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Genética e Melhoramento

de Cultivares

Brasília-DF.
Elaboração

Kely Braga Imamura

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INTRODUÇÃO À GENÉTICA................................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
A COMPLEXIDADE DO MATERIAL GENÉTICO............................................................................ 16

CAPÍTULO 2
GENÉTICA E EVOLUÇÃO......................................................................................................... 22

CAPÍTULO 3
GENÉTICA MOLECULAR E DE POPULAÇÕES............................................................................. 29

CAPÍTULO 4
GENÉTICA MENDELIANA.......................................................................................................... 37

CAPÍTULO 5
DIVISÕES CELULARES: MITOSE E MEIOSE.................................................................................. 46

CAPÍTULO 6
ESTRUTURA E DUPLICAÇÃO DE DNA......................................................................................... 58

CAPÍTULO 7
BIOSSÍNTESE DE RNA E PROTEÍNAS........................................................................................... 64

CAPÍTULO 8
MUTAÇÕES GÊNICAS E CROMOSSÔMICAS............................................................................. 71

UNIDADE II
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS............................................................................................................... 77

CAPÍTULO 1
DIVERSIDADE GENÉTICA.......................................................................................................... 81

CAPÍTULO 2
PRESERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE........................................................................................ 91

CAPÍTULO 3
RESISTÊNCIA GENÉTICA DE PLANTAS AOS PATÓGENOS............................................................. 98
UNIDADE III
MELHORAMENTO DE CULTIVARES........................................................................................................ 113

CAPÍTULO 1
IMPORTÂNCIA, OBJETIVOS E CONCEITOS DE MELHORAMENTO GENÉTICO............................. 122

CAPÍTULO 2
ESTRATÉGIAS DE SELEÇÃO..................................................................................................... 129

CAPÍTULO 3
SISTEMA DE REPRODUÇÃO DE PLANTAS E SUA IMPLICAÇÃO NO MELHORAMENTO................. 136

CAPÍTULO 4
ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS ESPÉCIES CULTIVADAS................................................................. 142

UNIDADE IV
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES.................................................................................. 147

CAPÍTULO 1
MÉTODOS DE CONDUÇÃO DE PLANTAS AUTÓGAMAS, ALÓGAMAS E DE PROPAGAÇÃO
VEGETATIVA........................................................................................................................... 151

CAPÍTULO 2
MELHORAMENTO POR POLIPLOIDIA E MUTAÇÃO................................................................... 165

CAPÍTULO 3
MELHORAMENTO PARA RESISTÊNCIA ÀS PRAGAS: DOENÇAS, INSETOS E NEMATOIDES............ 177

CAPÍTULO 4
MELHORAMENTO PARA CONDIÇÕES TROPICAIS E ESTACIONAIS............................................ 183

CAPÍTULO 5
MELHORAMENTO PARA LONGEVIDADE (QUALIDADE FISIOLÓGICA) DA SEMENTE.................... 190

CAPÍTULO 6
MELHORAMENTO UTILIZANDO CISGENIA, TRANSGENIA E SUPEREXPRESSÃO GÊNICA .............. 195

CAPÍTULO 7
MARCADORES MOLECULARES APLICADOS NA SELEÇÃO E NO MELHORAMENTO GENÉTICO.. 206

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 213
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da


pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa,
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os
desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de


modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização


dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a


aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

7
Introdução

As mudanças climáticas recentes indicam que, além de serem necessárias soluções


mais apropriadas para todos, esforços diretos devem ser feitos em diferentes áreas do
conhecimento para encontrar alternativas que minimizem as consequências da seca,
a distribuição desigual das chuvas e o aumento da temperatura. Na atual situação
agrícola globalizada, o objetivo é buscar ou recomendar variedades que atendam
às necessidades prioritárias da cadeia produtiva nacional por meio de estratégias
de melhoria econômica, social, cultural e de segurança alimentar. A falta de água e
a má distribuição das chuvas apresentam grande impacto na indústria agrícola.
Pesquisas sobre a variabilidade genética natural e sobre as disponíveis nos bancos de
germoplasma ativo, combinadas com estratégias convencionais de aprimoramento
genético e com o uso de técnicas biotecnológicas – que estão ligadas, entre outras
coisas, ao conhecimento da fisiologia relacionada à seca –, foram a base do trabalho
desenvolvido.

A descoberta dos impactos ambientais em consequência da utilização desenfreada


de agrotóxicos gera efeito progressivo cuja expansão não é nada simples de ser
controlada, uma vez que a morte de insetos-praga acaba causando instabilidade
gigantesca na cadeia-alimentar, abrindo novos nichos que permitem que outros
insetos bem como plantas passem a se comportar como pragas, dessa forma, as
indústrias químicas procuram novos meios de lançar inovações no mercado com o
intuito de manter a estabilidade econômica dos agricultores. Mas – como sabemos –
essa atividade progressiva gera, consequentemente, maiores riscos de poluição do ar e
do solo, o que causa também danos à fauna e à flora e provoca seleção de organismos
resistentes (LONDRES, 2011).

Com isso, o avanço nas pesquisas científicas ao longo dos anos tem contribuído
para o desenvolvimento de alternativas na produção agrícola, principalmente no
quesito melhoramento genético. A aplicação da Engenharia Genética na produção
de Organismos Geneticamente Modificados (OGMs) também ganhou força nos
últimos anos, por ser alternativa ao uso dos agrotóxicos. O melhoramento genético de
cultivares gera outras cultivares que possuem as mesmas características fenotípicas
originais, mas os seus valores nutricionais possuem potencial mais elevado, por
exemplo, ou ainda seleciona cultivares mais resistentes ao ataque de insetos por
meio de técnicas de inserção de genes provenientes de outras plantas ou de micro-
organismos.

8
Objetivos
» Introduzir conceitos fundamentais sobre a gética e o melhoramento das
cultivares agrícolas.

» Caracterizar os principais aspectos inerentes á genética clássica.

» Desenvolver e entender a importância do melhoramento de cultivares


por meio dos principais conceitos de melhoramento.

9
INTRODUÇÃO À UNIDADE I
GENÉTICA

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Biologia Celular
e Molecular”, de Junqueira e Carneiro (2005); “Fundamentos da Biologia Celular”,
de Alberts, Bray, Johnson, Lewis, Raff, Roberts e Walter (2006); “Microbiologia”,
de Tortora, Funke, Case, (2012) e “Microbiologia: fundamentos e perspectivas”, de
Black, (2002).

Podemos inferir que uma das propriedades dos micro-organismos mais interessantes
em bioprocessos é a capacidade das células vivas em reproduzir clones por incontáveis
gerações com uma fidelidade impecavelmente magnífica. Essa replicação celular
de herdeiros clonais ao longo dos milhões de anos, na estrutura das moléculas que
contêm a informação genética, na estrutura celular e na herança molecular do DNA,
está cada vez mais sendo explorada em processos escalonados nos quais encontramos
micro-organismos.

Entre as descobertas mais notáveis da biologia no século XX está a natureza química e


a estrutura tridimensional do material genético – o ácido desoxirribonucleico, DNA. O
conhecimento da estrutura do DNA nos forneceu informações importantíssimas para
o desenvolvimento da manipulação genética, com a possibilidade de obter organismos
geneticamente modificados ou engenheirados. Imagine, conseguir obter em grandes
quantidades aquela enzima, aquele antibiótico, ou aquela vitamina que naturalmente
ou quimicamente só é possível alcançá-las em quantidades nanométricas? A
modificação genética de micro-organismos nos possibilita isso, é possível escalonar
a produção de biomoléculas acoplando os processos moleculares aos processos
bioquímicos de crescimento celular e escalonamento produtivo.

11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Do DNA à proteína: estruturas tridimensionais


Replicação Transcrição Tradução

A informação contida da dupla fita do DNA é replicada, transcrita em RNA mensageiro


e traduzida em proteína.

Passos para chegar à proteína

Replicação do DNA

Para que o DNA possa ser transcrito em RNA e traduzido em proteína, as fitas de DNA
parentais precisam ser desenroladas para que a DNA polimerase consiga ter acesso
às informações contidas das duplas fitas do DNA e assim poder duplicá-las. A fase
de alongamento da replicação inclui duas operações distintas, porém relacionadas: a
síntese da fita líder e a síntese da fita complementar. Várias enzimas na forquilha de
replicação são importantes para a síntese de ambas as fitas.

Depois que toda a parte necessária (gene que vai codificar para alguma proteína
importante naquele momento para o organismo) do DNA (que se encontra desenrolada
na forquilha de replicação) é duplicado.

Transcrição do DNA em RNA

Depois que o DNA é duplicado, imediatamente se forma a maquinaria de transcrição


(RNA transportador, ribossômico e mensageiro) para que aquela informação
seja rápida e eficientemente reproduzida em uma fita de RNA mensageiro, que
seguidamente vai ser traduzido em proteína. Muitos fatores regulam esse processo
para que seja copiado somente o que é necessário à tradução.

Tradução do RNA em proteína

As proteínas são os produtos finais das vias de informação do DNA. A todo o instante,
uma célula envia sinais para o organismo de que precisa de proteínas específicas para
executar funções próprias (proteínas relacionadas ao citoesqueleto, ao reparo de DNA,
ao dano às células, às proteínas sinalizadoras, entre muitas outras). Essas proteínas
precisam ser sintetizadas em resposta às necessidades da célula naquele momento e
direcionadas para locais intrínsecos nas células bem como degradadas quando não
forem mais necessárias.

12
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Quando conseguimos moldar, em laboratório, esses processos por meio da engenharia


genética, conseguimos produzir quantidade muito maior da proteína, da enzima,
do antibiótico que precisamos para fins biotecnológicos. Escalonar o processo de
clonagem e transportá-lo para as vias fermentativas, biossintéticas e industriais a
fim de obter biomoléculas de interesse da indústria biotecnologia e de bioprocessos
é a chave central para a engenharia bioquímica, na atualidade. Um clone é uma cópia
idêntica do DNA molde. Esse termo foi originalmente aplicado às células, entretanto,
quando o mesmo termo é usado para o DNA, um clone representa muitas cópias
idênticas de um pedaço específico de DNA. Esse é o processo de clonagem de DNA.

Figura 1. Do DNA à proteína.

Transcrição
Duplicação Tradução

Proteína
RNA
DNA
DNA molde

Fonte: http://biologia.resumoparavestibular.com.br/2015/12/transcricao-replicacao-e-traducao.html.

Classicamente, a clonagem de DNA a partir de qualquer organismo envolve cinco


procedimentos gerais:

1. Clivar o DNA em locais específicos/precisos. Para isso, utilizamos


enzimas que são capazes de reconhecer sequências específicas de DNA e
clivar somente o trecho necessário.

2. Selecionar plasmídeo específico, para que o inserto (fragmento de DNA


alvo/modificado) possa ser clonado.

13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Figura 2. Etapas simplificadas da clonagem do DNA.

Vetor de clonagem Cromossomo eucariótico


(plasmídeo)
2 – O fragmento de DNA de
1 – Vetor de interesse é obtido pela
clonagem é clivado clivagem do cromossomo com
com a endonuclease a endonuclease de restrição.
de restrição.
3 – Os fragmentos são ligados
ao vetor de clonagem
preparado.

DNA ligase
Vetor recombinante

4 – O DNA é introduzido
dentro da célula hospedeira.

DNA hospedeiro

5 – A propagação (clonagem)
produz muitas cópias do DNA
recombinante.

Fonte: Adaptado de Nelson; Cox (2011).

3. Ligar o inserto no plasmídeo (vetor). Para isso, utilizamos uma enzima


especifica que é capaz d unir covalentemente estes dois fragmentos
linearizados, as DNA-ligases.

4. Transformar ou Transfectar a célula hospedeira (inserto ligado ao


plasmídeo) que irá proporcionar a maquinaria enzimática para a
replicação do DNA.

5. Selecionar e identificar as células que contêm o DNA recombinante


(clone positivo).

14
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 3. Construção e aplicação de uma célula recombinante.

DNA que
1 – Um vetor com um 2 – O DNA é clivado em contém o gene
Bactéria plasmídeo é isolado. fragmentos por uma de interesse.
enzima.

3 – O gene é
inserido no
plasmídeo.

Cromossomo Plasmídeo Gene


DNA de
Recombinante interess
(Plasmídeo) e
4 – O plasmídeo é incorporado
por uma célula, como a de uma
bactéria.
Bactéria
transformada
5 – As células com os
genes de interesse são
clonadas.
O objetivo pode ser a O objetivo pode ser a
produção de cópia de obtenção do produto proteico
gene. ou do gene.
Plasmídeo
RN
A 6 – As células
Produto Proteico
produzem
6 – As cópias do proteínas.
gene são
purificadas.
7 – As
proteínas
desejadas são
purificadas.

Um gene para Um gene altera bactérias Produção de etanol, antibióticos,


resistência a uma de modo que elas possam lipídeos e outras enzimas usadas
peste é inserido em fazer limpeza de resíduos na biotecnologia industrial.
plantas. tóxicos.

Fonte: adaptado de Nelson e Cox, 2011.

A manipulação molecular dos micro-organismos, dentro da engenharia genética,


possibilitou-nos uma manipulação específica e direcionada do DNA por meio das
técnicas de recombinação do ácido desoxirribonucleico disponíveis atualmente.
O organismo mais manipulado geneticamente é a bactéria Escherichia coli, por
apresentar célula hospedeira simples e muito bem estudada.

Atualmente, utilizamos muitos micro-organismos, incluindo fungos filamentosos


e leveduras como a Pichia pastoris e a Saccharomyces cerevisiae, e alguns tipos
de microalgas para esses processos de clonagem molecular. O interessante de se
utilizar micro-organismos eucariotos é o fato de que, muitas vezes, os procariotos
não conseguem executar processos pós-traducionais da mesma forma que os
eucariotos executam. Assim, se a proteína é do tipo que precisa de algum processo
pós-traducional para conseguir executar a sua função, então é indicado escolher outro
modelo de replicação do seu clone.
15
CAPÍTULO 1
A complexidade do material genético

O material genético está na forma de


cromatina
O termo cromatina, com exceção dos nucléolos, é a substância que engloba toda a
porção do núcleo visível ao microscópio de luz e que incorpora corante. Nas células
eucarióticas, o DNA se complexa com proteínas específicas, como as histonas,
constituindo a cromatina, a qual se modifica de acordo com as fases do ciclo celular
e com o seu grau de atividade. Assim, no núcleo interfásico, pode estar compactada
e/ou descompactada; já no núcleo em divisão, tanto na mitose quanto na meiose,
ela está altamente espessa, compondo os cromossomos. Ou seja, a cromatina e
os cromossomos apresentam dois aspectos morfológicos e fisiológicos da mesma
estrutura celular.

Lembre-se, a disposição da cromatina dentro do núcleo, bem como o seu grau de


consistência são intrínsecos de cada tipo celular característicos de cada organismo.
Além disso, a mesma célula pode conter substância com diferentes graus de
condensação de acordo com o estágio funcional e com o estado de diferenciação em
que se encontra. De modo geral, as células nervosas e as células precursoras dos
espermatozoides, os espermatócitos, possuem cromatina pouco encorpada. As células
produtoras dos anticorpos, os plasmócitos, apresentam núcleos com grumos densos,
já os eritroblastos sofrem densidão gradual da cromatina durante sua maturação.

A cromatina é constituída por DNA


complexado com proteínas
As proteínas que se associam ao DNA para formar a cromatina são classificadas em
histonas e não-histonas, contendo sempre RNA associado a ela.

O DNA é constituído por duas cadeias polinucleotídicas complementares e


antiparalelas, unidas por ligações de hidrogênio, formando uma dupla hélice.

A quantidade de DNA por núcleo depende da espécie em questão, podendo ser vários
ou apenas um. De modo mensurável, essa medida, expressa em pares de bases (pb),
é representada como “valor C”. Assim, as células somáticas, diploides, possuem um

16
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

conteúdo 2C de DNA, enquanto os gametas, que possuem um conteúdo de DNA


reduzido à metade, apresentam uma quantidade C de DNA.

» Nos núcleos das células eucarióticas, o valor de C está entre 107 e


1011 pb.

Cromatina e expressão da informação


genética
Molecularmente, o gene pode ser definido como uma sequência de nucleotídeos
do DNA que foi transcrito em uma molécula de RNA e expresso em uma cadeia
polipeptídica. Entretanto alguns genomas, como o dos eucariotos, possuem enorme
quantidade de sequências gênicas que não são convertidas em produtos funcionais,
ou seja, não são transcritas nem traduzidas. Essas sequências são chamadas de
íntrons, ou sequências não codificadoras. Alguns íntrons são intergênicos, outros estão
presentes nos próprios genes. Nesses casos, todo o gene é transcrito em uma longa
molécula de RNA, esse mRNA (RNA mensageiro), é então processado e convertido em
uma molécula de RNA funcional. Esse processamento acontece no núcleo e envolve
o splicing, o qual é responsável por remover os íntrons, deixando apenas os éxons
– sequências codificadoras – na molécula de mRNA. O splicing é extremamente
complexo e totalmente preciso, uma vez que a molécula de RNA deve ser clivada em
locais exatos, e os éxons devem ser ligados também de maneira exata.

Os snRNA (small nuclear RNA) auxiliam o splicing do mRNA.

» São cinco moléculas diferentes de snRNA, quais sejam: Ul, U2, U4, U5 e
U6.

» Esses snRNA complexam-se com proteínas, constituindo o que


chamamos de snRNP (small nuclear ribonucleoproteins), que, por sua
vez, associam-se com outras enzimas, formando o spliceossomo.

Os genes podem estar repetidos


Interessantemente, o DNA presente nas células eucarióticas pode apresentar três
diferentes graus de repetição de suas sequências nucleotídicas, caracterizando três
categorias de genes:

» cópia única;

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» medianamente repetitivos;

» altamente repetitivos.

Nos genes de cópia única, cada sequência de nucleotídeo aparece somente uma vez
por genoma haploide, aqui encontramos a maioria dos genes estruturais, ou seja,
aqueles que codificam proteínas. Os genes de cópia única constituem:

» 58% do genoma de mamíferos;

» 54% do de anfíbios;

» 33% daquele de células vegetais.

Nos genes que se repetem moderadamente, as sequências nucleotídicas se repetem


um pequeno número de vezes. Geralmente, há entre 100 e 10.000 cópias de cada um
desses genes repetitivos no genoma do organismo. Todos os organismos eucariotos
possuem DNA que se repete de forma moderada, principalmente os genes que
codificam o RNA ribossômico podem conter mais de 100 cópias deste RNA – as
histonas e os transposons.

Uma enorme quantidade de DNA existente no núcleo das células é compactada,


ocupando pequeno espaço no núcleo.

» A cromatina ativa constitui a eucromatina, que pode estar condensada


ou descondensada.

» A cromatina inativa, sempre condensada, é chamada de heterocromatina.

A heterocromatina pode ser tanto (i) constitutiva – quando for formada por sequências
de DNA altamente repetitivas e estiver condensada – quanto (ii) facultativa – quando
não contiver DNA repetitivo, e podendo estar condensada em algumas células e
descondensada em outras.

Os elementos genéticos de transposição, também chamados de transposons,


são sequências de DNA que se movem de um local para outro em um mesmo
cromossomo ou para um cromossomo diferente.

18
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

A complexidade dos genomas é tão grande que os elementos transponíveis foram


detectados em organismos especialmente diferentes como: (i) bactérias, (ii) fungos,
(iii) vírus, (iv) vegetais superiores e (v) insetos. Essas sequências têm as seguintes
características:

» são curtas;

» estão restritas a regiões específicas do genoma;

» constituem o que conhecemos como “DNA satélite”.

Figura 4. A complexidade do material genético: DNA.

dR A T dR
3,4 nm
P P

dR T A dR

P P

dR C G dR

P P

dR G C dR

2,0 nm

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Lembre-se de que o número de cópias de um gene pode ser aumentado drasticamente


dependendo da fase do desenvolvimento do organismo, e este aumento está
diretamente relacionado aos estímulos específicos do genoma, por um processo
de amplificação gênica. Dessa forma, ao longo do tempo, uma célula pode produzir
cópias adicionais de um gene e, assim, aumentar rapidamente a produção de um RNA
específico.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Complexamente, a célula passa por dois estágios genéticos, quais sejam: a divisão
em duas células-filhas, conhecida como mitose; e o outro que se intercala entre duas
divisões sucessivas, a intérfase.

Ácidos nucleicos
O DNA e o RNA são designados em conjunto como ácidos nucleicos, pois foram
descobertos pela primeira vez nos núcleos das células. Os nucleotídeos são as unidades
estruturais dos ácidos nucleicos.

Cada nucleotídeo possui três partes:

» base nitrogenada;

» pentose, que é a desoxirribose ou ribose;

» grupo fosfato.

As bases nitrogenadas são cíclicas, compostas por átomos de carbono, hidrogênio,


oxigênio e nitrogênio e denominadas adenina (A), timina (T), citosina (C), guanina (G)
e uracila (U).

» A e G são estruturas de anel duplo chamadas de purinas.

» T, C e U são estruturas de anel simples denominadas pirimidinas.

Lembre-se de que, quando falamos em nucleosídeo, significa falar em uma combinação


de purina ou pirimidina mais um açúcar pentose.

DNA
De acordo com o modelo proposto por Watson e Crick, a molécula de DNA consiste em
duas cadeias longas enoveladas uma em torno da outra formando uma dupla hélice.

Cada fita de DNA que compõe a dupla hélice constitui-se de:

» açúcar desoxirribose;

» grupos fosfato alternados;

» bases nitrogenadas.

20
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Lembre-se de que a purina A é sempre pareada com a pirimidina T, e que a purina G é


sempre pareada com a pirimidina C. As bases nitrogenadas são unidas por ligações de
hidrogênio; A e T, por duas ligações; e G e C; por três ligações de hidrogênio. O DNA
não contém uracila (U).

Os genes determinam todas as características hereditárias e controlam todas as


atividades que acontecem no interior das células.

RNA
O RNA é diferente do DNA em inúmeros aspectos, veja alguns:

» O RNA geralmente é uma fita simples, exceto no genoma de alguns vírus.

» Possui açúcar de cinco carbonos, a ribose.

» Possui a base nitrogenada uracila no lugar da timina.

» Existem diferentes tipos de RNA nas células, incluindo o RNA


mensageiro (mRNA), o RNA ribossômico (rRNA) e o RNA transportador
(tRNA).

A propósito, os cromossomos, na maioria dos organismos, são visíveis somente


durante a divisão do núcleo, particularmente, durante a metáfase, etapa do ciclo celular
em que estão totalmente condensados. O cromossomo metafásico é formado por
proteínas acíclicas e é responsável pela condensação da cromatina. Cada cromossomo
é constituído por duas regiões longitudinais idênticas, chamadas cromátides, que são
unidas pela constrição primária ou centrômero – como discutimos no início deste
capítulo –, aumentando, assim, a complexidade do material genético.

21
CAPÍTULO 2
Genética e evolução

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Genética de Micro-
organismos em Biotecnologia e Engenharia Genética”, de Azevedo (1985); “Tipagem
Genética de Micro-organismos”, de Alves et al. (2007); “Genes: conceitos e aplicações”,
de Lewin (2001); e “Molecular biology of the cell”, de Alberts et al. (2017).

Tanto evolutiva quanto geneticamente, a propriedade mais interessante dos


organismos vivos e das células, no geral, é a capacidade de se reproduzir por milhares
de gerações com uma fidelidade praticamente perfeita. Essa continuidade hereditária,
ao longo dos anos, ajuda a manter a evolução das espécies. Por milhares e milhares
de anos, muitas espécies bacterianas possuem o mesmo tamanho, forma, estrutura
interna, moléculas precursoras e enzimas. Essa continuidade da estrutura e da
composição é o resultado da fidelidade do material genético.

Lembre-se de que o armazenamento, a expressão e a reprodução da mensagem


genética definem as espécies individualmente, bem como distinguem umas das outras
assegurando a sua continuidade em sucessivas e sucessivas gerações.

Genes e evolução
» A diversidade é a pré-condição para a evolução.

» A mutação e a recombinação genética fornecem a diversidade de


organismos, e o processo de seleção natural permite o crescimento
daqueles mais bem adaptados a determinado ambiente.

O DNA funciona como uma hélice de fita dupla, preservada pelo pareamento de bases
nitrogenadas específicas (A=T; C=G). A sequência de bases codifica a informação
genética, e a estrutura complementar do DNA possibilita a replicação exata deste
durante a multiplicação celular.

Gene é uma esfera de DNA que é capaz de codificar um produto funcional que é a
proteína. A ordem de um gene é transpassada para gerar molécula singular de RNA,
o RNAm. A informação do RNAm, então, é traduzida em uma ordem específica de
aminoácidos que originam a proteína.

22
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

A célula das bactérias é a menor corporação viva autossustentável liderada por


informações genéticas. As células bacterianas podem apresentar mudanças que
induzem à criação de clones com características diversas do clone “selvagem” original.
A alteração se dá por meio de mutação ou recombinação.

Conceito de evolução
Em teoria, quando falamos de evolução, discutimos qualquer alteração alélica da
população, visando torná-la mais adaptada.

Evolutivamente, as mutações revelam as funções dos genes.

Bases genéticas da evolução

Entre as bases genéticas da evolução, podemos destacar:

» mutação, uma vez que há a criação de novos genes;

» recombinação genética;

» poliploidia;

» hibridação interespecífica;

» seleção natural;

» seleção artificial.

Recombinação

» A recombinação também faz parte das modificações evolutivas e


genéticas, uma vez que auxilia na ampliação da variabilidade genética
criada por:

› mutação gênica;

› segregação mendeliana;

› crossing-over.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Mutação

A mutação, como estudaremos detalhadamente adiante, é o único processo que cria


variabilidade.

Tipos de mutação

» Mutação gênica.

» Mutação cromossômica, que pode ser:

› estrutural: deleção, duplicação, inversão e translocação;

› numérica: aneuploidia e euploidia;

› extranuclear, incluindo a mitocôndria e o cloroplasto;

› espontâneas;

› induzidas.

Figura 5. Modificações genéticas.

A b c d e

a b c d e

A B C D E

a B C D E

Fonte: adaptado de Branco, 2005.

Importância da variabilidade
» Pré-requisito utilizado para o melhoramento de plantas.

A semelhança das rotas metabólicas e das sequências genéticas entre os organismos


sugere que todos os organismos derivaram de um ancestral evolutivo em comum,
adicionando a esta evolução uma série de pequenas mudanças, ocasionadas
primordialmente por mutações – cada uma conferindo uma vantagem seletiva a um
organismo em um nicho ecológico.

24
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Mudanças nas instruções hereditárias


possibilitam a evolução
Conversamos muito ao logo desta apostila, e conversaremos ainda, a respeito da
fidelidade genética da duplicação do DNA, promovendo a continuidade das espécies
evolutivamente. Entretanto, são as modificações nestas estruturas que causam
diferenças evolutivas entre as espécies. Ou seja, erros não reparados, ou reparados
incorretamente no processo de replicação do DNA levam a mudanças na sequência
de nucleotídeos, produzindo mutações genéticas, alterando as instruções para um
componente celular.

Figura 6. Duplicação cromossômica.


Antes da Depois da
duplicação duplicação

Área
duplicada

Fonte: adaptado de Fridman, 2010.

Em todas as células, a expressão de genes individuais é extremamente regulada.


Assim, ao invés de gastar toda a energia replicando gene que não será usado naquele
momento, a célula ajusta a taxa de transcrição e de tradução dos diferentes genes
independentemente, de acordo com a necessidade.

História da Teoria da Evolução


Em 1809, Lamarck, estudando os seres vivos, concluiu que a natureza força os seres
a se adaptarem. Com isso, entendemos que as características dos organismos são
adquiridas ao longo da vida e passadas adiante para as próximas gerações Darwin,
em 1859, possuía a teoria da variabilidade, na qual os seres vivos apresentam
características herdadas de geração em geração, tornando-os diferentes com relação

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

à adaptabilidade. Entende-se que a seleção natural escolhe os organismos mais


adaptados, impulsionando a evolução.

Posteriormente, surgiram os conceitos do Neodarwinismo – ou Teoria Sintética da


Evolução –, neles foram acrescentadas algumas concepções:
» Mutações e recombinações genéticas são responsáveis por causarem
variações genéticas, auxiliando a evolução.
» Além do cruzamento entre espécies, têm-se mutações, recombinações
genéticas, crossing-over, ação dos elementos transponíveis, plasmídeos
bacterianos, e recombinação cromossômica na meiose.

Figura 7. Mutações x seleção natural.


Mutações Seleção natural

Seres vivos Variabilidade Adaptação

Fonte: adaptado de Slideplayer, 2010.

Como estudamos, a Teoria Sintética da Evolução considera alguns fatores evolutivos,


entre os quais estão:
» mutações;
» recombinação;
» seleção natural;
» migração; e
» oscilação genética.

Seleção Natural
Ocorre apenas caso as recombinações genéticas e as mutações consigam promover
variabilidade, se houver alterações ambientais.

O entendimento da genética, aliado à evolução das espécies – humana, animal, vegetal


ou micro-organismos –, proporciona-nos:
» Evitar ou prevenir doenças.
» Obter cultivares mais resistentes à seca, às pragas, aos patógenos, à
temperatura.
» Escalonar produção de enzimas e proteínas.

26
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

As taxas de evolução variam de acordo com a espécie em questão. Por exemplo, se


compararmos a taxa de evolução na linhagem do rato com os humanos, perceberemos
que essa taxa é bem maior naqueles do que nestes.

Essas diferenças na taxa evolutiva são visíveis se:

» Existir mudanças nas sequências de nucleotídeos codificadores.

» Existir mudanças nas sequências de nucleotídeos não codificadores.

Dessa forma, entendemos que, caso uma proteína tenha a sua conformação estrutural
modificada, ao longo da evolução, isso permitirá às células desempenharem novas
funções. Interessantemente esse processo foi acelerado por mecanismos genéticos,
possibilitando que a duplicação ocasional de genes propicie que uma das cópias possa
evoluir, de maneira independente, para desempenhar nova função dentro das células.

A evolução molecular estuda teorias/padrões existentes em macromoléculas fazendo


uma ponte com os processos que ocorreram ao longo da evolução genética dos
organismos, utilizando:

» Dados empíricos: sequências e estruturas de macromoléculas.

» Ferramentas analíticas: softwares baseados em modelos matemáticos.

Examinando:

» Modificações de estruturas primária, secundária, terciária e quaternária


das proteínas.

» Duplicações dos genes.

» Transferências horizontais genéticas.

» Recrutamento de genes.

Problemas comuns

» estabelecimento da homologia;

» estabelecimento do tipo de homologia, o que inclui: (i) ortologia, (ii)


paralogia e (iii) xenologia;

» análises filogenéticas finalizadas.

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Soluções

» Analisar a estrutura primária, secundária e terciária das proteínas,


utilizando cristalografia. Por exemplo, tentando corroborar a homologia.

» Analisar a sequência genômica depositada nos bancos de dados.

» Construir análises felogênicas com base em informações paleontológicas.

Em razão de toda e qualquer mudança evolutiva – não importa o nível fenotípico,


bioquímico, fisiológico, etológico, morfológico e ecológico – ter necessariamente
como causa, pelo menos, uma modificação de uma macromolécula hereditária, nós
conseguimos traças picos evolutivos nas espécies.

Figura 8. Os tipos celulares podem variar enormemente em tamanho e forma.

Neurônio
25 µm

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Mas lembre-se que, da mesma forma que a modificação de uma proteína pode causar
mudanças em alguns níveis morfológicos, bioquímicos, e genéticos, pode também não
resultar em diferenças visíveis.

28
CAPÍTULO 3
Genética molecular e de populações

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Genética de


Micro-organismos em Biotecnologia e Engenharia Genética”, de Azevedo (1985);
“Tipagem Genética de Micro-organismos”, de Alves et al. (2007); “Genes: conceitos e
aplicações”; de Lewin, 2001; e “Molecular biology of the cell”, de Alberts et al. (2017).

Neste capítulo, discutiremos a influência da genética molecular nas populações.


Também estudaremos eucariotos superiores, inferiores, procariotos e plantas.

Começamos com a genética de populações, que:

» Permite predizer tanto a distribuição genotípica quanto fenotípica do


organismo resultante de todas as combinações genéticas possíveis na
população.

» Estuda como os fenômenos genéticos afetam a estrutura das populações.

» Analisa a origem da variação dos genitores para a prole na próxima


geração, bem como as mudanças temporais que acontecem em uma
população levando as modificações aleatórias.

Figura 9. Frequências genotípicas e Frequências alélicas.

200 = Branca 200 rr = 400 r

500 rr = 500 R
500 = Rosa 500 r

300 RR = 600 R
300 = Vermelha

Fonte: adaptado de Slideshare, 2008.

Assim, podemos nos questionar, por que os alelos da hemofilia são tão raros em todas
as populações humanas e o alelo que causa anemia falciforme é tão comum em algumas
populações africanas? Quais mudanças podemos esperar na frequência de anemia
falciforme em uma população que recebe migrantes africanos? Quais mudanças
podem ocorrer em populações de insetos que estejam sujeitos aos inseticidas, geração
após geração? 

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Genética de populações, evolução molecular


e implicações filogenéticas

Fenômenos estudados

» estruturas temporais e espaciais de frequências gênicas e genotípicas;

» sistemas de cruzamento;

» mutações;

» fluxo gênico;

» seleção natural;

» deriva genética.

Problemas mais comuns

» Problemas escalonais, como estimativa de números populacionais


extremamente pequenos, incluindo:

› taxas de mutação;

› coeficientes de seleção;

› taxas de migração.

» Bem como problemas em estimativa de números muito grandes;


incluindo:

› tamanhos populacionais;

› número de gerações.

» Problemas de testes de hipóteses, uma vez que processos diferentes


podem originar padrões semelhantes. Lembre-se de que alguns
processos possuem efeitos bastante globais no genoma, enquanto outros
possuem efeitos locais. Dessa forma, o estudo de vários locos gênicos, ao
mesmo tempo, auxilia na interpretação dos padrões genéticos.

30
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 10. Classificação dos cromossomos quanto à posição do centrômero.

Cromátides

Cêntromero

Metacêntrico Submetacêntrico
Acrocêntrico

Fonte: Fridman, 2010.

Evolução molecular e genética de populações 

Quando falamos em estruturas primárias de macromoléculas, referimo-nos muito


mais ao parentesco dos organismos do que às características fenotípicas associadas
a estes. Lembre-se de que as macromoléculas distintas evoluem com velocidades
diferentes, e as macromoléculas que evoluem mais rapidamente são, geralmente, mais
polimórficas.

Implicações teóricas dos padrões observados de evolução


molecular

Quando existem polimorfismos moleculares nas células, eles podem:

» Ser mantidos dinamicamente por seleção natural.

» Ser transitórios como resultado da derivação genética.

Entretanto, interessantemente, a manutenção de polimorfismos por seleção natural


necessita de uma carga genética para as populações naturais.

Estrutura genética da população

Frequência gênica ou alélica

A proporção ou porcentagem na população dos diferentes alelos de um gene,


verifica-se da seguinte forma:

» f(A) = no alelos A/no total alelos;

31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» f(a) = no alelos a/no total alelos.

Nos humanos, o estudo da hereditariedade possui dificuldades aleatórias, dentre elas


podemos destacar:

» O tempo de uma geração é extremamente longo.

» O número de descendentes, por geração, é baixo e dependente de


diversos fatores.

» Não se realizam cruzamentos experimentais, logicamente.

Dessa forma, para estudar a hereditariedade humana, utilizamos árvores genealógicas:


esquema que permite seguir a transmissão de muitas características dentro de uma
família, por meio de várias gerações. A análise desse sistema permite determinar
a origem de certas doenças ou anomalias e inferir os riscos da sua transmissão às
gerações futuras.

Figura 11. Evolução molecular.

A A A a a a

Homozigoto A/A Homozigoto A/a Homozigoto a/a

Fonte: Rezende, 2015.

Frequência genotípica

Proporção/porcentagem na população dos diferentes genótipos para o gene


considerado:

» f(AA) = no indivíduos genótipo AA/no total indivíduos;

» f(Aa) = no indivíduos genótipo Aa/no total indivíduos;

» f(aa) = no indivíduos genótipo aa/no total indivíduos.

32
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

A carga genética, definida como a fração populacional que não se reproduz mais por
uma causa de natureza genética, pode ser mutacional, recombinacional ou resultante
de seleção natural. Geralmente, o seu valor é calculado comparando:

» Uma população que não apresenta aquele fator genético com outra
população que apresenta aquele fator genético. No caso de uma
população sem seleção, o valor de referência é um.

Figura 12. Árvore genealógica e o significado dos símbolos.

Homem normal Geração


I
Mulher normal Pais

Adoção
Sexo desconhecido
I irmãos
Indíviduo falecido
Gêmeos verdadeiros
III Homem afetado

Mulher afetada Gêmeos falsos

Fonte: Fridman, 2010.

Lei de Hardy-Weinberg

Em uma população mendeliana, considerando fatores condicionais – como (i)


cruzamentos ocorrem ao acaso e (ii) não há atuação de fatores evolutivos –, as
frequências gênicas permanecem constantes ao longo das gerações.

Equilíbrio de Hardy-Weinberg

» população mendeliana (considerada ideal);

» infinita;

» reprodução sexuada;

» acasalamentos aleatórios;

» diploide;

» número de fêmeas igual ao de machos;

» todos os casais são férteis e têm o mesmo número gestacional.

33
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Fatores que alteram a frequência genética

» migração;

» mutação;

» seleção;

» dispersão;

» tamanho populacional;

» endogamia;

» modificações e oscilações genéticas.

