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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
Apresentação................................................................................................................................... 5
Introdução...................................................................................................................................... 8
Unidade i
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros................................................................ 11
Capítulo 1
Breve revisão sobre metabolismo e crescimento microbiano..................................... 11
Capítulo 2
Classificação e identificação de microrganismos..................................................... 25
Capítulo 3
Microrganismos oportunistas........................................................................................ 27
Capítulo 4
Microrganismos causadores de doenças infectocontagiosas................................ 30
Capítulo 5
Doenças infectocontagiosas emergentes e reemergentes......................................... 49
Capítulo 6
Transmissão de doenças e mecanismos de patogenicidade......................................... 52
Capítulo 7
Defesas inespecíficas/específicas do hospedeiro e controle de doenças................ 56
Unidade iI
Principais métodos para diagnóstico microbiano..................................................................... 62
Capítulo 1
Diagnóstico das micoses................................................................................................. 67
Capítulo 2
Cultura de pele (abcessos e exsudatos) e biópsias........................................................... 69
Capítulo 3
Cultura de líquidos (pleural, peritoneal, ascítico, cefalorraquidiano)..................... 73
Capítulo 4
Hemocultura...................................................................................................................... 75
Capítulo 5
Cultura de ponta de cateter............................................................................................. 78
Capítulo 6
Cultura de amostras do trato respiratório superior.................................................... 80
Capítulo 7
Cultura de amostras do trato respiratório inferior.................................................... 83
Capítulo 8
Cultura de secreção de ouvido...................................................................................... 85
Capítulo 9
Cultura de secreção ocular........................................................................................... 86
Capítulo 10
Urocultura......................................................................................................................... 87
Capítulo 11
Coprocultura.................................................................................................................... 89
Capítulo 12
Secreções genitais............................................................................................................ 92
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 98
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se entendem
necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. Caracteriza-se pela
atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela interatividade e modernidade
de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos conhecimentos
a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da área e atuar de forma
competente e conscienciosa, como convém ao profissional que busca a formação continuada para
vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo a facilitar
sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na profissional. Utilize-a
como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em capítulos, de
forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões
para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar sua leitura mais agradável. Ao
final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para aprofundar os estudos com leituras e
pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Praticando
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
Exercício de fixação
Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).
Avaliação Final
7
Introdução
O Caderno de Estudos e Pesquisa Microbiologia Clínica foi elaborado com o objetivo de proporcionar
a você alguns conhecimentos básicos e aplicados na área.
O termo “microrganismo” é uma definição operacional que congrega táxons variados de organismos
unicelulares microscópicos, que vivem na natureza como células isoladas ou em agregados celulares.
Esta definição abarca os grupos das bactérias, arqueias, fungos, protozoários e vírus. A complexidade
da Microbiologia Clínica advém do fato de milhares de tipos distintos destes microrganismos
viverem dentro, sobre e em torno de nós, muitos deles causando sérias doenças. A interação
entre um microrganismo e o hospedeiro humano pode resultar em colonização transitória, numa
relação simbiótica de longo prazo ou em uma doença. Assim, no decorrer desta disciplina, o foco
do nosso trabalho será entender melhor essa área tão complexa, estudando os principais grupos de
microrganismos patogênicos e as formas disponíveis para diagnosticá-los.
Objetivos
»» Definir e inter-relacionar anabolismo e catabolismo.
8
»» Explicar os mecanismos de transmissão e patogenicidade das doenças
infectocontagiosas mais importantes, incluindo os modos de defesa dos hospedeiros
e como essas doenças podem ser controladas.
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Interação
entre agentes Unidade i
microbianos e
hospedeiros
Capítulo 1
Breve revisão sobre metabolismo e
crescimento microbiano
Metabolismo
O termo metabolismo é usado para se referir à soma de todas as reações químicas que ocorrem
em um organismo vivo, por meio das quais se realizam os processos de degradação (catabolismo)
e síntese (anabolismo) dos componentes celulares. Em outras palavras, todas as células requerem
um fornecimento constante de energia para sobreviver. Esta energia, na forma de Trifosfato de
Adenosina (ATP), é derivada da quebra controlada de vários substratos orgânicos complexos, como
carboidratos, lipídeos e proteínas, em compostos mais simples, através de vias catabólicas. A energia
produzida por esses processos de quebra pode, por sua vez, ser usada na síntese de constituintes
celulares (paredes, proteínas, ácidos graxos, ácidos nucleicos), por meio de vias anabólicas. Assim,
as reações catabólicas são acopladas à síntese de ATP, enquanto as anabólicas são acopladas à
quebra do ATP produzido. A Figura 1 exibe um esquema representativo da inter-relação entre as
vias catabólicas e anabólicas, integrando o metabolismo celular.
11
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
O site do Scribd traz uma cópia do Capítulo 4 contido no livro Bioquímica Básica, de
Valter T. Motta (Ed. Medbook, 2ª ed., 2011), com uma abordagem mais aprofundada
sobre metabolismo celular. Vale a pena revisar os tópicos discutidos pelo autor.
