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Brasília-DF.
Elaboração
Rejane Miranda
Lucineide Cruz
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS......................................................... 9
CAPÍTULO 1
O SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS......................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
EVOLUÇÃO DA ABORDAGEM TRADICIONAL (RH) PARA A ABORDAGEM DE GESTÃO
DE PESSOAS............................................................................................................................ 13
CAPÍTULO 3
CARACTERIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS ELEMENTOS DO SISTEMA DE RECURSOS HUMANOS EM SUA
ABORDAGEM TRADICIONAL: INPUTS (INTERNOS E EXTERNOS), PROCESSOS E OUTPUTS............. 17
CAPÍTULO 4
A VISÃO ESTRATÉGICA DE RH................................................................................................... 22
UNIDADE II
AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO....................................................................................... 34
CAPÍTULO 1
A EVOLUÇÃO DAS GERAÇÕES NOS ÚLTIMOS ANOS................................................................ 34
CAPÍTULO 2
A DINÂMICA DO MERCADO DE TRABALHO.............................................................................. 46
UNIDADE III
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL............................................................................................ 58
CAPÍTULO 1
CULTURA ORGANIZACIONAL................................................................................................... 58
CAPÍTULO 2
MUDANÇA ORGANIZACIONAL................................................................................................ 73
UNIDADE IV
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS.................................................... 94
CAPÍTULO 1
O CONTEXTO DA COMPETITIVIDADE........................................................................................ 94
CAPÍTULO 2
COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS.................................................................................................. 104
UNIDADE V
GESTÃO DO CONHECIMENTO............................................................................................................ 118
CAPÍTULO 1
O CAPITAL INTELECTUAL COMO VANTAGEM COMPETITIVA..................................................... 120
CAPÍTULO 2
O PROCESSO DA GESTÃO DO CONHECIMENTO................................................................... 126
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 135
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Neste Caderno, iremos conhecer mais acerca dos Recursos Humanos, uma vez que
tem sido o RH a assumir um papel de protagonismo na gestão organizacional. Para além
de realização de rotinas comumente conhecidas como admissão e demissão de pessoal,
pagamento de salários e benefícios, recrutamento e seleção, novos papéis e
responsabilidades começam a ser considerados essenciais aos profissionais desta área.
A questão de como criar valor às organizações e de como fazer para que a empresa
cresça sempre foi pauta nas discussões organizacionais. Neste contexto, a gestão de
pessoas tem ganhado mais espaço no intuito de responder a esses desafios, assumindo
um papel mais estratégico e orientado para os resultados.
Como disse Alvin Toffler (1970), estamos agora vivendo numa “sociedade baseada
no conhecimento”, onde o conhecimento é a fonte do poder da mais alta qualidade.
Em um mundo em que mercados, produtos, tecnologias, concorrentes, regulamentos
e até mesmo sociedades mudam rapidamente, a inovação e o conhecimento que
possibilitam essa inovação tornaram-se importantes fontes de vantagem competitiva
sustentável. Portanto, os estudiosos da administração consideram hoje o conhecimento
e a capacidade de criar e utilizar o conhecimento como a fonte mais importante da
vantagem competitiva sustentável de uma empresa.
Avaliar os resultados por meio da gestão de pessoas passou a ser um tema relevante,
pois as organizações, para adequarem-se ao novo contexto social, tiveram de investir
na capacitação do seu pessoal dado o retorno que esta traz às empresas, como, por
exemplo, o aumento da produtividade.
Objetivos
»» Conhecer a abordagem sistêmica e estratégica de Recursos Humanos.
CAPÍTULO 1
O Sistema de Recursos Humanos
Para compreender Recursos Humanos nas organizações como sistema, faz-se necessário
compreender os fundamentos e teorias da Administração no contexto social e sua
evolução. A ciência da administração surgiu no início do século XX, e desde então se
apresenta em constante evolução. Essas mudanças decorrem de fatores tecnológicos e
sociopolíticos, entre outros, que têm passado por grandes evoluções e, consequentemente,
vêm impactando na forma de pensar e de administrar as organizações.
A Administração como ciência surgiu com a Revolução industrial e tem passado por um
processo evolutivo que pode ser distinguido em três eras (CHIAVENATO, 2012):
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
Era da Informação: inicializada na década de 1990 até os dias atuais, presencia fortes
mudanças na tecnologia da informação, impactando na forma de se comunicar, o
que levou a diversas mudanças no mundo das organizações. O nível de complexidade
tornou-se maior do que já existia na era anterior, causando imprevistos e muita
turbulência. Isso fez com que as organizações respondessem de forma mais rápida ao
contexto social. A maior agilidade nas organizações provocou mudanças estruturais,
como o desenho orgânico e horizontal para que houvesse maior flexibilidade e melhor
comunicação e interação interna e externa, conseguindo, assim, melhorar a adaptação
às mudanças da sociedade.
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
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CAPÍTULO 2
Evolução da abordagem tradicional
(RH) para a abordagem de Gestão
de Pessoas
Na era da industrialização neoclássica (1950 – 1990), a teoria clássica foi sucedida pela
teoria neoclássica, o modelo burocrático foi redimensionado pela teoria estruturalista,
bem como a teoria das relações humanas pela teoria comportamental. As abordagens
sistêmica e contingencial passam a serem vivenciadas nas organizações.
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
Na era da informação (1990 – dias atuais), segundo Ribas e Salim (2016), tanto a
eficácia como a sustentabilidade da gestão passaram a ser dependentes da criatividade,
do empreendedorismo e da participação dos vários atores que, de alguma forma,
colaboram com a organização, ou seja, os stakeholders.
Este era também conhecido como um modelo competitivo em que o foco está na gestão
por competências. Fez com que aumentassem os vínculos entre os desempenhos das
pessoas e os resultados da empresa. Segundo Fischer (2002), isso tem intensificado a
descentralização da área de recursos humanos, que passa a assessorar cada vez mais as
outras áreas da empresa na atração e na retenção de pessoas. Isso tem mostrado que
o está na gestão por competências é a construção de modelos de gestão de pessoas de
forma mais orgânica e flexível.
Até 1930 »» Grandes imigrações no Brasil. »» Não existem políticas de Gestão de Pessoas e a área
restringe-se ao Departamento de Pessoal, encarregado do
»» Cultura sindical. registro dos trabalhadores.
»» Nível elevado de cultura e politização.
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
»» Revolução de 1930.
»» Interferência do Estado nas relações capital-trabalho. »» Início oficial da Administração de RH.
1930 a 1950
»» Criação da CLT. »» Seção de Pessoal ligada à interpretação da lei.
(Getúlio Vargas)
»» Nova Constituição. »» Burocrática, cartorial, paternalista e punitiva.
»» Proibição de greves e opressão da classe operária.
»» Revolução de 1964.
»» Situações trabalhistas mais complexas. »» Importação de tecnologia.
1950 a 1964
(JK) »» Desenvolvimento do parque industrial. »» Importação e adaptação do Departamento de Relações
Industriais.
»» Economia industrial (siderúrgica, automobilística,
petrolífera e química).
»» Dissolução do movimento trabalhista.
»» Controle político e econômico da classe
»» Trabalhador mais qualificado.
trabalhista.
1964 a 1978 »» Criação do Departamento de RH.
»» Surto de crescimento econômico.
(Regime Militar) »» RH alia-se ao patrão.
»» Modernização das empresas.
»» Controle salarial.
»» Indústrias estrangeiras.
»» Profissionalização do trabalhador.
»» Surgem CUT e CGT.
»» Exigência de perfil de profissional de RH.
»» Governo e empresários dão atenção ao
1978 a 1990 trabalhador. »» Surgem graduação e pós-graduação em RH.
(Regime Militar –
Tancredo Neves) »» Trabalhador presente na vida política e »» Demanda por gerentes.
econômica.
»» Melhor remuneração e renda.
»» Empregados tornam-se recursos diferenciados.
»» Recessão e desemprego.
»» Redução de salários.
»» Permanece ou perdura a Administração de RH.
»» Falências.
1990 até »» Estimula-se relação de confiança e lealdade com os
»» Reengenharia e Downsizing.
os dias atuais colaboradores.
»» Terceirização.
»» Mudança da nomenclatura de RH para gestão de pessoas.
»» Processos tecnológicos.
»» Globalização.
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CAPÍTULO 3
Caracterização dos principais
elementos do Sistema de Recursos
Humanos em sua abordagem
tradicional: inputs (internos e externos),
processos e outputs
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
Inputs
Procedimentos
Outputs
Os subsistemas ou políticas
de Recursos Humanos
O sistema de Recursos Humanos é constituído por um conjunto de subsistemas que
são conhecidos como: agregar, aplicar, recompensar, manter e monitorar pessoas.
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
São subsistemas intrinsecamente relacionados entre si, por isso um afeta diretamente
o outro. Por exemplo, o processo de agregar pessoas, cuja finalidade é recrutar e
selecionar pessoas para trabalhar na organização, se for mal feito, afetará os demais
subprocessos, neste caso, o subprocesso de desenvolver pessoas deverá ser mais intenso
para compensar uma seleção de pessoal não tão bem-sucedida.
Fonte: Chiavenato (2010).
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
1 Balanço social é um documento que as empresas publicam contendo informações referentes às suas intenções e compromissos.
A finalidade deste documento é garantir transparência das ações realizadas com o objetivo de garantir a responsabilidade social
corporativa (RIBAS; SALIM, 2016).
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
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CAPÍTULO 4
A visão estratégica de RH
A gestão estratégica é uma forma de gerir toda a organização com ações em todas as
áreas, tratando-se de procedimentos sistemáticos e contínuos visando avaliar a situação
presente, elaborar planos e programas (planejamento estratégico) de mudanças ou
adequações das estratégias, acompanhar e gerenciar a implementação e feedbacks
necessários para futuras correções. É o que se conhece como o alinhamento entre a
estratégia de negócios e estratégias de gestão.
Esse alinhamento, no entanto, até pouco tempo era realizado somente com as áreas-fim
das organizações (produção, comercial etc.), por isso não levavam em consideração as
áreas-meio (administrativo, RH, TI etc.). Entretanto, a globalização mudou a forma
de demandar produtos e serviços, tornando o comércio mais competitivo e predatório.
Segundo Becker & Gerhart (1996), as empresas, para se adaptarem, passaram a reduzir
custos, obter maiores níveis de vendas, aumentar o número de clientes, aumentar o
percentual de mercado, melhorar a produtividade e a qualidade e colocar no mercado
produtos inovadores. As organizações perceberam que qualquer uma dessas ações
estava condicionada à gestão de recursos humanos, com isso seriam as pessoas que
iriam garantir todas essas adequações e marcar o ritmo da inovação, da mudança e da
adaptação (CANIA, 2014).
