Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1ª Edição
Brasília/DF - 2018
Autores
Aleksandra Sliwowska Bartsch
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e
Editoração
Sumário
Organização do caderno de estudos e pesquisa...................................................................................................... 4
Introdução.............................................................................................................................................................................. 6
Aula 1
Estado e Economia........................................................................................................................................................ 7
Aula 2
Definição e avaliação dos bens públicos............................................................................................................17
Aula 3
Sistemas Econômicos................................................................................................................................................. 34
Aula 4
Instrumentos de Política Econômica....................................................................................................................50
Aula 5
O Setor Público e a Inovação..................................................................................................................................68
Aula 6
O setor público e a sustentabilidade....................................................................................................................82
Referências..................................................................................................................................................................... 93
Organização do caderno de
estudos e pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos,
de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com
questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável.
Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras
e pesquisas complementares.
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa
e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.
Praticando
4
Organização do caderno de estudos e pesquisa
Atenção
Saiba mais
Sintetizando
5
Introdução
O setor público é uma soma de muitas engrenagens que, de uma forma ou de outra, orientam
nossas vidas, seja através dos chamados bens públicos, aos quais todos nós temos direito ao
consumo e que precisam ser oferecidos de acordo com padrões de qualidade elevada, seja
quando o estado adota políticas no sentido de promover a inovação e o desenvolvimento com
sustentabilidade. Compreender o papel do governo e suas formas de atuação é fundamental,
tanto do ponto de vista individual, quanto do lado da empresa e das nações. Entender o impacto
de políticas fiscais, monetárias e cambiais pode ser o limite entre uma trajetória regular e uma
decisão que permitirá ao país ou à empresa dar um salto na escala da competitividade. Tudo claro
dentro de um sistema econômico que tem como objetivos atingir altos níveis de emprego, nível
de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda, crescimento e desenvolvimento,
equilibrando sempre desejos ilimitados e recursos escassos.
Objetivos
»» Definir e avaliar os bens públicos, a partir das suas características e teoria, além apresentar
as principais características das agências reguladoras.
6
Estado e Economia
Aula
1
Apresentação
Nesta nossa primeira aula, avançaremos pelas metas da Economia, como alto nível de emprego,
nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda e desenvolvimento, bem como
o papel do estado e do setor público na construção de uma economia sólida. Uma trajetória nem
sempre tranquila, que passa por falhas de mercado que precisam ser monitoradas e controladas.
É aí que entra o governo, que possui habilidade e responsabilidade, por meio de medidas que
visem o bem comum, de agir para corrigir eventuais desvios. Vale lembrar que o setor público
é fundamental; que empregos, infraestrutura e desenvolvimento dependem de uma atuação
consistente de um setor público que sempre deverá buscar atender aos interesses dos cidadãos
equalizando seus desejos ilimitados e recursos escassos, visando sempre o bem comum!
Objetivos
»» Definir o conceito de economia, compreendendo a relação entre escassez e consumo.
7
AULA 1 • Estado e Economia
Você já parou para pensar que somos eternamente insatisfeitos? Sim, é verdade! Se você trabalha,
lembre quando ganhou seu primeiro salário. Com certeza você se sentiu o máximo, com o poder
em suas mãos. Comprou várias coisinhas, mas... com o fim da euforia inicial, certamente aqueles
itens tão festejados foram aos poucos perdendo a importância e você começou a sonhar com
outros produtos. Algum problema? Nenhum para você, mas para a economia sim, pois enquanto
nossos desejos são ilimitados, os recursos são absolutamente escassos.
É exatamente este o grande problema que a economia procura resolver e que não é tarefa fácil.
Isto porque, se pararmos para pensar, necessidades básicas podem ser resumidas em dois pares
de sapato, duas mudas de roupa, um prato de arroz e feijão e uma casa que não precisa ser nossa,
precisamos apenas ter dinheiro para pagar o aluguel. Assim, nada mais é necessário, o restante
é desejo. E para o desejo, o céu é o limite.
E os recursos? Estes englobam terra, capital e trabalho. São finitos e além de nos ajudarem a
realizar nossos desejos, precisam buscar atingir cinco metas básicas da Economia que são:
Um dos primeiros sinais de que algo está errado é o aumento do desemprego. Maior desemprego
significa menos gente recebendo salários e um consumo menor. Por outro lado, quando se atinge
esta meta, mais pessoas passam a ter uma renda e a comprar mais. Quando o setor produtivo
vende mais, torna-se interessante investir, comprar mais máquinas, mais matérias-primas para
produzir mais. Claro que alguém precisa operar estas máquinas, trabalhar para que mais produtos
sejam colocados no mercado. Então, mais trabalhadores serão necessários, ou seja, trabalho gera
renda que gera trabalho, que leva ao crescimento.
Preços estáveis contribuem para o equilíbrio da economia que é fundamental para um crescimento
sustentado. Você se imagina fazendo um crediário para os próximos 12 meses se a cada dia
ou a cada semana o preço aumenta? Isso é inflação, que pode ser definida como o aumento
sistemático de preços. E acredite, até 1994, esta era exatamente a situação em que os brasileiros
se encontravam, com preços subindo duas, três vezes ao dia! Impossível planejar qualquer coisa
no longo prazo.
8
Estado e Economia • AULA 1
Figura 1.
Fonte: <http://odia.ig.com.br/noticia/economia/2015-03-08/com-alta-da-inflacao-e-necessario-planejar-orcamento-e-
quitar-as-dividas.html>. Acesso em: 10/8/2016.
Pois é, como vemos na figura acima, o ano de 2015 começou com os brasileiros tendo de apertar
os cintos, inflação, desemprego. Cenário pessimista, na contramão do que é positivo para a
economia. Quando os preços sobem, a incerteza aumenta também. E a incerteza é inimiga do
investimento, do crescimento. Do ponto de vista pessoal, é bom lembrar que em momentos
assim é fundamental planejar a partir do conhecimento de todos os gastos. Além disso, sintonizar
o orçamento doméstico com a atividade econômica, cortando despesas, fugindo dos gastos
desnecessários, não comprometendo a renda com parcelamentos longos e procurando aposentar
o máximo possível o cartão de crédito, pois o que os olhos não vê, o coração não sente, mas o
banco sempre lembra e manda a fatura! Outro ponto é procurar economizar ao máximo, seja
substituindo alimentos mais caros por produtos similares, com preços mais em conta, e na hora
da tentação da compra se perguntar: eu preciso? Agora, se você já estiver inadimplente, a regra
é partir para a renegociação. Os credores sempre preferem receber parcelas menores que nada.
Então, não se esconda, encare-os e proponha valores que você possa pagar!
Eficiência
Aqui estão em jogo dois conceitos: eficiência técnica e eficiência alocativa. A eficiência técnica
busca produzir mais, utilizando menos recursos. Então, quanto menos terra, capital e trabalho
9
AULA 1 • Estado e Economia
você precisar para produzir um produto, mais eficiente tecnicamente você será. Mas, também é
necessário fazer as escolhas certas, possuir eficiência alocativa. Por exemplo, a sociedade brasileira
encontra-se cada vez mais em processo de envelhecimento, logo, reorientar os produtos, as
cidades, os serviços para esta faixa da população é um exemplo de busca pela eficiência alocativa.
Acertar nas escolhas é um pouco mais complicado. Depende de pesquisa, de investimentos,
de mão de obra qualificada, para sempre procurar produzir bens de valor agregado mais alto e
lucrar mais com isso.
Crescimento/desenvolvimento
Uma das medidas de crescimento de uma economia é o aumento do PIB, que é o somatório das
riquezas produzidas pelo país. Mas, é fundamental que esta riqueza seja redistribuída entre seus
habitantes, bem como que seja convertida em saúde, educação, segurança, mobilidade urbana.
Quando isto ocorre, diz-se que o país se desenvolveu. Em 2015, entretanto, o Brasil perdeu uma
posição no ranking que mede o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) dos países e ficou
em 75o lugar, em 2014, segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre 188
países, sendo superado pelo Sri Lanka.
A busca pelo atingimento destas metas não é tarefa fácil, envolve, como foi dito no início desta
aula, a utilização de recursos que são finitos e cuja dinâmica ajuda a definir a Economia, segundo
Paul A. Samuelson, por exemplo, que diz “A Economia é a ciência que se preocupa com o estudo
das leis econômicas indicadoras do caminho que deve ser seguido para que seja mantida em nível
elevado a produtividade, melhorado o padrão de vida das populações e empregados corretamente
os recursos escassos.” E segundo Stonier e Hague, “Não houvesse escassez nem necessidade de
repartir os bens entre os homens, não existiriam tampouco sistemas econômicos nem Economia.
A Economia é, fundamentalmente, o estudo da escassez e dos problemas dela decorrentes”.
Pode-se, ainda, dizer tranquilamente que quando nas sagradas escrituras Deus, ao expulsar Adão
do paraíso, disse que ele viveria do suor do seu rosto, estava definido o início da Economia, pois
10
Estado e Economia • AULA 1
para não morrer de fome, o homem teve de aprender a usar os recursos a seu favor: produzir,
coletar, caçar, gerar trabalho, enfim, transformar os bens da natureza para a sua utilidade,
transformar os recursos disponíveis em riqueza.
E, para equalizar metas, desejos e escassez, a economia formula três questões fundamentais:
o que e quanto, como e para quem produzir, o que não é tarefa das mais fáceis, uma vez que
diferentes variáveis têm impactado as decisões de empresas e da sociedade em geral.
Mas, esta trajetória não se concretizará sem um governo que possua a habilidade e a responsabilidade
de gerar empregos e realizar ações que normalmente não são interessantes para a iniciativa privada.
11
AULA 1 • Estado e Economia
2. Atividades exclusivas: é o setor em que são prestados serviços que só o Estado pode
realizar. São serviços em que se exerce o poder da extroversão do Estado – o poder de
regulamentar, fiscalizar, fomentar. Como exemplos temos: a cobrança e fiscalização dos
impostos, a polícia, a previdência social básica, o serviço relacionado ao desemprego,
a fiscalização do cumprimento de normas sanitárias, o serviço de trânsito, a compra
de serviços de saúde pelo Estado, o controle do meio ambiente, o subsídio à educação
básica, o serviço de emissão de passaportes etc.
4. Produção de bens e serviços para o mercado: corresponde à área de atuação das empresas.
É caracterizado pelas atividades econômicas voltadas para o lucro que ainda permanecem
no aparelho do Estado, como por exemplo, as do setor de infraestrutura. Estão no Estado
seja porque faltou capital ao setor privado para realizar o investimento, seja porque são
atividades naturalmente monopolistas, nas quais o controle via mercado não é possível,
tornando-se necessária, no caso de privatização, a regulamentação rígida.
O setor privado muitas vezes é incapaz de conduzir projetos que levem ao desenvolvimento.
Por exemplo, grandes obras de infraestrutura, processo de industrialização (principalmente
indústria de base), serviços de utilidade pública e outros setores ou atividades de interesse social
demandam uma participação ativa do Estado. Além disso, a busca pela manutenção da soberania
nacional torna o Estado o principal agente quando o assunto é estratégia nacional, pois o Estado
tem como finalidade assegurar a vida humana em sociedade, garantindo a ordem interna.
O artigo 3o da Constituição da República Federativa do Brasil, que é um Estado Democrático de
Direito, e tem como objetivos primordiais a construção de uma sociedade livre, justa e solidária,
garantindo o desenvolvimento nacional. Além disso, o mesmo artigo ainda define que o Estado
deve erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais,
promovendo o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação.
12
Estado e Economia • AULA 1
O processo de industrialização do Brasil foi uma iniciativa estatal, com alguns objetivos que seriam
praticamente impossíveis de serem atingidos pela iniciativa privada. Dentre os objetivos estavam
a substituição de importações, a diversificação das exportações, atingir padrões de excelência
na extração de petróleo, desenvolver fontes alternativas de energia e promover a transferência
de tecnologia avançada.
No âmbito da economia, o Estado tem o papel de regular e promover os meios para que as
necessidades coletivas sejam supridas, garantindo o bem comum. Esta intervenção na economia
passa pelas funções alocativa, distributiva e estabilizadora.
Além destes papéis, a atuação do Estado se justifica em função de algumas variáveis, a saber:
»» Aumento da demanda por bens e serviços públicos, como lazer, educação, medicina,
seja pelo aumento da renda, seja pelo contrário, quando as famílias em função de
diminuição nos rendimentos, substituem itens antes adquiridos na iniciativa privada
pelos oferecidos pela esfera pública.
»» Mudanças tecnológicas e populacionais que resultam num aumento pela demanda por
infraestrutura, como rodovias, que são realizações basicamente estatais e, no caso da
população, o envelhecimento, por exemplo, demandará governos preocupados com as
cidades que precisam ser “amigas dos idosos”.
Esta adequação da previdência social se deve a um processo claro de envelhecimento que está
em curso no Brasil. Enquanto a expectativa de vida aumenta, a taxa de natalidade diminui.
Em 2009, o número de nascimentos foi ultrapassado, pela primeira vez, pelo número de pessoas
que ultrapassaram os 60 anos.
13
AULA 1 • Estado e Economia
Em 2015 o Brasil possui 23 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponde a 12,5%
da população.
Em 2050 o Brasil terá 64 milhões de pessoas acima de 60 anos, o que corresponderá a 30%
da população.
