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Gerenciamento de Projetos Florestais

Brasília-DF.
Elaboração

Heli Heros Teodoro de Assunção

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INDÚSTRIA FLORESTAL........................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
PANORAMA GLOBAL E LOCAL................................................................................................. 11

CAPÍTULO 2
A INDÚSTRIA DA MADEIRA....................................................................................................... 19

CAPÍTULO 3
MANEJO DE PLANTAÇÕES FLORESTAIS..................................................................................... 27

UNIDADE II
MERCADOS FLORESTAIS....................................................................................................................... 48

CAPÍTULO 1
SISTEMA DE PRODUÇÃO ........................................................................................................ 48

CAPÍTULO 2
CUSTOS, RECEITAS E LUCROS ................................................................................................. 56

CAPÍTULO 3
OFERTA E DEMANDA .............................................................................................................. 61

UNIDADE III
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL.................................................................................. 66

CAPÍTULO 1
PLANEJAMENTO DA EMPRESA FLORESTAL................................................................................. 66

CAPÍTULO 2
MANEJO INTENSIVO DAS PLANTAÇÕES FLORESTAIS ................................................................. 81

CAPÍTULO 3
INTRODUÇÃO ÀS TECNOLOGIAS GEOESPACIAIS DE APOIO AO
GERENCIAMENTO FLORESTAL.................................................................................................. 90
UNIDADE IV
COLHEITA........................................................................................................................................... 100

CAPÍTULO 1
PLANEJAMENTO DA COLHEITA............................................................................................... 100

CAPÍTULO 2
MÉTODOS DE COLHEITA........................................................................................................ 110

CAPÍTULO 3
CARREGAMENTO E TRANSPORTE........................................................................................... 120

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 132


Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

Os produtos oriundos das florestas plantadas e naturais têm grande presença


em nosso dia a dia, seja nos móveis das nossas casas até os fornos que assam
as pizzas que comemos das pizzarias. Vamos estudar, nesta disciplina, alguns
aspectos fundamentais da gestão de projetos florestais. É notório que a demanda
mundial por madeira e outros produtos florestais é crescente, especialmente
em países em desenvolvimento como o Brasil. Assim, o papel de um gestor de
projetos florestais é garantir que a demanda vai ser atendida em qualidade e
quantidade adequadas.

Sabemos que a sociedade atual utiliza as florestas para diversas atividades, como
fonte de biomassa para reatores, fornalhas e fornos, fonte de produtos utilizados
em construções na agricultura, indústria e zonas urbanas, recreação, turismo,
preservação da fauna e flora, entre outros.

Diante disso, é necessário que saibamos como lidar com as dinâmicas do mercado
florestal e como este interage com a atividade econômica do país e mundo. A partir
disso, estudaremos desde o início do cultivo de plantações florestais e como essa
atividade se desenvolveu e vem se desenvolvendo e ganhando espaço no cenário
nacional e mundial.

Após isso, estaremos aptos a estudar as particularidades do planejamento para


uma gestão de sucesso. Aplicaremos todos esses conhecimentos na realidade dos
projetos florestais, para que possamos ter contato com as tecnologias atuais que
podem nos ajudar na gestão dos projetos florestais. Ao fim, o estudo é direcionado
ao planejamento, operação e otimização das atividades que envolvem desde o
corte da madeira na floresta até a sua entrega no destino final.

Não se esqueça de que vivemos no país que tem a maior floresta tropical do
mundo e um dos maiores, se não o maior, potencial produtivo para atividades
agrossilvipastoris. Isso aumenta, ainda mais, a nossa responsabilidade sobre a
gestão desses recursos.

Objetivos
» Compreender como é a dinâmica da indústria florestal nacional e
mundial e os aspectos que levam à otimização da gestão das áreas
florestais.

8
» Conhecer o mercado que permeia o estudo dos produtos florestais.

» Dominar algumas estratégias de planejamento e gestão que conduzem


ao sucesso de projetos florestais.

» Desenvolver a capacidade de decidir adequadamente o planejamento e


a condução das atividades que envolvem desde o corte da madeira na
floresta até a destinação final.

9
10
INDÚSTRIA FLORESTAL UNIDADE I

Caro estudante, para que possamos nos aprofundar nas questões técnicas e
conceituais que envolvem o gerenciamento de projetos florestais, convido-o
a iniciar nossos estudos desenvolvendo uma visão geral da história do uso
comercial das florestas. Com essa perspectiva ficará mais fácil entendermos
as dinâmicas que interferem no dia a dia de um gestor de projetos florestais,
assim como os fatores locais e globais que interagem no mercado de produtos
florestais.

Partindo desse contexto iremos nos aprofundar nas dinâmicas que interferem
no sucesso da indústria da madeira para que, só então, possamos estudar as
características presentes nos métodos de manejo de plantações florestais.

CAPÍTULO 1
Panorama global e local

Introdução
É comum que ocorram em nossas vidas pontos de virada. Esses momentos de
grande mudança geralmente acontecem quando uma ocasião ou conjunto de
circunstâncias define claramente a agenda para o futuro. Alguns deles são mais
suaves e outros mais abruptos. Por exemplo, se olharmos como nossos hábitos
de consumo mudaram nas últimas décadas, veremos muitos pontos de virada.
Muitos deles associados ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

Outra área que teve grandes mudanças foi a indústria da madeira. Em alguns anos
saímos da posição de, unicamente, “exploradores” de florestas para a posição de
reflorestadores. Passamos a consumir madeira advinda de florestas plantadas. Isso
foi principalmente influenciado pela industrialização, trouxe outros benefícios

11
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

ambientais, sociais e econômicos. Portanto, agora iremos identificar o papel das


florestas plantadas, examinando seus pontos fortes e fracos e explorando de que
forma elas fazem parte do futuro do mundo.

Aos olhos de um silvicultor, as florestas plantadas podem ser tratadas meramente


como uma colheita agrícola. Entretanto, é sabido que por meio de um bom
gerenciamento estas podem oferecer alguns benefícios além do que somente
um produção. À medida que as árvores crescem, amadurecem e se regeneram,
elas continuarão sendo tratadas como culturas agrícolas comuns. Porém, a
depender da espécie escolhida, essas podem ser manejadas de maneiras mais
naturais, necessitando de menos intervenções. Isso geralmente ocorre quando
se escolhe espécies nativas para a constituição de uma floresta plantada. Apesar
de todos os benefícios de uma floresta plantada, sabemos que ela não substitui
verdadeiramente a floresta natural. É preciso que enxerguemos essas limitações
a partir de uma visão equilibrada reconhecendo que as técnicas silviculturais
evoluíram para atender a algumas das necessidades da humanidade.

A dimensão exata da produção mundial de florestas plantadas é um dado de


difícil obtenção. Uma vez que a capacidade de classificação de florestas como
plantadas é imprecisa e, portanto, os dados relativos à sua extensão são incertos.
Obviamente, existem outras razões além da classificação para tais informações
falsas. No entanto, a questão principal para esse tipo de imperfeição pode ser
por conta do que é ou não é classificado como “plantado”. Esta incerteza surge
porque muitas florestas que foram plantadas há muito tempo não se parecem
com “plantações modernas” (Figura 1) (EVANS; TURNBULL, 2004).

Figura 1. Extração de madeira em floresta plantada de maneira semelhante ao natural.

Fonte: https://www.sgsgroup.com.br/-/media/global/images/structural-website-images/hero-images/hero-forest-780x626.jpg.

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INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

História das florestas plantadas


Vimos que a classificação de florestas é inexata quando queremos quantificar
aquelas que foram plantadas, pois muitas não se parecem com “plantações” de
hoje. Este fato nos ajuda na recordação da história do plantio de árvores focando
nesta questão de tempo. Também nos chama a atenção para o fato de que aquilo
que é importante hoje não necessariamente foi importante no passado. Um
exemplo disso é a crescente preocupação na manutenção das florestas naturais.
Tais fatos nos ajudam ainda mais a colocar nosso assunto em um contexto mais
amplo.

Assista ao vídeo ”Rios Voadores da Amazônia – sem floresta não tem água”
para aprofundamento na função que as florestas têm em nossas vidas.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=0Mwo5PVB0ro.

Origens

O ser humano planta árvores há milhares de anos para alimentos ou outros


produtos florestais não madeireiros, abrigo, fins ornamentais, cerimoniais ou
religiosos. As primeiras espécies lenhosas selecionadas e plantadas, por volta
de 4000 a.C., foram provavelmente as oliveiras (Olea europaea) cultivadas na
Grécia (Figura 2) (WREGE et al., 2015).

Figura 2. Cultivo de oliveiras na Grécia.

Fonte: https://nails.newsela.com/s3/newsela-media/article_media/2017/07/lib-food-ancient-greece- 01b873d2.jpg?crop=0%2


C170%2C1920%2C1249&height=497&horizontal_focal_point=center&vertical_focal_point=center&width=885.

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UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

O plantio de árvores era praticado nos tempos antigos na Ásia. Os chineses


cultivavam árvores frutíferas e pinheiros para fins ornamentais, religiosos e
cerimoniais em 2000 a.C. Durante a primeira parte do Império Chou (1100 –
256 a.C.) o imperador estabeleceu um serviço florestal com responsabilidade de
preservar a floresta natural e reflorestar terras desertas. As Dinastias de Hans e
Tang (208 a.C. a 256 d.C.) encorajavam as pessoas a plantar árvores importantes
para produção de alimentos e madeira (VALDER, 1999; WREGE et al., 2015).

Tempos mais recentes

A silvicultura na Europa central ainda é comumente caracterizada por ser


realizada em áreas de altitude, pela prática de poucos desbastes e rotações
longas. Além disso, essa região é cautelosa no uso de espécies exóticas. Já nas
regiões temperadas e quentes, como o Brasil, diferentes espécies foram testadas
resultando em um uso generalizado de eucaliptos, principalmente Eucalyptus
glóbulos (Figura 3). A espécie Pinus radiata também foi amplamente distribuída
em algumas regiões do globo (DOS SANTOS et al, 2001).

Ao longo dos anos algumas características foram transformando o uso das


florestas com destaque para plantios em escala industrial, formação de estoque
de carbono, questões relacionadas às mudanças climáticas, aproveitamento das
florestas plantadas para recreação e turismo, entre outras.

Como visto, o plantio de árvores tem uma longa história, que demonstra que
a criação de florestas tem sido motivada por iniciativas diversas como uso de
produtos exóticos preocupações com a sustentabilidade, proteção do solo e
fornecimento de bens e serviços, por exemplo.

Figura 3. Distribuição do Eucalyptus pelo mundo.

>1.000.001 ha 100.001 - 500.000 ha Nativa


500.001 - 1.000.000 ha 10.000 - 100.000 ha >90 mi ha

Fonte: Adaptado de https://science.sciencemag.org/content/sci/349/6250/832/F1.large.jpg.

14
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Tipologia e definições
São muitas as denominações que atribuímos às florestas. Com o intuito de
padronizar a nomenclatura a nível mundial, a Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO) preparou uma classificação que descreve
cada tipologia (Quadro 1). Essa classificação baseia-se nos diferentes graus de
intervenção e método de regeneração. As classes são as florestas primárias,
florestas modificadas, florestas seminaturais e plantações florestais (FAO, 2006).

Quadro 1. Tipologias florestais.

Subgrupo de florestas plantadas


Plantação
Natural
Primária Seminatural Semi-natural Produção Proteção
modificada
Floresta de espécies Floresta de Regeneração Componente Espécies Espécies florestais
nativas, onde não espécies nativas facilitada por florestais nativas ou
Plantado
há claramente naturalmente meio de práticas introduzidas
Introduzidas.
indicações de regeneradas silviculturais para Espécies florestais
e em alguns
atividades humanas onde são visíveis uso intensivo. nativas. Estabelecido por
e os processos indicações casos nativas. meio de
Capina Estabelecido
ecológicos não são de atividades
Estabelecido por plantio ou
significativamente humanas. Fertilização por meio de plantio
meio de semeadura.
perturbados. ou semeadura.
Desbaste
plantio ou Principalmente para
semeadura. prestação
Principalmente de serviços
para produção diversos.
de bens
madeireiros ou
não madeireiros.
Fonte: FAO, 2006.

A produção nacional
Segundo os dados que constam na última pesquisa Produção da Extração Vegetal
e da Silvicultura 2018 (PEVS), realizada pelo IBGE (IBGE, 2018), no cenário
nacional o impacto que a produção florestal tem é significativo. Somente no ano de
2018 essa produção alcançou a marca de R$ 20,6 bilhões. Desse montante, 79,3%
(R$ 16,3 bilhões) corresponde à silvicultura e 2,7% (R$ 4,3 bilhões) à extração
vegetal. Sendo este último demostrando queda ao longo dos anos. Enfatizando
que cada vez mais estamos tecnificando e modernizando a produção (Figura 4).

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UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Figura 4. Participação do extrativismo vegetal e da silvicultura no valor da produção primária florestal (%).

90
80
70
60
50
40
30
20
10
0

2008
1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2009

2010
Extrativismo vegetal Silvicultura

Fonte: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/images/agenciadenoticias/estatisticas_economicas/2019_09/infografico_2.jpg.

Dentro do território nacional, a maior parte das florestas plantadas estão situadas
na região sul com 35,2% da área plantada (3.485 hectares). A região sudeste
responde por 34,9% do total (3.458 hectares). Dos estados de maior produção,
destacam-se Minas Gerais com maior área plantada (> 2 milhões de hectares),
Paraná (1,5 milhão de hectares) e Mato Grosso do Sul com cinco municípios
entre os dez com maior área plantada no país (Figura 5) (IBGE, 2018).

Entre as espécies florestais que se destacam no âmbito nacional, é possível citar


duas principais sendo o eucalipto e o pinus. Dadas as suas especificidades vegetais,
cada uma apresenta maior destaque em regiões diferentes. Por exemplo, o pinus
predomina na região sul enquanto na região sudeste o eucalipto lidera o plantio
(Figura 6).

Para ter acesso a dados atualizados da silvicultura nacional, consulte o site


do IBGE por meio do link a seguir: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/
economicas/agricultura-e-pecuaria/9105-producao-da-extracao-vegetal-e-
da-silvicultura.html?=&t=o-que-e.

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INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Figura 5. Municípios com maior área de florestas plantadas no Brasil.

Florestas plantadas
Municípios com maiores áreas (mil hectares)

Área de Área
eucalipto total
1º Três Lagoas 236,0
2º Ribas do Rio Pardo 216,0 220,0
MG
3º Telêmaco Borba 93,0 165,3
MS 4º Água Clara 128,0 128,3
5º Brasilândia 125,0 125,5
6º João Pinheiro 109,5
7º Ortigueira 60,2 93,9
PR 8º Selvíria 88,0
9º Reserva 48,0 82,1
10º Buritizeiro 75,5

9,9 milhões 76,2% R$ 20,6 R$ 16,3 R$ 4,3


de hectares foi a participação bilhões bilhões bilhões
somou a área do eucalipto na somaram os valores foi a fatia da foi a fatia da
total de florestas área plantada da silvicultura e da silvicultura no extração vegetal
plantadas no total de florestas extração vegetal em valor total da no valor total da
país em 2018, no Brasil no ano 2018, 8% mais que produção, produção,
1,3% mais que passado em 2017 11,1% mais 2,7% menos
em 2017

FONTE: IBGE

Fonte: Adaptado de https://s2.glbimg.com/hmvP-T8B0IbFNrf1hNqeHD9-W8c=/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/


v1/AUTH_63b422c2caee4269b8b34177e8876b93/internal_photos/bs/2019/w/3/DS2ANNSzmjHwnRdeDhrw/arte20agr-201-
madeira-b12.jpg.

Figura 6. Área ocupada pela silvicultura, por grupos de espécies florestais (mil ha).

Norte
Nordeste
354,9
906,1
2,2
0,0

Centro-Oeste

Sudeste
1.481,7

19,2 Sul 3.190,9


Eucalipto

Pinus 1.609,9 255,4

1.707,5
Fonte: Adaptado de https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/images/agenciadenoticias/estatisticas_economicas/2019_09/
infografico_7.jpg.

Impacto das florestas plantadas


O impacto conjunto de todas as florestas plantadas do mundo e do setor florestal
global leva a algumas conclusões (EVANS, 2009).

17
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

» Estima-se que haja 271 milhões de hectares, o que totaliza 7% das


florestas do mundo. Isso indica que essas são recursos muito mais
significativos do que até agora reconhecido.

» Florestas plantadas não param de expandir, apontando para um papel


ainda maior no futuro.

» É preciso que a formulação e o planejamento de políticas e a


distribuição de investimentos e pesquisas levem em consideração o
aumento das florestas plantadas e suas tendências.

» O suprimento industrial de madeira e fibra atualmente depende,


principalmente, das florestas plantadas.

» As florestas plantadas demonstram, além das funções de produção,


função de proteção ambiental como a conservação do solo e da água,
da vida selvagem, a proteção das encostas e o fornecimento de abrigo.
Além disso, podem servir para recreação, comodidade, ecoturismo e
paisagem no local.

» Seus benefícios podem assim estar, além do ambiental, ligados


diretamente às dimensões econômicas e sociais, especialmente para
as populações rurais. Todavia, para concretização desses múltiplos
benefícios, é necessário que o modelo de gerenciamento considere
todos esses aspectos.

18
CAPÍTULO 2
A indústria da madeira

Introdução

Como vimos no capítulo anterior, as florestas plantadas detêm um grande papel


no cenário econômico, social e ambiental em âmbito mundial. Para que possamos
avançar em nosso estudo do gerenciamento de projetos florestais, vamos entender
um pouco mais da dinâmica global e nacional das plantações industriais de florestas.

Papel econômico das florestas

Muitos países podem apontar algumas partes do seu território onde mantêm uma
cobertura florestal. Existe a possibilidade de algumas dessas áreas florestais se
manterem intocadas por causa da distância em que elas se encontram ou estão sob
proteção do governo. Como então podemos distinguir a transformação de uma área
florestal para uma plantação?

É importante destacar que, se a conversão de uma floresta natural para uma


plantação pode ser vista como especialização de um determinado produto ou
setor, pode ser explicada, em parte, graças a vantagem econômica. Essa vantagem,
muitas vezes, pode ser relacionada ao comércio internacional e a maior facilidade
de gerenciamento das florestas plantadas.

A crescente globalização das economias incentiva a busca pela vantagem econômica


das modernas plantações florestais, diminuindo a pressão madeireira sobre as
florestas naturais e por suas espécies. Como demonstra a realidade brasileira,
quase a totalidade das florestas plantadas são de espécies exóticas (DOS SANTOS
et al., 2001).

Existem diversos fatores que propiciam a exploração comercial das florestas


plantadas no lugar das naturais (Quadro 2).

19
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Quadro 2. Fatores que favorecem o sucesso da silvicultura.

Disponibilidade de terras Estados Unidos, Canadá, Brasil, Rússia, Índia, China e Austrália se destacam. A
presença de climas temperados, subtropicais e tropicais nesses exemplos são
essenciais.
Alta produtividade em termos de Taxas de crescimento de 70 m³/ha/ano das plantações florestais são alcançadas em alguns locais.
crescimento florestal
Clima favorável Temperatura, precipitação e características edáficas são importantes. No entanto, práticas modernas
de manejo florestal são essenciais. A pesquisa voltada às ciências florestais está por trás de grande
parte do sucesso, como em genética florestal e práticas silviculturais intensivas que promovem maior
produtividade.
Ganhos em eficiência de Plantações uniformes são mais fáceis de gerenciar e menos onerosas para colher. Além disso, é possível
gerenciamento realizar planos e previsões de colheitas com maior facilidade e com menores riscos
Políticas governamentais mais Escassez de matéria-prima e preços no mercado livre governados pela oferta e demanda são forças
favoráveis essenciais por trás da criação de plantações em nações desenvolvidas, no entanto, eles sozinhos não são
suficientes nações em desenvolvimento.
Fonte: Evans, 2009.

Na América do Sul, vários países promoveram o cultivo de plantações florestais com


incentivos fiscais para o plantio e o planejamento para o setor florestal. Ademais,
podemos destacar que o aumento da população e a elasticidade do preço para
produtos florestais certamente contribuiu para aumentar a demanda. Lembrando
que isso está ligado ao aumento das operações de importações e exportações.

Acesse ao vídeo “Elasticidade de preços” produzido pelo Professor Quintino


para entender mais sobre o que leva um produto a ser mais e menos
elástico. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7QzlbktimzQ.

Alguns são os benefícios derivados do crescimento da indústria florestal nacional.


Desde a instalação de uma nova fábrica de produtos florestais até o reflorestamento
de dezenas de milhares de hectares de terras florestais subestimadas e de baixa
produtividade. Novas indústrias no setor rural ajudam a aliviar o desemprego,
diminuindo a migração da força de trabalho não treinada para as áreas urbanas e
fomentam uma melhoria nos padrões de vida (SCHNEIDER, 2008).

Nas fases iniciais do estabelecimento das plantações florestais, é necessária a


implantação de viveiros. Após isso, é preciso realizar o manejo das plantações,
por exemplo, o controle de plantas daninhas e insetos. Essas duas atividades
oferecem um impulso imediato ao emprego da força de trabalho rural não
treinada.

Como as plantações geralmente são estabelecidas em áreas consideradas remotas,


acabam-se estabelecendo novos serviços e comércios, fortalecendo a presença dos
governos municipais e dos serviços privados.

20
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

As plantações podem substituir terras degradadas e ajudar no controle de erosão


em encostas íngremes, e, em alguns casos, reaparecimento da fauna local. Essas
também podem ser usadas como mecanismo de desenvolvimento para geração de
renda com programas de sequestro carbono.

Finalmente, muitos silvicultores veem as plantações como uma forma de proteger as


florestas naturais de cortes excessivos ou desmatamento. A matéria-prima derivada
das plantações florestais de rápido crescimento é vista como substituta da madeira
extraída de florestas naturais de crescimento lento.

Acesse ao vídeo “Florestas” produzido pela Embrapa para ver mais vantagens
da silvicultura e por que ela é tão importante nos dias de hoje e para o Brasil.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=t7XFq_myH54.

Assim como existem todos esses benefícios, os obstáculos também se fazem


presentes. O estabelecimento bem-sucedido e manejo sustentável das florestas
plantadas esbarra em algumas variáveis como: a aquisição de terras e os gastos
iniciais associados a um suprimento garantido de madeira, requer um capital
considerável (FLORIANO, 2018).

Em muitos países fora da União Europeia ou da América do Norte, como o Brasil,


o custo de capital pode ser de 3 a 6% mais alto do que nas nações desenvolvidas.
O prêmio associado ao custo de capital está ligado ao risco percebido e torna o
obstáculo dos custos de investimento das plantações muito mais restritivo e difícil
de alcançar (EVANS, 2009).

Aprofunde-se no tema de Custo de capital. Disponível em: https://www.


sunoresearch.com.br/artigos/custo-de-capital/.

As entradas de capital de multinacionais estrangeiras são frequentemente


acompanhadas de algumas restrições, geralmente relacionadas à aquisição
de terras. Embora o custo de capital seja menor nos países desenvolvidos, o
crescimento e a produtividade das plantações também são tipicamente mais
baixos. Como o custo da aquisição de terras é um componente importante na
implantação das plantações, muitas empresas de base florestal, buscando diminuir
seus custos, estabelecem arrendamentos com os proprietários de terras e/ou
contratos para que esses garantam o fornecimento de madeira. Essas iniciativas
são úteis na redução da demanda por capital, mas dificultam no gerenciamento
e rotação estendida de plantações florestais. Outros fatores que dificultam a
atividade são o alto custo dos equipamentos de colheita e os empecilhos de se
obter empréstimos com taxas de juros aceitáveis (FLORIANO, 2018).

21
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Existem, ainda, vários outros obstáculos socioeconômicos e institucionais


para o sucesso financeiro no gerenciamento das florestas plantadas que
dependem das realidades locais e regionais de cada empreendimento.

Lidamos com recursos naturais e não naturais que são, na maioria


das vezes, escassos. Entretanto sabemos que isso não quer dizer
necessariamente que eles vão acabar. É importante estudar maneiras de
se utilizar estes recursos de forma cada vez mais racional. Isto, sobretudo,
é um desafio da engenharia. Além disso, é necessário investigar como
os consumidores se comportam para que possamos definir alternativas
aplicáveis e adequadas aos hábitos da sociedade fazendo assim escolhas
mais eficientes e efetivas. O estudo da economia pode nos fornecer as
ferramentas e metodologias para análise dessas características.

Produtos florestais
São muitos os produtos provenientes da indústria da madeira. A seguir foi
organizado um apanhado geral da variedade de produtos produzidos por esse
setor (Quadro 3).

Quadro 3. Categorias de produtos florestais industrializados.

Grupos Produto florestal industrializado


1 Madeira roliça; combustível de madeira, incluindo madeira para carvão; madeira industrial; celulose; madeira industrial etc.
2 Carvão de madeira, aparas e serragem de madeira, resíduos de madeira, pellets de madeira e outros.
3 Madeira serrada: Tábuas, vigas, vigotas, caibros etc.
4 Painéis e placas de madeira; madeira compensada; aglomerados; fibras; chapa de fibra de média densidade (MDF, do inglês
Medium Density Fiberboard); placas isolantes etc.
5 Polpa de madeira; pasta mecânica; pasta semi-química; pasta química; polpa celulósica não branqueada; polpa celulósica
branqueada; outras polpas; papel reciclado etc.
6 Papel; papel de jornal; papel para imprimir e escrever; papel doméstico e sanitário; papel de embrulho de embalagem e de
cartão etc.
Fonte: Evans, 2009.

O Brasil há tempos vem se destacando nesse setor e se mantém entre os principais


produtores mundiais de produtos florestais (Figura 7).

