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FABIO MAIA

Gestão do conhecimento

1ª Edição

Brasília/DF - 2018
Autores
Fabio Maia

Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4

Introdução.............................................................................................................................................................................. 6

Capítulo 1
A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas............................................. 9

Capítulo 2
Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento............................................................................................... 16

Capítulo 3
A dinâmica da construção do conhecimento.....................................................................................................29

Capítulo 4
Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento............................................... 37

Capítulo 5
A aprendizagem no ambiente organizacional...................................................................................................44

Capítulo 6
A importância do conhecimento no processo de inovação.......................................................................... 51

Referências...........................................................................................................................................................................58
Organização do Livro Didático
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e
coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros
recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também,
fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Cuidado

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

Importante

Indicado para ressaltar trechos importantes do texto.

Observe a Lei

Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem,
a fonte primária sobre um determinado assunto.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

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Organização do Livro Didático

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Posicionamento do autor

Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o
aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado.

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Introdução
O processo de revolução tecnológica, em especial os computadores e a internet, trazem
mudanças significativas em diferentes segmentos: sociais, políticos, culturais e econômicos.
Com o estabelecimento de uma socidade digital, faz-se necessário discutir sobre os ganhos, os
impactos negativos e os desafios oriundos da presença constante das Tecnologias de Informação
e Comunicação no nosso dia a dia.

Nesse novo cenário, informação e conhecimento ganham destaque. Esses passam a ser considerados
os elementos mais importantes e que trazem impactos significativos nos negócios. Frente a todas
essas mudanças, as organizações precisam se adaptar para responder de forma satisfatória às
novas demandas do mercado e da sociedade.

A Gestão do Conhecimento pode ser uma das estratégias mais adequadas para responder a essas
demandas. A forma com que as empresas constroem os conhecimentos e os aplicam no dia a
dia pode contribuir no aprimoramento de processos, na melhorias dos produtos e serviços,
gerando, assim, diferencial competitivo. O processo de gestão do conhecimento deve levar em
consideração tanto os conhecimentos presentes no ambiente interno quanto os conhecimentos
externos à organização, incluindo os do mercado, macroambiente e dos clientes.

A construção do conhecimento é um processo dinâmico baseado no compartilhamento e na


construção conhecimento. Para que esse processo gere frutos positivos para a empresa faz-se
necessária a adoção de modelos gerenciais e a construção de ambientes organizacionais que
favoreçam e estimulem a socialização e a construção individual e colaborativa de conhecimentos.

Apesar da sua importância, o processo de construção do conhecimento apresenta grandes desafios.


Esses são constituídos por diferentes barreiras presentes no ambiente organizacional, tais como
a visão sobre a diversidade, a cultura e a visão sobre o conhecimento. O desenvolvimento de
práticas e políticas que motivem e estimulem os colaboradores a compartilhar os seus saberes
e suas experiências pode ser uma estratégia viável para reduzir essas barreiras.

As pessoas são os elementos básicos para a gestão baseada no conhecimento, já que as pessoas
são responsáveis pela criação, compartilhamento e aplicação dos conhecimentos no dia a dia das
empresas. Tendo como base essa premissa, a aprendizagem organizacional torna-se essencial para
o desenvolvimento dos colaboradores e o aumento dos conhecimentos da empresa. As ações de
aprendizagem no contexto organizacional devem buscar o desenvolvimento de competências
e de conhecimentos, tendo como base os objetivos e interesses da empresa a curto, médio e
longo prazos. Ela também tem como objetivo desenvolver a capacidade criativa e inovadora
das empresas.

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Objetivos

» Discutir a revolução das tecnologias digitais e seus impactos no processo de gestão das
empresas.

» Apresentar os conceitos básicos relacionados à gestão do conhecimento.

» Compreender o processo de construção do conhecimento no contexto organizacional.

» Refletir sobre a importância da gestão da diversidade para o sucesso da gestão do


conhecimento.

» Identificar as diferentes barreiras presentes na empresa que impactam na construção


do conhecimento.

» Apresentar as diferentes práticas e políticas de gestão de pessoas que podem favorecer


a construção do conhecimento.

» Refletir sobre o processo de inovação e sua importância para os negócios da empresa.

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CAPÍTULO
A REVOLUÇÃO DIGITAL E SEUS
IMPACTOS NO PROCESSO DE
GESTÃO DAS EMPRESAS 1
Apresentação

Antes de iniciamos o estudo do capítulo 1 da disciplina Gestão do Conhecimento, gostaria de


apresentar um visão geral dos assuntos a serem tratados. Neste capítulo discorreremos sobre o
processo de revolução tecnológica e seus impactos em diferentes segmentos: sociais, políticos,
culturais e econômicos. Na segunda parte do nosso capítulo, nossa atenção se voltará sobre as
novas dinâmicas estabelecidas da presença constante das tecnologias na sociedade do século
XXI. Teremos oportunidade, nesse momento, de discutir os ganhos, impactos negativos e os
desafios oriundos de uma sociedade digital. Encerramos o nosso estudo discorrendo sobre a
necessidade de adaptação das organizações frente às necessidades apresentadas pelo mercado
na sociedade atual, devido ao processo constante de informatização. Nesse novo cenário,
informação e conhecimento ganham destaque. Esses passam a ser considerados os elementos
mais importantes e que trazem impactos significativos no sucesso dos negócios.

Objetivos

» Compreender os impactos da revolução tecnológica nas aspectos sociais, políticos,


culturais e econômicos em diferentes momentos da sociedade.

» Conhecer os impactos das tecnologias digitais, em especial os computadores e a internet,


no dia a dia da sociedade atual.

» Apresentar as transformações nos processos econômicos e no meio empresarial devido


à revolução das tecnologias digitais.

» Compreender a importância da informação e do conhecimento no campo empresarial


para o sucesso dos negócios.

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CAPÍTULO 1 • A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas

Da era agrícola à era digital

A nossa história é constituída de diferentes fases. Em cada uma dessas fases, a humanidade se
apresenta em diferentes momentos evolucionários. Tradicionalmente, para compreender melhor
a evolução da humanidade, pesquisadores dividem-na em cinco grandes fases: Pré-história,
Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea.

Essas fases são denominadas de eras históricas. É por meio destas que podemos compreender a
nossa evolução, a constituição dos agrupamentos sociais, as diferentes formas de manifestações
artísticas e religiosas, as justificativas motivadoras das guerras e batalhas, o desenvolvimento
da economia e das moedas, entre outros elementos. Sendo assim, podemos dizer que, por meio
das eras históricas, é possível compreender a complexa evolução da nossa sociedade no que se
refere aos aspectos políticos, sociais, econômicos, históricos e culturais.

Entretanto, é importante destacar que existem outras formas de classificação. Uma dessas
categoriza a evolução da humanidade em três grandes blocos com ênfase no desenvolvimento
tecnológico. Diante dessa perspectiva, ela é dividida em Era Agrícola, Era Industrial e Era Digital.
A seguir, conheceremos mais detalhadamente as características de cada uma dessas fases.

A era agrícola tem início no período anterior ao surgimento da escrita, antes de 4.000 a.C. A
população era basicamente rural. Isto é, as pessoas viviam em pequenos agrupamentos nos
campos. O processo da educação era baseado na oralidade. Sendo assim, a maior parte da
população não era letrada. O conhecimento era baseado em princípios místicos e religiosos. A
produção dos bens de consumo era artesanal e, por isso, em baixa escala. A atividade comercial
era baseada na troca, não havia presença de moedas e padrões monetários.

Transformações ocorridas a partir do século XVI ocasionaram mudanças significativas nos aspectos
sociais, políticos e econômicos. Tais transformações deram início ao período denominado era
industrial. O seu início coincide com a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra, no final do
século XVIII e início do século XIX.

A Era Industrial pode ser caracterizada pela valorização do conhecimento técnico-científico que
ocasiona o surgimento das máquinas a vapor e das industriais. As pessoas saem dos campos para
as cidades. A produção deixa de ser manufatureira e passa a ser feita em larga escala por meio
das linhas de produção. Há uma forte presença de atividade comercial baseada no Capitalismo.
Iniciam-se processos de escolarização da população, voltada para formação de mão de obra
para atuar nas fábricas.

Após a Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945), o mundo passa por grandes mudanças políticas,
sociais e econômicas. A Alemanha é dividida em dois estados independentes, a República Federal
da Alemanha e a República Democrática Alemã, sob a responsabilidade respectivamente dos

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A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas • CAPÍTULO 1

Países Aliados, liderados pelos Estados Unidos e a Inglaterra, e da União Soviética. A economia
mundial sofre grandes transformações. Os Estados Unidos e a União Soviética transformam-se
nas maiores potências mundiais e estabelecem novos modelos econômicos e sociais, baseados
no Capitalismo e no Socialismo.

A busca desses dois países pela hegemonia do seu modelo político, econômico e social fez surgir
um novo conflito denominado Guerra Fria (1945-1991). A Guerra Fria foi uma luta ideológica,
política e econômica entre os Estados Unidos e a União Soviética para estabelecimento do modelo
que cada um deles julga ser o mais adequado.

Esse foi o período de grande evolução tecnológica. Primeiramente, devido à corrida armamentista
que objetiva a construção de um grande arsenal de armas nucleares pelas duas grandes potências.
Em um segundo momento, por meio da corrida espacial que objetiva o desenvolvimento de
tecnologias aeroespaciais necessárias para o lançamento de mísseis e de foguetes. O setor
de telecomunicações também sofreu grandes transformações durante a Guerra Fria, com o
surgimento dos computadores e, posteriormente, da internet.

Essas grandes evoluções tecnológicas, em especial as Tecnologias de Informação e Comunição


(TICs), trouxeram modificações significativas nos aspectos sociais, políticos, econômicos e
culturais no final do século XX, por volta da década de 1980, dando início a uma nova fase da
sociedade denominada era digital.

Possibilidades e desafios da era digital

A Revolução das Tecnologias Digitais influencia diretamente diferentes aspectos sociais, políticos,
econômicos e culturais da nossa sociedade. Diante disso, podemos afirmar que as Tecnologias
de Informação e Comunicação influenciam de forma significativa diferentes setores da nossa
sociedade: públicos, privados e pessoais.

De acordo com Castells (2007), a era digital pode ser caracterizada pela presença constante de
tecnologias digitais mediando nossas ações em diferentes atividades do cotidiano, pois a maior
parte das nossas atividades do dia a dia é feita utilizando algum tipo de artefato tecnológico.

Elas permitem a interconexão entre áreas (públicas, privadas e pessoais) e segmentos da sociedade.
Estamos conectados com diferentes esferas governamentais (governo municipal, estadual e
federal), empresas dos mais variados ramos de atividades e com pessoas de diferentes localidades
e nacionalidades. Sendo assim, vivemos em uma sociedade interligada em rede, favorecendo o
estabelecimento de uma economia globalizada.

Nessa sociedade há uma grande difusão e circulação de informações sobre os mais variados
assuntos. Atualmente, é possível ter acesso ao um universo ilimitado de informações por meio

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CAPÍTULO 1 • A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas

da internet. É importante destacar que essas informações estão em constante modificação,


exigindo que as pessoas também estejam sempre atualizadas.

Na era industrial, máquinas, matéria-prima, instalações


Para refletir
e bens produzidos eram considerados os elementos
mais importantes. O poder e a relevância de uma Pensemos em diferentes atividades que você
organização eram medidos segundo esses itens. Já na realiza no seu dia a dia como, por exemplo,
utilizar o transporte público, comprar uma
era digital, temos um cenário diferente. A informação e
roupa ou fazer uma retirada de dinheiro no
o conhecimento passam a ter valor econômico e lugar banco. Perceberemos que essas atividades, por
de destaque no cenário social, político e econômico. mais simples que sejam, são realizadas por meio
de algum artefato tecnológico digital.
Tomemos como exemplo a empresa Facebook. Ela se
configura como uma das empresas mais importantes e inovadoras na atualidade. Entretanto,
ela não possui grandes instalações, não possui maquinários, não produz matéria-prima e bens.
O único elemento com que ela trabalha é a informação, permitindo que as pessoas construam
conhecimento por meio destas.

Diante da análise das características relacionadas à


Para refletir
era da informação, podemos perceber que ela traz
transformações significativas aos processos técnicos, Tentem lembrar-se de outras empresas
organizacionais e administrativos, estabelecendo uma inovadoras e importantes na nossa atualidade.
Pesquisem sobre os elementos com que essas
ruptura com o modelo social, político e econômico da
empresas produzem ou trabalham.
era industrial.

Agora que já conhecemos as características pertencentes


Saiba mais
à era da informação, precisamos discutir as suas
potencialidades e limites. Para saber mais sobre a sociedade da informação,
leia o livro de Manuel Castells, intitulado
A estrutura de interconexão em rede e mediação das Sociedade em Rede, da Editora Paz e Terra.
interfaces tecnológicas nas atividades do cotidiano
apresentam potencialidades e favorecem a criatividade, o espírito empreendedor, a inovação e o
compartilhamento de informações e conhecimento. Elas também ampliam as possibilidades de
expressão dos movimentos sociais, dificultando as suas ações e iniciativas de controle e repressão
pelas instâncias governamentais.

A grande difusão e a circulação de informação na


Para refletir
atualidade exigem cada vez mais o aperfeiçoamento
intelectual e técnico constantes. As características Lembram-se do movimento Primavera Árabe
referentes à era digital permitem estabelecer estratégias ou Movimento Não é por 20 centavos? Estes são
exemplos das possibilidades que a era digital
voltadas para a aprendizagem continuada por meio das
oferece para os movimentos sociais. Pesquisem
ferramentas digitais, favorecendo o estabelecimento na internet sobre esses movimentos.
de comunidades de aprendizagem e a disseminação

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A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas • CAPÍTULO 1

da inteligência coletiva (LEVY, 1996). Um exemplo de estratégias de aprendizagem utilizando


tecnologias são os cursos de treinamento ofertados na modalidade a distância.