Assim, a gestão estratégica de RH, segundo Boxall & Purcell (2003) passa a centrar-se
na identificação das demandas tanto das pessoas quanto da organização no curto,
médio e no longo prazo. Deverá obter um modelo de gestão de pessoas específico
para a organização, de modo que conduza a uma maior integração das necessidades
da empresa e das competências dos empregados, para promover um relacionamento
integrado entre empresa e trabalhadores. Para ser estratégica, a função RH tem que
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
Segundo Becker et al. (2001), o RH como parceiro estratégico é visto quando agrega
valor:
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
Não existe fórmula pronta para construir esse RH e não é muito efetivo repetir
experiências de sucesso de outras empresas. Cada organização e seu respectivo RH
é único. Mas o princípio para realizar mudanças e efetivar estratégias de RH é o
comprometimento de longo prazo das pessoas para com a organização e vice-versa.
RH como potencializador
O foco nesta visão está no aumento da eficiência por meio da eliminação de custos
desnecessários e na descoberta de novas formas de fazer as coisas. A nossa sociedade
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
Sobre essas novas tecnologias, Antunes et al. (2000) afirmam que deverão ser tão
empreendedoras que conduzam à reengenharia contínua dos processos de trabalho que
a área gerencia, de sorte que amplie a área de atuação do RH para que agregue valor
à organização, mas sem deixar de ter uma gestão humanizada. Isto significa que os
gestores de RH devam possuir tanto competências estratégicas quanto operacionais, ou
seja, o foco deverá ser a gestão de processos e a gestão de pessoas.
Uma maior a eficiência junto aos processos de trabalho se refere ao apoio de ferramentas ou
metodologias calcadas na tecnologia, como é o caso da utilização de People Analytics e
Big Data2, dados e estatísticas que gerem informações para aumentar a capacidade de
decisão no menor tempo possível. Outros exemplos são os processos de recrutamento
e seleção realizados por vídeos, ou no processo de desenvolver pessoas os MOOCs
(Massive Open Online Courses), que são treinamentos ou cursos online tornando o
ensino dinâmico e atingindo um número maior de profissionais.
A área de RH precisa pensar de forma proativa no que deve ser mudado e como será
mudado, ou seja, quais elementos devem ser vistos como agentes de futuras ações da
gestão de Recursos Humanos.
Segundo Pillai e Williams (2004), gerenciar estas mudanças faz com que a área de
Recursos Humanos aja no sentido de uma liderança transformacional, buscando
comprometimento e alto desempenho dos colaboradores, previsão de recursos e
desenvolvimento de apoio interno e externo da área para a execução de ações proativas.
2 People Analytics e Big Data se referem à coleta, organização e análise de dados referentes ao comportamento dos funcionários,
coletando dados de diversas fontes (redes sociais, metadata – dados sobre dados, tendências de compras e de vendas, por
exemplo) que auxiliem na identificação de fatores que levem à compreensão de um problema em questão. Problemas como
baixa produtividade, fraude, baixo engajamento dos colaboradores, turnover, entre outros, são gargalos que a empresa deseja
solucionar ou que atuem na prevenção desses fatores. Atualmente a quantidade de dados armazenados na internet cruzados
com os dados produzidos internamente podem gerar indicadores consistentes e seguros para os gestores de RH.
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
Uma outra atividade muito importante é fazer a identificar o gap entre as competências
existentes na organização e as que ela efetivamente precisa para o alcance dos seus
objetivos estratégicos de médio e longo prazos.
À luz de Barney (1991), os recursos que são raros, valiosos, inimitáveis e não substituíveis
podem fornecer fontes de vantagens competitivas sustentáveis para a empresa. A partir
deste conceito, a RBV tornou-se a teoria mais usada na GERH para realização de
pesquisas empíricas e desenvolvimento de novas teorias.
Wright e McMahan (1992) apresentaram a RBV (Recursos Baseado em Valor) como uma
perspectiva para justificar como os recursos humanos de uma empresa poderiam fornecer
uma fonte potencial de vantagem competitiva sustentável. Quase simultaneamente,
Cappelli e Singh (1992), dentro da literatura sobre relações industriais, forneceram um
exame das implicações da RBV em GERH. Eles notaram que a maioria dos modelos de
GERH são baseados em ajustes que assumem que (1) uma determinada estratégia de
negócios exige um conjunto exclusivo de comportamentos e atitudes dos funcionários
e (2) certas políticas de recursos humanos produzem um conjunto exclusivo de
respostas dos funcionários. Eles argumentaram ainda que muitos gestores assumiram
implicitamente que é mais fácil rearranjar ativos/recursos complementares, dada a
3 A RBV enfatiza o papel de recursos estratégicos para a organização; postula que recursos têm valor quando permitem que a
empresa planeje, decrete e anuncie as estratégias que melhor contribuam para a eficiência e eficácia, que melhor explorem as
oportunidades de negócios e que neutralizem as possíveis ameaças (BARNEY, 1991; ULRICH, 1998).
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
pessoas que trabalham na organização e a organização) para criar uma força de trabalho
talentosa e comprometida. É a realização bem-sucedida dessa tarefa que resulta em
uma vantagem de capital humano.
Mais recentemente, Lepak e Snell (1999) apresentaram uma abordagem para GERH
baseada, pelo menos em parte, na RBV. Eles propuseram que, dentro das organizações,
existe considerável variabilidade no que diz respeito tanto à singularidade quanto ao
valor das habilidades. Justapondo essas duas dimensões, eles construíram uma matriz
2x2 descrevendo diferentes combinações com seus correspondentes relacionamentos
de emprego e sistemas de RH. A principal implicação desse modelo foi que alguns
grupos de funcionários são mais instrumentais para a vantagem competitiva do que
outros. Como consequência, eles provavelmente serão gerenciados diferentemente.
A partir da figura acima primeiro tem-se o capital humano, que se refere ao conjunto
de conhecimentos e habilidades dos funcionários de uma empresa em um determinado
período. Para a gestão estratégica de RH faz-se necessário o desenvolvimento de um
capital humano que tenha níveis mais altos de habilidades (gerais e/ou específicos
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
As implicações desse modelo proposto na figura 7 são que, embora uma empresa possa
alcançar uma posição superior em qualquer uma das três, a vantagem competitiva
sustentável exige posições superiores nas três.
Isso é por causa de três razões. Primeiro, o valor que habilidades e comportamentos podem
gerar exige que eles sejam pareados, isto é, sem habilidades, certos comportamentos
não podem ser exibidos, e o valor das habilidades só pode ser realizado por meio do
comportamento exibido. Em segundo lugar, é difícil conceber o capital humano de
uma empresa contendo os mais altos níveis de habilidades e exibindo comportamentos
ótimos na ausência de um sistema alinhado de gestão de pessoas. Finalmente, os efeitos
dos sistemas de gestão de pessoas estão sujeitos a deseconomias de compressão de
tempo. Embora esses sistemas possam ser imitados imediatamente, um intervalo
de tempo significativo ocorrerá antes que o impacto seja percebido, tornando assim caro
ou difícil para os concorrentes imitarem o valor gerado pelo conjunto de capital humano.
Em resumo, a RBV provou ser parte integrante da teoria que envolve a Gestão
Estratégica de Recursos Humanos. O breve relato acima demonstra como a pesquisa
baseada em RBV/GERH evoluiu. Essa evolução começou quando os pesquisadores de
RH reconheceram que a RBV forneceu uma explicação convincente sobre o motivo
pelo qual as práticas de RH levam à vantagem competitiva. O efeito líquido foi uma
compreensão mais profunda da interação entre a gestão de recursos humanos e a
vantagem competitiva. O modelo descrito na figura 7 demonstra que a vantagem
competitiva sustentada não é apenas uma função de componentes isolados, mas uma
combinação de elementos do capital humano, com o desenvolvimento de habilidades,
comportamentos estrategicamente relevantes e sistemas de apoio às pessoas. Embora
ainda haja muito espaço para o progresso, é justo dizer que a aplicação teórica da RBV
foi bem-sucedida em estimular uma quantidade substancial de atividade na área de
GERH. Apresentando uma visão conceitual sobre o tema, a seguir serão abordadas
pesquisas empíricas sobre o tema.
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
abaixo foram escolhidos porque tentam construir uma teoria baseada em recursos ou
porque tendem a ser citados com mais frequência na literatura da GERH e, pelo menos,
dependem de forma tangencial da lógica baseada em recursos.
Em uma aplicação inicial, Huselid (1995) argumentou em nível mais amplo, que
as práticas de RH poderiam ajudar a criar uma fonte de vantagem competitiva,
particularmente se elas estivessem alinhadas com a estratégia competitiva da empresa.
Seu estudo revelou uma relação entre as práticas de RH (ou Sistemas de Trabalho de
Alto Desempenho), rotatividade de funcionários e taxa bruta de retorno sobre ativos.
Esse estudo recebeu uma considerável atenção porque demonstrou que as práticas de
RH poderiam ter um profundo impacto na contabilidade e nas medidas de desempenho
baseadas no mercado.
Koch e McGrath (1996) adotaram uma lógica semelhante em seus estudos sobre a
relação entre planejamento de RH, recrutamento, práticas de pessoal e produtividade
do trabalho. Argumentaram que uma força de trabalho altamente produtiva
provavelmente terá atributos que a tornem um ativo estratégico particularmente
valioso para a organização. Então sugeriram que as empresas que desenvolvem rotinas
eficazes para adquirir ativos humanos desenvolvam um estoque de talentos que não
podem ser facilmente imitados. Em uma amostra de UEN – Unidades Estratégicas de
negócios, descobriram que essas práticas de RH estavam relacionadas à produtividade
do trabalho dessas unidades estratégicas de negócios4 e que essa relação era mais forte
em organizações de capital intensivo, por exemplo siderurgia e mineração.
Divergindo do foco nas práticas de RH, Wright, McMahan e Smart (1995) estudaram
as equipes de basquete masculino da NCAA usando uma estrutura de RBV. Eles se
concentraram nas habilidades dos membros da equipe e na experiência do treinador, e
examinaram como a adequação entre as habilidades e a estratégia afetou o desempenho
da equipe. Descobriram que a relação entre certas habilidades e o desempenho da
equipe dependia da estratégia em que a equipe estava envolvida. Além disso, seus
4 UEN (Unidade Estratégica de Negócio) consiste na forma adotada por muitas empresas que dividem suas atividades em
unidades de negócios independentes, com resultados, estratégias e gestores distintos. Nestes casos, o planejamento estratégico é
dividido em duas formas de abordagem: estratégia corporativa e a estratégia da unidade organizacional. (FUSCO, 1997).
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UNIDADE I │ ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS
resultados indicaram que equipes cujos treinadores estavam usando uma estratégia
diferente de sua estratégia preferida tiveram desempenho menor do que as equipes nas
quais o treinador era capaz de usar sua estratégia preferida.