A probabilidade de um gameta carregar um alelo é igual à regularidade do alelo existir


na população. Por isso, a deriva genética é tão importante, uma vez que, sem ela, as
populações naturais não gerariam seleção natural envolvendo diversos locos gênicos
ao mesmo tempo. Lembre-se, cromossomicamente, populações consideradas grandes
estão menos sujeitas à deriva genética, todavia, apresentam enorme probabilidade
de existir mutantes neutros. Já as populações pequenas possuem mais chances de
obterem a deriva genética, entretanto, apresentam menor probabilidade de mutantes
neutros.

Propriedades da evolução por deriva genética

As taxas de evolução neutra por deriva genética são constantes e, eventualmente:

» Dependentes dos tamanhos das populações.

» Proporcionais às taxas de mutação e à intensidade de seleção natural


negativa existente na população.

Genética de populações

É o estudo da composição genética de determinada população, esta entendida como:

» Conjunto de todos os indivíduos de uma raça, de uma espécie ou de


outro grupo que habitam determinada região.

Nas populações de animais, nas quais os genótipos dos reprodutores são dificilmente
conhecidos, era extremamente complicado antecipar as relações genotípicas da prole

34
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

descendente gerada. Com o entendimento da genética das populações, entendemos


que muitas leis mendelianas de hereditariedade também se aplicam às populações, e,
assim, hoje, prevemos certamente muitas gerações.

Figura 13. Estrutura básica do cromossomo.

Solenoide

Nucleossoma

Histonas

Dupla hélice de DNA

Fonte: Fridman, 2010.

Frequência gênica

A frequência gênica refere-se tanto à abundância quanto à falta de um gene em uma


população, quando esta é comparada com os outros alelos. Dessa forma, vamos supor
que existe um rebanho de vacas da raça Hereford com cornos, assim:

» Durante muitos anos, essas vacas foram acasaladas com touros Hereford
e com cornos, ao longo desse tempo, não apareceu nenhum filho sem
cornos.

» Nessa condição, a frequência do gene para cornos (p) foi de um e a do


gene para ausência de cornos foi de zero.

» A frequência de determinado gene pode variar entre 0 e 1 (que


correspondente a 0 e 100%). Ou seja, quando a frequência do gene é
igual a 1, a população é homozigótica para este gene.

35
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Pergunta: Qual a frequência dos genes P e p na F1?

Resposta:

» A frequência dos genes P e p na F1 é de 0,5 (uma vez que a frequência


total corresponde à soma de ambos os genes, que é igual a um.

Pergunta: Qual a frequência dos genes P e p na F2?

Resposta:

» O cálculo mostra que, na F2 existem quatro genes P e quatro genes p,


logo, a frequência de cada gene é 0,5.

36
CAPÍTULO 4
Genética mendeliana

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Genética de Micro-
organismos em Biotecnologia e Engenharia Genética”, Azevedo (1985); “Tipagem
Genética de Micro-organismos”, Alves et al. (2007); “Genes: conceitos e aplicações”,
Lewin (2001) e “Microbiologia”, Tortora, Funke e Case (2012).

Genética mendeliana
A genética mendeliana nos permite predizer a distribuição genotípica bem como
fenotípica da progênie resultante do acasalamento e engloba:

» cruzamento;

» hibridização;

» híbrido;

» traços constantes;

» facilidades da planta de ervilha;

» encontrada em diversas variedades;

» facilidade em fazer cruzamentos;

» autofertilização;

» fertilização cruzada;

» caracteres ou traços;

» linhagens puras.

Surgimento da teoria mendeliana


Gregor Johann Mendel (1822-1884) nasceu na Áustria e tornou-se monge agostiniano
especialista em botânica. Durante sua estada nos mosteiros, era o responsável pela
jardinagem. Criteriosamente, ele separava plantas com evidentes características
diferentes e de fácil distinção, depois realizava o cruzamento delas e esperava que

37
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

resultassem em híbridos igualmente férteis, que posteriormente se reproduzissem


bem. Em um de seus experimentos mais interessantes, Mendel estudou a ervilha
(Pisum sativum) e verificou diferentes características, entre elas:

» cor da semente (amarela ou verde);

» forma da semente (lisa ou rugosa);

» cor da vagem (verde ou amarela);

» forma da vagem (lisa ou ondulada);

» altura do pé (alta –160 cm; baixa – 40 cm);

» posição da flor (ao longo dos ramos ou terminal);

» cor da flor (púrpura ou branca).

Assim, Mendel elucidou os princípios da hereditariedade, destacando a existência de


unidades básicas de herança bem como elas eram transmitidas de uma geração a outra
– por meio da reprodução sexuada.

Figura 14. Mendel e suas ervilhas.

A B

Lado Frente Seção

Estigma
base

asa
Ovário
labelo
Estame C

Fonte: Fridman, 2010.

38
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Primeira Lei de Mendel


Mendel realizou milhares de cruzamentos entre plantas de características diferentes
e sumariamente percebeu que algumas características das plantas provenientes de
inúmeros e sucessivos cruzamentos predominavam sempre em proporção constante.

» As ervilhas eram separadas por famílias.

» Cada família tinha nascido de uma semente distinta e, por isso, possuía
características diferentes:

› Uma família era de ervilhas amarelas.

› Outra família de ervilhas verdes.

› Sua forma podia ser lisa ou rugosa.

Interessantemente, Mendel notou que por muitas gerações, cada família havia
conservado sua característica, ou seja:

» A primeira semente da família de ervilhas amarelas só teve “filhos, netos


e bisnetos” amarelos.

» A semente verde, só descendentes verdes.

Então, nesse primeiro momento, Mendel, concluiu que:

» As características passavam de geração para geração e, dessa forma,


eram herdáveis de família para família.

Agora, Mendel queria entender: O que aconteceria se misturasse as famílias verdes


com as famílias amarelas de ervilhas?

Mendel, então, cruzou ervilhas puras de sementes amarelas (P) com ervilhas puras de
sementes verdes (P), observando:

» Na primeira geração de descendentes, conhecida como geração F1, havia


somente ervilhas de sementes amarelas.

Sequencialmente, Mendel cruzou entre si as ervilhas da geração F1, obtendo a geração


seguinte, conhecida como geração F2.

» Nessa segunda geração, apareceram ervilhas com sementes amarelas e


ervilhas com sementes verdes, mas em proporções diferentes.

39
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» Proporcionalmente obtivemos 3:1, ou seja, 75% de sementes amarelas


e apenas 25% de sementes verdes. Para cada 3 plantas com sementes
amarelas, havia 1 com sementes verdes.

Figura 15. Cruzamento das ervilhas.

F1

F2

Fonte: Fridman, 2010.

Mendel, percebendo essas diferenças, concluiu:

» Os descendentes em F1 eram 100% iguais a um dos pais, nesse caso,


iguais as ervilhas amarelas.

» As ervilhas verdes apareciam em F2 e não apareciam em F1.

Cada indivíduo possui dois fatores para cada característica:

» Um herdado da mãe e um herdado do pai.

Cada indivíduo passa para seus descendentes apenas um dos fatores do par de uma
determinada característica em cada gameta (células sexuais).

Assim, em relação à cor das sementes, Mendel estipulou:

» Um fator para o caráter amarelo, que ele denominou de “V” (maiúsculo).

» Um fator para o caráter verde, denominado de “v” (minúsculo).

Assim:

» As ervilhas puras com sementes amarelas seriam VV.

» As ervilhas puras com sementes verdes seriam vv.

40
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Nesse experimento, Mendel elucidou os conceitos de “dominante” e “recessivo”,


entendendo que:

» Quando a ervilha amarela pura (P) é cruzada com uma ervilha verde
pura (P), o híbrido (F1) recebe um fator “V” e um fator “v” sendo,
portanto, portador de ambos os fatores.

Como as ervilhas obtidas em F1 eram todas amarelas, significa que apenas 1 fator
se manifestou, o fator “V”. Hoje, entendemos que as ervilhas que possuem 2 fatores
diferentes para a mesma característica (Vv) são chamadas de “heterozigotos” e as
ervilhas que possuem os 2 fatores iguais (vv) são chamadas de “homozigotos”. No caso
das ervilhas amarelas puras (VV), elas são chamadas de homozigotos dominantes e as
ervilhas verdes (vv) são chamadas de homozigotos recessivos.

Figura 16. Observação da herança dos fatores (V e v) que determinam as características de

ervilhas amarelas e verdes.

P VV vv

F1 Vv Vv

F2 VV Vv Vv vv

Fonte: Fridman, 2010.

Interessantemente, Mendel observou que a característica recessiva “desaparecia” na


geração F1, mas “reaparecia” na geração F2, concluindo que isso só seria possível, se:

» Existisse em F1, uma segregação dos fatores “V” e “v” no momento da


formação dos gametas, dessa forma:

› Uma ervilha Vv produz metade dos seus gametas com o fator “V” e a
outra metade com o fator “v”.

Assim, se dois indivíduos heterozigotos “Vv” se cruzam, os indivíduos descendentes


possíveis podem ser:

» VV,Vv ou vv, na proporção de 1:2:1, ou seja, 1/4: 2/4: 1/4.

41
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Sumariamente:

» Cada ervilha Vv forma metade (1/2) dos gametas “V” e metade (1/2) “v”.

» A união de dois gametas “V” gera ervilhas homozigotas VV.

» A união de um gameta “V” e outro “v” gera ervilhas heterozigotas Vv.

» A união de dois gametas v resulta em ervilhas homozigotas vv.

Então, a geração F1 terá todas as ervilhas amarelas, pois;

» Tanto as ervilhas VV como as ervilhas Vv manifestam apenas o fator


dominante “V”.

» Para ser verde precisaria ser vv.

Figura 17. Formação dos gametas e cruzamento de dois indivíduos heterozigotos Vv.
Gametas

V v
1/2 1/2

1/4 1/4
V
1/2 VV Vv
Gametas
1/4 1/4
v
1/2 Vv vv

Fonte: Fridman, 2010.

Mendel observou esses mesmos fenômenos e a distribuição das proporções


hereditárias em todas as características estudadas na ervilha.

Segunda Lei de Mendel


Após definir os conceitos de:

» hereditariedade;

» dominante;

42
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

» recessivo;

» heterozigoto;

» homozigoto.

Mendel decidiu extrapolar os cruzamentos determinados anteriormente, para isso:

» Ele cruzou ervilhas com sementes amarelas e lisas com ervilhas que
possuíam sementes verdes e rugosas.

Já sabendo que:

» As características amarelas (V_) e lisas (R_) eram dominantes.

» As características verdes (vv) e rugosas (rr) eram recessivas.

Assim, a geração parental (P) possuía:

» Ervilhas com sementes amarelas e lisas eram duplo-homozigotas


dominantes (VVRR).

» Ervilhas com sementes verdes e rugosas eram duplo-homozigotas


recessivas (vvrr).

Resultando em.

» A geração F1 apresentou apenas ervilhas com as características


dominantes, ou seja, todas as ervilhas obtidas eram amarelas e lisas
(VvRr).

» Na geração F2, resultado do cruzamento das plantas de F1, foram


observadas:

› ervilhas amarelas e lisas;

› ervilhas verdes e lisas;

› ervilhas amarelas e rugosas;

› ervilhas verdes e rugosas na proporção de 9:3:3:1, respectivamente,


totalizando 16 plantas.

» Interessantemente, fatores dominantes e recessivos, de características


diferentes, aparecem na mesma ervilha como, por exemplo, ervilhas

43
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

amarelas (dominante) e rugosas (recessivo) e ervilhas verdes (recessiva)


e lisas (dominante).

Assim, Mendel entendeu a “Lei da Segregação Independente”, elucidando a Segunda


Lei de Mendel:

» Cada fator dominante ou recessivo passava de planta para planta de


forma independente um do outro. Dessa forma, o fator dominante
amarelo não obrigatoriamente era transmitido junto com o dominante
liso.

Explicando a proporção de 9:3:3:1, obtida na


geração F2

» A ervilha parental pura (P) duplo-homozigota dominante com sementes


amarelas e lisas é representada por VVRR. Logo, todos os gametas que
essa planta produzir terão os fatores VR.

» A ervilha parental pura (P) duplo-homozigota recessiva com sementes


verdes e rugosas é vvrr. Ou seja, todos os seus gametas terão os fatores
vr.

» Todas as plantas híbridas da geração F1 serão VvRr. Assim, as ervilhas


híbridas produzirão quatro tipos de gametas:

› VR (25%);

› Vr (25%);

› vR (25%);

› vr (25%).

Dessa forma, do cruzamento de duas plantas VvRr, surgirão todas as possibilidades de


combinações que estão representadas na figura a seguir.

44
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 18. Representação dos cruzamentos que resultaram na Segunda Lei de Mendel.
Ervilha Ervilha verde
amarela e lisa e rugosa
Geração P
VVRR
VVrr

Gametas VR
VT

Amarela
e lisa
Geração F GAMETAS MASCULINOS
VvRr
Amarela
e lisa
VvRr VR Vr vR vT

VR
Amarela e Amarela e Amarela e Amarela e
lisa VVRR lisa VVRr lisa VvRR lisa VvRr
GAMETAS FEMININOS

Vr
Amarela e Amarela e Amarela e Amarela e
lisa VVRr rugosa VVrr lisa VvRr rugosa Vvrr

vR
Amarela e Amarela e Verde e lisa Verde e lisa
lisa VvRR lisa VvRr vvRR vvRr

vr
Amarela e Amarela e Verde e lisa Verde e rugosa
lisa VvRr rugosa Vvrr vvRr VVrr
Geração F2

Fonte: Fridman, 2010.

Observe que, no total, temos 16 possíveis combinações de fatores, mas, apenas quatro
tipos diferentes de sementes são observados. Por que isso acontece? Porque os
heterozigotos manifestam a característica dominante, assim:

» Aquelas ervilhas que manifestarem a dupla característica dominante


serão amarelas lisas (nove).

» Aquelas com característica dominante na cor e recessivo na textura


serão as amarelas rugosas (três).

» Aquelas com característica recessivo na cor e dominante na textura


serão as verdes lisas (três).

» Aquelas com a dupla característica recessivo serão as verdes rugosas


(uma).

45
CAPÍTULO 5
Divisões celulares: mitose e meiose

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Genética de Micro-
organismos em Biotecnologia e Engenharia Genética”, Azevedo (1985); “Tipagem
Genética de Micro-organismos”, Alves et al. (2007); “Genes: conceitos e aplicações”,
Lewin (2001); e “Microbiologia”, Tortora, Funke e Case, 2012.

A divisão celular é o processo em que uma célula se transforma em duas células,


conforme estudamos ao longo dessa apostila, esta divisão ocorre durante um período
que chamamos de ciclo celular.

O ciclo celular compreende a duplicação e a divisão celular, podemos dividir o ciclo


celular em duas fases:
» Intérfase, caracterizada pelas fases G1, S e G2.
» Mitose, caracterizada pelas fases Prófase, Metáfase, Anáfase, Telófase e
Citocinese.

Para produzir duas células-filhas geneticamente idênticas, o DNA de cada cromossomo


deve ser precisamente duplicado, e estes devem ser segregados perfeitamente em duas
células-filhas, de maneira que cada uma delas receba uma cópia completa do genoma.

Além da mitose, existe outro processo de divisão: a meiose. Nesta, o número de


cromossomos é reduzido à metade nas células-filhas. Essa diminuição ocorre porque
há uma única duplicação, seguida de duas divisões nucleares consecutivas:
» Meiose I, caracterizada pelas fases Prófase I, Metáfase I, Anáfase I,
Telófase I.
» Meiose II, caracterizada pelas fases Prófase II, Anáfase II, Telófase II.

Figura 19. Fases do ciclo celular.

CITOCINESE
MITOSE

Intérfase Prófase Prometáfase Metáfase Anáfase Telófase

FASE M

INTÉRFASE

Replicação do DNA

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

46
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Fases do ciclo celular

Fase S

Estruturas complexas de DNA e proteínas – principalmente as histonas – constituem


os cromossomos lineares das células, dos quais a duplicação é um processo dinâmico,
ordenado, extremamente complexo e que ocupa parte enorme do ciclo celular. Na fase
S, a molécula de DNA deve ser precisamente duplicada. Além disso, é imprescindível
que o empacotamento das proteínas de cada região daquele DNA seja reproduzido,
assegurando, assim, que as células-filhas herdem todas as características da estrutura
cromossômica. Há vários pontos críticos de controle nessa etapa, mas, destacaremos
apenas este: cada nucleotídeo do genoma deve ser duplicado uma única vez, e tão
somente uma vez!

Intérfase

É uma fase em que há intensa atividade bioquímica, permitindo a duplicação


cromossômica e o crescimento celular. Quando a célula não se encontra em divisão
celular, significa que está em intérfase: momento no qual ela está íntegra, ou seja,
com membrana, organelas dispersas no citoplasma e material genético envolvido pela
membrana nuclear.

» A intérfase é dividida em três fases: G1, G2 e S.

G1: etapa na qual ocorre a síntese de grandes quantidades de RNA e de proteínas, o


que permite o crescimento celular.

S: Ocorre a síntese do DNA e, consequentemente, duplicação cromossômica.

G2: Ocorre o final da duplicação do DNA e o início da divisão celular.

Mitose

Passadas as fases S e G2, a célula vai para o passo M, cujo início é a mitose
propriamente dita – na qual as cromátides-irmãs são separadas e segregadas para o
par de núcleos-filhos idênticos. Uma vez concluída a mitose – que é tradicionalmente
dividida em cinco etapas: (i) prófase, (ii) prometáfase, (iii) metáfase, (iv) anáfase e (v)
telófase –, o próximo evento da fase M é a citocinese, em que se tem a divisão da célula
em duas metades, cada uma com um núcleo idêntico.

47
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Como esses eventos acontecem na fase M?

Um aumento na atividade de M-Cdk na transição G2 para M desencadeia eventos do


início da mitose, ou seja, as etapas da prófase, prometáfase e metáfase.

Na primeira parte, a prófase, temos os cromossomos replicados, cada um deles


composto por duas cromátides-irmãs condensadas, como podemos observar na figura:

Figura 20. Prófase.


Centrossomo.

Envelope
nuclear intacto. Formação do
fuso mitótico.

Cinetocoro.

Cromossomos replicados condensados,


compostos por duas cromátides-irmãs mantidas
unidas ao longo do seu comprimento.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Na segunda parte, a prometáfase inicia-se de forma contínua com a fragmentação do


envelope nuclear. Nessa etapa, os cromossomos ligam-se aos microtúbulos do fuso por
meio dos seus cinetocoros e entram em movimento ativo.

Figura 21. Prometáfase.


Centrossomo no Fragmentos do
polo do fuso. envelope nuclear.

Microtúbulo do
cinetocoro. Cromossomo em
movimento ativo.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

48
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Na terceira parte, a metáfase, os cromossomos são alinhados na placa “equatorial”


do fuso, entre os polos do fuso. Lembrando-se de que os microtúbulos do cinetocoro
ligam-se às cromátides-irmãs em polos opostos ao fuso.

Figura 22. Metáfase.

Cromossomo no
polo do fuso.

Microtúbulo de
cinetocoro.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Na quarta parte, a anáfase, as cromátides-irmãs separam-se de forma sincronizada e


formam dois cromossomos-filhos. Os microtúbulos do cinetocoro ficam menores e os
polos do fuso se afastam, auxiliando a fase da segregação cromossômica.

Figura 23. Anáfase.

Cromossomos-filhos

Encurtamento dos
microtúbulos do Polo do fuso se movendo
cinetocoro. para fora.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Na quinta parte, a telófase, os dois conjuntos de cromossomos-filhos chegam aos


polos do fuso e descondensam. Um novo envelope nuclear se forma ao redor de cada
conjunto, completando a formação de dois núcleos e marcando o fim da mitose.

49
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Figura 24. Telófase.


Conjunto de cromossomos-filhos
no polo do fuso.

Anel contrátil
começando a se
contrair.

Centrossomo.
Microtúbulos interpolares.
Formação do envelope nuclear ao
redor de cromossomos individuais.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Depois do fim da mitose, começa a citocinese (lembre-se: ainda estamos na fase M). Na
citocinese, o citoplasma é dividido em 2 por um anel contrátil de actina e filamentos de
miosina, que comprime a célula em duas partes para criar duas células-filhas, cada
uma com um núcleo.

Figura 25. Citocinese.

Envelope nuclear completo ao


redor de cromossomos
descondensados.

Anel contrátil criando


Reformação da matriz
um sulco de clivagem.
de intérfase de
microtúbulos nucleados
por centrossomo.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

A mitose pode ocorrer sem citocinese

Embora a divisão nuclear seja seguida pela divisão citoplasmática, como tudo na vida,
há exceções. Algumas células sofrem múltiplos ciclos de divisão nuclear sem divisões
citoplasmáticas adicionais.

» No embrião jovem de uma Drosophila, por exemplo, os primeiros 13


ciclos de divisão nuclear ocorrem sem divisão citoplasmática, resultando

50
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

na formação de uma única grande célula que contêm vários milhares de


núcleos.

Esse tipo de estratégia acelera o desenvolvimento inicial, na medida em que as células


não “perdem” tempo passando por todas as etapas da citocinese a cada divisão.

Existem alguns processos biológicos relacionados, diretamente, à mitose. São eles:

» desenvolvimento embrionário;

» crescimento;

» renovação celular;

» regeneração;

» produção assexuada;

» produção de gametas nos vegetais;

» produção de gametas nos zangões.

Meiose

A meiose é a divisão celular em que uma célula diploide (2n), após uma replicação
do DNA, sofre duas divisões celulares sucessivas, originando quatro células haploides
(n), cada uma com metade do número de cromossomos presente na célula original. A
maioria dos organismos eucarióticos se reproduz de forma sexuada: os genomas de
dois doadores se misturam para gerar uma hereditariedade geneticamente distinta
de ambos os doadores, gerando células diploides. A reprodução sexuada depende do
processo especializado de divisão nuclear chamado de meiose, que produz células
haploides, ou seja, contém uma única cópia de cada cromossomo.

Esse processo promove a variabilidade das espécies de reprodução sexuada bem como
permite a recombinação gênica.

Diferentemente da mitose, a meiose é uma forma de divisão nuclear em que um único


ciclo de duplicação dos cromossomos (fase S meiótica) é seguido por dois ciclos de
segregação dos cromossomos. Cada célula diploide que entra em meiose, portanto,
produz quatro núcleos haploides geneticamente diferentes, que são distribuídos por
citocinese em células haploides que se diferenciam em gametas.

51
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» Na meiose I, os homólogos duplicados – cada um consistindo em


cromátides-irmãs – emparelham-se e são segregados em diferentes
núcleos-filhos.

» As cromátides-irmãs são segregadas na meiose II.

Na meiose I, os dois cinetocoros irmãos estão localizados lado a lado em cada homólogo
e ligados a microtúbulos do mesmo polo do fuso. A clivagem proteolítica da coesina, ao
longo dos braços das cromátides-irmãs, separa os braços e termina a recombinação,
possibilitando que os homólogos duplicados se separem na anáfase I. Dessa forma,
a coesina residual, nos centrômeros, mantém unidas as irmãs. A quebra da coesina
centromérica permite que as cromátides-irmãs se separem na anáfase II.

Figura 26. Meiose e mitose.


Meiose Mitose

Homólogo paternal

Homólogo maternal

Replicação do DNA Replicação do DNA

Pareamento e recombinação de
homólogos duplicados.

Pares homólogos se
alinham no fuso.

Segregação de homólogos na
anáfase 1.
Cromossomos duplicados se
alinham individualmente no fuso.

Segregação de cromátides-irmãs na
Segregação de cromátides-irmãs
anáfase.
na anáfase 2.

Células-filhas haploides Células-filhas diploides

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

52
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

A meiose no ciclo celular

Meiose zigótica é encontrada durante o ciclo de vida de algumas espécies de:

» algas;

» protozoários; e

» fungos.

O zigoto é inicialmente diploide (2n) e, logo após a sua formação, acontece a meiose,
originando quatro esporos haploides (n).

Meiose espórica acontece no ciclo de vida de:

» algas multicelulares;

» plantas.

O zigoto é diploide (2n) e gera um indivíduo diploide (2n); ocorre a meiose, originando
os esporos haploides (n), os quais produzirão indivíduos também haploides (n); então
ocorre a mitose, formando os gametas.

Meiose gamética acontece nos animais origina os gametas haploides (n). A fecundação
restitui a condição diploide (2n) dos indivíduos.

Figura 27. Meiose zigótica e espórica.


Indivíduos
haploides

Esporos haploides Gametas produzidos por mitose

Fecundação

Zigoto
diploide

Meiose zigótica

Indivíduos
haploides

Esporos haploides Gametas produzidos por mitose

Fecundação

Zigoto
diploide

Individuo
diploide
Fonte: adaptado de https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Divis%C3%A3o-Celular-e-Fases-da-Mitose.pdf.

53
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Ao final da meiose, o número de cromossomos é reduzido à metade, uma vez que,


inicialmente, nesse processo ocorreu uma duplicação cromossômica, durante o
período S da intérfase pré-meiótica. Essa duplicação foi seguida por duas divisões
celulares consecutivas: a meiose I e a meiose II.

Fases da meiose

» A meiose I reduz à metade o número de cromossomos da célula inicial.

» A meiose II mantém o número de cromossomos das células iniciais.

Figura 28. Meiose gamética.

Gametas produzidos por meiose Gametas

Fecundação

Meiose Zigoto diploide

Individuo diploide

Centrossomo duplicado
Centrossomo

Nucléolo

Cromossomo duplicado

Fonte: adaptado de https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Divis%C3%A3o-Celular-e-Fases-da-Mitose.pdf.

Na intérfase pré-meiótica, ocorre a duplicação do DNA cromossômico.

» em G1, cada cromossomo contém uma única molécula de DNA;

» em S, ocorre a duplicação do DNA;

54
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

» em G2, cada cromossomo apresenta duas cromátides-irmãs, cada uma


com uma molécula de DNA.

As meioses I e II são divididas em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

Prófase I

Fase muito longa, que contém acontecimentos primordiais, e por isso é dividida em
cinco subfases, como discutimos anteriormente.

Metáfase I

Cada cromossomo homólogo de um bivalente, ou seja, com suas duas cromátides-


irmãs no máximo de condensação, liga-se às fibras do fuso acromático de um dos
polos. Os cromossomos homólogos de cada bivalente são puxados para polos opostos,
devido ao encurtamento dos microtúbulos do fuso.

Figura 29. Permutação entre cromossomos homólogos.

Tétrades ou bivalentes Quiasmas

Quebras Quiasma

Quiasma
Quebras
Tempo

D
A B C
Resultado das permutações

Fonte: adaptado de https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Divis%C3%A3o-Celular-e-Fases-da-Mitose.pdf.

55
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Anáfase I

Os cromossomos homólogos de cada bivalente – cada um com suas duas cromátides-


irmãs – são direcionados para polos opostos da célula.

Telófase I

Os cromossomos homólogos – separados em dois grupos – se descondensam, o fuso


acromático se desintegra, as cariotecas se organizam e os nucléolos reaparecem.

Citocinese I

Nesta etapa, temos a formação de duas células-filhas com metade do número


cromossômico da célula inicial, que rapidamente entrarão na segunda divisão da
meiose.

Prófase II

Nesta segunda etapa, os cromossomos voltam a se condensar, os nucléolos


desaparecem, a carioteca se fragmenta e os cromossomos duplicados se espalham pelo
citoplasma.

Figura 30. Fases da meiose.


Separação de cromossomos
homólogos duplicados.

Cromossomos Fibras do fuso.


ligados ao fuso.

Novos núcleos.
Duplicação e separação dos
cromossomos.

Condensação dos cromossomos.


Divisão citoplasmática.

Fonte: adaptado de https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Divis%C3%A3o-Celular-e-Fases-da-Mitose.pdf.

56
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Metáfase II

Cada cromátide-irmã dos cromossomos se liga aos microtúbulos do fuso acromático


de um dos polos. Provavelmente é nesta fase que as coesinas são degradadas tão logo
seja possível identificar as cromátides-irmãs bem segregadas. Apenas nesta etapa, há a
separação dos centrômeros, permitindo a partição das cromátides-irmãs.

Anáfase II

As cromátides-irmãs são separadas e os cromossomos-filhos vão para os polos opostos


das células.

Telófase II

Nesta etapa, em cada polo celular, cada grupo de cromossomos-filhos se descondensa,


os nucléolos reaparecem e as cariotecas se reorganizam.

Citocinese II

Finalmente, o citoplasma se divide, dando origem a duas células-filhas para cada


célula que entrou em meiose II, somando quatro células haploides (2n).

Figura 31. Fases da meiose.


Cromossomos ligados ao fuso

Novos núcleos haploides


Separação dos cromossomos irmãos

Divisão citoplasmática

Fonte: adaptado de https://dynamicon.com.br/wp-content/uploads/2019/02/Divis%C3%A3o-Celular-e-Fases-da-Mitose.pdf.

57
CAPÍTULO 6
Estrutura e duplicação de DNA

As informações contidas nesta unidade foram baseadas nos livros “Biologia molecular
da célula”, Alberts et al. (2017); “Tipagem Genética de Micro-organismos”, Alves
et al. (2007); “Genes: conceitos e aplicações”, Lewin (2001); e “Microbiologia”,
Tortora, Funke e Case (2017).

Replicação do DNA
Na duplicação do DNA, uma molécula de DNA de fita dupla é convertida em duas
moléculas idênticas. Assim, a estrutura complementar das sequências das bases
nitrogenadas presentes no DNA é a chave para a compreensão da duplicação genética,
uma vez que graças a complementariedade de bases, uma fita do DNA pode funcionar
como molde para a produção da fita complementar, duplicando a informação
hereditária dos organismos.

Figura 32. Estrutura do DNA – Fita dupla antiparalela.

Fonte: https://www.resumoescolar.com.br/biologia/resumo-sobre-dna/.

A duplicação do DNA necessita da presença de milhares de proteínas que compõem


toda a dança genética da replicação gênica. Sumariamente, ao se iniciar a duplicação
do DNA, temos as enzimas topoisomerase e girase, que relaxam o superenovelamento

58
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

do DNA, e a helicase, que separa a dupla-fita, permitindo que as outras proteínas da


maquinaria de duplicação tenham acesso as fitas de DNA.

Para que o DNA seja transcrito em RNA e traduzido em proteína, as duplas fitas
parentais precisam ser desenroladas, permitindo o acesso da DNA-polimerase
às informações contidas naquelas fitas para, então, poder duplicá-las. A fase de
alongamento da replicação inclui duas operações distintas, porém relacionadas: as
sínteses da fita líder e da fita complementar. Para a sintetizar ambas, várias enzimas
na forquilha de replicação são fundamentais. Depois que toda a parte necessária
(gene que vai codificar para alguma proteína importante naquele momento para
o organismo), o DNA (que se encontra desenrolado na forquilha de replicação) é
duplicado.

Tabela 1. Enzimas importantes na replicação, na expressão e no reparo do DNA.

DNA-girase Relaxa o superenovelamento acima da forquilha de replicação.

Forma ligações covalentes para unir as fitas de DNA; liga os fragmentos de Okazaki e os novos segmentos no
DNA-girase
reparo de excisão.

DNA-polimerase Sintetiza o DNA, bem como o corrige e repara.

Endonuclease Corta o esqueleto de DNA em uma fita de DNA; facilita o reparo e as intenções.

Exonuclease Corta o DNA em uma extremidade exposta; facilita o reparo.

Helicase Desenovela o DNA de fita dupla.

Metilase Adiciona o grupo metil às bases selecionadas na nova fita de DNA.

Fotoliase Utiliza a energia da luz visível para separar os dímeros de pirimidina induzidos pela luz ultravioleta (UV).

Primase Produz iniciadores de RNA a partir de um molde de DNA.

Ribozima Enzima de RNA que remove íntrons e processa éxons.

RNA-polimerase Copia RNA a partir de um molde de DNA.

snRNP Complexo RNA-proteína que remove íntrons e processa éxons.

Topoisomerase Relaxa o superenovelamento acima da forquilha de replicação; separa DNA circular no final da replicação.

Transporase Corta o esqueleto de DNA formando extremidades coesivas.

Fonte: adaptado de Alberts et al., 2017.

Com pequenas exceções, os princípios genéticos básicos são comuns a todos os


organismos: o DNA é o guardião das informações genéticas que utilizamos para
manter a hereditariedade, uma vez que o DNA funciona como molde para a sua
própria replicação. Como o nucleotídeo “A” irá parear, de maneira específica, com o
nucleotídeo T, por meio de uma ligação dupla? E como o nucleotídeo G pareia apenas
com o nucleotídeo C?

59
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» Cada fita de DNA atua como molde e, por isso, direciona quem pareia
com quem, ou seja, especifica a sequência de nucleotídeos que a sua
fita complementar deverá ter, produzindo duas células-filhas de DNA
idênticas.

Figura 33. O DNA é o modelo para as proteínas de uma célula.


Célula parental

DNA

Expressão Recombinação Replicação

Utilização da informação
genética intracelular para Possiblidade de transferência Possiblidade de transferência
produção proteica essencial ao horizontal da informação vertical da informação genética,
metabolismo e funcionamento genética, entre células da para células da próxima
celular. mesma geração. geração.

Novas
combinações
Transcrição gênicas

Tradução

Metabolismo e Célula recombinante Células filhas


proliferação celular

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

A ciência segue evoluindo e modificando muitas áreas, entre elas, a agricultura e a


de alimentos. Avanços, como a tecnologia do DNA recombinante, possibilitaram a
manipulação dos genomas de muitas espécies de micro-organismos e de plantas e
permitiram o estudo das células e suas macromoléculas de diversas maneiras, bem
como viabilizaram a produção de alimentos por meio de tecnologias modificadas
molecularmente. Com esse advento, podemos:

» Clivar o DNA em sítios específicos.

» Ligar o DNA à plasmídeos de clonagem e expressão.

» Clonar o DNA de muitas espécies diferentes, incluindo micro-


organismos e plantas.

» Hibridizar ácidos nucleicos.

60
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

» Sintetizar o DNA.

» Sequenciar o DNA.

A adição de um desoxirribonucleotídeo à extremidade 3’ de uma cadeia nucleotídica


é a base essencial do que chamamos de síntese do DNA. O pareamento das bases
entre o desoxirribonucleosídeo trifosfato a ser incorporado e a fita de DNA molde
determina a formação da nova fita de DNA, resultando na sequência de nucleotídeos
complementares – o que dá origem à fita complementar de DNA.

Figura 34. Replicação do DNA.


5’
3’ 5’
Adenina A T Timina 3’
Guanina G C Citosina C G

Açúcar desoxirribose T A T A

Fosfato C G

1 – A dupla G C
hélice de DNA se
separa após as
ligações de Forquilha de
hidrogênio se replicação C G
romperem.
A
T T A
2 – As ligações G C G C
de hidrogênio A T
se formam T
A
entre os novos
nucleotídeos. A T A
3’
A T 5’
3 – Enzimas
catalisam a G C G
C b) Duas fitas de DNA antiparalelas.
formação de
ligações 3’ 5’
fosfato entre
a) Forquilha de replicação.
nucleotídeos.

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

As DNA-polimerases atuam adicionando um nucleotídeo por vez à extremidade 3’-


OH livre da cadeia nucleotídicas. Por esse motivo, dizemos que o sentido da vida é
na direção 5’→3’. Lembre-se de que a DNA-polimerase só irá acrescentar novo
nucleotídeo à cadeia em crescimento, caso o último acrescentado esteja corretamente
pareado ao nucleotídeo correspondente da fita-molde. Interessantemente, se a DNA-
polimerase encontrar nucleotídeo pareado erroneamente, ela o remove por meio do
processo chamado de atividade exonucleolítica 3’→5’. Essa atividade autocorretora
é importantíssima, pois garante a alta fidelidade de replicação do DNA, ou seja, a
estabilidade genética ao longo das gerações.

Certo! Agora, como o DNA sabe exatamente qual parte do seu genoma será duplicado
naquele momento? Você já ouviu falar em forquilhas de replicação? E em bolha
replicativa?

61
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

» A bolha de replicação (separação da dupla hélice) é formada no início


da forquilha de replicação, indicando qual a parte do genoma deve ser
duplicado.

Diferentemente dos procariotos, em que duas forquilhas de replicação são formadas


em uma única origem de replicação, os cromossomos eucariontes possuem diversas
origens de replicação.

Figura 35. Alongamento da fita de DNA.


Nova Fita Fita-molde

OH OH
Açúcar A T A T

Fosfato

C G C G

G C G C

OH P

A T A
T
OH
P P P
P
P A hidrólise da ligação de
C C
fosfato fornece a energia para
OH
a reação.

Quando um nucleosídeo
trifosfato se liga ao açúcar, ele
perde dois fosfatos.

Fonte: adaptado de: Tortora, Funke e Case, 2017.

Assim como nos eucariotos, a replicação dos procariotos também é semiconservativa,


ou seja, cada fita de DNA funciona como molde para a síntese de uma nova fita,
gerando duas novas moléculas de DNA.

Entretanto, ainda se tinham questionamentos, como:

» As fitas-molde de DNA são totalmente desenoveladas antes que cada


uma seja duplicada?

» A duplicação começa em locais aleatórios ou em apenas um ponto do


genoma?

» Após o início da duplicação do DNA, a replicação segue apenas em uma


direção ou essa replicação ocorre bidireccionalmente em ambas as fitas?

62
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Na atualidade, entendemos que a duplicação do DNA é um processo extremamente


coordenado e direcionado, no qual as fitas-molde são desenoveladas, ao mesmo
tempo, replicadas em uma origem (quando falamos de procariotos) e segue
bidireccionalmente.

Figura 36. Forquilha de replicação.