Disponível em:
<http://www.scribd.com/doc/24600648/Bioquimica-basica-Introducao-ao-
metabolismo-Cap-04>
Os microrganismos estão presentes em todos os ambientes que nos rodeiam e em quase todos
os lugares concebíveis do planeta e isso só é possível porque apresentam uma ampla diversidade
metabólica. Essa enorme diversidade é viabilizada por alguns processos bioquímicos que só
existem nesses seres e que os capacitam a viver inclusive em locais inóspitos, cujas condições
ambientais extrapolam os limites de tolerância de animais e plantas. Assim, a atividade metabólica
dos microrganismos permite que eles participem de processos ecológicos importantes, tais como
fotossíntese, ciclagem de matéria orgânica, ciclos biogeoquímicos, manutenção da fertilidade e
estrutura dos solos, entre outros. Em termos metabólicos, os organismos podem ser classificados
de acordo com o padrão nutricional que apresentam, especialmente em relação à fonte de energia e
fonte de carbono que utilizam, como veremos a seguir.
Aliando as fontes de energia e carbono, temos que os microrganismos que usam a luz como fonte de
energia podem ser:
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Os microrganismos que obtêm energia pela oxidação de compostos orgânicos ou inorgânicos podem
ser classificados em:
Crescimento
Agora que já revisamos os principais conceitos sobre metabolismo, abordaremos os tópicos mais
relevantes relacionados ao crescimento microbiano (fatores físicos e químicos, divisão celular e fases
de crescimento). É importante ressaltar que quando falamos em crescimento microbiano, estamos nos
referindo ao número de células, não ao tamanho delas. Portanto, quando os microrganismos crescem,
eles estão aumentando em número e se acumulando em colônias, que podem atingir tamanhos muito
grandes em espaços de tempo muito curtos, ou seja, trata-se do crescimento populacional.
A maioria dos procariotos não tem um ciclo de vida obrigatório da maneira exibida pelos organismos
mais complexos, reproduzindo-se de forma contínua apenas quando o ambiente apresenta condições
propícias.
Grande parte dos microrganismos se multiplica por fissão binária ou por gemulação, como veremos
mais adiante, em resultado do que uma célula dará origem a duas ao fim de certo período de
tempo, denominado tempo de geração ou de duplicação. Em condições ideais, as bactérias são os
microrganismos com maior velocidade de crescimento, podendo apresentar um tempo de geração
de apenas vinte minutos (a partir de um organismo, 8 são produzidos após uma hora, 64 na segunda
hora, e assim por diante). Algumas bactérias crescem ainda mais rapidamente, no entanto, tal
velocidade não é constante, havendo acentuadas variações, dependendo da fase de crescimento em
que se encontram e das condições do ambiente. O bacilo causador da tuberculose, por exemplo, se
divide apenas uma vez em 24 horas, em média. As leveduras, por sua vez, possuem um tempo de
geração de duas a três horas, sendo que os fungos filamentosos requerem um tempo maior.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Fatores físicos
Temperatura
A maioria dos microrganismos cresce bem nas temperaturas ideais para os seres humanos. No
entanto, certas bactérias são capazes de crescer em temperaturas extremas, onde a maioria dos
organismos eucarióticos não sobreviveria.
Os psicrófilos podem crescer a 0°C, com temperatura ótima de crescimento perto dos 15°C e são
extremamente sensíveis a altas temperaturas, sendo incapazes de crescer a 20°C. São encontrados
principalmente nas profundezas dos oceanos em certos locais da região Ártica, e em geral não causam
problemas clínicos. Outro grupo capaz de crescer em temperaturas muito baixas corresponde
ao grupo dos psicrotróficos, cujo crescimento ótimo ocorre nas temperaturas de 20 a 30°C. Os
psicrotróficos aparecem mais frequentemente que os psicrófilos e geralmente são encontrados
em alimentos estragados. Os mesófilos são os microrganismos mais comumente encontrados,
apresentando temperatura ótima de crescimento entre 25 e 40°C. Os que se adaptaram para
sobreviver no corpo dos animais possuem temperatura ótima de crescimento próxima àquela do seu
hospedeiro, por isso, a temperatura ótima de crescimento de muitas bactérias patogênicas fica em
torno de 37°C. Os termófilos crescem em temperatura ótima superior a 50°C, e grande parte deles
não consegue crescer a temperaturas abaixo de 45°C.
pH
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
cresce melhor em uma faixa estreita de pH, próxima à neutralidade, preferencialmente entre pH
6,5 e 7,5. Em contrapartida, poucas bactérias são capazes de crescer em pH muito ácido ou muito
básico. Os fungos filamentosos e as leveduras podem crescer em variações de pH maiores que as
bactérias, mas seus valores ótimos de pH variam entre 5 e 6.
