................................................................................................... 21
Capítulo 3
Emoções no Trabalho................................................................................................................................................. 28
Capítulo 4
Saúde Mental e Trabalho.......................................................................................................................................... 43
Capítulo 5
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho.................................................................................... 54
Referências........................................................................................................................................................................... 77
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Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.
Atenção
Cuidado
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
Importante
Observe a Lei
Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
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Organização do Livro Didático
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Saiba mais
Gotas de Conhecimento
Sintetizando
Posicionamento do autor
Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.
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Introdução
Este Livro Didático apresenta uma breve reflexão sobre a Psicologia do Trabalho e as
novas formas de gestão decorrentes das mudanças no mercado de trabalho global. Tal
temática é tratada de modo a promover a formação de profissionais e atores sociais, com
visão crítica sobre as demandas sociais e o respeito à condição humana do sujeito. Além
disso, é destacada a importância de refletir sobre a dignidade humana e os significados
do trabalho na formação da identidade do trabalhador.
Objetivos
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O MUNDO DO TRABALHO
CAPÍTULO
1
Introdução
A proposta desta leitura é sensibilizar ao fato de que a gestão de pessoas deve ter o
objetivo de impulsionar a produtividade corporativa, por meio de ações estratégicas,
mas, também, deve voltar seu olhar às necessidades humanas.
Objetivos
» Conceituar trabalho.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
Não se pode afastar a ideia de que o trabalho é, antes de mais nada, um meio de
sobrevivência pelo qual todos os seres humanos se integram, por meio de relações
remuneradas ou não. Uma vez que até para a agricultura ou para a caça é preciso o
empenho de um esforço para o alcance de um resultado. Mas os avanços na Psicologia
do Trabalho nos permitem também perceber os significados intrínsecos a cada papel
social ou organizacional. Logo, devemos pensar como cada indivíduo ajusta-se para
o alcance das metas delimitadas, qual a importância dele nesse processo.
Além disso, é importante pensar que cada sujeito que integra um grupo de trabalho
qualquer ou que se imbui da atividade autônoma possui particularidades em sua
concepção como sujeito que abarcam processos criativos, questões de saúde,
sentimentos e motivações diversas.
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O Mundo do Trabalho • CAPÍTULO 1
Importante
A centralidade do “trabalho” na concepção do sujeito e da sua interação com a sociedade pode ser notada na
Declaração Universal dos Direitos Humanos que cita, em seu Artigo 23o:
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições
justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem qualquer distinção, tem direito a igual remuneração por
igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória
que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a
dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção
social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a neles ingressar para
proteção de seus interesses. (ASSEMBLEIA GERAL DA ONU, 1948)
Perceba que dos meios primários de sobrevivência, o ser humano passou a se organizar
em nichos ou clãs, e logo em sociedades completamente estruturadas. Ou seja, por
meio das novas formas de trabalho, as transformações sociais permitiram a circulação
de renda e conhecimento. E da agricultura o homem passou a fazer o comércio de
mercadorias até que o sistema econômico se apropriasse das trocas de moedas e
tivesse base social tão complexa que permitisse a organização dos trabalhadores em
sistemas fabris.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
Figura 1. Evolução.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/human-evolution-monkey-caveman-businessman-
cyborg-1368998879. Acesso em: 26 set. 2020.
12
O Mundo do Trabalho • CAPÍTULO 1
Saiba mais
Figura 2. Millennial.
Comazzetto et al. (2016) afirmam que uma geração, de modo geral, pode ser definida como um grupo de pessoas que
nascem e vivem em um período de tempo e logo, experimentam das mesmas circunstâncias sociais, econômicas,
políticas, culturais de uma sociedade. Por isso, essas pessoas partilham um conjunto de crenças e valores.
Veloso et. al. (2008) afirmam que integra a Geração Y quem nasceu de 1978 em diante; já para Lancaster e Stillman
(2011), essa geração é formada pela população nascida entre 1982 e 2000. Para eles, essas pessoas possuem alto
domínio de habilidades em tecnologias e convivem com a diversidade em suas constituições familiares. Além disso,
possuem visão sistêmica, não temem hierarquia, nem o desemprego.
Então, perceba que, naturalmente, essa Geração Y já tem outra acepção do que seja
o trabalho. A aceleração da comunicação e a globalização tornaram as relações de
emprego mais instáveis e a busca por melhores posições ou por trabalhos remotos é
exponencial. O ambiente de trabalho passou a ser mais dinâmico e as chefias passaram
a constituir alianças com suas equipes de trabalho e atentar-se à qualidade de vida
no trabalho e à saúde mental dos colaboradores.
Compreenda, também, que a própria evolução dos modelos de trabalho e das formas
de o humano se relacionar com ele demonstram que o labor pode ser considerado
uma fonte de satisfação e realizarão, mas, também, a origem de alguns sofrimentos e
a oportunidade de as classes privilegiadas explorarem os operários menos estudados.
Logo, é preciso a reflexão ética e a escuta dos trabalhadores.
Nesse contexto, a Psicologia do Trabalho vem a somar não apenas com a busca pela
produtividade e gestão do potencial humano, mas lança um olhar de cuidado e atenção
aos sujeitos e suas emoções, de modo a equalizar os sofrimentos oriundos do trabalho
e auxiliar na promoção de ambientes corporativos capazes de gerar autonomia e
facilitar processos criativos, além da comunicação transparente e eficaz.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
Figura 3. Colaboradores.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/diverse-group-business-people-entrepreneurs-office-1303856080.
Acesso em: 20 abr. 2020.
Saiba mais
Figura 4. Revoluções.
INOVAÇÃO
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/innovation-banner-web-icon-business-
inspiration-1116938060. Acesso em: 10 jun. 2020.
O termo “Revolução Industrial” refere-se a um conjunto de mudanças que acontecem no campo produtivo que
caracterizam marcos no modo como a economia se desenvolve em certo período de tempo.
Podemos dizer que já passamos por quatro revoluções. Na primeira, no século XVIII, o sistema produtivo migrou
da manufatura para a produção por máquinas impulsionadas a carvão. Além disso, os trabalhadores passaram a
ser assalariados e trabalhar para as elites econômicas. Nesse caso, o foco estava meramente no lucro e, por isso, os
trabalhadores eram expostos a condições degradantes de trabalho e a tarefas repetitivas e compartimentadas.
Toda essa exploração e falta de direitos trabalhistas fez os trabalhadores se revoltarem. Deu-se, então, a segunda
Revolução Industrial, entre 1860 e 1900. Nesse momento, o aço e o petróleo impulsionaram a indústria e a
distribuição de produtos passou a contar com a locomotiva a vapor. O trabalho tornou-se ainda mais acelerado e as
condições laborais, apesar de melhoradas, ainda eram precárias.