3’
Proteínas estabilizam o A fita complementar
DNA da fita-molde. é montada pela
DNA-polimerase. 5’

DNA-polimerase
Enzimas (helicase)
desenovelam a dupla-
hélice da
fita-molde.
Forquilha de
replicação
Iniciador de RNA
DNA-ligase une
DNA-primase os fragmentos 5
descontínuos da ’
Fragmento fita atrasada.
de Okazaki 3’
5
’ Molécula de DNA DNA-polimerase
3’ da fita-molde .

A fita atrasada é A DNA-polimerase degrada


sintetizada de maneira DNA-ligase
o iniciador de RNA e o
descontínua. substitui por DNA.

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

63
CAPÍTULO 7
Biossíntese de RNA e proteínas

RNA e síntese proteica


» Como o DNA determina a produção de proteínas?

» Como funciona a hereditariedade?

Atualmente, sabemos que a tradução da informação genética dos inúmeros


polinucleotídeos formados é um processo extremamente complexo, entendendo que o
DNA serve como molde para a síntese de RNA, mantendo a questão da hereditariedade.
Lembre-se de que a informação contida na sequência de uma molécula de RNA
mensageiro é lida em trincas, contendo três nucleotídeos por vez, isto é, cada códon
codifica para um único aminoácido na proteína correspondente. Esse é o segredo da
tradução. Assim, neste capítulo, trabalharemos entendendo como isso de fato ocorre.

» O RNA é constituído por uma pentose, um fosfato e tem como bases


nitrogenadas a adenina, guanina, citosina e uracila.

» O RNA, diferentemente do DNA, é composto por apenas uma fita, ou


seja, não é uma dupla hélice, pelo menos não em eucariotos. A molécula
fita simples de RNA é produzida no núcleo celular a partir de uma das
fitas de DNA. Depois de sintetizado, o RNA segue para o citoplasma
celular, onde desempenhará sua principal função, o controle da síntese
proteica.

Transcrição: como podemos ter infinitas


proteínas em uma célula?
A partir dos 4 nucleotídeos é possível formar 43 trincas diferentes, ou seja, existem 64
códons possíveis e apenas 20 aminoácidos diferentes. Entendemos, assim, que vários
códons correspondem ao mesmo aminoácido. Esse código genético (códons) é lido por
uma classe de pequenas moléculas de RNA, conhecidas como RNA transportadores
(tRNAs). Cada tipo de tRNA se liga por uma das suas extremidades a um aminoácido
específico e, na outra extremidade, apresenta sequência exclusiva de três nucleotídeos.
É conhecido como anticódon o reconhecimento, por pareamento de bases, de um
códon ou um grupo de códons específicos no mRNA.

64
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 37. Transcrição do RNA.

RNA-polimerase RNA-polimerase
mRNA Nucleotídeos de RNA

Proteína DNA

Transcrição G C G C A
A
A C G T G C G
T C
T C
RNA-polimerase ligada ao DNA. AFM 10 G
RN
C A C GA Fita-molde de DNA
Promotor
(Início do
gene) RNA-polimerase Síntese de RNA
RNA Sítio de terminação
(Final do gene)

Fita de RNA
completa

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

Todo o RNA de uma célula é produzido a partir da transcrição do DNA. A transcrição


começa quando há uma abertura junto com o desenovelamento de uma pequena parte
da dupla hélice de DNA, expondo as bases nitrogenadas em cada fita do DNA. Dessa
forma, uma das duas fitas da dupla hélice de DNA, funciona como um molde para a
síntese de uma molécula de RNA. Lembrando-se de que o RNA é fita simples – caso
distinto da exceção vírus, que podem possuir RNA de fita dupla.

Assim, a sequência de nucleotídeos da cadeia de RNA é determinada de acordo com


o pareamento de bases nitrogenadas complementares entre os nucleotídeos a serem
incorporados e a fita-molde do DNA. Quando um pareamento complementar é
estabelecido (estamos falando de RNA, então: A com T, U com A, G com C e C com
G), o ribonucleotídeo a ser incorporado é covalentemente ligado à cadeia de RNA em
formação, por meio de uma reação catalisada por várias enzimas. A cadeia de RNA é
produzida por transcrição, ou seja, o transcrito possui uma sequência de nucleotídeos
exatamente complementar à fita de DNA que foi utilizada como molde.

65
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Figura 38. Etapas da biossíntese do RNA.

Promotor (início do gene)


1 – A RNA-polimerase se liga
ao promotor, e o DNA se RNA-polimerase Fita-molde de DNA
desenrola no início de um
gene.

2 – O RNA é sintetizado por


um pareamento complementar
de bases dos nucleotídeos RNA
livres com bases nucleotídicas RNA Nucleotídeos de
na fita-molde do DNA. RNA

Síntese de RNA
3 – O local de síntese move-se
ao longo do DNA; o DNA que
foi transcrito se enovela
novamente.

Região de terminação
(final do gene)
4 – A transcrição atinge a
região de terminação.

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

A transcrição começa quando a RNA-polimerase se liga ao DNA em um local


denominado promotor. A RNA-polimerase se desloca – nucleotídeo a nucleotídeo –
sobre o DNA, desenovelando a dupla hélice à frente do sítio ativo de polimerização e
expondo a região da fita-molde para o pareamento de bases complementares. Assim,
a cadeia de RNA em formação é sintetizada – nucleotídeo a nucleotídeo – na direção
5’– 3’. A liberação -da fita de RNA recém-formada da fita-molde do DNA é imediata ,
ao passo que a primeira está sendo sintetizada, significa que inúmeras cópias de RNA
podem ser sintetizadas a partir do mesmo gene em um período curtíssimo de tempo. É
interessante ressaltar que a síntese de RNA adicionais pode ser iniciada antes mesmo
de as moléculas anteriores de RNA terem sido finalizadas. Nesses casos, as células
podem sintetizar mais de 1000 transcritos em 1 hora, a partir de 1 único gene. Os
nucleotídeos a serem incorporados estão na forma de ribonucleosídeos trifosfato – ou
seja, ATP, UTP, CTP e GTP – e a energia estocada em suas ligações fosfato-fosfato
fornece a energia necessária para a reação de polimerização acontecer.

A RNA-polimerase se movimenta – nucleotídeo a nucleotídeo – ao longo do DNA,


desenrolando a dupla hélice no seu sítio ativo indicado pelo Mg2+.

» O Mg2+ é necessário para a catálise. Conforme se movimenta a polimerase


vai adicionando nucleotídeos, um a um, à cadeia de RNA no sítio de
polimerização, utilizando uma das fitas de DNA exposta como molde.
Uma região curta de hélice DNA/RNA, contendo aproximadamente nove
pares de nucleotídeos (iniciador) é formada apenas transitoriamente, e

66
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

uma espécie de “janela” dessa hélice DNA/RNA movimenta-se, ao longo


do DNA, junto com a polimerase. Após a passagem da RNA-polimerase,
a dupla hélice do DNA é reestruturada.

A sequência de nucleotídeos presentes em uma molécula de mRNA é lida em


grupos sequenciais de 3, ou seja, AAA, AUA, AUG, conhecido como códons. Cada
códon especifica um aminoácido, mas também determina a finalização do processo
traducional. Lembre-se de que uma sequência de RNA pode ser traduzida em qualquer
uma das três diferentes fases de leitura, dependendo de onde se inicia o processo de
decodificação. Contudo, apenas uma das três possíveis fases de leitura em um mRNA
codifica a proteína de interesse. Ou seja, é necessário definir corretamente a fase de
leitura no começo da síntese proteica.

No mRNA os códons, a princípio, não conseguem identificar os aminoácidos que


determinam, ou seja, a tradução do mRNA em proteína vai variar de acordo com as
moléculas encaixadoras – denominadas de RNA transportador (tRNA). Os tRNA
possuem a função de reconhecer e se ligar ao códon e, ao aminoácido. Lembre-se de
que a transcrição, assim com a replicação, possui fases de:

» iniciação (incluindo tanto a ligação de DNA quanto à iniciação da síntese


de RNA);

» alongamento;

» terminação.

Figura 39. RNA mensageiro.

A C U CG G GU A A C U CG AA G A U C C A UG A

RNA Mensageiro
Códon

Fonte: adaptado de Slideshare, 2011.

.A quantidade final de uma proteína em uma célula depende, intrinsecamente, da


eficiência de cada etapa transcricional bem como das taxas de degradação tanto das
moléculas de RNA quanto das proteínas formadas. Interessantemente, nas células dos
eucariotos, a molécula de mRNA sintetizada por transcrição contém tanto sequências

67
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

codificadoras, conhecidas como éxons, quanto sequências não codificadoras – os


íntrons.

» Antes do RNA ser traduzido em proteína, as duas extremidades do RNA


são alteradas e os íntrons são excisados pela reação chamada splicing
de RNA. Essa reação é catalisada enzimaticamente e o mRNA gerado é
transportado do núcleo para o citoplasma.

Os transcritos primários de RNAs dificilmente são encontrados, pois existe o


acoplamento entre transcrição e processamento de RNA. Ou seja, o processamento
pós-transcricional pode ocorrer antes que a transcrição tenha sido, de fato,
completada, uma vez que, ao mesmo tempo em que o quepe de RNA é adicionado na
extremidade 5’, o splicing se inicia.

Como estudamos neste capítulo, o objetivo primordial da tradução é sintetizar


proteínas utilizando o mRNA como fonte de informação genética. O ciclo é complexo
e inúmeros eventos ocorrem simultaneamente envolvendo tRNA e ribossomos na
decodificação dessa informação genética.

» O ribossomo atua, simplificadamente, como “local” onde a informação


codificada pelo mRNA é decodificada. Ou seja, é nos ribossomos que os
aminoácidos individuais são conectados em cadeias polipeptídicas.

» As moléculas de tRNA atuam como “tradutores” dessa mensagem que


será decodificada nos ribossomos, uma vez que a extremidade de cada
tRNA reconhece um códon de mRNA específico, enquanto a outra
transporta o aminoácido codificado para aquele códon.

Cada aminoácido, a princípio, é ligado às moléculas específicas de tRNA, correto?


Agora, como esses aminoácidos formam as proteínas? A ideia essencial para a
biossíntese proteica consiste na formação de uma ligação peptídica entre o grupo
carboxila (C-terminal) na extremidade de uma cadeia polipeptídica em crescimento
e um grupo amino livre (N-terminal) do novo aminoácido. Com isso, entendemos que
uma proteína é sintetizada desde a sua extremidade N-terminal para sua extremidade
C-terminal.

Ao longo da biossíntese proteica, a extremidade C-terminal em crescimento


permanece ativada por meio da ligação covalente à molécula de tRNA, formando um
peptidil-tRNA. Lembre-se de que, a cada adição, essa ligação covalente é desfeita,
mas é imediatamente substituída por uma ligação idêntica no último aminoácido
adicionado. Então, uma cadeia polipeptídica cresce pela adição sucessiva de
aminoácidos à sua extremidade C-terminal, certo?!

68
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

O local em que a síntese de proteína se inicia no mRNA é essencialmente importante,


uma vez que ele define a fase de leitura da mensagem como um todo. Um erro de
apenas um nucleotídeo fará com que todos os códons subsequentes na mensagem
sejam lidos erroneamente, gerando, assim, uma proteína não funcional. A etapa de
iniciação propriamente dita também exerce papel fundamental, pois, para a maioria
dos genes, é o último momento em que a célula pode decidir se o mRNA deverá ser
traduzido para produzir uma proteína ou não. Isso é possível, pois a tradução de um
mRNA tem início com um códon AUG, que virará uma metionina mais para frente
e que pode ou não continuar na proteína madura. Para começar essa tradução, é
necessário um tRNA iniciador, que é reconhecido prontamente pelos fatores de
iniciação, uma vez que possui um códon específico, o AUG. logo, esse tRNA iniciador
sempre carrega o aminoácido metionina.

Figura 40. Etapas da biossíntese das proteínas. Alongamento e terminação.


Ribossomo
DNA
mRNA tRNA Sítio P

Proteína

Tradução AUG mRNA


Anticódon mRNA
Códon de início Segundo códon

1 – O RNA transportador, as subunidades


ribossomais e o RNA mensageiro se reúnem para o 2 – No ribossomo, ocorre pareamento do tRNA com o códon de
início da tradução. início do mRNA, no sítio P. O tRNA carregando o segundo códon
se aproxima da fita.
Formação da ligação peptídica

Sítio A
Sítio E

mRNA
mRNA
O ribossomo move-se ao longo do mRNA.
3 – O segundo códon do mRNA se pareia comum tRNA carreando 4 – O ribossomo se move ao longo do mRNA até
o segundo aminoácido no sítio A. O primeiro aminoácido se une que o segundo tRNA esteja no sítio P. O próximo
ao segundo por uma ligação peptídica. Isso liga o peptídeo ao códon a ser traduzido é conduzido ao sítio A. O
tRNA no sítio P. primeiro tRNA ocupa agora o sítio E.

tRNA liberado Crescimento da


cadeia polipeptídica.

mRN
mRNA A

5 – O segundo tRNA se une ao terceiro por 6 – O ribossomo se move ao longo do mRNA e novos
ligação peptídica e o primeiro tRNA é liberado, aminoácidos são adicionados aumentando a cadeia
no sítio E. polipeptídica.

Nova proteína
U

Polipeptídeo
liberado
mRNA mRNA

Códon de término
8 – Finalmente, o último tRNA é liberado e o ribossomo
7 – Quando o ribossomo atinge um códon de término, o
desfaz o complexo. O polipeptídeo liberado forma uma
polipeptídeo é liberado.
nova proteína.

Fonte: adaptado de Tortora, Funke e Case, 2017.

69
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

O final da mensagem codificadora de uma proteína é sinalizado pela presença de um


códon de terminação. Diferentemente do códon de iniciação, que existe apenas um,
existem três códons de terminação diferentes: UAA, UAG e UGA. Estes códons não
são reconhecidos por um tRNA e tão pouco determinam um aminoácido. Então, qual a
função deles?

Os códons de terminação, como o próprio nome já indica, sinalizam para o ribossomo


o final da tradução. Assim, as proteínas conhecidas como fatores de liberação se ligam
ao ribossomo que possui um códon de terminação posicionado no sítio A, e esta ligação
força a peptidiltransferase a catalisar a adição de uma molécula de água no lugar do
aminoácido no peptidil-tRNA. Essa reação é responsável por liberar a extremidade
carboxila da cadeia polipeptídica em crescimento de sua conexão a uma molécula de
tRNA, assim a cadeia de proteína finalizada é prontamente liberada no citoplasma. O
ribossomo então libera sua molécula de mRNA e dissocia suas subunidades maior e
menor.

70
CAPÍTULO 8
Mutações gênicas e cromossômicas

As informações contidas neste capítulo foram baseadas no artigo “Tumor suppression


in the absence of p53-mediated cell-cycle arrest, apoptosis, and senescence”, de Li et
al., 2012, no livro Fundamentos da Biologia Celular, de Alberts et al., 2017; e no artigo
“DNA damage-induced G2–M checkpoint activation by histone H2AX and 53BP1”, de
Fernandez-Capetillo et al., 2012.

Variabilidade genética

Evolução e adaptação

Alterações genotípicas:

» São alterações na sequência dos pares de bases.

» Acontecem por meio dos processos de mutação e mecanismos de


recombinação, isto é:

› Mutação: alteração na sequência de bases do DNA sem aquisição de


genes de outro micro-organismo.

› Recombinação genética: alteração no genótipo que ocorre pela


aquisição de material genético de outro micro-organismo.

Mutação
As mutações são um erro que ocorre durante a replicação do material genético, esse
erro pode ser tanto espontâneo quanto induzido. Elas, geralmente são resultantes de:

› deleção;

› inserção;

› substituição de um ou mais nucleotídeos.

71
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Esta alteração genética pode modificar o produto (proteína);

» As mutações podem ser:

› neutras;

› silenciosas;

› desvantajosas;

› benéficas para os micro-organismos.

Tipos de mutações

O tipo mais comum de mutação envolve um único par de base nitrogenada (A, T, C
ou G). Neste caso, o pareamento pode ser desregulado, uma vez que A pareia com T
e C pareia com G, se uma das bases sofre mutação, ou seja, era A e vira C, haverá um
pareamento errôneo entre C e T.

Frequentemente, ocorrem mutações de fase de leitura. Situação na qual os


nucleotídeos podem ser retirados ou inseridos no DNA, causando erro na leitura dos
nucleotídeos para a tradução destes em aminoácidos que originaram as proteínas.
Quando isso ocorre, temos uma diferença no códon original (trinca de letras que
traduzem para um aminoácido específico) e a proteína gerada no final será diferente
daquela que deveria ser gerada. Por exemplo, o organismo enviou sinal para que
a forquilha de replicação se abrisse em uma parte especifica do DNA que deve ser
duplicada e que, também, deve ser transcrita em mRNA e traduzida na proteína
actina (importante para o citoesqueleto); entretanto, ocorre uma mudança nos códons
que traduziriam a informação na proteína actina. No final, não será gerada a actina,
necessária para o organismo naquele momento, podendo ser gerada uma proteína
malformada que será degradada pelo organismo.

72
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 41. Mutação por substituição de bases.

Durante a replicação do DNA parental


DNA, uma timina (em
vermelho) é incorporada
por engano.

DNA da célula-filha

No próximo ciclo de
DNA da célula-filha replicação, a adenina pareia Replicação
a timina, gerando um A=T no
lugar de um C=G original. DNA da célula-filha

Quando o mRNA é Transcrição


transcrito, é
produzido um códon
mRNA que, durante a
tradução, originará
um aminoácido
diferente. Tradução

Aminoácidos

Fonte: Nelson e Cox, 2011.

Podemos encontrar mutações nas quais um número de bases nitrogenadas são


inseridas em um gene. Isso acontece, por exemplo, na doença de Huntington,
caracterizada como um distúrbio neurológico – que pode ser progressivo –, geralmente
causado pela adição de bases extras em um gene específico. Essas substituições de
bases nitrogenadas, assim como as mutações de fase de leitura podem ocorrer devido
a erros gerados durante a duplicação do DNA.

73
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Figura 42. Outros tipos de mutações no DNA.

Molécula de DNA normal

DNA molde
Transcrição

mRNA
Tradução
Aminoácidos

DNA molde
Mutação missense
mRNA
Aminoácidos

Mutação nonsense

Mutação de fase de
leitura

Fonte: Nelson e Cox, 2011.

Muitos agentes internos ou externos ao organismo podem ser responsáveis por


causarem algum tipo de instabilidade genética. A possibilidade de instabilidade
genética em um gene é enorme, mas a taxa de mutação que pode perpetuar em uma
célula depende da agilidade dos mecanismos de reparo que esta célula possui.

74
INTRODUÇÃO À GENÉTICA │ UNIDADE I

Figura 43. Mutação induzida: ácido nitroso.


DNA-filho normal
DNA-neto mutado

HNO2 Replicação

DNA parental normal DNA parental alterado Replicação

DNA-filho alterado

DNA-neto alterado

Fonte: Nelson e Cox, 2011.

Radiação

Outra categoria de mutágenos potentes são os raios gama e os raios X, por terem a
capacidade de ionizar átomos. A penetrabilidade da radiação ionizante faz os elétrons
saltarem das camadas usuais. O bombardeamento de elétrons causado por essas
radiações provoca mais dano – e este é cumulativo.

Resultantes desse bombardeio seguido de dano, os íons e radicais livres são altamente
reativos e levam a uma cascata de mudanças. Alguns desses íons levam a oxidação de
bases nucleotídicas no DNA, o que provoca erros no reparo e na replicação do código
genético, ocasionando mutações. Além disso, é possível que ocorra ruptura de ligações
fortes e importantíssimas, as ligações covalentes, principalmente as do arcabouço de
açúcar-fosfato do DNA, provocando rupturas físicas nos cromossomos.

A luz ultravioleta (UV) é uma radiação mutagênica, um componente não ionizante da


luz solar. O componente mais mutagênico da luz UV (comprimento de onda de 260
nm) é retido pela camada de ozônio da atmosfera, em grande parte. O efeito mais
importante da luz UV direta sobre o DNA é a formação de ligações covalentes nocivas
entre bases pirimídicas. As timinas localizadas ao lado uma da outra em uma fita de
DNA podem fazer ligações cruzadas, gerando os chamados dímeros de timina. Essa
formação errônea, a menos que seja reparada, pode causar graves danos e, até mesmo,
a morte celular, pois a célula não pode transcrever ou replicar corretamente este DNA.

75
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À GENÉTICA

Figura 44. Mutação por radiação ultravioleta com geração de dímero de timina, seguida de excisão de

nucleotídeos e reparo do dano ao DNA.

Luz ultravioleta (UV)

Exposição à luz UV leva a formação de


ligações cruzadas, gerando um dímero de
timina. Dímero de timina

Clivagem por
Exonuclease remove o DNA
endonuclease.
danificado.

Novo DNA

DNA-ligase une o DNA novo ao antigo.

Fonte: Nelson e Cox, 2011.

76
BIODIVERSIDADE UNIDADE II
EM PLANTAS

As informações contidas nesta unidade foram baseadas no livro “Biotecnologia


Industrial”, de Lima et al. (2001), no artigo “Organic acid production by filamentous
fungi”; em “Advances in Fungal Biotechnology for Industry, Agriculture, and Medicine,
de Magnuson e Lasure (2004); no livro “Princípios de Bioquímica”, de Lehninger,
Nelson e Cox et al. (2005); no livro “Genes: conceitos e aplicações” de Lewin (2001); e
no livro “Vida: a ciência da Biologia. Célula e hereditariedade”, de Purves (2002).

O Brasil possui uma das floras mais ricas do mundo – com aproximadamente 19% da
flora mundial –, composta por mais de 56.000 espécies de plantas, sem contar com os
fungos. Nosso entendimento da diversidade e de como estão as plantas não vasculares
no país consiste ainda em um processo lento, mesmo com pesquisas – discutidas em
grupos de algas – que tenham demonstrado a perda de espécies por causa da poluição
ambiental. O destaque em levantamentos de floras locais, ao invés de pesquisas
taxonômicas mais amplas, tem atrapalhado as estimativas da quantidade total de
espécies para a maioria dos grupos taxonômicos. Os dados sobre as angiospermas,
principalmente as monocotiledôneas (das quais, aproximadamente, 45% são
endêmicas), são os mais completos.

Dentro desse grupo, as informações disponíveis são mais confiáveis, tendo sido
nomeados alguns padrões de distribuição, níveis de endemismos e centros de
diversidade. Estão em crescente desenvolvimento medidas lideradas para catalogar a
flora do Brasil, acrescentando estudos que muito contribuem para a elevação do nosso
conhecimento, como os seminários para a definição de prioridades – organizados
pelo Ministério do Meio Ambiente –, os quais já identificaram áreas prioritárias para
a conservação nos principais biomas do país; procederam à elaboração de listas de
espécies de plantas ameaçadas de extinção; e fizeram a organização de dados sobre
os materiais-tipo das espécies do Nordeste por meio da Iniciativa Darwin. Essas
iniciativas têm sugerido a real importância de se desenvolver a quantidade e a área
geográfica dos estudos de sistemática e taxonomia no Brasil, ações que necessitam
de base financeira adequada e de sistemas de aperfeiçoamento para especialistas
nessas áreas.

77
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Estimativas da diversidade de plantas no Brasil


A quantidade de gêneros e espécies do Brasil foi revisada, incluindo algas, briófitas,
pteridófitos, gimnospermas e angiospermas. As informações para as dicotiledôneas
são principalmente da Flora Brasiliensis de Martius e colaboradores (1840-1906),
Barroso e colaboradores (1978, 1984, 1986), Shepherd (2003) e conteúdo não
publicados oferecidos como comunicação pessoal pelos especialistas. Para diversos
grupos, foram também usadas as coleções dos determinados herbários: Universidade
Estadual de Feira de Santana, Universidade de São Paulo e Royal Botanic Gardens,
de Kew. As informações apresentadas seguiram Cronquist (1981), não porque
consideramos esse o melhor sistema, mas devido à dificuldade de converter muitos
dos dados da literatura para os sistemas mais modernos.

As propriedades de muitas comunidades como plantas, animais e micro-organismos


precisam dos fatores abióticos da região, tais como temperatura, salinidade, umidade,
solo e luz, para oferecer variados ecossistemas diferentes no planeta. Isso devido a
superfície da Terra proporcionar localidades com variadas situações de temperatura e
disponibilidade de água.

O desenvolvimento proporcionou a indivíduos adaptações elásticas, o que os tornou


aptos para viver em situações bastante variadas. São exemplos disso os ratos, o homem
e os musgos. Estes últimos são capazes de desenvolver-se na superfície do solo,
como também nas profundezas de lagos. O fator predominante do desenvolvimento
é fabricar grande quantidade de espécies diferentes. Já os animais, em especial, são
capazes de conhecer, selecionar ou buscar ativamente os lugares mais adequados
para a sua sobrevivência. Com isso, padroniza-se cooperação entre as características
do ambiente e as propriedades das espécies. A variabilidade genética dentro das
populações de uma espécie é fundamental devido possibilitar adaptações para os
diferentes locais em que a espécie venha a habitar. O resultado é que cada população
tem possibilidades genéticas significativas.

Tais possibilidades são compartilhadas por toda a população e distribuídas entre


indivíduos polimorfismos. Quando um pequeno grupo de pessoas é isolado em
diferentes ambientes de temperatura, os fatores genéticos serão expressos com novas
características bioquímicas, fisiológicas e morfológicas, de modo que a próxima
geração será diferente, o que lhes permitirá sobreviver em diferentes temperaturas.
Espécies de plantas, variedades ou ecótipos são reconhecidas por pequenas diferenças
morfológicas, mas, sobretudo, por diferentes adaptações a diferentes condições
climáticas, como tamanho da planta, tipo de ramo etc. Alguns tipos de plantas
aromáticas diferem na composição química de suas essências. Embora as espécies se

78
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

adaptem, todas elas estão ameaçadas de extinção, não por causa do envelhecimento,
mas por causa da probabilidade finita de extinção como um fato inevitável.

A biodiversidade é o produto da evolução biológica e a diversidade de suas formas é


resultado do acúmulo de variação genética, inicialmente polimórfica em uma espécie
e posteriormente fixada em uma unidade taxonômica (como uma espécie). Como
resultado, todas as formas de vida na Terra são caracterizadas por variações genéticas
que podem ser usadas para fins de inventário e conservação biológicos. Diversidade
genética refere-se, então, a qualquer variação genética que se acumulou durante a
evolução. Basicamente, devido a mutações na sequência de nucleotídeos durante a
replicação do DNA. Quando essa variação ocorre entre indivíduos da mesma espécie,
chamamos de polimorfismo ou diversidade intraespecífica. Quando essa mudança
ocorre entre espécies que são fixadas em cada taxonomia, dizemos que já existe uma
substituição de caracteres, que pode ser um nucleotídeo (DNA) ou um aminoácido
(proteína). Variações genéticas intraespecíficas são examinadas se quisermos entender
as relações entre indivíduos e populações de todos os tipos. Portanto, se queremos
conhecer a relação entre indivíduos, se há um fluxo gênico entre as populações ou
não ou qual é o status de conservação de uma espécie em particular, examinamos a
variação genética intraespecífica. Por outro lado, a diversidade genética entre espécies
é avaliada se entendermos as relações filogenéticas nos diferentes níveis taxonômicos
(espécies, gêneros, famílias, ordens etc.) ou se desejarmos caracterizar espécies
identificando marcadores conservados que permitam sua diferenciação.

A variação genética expressa é chamada de fenótipo e, geralmente, pode ser


identificada por diferenças nas moléculas de proteína, várias características fisiológicas
e bioquímicas e variações cromossômicas, comportamentais e morfológicas. A variação
genotípica refere-se, principalmente, às informações contidas no genoma de cada
pessoa, que são herdadas – pelos filhos – de seus pais e podem ou não expressar
certas variações fenotípicas. Por outro lado, exceto nos casos em que as características
são afetadas pelo meio ambiente, quase todas as variações fenotípicas refletem
certas variações genotípicas. Portanto, quase todas as pesquisas sobre diversidade
morfológica são hereditárias, uma vez que se supõe que essas características sejam
expressas a partir de variantes genotípicas. Atualmente, a genética é considerada
uma parte fundamental da nova disciplina de Biologia da Conservação e um dos
tópicos mais importantes da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB).
Estamos realizando a fusão do conhecimento gerado pelos primeiros naturalistas e
pesquisadores em biodiversidade do século XX, com dados obtidos diretamente de
informações genéticas, fornecidas pela biologia há menos de duas décadas.

79
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Agrobiodiversidade: a diversidade genética


nos sistemas agropecuários
Todos os componentes da biodiversidade estão relacionados ao cultivo de alimentos
(segurança alimentar) e agroecossistemas, isto é, o nível de genes, de espécies e de
ecossistemas necessários para a produção agrícola sustentável. Espécies/raças,
animais/vegetais e microbianas e variabilidade. A biodiversidade agrícola e a
diversidade cultural sempre foram inseparáveis. Nas comunidades locais remotas,
na agricultura familiar tradicional e nos povos indígenas, o cultivo e o manejo dos
componentes da biodiversidade sempre foram vinculados ao desenvolvimento de
práticas culturais, crenças religiosas e tecnologias próprias de produção. Entre
os países com grande diversidade, o Brasil possui as plantas mais nativas e as mais
cultivadas.

Figura 45. Biodiversidade agropecuária.

Utiliza técnicas Utiliza técnicas


modernas, com altos rudimentares, sem
Extensivo Intensivo indíces de inovações
produtividade. tecnológicas.

Fonte: Slideshare, 2017.

Esse patrimônio genético constitui a base alimentar e a fonte de matérias-primas


para inúmeras atividades da população local. É também um elemento organizacional
de um fundo cultural específico. Portanto, protegê-lo é uma tarefa básica que visa a
manutenção da segurança alimentar bem como a proteção do patrimônio cultural
relacionado a essas pessoas. Gerenciado por populações tradicionais e agricultores
familiares, o componente de diversidade genética protegido pelo campo e pelos
agricultores é o resultado de um longo e diversificado processo de seleção, adaptado
às condições locais. Apesar de sua importância, faltam reconhecimento e esforços
especiais para sua proteção e aprimoramento. Entre essa diversidade, a expressão
infinita de mandioca, milho, feijão, amendoim, árvores frutíferas, plantas medicinais
e outras variedades tradicionais é a mais adaptável às mais diversas condições
ambientais (como solo e clima). Uma variedade de produtos agrícolas pode ser
fornecida a partir dessas variedades de reservas. Práticas e conhecimentos relevantes
permitem que esse patrimônio biológico se adapte continuamente às mudanças nos
ambientes ecológicos e socioeconômicos locais e nacionais e é um fator decisivo na
autonomia e segurança alimentar das comunidades tradicionais e dos pequenos
agricultores.

80
CAPÍTULO 1
Diversidade genética

O desenvolvimento desordenado de ecossistemas naturais, usado para a extração


de recursos florestais ou o desmatamento completo de florestas para substituir a
agricultura ou a criação de animais, causou desequilíbrios ambientais e, finalmente,
levou a grandes problemas, como perda de água e perda de solo. Em um nível mais
complexo, que ainda não se considera alcançar sustentabilidade no manejo de recursos
naturais, esse uso e/ou remoção completa de florestas levou à extinção dos recursos
genéticos de várias espécies vegetais e animais.

Figura 46. Variabilidade genética.

• Mutação • Recombinação
genética

Alteração Crossing-over
permanente Reprodução
do DNA sexuada

Fonte: adaptado de Machado et al., 2008.

A genética na agropecuária
Devido ao desenvolvimento da biotecnologia, especialmente a tecnologia do DNA
recombinante e a genômica, foram feitas importantes contribuições, como a produção
de insulina e somatostatina. A maior eficiência na produção desses itens possibilita
atender à crescente demanda mundial por preços mais acessíveis. No que diz respeito
às plantas, a introdução de resistência ao herbicida glifosato e a vários insetos (Bt)
melhorou bastante o manejo das culturas. Essas duas resistências são dois genes
encontrados nas bactérias do solo, incluindo soja, milho e outros vegetais. Espera-se
que algumas plantas e/ou animais, em breve, sejam transformados em verdadeiras
fábricas de drogas. Esse fato ocorreu em ovinos transgênicos que produzem uma
proteína terapêutica, a antitrombina humana, comercializada nos Estados Unidos e na
Europa. Biodiversidade agrícola , genética e sistemas agrícolas podem ser entendidos
como o processo de relações e interações entre e dentro do manejo da diversidade de

81
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

espécies, conhecimento tradicional e manejo de múltiplos ecossistemas agrícolas parte


da biodiversidade (MACHADO et al., 2008). Esta é a base da agricultura. Por que a
variação genética é importante? Como a estrutura genética muda? Mudanças nas
frequências alélicas e/ou frequências genotípicas através do tempo.

Figura 47. Por que a variação genética é importante?

Variação Aquecimento Sobrevivência


global

Não Variação Extinção

Fonte: adaptado de Slideshare, 2008.

Como as florestas tropicais têm enorme biodiversidade e poucas espécies foram


estudadas geneticamente, então, estudamos como um grupo de indivíduos, em
populações naturais, pode persistir, no espaço e no tempo, como sistema de
reprodução de espécies. É possível a distribuição genética espacial dos genótipos na
população. A dinâmica da endogamia desta bem como a taxa de crescimento e de
regeneração são as chaves para o manejo sustentável e para a proteção genética. Esses
fatores são críticos para controlar a redução da diversidade genética natural e manter
as espécies vivas e se reproduzirem ao longo do tempo durante o ciclo evolutivo da
seleção natural.

Mudanças nas frequências alélicas e/ou frequências genotípicas através do tempo:

» mutação;

» migração;

» seleção natural;

» deriva genética;

» casamento preferencial;

» mudanças no DNA;

82
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

» novos alelos;

» variação genética.

Figura 48. A seleção natural pode causar divergências nas populações?

Divergência

Fonte: adaptado de Slideshare, 2008.

Diversidade

» Diversidade genética: variabilidade de genes e cromossomos.

» Diversidade de espécies: variabilidade de espécies em uma comunidade.

» Diversidade ecológica: variabilidade de comunidades e as relações entre


elas.

Adaptabilidade genética

Medida do número de prole dos animais que sobreviveram até a idade reprodutiva
quando comparados com um grupo controle:

» f= 1 se o alelo mutado tiver a mesma probabilidade do alelo normal de


passar para a geração seguinte;

» f= 0 se o alelo mutado causar morte ou esterilidade;

Coeficiente de seleção: medida da perda da adaptabilidade (s=1-f).

83
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Figura 49. Adaptabilidade genética.

Adaptabilidade (f)

Fonte: adaptado de Slideshare, 2008.

Deriva genética
Causa altas frequências para alelos de condições deletérias ou letais em uma
população. Constitui-se flutuação alélica aleatória que opera em um pequeno pool de
genes em uma população pequena.

Figura 50. Deriva genética.

Fatores aleatórios, como Geração seguinte


sobrevida ou fertilidade
aumentada.

População pequena

Fonte: adaptado de Slideshare, 2008.

Frequências gênicas e a diversidade genética


Essas plantas exibem surpreendente morfologia, adaptabilidade e diversidade
ecológica e são o produto de milhões de anos de diversidade e variedade de estirpes.
Caracterizar essas diferenças e entender os mecanismos pelos quais elas ocorrem são
os objetivos da genética populacional e da geografia sistemática.

A proteção da multiplicidade genética é essencial para os programas de conservação,


pois pode aumentar a capacidade da população de se adaptar às mudanças ambientais

84
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

e pode ajudar a mantê-las a longo prazo. A pesquisa genética, portanto, tornou-se uma
prioridade na determinação de estratégias de continuidade.

As frequências gênicas ou alélicas, correspondem à proporção dos diferentes alelos de


um gene na população. Assim, elas podem ser alteradas em casos de:

» cruzamento aleatório;

» seleção natural;

» mutações;

» migrações.

Figura 51. Frequências gênicas e os cruzamentos não aleatórios e a seleção natural.

Indivíduos
procuram cruzar com

Aumento de

São mais
predadores.
Um genótipo
se torna mais
raro.

Fonte: adaptado de Genética, 2013.

Lembre-se de que o equilíbrio de Hardy-Weinberg acontece:

» Quando as frequências gênicas e genotípicas permanecem


constantes de geração para geração.

» Quando os organismos são diploides e se reproduzem sexuadamente.

» Quando não há superposição de gerações em grandes populações


intercruzantes, nas quais os cruzamentos são ao acaso.

» Quando nenhuma seleção ou outro fator está presente para alterar as


frequências alélicas.

85
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

» Ou seja, sem mutação, sem migração, sem cruzamentos aleatórios e


sem seleção.

A pesquisa sobre diversidade genética de populações naturais inclui descrição do nível


de variação genética dentro da população e a maneira pela qual a variação é dividida
entre as populações. A pluralidade e a estrutura genéticas de uma população podem
ser caracterizadas usando propriedades quantitativas, que podem ser avaliadas em
testes de origem e filhos, ou com base em dados de marcadores genéticos. A técnica
de eletroforese de isoenzimas possui algumas vantagens sobre os métodos genéticos
quantitativos clássicos nessas análises, como:

» A herança genética das características comprovadas pode ser facilmente


demonstrada.

» A maioria dos loci é codominante e as frequências genéticas podem ser


calculadas diretamente, sem a necessidade de cruzamentos genéticos.

Além disso, as estimativas da variabilidade genética podem ser comparadas


diretamente entre as populações, e uma variedade de locais pode ser acessada com
uma pequena quantidade de material.

Figura 52. Frequências gênicas e as mutações e migrações.

Novas
variações
aparecem.
Um genótipo
se transforma
em outro.

Muitos
e
Deixam
Genótipos que
saíram se
tornam raros.

Fonte: adaptado de Genética, 2013.