Pressão osmótica
Os microrganismos requerem água para seu crescimento, uma vez que obtêm dela a maioria dos
nutrientes que necessitam. Nesse contexto, já ouvimos falar inúmeras vezes da pressão osmótica, a
força com a qual um solvente se movimenta de uma solução menos concentrada para uma solução
mais concentrada, por uma membrana semipermeável. Ouvimos falar também de meios isotônicos,
hipotônicos e hipertônicos. Quando uma célula microbiana está em uma solução cuja concentração
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
de solutos é mais elevada que dentro da célula (ambiente hipertônico), a água atravessa a membrana
celular em direção ao meio com concentração mais elevada de soluto, causando o encolhimento do
citoplasma celular (plasmólise). A importância desse fenômeno é que o crescimento da célula é
inibido assim que a membrana plasmática se separa da parede celular.
Como acabamos de ver, a adição de sais ou outros solutos causa a plasmólise das
células. Levando em consideração as consequências da perda osmótica de água
pelos microrganismos, você saberia listar algumas aplicações práticas usadas em
nosso cotidiano que envolvem a plasmólise celular?
Fatores químicos
As substâncias ou elementos retirados do ambiente e usados para construir novos componentes
celulares ou para obter energia são chamados nutrientes. Os nutrientes podem ser divididos em duas
classes: macronutrientes e micronutrientes. Ambos os tipos são imprescindíveis, mas os primeiros
são requeridos em grandes quantidades por serem os principais constituintes dos compostos
orgânicos celulares e/ou serem utilizados como combustível.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Macronutrientes
Se células bacterianas recebem uma fonte de enxofre radioativo (35S) em seus meios
de cultura, em que moléculas o 35S poderia ser encontrado nas células?
Micronutrientes
Os elementos ferro, magnésio, manganês, cálcio, zinco, potássio, sódio, cobre, cloro, cobalto,
molibdênio, selênio e outros são encontrados sempre na forma inorgânica, fazendo parte de minerais.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Os compostos orgânicos essenciais que um organismo é incapaz de sintetizar e que devem ser obtidos
do meio natural ou artificial em que vivem são conhecidos como fatores orgânicos de crescimento.
Um grupo de fatores orgânicos de crescimento é o das vitaminas, que em sua maioria funciona
como coenzimas, fatores requeridos por certas enzimas para seu funcionamento. Aminoácidos,
purinas e pirimidinas são outros exemplos de fatores orgânicos de crescimento requeridos pelos
microrganismos.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Divisão celular
A reprodução assexuada por bipartição ou cissiparidade é mais comum nas bactérias. Ocorre a
duplicação do DNA bacteriano e uma posterior divisão em duas células (Figura 5a). As bactérias se
multiplicam, por este processo, mais rapidamente quando dispõem de condições favoráveis.
Algumas espécies de bactérias originam, sob certas condições ambientais, estruturas resistentes
denominadas esporos. A célula que origina o esporo se desidrata, forma uma parede grossa e sua
atividade metabólica se torna muito reduzida. Certos esporos são capazes de se manter em estado
de dormência por dezenas de anos. Ao encontrar um ambiente adequado, o esporo se reidrata e
origina uma bactéria ativa, que passa a se reproduzir por divisão binária.
A transferência de DNA de uma bactéria para outra pode ocorrer de três maneiras: por transformação,
transdução e por conjugação. Na transformação, a bactéria absorve moléculas de DNA dispersas no
meio e são incorporados à cromatina (Figura 5 b). Esse DNA pode ser proveniente, por exemplo,
de bactérias mortas. Esse processo ocorre espontaneamente na natureza. Na transdução, moléculas
de DNA são transferidas de uma bactéria a outra usando vírus como vetores (bacteriófagos). Estes,
ao se montar dentro das bactérias, podem eventualmente incluir pedaços de DNA da bactéria que
lhes serviu de hospedeira. Ao infectar outra bactéria, o vírus que leva o DNA bacteriano o transfere
junto com o seu. Se a bactéria sobreviver à infecção viral, pode passar a incluir os genes de outra
bactéria em seu genoma (Figura 5c). Durante a conjugação bacteriana, pedaços de DNA passam
diretamente de uma bactéria doadora, o “macho”, para uma receptora, a “fêmea”. Isso acontece
através de microscópicos tubos proteicos, chamados “pili”, que as bactérias “macho” possuem
em sua superfície. O fragmento de DNA transferido se recombina com o cromossomo da bactéria
“fêmea”, produzindo novas misturas genéticas, que serão transmitidas às células-filhas na próxima
divisão celular (Figura 5d).