Sabemos que a era digital apresenta diversas potencialidades e facilidades. Entretanto, não
podemos deixar de refletir sobre os seus limites e desafios éticos, políticos e sociais que esta
apresenta.

Apesar da presença constante das TICs no nosso cotidiano, o acesso às tecnologias digitais
não é igualitário. A era digital é tão excludente quanto as outras eras. Ela se mostra como uma
sociedade dividida em ricos e pobres informacionais, favorecendo, assim, a exclusão digital e,
consequentemente, a exclusão social.

Para refletir

A exclusão digital envolve outros aspectos além do acesso às TICs. Quando uma pessoa não possui acesso às tecnologias
digitais, ela não consegue se inserir na era digital, levando-a à exclusão social.

Atenção

Os ricos informacionais são as pessoas que possuem acesso às tecnologias digitais e sabem utilizar as ferramentas para seu
crescimento pessoal e profissional. Já os pobres informacionais não possuem acesso ao computador e à internet e/ou não
conseguem fazer uso desses recursos.

Dessa forma, podemos concluir que para reverter a exclusão digital são necessárias ações conjuntas que possibilitem a
diminuição dos preços dos computadores e de acesso à internet e estratégias de capacitação para utilização desses artefatos
tecnológicos.

Além da exclusão digital, devemos pensar sobre as questões relacionadas aos crimes virtuais, à
proteção da propriedade intelectual e à utilização indevida de imagens na internet. Nesse caso,
faz-se necessário rever a legislação atual para que esta possa se adequar às novas demandas.
É também importante refletir sobre o desemprego e a desqualificação do trabalho ocasionado
pela automação dos processos produtivos. Para minimizar essas questões, é importante o
desenvolvimento de políticas de capacitação e formação de mão de obra qualificada.

O mundo corporativo no contexto da era digital

O advento das tecnologias computacionais e da internet impactaram e trouxeram mudanças


significativas para o nosso dia a dia. E no mundo corporativo não seria diferente.

A presença massiva das TICs vem proporcionando transformações significativas nos processos
econômicos e no meio empresarial. Essas transformações exigem cada vez mais que as organizações

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CAPÍTULO 1 • A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas

estejam preparadas para lidar com as demandas da era digital, tornando-se mais competitivas
e inovadoras. As empresas precisam rever os seus processos produtivos, tornando-os mais
racionais, flexíveis e eficientes.

Essas demandas estão agrupadas em três blocos: mercado, tecnologia e sociedade. As demandas
atreladas ao mercado estão relacionadas ao processo de globalização, natureza mutante da
força de trabalho e poder dos consumidores. As tecnologias estão relacionadas à inovação
tecnológica, à obsolescência e ao excesso de informação. Já as sociais são responsabilidade
social, regulamentação e desregulamentação governamental, gastos com programas sociais,
questões éticas e segurança.

Para atender às novas demandas, as organizações precisam modificar as suas estruturas e seus
processos. Estando, dessa forma, mais bem preparadas para lidar com as demandas e mudanças
do mercado, tais como o surgimento de novos negócios e mercados e/ou o desaparecimento de
segmentos já consolidados. Para isso, é essencial que as organizações rompam com os modelos
de gestão consolidados pela era industrial.

A seguir será apresentado um quadro comparativo que mostra as diferenças entre uma organização
da sociedade industrial e uma organização da sociedade da informação.

Quadro 1. Características das empresas na era industrial e era digitall.

Empresa na Era Industrial Empresa na Era Digital


Enfoque analítico e atomístico Enfoque macro e holístico
Ênfase no individualismo e distanciamento Ênfase no compartilhamento e na participação
entre as pessoas

Autoridade centralizadora Autoridade facilitadora e democrática

Especialização excessiva do trabalho Visão generalizada do trabalho

Economia de escala, tendência ao Descentralização, resguardando-se a


gigantismo e à centralização integração

Valorização da quantidade Valorização da qualidade associada à


quantidade

Empresário avesso ao risco, voltado para a Empresário empreendedor, criativo e


busca do protecionismo competitivo

A grande alavanca é o dinheiro A grande alavanca é a informação, o


conhecimento e a educação

Investimento em máquinas e instalações Investimento nos aspectos humanos

Tabela: Adaptado de Borges (2000).

No contexto da era digital, as respostas tradicionais que as organizações dão às demandas sofridas
constantemente podem se mostrar ineficazes em face dessa nova sociedade. É preciso pensar
em estratégias que possibilitem trabalhar as informações disponíveis para que possamos gerar
conhecimentos, favorecendo o posicionamento estratégico e agregando valor competitivo às
organizações.

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A revolução digital e seus impactos no processo de gestão das empresas • CAPÍTULO 1

Atenção

Ao longo do capítulo 1 da disciplina Gestão do Conhecimento, discorremos sobre o processo de revolução tecnológica e seus
impactos em diferentes segmentos: sociais, políticos, culturais e econômicos. Conhecemos novas dinâmicas estabelecidas
da presença constante das tecnologias na sociedade do século XXI. Discorremos sobre os ganhos, impactos negativos e os
desafios oriundos de uma sociedade digital. Além disso, discorremos sobre a necessidade de adaptação das organizações
frente às necessidades apresentadas pelo mercado na sociedade atual, devido ao processo constante de informatização.
Finalizamos o nosso estudo refletindo sobre o papel da informação e conhecimento no contexto organizacional e no sucesso
dos negócios.

15
CAPÍTULO
CONCEITOS BÁSICOS DA
GESTÃO DO CONHECIMENTO 2
Apresentação

No capítulo 1, discorreremos sobre a importância da valorização do conhecimento e da informação


para os negócios e o sucesso das empresas. Mas, sabemos diferenciar informação de conhecimento?

Teremos a resposta dessa pergunta na primeira parte do nosso capítulo 2. Após a leitura desta,
seremos capazes de diferenciar dados, informação e conhecimento. Além disso, conheceremos
os diferentes tipos de conhecimentos (tácitos e explícitos) presentes no ambiente organizacional.

Na segunda parte deste capítulo, discorrermos sobre a importância do gerenciamento dos


conhecimentos presentes na empresa. Perceberemos que o sucesso da empresa depende da
forma como ela constrói conhecimentos e os aplica no dia a dia com objetivos de melhorar e
aprimorar os processos, produtos e serviços ofertados.

Em seguida, perceberemos que o gerenciamento do conhecimento deve levar em consideração


tanto os conhecimentos presentes no ambiente interno quanto os conhecimentos externos à
organização, incluindo os do mercado, macroambiente e dos clientes. Finalizaremos o nosso
capítulo 2, discorrendo sobre como as Tecnologias de Informação e Comunicação podem ser
usadas como ferramentas para favorecer a Gestão do Conhecimento.

Objetivos

» Diferenciar dados, informação e conhecimento.

» Identificar os diferentes conhecimentos presentes no ambiente organizacional.

» Compreender a importância da Gestão do Conhecimento para o aumento da


competitividade das empresas.

» Conhecer a importância do gerenciamento dos conhecimentos oriundos do ambiente


externo à empresa.

» Conheceremos de que forma as Tecnologias de Informação e Comunicação podem


favorecer o gerenciamento dos conhecimentos.

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Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

Dados, Informação e Conhecimento

O capítulo 1 do Livro Didático da disciplina Gestão do Conhecimento levou-nos a refletir sobre


a importância da informação e do conhecimento no contexto organizacional e no processo de
gestão. Foi possível perceber que a informação rompe o caráter informacional e ganha status
econômico e mercadológico. O conhecimento, junto com a informação, passam a ser elementos
essenciais para os negócios, gerando inovação, competitividade e diferencial no mercado.

Apesar do reconhecimento da importância desses elementos no contexto organizacional, ainda


é comum as pessoas confundirem dados, informação e conhecimento. De acordo com os autores
Davenport e Prusak (1998), citado por Carvalho (2012):

A confusão entre dado, informação e conhecimento gera enormes dispêndios


com iniciativas de tecnologia que raramente produzem resultados satisfatórios.
[...] Por mais primário que possa soar, é importante frisar que dado, informação
e conhecimento não são sinônimos. O sucesso e o fracasso organizacional
podem depender de saber qual deles precisamos, com qual deles contamos e
o que podemos ou não fazer com cada um deles. Entender o que são esses três
elementos e como passar de um para outro é essencial para a realização bem-
sucedida do trabalho ligado ao conhecimento.

Tendo como base as premissas destacadas pelos autores, é essencial na formação de gestor a
seja capacidade de compreender esses três elementos e a diferença entre eles.

O que é dado?

O dado pode ser considerado como o elemento mais simples de um sistema. Ele é uma unidade
quantificada, indivisível e objetiva. Ele pode ser representado por um símbolo, uma letra ou um
número. Por causa das suas características, pode ser manipulado, armazenado, transportado e
reproduzido. Os elementos processados e armazenados em um computador são considerados dados.

Uma questão importante sobre o dado é que esse elemento isoladamente não possui significado
inerente. O que pode levar um grupo de pessoas a interpretarem um mesmo dado de forma
diferente. Para ajudar na compreensão, vejamos o exemplo a seguir:

Para refletir

Imagine o número 15. Esse número é um dado e pode ter diferentes significados de acordo com as pessoas que o acessam.
Para um aluno pode signficar a nota de uma atividade; para um professor pode significar a quantidade de alunos em uma
turma ou a quantidade de aulas que ele ministra em uma semana. Já para um vendedor pode representar a quantidade de
clientes ou o número de itens de um pedido.

17
CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

Apesar dessas considerações acerca do dado, não podemos descartar a sua importância no
contexto organizacional. No dia a dia das empresas, os dados estarão presentes, seja em cada
campo que compõe uma ficha cadastral de um cliente ou uma nota fiscal de uma compra.

O que é informação?

Agora que já conseguimos compreender o conceito de dado, vamos começar a tratar sobre
informação.

A informação é constituída por um conjunto de dados. Por exemplo, ao juntar todos os dados
que fazem parte da ficha cadastral de um cliente, teremos as informações dele. Entretanto, é de
extrema importância destacar que nem sempre um conjunto de dados será uma informação,
pois toda informação deve ser constituída de significado para aquele que acessa, ou seja, para
a pessoa que recebe a informação.

Para refletir

Letras, números e símbolos são considerados dados. Ao juntarmos todos esses elementos, criaremos um conjunto de dados.
O texto que você está lendo agora é a exemplificação desse conjunto de dados, formados por diferentes letras, números e
símbolos.

Entretanto, ele somente poderá ser considerado como informação para os leitores que dominam a língua portuguesa. Para
um chinês, que não compreende a língua portuguesa, este texto (informação) não terá nenhum tipo de significado. Será
somente um conjunto de dados.

Por outro lado, ao acessar esse texto (conjunto de dados), nós, nativos da língua porttuguesa, conseguiremos compreender
o significado da mensagem transmitida. Sendo assim, para nós esse conjunto de dados é uma informação, pois é dotado de
significado.

A informação no contexto organizacional pode estar disponível em diferentes formatos: textos,


imagens, áudio, animações, vídeo e multimídia. No dia a dia das empresas, as informações podem
estar corporificadas em quadros de avisos, memorandos impressos, manuais de instruções,
vídeos institucionais, e-mails, comunicados verbais, placas, banco de dados, entre outros. Por
isso, ela pode ser facilmente armazenada, transmitida e compartilhada entre diferentes pessoas.

Outro ponto importante a ser destacado é que o significado da informação deve estar acessível
para todos e não restrita a uma única pessoa ou gupo de pessoas. Sendo assim, todas as pessoas
pertencentes ao contexto organizacional devem ser capazes de acessar as informações e
compreender os seus significados.

O que é o conhecimento?

Segundo Setzer (2001), o conhecimento está relacionado aos aspectos subjetivos das pessoas.
Ele é resultado da interação entre os indivíduos e as informações que estes acessam. Envolve
processo mental e de abstração articulando as experiências já vivenciadas pelo sujeitos em

18
Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

situações anteriores. Sendo assim, o conhecimento também possui caráter prático. Além disso,
ele está em constante processo de construção e transformação, possuindo, assim, características
dinâmicas ao longo do tempo.

Devido ao seu caráter subjetivo, sempre teremos difuldade para transmitir e compartilhar
conhecimento. Geralmente, há também algum tipo de dificuldade de ser registrado e armazenado.

Para refletir

Para melhor compreensão do conceito de conhecimento, vamos ver o exemplo a seguir.

Imaginemos que tenhamos interesse em culinária. Por isso, compramos diferentes livros relacionados ao tema, consultamos
sites especializados na internet e assistimos a vídeos tutorais no YouTube. Entretanto, a ação de acessar informações sobre o
assunto não nos tornará você bons cozinheiros, correto?

Para isso, é preciso aplicar na prática todas as informações consultadas. Isto é, precisamos colocar a mão na massa,
relacionando as informações pesquisadas com as nossas experiências já vivenciadas na cozinha.

Dentro dessa dinâmica, quanto mais experiência na cozinha e mais informações buscarmos sobre o assunto, maiores serão
as chances de nos tornarmos excelentes cozinheiros.

Resumidamente, podemos considerar que conhecimento é o resultado da busca de novas


informações, articulação dessas com as informações anteriores e com as experiências já vivenciadas
em situações práticas.

Quadro 2. Características básicas de dado, informação e conhecimento.

Dado Informação Conhecimento


Unidade quantificada Conjunto de dados Resultado do processo mental e reflexo

Objetivo é indivisível Contextualizada Baseado na informação e na vivência

Sem significado Possui significado Possui significado

Fonte: Adaptado de Carvalho (2012).