Em 2015, a população mundial conta com 900 milhões de idosos, o que corresponde a 12,3%
da população total.
A expectativa é de que, em 2050, o número total de idosos represente 21,5% da população mundial.
Fonte: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2015/09/numero-de-idosos-quase-
triplicara-no-brasil-ate-2050-afirma-oms-4859566.html
Segundo a Organização Mundial de Saúde, é fundamental que sejam postas em prática políticas
públicas voltadas para os idosos na área de saúde, bem como apoio para o combate ao isolamento
e à solidão para pessoas acima de 60 anos.
Falhas de mercado
As falhas de mercado justificam uma participação mais ativa do estado no sentido de proteger
os cidadãos perante cenários de incerteza e especulação. Isso tem alargado atuação do Estado
no âmbito econômico. Por exemplo, a existência de bens públicos faz com que o fato de uma
pessoa adquirir determinado bem público não exclui outra de também adquirir.
Outra falha é a existência de monopólios naturais, que é uma situação de mercado em que
os investimentos necessários são muitos elevados, com prazos de retorno muito grandes.
Fornecimento de água ou gás seriam bons exemplos disso. A concorrência em tais setores causaria
inconveniências para os consumidores por causa da necessidade de duplicação de instalações
como a escavação de ruas para a instalação de dois ou mais encanamentos de água ou gás.
O governo assume então a produção e cria agências que impeçam a exploração dos consumidores.
Além disso, em tempos de uma conscientização cada vez maior da importância de uma atuação
ambientalmente sustentada, o governo precisa estar atento às externalidades, que podem ser
positivas ou negativas. Uma externalidade é um efeito social, econômico e ambiental causado
indiretamente pela produção ou venda de produtos ou serviços.
14
Estado e Economia • AULA 1
1. Poluição gerada por empresas, pois embora ninguém seja dono de rios ou do mar, a
população como um todo é afetada de maneira negativa. Um exemplo trágico de 2015 é
o rompimento da barragem em Mariana, que além das mortes, resultou na morte do Rio
Doce, cujas consequências negativas são ainda desconhecidas, bem como há dúvidas
se será possível recuperar de alguma forma as áreas degradadas.
2. Lixo descartado erradamente gera aumento dos custos de limpeza por parte das
companhias de limpeza urbana, além de se tornar foco de vetores que disseminam
doenças e podem causar alagamentos pela obstrução de bueiros em dias de fortes chuvas.
No caso de serem positivas, a ação de uma pessoa ou agente provoca um impacto benéfico para
a sociedade e, a exemplo da negativa, ocorre sem pagamento por este impacto ou necessidade
de compensação. Alguns exemplos de externalidades positivas:
2. Estudar também gera externalidades positivas mesmo que o estudante opte por uma
faculdade particular. Isto porque, além dos ganhos individuais (a cada ano adicional de
estudo, o trabalhador adquire ganhos extras na remuneração), a sociedade como um
todo ganha, pois aumentos de escolaridade resultam em diminuição da desigualdade
de renda, resultando num valor social maior que o privado.
Vale lembrar que em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, o governo exerce
papel fundamental no sentido de fomentar o desenvolvimento a partir de políticas que visem
o nacional, o bem comum. É esta uma das funções primordiais de um governo: pensar no país
como um bem comum, com incansável busca pela igualdade de oportunidades para seus
cidadãos que resultem em alicerces positivos para um desenvolvimento para a geração atual e
seus descendentes.
Sintetizando
15
AULA 1 • Estado e Economia
»» Juntamente com a gestão da escassez, as economias buscam também atingir cinco grandes metas, a saber: alto
nível de empregos, nível de preços estável, eficiência, distribuição equitativa de renda e desenvolvimento.
»» Os mercados apresentam falhas: monopólios naturais e externalidades são exemplos disso. Nos monopólios
naturais, os investimentos necessários são muitos elevados, com prazos de retorno muito grandes. Já as
externalidades são ações que geram impactos para a sociedade como um todo, podendo ser positivas ou negativas.
16
Aula
Definição e avaliação dos bens
públicos 2
Apresentação
Nesta segunda aula, serão definidos os bens públicos e suas categorias. De uma maneira geral,
quando toda uma sociedade utiliza de um bem simultaneamente, isto é um bem público. Outro
ponto importante é conhecer os diferentes indicadores que podem fornecer valiosas informações
sobre a atuação do setor público, bem como compreender o papel da regulação econômica
por parte do Estado, por meio da Teoria da Regulação Econômica e da atuação das diferentes
agências reguladoras no sentido de direcionar para o bem comum as atividades econômicas de
diferentes setores. Boa leitura!
Objetivos
»» Identificar os bens públicos de acordo com sua titularidade, destinação e outras
características.
17
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
Defesa nacional, show de fogos de artifício, policiamento, internet sem fio e sem senha, praças,
rios – o que todos estes bens têm em comum? O fato de serem públicos, ou seja, não são nem
excludentes nem rivais e não podemos controlar quem os usa.
Claro que se desmembrarmos a denominação, “bem” é tudo o que traz satisfação ou utilidade,
dotada de valor econômico, que pode ser material ou imaterial e, principalmente, pode
ser apropriada e tornar-se patrimônio de quem o adquiriu. E voltando a nossa primeira
aula, normalmente, a busca por mais e mais bens, resultado de nossos desejos ilimitados,
é o principal problema da Economia, seja a que opera no ambiente privado, seja no
setor público.
Para refletir
Os bens públicos englobam educação, justiça, segurança,
transporte, mas não apenas, pois todas as coisas que pertencem Bom, antes de prosseguirmos,
às entidades estatais, autárquicas e também todos os bens porque não uma parada para refletir
em tempos de crise sobre o quão
particulares que estejam relacionados à prestação de serviços
importante é utilizar ao invés de
públicos, mesmo que de posse de empresas privadas, são apenas comprar e possuir, o quão
considerados bens públicos. importante é poupar para momentos
mais difíceis. Por exemplo, no
Como vantagem tem-se que, quando uma pessoa usa este bem, momento em que se muda o conceito
do “ter” para o “usar”, estamos
isto não interfere na possibilidade de outro indivíduo utilizar
falando de economia compartilhada,
este mesmo bem. Por outro lado, não se controla quem pode que vem movimentando milhões
utilizar ou utilizou este bem, não sendo possível cobrar pela de dólares ao ano, com pessoas que
direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. não podem beneficiar somente um
grupo ou compradores que dispõe de
recursos financeiros? Aqui estamos
Os bens públicos seguem três classificações. A primeira delas é
falando dos chamados bens
quanto à titularidade. Neste caso, podem ser federais, estaduais, públicos.
distritais e municipais:
18
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
»» Federais: são aqueles pertencentes à União. Aqui estão incluídos a segurança nacional,
a proteção à economia do País, o interesse público nacional. Também entram nesta
denominação as terras devolutas necessárias à defesa das fronteiras, das fortificações
e construções militares, os lagos e rios, as ilhas oceânicas, fluviais, o mar territorial, os
terrenos de marinha, os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica
exclusiva, os recursos potenciais de energia hidráulica, os recursos minerais, vias federais
de comunicação, a preservação do meio ambiente, as cavidades naturais subterrâneas e os
sítios arqueológicos e pré-históricos, além das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
»» Municipais: são os bens que pertencem aos municípios como as ruas, praças, os jardins
públicos e os edifícios públicos.
Também a questão da destinação é outro critério de classificação dos bens públicos. Como foi
visto anteriormente, neste caso são considerados três níveis de classificação:
»» Bens de uso comum do povo: bens de uso geral, que podem ser utilizados livremente
por todos os indivíduos. Ex.: praças, praias, parques etc.
»» Bens de uso especial: são aqueles nos quais são prestados serviços públicos, tais como
hospitais públicos, escolas e aeroportos.
»» Bens dominicais: são bens públicos que não possuem uma destinação definida, como
prédios públicos desativados e não utilizados pelo poder público.
»» Bens indisponíveis por natureza: são bens que não podem ser alienados pelo Poder
Público, dada a sua natureza não patrimonial. Os bens de uso comum do povo se
encaixam, em geral, nessa categoria.
»» Bens patrimoniais indisponíveis: são bens que, embora patrimoniais, também não
podem ser alienados, pois neles se prestam serviços públicos. Ex.: hospitais públicos,
universidades (bens de uso especial).
»» Bens patrimoniais disponíveis: são os bens dominicais. Podem ser alienados, desde que
obedecidas as determinações legais.
»» Não excludentes: uma vez que esse bem foi colocado à disposição de um consumidor,
não é possível restringir o seu consumo por outros.
19
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
»» Não rivais: o consumo desses bens por um indivíduo não diminui as possibilidades dos
outros consumirem, isto é, o consumo de um determinado bem ou serviço não implica
alteração da quantidade disponível a outro consumidor. O mercado não consegue
estabelecer um preço para estes bens porque não existe a necessidade de alocar recursos
entre os consumidores. Sendo assim, o preço tende a zero.
»» Inalienáveis: não podem ser vendidos. Exceção: bens dominicais e desafetados podem
ser alienados, observadas as exigências legais.
»» Imprescritíveis: não podem ser obtidos por um particular por meio de usucapião.
»» Não oneráveis: não podem servir de garantia a um credor, como nos casos de hipoteca,
penhor.
A teoria dos bens públicos iniciou-se entre os economistas europeus e começou a ser discutida
na década de 1950 pelos americanos. Relacionamos alguns economistas que foram fundamentais
para o desenvolvimento da teoria dos bens públicos.
Paul Anthony Samuelson foi um dos precursores da teoria dos bens públicos. Para o autor, a
característica principal dos bens coletivos/públicos é que, uma vez produzido, o custo unitário
de um usuário adicional consumi-lo é nulo. Não importa se esse novo usuário tem de pagar
alguma contribuição, por exemplo, um tributo ou uma contribuição de melhoria para financiar
a produção do bem. O que vale é que um cidadão, ao usufruir o bem público, não causa qualquer
custo extra, seja em termos de um maior custo na produção do bem, seja com uma diminuição
na quantidade ou qualidade do consumo por parte do indivíduo, ou seja, ao contrário de um
bem privado, no consumo de um bem público não existe “rivalidade ou exclusão”. Isso quer dizer
que perante os bens públicos todos têm o mesmo direito.
Oslon Mancur surgiu posteriormente e começam a surgir discussões sobre a teoria da ação
coletiva, em seu livro “A lógica de ação coletiva”, 1971, no qual a tese básica deste livro é a de
que mesmo que todos os indivíduos de um grupo sejam racionais e centrados em seus próprios
interesses, e que saiam ganhando se, como grupo, agirem para atingir seus objetivos comuns,
ainda assim eles não agirão voluntariamente para promover esses interesses comuns e grupais.
(OLSON, 1999, p. 14)
20
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Os estudos de James M. Buchanan Jr. foram também baseados na teoria de bens públicos e deram
novos enfoques sobre o acesso aos bens públicos. Foi também considerado que enquanto bens
privados são perfeitamente fornecidos pelo mercado, o suprimento de bens públicos deve se dar
por meio de instituições políticas. Segundo Buchanan (1949), citado por Dias (2009), a teoria e
a prática das finanças públicas deveriam ser revisadas para relacionar a distribuição individual
do custo público à distribuição individual de benefícios, de modo que as pessoas pudessem
visualizar o que eles recebem em troca dos impostos que pagam.
Esta adequação se faz necessária e urgente. Os brasileiros que ganham até três salários mínimos
mensais e que correspondem a 79% do total pagam 53,79% dos impostos arrecadados, segundo
o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT). Além disso, as empresas brasileiras
gastam cerca de 2.600 horas para pagar os impostos, pior resultado entre 189 países. Só a título
de comparação, na penúltima colocada neste ranking, a Bolívia, são necessárias 1.025 horas para
cumprir as obrigações tributárias. E procure não se assustar, mas desde 1988, o Brasil já criou
320.343 leis tributárias.
»» Cerveja: 55,60%.
»» Gasolina: 56,09%.
»» Açúcar: 32%.
»» Cigarro: 80%.
»» Biscoito 37%.
»» Frutas: 22%.
»» Shampoo: 44%.
»» Batata: 11%.
»» Café: 20%.
»» Feijão: 17%.
21
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
Figura 2.
Ainda segundo o IBPT, o Brasil ocupa a última posição num total de 30 países pesquisados
quando se mede o retorno oferecido pelos serviços públicos para a população frente ao que esta
paga de impostos. O ranking leva em consideração o percentual de arrecadação de impostos
em relação ao PIB e o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU, que mede a qualidade de
vida e o bem-estar da população.
Tabela 1.
22
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Os anos 1990 foram marcados pela necessidade de conceber uma nova delimitação das funções
do Estado. Isto porque, a da Constituição Federal de 1988, que consagrou o Estado social,
também forçou o Estado a garantir serviços públicos a toda população na qualidade e quantidade
esperada e o Estado teve que buscar meios para concretizar o acesso a estes serviços. Optou-se
então por um estado regulador e para concretizar o acesso aos serviços para toda a população,
o estado passou de prestador de serviços para regulador, por meio de suas agências. Esses entes
com características peculiares, dotados de certo grau de autonomia e que detém a competência
legítima para edição de normas regulatórias, representam o poder do Estado em fiscalizar os
particulares que estão prestando serviços públicos.
Assim sendo, em lugar de prestador de serviços, suas funções passaram a ser as de planejamento,
regulação e fiscalização.