Ao contrário das bactérias, os fungos são seres vivos eucarióticos, com um só núcleo, como
as leveduras, ou multinucleados, como se observa entre os fungos filamentosos ou bolores. Seu
citoplasma contém mitocôndrias e retículo endoplasmático rugoso. São heterotróficos e se nutrem
de matéria orgânica morta (fungos saprofíticos) ou viva (fungos parasitários). Suas células possuem
vida independente e não se reúnem para formar tecidos verdadeiros. Os fungos são conhecidos
popularmente como mofos e bolores. Na maior parte das vezes, são lembrados pelos danos que
algumas espécies causam, seja parasitando plantas ou causando problemas de saúde como alergias
e micoses em animais.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Espécies são heterotálicas quando os indivíduos apresentam gametas de células doadoras (+) e
de células receptoras (-) localizadas em talos separados ou quando apresentam ambos os sexos,
mas estes são autoincompatíveis. Espécies homotálicas ou hermafroditas são representadas por
indivíduos que produzem gametas (+) e (-) autocompatíveis no mesmo talo. O tecido é denominado
dicariótico quando existem dois núcleos compatíveis na mesma hifa e heterocariótico quando
existem mais de dois tipos de núcleo na mesma hifa. O esporo sexual resulta de três etapas:
3. Meiose: o núcleo diploide origina um núcleo haploide (esporos sexuais, dos quais
alguns podem ser recombinantes genéticos).
O trabalho de Silva e Coelho faz uma revisão sobre os principais grupos de fungos e
suas aplicações biotecnológicas. Disponível em: <http://www.biodiversidade.pgibt.
ibot.sp.gov.br/Web/pdf/Fungos_Ricardo_Silva_e_Glauciane_Coelho.pdf>
21
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
»» Fase exponencial: período em que as células são mais saudáveis, ou seja, fase
mais indicada para estudos enzimáticos e estruturais. Após um curto período de
aceleração, a taxa de crescimento da população microbiana se torna constante.
Durante esta fase, em que todos os nutrientes estão presentes em excesso, os
microrganismos se dividem e a população cresce com uma taxa específica de
crescimento máxima que depende do potencial genético do microrganismo, da
composição do meio de cultura e das condições de crescimento (temperatura, pH,
disponibilidade de água etc.).
22
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Figura 6. Curva de crescimento microbiano. 1) Fase lag: intensa atividade de preparação para o crescimento
populacional; 2) Fase log: aumento logarítmico ou exponencial da população; 3) Fase estacionária: período de
equilíbrio em que as mortes microbianas são equilibradas pela produção de novas células; 4) Fase de declínio: a
população se reduz em uma taxa logarítmica.
A fase lag corresponde a um período variável, onde ainda não há um aumento significativo da população.
Ao contrário, é um período onde o número de organismos permanece praticamente inalterado. Esta
fase é apenas observada quando o inóculo inicial é proveniente de culturas mais antigas. A fase lag
ocorre porque as células de fase estacionária se encontram depletadas de várias coenzimas essenciais
e/ou outros constituintes celulares necessários à absorção dos nutrientes presentes no meio. A fase
lag também é observada quando as células sofrem traumas físicos (choque térmico, radiações) ou
químicos (produtos tóxicos), ou quando são transferidas de um meio rico para outro de composição
mais pobre, devido à necessidade de síntese de várias enzimas. Assim, durante este período observa-
se um aumento na quantidade de proteínas, no peso seco e no tamanho celular.
Durante a fase log ou exponencial, as células estão plenamente adaptadas, absorvendo os nutrientes,
sintetizando seus constituintes, crescendo e se duplicando. Deve ser levado em conta também
que neste momento, a quantidade de produtos finais de metabolismo ainda é pequena. A taxa de
crescimento exponencial é variável, de acordo com o tempo de geração do organismo em questão.
Geralmente, procariotos crescem mais rapidamente que eucariotos. Nesta fase são realizadas as
medidas de tempo de geração.
A última fase da curva de crescimento é a fase de declínio, que ocorre quando a maioria das células
está em processo de morte, embora outras ainda estejam se dividindo. A contagem total permanece
relativamente constante, enquanto a de viáveis cai lentamente. Em alguns casos há a lise celular.
23
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Faça uma pesquisa e explique detalhadamente dois métodos diretos e dois indiretos
para estimar o número de microrganismos em uma população. Após analisar os
dados pesquisados e pensar a respeito, responda: As diferentes técnicas fornecem a
mesma informação? Discuta.
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Capítulo 2
Classificação e identificação de
microrganismos
Na hierarquia filogenética definida com base em análises genotípicas, agrupar os organismos de acordo
com propriedades comuns implica que um grupo de organismos evoluiu a partir de um ancestral comum
e que cada espécie mantém algumas das características do ancestral. Em 1977, aproximadamente, o
cientista Carl Woese e sua equipe passaram a expor seus trabalhos comparativos de sequências de
DNA e de RNA ribossômico de diversos organismos. Com isto, classificaram em apenas três grandes
grupos (ou domínios) todos os organismos conhecidos até então: Bacteria, Archaea e Eukarya. Para
ilustrar o que Carl e sua equipe estavam tentando expor, observemos a árvore filogenética apresentada
na Figura 7. Os dois domínios procarióticos, Bactéria e Archaea, são compostos exclusivamente
por microrganismos. O esquema de classificação taxonômica dos procariotos, incluindo todas as
Bactérias de importância médica descritas até o momento, é encontrado no Bergey’s Manual of
Systematic Bacteriology. Os microrganismos eucarióticos são maiores que a maioria dos procariotos
e variam enormemente em tamanho e forma. A taxonomia desse grupo é particularmente complexa,
condizendo com o grande número de organismos representantes.