Após a Segunda Grande Guerra, a economia internacional mudou vertiginosamente, também apoiada por novas
tecnologias. As distâncias foram encurtadas e a comunicação facilitada. O processo de globalização permitiu a troca
de informações e de produtos e os direitos trabalhistas foram e estão sendo mais bem discutidos. Essa revolução
se estende aos dias modernos, e alguns especialistas dizem que já vivemos até uma quarta Revolução, mas ainda
é preciso acompanhar a história para entender melhor as mudanças da nossa era e o padrão de novas formas
produtivas.
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O Mundo do Trabalho • CAPÍTULO 1
Logo após a primeira Revolução Industrial, a gestão dos Recursos Humanos ganhou
importância, pois a Administração Científica ( Taylorismo e Fordismo) passou a estudar
as capacidades produtivas de cada trabalhador e aplicá-las de modo a promover mais-
valia no trabalho. Esta metodologia de monitoramento dos tempos e movimentos
dos trabalhadores passou a prescrever o ritmo de trabalho (CRAINER, 1998/1999).
Buscava-se o rendimento ideal do modo produtivo e a maximização do lucro. Nesse
caso, o responsável pela criação era apenas o gestor. Porém, ao trabalhador em geral
foi imposta uma paralisia do funcionamento psíquico e a desvalorização do trabalho.
A reestruturação produtiva surgiu, então, como uma solução inovadora. Esse novo
sistema hegemônico de capital, o Toyotismo, passou a conjugar, de modo original, a
coerção capitalista para o trabalho e o consentimento do operário para continuar a
produzir em ritmo acelerado e degradante (AGUIAR, 2013). Esse modelo de produção
busca satisfazer as exigências individualizadas do consumidor, e por isso, se diferencia
da produção em série do Taylorismo e Fordismo, que ofereciam serviços e produtos
padronizados. Mas também desperta o desejo no trabalhador em se fazer produtivo,
pois passou a remunerá-lo em razão do quantitativo de produção. Além disso, os
vínculos contratuais se enfraqueceram e passaram a prevalecer as terceirizações. Nessa
nova forma de contrato produtivo, os trabalhadores operacionais foram substituídos
por sujeitos polivalentes e com conhecimentos teóricos e práticos.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
mas, também, novas formas de degradação do labor, em geral, pela aceleração ou pelo
alcance de metas desumanas.
Figura 5. Estresse.
Entenda que a reestruturação produtiva veio como uma resposta à produção em série
e despersonalizada e propôs não apenas sanar demandas próprias e customizadas
de cada consumidor, mas, também, se ancorou no liberalismo (o sistema de livre
circulação de rendas, sem intervenção do estado na regulação de normas) para imbuir
o trabalhador de algum poder de consumo. Logo, aquele colaborador que produzisse
mais também seria mais bem pago e passaria a ter maior poder de compra. Entretanto,
essa lógica mascarava duas condições: a mais-valia e a limitação emocional e física
do trabalhador.
Isso significa que, com a mais-valia, o trabalhador sempre trabalhava para produzir
lucro, o que tinha a tendência de afastá-lo ainda mais das elites econômicas, e com
a ausência de regulação estatal, os limites para a ação das grandes empresas não
respeitavam, em geral, a dignidade humana. Condição que alimentava ainda mais
a necessidade do sujeito de trabalhar na tentativa de alcançar maior capacidade
econômica. Por isso, foi importante a batalha pelo reconhecimento do direito
trabalhista, de modo a garantir condições mínimas de respeito ao trabalhador. Ademais,
o Direito e o Comércio Internacionais aliaram-se para firmar condições de produção
que respeitem não apenas o homem, mas, também, o meio ambiente e a equidade
nas trocas comerciais.
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O Mundo do Trabalho • CAPÍTULO 1
Figura 6. Descanso.
Outra questão importante a se refletir é que a nova gestão afirma que o trabalho deve
estar voltado à “realização profissional”, e, de fato, é de extrema importância. Mas
é preciso que isso não sirva como ferramenta para mascarar a demanda para que o
indivíduo seja coagido a adotar a aceleração como estratégia para a sobrevivência
no mercado de trabalho. Além disso, a satisfação não pode ser imposta como um
modelo no qual o indivíduo não possa errar, pois isso seria negar a condição humana
do colaborador.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
A psicodinâmica do trabalho, por exemplo, sugere que o labor tem posição central
na formação da subjetividade e da identidade do indivíduo. Ou seja, tal atividade é
fator de desenvolvimento e equilíbrio mental e promove a sensação de pertencimento
a determinada sociedade. O labor abarca os campos psicológico, social e biológico
do humano em sua complexidade. Logo, é preciso que o trabalho não seja apenas um
local de exploração da força, mas um ambiente que promova o autodesenvolvimento,
as relações com os colegas, o aprimoramento das capacidades etc.
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O Mundo do Trabalho • CAPÍTULO 1
Atenção
Note que ao reconhecer a importância da felicidade no trabalho, a Psicologia do Trabalho desvela a importância das
emoções no contexto profissional e afasta a ideia da racionalização pura dos contextos produtivos.
Mas o bem-estar conta com esferas diversas, uma vez que o ser humano é complexo e deve ser percebido de modo
integral. Há o bem-estar físico e emocional, e embos estão diretamente conectados.
Figura 7. Felicidade.
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CAPÍTULO 1 • O Mundo do Trabalho
Sintetizando
A concepção de bem-estar.
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A PSICOLOGIA DO TRABALHO
CAPÍTULO
2
Introdução
Objetivos
» Co m p re e n d e r o o b j e t o d e e s t u d o, p r á t i c a s e o b j e t i v o s d a Ps i c o l o g i a
Organizacional e Psicologia do Trabalho.
21
CAPÍTULO 2 • A Psicologia do Trabalho
A psicologia industrial evoluiu ao longo do tempo, com vários estudos e sob influência
da Revolução Francesa e da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, a psicologia
industrial desenvolveu novos conhecimentos e técnicas, a saber: treinamento, avaliação
de desempenho, liderança.
Fique atento para o fato de que a psicologia industrial continuou evoluindo suas teorias
e práticas. Atualmente, a evolução desta área ocorre por meio de estudos, pesquisas
e práticas e, é referida como Psicologia Organizacional e do Trabalho.
» Diagnóstico organizacional;
» Treinamento e desenvolvimento;
» Desenvolvimento de líderes.
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A Psicologia do Trabalho • CAPÍTULO 2
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-vector/collection-people-successfully-organizing-their-600w-1329068555.
jpg. Acesso em: 30 out. 2020.