Para finalizar este item, é possível perceber que os estrategistas que adotam a RBV
apontam que a vantagem competitiva vem do alinhamento de habilidades com
sistemas organizacionais, estruturas e processos que alcançam capacidades no nível
organizacional (HAMEL; PRAHALAD, 1994). Com muita frequência, os pesquisadores
de RH agem como se o desempenho organizacional derivasse apenas das ações
(agregadas) dos indivíduos, mas o RVB sugere que os recursos estratégicos são mais
complexos que isso e mais interessantes. Empresas que são boas em desenvolvimento
de produtos e inovação, por exemplo, não têm simplesmente as pessoas mais criativas
que geram continuamente novas ideias. A capacidade de desenvolvimento de produtos
está incorporada nos sistemas e nos processos organizacionais. As pessoas executam
esses sistemas, mas não são independentes deles. Assim, enquanto as competências
essenciais são baseadas no conhecimento, elas não são exclusivamente humanas.
Eles são compostos de capital humano, capital social (ou seja, relações/trocas
internas/externas) e capital organizacional (ou seja, processos, tecnologias, bancos
de dados).
Isso não nega a importância do RH, pelo contrário, amplifica e amplia. O RVB fornece
uma base mais ampla para explorar o impacto do RH em recursos estratégicos.
Neste contexto, o RH não se limita aos seus efeitos diretos sobre as habilidades e o
comportamento dos funcionários. Seus efeitos são mais abrangentes na medida em
que ajudam a tecer essas habilidades e comportamentos dentro de todos os processos
organizacionais, sistemas e, por fim, competências.
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ABORDAGEM SISTÊMICA E ESTRATÉGICA DE RECURSOS HUMANOS │ UNIDADE I
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AS GERAÇÕES E O UNIDADE II
MERCADO DE TRABALHO
CAPÍTULO 1
A evolução das gerações nos
últimos anos
Segundo Arsenaut (2004), foi na década de 1950 na área da sociologia que pela
primeira vez foi apresentado o conceito de geração, no qual se define que uma geração
seja composta por um grupo de pessoas que compartilha, ao longo da vida, tradições
e que tiveram uma cultura em comum, compartilharam emoções e preferências de
forma semelhantes. Aproximadamente, a cada vinte anos surge uma nova geração e
são verificados os efeitos das transições entre elas (MALAFAIA, 2011).
Arsenaut (2004) afirma que uma geração é constituída de seis causas ou determinações:
5. Mentores que dão ímpeto e voz por seu trabalho, como Martin Luther
King.
34
AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
Portanto, uma geração forma uma persona a partir de fatores que incluem atitudes,
valores e crenças sobre a vida familiar, religião, papéis de gênero, estilos de vida,
fenômenos culturais, eventos econômicos, políticos e sociais de sorte que se cria um
grupo com padrões e comportamentos distintos.
O quadro abaixo mostra uma comparação de cinco diferentes ciclos dados a várias
gerações, bem como os diferentes esquemas cronológicos usados para designar pessoas
nascidas em determinado ano para uma geração, conforme definido pelas fontes
listadas na coluna um.
35
UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Como pode ser visto no quadro acima, várias gerações e denominações foram
estabelecidas, entretanto, a literatura tem caracterizado as seguintes gerações como
mais marcantes: Veteranos, Baby Boomers, Geração X, Geração Y e Geração Z.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
A partir dos coortes de Mota et al. (2002) e dos estudos sobre ciclos geracionais de Jiri
(2016) estabeleceram-se os seguintes eventos nas gerações:
Economia cafeeira.
Veteranos Primeira Guerra Mundial. Política centralizada opressão à oposição.
1922 – 1943 Depressão. Recessão financeira.
Acesso limitado à educação.
Redução do excesso de nacionalismo.
Segunda Guerra Mundial.
Baby Boomers Evolução cultural do país.
Guerra fria.
1944 – 1964 O plano de desenvolvimento do JK.
Assassinato de JFK.
Criação da CLT.
Queda do comunismo. Implantação do regime militar.
AIDS. O “milagre brasileiro”.
Geração X
Assassinato de John Lennon. A “década perdida”.
1965 – 1980
Guerra Irã – Iraque. Crise da dívida externa.
Protesto na praça celestial da República popular da China. Fim da ditadura militar.
Surgem os primeiros navegadores, tais como o Internet, Retorno dos governos democráticos.
Explorer e Opera. Inflação e Planos econômicos.
Crescimento da Internet. Movimento “Diretas Já”.
Popularização do Microsoft Windows. “Caras Pintadas”.
Geração Y
Clonagem da ovelha Dolly. Renúncia do Presidente Collor.
1981 – 2000
Começo do Projeto Genoma Humano. Privatizações.
Telefonia celular. Implantação de programas sociais.
Fim do apartheid na África do Sul. Constituição de 1988.
Queda do muro de Berlim. MERCOSUL.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Nasceram antes da Segunda Grande Guerra fazendo com que suas primeiras lembranças
sejam sobre este evento. Os que estão trabalhando têm em média 64 a 70 anos, sendo,
portanto, os profissionais mais experientes nas organizações.
Tendem a acreditar que trabalho árduo, dedicação, sacrifício, respeito pela autoridade,
lealdade e adesão às regras são o que lhes permitiu ter sucesso no local de trabalho.
(ZEMKE et al., 2000). Esses veteranos e tipicamente tradicionalistas ocupam os
pontos mais altos das hierarquias organizacionais, embora estejam na fase de pensar
na aposentadoria.
38
AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
Os mais velhos deixarão o mundo do trabalho para tratar da aposentadoria, o que lhes
permitirá, entre outras atividades, cuidar dos filhos (já adultos) e netos, assim como de
seus pais.
A Geração X (ou Gen Xers)se refere a indivíduos nascidos entre 1965 e 1980.
Menos afortunados que os anteriores, nasceram e evoluíram num mundo mais incerto,
muito menos estável economicamente e socialmente em mudança (aumento significativo
no número de divórcios, epidemias de AIDS, mães no trabalho). A época também é
caracterizada por uma grande precariedade em termos de empregos. Àqueles sem
qualificação há uma concorrência sem precedentes. Os que têm alto nível de qualificação
(é comum possuírem mais de um diploma), enfrentam um mercado de trabalho em
declínio , tornam-se superqualificados, mas em geral possuem subempregos. São muitas
as frustrações e ansiedades diante de um futuro incerto. Geralmente são pragmáticos,
autoconfiantes, informais, criativos, interessados em equilíbrio e pensam globalmente
(ZEMKE et al., 2000).
Em seguida, vem a geração Milenar também conhecida como a geração Y, que abrange
as pessoas nascidas entre 1981 e 2000. Apreciam atividades em grupo (interpretadas
como a rejeição do individualismo adulto) e ainda se sentem próximos de seus pais, cujos
valores eles compartilham – e às vezes são chamados de “pais de helicóptero”, porque
sempre estão atentos ao comportamento de seus filhos, tornando-os ultraprotetores.
Os mais novos têm perfil de estudantes em que seus recursos vêm quase exclusivamente
dos pais e poucos exercem atividades remuneradas para se sustentarem. Passam mais
tempo trabalhando em casa e assistem menos à televisão, mas são fascinados pelas
novas tecnologias. Eles são racial e etnicamente mais diversificados.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
A Geração Z introduz os jovens que podem fazer várias coisas ao mesmo tempo com
tecnologias diferentes e sofisticadas (FERINCZ, 2010). Valorizam a liberdade de fazer
escolhas com base em seus próprios critérios. São muito críticos em relação aos outros
e às organizações, esperam que os outros e as instituições possuam integridade sem
falhas e aspiram à diversão no trabalho da mesma forma como o fazem na escola.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
claro, carregado pela rede em que nasceram, em que a informação está disponível
imediatamente e sem impedimentos, e as “novas” tecnologias de que eles gostam muito,
que se apropriam quase instantaneamente. Eles costumam mudar de emprego porque
querem sempre algo novo.
Os anos de nascimento são apenas um fator a ser considerado na distinção entre gerações.
Entretanto, a maioria dos especialistas argumenta que as gerações são moldadas muito
mais pela história do que por datas cronológicas. As mensagens que cada uma dessas
gerações recebeu em seus anos de formação afetam seus papéis no local de trabalho e
influenciam sua ética de trabalho (ABREU, 2016).
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Quadro 7. Pessoal, estilo de vida e características do local de trabalho por geração.
Veteranos Baby Boomers Geração X Geração Y
Características
1922-1943 1944 – 1964 1965 – 1980 1981 – 2000
Valores essenciais Respeito a autoridade e disciplina. Otimismo e envolvimento. Ceticismo, diversão einformalidade. Realismo, confiança, diversão ao extremo
e sociabilidade.
Família Tradicional. Desintegrando-se. Crianças com pouca supervisão dos pais Novas formas de famílias: pais divorciados,
(pai e mãe trabalham fora de casa). mães solteiras, pais solteiros.
Educação Um sonho. Um direito do primogênito. Uma maneira de chegar lá. Uma despesa incrível.
Lidando com dinheiro Guarde, pague em dinheiro. Compre agora, pague depois. Cauteloso, conservador. Ganhe para gastar.
Ética e valores do trabalho Trabalho duro, respeito à autoridade, Workaholics, trabalho de forma eficiente, Resolução de tarefas, autossuficiência, Qual é o próximo passo, multitarefa,
sacrifício, dever antes de diversão e realização pessoal e qualidade de desejo. atitudes estruturadas e direcionadas e tenacidade, empreendedorismo, tolerância,
adesão às regras. ceticismo. meta orientada.
Trabalho é … Uma obrigação. Uma emocionante aventura. Um desafio difícil, um contrato. Um meio para um fim, realização.
UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
A geração Z, por ser uma geração ainda em evolução, não possui características
extremamente definidas, mas tendências de comportamentos como foram apresentadas
no item 2.1.1.
Sobre isso, Peterson (2015) afirma que as palavras diversidade e inclusão existem há
muito tempo. A maioria das organizações que desejam uma força de trabalho feliz e
produtiva, viabilidade financeira, competitividade e sustentabilidade organizacional,
percebeu a importância da diversidade entre os funcionários e que uma cultura inclusiva
é a melhor maneira de aproveitar as vantagens que a diversidade pode trazer.
Com base nos valores que cada uma dessas gerações possuem, é inevitável que, quando
profissionais de diferentes gerações se reúnem no local de trabalho, haja potencial para
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
As regras para resolver um hiato de geração são: ser flexível com métodos de
comunicação, entender os funcionários, educar as massas e incentivar relacionamentos
positivos (SMITH, 2013). Outro exemplo seria nas atividades de Treinamento e
Desenvolvimento reconhecer a gama de formação sobre diversidade geracional de
várias formas – nas reuniões interativas de classe, on-line, nas experiências dos
funcionários. Outro ponto importante para os gestores de RH está em gerir e orientar
os líderes, para que saibam como liderar os grupos de várias gerações e também saibam
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
trabalhar as equipes para que aprendam a se comunicar com colegas e clientes, além
de ofertar cursos que promovam a aprendizagem ao longo da vida para todas as faixas
etárias e ealizar programas de tutoria que, juntamente com programas de educação,
garantam que as habilidades de trabalho sejam transferidas para todos os funcionários
interessados. É apropriado introduzir a orientação reversa, pois isso garante que os
jovens trabalhadores ajudem os trabalhadores mais velhos com o novo desenvolvimento
e as novas tecnologias (MURPHY, 2007).