23
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
Figura 3.
Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2012/12/agencias-reguladoras-recebem-apenas-um-terco-
do-orcamento-3983359.html>. Acesso em: 10/8/2016.
24
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Figura 4.
Mas embora cada uma tenha a sua especificidade de atuação, as características principais são:
c. Fomento da competitividade, nas áreas nas quais não haja monopólio natural.
f. Direção por órgãos colegiados, compostos de diretores com mandato estável, não
coincidentes e aprovados pelo Legislativo, mediante arguição.
g. Independência decisória, na medida em que suas decisões não são passíveis de recursos
hierárquicos.
j. Atuação por meio de seu instrumento básico que é a tarifa regulada em contrato. Além
disso, transparência; ouvidoria com mandato, publicidade de todos os atos e atas de
decisão, representação dos usuários e empresas, justificativa por escrito para cada voto
e decisão dos dirigentes, audiências públicas, diretoria colegiada.
25
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
Figura 5.
Fonte: <http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/economia/noticia/2012/12/agencias-reguladoras-recebem-apenas-um-terco-
do-orcamento-3983359.html>. Acesso em: 10/8/2016.
Depois de funções, bens públicos, agências reguladoras, como podemos medir se realmente
o Estado está cumprindo o seu papel e atingindo a são esperada eficiências? A saída é utilizar
indicadores. Mas, afinal o que são indicadores?
26
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Já Romero (2002, p. 27), fazendo uma analogia com os dedos das mãos, os indicadores econômicos
(IEs) representam essencialmente dados e/ou informações sinalizadoras ou apostadoras do
comportamento (individual ou integrado) das diferentes variáveis e fenômenos componentes
de um sistema econômico de um país, região ou estado.
A última definição apresentada, ou seja, a analogia proposta com os dedos da mão por Romero
(2002) nos ilustra com brilhantismo o que representam os indicadores.
De acordo com Romero (2002), os índices econômicos podem ser classificados em cinco
subconjuntos de variáveis macroeconômicas relevantes:
»» Nível de atividade.
»» Preços.
»» Setor externo.
»» Agregados monetários.
»» Setor público.
Vamos adiante! Você irá conhecer os indicadores de cada variável macroeconômica que
estudaremos nessa aula.
27
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
»» Produto interno Bruto (PIB): é o valor monetário total dos bens e serviços finais
produzidos por uma economia em determinado período e cuja produção ocorre
exclusivamente dentro das fronteiras geográficas do país, não interessando a origem
de propriedade dos fatores de produção (CURADO, 2008).
O PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) com base em
metodologia recomendada pela Organização das Nações Unidas (ONU), a partir de minucioso
levantamento e sistematização de informações primárias e secundárias apuradas ou apropriadas
por aquela instituição.
A palavra desemprego é assustadora para maioria das pessoas. Quando há desemprego, algo não
vai bem. Os indicadores servem de parâmetros para analisar a economia.
Figura 6.
28
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
29
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
»» Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA): este índice reflete as variações dos
preços dos bens e serviços consumidos por famílias com renda mensal urbana entre 1
e 40 salários mínimos, independentemente da fonte.
Setor Externo
»» Exportações: valor das vendas e outras remessas de bens e serviços de propriedade para
o exterior, realizadas por agentes econômicos residentes do país, a preços de embarque,
excluindo o pagamento de fretes, seguros, impostos e taxas.
»» Dívida externa: valor total de débitos do país, contratados com residentes no exterior
e garantidos pelo governo, decorrentes de empréstimos e financiamentos, com prazo
de vencimento superior a um ano.
Agregados Monetários
»» Juros Over/Selic: taxa de juros média (em %) praticada pelo Banco Central para a
rolagem dos títulos da dívida pública por um dia. Apesar de terem sido concebidos
para propiciar a gestão da liquidez do sistema econômico, os papéis do governo sempre
representaram ativos de primeira linha, indicando o piso da rentabilidade do mercado
financeiro, devido à sua pronta liquidez e à plena garantia de recompra.
Setor Público
»» Dívida líquida: somatório do endividamento dos governos federal (inclusive Banco
Central), estadual e municipal e por suas empresas junto ao sistema financeiro (público
30
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Outro índice bem conhecido e que vimos sempre passar nos noticiários é o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH). É um dos principais índices capazes de determinar com
precisão os estágios de desenvolvimento humano e de condições de vida é o IDH. Trata-se de
um indicador do nível de atendimento, em uma dada sociedade, das necessidades humanas
básicas. (ROMERO, 2002).
“A Felicidade Interna Bruta é mais importante do que o Produto Interno Bruto”. Com estas
palavras, o rei do Butão, então com 17 anos, estabeleceu as bases para a criação de um conceito
que passou a ser adotado pelas Nações Unidas e que vem ganhando força no Brasil, Canadá,
Butão, Tailândia, Japão, Reino Unido, EUA e França.
O FIB é baseado na premissa de que o objetivo principal der uma sociedade não deveria ser
somente o crescimento econômico, mas a integração do desenvolvimento material com o
psicológico, o cultural e o espiritual sempre em harmonia com a terra.
Figura 7.
31
AULA 2 • Definição e avaliação dos bens públicos
Figura 8.
32
Definição e avaliação dos bens públicos • AULA 2
Para finalizar esta nossa aula, vale lembrar que a felicidade e o desenvolvimento sempre serão
resultado de um trabalho conjunto. Um estado é composto por pessoas, que usufruem de seus
benefícios, mas que também constroem ou destroem a partir de seus votos, a partir de ações,
que mesmo parecendo pequenas podem fazer toda a diferença. Portanto, reflita também, além
de ser feliz, se você está contribuindo para a felicidade daqueles que o cercam? É o somatório
de pequenas ações, de pequenos gestos que faz uma nação grande, faz uma nação ser feliz, ou
você já se esqueceu dos japoneses na copa do mundo com seus sacos azuis recolhendo seu lixo?
Enquanto isso, o “amanhã” pode ser melhor, se trabalharmos para isso.
Sintetizando
»» Teoria dos bens públicos e mudanças que se fazem necessárias para a sua atualização tendo em vista, por exemplo, a
necessidade de monitoramento do retorno da sociedade dos impostos pagos.
»» Teoria da regulação e o papel das agências reguladoras, bem como suas características.
»» Indicadores para a medição da eficiência do setor público, desde os mais tradicionais como o Produto Interno Bruto até
um conceito mais recente conhecido como Felicidade Interna Bruta.
33
Sistemas Econômicos
Aula
3
Apresentação
Nesta nossa terceira aula, abordaremos os sistemas econômicos. Sejam eles capitalistas, com
a maximização dos lucros, propriedade privada e concorrência; sejam eles socialistas com a
planificação estatal como ponto fundamental, todos os sistemas possuem estoque de recursos,
unidades de produção e instituições que operam fluxos reais e monetários. Além disso, contam
com agentes de mercado, ou seja, ofertantes e demandantes, os quais podem operar na forma
de concorrência perfeita ou imperfeita. O setor público neste ponto entra como parte integrante
dos agentes de mercado, e suas receitas e despesas precisam ser monitoradas para que não seja
necessário adotar medidas para o financiamento de eventuais deficits resultantes de um gasto
maior do que a arrecadação. Boa leitura!
Objetivos
»» Compreender o funcionamento dos sistemas econômicos, seus estoques de recursos
produtivos ou fatores de produção, bem como suas unidades de produção.
»» Analisar o papel dos tributos e impostos no que tange ao financiamento do déficit público.
34
Sistemas Econômicos • AULA 3
O setor público é parte de uma estrutura muito maior e, de acordo com o viés político, pode ter
maior ou menor participação. Esta estrutura recebe o nome de Sistema Econômico, composto
por pessoas, instituições, envolve a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços em
uma economia.
Além disso, a busca pela melhor solução para estes problemas centrais da Economia ocorre nos
sistemas econômicos, forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade.
Os sistemas econômicos possuem dois tipos de circulação. A primeira, que envolve a circulação
dos fatores de produção em troca de bens e serviços (fluxo real). Já a segunda, traz a circulação
de fatores de produção e bens e serviços em troca de moeda (fluxo monetário). O Fluxo Real
descreve o processo produtivo no sistema econômico, no qual as famílias fornecem recursos
produtivos às empresas que, por sua vez, transformam em bens e serviços que serão consumidos
pelas famílias. Já o Fluxo Monetário descreve o processo de geração de renda, pois as famílias
são remuneradas ao fornecerem recursos produtivos às empresas. Com a renda obtida, pagam
pelos bens e serviços consumidos.
Para entender o funcionamento do sistema econômico, vamos supor uma economia de mercado
que não tenha interferência do governo e não tenha transações com exterior (economia fechada).
35
AULA 3 • Sistemas Econômicos
No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada
para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços.
Famílias Empresas
36
Sistemas Econômicos • AULA 3
O governo se utiliza de instrumentos para fomentar a economia, uma vez que, conforme foi dito
anteriormente, possui a habilidade e responsabilidade de realizar uma série de ações no sentido
de realizar obras de infraestrutura, garantir a segurança nacional, aumentar permanentemente o
grau de industrialização e expandir os serviços de utilidade pública. As duas áreas que fornecem
os subsídios para esta atuação são a Macroeconomia e a Microeconomia.
Microeconomia
37
AULA 3 • Sistemas Econômicos
»» Papel dos preços relativos: são mais relevantes os preços relativos, isto é, os preços dos
bens em relação aos demais, do que os preços absolutos (isolados) das mercadorias.
»» Localização da empresa.
Em relação à política econômica, pode contribuir para análise e tomada de decisões das seguintes
questões:
»» Política de subsídios.
»» Controle de preços.
»» Política Salarial.
Os estudos microeconômicos visam atingir o equilíbrio geral que leva em conta as inter-relações
entre todos os mercados, procurando analisar se o comportamento independente de cada agente
econômico conduz todos a uma posição de equilíbrio global, embora todos sejam, na realidade,
interdependente.
38
Sistemas Econômicos • AULA 3
Demanda de mercado
Conforme foi descrito anteriormente, a demanda ou procura pode ser definida como a quantidade
de um determinado bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir em determinado
período de tempo.
A procura depende de variáveis que influenciam a escolha do consumidor. São elas: renda, gostos,
preços dos bens ou serviços afins, expectativas de consumidores e número de compradores.
A procura de uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existem outras variáveis
que também afetam a procura. Quando há uma aumento da renda, o consumidor tende a
substituir suas compras por outros produtos de maior valor agregado. Por exemplo, diminuirá
o consumo de carne de segunda e aumentará o consumo da carne de primeira. Influencia
também a demanda se o consumidor possui uma renda permanente, como aposentadorias
ou também quando há variações nas taxas de juros. Quando estas caem, o dinheiro fica mais
barato e, logo, há uma acesso maior ao crédito. Há também a questão dos bens relacionados.
Estes podem ser substitutos ou complementares. No caso dos substitutos temos, por exemplo,
as frutas. Quando o preço da maçã sobe, tendemos a comprar outras frutas que estejam mais
baratas. Bens complementares são aqueles em que um depende do outro. Por exemplo, se o
preço do cartucho de um determinado tipo de impressora aumentar, a tendência será diminuir
a aquisição deste tipo de equipamento.
Oferta de mercado
A oferta consiste nas várias quantidades que os produtores desejam oferecer ao mercado em
determinado período de tempo. Da mesma maneira que a demanda, a oferta depende de vários
fatores; dentre eles, de seu próprio preço, dos demais preços, dos preços dos fatores de produção,
das preferências do empresário e da tecnologia.
Diferentemente da função demanda, a função de oferta mostra uma correlação direta entre a
quantidade ofertada e nível de preços. É a chamada Lei Geral da Oferta.
Estruturas de mercado
Foi estudado anteriormente, quais variáveis afetam a demanda e a oferta de bens e serviços, e
como são determinados os preços, supondo sem interferências, o mercado automaticamente
39
AULA 3 • Sistemas Econômicos
encontra seu equilíbrio. Implicitamente, estava sendo suposta uma estrutura específica de
mercado, qual seja, a de concorrência perfeita.
Nesse tipo de mercado ainda existem as seguintes características: não existe diferenciação entre
os produtos ofertados pelas empresas concorrentes, não existem barreiras para o ingresso de
empresas no mercado e todas as informações sobre lucros e preços são conhecidas por todos
os participantes do mercado.
Concorrência imperfeita
Ocorre quando um dos agentes (ofertante ou demandante) tem o poder de determinar o preço
de um bem. Neste caso, se diz que este agente possui o poder de mercado. Existem quatro tipos
diferentes de concorrência imperfeita. Do lado da oferta há o monopólio e o oligopólio. Do lado
da demanda o monopsônio e o oligopsônio.
Monopólio
Para a existência de monopólios, deve haver barreiras que praticamente impeçam a entrada
de novas firmas no mercado. Essas barreiras podem advir das seguintes condições: monopólio
puro, elevado volume de capital, patente e controle de matérias-primas básicas. Existem, ainda,
os monopólios institucionais ou estatais em setores considerados estratégicos ou de segurança
nacional (petróleo, energia, comunicação).
Oligopólio
40
Sistemas Econômicos • AULA 3
Nos oligopólios, tanto as quantidades ofertadas quanto os preços são fixados entre as empresas
por meio de cartéis. O cartel é uma organização formal ou informal de produtores dentro de um
setor que determina a política de preços para todas as empresas que a ele pertencem.