» ergonomia.
Saiba mais
Trabalho Vida
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-illustration/3d-businessman-standing-center-seesaw-
600w-1365161450.jpg. Acesso em: 30 out. 2020.
Fernandes (1996, pp. 45-46), conceitua qualidade de vida no trabalho como a “gestão dinâmica e contingencial de
fatores físicos, tecnológicos e sociopsicológicos que afetam a cultura e renovam o clima organizacional, refletindo-se
no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas”.
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CAPÍTULO 2 • A Psicologia do Trabalho
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/spine-diseases-posture-problems-prevention-flat-1349824322.
Acesso em: 30 out. 2020.
Atenção
Apesar de a psicologia organizacional e do trabalho serem distintas, ambas são muito próximas e correlacionadas.
Veja na tabela abaixo as diferenças:
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A Psicologia do Trabalho • CAPÍTULO 2
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/overjoyed-multiracial-young-colleagues-give-high-1779265502.
Acesso em: 30 out. 2020.
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CAPÍTULO 2 • A Psicologia do Trabalho
Vale ressaltar que as instituições que foram criadas e contribuíram para o desenvolvimento
da Psicologia do Trabalho no Brasil foram: Associação Brasileira para Prevenção de
Acidentes, Conselho de Higiene e Segurança do Trabalho, Instituto de Administração,
Fundação Getúlio Vargas, Escola Livre de Sociologia e Política, Centro Ferroviário
e Ensino e Seleção de Pessoal, Estrada de Ferro Central do Brasil, Companhia
Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), Serviço Nacional da Indústria (Senai)
e Serviço Nacional do Comércio (Senac).
Uma questão importante a refletir é que, após a Segunda Guerra Mundial (1945),
ocorreu uma expansão das organizações produtivas brasileiras com a instalação de
multinacionais e aumento da competitividade. A mão de obra, entretanto, continuava
desqualificada. A má qualidade dos produtos era devida tanto à desatenção dos
gestores quanto às dificuldades de cunho tecnológico.
Note que esses dois marcos políticos impactaram os modelos de gestão e relações de
trabalho. A partir daí, surgiram efetivamente os primeiros investimentos na capacitação
dos trabalhadores e as preocupações com os métodos de gestão mais apropriados às
condições e características da realidade brasileira.
Fonte: https://image.shutterstock.com/image-vector/elder-science-professor-explaining-diagram-600w-1361866598.jpg.
Acesso em: 30 out. 2020.
26
A Psicologia do Trabalho • CAPÍTULO 2
Sintetizando
» A síntese de como se deu o aparecimento da Psicologia Organizacional e do Trabalho, no mundo ocidental, o qual
coincide com o despontar da própria Psicologia como campo geral de estudos e aplicação.
» Os desafios postos pelos contextos sociais, econômicos, políticos e tecnológicos, que marcaram a trajetória
humana no século XX, influenciaram a constituição do campo da Psicologia Organizacional e do Trabalho.
» As interfaces entre o comportamento, trabalho e organização, que constituem subcampos dentro da Psicologia
Organizacional e do Trabalho.
» Como a correlação entre o comportamento humano e o trabalho (emprego e/ou tarefa) constitui o subcampo
chamado Psicologia do Trabalho.
27
EMOÇÕES NO TRABALHO
CAPÍTULO
3
Introdução
Este capítulo apresenta como foco central o Comportamento Organizacional que tem
a Psicologia como uma das ciências de análise do trabalho. Para isso, são apresentadas
definições e modelos de motivação e desempenho, estudo das emoções no trabalho
e os reflexos na produtividade para que, posteriormente, o aluno esteja apto a se
aprofundar no entendimento e discussão sobre as intervenções possíveis do campo da
Psicologia do Trabalho que impulsionem ambientes laborais saudáveis e produtivos.
Objetivos
28
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
com que uma pessoa se sinta desafiada por um problema de difícil solução no trabalho
e não consiga desviar sua atenção até resolvê-lo, enquanto outra, diante da mesma
situação, decida procurar outro colega que possa ensinar rapidamente os passos
necessários para sua solução? Os psicológos acreditam que grande parte da diversidade
das condutas individuais decorra de um processo chamado motivação.
Atenção
A origem etimológica da palavra derivada do latim motivus, que significa mover, a palavra “motivação” assumiu o
significado de “tudo aquilo que pode fazer mover”, “tudo aquilo que causa alguma coisa”, “a razão que justifica uma
ação”. Deste modo, faz sentido dizer que uma teoria da motivação é uma teoria que busca justificar e explicar a ação.
Assim, podemos definir motivação como um processo psicológico básico que auxilia na explicação e compreensão
das diferentes ações e escolhas individuais.
Deste modo, a motivação pode ser definida como uma ação dirigida a objetivos, sendo
autorregulada, biológica ou cognitivamente, persistente no tempo e ativada por um
conjunto de necessidades, emoções, valores, metas e expectativas. É importante que
possamos compreender quais são as principais ênfases e foco da motivação, conforme
Tabela 2.
Ênfase Foco
Ativação Estado inicial de estimulação que pode ser intrínseco ou extrínseco.
Direção Objeto ou o alvo da ação.
Intensidade Variação da força da ação.
Permanência Persistência, engajamento continuo.
29
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/vector-illustration-business-leadership-qualities-
creative-1653680020. Acesso em: 5 nov. 2020.
» Teoria X e Y, McGregor.
30
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
Saiba mais
Antes de estudarmos as teorias motivacionais, de fato, é importante ressaltar que o estudo da motivação é resultante
da fase já mais profissionalizada da Psicologia Organizacional e do Trabalho, tão logo surgiram as críticas ao modelo
Taylorismo-fordismo que desembocaram na escola das relações humanas, ainda antes da metade do século passado.
O Taylorismo foi criado pelo engenheiro Frederick W. Taylor (1856-1915). Taylor enfatizou que os trabalhadores
deveriam ser organizados de forma hierarquizada e sistematizada; ou seja, cada trabalhador desenvolveria uma
atividade específica na linha de produção da indústria (especialização do trabalho). No taylorismo, o trabalhador é
constantemente monitorado e controlado segundo o tempo de produção (tempo e movimento). Cada indivíduo deve
cumprir sua tarefa da melhor forma e no menor tempo possível, sendo premiados aqueles que se sobressaem.
O Fordismo foi criado por Henry Ford (1863-1947), que desenvolveu seu procedimento industrial baseado na linha de
montagem para gerar uma produção que deveria ser consumida em massa. Sua ênfase seguia um sistema enxuto de
produção, redução de custos e garantia da melhor qualidade e eficiência no sistema produtivo.