Segundo Murphy (2007), existem vários benefícios a serem obtidos por toda a organização
quando a equipe multigeracional funciona bem em conjunto. Uma cultura de trabalho
positiva e inclusiva pode levar ao sucesso do negócio, aumentando o recrutamento,
retenção e lucratividade. Vantagens de se ter uma equipe com várias gerações:
3. As decisões são mais fortes porque são amplas com várias perspectivas.
Por fim, seja qual for o negócio, o importante é que os funcionários estejam satisfeitos.
A satisfação dos funcionários pode ser alcançada com diferentes instrumentos.
Esses instrumentos incluem, por exemplo, a política corporativa correta, a cultura
corporativa, a justiça e a não discriminação (SMITH, 2013).
45
CAPÍTULO 2
A dinâmica do Mercado de Trabalho
Mercado de Trabalho
Oferta Procura
Abundância de Escassez de
oportunidades de oportunidades de
emprego emprego
Ocorre quando há muitas vagas de empregos disponíveis no mercado. Isto faz com
que as empresas passem a competir por novos funcionários, o que aumenta os custos,
além de reduzir exigências ou de encarecer o salário de proponentes ao cargo que
tenham competências reconhecidas pelo Mercado. Nesta situação, também aumentam
os investimentos em treinamento, desenvolvimento e engajamento de pessoal.
O recrutamento interno é reforçado, pois o externo passa a ser muito caro e então deve
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
O que se observa é que, quando o Mercado de Trabalho está em oferta (mais empregos
no mercado), os trabalhadores têm a sua disposição vários empregos, podendo escolher
o que melhor se adequa às suas preferências e com os melhores salários. Nesta situação
de Mercado de Trabalho é comum se verificar muita mobilidade, pessoas saindo dos
seus atuais empregos e indo buscar novas oportunidades em outras organizações.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Situações extremas podem ser vistas na figura acima, por exemplo se o Mercado de
Trabalho apresentar uma grande oferta de empregos, o Mercado de Recursos Humanos,
por sua vez, apresentará pouca oferta de candidatos para a organização, pois eles estarão
sendo bem concorridos entre as empresas.
O fator humano sofre alterações com o decorrer do tempo, pois acompanha a evolução
das relações entre o Mercado de Trabalho e o Mercado de Recursos Humanos,
principalmente na relação entre perfil dos candidatos e vagas de emprego, pois não
basta ter oferta de empregos, estes empregos demandam perfis de candidatos que
podem não estar disponíveis no mercado.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
Para acompanhar tal evolução, alguns aspectos são considerados, sobretudo no que
se refere ao perfil dos candidatos e das vagas de emprego, a exemplo da variação da
renda, do nível de qualificação, dos meios de inserção no Mercado de Trabalho e das
preferências entre candidatos no que diz respeito à idade e ao sexo. Com isso, não basta
ter oferta de empregos e pessoas disponíveis para trabalhar, pois o que vai influenciar
na relação empresa e pessoas é a soma de um conjunto desses fatores.
Gondim (2002) mostra a estreita relação entre educação e trabalho, posto que
é a educação que qualifica os trabalhadores que podem vir a contribuir para o
desenvolvimento econômico. De sorte que, trabalhadores mais escolarizados estariam
mais aptos a lidarem com o sistema produtivo que ao decorrer da história moderna vem
se tornando mais complexo.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Essas mudanças têm reestruturado as organizações formais que passam a exigir perfis
profissionais mais compatíveis com essas mudanças. Este perfil, segundo Gondim
(2002) possui três pressupostos básicos:
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
Para Rotta (2018), outro fator se junta ao exposto acima: a atuação do mercado
financeiro nas relações entre as empresas. Isto tem levado às organizações à busca
das melhores estratégias para o alcance dos objetivos e para a satisfação de metas
desafiadoras, mostrando uma direção no sentido de transformar as relações internas
das organizações em organizações de mercado. Com isso aumenta-se a demanda por
novas formas de organizar o trabalho, impondo novos estilos de comportamento em
novas estruturas organizacionais, em que a dinamicidade é vista na flexibilização,
no incentivo à descentralização das decisões, no aumento do comprometimento
dos funcionários por meio do desenvolvimento de suas habilidades e na sua valorização
na organização.
Atualmente, cabe aos trabalhadores a busca por estratégias que permitam-lhes ser
empregáveis, pois as inovações tecnológicas tendem a simplificar ou até mesmo eliminar
o trabalho humano. Essas novas estratégias estão relacionadas ao aprimoramento das
qualificações já existentes no trabalhador, por meio de treinamentos, atualizações,
novas capacitações e da visualização das correlações entre as competências que possui
e aquelas relativas até mesmo ao conteúdo de outras profissões.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
No Brasil, há dois setores muito bem divididos: o formal e o informal, que levam à
seguinte situação: trabalhadores com carteira assinada (formal) e sem carteira
assinada (informal). Os brasileiros que não estão conseguindo se empregar nos setores
mais modernos, ou por não se atualizarem quanto as suas habilidades, por isso foram
demitidos, ou porque têm apresentado dificuldades na inserção ou reinserção no
mercado de trabalho. Isto tem levado a uma migração para o setor informal da economia
brasileira.
O texto a seguir foi retirado dos cadernos do IPEA e foi elaborado pela pesquisadora
Ana Amélia Camarano. É um texto muito interessante pois trata da empregabilidade
dos trabalhadores mais velhos no Brasil e complementará o conteúdo abordado.
Espera-se, também, que a vida mais longa aumente os retornos aos investimentos
em capital humano e incremente os anos passados na atividade econômica, pois esse
novo paradigma traz grandes desafios. A baixa fecundidade pode levar a uma força
de trabalho de melhor qualidade no futuro, porque, com uma família menor, os pais
podem investir mais na saúde, na cognição e na educação dos filhos, o que pode resultar
em adultos mais produtivos.
5 Técnica de planejamento e pesquisa da Diretoria de Estudos e Políticas Sociais (Disoc) do Ipea e professora da Fundação
Getúlio Vargas (FGV). Disponível em: <http://www.en.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/mercadodetrabalho/
bmt61_notas1.pdf>.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
permanência do trabalhador por mais tempo na atividade econômica. Entre elas, citam-
se os preconceitos por parte dos empregadores com relação ao trabalho das pessoas
mais velhas. Embora tenham mais experiência profissional que os mais jovens, têm
mais dificuldades de acompanhar as mudanças tecnológicas; as taxas de absenteísmo
no trabalho também são mais elevadas devido a morbidades, têm menos força física
etc. Além disso, os trabalhadores mais velhos são mais bem pagos e menos produtivos
que os mais jovens, o que pode constituir um fator de discriminação.
Outro desafio trazido pelo novo regime é a mudança no perfil epidemiológico dos
trabalhadores brasileiros. Essa questão pode ser observada pelo aumento da importância
das doenças do aparelho circulatório, problemas osteomusculares e neoplasias no
perfil de morbidade, o que afeta, em especial, os trabalhadores mais velhos. Como
consequência esses trabalhadores apresentam taxas mais elevadas de absenteísmo e
enfrentam preconceitos por parte dos empregadores. Outra consequência do processo
de envelhecimento e da mudança no perfil epidemiológico é o crescimento das
aposentadorias por invalidez.
O número de benefícios emitidos passou de 64,0 mil, em 1992, para 200,5 mil, em 2014,
segundo dados da base do Anuário Estatístico da Previdência Social (AEPS/Infologo),
disponibilizados pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Enquanto em 1982, 19,9% da força de trabalho brasileira tinha 45 anos ou mais de idade,
essa proporção alcançou 31,5%, em 2014. Espera-se uma continuação no crescimento
dessa proporção. A população masculina era mais envelhecida que a feminina,
dada a entrada desta última mais tarde no mercado de trabalho, mas o seu ritmo de
envelhecimento foi mais acentuado. Por exemplo, em 1982, 21,6% dos trabalhadores
masculinos tinham 45 anos ou mais de idade e, em 2014, 32,7%. Entre as mulheres,
as proporções comparáveis foram de 16,5% e 29,8%. Por outro lado, 32,2% da força
de trabalho brasileira era composta por mulheres, proporção que cresceu para 43,3%,
em 2014.
Tabela 1. Percentual da PEA (População Economicamente Ativa) com 45 anos ou mais, por setores de atividade e
sexo – 1982 e 2014.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
As condições de saúde dos trabalhadores brasileiros podem ser avaliadas por meio
das seguintes informações coletadas pelo suplemento da Pnad de 1998 e da Pesquisa
Nacional de Saúde (PNS) de 2013: i) autoavaliação do estado de saúde; e ii) morbidade
autorreferida.
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UNIDADE II │ AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO
Isso requer pensar conjuntamente nas ações em educação, trabalho, saúde, previdência
social, segurança e mobilidade urbana bem como no papel das empresas. No Brasil,
as legislações atuam, em geral, de forma independente umas das outras e sem a
participação das empresas. Estas poderiam ser incentivadas a implantar programas
de capacitação continuada, mudar as jornadas de trabalho, adaptar os ambientes de
trabalho com vistas a estimular a participação produtiva e continuada de trabalhadores
mais velhos, bem como investir na segurança do trabalho, entre outras medidas.
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AS GERAÇÕES E O MERCADO DE TRABALHO │ UNIDADE II
Embora se reconheça que os ganhos nos anos vividos sejam uma das maiores conquistas
sociais da segunda metade do século XX, reconhece-se ser necessário que estes ganhos
sejam acompanhados por melhores condições de vida e saúde de forma a manter a
capacidade funcional da população como um todo. A compreensão das interrelações
entre trabalho, envelhecimento populacional e condições de saúde relacionadas ao
exercício do trabalho no Brasil é de especial importância para que se possam adaptar
as exigências do trabalho à população que envelhece, por meio de ações por parte do
Estado, empresas e trabalhadores para que se evite o afastamento precoce da vida ativa.
57
CULTURA E MUDANÇA UNIDADE III
ORGANIZACIONAL
CAPÍTULO 1
Cultura organizacional
Segundo Miranda (2018), apesar de os estudos sobre cultura terem sido abordados
pela Antropologia e Sociologia desde o século XIX e pela Psicologia a partir do início
do século XX, foi a partir de 1970 que este tema se tornou centro de estudos nas
organizações. Estudos precursores sobre cultura organizacional podem ser vistos, por
exemplo, na pesquisa realizada em Hawthorne (1920 a 1930) por Elton Mayo, cuja
preocupação estava em relacionar produtividade e comportamento das pessoas; ou
Jaques (1951/2003), que, a partir da sua pesquisa longitudinal em uma metalúrgica
inglesa e fundamentado em princípios sociológicos, descreveu alguns elementos da
cultura que retratavam o contexto fabril, como hábitos, costumes, normas e valores,
relacionando esses elementos à estrutura organizacional e às suas práticas.