Monopsônio
Trata-se de uma forma de mercado na qual há somente um comprador para muitos vendedores
dos serviços dos insumos. É o caso da empresa que se instala em uma determinada cidade do
interior e, por ser a única, torna-se demandante exclusiva da mão de obra local e das cidades
próximas, tendo para si a totalidade da oferta de mão de obra.
Oligopsônio
É um mercado em que existem poucos compradores que dominam o mercado para muitos
vendedores. Exemplo: indústria de laticínios. Em cada cidade existem dois ou três laticínios que
adquirem a maior parte do leite dos inúmeros produtores rurais locais. A indústria automobilística,
além de oligopolista no mercado de bens e serviços, também é oligopsonista na compra de
autopeças.
CONCORRÊNCIA
CARACTERÍSTICA MONOPÓLIO OLIGOPÓLIO
PERFEITA
1. Quanto ao Muito grande Só há uma Pequeno
número de empresa
empresas
2. Quanto ao Homogêneo. Não há Não há Pode ser homogêneo ou
produto diferenças substitutos diferenciado
próximos
3.Quanto ao Não há possibilidade As empresas têm Embora dificultado pela
controle das de manobras pelas grande poder interdependência entre
empresas sobre os empresas para manter as empresas, estas
preços preços tendem a formar cartéis
relativamente
elevados
4.Quanto à Não é possível A empresa É intensa, sobretudo
concorrência Nem seria eficaz. geralmente quando há diferenciação
extrapreço recorre a do produto
campanhas
institucionais
5.Quanto as Não há barreiras Barreiras de Barreiras de acesso de
condições de acesso de novas novas empresas
ingresso no empresas
mercado
41
AULA 3 • Sistemas Econômicos
Macroeconomia
Estuda a realidade econômica de forma global. Ela se preocupa com a relação entre os agentes
econômicos e o funcionamento da economia em seu conjunto. Procura obter uma visão
simplificada da economia, utilizando um número reduzido de variáveis, como: produto agregado;
demanda agregada; consumo; emprego; investimento; nível geral de preços; equilíbrio geral;
crescimento econômico etc.
Oferta agregada
Consiste na quantidade total de bens e serviços que as empresas de um país estão dispostas a
produzir e a vender num dado período. É dependente do nível de preços, da capacidade produtiva
e dos custos a suportar pela economia.
A oferta agregada representa o que as empresas, no seu conjunto, estão dispostas a produzir e a
vender para cada nível geral de preços, assumindo como constantes todas as restantes variáveis
determinantes da oferta agregada tais com as tecnologias disponíveis e as quantidades e os preços
42
Sistemas Econômicos • AULA 3
dos fatores produtivos. Conjugada com a procura agregada, a oferta agregada permite encontrar
o equilíbrio macroeconômico.
Demanda agregada
A demanda agregada corresponde à totalidade da despesa desejada pelo conjunto dos agentes
econômicos (famílias, empresas, Estado e exterior) para um determinado nível de preços,
mantendo-se constantes outros fatores tais como a política orçamentária, a oferta de moeda, a
disponibilidade de capital, entre outras, e tem quatro componentes:
»» Consumo: consiste nas despesas de consumo das famílias, o qual é determinado, além
dos preços, pelo rendimento disponível, pelas tendências demográficas e pela riqueza
acumulada.
»» Gastos do governo (ou despesa pública): refere-se às despesas realizadas pelo Estado com
a aquisição de bens e serviços, sendo determinada diretamente por este, constituindo,
por isso, um importante instrumento de política econômica.
Na próxima aula veremos os diferentes instrumentos de política econômica que o governo adota
no sentido de manter a economia equilibrada, no caminho do crescimento e do desenvolvimento,
mas antes disso, vamos falar sobre receitas e despesas do governo. À exemplo da economia
doméstica, o governo precisa manter suas contas equilibradas, mas quando gasta mais do que
arrecada, precisa se financiar.
Nos dias atuais, vemo-nos abarrotados de impostos e taxas a serem pagas e os governos felizes
com sua arrecadação. Isto porque como agente de mercado, o governo precisa de recursos para
administrar e desempenhas as suas atividades.
Despesas públicas
É papel do Estado proporcionar aos cidadãos inúmeros serviços que satisfaçam as necessidades
coletivas. Você há de concordar que, para o estado oferecer esses serviços, ele tem que ter dinheiro
43
AULA 3 • Sistemas Econômicos
para pagar esses dispêndios. Podem ser gastos com materiais, pagamento de pessoal, instalações
etc. Esses serviços oferecidos à comunidade têm um gasto e este gasto são as despesas públicas.
É uma despesa indispensável para a execução dos objetivos de todas as esferas da administração
pública. É o ponto de partida da ciência e da legislação financeira. As finanças públicas do Estado
iniciam-se com determinado plano de despesa, ajustando as autoridades suas rendas por meio
de impostos a fim de satisfazer a despesa.
Despesa orçamentária: é a despesa que está incluída na lei orçamentária anual e ainda as
provenientes dos créditos adicionais (suplementares, especiais e extraordinários) abertos durante
o exercício financeiro.
Despesa extraorçamentária: é a despesa que não consta na lei orçamentária anual, compreendendo
as diversas saídas de numerários, decorrentes do pagamento ou recolhimento de depósitos,
44
Sistemas Econômicos • AULA 3
pagamentos de restos a pagar, resgate de operações crédito por antecipação de receita e saídas
de recursos transitórios.
Despesas correntes: são todas as despesas que não contribuem, diretamente, para a formação
ou aquisição de um bem de capital.
Despesas de capital: são todas as despesas que contribuem, diretamente, para a formação ou
aquisição de um bem de capital.
As receitas públicas
Agora que conhecemos as despesas públicas ou gastos públicos, vamos estudar as receitas
tributárias.
Antes de adentrarmos ao estudo específico das receitas, vamos fazer uma viagem para entender
como funciona o Sistema Tributário Nacional.
A Constituição não cria tributo. No entanto, cumpre papel essencial na construção do sistema
ao definir as competências tributárias dos entes políticos da Federação (União, Estados, Distrito
Federal e Municípios), consagrar os princípios e as normas gerais de direito tributário, instituir
45
AULA 3 • Sistemas Econômicos
É importante enfatizar que, ao cidadão comum, é permitido fazer tudo aquilo que a lei não proíbe,
ao passo que, ao administrador público, só é permitido fazer o que a lei expressamente autoriza.
Por isso, o Código Tributário Nacional foi criado por meio da Lei no 5. 172, de 25 de outubro de 1966,
Denominado Código Tributário Nacional, pelo art. 7o do Ato Complementar no 36, de 13.3.1967.
De acordo com art. 2o do Código Tributário Nacional, o Sistema tributário nacional é regido pelo
disposto na Emenda Constitucional no 18, de 1o de dezembro de 1965, em leis complementares,
em resoluções do Senado Federal e, nos limites das respectivas competências, em leis federais,
nas Constituições e em leis estaduais e em leis municipais.
Agora, vamos conhecer como alguns autores que conceituam o Sistema Tributário nacional.
O conceito de sistema tributário implica certa coordenação dos diferentes tributos entre si com
o sistema econômico dominante, com os fins fiscais e extrafiscais da tributação, bem como com
os princípios constitucionais.
(KLEIN, 2009)
Pela Constituição Federal (CF), os três níveis de governo estão autorizados a instituir e cobrar
impostos. Essa autorização compreende a competência legislativa plena, ressalvadas as limitações
estabelecidas pela própria Constituição. A Constituição Federal de 1988 consagra uma série
desses princípios, a saber:
De acordo com a versão online do dicionário Priberan da língua portuguesa, tributo é o que um
estado paga a outro em sinal de dependência, ou imposto: contribuição.
46
Sistemas Econômicos • AULA 3
»» que não constitua sanção de ato ilícito em lei – tributo não é penalidade por infração;
multa sim constitui sanção pecuniária decorrente de ato ilícito;
»» instituído em Lei – para ele existir deverá ter uma lei, caso contrário, fere o princípio
da legalidade;
De acordo com Sandroni (1999), o Importo de Renda é o tributo cobrado das pessoas físicas
e jurídicas sobre os rendimentos auferidos no exercício de suas atividades profissionais ou
comerciais, ou ainda sobre os rendimentos resultantes da aplicação de seus capitais. O Imposto de
Renda no Brasil foi criado pelo presidente Artur Bernardes, em 1922, sendo a primeira cobrança
feita sobre o exercício financeiro de 1924. O Imposto de Renda é direto e progressivo, isto é, incide
diretamente sobre uma pessoa física ou jurídica e a taxação é progressivamente proporcional ao
valor do rendimento. Por isso, é considerado o imposto mais justo. O sistema de arrecadação,
apesar das constantes mudanças feitas, sustenta-se em duas bases: o imposto arrecadado na fonte
e o imposto lançado. O imposto arrecadado na fonte é retido e recolhido pelas fontes pagadoras
do rendimento, enquanto o lançado baseia-se na declaração do contribuinte.
47
AULA 3 • Sistemas Econômicos
De acordo com o art. 77 do Código Tributário Nacional, as taxas cobradas pela União, pelos
Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições
“têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva ou
potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuinte ou posto à sua
disposição”.
Podemos observar que, as taxas exigem uma atuação estatal direta em relação ao contribuinte
e o seu valor deverá limitar-se ao custo do serviço, sob pena de seu excesso configurar imposto.
Saiba mais
Primeiro vamos aos conceitos. Déficit é quando o Governo gasta mais do que arrecada. Para cobrir a diferença, toma
recursos emprestados ao setor privado. Qual é a consequência disso para o conjunto da economia? A resposta correta é:
depende. Se a economia está aquecida, isto é, em pleno emprego, o déficit pode gerar inflação, pois haverá mais dinheiro na
praça do que produtos e serviços a serem comprados. Aliás, este é o único caso em que os monetaristas tem razão quando
criticam uma política fiscal expansiva.
Vamos sofisticar um pouco mais o raciocínio para lidar com algum rigor com esse objeto de manipulação. De onde o
setor privado tira dinheiro para emprestar ao Governo, comprando seus títulos? A resposta a essa questão é muito curiosa
porque o setor privado tira justamente do próprio Governo num giro bastante interessante das finanças públicas. Numa
palavra, o setor privado pega títulos que tem em estoque, vende-os ao BC realizando os altos juros neles embutidos, e o BC
disponibiliza a juros baixos o dinheiro para a compra dos novos.
Até aqui, quem ganha na parada? Mais uma vez, depende da situação. Se os recursos correspondentes ao déficit público
são injetados pelo Governo numa economia em recessão, o resultado, provavelmente, é uma expansão do emprego e de
toda economia. Sim, porque o Governo terá mobilizado recursos que estavam paralisados nas mãos do setor privado e os
internalizado na economia sob a forma de gastos públicos de infraestrutura e de serviços governamentais, como saúde,
educação e segurança.
Se estamos numa recessão profunda como agora – estou projetando nada menos que uma contração de cerca de 5% este
ano, o FMI calcula 3% -, por que financistas, neoliberais, “ortodoxos” e outros exemplares da selva de economistas radicais
de direita são tão visceralmente contra déficits públicos, mesmo com a economia em recessão? Simplesmente porque há um
deslocamento da renda real em favor dos pobres, beneficiários em primeiro lugar dos gastos públicos. Reação cruel, mesmo
porque, financeiramente, os ricos não são prejudicados.
Essa questão está no centro da arquitetura financeira ocidental. A chegada da China como ator relevante nesse cenário talvez
seja a oportunidade histórica para o início de uma mudança. A forma como a China opera suas finanças é completamente
diferente da ocidental. Não existe essa ideia estúpida, ridicularizada desde Keynes, segundo a qual é preciso fazer poupança
(superávit) antes de investir. O processo, e a China ensina isso, é inverso: o agente econômico, público ou privado, primeiro
deve investir para depois buscar o suporte da poupança.
48
Sistemas Econômicos • AULA 3
Entretanto, talvez o leitor esteja interessado nos dados concretos da proposta orçamentária de 2016 que levaram à imensa
grita contra o déficit público. Ei-los: o montante somado dos orçamentos fiscal e da Seguridade se eleva a R$ 2 trilhões 118
bilhões. O déficit projetado de R$ 30,5 bilhões é 1,4% disso, isto é, insignificante. Mesmo se a economia estivesse em marcha
forçada um excesso de gasto público dessa ordem dificilmente provocaria inflação ou qualquer outro efeito nefasto na vida
real dos brasileiros. Claro, há o impacto do déficit nas decisões das agências de risco de desclassificar o Brasil. Contudo, isso
só interessa à TV Globo, sendo irrelevante para a economia.
Entretanto, estamos em profunda recessão. O déficit deveria ser uma ação deliberada do Governo para revertê-la, e não uma
maldição conforme passou a considerá-lo. Em lugar de explicar o déficit, o Governo decide correr desesperadamente atrás
de aumento de impostos para equilibrar o maldito orçamento. É um segundo erro. Numa situação de recessão profunda não
se deve aumentar impostos, inclusive impostos justos. E a alternativa não é, jamais, cortar mais gastos, que agravam ainda
mais a contração. A saída é justamente mais déficit, num reconhecimento de suas virtudes para a economia e para os pobres,
e não a corrida inútil para fechá-lo a qualquer custo como o cachorro que corre atrás do rabo.