A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais importantes teorias de motivação.
Para ele, as necessidades dos seres humanos obedecem a uma hierarquia, ou seja,
uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que no momento em que o
31
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que as
pessoas busquem meios para satisfazê-la. Poucas pessoas procurariam reconhecimento
pessoal e status se suas necessidades básicas estiverem insatisfeitas.
O comportamento humano, nesse contexto, foi objeto de análise pelo próprio Taylor,
quando enunciava os princípios da Administração Científica. A diferença entre Taylor
e Maslow é que o primeiro somente enxergou as necessidades básicas como elemento
motivacional, enquanto o segundo percebeu que o indivíduo não sente única e
exclusivamente necessidade financeira. Maslow apresentou uma teoria da motivação,
segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis,
numa hierarquia de importância e de influência, numa pirâmide, em cuja base estão
as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e, no topo, as necessidades
mais elevadas (as necessidades de autorrealização).
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/pyramid-top-leadership-development-promotion-
concept-261757202. Acesso em: 5 nov. 2020.
32
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
33
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
Para motivar um funcionário, não basta, para Herzberg, que os fatores de insatisfação
estejam ausentes. Pelo contrário, os fatores de satisfação devem estar bem presentes.
Diante desta concepção crítica de Kanfer (1992), que classifica as teorias de conteúdo
como sendo distantes da ação planejada. Assim, surgem as teorias de processo que
são baseadas na tomada de decisão, conforme a seguir.
Em termos de uma equação, essa definição poderia ser escrita da seguinte forma:
É a teoria de motivação que provavelmente tem sido mais útil para os psicólogos
organizacionais; é uma forma popular de aumentar o desempenho no trabalho. O
princípio básico dessa teoria diz que o comportamento das pessoas é motivado
por suas intenções e seus objetivos, que podem estar intimamente relacionados a
34
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
35
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
36
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
O trabalho não deve ser apenas um processo de mera execução de tarefas predeterminadas.
Deve ser visto também como um meio de desenvolvimento e realização, satisfação e
de resolução de um problema de uma pessoa ou grupo de pessoas.
Síndrome de Burnout
37
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/professional-burnout-syndrome-exhausted-female-
manager-1400399618. Acesso em: 5 nov. 2020.
Por isso mesmo, as emoções e afetos no trabalho têm gerado interesse cada vez maior
por parte dos estudiosos, provocando uma reavaliação das relações de antagonismo
entre razão vs. emoção e cognição vs. emoção.
Bastos et al. (2013) afirma que os projetos de pesquisa deverão voltar-se para
compreender o papel das pessoas – nos diferentes papéis que podem desempenhar
– como construtoras de organizações e como tal construção retroage sobre o próprio
trabalhador, afetando a sua identidade, os seus modos de vida e de existência e a sua
saúde psicológica, em particular.
38
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
Uma visão biopsicossocial e sistêmica das relações dentro das organizações deve ser
um dos focos da Psicologia Organizacional e do Trabalho. O diferencial é a realização
de diagnósticos, definição de ações e implantação de projetos que sejam voltados
para a preservação e desenvolvimento das pessoas durante o trabalho na empresa.
Há pessoas que, na maior parte das vezes, estão bem-humoradas, até mesmo em
situações adversas, mas, também, há aquelas que vivenciam as situações de modo
intenso e dramático, mesmo as corriqueiras.
Enfim, experimentamos todos os dias emoções diversificadas: ódio, amor, raiva, tristeza,
medo, ansiedade, inveja, culpa etc. Algumas estão relacionadas aos pensamentos e
imagens mentais, e outras, ao ambiente externo, tais como família, os grupos sociais
e o local de trabalho. (ZANELLI; BASTOS, 2004, p. 208).
39
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/advertising-poster-office-project-presentation-
organizational-1473458252. Acesso em: 5 nov. 2020.
Importante
O estudo do comportamento organizacional é uma ciência aplicada que se apoia na contribuição de diversas
outras disciplinas comportamentais. As áreas predominantes são a Psicologia, a Sociologia, a Psicologia Social, a
Antropologia e a Ciência Política.
3.3.1 Psicologia
40
Emoções no Trabalho • CAPÍTULO 3
3.3.2 Sociologia
Saiba mais
As contribuições da Sociologia são dinâmicas de grupo, trabalho em equipe, comunicação, poder, conflitos,
comportamentos intergrupais, teoria da organização formal, tecnologia organizacional, mudança organizacional e
cultura organizacional. As contribuições da Sociologia têm foco no “grupo e no sistema organizacional”.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/sociology-vector-illustration-flat-tiny-research-1291193695.
Acesso em: 5 nov. 2020.
A Psicologia Social é uma área dentro da Psicologia que combina conceitos desta
ciência e da Sociologia. A ênfase é a influência de um indivíduo sobre o outro. Um dos
temas mais investigados pela Psicologia Social é a mudança – como implementá-la e
como reduzir as barreiras de sua aceitação.
3.3.4 Antropologia
41
CAPÍTULO 3 • Emoções no Trabalho
Sintetizando
» Conhecemos as definições de motivação e a caracterização dos modelos de classificação das teorias motivacionais.
» Tratamos da importância da Psicologia e das demais ciências que desenvolvem a análise do trabalho.
42
SAÚDE MENTAL E TRABALHO
CAPÍTULO
4
Introdução
Objetivos
» Elucidar boas práticas de gestão que convergem com a saúde mental da equipe de
trabalho.
43
CAPÍTULO 4 • Saúde Mental e Trabalho
Atenção
A Piscologia do Trabalho inicialmente calcou seus alicerces na saúde mental dos trabalhadores, analisando a
loucura e a sanidade de grupos de trabalhadores e de sujeitos isolados. Porém, em momento subsequente, passou
a estudar a relação do indivíduo com seu próprio trabalho ou a relação dos modelos de gestão com os resultados
comportamentais e organizacionais esperados. Neste segundo momento, o foco das atenções estava nos fatores que
promovem a saúde ou o adoecimento oriundos do desempenho ou do ambiente fabril.
Deste modo, é importante que possamos compreender o que vem a ser a saúde mental
e quais são os modelos de promoção da saúde aplicados nos tempos atuais.
ï
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/mental-health-medical-treatment-vector-illustration-1496289878.
Acesso em: 30 out. 2020.
A saúde mental possui definições complexas e diversas, que vêm avançando ao longo
do tempo. Ou seja, pode-se dizer que o entendimento do que vem a ser a saúde mental
é historicamente influenciado por contextos sociopolíticos. Isso significa que não
apenas os campos de pesquisa sobre o tema sofreram alterações, mas, também, as
práticas médicas e o próprio entendimento de adoecimento mental mudaram com o
tempo e a evolução das civilizações e da maturidade das equipes multidisciplinares
para entender as práticas de promoção de bem-estar humano.