22
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Figura 7. Média de produção total de madeira industrial dos anos de 1993-2018.

500M

250M

0
EUA Canada Rússia China Brasil Suécia Indonésia Finlândia Alemanha Índia

Fonte: FAO, 2020.

Embora aqui se enfrentem desafios colocados por infraestrutura e transporte,


ainda assim é possível desfrutar de uma vantagem comparativa de longo prazo nos
produtos do setor florestal. Grande parte do recente aumento no emprego nesse
setor ocorreu por conta das plantações designadas para florestas energéticas. A
madeira dessas florestas é convertida em carvão e é usada para alimentar usinas
de ferro-gusa ou aço. O gráfico abaixo mostra o crescimento do emprego destinado
para o estabelecimento de plantações (Figura 8).

Figura 8. Composição do emprego por segmento dependente da indústria do papel no Brasil.

Florestas plantadas

Gerenciamento florestal

Placas

Polpa

Ferro-gusa

Florestas nativas

Mobília

Papel

Madeira serrada

Fonte: Rodriguez et al., 2016.

Para saber mais sobre florestas energéticas, leia o artigo “O que são
florestas energéticas” disponibilizado pelo SEBRAE e aprofunde-se no
tema. Disponível em: https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/
o-que-sao-florestas-energeticas,50a3438af1c92410VgnVCM100000b2720
10aRCRD.

23
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Tendência global

Diversas projeções tentam prever qual será a área de florestas em determinados


períodos de tempos. Algumas indicam que a área florestal aumentará em 6%;
outras, que pode diminuir abaixo de 16%. Tais números são de difícil previsão,
dada a complexidade das relações econômicas, políticas, sociais e ambientais. Em
alguns países a área destinada a plantações florestais vem aumentando ao longo
dos anos, como Brasil, Índia e China. Desses, a China se destaca como líder em
reflorestamento e plantio de novas florestas (CARLE; HOLMGREN, 2008).

A demanda por produtos florestais continuará a crescer à medida que


a população e a renda mundial crescerem. As projeções mais recentes
da FAO estimam que, até 2030, o consumo global de madeira roliça
aumentará 60% em relação aos níveis atuais, para cerca de 2.400 milhões
m³. Aumentos substanciais também são prováveis no consumo de papel
e demais produtos. Na sua opinião, os recursos florestais do mundo serão
capazes de suportar?

Durante o período de 2001 a 2015, US$ 8,6 bilhões estavam planejados como
subsídio direcionado a 99 projetos prioritários para o estabelecimento de 5,4
milhões de hectares de plantações comerciais de árvores. O governo e os bancos
estatais apoiaram 90% dos custos das plantações com redução taxas de juros e
prazos de pagamento estendidos (BARR; SAYER, 2012).

Em relação aos produtos de madeira tropical, grandes consumidores dessas,


como a China, tentaram estratégias de diversificação, que levaram a uma maior
dependência de países com sustentabilidade questionável, como Papua Nova
Guiné, Ilhas Salomão, Mianmar, República do Congo, Malásia, Camarões, Guiné
Equatorial, Moçambique e Benin. O volume de comercializações a nível mundial
vem crescendo cada vez mais e algumas regiões demandam mais que outras, como
demonstra a Figura 9 (FAO, 2020; ITTO, 2012).

Figura 9. Importações mundiais de madeira em tora no período de 2010 a 2018.


Oceania África

0% 0,4% Américas

Europa 4,8%

42%

Ásia

52,8%

Fonte: FAO, 2020.

24
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Em relação ao mercado no Brasil, de forma geral, a madeira serrada detém altos


níveis de consumo interno, o que diminui as transações internacionais. Porém, a
Ásia domina o mercado mundial de madeira serrada. Para o mercado de produtos
secundários da madeira como marcenaria e móveis, os Estados Unidos e a China
competem no topo da lista. O reflexo destes mercados é possível constatar no
volume de exportações mundiais de madeira industrial em toras (Figura 10).

Figura 10. Exportações mundiais de madeira em tora no período de 2010 a 2018.


Oceania África

20,1% 4,6%
Américas

17,1%

Ásia

4,7%

Europa

53,5%
Fonte: FAO, 2020.

Para conhecer os dados completos de florestas no Brasil no mundo, acesse:


http://www.fao.org/faostat/en/#data/FO.

Planejando o futuro das florestas industriais

Atualmente as florestas plantadas abrangem, aproximadamente, 7% de toda


a área florestal que cobre o planeta (FAO, 2010). Apesar de aparentar ser uma
área pequena, proporcionalmente, proporciona uma quantidade significativa
de serviços e bens florestais a sociedade, chamando a atenção de todos para a
importância ambiental e econômica dessas plantações.

Ainda que seja inegável a riqueza fornecida pelas plantações florestais industriais
às regiões onde são estabelecidas, o sucesso deste tipo de plantação está sujeito
a alguns fatores. Em determinados países, as plantações industriais têm papel
proeminente na economia. Além disso, algumas dessas plantações são promovidas
para mitigar mudanças climáticas ou produzir combustíveis. No entanto, estas
podem ser questionadas em relação a seus impactos ambientais. Por exemplo, o
uso de espécies exóticas em vez de nativas.

Por um lado, espécies nativas são mais adaptadas ao habitat, além de fornecerem
habitat natural para outras espécies, têm a capacidade de se regenerar naturalmente.
Por outro lado, na maioria das vezes elas crescem em taxas mais lentas quando

25
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

comparadas a espécies exóticas, o que as torna difíceis candidatas para fins


produtivos. Na maioria das vezes, plantações industriais baseadas em programas
intensivos de melhoramento genético produzem populações de árvores com baixos
níveis de variação genética, diminuindo sua diversidade genética e sua capacidade
de adaptação para mudanças.

Tendo em vista todo esse contexto, sabemos que a demanda por produtos
florestais continuará a crescer à medida que a população mundial e a
renda crescem. Consequentemente, o grande desafio será melhorar a
sustentabilidade e o manejo de florestas e garantir uma distribuição
equitativa dos benefícios do uso florestal.

26
CAPÍTULO 3
Manejo de plantações florestais

Florestas plantadas pelo mundo


Como vimos anteriormente, a área total de floresta plantada (composta por
árvores estabelecidas através do plantio e/ou através de semeadura de espécies
nativas ou introduzidas) corresponde a 7% da área florestal global. Também vimos
a dificuldade de se obter esses dados, entretanto, é evidente que o mercado de
suprimentos de madeira está se transformando, saindo de um mercado fortemente
ligado às florestas naturais e indo para um relacionado às florestas plantadas.
Com isso, podemos prever que as florestas plantadas contribuirão cada vez mais
para o suprimento de madeira do mundo, fornecendo desde produtos florestais
a fibras, combustíveis e produtos não-madeireiros. Desta forma, é claro que essa
transformação tende a reduzir a pressão sobre as florestas naturais.

O impacto do desenvolvimento do mercado de madeira e a crescente


preocupação com a conservação ambiental devem ser considerados pelos
formuladores de políticas, investidores e, também, pelos gestores de projetos
florestais.

A grande maioria das plantações florestais é baseada em espécies exóticas


escolhidas por sua capacidade de crescer rapidamente e produzir madeira de
qualidade adequada. Em alguns casos, a região em que a plantação é estabelecida
pode facilitar a produção de madeira, desde que se faça o gerenciamento
adequado, mas há locais em que o gestor pode enfrentar sérios problemas.
Com isso, surge o questionamento do limite do estreitamento ou especificação
genética e a suscetibilidade a doenças, insetos e outros acontecimentos naturais.
Entretanto, onde há alta compatibilidade entre a espécie e as características do
local, e quando o manejo é adequado, estas plantações geralmente permanecem
saudáveis e produtivas (GONÇALVES et al., 2013).

O desafio é, então, desenvolver plantações florestais viáveis financeiramente e


ecologicamente sustentáveis. Os requisitos de gerenciamento para alcançar esta
sustentabilidade diferem dependendo das características climáticas e edáficas
específicas do local e das necessidades da espécie.

27
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Plantações sustentáveis de eucalipto no Brasil


As plantações de eucalipto cumprem múltiplas funções em paisagens de diferentes
ecossistemas brasileiros. A experiência brasileira mostrou que, apesar de repetidos
cultivos com curta rotação, são possíveis ganhos contínuos na produtividade
dos eucaliptos. A taxa de aumento é constante há mais de 40 anos, indicando
o ganho de produtividade em larga escala através da melhoria do genótipo e
práticas silviculturais adequadas. Mesmo assim, existem vários riscos associados a
atividades intensivas, plantações de eucalipto de alta rotação e alta produtividade.
Esses riscos devem ser cuidadosamente avaliados e gerenciados. A busca, teste e
seleção dos recursos apropriados, genótipos e práticas de gerenciamento de locais
são imperativos para sustentar a produtividade e manter os serviços ambientais
dessas florestas por gerações (GONÇALVES et al., 2016).

A silvicultura organizada no Brasil começou no final da década de 1960, estimulada


por uma política governamental que concedia incentivos fiscais que subsidiavam
o reflorestamento. No começo a produtividade era relativamente baixa, variando
de 10 a 30 m³/ha/ano (FERREIRA, 1992; CAMPINHOS 1999).

Buscando aumento da produtividade e melhoria da qualidade da madeira, novas


espécies e novas procedências de Eucalipto, como E. grandis (Austrália) e E. urophylla
(Indonésia) foram introduzidas.

A consolidação do plantio de florestas no Brasil ocorreu, principalmente, com


os programas de melhoramento, aumento de produtividade, expansão de áreas
cultivadas, diversificação do uso de produtos, aumento de competitividade e
preocupações com questões sociais e questões ambientais (ABRAF, 2012).

Após isso, novas populações de eucalipto surgiram de cruzamentos,


especialmente, entre E. grandis (mais de 70% da área plantada) e E. urophylla
buscando segregação de indivíduos com alta produtividade e desejável qualidade
da madeira. Além da genética florestal, houve avanço significativo das práticas
silviculturais, especialmente em relação à produção de mudas de alta qualidade,
o uso de plantio direto, controle integrado de plantas daninhas, pragas e doenças,
fertilização criteriosa, recomendação e controle efetivo dos incêndios florestais
(GONÇALVES et al., 2008; LEMOS, 2012).

Relembrando o que vimos anteriormente, atualmente, as florestas plantadas no


Brasil totalizam cerca de 9,5 milhões de ha, sendo 75,2% com eucalipto (cerca de
25% da plantação mundial), 20,6% com pinus. O consumo de madeira roliça de
plantações florestais vem crescendo cada vez mais, tendo o plantio de eucalipto

28
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

representando a maior parte desse total. A maioria das plantações de eucalipto


é gerenciada em rotações curtas (6 a 8 anos). O incremento médio anual é de
40 m³/ha/ano de toras de madeira, variando de 25 a 60 m³/ha/ano dependendo
do grau de estresse ambiental (ABRAF, 2012).

Práticas silviculturais

As características desejáveis associadas ao acúmulo de conhecimentos sobre


silvicultura de eucalipto incentivam o uso desse gênero na maioria plantações.
Sob condições tropicais, em regiões com algum grau de sazonalidade e períodos
de seca moderados a longos, predominam o plantio de híbridos, propagados por
clonagem (Quadro 4).

Quadro 4. Tipo de clima, precipitação média anual, temperatura e evapotranspiração real, estação seca,

principais espécies e híbridos recomendados para o plantio e produtividade média esperada (tora de madeira

com casca) de áreas plantadas com eucaliptos

Tipo Precipitação Média Média de Estação seca Espécies/híbrido Média anual


de média anual anual de evapotranspiração Número Déficit de de incremento
clima (mm/ano) temperatura real (mm/ano) de água (m³/ha/ano)
(°C)
meses (mm/ano)
Cfa, 1,500–2,500 13–20 500–1,000 0–2 0–50 EUG, Egr, Eur, Esa, 35–60
Cfb
Cci, Edu, Ebe,
EUG
Cwb, 1,000–1,800 18–20 800–1,100 2–3 50–100 EUG, Egr, Eur 35–45
Am
Cwa, 1,000–1,800 20–24 1,000–1,200 3–4 100–200 EUG, Eur, EGC, 35–45
Aw
EUC, Eca, Ete
Aw 1,100–2,000 4–26 1,100–1,500 4–6 200–400 EGC, EUC, ETB, 25–35
Eca, Ete, Ebr,
EUT
As, 700–1,500 23–27 600–1,000 >6 >400 Plantio não
BSh recomendado
Fonte: Gonçalves et al., 2013.

Sob condições subtropicais, predomina o plantio de genótipos únicos, propagados


por sementes. As plantações de clones de híbridos têm sido fundamentais para
adaptar o eucalipto em regiões com estresse hídrico e nutricional. Clones de
híbridos são mais vantajosos em relação às mudas originárias de sementes, pois
podem combinar características silviculturais, como a qualidade da madeira e
adaptabilidade do local (FONSECA et al., 2010).

29
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Genótipos propagados por clonagem, devido à pequena diversidade genética,


apresentam maior risco de incompatibilidade genótipo-ambiente. Assim, a alocação
específica de um genótipo para um local deve ser determinada, com base em
testes de campo e de laboratório. Graças aos rápidos avanços no melhoramento de
eucalipto, tanto na adaptação ao estresse hídrico e resistência a pragas e doenças
quanto na adoção de técnicas de propagação por clone, os genótipos rapidamente
se tornam obsoletos e são substituídos por outros mais produtivos após a colheita
(GONÇALVES et al., 2013).

Antigamente as boas práticas silviculturais nos conduziam para uma preparação


do solo seguindo um padrão tipicamente agronômico da época, como a queima de
resíduos e o revolvimento intenso do solo. A necessidade de se reduzir a erosão
do solo e os custos da aplicação de nutrientes levou a um aumento progressivo
do uso de práticas de cultivo mínimo do solo nas últimas décadas no Brasil
(GONÇALVES et al., 2008).

O sistema de cultivo mínimo determina que se mantenha os resíduos vegetais


(serapilheira e resíduos da colheita) no solo, seguido pela preparação do solo nas
linhas de plantio ou covas. Atualmente, estima-se que mais de 85% das plantações
estão estabelecidas neste sistema.

A distância entre as árvores (espaçamento) e o número de árvores plantadas


por hectare (lotação) é uma das decisões silviculturais mais importantes para o
estabelecimento de uma plantação de eucalipto. A escolha da densidade de plantio
depende das condições edafoclimáticas do local, dos requisitos da madeira, do
mercado e dos muitos propósitos da plantação.

O consumo e a eficiência no uso da água são grandemente afetados pelo


espaçamento das árvores. O consumo e a eficiência no uso da água são maiores
em espaçamentos maiores, principalmente por causa da menor interceptação
de chuva pelo dossel em espaçamento mais próximo, onde a água é perdida por
evaporação (GONÇALVES et al., 2016).

Comumente as plantações de mudas são estabelecidas variando de 2.200 a 1.600


árvores/ha (espaçamento 3,0 1,5 2,0 m), nas regiões mais secas do Brasil, a
disponibilidade de água pode impor sérias limitações ao crescimento da floresta e
reduzir a lotação. Por exemplo, em algumas plantações no nordeste brasileiro, as

30
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

densidades iniciais de 1.600 a 2.500 árvores/ha podem diminuir para 900-1.000 de


árvores vivas ha-1 com 7 anos de idade (GONÇALVES et al., 2016).

Atualmente, com relação à produção de madeira roliça ao longo de 7 anos de


crescimento, concluiu-se que não há espaçamento ideal, mas sim um intervalo.
Dentro desse intervalo, há compensação para a taxa de crescimento, sem grandes
mudanças na produtividade (GONÇALVES et al., 2013).

Estudos recentes mostraram que a prescrição de fertilizantes em plantações


de eucalipto no Brasil está bem calibrada e que a maior limitação a ganhos de
produtividade está relacionada ao déficit hídrico.

Manejo silvicultural
É possível estabelecer plantações florestais para aumentar a produtividade de solos
degradados, seja por ação de desmatamento e/ou cultivos agrícolas intensivos.
Para isso, deve-se selecionar espécies que possam ser plantadas e colhidas
atendendo às especificações de idade, tamanho e qualidade desejados no produto
final. O desenvolvimento de um planejamento florestal adequado pode minimizar
os impactos no local, aumentar a produtividade e minimizar ou evitar efeitos
ambientais adversos.

Alguns princípios, metas, estratégias e práticas silviculturais devem ser seguidos


para o desenvolvimento de plantações florestais sustentáveis baseadas em uma
visão ampla do processo produtivo (Quadro 5).

Quadro 5. Princípios, metas, estratégias e práticas silviculturais buscando o manejo sustentável de plantações

florestais.

PRINCÍPIOS
» Uso racional dos recursos naturais.
» Caracterização adequada das limitações e potencialidades do local de produção e seleção de genótipos adequados.
» Desenvolvimento de manejo específico para o local, visando diminuir os estresses bióticos e abióticos.
» Manutenção e aumento da biodiversidade e integração ecossistêmica.
Metas Estratégias Práticas
» Reduzir a erosão do solo. » Maximizar a infiltração de água da chuva e o » Redução do revolvimento do solo.
estoque de água no solo.
» Reduzir o estresse hídrico e aumentar a » Trabalhar o solo em diferentes
eficiência no uso da água. » Reduzir a evaporação. profundidades de acordo com suas
características.
» Aumentar a profundidade efetivada do sistema
radicular. » Manejo integrado de plantas daninhas.
» Reduzir a competição com plantas daninhas.

31
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

PRINCÍPIOS
Metas Estratégias Práticas
» Manejo nutricional adequado. » Reduzir a remoção de nutrientes e volatilização. » Não queimar os resíduos.
» .Equilíbrio do fluxo de entrada e saída dos » Controlar o nível de nutrientes do solo e
nutrientes. das árvores.
» Aplicação de fertilizantes de acordo
com a taxa de crescimento e o estado
nutricional da planta.
» Minimizar o dano físico no solo. » Reduzir o impacto do sistema de colheita no » Utilização de máquinas de baixa
solo. compactação no solo.
» Planejar a rede de estradas de extração
para amenizar a compactação.
» Maximizar a produtividade. » Escolha apropriada de espécies e híbridos para » Escolha apropriada de espécies e híbridos
o local. para o local.
» Plantio na época mais adequada.
RESULTADOS ESPERADOS
» Manter ou aumentar a qualidade ambiental.
» Aumentar a eficiência do uso dos recursos.
» Minimizar os impactos ambientais negativos.
» Produzir produtos madeireiros e não madeireiros de alta qualidade.
» Gerenciamento direcionado ao retorno econômico do investimento.
Fonte: Gonçalves et al., 2016.

Selecionando o genótipo ideal para a região

A maioria das plantações consiste em um número limitado de gêneros exóticos


e de rápido crescimento, incluindo Pinus, Eucalipto, Cunninghamia, Populus,
Acácia, Larix, Picea e Tectona. Embora haja esforços para identificar espécies
locais apropriadas, o advento da seleção, reprodução e propagação da vegetação
resultou em rápido ganho genético (EVANS, 2009).

A adequação associada a fácil propagação por sementes e clonagem permite


a adaptação das plantações a várias condições ambientais. Isso juntamente a
possibilidade de uso da madeira da maioria das espécies plantadas em diversos
fins levou ao estabelecimento de plantações para usos múltiplos. As características
desejáveis em associação ao conhecimento acumulado em silvicultura encorajam o
uso dessas espécies na maioria das plantações (GONÇALVES et al., 2013).

Os fatores mais importantes no processo seletivo para um genótipo são as


características da madeira, nível de produtividade, suscetibilidade a pragas e
doenças, tolerância à seca, especialmente em regiões tropicais, e tolerância ao frio
em regiões temperadas. Plantações clonais com híbridos interespecíficos foram
fundamentais para a adaptação do eucalipto em regiões sob estresse hídrico e
nutricional no Brasil (Figura 11). Adicionalmente, por conta dos rápidos avanços

32
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

no cultivo de eucalipto, quanto à adaptação ao estresse hídrico e à resistência a


doenças e pragas, e à adoção de técnicas de propagação clonal, os genótipos estão
rapidamente se tornando obsoletos e são substituídos por outros mais produtivos
após a colheita (GONÇALVES et al. 2016).

Figura 11. Materiais genéticos resistentes ou susceptíveis à seca e à geada: à esquerda, clone susceptível, e à

direita, clone resistente à seca (A); clone susceptível a geadas (B); no centro, E. globulus susceptível à geada,

circundado por E. viminalis, resistente (C).

Fonte: https://www.researchgate.net/profile/Teotonio_Assis/publication/292875207/figure/fig1/AS:444035908280320@148287781
8064/Figura-52-Materiais-geneticos-resistentes-ou-susceptiveis-a-seca-e-a-geada-a-esquerda.png.

Os ganhos genéticos das plantações podem não ser expressos, pois são dependentes
de uma boa gestão das plantações e do solo. Não se pode esperar que a genética
faça todo o trabalho de alcançar altas produtividades. O gerenciamento adequado
da plantação é indispensável.

33
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Genótipos aprimorados têm vantagens potenciais, mas suas demandas adicionais


em aplicações de fertilizantes, pesticidas ou herbicidas precisam ser levadas em
consideração, assim como os custos totais. Todos esses fatores podem exigir
habilidades especiais de gerenciamento, por isso você deve estar preparado para as
novas tecnologias que surgirem no mercado.

Pesquisas e inovações no campo do melhoramento de culturas foram feitas e ainda


estão em andamento para alcançar, principalmente, o seguinte: tolerância à seca, frio
intenso, salinidade, baixa fertilidade do solo, extração de água, resistência/tolerância
a doenças e pragas, genótipos de maior rendimento, melhor eficiência no uso da
água (principalmente em áreas com escassez de água), melhor qualidade da madeira
(GONÇALVES et al., 2013).

Preparação do solo

Dois dos grandes avanços dos últimos trinta anos em muitos países foram a
abolição de queima como forma de limpeza da terra e a adoção de técnicas
conservacionistas para o manejo do solo, que levou à implementação de sistemas
de preparo do solo com o mínimo de revolvimento deste.

A preocupação com a preservação dos recursos naturais e o uso de agroquímicos


foram fatores que induziram a adoção do cultivo mínimo. O controle de plantas
daninhas com o uso de herbicidas foi um fator crucial para o sucesso, pois nesse
sistema o solo é minimamente revolvido, ao contrário do sistema convencional.
O revolvimento mínimo do solo possibilita que o banco de sementes de plantas
daninhas permaneça nas camadas superficiais do solo, e não enterrado. Isso leva a
uma maior infestação dessas, criando desafios da ordem operacional e econômica
(GONÇALVES et al., 2008).

Sabemos que um dos principais fatores que limitam a produção florestal em


muitas regiões é a suscetibilidade à seca. Apesar das fortes chuvas recebidas
em partes dos trópicos, o déficit hídrico no solo pode ser um impedimento à
produtividade em muitos locais. No semiárido e nos trópicos áridos, o estresse
hídrico pode limitar as taxas de crescimento abaixo de níveis comercialmente
viáveis, como vimos anteriormente na Figura 11.

Dito isso, o manejo do solo para conservar a água se torna essencial. A preparação
do solo pode ajudar a superar as limitações dos recursos hídricos para as florestas
em duas principais maneiras. O primeiro, devido ao aumento da infiltração

34
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

da água de chuvas, reduzindo o escoamento superficial e aumentando assim a


reserva de água no solo. O segundo, pelo aumento da profundidade em que as
raízes efetivamente irão explorar no solo, pois diminuirá a existência de camadas
de impedimento físico (STAPE et al., 2002).

É importante ressaltar que o aumento da infiltração é favorecido quando as


camadas compactadas ou endurecidas são interrompidas, especialmente quando os
resíduos das culturas são mantidos na superfície do solo. A redução da densidade
aparente através da preparação do solo na linha de plantio, ou nas covas, leva
ao rápido crescimento das raízes e, consequentemente, aumenta a eficiência do
uso de fertilizantes possibilitado por um melhor uso da água. Mesmo em solos
friáveis, o preparo garante um crescimento mais rápido das primeiras raízes,
que experimentam menor resistência física do solo, resultando em economia de
energia e crescimento radial e longitudinal (GONÇALVES et al., 2016).

O estabelecimento rápido de plântulas aumenta a chance de sobreviver sob situações


de estresse hídrico e nutritivo e baixas temperaturas. Além disso, proporciona
maior proteção ao solo. Em terreno plano e levemente ondulado, a preparação
do solo pode consistir em descompactação de 30 a 40 cm de profundidade. Em
relação à resistência física do solo e à compactação, a profundidade de trabalho é
geralmente de 30 a 35 cm e a cova de plantio, com abertura manual ou mecânica,
é limitada de 25 a 30 cm. Essas profundidades podem algumas vezes aumentarem,
dependendo da densidade do solo (GONÇALVES et al., 2008).

A silvicultura pode se tornar inviável se o preparo do solo não for


adequadamente planejado e realizado.

Nas áreas onde a precipitação é mais alta e melhor distribuída, a profundidade


de trabalho pode ser menor. Se o solo tiver uma camada compactada entre as
profundidades de 50 e 80 cm, a profundidade de descompactação estará na faixa
de 60 a 90 cm. Caso a camada com impedimento físico esteja acima de 80 cm,
a profundidade de descompactação pode alcançar 110 cm. O equipamento que
pode ser utilizado para descompactação das camadas mais profundas do solo
chama-se subsolador (Figura 12) (GONÇALVES et al., 2008).

35
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Figura 12. Implemento de preparo do solo para plantio de florestas.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSi0khXeKk0xG_DqoByPAb561O5f9VNufu69Q&usqp=CAU.

O solo deve ser preparado no início ou fim da estação úmida para facilitar a
penetração dos equipamentos e proporcionar às mudas um longo período
para o crescimento das raízes.