Os microrganismos, tanto procarióticos quanto eucarióticos, podem ser identificados a partir de uma
série de provas que incluem características morfológicas, coloração diferencial, testes bioquímicos,
sorologia, fagotipagem, perfil de ácidos graxos, composição de bases do DNA, hibridização de ácidos
nucleicos, entre inúmeros outros. Essas técnicas serão mais bem detalhadas no decorrer da Unidade
II, quando discutiremos os principais métodos utilizados no diagnóstico microbiano.
25
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Figura 7. Árvore filogenética identificando o sistema de três domínios construído com base nas similaridades do
RNA ribossômico: Bactéria, Archaea e Eukarya. Todos os organismos são provenientes de células formadas há
cerca de 3,5 bilhões de anos. O DNA transmitido a partir dos ancestrais é descrito como conservado.
Fonte: http://manipulacaogeneticaemlinha.blogspot.com.br/2010/05/celula-procariotica-vs-celula.
html. Acesso em 07/01/2013
26
Capítulo 3
Microrganismos oportunistas
Todos nós vivemos cercados de microrganismos e apresentamos uma variedade deles vivendo em
nosso corpo, fazendo parte do que é chamado de microbiota normal ou residente. Essa microbiota
não nos faz nenhum mal, podendo inclusive ser benéfica em alguns casos.
Os fatores que controlam a composição da microbiota em uma dada região do corpo estão
relacionados com a natureza do ambiente, tais como temperatura, pH, água, oxigenação e nutrientes,
como vimos no Capítulo 1, além de fatores mais complexos como a ação de componentes do sistema
imunológico. Os lactobacilos, por exemplo, são organismos que vivem comumente no intestino dos
indivíduos que consomem uma grande quantidade de produtos lácteos e o Hemophilus influenzae
é uma bactéria que coloniza as vias respiratórias dos indivíduos que apresentam doença pulmonar
obstrutiva crônica. Estima-se que o corpo humano, que contém cerca de 10 trilhões de células, seja
rotineiramente portador de aproximadamente 100 trilhões de bactérias. A composição da microbiota
bacteriana humana é relativamente estável com gêneros específicos ocupando as diversas regiões do
corpo durante períodos particulares na vida de um indivíduo, como mostrado na Figura 8.
Os microrganismos membros da microbiota humana podem existir como (1) mutualistas, quando
protegem o hospedeiro competindo por microambientes de forma mais eficiente que patógenos
comuns, produzindo nutrientes importantes e contribuindo para o desenvolvimento do sistema
imunológico ou como (2) comensais, quando mantêm associações aparentemente neutras sem
benefícios ou malefícios detectáveis.
Ainda que a maioria dos componentes da microbiota normal seja inofensiva a indivíduos sadios,
esta pode constituir um reservatório de microrganismos potencialmente patogênicos. Muitas
bactérias da microbiota normal podem agir como oportunistas. Nestas condições a microbiota
residente pode ser incapaz de suprimir patógenos transitórios, ou mesmo, alguns membros da
microbiota podem invadir os tecidos do hospedeiro causando doenças muitas vezes graves. Um
exemplo típico ocorre com o Streptococcus pyogenes, que pode habitar a garganta sem causar
danos, mas, quando ocorre um enfraquecimento das defesas do corpo, ele pode causar doenças
severas, como veremos no capítulo seguinte. De modo análogo, outros microrganismos que fazem
parte da microbiota residente podem tornar-se invasores, causando doença em indivíduos cujas
barreiras de defesa foram destruídas. Assim, os indivíduos com câncer de cólon são vulneráveis à
invasão por micróbios que habitam normalmente o intestino, podendo deslocar-se pelo sangue e
infectar as válvulas cardíacas. A exposição a doses maciças de radiação também pode permitir que
esses microrganismos invadam o organismo e causem uma infecção grave.
27
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
28
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Fonte: <http://samuelmnb.blogspot.com.br/2010/04/escherichia-coli-o-que-e-isso.html>.
Acesso em: 7/1/2013.
Quem nunca ouviu falar na pesquisa de coliformes para avaliar a qualidade da água
e dos alimentos? Por serem parte integrante de nossa microbiota normal, todos
nós eliminamos diariamente nas fezes trilhões de bactérias do tipo Escherichia
coli e, quando procuramos por coliformes fecais, estamos à procura dessa espécie,
cuja presença indica contaminação da água ou dos alimentos por fezes. Faça
uma pesquisa e explique resumidamente quem são os integrantes do grupo dos
coliformes, qual a diferença entre coliformes totais e fecais, por que os membros
desse grupo são considerados indicadores de contaminação e quais são os métodos
mais utilizados para a identificação e contagem desses microrganismos em água.
29
Capítulo 4
Microrganismos causadores de
doenças infectocontagiosas
Mesmo sem ter estudado microbiologia, a maioria das pessoas não apresenta dificuldade em nomear
doenças infectocontagiosas, uma vez que são comuns e muito difundidas. Algumas são mortais,
outras triviais, mas todo mundo sabe um pouco sobre elas.