Sabe-se que o discurso da Medicina, por anos, se colocou como hegemônico nos
modelos de entendimento humano e de intervenção técnica na saúde mental. Esse
modelo de estudo das condições de saúde primavam a análise e o diagnóstico de
questões fisiológicas. Ou seja, o ser humano era estudado em sua biologia e anatomia,
exclusivamente, e a ciência tentava encontrar as mais diversas causas de adoecimento
e a cura para essas comorbidades.
44
Saúde Mental e Trabalho • CAPÍTULO 4
Saiba mais
Antes de entendermos, de fato, o que vem a ser saúde mental, é importante sabermos, ainda, o que vem a ser a saúde
em si:
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) (1946, p. 1), pode-se compreender “saúde” como “um estado
de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas na ausência de doença ou de enfermidade”.
Essa definição foi delineada em 1946 e, na época, apresentava um viés inovador e ambicioso, pois já incluía os
aspectos físicos, mentais e sociais da humanidade, ou seja, uma análise multifatorial do bem-estar. Porém, apesar do
grande avanço que propunha a delimitação conceitual da OMS, diversas críticas posteriores foram levantadas, uma
vez que o estado de “completo bem-estar” é impossível de ser atingido. Todo ser humano possui oscilações de humor,
variações entre a boa e a má alimentação, condições de estresse no cotidiano etc. Logo, não se pode assumir a saúde
como um estado fantasticamente ideal.
Surgiu, assim, um novo paradigma que coloca a saúde como uma produção social. Essa visão inovadora combina as
abordagens da medicina preventiva e da saúde integrativa. Deste modo, podemos dizer que para que possamos dizer
que um sujeito é saudável na atualidade, devemos considerar também sua dieta, educação, trabalho, moradia, renda
e acesso a serviços. Ou seja, um sujeito saudável apresenta-se em condição de vida e fisiológica equilibrada.
Nesse contexto, de cuidado com a saúde e com o bem-estar humano, surgem os estudos
sobre a saúde mental em diversas disciplinas, entre elas a Psicologia do Trabalho.
Porém, na maioria dos campos de estudo ainda prevalece o conceito psiquiátrico, o
qual a compreende a saúde mental como uma condição oposta à loucura.
45
CAPÍTULO 4 • Saúde Mental e Trabalho
Diante desta acepção, pessoas com transtornos mentais não podem ter qualquer
grau de saúde e estão todas no mesmo grau de disfunção, o que certamente sabemos
que não é verdade. Pois, muitas das pessoas que conhecemos possuem ou já foram
pacientes de doenças mentais leves e moderadas, como, por exemplo, a depressão, e,
ainda assim, possuem certo grau de saúde preservado e as funções cognitivas intactas.
Por isso, na década de 1960, o psiquiatra Franco Basaglia propôs uma reformulação
no conceito do bem-estar mental, mudando o foco da doença para a saúde incluindo
na discussão questões como a cidadania e a inclusão social. (GAINO et al., 2018). Os
autores ainda citam:
Nos tempos atuais, entende-se que a saúde mental possui íntima relação com a
prevenção, promoção e recuperação da saúde. Logo, as ciências e práticas que tratam
da saúde mental visam minimizar sofrimentos e danos decorrentes do adoecimento
psíquico, assim como buscam fazer com que o paciente seja capaz de ressignificar
sua vida e retomar espaços sociais. Ou seja, há um compromisso com a dignidade da
pessoa, além de um engajamento político (AMARANTE, 2007).
46
Saúde Mental e Trabalho • CAPÍTULO 4
Atenção
Organização Mundial
da Saúde
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-illustration/logo-world-health-organization-who-by-1658523400.
Acesso em: 30 out. 2020.
Atualmente, a OMS (WHO, 2003, p. 4) define saúde mental como “um estado de bem-estar no qual um indivíduo
percebe suas próprias habilidades, pode lidar com os estresses cotidianos, pode trabalhar produtivamente e é capaz
de contribuir para sua comunidade”.
Essa concepção também é base para o modelo teórico adotado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, o
qual possui uma concepção científica que serve como modelo para diversos outros países, mas que, na prática, é
corrompido por sistemas administrativos permeados pela fuga ao ideal do bem comum. Além disso, apesar de esse
sistema adotar esse conceito amplo de saúde, muitos dos profissionais que atuam nos centros de saúde não fizeram a
revisão dos seus modelos de atuação e, ainda, amparam-se no paradigma biomédico.
Assim como o conceito de saúde, o bem-estar mental não pode ser entendido como
algo intangível, tampouco deve ser usado como base para a indústria farmacêutica e
hospitalar angariar fundos indevidamente. Para que isso seja evitado, os profissionais
de saúde da modernidade entendem a saúde mental como algo mais próximo da
“normalidade” e, para aferir isso, foram criados instrumentos de parâmetros científicos.
47
CAPÍTULO 4 • Saúde Mental e Trabalho
Ao falar de saúde mental, convém citar que ela é promovida por diversas esferas da
vida do sujeito: família, amizades, grupos sociais, cultura. Logo, a literatura aposta o
trabalho como mais um dos campos essenciais para a formação da identidade humana
e para a promoção da saúde ou do adoecimento psíquico.
48
Saúde Mental e Trabalho • CAPÍTULO 4
Importante
O trabalho não é o único fator social de formação de identidade. A Psicologia Social dedica-se a estudar a relação
entre grupos e os impactos comportamentais que um indivíduo sofre de outros indivíduos. E a Psicologia da
Personalidade se aprofunda na estruturação da psique humana e na construção da autoimagem do indivíduo.
Entretanto, de uma forma ou de outra, a identidade pressupõe a realidade social em que o sujeito está submerso.
Esta contempla a estrutura familiar, a formação religiosa, o país de origem, os costumes, o processo educativo, as
condições econômicas e os padrões de consumo de um período determinado etc. Mas não se pode negar que no
contexto de trabalho as relações de poder, as trocas políticas, os conhecimentos e a produção colocam o trabalhador
em um coletivo que o formará como sujeito e também lhe mostrará quais são suas competências e contribuições
próprias.
49
CAPÍTULO 4 • Saúde Mental e Trabalho
Se pensarmos bem, a maior parte do tempo de vida gasto por um adulto produtivo
é dedicado ao trabalho e convivendo com colegas de profissão. A partir deste
entendimento já é possível refletir sobre a impor tância de as corporações se
preocuparem com a saúde mental de seus colaboradores e o bom ambiente de
trabalho, não apenas para que a produtividade seja amplificada, mas para que
questões humanas e éticas sejam a base da atuação profissional e empresarial.