Gerenciamento de resíduos

Nas plantações, idealmente, é necessário deixar pelo menos 30% da superfície do


solo coberta com resíduos da colheita. A retenção desses ajuda a reduzir a erosão,
melhorar a infiltração de água e, portanto, a conservação da umidade, manter
níveis de matéria orgânica no solo (GONÇALVES et al., 2013).

Sabemos que a colheita das florestas gera um número considerável de resíduos


(Figura 13). Dependendo se o sistema de colheita é semimecanizado (motosserra)
ou mecanizado (isto é, harvesters, feller buncher/skidder), a distribuição dos
resíduos e o impacto no solo são bastante distintos.

Figura 13. Resíduos de colheita florestal.

Fonte: https://docplayer.com.br/docs-images/66/54494026/images/102-0.jpg.

36
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Na colheita mecanizada, na qual os resíduos são espalhados aleatoriamente pelo


terreno, estes devem ser cortados ou removidos para a preparação do solo e
plantio em linhas. Isso evita o embuchamento de operações, danificar e reduzir
o rendimento dos equipamentos de preparo do solo e outras práticas de cultivo.
Geralmente, durante o preparo do solo, adota-se o princípio da interferência
mínima na disposição dos resíduos com vistas a reduzir custos e evitar perturbações
do solo.

Para esse fim, existem alguns recursos que podem ser utilizados:

» escolha correta dos implementos de preparo do solo (por exemplo, uso


de discos de corte);

» elevação do chassi do trator de rodas e/ou uso de rodados especiais


(maiores ou de esteira);

» mudança no espaçamento de plantio para permitir operações com


menos dificuldades.

O uso desses procedimentos deve ser bem planejado, pois, dependendo


do volume de resíduos e condições do solo, a qualidade e o rendimento do
preparo do solo e outras operações podem decair. Devido à interdependência
entre práticas silviculturais, seu planejamento e implementação devem ser
combinados e sincronizados para criar uma cadeia de efeitos benéficos em
operações subsequentes.

Embora a madeira dos troncos seja geralmente a de maior interesse, outras


biomassas também podem ser removidas e utilizadas. As extremidades podem
ser utilizadas para lenha, empilhadas dentro da plantação, ou distribuídas para
facilitar o controle de plantas daninhas e diminuir o risco de incêndio.

Com isso, podemos concluir que o sistema de colheita e disposição de resíduos no


solo tem alta influência sobre a eficiência das operações, com impactos diretos no
rendimento, custo e danos ambientais. A intensidade dos métodos de manejo e o
planejamento local afetam diretamente a quantidade e a qualidade da colheita.

Aplicação de fertilizantes

A perda de nutrientes varia de acordo com o manejo utilizado e pode ter um efeito
dramático no crescimento das árvores. Os nutrientes perdidos por remoção ou
lixiviação podem ser substituídos por fertilização. Entretanto os investimentos
em fertilizantes são relativamente altos para a maioria dos produtores florestais,
37
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

por isso a fertilização deve ser combinada com outras práticas silviculturais
(preparo do solo, manejo de resíduos e controle de plantas daninhas) para reduzir
as demandas de fertilizantes a curto e a longo prazo (NAMBIAR; KALLIO, 2008).

Pode-se dizer que o fornecimento adequado de nutrientes e seu equilíbrio


resultante da fertilização pode melhorar o vigor das culturas e reduzir a incidência
de doenças e a necessidade de agroquímicos (ALMEIDA et al., 2010).

Por isso, a aplicação de fertilizantes é amplamente utilizada em plantações florestais


em todo o mundo (Figura 14). Essa prática, atualmente, constitui um componente
crucial da maioria dos sistemas de manejo das plantações e desempenha um papel
fundamental ao permitir que as plantações florestais sejam empresas lucrativas
(GONÇALVES et al., 2013).

Figura 14. Aplicação mecanizada de fertilizante por filete contínuo em plantação de eucalipto.

Fonte: https://image.slidesharecdn.com/adubaoeucalip-140315205744-phpapp01/95/adubao-eucalip-48-638.
jpg?cb=1394917091.

É importante ressaltar que independentemente das condições climáticas, a


magnitude da resposta depende da demanda nutricional do genótipo e da
disponibilidade de nutrientes no solo. Especialmente em solos com baixa
fertilidade e remoção contínua de nutrientes pelas colheitas a resposta à aplicação
de fertilizantes é mais pronunciada (LACLAU et al, 2010).

38
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Os ganhos em produtividade atribuídos aos fertilizantes minerais são bastante


variáveis, mas em média eles podem representar de 30% a 50%. Embora a
fertilização contínua possa ser usada para maximizar o crescimento das árvores,
algumas pesquisas indicam que as florestas fertilizadas adequadamente nos
estágios iniciais produzem uma estrutura adequada de dossel e são altamente
eficientes em nutrição por meio dos ciclos biogeoquímicos. Isso as torna pouco
responsivas à fertilização (LACLAU et al., 2010).

A ciclagem de nutrientes pode reduzir a dependência das árvores do


suprimento de nutrição mineral e das reservas do solo. Isso ocorre por meio
de intensos processos de reciclagem e decomposição da serapilheira.

Os estágios nutricionais de uma área florestal podem ser divididos em antes, durante
e depois fechamento do dossel. A compreensão desses estágios e da ciclagem de
nutrientes é essencial para o planejamento adequado da aplicação de fertilizantes
(taxa, método e tempo).

A fertilização deve ser realizada durante o estágio inicial de estabelecimento das


árvores, desde o plantio até o fechamento do dossel. As respostas mais frequentes
e mais significativas são em relação aos fertilizantes N, P, K e B. Especialmente
para espécies de crescimento rápido, as doses de fósforo podem ser completamente
aplicadas no plantio, uma vez que esse nutriente é pouco móvel e relativamente
pouco solúvel. As doses de N e K devem ser divididas em uma ou duas aplicações
superficiais (GONÇALVES et al., 2016).

Povoamento

A densidade de plantio apropriada tem a capacidade de promover ótimas taxas


de crescimento e facilita a gestão eficiente das plantações. Definir o espaçamento
inicial para plantações é essencial, pois determina a quantidade de recursos
naturais disponíveis para o crescimento de cada árvore. O espaçamento afeta
diretamente a produção; além disso, possui várias implicações quanto aos
aspectos silviculturais, tecnológicos e econômicos, além de influenciar nas taxas
de crescimento e sobrevivência das árvores, quantidade de galhos, qualidade da
madeira, quantidade de casca, idade de colheita e processos de colheita e gestão
florestal e, consequentemente, nos custos de produção (GONÇALVES et al., 2013).

Para o plantio de árvores, normalmente, são recomendados espaçamentos de 3


a 4 m entre linhas e 1 a 3 m entre árvores, fornecendo um povoamento inicial,
geralmente, de 1.000 a 1.800 árvores por hectare. Essas densidades incentivam

39
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

o dossel a fechar-se rapidamente, reduzindo problemas de plantas daninhas e


melhorando a forma e ramificação das árvores. Se o objetivo é produzir madeira
para serraria, essa densidade de plantio é alta o suficiente para permitir árvores
com boa forma e vigor (Figura 15).

Figura 15. Povoamento com alta densidade de plantio em áreas de eucalipto.

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/t9pX4b7yBXK-szKf3E2-O9aj5E3xLi1SHpab-xNR2xe-g0gth_
VNOUso0hLVev0Y3sTfoFw71utzzvB-lWGEZANjWWN84vWwRwA.

Espécies com copas mais densas, geralmente, são mais responsivas a


variações de espaçamento do que aquelas com copas menos densas.
Esse comportamento está diretamente associado com a capacidade
intraespecífica das espécies para competir por luz, água e nutrientes
(GONÇALVES et al., 2013).

Controle de plantas daninhas

Um dos principais fatores limitantes da produtividade das plantações é a competição


promovida pelas plantas daninhas. Sabemos que boas práticas de manejo do
solo podem reduzir consideravelmente a infestação de plantas daninhas, como o
fornecimento de cobertura morta e o revolvimento mínimo do solo.

Nas florestas plantadas, o problema das plantas daninhas é uma grande


preocupação. Essas plantações são muito sensíveis à competição imposta pelas
plantas daninhas, principalmente, em seus estágios iniciais de crescimento.
Essa competição pode resultar numa redução da sobrevivência e crescimento
das plantas, devido a competição por luz, água e nutrientes. Isso ocorre, pois as
ervas daninhas usam maiores volumes de solo do que as mudas de árvores jovens
(GONÇALVES; BARROS, 1999).
40
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Os benefícios do manejo de plantas daninhas durante o estabelecimento têm sido


amplamente demonstrados para plantações de eucalipto, essencialmente, para a
produção de madeira e para a saúde econômica da atividade (TAROUCO et al., 2009).

O controle de plantas daninhas antes do estabelecimento da cultura, tanto em


áreas de implementação das florestas quanto de rebrota, e o sistema de cultivo
mínimo do solo, são essenciais para o manejo adequado de plantas daninhas
que se propagam vegetativamente e para a redução de seu banco de sementes
(GONÇALVES et al., 2016).

Os procedimentos geralmente realizados são a combinação de métodos mecânicos


e químicos, usando herbicida de ação total (não seletivo), como o glifosato (Figura
16). Durante o plantio de povoamentos florestais, na maioria dos sistemas de
produção aplica-se herbicidas de pré-emergência em uma faixa de um metro da
linha de plantio. Após o plantio, é realizado o controle com o uso de herbicidas de
pós-emergência (SALGADO et al., 2011).

Figura 16. Controle químico de plantas daninhas em áreas de eucalipto.

Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/proxy/NapjLgABfeV7DG8aBMf5b-eTUxa_bo1atIGgejD-AUD0JihCbg3cjGdYu52cbn6lpdi
Pg6zoqQSUYKTBLRxy1GWUaiXqhm6ozpIDvkP-LQbtRuxBuSXYBQa7mUp9Vrn_TvO5afXz1ikUCBomjF9OtEoW1Qo-An5gJ8QY14CdQA.

Durante a aplicação, cuidados especiais devem ser tomados para evitar


que os herbicidas atinjam folhas e caules das plantas cultivadas, isso pode
causar efeitos fitotóxicos levando a um crescimento reduzido.

Reduzindo os impactos dos sistemas mecanizados


no solo

O efeito da compactação do solo e outros distúrbios do solo podem ser graves se


as operações não são gerenciadas corretamente. Sistemas de colheita inadequados
têm o potencial de afetar seriamente o solo. Uma das causas da compactação do
solo pode ser pelo uso de equipamentos pesados que são comuns em plantações
florestais (Figura 17).
41
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Figura 17. Efeito do trânsito de máquinas pesadas em áreas de plantações florestais.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcRpkTQ2BqaWNgF3GPAL6jhvKEUm356i5E3I3w&usqp=CAU.

O uso de tratores pesados na remoção dos produtos de exploração não apenas


aumenta a densidade aparente da superfície do solo, mas também tem potencial
de aumentar significativamente a densidade aparente em maiores profundidades.
O papel do gestor é promover o uso de máquinas ou configurações destas que
diminuam a compactação, além disso deve implementar uma rede planejada de
trilhas de extração, como forma de confinar as zonas de alta compactação em uma
pequena porção da área da plantação (Figura 18 e Figura 19).

Figura 18. Estratégias para diminuir a compactação dos solos promovidos pelo maquinário pesado utilizado em

áreas florestais.

Fonte: https://editorial.pxcrush.net/farmmachinerysales/general/editorial/komatsu_895_forwarder.jpg?width=1024&height=682.

Figura 19. Efeito na compactação do solo de diferentes disposições dos rodados de uma máquina florestal.

Fonte: Adaptada de https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSt__1myT6J6NlsTZdVnqRCoIgvTG_


muDYnGA&usqp=CAU.

42
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

O efeito das operações de plantio, cultivo e colheita nas propriedades físicas


dos solos será altamente dependente dos solos e do tipo de equipamento
usado. Lembre-se disso no momento do planejamento destas operações.

Silvicultura de precisão

Silvicultura de precisão (SP) pode ser definida como o planejamento e condução


das atividades de silvicultura e manejo localizadas na floresta e nas operações
para melhorar a qualidade e utilização de produtos florestais, reduzir perdas,
aumentar o lucro e manter a qualidade do ambiente, baseada em conhecimentos
prévios que considerem a variabilidade espacial e temporal dos fatores de
produção e potenciais produtivos (VETTORAZZI; FERRAZ, 2000).

É uma ferramenta que visa proporcionar uma silvicultura personalizada para cada
área da unidade produtiva. É um novo modelo de gestão de plantios florestais,
onde os cultivos são tratados geograficamente ponto a ponto, ou seja, a área total
é dividida em unidades fracionárias e tratadas diferencialmente para cada local
(BRANDELERO et al., 2007).

A adoção da SP pressupõe o uso de tecnologias da informação, como os sistemas


globais de navegação por satélite (GNSS), técnicas de geoprocessamento, banco de
dados no Sistema de Informações Geográficas (SIG), estatística e geoestatística,
sensoriamento remoto, além do uso de máquinas que efetuam a coleta de dados
ou executa serviços para taxas localizadas e com taxas variadas de aplicações de
insumos (Figura 20).

Tais ferramentas estão se tornando mais disponíveis e aplicáveis a diferentes


estágios de crescimento florestal e com ganhos comprovados tanto no
incremento da madeira quanto na redução do uso de insumos. Embora essas
iniciativas tenham cobertura reduzida, essas tecnologias estão sendo cada vez
mais procuradas por grandes empresas florestais.

43
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

Figura 20. Diagrama da silvicultura de precisão.

Silvicultura de
precisão

Proteção Operações Processamento


Coleta de
ambiental florestais da madeira
dados

Tecnologias de Controle de
sensoriamento GNSS processos em
remoto tempo real

Ferramentas

Sistema de suporte
SIG de decisão

Solo Seleção de povoamento


Habitats de vida adequado, operações de
Informação selvagem Madeira
colheita, carregamento,
Suprimento de estoque e transporte
água

Planejamento, Rentabilidade da
Proteção organização e indústria
Decisão
ecossistêmica controle madeireira

Fonte: Adaptado de https://www.researchgate.net/profile/Most_Jannatul_Fardusi/publication/317175110/figure/fig1/AS:4985652


23862272@1495878620574/Diagram-of-precision-forestry-modified-from-Kovacsova-2016.png.

As técnicas de SIG com o uso de do GNSS, geoestatística e estatística forneceram


subsídios para a identificação e correlação de variáveis que afetam a produtividade da
floresta. Tudo isso pode ser feito por armazenamento, processamento, cruzamento e
sobreposição de dados SIG (LUU et al., 2013).

Esses dados são visualizados e gerenciados com mapas digitais de vegetação,


topografia, solo, áreas florestais e capacidade produtiva. Isso permite ao
engenheiro florestal reconhecer e visualizar de forma integrada as características
distintas da produção e preservação florestal das áreas (Figura 21).

44
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Figura 21. Exemplo de mapas produzidos por softwares de SIG.

Tamanho do pixel:
16 x 16 m
Atributos da árvore
Identificação, espécie,
altura, ...

0 175 350 700 Metros

0 100 200 300 km

Fonte: Adaptado de https://www.mdpi.com/forests/forests-05-01682/article_deploy/html/images/forests-05-01682-g001.png.

Grandes empresas florestais possuem grandes quantidades de dados cadastrais,


como ampla base cartográfica, fotos aéreas, imagens de satélite, mapas digitais e
impressos, pontos de GPS, planilhas de campo e banco de dados. Para controlar
tudo isso com o objetivo de apoio à tomada de decisões, é necessário estruturar
um sistema de informação que contribua para a criação de mapas e relatórios
extraindo informações espaciais úteis ao gestor.

A SP permitiu a adoção de algumas práticas de gestão e simplificou outras


dificuldades operacionais por meio da compilação dos dados e entrega de
informações. A tendência é que se atinja maior precisão e maior detalhamento
visando recomendações silviculturais cada vez mais específicas. Os potenciais
dessa tecnologia impacta em melhores adaptação da planta ao ambiente e redução
da ocorrência de fatos negativos e impactos ambientais. Ao mesmo tempo, há a
otimização dos ganhos, uso racional de insumos e redução de custos de produção
(GONÇALVES et al., 2016).

A maior dificuldade para trabalhar com este sistema está relacionada à grande
quantidade de informações, geralmente derivadas de fontes heterogêneas, com
grande variabilidade temporal, o que cria a necessidade de sistemas de informação
complexos para processar os dados.

As técnicas de SP que podem ser usadas nas diferentes etapas da produção são:

» planejar o gerenciamento de áreas para produção florestal com o uso de


dados geoespaciais;

45
UNIDADE I │ INDÚSTRIA FLORESTAL

» aplicação precisa de insumos, ou seja, o uso de insumos em proporções


fixas ou variáveis (por exemplo, fertilizantes, herbicidas);

» avaliações das práticas de preparação do solo (por exemplo, regularidade


da profundidade do subsolo);

» diagnóstico da infestação de plantas daninhas antes e após métodos


de controle e seus rendimentos operacionais;

» uso de tecnologias geoespaciais para monitoramento de áreas de clima


adverso (suscetibilidade a secas, geadas e incêndios).

Em geral, quanto maior a heterogeneidade da área, maior o potencial de ganhos


tecnológicos e ambientais com a aplicação de SP. No entanto, o uso de técnicas
de SP ainda é limitado na implementação e gestão de plantações florestais. Mais
adiante iremos estudar outras técnicas ligadas a tecnologias para o gerenciamento
de projetos florestais.

Ainda hoje as empresas afirmam que um obstáculo para o uso dessas


tecnologias é a falta de profissionais qualificados. Por isso a importância de
estar sempre em busca de novos conhecimentos.

Desafios
O papel das plantações florestais em relação ao manejo sustentável de recursos
naturais continua sendo uma questão controversa em muitas partes do mundo.
Isso porque independentemente do avanço significativo da ciência, da gestão e das
técnicas de conservação de recursos, a expansão das plantações florestais ocorreu,
em grande parte, em áreas degradadas e em áreas suscetíveis a altos graus de
estresse hídrico, térmico e salino.

Perguntas que surgem:

» As plantações florestais podem ser cultivadas indefinidamente


com ciclo após ciclo no mesmo local mantendo os rendimentos e
aumentando-os?

» Há tecnologias que possam funcionar a longo prazo ou que seja


imune a falhas biológicas que eventualmente levarão a problemas
insuperáveis para a silvicultura?

46
INDÚSTRIA FLORESTAL │ UNIDADE I

» Qual é o nível ideal de produtividade para um determinado


local: aquele em que o retorno econômico é otimizado ou aquele
em que os serviços ecossistêmicos são otimizados? Ou eles são
equivalentes?

47
MERCADOS FLORESTAIS UNIDADE II

CAPÍTULO 1
Sistema de produção

Introdução
Gerenciar uma floresta implica quantificar o que existe na área, determinar um plano
de manejo apropriado, considerando o que existe, determinar metas e objetivos,
manejar fisicamente a floresta com base no manejo e, por fim, planejar e avaliar os
resultados. Após tudo isso as árvores comercializáveis são, enfim, vendidas a um
comprador.

Dito isso, veja se consegue responder a estas questões.

De onde veio o preço oferecido pelo comprador?

Quem definiu o que é comercializável?

O sistema de produção florestal está relacionado com a transformação (processo)


da matéria-prima florestal em bens de consumo (produtos). A economia pode
ser definida como a ciência social que estuda a produção, a distribuição e o
consumo de bens e serviços. Dentro do ramo economia, a Economia Florestal
está relacionada com os processos e relações de aproveitamento da floresta.

Para o entendimento da Economia Florestal, é importante esclarecer três conceitos


relacionados ao sistema de produção:

» Custo: é o gasto econômico para a fabricação de um produto


ou a prestação de um serviço. Este é determinante na hora de se
estabelecer o preço de venda do produto em questão (o preço ao
público é a soma do custo mais o lucro).

48
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

» Valor: o valor atribuído está ligado à preferência do indivíduo a um


determinado bem ou serviço e ao contexto em torno da escolha. Se
o contexto mudar, o valor que um indivíduo atribui a um bem ou
serviço também mudará (WAGNER, 2011).

» Preço: é definido como uma medida por unidade do valor atribuído


e, portanto, uma medida de escassez relativa, ou seja, função de
preferência de um indivíduo por bens e serviços. É uma informação
essencial gerada pelos mercados e usada pelos compradores e
vendedores. Simplificando esse pode ser interpretado como o a soma
do custo mais o lucro (MANKIW, 2013).

Conhecendo o sistema de produção


A produção de bens e serviços pode assumir várias formas. Pode ser a fabricação
de um ou mais produtos, combinando insumos como mão de obra, capital e outros
bens. Pode ser descrita como a prestação de um serviço, como consultor florestal,
médico, contador, contador ou advogado.

Seja a fabricação de um bem ou um processo de prestação de serviços, o sistema


de produção é a conversão de um conjunto de insumos em produtos. Um gerente
competente ou um funcionário competente de qualquer empresa, com ou sem fins
lucrativos, ou um consultor florestal buscará maneiras de fazer isso da maneira mais
eficiente possível.

É necessário um bom entendimento do sistema de produção para buscar


oportunidades que minimizem custos e maximizem lucros. Assim o sistema de
produção é a base sobre a qual os lucros repousam (Figura 22).

Figura 22. Estrutura do planejamento voltado para o lucro.

LUCRO
PREÇO

VALOR

CUSTO

SISTEMA DE PRODUÇÃO

Fonte: Adaptado de Wagner, 2011.

49
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Os sistemas de produção podem variar de simples a complexos. O desafio


aqui é fazer com que o gestor tenha informações econômicas úteis para
procurar maneiras de economizar recursos.

O lucro

Tendo como foco os produtores ou fornecedores de bens e serviços, o lucro pode


ser entendido como (WAGNER, 2011):

Lmáx = RT - CT

Onde:

» Lmáx corresponde ao lucro máximo;

» RT a receita total;

» CT os custos totais.

A receita total pode ser entendida como:

RT= P .Q(x1,x2,...)

Onde:

» RT a receita total;

» P é o preço de mercado de um bem ou serviço;

» Q( ) o sistema de produção ou os diferentes bens e serviços comercializados.

O custo total pode ser entendido como:

CT= CTV + CTF

Onde:

» CT é o custo total;

» CVT os custos totais variáveis;

› CVT = Σ j w j . x j

› wj o salário ou o preço de um insumo;

50
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

› xj o insumo ou preço da mão de obra.

» CTF os custos totais.

Como antes, o lucro é igual à receita total menos o custo total e a receita total é
igual ao preço de mercado, P, vezes a quantidade, Q.

Um indivíduo que produz ou fornece um bem ou serviço naturalmente necessitará


do uso de um ou mais insumos. O caminho dos insumos combinadas para produzir
ou fornecer um ou mais resultados descreve o sistema de produção. Assim, se um
indivíduo disponibiliza um bem ou serviço para ser comercializado, ele deve ter
conhecimento de seu sistema de produção.

Os custos variáveis totais são basicamente o custo do uso de insumos variáveis,


como mão de obra, para produzir ou fornecer um bem ou serviço. Assim como
existe um mercado para a sua produção, existem mercados correspondentes para
os insumos que precisa.

Um objetivo dos empreendedores que produzem ou fornecem um produto ou


serviço é procurar maneiras de melhorar os lucros. Ou seja, como dito antes,
oportunidades de se minimizar os custos e maximizar lucros requerem uma
compreensão superior do sistema de produção, que é a base para examinar os
custos.

Descrevendo um processo produtivo

Voltando à Figura 22, as descrições do sistema de produção podem assumir várias


formas desde a abordagem numérica, avaliando os dados financeiros do negócio até
uma combinação verbal e gráfica, com uso de fluxogramas e quadros. A descrição do
processo de produção deve satisfazer duas condições-chave.

Primeiro, deve descrever as características fundamentais do sistema de produção


que serão críticas para seguir sistematicamente o plano direcionado para o lucro
(Figura 22). Esta condição é satisfeita se as respostas para “Quais são os insumos?”
e “Quais são os produtos ou serviços?” estão completas e precisas.

Segundo, a descrição deve definir as relações técnicas e físicas para o que


pode produzir as entre combinações de insumos e os produtos. Em termos de
informações econômicas, essa descrição deve permitir identificar combinações de
insumos e produtos que são tecnicamente eficientes.

51
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Uma combinação de insumos e produção tecnicamente eficiente se atinge quando


não é possível aumentar a produção sem aumentar os insumos ou quando a
produção máxima é atingida com a menor quantidade de insumos.

É importante fazermos uma distinção aqui entre eficiência e eficiência técnica.


Eficiência seria o que é produzido em relação ao que poderia ser viável, dados
os recursos, conhecimentos e habilidades existentes. Eficiência técnica é
medida basicamente em relação àqueles insumos que o gestor pode controlar
(SCHNEIDER, 2008).

A Figura 23 resume os processos de condução de uma plantação


florestal. Em qual processo você enxerga oportunidades de melhoria no
gerenciamento em nível local, da empresa em que você trabalha, ou nível
geral, da metodologia que você conhece para realizar tal processo.

Figura 23. Exemplos de processos envolvidos na condução de uma plantação florestal.

Fonte: Adaptado de https://image.slideserve.com/612170/forest-supply-chain-l.jpg.

Indicadores econômicos do sistema de


produção
Existem três indicadores econômicos clássicos para um sistema de produção:

» produto total;

» produto médio;

» produto marginal.

52
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

Estes fornecem um conjunto diferente de informações sobre os sistemas de produção.

Produto total (PT)

O produto total pode ser definido como a quantidade de produto que se consegue a
partir da utilização de um fator variável (por exemplo, mão de obra), sem alterar a
quantidade dos demais fatores, como o uso de máquinas.