Em termos conceituais, podemos definir uma doença infectocontagiosa como sendo a manifestação
de uma contaminação provocada por microrganismos (bactéria, fungo, vírus ou protozoário) e
transmitida facilmente de pessoa para pessoa. Essas doenças não causaram devastação incontável
apenas no passado, mas ainda o fazem atualmente em muitas partes do globo. Cerca de 20 milhões
de mortes por ano ocorrem no mundo devido a estas doenças. Como veremos adiante, nos dois
últimos capítulos dessa unidade, os microbiologistas da área médica estudam os mecanismos pelos
quais os microrganismos causam doenças. Esse estudo tem como objetivo conhecer os fatores de
virulência dos microrganismos e sua ação, fornecendo conhecimento para a descoberta de novas
formas de prevenção como as vacinas, mudanças de hábitos, além de possibilitar novas formas de
tratamento, como o uso de antibióticos.
Na superfície da pele, algumas bactérias aeróbias produzem ácidos graxos a partir do sebo, inibindo o
crescimento de muitos outros microrganismos e permitindo que apenas as bactérias mais adaptadas,
aquelas resistentes ao ressecamento e a concentrações relativamente altas de sal, se desenvolvam.
As áreas do corpo que possuem maior umidade, como as axilas e a região entre as pernas, têm
populações maiores de micróbios, os quais metabolizam as secreções provenientes das glândulas
sudoríparas e são os principais responsáveis pelo odor corporal. Também fazem parte da microbiota
normal da pele os bacilos gram positivos conhecidos por difteroides, sendo que alguns deles, como
o Propionibacterium acnes, são anaeróbios e habitam os folículos pilosos, podendo oportunamente
desenvolver o quadro de acne. Uma levedura, a Malassezia furfur, é capaz de crescer em secreções
oleosas da pele, sendo responsável pelos casos de caspa.
30
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
penetrantes. As infecções de pele podem ser ainda agudas ou crônicas (de acordo com a duração da
infecção) e mono ou polimicrobianas.
31
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Impetigo
É uma infecção cutânea intraepidérmica superficial que produz lesões eritematosas, podendo ser
acompanhada de lesões pustulares ou bolhosas. O impetigo não bolhoso é normalmente causado
por Streptococcus pyogenes, beta hemolítico, enquanto que Staphylococcus aureus tem sido
associado com a doença na forma bolhosa. As lesões do impetigo não bolhoso iniciam-se como
pápulas eritematosas pequenas, que então formam vesículas (1 a 2 cm de diâmetro). Dentro de
poucos dias as vesículas formam pus e se rompem. O exsudato purulento seca formando crostas finas
características de coloração âmbar ou castanha, circundadas por um halo eritematoso. O impetigo
bolhoso é menos comum do que o não bolhoso e ocorre geralmente em crianças recém-nascidas.
As lesões começam como vesículas e depois formam grupos característicos de bolhas superficiais
flácidas (0,5 a 3,0 cm de diâmetro) com o mínimo ou nenhum eritema circundante. As bolhas
apresentam parede fina e se rompem facilmente, revelando camada cutânea básica, semelhante a
queimadura de segundo grau, caracterizada como síndrome da pele escaldada. O exsudato pode ser
seroso ou purulento e forma uma crosta fina marrom em desidratação.
O artigo de Santos et al. (2007) merece ser lido com atenção porque faz uma revisão
bastante completa sobre bactérias da espécie Staphylococcus aureus, incluindo
identificação, caracterização, fontes de infecção, mecanismos de patogenicidade e
resistência a antibióticos. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v43n6/
v43n6a05.pdf>.
Após ler o artigo, você será capaz de responder a pergunta presente no quadro a
seguir. Caso seja preciso, você pode consultar outras fontes para dar mais consistência
a sua resposta.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Fonte:<http://www.brasilescola.com/doencas/ Fonte:<http://www.sacodeideias.com/
furunculo.htm>. esperanca-contra-a-infeccao-hospitalar.html>.
Acesso em: 12/12/2012. Acesso em: 12/12/2012.
Erisipela e celulite
A erisipela é uma infecção cutânea geralmente causada por estreptococos, que envolve principalmente
a derme e as partes mais superficiais do tecido subcutâneo com envolvimento proeminente dos vasos
linfáticos superficiais. A erisipela apresenta uma área cutânea endurecida, edematosa, avermelhada
e dolorida, eventualmente com pequenas vesículas ou bolhas na superfície cutânea. O quadro clínico
típico é caracterizado pelo aparecimento de alterações cutâneas com bordas elevadas e nitidamente
demarcadas com pele adjacente normal ou não envolvida. O ataque agudo de febre e calafrio é
notório com invariável presença de linfoadenopatia. Ao contrário da erisipela, a margem da área
de celulite é pouco definida sem elevação central, sendo causada por estreptococos e S. aureus.