Diferentes tipos de conhecimentos

No contexto organizacional, perceberemos que os conhecimentos apresentam-se em diferentes


tipos: conhecimentos explícitos e conhecimentos táticos.

Os conhecimentos explícitos são aqueles que estão visíveis e podem ser facilmente identificados
no ambiente organizacional, por isso possuem um caráter tangível. São apresentados em uma
estrutura sistematizada por meio de linguagem formal, o de textos, imagens, números, vídeo,
áudio e recurso digital. Por causa do seu caráter tangível, podem ser facilmente armazenados e
transmitidos para uma pessoa ou grupo de pessoas. Nas empresas encontraremos o conhecimento
explícito em manuais, quadro de avisos, e-mails, vídeos institucionais, banco de dados, intranet,
cursos, palestras, entre outros.

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CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

O conhecimento tácito é muito mais difícil de ser identificado devido ao seus aspectos subjetivos.
Ele possui um caráter muito pessoal e atrelado diretamente a experiência, história, crenças,
habilidades, emoções, dogmas e valores de cada indivíduo. O conhecimento tácito é intangível e
prático, dificil de ser registrado em uma estrutura formal, compartilhado e ensinado. Esse tipo de
conhecimento está em constante processo de transformação e é construído por meio da interação
entre o sujeito com os seus pares, com o meio ambiente interno e externo e consigo mesmo.

Para refletir

Para melhor compreensão da diferença entre conhecimento explícito e conhecimento tácito:

Imaginemos que uma amiga é uma boa cozinheira e faz sobremesas deliciosas. Sabendo dos seus dotes culinários, pedimos
uma receita de bolo. Sempre disponível, a nossa amiga escreveu a receita no papel com a indicação dos ingredientes,
quantidades e modo de preparo. Essa receita pode ser considerada como conhecimento explícito, pois ela é objetiva e
apresenta uma estrutura formal sistematizada.

Mesmo seguindo rigorosamente as orientações da receita, não produzimos um bolo idêntico ou semelhante ao da nossa
amiga. Isto é, seguir todas as indicações apresentadas na receita (conhecimento explícito) não é garantia de sucesso.

Isso se deve ao fato de que para preparar um bolo é necessário mais do que a reprodução do passo a passo de uma receita.
São necessários conhecimentos mais subjetivos (tácitos) construídos ao longo da nossa experiência na cozinha que nos
permitam fazer ajustes e adaptações diante dos tipos de produtos utilizados e a textura da massa produzida para chegarmos
a um resultado satisfatório.

Quadro 3. Conhecimento tácito e conhecimento explícito.

Conhecimento explícito Conhecimento tácito


Facilmente identificável Difícil de ser identificado

Estrutura formal Caráter pessoal e experiencial

Objetivo Subjetivo

Manuais, livros, sites, banco de dados, cursos e vídeos institucionais Prático, mental e atrelado ao colaborador

Exemplos: receita de bolo e roteiro de atendimento ao cliente Exemplos: Andar de bicleta e jogar futebol

Fonte: Adaptado de Carvalho (2012).

O conhecimento explícito costuma ser mais valorizado no contexto organizacional. Isso se deve
ao fato de ele ser objetivo e facilmente identificado e manuseado. Ao contrário do conhecimento
tácito, que é subjetivo, difícil de ser identificado no dia a dia e compartilhado entre as pessoas.
Porém, o conhecimento tácito ganha lugar de destaque por ser mais dinâmico e fluido, podendo
ser adaptado a diferentes contextos e realidades.

Cuidado

É necessário destacar que o conhecimento organizacional é composto tanto pelos conhecimentos explícitos quanto pelos
tácitos. Juntos podem trazer grandes vantagens competitivas para as empresas, permitindo aprimoramento e inovação dos
processos, produtos e serviços.

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Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

Gestão do Conhecimento

Como já discutido anteriormente, informação e conhecimento ganham destaque no mundo


corporativo e são cada vez mais essenciais para os negócios das empresas. Partindo da premissa
de que todas as empresas possuem conhecimentos tácitos e explícitos, vamos pensar sobre a
Gestão do Conhecimento.

A Gestão do Conhecimento pode ser considerada como o processo sistematizado para a


identificação, criação, compartilhamento, atualização e aplicação dos conhecimentos explícitos e
tácitos dentro do contexto da organização. Esse processo deve envolver todos os colaboradores da
empresa (alta gestão, nível gerencial e nível operacional), possibilitando que todos se transformem
trabalhadores do conhecimento.

O objetivo da Gestão do Conhecimento é possibilitar que as empresas desenvolvam estratégias


que permitam a essas identificar os conhecimentos essenciais para os seus negócios, estimular
a criação, compartilhamento e aplicação desses nos negócios.

Tais estratégias têm como objetivo a melhoria e a inovação de serviços e produtos, o aumento
da competitividade, a otimização dos processos, redução dos custos e geração de diferencial da
empresa no mercado.

A gestão baseada no conhecimento pode ser aplicada em qualquer tipo de empresa e independente
do seus segmentos ou ramos de atuação. Sendo assim, podemos aplicar a gestão de conhecimento
em pequenas, médias e grandes empresas, tanto do setor privado quanto do setor público que
atuam na área de oferta de produtos ou de serviços.

A Gestão do Conhecimento não deve ser responsabilidade de um grupo de profissionais da


empresa. Ela é de responsabilidade de todos os colaboradores em todos os níveis organizacionais,
principalmente daqueles que fazem parte da direção ou da alta gestão da empresa.

Atenção

Toda a organização é dotada de conhecimentos tácitos e explícitos. Sendo assim, podemos afirmar que o conhecimento
é inerente às organizações e à prática de criação do conhecimento já acontece dentro das empresas. Por isso, a Gestão
do Conhecimento não deve ser considerada algo totalmente novo. Ela busca gerar consciência sobre a importância do
conhecimento e potencializar a criação e aplicação dos conhecimentos no cotidiano das empresas.

Um aspecto interessante sobre a questão dos conhecimentos tácitos e explícitos deve ir além
da aplicação no cotidiano da empresa para resolver problemas do dia a dia. Os gestores devem
compreender que o conhecimento é uma vantagem competitiva tanto para o agora quanto para
o futuro. Sendo assim, ele é elemento básico para o planejamento estratégico da empresa.

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CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

Atenção

É importante termos consciência de que muitos dos conhecimentos construídos não são úteis e possuem aplicabilidade para
as empresas. Sendo assim, a construção do conhecimento deve estar atrelada e em sintonia com os objetivos estratégicos das
empresas em curto, médio e longo prazos. A Gestão do Conhecimento pode contribuir na identificação dos conhecimentos
úteis, evitando desperdícios e evasão de conhecimentos.

A importância do conhecimento externo às empresas

Toda organização sofre influência direta do contexto histórico, social, econômico e ambiental
em que está inserida. Isso quer dizer que uma empresa sofre diferentes impactos gerados
pelos seus clientes, por outras empresas, pelas políticas e leis implementadas pelos governos e
desenvolvimento tecnológico.

Dessa forma, as empresas não devem se retringir a seu olhar somente nos conhecimentos
presentes no seu ambiente organizacional. É essencial que as empresas estejam atentas ao que
ocorre no ambiente externo e como esses conhecimentos advindos desse espaço podem ajudar
a melhorar os seus negócios ou comprometer o seu desempenho.

Conhecimentos presentes no mercado

Para que uma empresa possa fornecer os seus serviços ou produtos, faz-se necessário o
estabecimento de uma rede de relações com outras organizações. Essa relação é construída por
meio de uma rede de parceria com instituições financeiras, fornecedores, empresas associadas,
revendedores, distribuidores e prestadores de serviço.

A essa relação damos o nome de rede interorganizacional. Por meio dessa relação, as empresas criam
e compartilham conhecimentos objetivando as realizações atreladas ao negócio, estabelecendo,
assim, uma troca direta de conhecimentos entre as partes que compõem a rede.

Para refletir

Para exemplificar uma rede interorganizacional, podemos imaginar um resturante. Para que ele funcione e atenda os
seus clientes com qualidade faz-se necessário que o restaurante busque apoio de outras empresas, tais como bancos,
fornecedores de alimentos e bebidas, fornecedores de utensílios de restaurantes, operadores de cartão de crédito, empresas
terceirizadas de manutenção e limpeza, entre outras. Todas essas empresas criam e compartilham conhecimentos tácitos e
explícitos relacionados ao segmento de restaurantes.

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Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

Entretanto, é importante destacar que até mesmo as empresas concorrentes também estabelecem
uma rede interorganizacional. Tal relação não seria construída sem o acordo de ambas as partes.
Esta se dá porque ambas as empresas atuam no mesmo segmento de mercado e de forma indireta
compartilham conhecimentos sobre os seus serviços e produtos.

Para refletir

Por exemplo, as empresas de tecnologia, como Samsung e Apple, mesmo sendo concorrentes, constituem uma rede
interorganizacional, pois ambas atuam no mesmo segmento de mercado: telefones celulares, tablets, computadores e
notebooks.

Ao lançarem um novo produto no mercado, essas empresas indiretamente disponibilizam conhecimentos relacionados às
características técnicas do produto e estratégias de marketing. Todos esses conhecimentos podem ser acessados pelos seus
concorrentes.

Conhecimentos oriundos do macroambiente

O macroambiente está relacionado ao ambiente externo em que as organizações estão inseridas.


Os conhecimentos gerados no macroambiente não podem ser controlados pelas empresas.
Entretanto, as organizações precisam dar atenção a esses conhecimentos, pois eles causam
impactos significativos nos negócios e podem afetá-los tanto de forma positiva quanto negativa.
Apesar de a organização não ter o domínio sobre eles, ela deve se adaptar de forma que possa
minimizar os efeitos negativos.

Os conhecimentos relacionados ao macroambiente podem ser classificados em seis fatores ou


categorias:

» Fator demográfico: relacionado a informações de determinado grupo ou população,


como idade, sexo, etnia, grau de instrução, entre outros.

» Fator econômico: está ligado aos indicadores de renda, juros, crescimento econômico,
Produto Interno Bruto (PID), entre outros.

» Fator sociocultural: está relacionado aos aspectos culturais e sociais de um grupo ou


população. Como exemplos, podemos citar: religião, crenças, esteriótipos, valores,
normas, datas comemorativas e religiosas.

» Fator natural: está ligado aos aspectos geográficos, tais como clima, relevo e vegetação,
e aos fenômenos naturais, como enchentes, escassez de matéria-prima, desmatamento,
falta de água e queimadas.

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CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

» Fator tecnológico: fator que se relaciona ao desenvolvimento de novas tecnologias e


ferramentas computacionais que trazem impactos e inovações no mundo do trabalho;
por exemplo, os sistemas de informação, redes sociais e ferramentas de comunicação.

» Fator político-legal: está relacionado à leis, regras e normas governamentais de um


país, estado ou município. Podemos incluir os acordos coletivos ligados às categorias
de classes profissionais.

Conhecimentos dos clientes

Antes de discutimos sobre a importância do conhecimento dos clientes, é essencial que consigamos
compreender o conceito de cliente.

Segundo Carvalho (2012), o cliente pode ser considerado como o sujeito solicita e recebe um
produto ou serviço de determinada empresa fornecedora. Há diferentes tipos de clientes e estes
são determinados de acordo com a relação estabelecida com a empresa fornecedora. Em linhas
gerais, podemos classificar os tipos de clientes em duas categorias básicas: clientes internos e
clientes externos.

Podemos definir como clientes internos os colaboradores que compõem o quadro de funcionários
de determinada empresa. Além disso, fazem parte dessa categoria os setores e/ou as áreas que
compõem a estrutura organizacional da empresa. Sendo assim, podemos concluir que esses
clientes fazem parte do ambiente interno das empresas.

Para refletir

Para ajudar na compreensão do conceito de cliente Interno, vejamos os exemplos a seguir:

Imagine que um colaborador interno comparece ao departamento de Recursos Humanos para solicitar um determinado
documento. Esse colaborador é considerado com cliente do setor de Recursos Humanos.

Agora vamos pensar outra situação. O setor de produção de uma fábrica necessita contratar mais dois colaboradores. Para
isso, o gestor de produção solicita o setor de Recursos Humanos que realize o processo seletivo para contratação desses
funcionários. Nesse caso, o setor de produção assume o papel de cliente interno de departamento de Recursos Humanos.

Por sua vez, os clientes externos estão localizados do lado de fora da empresa (ambiente externo).
Fazem parte desse grupo o cliente individual final (pessoa ou empresa) que adquire uma série de
produtos e serviço de determinada empresa. Ainda podemos considerar como cliente externo
as empresas parceiras que atuam como fornecedoras.

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Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

Para refletir

Vejamos, agora, mais dois exemplos de clientes externos.

Estamos no shopping com a família para fazer compras e almoçar. Sendo assim, assumimos o papel de cliente externo das
lojas em que realizamos as compras e do restaurante em que almoçamos com a família.

Imaginemos que esse mesmo shopping precisa fazer uma reforma no estacionamento. Para isso, contrata uma empresa da
área de construção civil para fazer o trabalho. Nesse momento, o shopping assume o papel de cliente externo da empresa de
construção civil.

Agora que diferenciamos os tipos de clientes existentes no dia a dia das empresas, podemos
começar a discutir a importância do conhecimento oriundo do clientes.

Inicialmente, destacamos que o conhecimento dos clientes é essencial para o estabelecimento do


planejamento estratégico da empresa, desenvolvimento de novos serviços e produtos e melhoria
dos processos. Isso se deve ao fato de o objetivo das empresas ser atender às necessidades dos
clientes na oferta de produtos e serviços, de acordo com Carvalho (2012).