O produto total define o nível de produção mais eficiente, dado o sistema


produção. Em outras palavras, o produto total define a melhor combinação
de produtos para uma dada combinação de insumos ou a menor quantidade
de insumos necessária para produzir um determinado nível de resultados. É
comum utilizar tabelas, gráficos ou equações matemáticas, para representar o
produto total (WAGNER, 2011).

Produto médio (PM)

O produto médio pode ser definido pela relação entre a produção total e a
quantidade de fator de produção empregado. Ou seja, divide-se a produção total
pela quantidade de insumos necessário para produzir esse nível de produção:

Q( x j )
PM =
xj

Onde:

» Q(xj) indica o sistema de produção que mantém todos os outros


insumos e fatores constantes ou fixos, exceto um insumo (xj).

A escolha das unidades corretas para determinação do PM é


preponderante, correndo o risco de se incorrer em uma interpretação
sem sentido em termos de informação econômica.

Algumas unidades que podem ser aplicadas nessa equação são o volume de
produção (m³/ha) e o diâmetro das árvores (cm), por exemplo.

Existe ainda uma medida de PM exclusiva da silvicultura que é chamada


de Incremento Médio Anual (IMA). Essa é definida pela seguinte equação
(WAGNER, 2011):

Volume
IMA =
Anos

53
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Assim como o PM, o IMA é calculado em relação à idade das árvores. A


interpretação do cálculo do IMA é a mesma do cálculo do PM. O IMA permite
que tenhamos uma perspectiva de como está evoluindo a área de cultivo.

Produto marginal (PMa)

O produto marginal é definido como a mudança na produção por unidade


de mudança de um certo insumo. É determinado segundo a equação a seguir
(WAGNER, 2011):

∆Q( x j )
PMa =
∆x j

Onde:

Q (xj) indica o sistema de produção que mantém todos os outros insumos e fatores
constantes ou fixos, exceto um insumo (xj).

Na silvicultura podemos calcular uma medida do PMa aqui definido como o


incremento anual periódico (IAP). IAP é:

∆Volume
IAP =
∆Anos

Assim como o PM, o IAP é calculado em relação à idade das árvores cultivadas.

Sistema de produção descontínuo


Nem todo o processo de produção pode ser representado com gráficos suaves.
Existem três razões possíveis para um processo de produção não contínuo.
Primeiro, a natureza binária da tecnologia de uma ou mais máquinas usadas
no processo de produção, ou seja, a máquina pode estar ativada ou desativada.
Em geral, máquinas em uma indústria não podem ser iniciadas e interrompidas
aleatoriamente porque o custo é muito alto. Com isso, um equipamento pode ser
operado ou não operado (SCHNEIDER, 2008).

Segundo, o processo de produção requer uma série de etapas para produzir o


produto final (Figura 24). Com isso, características físicas definem a quantidade
mínima de tempo necessária para produzir um certo produto, por exemplo, o
papel. Portanto, o produto total é sempre um ponto que define a quantidade
mínima de tempo necessária para concluir uma etapa.

54
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

Figura 24. Série de etapas necessárias para a produção do papel.

Fonte: Adaptado de https://esfstream.com/wp-content/uploads/2017/11/paper-making-graphic.jpg.

Terceiro, alguns insumos (por exemplo, mão de obra) não são homogêneos
no processo de produção. Cada etapa pode exigir um conjunto diferente de
habilidades e/ou um número mínimo de funcionários por etapa. Nesse caso, o
aumento do trabalho de um único funcionário comum não aumentará a produção.

55
CAPÍTULO 2
Custos, receitas e lucros

Introdução
Antes de avançar nos nossos estudos acerca do gerenciamento de projetos florestais,
vamos nos aprofundar um pouco mais nos aspectos econômicos que governam o
sucesso de qualquer empreendimento.

A importância dos custos


É preciso dispender grande atenção neste tema, pois se você não gerenciar custos,
perderá o controle dos lucros.

Por exemplo, a capacidade de desenvolver produtos de valor agregado usando


pinheiros de pequeno diâmetro depende em parte da capacidade dos produtos
acabados de competir no mercado. Além disso, dos custos de transporte e
processamento serem minimizados para tornar o processamento de toras de
pequeno diâmetro mais competitivo (WAGNER, 2011).

Deve-se controlar a produção com o intuito de manter uma margem de


lucro aceitável. Deve-se manter registros precisos para que áreas de alto
custo possam ser identificadas e atitudes tomadas para reduzi-los.

Como o lucro é igual à receita total menos o custo total, a maximização do lucro
requer decisões que aumentem a receita total ao máximo possível e, ao mesmo
tempo, reduzam o custo total ao menor valor possível. Portanto, se os lucros
aumentarem ao máximo, então os custos devem ser gerenciados e minimizados.

O objetivo de um gestor é encontrar maneiras de produzir ou fornecer o máximo


de produção para um determinado orçamento. Com isso, faça-se uma pergunta.
Qual é a informação econômica contida no Pilar de Custo?

O custo sempre deve ser visto em termos de custo de oportunidade, o valor da


próxima melhor alternativa perdida. Em outras palavras, para que objetivo você
está usando seus insumos variáveis e fixos? Eles podem ser empregados para
executar diferentes partes do processo de produção?

56
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

Lembre-se de que você é consumidor de insumos assim como existem


consumidores dos produtos que você produz ou fornece. Como consumidor
de bens produzidos por outros empreendedores, você só comprará o produto
se estiver melhor com ele do que sem ele. A mesma lógica deve ser mantida
para a compra de insumos. Você compra seus insumos em um mercado. Seu
conhecimento do mercado dos insumos deve ser igual ao seu conhecimento do
mercado de sua produção (WAGNER, 2011).

Para entender a importância de se conhecer as dinâmicas do mercado que


regem seus insumos faça a seguinte reflexão:

Pergunte-se se deseja pagar mais do que precisa pelos seus insumos.

Finalmente, se os lucros devem ser tão grandes quanto possível, as


receitas devem ser tão grandes quanto possível e os custos devem
representar o menor preço possível para qualquer combinação de
insumos e produção. Portanto, você está procurando por combinações
de insumos e produção que levem a uma produção eficiente. As
informações econômicas do Pilar de Custo devem permitir que você
entenda isso.

Receitas
De acordo com a estrutura do lucro descrita na Figura 22, a receita nem aparece
como um dos pilares. Os pilares associados à receita são valor e preço, o que faz
com que a receita seja função de ambos pilares.

Anteriormente, vimos que o valor pode ser definido como o grau de importância
que expressa um objeto para o indivíduo em um determinado contexto. Também
pode ser entendido como o grau em que os compradores pensam que esses bens
e serviços os tornam melhores do que se eles ficaram sem. Ambas as definições
afirmam que os indivíduos têm preferências para diferentes resultados e essas
preferências serão observadas em determinadas escolhas que os indivíduos fazem
no mercado (SCHNEIDER, 2008).

Com base nessas definições, o pilar do valor contém dois elementos. O primeiro
diz respeito às suas escolhas de produção, ou em termos diferentes, se os
consumidores optarem por comprar os produtos que você produz ou fornece,
essa é sua receita. Então é preciso que saibamos como medir o conceito de
receita como valor, para que você possa gerenciá-lo com o objetivo de melhorar

57
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

o lucro. O segundo elemento do valor é modelar as preferências de seus


consumidores para que você produza ou forneça mercadorias que os tornarão
melhor do que se não a tivessem.

A discussão sobre receitas se inicia nos custos. Gerar receita e minimizar custos
deve acontecer simultaneamente. Como você cria valor é tão importante quanto
reduzir custos, pois o corte de custos é inútil se o bem ou serviço resultante não
tiver valor para os consumidores.

A receita total é mais comumente definida em relação à produção. A ideia geral


está relacionada a quanta receita posso criar vendendo a produção que produzo
ou forneço. Diante dessa ideia, existem três indicadores de receita: receita
total, receita média e receita marginal. A utilidade desses indicadores está na
capacidade de compará-los com o custo de produção para ajudá-lo a procurar
maneiras de aumentar os lucros. Além disso, oferece a capacidade de comparar
o que você paga pelos insumos com a receita que eles geram, te ajudando a
encontrar maneiras de aumentar os lucros.

Tente encontrar a resposta para os questionamentos seguintes baseando-se


na sua experiência ou em situações possíveis aplicadas a um gerenciamento
de um empreendimento florestal.

» Qual valor potencial estou renunciando com base no meu sistema


de produção atual, mercados e preferências percebidas dos
consumidores?

» Qual valor potencial posso renunciar com base em alterações no


meu sistema de produção, mudanças nos mercados e mudanças nas
preferências do consumidor?

» Quais informações econômicas eu preciso coletar para me ajudar a


responder a essas questões?

As informações econômicas dos Pilares de Preço e Valor o ajudarão a responder a


estas questões.

Sabemos que, à medida que uma árvore cresce em diâmetro, ela


também cresce em altura, o que aumentará ainda mais o volume e,
consequentemente, a receita. Faça um tipo de análise semelhante para o
seu trabalho atual.

58
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

Quais são os insumos sob o seu controle direto como gestor de um


empreendimento florestal?

Você detém de informações suficientes para responder à pergunta?

Se não, que informações adicionais você precisaria e como as coletaria?

Por fim, pense em como você pode usar essa informação econômica. Se
você conhece a receita gerada usando um incremento adicional de um
insumo que você controla diretamente, tente determinar qual é o valor
máximo que você estaria disposto a pagar para usar esse insumo.

Existem seis principais indicadores de receita, três descrevendo receita com


relação ao produto: receita total, receita média, receita marginal; e três
descrevendo receita em relação aos insumos utilizados no processo de produção:
receita total do produto, receita média de produto e receita marginal de produto.
O objetivo deste material não é esgotar o assunto, mas sim despertar sua atenção
e a importância da compreensão destes fatores. Não deixe de buscar fontes
externas para complementar o seu conhecimento (PARKIN, 2009).

Lucro
Buscamos a todo o tempo maximizar nossos benefícios líquidos ou lucros. Isso
é feito ponderando os benefícios e os custos de uma escolha. A ideia principal
aqui é fazer com que as receitas (os pilares de preço e valor, dados os produtos
produzidos ou fornecidos pelo sistema de produção) representem o maior possível
em relação aos custos (o pilar de custo, considerando os insumos relevantes
usados pelo sistema de produção).

O objetivo aqui é fornecer aos possíveis gestores informações sobre receita e custo
referentes aos lucros e como aumentar a lucratividade de um empreendimento.
Dito isso, sabemos que o modelo de lucro fornece as opções reais para atingir seu
objetivo, maximizar os lucros. Como gestor, você sempre procurará maneiras de
aumentar seus lucros ou comparar a lucratividade de uma técnica específica em
relação a outra.

O modelo geral, seguindo a lógica das equações apresentadas anteriormente,


afirma que, se você aumentar a quantidade da produção, a sua receita total irá
aumentar, consequentemente. A Figura 25 demonstra a relação linear entre
receita e quantidade de produto. Sua interpretação sugere que no caso de vender
o dobro da produção a receita também dobrará.

59
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Figura 25. Relação linear entre receita e quantidade de produto.

Receita total
(R$)

Quantidade, Q()

Fonte: elaborado pelo autor.

O aumento indiscriminado na receita nem sempre traduz diretamente o


aumento de lucratividade. Como vimos, a receita é dependente do preço
e da quantidade comercializada. E esses são dependentes de outros
fatores. A análise completa de um sistema de produção demanda um
aprofundamento teórico muito maior. Assim, fica o convite para que você
aprofunde os seus conhecimentos nesse tema com pesquisas a outros
materiais.

A utilidade do estudo do modelo do lucro está no fato de que, para aumentar a


lucratividade de uma determinada atividade, sua receita marginal deve ser maior
que os seus custos. Esta regra simples fornece aos gestores um método para
analisar sistematicamente um nível do sistema de produção e ter novas ideias de
gerenciamento.

A maximização do lucro é um processo dinâmico, não estático. Os


mercados de insumos e produtos mudam, resultando em flutuações
nos preços que você recebe por suas mercadorias e paga por seus
insumos. Além disso, embora possa haver componentes fixos de um
sistema de produção no curto prazo, você, como gestor, deve procurar
continuamente soluções técnicas para as diversas combinações de
insumo/produto que sejam mais eficientes e tenham baixos custo de
produção. Finalmente, você deve estar continuamente procurando
maneiras de criar valor adicional para as mercadorias que você produz
ou serviços que fornece.

60
CAPÍTULO 3
Oferta e demanda

Conceitos fundamentais de economia


Nos capítulos anteriores, o foco estava principalmente no gestor e na afirmação
de que eles detêm a capacidade de maximizar os lucros. Essa afirmação foi
usada para desenvolver a estrutura para Lucro, apresentada na Figura 22, e as
discussões acerca dos indicadores de um sistema de produção. Agora vamos
discutir alguns outros fatores que interferem nas dinâmicas econômicas e que
nem sempre podem ser controlados pelos gestores do empreendimento.

Demanda

Ao sairmos de casa para o nosso trabalho, escola ou faculdade necessitamos de uma


vasta quantidade e diversidade de bens e serviços. Por exemplo, usamos roupas e
sapatos, tomamos café em uma padaria, utilizamos um meio de transporte para
nos deslocarmos. Além desses, quando finalmente iniciamos as nossas atividades
de trabalho ou estudo, é preciso que tenhamos os equipamentos e materiais
necessários. Ao fim de nosso dia de trabalho ou estudo retornamos a nossas casas,
e mais uma vez precisamos de um meio de transporte. Ao chegarmos a casa,
utilizamos água para beber e tomar banho, nos alimentamos e nos atualizamos
nas notícias e nas redes sociais.

É possível ter uma ideia sumária no breve parágrafo anterior de que utilizamos
e desejamos cada vez mais bens e serviços. Ou seja, isso nos torna demandantes.
Demanda pode ser sinônimo de procura, quantidade de um bem ou de um
determinado serviço que alguns consumidores ou mesmo o mercado de
forma geral querem adquirir. Podemos concluir, portanto, que as empresas
que produzem determinado bem ou serviço são impulsionadas pela demanda
(DICIONÁRIO PRIBERAM, 2020).

Na determinação do quão procurado é um bem ou serviço é determinada a


demanda. O comportamento desta responde diretamente ao preço. A esta relação,
volume demandado e preço do bem ou serviço, atribuímos a denominação de lei
da demanda (PARKIN, 2009).

61
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Ainda que tenhamos um comportamento quase insaciável por novos


bens e serviços, não se pode demandar tudo aquilo que se deseja. A
demanda pode ser limitada pela escassez de determinado recurso
necessário à produção de certos bens e serviços.

Dominar a lei da demanda e as causas que a fazem variar ao longo do tempo e do


espaço é fundamental para todo o planejamento e gestão de projetos florestais.
Um empreendimento que envolva grande área plantada de florestas, na maioria
das vezes, só é implementado quando existe uma demanda prévia dos produtos
advindos desta atividade. A demanda neste caso é o “combustível” do projeto ou
empreendimento.

Lembre-se de que a demanda por produtos, bens ou serviços está


fortemente relacionada ao preço que está sendo praticado. Portanto,
não adianta o produto, bem ou serviço ser de muita utilidade e
necessidade se seu preço não for atrativo ou acessível à população a
que ele é destinado. Ou seja, se for relativamente barato, sua procura
será maior.

Oferta

Tudo aquilo que se oferece, oferenda ou, em termos econômicos, a quantidade


de um bem ou serviço que está à disposição dos consumidores ou do mercado em
geral é chamado de oferta. Já é possível inferir que esta oferta só acontece quando
existe o desejo, a procura, a demanda destes bens e serviços (DICIONÁRIO
PRIBERAM, 2020).

Em economia aplicamos a denominação de ofertantes àqueles agentes econômicos


que detêm a oferta. É imperativo que aqueles que de alguma maneira oferecem um
bem ou serviço visem ao lucro. Para que esse seja sempre o mais alto possível estão
sempre em busca de melhores formas de se produzir um determinado bem ou
oferecer um serviço. Além disso, é importante determinar formas mais eficientes
e eficazes de se comercializar estes bens ou serviços. Assim, a oferta é um fator
que tenta atender às demandas de uma sociedade e representa aquilo que um
certo ofertante dispõe aos consumidores ou ao mercado. A recompensa que ele
atinge é de forma financeira em resposta ao preço que seu produto foi inserido
no mercado (MOCHÓN, 2007).

62
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

Vimos na seção anterior que existe uma lei para a demanda. Além dessa,
também existe a lei da oferta. Esta é determinada por meio da relação entre
a quantidade ofertada de bens e serviços que os ofertantes podem vender e
os preços praticados. Se mantivermos toda a estrutura do mercado inalterada,
podemos presumir, por esta lei, que se o preço subir, a quantidade ofertada
também subirá, uma vez que os ofertantes ficam mais estimulados a vender e a
produzir. Em contrapartida, se os preços estão baixos ou sofrem uma queda por
algum motivo, o ofertante fica desestimulado a inserir seu produto ou serviço
no mercado, diminuindo a oferta. Sendo assim, as alterações da oferta são
diretamente afetadas pelos preços praticados no mercado.

O lucro de um ofertante ou empresa não está unicamente atrelado ao seu


volume de vendas, lembre-se de que a redução dos custos de produção
impacta em uma melhor “margem de lucro”, na situação em que o preço de
venda e as demais características do mercado permaneçam inalterados.

Equilíbrio de mercado

Estudamos algumas variáveis que modificam a intenção de compra ou demanda e


a intenção de produção ou oferta isoladamente. Embora saibamos que estas duas
variáveis se relacionam, quando os ofertantes e os demandantes “pressionam”
uniformemente o mercado, dizemos que foi atingido o equilíbrio.

Vimos que a elevação no preço de um bem implica diminuição da demanda por


parte dos demandantes. Já no caso da redução do preço, o desejo de compra é
elevado, ou seja, a demanda do bem.

Existem outros casos que aumentam a demanda sem que o preço seja
alterado. Nos casos de possíveis aumento da população, incremento de
renda nas famílias, campanhas publicitárias e mudança dos hábitos ou
das preferências de consumo. Além disso, a demanda pode sofrer queda
em situações de preço estável, levando a crer que os consumidores
diminuíram o interesse pelo bem e, consequentemente, adquirem-no em
menor quantidade.

Todos estes efeitos também atingem a oferta, uma vez que, numa situação de
redução dos preços, os ofertantes se desestimulam a produzir, diminuindo a oferta
do bem. Em situações de alta nos preços, os ofertantes ficam mais estimulados a
produzir, aumentando a oferta do bem (MANKIW, 2013).
63
UNIDADE II │ MERCADOS FLORESTAIS

Assim como na demanda, existem casos em que a oferta é afetada sem ter
sido influenciada pelos preços. Imagine uma situação em que os preços
de insumos de uma determinada mercadoria ou os custos de produção
sejam reduzidos. De outro lado, a oferta também pode sofrer uma queda
com preços inalterados, isso pode acontecer por diferentes motivos, como
elevação de preços de insumos ou demais custos de produção, colapso
dos recursos naturais disponíveis (fonte de água, petróleo ou minério,
por exemplo), desbalanço hídrico entre estações do ano impactando
diretamente na agricultura e nas plantações florestais, entre outros fatores
possíveis.

Assim, para que possa ser atingido o ponto de equilíbrio de mercado é necessário
que demandantes e ofertantes acordem entre si. Este ponto (e) pode ser observado
na figura abaixo (Figura 26).

Figura 26. Curvas de oferta e demanda.


Preço

Oferta

Demanda

Quantidade

Fonte: elaborado pelo autor.

Ao analisarmos a Figura 26, podemos concluir que, no ponto de equilíbrio (e),


o volume de demanda é igual ao volume de oferta. Isto acontece porque os
ofertantes colocam no mercado apenas a quantidade que está sendo requerida
pelos demandantes.

Existe a possibilidade das curvas de oferta e demanda se deslocarem


tanto para a direita como para a esquerda. Entretanto quando este
deslocamento acontece para as duas variáveis de forma homogênea,
continua havendo uma igualdade da quantidade ofertada e da
quantidade demandada, assim é criado um novo ponto de equilíbrio de
mercado.

64
MERCADOS FLORESTAIS │ UNIDADE II

O mercado é o principal meio pelo qual a economia determina o que e quanto


de cada produto produzir, como produzir e para quem produzir. Os gestores de
sucesso conhecem a estrutura do mercado das mercadorias que produzem ou
fornecem e dos insumos que compram.

Como gestor, seu objetivo é identificar a vontade e a capacidade de compra dos


consumidores e transformá-las em receitas. Além disso, você deve se atentar para
pagar o mínimo possível pelos insumos. A estrutura voltada para o lucro, presente
na Figura 22, fornece um caminho para você coletar informações econômicas
relevantes para seu empreendimento, mas lembre-se de que os mercados são
dinâmicos. A busca pelo lucro inclui estar ciente dos fatores econômicos e
sociodemográficos que afetam os mercados de insumos e produtos.

O objetivo de obter informações econômicas sobre os mercados e sua estrutura é


aumentar o percentual de tomada de decisão proativa em relação à reativa.

65
PLANEJAMENTO E
GESTÃO NO SETOR UNIDADE III
FLORESTAL

CAPÍTULO 1
Planejamento da empresa florestal

Introdução
O gerenciamento de plantações florestais requer um bom planejamento, assim como
em qualquer gerenciamento de projeto de sucesso. Na fase do planejamento será
definido o que será feito, quando, por quem e com que finalidade.

Um bom planejamento contribui para que todo o projeto seja pensado e


devidamente mensurado. Esse geralmente se inicia pela definição das metas, dos
objetivos e das restrições que direcionarão para a execução das fases seguintes. Os
principais problemas e desafios são identificados por meio do estabelecimento de
estratégias alternativas e avaliação dos prós e contras de cada estratégia.

O planejamento é especialmente importante nas operações florestais, pois as


plantações que se encontram prontas para a colheita são o resultado de uma
série de manejos e decisões ao longo de muitos anos e, algumas vezes, décadas.
As mudas são um bom exemplo disso, elas são o resultado de anos de pesquisa
sobre melhoramento genético e para a sua produção vários fatores devem ser
levados em consideração. O planejamento dentro da produção está presente em
todo o momento, desde a construção do berçário até a definição da melhor data
de plantio.

As florestas não são criadas em um dia, uma semana ou até um ano. Assim,
cada decisão tem consequências a longo prazo, por exemplo:

» Decidir pela regeneração da floresta influencia diretamente na


rotação da cultura.

66
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

» Realizar tratamentos de controle e desbaste altera a estrutura de


um estande até o final do ciclo.

» A colheita de um povoamento agora significa que ele não estará


disponível para colheita novamente por muitos anos.

Portanto, muitas metas de gerenciamento levam muito tempo para serem


alcançadas e requerem a coordenação de ações de longos períodos de
tempo. Lembre-se de sempre se atentar para as possíveis consequências
de cada decisão.

O planejamento precisa desempenhar um papel central no gerenciamento diário


de operações, e os gestores precisam ser responsabilizados pelo cumprimento das
metas especificadas evitando que sejam esquecidas dentro da gaveta.

As metas devem ser quantificadas e específicas, contando com uma certa


flexibilidade. É impossível prever tudo, e coisas inesperadas acontecem. Em
momento como esses as empresas precisam ter a flexibilidade de se adaptar
às novas circunstâncias. Contudo, deve-se tomar cuidado com o excesso de
flexibilidade, pois pode dar a sensação de que a organização não está realmente
comprometida em alcançar seus objetivos estratégicos. Portanto, é útil ter
uma distinção clara entre pequenas revisões do planejamento (que são feitas
para tratar de eventos imprevistos, mudanças nas restrições operacionais ou
flutuações de mercado a curto prazo) e reprodução de um novo planejamento.

Com o tempo, as metas e objetivos de uma empresa tendem a evoluir conforme os


eventos imprevistos se acumulam e as condições mudam. Diante disso, torna-se
necessário realinhar o planejamento com a situação atual de gerenciamento.

É comum distinguirmos o planejamento em três principais níveis (Figura 27):

» Planejamento estratégico.

» Planejamento tático.

» Planejamento operacional.

67
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Figura 27. Os níveis do planejamento.

Planejamento
estratégico

Planejamento
tático

Planejamento
operacional

Fonte: elaborado pelo autor.

O processo de planejamento acontece em todos os níveis da empresa, mas


cada nível apresenta certas diferenças. O nível estratégico preocupa-se com
as principais questões que podem gerar oportunidades ou ameaças para estas
organizações com uma visão de longo prazo. Os planos estratégicos devem
ser revisados com pouca frequência e somente quando houver necessidade de
reavaliar a posição estratégica da empresa (MCDILL, 2016).

O nível gerencial ou tático deve receber do nível estratégico as diretrizes e


objetivos estratégicos e encontrar formas de atingi-los. As revisões nesse nível de
planejamento devem ser muito flexíveis e capazes para responder às mudanças de
informações e condições.

O nível operacional está preocupado em como executar suas atividades dentro do


esperado, naturalmente, estas atividades estarão inseridas dentro do planejamento
tático.

O objetivo deste capítulo é fornecer uma breve introdução a algumas das mais
importantes ferramentas de planejamento usadas no gerenciamento das plantações
florestais, entre elas estão:

» O processo de planejamento.

» Diferentes níveis de planejamento florestal.

» Requisitos básicos de dados para o planejamento florestal.

68
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

O planejamento
Os benefícios para a empresa são substanciais quando o planejamento é realizado
corretamente, podendo ser considerado uma ferramenta de gestão fundamental.
É importante que todos na organização saibam o que precisa ser feito e qual a sua
responsabilidade durante a execução das tarefas. Todas as partes envolvidas devem
estar bem informadas, inclusive os acionistas e a comunidade (SCHNEIDER, 2008).