Algumas espécies de Vibrio e Aeromonas podem causar celulite após introdução do microrganismo
pelas feridas ou laceração ocorrida durante a natação em água doce ou água do mar. A celulite
causada por H. influenzae é relativamente rara, e está geralmente associada com bacteremia e afeta
tipicamente crianças de seis meses a 3 anos de idade.
Foliculite
É uma infecção e inflamação dos folículos pilosos geralmente iniciada pelo bloqueio do folículo ou
por pequenos traumas. A infecção é caracterizada por pápulas ou pústulas côncavas, perfuradas e
circundadas por um halo eritematoso. A infecção é em geral causada por S. aureus. Outras causas
menos comuns de foliculite incluem membros da família Enterobacteriaceae (especialmente
Proteus spp.). Esta pode ocorrer em pacientes com Acne vulgaris que recebem antibióticos orais
por um período prolongado de tempo. Recentemente foram verificados surtos de foliculite pelo
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Furunculose e carbúnculo
O furúnculo é um abscesso que se inicia no folículo piloso como um nódulo avermelhado, tornando-
se doloroso e amolecido. O carbúnculo é mais profundo e extenso, apresentando-se frequentemente
como abscessos subcutâneos múltiplos envolvendo vários folículos e glândulas sebáceas, drenados
por meio dos folículos pilosos. O carbúnculo pode estar associado com febre, mal-estar e pode se
complicar pela celulite ou bacteremia. Tanto o furúnculo, como o carbúnculo ocorrem em tecido
cutâneo pela fricção e abafamento dos sítios onde se encontram os folículos (virilha, axila, pescoço
e face). O S. aureus é o patógeno mais frequente.
Ulcerações e nódulos
Nas ulcerações cutâneas geralmente há uma perda parcial do tecido dérmico ou epidérmico.
Nódulos são focos inflamatórios onde a maior parte da camada superficial cutânea está intacta. Uma
variedade de bactérias e fungos causa lesões nodulares ou ulceradas do tecido cutâneo, ou ambas,
após inoculação direta. Exemplos importantes incluem: Corynebacterium diphtheriae, Bacillus
anthracis, Nocardia spp., Mycobacterium marinum e Sporotrix schenckii. Alternativamente,
as infecções cutâneas podem ocorrer após a disseminação hematogênica de microrganismos que
eclodem na pele provenientes de outros focos de infecção. Por exemplo, P. brasiliensis e Cryptococcus
neoformans podem apresentar a infecção pulmonar primária com disseminação hematogênica para
sítios extrapulmonares, tais como tecidos moles e cutâneos.
Fístulas
Fístula é uma comunicação entre o tecido profundo infectado que se abre sobre a superfície cutânea.
Isto ocorre em infecções profundas como em osteomielites, piomiosites, linfadenites ou abscessos
intra-abdominais. As infecções de próteses como as de quadril e fêmur, cirurgias cada vez mais
frequentes, são causas comuns de fístulas de longa duração, cujo tratamento não responde ao
uso isolado de antimicrobianos exigindo quase sempre a retirada da prótese. Em muitos casos a
infecção é polimicrobiana e os germes que colonizam as porções cutâneas da fístula podem ser
diferentes dos encontrados no tecido profundo. Vários microrganismos de infecções do tecido mole
são caracterizados pelo trato fistulizado. O S. aureus produz abscessos profundos (carbúnculo) e
secreta pus espesso. A linfadenite cervical causada por micobactérias, especialmente a tuberculose
cervical, pode produzir drenagem crônica da fístula denominada escrófulo. A actinomicose
classicamente definida como queixo granuloso é uma infecção cérvico-facial extremamente dolorida
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
e edemaciada ao redor do ângulo do queixo que drena secreção aquosa contendo os denominados
grãos de enxofre (devido à cor amarelada). Estes grânulos amarelados são constituídos de massas
bacterianas, medindo geralmente 2mm de diâmetro. Quando não tratada, a actinomicose progride
para uma fistulização crônica. A fonte de tal microrganismo é a cavidade oral do próprio paciente
e a má higiene bucal provavelmente constitui o fator desencadeante. A maduromicose plantar
ocorre quando os microrganismos do solo como Nocardia spp. e vários fungos (Petriellidium
boydii, Madurella mycetomatis e Phialophora verrucosa), são inoculados em tecidos moles do pé
e produzem múltiplos abscessos com fístulas e às vezes osteomielites.
Micoses cutâneas
Os fungos que colonizam os pelos, as unhas e a camada mais externa da epiderme são chamados de
dermatófitos, porque crescem a partir da queratina presente nesses locais. Três gêneros de fungos
estão envolvidos nas micoses cutâneas: Tricophyton, Epidermophyton e Microsporum.
Para concluirmos o tópico sobre infecções da pele e tecido subcutâneo, devemos mencionar que
também existem muitas infecções desse tipo causadas por vírus, como sarampo, rubéola, varicela
ou catapora, mas a discussão dessas doenças está fora do escopo deste caderno.