Portanto, marcadores moleculares do tipo Random Amplified Polymorphic DNA


(RAPD) podem ser usados ​​para estudar a diversidade genética de dada espécie. Esses
marcadores são mais comumente usados ​​ quando não há conhecimento genético

86
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

prévio das espécies a serem estudadas, assim como a maioria das espécies neotrópicas.
Eles são baseados na amplificação aleatória de fragmentos de DNA usando iniciadores
de sequência aleatória.

A tecnologia RAPD é vantajosa é por ser simples, rápida e barata. Quanto aos
marcadores, eles apresentam a desvantagem de serem dominantes por natureza.
Os estudos filogeográficos em plantas baseiam-se, principalmente, na variabilidade
do genoma do cloroplasto (cpDNA), que possui herança uniparental, baixas taxas
de mutação e sem recombinação. A estrutura genética desse genoma é afetada por
relações históricas e fluxo genético ancestral entre as populações, além de eventos
como a formação de gelo e as mudanças climáticas ao longo do tempo geológico.
Dessa maneira, a pesquisa geográfica sistemática fornece um método para detectar a
correlação entre a distribuição geográfica do haplótipo e sua relação genealógica.

Figura 53. Equilíbrio Hardy-Weinberg.

Frequência dos
alelos permanece
constante.
Tempo

Fonte: adaptado de Genética, 2013.

Efeito fundador
O efeito fundador ocorre quando uma população materna cria novas populações (A1,
A2 ou A3), quando um novo habitat é colonizado ou porque parte dessa população
se separa e funda uma nova. Esse efeito ocorre, por exemplo, quando as ilhas são
povoadas por alguns indivíduos de populações continentais.

87
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Figura 54. Populações.

População A1

População A2

População A

População A3

Fonte: adaptado de Vilela, 2015.

A natureza é exuberante. Basta olhar para um fragmento de floresta ou jardim para


constatar a existência de diferentes tipos de plantas. Há variações entre espécies e
entre indivíduos da mesma espécie, que incluem diversas formas, cores e tamanhos
de caules, folhas, flores e frutos. Isso é chamado diversidade ou riqueza natural. Essa
plasticidade visual é o resultado da expressão genética com fatores ambientais, ou
seja, o meio no qual o ser vivo cresceu. A variedade de plantas é um recurso que deve
ser preservado, uma vez que ela é um pré-requisito para o melhoramento de plantas.

Figura 55. Próxima geração.

População Efeito gargalo Indivíduos Geração


inicial de garrafa sobreviventes seguinte

Fonte: adaptado de Vilela, 2015.

O banco de germoplasma é uma das estratégias para garantir a proteção da


diversidade genética das espécies. As instituições de pesquisa e ensino costumam
usar esse mecanismo para manter um grande número de indivíduos diferentes da

88
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

mesma espécie ou espécies relacionadas. No que diz respeito às plantas, elas podem
ser mantidas em seu próprio habitat natural (preservação in situ) por manutenção em
tubos de ensaio em jardins, estufas, câmaras frigoríficas e laboratórios (conservação
ex situ) ou através de processos externos.

Os estudos de avaliação genética podem identificar plantas repetitivas no banco de


germoplasma e avaliar o grau de diferenciação entre indivíduos, facilitando o uso
e a troca de materiais. Avaliar a diversidade genética é uma tarefa complexa que
envolve, além de métodos estatísticos, coleta de dados em campo e em laboratório.
A análise de dados possibilita classificar e agrupar plantas com base em sua origem,
parentesco e semelhança visual. Esse tipo de trabalho é lento e sensível, mas os
resultados ampliarão o conhecimento sobre as espécies. Uma vez divulgados, os dados
são de domínio público e acessíveis a toda a sociedade. As maiores coleções genéticas
envolvem espécies agrícolas de importância agrícola, como soja, arroz, cevada, milho
e citros. A tendência é que espécies com possíveis usos agrícolas estejam relacionadas
à conservação da diversidade em grandes bancos de germoplasma em todo o mundo.
A crescente relação entre a diversidade de recursos genéticos e o desenvolvimento
agrícola pode explicar isso.

O trabalho de proteção de plantas requer mão de obra especializada, espaço físico e


investimento suficientes, mas, no geral, é extremamente benéfico para a ciência, a
agricultura e a sociedade. Plantas com potencial genético podem se tornar novas
variedades no mercado agrícola ou atuar como doadoras de material genético no
processo de cruzamento com outros indivíduos da mesma espécie, permitindo,
assim, que as plantas tenham maiores adaptabilidade ambiental e produtividade
bem como resistência a doenças. Este trabalho de pesquisa também pode promover a
diversificação da produção.

A chamada “revolução verde” é um fenômeno que marca o desenvolvimento da


agricultura mundial, iniciada na década de 1940. Um de seus pilares é o aprimoramento
genético das sementes para introduzir novas espécies no campo. Esse fator permite
que as pessoas aumentem o número de sementes. Nesse processo, novas variedades
de milho, soja e trigo são altamente produtivas e amplamente adaptadas às condições
climáticas e do solo de diferentes regiões, o que ajuda a tornar a agricultura mais
competitiva em alguns países. Isso mostra que investir na expansão e na manutenção
da diversidade genética pode trazer benefícios reais para a sociedade. Tomemos o
Brasil como exemplo. O país tem a maior diversidade genética de plantas do mundo
e usa a agricultura como uma importante base econômica. Proteger a diversidade de
plantas é um investimento necessário para instituições de pesquisa e uma estratégia
eficaz para atender às novas necessidades do setor agrícola.

89
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Fatores evolutivos responsáveis pela geração


da variabilidade
» Mutações: de ponto: substituição de base, inserção, deleção.

» Aberrações: (mas antes ver o conceito de cariótipo).

» Numéricas: euploididas, aneuploidias.

» Estruturais: deleção, duplicação, translocação, inversão.

» Transferências: vertical (pelo sexo); horizontal (vírus, bactérias,


mitocôndrias).

» Outros fatores indutores de variabilidade:transposons.

» A meiose está diretamente relacionada com a variabilidade genética,


uma vez que ela pode auxiliar na propragação das mutações.

» O crossing-over aumenta a variabilidade genética.

Quantos tipos de combinações genéticas podem ocorrer em células que resultam da


meiose?

Figura 56. Crossing-over.

Par de cromossomos
homólogos

Centrômero

A B Ponto de quiasma A` B` C` D`
Cromatídes

Fonte: adaptado de Document, 2019.

Existe variação genética entre indivíduos da reprodução sexual e entre seus parentais.
A variação genética individual é causada pela meiose e pela fertilização: a meiose
ocorre porque a separação dos cromossomos homólogos acontece aleatoriamente
e também devido ao cruzamento; já a fertilização, porque provém da combinação
aleatória de gametas e possui informações genéticas diferentes.

90
CAPÍTULO 2
Preservação da biodiversidade

Os cientistas agora estão percebendo que a Terra é um sistema autorregulável,


composto de todas as suas formas vivas, incluindo os seres humanos e todas as partes
materiais que as compõem – o ar, os oceanos e as rochas na superfície. O sistema
terrestre regula o clima e a química. Como a Terra se assemelha a um organismo vivo
e responde a tudo o que fazemos, adicionar gases de efeito estufa à atmosfera tem
consequências muito diferentes do que fazer o mesmo em um planeta morto como
Marte. A diversidade é uma das principais características do nosso planeta em todas
as escalas espaciais. Do espaço, você pode sentir a extraordinária diversidade de
paisagens de cada continente e oceano. Veja o mapa do nosso continente. Veja como
é diverso. Nós temos tudo! De desertos a florestas densas, de climas tropicais a áreas
permanentemente cobertas de neve, do nível do mar a grandes altitudes. Cada uma
dessas paisagens é habitada por uma grande variedade de espécies.

Figura 57. Estimativas numéricas sobre a biodiversidade da terra.

Insetos

Plantas

Aracnídeos

Fungos

Moluscos

Vertebrados Espécies conhecidas

Algas
Espécies por descobrir

Protozoários

Crustáceos

Nematoides
0 6
Bactérias
X10000

Fonte: adaptado de Lewinsohn e Prado, 2005.

Não há definição consensual do termo biodiversidade. Esta é frequentemente


conceituada como “diversidade da vida” e inclui todas as várias formas de vida
(animais, micro-organismos, plantas etc.), que existem na Terra. Segundo Barbieri
(2010), “biodiversidade é a totalidade de genes, espécies e ecossistemas de uma

91
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

região”, definição, segundo a qual, resumem-se os três níveis de diversidade entre os


seres vivos:

1. Biodiversidade.

2. Diversidade genética (diversidade de genes de uma espécie).

3. Diversidade de ecossistemas (diversidade no nível mais alto, que inclui


todos os níveis de variação).

A biodiversidade também pode ser interpretada do ponto de vista da variação


intraespecífica – por exemplo, a conservação de subpopulações geneticamente
diferentes (BATISTA, 2006) – e inclui a diversidade dos tipos de comunidades ou
ecossistemas em uma região específica, como desertos, florestas, mares, lagos, entre
outros. (BEGON et al., 1996). A biodiversidade de uma área específica pode ser
avaliada com base em dois parâmetros:

» Riqueza de espécies – número de espécies na comunidade.

» Justiça – a abundância de cada espécie, ou seja, a proporção de


indivíduos de cada espécie presente na área.

Quanto maior o número de riqueza de espécies, maior a uniformidade entre as


espécies e maior a diversidade biológica!

Figura 58. Biodiversidade terrestre.

FLORA Plantas

Animais FAUNA

Ecossistema Micro-
organismos

Fonte: adaptado de Slideshare, 2013.

Todas as espécies (animais, plantas e micro-organismos) podem desempenhar um


papel. Existem várias conexões entre os seres vivos e seu ambiente: como alimento

92
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

um para o outro (cadeia alimentar), fertilidade do solo (produção de húmus) ou


através da reprodução (polinização das flores). Se uma espécie for removida do meio
ambiente, suas funções deixarão de ocorrer, resultando em desequilíbrios ecológicos.
Para garantir sua sobrevivência, os seres humanos devem proteger e conservar todas
as formas de vida na Terra.

A importância da biodiversidade
A proteção e o uso sustentável da diversidade biológica, bem como a possibilidade de
produzir bens e serviços ambientais, bem como a geração de emprego e renda, são
as melhores maneiras de avaliar e proteger nosso patrimônio ambiental. Veja várias
funções da biodiversidade essenciais para atividades ambientais, econômicas, sociais e
culturais abaixo:

» funções ambientais;

» polinização e dispersão das plantas;

» teia trófica ou cadeia alimentar;

» variabilidade e adaptação;

» estabilidade do regime hídrico e amenização climática;

» fonte de novos produtos e de energia;

» sustentabilidade na agricultura e na pecuária;

» produtos florestais.

Figura 59. Impactos na biodiversidade.

Explosão do Exploração
Impactos
crescimento excessiva dos
ambientais
populacional recursos naturais

Fonte: adaptado de Silveira, 2019.

A biodiversidade também está ligada à variação genética que ocorre em cada espécie.
Isso é importante porque permite que todos se adaptem às mudanças comuns no

93
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

ambiente. A temperatura varia de dia para dia (quente) a noite (frio) e o ano todo
(verão/inverno). A umidade varia em diferentes épocas do ano (seca e estação das
chuvas) ou de uma área para outra, como no deserto, onde a água é escassa, enquanto
as florestas tropicais apresentam maior umidade. A fonte de luz é principalmente
do sol, variando dos trópicos (maior luminosidade) ao polar (menor luminosidade).
A salinidade pode ser alta (oceano, mar) ou baixa (rio, lago doce). Todo organismo
precisa se adaptar a essas e outras condições, algumas das quais são tão extremas que
podem levar ao processo de especiação, ou seja, ao surgimento de novas espécies.

Figura 60. Extinções.

Se
considerarmos Se Entre 10.000 e
que existem 2 1000.000
milhoes de
considerrmos
espécies 100 milhões de extinções por
distintas no Entre 200 e espécies ano
planeta. 2.000 extinções
por ano.

Fonte: adaptado de Silveira, 2019.

Ameaças à biodiversidade
As ações humanas nos ecossistemas estão afetando cada vez mais a flora e a fauna
da Terra. O declínio do endemismo em uma dada espécie é uma forte ameaça à
biodiversidade. Nesse caso, nosso país mostrou impacto negativo, pois várias espécies
animais e vegetais derivadas de ambientes endêmicos, como a Mata Atlântica e o
Cerrado, enfrentam sérias ameaças de extinção (SANTOS, 2010).

Segundo Mendonça et al. (2009), a consequência mais vergonhosa da ameaça à


biodiversidade é, sem dúvida, a extinção de uma espécie. Com a perda das espécies,
o patrimônio genético desaparece, o que pode afetar a dinâmica das relações tróficas
entre os organismos que compõem a cadeia alimentar na qual a espécie está inserida.
Importa lembrar-se, ainda, de que a extinção de espécies faz parte do processo
evolutivo. Estima-se que 99% de todas as espécies que já existiram estão extintas.
É um evento lento causado por fatores como o surgimento de concorrentes mais
eficientes e de desastres naturais, como a extinção dos dinossauros. Acredita-se que
estes, por exemplo, tenham sido extintos devido às mudanças climáticas ocasionadas
pela queda de um meteorito.

Como mencionado anteriormente, a principal ameaça às espécies e,


consequentemente, à biodiversidade são os seres humanos. A deterioração dos

94
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

ecossistemas do planeta acelerou o desaparecimento de animais e plantas, um


processo que deve ser lento. O abuso de recursos naturais, a poluição e a expansão
urbana estão entre as principais causas de degradação ambiental. Os fatores que
ameaçam a biodiversidade incluem incêndios, rios, poluição do solo e do ar, predação
e desmatamento. Este último, por exemplo, pode destruir habitats de espécies cujas
vidas dependem deles. A redução da biodiversidade afeta a sustentabilidade e a
disponibilidade permanente de recursos ambientais.

Figura 61. Ameaças na biodiversidade.

Perda de Poluição e Superexploração


Introdução de Mudanças
transformação de degradação dos recursos
espécies exóticas climáticas
habitats ambiental naturais

Fonte: adaptado de Slideshare, 2013.

A biodiversidade garante a vida


A produtividade dos ecossistemas, a manutenção de ciclos como a água e os nutrientes
e o refúgio para predadores naturais de muitos insetos ou polinizadores podem ser
encontrados em habitats preservados. Nossa identidade cultural também é preservada
lá. Medicamentos em potencial e uma importante fonte de nutrientes, bem como uma
variedade que permite a melhoria de nossas culturas são distribuídos na natureza. A
perda de biodiversidade ocorreu rapidamente. Estima-se que essa perda seja mil vezes
maior que a taxa natural. Ações como fragmentação e destruição de habitats fizeram
com que várias espécies declinassem e ameaçassem entrar em extinção.

Figura 62. Consequências das ameaças à biodiversidade.

Perda de
Introdução de
biodiversidade Perda de habitats Efeito de broda
espécies exóticas
nativa

Degradação do
Efeitos negativos Redução de Perda de serviços
solo e dos corpos
na cadeia alimentar variedade genética ambientais
d'água

Alteração na
Redução da
diversidade e na Alterações
absorção de
abundância das microclimáticas
carbono
espécies

Fonte: adaptado de Slideshare, 2013.

95
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Refúgios que mantêm a biodiversidade são as melhores opções para ajudar a combater
a perda de biodiversidade. Portanto, a proteção de áreas protegidas permanentes
ao longo dos cursos de água e a proteção legal da propriedade ajudam a manter a
biodiversidade. O Código Florestal Brasileiro (Lei no 4.771, de 15 de setembro de
1965) prevê uma área protegida permanente (APP) e uma área protegida estatutária
(RL). Define-se como área protegida permanente aquela coberta ou descoberta por
vegetação natural. Essa iniciativa visa, além de proteger as funções ambientais dos
recursos hídricos, paisagem, estabilidade geológica, biodiversidade, fluxo gênico de
plantas e animais, proteger o solo e garantir o bem-estar humano.

Nos últimos 50 anos, o comportamento humano impactou a biodiversidade mais


rapidamente do que em qualquer momento da História. Na sociedade moderna,
embora a realidade da diversidade se beneficie do desenvolvimento da biodiversidade
e da transformação de ecossistemas naturais em ecossistemas do domínio humano, o
custo dessas realizações é a perda da diversidade biológica, a degradação de muitos
serviços ecossistêmicos e a deterioração. As condições mais importantes que causam
perda de biodiversidade são:

» mudanças nos habitats (como mudanças no uso da terra, mudanças


físicas nos rios ou cachoeiras nos rios);

» mudanças climáticas, espécies exóticas invasoras;

» superexploração;

» poluição.

A perda de raças locais que são amplamente adaptadas a diferentes agroecossistemas


e a perda de valor cultural afetaram seriamente os residentes nessas áreas. A
erosão genética (redução da variabilidade genética), além de reduzir a produção
agrícola, também aumenta a sensibilidade das plantas a pragas e doenças. Com as
mudanças, os recursos genéticos mantidos por esses agricultores estão diminuindo
gradualmente. Outra razão muito importante é a demanda do mercado. Por causa
desta, os agricultores geralmente optam por desenvolver uma variedade e abandonar
aqueles que se adaptaram ao ambiente local. A redução da diversidade agrícola
afeta não apenas as agriculturas tradicional e familiar – mesmo que seus impactos
sejam diferentes –, mas mina a sustentabilidade de todos os sistemas agrícolas,
(SANTILLI, 2009).

96
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

Conservação da agrobiodiversidade
A proteção da biodiversidade agrícola não é apenas uma questão ambiental. A
segurança alimentar e nutricional de toda a população, o desenvolvimento rural
sustentável, a inclusão social e o combate à fome e à pobreza estão direta ou
indiretamente relacionados à proteção e uso dos recursos da biodiversidade agrícola.
Hoje, cerca de 75% dos 1,2 bilhões de pessoas mais pobres do mundo vivem em áreas
rurais e dependem da agricultura para sua subsistência. Portanto, as comunidades
locais devem ser continuamente incentivadas a apreciar e reconhecer a importância de
seu papel na proteção e no uso da biodiversidade (MACHADO et al., 2008).

Nos países em desenvolvimento em particular, embora se espere que as variedades


modernas mais produtivas dominem, ainda existem muitos agroecossistemas nos
quais um grande número de variedades tradicionais ou crioulas de grandes e pequenas
culturas são cultivadas e essas variedades crioulas continuam a dominar a produção e
alguns usos, mesmo quando disponíveis de variedades modernas pelas comunidades.

Processo de restauração de áreas que sofreram erosão


genética

A restauração de áreas que sofreram um forte processo de erosão genética depende


de várias estratégias.Ao diagnosticar erosão, aspectos ecológicos, sociais, culturais
e econômicos, bem como aspectos de agrobiodiversidade, sistemas agroecológicos e
habilidades organizacionais devem ser levados em consideração. Muitas medidas
nas áreas de agrobiodiversidade e agroecologia podem ser desenvolvidas com a
participação de comunidades de agricultura familiar. Seu objetivo imediato é garantir
a segurança alimentar e a soberania alimentar a médio prazo. Para realizar essas
ações, são necessários métodos apropriados, que podem começar com diagnósticos
participativos, conscientização e seminários de treinamento. Esses métodos requerem
flexibilidade, exploração, interação e inovação para facilitar o aprendizado rápido e
progressivo (MACHADO et al., 2008).

A implementação de projetos de pesquisa dessa natureza busca o desenvolvimento


territorial sustentável, baseado em dois componentes básicos, a gestão da
biodiversidade agrícola e a gestão ecológica de agroecossistemas, promovendo
melhorias sociais, culturais, econômicas e ambientais. O desenvolvimento de
relacionamentos agrega valor ao processo da indústria agrícola. Ele procura
estabelecer procedimentos metodológicos para pesquisa participativa, diversificação
de culturas, seleção e conservação de germoplasma amplamente cultivado de interesse
local e promoção da interação entre biodiversidade agrícola e agroecologia (JACKSON
et al., 2007).

97
CAPÍTULO 3
Resistência genética de plantas aos
patógenos

Melhoramento para resistência às pragas

Mecanismos de resistência:

» Não preferência: os insetos não usam a planta como alimento,


oviposição ou abrigo, por desinteresse.

» Antibiose: a sobrevivência, o desenvolvimento, ou a reprodução


dos insetos, sofre consequências adversas ocasionadas pela planta
parasitada.

» Tolerância: são todas as respostas da planta que possibilitam suportar


a infestação.

Principais razões da resistência

» Morfologia: cor, forma, espessura da parede celular, tricomas, crostas


minerais, deposição superficial de cera, adaptação anatômica dos órgãos
(efeitos nos alimentos, desova, movimento, comportamento).

» Bioquímicos: substâncias inorgânicas (selênio), metabólitos primários


e secundários (ácido cítrico, aminoácidos aromáticos) e substâncias
secundárias (alcaloides, isoprenoides, glicosídeos, cumarinas, taninos).

» Isoprenoides: alfa-pineno no pinus, gossipol em Gossypium hirsutum


(algodão do México), cucurbitacin em Cucurbitáceas.

» Agliconas aromáticas: quercetin em Gossypium spp. (algodão).

» Alcaloides: nicotina em Nicotiana.

98
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

Considerações práticas sobre o melhoramento


» Seleção para resistência/tolerância: ambiente favorável para a
ocorrência do inseto/ácaro, vacinação (técnicas), controle de variações
ambientais (instalação experimental apropriada), controle ambiental
(estufa, telhados, criação), mobilidade de pragas, dinâmica populacional,
escalas de danos.

Entre outros compostos, as plantas são compostas de carboidratos, proteínas, lipídios


e minerais, organizados em formas estruturais e/ou funcionais e, portanto, uma
excelente fonte. Hoje, as plantas que habitam a superfície da Terra são derivadas de
plantas que migraram da água milhares de anos atrás, e os micro-organismos mais
prováveis​​acompanharam a evolução dessas primeiras plantas. Muitos desses micro-
organismos se adaptaram ao novo nicho que lhes foi fornecido, ocupando a vasta
diversidade de plantas (DANGL et al., 2013).

Assim, quando as plantas ou partes delas morrem, elas são decompostas por micro-
organimos, que usam os componentes das plantas como fonte de nutrientes para seu
crescimento e desenvolvimento. À medida que a diversidade de micro-organismos nos
tecidos vegetais em decomposição tende a aumentar, a competição por alimentos se
torna difícil. Para escapar dessa competição, um método alternativo que alguns micro-
organismos podem usar é adaptar-se a esse novo nicho e desenvolver estratégias para
obter o tecido menos competitivo das plantas que vivem nos alimentos. No entanto,
apesar de as plantas secretarem certa quantidade de nutrientes na rizosfera e/ou no
sistema radicular, sua concentração máxima está localizada no tecido, citoplasma e/ou
exossomo e, portanto, a rizosfera necessita que micro-organismos invadam os tecidos
das plantas.

Resistência de plantas a micro-organismos


As plantas terrestres são sésseis e, embora não tenham um sistema imunológico
adaptável como os animais, são resistentes à maioria dos micro-organismos que
as atacam para invadir seus tecidos. Esse fenômeno geralmente mostra resistência
(resposta imune), exceto a sensibilidade a certos micro-organismos, e é chamado
resistência não hospedeira (RNH). Além disso é caracterizado por um mecanismo
que confere resistência genotípica a todas as espécies vegetais e a todas as variações
genéticas de determinada espécie microbiana.

O RNH é apenas um sistema de defesa bem projetado que protege as plantas dos
micro-organismos e envolve mecanismos físicos e bioquímicos. Esses mecanismos

99
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

podem ser os componentes morfológicos e fisiológicos das plantas ou podem ser


gerados dependendo da detecção de micro-organismos. Os mecanismos de defesa
podem funcionar individualmente ou em conjunto, e o papel de cada mecanismo
varia de acordo com o tipo de patógeno e o modo de infecção. Portanto, mesmo que
esses mecanismos sejam biologicamente divididos em físico e bioquímico e/ou pré-
formados e posteriormente formados, seus efeitos podem ocorrer simultaneamente e é
difícil separá-los na prática.

A abordagem dos mecanismos de resistência será discutida de maneira ampla para


mostrar seu papel em sistemas patológicos nos quais o mecanismo demonstrou dar
contribuição significativa.

As doenças causadas por bactérias fitopatogênicas são um dos vários fatores que
reduzem a produtividade das culturas e prejudicam gravemente os sistemas agrícolas,
e o controle de bactérias patogênicas é dificultado pela falta de produtos com atividade
antibacteriana. Certas doenças, causadas por patógenos vegetais, colocam em
risco a segurança alimentar e a estabilidade econômica em vários países. No Brasil,
por exemplo, o câncer, a ferrugem cítrica e a doença do dragão amarelo continuam
ameaçando os citros.

As plantas, como os animais, são capazes de reconhecer e responder a estímulos


externos, ativando mecanismos de defesa contra agentes biológicos, que podem levar à
resistência à infecção.

Dessa forma, neste capítulo, serão abordados os mecanismos que as plantas usam
para limitar ou prevenir infecções bacterianas que se concentram na identificação
de genes responsáveis ​​e no uso (potencial) desses genes na agricultura. Finalmente,
serão discutidos também os mecanismos bacterianos que identificam a inibição da
resistência.

Mecanismos que atuam como barreira física à


penetração dos micro-organismos
Geralmente, micro-organismos não patogênicos não podem penetrar em plantas
não hospedeiras porque são bloqueados pelas barreiras físicas presentes em suas
superfícies que constituem um mecanismo de resistência pré-invasão. A primeira linha
de defesa quando os micro-organismos entram em contato com as plantas é a barreira
imposta pelo estrato córneo e pela parede celular, considerada um fator importante
para a RNH. O estrato córneo é estruturalmente variável entre as espécies vegetais,

100
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

mas é essencialmente composto por cutina, cera e hidrocarbonetos e está intimamente


relacionado à parede celular das células epidérmicas (SERRANO et al., 2014).

Em certas espécies de plantas, metabólitos secundários com efeitos antimicrobianos,


como flavonoides e triterpenos, também podem ser encontrados na composição da
cera epidérmica. A importância dessa estrutura da planta foi claramente demonstrada:
por exemplo, na cevada, o gene CYP96b22, que está envolvido na biossíntese de cera
epidérmica, foi identificado como um fator importante para a RNH devido à sua
resistência a isolados de Magnaporthe não patogênicos (DELVENTHAL et al., 2014).
Portanto, a própria epiderme constitui barreira física e química para a penetração
microbiana direta, particularmente para certas espécies de fungos. Assim, para
superar os obstáculos impostos pelo estrato córneo, os micro-organismos precisam
utilizar estratégias para reduzir sua resistência, como a secreção de cutinase. Cutinase
insuficiente ou a presença de inibidores de enzimas da superfície da planta podem
fazer com que os fungos penetrem nas plantas (AUYONG et al., 2015).

Resistência é a capacidade de uma planta (um hospedeiro) de impedir ou atrasar a


entrada ou o desenvolvimento de um patógeno em seu tecido com efeitos morfológicos
ou bioquímicos que podem ser caracterizados pelo número de genes que controlam
as respostas imunes das plantas ao serem atacadas por patógenos. Um (monogênico),
mais de um (oligogênico) ou muitos genes (polígeno) podem ser responsáveis ​​por
impedir o estabelecimento de relações entre hospedeiros e patógenos. Dependendo de
suas propriedades, a resistência das plantas a doenças fúngicas pode ser classificada
de maneira diferente.

Em geral, a resistência das plantas à doença é dividida em:

» Oligogênica: quando a resistência é controlada por alguns genes.

» Poligênica: quando o controle é realizado por muitos pares de genes.

Existem propriedades diferentes para cada tipo de resistência.

Assim, a oligogenicidade pode ser examinada, em detalhes, incluindo a identificação


do efeito de cada gene. É fácil determinar a superioridade ou a recessividade dos
personagens. Devido a mudanças descontínuas, os agentes separadores são facilmente
divididos em várias categorias, e a resistência é dificilmente afetada pelo ambiente.
Além de outros fatores determinantes, não há interação entre o patógeno e o
hospedeiro.

Na resistência multigênica, as alterações no isolado são contínuas, considerando


apenas o papel do genoma. Além de ser fortemente afetada pelo meio ambiente, essa

101
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

resistência costuma ser um efeito indireto de outros fatores, o que torna mais difícil
lidar com a resistência dessa planta às doenças. Por exemplo, existem doenças simples
(crescimento aritmético) que geralmente afetam as raízes do hospedeiro, enquanto
doenças de interesse composto (crescimento exponencial) afetam as partes aéreas da
planta. Nesse caso, dependendo da situação, tanto a resistência oligomérica quanto a
poligênica podem desempenhar um papel, embora a resistência oligomérica seja mais
adequada para casos de doenças de interesse simples.

Formas de resistência de plantas a doenças


Para entender melhor como as plantas podem resistir geneticamente ao ataque de
doenças, é melhor introduzir alguns conceitos básicos que podem ajudar a explicar o
fenômeno. Nestes conceitos, vale a pena enfatizar a hipótese gene a gene, e sua ênfase
está na relação específica entre genes de resistência em plantas e genes de virulência
em patógenos.

Em outras palavras, para cada gene de resistência no hospedeiro, existe um gene


de virulência específico no patógeno e vice-versa. Essa teoria provou ser bastante
universal, especialmente quando aplicada à resistência de um único gene (causada por
um par de genes), que é uma resistência a oligonucleotídeos. A resistência proposta
originalmente pode ser quebrada, inclusive considerando a coevolução de patógenos e
hospedeiros.

Nesse mecanismo genético de resistência, outra teoria muito eficaz é a virulência


desnecessária, útil em casos de resistência com poucos comandos genéticos. Estudos
têm mostrado que espécies patogênicas com genes de avirulência têm fraca viabilidade
na população.

Por exemplo, supondo que exista uma variante de planta com o gene de resistência
R1, através da hipótese gene a gene, qualquer raça de um patógeno com um gene
de virulência será capaz de superar a resistência conferida pelo gene R1 hospedeiro.
Portanto, tanto esta como outra raça causarão doenças nessa raça, mas a última raça
tem pouca viabilidade no hospedeiro R1 devido a genes de virulência desnecessários.
No entanto, depende se o gene de resistência no hospedeiro é forte ou fraco, o que será
explicado mais adiante. Após um breve comentário, agora podemos nos concentrar
nas seguintes formas principais de resistência das plantas às doenças:

a. Resistência vertical

102
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

É específico, oligogênico e o patógeno é virulento, com capacidade de


prevenir infecções e/ou atividade regulada biologicamente, mas pode
ser destruído.

b. Resistência horizontal ou de campo

É um patógeno poligênico inespecífico, é agressivo, tem a capacidade de


limitar a infecção e/ou regular a atividade e é difícil de ser destruído.

c. Resistência completa

É a resistência que não causa a reprodução do patógeno, não é


permanente porque pode ser quebrada.

d. Imunidade

É uma resistência completa e duradoura.

e. Tolerância

Refere-se à comparação entre o número de doenças e o efeito no


rendimento, ou seja, nas mesmas condições ambientais, se o rendimento
de grãos de uma variedade A for maior que o grão de outra variedade B,
é considerado mais tolerante.

f. Hipersensibilidade

Essa é uma reação química, geralmente causada por uma substância


fenólica chamada fitoalexina, que se manifesta em partes da planta
(como folhas) atacadas pelo patógeno, matando as células ao redor da
lesão não deixando se espalhar.

Em alguns casos, os patógenos produzem substâncias chamadas atratores, que


estimulam o hospedeiro a produzir fitoalexinas específicas, impedindo a ação do
próprio regulador biológico. As alergias são específicas, mas são muito afetadas pelo
meio ambiente e não devem ser confundidas com resistência vertical ou horizontal.
Vale ressaltar que Hevea spp é o método mais eficaz entre todas as espécies vegetais
naturalmente presentes na região amazônica, pois em pesquisas é possível encontrar
todos esses tipos de mecanismos genéticos em sistemas de resistência. O patógeno das
folhas da malária é o fungo Microcyclus ulei, que é a condição biológica mais tenaz
dessa espécie.

103
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Resistência vertical ou qualitativa (RV)


Nela, todos os efeitos de resistência podem ser conferidos por um único gene ou
um pequeno número de genes (oligonucleotídeos) com menor influência. Nesse
tipo de resistência, não é possível quantificar o grau intermediário de resistência,
em que apenas ocorrem reações de resistência ou suscetibilidade. Essas plantas
podem não apresentar sintomas ou pequenas lesões necróticas chamadas lesões de
hipersensibilidade (morte celular localizada perto da área infiltrativa do patógeno)
ou podem não mostrar sintomas suscetíveis ao hospedeiro. Por não possuir um nível
médio de resistência, chama-se resistência qualitativa.

A RV é construída em uma teoria gene a gene desenvolvida a partir de vários estudos


com a ferrugem do linho causada pelo fungo Melampsora lini. Tais estudos relataram
interação entre a resistência das plantas de linho e a virulência do patógeno, sugerindo
que, para cada gene que causa uma resposta de resistência do hospedeiro, existe um
gene complementar no patógeno responsável pela resposta não tóxica (ABAD, 2003).

Resistência horizontal ou quantitativa (RH)


O sistema de defesa da planta é controlado por vários genes (poligeno) com menos
efeito. Esse tipo de resistência possui um nível médio de resistência, ou seja, é possível
quantificar o nível de resistência e pode haver reações com a máxima suscetibilidade
à resistência máxima. Devido a essa possibilidade de medir o nível de resistência, é
caracterizada como uma resistência quantitativa.

A contribuição epidemiológica da RH é reduzir a progressão da doença, ou seja, a


doença cresce mais lentamente do que as raças menos suscetíveis ou resistentes.
Comparado com a RV, o RH tem mais genes envolvidos na resposta de defesa da
planta, reduzindo assim a oportunidade de os patógenos superarem essa resistência.
Essas condições tornam o RH mais estável e durável.

104
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

Figura 63. Teoria gene a gene para o parossistema Oryza saliva-Pyricularia orzae oryza.

A a

Patógeno
Produto elicitor do Não tem produto,
gene AVR. ou o produto não é
específico.

Hospedeiro

Resistente Suscetível
R

Patógeno produz Não tem elicitor


elicitor. nem receptor.

Suscetível Suscetível
r

Ar Ar

Fonte: adaptado de Dallagnol et al., 2018.

Resistência não hospedeira


As plantas se defendem contra possíveis fitopatógenos e, portanto, são consideradas
imunes aos seus ataques. A resistência de todos os genótipos de uma dada espécie
vegetal a todos os indivíduos de uma espécie microbiana é denominada resistência não
hospedeira (RNH) e é uma resistência mais persistente. RNH refere-se a, por exemplo,
condições patológicas de plantas de macieira que não são afetadas por patógenos de
tomate, trigo ou citros. Da mesma forma, o fungo que causa oídio no trigo (Blumeria
graminis f.sp. tritici) não afeta a cevada; pelo contrário, (B. graminis f.sp. hordei) irá
se desenvolver no trigo.

Apesar das dificuldades, alguns avanços importantes no conhecimento sobre a


RNH foram relatados, o que poderia ajudar a aumentar o uso dessa característica
biológica na obtenção de variedades resistentes a doenças. Nesse sentido, destacam-
se resultados obtidos a partir do estudo com mutantes de Arabidopsis (Arabidopsis
thaliana) que levou à identificação de vários genes que contribuem para a RNH contra
o fungo do oídio da cevada Blumeria graminis f. sp. Hordei. Esses resultados levam à
hipótese de que a resistência das plantas é uma “multicamada” não hospedeira, com

105
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

duas linhas de defesa: a primeira é a parede celular e a segunda a rápida morte da


célula invadida. A infestação de fungos não patogênicos em Arabidopsis é geralmente
interrompida no estágio pré-invasivo da penetração. Essa resistência à penetração
está associada à formação de peróxido de hidrogênio e papilas (um material de alto
teor calórico) na parede celular. Se essa primeira camada de defesa é perturbada, o
crescimento do fungo é interrompido por uma reação de hipersensibilidade nas células
atacadas e uma alta produção de peróxido de hidrogênio, o que leva à morte celular
das células hospedeiras (SCHWEIZER, 2007).

A parede celular está localizada imediatamente abaixo da cutícula e, no caso da


parede celular, essa estrutura, devido à sua complexa constituição, que inclui
celulose, hemicelulose, pectina e lignina, não pode ser considerada apenas como uma
barreira física aos micro-organismos. É evidente que esses componentes básicos da
parede celular requerem a presença de enzimas específicas (celulases, xilanases,
poligalacturonases, pectatoliase, pectina-metil esterase etc.) para degradação e que a
variação na complexidade de cada componente, sua concentração na relação com o
órgão da planta e a idade do tecido vegetal influenciam sua suscetibilidade a ataques
do micro-organismo. No entanto, a parede celular da planta é uma estrutura dinâmica
e a ruptura causada por fatores bióticos e abióticos leva à rápida reorganização por
meio de mecanismos de compensação para minimizar os danos.

Além disso, em relação às barreiras físicas encontradas pelos micro-organismos, temos


um citoesqueleto, que é uma rede de filamentos de proteínas (actina), microtúbulos e
pontes filamentosas interconectadas que fornecem forma, estrutura e organização ao
citoplasma das células vegetais. Os filamentos de actina da planta desempenham papel
importante na penetração da defesa, especialmente contra fungos e oomicetos, e sua
decomposição (como o uso de inibidores específicos da polimerização da actina) pode
fazer com que o RNH perca sua capacidade de atingir vários micro-organismos não
patogênicos adentrando nas células vegetais.

Mecanismos que atuam como barreira tóxica


aos micro-organismos
Os micro-organismos também devem superar uma barreira química antes de se
instalarem na planta. As plantas produzem uma variedade de metabólitos secundários,
muitos dos quais agem como antimicrobianos e, portanto, podem contribuir para o
RNH. A maioria dos compostos com efeito antimicrobiano provém de isoprenoides,
fenilpropanoides, alcaloides ou ácidos graxos/policetídeos.