O planejamento requer uma boa comunicação entre todos os grupos que estarão
envolvidos na implementação do plano. É um bom momento para os gestores
comunicarem as metas e os objetivos para coordenadores de nível inferior, para
que esses comuniquem as restrições que eles enfrentam e os recursos que eles
precisam para atingir as metas e os objetivos. Uma equipe multidisciplinar tem
ideias diferentes de como a organização pode atingir seus objetivos e essa é uma
boa hora para que essas ideias concorrentes sejam exibidas, discutidas e avaliadas .

O planejamento envolve seis etapas principais: estabelecimento de metas;


identificação de alternativas; avaliação das alternativas; seleção de plano;
implementação do plano; monitoramento e replanejamento (Figura 28).

Figura 28. O processo do planejamento.

Estabelecimento
de metas

Identificação de
Replanejamento
alternativas

Avaliação das
Monitoramento
alternativas

Implementação
Seleção de plano
do plano

Fonte: MCDILL, 2016.

69
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

O passo mais importante é identificar os objetivos da empresa ou organização.


Para as florestas plantadas, o principal objetivo geralmente é maximizar os
lucros. Porém, uma organização possui diferentes objetivos, fazendo com que
tenha que decidir como priorizará entre os de curto e longo prazo. Alguns tipos
de objetivos podem muitas vezes entrar em conflito com a maximização dos
lucros de curto prazo. Por exemplo, o objetivo de realizar um manejo florestal
de uma maneira que seja ambientalmente sustentável, em um curto prazo, pode
não gerar lucros, porém a longo prazo obterá benefícios econômicos, sociais e
ambientais (MCDILL, 2016).

O processo de planejamento é ideal para uma ampla gama de alternativas. Uma


organização encontrará a melhor maneira de atingir seus objetivos se considerar
uma variedade de alternativas. Além disso, o conhecimento de abordagens
alternativas também oferece mais flexibilidade para atingir seus objetivos em um
mundo onde as dinâmicas de mercado podem alterar a qualquer momento.

No contexto do gerenciamento de plantações, as alternativas de decisões incluem,


por exemplo, a escolha de espécies ou genótipos, épocas de plantio, tipo de
aplicações de fertilizantes, regimes de desbaste, rotações e aquisição de terrenos,
áreas destinadas à Reserva Legal (RL) ou Área de Proteção Permanente (APP),
investimentos em viveiros e atividades de pesquisas.

Diferentes opções de cronograma dessas atividades também representam


diferentes alternativas de gerenciamento. Como as atividades florestais envolvem
custos e benefícios que ocorrem por um período relativamente longo, é necessário
considerar o valor temporal do dinheiro ao avaliar o momento das atividades
alternativas de gerenciamento. De fato, na produção de floresta plantada é
necessário determinar o momento mais apropriado de cada atividade realizada.

Depois que várias alternativas de gerenciamento forem identificadas, o próximo


passo é avaliá-las e selecionar as mais eficazes no cumprimento das metas da
organização. Também é necessário quantificar os recursos necessários para realizar
cada uma destas atividade de gerenciamento.

Uma vez que os custos e benefícios de cada alternativa tenham sido avaliados em
relação a cada uma das metas, o próximo passo é selecionar conjuntos viáveis
de alternativas de gerenciamento que produzam o maior retorno líquido para a
organização. O próximo passo é a definição, por parte dos gestores, de quais serão
implementadas.

70
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

A construção de um plano de execução viável passa pelo conhecimento dos


recursos necessários para sua realização e pela identificação e capacitação das
pessoas responsáveis por cada etapa descrita nesse plano. A partir daqui só falta
implementar o plano.

Fique atento, pois o planejamento não para por aí. Como qualquer bom
plano, inclui atividades específicas com entradas e saídas quantificadas,
deve ser possível monitorar continuamente como está o andamento dos
objetivos do plano.

Periodicamente, deve haver uma comparação dos resultados das atividades de


gerenciamento com as metas especificadas no plano. É normal algumas metas não
serem alcançadas. Isso pode ocorrer por vários motivos, como o acontecimento
de eventos inesperados que estão fora do controle da sua empresa (Figura 29) ou
mesmo problemas em relação a insumos necessários a algumas atividades.

Figura 29. Incêndio em área de plantação de eucaliptos.

Fonte: Adaptado de https://i2.wp.com/www.portalveneza.com.br/wp-content/uploads/2017/11/fogo.


jpg?fit=1200%2C675&ssl=1.

Exemplos de eventos inesperados no manejo das plantações florestais incluem


incêndios, insetos, surtos de doenças, mau tempo e falhas de maquinários.
Da mesma forma que esses eventos são inevitáveis, a organização precisa ser
flexível e adaptável para ser capaz de ajustar o plano e garantir que os objetivos
sejam alcançados o mais próximo possível do idealizado. No caso de incêndios,
por exemplo, algumas áreas não programadas podem ser colhidas antes para
compensar as áreas que queimaram (FLORIANO, 2018).

71
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Pesquise modelos de manejo florestal voltados à redução da probabilidade


da ocorrência de incêndio disponíveis na literatura técnica (ACUNA et al.,
2010; Wei 2012).

A empresa Sysforest® disponibiliza um sistema de detecção automática


de incêndios. Acesse o seu endereço eletrônico para maiores informações.
Disponível em: https://www.sysforest.com.br/

Tente sempre implementar um planejamento sofisticado o suficiente para


reduzir a probabilidade desses eventos inesperados e indesejáveis ocorrerem.
Isso aumenta a flexibilidade da organização em lidar com imprevistos.

Quando as atividades planejadas não ocorrem conforme o planejado, isso pode


ser um indicativo de algum tipo de falha no gerenciamento. Uma das vantagens
de se ter um bom plano é que ele pode ser uma ferramenta poderosa para impor
responsabilidade dentro de uma organização. Objetivos claros e quantificados
fornecem uma base clara de incentivos e responsabilidades aos colaboradores.
Lembre-se de que os objetivos precisam ser realistas e viáveis. Os indivíduos
encarregados de executar o plano precisam receber os recursos necessários para
alcançar as metas pelas quais são responsáveis.

Finalizando, atente-se para o fato de que as organizações precisam ser flexíveis


e capazes de se desviar dos planos para se adaptar a eventos inesperados. Com o
tempo, os planos são modificados, ajustados e alterados. Além disso, ao longo do
tempo, metas e objetivos devem ser ajustados conforme surgem novos desafios de
gestão.

De tempos em tempos, o efeito cumulativo dessas mudanças é a perda de relevância


dos planos. Neste ponto, torna-se necessário iniciar o ciclo de planejamento
novamente como vimos na Figura 28.

Níveis do planejamento
O planejamento do manejo florestal ocorre em muitas escalas diferentes. Em
nossas próprias vidas, algumas decisões, como a escolha de uma carreira, são
estratégicas, enquanto outras, como escolher quais tarefas executar em um
determinado dia, são operacionais. No planejamento florestal não é diferente. A
decisão de adquirir ou não uma grande extensão de terras é estratégica, decidir
qual técnica ou equipamento usar para colher é operacional. Assim como uma
pessoa não precisa saber exatamente como será cada dia da sua vida para decidir
72
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

qual carreira seguir, um gestor florestal não precisa saber exatamente como cada
povoamento será gerenciado para determinar se vale a pena comprar uma grande
área de floresta (SCHNEIDER, 2008).

Os níveis do planejamento florestal diferem principalmente em termos de espaço


e tempo. Na dimensão espacial, os silvicultores geralmente diferenciam as áreas
onde foram plantados genótipos diferentes e o nível de toda a área plantada da
propriedade rural, ou mesmo toda aquela administrada pela empresa. A escala
temporal do planejamento florestal pode variar de dias ou semanas a décadas ou
mesmo séculos.

Podemos dizer que os problemas que envolvem o planejamento florestal ocorrem


desde o nível altamente estratégico até um nível operacional muito detalhado.
Esse comportamento é comumente dividido em três categorias gerais: operacional,
tático e estratégico (Figura 30).

Figura 30. Níveis do planejamento nas escalas temporal e espacial.

Séculos

Décadas Planejamento
Escala temporal

estratégico
Anos
Planejamento
Meses tático

Semanas Planejamento
operacional
Dias

1 10 100 1.000 10.000 100.000 1.000.000


Escala espacial (ha)

Fonte: MCDILL, 2016.

Planejamento empresarial
O planejamento em nível empresarial envolve a tomada de decisões em vários
níveis diferentes. No contexto das plantações florestais, devido aos longos
períodos de tempo necessários para as árvores amadurecerem e o fato de grandes
áreas de terra estarem envolvidas no manejo das plantações, os objetivos do
planejamento são alcançados em grandes escalas espaciais e temporais.

73
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Embora quase todas as decisões tomadas por uma organização estejam de


alguma forma inter-relacionadas, como vimos, o planejamento geralmente ocorre
em diferentes níveis, com diferentes graus de detalhe em cada nível. Decisões
estratégicas que envolvam longos prazos e grandes escalas espaciais geralmente
requerem informações menos detalhadas. Por exemplo, decisões estratégicas
do manejo florestal podem, na maioria dos casos, ser tomadas sem abordar
exatamente como cada povoamento será gerenciado e como os produtos serão
transportados de cada área para a fábrica.

Embora o planejamento em diferentes escalas possa e deva ser feito de


maneira independente, é necessário que haja algum grau de interação entre
os diferentes níveis de planejamento.

Planejamento estratégico
O planejamento estratégico é onde as metas e objetivos amplos e de longo prazo
de uma empresa são definidos e onde são desenvolvidas estratégias gerais para
alcançá-los. Pode-se dizer que o planejamento estratégico é a forma como uma
empresa determina quem são e que tipo de organização eles querem ser. Além
disso, aqui serão determinadas as áreas de investimentos e aquelas em que o
aporte de recursos será diminuído. Decisões, como construir, expandir ou fechar
instalações de fabricação ou aquisições e vendas de grandes áreas de terra também
são consideradas estratégicas (MCDILL, 2016).

O nível de investimento que uma empresa fará em pesquisa e desenvolvimento é


um exemplo de decisão de gestão que reduz a rentabilidade a curto prazo, porém
gera uma expectativa de aumento da rentabilidade e sustentabilidade a longo
prazo. Decisões sobre o quanto e quais áreas reservar para proteção ambiental
ou mesmo a implementação ou não de certas práticas em algumas áreas devido a
possíveis impactos ambientais.

Dentre as decisões estratégicas contidas no manejo florestal pode-se destacar, por


exemplo, o estabelecimento de metas de colheita a longo prazo e a escolha de
potenciais espécies e insumos que serão utilizados. Como as florestas levam anos,
em alguns casos décadas, para se desenvolver, esses tipos de decisões devem ser
tomadas no contexto de um plano que considere o impacto a longo prazo das
atividades de gerenciamento. Em geral, os planos estratégicos não têm um alto
grau de detalhamento espacial devido a sua grande escala de impacto espacial e
temporal (SCHNEIDER, 2008).

74
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Lembre-se de que problemas no planejamento estratégico podem gerar


grandes consequências e impactar milhares ou dezenas de milhares de
hectares. Por isso a importância de uma equipe gestora competente e
responsável.

Planejamento tático
O planejamento tático aborda objetivos de médio porte. Esse envolve basicamente
qualquer tipo de planejamento maior do que o planejamento operacional e
menor amplo que o estratégico. Normalmente é feito um planejamento tático
para determinar com mais detalhes, mas em menor escala espacial e temporal,
como os objetivos gerais de um plano estratégico serão alcançados da forma mais
eficiente possível. Assim, planos operacionais normalmente envolvem prazos
mais curtos. Planos táticos, geralmente, são mais detalhados, pois determinam
exatamente onde e quando certas atividades serão realizadas.

Um exemplo de um problema de planejamento tático no gerenciamento de


plantações florestais pode estar no planejamento da colheita. Este deve ser
explícito na determinação de qual o ritmo de colheita seguir a fim de atingir as
metas de produção para os próximos 2 a 20 anos. Problemas de planejamento tático
também podem incluir decisões sobre construção, manutenção e fechamento de
estradas.

Planejamento operacional
O planejamento operacional trata de questões mais detalhadas e de muito curto
prazo, como quais povoamentos serão colhidos nas próximas semanas ou meses,
qual equipe estará envolvida, o maquinário, quais insumos necessários para a
operação e qual a destinação do produto colhido. O detalhamento das pessoas e
equipamentos envolvidos raramente é incluído nos níveis estratégico e tático, mas
é comum no planejamento operacional (MCDILL, 2016).

A escala temporal do planejamento operacional geralmente é muito curta, de dias a


meses. Por outro lado, a escala espacial dos problemas de planejamento operacional
pode ser tão pequena quanto um hectare ou atingir toda a área plantada da empresa.

Um exemplo de um problema de planejamento operacional em larga escala


pode ser o calendário de colheita para um período de 2 meses que incluiria
os equipamentos que seriam utilizados em cada operação, o custo e o tempo
necessários para mover esses equipamentos até a área de interesse.
75
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

O objetivo do planejamento operacional pode ser o de minimizar o custo


e/ou atender a requisitos específicos de qualidade da empresa, ou seja,
aumentar a eficiência e a efetividade de uma operação específica.

Aquisição e gerenciamento de dados

O planejamento do manejo florestal requer muita informação. Primeiro, a área


florestal deve ser descrita, incluindo o detalhe de cada povoamento. Em seguida,
as opções de gerenciamento para cada povoamento, ou seja, as prescrições
silviculturais devem ser descritas. Para cada prescrição, são necessárias
informações sobre como o estado do povoamento evoluirá no tempo, quais ações
de gerenciamento precisarão ocorrer, custos despendidos e resultados que serão
produzidos (MCDILL, 2016).

Todo o gerenciamento de recursos deve ser descrito e armazenado. É preciso


armazenar e gerenciar todos os dados que possam ser necessários para o
planejamento. De preferência, todas essas informações devem ser armazenadas e
gerenciadas dentro da organização em um sistema de informações corporativas.
Os dados devem ser atualizados continuamente. Ter esse sistema é essencial
para que o planejamento seja integrado aos processos de tomada de decisão da
organização.

Classificação das terras

O primeiro passo no planejamento do manejo florestal é obter informações sobre


a área florestal que está sendo gerenciada. A primeira etapa deste processo, se
isso não tiver sido já feito, é separar a área florestal da organização em unidades
de manejo. Essas unidades geralmente variam em tamanho de alguns hectares
a até milhares de hectares. As unidades de manejo devem ser relativamente
uniformes em termos de composição de espécies, idade, densidade de plantio e
qualidade do local. Na Figura 31 vemos um exemplo de uma fazenda do estado
de São Paulo que teve sua área florestal dividida em unidades de manejo.

76
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Figura 31. Divisão de área florestal em unidades de manejo.

Legenda
Unidades de Manejo N
Fazenda: Fortaleza
II = 26,8 ha Parque Florestal:
III = 1.108,9 ha Fortaleza
IV = 56,7 ha Município: Araraquara
V = 3.457,5 ha Estado: São Paulo
VI = 10,6 ha
Perímetro 0 1 2 4
km
Outros usos

Fonte: Adaptado de https://www.researchgate.net/profile/Lorena_Stolle/publication/250393803/figure/fig2/AS:348213639958529


@1460032010106/Figura-2-Mapa-Detalhado-das-Unidades-de-Manejo-Produtivas-para-Eucaliptos-na-Fazenda.png.

A delimitação das unidades de manejo é normalmente feita em um sistema de


informações geográficas (SIG). Esta separação em unidades de manejo pode ser
uma atividade difícil e subjetiva em florestas naturais, mas é geralmente simples em
florestas plantadas.

Uma vez delineada a área em unidades de manejo, também é necessário descrever


a floresta dentro de cada uma delas. Normalmente, informações sobre madeira
e outros atributos podem ser retiradas de um inventário de povoamento. Nos
casos em que esses dados não estão disponíveis, os atributos da área devem ser
deduzidos a partir de parcelas de povoamentos similares.

Além disso, as informações sobre manejos anteriores de cada unidade de manejo,


incluindo a data do plantio, as espécies plantadas, densidade de plantio, data e tipo
de operações realizadas. Se houver informações disponíveis sobre rendimentos
anteriores de colheitas, isso pode ser útil para medir a produtividade potencial do
local.

Outras informações relevantes podem ser obtidas a partir do conjunto de dados de


SIG existentes. Esses dados podem incluir estradas e outras informações de acesso,
solos, declividade e outros aspecto relevantes. Mais adiante iremos ver com maior
aprofundamento as aplicações dos SIG no gerenciamento de projetos florestais.

77
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Opções de Gerenciamento
O planejamento do manejo florestal se resume basicamente ao problema de
escolher uma metodologia ou técnica operacional para cada unidade de manejo.
Esta decisão deve visar ao alcance das metas da empresa da melhor forma
possível levando em consideração suas limitações. A escolha dessas técnicas
deve ser diversa, pois o processo de planejamento deve considerar a flexibilidade
necessária para alcançar as várias metas e objetivos do manejo florestal.

Lembre-se de providenciar um conjunto de alternativas de gerenciamento


para cada unidade de manejo. As opções podem variar em termos de período
final de colheita, regimes de desbaste, liberação de fertilizações e outros
tratamentos etc.

É importante quantificar os recursos que serão necessários, os produtos esperados


e o cronograma de uso de insumos. Os recursos incluem custos, tempo, pessoal
e horas-máquina. Os produtos incluem as espécies e tamanhos de madeira, bem
como saídas ambientais, como condições de habitat e armazenamento de carbono.

Com o grande número de gestores e o grande número de possíveis recomendações


de manejo para cada unidade de manejo, torna-se essencial o uso de um programa
de computador que possa simular diferentes recomendações para cada unidade com
base em seus atributos. A simulação do gerenciamento da área geralmente requer
modelos locais de crescimento e rendimento, além da existência de parâmetros de
custos locais e outras informações. Este é frequentemente um dos maiores desafios
no desenvolvimento de modelos de manejo florestal e exige que os gestores tenham
familiaridade com ferramentas computacionais e estatísticas.

Limitações do planejamento
As limitações do planejamento incluem tudo, desde a quantidade e o tipo de
produtos que a empresa gostaria de produzir até a quantidade de terra que deve
ser reservada para fins de conservação ambiental. Algumas limitações podem
estar relacionadas ao cumprimento dos regulamentos e restrições legais.

Um tipo comum de limitação de planejamento é a necessidade de atender a certas


metas de produção. É normal que a empresa tenha alguma restrição de recursos,
pessoal, equipamento e orçamento. Há, ainda, a possibilidade de restrições
operacionais que podem limitar as atividades de colheita em encostas íngremes ou
em solos úmidos, por exemplo. O desafio do gestor é atender às metas estabelecidas
se atentando para essas limitações (FLORIANO, 2018).

78
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

É importante identificar o maior número dessas limitações para serem


incluídas no modelo de planejamento.

Monitoramento
O monitoramento florestal pode ser definido como a coleta e análise de observações
ou medições repetidas para avaliar mudanças nas condições e no progresso para
alcançar um objetivo de gerenciamento. Um monitoramento bem projetado
é um componente imprescindível do gerenciamento. O processo de monitorar
pode instruir gestores nas atividades de gerenciamento e ajuste das estratégias
por meio da utilização das informações obtidas e da observação e medição dos
resultados (FLORIANO, 2018).

O monitoramento oferece aos gerentes um retorno crucial confirmando o que está


acontecendo de acordo com o plano ou indicando que é necessário algum tipo de
ação corretiva. Além disso, os sistemas de monitoramento fornecem informações
importantes de transparência e responsabilidade para órgãos superiores dentro
das empresas e para divulgação e promoção das ações dessas.

Os inventários florestais foram originalmente desenvolvidos com o objetivo de


dar aos gestores uma medida pontual de seus recursos florestais, especialmente
em povoamentos em idades de colheita. Os modernos sistemas de monitoramento
florestal atendem a vários objetivos, incluindo não apenas inventário, crescimento
e produção, mas insetos e doenças, espécies invasoras, estoques de carbono,
componentes da vida selvagem, biodiversidade, qualidade e quantidade da água e
até indicadores sociais (Figura 32).

Figura 32. Exemplo de técnicas modernas de mensuração e monitoramento do crescimento da floresta por meio

de aplicativos para dispositivos móveis.

Fonte: https://3.bp.blogspot.com/-DHrJCrlne5k/XFDtZUtRH8I/AAAAAAAAC48/182xFPkVrfwe5y4mUl4ptuijeZXgp_DOQCLcBGAs/
s1600/trevia.png.

79
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

O desafio do monitoramento está na sua capacidade de abarcar todas as variáveis


do ambiente. Além disso, a amostragem ideal para monitorar um recurso,
por exemplo, madeira, pode não ser ideal para monitorar outro, por exemplo,
biodiversidade. Assim, um programa de monitoramento mais abrangente
geralmente consiste em vários tipos de inventários diferentes (MCDILL, 2016).

Deve-se pensar cuidadosamente em como os dados dos diferentes tipos de


inventário podem ser combinados e analisados no contexto de uma empresa para
o gerenciamento das informações. Aqui esbarramos novamente na necessidade
de dados georreferenciados, e sabemos que os SIG são ferramentas poderosas na
análise desses dados (Figura 33).

Figura 33. Utilização de VANTs em áreas florestais para geração de informações georreferenciadas.

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-6UJb0SQ35B0/XFDtCaFzpiI/AAAAAAAAC40/TbRwOoJXn3ctg-4HFT0_oZSWXWkK2SDvgCLcBGAs/
s1600/drones.jpg.

A decisão mais importante para implementar um sistema de monitoramento eficaz


é escolher os recursos que serão monitorados. É melhor focar em um pequeno
número de recursos e quantificá-los com qualidade do que medir muitas coisas
com pouca qualidade e obter resultados inconsistentes ou imprecisos.

80
CAPÍTULO 2
Manejo intensivo das plantações
florestais

Introdução
As plantações florestais representam um investimento financeiro significativo que
requer planejamento e previsão detalhados para garantir um retorno adequado.
Na gestão florestal, realizar estimativas de crescimento e produção é fundamental
para atender aos objetivos do empreendimento e da coletividade. Por meio dos
modelos de crescimento e produção é possível realizar a projeção, ou prognose,
do crescimento e da produção, prever os rendimentos futuros e explorar opções e
resolver vários problemas na área florestal (CAMPOS; LEITE, 2013).

O uso dos modelos de crescimento e produção tornou-se uma ferramenta de


tomada de decisão importante nas áreas florestais. Pode-se citar, por exemplo, a
decisão de realizar o desbaste de determinadas árvores a fim de que as árvores
remanescentes utilizem maior espaço e maior disponibilidade de água e luz para
se desenvolverem e atingir uma maior dimensão e, consequentemente, maior valor
comercial (CAMPOS; LEITE, 2013).

Os modelos de crescimento e produção florestal são ferramentas amplamente


usadas no manejo das plantações. Estes permitem desde a projeção e a avaliação
do desenvolvimento futuro do povoamento florestal, a influência de diferentes
técnicas de gerenciamento até os potenciais impactos das mudanças climáticas.
Eles são usados tanto no planejamento estratégico e quanto no planejamento
tático florestal (Figura 34).

Figura 34. Ilustração de um modelo matemático de crescimento florestal.


Dimensão

Tempo

Fonte: elaborado pelo autor.


81
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

A gestão das plantações florestais é dependente de diferentes fatores, como


materiais genéticos, remoção seletiva de certos indivíduos (desbaste) e manejo de
nutrientes disponíveis no solo (adubação). Determinar os efeitos das atividades
de manejo das plantações florestais a longo prazo é difícil por conta da natureza
dinâmica das árvores e à alta variabilidade de resposta das florestas aos diferentes
tipos de manejo. Além disso, os gestores terão que lidar com novos desafios como
as mudanças climáticas e o aumento da demanda de produtos florestais. Tudo
isso indica que os modelos matemáticos continuarão sendo importantes para o
gerenciamento florestal (WEISKITTEL, 2016).

Modelos de crescimento
Na literatura, existem várias classificações dos modelos de crescimento e produção,
as quais consideram diferentes níveis de abordagem. Os mais utilizados são os
modelos estatísticos e os mecanicistas (WEISKITTEL , 2016).

Os modelos estatísticos, também chamados de modelos de produção, descrevem


o desenvolvimento de um povoamento florestal com base em dados empíricos.
Para isso, eles tentam descrever o comportamento da variável resposta sem tentar
identificar as causas e/ou explicar os fenômenos, também utilizam equações
matemáticas parametrizadas a partir desses dados. Estes são os mais usados e de
melhor compreensão.

Os modelos mecanicistas baseiam-se em uma hipótese relevante associada à


causa ou à função do fenômeno descrito pela variável resposta. Representam
os principais processos fisiológicos, como interceptação de luz, fotossíntese,
e respiração para prever o crescimento. Estes são pouco utilizados pois exigem
conhecimento apurado de ecologia e fisiologia das plantas (FLORIANO, 2018).

Dentro de qualquer categoria de modelo, os modelos diferem em sua resolução


(espacial ou temporal) e dependência espacial. Os modelos também variam no uso
de informações espaciais como modelos dependentes da distância, requerendo
informações de localização espacial (coordenadas x e y individuais da árvore).

Na modelagem florestal alguns fatores relevantes, como clima e distúrbios


naturais, governam o crescimento e o rendimento de uma plantação. Estes podem
ser aleatórios e/ou imprevisíveis. Os modelos de crescimento podem incorporar
esses elementos puramente aleatórios para realizar a predição, porém muitas
vezes um resultado diferente do esperado para um conjunto de valores de entrada
acaba ocorrendo. Assim, um modelo com muitos elementos aleatórios pode fazer
da interpretação um desafio.