Entretanto, foi a partir da década de 1980 que estudos sobre cultura passaram a ser
mais frequentes. A razão desse interesse pode ter ocorrido por dois fenômenos: a
queda da produtividade norte-americana e o ganho de competitividade dos japoneses
(MIRANDA, 2018).
Para Alvesson (2002) a explicação para este entusiasmo não seria unicamente o milagre
japonês, mas outros fatores também teriam sido significativos:
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Schein (1992) retrata a cultura como existente em três níveis distintos: artefatos ou
práticas, valores manifestos e pressupostos básicos, que se organizam em um continuum
do muito visível ao muito tácito e invisível. No nível mais perceptível, a cultura deixa
claro o modo de agir do grupo, impactando-o emocionalmente. Aqui se encontram
todas as manifestações produzidas pelo grupo que podem ser observadas, tais como:
forma de vestuário, rituais, comemorações, linguagem e jargões; neste nível também
se encontram as práticas, os processos organizacionais e os comportamentos para a
execução desses processos. Aqui, também os artefatos e as práticas, deliberadamente
ou não, mostram significativas informações sobre os níveis mais baixos: os valores e os
pressupostos básicos (SCHEIN, 1985). A figura abaixo mostra a cultura em três níveis.
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CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
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As práticas, que também podem ser entendidas como convenções, costumes, hábitos,
tradições ou usos e que foram desenvolvidas pelo(s) fundador(es) ou por pessoas
significativas dentro da organização, incorporam os símbolos (palavras, gestos e ações
que têm sentido próprio dentro da organização), os heróis (pessoas com características
enaltecidas e capazes que servem de modelo para os demais membros do grupo) e os
rituais (atividades coletivas e socialmente imprescindíveis). Hofstede (2003) afirma
que, apesar de os valores delinearem a cultura organizacional, a forma como as práticas
são manifestadas é o que tipifica a cultura da organização, visto que são repassadas
para o grupo por meio da socialização.
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CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Uma análise inicial das formas de estudar a cultura apontou que ela pode ser vista
como uma propriedade das organizações – algo que a organização possui – ou como
algo que a organização é (SMIRCICH, 1983). Os tratamentos mais populares da
cultura descrevem-na apenas como outra variável que caracteriza a organização – na
verdade, como algo que a organização possui. Tratamentos acadêmicos da cultura,
no entanto, variam consideravelmente. Estudos que usam métodos quantitativos
geralmente tratam a cultura como uma variável que pode ser medida de maneira
semelhante a outras propriedades das organizações. Estudos que usam métodos
qualitativos, particularmente aqueles na tradição etnográfica, são mais propensos
a tratar culturas como algo que a organização é. Muitos desses estudos procuram
descrever, em detalhes ricos, as culturas e seus contextos sob o ponto de vista de
seus membros e desenvolver uma teoria fundamentada – isto é, teorias derivadas
de uma análise rigorosa de dados qualitativos gerados sistematicamente a partir de
observações, entrevistas e documentos relevantes. Tal teoria ajuda a explicar o que
foi observado no cenário e contribui para a teoria geral, abstraindo esses elementos e
relações da situação que parece ter o poder mais explicativo para um possível estudo
futuro em outros contextos.
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CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Por fim pode-se compreender, segundo Miranda Cruz (2018) que cultura organizacional
é um fenômeno coletivo, em que os pressupostos básicos são compartilhados, ou seja,
as crenças, os valores e os sistemas de valores são estabelecidos como a forma correta
de pensar e de agir e são manifestados por meio das suas práticas organizacionais.
A cultura organizacional pode ser reconhecida por meio de padrões específicos de
cada organização e, desta forma, pode ser comparada tanto com outras organizações
quanto com culturas nacionais. Os elementos que formam a cultura são divididos
em dois níveis: valores e práticas. Hofstede (2003) afirma que, apesar de os valores
delinearem a cultura organizacional, a forma como as práticas são manifestadas é que
tipifica a cultura da organização, uma vez que são repassadas para o grupo por meio
da socialização.
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Reforço positivo
Diagnóstico Intervenção
para estabilizar e
da situação para a alterar a
manter a nova
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Reforço positivo
Diagnóstico Intervenção
para estabilizar e
da situação para a alterar a
manter a nova
(pesquisa) situação (ação)
situação
Aplicar os
conhecimentos
das ciências
comportamentais
A abordagem que mais se destaca, porém, e que, nos dias atuais, funciona como
sinônimo de DO é a abordagem humanística, em que são as pessoas o seu núcleo de
ação. Nas palavras de Gomes (1988, p. 26) “mudam-se as pessoas (conhecimento,
atitudes e comportamento) e elas mudam, ou facilitam a mudança das demais variáveis
organizacionais”. Nesta, há equalização de poder dentro das organizações, dado que
o poder deixa de estar centrado no agente de mudança (ou autoridade hierárquica)
e passa a ser compartilhado com os que estão envolvidos no processo de mudança,
integrando as necessidades humanas às metas organizacionais e transformando as
organizações em sistemas de aprendizagem. Neste caso, o DO pode atuar em mais de
uma variável ao mesmo tempo, mas normalmente as variáveis que costumam estar
66
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
presentes são mudanças nas pessoas e na filosofia organizacional, para que a organização
passe a encarar a mudança como um processo natural, capaz de resolver seus próprios
problemas e de gerenciar suas próprias mudanças.
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
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CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Com o crescimento e amadurecimento da empresa, mais ou menos sua meia idade, faz
com que haja diversificação em suas atividades (escopo, estrutura, produtos, serviços
entre outros), o que leva ao aparecimento de subculturas provocando o declínio da
integração cultural que era soberana na fase inicial da empresa. A empresa passa por
uma “crise de identidade” em que valores, pressupostos básicos e questões-chaves
podem perder o sentido e a importância de outrora.
O estágio definido por Shein (2004) como o da maturidade é a fase em que o crescimento
se torna mais lento chegando até mesmo a estagnar-se. É neste ponto que as barreiras à
inovação são muito fortes e a cultura para a ser uma dificuldade para a mudança.
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
O quadro a seguir mostra o ciclo de vida das organizações em três estágios de crescimento
conforme estabelecido por Schein (2004): nascimento, meia vida e amadurecimento, e
em cada um desses estágios mostra-se a função da cultura e os mecanismos necessários
para a mudança na organização.
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CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Dado que as práticas de gestão podem alterar o ciclo de vida das organizações, faz-se
necessário conhecer estas práticas em cada estágio de desenvolvimento. Como pode ser
visto no quadro abaixo.
Quadro 10. Práticas de gestão e os estágios de desenvolvimento do ciclo de vida do modelo proposto
Criatividade e sistema
Aprendizagem. Regras do Jogo. Diversificada. Focada no operacional.
indutivo de aprendizagem.
Diversos.
Metas de desempenho.
Redes de contato. Perda de foco. Estabilização
Clientes. Vender para sobreviver. Integração. Respostasa
dos clientes.
Metas restritivas de serviço do cliente.
produção.
Interfuncional. Formal e estruturada. Comunicação formal e
Comunicação. Informal; direta.
Estruturas funcionais. excesso de informações.
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Moldagem da cultura da
Ação da cultura. Sobrevivência. Fragmentada. Institucionalizada.
empresa.
Consolidação da
Eficiência das Operações Organização. Dificuldade de Resolução de Problemas e
Ênfase da Gestão. Fazer e Vender.
Expansão de Mercado. gerir o processo e pensar Inovação.
no futuro.
Individual, Formalizado.
Inexistente; Crescimento Planejamento e controle.
Estilo de Gestão. Empreendedor e
desordenado. Transcende a figura do dono. Profissionalização.
Centralizador.
Saída dos donos; Redução de níveis e
Formada pelos donos; Hierarquizada. mais agilidade. Unidades
Estrutura Organizacional. Centralizada e Funcional. Descentralização.
informal. de negócios geridas por
Unidade de Negócio. resultado.
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CAPÍTULO 2
Mudança organizacional
A dificuldade na definição do que seja mudança organizacional está nos seus limites,
pois o que não é mudança em uma empresa? As organizações necessitam de adequação
às novas necessidades (que são contínuas), novos mercados, às práticas do mercado em
que atuam etc. Então, quando se pode afirmar que se começa ou se termina um processo
de mudança organizacional? Tudo o que as organizações fazem para adequarem-se às
demandas do mercado não são também mudanças? O fato é que as mudanças existem
e se tornarão mais imperativas neste milênio.
73
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Porras e Robertson (1992) utilizam dois critérios para definir mudança organizacional:
(1) a categoria (planejada ou não) e (2) a ordem (primeira ou segunda). Para os
autores, a mudança planejada é consequência das intervenções do Desenvolvimento
Organizacional (DO) que prioriza tanto melhorias no desempenho da organização
quanto no desempenho individual por meio de mudanças comportamentais do
trabalhador em relação ao trabalho que executa. Defendem que a essência da mudança
organizacional está na mudança do comportamento dos seus membros.
Segundo Robbins (1999), a mudança é uma ação intencional, proativa e direcionada para
o alcance das metas organizacionais e essa intencionalidade pode levar a organização a
aperfeiçoar a adaptação ao ambiente e alterar o comportamento dos seus colaboradores.
A definição de Bressan (2003) foi elaborada a partir dos principais conceitos sobre o
tema, por isso o autor define mudança organizacional da seguinte forma:
74
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Sobre essa diversidade, Soares Pinto e Couto de Souza (2009) apresentaram uma
síntese dos critérios utilizados para classificar os tipos de mudança.
75
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Quadro 12. Síntese dos critérios de classificação observados na literatura sobre a mudança.
À amplitude das dimensões Envolve uma grande variedade de dimensões internas e externas da organização.
organizacionais afetadas Micro
Acontece de modo local, interno à organização, envolvendo um conjunto restrito de dimensões.
Evolutiva ou incremental
Tende a ser composta por pequenas alterações que acontecem de modo sequencial, frequente, mas
À frequência de ocorrência que, a longo prazo, podem produzir grandes alterações em diferentes dimensões da organização.
Episódica ou intermitente
O processo é marcado por um início, meio e fim, geralmente em um curto espaço de tempo.
Normal ou marginal ou contínua
Tende a provocar pequenas alterações no conjunto global de dimensões da organização, com relação
À profundidade das alterações ao estado inicial.
provocadas na organização
Radical ou severa ou descontínua
Tende a provocar grandes alterações no conjunto global de dimensões da organização.
De natureza predominantemente técnica/econômica
Tende a afetar mais as dimensões estruturais, processuais, tecnológicas e econômicas do que as
relações humanas na organização.
Ao principal tipo de conteúdo afetado
De natureza predominantemente humana/social
Tende a afetar mais as relações humanas da organização do que as dimensões estruturais, processuais,
tecnológicas e econômicas.