Francamente, não sei por que Levy está seguindo o caminho suicida, se por ignorância ou má fé. Desconfio da segunda
hipótese em função de sua origem de pajem de banqueiro. O cipoal armado em torno do déficit talvez tenha uma função
útil: unir o setor produtivo, trabalhadores e empresários, numa proposta comum de retomada do emprego e do crescimento
econômico. Acho isso possível na medida em que a alternativa seria tenebrosa: numa situação de instituições derretidas, se
as classes sociais não se entenderam é possível que terminem em conflito generalizado, do qual só se salvarão os banqueiros.
J. Carlos de Assis - Jornalista, economista, doutor pela Coppe/UFRJ, autor, entre outros livros de economia política, do recém-lançado “Os Sete
Mandamentos do Jornalismo Investigativo”, Ed. Textonovo.
Sintetizando
»» Nesta aula, foram apresentadas as principais características de Sistemas Econômicos, que independentemente de
questões sócio-políticas possuem conjuntos de instituições e agentes que operam trocando entre si terra capital e trabalho
e moeda.
»» Foram abordadas as principais questões referentes aos mercados, seus agentes e sistemas de operação. Foi demonstrado
que em um mercado livre, ou seja, sem interferência dos governos, os consumidores decidem o que será produzido.
Quando há alguma mudança nas preferências dos consumidores, os produtores precisam alocar os recursos para oferecer
aquilo que os consumidores desejam e podem comprar. Esta situação é oposta aos mercados em concorrência imperfeita
onde uma dos agentes determina o comportamento de uma imensa maioria, a qual tem de se adaptar às diretrizes
estabelecidas por estes agentes dominantes.
»» Você também pode identificar a importância da contribuição exigida de cada indivíduo para as despesas do estado, por
meio das receitas geradas por impostos, taxas e contribuições nas esferas governamentais do Brasil.
49
Aula
Instrumentos de Política
Econômica 4
Apresentação
Para procurar atingir as metas da economia, o governo lança mão de uma série de políticas
econômicas, pensadas no universo da Macroeconomia. São elas: política fiscal, política monetária
e política cambial. A primeira trabalha com as questões de impostos monetária e cambial. A
política fiscal pode ser dividida em duas grandes partes: a política tributária e a política de gastos
públicos. Já a política monetária, visa controlar a quantidade de moeda em circulação e, por último,
a política cambial gerencia a taxa de câmbio, que é o valor de uma moeda estrangeira em relação
a outra moeda estrangeira. Nesta aula, você também verá o conceito da Lei de Responsabilidade
Fiscal, que é atualmente o principal instrumento regulador das contas públicas no Brasil, tendo
como ponto central a obrigatoriedade de os governantes assumirem compromissos com a
arrecadação e Gastos públicos. Boas leituras!
Objetivos
Esperamos que, após o estudo do conteúdo desta aula, você seja capaz de:
50
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
Política econômica
A esta altura na nossa trajetória, você deve estar se perguntando como o governo então faz tudo
funcionar, como ele atua na prática, como ele faz uma imensa engrenagem como o nosso Brasil
de magnitude continental funcionar. Estas ações governamentais, planejadas no sentido de
garantir estabilidade, eficiência, crescimento e desenvolvimento recebem o nome de política
economia, que é executada pelo próprio governo e pelo Banco Central.
Além das funções sociais de educação, saúde e justiça, o governo detém responsabilidade sobre
a economia do país, mesmo quando o sistema dominante é o de mercado, ou liberal.
»» Estabilidade de preços.
»» Eficiência.
»» Crescimento econômico.
Para que estas metas sejam atingidas, o governo adota alguns instrumentos de políticas
econômicas, as quais têm como última função a de estabilizar/controlar os grandes agregados
macroeconômicos. A política econômica envolve a atuação do governo sobre a capacidade
produtiva (oferta agregada) e despesas planejadas (demanda agregada), com o objetivo de
permitir que a economia opere em pleno emprego, com baixa taxa de inflação e uma distribuição
justa de renda. Dentro dessa função do setor público, os principais agregados econômicos
são: taxa de juros, crescimento econômico, nível de preços, taxa de desemprego e taxa
de câmbio.
Assim, para que esses objetivos do setor público sejam alcançados de forma eficaz, o governo
utiliza-se de um conjunto de políticas e instrumentos econômicos destacados a seguir.
51
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
Política monetária
A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia. Determinar
a quantidade de moeda (dinheiro) na economia é função do Conselho Monetário Nacional
(CMN ), com participação do Banco Central do Brasil (BACEN). Ao determinar a quantidade de
dinheiro, tem-se a formação da taxa de juros, ou seja, a taxa de juro pode ser simplificadamente
interpretada como sendo o “preço do dinheiro”.
O que é Moeda?
Deparamo-nos todos os dias com questões que envolvem moedas. Para iniciarmos o nosso
estudo sobre moeda, vamos voltar um pouco na história por meio do Texto apresentado no livro
“Moeda, de onde veio para onde foi” (GALBRAITH, 1997 p.5).
Uma moeda corrente, ou dinheiro, pode ser qualquer coisa em que as pessoas
confiam e que utilizam como meio de realizar comércio ou trocas (SPARROWE,
2003, p. 61).
De acordo com SPARROWE (2003), as primeiras moedas padronizadas podem ter sido pequenos
pedaços de eletro, um liga natural de ouro ou prata utilizada na Lídia, atual Turquia, em 600 a.C.
O rei da Lídia garantia a uniformidade dos pedaços por meio da autorização da impressão de um
desenho de cada um. Como vimos, ao longo da história muitos outros meios foram utilizados.
Para entender melhor o que é moeda, você irá conhecer os tipos de moedas existentes, de acordo
com Sandroni (1999).
»» Moeda-chave: moeda utilizada como padrão para o cálculo de paridade entre duas
moedas. Em lugar de se calcular diretamente a cotação de uma moeda em relação a
outra, faz-se a conversão das duas em uma terceira, a moeda-chave. Ex.: nas transações
comerciais internacionais, costuma-se utilizar o dólar como moeda-chave.
»» Moeda conversível: moeda que, de acordo com os termos de sua emissão e durante
a vigência do padrão-ouro ou do padrão-câmbio ouro, podia ser convertida numa
determinada cotação fixa, em ouro monetário ou em moedas fortes. Ex.: o dólar e a libra.
52
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
»» Moeda de boa lei (Bona Monetas): esta expressão admite dois sentidos: 1) quando o
toque e o peso de uma moeda corresponde àquele que a lei lhe determina; 2) quando
tem credibilidade no mercado. Ex.: a expressão “pagamento em bona monetas” significa
pagamento realizado com moeda de boa lei.
»» Moeda estrangeira: moeda de outro país, que pode ou não ser cotada em relação à moeda
corrente na tabela de câmbio que regula as transações internacionais.Ex.: o poder de
compra das moedas estrangeiras é expresso pela taxa cambial, fixa ou livre, que tende a
refletir a efetiva relação de troca existente entre as distintas moedas de diferentes países.
»» Moeda fraca: aquela que circula com dificuldade no mercado internacional ou nem
mesmo é aceita como meio de pagamento em operações de comércio exterior. Ex.: nesse
caso, incluem-se praticamente todas as moedas dos países subdesenvolvidos.
Além desses tipos de moedas, uma ferramenta muito utilizada nos dias atuais para as trocas
comerciais é o plástico, na forma de cartões de crédito e cartões para transações em caixas eletrônicos.
Segundo Sparrowe (2003), graças a uma complexa rede de comunicações computadorizada, ou
seja, a informatização, uma pessoa de Chicago de férias no Rio de Janeiro, no Brasil, pode acessar
suas contas bancárias e, em segundos, receber dinheiro em moeda local, utilizando a taxa de
conversão apropriada.
53
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
1. Unidade de conta: a moeda serve para comparar o valor de mercadorias diversas (os
diversos bens e serviços são expressos em quantidade de moeda, por meio dos preços).
Além disso, a moeda resolve o problema de se somar coisas distintas, embora os preços
de diferentes produtos e mercadorias guardem entre si relação. Um quilo de café
corresponde, por exemplo, a quatro litros de gasolina.
2. Meio de troca: significa que a compra e venda de bens e serviços opera-se com a utilização
de moeda. São comprados por moeda e vendidos em troca de moeda, mesmo sem
necessidade de transferência física de meio circulante. Entende-se que a moeda serve
como meio de troca, aceitação, obrigatória num país ou região. Ex.: o Real no Brasil, a
libra na Inglaterra etc.
3. Reserva de valor: um indivíduo que recebe moeda por alguma transação que tenha
realizado, ou até mesmo, como prêmio, não precisa gastá-la imediatamente. Pode
guardá-la para uso posterior. Isto significa que ela serve como reserva de valor. Para que
se cumpra seu papel, é necessário que tenha valor estável, de forma que quem a possua
tenha ideia precisa do quanto pode obter em troca.
Verifica-se, pelo exposto, que os tipos e as funções da moeda são de grande importância para a
atividade econômica. Sem elas não existiria a troca de bens e serviços. Como estamos tratando
de serviços, temos que nos atentar aos serviços públicos. De que forma está sendo utilizada a
moeda nos serviços públicos?
A lógica da política monetária consiste em controlar a oferta de moeda (liquidez) para determinar
a taxa de juros de referência do mercado. Nesse sentido, o Banco Central, seja qual for o país,
eleva a taxa de juros, enxugando (diminuindo) a oferta monetária, e a reduz atuando de forma
inversa.
54
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
»» Transação: necessidade que os agentes têm de possuírem moeda para efetuar suas
transações.
»» Precaução: procura de moeda por parte da sociedade para fazer frente a eventuais
compromissos não previstos.
»» Especulação: que se verifica quando o agente econômico fica esperando uma oportunidade
de aplicação interessante. Enquanto essa oportunidade não se verifica, o agente fica
“posicionado” em moeda.
»» Crescimento do país que aumenta a transação de bens e serviços, sendo necessária mais
moeda para a comercialização.
»» Taxas de juros, pois, caso estas aumentem, mais moeda será investida em busca dos juros.
»» Inflação, pois, à medida que os preços aumentam, a necessidade de moeda para transação
também aumenta em termos nominais.
b. Politica Monetária Expansiva: é formada por aquelas medidas que tendem a acelerar
o crescimento da quantidade de dinheiro e a baratear os empréstimos (baixar as taxas
de juros).
As operações de mercado aberto são caracterizadas pela compra e venda de títulos públicos
do BACEN no mercado. Esses títulos podem ser de emissão própria ou em geral do Tesouro.
Quando, por exemplo, o Banco Central vende título no mercado, recebe o pagamento em Reais
e está ofertando um ativo menos líquido (títulos) e retirando do mercado um ativo mais líquido
(moeda). Essa operação, realizada em grande escala, tem como finalidade diminuir a oferta
monetária e consequentemente aumentar a taxa de juros e com isso controlar o nível de preços.
Depósito compulsório
São depósitos sob a forma de reservas bancárias que cada banco comercial é obrigado legalmente
a manter junto ao Banco Central. É calculado como um percentual sobre os depósitos à vista
55
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
nos bancos comerciais. Quanto maiores os depósitos compulsórios, maior o nível de reservas
obrigatórias dos bancos junto ao Banco Central. Os recursos destinados aos empréstimos sofrem
uma diminuição e provocam com isso a criação de moeda bancária (valores depositados nos
bancos). A taxa de juros sofre um aumento, sendo o inverso também verdadeiro. Para diminuir a
liquidez do sistema financeiro, o Banco Central eleva a taxa de compulsório. Com menos recurso
para emprestar dos bancos comerciais, o crescimento da economia como um todo é afetado.
Redesconto bancário
Um instrumento não muito convencional, mas às vezes utilizado pelo Banco Central, refere-se
ao controle direto sobre o crédito. Este pode estar relacionado ao volume de crédito, ao prazo
e destinação do crédito. Este instrumento pode gerar distorções no livre funcionamento do
mercado de crédito, e até desestimular a atividade de intermediação financeira.
Assim, por exemplo, se o objetivo é controle da inflação, a medida apropriada de política monetária
seria diminuir o estoque monetário da economia (por exemplo, aumento da taxa de reservas
compulsórias, ou compra de títulos no open market). Se a meta é o crescimento econômico, a
medida adotada seria o aumento do estoque monetário.
Política fiscal
O principal instrumento de política econômica do setor público refere-se à política fiscal. Esta,
por sua vez, consiste na elaboração e organização do orçamento do governo, o qual demonstra
as fontes de arrecadação e os gastos públicos a serem efetuados em um determinado período
(exercício). A política fiscal visa atingir a atividade econômica e assim alcançar dois objetivos
inter-relacionados, a saber, estimular a produção, ou seja, o crescimento econômico e combater,
se for o caso, a elevada taxa de desemprego. O financiamento do deficit do setor público também
é um fator de preocupação da política fiscal.
A política fiscal pode ser dividida em duas grandes partes: a política tributária e a política de
gastos públicos. Quando o governo aumenta os gastos, diz-se que a política fiscal é expansionista;
56
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
caso contrário, tem-se uma política fiscal contracionista. A política fiscal será expansionista ou
contracionista dependendo do que o governo está pretendendo atingir com a política de gastos.