Diante dos argumentos do autor, torna-se de máxima importância que as empresas busquem
conhecer os seus clientes internos e externos, suas necessidades, desejos e demandas. Para
isso, as empresas precisam desenvolver canais de escuta e de interação com os seus clientes de
forma que possam identificar as suas necessidades e percepções. Isto é, estabelecer estratégias
de relacionamento com os seus clientes.

O estabelecimento de canais de relacionamento com os clientes pode, segundo Carvalho (2012), se


tornar uma importante ferramenta para mapeamento do mercado e suas necessidades, conhecer
os seus clientes e identificar potenciais/futuros clientes. Tais informações são essenciais para o
direcionamento assertivo das estratégias da organização, evitando minimizar possíveis erros,
gastos desnecessários e desperdícios.

Os gestores devem ter consciência de que os conhecimentos tácitos dos clientes internos e
externos são importantes para a construção do conhecimento organizacional. Esses podem ser
usados como insumos de grande relevância para a inovação de processos, serviços e produtos.

Atenção

Conhecimento organizacional é constituído pela soma de todos os conhecimentos explíticos e tácitos presentes nas
empresas.

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CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

Segundo Nonaka e Takeuchi (1997):

A criação do conhecimento não é simplesmente uma questão de processar


informações objetivas a respeito de clientes, fornecedores, concorrentes,
assinantes de canais, comunidade local e governo. Os membros da equipe
também têm que mobilizar o conhecimento tácito dos participantes externos
através da interação social.

Segundo Carvalho (2012), é necessário romper o paradigma de interação com os clientes baseado
em questionários de satisfação e caixinhas de sugestões. As empresas precisam estabelecer meios
de interação que permitam a aproximação com os clientes e a criação de espaço de escuta e
de conversa, possibilitando que a empresa conheça os clientes, mas, também, que os clientes
possam conhecer a empresa. Dessa forma, o cliente assume um papel ativo na relação com a
empresa, potencializando a troca e compartilhamento de conhecimentos tácitos e a construção
do conhecimento estratégico.

As Tecnologias de Informação e Comunicação e a Gestão


do Conhecimento

As Tecnolgias de Informação e Comunicação (TICs), computadores, programas e a internet, têm


como principal objetivo auxiliar os gestores na coordenação, controle, análise e suporte à tomada
de decisão. As tecnologias favorecem a automatização das tarefas e processos específicos, tais
como gestão de projetos, mapeamento de indicadores e levantamento de dados.

Apesar disso, é importante termos consciência de que as TICs são ferramentas. Elas não geram
o conhecimento. Elas simplesmente facilitam o acesso aos dados armazenados e organização
das informações. São as pessoas dotadas das suas competências e habilidades que gerarão
conhecimento estratégico e inovação.

Mas isso não quer dizer que as TICs não são importantes. Cada vez mais essas ferramentas digitais
tornam-se indispensáveis para o apoio na realização das suas funções no dia a dia das empresas.

Sendo assim, as empresas devem não somente investir no aprimoramento do seu parque
tecnológico. Elas devem também se preocupar com a formação continuada dos seus colaboradores.
No quadro a seguir, conheceremos alguns dos sistemas de informação mais comuns no cotidiano
das empresas.

Quadro 4. Principais sistemas de Informação.

Sistema de Informação Descrição


Ferramenta indispensável para o apoio aos gerentes na realização das suas
Sistema de apoio gerencial
funções no dia a dia das empresas

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Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento • CAPÍTULO 2

Sistema de Informação Descrição


Apoia o processo de todas as transações da organização, tais como
Sistema de processamento de
faturamento de pedidos, controle de estoque, contas a pagar e a receber,
transações
compras, expedição e folha de pagamento
Sistema de informações Voltado para a área funcional, permite a geração de relatórios para auxiliar
gerenciais no planejamento, na organização e no controle de operações
Apoia os processos organizacionais internos nas áreas financeiras e contábil,
Planejamento de recursos
fabricação e produção, vendas e marketing , recursos humanos e cadeia de
empresariais 
suprimentos para fornecedores e clientes
Sistemas de suporte ao Utilizado por especialistas e profissionais da área de criação do
conhecimento  conhecimento, tais como engenheiros, técnicos e economistas
Sistema de gestão do Voltado para a gestão dos clientes. Utilizado nas áreas de vendas, marketing
relacionamento com o cliente  e atendimento ao cliente
Sistema de gerenciamento da Voltado para o planejamento, organização e otimização das atividades da
cadeia de suprimentos cadeia de suprimentos

Fonte: Adaptado de Carvalho (2012).

Nesse contexto, é importante destacar as ferramentas de informação e comunicação denominada


Web 2.0. Dotadas de características que favorecem a autoria, colaboração e compartilhamento
de informações e conhecimentos, essas ferramentas podem contribuir no desenvolvimento e na
ampliação de estratégias voltadas para construção e troca de conhecimento tanto no ambiente
interno quanto no ambiente externo da organização.

Quadro 5. Principais ferramentas da Web 2.0

Ferramentas da Web 2.0 Descrição


Página da web que permite a inserção de informações em diferentes formatos:
Weblogs (Blog)
texto, imagem, áudio e vídeo

Ferramentas semelhantes aos aplicativos comerciais, tais como editor de texto,


Aplicativos On-line
planilhas eletrônicas e programa de apresentação

Página da web que possibilita que diversas pessoas separadas geograficamente


Ferramenta Wiki
produzam conteúdos de forma colaborativa

SlideShare Funciona com repositório de slides de apresentações eletrônicas

YouTube Repositório de vídeos sobre os mais variados assuntos

Flickr Banco de imagens alimentado por diferentes pessoas

Arquivos de áudio sobre diversas temáticas, tais como músicas, opiniões sobre
Podcasts
diferentes assuntos, entrevistas e leituras de obras literárias

São ferramentas que possuem como principal objetivo a criação de uma rede
Redes Sociais
de relacionamento ou uma comunidade virtual.

Fonte: Adaptado de Machado, Maia e Baltar (2015).

Atenção

Sugerimos retorno ao Livro Didático da disciplina TICs aplicadas às Informações Gerenciais para rever os conteúdos
referentes a Sistema de Informação e Ferramentas da Web 2.0.

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CAPÍTULO 2 • Conceitos básicos da Gestão do Conhecimento

Sintetizando

Ao longo dos estudos do capítulo 2, discutimos sobre a diferença entre dados, informação e conhecimento. Apresentamos os
diferentes tipos de conhecimentos (tácitos e explícitos) presentes no ambiente organizacional.

Em seguida, discorremos sobre o gerenciamento dos conhecimentos presentes na empresa. Nesse momento, foi destacado
que o sucesso da empresa depende da forma como ela constrói conhecimentos e os aplica no dia a dia com objetivos de
melhorar e aprimorar os processos, produtos e serviços ofertados. Foi destacado que a Gestão do Conhecimento deve
levar em consideração tanto os conhecimentos presentes no ambiente interno quanto os conhecimentos externos à
organização, incluindo os do mercado, macroambiente e dos clientes. Finalizamos os nossos estudos discorrendo sobre
como as Tecnologias de Informação e Comunicação podem ser utilizadas como ferramentas para favorecer a Gestão do
Conhecimento.

28
CAPÍTULO
A DINÂMICA DA CONSTRUÇÃO
DO CONHECIMENTO 3
Apresentação

Nos capítulos anteriores, discutimos sobre a importância da gestão dos conhecimentos internos
e externos para os negócios e sucesso das organizações do século XXI.

Já no capítulo 3 conheceremos o processo de construção do conhecimento no ambiente


organizacional. Perceberemos que esse é um processo dinâmico baseado no compartilhamento
e na construção do conhecimento. Esse processo é denominado espiral do conhecimento.

Além disso, perceberemos que para que esse processo gere frutos positivos para a empresa
faz-se necessária a adoção de modelos gerenciais e a construção de ambientes organizacionais que
favoreçam e estimulem a socialização e a construção individual e colaborativa de conhecimentos.

Objetivos

» Compreender o processo de construção do conhecimento no ambiente organizacional.

» Conhecer as diferentes etapas que constituem a espiral do conhecimento.

» Identificar os modelos gerenciais mais adequados para a Gestão do Conhecimento.

» Identificar as características necessárias para caracterização do ambiente organizacional


mais propício para a construção do conhecimento.

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CAPÍTULO 3 • A dinâmica da construção do conhecimento

A construção do conhecimento no contexto organizacional

Nos capítulos anteriores, discutimos sobre a importância da gestão dos conhecimentos internos
e externos para os negócios e o sucesso das organizações do século XXI.

Seria incorreto afirmar que o conhecimento se torna presente no contexto organizacional devido
à Gestão do Conhecimento. Independente da época, todas as empresas possuem documentos nos
mais diferentes formatos, como texto, imagem, áudio, digital e vídeo. Além disso, as organizações
são formadas por colaboradores diretos e indiretos. E não podemos esquecer o fato de que o
conhecimento está diretamente ligado aos seres humanos. Sendo assim, podemos afirmar que o
conhecimento faz parte e esteve sempre presente no ambiente organizacional. Partindo dessas
premissas, podemos concluir que a gestão do conhecimento não é algo totalmente inovador,
conforme afirma Carvalho (2012).

A Gestão do Conhecimento tem como principal objetivo levar as empresas a se conscientizarem


sobre a importância do conhecimento, ajudando-as a identificar os diferentes tipos de
conhecimentos presentes no seu ambiente interno e externo e demonstrar que elas constroem
conhecimento a todo o momento. E permitir que essas possam desenvolver estratégias que
potencializem e maximizem a produção do conhecimento no seu dia a dia com o propósito de
tornar as empresas mais inovadoras, competitivas, trazer melhorias nos seus processos e no
próprio ambiente organizacional.

De acordo com Nonaka e Takkeuchi (1997):

Quando as organizações inovam, elas não só processam informações, de fora


para dentro, com o intuito de resolver os problemas existentes e se adaptar ao
ambiente em transformação. Elas criam novos conhecimentos e informações,
de dentro para fora, a fim de redefinir tanto os problemas quanto as soluções e,
nesse processo, recriar o seu meio.

Ainda segundo os autores, a principal dinâmica que permite a construção do conhecimento no


ambiente organizacional é baseada na interação, troca e compartilhamento dos conhecimentos
tácitos e explícitos.

2. Dinâmica da construção do conhecimento

O processo de construção do conhecimento é composto por quatro modos que se alternam


constantemente em uma dinâmica não linear, mas, sim, em espiral. Esse processo é baseado
no Modelo Seci, composto pela sigla das palavras Socialização, Externalização, Combinação e
Internalização. Ele também é conhecimento com espiral do conhecimento (NONAKA; TAKKEUCHI,
1997):

30
A dinâmica da construção do conhecimento • CAPÍTULO 3

Figura 1. Modelo Seci ou espiral do conhecimento.

Fonte: <http://www.ufal.edu.br/gestaodoconhecimento/arquivos/gc/os-quatro-modos-de-conversao-do-
conhecimento/@@images/dade6ab9-150a-4a9d-86b4-b409b8707cc8.jpeg. Acesso em 21/4/2017>.

Agora, conheceremos cada uma das etapas que constituem o modelo Seci.

» Socialização (conhecimento tácito para conhecimento tácito)

A socialização ocorrre por meio da troca e compartilhamento do conhecimento tácito


no dia a dia das empresas, por meio da exposição oral, observação, imitação ou prática.
Como exemplo, podemos citar a realização de uma reunião com diferentes equipes de
trabalho para o desenvolvimento de um novo produto a ser lançado pela empresa.

» Externalização (conhecimento tácito para conhecimento explícito)

A externalização ocorre por meio do registro de um conhecimento tácito em conhecimento


explícito. O conhecimento explícito pode ser registrado em diferentes formatos, tais como
texto, imagem, áudio, vídeo e digital. Como exemplo, podemos citar a elaboração de uma
ata de reunião, de um relatório de uma visita técnica e de um manual de procedimentos.

» Combinação (conhecimento explícito para conhecimento explícito)

A etapa da combinação envolve o agrupamento do novo conhecimento construído para


ser disponibilizado e acessado por todos da empresa. A combinação favorece e facilita a
distribuição e o acesso aos conhecimentos explíticos construídos pela empresa. Como
exemplo, podemos citar a base de dados dos clientes e fornecedores e documentos
armazenados na intranet da empresa.

31
CAPÍTULO 3 • A dinâmica da construção do conhecimento

» Internalização (conhecimento explícito para conhecimento tácito)

O processo de internalização tem como principal objetivo o aumento do conhecimento


tácito dos colaboradores por meio dos conhecimentos explícitos presentes no dia a dia das
empresas. A internalização poderá ocorrer quando um colaborador realizar a leitura de
um documento, ouvir a gravação de uma reunião ou assistir a um vídeo de treinamento.

O processo de construção do conhecimento


Atenção
baseado no modelo Seci poderá favorecer a tomada
de decisão, minimização dos erros e mensuração Dentro desse contexto, as Ferramentas de
com segurança da qualidade, eficiência e eficácia Informação e Comunicação da Internet assumem
papel importante, pois elas potencializam as
da organização. Sendo assim, o processo de
possibilidades de interação e colaboração entre
construção do conhecimento pode trazer melhorias colaboradores e o compartilhamento e produção de
dos processos, favorecer a dinâmica de inovação e conhecimento.

ganhos no posicionamento estratégico da empresa.

Entretanto, para que a construção do conhecimento ocorra é necessário um ambiente


organizacional com características propícias para a troca e compartilhamento de modelos de
gestão que estimulem a interação e o trabalho colaborativo entre os diferentes membros das
empresas.