82
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Representando o gerenciamento da
plantação
Um dos principais usos dos modelos de crescimento e produção florestal é projetar
as consequências no longo prazo das várias decisões de gerenciamento. Esse é
um importante uso de modelos, afinal, a instalação e a manutenção de ensaios
de campo de áreas florestais necessitam de um longo prazo e altos investimentos.
Além disso, nem todas as combinações de tratamento podem ser replicadas em
um campo experimental. Portanto, os modelos têm o potencial de indicar um
gerenciamento ideal obtido por meio de suas projeções (WEISKITTEL, 2016).

Entender como modelos de crescimento representam diferentes técnicas de


manejo de plantações florestais é crucial para decidir sobre a credibilidade
das suas predições.

A partir deste ponto, o destaque será nos modelos que simulam as características
das plantações florestais que você, como gestor, é capaz de interferir incluindo as
melhorias genéticas, manejo da vegetação, desbaste e fertilização. O foco é descrever
as abordagens adotadas nos níveis do povoamento e da árvore individual.

Melhorias genéticas

As melhorias genéticas progrediram significativamente para o desenvolvimento


de árvores comerciais de importantes espécies e para certos atributos, como
para crescimento. Ganhos de crescimento de 5 a 25% podem ser encontrados
em muitas espécies e até maiores que isso. No entanto, sabemos que esses
ganhos são frequentemente obtidos em árvores individuais de experimentos
com replicação limitada, o que dificulta a compreensão das implicações a longo
prazo desses ganhos ao nível de um povoamento. Isso levou a um grande número
de abordagens usadas para representar melhorias genéticas nos modelos de
crescimento (WHITE et al., 2007, pp. 298–299).

Nível de povoamento

No nível do povoamento, duas abordagens principais para representar a resposta do


povoamento a melhorias genéticas foram utilizadas:

» modificação do índice de sitío;

» equações de crescimento específicas para uma determinada família ou


procedência.

83
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Dentre as modificações possíveis para refinar os modelos para melhoramentos


genéticos, uma das mais pesquisadas é o índice de sítio. Os multiplicadores de
ganho genético requerem poucas modificações nos modelos de crescimento
existentes (ADAMS et al., 2006).

Para se aprofundar no assunto de índice de sítio, acesse:

» https://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/eucalipto/arvore/
CO N T 0 0 0 h 0 1 8 t e y x 0 2 w x 7 h a 0 7 d 3 3 6 4 i 7 q s 4 y 9 . h t m l # : ~ : t e x t
=Na%20ci%C3%AAncia%20florestal%2C%20o%20
%C3%8Dndice,capacidade%20de%20produ%C3%A7%C3%A3o%20
daquele%20local.

Árvore individual

O desenvolvimento de equações de crescimento individual das árvores que


incorporem os efeitos de melhorias genéticas é limitado devido à falta de dados
e conhecimento sobre como melhor modelar as mudanças. Nesse contexto, os
multiplicadores podem ser usados em modelos de crescimento regional existentes
e os ganhos de volume projetados podem dobrar quando o valor genético é
aumentado de 5% para 10% (GOULD; MARSHALL, 2010).

Projetar as influências das melhorias genéticas a padrões de mortalidade a


longo prazo ainda é um desafio. A melhoria contínua provavelmente ocorrerá
por conta do aumento e da disponibilidade de dados. Essa está sendo uma
questão importante de resolver, pois continuam os aumentos de investimentos
em programas de melhoramento genético de árvores e, além disso, aumentou a
aplicação da silvicultura clonal (XAVIER; DA SILVA, 2010).

Gestão da vegetação

O controle da vegetação concorrente no início do estabelecimento do povoamento


é um método para aumentar significativamente os rendimentos a longo prazo
em vários tipos de florestas. Representar a influência, no longo prazo, do
controle da vegetação em modelos de crescimento é difícil porque a maioria dos
modelos não simula crescimento não-arbóreo que influencia na dinâmica inicial
(WAGNER et al., 2006).

84
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Nível de povoamento

Os modelos de crescimento relacionados ao controle das plantas daninhas


podem gerar equações eficazes na sua predição da influência de curto e longo
prazo, desconsiderando os efeitos iniciais da densidade de plantio. Alternativas
demonstram que equações da área basal são eficazes para capturar os efeitos
do controle de plantas daninhas, fertilização e preparação do local de plantio
(WEISKITTEL, 2016).

Nível da árvore

Modelos individuais de crescimento de árvores sensíveis ao controle das plantas


daninhas são relativamente raros. Os que estão disponíveis indicam que em
modelos de crescimento de árvores jovens o aumento do diâmetro não é sensível
a diferentes graus de infestação de plantas daninhas quando expressa como uma
porcentagem de cobertura do solo. Entretanto, os povoamentos, em geral, são
altamente sensíveis ao controle de plantas daninhas herbáceas (FLORIANO, 2018).

Modelar empiricamente a influência do controle da vegetação é desafiador por


conta da alta variabilidade inerente ao crescimento inicial e a dificuldade de
quantificar a influência da vegetação concorrente nos recursos disponíveis no local.
Além disso, a maioria dos ensaios com herbicidas é comumente estabelecida em
pequenas parcelas ou sem árvores marcadas, o que dificulta o desenvolvimento
de equações preditivas individuais. Para esse parâmetro os modelos mecanicistas
de crescimento podem ser a melhor abordagem quando o objetivo é determinar a
influência do manejo de plantas daninhas (FLORIANO, 2018).

Desbaste

O desbaste é uma das atividades de manejo florestal mais empregadas e é


bastante estudada. Os desbastes, geralmente, diferem-se quanto ao tempo
(pré-comercial e comercial), tipo (alto, baixo e de colheita) e intensidade, o
que pode dificultar a modelagem. Os modelos existentes abordam a influência
do desbaste em algum grau, mas a maneira como os efeitos do desbaste é
abordada difere consideravelmente.

Nível de povoamento

A representação do desbaste no nível de um povoamento é desafiadora pois os


desbastes são projetados para remover seletivamente árvores individuais, o que
altera muito a estrutura do povoamento residual.

85
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Um índice de desbaste desenvolvido há tempos é baseado na razão entre o


diâmetro médio quadrático das árvores desbastadas e o diâmetro quadrático
médio de todas as árvores antes do desbaste. Este índice é utilizado como
modificador da equação de crescimento da área (WEISKITTEL, 2016).

Diâmetro médio quadrático de um povoamento corresponde ao diâmetro


de área transversal média da árvore. Ele sempre é maior que o diâmetro
médio, e essa diferença depende do desvio padrão dos diâmetros.

Quando não existem informações anteriores sobre o desbaste, um modelo de


crescimento da área basal baseado em percentual de diâmetro, funções de idade,
densidade do caule, índice do local e indicadores de desbaste pode ser eficaz para
projetar desbastes de povoamentos.

Desbastes repetidos influenciam na resposta do crescimento do povoamento.

Nível da árvore

Prever as consequências, a longo prazo, dos vários regimes de desbaste em


modelos de crescimento de árvores individuais é difícil, mas tentar implementar o
desbaste adequadamente em uma simulação também pode representar um desafio
significativo.

Fertilização

A fertilização é uma importante ferramenta de gerenciamento de plantações


em várias regiões. No entanto, como no manejo da vegetação, pode ser difícil
prever empiricamente por causa da alta variabilidade e dos fatores limitantes ao
crescimento refletido pelo índice de sítio. A resposta à fertilização não depende
apenas da quantidade e tipo de fertilizante, mas das condições climáticas no
momento da aplicação, características da vegetação e dos atributos do solo. Esses
aspectos geralmente não são considerados em modelos de crescimento estatísticos
(FLORIANO, 2018).

Nível de povoamento

Prever o volume acumulado de crescimento de um povoamento em resposta


à adubação depende do tempo, do tratamento, da quantidade de fertilizante
aplicada, da composição do povoamento, do estoque e da qualidade do local
(CARLSON et al., 2008).
86
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Vários foram os pesquisadores que tentaram modelar esse comportamento.


Entretanto, cada um apresenta sua limitação. Busque estudos que contemplem
situações próximas das situações com que você lida no seu dia a dia.

Nível da árvore

Como no nível de povoamento, o índice de sítio modificado pode ser usado


para prever a resposta das árvores à fertilização. É comum que os resultados
demonstrem que a resposta é maior em áreas densas e para árvores dominantes.
Isso indica a importância de se determinar corretamente a densidade de plantio.

Resultados de pesquisas destacam a dificuldade em representar o efeito da


fertilização com precisão e sugerem que uma abordagem mais mecanicista possa
ser mais justificada.

Finalizando
O gerenciamento das plantações altera significativamente a dinâmica dos
povoamentos e os modelos de crescimento precisam ser capazes de explicar
essas alterações. No entanto, os métodos para representar o manejo florestal nos
modelos de crescimento não são simples e muitas vezes são limitados pelo tipo
de dados disponíveis.

As abordagens para representar o gerenciamento das plantações incluem a


modificação do índice de sítio ou a idade do povoamento, ajuste de equações
separadas pelo método de gerenciamento e os modificadores. Tanto no nível de
povoamento quanto no nível individual, os modificadores são a maneira mais
lógica de representar atividades de gerenciamento, podem ser a combinação para
a representação de várias atividades de gerenciamento e são relativamente fáceis
de estimar. A capacidade de representar múltiplas atividades de gerenciamento é
particularmente importante, pois a resposta pode ser multiplicativa.

Com a melhora da representação do manejo das plantações florestais, os modelos


de crescimento e produção florestal se tornam cada vez mais importante, pois
as rotações diminuirão devido a regimes de gerenciamento mais intensivos e
complexos. A dificuldade está em equilibrar a necessidade de novos dados e a
capacidade do modelo de extrapolar informações com os dados já existentes.

87
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Quando comparadas às florestas regeneradas naturalmente, as plantações são


relativamente sistemas biológicos simples com menos espécies, estruturas mais
simples e mais regimes de gestão uniformes. Contudo, o desenvolvimento de
modelos precisos de crescimento para plantações ainda é um desafio significativo
devido à variedade de fatores bióticos e abióticos que influenciam no seu
desenvolvimento.

Modelos são ferramentas projetadas para ajudar a tomar decisões de gerenciamento


da plantação, mas geralmente exigem testes e modificações extensivos para
representar toda a gama de técnicas de gerenciamento empregadas nas plantações
de hoje. Portanto, os modelos devem fazer suposições básicas sobre como
representar os vários regimes de gestão, o que sugere a necessidade de abordagens
de modelagem mais mecanicistas.

Os modelos de crescimento provavelmente terão um futuro continuado e


crescente. As melhorias futuras da modelagem de crescimento, provavelmente,
serão resultado de técnicas de modelagem melhoradas, dados de entrada cada
vez mais completos e hardware/software de computador avançados. A estatísticas
avançada contribuirá com modelos de algoritmos de aprendizado de máquina
(machine learning) para detecção de tendências nos dados e previsões mais
robustas. Isso, combinado com o aumento de dados de inventários florestais
nacionais e experimentos de longo prazo, deve ajudar a melhorar o crescimento
previsões de modelo.

Conforme discutido, a quantidade e a qualidade de dados que entram em um


modelo de crescimento têm implicações importantes para a utilidade do resultado
do modelo. A disponibilidade e a qualidade de tecnologias de sensoriamento
remoto melhoram as entradas de modelos de crescimento. Isso também vale
para os modelos mecanicistas que se baseiam principalmente em parâmetros
fisiológicos, dados climáticos e quantificação de entradas como o índice de área
foliar.

Os avanços nos modelos de crescimento nos últimos tempos podem


ser atribuídos em grande parte ao poder dos computadores modernos
de armazenar, processar e analisar dados. Espera-se que os avanços no
software de modelagem de crescimento permitam um número maior
de simulações com saídas mais detalhadas e visualização sofisticada,
aprimorando a capacidade dos usuários do modelo de controlar e
modificar as projeções.

88
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

A Embrapa disponibiliza softwares para manejo de precisão e análise


econômica de florestas plantadas. Esses são gratuitos e atendem desde
manejo, análise econômica e modelagem de crescimento e produção.

https://www.embrapa.br/florestas/transferencia-de-tecnologia/softwares-
florestais.

89
CAPÍTULO 3
Introdução às tecnologias geoespaciais
de apoio ao gerenciamento florestal

Introdução
Tecnologias geoespaciais referem-se aos métodos usados para visualização,
medição e análise de características ou fenômenos que ocorrem na Terra.

A tecnologia geoespacial inclui três tecnologias diferentes: sistemas de


posicionamento global (GPS), sistemas de informação geográfica (SIG) e
sensoriamento remoto (SR). Neste capítulo, apresentaremos algumas aplicações
básicas dessas tecnologias na gestão de recursos florestais.

O GPS
A sigla GNSS refere-se ao Sistema Global de Navegação por Satélite. Os GNSSs
empregam uma constelação de satélites em órbita trabalhando em conjunto
com uma rede de estações terrestres em muitas aplicações. Encontram-se em
funcionamento o GPS americano, o GLONASS (versão russa do GPS), o GALILEO
(sistema europeu) e o BeiDou (sistema chinês).

O sistema de posicionamento global, mais conhecido pela sigla GPS (em inglês,
global positioning system) é um sistema de localização baseado em uma
constelação de, no mínimo, 24 satélites que realizam duas órbitas circulares
diárias ao redor da Terra em altitudes de aproximadamente 17.702,78 km
(Figura 35).

Figura 35. Constelação formada pelos satélites GPS.

Fonte: https://www.nasa.gov/sites/default/files/gps_constellation_0.jpg.

90
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

O GPS foi concebido em 1960 e desenvolvido na década de 1970 pelo


Departamento de Defesa dos EUA por sua vasta aplicação militar. Os primeiros
satélites foram lançados no espaço em 1978. O sistema foi declarado totalmente
operacional em abril de 1995 (WANG, 2017).

O funcionamento do GPS parte da emissão de ondas de rádio de cada satélite que


serão captadas por antenas e decodificadas pelos receptores. De forma simples, o
GPS fornece a um aparelho receptor móvel a sua posição, assim como o horário,
sob quaisquer condições atmosféricas, a qualquer momento e em qualquer lugar
na Terra (dentro do campo de visão dos satélites), precisando de quatro satélites
para fornecer uma posição tridimensional (Figura 36).

Figura 36. Determinação da localização de um receptor GPS.

Satélite 2

Satélite 1

Satélite 3

Fonte: https://gisgeography.com/wp-content/uploads/2016/11/GPS-Trilateration-Feature.png.

Usando os receptores, os sinais são decodificados e utilizados para determinar a


posição (latitude, longitude e altitude), velocidade de deslocamento e direção se
o usuário estiver em navegação. Existem três classes de receptores GPS, como se
pode-se observar no Quadro 6.

Quadro 6. Classes de receptores do GPS.

Geodésico Topográficos Navegação


Precisão milimétrica com o pós- Precisão: menos de 3 m Precisão: de aproximadamente 10 metros
processamento de dados
Grande e caro Portátil e mais barato Leve e Barato
Uso: Aplicativos de mapeamento de alta Mapeamento preciso para integração com Localização instantânea e navegação
precisão, como topografia e geodésica. SIG automotiva.
Fonte: Wang, 2017.

91
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Como os dispositivos GPS estão se tornando menores e mais baratos, há um número


crescente de aplicativos para GPS na agrimensura, cartografia e engenharias. Nos
últimos anos, o GPS provou ser uma ferramenta útil para o manejo de florestas e
recursos naturais, por exemplo, agricultura e silvicultura de precisão. Além disso,
possibilita o uso de ferramentas de navegação (FLORIANO, 2018).

GPS no manejo florestal e de recursos naturais

O GPS pode ser usado para coletar dados espaciais em florestas e recursos naturais.
Ao usar o GPS, é melhor saber que tipos de informações você gostaria de coletar.
Esses dados podem ser coletados na forma de pontos, linhas ou polígonos. Os
dados em formato de ponto podem ser usados para obter localizações espaciais de
árvores ou nascentes de água em áreas florestais.

Os dados em formato de linha podem ser usados para determinar os limites


da floresta e estradas de acesso. Por último, o polígono pode ser usado para
determinar um local de aterrissagem ou um limite de unidade de manejo.

Para aumentar a precisão, deve-se coletar o maior número possível de pontos. Você
pode configurar o aparelho de GPS para coletar pontos em diferentes intervalos,
como 1, 5 ou 10 segundos. Além disso, para melhorar a precisão, o ideal é utilizar no
mínimo 4 satélites.

Quanto maior o número de satélites captados pelo dispositivo, mais rápido


se torna o processo de coleta e mais precisas são suas informações.

Coleta de dados

Dependendo do dispositivo GPS portátil utilizado, você poderá começar a coletar


os dados ligando o aparelho GPS com o software instalado nas configurações
de fábrica. As principais fabricantes de softwares de equipamentos GPS mais
utilizados são: Trimble, TerraSync, ESRI e ArcPad.

Lembre-se de que todo equipamento GNSS trabalha recebendo sinais na forma


de ondas eletromagnéticas de satélites que estão em órbita. Essa informação é
importante para lembrarmos no momento de manusear estes equipamentos, pois
em dias de muitas nuvens e áreas de densa cobertura florestal a acurácia desse
equipamento tende a cair.

92
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

É importante que você inicialize o equipamento com uma antecedência


mínima de trinta minutos da execução das atividades. Esse tempo faz com
que o equipamento sintonize com o maior número de satélites possíveis e,
consequentemente, aumente a sua acurácia.

Ciente dos fatores externos que alteram o funcionamento do GPS, você está pronto
para coletar as informações. Inicialmente deve-se selecionar o tipo de informação
(ponto, linha ou polígono) que deseja coletar. A partir daí basta iniciar a coleta.

Assista ao vídeo “Curso Online Garmin GPS” para compreender como


configurar o equipamento. Disponível em: https://www.youtube.com/
watch?v=AXamovZESOk.

Transferência de dados

Para começar a transferir dados do dispositivo para um computador, conecte o


dispositivo ao computador via cabo ou usando uma conexão sem fio. Primeiramente,
é necessário transferir os dados do dispositivo GPS para o computador. Clique no
botão de transferência e selecione o arquivo para transferi-lo para uma pasta no seu
computador.

Os dados de GPS RTK (Real Time Kinematic ou movimento em tempo real, na


sua tradução) são normalmente corrigidos após a transferência para obter melhor
precisão. Este processo é chamado de pós-processamento. Para pós-processar
dados, você seleciona uma estação-base ou torre perto de você e baixa os arquivos
necessários para corrigir seus dados. Você precisará corrigir esses dados e salvá-los
na mesma pasta que o arquivo corrigido. Por fim, você precisará exportar os dados
para a pasta e salvá-los como um shapefile.

O IBGE mantém a Rede Brasileira de Monitoramento Contínuo dos Sistemas


GNSS que contém um conjunto de estações geodésicas.

Acesse para mais informações:

» https://w w w.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-sobre -
posicionamento-geodesico/rede-geodesica/16258-rede-brasileira-
de-monitoramento-continuo-dos-sistemas-gnss-rbmc.html?=&t=o-
que-e.

93
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Aplicação dos SIG

O sistema de informação geográfica (SIG) é uma ferramenta poderosa para


análise dos dados espaciais. Embora existam muitas definições diferentes de SIG,
o conceito comum é que o SIG é um sistema de computador que inclui software
e hardware projetados para fornecer aos usuários a capacidade de visualizar e
analisar informações espaciais (FLORIANO, 2018).

O SIG surgiu como uma ferramenta essencial para o planejamento e gerenciamento


de recursos urbanos e naturais. Os sistemas de informação geográfica estão agora
sendo usados para planejamento do uso da terra, gerenciamento de serviços
públicos, modelagem de ecossistemas, avaliação e planejamento da paisagem,
planejamento de transporte e infraestrutura, análise de mercado, análise de
impacto visual e gerenciamento de instalações, bem como muitas outras aplicações
em silvicultura e recursos naturais.

Um mapa SIG é composto de camadas (Figura 37). Para fazer um mapa, você pode
adicionar quantas camadas você deseja. As camadas podem conter informações
diversas. Todos os objetos geográficos podem ser representados como uma das três
formas geométricas: ponto, linha ou polígono.

Os polígonos geralmente representam objetos grandes, como um local de floresta


colhida, uma área de floresta, áreas de outras terras e países. Linhas representam
coisas muito estreitas para serem polígonos, como estradas florestais, tubulações
de gás natural ou trilhas de recreação. Os pontos são usados para representar locais,
como árvores, desembarques, serrarias, cidades, escolas ou outros. Polígonos,
linhas e pontos coletivamente são chamados dados vetoriais (WANG, 2017).

As superfícies têm valores numéricos no lugar de formas. Por exemplo, podemos


medir valores de elevação, inclinação, precipitação, temperatura e velocidade do
vento para qualquer local específico na superfície da Terra e isso pode gerar uma
superfície raster.

94
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Figura 37. O conceito das camadas em SIG.

Limites
municipais
Vetor
Ruas

Parcelas

Uso do solo
Raster

Elevação

Mundo real

Fonte: Adaptado de https://www.newbergoregon.gov/sites/default/files/styles/gallery500/public/imageattachments/engineering/


page/3712/gislayers.jpg?itok=CkNUx8PT.

SIG em gestão florestal e de recursos naturais

O manejo de florestas e recursos naturais tornou-se progressivamente mais complexo,


pois existem vários objetivos a serem alcançados, bem como múltiplos critérios e
restrições a considerar. Isso torna o SIG uma ferramenta importante na tomada de
decisões durante o planejamento, a formulação de políticas e o gerenciamento de
projetos florestais (WANG, 2017).

À medida que a tecnologia avançou, o SIG se tornou cada vez mais popular no
gerenciamento de recursos naturais. As aplicações do SIG podem ser agrupadas em
quatro categorias principais:

» Localização – localiza os recursos das florestas, incluindo a


localização da propriedade, nome, limite e outras referências
geográficas (Figura 38).

Figura 38. Atributos espaciais em uma área de produção florestal.

Legenda
Estradas florestais
Contorno da estrada
Córregos
Contorno dos córregos
Campo de pesquisa
Limites
Rodovia

0 1,25 2,5
km

Fonte: Adaptado de Wang, 2017.

95
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

» Análise – detalha as mudanças sofridas ao longo do tempo,


por exemplo, o que mudou na floresta (paisagem, uso da terra ou
vegetação) nos últimos anos. A sobreposição de várias camadas de
mapas com dados espaciais é uma técnica comum usada no SIG.

» Modelagem e simulação – o SIG é muito utilizado para


modelagem espacial pois pode lidar com grandes quantidades de
dados espaciais de forma eficiente e eficaz. Exemplificando isso,
pode-se determinar as alterações fenológicas e de vegetação devido
às mudanças climáticas.

» Visualização – a capacidade de fornecer informações por meio


de visualização é um destaque do SIG, pois permite ao usuário ver
dados espaciais no formato de um mapa simples ou de um mapa
com várias camadas. Essas simulações acopladas com técnicas de
animação podem ser usadas para gerar modelos em três dimensões
de florestas e diferentes atividades de manejo florestal (Figura 39).

Figura 39. Imagem 3D resultante de um VANT de monitoramento de incêndio na Amazônia.

Fonte: https://i.ytimg.com/vi/VNLSs2cLsQI/maxresdefault.jpg.

As aplicações de SIG no gerenciamento de florestas podem variar desde a


sobreposição de diferentes camadas, medição de área e volume de áreas florestais
e cálculos de estatísticas até modelagens e simulações mais complexas. A
sobreposição de diferentes atributos espaciais como estradas, córregos e limites
de florestas é uma tarefa corriqueiramente implementada em SIG. As funções de
modelagem e simulação podem incluir padrões espaciais de árvores ou paisagens,
determinação de modelos regressão para áreas florestais análises geoestatísticas e
simulações de áreas em diferentes escalas espaciais e temporais (FLORIANO, 2018).

96
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

O SIG tem sido amplamente aplicado em diferentes áreas no ramo de florestas,


alguns exemplos incluem:

» Avaliação e monitoramento de recursos florestais: avaliação


do desmatamento, degradação e uso da terra/mudança de cobertura;
examinando tipos de floresta, idade, classes e estágios de sucessão;
avaliação das áreas florestais em várias escalas espaciais.

» Proteção florestal: a proteção florestal, seja contra pragas,


incêndios, doenças ou ações humanas, precisa de dados espaciais
para melhorar seu processo de planejamento e implementação.
Podem ser coletadas, por exemplo, informações como localização,
direção, taxa de propagação e intensidade de incêndios florestais.

» Planejamento e programação de colheita de florestas e


biomassa: a modelagem espacial das florestas via SIG pode melhorar
substancialmente o planejamento de florestas e estratégias de colheita.
A modelagem espacial pode ajudar os gestores de empreendimentos
florestais na compreensão dos impactos econômicos, ambientais e
sociais da colheita.

» Boas práticas de manejo florestal: as boas práticas de manejo


florestal são diretrizes para controlar a perda de solo e proteger a
qualidade da água durante as operações florestais. É necessário coletar,
para um bom diagnóstico, dados espaciais contendo tipo de solo,
córregos e densidade de plantio.

» Conservação florestal e biodiversidade: um SIG pode ajudar


na elaboração de políticas e planos de conservação, por meio das
possibilidades de identificação, seleção, design e gerenciamento de
áreas protegidas e reservas naturais.

» Conservação e planejamento de habitat de vida selvagem:


SIG é frequentemente usado para mapeamento, monitoramento e
avaliação da vegetação comparando imagens de diferentes períodos.

» Gerenciamento de recreação e parque: um SIG permite mapear


trilhas de recreação e avaliar o fluxo de visitantes de um parque. Com
os dados do GPS, podemos mapear e analisar com precisão os locais e
horários dos visitantes em pontos específicos no parque.