50
Saúde Mental e Trabalho • CAPÍTULO 4
Importante
Note que, em essência, o trabalho é um excelente campo para a formação e para a manutenção da saúde mental.
Pois, embora os trabalhadores sejam obrigados a trabalhar mediante horários e dias determinados, ainda assim, se
pode afirmar que o trabalho é fonte de construção do sujeito e desenvolvimento de habilidades que geram emoções
positivas nas pessoas.
Entretanto, ambientes de trabalho que depreciam a imagem, são um risco à segurança ou desgastam em excesso
as condições físicas humanas, podem incorrer em sérios impactos na saúde mental. Pesquisas, inclusive, apontam
que o assédio (moral e sexual) e intimidação são questões comumente recorrentes no mercado de trabalho atual
e geram grandes perdas aos empregados e também às corporações, que sofrem com afastamentos, desmotivação,
judicializações etc.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/portrait-unhappy-young-business-man-worried-1727432584.
Acesso em: 30 out. 2020.
51
CAPÍTULO 4 • Saúde Mental e Trabalho
Saiba mais
Estudos na área da Psicologia do Trabalho afirmam que o modelo de organização do trabalho, a imposição de postura
de submissão a chefias autoritárias, o ruído na comunicação, o ritmo de trabalho acelerado e a exigência desleal são
fatores que podem afetar a saúde dos trabalhadores.
Além disso, podem ser elencados os seguintes fatores de risco para a saúde mental dos trabalhadores:
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/woman-hug-supportmaintain-afraid-nervous-
trembling-1717324258. Acesso em: 30 out. 2020.
Deste modo, corporações que se preocupam com suas equipes e primam por um
ambiente laboral saudável orientam os colaboradores a reconhecer sinais de depressão
de demais formas de doenças entre os colegas. Além disso, são colocados à disposição
de todos serviços de acolhimento e suporte para quem esteja precisando de ajuda.
52
Saúde Mental e Trabalho • CAPÍTULO 4
Sintetizando
» Conhecemos as definições de saúde e de saúde mental e debatemos as implicações que cada uma dessas
definições geram no campo de estudo e na aplicação prática da gestão responsável.
53
CAPÍTULO
A PSICODINÂMICA DO TRABALHO E A
CLÍNICA DO TRABALHO 5
Introdução
A partir de agora vamos nos aprofundar nas principais linhas teóricas da psicologia
do trabalho. Sabemos que a psicologia organizacional se diferencia por preocupar-se
majoritariamente com a produção e a motivação do trabalhador para a colaboração
com os objetivos institucionais, mas sendo as organizações compostas de seres
humanos, complexos, múltiplos e únicos forma-se a maior riqueza das instituições,
o capital humano, repleto da capacidade intelectual e de criação. Mas para que esse
capital humano seja otimizado e também aprimorado, é preciso dedicar dignidade e
cuidado com os sujeitos que operam diariamente no contexto de trabalho.
Essa visão de valorização de pessoal é um tanto quanto moderna e surgiu dos campos
fabris e das leis trabalhistas, uma vez que os trabalhadores estavam adoecendo e
as instituições perceberam que é preciso dedicar atenção ao potencial humano.
Entretanto, o olhar da Psicologia do Trabalho também emergiu frente a denúncias de
exploração e às custas de muitas doenças oriundas do trabalho em si, do ambiente no
qual os colaboradores atuam e da forma como a subjetividade ou a fisiologia humana
é pressionada pelo ritmo de trabalho.
Então, este capítulo dedica-se a tecer um desenvolvimento histórico das formas como
a saúde mental foi conceitual e intelectualmente concebida no campo do labor. Por
isso, partimos do entendimento dos achados e da forma como a psicopatologia estuda
o adoecer e migraremos para a abordagem da psicodinâmica do trabalho, a qual centra-
se no potencial de promoção da saúde de modo anterior ao adoecimento instalado.
Objetivos
54
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho • CAPÍTULO 5
» Elucidar como o trabalho pode ser tanto fonte de prazer como fonte de sofrimento
para o colaborador.
Atenção
Antes de tratar de qualquer forma de adoecimento, no caso o mental, é preciso que se compreenda o que vem a ser a
“normalidade”!
Entende-se como normal aquilo que é mediano, comum, vulgar, ou seja, o normal é uma forma de categorização com
base na frequência, na observação dos fenômenos naturais como eles estão postos majoritariamente. E, ao falarmos
da humanidade, a normalidade requer apreender a complexidade humana como algo inerente ao sujeito, mas há um
continuum entre os comportamentos que são considerados aceitáveis ou saudáveis.
Ou seja, no campo da Psicopatologia, a normalidade e a saúde estão intimamente ligadas. O normal trata-se
do espectro comportamental regular ou médio, enquanto a saúde refere-se às condições básicas para que essa
normalidade possa existir e não gere disfuncionalidades no indivíduo.
Devemos recordar que o trabalho é uma atividade que varia de acordo com o contexto
sócio-histórico, deste modo, o adoecimento relacionado ao trabalho também passou a
ser contextualizado, no meio acadêmico, conforme a sobreposição dos valores sociais
e dos modelos produtivos e tecnológicos de um tempo. Isso significa que as doenças
mentais atreladas ao trabalho na contemporaneidade não são equivalentes àquelas
registradas no século passado. Além disso, a relação fisiológica do ser humano com o
trabalho, ou seja, na atualidade, muitas doenças relacionadas ao sedentarismo estão
vinculadas ao trabalho por longos períodos na frente de computadores, enquanto no
55
CAPÍTULO 5 • A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho
Logo, nos anos 1980 os estudos sobre a interface do homem com trabalho ganharam
nova perspectiva com as pesquisas de Christophe Dejours (1992). Entretanto, o teórico,
seguiu a linha de análise da psicodinâmica do trabalho à psicopatologia do trabalho.
O estudioso, além do bem-estar, incluiu nas pesquisas a relação entre o trabalho e a
relação dinâmica com a subjetividade. Isso significa que as pesquisas deixaram de
olhar para os sintomas e passaram a questionar como o trabalho pode constituir o ser
humano em sua identidade e, ainda, na forma como cada um se expressa criativamente
no contexto social.
56
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho • CAPÍTULO 5
Saiba mais
Note que, deste modo, a psicodinâmica do trabalho migra da análise médica hegemônica
do que vem a ser a saúde e passa a considerar não apenas o impacto sócio-histórico
do meio social nas formas de trabalho postas. Mas, ainda, centra a análise no sujeito
e no respeito à sua complexidade.