Modelos gerenciais propícios para a construção do


conhecimento

Como percebemos ao longo da leitura da primeira parte deste capítulo, a construção do


conhecimento está presente no dia a dia do contexto empresarial, porém, a grande questão
é que muitas empresas e gestores não reconhecem a importância desse processo e os ganhos
que ele pode trazer para os negócios. Dessa forma, perde-se a oportunidade de construir novos
conhecimentos e aplicação de forma eficaz e eficiente, levando ao desperdício de conhecimentos
importantes para os negócios. Diante dessa reflexão, precisamos discutir sobre o modelo gerencial
mais adequado para a construção do conhecimento no contexto organizacional.

De forma geral, podemos considerar que existem três modelos gerenciais adotados pelas
empresas: modelo tradicional (ou Top Down), modelo empreendedor (ou Bottom Up) e modelo
participativo (ou Middle Up Down). Agora, conheceremos cada um desses modelos e identificar
aquele mais adequado para a construção do conhecimento.

» Modelo Tradicional

A gestão tradicional (ou Top Down) é baseada na hierarquia, na centralização do poder


da alta gerência (direção) da empresa e na especialização do trabalho. A tomada de
decisão e a geração do conhecimento são atributos exclusivos da direção.

32
A dinâmica da construção do conhecimento • CAPÍTULO 3

Com base nos conhecimentos construídos e nas decisões tomadas são determinadas as
ações a serem executadas pelo nível operacional. Esses recebem as ordens da alta gestão
e devem executar as ordens sem questionamentos. Não há espaço para o diálogo e os
conhecimentos dos colaboradores operacionais não são valorizados.

O nível gerencial é responsável pela transmissão das ordens e das ações (conhecimentos)
estabelecidas pela direção para o nível operacional. Ele ainda deve se responsabilizar
para que as ordens sejam cumpridas e as metas estabelecidas sejam alcançadas.

» Modelo Empreendedor

A gestão baseada no modelo empreendedor (Bottom up) valoriza a autonomia, a inovação


e a criatividade dos colaboradores do nível operacional, rompendo com a centralização
do poder, tomada de decisão e geração do conhecimento.

Nesse modelo, a alta gestão e o nível gerencial assumem o papel de mediadores e possuem
a responsabilidade de estimular o empreendedorismo do nível operacional. Esses, por
sua vez, devem desenvolver novos conhecimentos que gerem novas oportunidades de
negócios para a empresa.

Os autores Carvalho (2012) e Santos et al. (2001) destacam que o modelo empreendedor
pode trazer impactos negativos para o processo de construção do conhecimento, já
que a valorização da autonomia dos colaboradores pode reduzir as oportunidades de
interação entre os membros da equipe e de trabalho em equipe, limitando a trocar de
conhecimento e compartilhamento de conhecimento no ambiente organizacional.

» Modelo Participativo

Esse modelo de gestão participativa tem como princípio-base a participação de todos


os membros da empresa pela Gestão do Conhecimento. Sendo assim, a alta gestão,
os gerentes e os colaboradores operacionais são responsáveis pela construção do
conhecimento organizacional.

O nível operacional utiliza os conhecimentos organizacionais para a gestão das tarefas e na


resolução do problemas do cotidiano. Por sua vez, a alta gestão utiliza os conhecimentos
construídos para planejamento estratégico com foco nos resultados da empresa em
médio e longo prazos.

Dentro desse contexto, os gerentes assumem papel essencial na dinâmica de construção do


conhecimento em empresas baseadas na gestão participativa. Além de ser responsável pela
mobilização dos colaboradores no processo participativo de construção do conhecimento. Ele
é o agente canalizador que permite e favorece a troca de conhecimento do nível operacional
com a direção e vice-versa.

33
CAPÍTULO 3 • A dinâmica da construção do conhecimento

Quadro 6. Modelos de Gestão.

Tradicional (Top Down) Empreendedor (Bottom Up) Participativo (Middle Up Down)


Valorização da autonomia, da inovação e Descentralização e estímulo à
Hierarquização e centralização
da criatividade participação de todos

Alta gestão tem a responsabilidade de Alta gestão responsável pelo


Alta gestão determina os planos de ações estimular o empreendedorismo dos planejamento estratégico de médio e
colaboradores longo prazos

Gerentes são canalizadores da troca de


Gerentes responsáveis pelo cumprimento Gerentes responsáveis por estimular o
conhecimento do nível operacional com
das ordens e das metas empreendedorismo dos colaboradores
a direção e vice-versa

Colaboradores operacionais devem Colaboradores operacionais utilizam os


Colaboradores operacionais devem
desenvolver as novas oportunidades e conhecimentos para realizar as tarefas e
executar as ordens sem questionamento
negócios a resolução dos problemas

Limitação da interação e Limitação da interação e do trabalho de Valorização da interação, colaboração e


compartilhamento de conhecimentos colaboração compartilhamento de conhecimentos

Não valorização dos conhecimentos dos Valorização dos conhecimentos dos Valorização do conhecimento de todos os
colaboradores colaboradores membros: direção, gerência e operacional

Fonte: Elaborado pelo autor.

Para refletir

Considerando os três modelos de gestão apresentados: Tradicional, Empreendedor e Participativo, qual seria o modelo mais
adequado para a Gestão do Conhecimento?

O modelo tradicional não valoriza o conhecimento do colaborador e não estimula a troca e compartilhamento do
conhecimento. O modelo empreendedor reconhece a importância do conhecimento dos colaboradores. Entretanto, a
valorização da autonomia reduz a interação e compartilhamento do conhecimento. Por sua vez, o modelo participativo
valoriza o conhecimento de todos os colaboradores e reconhece a importância da interação, do trabalho colaborativo e do
compartilhamento de conhecimento para o sucesso dos negócios.

Partindo do princípio de que a Gestão do Conhecimento tem como premissas básicas a valorização do conhecimento de
todos os membros da empresa, a interação e compartilhamento do conhecimento, o modelo participativo (Middle Up Down)
torna-se o modelo gerencial mais adequado para favorecer a dinâmica da construção do conhecimento organizacional.

Contexto propício para a construção do conhecimento

Como destacado anteriormente, todas as empresas constroem conhecimento ao longo da sua


existência. Entretanto, é importante destacar que um ambiente organizacional adequado poderá
favorecer a troca e o compartilhamento de conhecimento entre os colaboradores internos e
externos de uma empresa, potencializando os ganhos que a construção do conhecimento pode
proporcionar para os negócios.

Sendo assim, é importante que as empresas construam ambientes propícios para a construção
do conhecimento organizacional. A esse ambiente damos o nome de Contexto Capacitante
para o Conhecimento.

34
A dinâmica da construção do conhecimento • CAPÍTULO 3

Um contexto capacitante para a construção do conhecimento deve ser dotado de cinco


características:

» Confiança

É essencial que o ambiente organizacional gere a sensação de confiança mútua entre


os colaboradores, de forma que todos não se sintam ameaçados durante o processo de
compartilhamento e troca de conhecimento.

» Empatia

Capacidade de se colocar no lugar do outro de forma a compreender o seu ponto de


vista, permitindo que sejamos capazes de compreender os outros por outro ponto de
vista. A empatia também nos ajuda a compreender as potencialidades e as limitações
dos indivíduos.

» Disponibilidade para ajuda

Os indivíduos que fazem parte de ambiente organizacional devem ter disponibilidade


para acolher e ajudar todos, criando uma atmosfera colaborativa e de ajuda mútua.

» Tolerância ao erro

O erro faz parte da natureza humana. Somos humanos e, por isso, erramos. Sendo
assim, devemos romper com a visão negativa do erro no dia a dia das empresas. O erro
deve ser considerado um aspecto positivo que permite o aprimoramento e a melhoria
dos processos, produtos e serviços. É por meio do erro que construiremos novos
conhecimentos para solução dos problemas. Não devemos ter medo de errar.

» Coragem

No dia a dia das empresas, não podemos ter medo de apresentar os novos conhecimentos
construídos sobre determinado assunto. A coragem é essencial para submeter os nossos
conhecimentos ao julgamento e às criticas de terceiros.

O contexto capacitante para o conhecimento pode se constituir por meio de três formatos: físico,
virtual e mental.

O contexto capacitante físico diz respeito à infraestrutura física da empresa que permite criar
espaços físicos que permitam a interação, a colaboração e o compartilhamento de conhecimentos.
Podemos citar como exemplo de contexto capacitante físico as salas compartilhadas de trabalho,
sem divisórias e espaços reservados. Esse tipo de espaços ampliam possibilidades de interação
e troca de conhecimento entre os colaboradores. Outro exemplo é a sala de reunião.

35
CAPÍTULO 3 • A dinâmica da construção do conhecimento

O contexto capacitante virtual é constituído de espaço de interação e compartilhamento de


conhecimento gerado pelas Tecnologias de Informação e Comunicação. Como exemplos, podemos
citar os aplicativos de relacionamento virtual, grupo de e-mails, ferramenta de teleconferência
(Skype) e Grupos no Whatsapp.

Já os contextos capacitantes mentais são as estratégias que favoreçam a aprendizagem no


ambiente de trabalho e a formação continuada dos colaborados. Podemos citar como exemplos
as estratégias de Treinamento e Desenvolvimentos (T&D), de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
e cursos de capacitação.

Para refletir

De acordo com Carvalho (2012), o conhecimento não deve ser considerado como algo estatístico, imutável e finalizado. O
conhecimento está em constante processo de construção. Sendo assim, a validade de um conhecimento está atrelada ao
tempo e ao espaço, à cultura, aos valores e à linguagem.

Um conhecimento pode ser válido para determinado grupo social e não para outros. Hoje, um conhecimento pode ser válido
para explicar determinado fenômeno. Porém, daqui a cinco anos, esse mesmo conhecimento pode não ser mais aceito para
explicar esse mesmo fenômeno, pois novos conhecimentos serão construídos.

Sendo assim, podemos afirmar que todo conhecimento está atrelado a determinado contexto. E que os valores, a cultura,
a linguagem, a temporalidade e a espacialidade irão determinar a validade de um conhecimento para determinado grupo,
incluindo as empresas.

Sintetizando

Ao longo do capítulo 3, discutimos o processo de construção do conhecimento no ambiente organizacional. Foi possível
perceber que ele é processo dinâmico baseado no compartilhamento e na construção do conhecimento e denominado
espiral do conhecimento.

Além disso, aprendemos que para que esse processo gere frutos positivos para a empresa faz-se necessária a adoção de
modelos gerenciais e a construção de ambientes organizacionais que favoreçam e estimulem a socialização e a construção
individual e colaborativa de conhecimentos.

36
CAPÍTULO
GESTÃO DA DIVERSIDADE
E AS BARREIRAS PARA
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 4
Apresentação

No capítulo 4 do Livro Didático, discutiremos sobre a gestão da diversidade e os ganhos que ela
pode trazer para as empresas. Perceberemos que ela é essencial para o processo de construção
do conhecimento do ambiente organizacional e para o aumento de competitividade e da
capacidade criativa.

Em seguida, veremos que, mesmo sabendo da importância da construção do conhecimento,


não podemos ignorar que esse processo é constituído de grandes desafios. Um destes está
relacionado aos obstáculos existentes no contexto organizacional que impedem a construção e
o compartilhamento de conhecimentos.

Além disso, perceberemos que uma das formas de minimizar essas barreiras é por meio do
desenvolvimento de práticas e políticas que motivem e estimulem os colaboradores a compartilhar
os seus saberes e suas experiências.

Objetivos

» Compreender a importância da gestão da diversidade para o aumento de competitividade


e da capacidade criativa das organizações.

» Identificar as principais barreiras que impedem a construção e o compartilhamento de


conhecimentos no contexto organizacional.

» Conhecer as principais práticas e políticas voltadas para a motivação dos colaboradores


para o compartilhamento dos conhecimentos.

37
CAPÍTULO 4 • Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento

Diversidade na Gestão do Conhecimento

A partir da década de 1990 ocorreram mudanças significativas em diferentes segmentos da


sociedade. No campo empresarial, observamos o aumento da diversificação da força de trabalho
e o surgimento de um mercado cada vez mais competitivo. É nesse contexto que a temática da
diversidade cultural ganha destaque no meio empresarial tanto em países desenvolvidos como
em desenvolvimento.

Segundo Thomas (1991), citado por Oliveira e Rodrigues (2004):

A diversidade inclui todos, não é algo que seja definido por raça ou gênero.
Estende-se a idade, história pessoal e corporativa, formação educacional, função
e personalidade. Inclui estilo de vida, preferência sexual, origem geográfica,
tempo de serviço na organização, status de privilégio ou de não privilégio e
administração ou não administração.

Com base nas colocações do autor, podemos perceber que a questão da diversidade é bastante
complexa e abrangente. Ela deve considerar que o conceito da diversidade deve ir além das
questões relacionadas ao gênero e às raças. Ela envolve diferentes aspectos, tais como sexo,
identidade de gênero, idade, grau de instrução, grupo étnico, religião, origem, raça e língua.

Saiba mais

Que tal recordar os conceitos de diversidade cultural?


Sugiro retornarmos à disciplina Diversidade Cultural e Cultura Organizacional. Vamos rever o Livro Didático, o conteúdo on-
line e as videoaulas desta disciplina.

O aumento da diversidade da força de trabalho exige que as empresas desenvolvam estratégias


que permitam a gestão de um ambiente organizacional cada vez mais heterogêneo. A gestão da
diversidade vai além do combate à discriminação e ao preconceito no dia a dia das empresas.
A gestão da diversidade busca desenvolver um ambiente organizacional que permita o
desenvolvimento pleno do potencial de todos os colaboradores, tendo como base os objetivos
estratégicos da empresa.

Atenção

Pesquisa realizada por Oliveira e Rodrigues (2004) mostra a realidade da diversidade nas empresas brasileiras. Nesse estudo,
os autores identificam o aumento da participação das mulheres nas equipes de colaboradores das empresas.