No outro lado da política fiscal, o governo pode atuar sobre o sistema tributário de forma a
alterar as despesas do setor privado (entre bens, entre consumo e investimento etc.), a incentivar
determinados segmentos produtivos e assim por diante. A conjugação de despesas e receitas
conduz ao conceito do deficit público. Os principais instrumentos da política fiscal são:
Imposto (receita)
Os impostos podem ser classificados em duas categorias:
Impostos diretos: incidem diretamente sobre a renda das unidades familiares e das empresas.
Ex.: IRPF (Imposto de Renda de Pessoa Física); IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica).
Impostos indiretos: são tributos que oneram as transações intermediárias e finais. São incorporados
ao processo produtivo e, portanto, incidem indiretamente sobre o contribuinte (consumidor).
Ex.: ICMS, ISS, CONFINS, PIS.
»» Subsídios: são pagamentos feitas pelo governo a algumas empresas públicas ou privadas.
Pode-se dizer que a política fiscal apresenta maior eficácia quando o objetivo é uma melhoria
na distribuição de renda, tanto na taxação às rendas mais altas como pelo aumento dos gastos
do governo com destinação a setores menos favorecidos. A política monetária é mais difusa na
questão distributiva.
Uma vantagem frequentemente apontada da política monetária sobre a fiscal é que a primeira
pode ser implantada logo após a sua aprovação, dado que depende apenas de decisões diretas
das autoridades monetárias, enquanto a implementação de políticas fiscais depende de votação
do Congresso, o que aumenta a defasagem entre a tomada de decisão e a implementação das
medidas fiscais.
57
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
Além disso, por exemplo, se há mão de obra ociosa, uma redução de impostos, pode contribuir
mais rapidamente para a diminuição do desemprego. Também é possível controlar mais
rapidamente a inflação, pois quando há excesso de demanda na economia (demanda maior que
oferta),essa mesma demanda pode ser contraída com redução de gastos públicos e/ou aumento
da carga tributária, a qual contribuiria indiretamente para diminuir o consumo, via redução da
renda disponível.
Preços
No nosso dia a dia deparamos a todo o momento com situações que envolvem preço. Qual o
preço deste carro? Qual preço deste sapato? Quando custa o quilo de pão? E assim por diante.
Nós sabemos que existe um preço que pagamos em moeda (que estudamos anteriormente).
Mas como conceituar preço e como é definido o preço?
Conceito de preços
Você deve estar se perguntando: mas que decisões são essas que influenciam os preços? São
inúmeras dentro do sistema econômico com um todo. E, para facilitar o nosso aprendizado,
listamos a seguir, de acordo com Sandroni (2002, pp. 487-488), algumas funções e decisões que
são necessárias para o controle de preços na economia.
Outro tipo de decisão influenciada pelos preços diz respeito à distribuição dos recursos ou
fatores entre os produtores. Se o preço de determinado produto é elevado, os empresários obtêm
bom lucro, podem remunerar melhor os fatores de produção que utilizam e atraem para seu
empreendimento fatores e recursos de outros setores.
58
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
E não podia faltar, a atuação dos órgãos governamentais sobre a fixação dos preços também é
indireta. Normalmente, contribuem para o aumento da oferta de determinado bem por meio
de importação, provocando a baixa do preço. Ou, então, restringem essa oferta mediante
estocagem ou exportação, favorecendo a alta dos preços. Mas durante as guerras e outros
períodos de crise, o Estado intervém diretamente: a distribuição dos bens escassos entre os
consumidores deixa de ser feita de acordo com as regras econômicas, obedecendo a outras
determinações.
Com base nas decisões assumidas no mercado, nos deparamos que as seguintes espécies
de preço:
»» Preços administrados: são aqueles controlados por órgãos governamentais e não pelas
forças do mercado.
»» Preço legal: estabelecido por força da lei, quando a economia esta submetida a normas
de controle e taxação de preços.
»» Preço livre: começa a vigorar após sua formação sem quaisquer impedimentos de ordem
legal (GASTALDI, 2002).
Se você observar bem, quase todos os preços são praticados hoje em dia, isto depende de cada
momento da economia.
59
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
Inflação
»» Inflação de custos: liga-se a uma inflação tipicamente de oferta. Tem suas causas nas
condições de oferta de bens e serviços na economia. O nível da demanda permanece o
mesmo, mas os custos de certos fatores importantes aumentam, levando à retração da
oferta e provocando um aumento dos preços de mercado.
Exemplo de inflação:
Em um país com inflação de 20% ao mês, você compra 1 quilo de feijão em um mês e paga R$ 3,00.
No mês seguinte, para comprar a mesma quantidade de feijão, você necessitará desembolsar R$
3,60. Como o seu salário não é reajustado mensalmente, o poder de compra vai diminuindo. No
final de um ano, se a inflação persistir neste patamar, o seu salário perdeu 240% do valor de compra.
Segundo Vasconcellos (2006 p.184), as fontes de inflação costumam ser diferentes em função
das condições de cada país:
60
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
»» Estrutura das organizações trabalhistas: quanto maior o poder de barganha dos sindicatos,
maior a capacidade de obter reajustes de salários acima dos índices de produtividade e
maior a pressão sobre os preços.
Ano % Ano %
1970 19,3 1980 110,2
Fonte: IGP/FGV (Índice Geral de Preços – FGV) apud Bresser Perreira (1991).
De 1970 a 1973, a inflação apresentou uma persistente tendência de queda. Houve uma rígida
política monetária, fiscal e salarial que mudou o patamar de cerca de 100%, para 15,8% em 1973.
A partir de 1973, inicia-se a crise mundial do petróleo e, com isso, a economia brasileira sentiu
os reflexos e sua inflação começou a crescer.
Ao longo dos anos 1970 até 1980, as acelerações das taxas de inflação são explicadas por causa de:
»» Elevação da dívida pública externa devido ao aumento tanto do principal (ano 1970)
como das taxas de juros internacionais (inicio dos anos 1980) (VASCONCELOS, 2006).
Nos anos de 1987/1988/1989, o Plano Cruzado e Plano Cruzado II seguidos dos Planos Bresser,
Verão no Governo Sarney, e mais tarde o Plano Collor, todos utilizaram o congelamento de preços
e salários para tentar conter o processo inflacionário brasileiro, e não obtiveram nenhum sucesso.
61
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
Já em 1994, no Governo Itamar Franco, tendo como Ministro da Fazenda Fernando Henrique
Cardoso, implantou-se o Plano Real. Esse, contudo, representou um avanço em relação aos planos
anteriores, reconhecendo que as principais causas da inflação brasileira estavam no desequilíbrio
do setor público e nos mecanismos de indexação (VASCONCELOS, 2006).
Em 1999, surgem as metas de inflações (inflation target) que passaram a ser a nova âncora
monetária. As autoridades monetárias se comprometeram a cumprir as metas de inflação
estabelecidas no corrente ano e também para os próximos anos.
Desde 1999 até os dias atuais a equipe econômica do governo vem trabalhando com a meta de
inflação. Podemos obser que as metas foram atingidas em sua maioria, pois temos os limites
inferiores e superiores. Mas os melhores anos foram 2006, 2007 e 2009. Lembrando que a partir
de 2009 uma crise mundial assolou inúmeros países e o Brasil continua firme para cumprir a
sua meta de inflação e o crescimento da economia.
Política cambial
A determinação da taxa de câmbio, que é a medida de conversão de uma moeda em outra moeda
(no caso brasileiro, a taxa de câmbio tem como referência o valor do dólar norte-americano) e
pode ocorrer de dois modos: institucionalmente, pela decisão de autoridades econômicas com
fixação periódica das taxas (taxas fixas de câmbio), ou pelo funcionamento do mercado, no qual
as taxas flutuam automaticamente, em decorrência das pressões de oferta e demanda por divisas
estrangeiras (taxas flutuantes).
A oferta de divisas é realizada tanto pelo os exportadores, que recebem moeda estrangeira em
contrapartida de suas vendas, como por meio da entrada de capitais financeiros internacionais.
62
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
Como as divisas não podem ser utilizadas internamente, precisa ser convertida em moeda nacional.
Isso é feito pelo Banco Central da seguinte forma: recebe dos importadores do exterior a quantia
em divisas – dólar, por exemplo, retendo-as em seus cofres, e paga, ao exportador nacional em
moeda nacional, em reais, a importância correspondente.
Uma taxa elevada de câmbio significa que o preço da divisa estrangeira está alto, ou que a moeda
nacional está desvalorizada. Assim, a expressão desvalorização cambial indica que houve um
aumento da taxa de câmbio – maior número de reais por unidade de moeda estrangeira. Por sua
vez, valorização cambial significa moeda nacional mais forte, isto é, paga-se menos reais por
dólar, por exemplo, tem – se uma queda na taxa de câmbio.
As taxas de câmbio estão intimamente relacionadas com os preços dos produtos exportados e
importadas e consequentemente, com o resultado da balança comercial do país. Se a taxa de
câmbio se encontrar em patamares elevados, estimulará as exportações, pois os exportadores
passaram a receber mais reais pela mesma quantidade de divisas derivadas da exportação; em
consequência haverá maior oferta de divisas.
Por exemplo: Suponhamos uma taxa de câmbio de 0,90 real por dólar, e que o exportador vendia
1.000 unidades de seu produto a 50 dólares cada. Seu faturamento era de 50.000 dólares ou 45.000
reais. Se o câmbio for desvalorizado em 10%, a taxa de câmbio subirá para 0,99 real por dólar e,
vendendo as mesmas 1.000 unidades, receberá os mesmos 50.000 dólares, só que valendo agora
49.500 reais. Isso estimulará o exportador a vender mais, aumentando a oferta de divisas.
Do lado das importações, a situação se inverte, pois se o preço dos produtos importados se
elevam, em moeda nacional, haverá um desestímulo às importações e, consequentemente, uma
queda na demanda de divisas.
O governo pode atuar por meio da política cambial ou da política comercial. A política cambial
diz respeito a alterações na taxa de câmbio, enquanto a política comercial constitui-se de
mecanismos que interferem no fluxo de mercadorias e serviços.
São as políticas que atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da economia.
63
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
A política cambial refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. O governo, por meio
do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio.
O mercado de câmbio (divisas) é formado pelos diversos agentes econômicos que compram e
vendem moeda estrangeira conforme suas necessidades. Empresas que vendem mercadorias ou
ações no exterior estão aumentando a oferta de moeda estrangeira, em particular o dólar, pois
sua receita ocorre em moeda estrangeira. Empresas que compram bens ou ações no exterior
estão demandando moeda estrangeira, pois seus gastos ocorrem em dólares. Neste sentido,
o preço da moeda estrangeira em relação à moeda nacional é determinado neste mercado.
Este preço é chamado de taxa de câmbio (R$/US$).
Se o câmbio estiver em R$ 2,50, significa que são necessários R$ 2,50 reais para comprar um
dólar. Se este subir para R$ 3,00 por dólar, ocorreu uma desvalorização da moeda local (real) em
relação à moeda estrangeira (dólar). O preço da moeda estrangeira elevou-se.
Assim, se o preço sobe devido a um aumento da demanda por dólar, dizemos que ocorreu uma
desvalorização do real frente ao dólar. Precisa-se de mais reais para comprar a mesma quantidade
de dólares.
Cabe explicar que as relações econômicas, comerciais e financeiras dos agentes de determinado
sistema econômico, como os agentes de outro sistema econômico (normalmente país), são
registradas na Balança de Pagamentos. Eventuais deficits no Balanço de Pagamentos são
decorrentes do fato de a entrada de divisas (dólares) serem inferior à saída de divisas. Este fato
é resultado de dois desequilíbrios. O primeiro é que se importam bens e serviços menos do que
se consegue exportar, resultando em uma saída de divisas maior do que a entrada. O segundo
desequilíbrio é causado pelo lado financeiro, onde não se consegue atrair recursos (dólares) em
quantidade suficiente para pagar as contas em dólar.
Você agora irá conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ou Lei complementar no 101,
que é atualmente o principal instrumento regulador das contas públicas no Brasil, contas estas
que vimos nas aulas anteriores, que tem como objetivo estabelecer metas, limites e condições
de uma gestão adequada das receitas e despesas, tendo como ponto central a obrigatoriedade
de os governantes assumirem compromissos com a arrecadação e gastos públicos.
A LRF contém o Relatório de Gestão Fiscal (RGF) e o Relatório Resumido de Execução Orçamentária
(RREO). As informações contidas nesses documentos, além de determinar parâmetros e metas
para a administração pública, permitem avaliar com profundidade a gestão fiscal do Executivo e
do Legislativo. Publicada no dia 4 de maio de 2000, a LRF regulamenta o artigo 163 da Constituição
(OLIVEIRA, 2006).
64
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
Uma administração transparente e democrática deve mostrar o que fazer e de onde vai tirar os
seus recursos, para que possa contar com a confiança da população, que pagará os seus tributos
de uma maneira mais consciente e motivada (OLIVEIRA, 2006).
De acordo com a Secretária do Tesouro Nacional, (STN) em particular, a LRF vem atender à
prescrição do artigo 163, da CF de 1988, cuja redação é a seguinte:
I - finanças públicas;
A LRF não substitui nem revoga a Lei no 4.320/64, que normatiza as finanças públicas no país
há quase 40 anos. Embora a Constituição Federal tenha determinado a edição de uma nova lei
complementar em substituição à esta lei, não é possível prever até quando o Congresso Nacional
concluirá os seus trabalhos em relação ao projeto já existente.