57
CAPÍTULO 5 • A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho
Essa premissa não se esgota na análise da produtividade e dos resultados, mas requer
que o sujeito esteja engajado em seus conhecimentos únicos para a promoção de
uma nova realidade. A esse fenômeno dá-se o nome de “inteligência prática”.
58
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho • CAPÍTULO 5
Nesse caso, o trabalho passa a ser fonte de desestruturação e pouco a pouco vai
minando a saúde mental no sujeito, mas, teoricamente, o centro dos estudos são as
falhas humanas ou o sucesso dessas defesas que fazem o sujeito permanecer saudável
e normal. Isso não significa que o trabalho não possa ser estressante a ponto de
romper as defesas do sujeito, mas, no caso, o trabalho estruturado é fonte de saúde
constitutiva do ego.
De todo modo, convém que gestores e a alta administração das corporações, assim
como os centros de gestão de pessoas estejam cientes e abertos das necessidades
de promoção de saúde e bem-estar no trabalho e possuam canais de denúncias e
estratégias de ação frente a injustiças que possam acontecer nos ambientes produtivos.
59
CAPÍTULO 5 • A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho
Isso acontece, também, porque trabalhar significa, na maioria dos casos, lidar
com múltiplas personalidades e com a complexidade do outro. Logo, pode haver
discordâncias ideológicas entre os trabalhadores sobre as formas de ação ou sobre
os modelos mentais utilizados para enfrentar a realidade do trabalho.
Além disso, todos os seres humanos enfrentam, ainda, a frustração pelo mero desprazer
de não conseguirem alcançar a perfeição. Ou seja, o fato de sermos sujeitos passíveis
de falhas nos gera a sensação de perda ou de desconforto. Por isso, não se pode ser
simplório e culpabilizar o ser humano por não conseguir alcançar algum resultado
esperado, sem que se analisem, não apenas os recursos ambientais dele, como, também,
os recursos intelectivos e, ainda, a característica de termos defeitos e qualidades
mesmo nas grandes autoridades ou nos gênios.
Mas também há de se falar em prazer quando o próprio ser humano supera suas
dificuldades ou limitações. Pode-se afirmar, segundo Anjos (2010), que as condições
laborais que permitem o prazer são naturalmente edificantes. Por isso, também,
podemos citar que ações de capacitação e desenvolvimento e a oportunização justa e
adequada das promoções são fonte de prazer e reconhecimento no trabalho. Situações
produtivas que representem o inverso, como perseguições, ritmo extremamente
acelerado, enfrentamento de grandes pressões por longos períodos geram a sensação
da falência ou potencial falência. Deste modo, é preciso atenção aos modelos de
organização de trabalho que oferecem mais do que o sujeito pode oferecer, destituindo
a dignidade do trabalhador.
Figura 37. Prazer.
60
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho • CAPÍTULO 5
Saiba mais
5.2.1 Prazer
Para superar tal questão, ferramentas estão ao dispor de líderes, entre elas a comunicação
e a transparência, além de metodologias de análise do clima organizacional ou
ouvidorias internas que podem trabalhar com as denúncias dos excessos e das faltas
éticas cometidas no contexto produtivo. Outro método para superar o sofrimento é
a clínica do trabalho.
A clínica do trabalho é um modelo de intervenção que pode ter como base ideológica
não apenas a psicodinâmica do trabalho, mas, também, a Ergonomia da Atividade (a
61
CAPÍTULO 5 • A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho
ser discutida mais a fundo no próximo capítulo), entre outras perspectivas. Entretanto,
no Brasil, cita-se a psicodinâmica do trabalho como precurssora desta abordagem
no Brasil. Além disso, diz-se que esse modelo de clínica pauta-se no modelo da
pesquisa-ação.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/magnifying-glass-documents-analytics-data-lying-672069292.
Acesso em: 13 nov. 2020.
Saiba mais
Trata-se de uma forma de investigação que se ampara em técnicas de levantamento de informações que prima por
servir de base para a ação ou intervenção em si. Diferencia-se da pesquisa tradicional, uma vez que a própria coleta
de dados já pode ser considerada como uma variável interventiva, uma vez que altera o contexto.
Um exemplo de pesquisa-ação coloca-se quando o trabalhador recebe por e-mail o convite para participar de uma
pesquisa de clima organizacional. Nesse caso, imediatamente já lhe é gerada uma predisposição a entender que a
corporação está preocupada com o ambiente organizacional, deste modo, há uma tendência a elevar a satisfação e a
motivação da equipe de trabalho. Ou seja, a própria pesquisa já gerou uma mudança e, além disso, orienta o gestor à
melhor intervenção.
A c l í n i c a d o t ra b a l h o, p a u t a d a n a p s i c o d i n â m i c a , v i s a a n a l i s a r a s s i t u a ç õ e s
concretas de trabalho e os processos emocionais envolvidos, além de formular
avanços teóricos e metodológicos para a área do conhecimento. Nesse espaço,
os colaboradores são convidados a, em grupos, discutir as situações de prazer
e de sofrimento no trabalho. Logo, necessariamente, a percepção dos sujeitos
62
A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho • CAPÍTULO 5
e n vo l v i d o s n a p e s q u i s a é d e e x t re m a i m p o r t â n c i a , a l é m d o s f a t o s o b j e t i vo s,
uma vez que, no caso, trata-se do bem-estar dos sujeitos e de suas respectivas
subjetividades.
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/two-wireframe-glowing-hands-handshake-
technology-1479701399. Acesso em: 13 nov. 2020.
Nessas reuniões podem ser discutidos temas diversos, como os dados de pesquisas
objetivas de clima organizacional, a divisão do trabalho, a relação com a chefia,
o sentimento de realização e reconhecimento com o trabalho etc. Ou seja, é
estabelecido, pela própria corporação, um espaço sigiloso no qual os trabalhadores
ganham voz e propõem melhorias diversas. Essas falas podem ser filtradas e levadas
como sugestões de mudanças nos modelos de gestão ou nos fluxos de atividades à
alta direção, entre outras propostas de aprimoramento do contexto laboral. Nesse
caso, a equipe de gestão de pessoas que conduz o espaço de discussão deve adotar
uma postura crítica e receptiva para que os participantes se sintam confiantes para
serem sinceros e possam, de fato, trazer contribuições de relevância.
63
CAPÍTULO 5 • A Psicodinâmica do Trabalho e a Clínica do Trabalho
Sintetizando
» Que a psicopatologia centrava-se nos estudos sobre o adoecimento no trabaho, quando a psiconinâmica
pauta-se na pesquisa do que mantém a saúde mental dos trabalhadores, ambas com vias à intervenção nos
modelos de trabalho vigentes.