No que se refere às questões étnico-raciais, foi identificada a ausência de negros ocupando cargos que exigem maiores níveis
educacionais. Tal realidade reflete as desigualdades na sociedade brasileira e mostram a existência de barreiras culturais que
impedem maior inserção dos negros no mercado de trabalho.

38
Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento • CAPÍTULO 4

Os autores mostram que a questão da diversidade ainda se encontra restrita aos aspectos de gênero e étnico-raciais, este
último ainda são tratadas de forma incipiente. Entretanto, é necessário ampliar a visão sobre a diversidade, incluindo a
comunidade LGBT, religião, faixa etária e origem social.

Os principais ganhos oriundos das práticas voltadas para a gestão da diversidade estão relacionados
à maior capacidade da empresa de atrair e de reter grandes talentos, de ampliar a sua atuação em
segmentos diversificados de negócios e mercado, de gerar processos inovadores e de solucionar
problemas.

Conforme discutimos nos capítulos anteriores, o conhecimento é uma das principais fontes
de vantagens competitivas. A gestão da diversidade poderá favorecer o compartilhamento de
conhecimento entre os colaboradores ampliando as possibilidades de resolução de problemas
e a geração de ideias inovadoras e criativas.

As pessoas que pensam igual terão as mesmas ideias. Sendo assim, a criação de um ambiente
heterogêneo, constituído por colaboradores com diferentes origens sociais, identidades de gênero,
faixas etárias, grau de instrução, religião e raças, ampliam a possibilidade de desenvolvimento
de diferentes soluções para um mesmo problema e a geração de propostas inovadoras frente
aos desafios encontrados.

O desenvolvimento de práticas que valorizam a diversidade favorece a constituição de equipes


heterogêneas de trabalho, a interação entre os colaboradores e a troca de conhecimentos no
ambiente organizacional. Sendo assim, podemos afirmar que a gestão da diversidade é essencial
para o processo de construção do conhecimento do ambiente organizacional, trazendo ganhos
significativos para os negócios e gerando aumento de competitividade.

Barreiras que impedem o compartilhamento do


conhecimento

Um dos processos mais críticos da Gestão do Conhecimento é o compartilhamento do conhecimento,


já que as pessoas tendem a reter os seus conhecimentos dentro do contexto organizacional. São
inúmeras as barreiras que impedem as pessoas de compartilharem conhecimento no dia a dia
das empresas.

Essas barreiras se intensificam quando estão relacionadas a questões culturais. Uma delas é
associar a retenção da informação e do conhecimento como forma de manutenção de poder
e/ou estabilidade de vínculo empregatício.

Geralmente, observando as organizações, percebemos que as pessoas não compartilham o seu


conhecimento por se sentirem inseguras quanto à validade daquelas, não confiarem nos seus

39
CAPÍTULO 4 • Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento

colegas e superiores, ou, simplesmente, estão reproduzindo uma atitude comum presente na
cultura organizacional.

De acordo com Probst et al. (2002), citado por Oliveira (2012), os aspectos que impedem o
compartilhamento do conhecimento podem ser classificados em três categorias.

A primeira categoria está relacionada ao uso de novos conhecimentos. No dia a dia das empresas
é possível observar que muitos colaboradores não compartilham os seus conhecimentos por
acreditarem que estes estão errados ou não são relevantes para a organização. Por outro lado,
há colaboradores que não compartilham o seu conhecimento por medo de perder o seu posto
de trabalho para outros colaboradores.

A segunda é denominada cegueira organizacional. Nesse caso, as empresas acreditam que o


conhecimento é algo imutável e consolidado. Sendo assim, os conhecimentos que elas já possuem
não precisam ser atualizados e aprimorados.

Já a terceira é chamada de barreiras culturais da organização. Geralmente em ambientes


organizacionais muito competitivos, as pessoas se sentem inseguras em solicitar conhecimentos
de outros colaboradores para a realização das atividades. Algumas pessoas acreditam que tal
atitude coloca o sujeito em situação vulnerável, pois mostra a ausência de conhecimentos,
competências e habilidades.

Os autores Cormican e Dooley (2007), citados por Barbosa et al. (2009), em seus estudos,
apresentam as principais barreiras que dificultam a troca de conhecimento: motivação e
habilidades, confiança, recursos e busca e acesso à informação.

Quadro 7. Barreiras que impedem o compartilhamento de conhecimento.

1. Ausência de propósito ou visão comum dentro da empresa


2. Ausência de clareza de objetivos no nível operacional
3. Medo da perda de poder ao compartilhar o conhecimento
Motivação e habilidades 4. Falta de incentivos ao compartilhamento do conhecimento
5. Compartilhamento não reconhecido ou recompensado pelas
organizações da rede
6. Inabilidade em escutar e desenvolver empatia com os outros
1. Ausência de confiança entre indivíduos participantes da organização
Confiança 2. Medo de compartilhar informações proprietárias
3. Resistência à mudança
1. Falta de tempo para compartilhar conhecimento e desenvolver
Recursos
relacionamentos
1. Excesso de informação recuperada
2. Dificuldade em recuperar e classificar a informação para outros usos
Busca e acesso à informação
3. Informação é frequentemente armazenada em formato incorreto para
facilitar o compartilhamento

Fonte: Adaptado Barbosa et al. (2009) citado por Cormican e Dooley (2007).

40
Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento • CAPÍTULO 4

De acordo com Carvalho (2012), os gestores e a alta direção assumem um papel muito importante
para romper ou minimizar as barreiras que impedem o compartirlhamento. Pois esses são
responsáveis por desenvolver estratégias que favoreçam o desenvolvimento de ambiente
organizacional propício para a construção e compartilhamento de conhecimento.

Políticas e práticas voltadas para a construção


conhecimento

Ao longo deste capítulo, foi possível perceber que as pessoas possuem papel central na questão
da Gestão do Conhecimento, já que são elas que constroem e compartilham os conhecimentos
no ambiente organizacional. Percebemos também que existem diferentes obstáculos criados por
essas mesmas pessoas que impedem a circulação dos conhecimentos no dia a dia da empresa.

Considerando que as pessoas constituem o principal canal de criação e troca de conhecimento,


é essencial que estas se sintam motivadas e estimuladas a compartilhar os seus saberes e
experiências. Por isso, as empresas precisam desenvolver práticas e políticas alinhadas com os
propósitos da Gestão do Conhecimento. Dentre essas, podemos citar: recrutamento e seleção,
formação continuada, reconhecimento do trabalhador e carreira.

As políticas voltadas para o processo de recrutamento e seleção deve ser baseada na gestão por
competências. O processo deve tanto valorizar as competências técnicas como as competências
de suporte, já que estas favorecem a dinâmica de construção do conhecimento. O objetivo do
processo de recrutamento e seleção deve ser romper o paradigma do aumento dos recursos
humanos. Deve se voltar para o aumento do capital humano.

As práticas de formação continuada deve se voltar para o desenvolvimento das competências


técnicas e de suporte de acordo com os objetivos e planejamento estratégico dos negócios da
empresa. As organizações precisam criar formas de recompensa às iniciativas individuais de
autoaprendizagem dos colaboradores.

Ainda na questão da formação continuada, as empresas devem fazer parcerias com instituições
de ensino (educação básica, cursos profissionalizantes e educação superior) com o objetivo de
promover a capacitação dos seus colaboradores. A organização também deve estar preocupada
em promover formas inovadoras de treinamento e desenvolvimento, como, por exemplo, a oferta
de cursos on-line.

Além das estratégias formais de aprendizagem, é essencial o desevolvimento de uma cultura


organizacional baseada na aprendizagem. Para isso, é importante que os gestores assumam o
papel de promotores da aprendizagem organizacional, desenvolvendo e incentivando a formação
das equipes de trabalho. Além disso, os líderes devem estimular a troca e o compartilhamento de
conhecimentos e experiências entre os colaboradores e entre as diferentes equipes de trabalho.

41
CAPÍTULO 4 • Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento

A formação continuada deve ser vista pelas empresas como uma forma de investimento, pois as
estratégias de T&D são umas das alternativas válidas para o aumento do capital humano. Sendo
assim, é importante que as empresas reservem um percentual dos seus lucros anuais para a
formação dos colaboradores.

As práticas voltadas para o reconhecimento e a recompensa dos colaboradores devem estar


articuladas com a construção do conhecimento individual, a participação em congressos e
seminários, o desenvolvimento das competências essenciais e iniciativas inovadoras relacionadas
ao negócio da empresa. Para isso, é necessária a criação de mecanismos de avaliação que envolva
tanto os aspectos técnicos quanto os cognitivos, comportamentais e emocionais.

Sendo assim, é muito importante desenvolver formas de divulgação dos resultados obtidos pelos
colaboradores de forma individual e coletiva. Uma possibilidade é a criação de eventos públicos
para divulgação de resultados e premiação dos indivíduos.

As estratégias de reconhecimento e recompensa devem ir além da oferta de premiação em


valor monetário (dinheiro ou cartão de débito). Devem envolver outros tipos de premiação, tais
como oferta de dias livres de trabalho, premiação em passagens de aviaão, almoço ou jantar em
restaurantes e outras atividades de lazer.

Já as práticas para o plano de carreira devem se voltar para identificação e formação de substitutos
tanto nos níveis operacionais quanto nos gerenciais e para a mobilidade funcional com previsão
de ocupação de cargos em diferentes áreas da empresa, tendo como base as competências
técnicas e de suporte dos colaboradores. Além disso, é importante a criação de estratégias que
permitam a retenção de talentos, permitindo o controle do turnover da empresa e a evasão de
conhecimento.

Atenção

O que é Turnover?
“É um conceito frequentemente utilizado na área de Recursos Humanos (RH) para designar a rotatividade de pessoal em
uma organização, ou seja, as entradas e saídas de funcionários em determinado período de tempo.”
Fonte: httpts://www.significados.com.br/turnover/. Acesso em 1/5/2017.

42
Gestão da diversidade e as barreiras para construção do conhecimento • CAPÍTULO 4

Sintetizando

Durante a leitura do capítulo 4, discutimos sobre a gestão da diversidade e os ganhos que ela pode trazer para as empresas.
Foi possível perceber que a gestão da diversidade é essencial para o processo de construção do conhecimento do ambiente
organizacional e para o aumento de competitividade e da capacidade criativa. Em um segundo momento, discorremos sobre
os desafios presentes no ambiente organizacional que impedem a construção e compartilhamento de conhecimentos.

Finalizamos o nosso capítulo discutindo sobre a importância do desenvolvimento de práticas e políticas que motivem e
estimulem os colaboradores a compartilhar os seus saberes e as suas experiências.

43
CAPÍTULO
A APRENDIZAGEM NO AMBIENTE
ORGANIZACIONAL 5
Apresentação

Já percebemos, ao longo do estudo dos capítulos anteriores, que as pessoas são os elementos
básicos para a gestão baseada no conhecimento. Já que as pessoas são responsáveis pela criação,
compartilhamento e aplicação dos conhecimentos no dia a dia das empresas.

Tendo como base essa premissa, discutiremos a importância da gestão do capital humano e
apresentaremos a aprendizagem organizacional, em especial, a educação corporativa, como
essencial para o desenvolvimento e o aumento do capital humano nas empresas.

Finalizaremos o nosso capítulo discorrendo sobre as competências a serem desenvolvidas e


as lacunas de conhecimentos a serem supridas tendo como base os objetivos e interesses da
empresa a curto, médio e longo prazos.

Objetivos

» Discorrer sobre a gestão do capital humano.

» Compreender a importância da aprendizagem organizacional.

» Discorrer sobre o papel da educação corporativa para desenvolver os conhecimentos,


competências e habilidades essenciais.

» Identificar as competências e os conhecimentos essenciais de acordo com os objetivos


e as estratégias das organizações.

44
A aprendizagem no ambiente organizacional • CAPÍTULO 5

A aprendizagem organizacional e o capital humano

Ao longo do estudo dos capítulos 1, 2, 3 e 4, percebemos que as pessoas são elementos básicos para
a gestão baseada no conhecimento. Já as pessoas são responsáveis pela criação, compartilhamento
e aplicação dos conhecimentos no dia a a dia das empresas. Os colaboradores devem ser
considerados não como meros executores de atividades e de tarefas. Eles devem ser considerados
como trabalhadores intelectuais ou trabalhadores do conhecimento, conceito cunhado por Peter
Drucker, conforme citado por Carvalho (2012).

Dentro dessa perspectiva, os colaborados devem ser vistos não como meros recursos humanos,
eles devem ser reconhecidos como capital humano. Enquanto os recursos humanos são formados
pelo quantitativo de pessoas que trabalham em uma empresa. O capital humano é parte do ativo
tangível das empresas, sendo formada a soma de todos os conhecimentos tácitos e explícitos
presentes no ambiente organizacional.

Saiba mais

Ativos tangíveis e intangíveis


Os ativos tangíveis estão relacionados aos bens físicos pertencentes às empresas, tais como imóveis, maquinários,
automóveis e mobiliário. Já os ativos intangíveis estão relacionados ao capital intelectual, à capacidade de inovação, à
cartela de clientes, às marcas e aos produtos comercializados. O capital intelectual está atrelado ao conhecimento tácito dos
colaboradores, como, por exemplo, habilidades, experiências, grau de escolaridade e know-now.

O valor de mercado de uma empresa é composto pelos valores dos seus ativos tangíveis e intangíveis. Sendo que os ativos
intangíveis é que agregram maior valor ao preço da organização.