106
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

Esses compostos são tóxicos para ampla gama de micro-organismos e, para serem
patógenos em plantas que produzem esses metabólitos secundários, um mecanismo
de desintoxicação deve existir. Convencionalmente, compostos bioquímicos de
metabólitos secundários de plantas, com efeitos antimicrobianos, são classificados
em fitoalexinas e filoalexinas. Essas definições são baseadas na dinâmica sintética dos
compostos antimicrobianos e não em sua composição, o que, às vezes, pode causar
confusão, uma vez que o mesmo composto químico pode ser considerado como
fitoalexina em uma planta e a mesma planta em outra como fitoantecipina ou mesmo a
mesma molécula, uma fitoalexina em um órgão e fitoantecipina em outro órgão.

» As fitoantecipinas são compostos antimicrobianos de origem vegetal


que não requerem a presença de micro-organismos, sendo os fenóis e
glicosídeos fenólicos mais famosos, além das lactonas insaturadas,
sulfatos, glicosídeos cianogênicos, saponina e glucosinolato.

» As fitoalexinas constituem o grupo de compostos heterogêneos de baixo


peso molecular. Eles são produzidos a partir de precursores distantes
por meio do metabolismo secundário da planta após serem submetidos
a certa pressão. Eles têm atividade antibacteriana contra uma variedade
de micro-organismos e são, portanto, parte importante do sistema de
defesa da planta. O modo de ação da fitoalexina em micro-organismos
é muito variável e semelhante à filoalexina antraquinona, para muitas
moléculas ainda não conhecidas.

Sistema de vigilância para micro-organismos


em plantas
A linha de frente do sistema de defesa da planta consiste em barreiras físicas e
químicas. Paralelamente a esses obstáculos, o micro-organismo, em todas as células, é
exposto a um sofisticado sistema de monitoramento no qual os sentinelas moleculares
ativam reações locais de defesa e têm uma capacidade de sinalização sistêmica no local
da infecção.

As bactérias fitopatogênicas podem ser reconhecidas pelo sistema imunológico


das plantas ativando duas linhas de defesa. Ao tentar penetrar no tecido da planta,
o micro-organismo também liberam fragmentos do hospedeiro, que também atuam
como gatilhos e são chamados de padrões moleculares associados a danos – damage-
associated molecular patterns (DAMP).

107
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Estes elicitores (MAMP/PAMP/DAMP) são reconhecidos pela planta usando proteínas


chamadas receptores de reconhecimento de padrões (PRRs), sintetizadas no retículo
endoplasmático e transportadas para a membrana plasmática (FRESCATADA-ROSA
et al., 2015).

As PRRs são classificadas em duas famílias:

» receptor tipo quinase (RLK – Receptor-Like Kinase);

» receptor tipo proteína (RLP – Receptor-Like Protein).

RLK contém um domínio de ligação extracelular, um domínio transmembrana


e um domínio quinase intracelular de sinalização, enquanto que no RLP falta um
domínio de sinalização intracelular (BOUTROT; ZIPEL, 2017; YU et al., 2017). O
reconhecimento dos elicitores (compostos que ativam o sistema de defesa da planta)
pelos receptores da planta desencadeia uma transmissão de sinal para a expressão
gênica, o que leva à resistência (resposta imune/RNH), também conhecida como PTI
(PAMP/imunidade desencadeada por patógenos). Os PRRs geralmente formam um
complexo dinâmico com correceptores e outras proteínas reguladoras para garantir
a ativação imediata da sinalização. As reações de defesa começam de segundos
a minutos após a detecção pelo gatilho, são um período dinâmico e são expressas
continuamente por horas ou dias.

A resistência (RNH) desencadeada pela detecção do elicitor pode ser caracterizada


fenotipicamente pela falta de sintomas ou pela morte localizada de menos células
no local da penetração do micro-organismo, também conhecida como reação de
hipersensibilidade. Na figura abaixo podemos entender os eventos de defesa e sua
dinâmica temporal de acontecimentos após a detecção do micro-organismo pelos
receptores de padrões da planta (PRR).

108
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

Figura 64. Reconhecimento dos receptores.


A FSL2 RLP30 CERK1 LYM1 CRK13 LecRK-V5 MBL1
Receptor
LRR LRR LysM LysM CRK Lec Lec

Domínio
extracelular

Domínio
intracelular
RLK RLP RLK RLP RLK RLK RLP

FLS2
Ca2+
Reconhecimento de BAK1

MAMP/PAMP O2

O2-
Ca2+
MAPKKK
RbohD

MAPKK
CDPKs

Sinalização MAPK

WRXY

Genes de defesa

NÙCLEO
Indução genética
CITOPLASMA

Fonte: Adaptado de Dallagnol et al. (2018).

Interessantemente, a acuidade dos MAMPs pela PRR, na qual adquire correceptores,


origina a formação de sequência de respostas fisiológicas e celulares interligadas. A
criação do complexo PRR é observada pela ágil fosforilação no complexo e fosforilação
de quinases citoplasmáticas [MPKs e CDPKs (quinase dependentes de Ca2+)] em que,
concomitantemente com o acúmulo de fito-hormônios, proporcionam alteração na
transcrição gênica e outras respostas de defesa. As respostas típicas da PTI incluem
ágil influxo e acúmulo de cálcio (Ca2+) no citoplasma, fabricação de espécies reativas
de oxigênio (EROs: O- ; H2 O2 ; OH) e óxido nítrico (NO), efluxo de íons, fabricação
de ácido fosfatídico (PA), remodelação dos filamentos de actina, fabricação de fito-
hormônios (SA: ácido salicílico; JA: ácido jasmônico; Et: Etileno), movimento
estomático, deposição de calose e reforço da parede celular. Algumas destas defesas
são induzidas somente em tempos curtos, enquanto outras são de longa duração. PLD:
fosfolipase D; PLC/DGK: fosfolipase C/diacilglicerol; RLCK: receptor tipo quinase;
SOD: Superóxido dismutase; TF: fator de transcrição (YU et al., 2017)

109
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Patógenos burlam o sistema de defesa


da planta
Patógenos adaptados a espécies vegetais produzem fatores de virulência codificados
por genes específicos de virulência/não-virulência (genes Avr), também conhecidos
como efetores. Embora esses efetores tenham sido estudados mais em patógenos
biotróficos e semibiotróficos, não importa que tipo de parasita (bionutrição, nutrição
semibiológica ou necrótica) o patógeno e a forma hospedeira, qualquer patógeno
produzirá esses efetores eles trabalham inibindo a RNH e a resistência do hospedeiro
e alterando o hospedeiro fisiológico. As células ganham nutrição e promovem a
colonização. Os efetores podem funcionar no espaço intercelular (inibir a atividade das
enzimas de defesa, mascarar a presença de patógenos ou usar oligômeros quelantes
de patógenos como iniciadores das defesas das plantas) ou funcionar nas células
(sinalização de interferência, cistos Transporte de vesículas, genética de expressão),
proteólise, ubiquitinação molecular, homeostase hormonal, acúmulo de espécies
reativas de oxigênio, organização do citoesqueleto).

Resistência genética do hospedeiro frente aos


tipos de parasitismos
Os micro-organismos associados às plantas podem ser divididos em mútuo, parasita
e patógeno de maneira simples e extrema. A interação mútua ocorre quando as
duas espécies envolvidas se beneficiam. A interação parasitária é a relação entre
duas espécies, na qual uma espécie, o parasita, beneficia-se da outra, o hospedeiro,
e frequentemente causa danos. No caso do patógeno, este causa danos à planta,
por meio de interações parasitárias ou não parasitárias, como ocorre com fumagin
(Capnodium spp.), que influencia e interrompe os processos fisiológicos da planta
através de barreira mecânica, troca gasosa e captura de fótons por tecido vegetal verde.

Os micro-organismos parasitas que conseguem extrair alimentos dos tecidos vivos das
plantas usam estratégias diferentes de parasitismo e são classificados em três tipos:
parasitas necrotróficos, parasitas hemibiotróficos e parasitas biotróficos. As diferenças
básicas entre eles são o tipo de infecção, o tipo de patógeno, os sintomas causados,
a variedade de hospedeiros e, finalmente, o tipo de resistência do hospedeiro da
planta. Patógenos necrotróficos incluem tipos de fungos, oomicetos e bactérias, usam
estratégias de patogênese altamente destrutivas que levam à rápida maceração dos
tecidos das plantas e extensa necrose. Uma característica marcante desses patógenos
é, portanto, a capacidade de extrair nutrientes de tecidos vegetais mortos. Para causar
a doença, os patógenos necrotróficos excretam fatores patogênicos, como fitotoxinas,

110
BIODIVERSIDADE EM PLANTAS │ UNIDADE II

enzimas que atuam nos componentes da parede celular, lamelas medianas ou


outros componentes celulares do hospedeiro durante a infecção e também durante a
colonização. (OLIVER; IPACHO, 2004).

Independentemente do tipo de parasitismo do patógeno, a tentativa de infecção


ativa as respostas de defesa da planta, que incluem eventos histológicos, celulares,
bioquímicos e moleculares complexos que, juntos, limitam a proliferação ou
expressão dos sintomas da doença. Nos estágios iniciais da infecção, as respostas de
defesa estão relacionadas à produção de vários metabólitos secundários, peptídeos
antimicrobianos, hormônios (etileno, ácido salicílico, ácido abscísico, ácido jasmônico
etc.) e ao acúmulo de espécies reativas de oxigênio. A cinética dessas reações e as
quantidades e tempos de expressão relativos podem variar, mas são uma resposta
comum a todas as infecções.

A resistência das espécies vegetais a todos os isolados do mesmo patógeno é


denominada resistência de plantas não hospedeiras e, geralmente, é conferida pela
ação combinada de vários genes que controlam as características morfológicas,
fisiológicas e bioquímicas de várias plantas, sendo, portanto, considerada mais durável
que a resistência da planta hospedeira, causada por interações gene-gene. A resistência
exibida por plantas não hospedeiras pode ou não levar à hipersensibilidade e se divide
em duas categorias:

» Tipo I, que não causa sintomas significativos (também chamados de


imunidade).

» Tipo II, associada ao desenvolvimento de reações de hipersensibilidade


(MYSORE; RYU, 2004).

A resistência de plantas não hospedeiras é considerada opção importante para o


desenvolvimento de variedades com defesa persistente, mas é difícil de usar em
programas de melhoramento. Existem várias razões para essa dificuldade:

» Propriedade poligênica do mecanismo de proteção da planta não


hospedeira.

» A falta de genótipos suscetíveis na população da espécie não hospedeira,


o que dificulta a identificação e o mapeamento dos genes que
determinam a resistência.

» Dificuldades em cruzar plantas não hospedeiras com plantas


hospedeiras, principalmente se essas espécies são evolutivamente
distantes.

111
UNIDADE II │ BIODIVERSIDADE EM PLANTAS

Essa dificuldade limita a transferência de resistências presentes em plantas não


hospedeiras para cultivares. Muitos cruzamentos interespecíficos são frequentemente
associados à fertilidade cruzada, padrões anormais de segregação e outras
características que limitam a pesquisa genética clássica.

Sabe-se que certos mecanismos de proteção de plantas não hospedeiras são


particularmente eficazes contra bactérias. Isso ocorre porque a infiltração bacteriana, a
colonização de tecidos e a aquisição de nutrientes diferem dos patógenos filamentosos.

Ao longo de sua evolução, as plantas desenvolveram mecanismos de defesa complexos


e coordenados para combater infecções virais. Por sua vez, o vírus ganha a capacidade
de reagir, o que pode evitar, reduzir ou inibir os efeitos do sistema de defesa da planta.
Para descobrir os detalhes dessas lutas no nível molecular, vários grupos de pesquisa
trabalharam duro nas últimas décadas para entender os diferentes aspectos das
interações vírus-hospedeiro relacionadas a esses mecanismos.

A genômica ajuda a esse entendimento porque os genomas de dezenas de espécies


de plantas foram completamente sequenciados, com exceção da maioria dos vírus
conhecidos. Portanto, por um lado, foram feitos investimentos no estudo da resistência
do hospedeiro, e vários genes (dominantes e recessivos) relacionados ao antiviral
foram clonados e utilizados em programas clássicos de aprimoramento genético ou
por meio de tecnologia transgênica. Por outro lado, fatores de não virulência (efetores
ou elicitores) codificados por vírus foram identificados e caracterizados. Também
foram feitos esforços para identificar e caracterizar o papel das moléculas envolvidas
nos mecanismos de silenciamento de RNA como respostas de defesa às infecções por
vírus de plantas.

Técnicas robustas e rápidas de modificação de DNA e manipulação de genoma foram


usadas recentemente para entender os mecanismos de resistência a patógenos que
devem trazer um tremendo crescimento de conhecimento nos próximos anos. No
entanto, a plasticidade e a variabilidade genética dos vírus, especialmente os do
RNA, não podem ser subestimadas, o que exige trabalho constante para monitorar as
populações de vírus e a busca frequente de genes de proteção efetivos e permanentes.

112
MELHORAMENTO UNIDADE III
DE CULTIVARES

As mudanças climáticas recentes indicam que, além de fornecer soluções mais


apropriadas para todos, esforços diretos são feitos em diferentes áreas do
conhecimento para encontrar alternativas para minimizar as consequências da
seca, distribuição desigual das chuvas e aumento da temperatura. Na atual situação
agrícola globalizada, o objetivo é buscar ou recomendar variedades que atendam às
necessidades prioritárias da cadeia produtiva nacional por meio de estratégias de
melhoria econômica, social, cultural e de segurança alimentar. A falta de água e a má
distribuição das chuvas apresentam grande impacto na indústria agrícola. Pesquisas
sobre a variabilidade genética natural e as disponíveis nos bancos de germoplasma
ativo, combinadas com estratégias convencionais de aprimoramento genético e o uso
de técnicas biotecnológicas, que estão ligadas, entre outras coisas, ao conhecimento da
fisiologia relacionada à seca, foram a base do trabalho desenvolvido.

Estresses ambientais – ocasionados pelas alterações climáticas, como mudanças na


temperatura, salinidade e seca, separadas ou em combinação, aos quais as plantas
estarão expostas nas próximas décadas – representam os aspectos mais restritos
para a produtividade agrícola em todo o mundo. Desses, a seca é o estresse ambiental
mais importante na agricultura, gerando perdas importantes na produtividade
das culturas. Quando adicionamos as mudanças climáticas às mudanças no uso da
terra, especialmente o desmatamento, há certamente um rearranjo importante no
ecossistema, como a substituição de alguns biomas pelos existentes hoje.

Ligadas às dificuldades climáticas, aproximadamente 70% da água livre no planeta é


requerida para irrigação. Concomitantemente, é previsível que o uso dessa fonte finita
será cada vez mais onerosa ao produtor e questionável pela sociedade. Vale lembrar-
se de que, conforme a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei no 9.433, de 8 de
janeiro de 1997), “em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é o
consumo humano e a dessedentação dos animais”.

Outra maneira de reduzir os danos causados ​​pela falta de água é desenvolver plantas
mais resistentes ao estresse hídrico ou usar a água com mais eficiência. Esse trabalho foi

113
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

desenvolvido por vários criadores de todo o mundo. No entanto, apesar dos progressos
realizados, ainda há muito a ser feito para reverter as perdas atuais e futuras. Para que
o melhoramento das plantas adaptadas à escassez de água tenha maiores perspectivas
de sucesso, é preciso conhecer a probabilidade e as características da finitude da água
– como intensidade, duração e tempo – dependendo do estágio. Isso ocorre porque
a resposta ao estresse depende de uma combinação de características e propriedades
da planta. Existem dois princípios que podem ser usados ​​nas cultivares adequadas à
escassez de água: melhorias na tolerância à seca ou na eficiência do uso da água. Do
ponto de vista fisiológico, no entanto, é contraditório melhorar ambas as propriedades
simultaneamente (BASSETT, 2013).

As plantas tolerantes à seca podem suportar condições adversas, podem sobreviver


e deixar a prole, ou seja, são plantas que podem manter a sua função na ausência
de água. No contexto da fisiologia genética, refere-se à capacidade de um genótipo
produzir melhor que outro genótipo sob estresse hídrico (BASSETT, 2013). Os
genótipos tolerantes à seca geralmente têm alta estabilidade de produção, mas seu
potencial de produção é, em geral, baixo, portanto, são adequados para sistemas de
produção com níveis técnicos mais baixos.

Graças à integração entre pesquisa da Indústria e Agronomia, Química, Biologia


e Engenharia, a aplicação de tecnologia de ponta revolucionou a agricultura.
Um exemplo é a Biotecnologia, que inclui o desenvolvimento de tecnologias que
utilizam materiais biológicos (micro-organismos, enzimas, células) na indústria e
na agricultura. Além de usar a engenharia genética para estudar plantas e animais
geneticamente modificados, a Biotecnologia também possui conhecimento nas áreas
de Microbiologia, Bioquímica, Química e Tecnologia da Informação.

Sua tecnologia é usada na produção de alimentos, bebidas, produtos farmacêuticos,


pesticidas e inovação de mudas. Por centenas de anos, as pessoas têm intervindo na
flora e fauna para melhorar as espécies por meio de cruzamentos e seleção direcionada.

114
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Figura 65. Consequências do melhoramento de cultivares.

Inovação

Lucro

Depósito

Diretiro
intelectual

Proteção

Utilização

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

No século 20, foi desenvolvida a tecnologia geneticamente modificada, que manipulava


o ciclo biológico e podia transferir e controlar a modificação genética. Dessa maneira,
os genes das espécies animal, vegetal e microbiana são removidos e integrados ao
DNA de outro organismo receptor, chamado organismo geneticamente modificado
ou organismo geneticamente modificado (OGM). No entanto, essa nova criatura só
pode ser usada após uma série de testes. O OGM é obtido por engenharia genética
por meio da tecnologia de recombinação de DNA, ou seja, alterando um gene da
planta ou integrando um gene de outro organismo ao genoma da planta. Os genes que
determinam as características desejadas são localizados, isolados e inseridos a tempo
no genoma da planta a ser melhorada. Como resultado, as plantas expressam suas
proteínas anteriormente não expressas e adquirem novas propriedades desejáveis. Um
exemplo é a soja Roundup Ready (RR), que é geneticamente modificada para tolerar
herbicidas de glifosato.

115
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

Figura 66. Melhoramento genético.

Característica
desejada

Doador: Variedade Nova variedade


planta, animal ou comercial
micro-organismo.

Fonte: Mundo Edu, 2019.

Os alimentos convencionais também estão sujeitos a alterações genéticas, mas o fazem


mediante técnicas de aprimoramento genético chamadas naturais ou clássicas. Essas
técnicas são praticadas há mais de 10.000 anos, desde que os humanos começaram a
arte da agricultura. No aprimoramento genético natural ou clássico, a planta é cruzada
com outra da mesma espécie que possui uma ou mais características de interesse, e
plantas com características de interesse são selecionadas dessa nova geração. Em
seguida, esta planta é cruzada novamente com a espécie original até que seja obtida
uma geração de plantas com todas as propriedades desejadas. Nesse caso, os genes de
interesse e os de nenhum interesse são trocados.

Figura 67. Evolução do melhoramento genético.

Característica Outras características também


desejada. são transferidas.

Planta doadora Variedade Nova variedade


comercial

Fonte: Mundo Edu, 2019.

Portanto, as diferenças entre alimentos convencionais e alimentos geneticamente


modificados estão relacionadas à maneira como esses produtos são obtidos. A
tecnologia de engenharia genética também permite a troca de genes entre diferentes
espécies e organismos com plantas produtoras de informações genéticas.

116
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Por um lado, pode aumentar a produtividade, aumentar a concentração de plantas


em cada área e desenvolver a capacidade de eliminar ervas daninhas, pragas ou
insetos indesejados para uso na agricultura. Tem maior valor nutricional e se adapta a
diferentes necessidades.

Por outro lado, os pesquisadores apontam danos ao meio ambiente como problemas
causados ​​pelo uso de OGM. O aumento da convergência de culturas, incluindo
organismos geneticamente modificados, a destruição de ecossistemas naturais e a
substituição de culturas tradicionais que se adaptam ao meio ambiente, causaram
enorme perda de biodiversidade e colocaram em risco muitas espécies valiosas. Essa
perda de variabilidade genética é chamada erosão genética. Também não há pesquisas
suficientes sobre os efeitos na saúde dos consumidores finais desses produtos e dos
agricultores que os manipulam. Além disso, a maioria das pesquisas é conduzida por
empresas que, certamente, concentram-se mais em seus lucros do que no impacto a
longo prazo na saúde e no bem-estar do consumidor.

Objetivos do melhoramento genético


Cultivar variedades com maior produtividade, estabilidade de produção, resistência
a pragas e doenças, secas, ventos e geadas e oferecer aos produtores e consumidores
melhor qualidade nutricional (óleo, proteína) e promover o processamento cultural.

O manejo dos recursos vegetais, incluindo a criação participativa, desempenha papel


importante para os agricultores familiares, especialmente quando eles vivem em áreas
com condições ambientais, climáticas e econômicas adversas. Essas práticas ajudam a
construir um ecossistema agrícola sustentável, aumentar a renda, promover o acúmulo
de valores ambientais e sociais e estabelecer as bases para a soberania alimentar
em comunidades que agora têm autonomia na produção de sementes. A criação
participativa é um componente do manejo da diversidade genética, delineado no
início da década de 1980 e serve como elemento básico que inclui, sistematicamente,
o conhecimento, as habilidades, a experiência, as práticas e os conhecimentos dos
agricultores.

Essa melhoria é baseada no entendimento da genética vegetal convencional, patologia


e economia das plantas e combinada com antropologia, sociologia, conhecimento dos
produtores e princípios de pesquisa de mercado e desenvolvimento de produtos. A
criação participativa tem vários objetivos mais amplos do que os da criação formal ou
convencional. Seus objetivos são:

» Aumentar a produtividade (igual à criação convencional).

117
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

» Proteger e promover o aumento da biodiversidade (promover variação


genética).

» Obter e usar germoplasma adaptado às condições locais (raças modernas


ou locais, dependendo do alvo).

» Realizar avaliação experimental de variedades (também conhecida como


seleção participativa).

» Introduzir e disseminar novas variedades de sistemas de produção de


sementes.

A organização é totalmente descentralizada e trabalha com grupos de produtores e/ou


comunidades agrícolas. Independentemente de a variedade ser oficialmente lançada, a
disseminação de sementes ocorre no nível formal e/ou local (MACHADO et al., 2008).

O melhoramento participativo está ligado ao manejo da biodiversidade agrícola, e


sua abordagem estruturada deve ser descentralizada. As comunidades da agricultura
familiar devem estar envolvidas em todas as etapas do processo de melhoramento para
garantir sua autonomia e soberania alimentar. Nos agroecossistemas, as variedades
que se adaptam ao ambiente local devem ser desenvolvidas. Quando elas estão ligadas
a ecossistemas agrícolas funcionais, sua própria lógica não pode ser replicada nos
centros de pesquisa. Como resultado, a variedade de espécies diferentes adaptadas aos
agroecossistemas é bastante escassa. Essa falta geralmente torna a produção ecológica
cara para produtores e consumidores.

Outro ponto fundamental é que o aprimoramento das variedades locais deve ser
realizado com os agricultores para que as técnicas de seleção genética possam ser
discutidas e repassadas a eles, de modo a poderem realizar a seleção com eficiência,
sem cometerem erros de manejo que possam levar à erosão genética local. - Assim, é
necessário que projetos com esse objetivo tenham forte componente de treinamento
para técnicos e agricultores que, com a ajuda de polos comunitários, realizem cursos
de aperfeiçoamento participativo e de gestão da agroecologia e agrobiodiversidade
(MACHADO et al., 2008).

No que diz respeito à produção de alimentos, é marcante a busca por melhorias na


produtividade, o fortalecimento de nutrientes específicos e a promoção da resistência
a doenças ou adaptação às condições climáticas.

118
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Melhoramento genético clássico


Várias décadas foram necessárias para que novas variedades, como os cafeeiros,
chegassem aos produtores desde a seleção inicial das plantas. Esse processo se deu por
meio de:

» Seleção e cultivo de plantas com as características desejadas.

» Cruzamento entre as plantas selecionadas e formação de mudas.

» Avaliação e seleção das plantas resultantes dos cruzamentos.

» Novos cruzamentos e avaliações dos descendentes, por mais duas


gerações, para fixação dos caracteres almejados.

» Plantio no campo e produção de sementes da nova cultivar.

» Registro da cultivar.

» Distribuição aos produtores.

A base para qualquer programa de melhoramento de plantas é a variabilidade


genética. Essa variabilidade genética pode ser obtida em um banco de germoplasma
composto por material de diferentes origens ou por mutações naturais ou induzidas.
A hibridação, que utiliza cruzamentos controlados entre indivíduos para criar uma
população com características parentais desejáveis, pode mobilizar variabilidade
genética (que permite a manipulação de caracteres), mas não pode ser considerada a
principal fonte de variabilidade dentro de um programa de melhoramento.

Conforme Gepts (2003), um sistema de melhoramento genético acontece, comumente


por meio de três etapas:

1. Montagem e geração de nova diversidade genética.

2. Seleção e teste de recombinantes superiores.

3. Liberação, distribuição e comercialização de novos cultivares.

Esses três estágios só podem ser alcançados por meio de criação sexual ou engenharia
genética. Para se estabelecer novo programa de aprimoramento genético, alguns

119
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

pontos precisam ser abordados de modo a se obter planejamento e sucesso adequados


no atingimento dos resultados:

» Conceituação dos objetivos: analisar as necessidades atuais do


produtor, do consumidor, do sistema de abastecimento e da sociedade, e
quais serão as necessidades futuras.

» Levantamento dos resultados obtidos: interação com outros


programas de melhoramento relacionados, revisão de literatura, além
do contato direto com outros melhoristas.

» Conteúdo genético: cultivares, variedades botânicas, linhagens e


espécies selvagens.

» Forma de reprodução: vegetativa (assexual); autógamas; alógamas e


intermediárias.

» Pesquisa da herança: análise da base genética e da influência do


ambiente.

» Seleção da metodologia: melhoramento genético.

Estabelecida a base para o programa de melhoramento, a manutenção dos ganhos


genéticos obtidos em programas anteriores deve ser observada e manipulada, com
foco nas necessidades atuais e no futuro.

Para implementar, com sucesso, programas de melhoramento resistentes a


doenças, a biologia e a genética do patógeno devem ser entendidas, a identificação
taxonômica do patógeno, sua variabilidade e capacidade reprodutiva em condições
naturais ou controladas e a epidemiologia deve ser verificada. Em relação às plantas
hospedeiras, é importante entender suas características agronômicas, métodos
de cultivo e variabilidade genética. Com essas informações em mente, os efeitos
dos fatores ambientais foram analisados e​​ as consequências da expressão de
resistência e virulência e interações patógeno-planta foram procurados para que
métodos apropriados de inoculação, espécimes inoculados, transmissão de plantas,
quantificação e avaliação da doença possam ser aplicados corretamente.

Para poder detectar e monitorar determinadas características fenotípicas, como


resistência genética a vírus, o estudo de marcadores genéticos é uma parte
importante do plano de melhoria. Esses marcadores são características fenotípicas e
são fragmentos de ácidos nucleicos que codificam ou não codificam proteínas ou as
próprias proteínas e têm a capacidade de revelar diferenças entre os indivíduos. Essas

120
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

diferenças podem ser monitoradas e avaliadas usando técnicas analíticas, incluindo o


uso de marcadores moleculares em laboratório e a observação da expressão fenotípica
(marcadores morfológicos) em campo.

Para que um marcador seja usado para reprodução, ele deve ser mais eficiente e/ou
mais barato do que qualquer outro tipo de análise para uma determinada característica
fenotípica; estar associado à característica de interesse; ser reproduzível, rapidamente;
e ter detecção simples (se possível).

Marcadores com a função de “descobrir” diferenças entre indivíduos se concentrarão


nos polimorfismos do DNA, que podem ou não causar diferenças fenotípicas.
Esses polimorfismos, chamados erros ou mutações genéticas, ocorrem em baixas
frequências no ambiente natural devido aos mecanismos celulares que reparam
esses erros. No entanto, as mutações ocorrem aleatoriamente devido a erros no
processo de replicação, reparo e recombinação do DNA. Os agentes ou mutagênicos
responsáveis ​​por essas mutações podem ser elementos químicos ou físicos capazes de
modificar estruturalmente o DNA ou alterar enzimas relacionadas ao metabolismo
do genoma celular.

121
CAPÍTULO 1
Importância, objetivos e conceitos de
melhoramento genético

A ocorrência de doenças biológicas em plantas cultivadas pode reduzir bastante a


qualidade e a quantidade de alimentos produzidos (GURURANI et al., 2012). O uso
da resistência genética é considerado o método preferido para o controle de tais
doenças, pois é uma estratégia com maior durabilidade sem aumentar os custos de
produção. Mas em muitas culturas não existem variedades com boa resistência a
determinadas doenças. Assim, chegou-se a um consenso de que quanto mais sabemos
sobre os aspectos relacionados à interação patógeno-hospedeiro, maiores são as
chances de sucesso na obtenção de raças resistentes a doenças biológicas. Uma melhor
compreensão dos aspectos relacionados a essa interação pode ajudar o processo de
melhoramento a determinar quais são as melhores escolhas relacionadas ao tipo de
resistência com maior potencial, relacionado a fontes ou genes de resistência viáveis​​
e/ou disponíveis. Na natureza, plantas e fungos estão sujeitos a alterações genéticas
que ocorrem isoladamente ou simultaneamente nos dois organismos e produzem o
evento de adaptação biológica que é comumente conhecido como evolução.

Os fungos, em particular, têm a capacidade de exercer grande influência no processo


evolutivo de seus hospedeiros. As plantas, por sua vez, são especializadas em seus
genes, que identificam os sinais de ataque de patógenos e estimulam as reações
em cascata dos compostos bioquímicos, responsáveis ​​ por retardar a infecção e
melhorar o sistema imunológico (GURURANI et al., 2012). As plantas podem ter
múltiplos mecanismos de defesa na interação entre patógenos e hospedeiros. Alguns
apresentam características estruturais ou químicas que impedem o estabelecimento
de patógenos, como cabelo, cera, espessura da parede celular epidérmica, que
constituem mecanismo de defesa pré-formado, passivo ou constitutivo. Existem
também mecanismos de defesa simulados, ativos ou induzíveis, que são estimulados
por sistema de reconhecimento de patógenos, por meio de padrões moleculares na
membrana celular ou dentro da célula. A defesa da planta é controlada pelos chamados
genes de resistência (R), responsáveis ​​pela ativação da defesa dos hospedeiros, a fim
de prevenir ou retardar a invasão de fitopatógenos.

122
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Principais objetivos do melhoramento de


plantas

Sistemas de melhoramento convencional

Para um sistema de melhoramento de plantas existem três objetivos principais:

1. Formar diversidade genética: engloba o resgate de variedades locais


ou crioulas, iniciação de germoplasma, estímulo de mutação e realização
de cruzamentos para originar populações novas. A variabilidade é usada
para a geração de banco de sementes através de variedades de diversas
localidades do mundo e, essencialmente, dos centros de formação de
certa espécie ou de lugares onde há algum tipo de estresse ou condição
não favorável. Esses bancos que envolvem diversidades de lugares,
intitulados também de acesso, compõem o banco de germoplasma
que é a base do melhoramento genético de plantas. É por meio dessa
variabilidade que se encontrarão conteúdos genéticos com limites aos
diferentes tipos de estresses.

2. Seleção: a variabilidade genética é usada para aplicar várias técnicas


de seleção, as quais são usadas de modo diversificado em função da
reprodução das espécies que estão sendo pesquisadas, que podemos
dividir em três tipos:

› Autógamas: espécies que a sua forma de multiplicação é realizada


por autofecundação, ou seja, o cruzamento é realizado pelo órgão
masculino e feminino no interior da mesma planta como é o caso do
arroz, trigo, feijão entre outras.

› Alógamas: espécies que apresentam a polinização realizada de modo


cruzado, ou seja, o cruzamento é realizado pelo órgão masculino de
uma planta com o órgão feminino de outra planta (dentro da mesma
variedade), como é o caso do milho.

› Propagação vegetativa: apresentam reprodução assexuada e são


multiplicados por meio de bulbos, toletes, tubérculos ou outros órgãos
vegetativos, tais como a mandioca, morango, cana de açúcar, batata.

3. Ensaios de avaliação: as variedades ou híbridos adquiridos são


analisados em conjunto com demais cultivares em diferentes locais,
com a finalidade de checar o potencial dos genes das mesmas e a sua

123
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

adaptação aos diferentes ambientes. São feitas ainda análises mais


específicas, nas quais se pretendem verificar variedades que respondam
bem aos fertilizantes químicos, tolerância a herbicidas, resistência
a insetos e a diferentes tipos de doenças, além de outros critérios
vinculados ao uso humano, animal e para a indústria.

Desse modo, podemos adquirir vários modelos de cultivares, elucidados a seguir.

Cultivar distinta
Se distingue claramente de qualquer outra cuja existência seja bem conhecida na data
do pedido de proteção intelectual.

Figura 68. Cultivar distinta.

4 5 6 7 8 9
1 2 3

Podem não
ser claras.

Diferenças claras

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

Cultivar homogênea
Consiste naquela que é suficientemente uniforme nas suas características relevantes.

Figura 69. Cultivar homogênea.

A B

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

124
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Cultivar estável
São aquelas que deixam inalteradas suas propriedades relevantes após sucessivas
propagações. Nesse caso, também podemos ter variedades sem estabilidade, cujas
propriedades essenciais mudam com sucessivas multiplicações.

Figura 70. Cultivar estável.

Material original Geração 1 Geração 2 Geração 3

Material original Geração 1 Geração 2 Geração 3

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

Cultivar nova
Refere-se àquela que não tenha sido disponibilizada para venda ou negociação.

Figura 71. Cultivar nova.

6 anos 4 anos 1 ano

Brasil
Primeiro oferecimento à venda ou
à comercialização.

Exterior – para árvores e videiras


Primeiro oferecimento à venda ou à comercialização

Exterior – para demais espécies


Primeiro oferecimento à venda ou à comercialização.

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

125
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

Vantagens e desvantagens dos transgênicos


O amplo uso da modificação genética causou alguma controvérsia entre países,
agricultores e consumidores. Segundo os defensores, há vantagens:

» Econômicas: a melhoria dos vegetais os torna mais rentáveis,


eliminando as peças economicamente indisponíveis; criando plantas
adaptadas a diferentes ambientes; criando novas matérias-primas;
reduzindo o ciclo nutricional das plantas e da terra cultivada; e
reduzindo o uso de pesticidas e fertilizantes.

» Científicas: manipular organismos e criar novos materiais, como


bioplásticos; aumento da produtividade e produção, o que leva a
menores riscos e custos; eliminação de trabalhos pesados ​​de cultivo e
colheita; desuso do solo – ainda tão necessário para a produção –, pois
muitas plantas podem ser produzidas em laboratório.

» De saúde: enriquecimento nutricional de alimentos; aumento da


capacidade de controlar doenças e estimular o crescimento humano em
certas plantas; criação de vacinas comestíveis. Argumenta-se, ainda, que
os OGM resolverão o problema da fome no mundo.

» Para o meio ambiente: o cultivo de plantas geneticamente


modificadas pode mudar a evolução natural introduzindo espécies
que não existem na natureza e causar desequilíbrios ambientais, como
deterioração da biodiversidade; eliminação de insetos benéficos;
desenvolvimento de ervas daninhas resistentes a pesticidas; poluição
genética (através da transferência de pólen a outra planta que polui os
organismos); perda de fertilidade do solo e até extinção de espécies.

A geração de plantas transgênicas segue uma


série de etapas
Primeiro, é necessário usar a tecnologia molecular para amplificar o gene (ou vírus
de RNA ou RT-PCR) para a inserção do gene no alvo da planta e usar a tecnologia
molecular para clonar o gene de interesse (ou fragmento de DNA). Por exemplo,
usando um vetor de expressão. O objetivo final é usar um vetor ou plasmídeo
para introduzir e expressar genes estranhos. Esses plasmídeos são originários de
Agrobacterium tumefaciens, contêm o gene de interesse e podem ser introduzidos nas
plantas por um método chamado inoculação de Agrobacterium. A região T-DNA do

126
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

plasmídeo Ti originalmente causa um bile onde é introduzida e será responsável por


transferir o gene de interesse para o genoma da planta alvo.

Outro método de transferência de genes é feito mediante técnica chamada


bombardeamento de DNA ou bioequilíbrio, que envolve a introdução de um plasmídeo
ou uma porção de DNA por meio de equipamento que bombardeia as plantas com esse
DNA e as incorpora aos cromossomos. Outros exemplos seriam o uso de técnicas como
eletroporação, sonicação, microinjeção. O método mais comum de transformação
genética de plantas é a utilização da bactéria Agrobacterium tumefaciens. Cepas
especiais dessa linhagem foram desenvolvidas para transformação genética, bem
como plasmídeos mais eficientes.

Tabela 2. Produtos de engenharia genética importantes para a agricultura e para a pecuária.

Produtos para a agricultura Comentários

Plantas que possuem o gene produtor de toxina de Bacillus thuringiensis; a toxina mata os insetos
Algodão Bt e milho Bt
que se alimentam das plantas.

O gene antissenso bloqueia a degradação da pectina. Dando maior duração para as frutas nas
Tomate MacGregor
prateleiras do supermercado.

Possui o gene produtor da toxina B. thuringiensis, patógeno de insetos; a toxina mata os insetos
Pseudomonas fluorescens
que se alimentam de raízes quando eles ingerem a bactéria.