Kurt Lewin, no ano de 1951, apresentou um modelo sobre mudança social que foi pioneiro
no processo de mudança organizacional. A premissa de Lewin foi observar que muitas
vezes as mudanças realizadas não duravam muito tempo. Havia uma tendência para
76
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
1. MOVIMENTO
2. DESCONGELAMENTO 3. RECONGELAMENTO
O maior erro cometido pelos gestores da mudança é não estabelecer um sentido de urgência entre
Permitir complacência excessiva os membros da organização. A dificuldade em fazer com que os indivíduos abandonem suas zonas de
conforto costuma ser subestimada.
Os altos executivos devem se comprometer com a mudança e montar um grupo de pessoas que tenha
Falhar na criação de uma coalizão
poder suficiente para liderar o processo trabalhando em equipe. Nos casos em que essa coalizão não é
administrativa forte
suficientemente forte, os progressos tendem a ser apenas aparentes e momentâneos.
Na ausência de uma visão apropriada o processo de transformação pode facilmente se dissolver em
Subestimar o poder da visão confusões, incompatibilidades e desperdício de tempo com projetos que seguem uma direção errada ou
corporativa nenhuma direção. A visão tem um papel fundamental no direcionamento e alinhamento dos esforços de
mudança.
Mesmo que as pessoas estejam insatisfeitas com a situação atual, não farão sacrifícios, a não ser que
Comunicar a visão de forma
acreditem que a mudança é realmente possível e que seus potenciais benefícios são atraentes. Se não
ineficiente
houver credibilidade e abundância na comunicação, os funcionários não se envolverão no processo.
As iniciativas de mudança costumam falhar, mesmo que os empregados estejam comprometidos com a
Permitir que obstáculos bloqueiem a
nova visão, quando as pessoas sentem que não têm poder para superar os grandes obstáculos em seu
nova visão
caminho.
Muitas pessoas não continuam se esforçando, a não ser que haja suficiente evidência, em seis ou oito
Falhar na criação de vitórias de curto
meses, de que estão sendo produzidos resultados esperados. Na ausência de visões de curto prazo,
prazo
muitos funcionários desistem ou desenvolvem forte resistência.
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UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Após alguns anos de trabalho duro, as pessoas ficam tentadas a declarar vitória do programa de mudança
na constatação do primeiro grande resultado de melhora. Enquanto as mudanças não forem consolidadas
Declarar vitória prematuramente
na cultura da organização, o que pode levar de três a 10 anos, os novos processos são frágeis e sujeitos
à regressão.
As mudanças se consolidam apenas quando passam a ser vistas pelos indivíduos como atividades
Negligenciar a incorporação sólida rotineiras e incorporadas à cultura da organização. É importante mostrar às pessoas envolvidas como suas
das mudanças à cultura corporativa crenças e atitudes ajudaram a melhorar o novo desempenho. Também é preciso que haja tempo suficiente
para assegurar que os gerentes personificaram a mudança.
A partir desses erros, Kotter (1996) apresenta oito etapas (relatadas no quadro abaixo)
para auxiliar na prevenção desses erros e até eliminá-los.
Estabelecer um senso de urgência Examinar o mercado e as realidades competitivas. Identificar e analisar crises, ameaças e oportunidades.
Reunir um grupo com poder suficiente para liderar a mudança. Garantir que esse grupo trabalhe como uma
Criar uma coalizão para a liderança
equipe.
Criar uma visão que ajude a direcionar os esforços de mudança. Desenvolver estratégias para atingir esses
Desenvolver visão e estratégia
objetivos.
Utilizar todos os veículos possíveis para comunicar constantemente a nova visão e suas estratégias.
Comunicar a visão da mudança Fazer com que o grupo responsável pela liderança do processo modele o comportamento esperado dos
funcionários.
Dar empowerment aos funcionários
Eliminar os obstáculos. Modificar os sistemas de estruturas que obstruem a visão de mudança. Encorajar os
para realização de ações
funcionários a assumirem riscos e estimular ideias, atividades e ações não tradicionais.
abrangentes
Planejar visões de ganho ou melhorias de performance. Criar esses ganhos. Reconhecer visivelmente e
Gerar vitórias de curto prazo
recompensar as pessoas que tornaram esses ganhos possíveis.
Utilizar o aumento de credibilidade para modificar sistemas, estruturas e políticas que não estejam
Consolidar os ganhos e produzir harmonizados entre si e não sejam adequados à visão da mudança. Contratar, promover e desenvolver
mais mudanças pessoas que possam implementar a visão da mudança. Revigorar o processo com novos projetos, temas e
agentes de mudança.
Gerar melhoria de performance por meio de comportamento orientado para o consumidor e para a
Incorporar as mudanças à cultura produção, aumentar e melhorar a liderança e criar um gerenciamento mais efetivo. Articular conexões
da organização entre os novos comportamentos e o sucesso da organização. Desenvolver maneiras de assegurar o
desenvolvimento de lideranças e sucessão.
78
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Nesse contexto, vê-se o papel dos gerentes como intérpretes e até manipuladores do
ambiente da sua organização, pois estes mudam e redesenham suas organizações
principalmente para adaptá-las às mudanças no ambiente, mas também para ajustá-las
às mudanças nas próprias aspirações e percepções dos gestores, ou a mudanças não
intencionais ou não gerenciadas dentro da organização. É a partir das opções estratégicas
(VAV COTT, 1997) que as organizações variam em sua escolha de respostas, o tempo de
suas respostas e os meios e eficácia de execução das suas respostas, e que esses fenômenos
são gerencialmente determinados em grande medida pelos gestores da organização.
Algumas das forças mais poderosas identificadas que estão motivando os gerentes a
redesenhar suas organizações são: o aumento do conhecimento científico, mudanças
nos papéis profissionais, a explosão da tecnologia e a demografia em mutação da força
de trabalho.
Mas o interesse das mudanças está na forma que estas impactam no desempenho
organizacional. O que se questiona é saber quais são as características do ambiente
de uma organização, quando elas mudam, quando forçam mudanças na própria
organização e, portanto, alteram seu desempenho. Teóricos sugerem que existem três
características: complexidade ambiental, turbulência ambiental e competitividade
ambiental.
80
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
adaptam a essas mudanças tomando decisões com mais frequência e de formas mais
complexas; implementando decisões mais rapidamente; exigindo que a aquisição
de informação seja contínua e mais abrangente; reforçando uma distribuição de
informação mais seletiva; e promovendo uma aprendizagem organizacional mais
eficaz (HUBER, 1984).
Tendências profissionais
Mesmo organizações com altas proporções de profissionais exigem até certo ponto
autoridade de decisão hierárquica, embora elas tendam a ser menos centralizadas e
caracterizadas por maior complexidade estrutural, como é o caso das Universidades.
Incompatibilidades entre o nível de profissionalismo e o desenho da organização estão
associadas a níveis mais baixos de eficácia organizacional (HUBER et al., 1999).
81
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Tecnologias emergentes
As Mudanças na tecnologia têm três implicações importantes para o design
organizacional. Primeiro, na forma de automação, o uso da tecnologia teve efeitos
visíveis na estrutura das organizações. A automação permite que uma organização
cresça em termos de sua produção e impacto (por exemplo, transações de clientes por
dia em um banco, latas de ervilhas produzidas por hora em uma fábrica), enquanto
reduz o número de funcionários. A automação está frequentemente associada a uma
desqualificação da força de trabalho, embora a nova tecnologia também possa estar
associada a aumentos na proporção de trabalhadores capacitados e não qualificados,
conforme programadores de computador, técnicos de orientação de mísseis e pessoal de
configuração de máquinas são chamados a manter ou interagir com equipamentos. que
substituem os caixas de banco, os canhoneiros e os operadores da linha de montagem
(VAN COTT et al., 1997).
82
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
A dependência da tecnologia que traz riscos potenciais levou à criação de um novo tipo
de organização – a organização de alta confiabilidade. A idéia é projetar a organização
especificamente para gerenciar os sérios riscos associados ao uso de tecnologias que,
se falharem, podem ter consequências extremamente sérias (VAN COTT et al., 1997).
Uma das principais características das tecnologias avançadas e automatizadas é que
seus operadores e gerentes estão cada vez mais distantes dos processos pelos quais são
responsáveis. Com tecnologias mais antigas, os operadores podiam ver e tocar o que
controlavam ou produziam. Mecanismos como engrenagens e pistões eram visíveis,
e sua ação e meios de controle eram óbvios. Imagens mentais da maneira como as
coisas funcionavam e como elas poderiam dar errado eram facilmente aprendidas e
prontamente compartilhadas. As pessoas, sozinhas e em equipe, faziam parte do loop
de controle que fazia essas tecnologias serem executadas.
83
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
não apenas geram novas demandas nas organizações, mas também oferecem novas
oportunidades. Como gerir e com quais consequências para o desempenho das
organizações, a competitividade das indústrias e a qualidade de vida nas organizações?
O que parece mais certo é que uma organização com partes interessadas demograficamente
diversificadas é mais capaz de satisfazer as demandas das partes interessadas se seus
tomadores de decisão e membros que interagem com seus stakeholders incluírem pessoal
cuja composição demográfica se assemelhe à das partes interessadas (COX; BLAKE, 1991).
Uma dificuldade com o estudo da qualidade é que sua definição não é nem precisa e
nem consensual. Qualidade abrange termos como eficácia, satisfação, empoderamento
84
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Nos últimos anos, o foco na qualidade mudou. Cada vez mais, a qualidade começa a
assumir a aparência de summum bonum (o bem maior) do desempenho organizacional.
Os gerentes e outros membros da organização converteram-se na busca da qualidade
como o objetivo organizacional mais importante (DEMING, 1986), e os estudiosos se
esforçaram para acompanhar a substituição da qualidade como a variável dependente
de escolha.
Muitas tentativas foram feitas para definir qualidade, como pode ser visto no quadro
a seguir. Garvin (1988) identificou quatro “eras” de desenvolvimento da qualidade: (1)
era de inspeção, na qual a qualidade estava associada a erros detectados em produtos
ou serviços depois de produzidos; (2) era de controle estatístico, na qual os defeitos
devem ser reduzidos a zero; (3) era de garantia de qualidade, em que técnicas e filosofias
englobam o controle de qualidade total e a alta gerência assume a responsabilidade de
garantir a qualidade em toda a organização; e (4) era de gestão estratégica, na qual a
qualidade foi definida a partir do ponto de vista do cliente e a estratégia da organização
tornou-se centrada na qualidade.
85
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Dimensões da qualidade
86
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Qualidade e eficácia
Competitividade
Produtividade
Os gurus de qualidade têm escrito desde o início dos anos 1980 que “qualidade é livre”,
pois alta qualidade elimina os custos associados com a perda de clientes, retrabalho,
excesso de tempo, engenharia indireta, especificações modificadas, coleta e análise
de dados, reinspeção e desperdício, mas evidências empíricas permanecem escassas.
Ittner (1992) descobriu que os custos de não conformidade caem simultaneamente com
reduções nos custos de conformidade, aumentando assim a produtividade.