De acordo com Oliveira (2006), a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) tem como objetivo melhorar
a responsabilidade na gestão fiscal dos recursos públicos. Todos os governantes passam a se
responsabilizar pelo orçamento e pelas metas que possibilitem prevenir riscos e corrigir desvios
capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas, reforçando os alicerces do desenvolvimento
econômico sustentado, sem inflação para financiar o descontrole de gastos do setor público,
65
AULA 4 • Instrumentos de Política Econômica
sem endividamento excessivo e sem a criação de artifícios para cobrir os buracos de uma má
gestão fiscal.
O controle é uma ação fiscalizadora mais efetiva e contínua dos Tribunais de Contas.
A responsabilização deverá ocorrer sempre que houver o descumprimento das regras, com a
suspensão das transferências voluntárias, das garantias e da permissão para a contratação de
operações de crédito, inclusive ARO. Os responsáveis sofrerão as sanções previstas na legislação
que trata dos crimes de responsabilidade fiscal.
66
Instrumentos de Política Econômica • AULA 4
Finalizando, lembre que os objetivos das políticas econômicas muitas vezes são conflitantes. Por
exemplo, muitas vezes para controlar a inflação, aumenta-se a taxa de juros, o que retira moeda
de circulação. O problema é que com juros mais elevados, muitos investidores podem preferir
aplicar o dinheiro num banco do que iniciar um empreendimento que gere empregos. Entretanto
é importante considerar que os objetivos são independentes, mas as políticas econômicas têm
como grande desafio manter todos os objetivos sob controle.
Sintetizando
»» A política econômica é determinada por um conjunto de medidas governamentais, que atuam sobre a Economia do
país. Consiste na determinação dos setores ou polos econômicos, que prioritariamente devem ser impulsionados e
desenvolvidos, mediante apoio técnico, financeiro ou fiscal.
»» A política monetária tem como objetivo controlar a oferta de moeda na economia, tendo como instrumentos o redesconto
dos bancos, as operações de mercado aberto e os depósitos compulsórios.
»» A política fiscal é o principal instrumento de política econômica do setor público. Consiste na elaboração e organização
do orçamento do governo, o qual demonstra as fontes de arrecadação e os gastos públicos a serem efetuados em um
determinado período (exercício). Visa atingir a atividade econômica e assim alcançar dois objetivos inter-relacionados, a
saber, estimular a produção, ou seja, o crescimento econômico e combater, se for o caso, a elevada taxa de desemprego. O
financiamento do deficit do setor público, também é um fator de preocupação da política fiscal.
»» Considerando que a política econômica é um tripé, o terceiro ponto é a política cambial, importante instrumento pois o
mundo é um mercado global, e todos os países atuam de maneira interdependente, embora muitas tentativas de união
não tenham se mostrado eficientes.
»» Lei de Responsabilidade Fiscal é atualmente o principal instrumento regulador das contas públicas no Brasil, contas estas
que vimos nas aulas anteriores, que tem como objetivo estabelecer metas, limites e condições de uma gestão adequada
das receitas e despesas, tendo como ponto central a obrigatoriedade de os governantes assumirem compromissos com a
arrecadação e gastos públicos.
67
O Setor Público e a Inovação
Aula
5
Apresentação
Na trajetória da humanidade, nenhuma outra sociedade viveu sob a égide da mudança permanente
como a sociedade contemporânea. Em nenhum outro momento os indivíduos tiveram plena
consciência de estarem presenciando uma revolução cujas consequências estão alterando as
concepções de mundo, de espaço e de tempo que impõem uma dinâmica diferenciada para
responder às demandas da humanidade. O ambiente em transformação deste início de século
trouxe a necessidade de inovar, de tornar-se único. Nesta aula, veremos o que é inovação e as
dimensões em que ela pode ocorrer, bem como o setor público no processo de inovação, a partir
de sistemas nacionais de inovação, dos Mapas Estratégicos da Indústria e da Lei de Inovação.
Boa leitura e bons estudos!
Objetivos
»» Explicar a diferença entre invenção e inovação, bem como a importância desta para
empresas e nações.
»» Discutir o papel do setor público como agente chave na formulação de políticas para
a inovação.
68
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
Nunca buscamos tanto a igualdade. Curtimos, compartilhamos, adicionamos. Mas, será que
é a igualdade a fonte do sucesso de uma instituição, cidade ou país ou a aposta deve ser na
desigualdade? Estamos preparados para lidar com diferenças? Enquanto postamos e atualizamos
nossos perfis, mais da metade da população brasileira, não possui acesso à internet em seus
domicílios. Ao mesmo tempo em que o consumismo tem levado ao aumento do endividamento,
não prestamos atenção que o jovem da classe C movimenta bilhões de reais por ano com o próprio
salário e, além disso, o mesmo jovem que vai ao baile funk e se diverte é aquele que também
toma as decisões, faz as compras no supermercado e cursa uma universidade.
Estas e muitas outras questões tornam este momento único na trajetória do universo da gestão
e demandam quebra de pré-conceitos. Demandam um olhar para o novo. Casamento civil
entre pessoas do mesmo sexo; pessoas acima de 60 anos, que um dia criaram a adolescência e
estão criando agora a “envelhescência”; classes C e D como alvo da busca por novos mercados;
pessoas que consideram muito melhor ter um bom plano de previdência, prevendo uma boa
aposentadoria, do que planejando seus casamentos. Resultado: nunca fomos tão desiguais, nunca
precisamos considerar tanto os diferentes. Nunca precisamos tanto inovar, nos tornarmos únicos.
Um dos pontos fundamentais para se atingir resultados positivos que tornem a economia
brasileira competitiva é a inovação. Infelizmente, o Brasil não tem mostrado resultados muito
louváveis neste processo:
69
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
70
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
Conforme demonstra a figura, o Brasil ocupa o 84o lugar no quesito Inovação. A queda em
relação ao estudo anterior foi de 36 pontos. Empresas com uma postura mais conservadora,
pessimismo e um sentimento de falta de soluções transformadoras da sociedade explicam este
resultado tão ruim.
A inovação é a mola mestra de sociedades que pretendem avançar com consistência. Um exemplo
disso é a comparação entre as dez marcas mais valiosas do Brasil e do Mundo.
Inovação é diferente de invenção. Cada um de nós pode inventar qualquer coisa, mas somente
depois que esta invenção for aceita pelo mercado, gerando lucro, é que podemos classificar
como uma inovação.
71
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
A inovação pode ser incremental ou radical. Quando são implantadas pequenas melhorias
continuamente nos produtos, dizemos que temos uma inovação incremental, já quando ocorre
uma mudança drástica, dizemos que a inovação foi radical.
O caminho para a inovação não é linear. Demanda planejamento com base nas estratégias definidas
com foco de longo prazo. Envolve questões como aprendizagem organizacional, reinvenção
contínua da geração de valor e do negócio. Um processo aberto e possível em várias dimensões,
conforme vem sendo abordado em diferentes visões, as quais identificam que o processo inovador
pode ocorrer não apenas nos produtos, como demonstra o Radar da Inovação (CNI, 2010).
O Radar da Inovação pode ser considerado como a ferramenta mais completa de auxílio ao
processo inovador, pois fornece diferentes formas que uma empresa pode escolher para inovar
e que não são em nenhum momento excludentes entre si, pois duas ou mais dimensões podem
ser escolhidos sem prejuízo para a organização.
O Quadro a seguir traz a descrição da abrangência de cada uma das doze dimensões, desenvolvidas
também para servirem de instrumento de diagnóstico que permite às empresas identificarem
em que estágio do processo inovador se encontram e escolherem diferentes direcionamentos
apontados em cada um dos níveis. Uma vez feito o diagnóstico, o passo seguinte é canalizar o
conhecimento disponível em atividades nas quais a indústria ou empresa identifique demandas
pela inovação.
72
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
73
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
A globalização fez com que a busca pela competitividade passasse a envolver uma busca por uma
maior participação nos fluxos comerciais, com produtos mais intensivos em tecnologia, de maior
valor agregado, tornando necessária uma articulação crescente entre as políticas tecnológica e
comercial (ALÉM, 1999).
A indústria brasileira não teve, desde o início de sua construção, como meta a liderança
internacional. Embora o padrão de investimento e de instalação de setores industriais tenha se
baseado na atuação de multinacionais e a indústria tenha recebido uma forte participação de
capital estrangeiro, ela esteve sempre, com baixos níveis de inserção internacional.
Já no caso dos países da Europa e da Ásia, o foco desde a segunda metade da década de 1970 foi
exatamente a inserção internacional, principalmente no mercado norte-americano. Para tal, as
políticas industriais naquele período tiveram um duplo caráter: os segmentos maduros foram
alvo de políticas defensivas, com proteção e estímulos seletivos visando à melhoria de produtos e
processos, para sustentar e ampliar a competitividade internacional. Já os segmentos emergentes
foram estimulados a desenvolverem vantagens competitivas, uma vez que pertenciam ao grupo das
novas trajetórias tecnológicas com vistas à consolidação de posições líderes de mercado no futuro.
74
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
6. Políticas de rápida difusão das novas tecnologias em todos os setores da economia com
a adaptação do setor produtivo às novas realidades.
O Estado passa a ter um papel fundamental na busca de uma política industrial que crie condições
necessárias para a atuação competitiva dos setores produtivos em mercados globais. Este papel
se manifesta a partir das seguintes metas e ações:
4. Aumento dos orçamentos governamentais de P&D em termos reais, bem como adoção
de medidas de estímulo a P&D por parte das empresas.
75
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
Uma economia dotada de espírito inovador dispõe de taxas mais altas de aumento do progresso
técnico, fazendo com que o conhecimento vá se acumulando, constituindo o fator fundamental
para permitir a sustentação do crescimento no longo prazo.
Para que os agentes operem de maneira eficiente, faz-se necessária a existência de uma sólida
disponibilidade financeira para as atividades de C&T, além de meios financeiros, educacionais,
técnico-científicos e de um alto padrão de qualidade de bens e serviços produzidos internamente,
com alto valor agregado tornando a produção nacional competitiva.
O Mapa Estratégico da Indústria (MEI) traz em si uma concepção sistêmica objetivando contruir
SNI, que introduza inúmeras mudanças qualitativas em todas os mecanismos de planejamento
e financiamento de suas atividades, estimule as instituições de produção de bens e serviços para
76
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
A indústria brasileira, desde 2007, tem procurado criar um modelo de SNI a partir exatamente
da interação dos diferentes atores intitulado Mapa Estratégico da Indústria (MEI), conforme
demonstrado na figura a seguir, que traz uma concepção sistêmica objetivando contruir SNI,
que introduza inúmeras mudanças qualitativas em todas os mecanismos de planejamento e
financiamento de suas atividades, estimule as instituições de produção de bens e serviços para
que desenvolvam demandas tecnológicas, integre a transferência de tecnologia na análise das
inovações necessárias ao país, estabeleça redes de inovação, integrações por centros de P&D,
empresas, usuários, instituições financiadoras, organismos federais e governos estaduais, bem
como implante sistemas de informação adequados aos mecanismos interativos de inovação que
permitam avaliar o impacto de mudanças tecnológicas na economia, sociedade e meio ambiente.
77
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
Além disso, aprimorar a legislação para facilitar ainda mais o investimento estatal e um incremento
da encomenda de tecnologias por parte do governo para empresas são fundamentais. Além disso,
permitir que empresas compartilhem laboratórios com instituições públicas pode representar
ganhos para os dois lados. Outro ponto importante é o governo apoiar as empresas inovadoras.
Políticas governamentais eficientes podem ter impacto positivo na capacidade de inovação das
empresas de um país, além de contribuírem significativamente para o aumento da capacidade
exportadora destas empresas.
Governo e empresas não devem caminhar separadamente num país que se pretende tornar
competitivo internacionalmente. Ambos são interdependentes e motor decisivo de crescimento,
competitividade e valorização da empresa para os acionistas, a inovação é apontada por executivos
seniores do mundo todo como fundamental para o sucesso das empresas. Mas a inovação também
78
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
beneficia os países. Países com indústrias prósperas têm rendas mais altas, melhor qualidade de
vida e padrão de vida mais elevado que seus pares menos robustos.
Um outro ponto no qual os governos tem papel fundamental é na qualificação da mão de obra de
um país. Uma força de trabalho capacitada e instruída é o elemento mais crucial para o sucesso
da inovação, contudo, encontrar talento de qualidade é um constante desafio para as empresas.
Em especial, o foco em capacitação que alie teoria e prática poderá ajudar muito nesta trajetória.
Além disso, proteção às patentes, direitos autorais e a outras propriedades intelectuais, isenções
fiscais, treinamentos e políticas que reduzam os custos estruturais relacionados com política
fiscal, regulação e energia são instrumentos governamentais de incentivo a inovação.
Finalizando, a coerência e a constância devem ser a tônica dos governos que optem pela inovação.
Como investir em Pesquisa e Desenvolvimento, cujo prazo de retorno muitas vezes é demorado se
as instituições educacionais, econômicas, políticas, jurídicas e sociais não apresentam estabilidade?
A Lei de Inovação – LI
A Lei no 10.973, de 2 de dezembro de 2004, também conhecida como Lei de Inovação, representou
um passo importante para o desenvolvimento brasileiro com foco na inovação. Os principais
objetivos desta lei foram criar medidas de incentivo a inovação e a pesquisa científica no ambiente
produtivo constituído das instituições que executam atividades de pesquisa aplicada de caráter
científico ou tecnológico (ICTs), das empresas e de inventores independentes.