Sendo assim, o capital humano, de acordo com Santos et al. (2001), é formado pelas habilidades
dos colaboradores, pelos conhecimentos que estes constroem na sua formação acadêmica e ao
longo da sua vida pessoal e profissional. A este grupo devemos somar as informações oriundas
dos clientes, fornecedores, empresas parceiras, concorrentes e das esferas governamentais. O
capital humano deve ser gerenciado de forma que esses conhecimentos possam ser aplicados
com objetivos de trazer ganhos e vantagem competitiva para as organizações. Diante disso,
podemos concluir que há uma relação direta entre o aumento do capital humano e o aumento
da capacidade de inovação e competitividade das empresas.

Parte significativa do capital humano envolve as pessoas, seus cohecimentos e experiências.


Por isso, é essencial que os gestores desenvolvam estratégias que favoreçam e estimulem a
aprendizagem dos seus colaboradores e, consequentemente, o aumento do capital humano,
possibilitando, por meio dessas estratégias, um ambiente propício para a aprendizagem
organizacional.

45
CAPÍTULO 5 • A aprendizagem no ambiente organizacional

A aprendizagem organizacional é, de acordo com Senge (1999), citado por Santos et al. (2001):

o processo contínuo de detectar e corrigir erros. Errar significa aprender,


envolvendo a autocrítica, a avaliação de riscos, a tolerância ao fracasso e a correção
de rumo, até alcançar os objetivos. É a capacidade das organizações em criar,
adquirir e transferir conhecimentos e em modificar seus comportamentos para
refletir estes novos conhecimentos e insights. Isso implementa um mecanismo pelo
qual os trabalhadores contribuem para o desempenho da empresa por meio da
aplicação dos seus conhecimentos e habilidades em resolver problemas e de inovar
constantemente. Cria-se a organização que aprende e que gera conhecimento.

A aprendizagem organizacional deve desenvolver competências e conhecimentos de forma


colaborativa que permitam alcançar os objetivos, as metas e os resultados desejados pelas
empresas. Além disso, deve proporcionar formas que possibilitem às empresas se tornarem mais
estratégicas e competitivas frente às demandas oriundas do mercado.

Dessa forma, as empresas serão capazes de planejar de forma estratégica suas ações tanto para o
desenvolvimento de atividades do dia a dia quanto para atingir os seus objetivos organizacionais
de médio a longo prazos.

Outro aspecto importante da aprendizagem nas empresas é desenvolver competências que


permitam a análise das tomadas de decisão no ambiente organizacional, permitindo, assim, rever
os processos adotados de forma a identificar os acertos e minimizar os erros, garantindo, assim,
a eficácia e a eficiência das ações gerenciais. Além disso, possibilita que as empresas possam
prever mais claramente os problemas e pontos fracos, fazendo com que essas sejam capazes de
se tornar mais flexíveis e adaptáveis aos desafios futuros.

Com base no que discutimos até o momento, também podemos considerar que a aprendizagem
organizacional busca identificar e corrigir os erros encontrados nos processos da empresa de
forma que esta possa se tornar mais competitiva e tenha melhor posicionamento estratégico,
reduzindo custos e desperdícios de recursos humanos, de conhecimento e insumos de produção
e garantindo a melhoria contínua dos seus produtos e serviços.

Atenção

É errando que se aprende

Conforme discutimos no capítulo 3, a empresa baseada na aprendizagem deve ter tolerância ao erro, sendo necessário
romper com o paradigma do erro visto como um fracasso ou algo pejorativo. O erro deve ser considerado como um
momento importante no processo de aprendizagem organizacional e como um elemento importante ao processo de
aprendizagem, pois é por meio do erro que as empresas podem ter a oportunidade de aprender sobre os seus processos e
corrigir suas ações estratégicas.

46
A aprendizagem no ambiente organizacional • CAPÍTULO 5

A aprendizagem no ambiente organizacional desenvolve competências e habilidades, permitindo


que os colaboradores utilizem os seus conhecimentos para a resolução dos desafios encontrados
no dia a dia da empresa e para a melhoria contínua e implementação de soluções inovadoras.

De acordo com Santos et al. (2001), os principais ganhos que a aprendizagem organizacional
pode trazer para as empresas são:

» Melhoria do planejamento operacional e estratégico.

» Maior agilidade nas tomadas de decisões.

» Maior capacidade de realizar previsão sobre as mudanças nos mercados e nos negócios,
evitando surpresas desagradáveis.

» Estímulo ao processo de inovação e melhoria dos processos, serviços e produtos.

» Melhoria no processo de gestão da informação e conhecimento, evitando duplicidades


e desperdícios.

» Ampliam as possibilidades de troca e compartilhamento de conhecimento.

» Desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem que envolve todos os níveis


organizacionais: alta direção, nível gerencial e nível operacional.

» Torna as empresas mais competitivas e traz melhoria na qualidade dos produtos e


serviços ofertados.

Mas, para o sucesso da aprendizagem nas empresas é muito importante a criação de um ambiente
e desenvolvimento de uma cultura organizacional que valorize o trabalho colaborativo, a troca
de experiências, a interação entre os colaboradores e a construção coletiva do conhecimento.

Ainda sobre a aprendizagem organizacional, é necessário destacar que esta deve ser vista de forma
ampla. Segundo Carvalho (2012), ela é consttituída de três categorias ou esferas: capacitação
do colaborador; pesquisa e desenvolvimento e novas fontes de informação e conhecimentos.

A capacitação do colaborador refere-se às diferentes estratégias de formação profissional que


pode ocorrer por meio da oferta de treinamentos, palestras, coaching, mentoria, parcerias com
universidades, escolas técnicas e cursos para oferta de bolsas de estudo e ações desenvolvidas no
contexto da educação corporativa. A pesquisa e o desenvolvimento envolvem as ações presentes na
empresa para o desenvolvimento de novos produtos, serviços, marcas e patentes. Ou para a mehoria
dos já existentes na empresa. No que se refere à terceira categoria, essa envolve ações que estimulam
os colaboradores na busca de novas fontes de informações que ampliem os seus conhecimentos e
sua visão de mundo sobre diferentes aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos.

47
CAPÍTULO 5 • A aprendizagem no ambiente organizacional

A educação corporativa

No item anterior, percebemos que as empresas baseadas no conhecimento devem desenvolver


estratégias que favoreçam a criação de um ambiente que estimule a aprendizagem dos seus
colaboradores. Dentre essas estratégias voltadas para aprendizagem organizacional, discutiremos
, agora com maior profundidade, a educação corporativa.

A educação corporativa tem como principal objetivo desenvolver os conhecimentos, competências


e habilidades essenciais para atender às necessidades estratégicas e aos objetivos organizacionais.
Com foco na formação continuada dos colaboradores, a educação corporativa poderá fazer uso de
diferentes estratégias de aprendizagem, tais como palestras, treinamentos, coaching e mentoria
e cursos do formato presencial ou a distância.

Saiba mais

Vamos rever as estratégias on-line de educação corporativa lendo o capítulo 6 e/ou o conteúdo da Estação 8 da disciplina
TICs aplicadas nos processos gerenciais.

É importante destacar que a educação corporativa tem como responsabilidade à formação ampla
dos colaboradores. Sendo assim, ela não é direcionada somente em nível operacional. Deve se
preocupar também com a formação do nível gerencial e da alta gestão (direção) da organização.

A educação corporativa busca superar os modelos baseados no desenvolvimento exclusivo de


competências técnicas para a realização de tarefas. O foco é a educação permanente e continuada
dos colaboradores, buscando o desenvolvimento de competências voltadas para o trabalho
colaborativo e a geração de soluções inovadoras e possibilitando que os colaboradores estejam
aptos para lidar com as mudanças contantes e os desafios apresentados pelo mercado no mundo
atual. Ela deve estimular a aprendizagem continuada, permitindo que os colaboradores possam
aprender um com os outros e compartilhar os conhecimentos construídos, as soluções inovadoras
criadas e as melhores práticas desenvolvidas no dia a dia da empresa.

O objetivo é a formação do trabalhador da era do conhecimento. O desenvolvimento de


competências e habilidades que possibilite o colaborador atuar de forma ativa e crítica durante
a realização das tarefas.

Mapeamento de competências e de conhecimentos

Você deve ter percebido que ao discutirmos a questão da aprendizagem organizacional e a formação
dos colaboradores, é importante termos clareza sobre as competências a serem desenvolvidas

48
A aprendizagem no ambiente organizacional • CAPÍTULO 5

e as lacunas de conhecimentos a serem supridas tendo como base os objetivos e interesses da


empresa em curto, médio e longo prazos.

O mapeamento das lacunas de conhecimento contribui para que a empresa seja capaz de
identificar os conhecimentos essenciais para os seus negócios. Isto é, seja capaz de identificar
os conhecimentos tácitos que os colaboradores possuem e aqueles que precisam ser adquiridos,
de acordo com os objetivos estratégicos da empresa.

A identificação dessas lacunas contribui para definição assertiva das ações de aprendizagem
organizacional a serem desenvolvidas, evitando que deperdícios de investimento e de tempo na
construção de conhecimentos que não são úteis para os negócios da empresa.

A competência é a capacidade que o indivíduo possui para realizar algum tipo de tarefa tendo
como base as experiências passadas e os conhecimentos tácitos acumulados ao longo da sua
vida. A competência possui um caráter pragmático; isto é, está atrelada ao ato de fazer/realizar
algo. Porém, faz-se necessário destacar que as competências são baseadas em conhecimentos
e habilidades. Sendo assim, um colaborador somente é competente em determinada área se
possuir conhecimento sobre o assunto e habilidades que lhe permitam realizar tarefas de forma
eficaz, eficiente e com qualidade.

As competências podem ser classificadas em duas categorias: competências técnicas e competências


de suporte. As competências técnicas estão relacionadas diretamente à área de formação e são
necessárias para a atuação profissional. Por exemplo, um gestor de Recursos Humanos deve
possuir competências técnicas relacionadas a Recursos Humanos, assim como um engenheiro
civil deve possuir competências na área da construção civil.

Já as competências de suporte não estão relacionadas a determinada área de atuação. São


competências genéricas de caráter mais subjetivo; entretanto, essas agregram valores significativos
ao exercício profissional. A seguir, veremos uma tabela com as principais competências de suporte.

Quadro 8. Competências de suporte.

Competências de Suporte
Adaptação e flexibilidade Espírito empreendedor

Autoaprendizagem e desenvolvimento Inovação e criatividade

Capacidade de negociação Liderança

Capacidade de planejamento Motivação

Capacidade de trabalhar em grupo Relacionamento interpessoal

Comunicação e interação Tomada de decisão

Fonte: Adaptado de Carvalho (2012).

49
CAPÍTULO 5 • A aprendizagem no ambiente organizacional

Além de agregar valor às competências técnicas, as competências de suporte são de grande valia
para a gestão de conhecimento, pois, muitas delas são essenciais para que os colaboradores
sejam capazes de construir e compartilhar conhecimentos.

Saiba mais

Umas das ferramentas muito utilizada nas empresas para realizar o mapeamento de competências é a Matriz de
Competências.

Segundo Setzer (2001), a matriz de competências é estruturada em forma de tabela. As linhas da tabela representam as áreas,
e as colunas as habilidades relacionadas a cada área. Cada célula, encontro da coluna com uma linha, representa um grau de
competência e/ou de conhecimento. O valor a ser atribuído a cada competência/conhecimento pode variar de zero a cinco
pontos. Sendo o grau zero a ausência de conhecimento ou competência na área. O grau cinco é um indicador de excelência.

Atenção

Diante das reflexões apresentadas, podemos concluir que é de grande importância que os gestores sejam capazes de mapear,
identificar as competências e conhecimentos existentes, assim como as lacunas de competências e de conhecimentos
presentes no ambiente. Somente assim a empresa poderá desenvolver diferentes ações de aprendizagem voltadas para
o aprimoramento das competências e conhecimentos já existentes e o desenvolvimento de novos, tendo como base os
objetivos e as estratégias organizacionais.

Sintetizando

Durante o estudo do capítulo 5 discutimos sobre os ativos tangíveis e intangíveis da empresa, em especial o capital humano.
Em seguida, discorremos sobre a importância da aprendizagem organizacional, em especial a educação corporativa,
para o desenvolvimento e o aumento do capital humano nas empresas. Finalizamos o nosso capítulo discutindo sobre as
competências a serem desenvolvidas e as lacunas de conhecimentos a serem supridas tendo como base os objetivos e os
interesses da empresa em curto, médio e longo prazos.

50
CAPÍTULO
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO
NO PROCESSO DE INOVAÇÃO 6
Apresentação

Como vimos na 1 deste Livro Didático, a revolução tecnológica, no final do século XX, em
especial o computador e a internet, trouxe impactos significativos, apresentando novas e
diferentes demandas ao mercado de trabalho e às empresas. Cada vez mais os trabalhadores e
as organizações precisam adquirir novas habilidades e competências e novos conhecimentos;
entre elas, podemos citar a capacidade de inovação.

Por isso, nesta última , abordaremos o processo de inovação nas empresas. E conheceremos os
diferentes tipos de inovação. Teremos oportunidade de refletir sobre a influência do ambiente
das empresas e da cultura organizacional no processo de inovação.

Objetivos

» Discorrer sobre o processo de inovação e sua importância para os negócios da empresa.

» Conhecer os diferentes tipos de inovação presentes no ambiente organizacional.

» Compreender a importância da criação de contextos capacitantes (físicos, mentais/


cognitivos e virtuais) propícios para o processo de inovação.

» Discutir sobre a influência da cultura organizacional no processo de inovação das


empresas.

51
CAPÍTULO 6 • A importância do conhecimento no processo de inovação

O que é inovação?