97
UNIDADE III │ PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL

Programas computacionais de SIG e dados

Atualmente existem muitos programas para manipular dados de SIG variando


de software livre a comercial (Figura 40). ArcGIS, Manifold System, Mapinfo
Professional, Autodesk (AutoCAD Map 3D), QGIS e MapServer são alguns dos
softwares comuns de SIG (WANG, 2018).

Figura 40. Software de SIG:”A” (QGIS) e “B” (MapServer) são livres; “C” (ArcGis) e “D” (AutoCAD Map 3D) são

comercializados.

A
B

C D

Fonte: Adaptado de: (A) https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcQU0fw75bSPajkU8YW37V4IPkjIRD2G


y1ui-g&usqp=CAU; (B) https://www.saashub.com/images/app/service_logos/36/e6417b80e9ee/large.png?1552430430; (C)
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/df/ArcGIS_logo.png; (D) https://www.cadac.com/globalassets/producten/
googleshopping/autocad-map-3d-shop.png?width=360&mode=crop.

Vimos que as ferramentas de SIG têm grande utilidade na gestão e no planejamento


de florestas e recursos naturais, entretanto é preciso se atentar para alguns
aspectos. Na hora de decidir qual software utilizar, ou mesmo a metodologia,
lembre-se de que a tecnologia SIG muda rapidamente e os seus custos podem ser
significativos.

Sensoriamento Remoto na silvicultura

O sensoriamento remoto é a técnica para obter informações sobre um objeto ou


fenômeno sem fazer contato físico com o objeto. Geralmente refere-se ao uso de
tecnologias de sensores acoplados em satélites, porém estes podem estar acoplados a
aviões e VANTs.

Com base na fonte do sinal obtido, o sensoriamento remoto pode ser classificado
como passivo ou ativo. O passivo ocorre quando as informações são emitidas
passivamente, por exemplo, os que captam o reflexo da luz solar das superfícies.
O ativo é aquele que, geralmente, independe da luz solar e apresenta sua própria
fonte de sinal e capta a resposta em relação a essa fonte. Na área de florestas um
exemplo de sensoriamento remoto ativo se obtém com o uso de RADAR e LIDAR
(Figura 41).

98
PLANEJAMENTO E GESTÃO NO SETOR FLORESTAL │ UNIDADE III

Figura 41. Área de eucalipto imageada por LIDAR.

Fonte: https://mundogeo.com/wp-content/uploads/2014/03/img_xi.jpg.

O LIDAR, tecnologia de varredura a laser, pode fornecer dados confiáveis sobre


altura das árvores e densidade. Essas informações resultam em um maior
conhecimento da composição e estrutura da floresta, melhorando o inventário
florestal.

O mapeamento com a tecnologia LIDAR disponibiliza um levantamento detalhado


da vegetação existente na área. O LIDAR tem a capacidade de mapear o terreno
embaixo das árvores e, ao mesmo tempo, obter a estimativa da altura e da estrutura
florestal. Dados de alta precisão LIDAR auxiliam no desenvolvimento de novas
metodologias de gerenciamento de áreas florestais. A Figura 42 demonstra a
capacidade de monitoramento desta tecnologia mesmo em composições florestais
menos homogêneas (FLORIANO, 2018).

Figura 42. Imagem de alta precisão utilizando a tecnologia LIDAR.

Fonte: Adaptado de https://lh3.googleusercontent.com/proxy/ddWrHo9rCujh91mwylTq_XZbux2L1f5a9B9qHudHua7eHiW7PBYbGx


_0kGRVzzu8xMGw6NhOLLveu6Njnm1iFwUDC_Q.

99
COLHEITA UNIDADE IV

A colheita é uma atividade essencial no manejo florestal. Envolve todas as


operações, desde o corte de árvores até a entrega de toras para os destinos
finais. Um planejamento e execução inadequado da colheita podem custar caro,
resultando em degradação ambiental, desperdício excessivo de madeira, má
utilização dos recursos disponível e acidentes de trabalho.

Esta unidade apresenta os fundamentos das operações de colheita, carregamento


e transporte necessários a todo gestor tanto de projetos em áreas de florestas
naturais quanto de florestas plantadas.

CAPÍTULO 1
Planejamento da colheita

Introdução
Para iniciar os estudos na área de colheita florestal, revisaremos alguns aspectos
relacionados ao planejamento florestal. Como vimos na Unidade anterior,
o planejamento pode ser dividido em três níveis: planejamento estratégico,
planejamento tático e planejamento operacional.

O planejamento estratégico envolve objetivos de planejamento de alto impacto em


uma empresa florestal e para longos períodos de tempo. São exemplos a compra de
terras, a decisões de construção de instalações e a intensidade do manejo.

O planejamento tático envolve prazos mais curtos e considera a ação de menor


impacto. Ele direciona os planos estratégicos, mas com o objetivo de desenvolver
planos viáveis. São exemplos o planejamento das estradas e pontes e estimativas de
estoque de madeira.

100
COLHEITA │ UNIDADE IV

O planejamento operacional, às vezes chamado de planejamento da colheita,


refere-se a planejar o conjunto de ações necessárias para implementar projetos
específicos na área. Seu prazo pode estar em torno de 2 a 3 anos. Este envolve a
identificação de tarefas específicas durante a colheita, inventário de madeira das
áreas a serem colhidas, identificação de áreas ambientalmente sensíveis que não
serão colhidas e planejamento de estradas. Os planos operacionais envolvem o
planejamento das estações chuvosa e seca, um dos desafios desse é o cronograma de
construção e manutenção de estradas. No nível da produção, a maioria das empresas
implementam monitoramento trimestral, mensal e semanal para adaptar planos
para mudanças meteorológicas, produtividade da equipe, demanda da fábrica ou
mercados (SESSIONS et al., 2007).

Ferramentas de mapeamento e sistemas de


informação
Como foi destacado na unidade anterior, o planejamento das operações florestais
requer a localização espacial dos tipos de vegetação, solos, estradas, principais
fontes de água e características hidrológicas.

Também vimos que um SIG permite que os usuários trabalhem com vários
arquivos ao mesmo tempo, geralmente, esses são chamados de camadas. Essas
podem representar informações diversas como estradas, hidrografia ou cobertura
florestal. A análise e a interpretação dessas informações auxiliam o gestor no
processo de tomada de decisão.

Considerações do ambiente
É importante ressaltar que as operações de colheita podem afetar a água, o solo, a
planta, a vida selvagem, áreas de lazer e os recursos florestais por meio da escolha
da metodologia de colheita. Em relação aos impactos no solo e água, esta pode
proporcionar a compactação do solo, erosão do solo, aumento da sedimentação,
temperatura da água e contaminação por produtos químicos nos córregos. Muitos
desses impactos podem ser reduzidos através de planejamento e supervisão das
operações de colheita (SCHNEIDER, 2008).

Todo o planejamento da colheita é também afetado pela condução da


operação. Não basta um bom planejamento se a execução não for de
qualidade.

101
UNIDADE IV │ COLHEITA

As operações de colheita também podem afetar a vida selvagem ao introduzir os


acessos à floresta e estabelecer clareiras dentro da floresta.

Danos residuais

Florestas Naturais

No caso de florestas naturais os danos residuais na área florestal costumam ser o


principal questionamento ambiental em relação à colheita.

As florestas tropicais naturais geralmente são gerenciadas sob um sistema de


ciclos de reentradas em intervalos de 20 a 40 anos. Condições normais para uma
floresta úmida tropical madura são apresentadas na Figura 43, onde pode se
observar que existe em uma mesma área diferentes espécies de diferentes idades
(SESSIONS et al., 2007).

Figura 43. Os extratos das florestas.

Extrato arbóreo superior

Extrato arbóreo médio teto


ou dossel

Extrato arbóreo inferior


sub-bosque

Extrato arbustivo

Fonte: Adaptado de https://science4fun.info/wp-content/uploads/2018/10/layers-of-rainforest.jpg.

A cada ano que passa, algumas árvores passam de uma classe de diâmetro em
que estão para uma classe de diâmetro maior e algumas árvores dentro da mesma
classe de diâmetro morrem (Quadro 7). A colheita na floresta natural normalmente
remove árvores com diâmetro maior, o número depende da porcentagem de
espécies comerciais, taxas de crescimento e ciclo de reentrada.

102
COLHEITA │ UNIDADE IV

Quadro 7. Evolução das plantas em uma atividade florestal.

Diâmetro na altura do peito da classe (cm) Número de árvores por hectare da classe
10 242
20 97
30 40
40 19
50 11
60 6,8
70 4,5
80 3,3
90 2,3
100 1,5
>100 3,6
Fonte: Sessions et al., 2007.

Sem planejamento e implementação cuidadosos, danos às plantas residuais


podem ser significativos. Isso pode acarretar grande impacto no rendimento
futuro da floresta. O corte de árvores individuais com grandes copas pode ocorrer
em até 0,20 ha por árvore. Lacunas superiores a 0,05 ha por árvore derrubada
são comuns. Durante o corte, o dano à regeneração próximo à base da árvore
derrubada é geralmente menor, mas a extração subsequente pode prejudicar
fortemente a regeneração (FLORIANO, 2018).

Algumas práticas florestais podem ser utilizadas para diminuir os danos residuais
no povoamento, como:

» Realizar um inventário de pré-colheita e mapear árvores com potencial


comercial individuais.

» Realizar o planejamento pré-colheita dos acessos.

» Construir acessos com o tamanho mínimo necessário para o trânsito


dos equipamentos.

» Começar a derrubar e carregar na parte traseira da área de colheita


para que as copas das árvores estejam sempre atrás da operação de
carregamento e transporte.

Florestas Plantadas

Ao contrário das florestas naturais, as florestas plantadas são geralmente cultivadas


em um ou dois ciclos. As idades de rotação são curtas, inferiores a 10 anos em
casos de espécies manejadas para madeira e para celulose. Danos residuais no
povoamento podem não ser um problema na colheita final, mas entre os ciclos de
colheitas podem ser um problema.

103
UNIDADE IV │ COLHEITA

Algumas práticas florestais podem ser utilizadas para diminuir os danos residuais
no povoamento, como:

» Realizar o planejamento pré-colheita dos acessos.

» Construir acessos com o tamanho mínimo necessário para o trânsito


dos equipamentos.

» Ao usar equipamentos de corte e carregamento, busque aplicar cortes


direcionais para minimizar os danos às árvores vizinhas. Derrubar as
árvores em um padrão de espinha de peixe pode auxiliar nisso, mais
adiante veremos maiores detalhes destes padrões.

» Começar a derrubar e carregar na parte traseira da área de colheita


para que as copas das árvores estejam sempre atrás da operação de
carregamento e transporte.

Atente-se para o espaçamento entre as plantas e quais métodos de colheita


você irá utilizar. Diferentes métodos e equipamentos de colheita necessitam
de diferentes espaçamentos.

Compactação do solo

A compactação do solo é resultado de pressões e vibrações aplicadas sobre a


superfície. Com isso, o solo aumenta sua densidade aparente, reduz a infiltração de
água, aumenta a resistência à penetração que as raízes devem superar e aumenta o
escoamento superficial da água.

A compactação do solo pode ser minimizada com um planejamento pré-colheita


adequado e que preconize estratégias de mínimo trânsito de máquinas e acessos e
vias bem dimensionados.

Os sulcos criados no solo pelo rastro dos rodados das máquinas aparecem
quando o solo não pode suportar a carga aplicada pelas rodas. Esses sulcos criam
caminhos para o fluxo de água e subsequente erosão em terrenos inclinados,
bem como danos às raízes das árvores. O uso de ferramentas de avaliação da
resistência mecânica do solo à penetração, como os penetrômetros, pode permitir
a localização das áreas de maior compactação facilitando para o gestor aplicar
manejos específicos (Figura 44) (FLORIANO, 2018).

104
COLHEITA │ UNIDADE IV

Figura 44. Penetrômetro manual em operação.

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0c/Penetrometer.jpg.

Algumas estratégias de gestão podem ser adotadas para reduzir a compactação do


solo, como:

» Restringir as operações a períodos em que a possibilidade de


compactação é menor (menor umidade);

» Construir estradas e acessos fora de áreas de encharcamento do solo


ou de umidades constantemente altas.

» Alterar a medida dos rodados das máquinas adotando maiores áreas


de contato com o solo.

» Gerenciar e otimizar a frota de máquinas com o objetivo de diminuir o


trânsito dessas.

» Evitar construir estradas em áreas de declividade muito acentuada,


evitando assim altas demandas de tração.

» Manter sobre o solo ao menos a serapilheira e as folhas. Isso pode


equivaler a algo em torno de 30 t ha-1 de material sobre a superfície do
solo.

» Manter no mínimo 70% da superfície do solo coberta com resíduos.

105
UNIDADE IV │ COLHEITA

Erosão do solo

Água, vento e a força da gravidade criam descolamentos e transporte de partículas


de solo podendo resultar em erosão. No solo essa é, geralmente, consequência de
estradas mal construídas e falta de manejo adequado das áreas produtivas, como
a não implementação de terraços (Figura 45) e a falha na orientação do plantio em
relação à declividade da área (Figura 46).

Figura 45. Implantação de terraços no manejo do solo.

Fonte: https://www.epagri.sc.gov.br/wp-content/uploads/2019/06/terraceamento-site-300x201.jpg.

Figura 46. Orientação do cultivo seguindo a orientação dos terraços (plantio em contorno).

Fonte: https://belavistaflorestal.com.br/wp-content/uploads/2018/01/img55bb81547869b.jpg.

Os riscos de erosão do solo podem ser minimizados pela localização da plantação,


drenagem, escolha do sistema de colheita, localização das vias de acesso para
atividades de colheita e pós-colheita. A definição da época das operações também é
uma variável que deve ser incluída nas metas de planejamento (SCHNEIDER, 2008).

106
COLHEITA │ UNIDADE IV

Proteção de cursos de água

Os córregos são um recurso importante para água potável, irrigação, uso industrial
e para a vida selvagem. As atividades de colheita ao longo dos córregos podem
afetar a qualidade água através de sedimentação e contaminação química. Um
dos métodos mais eficazes para proteger cursos d’água é implementar práticas
de gerenciamento específicas para estas regiões. Esse planejamento depende de
vários fatores, incluindo:

» As razões para a proteção do córrego.

» As atividades permitidas nessas áreas.

» A declividade do local.

» A erodibilidade do solo.

» A intensidade e quantidade de chuva registradas historicamente no


local.

Planos de colheita que favoreçam movimentação de toras longe dos córregos são
melhores para a proteção desses. Durante a colheita, as irradiações dos cursos
d’água podem ser protegidas controlando a direção do corte das arvores, evitando
arraste de produtos próximos e planejando a época em que as atividades de
colheita são realizadas.

Os recursos humanos devem ser instruídos nos procedimentos de prevenção


e controle de riscos de derramamentos de produtos químicos nessas áreas. Os
equipamentos devem ser inspecionados quanto a vazamentos e vedações de
mangueiras.

Em nenhuma hipótese equipamentos podem ser lavados em cursos d’água


naturais.

Conservação da vida selvagem

A colheita florestal pode afetar a vida selvagem removendo ou degradando o


habitat natural de algumas espécies e/ou aumentando a facilidade de caça de
animais selvagens. A conservação do habitat pode ser feita pela implementação
de manejos adequados e bem dimensionados que contemplem o corte seletivo,
limites de remoção de madeira por tempo, corredores de vida selvagem e proteção
de contornos de cursos d’água (SESSIONS et al., 2007).

107
UNIDADE IV │ COLHEITA

As políticas de uso comercial de florestas naturais seguem as diretrizes


estabelecidas pelos governos (federal e estadual) e são monitoradas por
meio de autoridades florestais nacionais (Polícia Federal e IBAMA) e regionais
(Secretárias municipais e estaduais de meio ambiente e Polícia Militar
Ambiental). Lembre-se de conduzir projetos florestais em conformidade com
as leis, evitando assim prejuízos futuros.

Custos
Para criar um planejamento econômico, é necessário avaliar o custo de alternativas
de extração da madeira. Isso requer estimativas de ritmo de colheita e custos com
equipamentos e mão de obra. Para isso, o gestor deve compreender as características
operacionais e de custo dos sistemas de extração de madeira disponíveis,
especialmente em relação ao tamanho das árvores, volume de colheita, distância
de arraste e direção de arraste (OLIVEIRA et al., 2006).

O custo das máquinas florestais e do trabalho necessário para realizar uma


atividade é chamado de custo operacional da máquina. A maioria dos fabricantes
de equipamentos fornece dados para os cálculos desses custos que devem servir de
base para os cálculos do gestor.

Deve-se atentar, pois esses guias geralmente assumem que o equipamento


trabalhará durante todo o ano ininterruptamente. Assim, esses dados
normalmente precisam ser alterados para atender a condições específicas
de operação.

No Quadro 8 é apresentado um exemplo de planilha de cálculo de custos


operacionais de uma máquina que pode ser usado como um guia para seus
projetos futuros. Lembre-se de que cada realidade pode requisitar variáveis
específicas e é papel do gestor identificá-las e quantificá-las.

Quadro 8. Estimativa de custo operacional da máquina (FAO, 1974).

Máquina Potência (hp):________ Valor de aquisição:________


Vida útil em horas:________ Horas de uso anual:_______
Combustível Tipo:________ Preço por litro:_______
Pneus Medida:________ Tipo:_______
Custo de troca:________
Operador Salário por hora:_________ Benefícios:_____%

108
COLHEITA │ UNIDADE IV

Componente do custo Custo por hora


a) Depreciação = valor de aquisição da máquina * 0,9
vida útil em horas
b) Juros = valor de aquisição da máquina * 0, 6* taxa anual de juros
horas efetivas de uso anual
c) Seguro = valor de aquisição da máquina * 0, 6* 0,3
horas efetivas de uso anual
d) taxas = montante anual de taxas
horas efetivas de uso anual
e) Mão-de-obra = mão − de − obra por período * (1 + benefícios )
horas de trabalho na máquina por período
f) Combustível =
potência do motor ( hp ) * X * CL
Onde:
X = 0,12 para diesel e 0,175 para gasolina
CL = Custo por litro
g) Óleos e graxas =
potência do motor ( hp ) * X * 3, 4
100
Onde:
X = 0,2 para tratores, skidders, carregadoras e caminhões
X = 0,3 para feller-bunchers
X = 0,5 para processadores, colhedoras e forwarders
h) serviços e manutenção = valor de aquisição da máquina
vida útil em horas
Total =
Fonte: Sessions et al., 2007.

Leia o artigo Avaliação técnica e econômica da extração de madeira de


eucalipto com “clambunk skidder” para aprofundamento no estudo
de custos operacionais de máquinas florestais (OLIVEIRA et al.,
2006). Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
67622006000200014&script=sci_arttext&tlng=pt.

109
CAPÍTULO 2
Métodos de colheita

Introdução
Antigamente o corte em florestas naturais e plantadas era feito exclusivamente
com machados e serras manuais (Figura 47). Nas florestas naturais, as serras
manuais foram substituídas por motosserras a gasolina (Figura 48). Nas florestas
plantadas, motosserras são usadas para árvores maiores e terrenos muito
declivosos. Nas áreas mais tenrificadas o corte é mecanizado (FLORIANO, 2018).

Como gestor de uma plantação florestal, você deve estar preparado para lidar
com as diferentes técnicas disponíveis para a colheita florestal, uma vez que
nem todas as empresas detém as melhores condições e os mais novos recursos
tecnológicos. Apesar disso, neste capítulo serão abordadas as técnicas mais
recentes dando maior enfoque para a gestão da colheita mecanizada de
plantações florestais.

Figura 47. Serra manual usada antigamente para corte de árvores.

Fonte: https://br.vazlon.com/static/pics/2018/02/27/Serra-Antiga-Modelo-Traador-Tam-Peq-20180227063356.jpg.

Figura 48. Corte de árvore utilizando motosserra à gasolina.

Fonte: https://colheitademadeira.com.br/wp-content/uploads/2014/05/img_126.jpg.

110
COLHEITA │ UNIDADE IV

Planejamento de campo
O corte é o primeiro passo no processo de conversão de árvores em produtos
florestais. As metas do processo de corte, enleiramento, processamento e
carregamento devem estar bem esclarecidos para os coordenadores, líderes e
operadores de campo.

As características do corte devem estar claramente especificadas e o controle de


qualidade mantido para minimizar o desperdício de madeira no campo e melhorar
o aproveitamento dos toretes na indústria. Além disso, os coordenadores e líderes
de campo devem entender como a agilidade, preparo e planejamento podem
afetar a eficiência da operação de arrasto e enleiramento das arvores cortadas,
toras e toretes e, consequentemente, os lucros para a empresa. Esses processos
são aplicáveis às florestas plantadas (Figura 49).

Figura 49. Toretes empilhados de eucalipto.

Fonte: https://1.bp.blogspot.com/-E-0ZustSloc/UOcJivIdzDI/AAAAAAAAAaU/UsEXjhK48YM/s1600/PC300002.JPG.

Já nas florestas naturais outros desafios são criados. Em florestas naturais as


árvores adequadas para utilização são distribuídas irregularmente e o volume e
número por hectare geralmente é baixo. Devido ao grande número de espécies,
sua identificação pode ser difícil.

As trilhas de arrasto das árvores cortadas devem ser sinalizadas ou identificadas


antes do corte para facilitar o manejo (Figura 50). A direção do corte deve
considerar critérios prioritários, como árvores de colheita futuras e direção de
arrasto. As árvores a serem removidas devem ter sido pintadas, sinalizadas ou
marcadas durante planejamento pré-colheita.

111
UNIDADE IV │ COLHEITA

Figura 50. Mapa operacional para equipe de corte de árvores em áreas de florestas naturais.

100 m

Fonte: Sessions et al., 2007.

Lembre-se de se planejar previamente para que o time de derrubada não


corte nenhuma árvore que tem proteção especial pela legislação.

Existem vários aspectos relacionados à segurança que as equipes de corte


devem manter, por exemplo, elas devem garantir uma distância mínima de
dois comprimentos de árvores de outros trabalhadores e essa distância deve ser
aumentada para quatro comprimentos de árvore quando a visibilidade é baixa.
Além disso, é importante planejar rotas de fuga em um ângulo de 45 graus da
queda da árvore (SESSIONS et al., 2007).

Para saber mais sobre os aspectos relacionados à segurança dos


trabalhadores no manejo de florestas acesse o material “Cartilha
sobre o trabalho florestal”. Disponível em: http://www.florestal.gov.br/
documentos/concessoes-florestais/monitoramento/8-cartilha-sobre-o-
trabalho-florestal/file.

Corte e enleiramento mecanizados


As opções que as empresas detêm nas operações de colheita florestal variam
da realidade de cada uma, mas os as principais combinações são harvester +
forwarder, feller-buncher + skidder em sistemas de toras longas ou árvores
inteiras, e motosserra + cabo aéreo, empregado em áreas declivosas. Agora cada
equipamento desses será detalhado.

112
COLHEITA │ UNIDADE IV

Corte mecanizados

O corte mecanizado é uma das técnicas de corte de árvores dentre as demais opções
existentes e está sendo cada vez mais utilizado em florestas plantadas. Possui
algumas vantagens sobre o corte manual, como:

» Maior segurança do trabalhador que promove o corte.

» Rendimento operacional de produção muito mais altas por


homem-hora (a harvester podem atingir até 100 árvores por hora).

» Menos desperdício, pois promove um corte mais baixos.

» Maior eficiência da operação de arraste.

Entretanto o corte mecanizado ainda apresenta algumas desvantagens em relação


ao manual, como:

» Maior investimento de capital.

» Potencial para maior compactação do solo.

» Operação mais limitada pelas condições do terreno, incluindo


obstáculos, declividade e condições de umidade.

Nas máquinas de corte mecanizado as serras geralmente são acionadas


hidraulicamente e são montadas em cabeçotes de corte que incluem vários tipos
de garras de acúmulo (Figura 51). Os cabeçotes de corte podem estar montados
em diversas máquinas, como em carregadeiras, escavadeiras e forwarders com
rodados de pneu e de esteira.

Figura 51. Cabeçote de Feller Buncher.

Fonte: https://www.loggingon.net/userfiles/Image/news/July%202011/Quadco%20saw%20teeth%20and%20discs%20logging.
jpg.

113
UNIDADE IV │ COLHEITA

Em situações em que o corte é realizado como uma atividade separada (função


única) a máquina é chamada de feller buncher (Figura 52). Outras vezes, o corte
é combinado com o desgalhe, a descasca e a divisão da árvore em toretes no tamanho
desejado (múltiplas funções de processamento), com essas características a
máquina é chamada de harvester (Figura 53). Alguns modelos de cabeçotes de
corte podem serrar árvores de até 90 cm de diâmetro.

Figura 52. Feller buncher em operação com mais de uma árvore no cabeçote de corte.

Fonte: https://www.tigercat.com/wp-content/uploads/2014/12/DSC_0023-cc.jpg.

Figura 53. Harvester em operação descascando e desgalhando a árvore cortada.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcTgWwVuhDnLqPorkrlCM7-aHCHqLxQ4k0JxpQ&usqp=CAU.

114
COLHEITA │ UNIDADE IV

Os feller bunchers podem aumentar substancialmente a produtividade da


operação de arraste, pois têm a capacidade de cortar e empilhar as árvores para
serem arrastadas pelos skidders. Normalmente os cabeçotes de corte das feller
bunchers são combinados com garras hidráulicos (Figura 54) para acumular de
duas a seis pequenas árvores em antes de derrubá-las sobre o solo.

As taxas de produção para feller bunchers dependem principalmente do tipo


de cabeçote de corte, diâmetro das árvores e número de árvores por hectare. A
produção varia de uma a três árvores por minuto e pode chegar a 200 árvores
por hora.

Figura 54. Produção média de feller bunchers em função do tamanho das árvores.

60
Produção (m³/hora máquina)

30

0
0,3 0,7
Volume por árvore (m³)

Fonte: Sessions et al., 2007.