Pseudomonas syringae Não produz proteína que normalmente inicia a formação indesejável de gelo em plantas.

Rhizobium meliliti Modificada para aumentar a capacidade de fixar nitrogênio.

Lavouras resistentes a Round-up Plantas que possuem o gene bacteriano; permite a utilização do herbicida de ervas daninhas sem
(glifosato) dano para plantas cultivadas.

Fonte: adaptado de Alberts, et al., 2017.

Mas, intrinsecamente, como podemos gerar uma planta transgênica? Aqui veremos
um exemplo clássico e muito utilizado na engenharia genética.

Como gerar plantas transgênicas resistentes a


vírus?
A identificação de genes de inúmeros hospedeiros com funções relacionadas à
transformação também é importante para a disseminação dessa tecnologia. No final
do processo, para demonstrar a transformação das células vegetais, é importante
usar marcadores de seleção, como antibióticos ou herbicidas, para aplicá-los ao
ambiente em que essas células crescem. O plasmídeo contém o gene de resistência
a antibióticos (ou herbicidas) aplicado ao meio de cultura e apenas permite que as

127
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

células transformadas cresçam normalmente. Teoricamente, o método para gerar


plantas transgênicas resistentes a vírus de plantas baseia-se em três estratégias:

» Expressão de genes de resistência de outras plantas

Resistência derivada da hospedeira. genes derivados de plantas


antivirais (chamados transgenes) são responsáveis ​​pela resistência. É
fácil obter variedades resistentes, mas a desvantagem é que, devido à
pressão de seleção, é mais fácil para o patógeno superar essa resistência,
o que força o patógeno a sofrer mutações e não pode ser eliminado.

» Expressão de genes do próprio vírus

Mecanismo denominado “resistência derivada do patógeno”.


Os genes em si são superexpressos no vírus, produzindo um grande
número de proteínas virais que interferem no ciclo da infecção. Um
exemplo é o uso de proteínas do capsídeo, que interferem diretamente
no estágio de bombardeio. Devido ao grande número de proteínas do
capsídeo no ambiente celular, o vírus introduzido não será capsidizado
imediatamente, impedindo sua expressão do genoma.

» Expressão de outros genes com capacidade antiviral

Peptídeos, interferons e inibidores.

128
CAPÍTULO 2
Estratégias de seleção

Estratégias de melhoramento de plantas e


avaliação da diversidade genética
O conhecimento da diversidade genética e sua distribuição nas espécies é útil
para proteger o germoplasma e identificar o material genético com características
interessantes que serão incluídas nos programas de melhoramento.

Seleção

A seleção é um efeito natural – ou artificial – que pode alterar a frequência dos alelos
em determinada população, porque apenas algumas pessoas estão envolvidas na
formação das gerações seguintes.

» Na seleção natural, as populações tendem a se adaptar mais ao ambiente


devido ao sucesso da criação de indivíduos.

» Já na artificial, a seleção é feita intencionalmente ou inconscientemente,


com o objetivo de melhorar as características das plantas que atendem
aos interesses e necessidades humanas. Esse processo é chamado
domesticação e está diretamente relacionado à evolução das plantas
cultivadas.

Comparadas com os ancestrais selvagens, as espécies domesticadas mostram uma


série de alterações genéticas, morfológicas, fisiológicas e fenológicas devido à seleção.
Entre essas melhorias conhecidas como síndrome da domesticação, há perdas inativas
e aumento do tamanho das sementes, mecanismos de dispersão ineficientes, hábitos
de crescimento definidos, estrutura mais compacta e redução de substâncias tóxicas.

» O milho é um bom exemplo de mudanças que ocorrem durante a


domesticação. Ele mostra maior dificuldade na dispersão natural das
sementes do que o ancestral Teosinte, pois os grãos se prendem às
espigas e são cercados por palha.

» Como o milho, além das mudanças estruturais e reprodutivas que


ocorrem durante a domesticação, o arroz também está sujeito a pressões
artificiais de seleção para tornar os grãos mais atraentes em termos de
129
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

tamanho, forma, cor, aroma e teor de amilose. Nesse caso, o aumento da


quantidade de proteína bruta na farinha de aveia para consumo humano
tem sido continuamente afetado pelos seres humanos, porque a maioria
dos materiais silvestres tem menor teor de proteína.

» Outro exemplo é o tomate (Solanum lycopersicum), cujo fruto tem


um aumento incrível no tamanho do fruto durante a domesticação em
comparação com o tomate ancestral mais próximo (S. lycopersicum
var cerasiforme). Esse processo de tomate envolve principalmente a
mutação e seleção de QTL (locus característico quantitativo) fw2.2,
que é um local fundamental para a evolução do tamanho dos frutos das
culturas.

Como as características envolvidas no processo de domesticação são principalmente


quantitativas, o uso da tecnologia molecular, especialmente o mapeamento de locais
quantitativos de características, é útil no estudo da evolução das espécies vegetais,
tanto na domesticação desses genes quanto no processo envolvido.

Uma análise comparativa dos polimorfismos nucleotídicos de genes relacionados à


domesticação permite determinar em que medida a seleção afeta toda a composição
genética. Essa análise, chamada selective sweep (varredura seletiva), pode observar
nucleotídeos que são eliminados devido à alta pressão de seleção em material
selvagem.

A seleção pode ser feita de forma:

» direta (plantas sob estresse hídrico);

» indireta (sem a imposição do estresse);

» combinada.

No entanto, para serem úteis para a seleção, as variáveis ​​ precisam ter alta
herdabilidade, serem fáceis de medir e estarem altamente correlacionadas com
a resposta da planta ao estresse hídrico. Para seleção, podem ser utilizadas
características fisiológicas (condutância estomática, capacidade fotossintética,
composição da membrana plasmática, fechamento dos estômatos); morfologia
(área foliar, espessura epidérmica, desenvolvimento central das costelas, densidade
estomática); ou agronomia morfológica (desenvolvimento radicular, raízes e proporção
do caule, intervalo entre a inflorescência do milho e a ponta da espiga, tamanho do
caule da cana), desde que atendam aos pré-requisitos acima, cada espécie e condições
de estresse devem ser avaliadas com antecedência.

130
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Uma estratégia inovadora foi aplicada ao arroz para selecionar a progênie para
resistência à seca. Foi realizado cruzamento entre um genótipo com alta produção
de grãos e uma variedade local com uma característica de raiz longa. Cada uma
das famílias F3 foi dividida em duas partes e plantada com e sem estresse hídrico.
O rendimento de grãos e a biomassa na colheita foram avaliados. No ano seguinte,
foi avaliado o desenvolvimento da raiz. Houve alta correlação entre densidade e
comprimento das raízes, principalmente em profundidades inferiores a 30cm, e
a resposta ao estresse hídrico. Assim, nas gerações futuras desse cruzamento, a
seleção pode ser feita com base no comprimento da raiz, que pode ser avaliada
antecipadamente, o que acelera o trabalho de melhoria.

Estratégias

O controle genético tanto da tolerância à seca quanto da eficiência do uso da água são
quantitativos e envolvem vários loci distribuídos em diferentes regiões do genoma.
Assim, a escolha do método de melhoramento a ser utilizado deve considerar o
sistema reprodutivo da espécie, a herdabilidade e o tipo de herança das características
mais importantes, o que deve ser estudado previamente. Entre os diferentes métodos
clássicos de melhoramento, os mais usualmente utilizados para a adaptação ao deficit
hídrico são o genealógico (para plantas autógamas) e a seleção recorrente (para
plantas alógamas).

» A seleção com base em apenas uma ou poucas características não é


uma boa escolha, pois pode levar à seleção de bons genótipos para as
características selecionadas com base em genótipos inferiores em
comparação com outras características.

Portanto, para se obter excelente genótipo, é desejável combinar todas as


características favoráveis ​​ao mesmo tempo, o que faz com que ele tenha desempenho
relativamente alto e atenda à demanda do mercado. Assim, uma opção viável é usar
um índice de seleção – técnica multivariada que correlaciona informações sobre várias
características de interesse agronômico com as características genéticas da população
avaliada. Esses índices são uma combinação linear de medidas de caracteres diferentes
que podem aumentar a eficiência, pois permitem avaliar todas as informações
disponíveis e os atributos de valor que os criadores consideram mais importantes.

Para, intrinsecamente, entendermos como funciona as estratégias de seleção genética,


utilizaremos, como exemplo primordial, os citros, cujas principais estratégias clássicas
existentes para o melhoramento genético consistem em:

» hibridação sexual controlada;

131
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

» seleção de mutantes espontâneos ou induzidos;

» híbridos naturais.

Enquanto as estratégias com uso de ferramentas de biotecnologia referem-se à:

» hibridação somática via fusão de protoplastos;

» sequenciamento de genoma;

» mapeamento genético;

» transformação genética.

Hibridação sexual controlada

É provável que a hibridação sexual controlada seja feita porque citros e gêneros
relacionados são geralmente compatíveis sexualmente. Essa técnica não é apenas
importante para gerar variabilidade, mas também para permitir o uso de fontes de
adaptação à vida com estresse biótico (causado por pragas) e abióticos (em termos de
clima e solo) e genes com características interessantes de horticultura. Frutas cítricas
relacionadas. Vários fatores afetam o sucesso da hibridação sexual controlada, tais
como: o domínio da tecnologia; as condições climáticas, em particular a temperatura
e a precipitação; a ocorrência de doenças nas flores com foco na podridão cítrica; e as
propriedades genéticas das espécies envolvidas no cruzamento, em particular como o
grau de poliembrionia de pais do sexo feminino que, mais baixo, possibilita a formação
de mais híbridos. Esses fatores determinam a eficiência do cruzamento, bem como a
razão entre o zigoto e o embrião de célula nuclear presente na semente.

As limitações dessa tecnologia estão relacionadas às barreiras biológicas e genéticas


dos híbridos adquiridos, muitas das quais podem ser superadas por ferramentas de
biotecnologia, como resgate in vitro de embriões, seleção de indivíduos zigóticos
por marcadores moleculares e marcadores de seleção por auxílio (OLIVEIRA, 2013).
Devido à dificuldade em produzir populações híbridas e à seleção de indivíduos
promissores – principalmente em razão da ocorrência de infertilidade e supressão
genética – é preferível usar pais do sexo feminino de embriões únicos na prole.

Seleção de mutantes espontâneos ou induzidos e


de híbridos naturais

A maioria das variedades cítricas existentes se originam de mutações espontâneas na


gema e são subsequentemente selecionadas por criadores e/ou agricultores. Mutações

132
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

somáticas envolvem alterações no DNA que são relativamente comuns nos citros
e podem ser mantidas por meio da reprodução vegetativa e embriões nucleares. As
taxas de mutação variam de acordo com a raça, o ambiente e as práticas culturais –
principalmente a poda.

As principais características envolvidas nessas mutações estão relacionadas à


vitalidade, ao tempo de produção, à cor interna do fruto e ao número de sementes,
além do teor de açúcar e do ácido orgânico na polpa. Mutantes espontâneos com
características indesejáveis – como frutos e folhas anormais com características
atípicas – também apareceram, mas foram descartados. Além de ser usada em
programas de melhoramento de citros, a seleção de mutantes espontâneos é uma
prática comum em pequenas propriedades, especialmente no Japão e na Espanha.

A indução da mutagênese é outra estratégia usada com sucesso para o aprimoramento


genético de citros, buscando mutagênese genômica ou mutações genéticas. Na
mutagênese genômica, mutagênicos químicos (como colchicina) são usados ​​ para
alterar o número de cromossomos, o nível de ploidia do genoma. Essa técnica é usada
principalmente para gerar tetraploides e depois hibridar com diploides para obter
triploides.

Mutagênicos físicos – como raios gama, raios X e partículas de nêutrons – são usados​​
para a mutagênese pontual. Nesse caso, o gene é alterado pelos processos de exclusão,
adição e/ou substituição de nucleotídeos. Como apenas um dos alelos é alterado, a
herança é quase sempre recessiva, o que significa que a homozigose deve ocorrer para
expressar o caráter mutado. Como a mutação pontual é um evento aleatório, deve-se
realizar um processo de seleção dos genótipos gerados, a fim de buscar materiais com
características interessantes (OLIVEIRA, 2013).

As principais características das mudanças nas mutações pontuais são alterações no


tamanho da árvore, tempo de maturidade, número de sementes e cor do fruto. Além
disso, como a maioria das espécies cítricas são compatíveis sexualmente, muitas
variedades tornaram-se híbridos naturais que foram identificados e selecionados por
criadores e/ou produtores de citros.

Hibridação somática

A hibridação de células somáticas por meio da fusão de protoplastos é adequada para


variedades de porta-enxerto e copa. No caso de porta-enxertos, essa aplicação envolve
principalmente a obtenção de híbridos homodiploides entre cultivares que apresentam
características complementares de benefícios agronômicos. Também pode ser usado

133
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

com o objetivo de enriquecer o germoplasma, pois permite cruzamentos entre espécies


sexualmente incompatíveis. Devido ao processo de acumulação, os híbridos somáticos
obtidos foram aloploides, sem separação meiótica. Portanto, nenhum gene recessivo
prejudicial acumulado nos pais é expresso, e características controladas por genes
dominantes ou comuns presentes em ambos os pais podem ser expressas no híbrido.
Um deles não possui conteúdo cromossômico completo, o que geralmente é alcançado
por tratamento com radiação ou mutagênicos químicos (OLIVEIRA, 2013).

Exemplos de seleção em soja

» Em uma primeira fase, populações separadas são desenvolvidas por


hibridação artificial, a fim de atingir os objetivos gerais e específicos dos
programas de melhoramento.

» Essas populações são realizadas ao longo de várias gerações até que um


certo grau de homozigose genética (homogeneidade) seja atingido.

» Em outra fase, as plantas são selecionadas de populações de gerações


avançadas para realizar testes de progênie e selecionar linhagens com
características agronômicas desejáveis.

» Na próxima fase, a produtividade e a estabilidade da produção serão


avaliadas em uma variedade de linhagens.

» Ao escolher genótipos superiores, é imperativo realizar testes de


avaliação repetidos em diferentes ambientes (locais e anos) para
determinar a interação do genótipo com o ambiente e o possível ajuste,
dependendo da produtividade e da estabilidade.

Os métodos de melhoramento mais utilizados no avanço de gerações das populações


segregantes são:

» genealógico (pedigree);

» população (bulk);

» genealógico modificado (single seed descente – SSD);

» retrocruzamento simples.

134
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

No entanto, podem, alternativamente, ser usadas modificações e/ou combinações dos


métodos no processo de melhoria de gerações.

» O retrocruzamento é amplamente utilizado para integrar características


importantes em raças superiores ou para o desenvolvimento de
populações que envolvem pais não adaptados.

» O método de introduções é mais provável que seja usado em programas


de melhoramento que dependem de germoplasma melhorado (linhagens
e variedades) desenvolvido em outros programas.

Todos os métodos necessitam de estratégias de seleção para que se consiga uma


cultivar melhorada com excelência, como discutimos neste capítulo.

135
CAPÍTULO 3
Sistema de reprodução de plantas e
sua implicação no melhoramento

O entendimento correto do sistema reprodutivo da população é essencial para


a execução adequada dos procedimentos de melhoramento, pois o método de
reprodução é determinado pelo sistema reprodutivo e é sabido que os métodos
de melhoramento dependem da natureza alogênica, homossexual ou mista da
substância a ser aprimorada. A razão básica para essa especificidade é que a
consanguinidade e a mistura levam a diferentes estruturas genéticas da população.
Além disso, quando o objetivo é estimar os componentes da variação genética, é
importante detectar a consanguinidade natural na população, pois indivíduos em
famílias com polinização aberta são, geralmente, considerados meio-irmãos/irmãs
. Entretanto, quando a consanguinidade ocorre, o grau de parentesco entre os
indivíduos pode ser maior que o grau de parentesco entre os meios-irmãos, levando
a distorções nas estimativas dos parâmetros genéticos da população. Existe também
o fato de a consanguinidade levar a uma variabilidade genética reduzida nas famílias
e a uma maior variabilidade entre as famílias.

A expressão sexual é um dos fatores que afeta a reprodução da população. Estudos


sobre a expressão neutra da melancia mostraram a existência de hermafroditas (flores
masculinas e femininas isoladas na mesma planta) e andrógenos (flores masculinas
e andróginas isoladas na mesma planta), sendo o andromoicismo recessivo (aa) em
relação ao monoicismo (A_). De acordo com seu sistema reprodutivo a melancia é,
geralmente, classificada como alógama.

No entanto, em populações monossexuais, é possível que a fertilização automática


de flores andróginas atravesse o pólen de outra planta. Como resultado, eles podem
ter um sistema reprodutivo misto ou estar mais perto de um gameta ou alogênico
automático. Nas mulheres hermafroditas, a fertilização com pólen de flores femininas
com pólen de flores masculinas da mesma planta também pode causar autofertilização
natural (menos provável), permitindo que elas se misturem, mas mais perto da mesma
flor. Ao realizar a expressão sexual em populações isoladas, o sistema reprodutivo
deve variar entre grande assimilação e grande assimilação, com base na frequência de
hermafroditas e plantas individuais masculinas.

136
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Tipos de reprodução
Existem duas maneiras de produzir plantas: sexual e assexuadamente. A reprodução
sexual é caracterizada pela formação de gametas (meiose), na qual os gametas
masculino e feminino se fundem (fertilizam) para formar um embrião, que então
forma uma semente. Na reprodução assexuada ou assexuada, novas plantas são
formadas por meio de órgãos vegetativos especializados.

Plantas de reprodução assexual


A reprodução assexuada não envolve a fusão de gametas. Essas novas plantas são
obtidas mediante divisão celular (mitose) de vários órgãos vegetativos, incluindo:
raízes, tubérculos, caules, brotos, rizomas, ramos, estacas, cultura de espuma ou tecido.
Em algumas espécies, as sementes são formadas por apomixia sem a necessidade de
meiose e fertilização.

Um grupo de plantas propagadas assexuadamente a partir de uma única planta


(genótipo único) é um clone. As plantas reproduzidas vegetativamente são
caracterizadas por um alto grau de heterozigosidade. Quando transmitidos por
meio do sexo, seus descendentes (descendentes) mostram alto grau de isolamento.
Apomixia A é um tipo de reprodução assexuada, caracterizada pela capacidade de
produzir sementes sem fertilização, e as sementes são geneticamente idênticas às
fêmeas progenitoras. A apomixia é frequentemente associada à poliploidia, embora
possa ocorrer em espécies diploides, como os citros. A apomixia pode ser facultativa
ou obrigatória. Na apomixia facultativa, a planta produz descendentes sexuais e
assexuais. Exemplos de espécies com apomixia alternativa são árvores cítricas
e mangueiras. Na apomixia forçada, não há reprodução sexual como o alho. No
Brasil, as principais espécies forrageiras cultivadas em Brachiaria e Panicum são
apomíticas. Para criadores, a apomixia pode ser usada para fixar excelentes genótipos,
principalmente em espécies poliploides.

Na natureza as espécies vegetais podem se reproduzir assexuadamente ou


sexuadamente:

Do ponto de vista do melhoramento, tem-se a seguinte classificação:


» Assexuadas;
» Sexuadas:
› autógamas: praticam a autofecundação natural;
› alógamas: praticam cruzamento natural.
137
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

Para fins de reprodução, as espécies intermediárias podem ser tratadas como alógamas
ou autógamas. As espécies reprodutivas autógamas, alógamas e vegetativas têm
estruturas genéticas diferentes e, por esse motivo, os métodos ou processos utilizados
para desenvolver variedades são diferentes.

Figura 72. Alógamas, autógamas e intermediárias.

Alógamas Autógamas

100 95 5 0
% cruzamento

% autofecundação
0 5 95 100

Intermediárias
Fonte: adaptado de Souza Jr., 2013.

Estrutura genética
Espécies autógamas praticam autofecundação natural. É exemplo o cruzamento de
duas variedades obtidas artificialmente.

Melhoramento de espécies propagadas


vegetativamente
Geralmente, o melhoramento de espécies reproduzidas assexuadamente é mais
simples do que o de espécies reproduzidas sexualmente. O melhoramento de espécies
reproduzidas vegetativamente visa obter excelentes clones (genótipos). Quando bons
clones são identificados, eles se reproduzem vegetativamente e se tornam uma nova
raça. Podemos selecionar bons clones de descendentes híbridos (com alta resolução)
ou criando mutantes que ocorrem naturalmente. As uvas Rubi têm uma pele rosada
e são selecionadas a partir de mutações naturais (casca verde/amarelo claro) que
ocorrem nas uvas Itália.

138
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Plantas de reprodução sexual


A reprodução sexual envolve formação (via meiose) e fusão de gametas (fertilização).
As plantas reproduzidas por meio da reprodução sexual podem ser classificadas como
autógamas, intermediárias (autógamas com frequente alogamia) e alógamas.

Plantas autógamas

São aquelas que priorizam a autofertilização (mais de 95%). A autofertilização ocorre


quando o pólen (gametas masculinos) fertiliza os ovos (gametas femininos) da
mesma planta. Embora eles prefiram a autofertilização, a taxa de fertilização cruzada
que ocorre na mesma espécie é baixa. A frequência depende do número de insetos
polinizadores, intensidade do vento, temperatura e umidade.

As plantas autógamas são caracterizadas pela


homozigose

Um grupo de plantas autólogas é representado por uma ou mais linhas puras.


Exemplos de híbridos incluem: arroz, aveia, cevada, feijão, tabaco, soja, tomate,
trigo. As plantas autólogas desenvolveram alguns mecanismos conducentes à
autofertilização.

» Na soja ocorre a cleistogamia, ou seja, a polinização do estigma ocorre


antes da abertura do botão floral ou antese.

» No feijoeiro, a cleistogamia está associada à quilha, que envolve o


estigma e os estames em uma estrutura em forma de espiral, facilitando
a autofecundação.

» No tomateiro, os estames formam um cone envolvendo o estigma, de tal


forma que a autopolinização é quase garantida.

Plantas intermediárias

Plantas intermediárias são plantas com porcentagem de fertilização cruzada entre


5% e 95%. Entre as espécies intermediárias, podemos citar algodão, café, sorgo etc.
O método usado para melhorar espécies intermediárias é o mesmo que o usado para
espécies autobiográficas. No entanto, devido à sua alta taxa de polinização cruzada,
deve-se tomar cuidado para isolar essas espécies durante a fases de reprodução e de
produção de sementes.

139
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

Plantas alógamas

Plantas alógamas são aquelas que preferem realizar polinização cruzada (acima de
95%). Nesse caso, a fertilização ocorre quando o pólen de uma planta fertiliza o ovo
da flor de outra planta. As espécies alógamas são caracterizadas por heterozigosidade,
que mostra heterose e endogamia. As espécies alógamas são divididas em três grupos,
dependendo do tipo de flor:

» Plantas com flores hermafroditas: a flor é completa, possuindo os dois


sexos. Exemplo: abacate, cebola, cenoura, centeio, maracujá.

» Plantas monoicas: com flores unissexuais femininas e masculinas na


mesma planta. Exemplo: abóbara, mamona, melancia, melão, milho,
pepino e seringueira.

» Plantas dioicas: plantas com flores masculinas e plantas com flores


femininas: araucária, mamão, tâmara, kiwi, erva mate.

As plantas alógamas desenvolveram mecanismos que podem identificar ou incentivar


alogênico (cruzamento).

Mecanismos que incentivam a alogamia

A dicogamia acontece em espécies com flores hermafroditas e é definida pela


maturação da parte feminina (ginecium) e da parte masculina (androceu) em
diferentes momentos.

A dicogamia é categorizada em:

» Protandria: anteras tem os grãos de pólen maduros, mas os estigmas


não estão receptivos. Exemplos: abacate, cenoura e milho.

» Protoginia: estigmas receptivos, mas anteras não completaram o


amadurecimento. Exemplos: algumas variedades de abacate, anonáceas
(pinha, atemóia etc.).

Obstáculos mecânicos também facilitam a polinização cruzada. Um exemplo típico é


a alfafa, que possui um filme sobre o estigma que impede a fertilização dos grãos de
pólen da própria flor. A fertilização ocorre apenas depois que os insetos polinizadores
quebram a barreira. Os insetos polinizadores tomam o pólen de outras plantas.

140
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

A monoicia (separação da mesma planta das inflorescências masculinas e femininas)


também é um mecanismo para promover a alogamia. O milho não é apenas uma
espécie comum, mas também possui protandria.

Mecanismos que determinam a alogamia

» Dioicia: flores masculinas em uma planta e flores femininas em outra.


Nesse caso, a autofertilização não é possível. Por exemplo: Araucária,
Kiwi.

» Na autoincompatibilidade, há uma interação entre o grão de pólen e


o estigma, o que impede a germinação do pólen no estigma da mesma
planta. A autoincompatibilidade pode ser separada em gametofítica e
esporofítica.

› Sistema gametofítico: nesse caso, a incompatibilidade é controlada


por um único alelo S. Quando os grãos de pólen contêm o alelo S
presente no estigma, o crescimento do tubo de pólen é paralisado.
Grãos de pólen germinam apenas em estigmas que não contêm o
mesmo alelo, impedindo a autofertilização.

› Sistema esporofítico: nesse caso, não é o alelo transportado pelo pólen


que determina se a incompatibilidade ocorre, mas o alelo presente no
tecido diploide da planta materna.

141
CAPÍTULO 4
Origem e evolução das espécies
cultivadas

A evolução das culturas, iniciada há cerca de 13.000 anos, está sujeita aos mesmos
processos evolutivos naturais que estão conscientes ou inconscientemente ligados à
ação humana e levam à domesticação. Nesta visão geral, são apresentados os fatores
evolutivos mais importantes, como mutação, hibridação, migração, seleção e deriva
genética, os quais estão, em certa medida, relacionados à origem, desenvolvimento
e domesticação de plantas cultivadas. Também são apresentados exemplos de como
esses processos influenciaram a diversidade intra e interespecífica de culturas com
o surgimento de novas variedades ou mesmo de novas espécies. Em geral, esses
processos têm impactado a expansão, manutenção e redução da variabilidade
genética das culturas.

No Pleistoceno mais recente, pouco mais de 10.000 a.C., as primeiras populações


humanas foram organizadas em uma sociedade de caçadores e coletores antes de
começarem a cultivar no período neolítico. Estes foram caracterizados pelo fato de
se movimentarem com mais frequência, realizarem o manejo de recursos naturais,
protegerem espécies interessantes e também poderem alterar a densidade e
distribuição das espécies. Com o desenvolvimento da agricultura (considerado pré-
requisito para a civilização) e com a grande transformação da população global, o
processo de domesticação de plantas cultivadas começou com o mesmo processo
evolutivo ao longo da evolução das plantas. Uma das consequências do processo de
domesticação de plantas cultivadas é o surgimento da “síndrome da domesticação”
– conjunto de características que distinguem as plantas cultivadas dos ancestrais
selvagens.

A consequência é o nascimento de novas variedades de inúmeras espécies vegetais


diferentes, e até mesmo de novas espécies, levando ao aumento da variabilidade
genética, enquanto, em outros casos, a consequência é uma variabilidade genética
reduzida, como processos de seleção relacionados ao melhoramento genético das
plantas ou dependendo do desempenho da deriva genética. Em alguns casos, a
consequência é a manutenção da variabilidade genética.

142
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Mutação
A mutação é um dos fatores evolutivos que produzem variação genética e é definida
como qualquer alteração na sequência de nucleotídeos, na estrutura e no número de
cromossomos (FUTUYMA, 2006). Essas alterações podem ocorrer espontaneamente
nas células ou pela ação de substâncias mutagênicas, ionização e radiação ultravioleta,
levando à substituição incorreta de bases contendo nitrogênio e a alterações
no valor ou na estrutura dos cromossomos. Mutações genéticas relacionadas a
características agronômicas podem promover a domesticação de certas plantas
cultivadas, principalmente em gramíneas, como trigo, arroz e milho (LADIZINSKY,
1998). Essas culturas de várias mutações genéticas ganharam maior capacidade de
reter inflorescências na inflorescência, tornando sua propagação mais dependente
da ação humana. Como a grama, as uvas (Vitis vinifera) sofreram várias mudanças
relacionadas à produção de frutas durante a domesticação. KIM et al. (2004)
confirmaram a presença de um códon de terminação pré-maturo e a adição de bases
na região que codifica a enzima chalconisomerase (CHI). Essa mutação fez com que
o gene CHI fosse inativado, impediu a síntese de flavonoides e produziu o acúmulo
de derivados da chalcona e, eventualmente, produziu a cebola. No arroz, a exclusão
do gene qSW5 – responsável pelo controle do número de células e da largura dos
grãos nas glumas – levou ao aumento da produção de sementes, o que é benéfico
para os primeiros agricultores a selecionar manualmente essas variedades durante a
domesticação dessa espécie (SHOMURA et al., 2008).

No trigo (Triticum aestivum), cromossomos não pareados, quebrados ou perdidos são


anormalidades cromossômicas muito comuns, o que dificulta a manutenção de plantas
homozigotas. Essa instabilidade genética geralmente é prejudicial para outras culturas
e, devido as suas características hexaploides, não causa a morte de plantas de trigo na
maioria das vezes.

Devido à baixa frequência de mutações espontâneas na natureza, técnicas de indução


usando mutagênicos químicos e físicos são amplamente utilizadas para obter mutações
promissoras para o aprimoramento genético e obter importantes variantes para o
estudo da função genética.

Hibridação e fluxo gênico


De todos os fatores evolutivos, o cruzamento natural (definido como o acasalamento
natural entre indivíduos de duas ou mais populações) é um dos eventos evolutivos
mais importantes. Vários estudos demonstraram seu papel na domesticação de plantas

143
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

cultivadas, envolvendo fluxo gênico entre espécies selvagens e cultivadas, e infiltração


e hibridação de culturas geneticamente modificadas. Vários estudos mostram o fluxo
gênico entre cultivares e seus pais silvestres.

Matsuoka et al. (2002), pesquisando o fluxo dos genes entre variedades de milho e
seu parental selvagem, o teosinto (Zea mays ssp. mexicana), descobriram que esse
mecanismo alterou a estrutura genética das variedades cultivadas, contribuindo para
a sua sobrevivência em ambientes extremos, como altas altitudes. Em outro aspecto,
o fluxo dos genes da planta domesticada para seu parental selvagem pode minimizar
sua aptidão e atrapalhar sua estadia em seu habitat natural, além de ocasionar a
desestruturação dos genes do táxon e sua eliminação, já que o híbrido criado pode
demonstrar heterose e disputar com os formatos selvagens.

Tabela 3. Evolução das mutações em culturas.


Melhoramento de cultivares

Processos evolutivos Culturas Consequências


Arroz Surgimento de novas variedades de arroz.
Cebola Surgimento de bulbos brancos, amarelos e vermelhos.
Laranja Redução do número de sementes.
Mutação Pêra Modificação de caracteres ligados à produção de frutos.
Tomate Obtenção de mutantes para estudos de função gênica.
Trigo Surgimento de recombinantes.
Uva Variação da coloração vermelha.
Algodão Origem de novas espécies tetraploides.
Arroz Fluxo gênico entre arroz transgênico e arroz selvagem.
Café Origem de nova espécie tetraploide.
Hibridação Mandioca Fluxo gênico da espécie cultivada e parental selvagem.
Milho Fluxo gênico da espécie cultivada e parental selvagem.
Trigo Hibridação entre três espécies produzindo o trigo comum por alopoliploidia.
Batata Obtida por alopoliploidia.
Dispersão Abacate Dispersão natural de sementes por mamíferos.
Algodão Dispersão da América para outros continentes.
Banana Dispersão e surgimento de novos ecótipos.
Café Dispersão da Etiópia para o novo mundo.
Feijão comum Dispersão da América para outros continentes.
Oliveira Dispersão para regiões diferentes do mundo
Pimentões Dispersão da América para outros continentes

144
MELHORAMENTO DE CULTIVARES │ UNIDADE III

Processos evolutivos Culturas Consequências


Seleção Arroz Mudança no tamanho, forma e conteúdo de amilose do grão.
Aveia Aumento do teor de proteínas.
Milho Dificuldade na dispersão natural da semente.
Tomate Aumento no tamanho do fruto.
Deriva genética Algodão Estreitamento de base genética
Arroz Estreitamento de base genética.
Café Estreitamento de base genética.
Milho Estreitamento de base genética.
Soja Estreitamento de base genética.
Tomate Estreitamento de base genética.
Trigo Estreitamento de base genética.

Fonte: adaptado de Veasey et al., 2011.

Duputié et al. (2007) examinaram a possível ocorrência de zona híbrida entre a


mandioca cultivada (Manihot esculenta) e um progenitor silvestre (Manihot ssp.)
e, ainda, a ocorrência de híbridos naturais que mostraram heterose em relação aos
progenitores. Esse tipo de situação é preocupante quando se considera a conservação
de espécies silvestres, uma vez que a ocorrência de um fluxo gênico da cultura para
seu genitor selvagem pode levar a ervas daninhas mais agressivas ou à introdução de
genes da cultura no genoma das espécies selvagens que, por meio da mistura completa,
pode levar à extinção das populações selvagens. A preocupação com a conservação dos
recursos genéticos vegetais é ainda maior com o surgimento de plantas transgênicas,
porque a ocorrência de um fluxo gênico pode influenciar a organização da diversidade
genética de variedades cultivadas e/ou de parentes silvestres.

A validação do fluxo gênico entre espécies que apresentam formas transgênicas e é


importante para inferir a possibilidade de trocas alélicas que representam uma ameaça
à conservação do tipo selvagem. A formação de espécies híbridas é uma espécie em
que a hibridação desempenha um papel importante na formação de novas espécies.

Geralmente, quando dois deles cruzam e formam o genoma de um híbrido, uma


nova espécie é formada, formando um homopoliploide. Este procedimento pode ser
refeito para gerar espécies com mais de dois genomas diferentes. Vários exemplos
de alopoliploides são descritos na literatura, entre eles o caso do trigo (Triticum
aestivum), gerado por três genomas diferentes (AABBDD), criado do cruzamento
entre T. monococcum (AA), T. searssi (BB), sendo que o híbrido F1 teve o seu número
de cromossomos replicados, dando origem ao T. turgidum (AABB) que se hibridizou
com o T. tauschii (DD).

145
UNIDADE III │ MELHORAMENTO DE CULTIVARES

Demais espécies de plantas cultivadas que sentiram o mesmo impacto é o algodão


tetraploide (Gossypium hirsutum e G. barbadense), gerado através do cruzamento de
uma espécie diploide (genoma A) criada na Ásia com outra espécie diploide (genoma
D) criada no Novo Mundo; e, concomitantemente, o café tetraploide (Coffea arabica),
gerado do cruzamento entre as espécies Coffea eugenioides e C. canéfora.

No entanto, além da existência dos heteropoliploides na formação de espécies híbridas,


os autopoliploides também desempenham papel muito importante na evolução das
plantas cultivadas, porque o efeito gigabit proporcionado pelo aumento do número
de cópias cromossômicas na mesma célula, com raízes, tubérculos, caules, folhas,
frutos e sementes maiores estão presentes apenas nos autopolipolides. No entanto,
devido a problemas no emparelhamento meiótico, esse processo está associado à
redução da fertilidade, o que explica o fato de os poliploides espontâneos estarem
mais relacionados a plantas reproduzidas assexuadamente ou à plantas que usam
reprodução assexuada.

No histórico da domesticação das plantas, determinados autopoliploides recebem


atenção prioritária, como, por exemplo, a batata (Solanum tuberosum), que pode ser
diploide (2n=2x=24), triploide (2n=3x=36), tetraploide (2n=4x=48) e até pentaploide
(2n=5x=60).

Nesse mesmo âmbito, podemos discutir também sobre os poliploides induzidos,


como, por exemplo, o autotetraploide artificial de melancia (Citrullus vulgaris)
que contém 2n=4x=44 cromossomos (JASKANI et al., 2004), que têm sido usados
em cruzamentos com linhagens diploides (2n=2x=22) para aquisição de híbridos
triploides (2n=3x=33) ausentes de sementes.

146
MÉTODOS DE
MELHORAMENTO UNIDADE IV
EM CULTIVARES
O melhoramento genético tem como objetivo primordial promover resistência a
pragas e doenças que acometem as cultivares agrícolas, uma vez que o controle de
doenças por meio da utilização de variedades resistentes é mais sustentável quando
comparado ao uso de agrotóxicos. Entretanto, o melhoramento genético também
possui “calcanhares de Aquiles”, um deles é a variabilidade genética dos organismos
fitopatogênicos, que inclui:

» fungos;

» bactérias;

» vírus;

» nematoides.

Alguns melhoristas têm utilizado o termo “raça/espécie fisiológica” para designar os


micro-organismos que são da:

» mesma espécie;

» morfologicamente semelhantes;

» mesma virulência.

Patógenos de espécies fisiológicas diferentes têm apresentado níveis diferentes de


virulência.

Sumariamente, existem apenas dois tipos de reação:

» resistência;

» suscetibilidade.

Observe que muitas cultivares de feijão possuem resistência à doença causada pelo
micro-organismo Colletorichum lindemuthianum, já outras cultivares possuem
suscetibilidade pelo mesmo micro-organismo, mas “raça/espécie fisiológica” diferente.
Lembre-se de que, mesmo que o melhorista conheça estas diferenças, é importante

147
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

ressaltar que a taxa de mutação dos micro-organismos é altíssima, ou seja, novas


espécies fisiológicas podem aparecer em uma mesma cultivar de feijão.

Figura 73. Etapas de obtenção de uma cultivar.

Engenharia – Geração de
Cruzamentos – Coleção de
genética diversidade germoplasmas.
genética.
– Experiência do
– Seleção, melhorista.
avaliação e testes.
– Produção de
sementes. – Ensaios de
campo.
– Lançamento,
distribuição e – Testes
comercialização da laboratoriais.
nova cultivar.