87
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
e moral dos funcionários. Ansari (1994) pesquisou 150 empresas e descobriu que as
práticas just-in-time levaram a melhorias de produtividade. Griffin (1988) descobriu em
73 empresas que a produtividade inicialmente melhorou como resultado dos círculos
de qualidade, mas depois recuou para níveis anteriores. Krafcik (2009) descobriu que
certas técnicas de “produção enxuta” (todas associadas à TQM) levaram a uma maior
produtividade.
Cameron (2001) realizou uma pesquisa que foi orientada pela investigação de um
modelo de quatro culturas de qualidade que se desenvolveram nas últimas décadas:
(1) status quo, (2) detecção de erros, (3) prevenção de erros e (4) qualidade criativa
perpétua. O quadro abaixo resume os atributos de cada uma dessas orientações à
qualidade. Cameron e seus colegas descobriram que organizações que desenvolveram
uma cultura de qualidade avançada (isto é, prevenção de erros e qualidade criativa
perpétua) obtiveram mais sucesso em suas atividades de downsizing e tiveram níveis
mais altos de eficácia organizacional do que organizações com uma cultura de qualidade
menos avançada. Organizações com uma cultura de qualidade menos avançada (status
quo e detecção de erros) são menos bem-sucedidas em atividades de downsizing e têm
níveis mais baixos de eficácia organizacional.
88
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Downsizing
Embora sua definição não seja nem precisa nem consensual, o downsizing organizacional
pode ser pensado como um conjunto de atividades, empreendidas por parte da
gerência de uma organização, destinadas a melhorar a eficiência, a produtividade ou
a competitividade organizacional – ou as três – reduzindo o tamanho da organização.
Uma definição precisa parece importar muito mais aos estudiosos do que aos gerentes,
que usam vários termos, como compactar, consolidar, contrair, desmembrar, reduzir,
racionalizar, realocar, retribuir, reequilibrar, redesenhar, redimensionar, redefinir,
redistribuir, racionalização e emagrecimento.
Atributos-chave
89
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
Reengenharia
90
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
Atributos-chave
91
UNIDADE III │ CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL
do trabalho que devem estar presentes para que o trabalho seja motivador. Design
de trabalho, de modo a incluir esses atributos foi encontrado para levar a resultados
organizacionais desejáveis (por exemplo, baixo absenteísmo e rotatividade, alta
produtividade). A reengenharia concentra-se mais nos fluxos ou inter-relações entre
as tarefas do que no projeto das tarefas específicas em si, bem como nas inter-relações
entre um fluxo de tarefas conectadas. O design de trabalho aborda os atributos de cada
tarefa individual.
Finalizando
Todas as três abordagens têm vários elementos em comum. Seis desses elementos
parecem ligar a TQM, o downsizing e a reengenharia em conjunto: (a) cada uma dessas
três abordagens procura mudar as partes centrais da organização, visam a mudança
transformacional; (b) cada abordagem implica em foco no trabalho em equipe e
envolvimento; (c) concentram-se na melhoria e na racionalização de processos; (d)
cada um defende o envolvimento e apoio dos gestores de topo como elementos chave
para o sucesso; (e) defendem que se torne um modo de vida na organização – melhoria
contínua da qualidade, redução contínua e contenção de custos, e reengenharia
contínua; (f) baseiam-se em uma visão clara do futuro, uma ferramenta para conduzir
92
CULTURA E MUDANÇA ORGANIZACIONAL │ UNIDADE III
a uma condição nova, melhor e mais eficaz, em vez de simplesmente evitar uma
situação negativa ou desconfortável; e (g) devem ser orientados por oportunidade e
não por crise.
93
COMPETITIVIDADE
ORGANIZACIONAL UNIDADE IV
E COMPETÊNCIAS
ESSENCIAIS
CAPÍTULO 1
O contexto da competitividade
Este cenário tem mostrado que as pessoas têm se mostrado um recurso fundamental
para o sucesso da organização, fazendo com que um marco da competitividade seja a
procura de profissionais altamente capacitados para trabalharem nas organizações na
busca de obterem um diferencial competitivo.
Faz-se lembrar que em cada um dos estágios do ciclo de vida de uma organização,
espera-se uma forma diferenciada para que ela consiga se manter competitiva.
Neste contexto, a gestão por competências torna-se um instrumento que gerencia e
agrega competitividade e diferenciação a partir do momento que passa a ofertar
alternativas efetivas para a gestão estratégica das organizações.
Então, tem-se a percepção de que competitividade não pode ser compreendida somente
como desempenho ou eficiência, mas sim como integrante de fatores técnicos (recursos
econômicos, eficiência operacional) e institucionais (reconhecimento dos stakeholders,
imagem, prestígio e conduta socialmente legitimada).
94
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
O que pode ser visto do quadro acima é que em todos os grupos de estratégias o Recurso
Humano está inserido. Para além disso, Machado-da-Silva e Barbosa (2002), por
meio de análise de conteúdo em mais de 200 artigos sobre o tema competitividade,
analisaram os valores indiretos que margeiam essas estratégias. Por exemplo, se a
empresa prioriza agilidade, coordenação e redução de custos então o seu foco está na
eficiência. Da mesma forma, se a empresa prioriza adequação aos padrões de design,
produção e é especializada em técnicas de comércio exterior, seu propósito é a inserção
95
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
96
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
97
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
Assim o empowerment, que antes uma filosofia hoje passou a ser uma necessidade, pois ficou
clara a necessidade da incorporação dos valores, da intuição, da criatividade e conhecimento
das pessoas envolvidas no processo decisório em qualquer nível da organização.
Desta forma, segundo Rezende (2001) o diferencial não está mais no maquinário e sim
na soma do conhecimento coletivo das pessoas, nas habilidades criativas e inventivas
desenvolvidas, nos valores, atitudes e motivação dos integrantes das organizações.
Além disso, não se pode esquivar da estrutura e dos processos organizacionais e dos
relacionamentos com clientes, fornecedores e sociedade como um todo. E é o conjunto
desses atributos que constituem os ativos intangíveis. São esses fatores que não estão
declarados nos relatórios contábeis tradicionais. A seguir apresentam-se algumas
definições do que sejam ativos intangíveis.
Auto(res) Definição
Edvinsson, L.; Malone, M.S.
Aponta que ativos intangíveis são aqueles que não têm existência física e mesmo assim têm valor para a empresa.
(1997)
Afirma que é uma declaração de benefícios futuros que não tem uma corporação física ou financeira – ação ou
Lev, B. (2001)
dividendo.
98
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Auto(res) Definição
N.Nunes (2001) Diz que são declarações de benefícios futuros que não têm uma forma física ou financeira.
São definidos por suas principais forças impulsoras: pesquisa e desenvolvimento, propaganda, tecnologia da
Gu, F.; Lev, B. (2001)
informação e práticas de recursos humanos.
Yang, S.; Brynjolfsson E. Declaram que ativos intangíveis demoram para serem criados e geram fluxos de benefícios esperados em um
(2001) período de tempo.
Diferencia os tangíveis dos intangíveis partindo da premissa de que os recursos intangíveis não podem ser
Kline D.M.; Smith, R.D (2001)
copiados ou imitados.
Gunther, T. (2002) Não define, apenas cita marcas e patentes como recursos intangíveis.
Declara que valores imateriais não são bens financeiros incorporados como entidades físicas. Sua natureza é não
Kriegbaum, C. (2003)
monetária e constituem uma vantagem econômica para a empresa.
O que pode ser observado é que todos os autores citados no quadro acima, incluem, de
alguma forma o conhecimento e o valor econômico que os ativos intangíveis proporcionam.
O que diferencia os recursos tangíveis dos intangíveis é que estes têm um potencial
para criarem valor, promoverem efeitos de rede e o potencial de alavancarem o retorno
dos investimentos. Os recursos intangíveis não são rivais podendo mais de uma pessoa
usar dos seus recursos. Enquanto os recursos tangíveis são de uso exclusivo e limitado
os intangíveis podem ser usados por várias pessoas ao mesmo tempo sem diminuir seu
valor, proporcionando crescimento e retorno sem limites para a organização.
Outra diferença está na exaustão dos bens, dado que os recursos tangíveis são
desgastados pelo uso e os intangíveis com o uso aumentam seu valor, pois eles vão
se tornando mais raros. Veja o exemplo do conhecimento que passa pelo processo de
pensar, elaborar, falar e reelaborar. Com isso, o conhecimento passa da construção para
a desconstrução e, em seguida, para a reconstrução. E isso vai se tornando complexo e
difícil de ser copiado.
no tempo e que perdurará com o tempo. O argumento é que, quando as empresas têm
um conjunto de recursos que são valiosos, raros, inimitáveis e não substituíveis, elas
podem implementar estratégias de criação de valor que não são facilmente duplicadas
pelas empresas concorrentes.
100
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Quadro 20. Visão das capacidades dinâmicas como comportamentos, habilidades e capacidades
organizacionais.
Há, também, a capacidade dinâmica sob a ótica das rotinas e processos utilizados
para corresponder ou criar mudanças de mercado, como por exemplo as rotinas de
desenvolvimento de produtos e novas fusões e aquisições. Veja alguns exemplos de
autores sobre este tema no quadro a seguir.
101
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
102
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Este ciclo pode ser explicado da seguinte forma: a partir de um estímulo externo (ou
feedback) abre-se a possibilidade da geração de várias soluções para um dado problema,
que passa por processo de seleção interna para ser avaliado; depois de legitimado,
passa-se à fase de replicação do conhecimento e depois dos ajustes e de curvas de
aprendizagem passa-se à fase de rotinização do conhecimento que sofre variações com
o tempo realimentando o processo de conhecimento.
Finalizando este item salienta-se que se a mudança não fizer parte das rotinas da empresa
então não há capacidades dinâmicas e sim soluções ad hoc. Capacidades dinâmicas
se referem ao conjunto de atividades rotineiras voltadas para o desenvolvimento e
adaptação de rotinas dinâmicas, mas operacionais.
103
CAPÍTULO 2
Competências essenciais
104
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
A partir das definições acima, o autor apresenta o seguinte quadro da distribuição das
competências em uma organização.
105
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
Identificação e caracterização
da capacidade organizacional como
competência essencial viabilizadora
da vantagem competitiva
Na busca por vantagem competitiva reconhecem-se cada vez mais o capital humano,
o capital intelectual e o conhecimento como componentes críticos para o sucesso
organizacional. Tendo na RBV a plataforma para destacar a importância das pessoas
para a vantagem competitiva.
106
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Isto ilustra a potencial sinergia que pode resultar da integração mais profunda da
estratégia de Gestão de Recursos Humanos (GERH). Para entender profundamente a
competência, é preciso examinar (além dos sistemas e processos subjacentes a elas)
as pessoas envolvidas no processo, as habilidades que individual e coletivamente elas
devem possuir e o comportamento que devem envolver (individual e interativamente)
para implementar o processo. Além disso, para entender como essa competência
pode ser desenvolvida ou mantida, é necessário, pelo menos em parte, examinar os
sistemas de gestão de pessoas que garantem que a competência permaneça à medida
que os funcionários saem e que os novos funcionários entram para substituí-los.