As harvesters, como dito anteriormente, são máquinas que cortam, derrubam,


descascam os caules das árvores, desgalha e segrega pode separar a tora em toretes
variados. As harvesters são divididas em dois grupos.

Os rodados da harvester podem ser de esteira ou de pneus. Todos os cabeçotes


de harvester são acionados hidraulicamente. Elas podem ser equipadas com
luzes e geralmente trabalham dois turnos, a fim de usar com mais eficiência o
investimento de capital. O alcance da máquina depende do tamanho da lança que
suporta o cabeçote, mas geralmente é de 7 a 10 m.

Os comprimentos dos toretes são controlados por instruções pré-programadas


de um computador de bordo. O volume é calculado automaticamente com base
no comprimento e diâmetro das toras, fornecendo um registro de produção
no computador. Algumas harvesters podem transmitir essas informações
digitalmente. Além disso, elas podem trabalhar em inclinações de até 40%,
entretanto deve-se atentar que sua produtividade cai em inclinações superiores
a 30% (Figura 55).
115
UNIDADE IV │ COLHEITA

Figura 55. Harvester operando em área declivosa.

Fonte: https://img.agriexpo.online/pt/images_ag/photo-g/182157-11850634.jpg.

A medição de produtividade é mais difícil da máquina processar nos períodos em


que a casca está solta. Ademais, a produtividade é fortemente influenciada pelo
volume da árvore (Figura 56).

Figura 56. Estimativa de produção por hora para uma harvester em uma floresta plantada.

50
45
40
Produtividade (m³/hora)

35
30
25
20
15
10
5
0
0 0,5 1 1,5
Volume por árvore (m³ abaixo da casca)

Fonte: Sessions et al., 2007.

116
COLHEITA │ UNIDADE IV

Equipamentos de arraste e carregamento

Equipamentos de arraste

Florestas naturais

O arraste das árvores cortadas em florestas naturais é normalmente realizado por


skidders articulados e com rodados de pneus ou de esteira. Os skidders usados na
floresta natural são geralmente equipados com lâminas, guincho e garras (Figura 57).

Figura 57. Skidder de pneus.

Fonte: https://img.directindustry.com/pt/images_di/photo-g/50033-9767716.jpg.

Outro tipo de skidders disponível são os de esteiras. Esses são mais utilizados
em áreas de maior declividade com solos mais sensíveis à compactação. Os
skidders de esteira rígida são máquinas fortes e lentas, construídas para
empurrar e puxar sob condições adversas (Figura 58).

Figura 58. Skidder de esteira rígida.

Fonte: https://encrypted-tbn0.gstatic.com/images?q=tbn%3AANd9GcSiYEnXCStEuoUh0TruR6e8QFRvckN1WWWbmQ&usqp=C
AU.

117
UNIDADE IV │ COLHEITA

Os skidders de esteira flexível alcançam maiores velocidades que os de esteira rígida


e são os mais indicados quando a preocupação principal é o solo. Além disso, esses
são capazes de transitar quase tão rápido quanto skidders de pneus. Embora eles
tenham lâmina, são usados para trabalhos leves, como empilhar toras ou remover
detritos de maneira semelhante à dos skidders de pneus (SESSIONS et al., 2007).

Figura 59. Skidder de esteira flexível.

Fonte: https://kootenaybiz.com/images/uploads/Kootrac1.jpg.

O skidder de pneus, em geral, é mais rápido e mais barato que skidders de esteira,
mas pode desenvolver menos tração e pode não puxar uma carga tão grande
quanto os skidders de esteira. Assim, o skidder de pneus é normalmente utilizado
quando se tem as melhores condições de solo, os troncos não são tão grandes e as
distâncias de arraste são maiores. Os skidders de esteira rígida são indicados em
situações de toras grandes, a distância de arraste é curta e as condições do solo
são ruins. Os skidders de esteira flexível são indicados para distâncias de arraste
longas, condições de tração ruins e condições de solo não tão ruins.

Todos os skidders funcionam melhor ao arrastar ladeira abaixo. Entretanto, o


máximo de inclinação segura para os skidders de pneus é de cerca de 30%. Já os
skidders de esteira podem operar até 40%.

Florestas plantadas

O arraste das toras nas florestas plantadas pode ser feito por trator agrícola, skidder
(todos os tipos descritos anteriormente) ou forwarder (Figura 60). Quando são
utilizados tratores agrícolas é indicado que se use aqueles com tração nas quatro
rodas.

118
COLHEITA │ UNIDADE IV

Figura 60. Forwarder operando em área de maior declive.

Fonte: https://www.millertimber.com/wp-content/uploads/Elephant-Myrtle-3_600.jpg.

Os forwarders são veículos articulados de rodados de pneus com um


compartimento para transportar toras. Geralmente carregam toras de 2,5 a 6 m
em cargas de 5 a 15 toneladas. A lança hidráulica é responsável por carregar e
descarregar as toras. Em comparação aos skidder, os forwarders têm a vantagem
de entregarem a madeira mais limpa e com maior segurança para os operadores.
No entanto, os forwarders são mais caros que os skidders de pneus.

Uma máquina intermediária aos skidders e forwarders é o clambunk skidder


(Figura 61). O clambunk skidder tem uma garra invertida na parte traseira e um
lança hidráulica que é usada para carregar as toras longas ou árvores. A carga é
descarregada abrindo a garra invertida e movimentando o equipamento.

Figura 61. Clambunk skidder carregando toras de eucalipto.

Fonte: https://www.tigercat.com/wp-content/uploads/2016/07/C640E_DSC_0630-webop-940x430.jpg.

119
CAPÍTULO 3
Carregamento e Transporte

Carregamento
O carregamento moderno de toras geralmente é feito mecanicamente. Uma das
máquinas que podem ser usadas para esta operação é a carregadora hidráulica com
garras traçadoras (Figura 62). Estas, basicamente, são escavadeiras hidráulicas
equipadas com garras e serras para realizar o traçamento e carregamento,
tanto de árvores inteiras, como de toras e toretes. A desvantagem desse tipo de
equipamento é pelo fato de que as árvores devem, anteriormente, ter passado
por um desgalhamento. Além das garras traçadoras, alguns forwarders, no caso
de madeira curta, têm a capacidade de descarregar diretamente no caminhão ou
reboque, economizando assim um custo de manuseio.

Figura 62. Garras traçadoras para processamento e carregamento de toras em campo.

Fonte: http://www.madeiratotal.com.br/wp-content/uploads/2017/08/Garra-Tra%C3%A7adora-TJPSG-2-1334x750.jpg.

Quando as toras são grandes e o volume de madeira colhido é muito pequeno,


impossibilitando a disponibilidade de capital de investimento em carregadores
modernos, há outras maneiras para carregar os veículos. Tratores e guinchos de
todos os tipos podem ser usados para carregar o material. Às vezes, o guincho pode
ser montado e alimentado pelo veículo transportador através de sua transmissão
(guindastes florestais). Em alguns casos, escavadeiras são usadas para empurrar as
toras grandes para cima dos veículos de transporte.

120
COLHEITA │ UNIDADE IV

Nas situações em que as toras ou toretes são leves o suficiente para serem
manuseados manualmente, o carregamento pode ser feito por um ou mais homens
levantando ou rolando.

Carregamento com Carregadoras Hidráulicas

As carregadoras hidráulicas de lança articulada (comumente chamadas de


carregadeiras florestais) são montadas em bases giratórias e transportadores de
pneus ou de esteira, as mesmas das garras traçadoras descritas anteriormente, no
entanto só apresentam a função de carregamento (Figura 63).

Figura 63. Carregadoras com lanças hidráulicas e articuladas e garras: (a) de esteira; (b) de pneus; (c) acopladas

ao caminhão (guindaste).

(a)

(b) (c)

Fonte: Sessions et al., 2007.

As carregadeiras de rodas são geralmente equipadas com estabilizadores.


Quando a carregadeira é montada em caminhão, o motor que aciona as bombas
hidráulicas para carregadeiras é instalado na plataforma giratória. Carregadoras
com lança articulada pequena podem ser montadas na estrutura do caminhão
atrás da cabine ou em algum outro lugar, dessa forma se combina a unidade de
transporte e carregamento.

121
UNIDADE IV │ COLHEITA

Custos de carregamento

Ao carregar toretes ou toras longas deve-se empilhar a madeira paralelamente


entre elas e apontadas na direção da estrada, como demostrado na Figura
49. O caminhão deve ser manobrado até que esteja voltado para a direção de
transporte e a carregadora em posição de operação. Se as máquinas não forem
bem posicionadas ou a carregadora não conseguir alcançar madeira suficiente
para concluir a carga, ambos deverão ser novamente manobrados. Todas
essas operações demandam tempo (hora máquina) e, por isso, devem ser bem
planejadas com o objetivo de reduzir os custos da operação.

É importante que se determine o custo operacional de cada operação. Desta


forma, o gestor consegue planejar e identificar pontos de melhoria. Abaixo está
demonstrada uma metodologia de cálculo do custo da operação de carregamento
(SESSIONS et al., 2007).

0,55 * C
TC
= TF +
CG
TC Co + s (1 + b ) 
CC =
60* C

Onde:

» TC = tempo calculado do carregamento de um caminhão em minutos


(min);

» CC = custo de carregamento por metro cúbico (R$/m³);

» C = capacidade de carga em volume do caminhão (m³);

» TF = tempo fixo do carregamento de um caminhão em minutos (min);

» CG = capacidade de carga em volume da garra da carregadora (m³);

» Co = Custo operacional da carregadora excluindo os ganhos do operador


(R$/hora)

» s = os ganhos do operador por hora máquina (R$/hora);

» b = os ganhos de produtividade do operador relativos a seus ganhos


principais (%).

122
COLHEITA │ UNIDADE IV

Descarregamento

Existem muitos métodos para descarregar caminhões e reboques que dependem


das circunstâncias e estruturas disponíveis. No entanto, para proceder com o
descarregamento em pátios de fábricas é possível que a madeira seja descarregada e
empilhada com o mesmo tipo de equipamento usado na operação de carregamento e
com aproximadamente o mesmo custo por metro cúbico (SESSIONS et al., 2007).

Transporte

Caminhões

A produtividade do transporte de caminhões é afetada pelo tamanho da carga e pelo


número de viagens (idas e voltas) feitas por dia. A produtividade do caminhão é
dependente do tempo de carregamento e descarregamento e do tempo de viagem
(que depende da velocidade de deslocamento).

As distâncias de transporte podem variar de alguns quilômetros até centenas


de quilômetros. Um produto de baixo valor, como lenha, pode ser transportado
economicamente somente em distâncias relativamente curtas. Madeira roliça é
mais valiosa, o que possibilita seu transporte por distâncias maiores. Um dos
principais fatores determinantes da distância ideal é o preço do combustível
na região de trânsito e as condições das vias de acesso. Sabemos que, em
alguns casos, para chegar às plantações florestais é preciso passar por estradas
não pavimentadas que nem sempre se encontram em boas condições de
trafegabilidade.

Equipamentos

A escolha do caminhão e reboque adequados depende principalmente do tamanho


e da forma da madeira, distância de transporte, estradas e pontes, assim como da
estrutura de carga e descarga.

Como gestor, em algum momento você poderá indicar ou recomendar


a compra de novos equipamentos para a empresa em que trabalha.
Lembre-se que a escolha das marcas não deve ser pautada unicamente
no preço. Independentemente se a compra é de uma máquina de alto
valor, um caminhão ou mesmo um trator pequeno, a qualidade, relação
custo-benefício e disponibilidade de serviços adequados e de peças de
reposição na região são quesitos fundamentais para o sucesso da compra.

123
UNIDADE IV │ COLHEITA

Para escolher o caminhão adequado para diferentes condições de transporte as


alternativas são:

» Dois, três ou até 15 eixos (hexatrens).

» Rodagem simples, dupla e eixos bogie.

» Um, dois, três ou mais eixos de tração.

» Reboque ou semirreboque e o número de vagões.

Ao escolher um caminhão com uma capacidade de carga adequada, a massa e


os comprimentos da madeira que será transportada devem ser conhecidos. Não
esqueça de se informar sobre a capacidade de carga das estradas e pontes que
a carga irá transitar. Além disso, atente-se para o que preconiza a legislação
quanto à carga máxima permitida (peso bruto total), à distância mínima entre os
eixos, à carga máxima permitida por eixo e ao comprimento total da unidade de
transporte. Tipos comuns de caminhões utilizados para transporte de madeira são
apresentados na Figura 64.

Figura 64. Características de alguns caminhões e reboques de transporte de madeira.

Fonte: Sessions et al., 2007.

124
COLHEITA │ UNIDADE IV

Caminhões de dois eixos (4 × 2 ou 4 × 4) e três eixos (6 × 4 ou 6 × 6) são capazes


de transportar cargas de 5 a 6 toneladas ao longo de estradas precárias e podem
ser manobrados facilmente girando em locais estreitos. Caminhões de três eixos
(6 × 2 ou 6 × 4) com um reboque são mais indicados para situações em que as
estradas são boas e para longas distâncias de transporte.

O reboque pode ter dois, três ou até quatro eixos e pode transportar cargas de 35
a 40 m³. Com plena carga, pode pesar 50 toneladas ou mais. É comum se utilizar
atrás do semirreboque mais reboques dependendo da legislação para o local do
transporte. Em grandes plantações florestais no Brasil, utilizam-se até 6 vagões
(Figura 65).

Figura 65. Hexatrem carregado com toras de eucalipto operando no estado de Mato Grosso do Sul.

Fonte: https://www.comprerural.com/wp-content/uploads/2019/12/B3-Hexatrem_Suzano_MS_.jpeg.

Custo de transporte

Em geral os custos anuais dos caminhões e seus conjuntos estão ligados aos
custos de combustível e lubrificantes, reparo e manutenção, pneus, custos de
capital e outros. O custo operacional pode ser estimado usando a metodologia
apresentada no Quadro 7. Uma alternativa que o gestor tem para diminuir
o custo operacional do transporte é aumentar as horas de trabalho efetivo
realizadas por ano. Alternativas como os custos diários por unidade de madeira
são dependentes de cada situação, ou seja, do tamanho da carga e do número de
idas e voltas por dia.

125
UNIDADE IV │ COLHEITA

O tamanho da carga pode ser limitado pela capacidade máxima de carga, condições
do caminhão e limite de capacidade de carga das estradas e pontes, por exemplo.
Além disso, está ligado às condições meteorológicas e à presença de declives e
aclives acentuados. Se a estação chuvosa limitar o uso de caminhões por longos
períodos no ano, o custo fixo de um caminhão pesado pode ser muito alto. Nesse
caso, caminhões menores seriam mais viáveis economicamente.

Como dito anteriormente nesta Unidade, o tempo necessário para uma viagem de
ida e volta depende do tempo de carga e descarga, juntamente com a velocidade
de condução e a distância de transporte. Os custos por carga são calculados
dividindo-se os custos diários pelo número de cargas por dia. Portanto, o tamanho
da carga é decisivo, uma vez que cargas maiores são mais econômicas que cargas
menores.

O custo operacional para caminhões menores geralmente é baixo, entretanto,


quando calculado por metro cúbico e quilômetro rodado, pode ser maior do que
para caminhões pesados. Porém, é preciso se atentar para o fato de que a velocidade
de condução de caminhões pesados em estradas ruins é baixa, resultando em
alto consumo de combustível e necessidade constante de reparos. Nesse caso,
caminhões pesados podem não ser adequados em locais onde as estradas são
precárias. A velocidade de deslocamento de um caminhão madeireiro é afetada,
principalmente, pela qualidade das estradas, aclives e declives, quantidade e
intensidade de curvas, escolha do veículo adequado e habilidade do motorista.
Sendo assim, a construção e a manutenção das estradas florestais é um fator de
grande impacto no orçamento da empresa florestal.

A época de transporte pode afetar no grau e na velocidade de deterioração da


madeira, entretanto, lembre-se de que quanto mais verde a madeira estiver,
mais pesada ela será. Assim, o transporte de madeira verde é mais caro que
o de madeira seca. A forma da madeira também pode influenciar no custo do
transporte. Por exemplo, madeiras mais longas costumam ser mais baratas para
se transportar do que madeiras mais curtas. Essa afirmação vale para caso em
que ambas apresentem forma regular, facilitando a organização da carga.

Outro fator de grande impacto nos custos é a capacitação dos motoristas. Uma
pessoa sem experiência, treinamento adequado e descuidada pode levar a um
aumento da necessidade de reparos e queda da produtividade do transporte.
Normalmente quando o motorista é o dono do caminhão ele costuma ser mais
cuidadoso.

126
COLHEITA │ UNIDADE IV

Um motorista habilidoso pode aumentar a vida útil do caminhão e, ao


mesmo tempo, diminuir os custos e os riscos de acidentes.

Para que a operação de transporte tenha seus custos diminuídos o


gestor deve se atentar para diversos fatores que incluem desde as
estradas, passando pela escolha adequada do meio de transporte,
até a competência e responsabilidade dos motoristas. Sendo assim, o
transporte deve ser muito bem planejado e coordenado.

Variação da pressão dos pneus

Além de ser uma manutenção básica a que os pneus devem ser submetidos
frequentemente, a pressão dos pneus tem impacto direto nos custos e na segurança
da operação de transporte.

O uso de pneus radiais em baixas pressões de inflação (desde que estejam dentro
do recomendado pelo fabricante) é uma técnica que pode ser usada para aumentar
a área de contato com o solo, melhorar a tração, reduzir os custos operacionais
dos veículos e reduzir a manutenção das estradas (SESSIONS et al., 2007).

Com a redução da pressão a área de contato da banda de rodagem do pneu radial


com o solo aumenta (Figura 66). O objetivo é combinar as pressões de inflação
dos pneus com as condições operacionais específicas definidas pela velocidade,
terreno, carga e resistência da superfície da estrada. Em pressões mais baixas,
o impacto na superfície da estrada é reduzido e os sulcos (rastros) criados pela
passagem dos pneus sobre o solo são reduzidos. Com menos sulcos, a erosão
da superfície das estradas é reduzida. Em menores pressões a velocidade de
deslocamento pode aumentar devido à redução das vibrações do caminhão.

Figura 66. Variação da área de contato de pneus com o solo para diferentes pressões e carga do veículo.
Pressão Menor carga Maior carga

310 kPa

(45 psi)

210 kPa

(31 psi)

110 kPa

(16 psi)

Fonte: Adaptado de http://bndtechsource.ucoz.com/Main_Page_Jpgs/air_pressure_footprint_595.jpg. 127


UNIDADE IV │ COLHEITA

O uso de pressões reduzidas em terrenos acidentados e pneus radiais pode ser


incluído como estratégia de manejo não apenas para caminhões de transporte de
toras, mas também para carregadoras, forwarders, skkiders, tratores agrícolas e
caminhões basculantes.

Manutenção dos caminhões

A manutenção dos caminhões utilizados no transporte de madeira é fundamental


para o sucesso da operação. O objetivo do gestor é que a madeira seja transportada
com segurança, eficiência e economia. Para que isso ocorra, é necessário um
rigoroso controle da manutenção. É vantajoso que a empresa disponha de um
estoque mínimo das peças de frequente reposição. Além disso, de convênios
com postos de combustível ou um estoque próprio, mecânicos treinados e uma
estrutura adequada.

A gestão da manutenção inclui uma programação individual de cada caminhão


que pode ser compartilhada com o motorista. Este deve manter registros dos
abastecimentos e oficinas. Também deve ser capacitado para realizar pequenos
reparos que, eventualmente, podem ser necessários em locais remotos e sem sinal
de telefonia móvel.

Algumas verificações são diárias, assim como todos as outras máquinas florestais. O
motorista deve atentar-se para o nível do óleo do motor, nível do óleo da caixa de
transmissão, água de arrefecimento, as luzes e a pressão dos pneus. Ao fim de uma
jornada de trabalho, danos e falhas devem ser relatados para que a manutenção
aconteça o quanto antes.

A manutenção preventiva atende a um cronograma previamente definido. O


gestor da operação deve estar sempre atento, evitando atrasos e esquecimentos.
A manutenção preventiva visa evitar reparos urgentes (manutenção corretiva).
Esses, quando ocorrem, têm o potencial de gerar colapsos e, em situações
extremas, graves acidentes (Figura 67). Em situações mais brandas o motorista
percebe sinais por meio de ruídos incomuns durante a condução. Se ele não for
capaz de fazer o conserto, deve contatar a equipe responsável e seu superior. O
transporte de madeira tem grandes riscos implícitos que só são minimizados com
um bom planejamento e boa gestão.

128
COLHEITA │ UNIDADE IV

Figura 67. Acidente envolvendo um caminhão carregado de eucaliptos.

Fonte: https://s2.glbimg.com/gTmkmx5TDbnz7j7KSgzfptF6GhI=/620x465/s.glbimg.com/jo/g1/f/original/2014/09/17/acidente_na_
rodovia_es_482_4.jpg.

Segurança na condução

Um caminhão é uma máquina florestal cara que, por vezes, é conduzida em estradas
precárias e com grandes cargas, ou mesmo em vias públicas com tráfego intenso.
Se o caminhão não estiver sendo corretamente conduzido e com a manutenção
atualizada, a operação de transporte pode ser difícil, cara e perigosa.

Os motoristas devem ser treinados para dominar técnicas de condução, manutenção


e reparo de veículos de carga. Eles também devem poder seguir as instruções
básicas de segurança específicas para o transporte de madeira, além de atender
à legislação de trânsito vigente. É importante que o gestor pense nas condições
de alimentação e descanso adequadas no caso de longas viagens. Também é
importante instrui-los para os riscos da condução sob efeito de álcool e drogas.

No momento do carregamento o motorista deve estar atento à organização da


carga e verificar se o caminhão não está sobrecarregado. Depois de carregar, ele
deve verificar se a carga está bem afixada de maneira que impeça que a madeira
caia ou salte. Antes de passar por declives o motorista deve verificar os freios do
caminhão e dos reboques. Os freios do reboque devem ser tão bons quanto os do
caminhão, caso contrário o reboque pode empurrar bruscamente o caminhão em
fortes declives e diminuir a resposta da frenagem em situações de emergência.

129
UNIDADE IV │ COLHEITA

As características da superfície afetam diretamente a tração e o atrito dos pneus


no solo. Em solo argiloso seco, a resposta à frenagem é mais rápida do que em
superfícies com muito cascalho e areia. Já em solo argiloso úmido as derrapagens
são muito mais comuns necessitando de maior cautela na condução.

Deve-se conduzir os caminhões em velocidade compatíveis com as situações do


terreno e caminhão. Uma regra prática utilizada é a de descer uma colina na mesma
marcha que se usaria para subi-la com a mesma quantidade de carga. Frenagens
abruptas podem levar a acidentes e danos. A velocidade de condução em estradas
não pavimentadas deve ser reduzida, pois, em caso de necessidade de frenagem
repentina, a distância de parada é função da declividade da estrada e velocidade
de condução (quadro 9).

Quadro 9. Exemplo de distância mínima de parada em uma superfície de cascalho variando a velocidade do

caminhão e a inclinação da estrada.

Declividade (%) Distância de parada (m)


20 km/h 40 km/h 60 km/h
0 22 54 97
-5 23 59 107
-10 25 65 121
-15 27 75 143
Fonte: Sessions et al., 2007.

A responsabilidade do sucesso no transporte de madeira é partilhada entre


os motoristas e gestores. Sendo assim, planejamento, monitoramento,
treinamento, controle e gestão são fatores indispensáveis.

Considerações finais
Chegamos ao fim de mais uma disciplina, espero que você saiba como utilizar os
conhecimentos adquiridos aqui em sua atividade profissional. Ao longo do conteúdo
estudado tivemos a oportunidade de estudar diversos temas fundamentais para o
gerenciamento de projetos florestais.

Sempre se lembre de relacionar todo o conteúdo estudado com experiências


vividas, isso ajuda a consolidar o conhecimento. Brevemente, vamos refazer todo
o percurso de nosso estudo. Iniciamos contextualizando as florestas voltadas
para a extração de madeira no Brasil e no mundo e então avançamos passando
pela evolução das florestas plantadas no Brasil e no mundo para entrarmos no
estudo da indústria madeireira. Vimos sobre o manejo intensivo de florestas

130
COLHEITA │ UNIDADE IV

plantadas para, então, chegarmos às dinâmicas do mercado florestal que nos


deram uma base para compreender como se estrutura o sistema de produção e
como o mercado pode alterá-lo.

A partir disso entramos em assuntos mais específicos, como as divisões e


estratégias do planejamento e algumas alternativas tecnológicas para auxiliar
a gestão de projetos florestais. Finalmente, estudamos como se deve planejar e
gerir a colheita da madeira e quais equipamentos são utilizados desde o corte até
chegar ao destino final. Enfim, o estudo aplicado a projetos florestais demandou
uma visão multidisciplinar que construímos ao longo da disciplina, no entanto,
sabemos que não é possível abordar todos os aspectos relacionados a esse tema
e que são necessários vários profissionais e visões. A Figura 68 resume parte do
caminho percorrido por você nesta disciplina. Veja cada elemento nela e tente
associar com o texto que leu nesses últimos dias.

Figura 68. Colheita, carregamento e transporte de madeira de florestas plantadas.

Harvester Pilha de
toretes

Forwarder

Feller buncher
Carregadoras

Floresta
plantada
Destino final
Caminhões

Fonte: Adaptado de https://ars.els-cdn.com/content/image/1-s2.0-S096195341630099X-gr1.jpg.

Concluindo, ao longo de todo esse caminho destacamos o quão importante são


as florestas (plantadas e naturais) em nossas vidas e como é complexo seu estudo
e manejo. Sendo assim, continue estudando para aprimorar cada vez mais a sua
atividade profissional.

131
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