Fonte: adaptado de Machado, 2016.

Fontes de resistência: no melhoramento de


cultivares
Hoje, possuímos grande banco de germoplasmas, e dessa forma, podemos utilizar
diferentes fontes de germoplasma como doadoras de genes de resistência.

» A melhor fonte são as variedades adaptadas com alto potencial


produtivo.

Quando utilizamos o cruzamento interespecífico, precisamos fazer a introgressão do


germoplasma exótico, por meio de sucessivos retrocruzamentos com a espécie em que
queremos introduzir a resistência.

Exemplificando:

No café, temos duas variedades: (1) Híbrido de Timor e (2) Icatu, então:

» São híbridos interespecíficos utilizados para a transferência de genes de


resistência à ferrugem do cafeeiro.

» Essa transferência ocorre da espécie Coffea canephora para a espécie


Coffea arábica.

» Híbrido de Timor é resultante de hibridação natural entre as espécies


Coffea canephora e Coffea arábica.

148
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

» Icatu foi obtido por polinização artificial.

» E, assim, obtivemos a cultivar IAPAR 59 de um cruzamento


interespecífico, que se originou do cruzamento entre Coffea arabica,
Villa Sarchi 971/10 e o Híbrido de Timor 832/2.

A conservação de variabilidade genética em bancos de germoplasma é extremamente


importante, garantindo que esses e outros genes de resistência não sejam perdidos.
Nos métodos de melhoramento genético de cultivares, é preciso considerar uma
sequência de fatos, entre eles:

» Graus da resistência:

› imunidade;

› alta resistência;

› resistência moderada;

› resistência vertical;

› resistência horizontal;

› não preferência;

› suscetibilidade;

› alta suscetibilidade;

› escape;

› evasão;

› resistência induzida.

» Causas da resistência/suscetibilidade:

› adaptação e reprodução;

› Substâncias secundárias, incluindo:

· glicosídeos;

· taninos;

· saponinas;

149
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

· alcaloides;

· óleos essenciais;

› estímulo exótico, como os alcaloides;

› estímulo nutritivo;

› físicas, químicas e morfológicas.

» Fatores que influenciam a resistência:

› idade da planta;

› parte atacada da planta;

› fisiologia da planta;

› enxertia;

› características do inseto;

› condições ambientais.

150
CAPÍTULO 1
Métodos de condução de plantas
autógamas, alógamas e de
propagação vegetativa

O crescimento, assim como o desenvolvimento dos organismos, de forma geral, não


acontece sem que exista comunicação extremamente eficiente entre as células, os
tecidos e os órgãos, uma vez que:

» A regulação e a coordenação do metabolismo, incluindo as etapas de


crescimento e morfogênese dependem da atuação dos hormônios no
interior das células.

As espécies arbóreas nativas possuem, na reprodução sexuada, a forma mais utilizada


para a produção comercial de mudas, pois, a reprodução sexuada proporciona
a necessária variabilidade genética. Na natureza as espécies vegetais podem se
reproduzir tanto assexuadamente quanto sexuadamente, sendo assim, do ponto de
vista do melhoramento, tem-se a seguinte classificação:

Figura 74. Reprodução assexuada e sexuada.

• Reprodução • Reprodução • Autógama


• Alógama

Autofecundação
Assexuada Sexuada ou cruzamentos

Fonte: adaptado de Garcia e Pinheiro, 2010.

As espécies autógamas, alógamas e de reprodução vegetativa possuem estruturas


genéticas distintas, e, dessa forma, os métodos de melhoramento genético utilizados
para desenvolver cultivares são diferentes.

Importância de conhecer o sistema reprodutivo:

» Melhoramento e manejo.

» Autógamas: possibilidade de utilizar semente própria:

› < 5% de fecundação cruzada.

151
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» Alógamas: exploração da heterose ou vigor híbrido:

› > 95% de fecundação cruzada.

Estrutura genética
» O melhoramento de plantas autógamas obtém linhagens puras
superiores.

» O melhoramento de plantas alógamas utiliza o melhoramento de


populações.

Espécies autógamas
Elas praticam autofecundação natural, com isso, a frequência de locos heterozigotos
(Aa) geralmente é extremamente baixa, próxima de zero. Isso ocorre, pois em cada
geração de autofecundação a proporção esperada de indivíduos heterozigotos é
reduzida pela metade.

Figura 75. Exemplos de reprodução assexuada e sexuada em plantas.

Sexuada

Assexuada Alógama Autógama

Fonte: adaptado de Garcia e Pinheiro, 2010.

Assim obtemos o cruzamento de duas variedades conseguidas artificialmente, como


podemos notar na Figura 76.

Neste caso, temos: (1/2) n = heterozigotos

1- (1/2) n = homozigotos

152
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Portanto, temos: Coeficiente de endogamia: F = 1 – (1/2) n

» Sendo assim: na sexta geração de: F = 98,4375% de homozigotos.

» Com 4 pares de genes: A, a; B, b; C, c e D, d; tem-se os seguintes


genótipos:

O número de genótipos homozigotos é 2n, em que n é o número de pares de genes:

» 24 = 16 genótipos;

» 215 = 32769 genótipos possíveis.

Figura 76. Cruzamento de duas variedades obtidas artificialmente.


V1 (AA) x V2 (aa)

F1 Aa

F2 (1/4) AA : (1/2) Aa : (1/4) aa

F3 (3/8 AA) : (1/4 Aa) : (3/8 aa)

F4 (7/16 AA) : (1/8 Aa) : (7/16 aa)

: : : : : :

Fn {1-(1/2)n}/2 (1/2)n {1-(1/2)n}/2

: : : :

FoD (1/2) 0 (1/2)

Fonte: Adaptado de Garcia; Pinheiro (2010).

A variabilidade genética ocorre devido à presença de diferentes genótipos homozigotos.

» Perceba que existe variabilidade, em função do número de genes que


controlam a característica da planta.

Importância para o melhoramento

A população de plantas autógamas é constituída de mistura de genótipos


homozigóticos. A variabilidade genética é ocasionada por:

» presença de diferentes genótipos;

153
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» mutações genéticas;

» cruzamentos naturais com plantas de diferentes genótipos.

Os programas de melhoramento que utilizam espécies autógamas são realizados/


pensados/desenhados para que, no final do processo, a homozigose seja restaurada,
gerando, assim, somente plantas homozigotas: linhagens puras e linhagens
endogâmicas.

População: mistura de genótipos em homozigose.

Espécies alógamas
As espécies alógamas são aquelas que realizam, geralmente, polinização cruzada, em
torno de 96%. Assim, a fertilização acontece quando o pólen de uma planta fertiliza
o estigma da flor de outra planta. As espécies alógamas são caracterizadas pela
heterozigose, apresentando tanto a heterose quanto a endogamia. Existem inúmeros
mecanismos que incentivam bem como determinam a alogamia. Lembre-se de que a
alogamia, utiliza a fecundação cruzada. Muitas espécies de importância econômica no
mundo são alógamas, como o milho, por exemplo.

Figura 77. Variabilidade, em função do número de genes.

AABBCCDD
AABBCCdd
AABBccdd
aabbCCDD
aabbCCdd
:
aabbccdd
Fonte: adaptado de Garcia e Pinheiro, 2010.

O milho é uma espécie monoica, com flores do sexo feminino e flores (pendão)
do sexo masculino.

As plantas alógamas não transmitem seus genótipos para a geração seguinte – como
ocorre em espécies autógamas –, mas sim os seus alelos.

154
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Assim, a cada geração, surgirão novos indivíduos que apresentarão constituição


alélicas diferentes dos seus progenitores.

Nas plantas alógamas, o mais importante é o conjunto gênico dessa população, a


genética de populações, e não a constituição genética de cada indivíduo. Por isso, o
melhoramento de alógamas apresenta inúmeros desafios interessantes. Nesse caso, os
genótipos superiores não são mantidos nos filhos, já que estes serão segregados.

As plantas alógamas cruzam-se naturalmente e, por isso, há troca de genes na


reprodução entre as plantas da mesma população, de modo que, em termos
populacionais, todas as plantas compartilham de um mesmo conjunto de genes.

Sendo p e q as frequências dos alelos A e a, e com cruzamentos ao acaso, tem-se:

Figura 78. Frequências dos alelos A e a, e com cruzamentos ao acaso.

p(A) q(a)

p(A) p2 (AA) pq (Aa)

q(A) qp(aA) q2(aa)

Fonte: Adaptado de Garcia; Pinheiro (2010).

Devido ao cruzamento, são obtidas:

» p2 plantas com genótipo AA;

» 2pq plantas com genótipo Aa;

» q2 plantas com genótipo aa.

Assim, temos:

» Variabilidade genética devido à presença de genótipos tanto em


homozigose, quanto em heterozigose.

Efeitos da alogamia:

» depressão por endogamia;

» carga genética.

155
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Determinação do modo de reprodução de uma espécie:

» Há presença de insetos polinizadores – alógama?

» Existe presença de pólen antes da flor se abrir – autógama?

Produção de sementes de plantas isoladas:

» Produção de sementes – autógamas?

» Não produção de sementes – alógamas?

Algumas espécies de plantas possuem a alternativa de serem propagadas


vegetativamente, ou seja, uma propagação assexuada.

Figura 79. Frequências dos alelos AA, Aa e aa após cruzamento.

Genótipos Frequências

AA p2

Aa 2pq

aa q2

Fonte: adaptado de Garcia e Pinheiro, 2010.

Propagação vegetativa
A propagação vegetativa é simplesmente uma multiplicação assexuada de partes da
planta, com o intuito de obter-se um indivíduo geneticamente idêntico à planta mãe.
Não há recombinação genética, neste caso, uma vez que utilizamos partes vegetativas
como caules, folhas ou raízes.

Pode ser realizada por meio de:

» bulbos;

» tubérculos;

» rizomas;

» manivas;

» colmos;

» estacas.
156
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

A propagação vegetativa não inclui meiose.

» O genótipo é transmitido de forma integral para a geração seguinte, por


exemplo:

› Eucalyptus spp.;

› cana-de-Açúcar;

› mandioca;

› batata;

› bananeira;

› Citrus;

› palmeiras.

Figura 80. Clones por reprodução integral do genótipo.

Clones

Reprodução integral
do genótipo.

Fonte: Adaptado de Piotto (2016).

Dentro da propagação vegetativa, podem-se dividir as plantas em:

» Conveniente: florescimento normal. Florescimento, incluindo meiose,


recombinação, bem como a segregação, que é a fonte principal de
variabilidade genética, também para espécies apomíticas facultativas.
Exemplos: Citrus, cacau, Eucalyptus.

» Compensatória: florescimento restrito. Exemplos: cana-de-açúcar,


batata, mandioca.

» Obrigatória: florescimento inexistente. Exemplos: alho, banana.

157
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Características:

» Geralmente plantas alógamas.

» Elevado grau de heterozigose: AaBbCc.

» Elevada carga genética e depressão por endogamia.

» Apresentam alta heterose.

» Multialelismo: A1, A2, A3, A4.

» Muitos são poliploides.

» Clones: não há variabilidade genética.

Geração de variabilidade:

» Genética por meio de cruzamentos.

Variabilidade genética na propagação vegetativa:

» Genitores diferem em 1 loco.

› 4 genótipos diferentes;

» Genitores diferem em 50 locos;

› 1030 genótipos diferentes.

158
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 81. Geração de variabilidade genética por cruzamentos.

Clone 1 x Clone 2
(A1A2) (A3A4)

F1

¼ A1A3: ¼ A1A4: ¼A2A3: ¼A2A4

Variabilidade genética disponível


para seleção.

Fonte: adaptado de Piotto, 2016.

Assim, entendemos que a variabilidade genética realizada pelo cruzamento de


cultivares é uma função da heterozigose bem como do número de alelos diferentes por
loco.

Seleção de genitores

Necessário considerar

» Genealogias.

» Divergência genética.

» Complementaridade.

» Performance:

› Evitar cruzamentos aparentados.

› Maximizar variabilidade genética e a heterose.

› Reduzir a endogamia.

159
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Genitores

» Cultivares comerciais.

» Variedades locais.

» Bancos de germoplasma.

Na escolha de genitores para cruzamentos, geralmente, utilizam-se cultivares


comerciais.

Objetivos

» Aproveitar os benefícios já conseguidos com o melhoramento genético,


como resistências a doenças, pragas, acamamento etc..

» Aumentar a probabilidade de concentração de alelos favoráveis em um


genótipo.

Figura 82. Tipos de cruzamentos.

Biparentais Multiparentais

C1 C2 C1 C2

F1(C1xC2) F2(C1xC2) C3

População
base
F1(C1xC2)xC3

Multiparentais

C1 C2 C3 C4

F1(C1xC2) F1(C3xC4)

População
F1(C1xC2)(C3x C4) base

Fonte: adaptado de Piotto, 2016.

160
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Menor variabilidade para caracteres menos complexos.

» Seleção mais intensa para produtividade nos ensaios finais.

População base é formada com cruzamentos

Tipos de cruzamentos

» biparentais (dois genitores);

» multiparentais (três ou mais genitores).

Etapas da seleção

Etapa 1

» semeadura dos indivíduos F1;

» avaliação: plantas individuais;

» seleção:

› caracteres de alta h²;

» clonagem;

» multiplicação.

Etapa 2

» poucas repetições;

» avaliação: médias de parcelas;

» seleção:

› caracteres de alta h²;

› caracteres de média h²;

» clonagem;

» multiplicação.

161
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Etapa 3

» aumento no número de repetições;

» avaliação: médias de parcelas;

» seleção:

› maior intensidade para caracteres de média h²;

› menor intensidade para caracteres de baixa h²;

» clonagem;

» multiplicação.

Etapa 4

» aumento no número de repetições;

» avaliação em diversos locais;

» avaliação: médias de parcelas e locais;

» seleção:

› maior intensidade para caracteres de baixa h²;

› clonagem;

› multiplicação.

Etapa 5

» aumento no número de repetições;

» aumento no número de locais;

» avaliação: médias de parcelas e locais;

» seleção do genótipo superior:

› nova cultivares.

162
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 83. Formação das populações.


Obtenção de número elevado
de indivíduos F1

Genótipos inferiores
µ Genótipos superiores

Fonte: adaptado de Piotto, 2016.

Vantagens
» Seleção e multiplicação apenas do melhor clone.

» Fixa o efeito genético de todos os caracteres.

» Melhoramento relativamente fácil e rápido.

Desvantagens

» Alto custo dos propágulos.

» Redução drástica da variabilidade (vulnerabilidade genética).

› Solução: ampliar a base genética com introdução de materiais


exóticos com potencial para integrar programas de melhoramento.

Baseado na seleção individual

» Definição de critérios de seleção.

» Intensidade e extensão dependem da variabilidade genética.

» Pode ser dentro de indivíduo – mutação em ramo.

Assexuadas restritas

» Introdução de germoplasma.

» Mutação, variações somaclonais, poliploidia.

» Seleção entre os clones.

163
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Assexuadas facultativas

» Considerar se é autógama ou alógama.

» Efeitos genéticos e hibridação.

Figura 84. Etapas de seleção.


1º Etapa 2º Etapa 3º Etapa

Bordadura Bordadura Bordadura

4º Etapa 5º Etapa

Bordadura Bordadura

Fonte: adaptado de Piotto, 2016.

164
CAPÍTULO 2
Melhoramento por poliploidia e
mutação

Melhoramento por poliploidia


Organismos poliploides são indivíduos que possuem vários genomas. De um modo
geral, a poliploidia refere-se às variações naturais ou induzidas no número de
cromossomos do organismo.

As variações surgem nos conjuntos cromossômicos individuais, ou seja:

» Se for determinado o número de cromossomos de um grupo


de indivíduos de uma mesma espécie, selecionando ao acaso,
provavelmente este número seja o mesmo.

» Mas, eventualmente mutações podem ocorrer, modificando este


número.

Figura 85. Poliploides.


Haploide (N) Diploide (2N)

Triploide (3N) Tetraploide (4N)

Fonte: adaptado de Poliploidia, 2019.

165
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Dentro da poliploidia, dois grandes grupos são formados:

» euploides;

» aneuploides.

Nos euploides, encontram-se os autopoliploides e os alopoliploides.

» Os autopoliploides são indivíduos que tiveram seus genomas gaméticos


duplicados, formando diploides (2n), ou triplicados formando triploide
(3n). Ou seja, foram originados pela duplicação de um mesmo genoma.

» Os alopoliploides possuem genomas de diferentes origens e podem ter


sido gerados tanto de cruzamentos interespecíficos ou intergenéricos
que ocorreram na natureza quanto de cruzamentos artificiais. Ou seja,
surgiram pela duplicação de genomas diferentes, geralmente após
evento de hibridização.

Um exemplo clássico é o Triticale uma vez que este cereal foi obtido do cruzamento
entre Triticum aestivum e Secale cereale. Como vimos, estes híbridos interespecíficos
possuem genomas diferentes, então duplicam o número total de cromossomos para
tornarem-se espécies férteis.

Os indivíduos aneuploides são aqueles provenientes da perda de um ou mais


cromossomos do genoma, situação em que também temos um exemplo clássico: a
Datura stramonio.

Figura 86. Classificação dos poliploides: alopoliploides.

Gametas
n=2
Híbrido

Espécie A
2n=4

n=3

Espécie B Alopoliploidia
2n=6
Fonte: adaptado de Poliploidia, 2019.

166
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Das espécies vegetativas cultivadas na atualidade, 50% são poliploides. Nessa


porcentagem, a poliploidia é mais comum em:

» Plantas perenes quando comparadas às plantas anuais.

» Plantas de altitude quando comparada às plantas de baixada.

» Plantas que se multiplicam assexuadamente quando comparadas às


plantas que se reproduzem sexuadamente.

Lembre-se de que o termo genoma é referente ao conjunto elementar de


cromossomos de uma espécie.

» O arroz (Oryza sativa) é uma espécie diploide com 24 cromossomos


(2n = 24), ou seja, o genoma elementar do arroz é composto por 12
cromossomos, portanto n = 12.

» O feijão (Phaseolus vulgaris) possui 22 cromossomos, portanto o seu


genoma elementar é composto por 11 cromossomos.

Figura 87. Classificação dos poliploides: autopoliploides.


Gameta

Zigoto
autopoliploide

Meiose anormal
Auto
não disjunção
fecundação

Cariótipo das 4n = 12
espécies parentais tetraploide
2n = 6

Gameta

Fonte: adaptado de Só Biologia, 2020.

Os organismos poliploides podem surgir por:

» Duplicação de células somáticas.

» Fusão de gametas citologicamente não reduzidos.

167
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Dessa forma, os poliploides são classificados em três classes:

1. Os que surgiram pela união de gametas não reduzidos com um gameta


normal.

2. Os que surgiram pela união de dois gametas não reduzidos.

3. Os que surgiram por duplicação somática.

Causas da poliploidia
» Não separação dos cromossomos durante a mitose ou a meiose.

» Separação dos cromossomos, entretanto, não ocorre a citocinese.

Entendemos que os poliploides ocorrem, de forma natural, a partir de gametas não


reduzidos ou de gametas com o número somático de cromossomos, certo? Nesse
contexto, como acontecem as divisões celulares, que originam essas alterações
genômicas?

» Quando temos gametas não reduzidos resultantes de divisão meiótica


anormal em que a redução do número cromossômico não acontece.

Essa falha na redução do número cromossômico pode acontecer, interessantemente,


de duas formas distintas:

» Durante a meiose I:

› Quando os cromossomos não se dirigem para os polos na anáfase


temos, ao invés de duas células com número haploide na telófase I,
apenas uma célula com o número diploide. Nesse caso, a meiose II
ocorre normalmente, entretanto, resulta em uma díade.

» Durante a meiose II:

› Quando há falha na citocinese, dois grandes grupos formam os


poliploides, quais sejam:

· euploides, alterando todo o conjunto cromossômico.

· aneuploides, envolvendo parte do genoma.

168
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 88. Poliploidia esquemática.


2n

Planta diploide Planta tetraploide

Erro na meiose
2n

2n 4n

Óvulo e
espermatozoide
diploide

Fonte: adaptado de Khan Academy, 2017.

Efeitos da poliploidia
A poliploidia pode estimular/conduzir a formação de novas espécies. Por isso, é
considerada um tipo de melhoramento em plantas. Estima-se que a maioria das
plantas existentes sejam poliploides. Interessantemente, para o melhoramento, as
espécies poliploides apresentam inúmeros conjuntos cromossômicos das espécies
originárias, fornecendo à planta poliploide muitas vantagens adaptativas.

Utilização da poliploidia no melhoramento


Utilizamos a poliploidia no melhoramento? Sim! E muito! Uma vez que, entre os
aspectos mais interessantes da utilização de gametas não reduzidos no melhoramento,
estão:

» A possibilidade de poliploidização sexual, tanto unilateral, pela união de


um gameta normal com um não reduzido, quanto bilateral, pela união
de dois gametas não reduzidos – mantendo assim a heterozigose.

» A utilização desses gametas como ponte para transferir genes desejáveis


entre níveis de ploidia diferentes.

› Tetraploides produzidos por poliploidização são mais interessantes


quando comparados aos tetraploides produzidos somaticamente.

169
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Um exemplo clássico nesse caso é a alfafa.

» Neste exemplo, utilizamos gametas não reduzidos no melhoramento.

Em 1986, Veronesi et al., estudaram os gametas 2n em Medicago diploide, indicando


que a diploidização sexual bilateral é uma alternativa mais interessante, bem como
eficaz para originar a alfafa tetraploide quando comparada a ponte triploide.

Figura 89. Poliploidia no melhoramento da alfafa.

Híbrido estéril
n=9

n=9

Raphanus
2n = 18
Híbrido fértil
x
n+n=9+9 Raphanobrassica
Brassica
2n = 18 2n + 2n = 18 + 18
(4n) = (36)

Fonte: adaptado de Slideplayer, 2016

Mccoy e Bingham (1991) entenderam que a poliploidização sexual é a forma mais


provável de origem das espécies, uma vez que gametas 2n permitirão a introgressão de
genes de espécies diploides silvestres para o conjunto gênico tetraploide cultivado.

A formação do genoma poliploide em plantas


cultivadas
Como estudamos, dois processos envolvem a formação do genoma poliploide em
plantas cultivadas:

» hibridação interespecífica;

» poliploidização.

A aveia (Avena sativa), geneticamente falando, é considerada uma autoalohexaploide


com genoma elementar de 7 cromossomos. Pertencente à família Poaceae, subfamília
Poidea, tribo Aveneae e gênero Avena, a aveia possui 30 diferentes espécies que

170
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

estão agrupadas em diploides, tetraploides e hexaploides. Seus genomas podem ser


identificados por AA, CC, AABB, AACC e AACCDD que são encontrados na natureza.

As espécies com genoma A são:

1. Avena strigosa;

2. Avena brevis;

3. Avena nudbrevis;

4. Avena hirtula;

5. Avena weistii.

Dentro desse grupo de aveias (A), há várias divergências devido à translocação


formando híbridos estéreis.

» O genoma C pertence às espécies (1) Avena clauda e (2) Avena eriantha.


Entretanto, ambas as aveias evoluíram da Avena ventricosa.

As plantas híbridas originadas tiveram pareamento anormal com formação de híbridos


multivalentes.

» As origens dos genomas B e D são desconhecidas.

Figura 90. Poliploidia no melhoramento.

Marcadores
moleculares
de tolerância
QTLs.

Arroz de
Arroz tolerante qualidade elite
à seca
Com semelhança
à qualidade de
elite.
Plantas
selecionadas

QTLs de tolerância
à seca. Arroz tolerante à seca e
de qualidade elite.

Fonte: adaptado de Modesto, 2016.

171
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

A classificação dos poliploides sofre influência de:

» Relações filogenéticas.

» Diferenciações cromossômicas, incluindo cruzamentos com


alopoliploides.

» Processo de diploidização após a formação dos poliploides.

Poliploidia induzida
Cerca de 40% das espécies cultivadas são poliploides, entre elas:

» Alfafa, batata e algodão, que são tetraploides.

» Aveias tetraploides e hexaploides.

» Trigos tetraploides e hexaploides.

» Morango octaploide.

O primeiro, e mais conhecido, poliploide surgido por manipulação humana foi


o Raphanobrassica, um híbrido entre a couve (Brassica oleracea) e o rabanete
(Raphanus sativus). Esses cruzamentos produziam sementes, mas as plantas obtidas
eram estéreis.

Interessantemente, algumas sementes resultaram em plantas férteis, com o


dobro do número de cromossomos. Este alopoliploide, provavelmente, surgiu por
poliploidização sexual espontânea.

» Os poliploides são maiores e mais robustos quando comparados aos


seus parentes diploides, por isso utilizamos muito a poliploidia no
melhoramento de plantas.

Na prática, a poliploidia induzida pode ser ferramenta interessantíssima para o


melhoramento genético:

» Poliploidização na própria espécie: gera plantas maiores e melhores.

» Poliploidização em um híbrido: restaura a fertilidade do híbrido estéril.

172
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Mutações genéticas e o melhoramento de


plantas
Geneticamente, a diversidade em um ambiente é devido ao genótipo individual de
cada espécie. Neste bioma, podemos ter tanto as variações genéticas isoladas quanto
as mutações herdáveis.

» Variações genéticas isoladas: quando a variação não é herdada.

» Mutações: são as variações genéticas herdadas e passadas de geração


para geração.

Mutações espontâneas e mutações induzidas


Como estudamos, as alterações cromossômicas e gênicas são eventos que ocorrem
espontaneamente. Em geral, eles são raros e dependem de fatores que incluem a
instabilidade dos genótipos.

» A frequência das mutações naturais é da ordem de 1/100.000.000 ou


10-8 a 1/10.000.000 ou 10-7.

Mutações dominantes e recessivas


Você se Lembra das Leis de Mendel? Então! As mutações utilizam aqueles conceitos,
podendo, assim, serem dominantes ou recessivas. A mutação será perpetuada nas
espécies se os alelos recessivos se tornarem dominantes e os alelos dominantes se
tornarem recessivos.

» Plantas mutantes naturais, ao longo dos anos, foram acumulando


mutações que se fixaram na população, dando capacidade adaptativa ao
vegetal.

Modificações do genoma por causas


ambientais
Existem também as alterações cromossômicas numéricas em que apenas parte do
genoma é alterado, razão pela qual os melhoristas precisam estudar os inúmeros
aspectos das mutações nas plantas, pois, como sabemos, as plantas, assim como os
micro-organismos, também sofrem mutações espontâneas.

173
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» A alteração de um cromossomo pode, ademais, ser adaptativo e a planta


se manter na população.

Os processos genéticos relacionados ao ciclo celular das plantas, como a mitose e a


meiose, foram estudados em mais de 100 cultivares. Nesses estudos, os cientistas
utilizaram diferentes condições de estresses ambientais passíveis de causarem
alterações cromossômicas de inúmeros tipos.

Agentes ambientais estressores:

» O excesso ou falta de umidade.

» Grandes variações de temperatura em um curto espaço de tempo.

» Alumínio e manganês tóxicos no solo.

» Diversos tipos de doenças.

Alterações genéticas:

» Cromossomos dicêntricos, com dois centrômeros.

» Pontes telofásicas.

» Cromossomos em anel.

» Micronúcleos.

» Presença de aneuploidias em alta frequência quando o trigo foi infectado


pelo barley stripe mosaic virus.

» Triploidia.

» Fragmentação cromossômica.

A mutação induzida e o melhoramento de


plantas
A mutação induzida é mais difícil de se controlar, principalmente quando falamos
na busca por variações genotípicas em plantas, seja derivada de radiação, ou com a
utilização de mutagênicos. Atualmente, o cruzamento entre espécies e a modificação
genética, são técnicas mais interessantes do ponto de vista da perpetuação.

174
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Muitas mutações induzidas afetam mais genes qualitativos do que quantitativos.


Assim, temos efeito mais imediato nas características qualitativas do que nas
características poligênicas.

Lembre-se de que poucos genes expressam características como:

» cor de tegumento;

» folha;

» caule;

» flor.

Dessa forma, a visibilidade de alteração fenotípica é mais rápida, já as características


poligênicas, são modificadas naturalmente por ações ambientais, e a modificação de
apenas um gene não afeta o fenótipo total, como, por exemplo: aumento na produção
do grão.

Para que exista seleção é necessária variabilidade genética, pois a manifestação


dos genótipos diferentes é que permitem a seleção.

Por exemplo, o triticale, é uma cultura alopoliploide derivada da união de


cromossomos da cultivar Triticum aestivum com os da cultivar Secale cereale. Para
a produção do triticale, os melhoristas utilizaram a autoreprodução guiando os
seus genes para a homozigose, estreitando, consequentemente, a sua base genética,
ou seja, nesse caso, as sementes de triticale foram submetidas à radiação com raios
gama e plantadas em seguida. Entretanto, na geração M1, os melhoristas encontraram
mutantes relacionados com o ciclo vegetativo.

» O ciclo vegetativo normal do triticale gira em torno de 85 a 100 dias,


distribuídos em três classes diferentes, resultando em uma média entre
88 e 116 dias.

» Essa variação do ciclo vegetativo do triticale permitiu que existisse


seleção quanto ao tempo, uma vez que o número de classes aumentou e
foi adicionada a variabilidade genotípica.

A mutação induzida deve levar em consideração inúmeros fatores, tais como:

» necessidade de aumento de variabilidade;

175
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» exploração econômica;

» forma de reprodução;

» bases genéticas;

» hibridação artificial;

» características adaptativas;

» ciclo vegetativo.

Lembre-se de que a variabilidade natural também ocorre, mesmo com as mutações


induzidas nas cultivares. Nesse caso, os melhoristas precisam analisar todos os
fatores na seleção das melhores linhagens mutadas, realizando ciclos de seleção para
adaptação e manutenção das características selecionadas dessas novas cultivares.

176
CAPÍTULO 3
Melhoramento para resistência às
pragas: doenças, insetos e nematoides

Neste capítulo, utilizaremos várias cultivares diferentes para exemplificar como o


melhoramento genético é importante para a resistência das plantas a pragas, doenças,
insetos e nematoides. A propósito, esses fatores e mais outros patógenos – incluindo
fungos, bactérias e vírus – são responsáveis por perdas gigantescas na agricultura,
uma vez que são causadores de injúrias nas cultivares. Os danos à produção agrícola
provocados por pragas e doenças podem atingir 37%, dos quais 13% são ocasionados
apenas pelos insetos.

Como estudamos ao longo desta apostila, e deste curso, todos os métodos que
utilizamos para o controle de pragas e doenças na agricultura – incluindo o
melhoramento genético e a utilização de agrotóxicos – possuem vantagens,
desvantagens e limitações. Assim, a utilização de cultivares resistentes não pode ser
empregada para todas as culturas agrícolas, como também não é a solução para todos
os problemas relacionados com as perdas econômicas nas lavouras, muito embora
esse método seja incluído nos programas de amplo espectro do controle integrado.

No Brasil, o inseto Contarinia sorghicola era responsável por causar perdas de 80 a


100% nas lavouras de sorgo, antes da criação do sorgo resistente à esta praga.

Hoje, muitos termos são empregados para definir os conceitos como:

» resistência;

» tolerância;

» suscetibilidade das cultivares.

Assim, a resistência de plantas aos insetos é definida como:

» A soma relativa de qualidades hereditárias intrínsecas à planta, que


influenciam diretamente o grau de dano que o inseto é capaz de causar a
ela.

» De modo que a resistência é uma condição genética.

177
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Figura 91. Obtenção de progênies.

Obtenção
de
progênese

Cn
...
Recombinação C2 Avaliação
C1
C0

Seleção

Fonte: adaptado de Zancanaro, 2013.

Graus de resistência
Nós conseguimos observar inúmeras respostas de cultivares ao ataque de determinado
inseto, e, portanto, atribuímos graus de resistência, conforme a seguir:

» Alta resistência: quando a cultivar sofre pouco dano em relação ao


dano médio sofrido pelas cultivares em geral.

» Resistência moderada: quando a cultivar sofre dano pouco menor


quando comparado ao dano médio sofrido pelas cultivares em geral.

» Suscetibilidade: uma cultivar é suscetível quando sofre dano


estritamente similar ao dano médio sofrido pelas cultivares em geral.

» Alta suscetibilidade: quando a cultivar sofre dano extremamente


maior quando comparado ao dano médio sofrido pelas cultivares em
geral.

Dessa forma, podemos mensurar que a cultivar é considerada resistente quando a sua
constituição genotípica é menos injuriada em comparação a outra cultivar em igual
condição. A resistência genética é uma forma de controle de pragas interessantíssima,
por envolver, na maioria dos casos, mais de um gene. É extensa a lista de insetos
capazes de dizimar uma cultivar, gerando danos que influenciam negativamente o

178
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

sucesso dos empreendimentos agrícolas. Além dos graus de resistência, nós podemos
classificar as cultivares, também, no que diz respeito ao tipo de resistência.

Tipos de resistência
» Não preferencial: ocorre quando a planta é menos utilizada pelo
inseto – tanto para alimentação quanto para oviposição ou abrigo – do
que outra planta em iguais condições.

» Tolerância: capacidade intrínseca da cultivar em suportar ou se


recuperar das injúrias causadas por uma população de insetos, em
comparação aos sérios danos causados a uma cultivar mais suscetível.

» Antibiose: ocorre quando o inseto se alimenta naturalmente da cultivar


e esta exerce efeito adverso sobre a sua biologia, afetando direta ou
indiretamente seu potencial de reprodução.

Assim, podemos dizer que a tolerância de uma cultivar está diretamente relacionada
com a capacidade da planta em ser menos influenciada aos ataques externos quando
comparada a outra planta nas mesmas condições.

No sistema de interação hospedeiro versus inseto-praga discutimos:

» os fenômenos da não preferência do inseto por oviposição e alimentação


na determinada cultivar;

» antibiose;

» tolerância intrínseca da cultivar.

Quando a resistência das cultivares às pragas é monogênica, temos uma seleção


bem mais tranquila em relação aos cruzamentos entre os genótipos, uma vez
que as culturas monogênicas são menos influenciadas pelo meio ambiente,
considerando a complexidade dessa interação entre a cultivar hospedeira, o
inseto-praga e o meio ambiente.

179
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Figura 92. Fitopatologia.

Doenças

Fitossanidade

Pragas Invasoras

Fonte: adaptado de Leonardo, 2017.

» Em algumas espécies, o controle de importantes doenças só é feito por


meio da utilização de variedades resistentes, por exemplo:

› ferrugens em cereais e cana-de-açúcar;

› murchas vasculares em hortaliças;

› viroses na maioria das culturas.

Atualmente o uso de cultivares resistentes e/ou tolerantes é o método de controle


mais eficiente e econômico existente para os produtores agrícolas, além de ser o mais
ambientalmente correto às práticas de conservação do ambiente.

Figura 93. Melhoramentos e manejos trabalhando mutualmente.

Manejo Controle
Variedade
ecológico do biológico
adaptativa
solo natural

Sem
Diversidade de agrotóxicos e
plantas adubos
minerais

Fonte: adaptado de Gonçalves, 2013.

180
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

O ataque, à soja, da ferrugem asiática– ainda não existem plantas resistentes a


esta doença – gerou redução de produção associada aos gastos monstruosos
com controle químico que somaram R$2 bilhões, somente na safra 2003/2004.

Resistência horizontal e vertical versus


modificação genética
A resistência horizontal – geralmente controlada por diversos genes, cada um deles
conferindo pequeno efeito – é um tipo que tem se mostrado efetivo contra um número
maior de espécies do fungo Phakopsora pachyrhizi, capaz de causar a ferrugem
asiática nas cultivares suscetíveis. Nesse caso, a resistência horizontal auxilia a
redução da taxa de desenvolvimento da doença. Lembre-se de que o fungo Phakopsora
pachyrhizi possui diversas linhagens com vários genes de virulência.

Mesmo que as cultivares geneticamente modificadas ofereçam muitas oportunidades


para o manejo da população de insetos-praga, elas também apresentam grandes e
novos desafios, como a evolução da resistência do inseto à toxina ou inibidor. Sim,
os insetos, assim como os micro-organismos, podem tornar-se resistentes também a
cultivar modificada.

A prevalência, a infestação, bem como a importância das doenças e as pragas variam


de acordo com a:

» região;

» estação;

» época do ano;

» cultivar.

E, as doenças, na maioria das vezes, ocorrem associadas. A obtenção da resistência


genética às doenças também depende de algumas variáveis, entre elas:

» ambientes de cultivo;

» sistemas de produção;

» sistemas agrícolas;

» variabilidade patogênica.

181
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Dentre os melhores resultados, no âmbito de melhoramento para a resistência de


pragas, doenças e patógenos, destacam-se:

» antracnose;

» crestamento bacteriano comum;

» ferrugem;

» mancha angular;

» murcha de Curtobacterium;

» murcha de fusário.

Muitos pesquisadores estão trabalhando arduamente na conquista de cultivares


melhoradas para:

» mosaico dourado;

» mofo branco;

» mela;

» podridões radiculares.

Para estabelecer cultivares resistentes, os melhoristas precisam conhecer:

» Variabilidade do patógeno.

» Tipo da herança da resistência.

» Disponibilidade de marcadores moleculares associados a alelos de


resistência.

Dentre as metodologias mais utilizadas, destacam-se o retrocruzamento e a seleção


recorrente, pois ambos possibilitam a ancoragem de cultivares com diferentes alelos
de resistência. Essas cultivares terão existência maior diante das diferentes linhagens
dos diversos patógenos existentes.

Entre as maiores dificuldades dos programas de melhoramento das cultivares agrícolas


está a obtenção de culturas que reúnam tanto a resistência aos diferentes patógenos
quanto o tipo de grão exigido pelo consumidor, principalmente quando falamos de
feijão, milho e soja.