79
AULA 5 • O Setor Público e a Inovação
Para as empresas:
»» Adoção da sua criação por ICT, comprovado o depósito do pedido de patente, visando
futuro desenvolvimento, incubação, utilização e produção industrial.
Fonte: <http://inventta.net/wp-content/uploads/2010/07/Focalizando-a-Lei-de-Inovacao.pdf>.
Para refletir
“Você quer vender água com açúcar o resto de sua vida, ou quer uma oportunidade para mudar o mundo?”
Com esta frase Jobs convenceu John Sculley a deixar seu posto de presidente da Pepsi e ir trabalhar na Apple
“Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo.
Peter Drucker
80
O Setor Público e a Inovação • AULA 5
Sintetizando
»» Invenção e inovação são coisas totalmente diferentes. Pode-se inventar qualquer coisa, mas somente depois que o
mercado aceita a nossa invenção é que ela passa a ser uma inovação.
»» A inovação não precisa ser apenas radical, ela pode ocorrer em doze dimensões distintas.
»» O setor público tem papel fundamental no processo de inovação, não apenas destinando recursos para pesquisa e
desenvolvimento, mas cuidando da educação e qualificação de sua mão de obra, do aspectos macroeconômicos,
elaborando políticas setoriais.
»» O papel do governo aparece muito claro no processo de inovação e é um dos vértices de um triângulo intitulado Sistema
Nacional de Inovação, juntamente com empresas e universidades.
81
Aula
O setor público e a
sustentabilidade 6
Apresentação
Objetivos
»» Compreender que o conceito de sustentabilidade é muito mais do que as questões
ambientais. Deve estar presente em várias dimensões da sociedade contemporânea.
82
O setor público e a sustentabilidade • AULA 6
O que é sustentabilidade?
Satisfazer as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das futuras
gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades: esse é o conceito da sustentabilidade.
A grande questão é que o universo da sustentabilidade engloba questões econômicas, políticas,
sociais e culturais, além de um ambiente equilibrado que seja capaz de vencer a desigualdade
social, trazendo melhores condições de vidas para a geração presente e seus descendentes, com
valores pautados na ética e no respeito ao próximo.
»» Sustentabilidade ecológica: o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos
sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem
de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras
para uma adequada proteção ambiental.
Fonte: Sachs, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro: Garamond, 2000.
Outra visão aborda que a sustentabilidade não pode ser reduzida apenas a uma dimensão social
ou ambiental e sim é resultado de uma visão integrada de várias dimensões. A partir desta visão,
83
AULA 6 • O setor público e a sustentabilidade
ganha destaque a chamada gestão ecocêntrica, que olha na direção de um novo modelo focando
nas relações humanas entre si e com o ambiente, independentemente dos limites temporais ou
espaciais, diferentemente da visão tradicional que objetiva a maximização dos lucros. O quadro
a seguir mostra as diferenças entre os dois modelos de gestão.
Ecocêntrico.
Antopocêntrico.
Valores Compreensão das reais necessidades dos
Conhecimento racional e “pronto para uso”.
indivíduos e da sociedade.
No contexto atual, se por um lado a inovação é considerada um processo irreversível pelo grau
de conhecimento técnico-científico alcançado pela humanidade, por outro, o apreço desmedido
pelo consumo de “novidades”, um comportamento típico do homem contemporâneo, esta se
transformando em uma doença cada vez mais comum entre os indivíduos de nosso tempo – a
oneomania (ou compulsão pelo consumo).
84
O setor público e a sustentabilidade • AULA 6
O fato é que nos tornamos herdeiros de um impasse civilizatório: como desfrutar da vida e ao
mesmo tempo viver dentro dos limites do planeta? As tecnologias, as máquinas, os computadores
e o conhecimento científico são úteis no processo de descoberta de alternativas, mas não são
capazes de “cuidar” do planeta, da natureza e dos seres humanos.
Consumo consciente
Consumir de forma responsável, pensando nas consequência do ato de compra para o planeta
e para a sociedade, sabendo que consumidores podem ser agentes transformadores, é este o
conceito de consumo consciente. Envolve reduzir (comprar apenas o necessário), reutilizar
(que diminui o uso de recursos naturais para a produção de novos bens) e reciclar (transformar
os produtos, inserindo-os novamente no processo produtivo). Isso pode ser resumido em
posturas simples como nas enumeradas pelo Instituto AKATU que enumera direcionamentos
do consumidor consciente:
1. Planejar as compras:
85
AULA 6 • O setor público e a sustentabilidade
Pensar bem se o que se vai comprar a crédito não pode esperar e estar certo de que se
poderá pagar as prestações.
Em suas escolhas de consumo, não se deve olhar apenas preço e qualidade do produto.
Valorizar as empresas em função de sua responsabilidade para com os funcionários, a
sociedade e o meio ambiente.
Comprar sempre do comércio legalizado e, dessa forma, contribuir para gerar empregos
estáveis e para combater o crime organizado e a violência.
Adotar uma postura ativa. Enviar às empresas sugestões e críticas construtivas sobre
seus produtos e serviços.
86
O setor público e a sustentabilidade • AULA 6
Aplicação continuada de uma estratégia ambiental preventiva e integrada aos processos e produtos,
a fim de aumentar a eficiência e reduzir os riscos para a sociedade e para o meio ambiente, além
de minimizar os desperdícios, reduzir custos e alavancar o potencial inovador da organização,
visando ganhos de competitividade e a otimização dos processos industriais.
Envolve uma permanente busca de aumento da eficiência econômica com foco em usos de
matéria-primas água e energia, de uma forma sustentável, com vistas a minimizar ao máximo a
poluição e optar pela adoção de processos produtivos mais sustentáveis, pressupondo atitudes
básicas, a saber: técnicas mais racionais de produção que diminuam por completo a geração de
resíduos ou pelo menos reduzam em quantidades substanciais.
Economia compartilhada
Permite que as pessoas mantenham o mesmo estilo de vida, sem precisar adquirir mais, o que
impacta positivamente não só no bolso mas também na sustentabilidade do planeta. Apresenta
um novo jeito de consumir focado no usufruir (serviço) substituindo o paradigma da posse do
bem (produto).
Figura 13.
87
AULA 6 • O setor público e a sustentabilidade
Slow Food
Movimento iniciado na Itália, por Carlo Petrini, em 1986, que significa “comida lenta” e que se
contrapõem ao fast food e tem como objetivo desacelerar, apreciando melhor os alimentos,
conhecendo o processo produtivo, o significado e seus produtores, bem como as questões
culturais que envolvem o cultivo e a preparação. O Movimento tem como símbolo o caracol,
que se move lentamente.
Deste movimento surgiram o cittaslow, que valoriza a qualidade de vida em cidades menores,
mais planejadas; o slow design, que visa produzir objetos de decoração atemporais; o slow home,
no qual a arquitetura é personalizada; o slow travel, que visa despertar no turista o espírito de
aproveitar as viagens de maneira mais tranquila e com rotas alternativas às tradicionais.
88
O setor público e a sustentabilidade • AULA 6
A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio
de Janeiro, em junho de 1992 (a Rio 92), foi o grande marco para o desenvolvimento sustentável
e na qual foi concebida a Agenda 21, um plano de ação mundial para orientar a transformação
desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos, 115 áreas de ação prioritária.
Dentre alguns dos focos discriminados na Agenda 21, pode-se destacar: cooperação internacional,
combate à pobreza, mudança dos padrões de consumo, habitação adequada, integração entre meio
ambiente e desenvolvimento na tomada de decisões, proteção da atmosfera, abordagem integrada
do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres, combate ao desflorestamento, manejo
de ecossistemas frágeis, luta contra a desertificação e a seca, promoção do desenvolvimento
rural e agrícola sustentável, conservação da diversidade biológica, manejo ambientalmente
saudável dos resíduos sólidos e questões relacionadas com os esgotos, fortalecimento do papel
das organizações não governamentais, fortalecimento do papel dos agricultores, transferência
de tecnologia ambientalmente saudável, cooperação e fortalecimento institucional, a ciência
para o desenvolvimento sustentável, promoção do ensino, da conscientização e do treinamento.
ODS2. Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição, e promover a
agricultura sustentável.
ODS3. Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades.
89
AULA 6 • O setor público e a sustentabilidade
ODS7. Garantir acesso à energia barata, confiável, sustentável e moderna para todos.
ODS13. Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos, reconhecendo
que a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (CQNUMC) é o principal
fórum internacional e intergovernamental para negociar a resposta global à mudança do clima.
ODS14. Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, mares e recursos marinhos para
o desenvolvimento sustentável.
ODS15. Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de
forma sustentável as florestas, combater à desertificação, bem como deter e reverter a degradação
do solo e a perda de biodiversidade.
Fonte: www.akatu.org.br.
O governo brasileiro tem promovido uma série de ações no sentido de fomentar a sustentabilidade
em várias áreas. Muito ainda falta ao país, mas os esforços têm se multiplicado, embora para os
especialistas na área, a velocidade poderia ser maior. Alguns destes programas e iniciativas são
listados a seguir:
»» Plano Inova Sustentabilidade: lançado em 2014, com foco ambiental. O Banco Nacional
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos
90
O setor público e a sustentabilidade • AULA 6
»» Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas: institui o tratamento diferenciado e favorecido
para micro e pequenas empresas em licitações públicas.
91
AULA 6 • O setor público e a sustentabilidade
Outras iniciativas em curso são: a Coleta Seletiva Solidária, a Agenda Ambiental na Administração
Pública, o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica, o Programa de Eficiência do
Gasto Público, as Contratações Públicas Sustentáveis, o Projeto Esplanada Sustentáveis.
Finalizando, as ações sustentáveis não se tratam mais de luxo ou diferencial. São a urgente
necessidade de uma sociedade que precisa ser capaz de se reinventar, de ser capaz de escolher novos
rumos sob pena de sermos dominados por paradigmas decadentes e caminharmos a passos largos
para a nossa extinção mais rapidamente do que as previsões realizadas ao longo da última década.
Da procura... um encontro
Sintetizando
92
Referências
ARVATE, Paulo Roberto; BIDERMAN, Ciro. Economia do Setor Público no Brasil. 2. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
ASHLEY, Patrícia Almeida. Ética e Responsabilidade Social nos Negócios. São Paulo: Saraiva, 2002.
BORGER, Fernanda Gabriela; BELLUZZO, Walter. Valor Econômico do Patrimônio histórico cultural: estudo de caso
de avaliação do programa monumental. 2009. Disponível em: <http://www.unisantos.br/pos/revistapatrimonio/
pdf/Artigo5_v6_n7_jul_ago_set2009_Patrimonio_UniSantos.pdf>. Acesso em 15/06/2011.
BANDEIRA DE MELLO, Celso Antônio. Curso de Direito Administrativo. 13. Edição. São Paulo: Malheiros, 2001.
CASTRO, Antonio Barros de: Introdução à economia: uma abordagem estruturalista. 26. Ed. Rio de Janeiro: Ed.
Forense Universitária, 1984.
DATAPREV. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil disponível em: <http://www010.dataprev.gov.br/
sislex/paginas/11/2002/10406.htm#PG_L2_TU>. Acesso em: 10/07/2011.
INSTITUTO AKATU. Estilos sustentáveis de vida. São Paulo: Instituto Akatu, 2013.
______. Caderno Temático – Ter mais... ou viver melhor? São Paulo: Instituto Akatu, 2011.
______. Descobrindo o consumidor consciente: uma nova visão da realidade brasileira. São Paulo: Instituto Akatu, 2004.
______. Caderno Temático – A nutrição e o consumo consciente. São Paulo: Instituto Akatu, 2003.
______. Diálogos Akatu – Consumidor, o poder da consciência. São Paulo: Instituto Akatu, n. 2, 2001.
______; INSTITUTO ETHOS. Responsabilidade Social das Empresas – percepção do consumidor brasileiro. Pesquisa,
2010.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. 22. Ed. São Paulo: Ed. Malheiros, 2010.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São Paulo: Malheiros, 1998.
MINISTÉRIO DO MEIO AMBENTE. Plano de ação para produção e consumo sustentáveis – PPCS, 2011.
PIRES, José Calixto de Souza; MACÊDO, Kátia Barbosa. Cultura organizacional em organizações públicas no Brasil.
2006. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/en000002.pdf>. Acesso em: 16/7/2011.
PESSOA, Robertônio Santos. Empresas públicas à luz das recentes reformas (EC 19/98). Disponível em: <http://jus.
uol.com.br/revista/texto/384/empresas-publicas-a-luz-das-recentes-reformas-ec-19-98>.
PEDROSO, Adriano Severiano. Aspectos gerais dos bens públicos. Disponível em: <www.advogado.adv.br/
estudantesdireito/faculdadesintegradasdecuritibadireito/adrianoseverianopedroso/aspectos.htm>.
93
Referências
PNUMA. ABC do CPS Esclarecendo Conceitos Sobre Consumo e Produção Sustentável (CPS). 2012.
SANDOVAL, de Vasconcelos; GREMAUD, Amalry Patrick et al. Manual de Introdução à Economia. São Paulo: Saraiva,
2006.
VASCONCELLOS, Marco Antonio S. Manual de Economia. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2011.
94