Isso novamente exemplifica a interação de pessoas e processos, pois eles incluem
competências.
107
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
108
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
nto
Atividades de apoio
Atividades primárias
110
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Além das atividades primárias, Porter (1992) apresenta as atividades de apoio que dão
suporte às atividades primárias:
As atividades de apoio dão suporte às atividades principais e estas atuam como parceiras
entre si. Uma cadeia de valor bem alinhada irá gerar no final do processo uma vantagem
competitiva para a organização em relação aos seus concorrentes.
Silva (2008, p.78) destaca que a cadeia de valor associa duas questões essenciais na
compreensão de sua complexidade: a cadeia produtiva e sua valorização.
111
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
Ressaltando que apesar desta “divisão”, os processos de toda a cadeia de valor são
dependentes entre si, de modo que só haverá sucesso caso ocorra interação eficiente
entre eles.
CONFIGURAÇÃO DE RH
ISABELLA MARIA B. COELHO JAROCKI6
As configurações de RH, ou seja, as práticas que dão suporte, tanto ao modo de emprego
escolhido, como às relações contratuais e as características estratégicas do capital
humano, podem ter as seguintes configurações: 1) Baseado no comprometimento;
2) Baseado no trabalho ou produtividade; 3) Baseado na complacência; 4)
112
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
Internalizados Externalizados
Baseada no Baseada em
Baseada no comprometimento Baseada em colaboração
mercado complacência
Trabalho de desenvolvimento baseado na Contratação de funcionários Focado em contrato:
Transferência de informações.
flexibilidade, mudança e adaptação. já qualificados. tarefas a serem realizadas.
Treinamentos voltados
Altos investimentos em treinamento e Treinamento em tarefas da Relação de confiança entre os
para procedimentos,
desenvolvimento. empresa. parceiros.
regulamentos e políticas.
As tarefas devem ser Salários por hora de
padronizadas para facilitar trabalho, empreitada Criação de mecanismos de
Empowerment.
a entrada de novos ou especificação para comunicação.
colaboradores. trabalhos terceirizados.
Treinamentos baseados no
Importantes para a criação Compensações por tarefas
Importantes para a criação de valor. fortalecimento das alianças e da
de valor. cumpridas.
relação.
Participação na tomada de decisões Remuneração de mercado. Rodízio de posições.
Vida longa na empresa de
Incentivos: segurança e estabilidade. Sem valor estratégico direto.
acordo com a produtividade.
Avaliações baseadas mais em atitudes do Incentivos centrados em Produção conjunta (diferenciando de
que em resultados. metas. contrato).
Formação de equipes de trabalho com
Sistema de avaliação baseado no formato de
conhecimentos complementares –
desenvolvimento constante e feedback.
transferência de know-how
Programas de manutenção da base de
conhecimento: recompensar os funcionários Incentivos coletivos.
que atingirem habilidades múltiplas.
Orientação para longo prazo: participação
nos lucros, distribuição de ações ou outras Relações de mentoria podem ocorrer.
formas de compensação.
Externo Interno
Relacional
113
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
Neste quadrante, o capital humano tem valor e raridade altos. Quando as habilidades e
competências são específicas para a empresa, o modo interno de emprego ou contratação
é mais comum, pois são escassas no mercado de trabalho e seu benefício estratégico
excede os custos operacionais e burocráticos. Aqui, as empresas estão propensas
a adotar o modo de emprego baseado no conhecimento focando o desenvolvimento
interno, comprometimento e investimentos a longo prazo.
Neste quadrante, o valor do capital humano continua alto, porém está amplamente
disponível no mercado de trabalho, baixa raridade. Ao contrário do quadrante 1,
estes funcionários são menos comprometidos e fiéis à organização e mais focados em
suas carreiras. Porém, há a tendência em internalizá-los, e devem-se concentrar em
treinamentos focados na performance imediata e não em desenvolvimento a longo
prazo. A grande vantagem para empresa é que estes funcionários são treinados em suas
profissões e ocupações, portanto, facilmente encontrados no mercado podendo transferir
competências para toda a empresa. Esta relação contratual termina quando uma das
partes percebe que o custo da manutenção da parceria excede o benefício criado.
114
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
no mercado ou por outras empresas. Desta forma, pagam-se e são oferecidos os benefícios
de mercado e ainda pode-se desenvolver este corpo de funcionários internamente para
o cumprimento de tarefas. Buscar talentos no mercado proporciona economia nas ações
internas de desenvolvimento e abre o leque de habilidades.
115
UNIDADE IV │ COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS
Neste quadrante, o capital humano é único, mas não direcionado para a criação de valor
para o cliente e, por isso, não se torna interessante para contratação interna, embora à
primeira vista houvesse esta sugestão por ser raro no mercado. Segundo Lepak e Snell
(1999), os teóricos dos custos de transação econômica propõem a internalização de
funcionários que possuam conhecimento idiossincrático, mas a custos baixos. Contudo,
os teóricos dos recursos da firma sugerem que, se o valor é limitado, pouco benefício
será deixado na empresa proveniente deste tipo de habilidade.
116
COMPETITIVIDADE ORGANIZACIONAL E COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS │ UNIDADE IV
117
GESTÃO DO UNIDADE V
CONHECIMENTO
A gestão do conhecimento
Do que foi visto nesta apostila, a atenção significativa da estratégia de Recursos
Humanos no paradigma da RBV tem se concentrado no conhecimento. Os esforços
para entender como as empresas geram, alavancam, transferem, integram e protegem
o conhecimento passaram para a linha de frente. De fato, Grant (1996) defende uma
teoria da firma baseada no conhecimento, afirmando que as empresas existem porque
melhor integram e aplicam conhecimento especializado do que as outras empresas.
González-Sánchez (2018) também acredita em uma teoria da firma baseada no
conhecimento, sugerindo que as empresas existem porque podem proteger melhor o
conhecimento da expropriação e da imitação do que os mercados.
Há muito tempo, esse tópico tem sido abordado no RH para testar candidatos sobre
conhecimentos relacionados ao trabalho e treinar funcionários para construírem
seus conhecimentos no que se refere ao trabalho que executam, desenvolvendo
sistemas de participação e comunicação para transferir conhecimento ou fornecendo
incentivos para os indivíduos aplicarem seus conhecimentos. As principais
distinções entre a Estratégia de Recursos Humanos e o tradicional RH em relação
ao conhecimento têm a ver com o foco do conhecimento e seu nível. Enquanto o
tradicional RH se concentra no conhecimento relacionado ao trabalho, a Estratégia
de Recursos Humanos tem focado em conhecimento relevante para o mercado,
como conhecimento sobre clientes, concorrentes ou conhecimento relevante para
a criação de novos produtos, tratando o conhecimento de forma mais ampliada e
organizacionalmente compartilhada, acessível e transferível. O conhecimento
pode ser visto como algo que caracteriza os indivíduos (ou seja, o capital humano),
também pode ser compartilhado dentro de grupos ou redes (ou seja, capital social)
118
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
119
CAPÍTULO 1
O capital intelectual como
vantagem competitiva
As organizações possuem inúmeros recursos que afetam seu desempenho. Esses recursos
podem ser ativos tangíveis ou intangíveis que impactam direta ou indiretamente na
sua vantagem competitiva. O capital intelectual pode ser considerado como ativos
intangíveis ou ativos de conhecimento dentro das organizações. O ativo de conhecimento
é estático, ou seja, os estoques disponíveis (conhecimento) dentro da organização ou
dinâmico (o fluxo), que é o resultado da progressão do conhecimento. Além disso, o
capital intelectual é criado por meio da combinação e da troca de recursos intelectuais
que podem ser representados como conhecimento explícito ou tácito dentro das
organizações.
120
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
121
UNIDADE V │ GESTÃO DO CONHECIMENTO
Tudo unido, conjugado e orientado para criar valor de forma contínua por meio de
todos os membros da instituição.
122
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
Capital humano
Capital estrutural
Capital relacional
123
UNIDADE V │ GESTÃO DO CONHECIMENTO
125
CAPÍTULO 2
O processo da gestão
do conhecimento
Uma organização cria conhecimento por meio das interações entre conhecimento
explícito e conhecimento tácito. A interação entre os dois tipos de conhecimento é
chamada de “conversão de conhecimento”. Por intermédio do processo de conversão, os
conhecimentos tácito e explícito se expandem em qualidade e quantidade. Existem quatro
modos de conversão do conhecimento. São elas: (1) socialização (do conhecimento tácito
8 SECI são as iniciais dos modos de conversão do conhecimento (Socialização, Externalização, Combinação e
Internalização).
126
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
Socialização
Externalização
Combinação
127
UNIDADE V │ GESTÃO DO CONHECIMENTO
Internalização
Nonaka et al. (2000) apresenta a seguinte lista que resume os fatores que caracterizam
os quatro modos de conversão de conhecimento.
128
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
129
UNIDADE V │ GESTÃO DO CONHECIMENTO
É importante notar que o movimento por meio dos quatro modos de conversão do
conhecimento forma uma espiral, não um círculo. Na espiral de criação do conhecimento,
a interação entre conhecimento tácito e explícito é ampliada através dos quatro modos
de conversão do conhecimento. A espiral se torna maior em escala à medida que sobe
pelos níveis ontológicos. O conhecimento criado através do processo da SECI pode
desencadear uma nova espiral de criação de conhecimento, expandindo-se horizontal
e verticalmente pelas organizações. É um processo dinâmico, que começa no nível
individual e se expande conforme se move através de comunidades de interação que
transcendem os limites seccionais, departamentais, divisionais e até organizacionais.
A criação de conhecimento organizacional é um processo interminável que se atualiza
continuamente.
130
GESTÃO DO CONHECIMENTO │ UNIDADE V
Esse processo espiral interativo ocorre tanto intra quanto inter organizacionalmente.
O conhecimento é transferido para além dos limites organizacionais e o conhecimento
de diferentes organizações interage para criar conhecimentos. Por meio da interação
dinâmica, o conhecimento criado pela organização pode desencadear a mobilização
de conhecimento de componentes externos, como consumidores, empresas afiliadas,
universidades ou distribuidores. Por exemplo, um novo processo de manufatura pode
provocar mudanças no processo de fabricação dos fornecedores, o que, por sua vez,
desencadeia uma nova rodada de inovação de produtos e processos na organização.
Outro exemplo é a articulação do conhecimento tácito dos clientes que eles próprios não
conseguiram articular. Um produto funciona como o gatilho para obter conhecimento
tácito quando os clientes dão significado ao produto comprando, adaptando, usando
ou não. Suas ações são então refletidas no processo de inovação da organização, e uma
nova espiral de criação é criada.
131
UNIDADE V │ GESTÃO DO CONHECIMENTO
134
Referências
135
REFERÊNCIAS
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