Como vimos ao longo dos capítulos deste Livro Didático, a revolução tecnológica, no final do
século XX, em especial o computador e a internet, trouxe impactos significativos em diferentes
segmentos da sociedade, incluindo as empresas e as escolas. Esse novo contexto apresenta novas
e diferentes demandas ao mercado de trabalho e às empresas. Sendo assim, é necessário que
empresas e colaboradores estejam preparados para lidar com as novas questões que emergem de
uma sociedade cada vez mais digital e de um mercado cada vez mais dinâmico e em constante
processo de transformação.

Cada vez mais os trabalhadores e as organizações precisam adquirir novas habilidades e


competências e novos conhecimentos. Inovação virou a palavra de ordem. Sendo assim, gerar
e absorver inovações é essencial para geração de lucros e melhoria na qualidade dos processos,
produtos e serviços ofertados.

Antes de começarmos a discutir sobre processo de inovação, é importante rompermos o senso


comum sobre esse conceito. Em primeiro, lugar temos que considerar que o processo de inovação
não tem relação somente com a criação de algo novo. De acordo como Epstein e Shelton (2007),
citado por Carvalho (2012):

A verdade é que não existem muitas novidades em matéria de inovação. Os fundamentos não
mudaram durante séculos. No entanto, fomos progressivamente nos tornando mais sagazes com
respeito à gestão da inovação.

O homem vem desenvolvendo inovações desde os longínquos tempos históricos. Desde a pré-
história, o homem vem desenvolvendo diferentes ferramentas e procedimentos com o objetivo
de melhorar a sua qualidade de vida e enfrentar as dificuldades encontradas no meio ambiente
hostil para sobreviver. Como exemplo, podemos citar a técnica de produção do fogo, a roda,
técnicas de plantio e domesticação de animais.

Os tipos de inovação no ambiente organizacional

A inovação deve ser vista como uma forma de superar as dificuldades encontradas, de fortalecimento
e sobreviência. É por meio do processo de inovação que as empresas são capazes de enfrentar
as dificuldades encontradas no dia a dia, de fortalecimento frente às demandas do mercado e
de sobreviver à concorrência.

No contexto organizacional, a inovação poderá ser agrupada em quatro categorias distintas:


negócios, grau de impacto, mercado e clientes e controle organizacional.

52
A importância do conhecimento no processo de inovação • CAPÍTULO 6

Inovação de acordo com os negócios

Os impacto da inovação na área dos negócios envolve produtos, processos, métodos e marketing.
Vamos conhecer cada um deles:

» Inovação de produtos: está relacionada à introdução de um novo produto e ou serviço.


Ou a melhoria significativa das caraterísticas e das formas de uso de produtos e serviços
já existentes na empresa.

» Inovações de processos: está relacionada à introdução de um novo método de produção


e de distribuição. Ou a melhoria significativa desses métodos já implementados pela
empresa.

» Inovações de métodos organizacionais: está relacionada à realização de novos ou de


mehoria nos métodos existentes na empresa, tais como práticas de gestão, organização
da infraestrutura de ambiente de trabalho e das relações na empresa com o ambiente
externo.

» Inovações de marketing: está relacionada à realização de novas e melhorias das ações de


markerting implementadas pela empresa. Essa inovação envolve métodos de marketing,
design e embalagem, promoções e definição de preços.

Inovação de acordo com o grau de impactos

O grau de impacto, de acordo com Possolli (2012), pode ocorrer de duas formas. A inovação pode
ser radical e incremental. A inovação radical está atrelada ao desenvolvimento e à introdução de
um novo produto, processo e/ou serviço de forma inteiramente nova. Por sua vez, a inovação
incremental se volta para a introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, um processo
e/ou serviço já existente na organização.

A maioria das inovações das empresas ocorre de forma incremental. Essa pode ser visualizada
nas pequenas melhorias no dia a dia das oganizações. Esse tipo de inovação visa à melhoria dos
processos da empresa e à qualidade dos produtos e serviços ofertados.

Para refletir

Apesar de a inovação incremental ser a mais comum no ambiente organizacional, as empresas devem se preocupar
constantemente com a inovação radical, pois esta poderá impactar significativamente nos negócios e até mesmo na
sobrevivência das empresas no mercado.

Por exemplo, o surgimento das máquinas fotográficas digitais trouxe impactos significativos em diferentes empresas
relacionadas a esse segmento: produção de máquinas fotográficas, comercialização de rolos de filmes fotográficos e
revelação de fotos.

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CAPÍTULO 6 • A importância do conhecimento no processo de inovação

Inovação de acordo com as necessidades do mercado e


dos clientes

Essa inovação está atrelada às necessidades do mercado e dos clientes. Segundo Gundling (2000),
citado por Carvalho (2012), ela pode ser classificada em três tipos: inovações do tipo A, inovações
do tipo B e inovações do tipo C.

As inovações do tipo A e do tipo B estão relacionadas às necessidades do mercado e possuem


grau de radicalidade. No tipo A, o processo de inovação é tão significativo que irá gerar nos
segmentos de mercados. Já no tipo B, o processo de inovação traz modificações que impactam
diretamente os aspectos de competitividade entre as empresas.

As inovações do Tipo C possuem mais um caráter incremental e estão voltadas a atender às


necessidades dos clientes, envolvendo, assim, a melhoria de serviços e produtos já existentes
no mercado.

Provocação

Considerando a nossa experência como consumidor, seremos capazes de identificar as inovações ocorridas nos últimos anos
em determinado segmento e classificá-las como inovação do tipo A, B ou C?

Inovação de acordo com o controle organizacional

Nesta categoria a inovação poderá ocorrer de duas formas: fechada (ou tradicional) ou de forma
aberta.

A inovação fechada ou tradicional considera que todo o conhecimento necessário para o processo
de inovação deverá ser oriundo exclusivamente do ambiente interno da empresa e dos seus
colaboradores. Essa não considera os conhecimentos gerados por consultores externos e pelas
empresas que atuam no mesmo segmento.

Já a inovação aberta funciona de forma oposta à inovação fechada. As empresas que realizam esse
tipo de inovação consideram como essenciais tanto os conhecimentos produzidos no ambiente
interno e dos seus colaboradores quanto os conhecimentos do ambiente externo, tais como
empresas parceiras, concorrentes, clientes e instituições de ensino e pesquisa.

Com base nas considerações apresentadas, podemos concluir que a inovação fechada é restritiva por
se limitar aos conhecimentos produzidos no ambiente interno da empresa e, consequentemente,
reduz a sua capacidade de inovação e competitividade. Ao contrário da inovação aberta que ao
considerar tanto os conhecimentos internos e externos amplia o seu potencial inovador e a sua
capacidade competitiva.

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A importância do conhecimento no processo de inovação • CAPÍTULO 6

Contextos capacitantes e cultura organizacional baseada


na inovação

A partir da segunda metade do século XX, o mercado mundial e o interno se apresentam cada vez
mais instáveis e em constante processo de transformação. Com a implementação da economia
globalizada, essas transformações se tornam cada vez mais profundas e atreladas ao aumento
da concorrência. Dentro desse cenário, as empresas precisam enfrentar essas instabilidades
para poder sobreviver, se tornar competitivas e obter lucros. Para ganhar essa batalha diária e
constante, as empresas precisam inovar, já que o processo de inovação tem relação direta com
o sucesso nos negócios.

A instabilidade do mercado e o crescimento da concorrência podem ser considerados como uma


das forças motrizes do processo de inovação. Desta forma, podemos concluir que a inovação
torna a empresa muito mais flexíveis, permitindo que esta possa se adaptar as mudanças do
mercado e se tornar mais competitivas. O aumento da sua competitividade gerará lucros e parte
destes podem ser revertidos para novos investimentos na área de inovação.

É importante refletirmos sobre a criação de contextos capacitantes (físicos, mentais/cognitivos


e virtuais) que propiciam o processo de inovação. Não podemos considerar que a inovação
acontece ao acaso, que as ideias inovadoras surgem como num passe de mágica. A inovação
deve ser um processo sistematizado que exige estrutura e planejamento, sendo necessária a
criação de um contexto que estimule e facilite o processo de inovação. Sendo assim, o processo
de inovação pode ser baseado em dois modelos: lineares e não lineares. Os modelos lineares de
inovação podem ser classificados de dois tipos: puxados pela ciência (science push) e puxados
pela demanda (demand pull).

O modelo linear science push considera que a inovação é um processo de criação do conhecimento
técnico-científico. Ele é constituído das seguintes etapas: pesquisa, desenvolvimento experimental,
produção e lançamento comercial. O objetivo desse modelo é a oferta de produtos inovadores
para o mercado, por essa razão é chamado de modelo ofertista. Já no modelo demand pull o
processo de inovação tem como objetivo atender às demandas e necessidades do mercado, tanto
por meio da oferta de novos produtos e serviços quanto pelo aperfeiçoamento e melhoria deles.

Já os modelos não lineares podem ser classificados como modelo de inovação de terceira geração
e modelo de principais conexões. O modelo de terceira geração é baseado tanto na necessidade
do mercado quanto nos avanços técnico-científicos. Grosso modo, podemos considerar que
ele é constituído pela soma dos dois tipos de modelos lineares. Sendo assim, esse constitui um
modelo sistêmico que envolve a interação entre diferentes agentes: demandas do mercado e
do desenvolvimento da ciência. O modelo denominado princípios de conexão é semelhante
ao de terceira geração por envolver os mesmos elementos: mercado, conhecimentos científicos
e a interação entre eles. Entretanto, neste modelo valoriza a interação e o feedback constantes

55
CAPÍTULO 6 • A importância do conhecimento no processo de inovação

entre todos os elementos da que compõe a cadeia do processo de inovação, não se restringindo
somente ao mercado e ao conhecimento científico.

Considerando os modelos apresentados, podemos perceber que os contextos capacitantes


para inovação devem valorizar a criação e o compartilhamento dos conhecimentos dos agentes
internos e externos à empresa, incluindo os advindos do mercado e dos centros de pesquisas
(conhecimentos técnicos científicos).

É necessário o desenvolvimento de um conjunto de práticas e valores que estimule a construção


e o compartilhamento de conhecimentos tácitos e explícitos de forma interna e externa,
possibilitando a criação de novos e/ou aprimoramento dos processos, produtos e serviços. Isto
é, desenvolvimento de uma cultura organizacional baseada nos princípios da inovação.

Os principios que norteiam uma cultura de inovação nas empresas são sete: tolerância a
divergência; tolerância ao erro; equipes heterogêneas, educação continuada, liderança inovadora,
ambiente físico e comunicação fluente.

Nem sempre no processo de criação de conhecimento as pessoas tendem a ter as mesmas ideias
e soluções idênticas para os problemas e desafios encontrados no dia a dia das empresas. Por
isso, é importante estimular as pessoas a apresentarem as suas ideias mesmo que elas sejam
divergentes das do grupo, pois essas podem ser as mais inovadoras.

A inovação exige tolerância ao erro, já que cada processo de inovação possui taxa de erro de 80%.
Isto é, a cada 10 propostas inovadoras apresentadas somente duas delas apresentarão resultados
satisfatórios e positivos. Dentro desse contexto, o erro deve ser visto como uma possibilidade de
recomeço, de forma que possamos aprimorar o processo de criação e inovação.

Cada vez mais as empresas precisam reconhecer a importância da diversidade no ambiente


organizacional. A diversidade (cultural, social, étnico-racial e religiosa) dos colaboradores é
elemento essencial para o processo de inovação. Pessoas que pensam de forma igual tendem
a ter as mesmas ideias, reduzindo a capacidade de inovação. Equipes heterogêneas têm maior
potencial de inovação, pois os seus membros pensam diferente e tendem a ter ideias diferentes
para os mesmos desafios.

Há uma relação direta entre capacidade de inovação e educação. A educação é considerada


elemento-chave do processo de inovação, pois é por meio da aprendizagem que os sujeitos
constroem conhecimentos que posteriormente poderão ser utilizados para geração de novas ideias
ou aprimoramento das já existentes. Por isso, as organizações precisam desenvolver estratégias
de educação corporativa que estimulem a aprendizagem continuada dos seus colaboradores,
com o objetivo de desenvolver o seu capital humano e ampliar a sua capacidade de inovação.

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A importância do conhecimento no processo de inovação • CAPÍTULO 6

O processo de inovação exige comprometimento da alta gestão da empresa e do nível gerencial.


Esses devem se constituir como uma liderança inovadora, de forma a garantir investimentos e
meios para que os colaboradores sejam estimulados a criar e inovar constantemente, independente
dos riscos e desafios.

Em empresas inovadoras o ambiente físico deve estimular o trabalho em equipe, a interação


constante e o compartilhamento de conhecimento entre os colaboradores. Sendo assim,
necessária a criação de ambientes coletivos de trabalho amplos, sem divisórias e que facilitem
a comunicação.

A comunicação fluente é elemento essencial para a troca e o compartilhamento de conhecimentos


entre os colaboradores. A criação de canais de comunicação claros e fluentes favorece a inovação,
pois esses permitem que o processo de inovação esteja de acordo com os objetivos estratégicos
e as metas propostas pela organização em curto, médio e longo prazos.

Sintetizando

Neste último capítulo da disciplina Gestão do Conhecimento, tivemos oportunidade de discutir sobre a inovação e a sua
importância para o sucesso das empresas.

Na primeira parte, construímos o conceito de inovação e compreendemos a sua importância para os negócios da empresa.
Em seguida, conhecemos os diferentes tipos de inovação presentes no ambiente organizacional.

Na segunda parte do capítulo, percebemos a necessidade de criação de contextos capacitantes (físicos, mentais/cognitivos
e virtuais) propícios para o processo de inovação. Finalizamos os nossos estudos discutindo sobre a influência da cultura
organizacional no processo de inovação das empresas.

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Referências
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Informação e Sociedade: Estudos, João Pessoa, v. 19, n. 2, p. 13-24, maio/ago. 2009.

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