182
CAPÍTULO 4
Melhoramento para condições tropicais
e estacionais

Praticamente em todas as áreas agrícolas cultivadas existem inúmeras fontes de


estresses ambientais, incluindo:

» déficit hídrico;

» baixa fertilidade do solo;

» toxidade por elementos químicos do solo, incluindo os metais pesados;

» salinidade do solo;

» excesso de umidade;

» temperaturas muito baixas ou altas.

Assim, o melhoramento para condições de estresses abióticos, tem sido extremamente


utilizado no mundo todo, objetivando a total viabilidade da agricultura em áreas
consideradas impróprias/difíceis para o cultivo, bem como, com o intuito de diminuir
as perdas econômicas em áreas já exploradas.

Sumariamente, como estudamos, os programas de melhoramento utilizam estratégias


que pretendem selecionar cultivares amplamente adaptadas – incluindo a seleção
em condições favoráveis, que permita a maximização da variação genética. Os fatores
abióticos de risco na agricultura, envolvem:

» secas;

» geadas;

» fotoperíodo;

» acidez do solo;

» estresse térmico;

» capacidade do genótipo de se adaptar favoravelmente à essas condições


adversas.

183
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

A produtividade agrícola nos trópicos é afetada, principalmente, por fatores como:

» pH;

» saturação por bases;

» acidez dos solos;

» disponibilidade de nutrientes;

» fotoperíodo.

Influência do fotoperíodo
O que é o fotoperíodo e como ele pode influenciar no crescimento das culturas
agrícolas?

» O comprimento de um dia é conhecido como fotoperíodo.

» As respostas do desenvolvimento das cultivares ao fotoperíodo são


chamadas fotoperiodismo.

Muitas espécies, tanto vegetais quanto animais, possuem o ciclo de vida direcionado
pelo relógio biológico. Algumas cultivares podem ter o estado de maturação alterado
por conta de dias ou noite mais longos. A regulação do fotoperíodo interfere em vários
processos fisiológicos da planta, tais como:

» formação de flores, frutos e sementes;

» crescimento vegetativo;

» formação de bulbos e tubérculos;

» processo de ramificação;

» forma das folhas;

» abscisão e queda de folhas;

» formação de pigmentos;

» pubescência;

» desenvolvimento radicular;

184
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

» dormência;

» morte.

Podemos classificar as cultivares, em relação ao fotoperiodismo, em:

» Plantas de dias curtos (PDC): espécies que florescem em


fotoperíodos menores do que um máximo crítico.

» Plantas de dias longos (PDL): espécies que florescem em


fotoperíodos maiores do que um mínimo crítico.

» Plantas de dias neutros ou fotoneutras (PDN): aquelas que


florescem em uma ampla faixa de variação do fotoperíodo.

Algumas espécies, como a soja e o milho, possuem, interessantemente, mais de um


tipo de exigência fotoperiódica. E as modificações genéticas conseguiram aumentar a
variabilidade de respostas dessas plantas em relação à disponibilidade de luz natural
de cada região de cultivo, culminando em cultivares melhoradas que são insensíveis ao
fotoperíodo.

A cultivar de Agrostis palustres exige fotoperíodos iguais ou superiores a


16 horas, de modo que ela não conseguiria florescer ou propagar as suas
sementes adequadamente em todas as regiões do Brasil, se não houvesse um
melhoramento.

Figura 94. Métodos aplicados ao melhoramento genético de plantas.

Germoplasma

Seleção Indução à mutação

Hibridação
Transformação
Variação clonal convencional e
genética
somática

Seleção e avaliação agronômica

Variedade comercial

Fonte: adaptado de Dantas, 2012.

185
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Melhoramento e o manejo do solo


Nas últimas décadas, em função do melhoramento genético, as cultivares frutíferas
passaram a produzir mais e com uma qualidade extremamente superior. Mas, a acidez
do solo no país não tem favorecido todas as cultivares, uma vez que as características
do solo constituem grande parte de um grupo de fatores primordiais para o
crescimento das plantas, interferindo diretamente na produtividade agrícola.

As plantas frutíferas, assim como todas as perenes, permanecem longos períodos


explorando os nutrientes do solo, por isso, especialmente, aqui, as características dos
solos são tão importantes para tais cultivares.

Os programas de melhoramento visam a solução das limitações reais bem como,


potenciais das cultivares frente aos fatores bióticos e abióticos que interferem na
produção da planta.

Certo! Este é o objetivo quando falamos em melhoramento de cultivares agrícolas!


Agora, por que está é uma área de constante manutenção – independentemente se
falamos de melhoramento para resistência às pragas – para tolerância à seca, à acidez
do solo e aos períodos sem luz?

» O melhoramento genético dos grãos, em geral – incluindo a soja –, é um


processo contínuo de desenvolvimento de novas cultivares.

O Brasil iniciou as pesquisas na área de melhoramento de plantas para adaptação das


cultivares, essencialmente de milho, aos solos ácidos do cerrado, incluindo os fatores
relacionados com a acidez dos solos:

» pH;

» saturação por bases;

» acidez potencial;

» solubilidade de nutrientes.

A baixa fertilidade encontrada nos solos ácidos está, primordialmente, associada a:

» pobreza em bases trocáveis;

» excesso de alumínio e manganês;

» utilização constante de fertilizantes.

186
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

A calagem é uma prática bem conhecida para corrigir a acidez do solo em culturas
anuais, ainda que não seja praticada com a regularidade necessária.

Em condições de acidez, a calagem promove:

» a neutralização do Al3+;

» a elevação do pH;

» o fornecimento de Ca e Mg, contribuindo para o crescimento das raízes,


e partes aéreas das cultivares.

Quando falamos de melhoramento para solos ácidos, a estratégia de testes em


ambientes similares ao de cultivo são as que apresentam mais sucesso.

» Utilizando tanto condições favoráveis de cultivo: estabelecendo a melhor


condição de acidez do solo.

» Utilizando condições estressantes de cultivo: estabelecendo as piores e


mais estressantes condições de acidez no solo.

Esses testes são importantes para se conseguir a maior variabilidade possível de


cultivares, aumentando a estabilidade nos melhoramentos. Nesses casos, é importante
avaliar tanto a adaptabilidade quanto a estabilidade das cultivares, conforme a seguir:

» A adaptabilidade refere-se à capacidade dos genótipos em responderem


vantajosamente à melhoria do ambiente.

» A estabilidade refere-se à capacidade dos genótipos em apresentarem


comportamento altamente previsível em função das variações
ambientais.

Caracteres fisiológicos levando em


consideração os sistemas agronômicos e as
condições estacionais
O aumento da produção de grãos da maioria das cultivares tem sido realizado por
meio da seleção direta para essa característica. Esse processo é chamado de seleção
empírica ou de método sintético e avalia os genótipos em vários locais diferentes.

187
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Melhoramento e o estresse térmico


Utilizaremos como exemplo o melhoramento de cultivares para resistência ao calor. O
estresse térmico ocorre quando as temperaturas são altas o suficiente para causarem
danos irreversíveis às funções fisiológicas da planta, interferindo em:

» aumento da respiração;

» aumento da taxa de desenvolvimento;

» senescência de folhas;

» redução do período de produção de fotoassimilados para sementes e


frutos;

» redução de flores;

» redução da fotossíntese;

» inibição da síntese de amido em grãos;

» redução do número e peso dos grãos;

» aumento da transpiração;

» estresse hídrico.

Figura 95. Importância do melhoramento em cultivares.

A seca e a falta de água são ameaças à segurança


alimentar.

São necessárias culturas tolerantes à seca nas


regiões de agricultura de sequeiro

A biotecnologia vegetal disponibiliza mais


ferramentas para o melhoramento das culturas.

Fonte: adaptado de Modesto, 2016.

188
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Os melhoristas, então, realizam modificações nas cultivares para que estas possuam
resistência genética ao calor, obtendo genótipo mais produtivo que outro sob estresse
térmico. Levando em consideração:

» O clima bem como as temperaturas diurnas e noturnas ao longo do ciclo


da cultura;

» Como a tolerância ao calor é herdada.

Ademais, os melhoristas estão utilizando como método primordial de melhoramento


para resistência ao calor a seleção daquelas cultivares que apresentam maior produção
em situações reais de estresse térmico. Entretanto, outros métodos podem ser
utilizados, como:

» Características fisiológicas para a seleção indireta.

» A avaliação de genótipos sob condições controladas.

» Biologia Molecular.

» No amendoim, a seleção de genótipos com resistência ao calor a partir


de caracteres específicos durante a fase reprodutiva tem apresentado
extrema eficiência.

» No trigo, os melhoristas estão utilizando a avaliação da termoestabilidade


de membranas em campo bem como a avaliação do conteúdo de clorofila
nas folhas, para determinar os níveis de estresse térmico das cultivares.

» Em outros grãos, a temperatura do dossel de folhas, que depende da taxa


de transpiração, também tem sido utilizada para diferenciar genótipos
tolerantes ao calor.

Claro que a genética e a biologia molecular não poderiam ficar de fora, não é mesmo?
Alguns melhoristas estão utilizando as proteínas heat shock, que são proteínas
sintetizadas em plântulas que foram submetidas ao estresse térmico, auxiliando
cultivares na tolerância ao calor.

Ou seja, sob estresse térmico, algumas plantas aumentam a expressão de genes


relacionados com a produção dessas proteínas, com o intuito de proteger a planta
contra as elevadas temperaturas. Mas, esta “regra” não funciona para todas as
cultivares. Genótipos de feijão-caupi (Vigna unguiculata L.), que diferem em graus
variados de resistência a calor, essencialmente na fase reprodutiva, apresentaram
exatamente o mesmo padrão de produção de proteínas heat shock em folhas quando
submetidos a temperaturas altas.

189
CAPÍTULO 5
Melhoramento para longevidade
(qualidade fisiológica) da semente

A qualidade fisiológica das sementes é determinada por interações entre as


características genéticas herdadas dos genitores e os processos aos quais as sementes
são submetidas com a colheita – incluindo a pós-colheita: tanto o beneficiamento
quanto o armazenamento.

Lembre-se de que o período de armazenamento não aumenta a qualidade fisiológica


das sementes, entretanto, caso estas sejam armazenadas em condições desfavoráveis
de temperatura e umidade, o processo de deterioração é acelerado, reduzindo,
consequentemente, sua longevidade.

Definimos qualidade fisiológica como a capacidade de desempenhar funções vitais e é


caracterizada pela germinação, pelo vigor e pela longevidade, que afeta diretamente a
implantação da cultura em condições de campo.

A baixa qualidade fisiológica das sementes pode resultar em:

» Reduções na velocidade de crescimento.

» Desuniformidade.

» Menor tamanho inicial de plântulas.

» Aparecimento das primeiras folhas trifolioladas menores em relação às


plântulas provenientes das sementes com alta qualidade.

» Menor taxa de acúmulo de matéria seca durante o período de


crescimento.

Com o passar dos anos, as características de interesse agronômico estão sendo


melhoradas geneticamente e exploradas, assim:

» Quando comparamos a qualidade fisiológica das sementes híbridas


de milho, com a qualidade fisiológica das sementes dos genitores
percebemos grande diferença: a qualidade das sementes híbridas é
superior, uma vez que nelas temos a expressão da heterose, ou seja, a
presença de genes não aditivos.

190
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 96. Melhoramento genético: híbridos.

Obtenção de
linhagens
População inicial

Autofecundações
sucessivas
Seis a oito gerações
n linhagens
homozigóticas

Fonte: adaptado de Zancanaro, 2013.

O controle genético, para qualidade de sementes de milho temperado, ocorre na


vigência dos genes de efeitos aditivos e parcialmente por genes de efeitos não aditivos,
incluindo:

» efeito maternal;

» grau de tolerância às baixas temperaturas;

» germinação;

» velocidade de emergência nas plântulas híbridas de milho.

A avaliação bem como a descrição dos efeitos da qualidade fisiológica das sementes
sobre o estabelecimento e o consequente desempenho das cultivares têm sido
extremamente importante, principalmente sob o ponto de vista do agronegócio. Nesse
aspecto, destacam-se as culturas de milho e soja.

Utilizaremos o milho como exemplo de melhoramento/qualidade das sementes.

Objetivo do melhoramento para a longevidade do milho:

» Produzir sementes mais resistentes.

» Selecionar e reproduzir os genótipos das plantas superiores.

» Obter linhagens puras homozigóticas e reprodutíveis.

191
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» Cruzá-las e selecionar o melhor híbrido.

» Obter genótipos que podem ser mantidos e multiplicados.

Figura 97. Melhoramento genético: híbridos.

Duas linhagens homozigóticas => L1 e L2 (reproduzíveis)

L1 = AAbbCCDDeeff Gametas: L1: AbCDef


L2 = aaBBccDDeeFF L2: aBcDeF

L1 x L1: AAbbCCDDeeff = L1
L2 x L2: aaBBccDDeeFF = L2

Híbrido: L1 x L2

AaBbCcDDeeFf

Fonte: Adaptado de Zancanaro (2013).

As principais etapas de obtenção de linhagens com melhor qualidade


fisiológica são:

» Obtenção de linhagens endogâmicas por meio de autofecundações


sucessivas.

» Obtenção de linhagens híbridas utilizando cruzamento entre as


linhagens endogâmicas.

Obtenção de linhagens endogâmicas por meio de autofecundações sucessivas

» Linhagem: genótipos que possuem aproximadamente 100% dos genes


em homozigose, ou seja, os seus descendentes são plantas idênticas.

» Obtidas por meio de ciclos sucessivos de autofecundação, geralmente de


seis a oito ciclos.

192
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

» São extraídas de:

› populações;

› variedades sintéticas;

› híbridos comerciais.

Obtenção de híbridos utilizando cruzamento entre as linhagens endogâmicas.

» Restaurar condição heterozigótica, ou seja, natural da espécie.

» Explorar a heterose.

» Obter diferentes tipos de híbridos.

A qualidade fisiológica das sementes está diretamente relacionada com o crescimento


inicial das plantas, uma vez que esta condição auxilia também na capacidade
competitiva da cultivar com as plantas daninhas, por exemplo. Sementes com maior
qualidade fisiológica apresentam maior velocidade nos processos metabólicos, geram
maior taxa de crescimento e produzem, consequentemente, plântulas com tamanho
inicial maior.

Figura 98. Melhoramento genético: híbridos: autofecundação.

Autofecundações

Variedade A Variedade B
Linhagem B

Autofecundação (A X B)

≠ Grupo
heterolítico
Linhagem A resistente

Híbrido simples (AB)

Fonte: adaptado de Zancanaro, 2013.

193
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

A hibridação é uma técnica imprescindível no melhoramento de cultivares, uma


vez que possibilita a recombinação da variabilidade disponível, permitindo a
obtenção de novas cultivares, geneticamente superiores.

Figura 99. Melhoramento genético: híbrido simples; híbrido duplo; híbrido triplo.

Híbrido simples (HS)

Linhagem A (LA) X Linhagem B (LB)

Híbrido simples (HSAB)

Híbrido duplo (HD)

Linhagem A (LA) X Linhagem B (LB) Linhagem C (LC) X Linhagem D (LD)

Híbrido (HS AB) Híbrido (HS CD)

Híbrido duplo (HD (AB)(CD))

Híbrido triplo (HT)

Linhagem A (LA) X Linhagem B (LB)

Híbrido (HSAB) X Linhagem C (LC)

Híbrido triplo (HT (AB) C)

Fonte: adaptado de Zancanaro, 2013.

194
CAPÍTULO 6
Melhoramento utilizando cisgenia,
transgenia e superexpressão gênica

A prática tradicional de melhoramento é importante, interessante e extremamente


utilizada na agricultura atual. No entanto, o melhoramento genético não é simples
e fácil como os melhoristas o fazem parecer . É importante que a transferência dos
genes que conferem resistência a cultivar não interfira nas outras características
agronômicas desejáveis.

Além do melhoramento convencional, são cada vez mais comuns técnicas de


melhoramento como:

» Cisgenia, que representa a expressão heteróloga de genes obtidos de


uma planta da mesma família.

» Transgenia, que representa expressão heteróloga de genes obtidos de


organismos não relacionados.

Figura 100. Melhoramento convencional x Transgenia x Cisgenia.

Melhoramento convencional Transgenia Cisgenia

Cultivar Parente Organismo não Parente


atual selvagem relacionado selvagem

Gene benéfico Gene benéfico Gene benéfico

Gene Gene
Gene
indesejado indesejado
indesejado
Cultivar Cultivar
Retorno atual atual
Transferir em
plasmídeo Transferir em
Geração Agrobacterium plasmídeo
F1 Agrobacterium

Genes
requeridos para Genes
a transferência. requeridos para
a transferência.
Geração
F2

Nova cultivar Nova cultivar


Muitos
retrocessos

Nova cultivar

Fonte: adaptado de Cisgenesis, 2019.

195
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Em 2005, Kost et al., desenvolveram a primeira linhagem, geneticamente modificada


por cisgenia, de maçã e foi disponibilizada com o nome de C44.4.146. Essa maçã foi
criada utilizando:

» A expressão do cisgene FB_MR5 da espécie Malus x robusta 5 na


cultivar suscetível Gala Galaxy.

Interessantemente, a expressão do cisgene causou diminuição significativa dos


sintomas do fogo bacteriano causado por E. amylovora, indicando assim o potencial
do cisgene FB_MR5 para desenvolver resistência.

Em 2006, Hao et al., superexpressaram o gene que codifica a proteína tionina na


cultivar Carrizo de citrange, em seguida inocularam esta cultivar com a cultivar X. citri
3213 e a bactéria Candidatus Liberibacter asiaticus. Interessantemente, as plantas
transformadas apresentaram redução significativa dos sintomas.

São organismos geneticamente modificados (OGMs) – ou transgênicos – as plantas,


os animais e os micro-organismos que tiveram, no seu material genético, a inserção de
DNA proveniente de outro organismo da mesma espécie ou de espécie diferente.

A utilização da transgenia no melhoramento de cultivares permite:

» Aumentar a produção.

» Reduzir perdas na pós-colheita.

» Obter culturas mais tolerantes ao estresse ambiental.

» Obter culturas que usem eficientemente o nitrogênio e o fósforo.

» Aumentar o valor nutricional dos alimentos.

» Obter plantas resistentes a herbicidas, pragas e doenças.

» Desenvolver alternativas para indústrias, por exemplo, de combustíveis


e farmacêuticas.

A engenharia genética é uma alternativa importante, uma vez que tem possibilitado a
transferência de genes provenientes de micro-organismos, insetos, animais e outras
plantas na defesa de plantas contra patógenos, pragas e doenças.

196
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 101. Modelo de transgenia clássico.

cDNA do gene de
Corpúsculo polar fusão
Zona Pelúcida

Pronúcleo Masculino

Pronúcleo Feminino Micropipeta


Micropipeta Agulha
Pinça

Fonte: adaptado de Rego, 2018.

O melhoramento convencional e a busca da


variabilidade
No melhoramento convencional, como discutimos anteriormente, novas combinações
de genes são produzidas por cruzamentos de indivíduos selecionados, com o intuito
de reunir, na hereditariedade, características agronomicamente importantes. Assim,
o melhoramento genético convencional teve extremo sucesso e aumentou de forma
significativa a produtividade das cultivares. Atualmente, não existe no mercado um
único produto agrícola que não tenha sido resultado de cruzamentos entre diferentes
plantas, variedades, espécies e, até mesmo, gêneros vegetais. Entretanto, o alcance de
novos melhoramentos no aumento da produtividade necessita de novas metodologias,
de modo que a utilização da genética avançada se destaca por aumentar a variabilidade
das características desejáveis nas novas cultivares.

197
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Figura 102. Manejo convencional.

Monocultura

Agrotóxicos

Macanização
intensica do solo
Pragas
< Biodiversidade

Fonte: adaptado de Gonçalves, 2013.

Lembre-se de que, o cruzamento entre plantas selecionadas só ocorre quando elas


são sexualmente compatíveis. Assim, existem formas de melhoramento que não são
possíveis apenas com os métodos convencionais. Quando utilizamos o melhoramento
convencional, grandes blocos de genes são transferidos da planta doadora para a
receptora, mesmo após inúmeras gerações de seleção.

Com todas as particularidades, o melhoramento é imprescindível, pois proporciona:

» Aumentar o rendimento de grãos.

» Incrementar a produção de raízes, tubérculos, folhas, caules e frutos.

» Selecionar plantas.

» Fixar características de tolerância a acidez do solo.

» Obter cultivares resistentes a elementos tóxicos do solo.

» Obter plantas que suportem estresses ambientais.

Quando falamos da hibridação somática entre plantas, entendemos, hoje, que a


cana-de-açúcar, o algodão, o tomate e a batata não estariam sendo cultivados se não
fosse a introgressão de genes para resistência a doenças e pragas provenientes do
melhoramento utilizando genes exógenos.

198
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

A transgenia pode ocorrer por meio de diferentes técnicas. Quando falamos de


melhoramento de plantas, um método muito utilizado é a transformação mediada
por Agrobacterium tumefaciens. Um exemplo prático do melhoramento genético
utilizando a transgenia é a expressão do gene da lisozima encontrado em humanos.
Esta técnica conferiu resistência contra a bactéria P. syringae pv. tabaci, reduzindo os
sintomas da doença e diminuindo o crescimento da bactéria na cultivar.

Muitas pesquisas têm indicado o aumento na resistência das cultivares contra


bactérias fitopatogênicas utilizando a expressão heteróloga de genes que realizam
diferentes funções na ativação dos mecanismos de defesa.

Figura 103. Produção de plantas Transgênicas utilizando Agrobacterium tumefaciens.

Plasmídeo com o gene


de interesse.

Célula da planta de
tabaco.

Célula
transformada.

Planta do tabaco Célula de qualquer


Cultura de fragmentos Plântula
transgênica. órgão da planta.
selecionados.

Fonte: adaptado de Correia, 2013.

Por exemplo, os genes RRS1 e RPS4 de A. thaliana foram expressos na couve


japonesa (Brassica rapa var. perviridis), proporcionando aumento da resistência a R.
solanacearum nas cultivares modificadas geneticamente.

Interessantemente, o fato de uma espécie bacteriana ser patogênica a mais de uma


espécie de planta é utilizado na procura de fontes de resistência que são utilizadas no
melhoramento de plantas por transgenia.

Em 1994, Tai et al. transformaram cultivares de tomate com o gene Bs2 proveniente
do pimentão gerando plantas transgênicas que apresentaram fenótipo de resistência
suportado por esse único gene.

199
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Outro exemplo clássico de superexpressão gênica é a superexpressão do gene AtNPR1


da Arabidopsis thaliana, conferindo resistência a Xanthomonas fragariae e a outros
patógenos, incluindo o Colletotrichum gloeosporioides e C. acutatum em cultivares de
morango.

O gene AtNPR1 também foi capaz de gerar resistência contra Candidatus Liberibacter
asiaticus, agente causador do huanglongbing nas cultivares de laranja doce hamlin
e valencia (Citrus sinensis). Esse amplo espectro ocorre provavelmente porque a
expressão heteróloga de AtNPR1 induz a expressão de inúmeros outros genes ligados à
resistência a doenças nas cultivares modificadas geneticamente.

Figura 104. Soja transgênica.

Gene de uma
Soja
enzima de outro
transgênica
organismo

Resistente à Modificação do
herbicidas DNA

Fonte: adaptado de Slideshare, 2016.

As cultivares transgênicas iniciais foram obtidas utilizando genes que conferiam


resistências muito específicas, como tolerância aos herbicidas e resistência a insetos.
São exemplos a soja resistente a herbicida bem como o milho e o algodão Bt, estes
últimos resistentes a insetos

200
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Figura 105. Transgenia e a biobalística.


Gene identificado e
isolado.
Agrobacterium
Biobalística

Introdução em
Agrobacterium. Inserção do gene no
plasmídeo.
Partículas de
ouro cobertas
com DNA.

Transferência para o
genoma da planta.
Bombardeamento e
introdução no genoma
na planta.

Seleção de células
contendo o
transgene.

Células testadas Somente as células que Regeneram um novo


para a presença do contém o transgene. indivíduo, uma planta
transgene. transgênica.

Fonte: adaptado de Emaze, 2019.

O arroz conhecido como “arroz dourado”, por possuir grande quantidade


de caroteno precursor da vitamina A, é uma grande aposta dos melhoristas
genéticos para minimizar os riscos de cegueira que podem acometer milhões
de crianças nos trópicos onde o ele é a base alimentícia da população.

Interessantemente, os transgenes têm sido cada vez mais incorporados nas variedades
já melhoradas pelos métodos convencionais. Mas, como todos os métodos de
melhoramento de cultivares, a transgenia precisa ser validada e acompanhada, uma
vez que pode acontecer:

» Deriva de herbicida para vegetação suscetível vizinha à cultura tolerante.

» Cultura resistente ao herbicida tornar-se planta daninha de difícil


controle.

» Uso ilegal de sementes.

» Reação pública negativa à engenharia genética.

» Escape de genes para espécies nativas.

201
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» Seleção de biótipos resistentes.

» Seleção de espécies tolerantes ao herbicida utilizado.

Figura 106. Transgenia.

Isolamento
do DNA
Bactéria bacteriano.
Clonagem
do DNA.
Extração do
gene de
interesse.

Inserção do
gene nas
células da
Planta planta.

Fonte: adaptado de Infoescola, 2019.

Plantas geneticamente modificadas com


toxinas de Bacillus thuringiensis: uma
ferramenta para conferir resistência contra
insetos
O melhoramento genético de utilização comercial no Brasil mais frequente nos últimos
10 anos utiliza linhagens geneticamente modificados com toxinas de B. thuringiensis.

A bactéria Bacillus thuringiensis é um micro-organismo de solo, aeróbico, Gram-


positivo, de formato cilíndrico, que possui naturalmente genes que expressam
proteínas que conferem característica inseticida capaz de eliminar pragas que venham
a se alimentar dessas plantas. Esta interessante peculiaridade inseticida é proveniente
de uma proteína denominada Cry produzida durante a fase de esporulação da bactéria
(MARTINELLI, 2005).

202
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Como se produz uma planta transgênica?


As plantas transgênicas receberam um ou mais genes de outros organismos vivos com
o objetivo de apresentarem novas características, como, por exemplo, resistência a
temperaturas altas ou tempo seco. Atualmente, apenas a soja, o milho e o algodão são
cultivados comercialmente no Brasil. Para tanto, são necessários alguns passos:

» identificação e isolamento;

» transformação;

» seleção;

» regeneração;

» testes de biossegurança;

» aprovação.

Figura 107. Como se produz uma planta transgênica?

Identificação
e isolamento

Transformação

Seleção

Aprovação Testes de
biossegurança
Regeneração

Fonte: adaptado de Bioqodex, 2018.

203
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Identificação e isolamento
» Identificação de característica reconhecida como importante para uma
planta.

» Seleciona-se o gene – ou genes – de interesse, responsável pela


expressão da característica de interesse.

Transformação
» Inserção do gene de interesse no genoma da planta.

» Para a realização dessa etapa, existe uma infinidade de métodos.


Citaremos aqui apenas dois:

› Biobalística: pequenas esferas de ouro ou tungstênio contendo o


material genético de interesse são disparadas em direção ao tecido
do organismo-alvo. O gene de interesse chega ao núcleo celular e é
integrado ao genoma da célula vegetal.

› Agrobacterium tumefaciens: bactéria do solo que naturalmente


transfere parte do seu gene para o vegetal. Utiliza-se essa bactéria
como vetor, inserindo nela o gene de interesse e colocando-a em
contato com as células vegetais.

Figura 108. Etapas de produção de um organismo geneticamente modificado resistente ao ataque


de larvas e insetos.

Clonagem Transformação

Isolamento do
gene que codifica
para a toxina.

B. thurigiensis

Vetor de
clonagem A. tumefaciens

Regeneração

Célula vegetal modificada Transformação de célula


vegetal
Novos genes integrados Inserção por A.
Planta Bt ao genoma. tumefaciens.
(Milho Bt)

Fonte: adaptado de Slideshare, 2016.

204
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Seleção
» Identificação das células que receberam o gene de interesse.

» Para isso, as células vegetais são avaliadas em condições de cultivo.

Regeneração
» Obtenção da planta completa a partir da célula vegetal transformada.

» Esse processo é realizado cultivando fragmentos do tecido modificado


da planta.

Testes de biossegurança
» Durante todo o processo de desenvolvimento da planta transgênica,
realiza-se inúmeros testes de biossegurança tanto nas casas de vegetação
quanto em campos experimentais.

» Nessa fase, são realizados testes para avaliar a segurança da planta


transgênica em relação à saúde dos consumidores, dos animais bem
como em relação ao meio ambiente.

Aprovação
» Depois de passar por todos os testes de biossegurança, a planta é
submetida à avaliação dos órgãos reguladores de diferentes países.

» No Brasil, o órgão responsável por esta avaliação é a Comissão Técnica


Nacional de Biossegurança (CNTBio).

205
CAPÍTULO 7
Marcadores moleculares aplicados na
seleção e no melhoramento genético

Com os avanços na área da genética bem como das técnicas de biologia molecular –
esta aliada, principalmente, à tecnologia do DNA recombinante, à reação em cadeia
da polimerase (PCR), e ao sequenciamento do DNA –, valiosos mecanismos foram
desenvolvidos para a obtenção dos marcadores moleculares que podem ser aplicados
no melhoramento genético.

» Esses marcadores são utilizados como ferramentas que auxiliam as


inúmeras etapas do melhoramento genético de cultivares.

Nesse contexto, podemos definir marcadores moleculares, como:

» Marcadores genéticos baseados na detecção de isoenzimas ou sequencias


de DNA presentes no organismo-alvo/modificado.

Os marcadores moleculares são extremamente necessários quando falamos de


melhoramento genético de plantas, uma vez que eles propiciam:

» A identificação dos diversos polimorfismos genéticos existentes nas


células em qualquer estágio do desenvolvimento da cultivar.

» A identificação direta do genótipo sem influência do ambiente.

» A compreensão das informações genéticas por loco, quando utilizamos


marcadores codominantes;

» A seleção indireta de características de interesse.

» O aumento do ganho genético.

» A precisão e a eficiência nos programas de melhoramento.

Assim, o desenvolvimento e o avanço acerca dos marcadores moleculares induziram/


organizaram/viabilizaram o mapeamento genético em muitas espécies, visto que
vários marcadores, sem interferência ambiental, são utilizados. No mapeamento
molecular de cultivares de citros, diferentes tipos de marcadores moleculares têm sido
utilizados, incluindo:

» Restriction fragment length polymorphism (RFLP);

206
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

» Random amplified polymorphic DNA (RAPD);

» Amplified fragment length polymorphism (AFLP);

» Simple sequence repeat (SSR);

» Single-nucleotide polymorphism (SNP).

Além desses, existem, ainda, inúmeros outros, tais como:

» Southern Blot;

» PCR com primers randômicos, específicos e com análise de restrição


enzimática;

» PCR Heterólogo: primers em regiões conservadas;

» Microsatélites: Simple Sequence Repeats (SSR);

» Retrotransposons: primers para uma região da enzima transcriptase


reversa;

» Sequenciamento de amplicons de RAPD ou AFLP;

» Sequence-Tagged Markers (STS);

» Cleaved Amplified Polymorphism (CAP);

» Sequence Characterized Amplified Region (SCAR);

» Padrão de Expressão de Genes;

» Macro e Microarrays.

Os marcadores moleculares possibilitam a detecção de número ilimitado de


polimorfismos genéticos, bem como representam todo o genoma e contribuem para
a geração de informações precisas em diferentes etapas tanto do melhoramento
propriamente dito quanto das que o antecedem, como coleta, caracterização e
utilização de recursos genéticos.

Eles elucidam, dessa forma, o pré-melhoramento, o melhoramento e o pós-


melhoramento. Neste capítulo, apresentar-se-ão:

» Informações gerais sobre os diferentes tipos de marcadores moleculares.

207
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

» Princípios da utilização dos principais marcadores no melhoramento


genético de cultivares.

» Aplicações primordiais deles nos estudos acerca dos recursos genéticos.

Diferentes tipos de marcadores moleculares


Existem milhares de marcadores, e logicamente, cada um apresenta vantagens e
desvantagens, dependendo da quantidade/qualidade dos polimorfismos gerados,
assim como da:

» Complexidade da metodologia de obtenção.

» Infraestrutura.

» Velocidade de obtenção dos marcadores.

» Obtenção de informações multialélicas, quando utilizamos os


marcadores codominantes.

» Reprodutibilidade, precisão e acurácia dos marcadores obtidos.

» Informações prévias acerca das análises de sequência da espécie-alvo.

» Análise dos marcadores.

A escolha de qual tipo de marcador molecular deve ser utilizado em determinado


melhoramento genético dependerá:

» da infraestrutura;

» da disponibilidade financeira para o investimento;

» da disponibilidade de recursos humanos;

» do nível de conhecimento associado à genética e à biologia molecular da


cultivar-alvo.

Mesmo existindo uma infinidade de marcadores moleculares, analisamos todos da


mesma forma:

» Marcadores comuns entre as cultivares significam: semelhanças


genéticas entre elas.

208
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

» Marcadores não comuns entre as cultivares significam: diferenças


genéticas entre elas.

Esses dados, sumariamente, geram enorme quantidade de informações sobre a


diversidade genética, e especialmente aquelas relacionadas à filogenia das cultivares,
auxiliando na seleção de características baseadas, tanto nas interações moleculares
quanto nas interações ambientais. Assim, subsequentemente, se o DNA desta cultivar
é analisado, indiretamente podemos examinar as características fenotípicas de
interesse para o melhoramento.

» A região no DNA que é identificada por um marcador consiste em região


relacionada com uma característica de interesse, como, por exemplo,
resistência à alguma doença.

Essa seleção nos permite diferenciar as cultivares que possuam o gene de resistência.
Chamamos esta identificação de Seleção Assistida por Marcadores (SAM).

A SAM contém dois passos singulares:

» Identificação de associações entre o loco marcador e as características de


interesse.

» Utilização dessas associações para o desenvolvimento de populações


melhoradas geneticamente.

Aplicações práticas dos marcadores


moleculares
Os marcadores genéticos podem ser utilizados para inúmeros estudos de genética,
incluindo:

» herança quantitativa;

» taxa de fecundação cruzada;

» diversidade genética entre e dentro de populações de organismos.

Após a identificação dos marcadores moleculares, é preciso submeter as amostras


genéticas às análises de bioinformática, com o intuito de identificar exatamente as
características alvo. A transformação genética de plantas pode ser utilizada para a
introdução de transgenes visando à obtenção de variedades resistentes.

209
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Aplicações práticas dos marcadores


moleculares

Germoplasma

» Distribuir geograficamente aa variabilidade genética.

» Elaborar estratégias amostrais para os recursos genéticos.

» Visualizar os acessos duplicados e redundantes.

» Identificar a pureza genética bem como a contaminação do


germoplasma.

» Viabilizar estudos da diversidade genética e frequência gênica.

» Realizar classificação taxonômica, botânica e filogenética.

» Caracterizar o germoplasma.

Figura 109. Marcadores genéticos.

Genética
mendeliana

Melhoramento Marcadores Genética de


tradicional genéticos populações

Genética
molecular

Fonte: adaptado de Slideshare, 2012.

210
MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES │ UNIDADE IV

Pré-melhoramento

» Seleção de genitores para o melhoramento de cultivares.

» Hibridações e autofecundações.

» Testes de ascendência genética bem como de paternidade.

» Desenvolvimento de mapas genéticos.

» Mapeamento comparativo.

Melhoramento

» mapeamento genético;

» seleção assistida por marcadores moleculares;

» seleção genômica;

» predição de desempenho de híbridos simples.

Pós-melhoramento

» homogeneidade genética de sementes;

» pureza genética de sementes;

» identidade genética;

» caracterização e proteção de cultivares.

A existência da variabilidade genética, como estudamos, tem permitido a obtenção,


por meio do melhoramento genético, de cultivares:

» mais produtivas;

» resistentes a pragas e a doenças;

» adaptadas à diferentes ambientes.

Atualmente, estamos vivendo em uma época de “erosão genética”, ou seja, de


redução da variabilidade genética de cultivares. Por isso, é tão importante a
conservação da diversidade por meio dos bancos de germoplasma.

211
UNIDADE IV │ MÉTODOS DE MELHORAMENTO EM CULTIVARES

Quando falamos de bancos de germoplasmas, os marcadores moleculares também


auxiliam na identificação de acessos duplicados bem como redundantes em coleções
de germoplasma.

Estima-se que 33% dos acessos conservados em bancos de germoplasma são


duplicados ou redundantes.

Os marcadores genéticos auxiliam também nas perdas de estabilidade gênica, que


acontecem em função das modificações nas frequências gênicas, que ocorrem,
primordialmente, por conta de processos como:

» seleção;

» mutação;

» erosão genética;

» migração/contaminação.

Tanto a erosão genética quanto os processos de contaminação, em geral, acontecem


devido aos ciclos de rejuvenescimento para a recuperação da viabilidade das sementes.
Como estudamos, as pesquisas acerca da diversidade genética utilizando marcadores
moleculares são interessantes, também, para a classificação botânica e filogênica.

» Não sofrem influência ambiental nas informações geradas.

» Na atualidade, nós estudamos as relações evolucionárias entre os


organismos utilizando sequências de DNA, RNA, proteínas, inserções de
elementos transponíveis ou outros marcadores moleculares.

Aplicações dos marcadores no melhoramento


Por fim, as atividades que envolvem as metodologias relacionadas com os processos de
seleção e recombinação são essenciais nos estudos de melhoramento.

» A utilização de marcadores genéticos nos permite:


› Identificar.
› Selecionar.
› Fazer a introgressão de novos genes.
› Mapear importantes genes, em diferentes espécies, associados aos
genes de características qualitativas e quantitativas.

212
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