» Que a clínica do trabalho é um modelo de pesquisa-ação centrada na escuta do trabalhador e como levantamento
de dados para a intervenção no contexto de trabalho.
64
A ERGONOMIA DA ATIVIDADE
CAPÍTULO
6
Introdução
Este capítulo final visa conectar todos os assuntos estudados até aqui com a disciplina
Ergonomia da Atividade, que serve de apoio para uma atuação no campo da Qualidade de
Vida no Trabalho (QVT ). O foco será compreender a ergonomia da atividade a partir do
diagnóstico do indivíduo (ou pequenos grupos) em situação de trabalho, mapeamento
de sintomas disfuncionais, assim como as recomendações para reequilíbrio satisfatório
da inter-relação individuo-contexto de trabalho.
Por fim, vamos tratar das aplicações nos processos produtivos visando a que cada
trabalhador atue num posto de trabalho compatível às suas atitudes físicas e mentais,
ao seu caráter, às suas preferências pessoais, aprimorar as condições para o seu
trabalho mitigando a fadiga, redução dos acidentes de trabalho, em síntese, organizar
todas as condições materiais da atividade em torno do indivíduo.
Objetivos
65
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
Agir sobre o real, com base no conhecimento científico, afastando-se das práticas
de gestão que se caracterizam por soluções improvisadas e com pouca ou nenhuma
fundamentação teórico-metodológica é objetivo da Ergonomia da Atividade.
66
A Ergonomia da Atividade • CAPÍTULO 6
Saiba mais
A ergonomia pode ser aplicada em diversos setores produtivos, tais como, nas indústria,
buscando soluções corretivas de máquinas e equipamentos e adotando medidas de
prevenção para que as atividades laborais sejam mais seguras. No setor de serviços,
assim como na qualidade de vida das pessoas. Da mesma forma, sua aplicação é
observada na qualidade de produtos por meio de testes de segurança, desempenho
e durabilidade.
De acordo com Santos (2000), a ergonomia pode ser aplicada em diversos setores da
atividade produtiva. A sua maior aplicação ocorreu na agricultura, na mineração e
na indústria.
67
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
Saiba mais
Segundo Mascia e Sznelwar (1996), a ergonomia pode trazer contribuições na concepção de sistemas de produção,
tais como – sistemas industriais, de serviços e de produção agrícola, desde a fase inicial do projeto a questões como:
» Ambientes de trabalho;
» Organização de trabalho;
É importante destacar que o interesse das organizações acerca da QVT não deve ser
visto apenas como resultado das pressões dos trabalhadores, mas, também, como
decorrência da constatação de que formas de gerenciamento do trabalho mais
democráticas, aliadas a tarefas mais complexas, podem acarretar o aumento de
produtividade.
68
A Ergonomia da Atividade • CAPÍTULO 6
Variedade de habilidades » O cargo exercido deve exigir várias e diferentes habilidades e conhecimentos.
» Ressalta a importância do indivíduo sobre as tarefas; o trabalho deve ser realizado
Identidade da tarefa
do início ao fim, para que este perceba que produz um resultado palpável.
» A pessoa deve ter clara percepção de que forma o trabalho realizado produz
Significado da tarefa
consequências e impactos sobre o trabalho dos demais.
» Defende-se a responsabilidade pessoal para planejar e executar tarefas e a
independência para desempenhá-las. Um exemplo seria a prática de gerência por
Autonomia
objetivos, pois proporciona papel importante aos trabalhadores no estabelecimento
dos próprios objetivos e na busca de planos para consegui-los.
» Refere-se às informações; pode ser dividido em retroação do próprio trabalho, em
que os superiores devem proporcionar informação de retorno para que o próprio
Feedback indivíduo possa avaliar o desempenho dele, e retroação extrínseca, em que deve
haver retorno dos superiores hierárquicos ou cliente a respeito do desempenho da
tarefa.
Chiavenato (1999) descreve que, para Nadler e Lawler, a QVT está fundamentada em
quatro aspectos:
A observação desses aspectos considera o ser humano como parte integrante das
organizações, mostrando a evolução da importância delas.
69
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
› Jornada de trabalho.
› Autonomia.
› Significado da tarefa.
› Identidade da tarefa.
› Variedade de habilidades.
› Retroação e retroinformação.
› Possibilidade de carreira.
› Crescimento profissional.
› Segurança do emprego.
› Igualdade de oportunidades.
› Senso comunitário.
6. Garantias constitucionais:
› Privacidade pessoal.
› Liberdade de expressão.
70
A Ergonomia da Atividade • CAPÍTULO 6
› Imagem da empresa.
71
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
O m o d e l o m e t o d o l ó g i c o d a E r g o n o m i a d a At i v i d a d e a p l i c a d o n o s p r o c e s s o s
produtivos comporta um conjunto de etapas, passos e tarefas que visa ajudar
uma inter venção na QVT de modo mais planejado, sistemático e seguro. Aplica-
se o modelo metodológico em ergonomia da atividade a partir de uma pergunta
fundamental:
72
A Ergonomia da Atividade • CAPÍTULO 6
Fonte: https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/business-decision-making-doubt-about-options-1818814940.
Acesso em: 10 dez. 2020.
» definição do público-alvo;
» sensibilização do público-alvo;
» aplicação do IA_QVT;
» elaboração do relatório;
» validação;
» divulgação.
73
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
» elaboração do relatório;
» validação;
» divulgação.
» divulgação da política;
» formalização da política.
» divulgação da política;
» formalização da política.
74
A Ergonomia da Atividade • CAPÍTULO 6
I – Diagnóstico de
QVT
II – Formulação
das Políticas de
QVT
III – Formulação
do Programa de
QVT
Saiba mais
A qualidade de vida no trabalho é uma missão institucional e uma tarefa de todos, segundo Ferreira (2017, p. 273):
75
CAPÍTULO 6 • A Ergonomia da Atividade
Sintetizando
» Que a ergonomia pode ser aplicada em diversos setores produtivos, tais como, na indústria, buscando soluções
corretivas de máquinas e equipamentos e adotando medidas de prevenção para que as atividades laborais sejam
mais seguro.
» Que a qualidade de vida no trabalho é uma missão institucional e uma tarefa de todos.
» Que o modelo metodológico da Ergonomia da Atividade aplicado nos processos produtivos é uma proposta
que comporta um conjunto de etapas, passos e tarefas que visa ajudar uma intervenção na QVT de modo mais
planejado, sistemático e seguro.
76
Referências
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Brasília. 2010.
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