Meningite bacteriana
Os sintomas iniciais da meningite são febre, dor de cabeça e torcicolo, que podem ou não vir
acompanhados de náusea e vômito. Após um tempo sem tratamento, a meningite pode progredir
para convulsões e coma. Três espécies principais de bactérias estão envolvidas com os casos de
meningite: Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis e Haemophilus influenzae.
Listeriose
Listeria monocytogenes é um bacilo gram positivo, excretado nas fezes de animais e amplamente
distribuído no solo e na água. A doença causada por essa bactéria aparece de duas formas. Nos adultos,
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
normalmente é branda, sem sintomas e somente em alguns casos (em pessoas imunocomprometidas)
o microrganismo invade o SNC, causando meningite. Algumas vezes, a Listeria monocytogenes
invade a corrente sanguínea causando várias complicações clínicas. A listeriose é especialmente
perigosa em mulheres grávidas, já que o feto pode ser infectado via placenta, resultando em aborto
ou bebê natimorto.
Tétano
O tétano é causado pelo Clostridium tetani, um bacilo gram positivo, anaeróbio obrigatório e
formador de endósporos, muito comum em solo contaminado com fezes de animais. Os endósporos
podem contaminar as pessoas que tenham lesões na pele (feridas, arranhaduras, cortes, mordidas
de animais etc.) pelas quais o microrganismo possa penetrar. Os sintomas do tétano são causados
por uma neurotoxina extremamente potente (tetanospasmina), liberada após a morte e a lise
das bactérias. A toxina penetra no SNC via nervos periféricos e sangue, mas as bactérias não se
disseminam nem produzem inflamação. São sintomas do tétano a rigidez muscular em todo o corpo,
mas principalmente no pescoço, dificuldade para abrir a boca (trismo) e engolir, riso sardônico
produzido por espasmos dos músculos da face. A contratura muscular pode atingir os músculos
respiratórios e colocar em risco a vida do paciente.
A maioria de nós aprendeu que um prego enferrujado causa tétano. Qual seria a
origem dessa crença popular?
Botulismo
O botulismo é uma forma de intoxicação alimentar, causada por um bacilo gram positivo, anaeróbio
obrigatório e formador de endósporos, muito comum em solos e sedimentos aquáticos, conhecido
como Clostridium botulinum. A ingestão de endósporos não causa problemas em adultos,
entretanto, em ambientes anaeróbios, como nos enlatados, o microrganismo produz uma exotoxina,
que é altamente específica para a terminação sináptica do nervo, onde ela bloqueia a liberação de
acetilcolina, impedindo a transmissão dos impulsos nervosos. Assim, as pessoas com botulismo
sofrem paralisia flácida, podendo ocorrer falha cardíaca e respiratória. A microbiota dos bebês
ainda não está bem estabelecida e a ingestão de esporos de Clostridium botulinum pode acarretar
o botulismo do lactente. Além dessas formas de infecção, o agente causador do botulismo também
pode crescer em ferimentos ocasionando o botulismo em ferimentos.
Hanseníase ou Lepra
A Mycobacterium leprae provavelmente é a única bactéria que cresce no sistema nervoso
periférico, embora também possa crescer nas células da pele, afetando os olhos e, eventualmente,
alguns outros órgãos. É provável que a transmissão se dê pelas secreções das vias aéreas superiores
e por gotículas de saliva. A hanseníase é considerada uma infecção crônica granulomatosa. Sua
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Embora não tenham sido discutidas nesse tópico, infecções virais do sistema nervoso incluem
poliomielite, raiva e encefalites diversas. Além dessas, também existem as doenças protozoóticas
do sistema nervoso, como a tripanossomíase e a meningoencefalite amebiana. Prions (proteínas
autorreplicativas sem ácido nucleico detectável) também podem causar encefalopatias
espongiformes, resultando em degeneração.
Osteomielite
Um processo infeccioso agudo do tecido ósseo caracteriza a osteomielite aguda, que na ausência
de tratamento adequado pode evoluir para osteomielite crônica, com necrose tecidual, processo
inflamatório, presença de pus, sequestro ósseo, podendo comprometer partes moles. As osteomielites
geralmente são causadas por diferentes espécies de estafilococos, sendo o S. aureus o mais comum.
Salmonella spp., Pseudomonas aeroginosa e Candida spp. também podem provocar a infecção.
Embora mais raros, casos de infecção por Aspergillus spp. também podem ocorrer, especialmente
em imunossuprimidos.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Artrite séptica
Também chamada de artrite infecciosa, é a doença articular mais rapidamente destrutiva que acomete
a população infantil. É a contaminação intra-articular por bactéria ou fungo que evolui rapidamente
para coleção purulenta (pus). A artrite séptica é uma patologia devastadora e incapacitante, cujo
prognóstico depende de diagnóstico precoce e tratamento imediato. Todas as faixas etárias podem
ser acometidas, mas ocorre predominantemente em crianças abaixo de dois a três anos de idade,
correspondendo a aproximadamente 40-50% dos casos. A infecção pode ser causada por Neisseria
gonorrhoeae, Staphylococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Streptococcus pneumonia e
Enterococcus spp.
Por razões práticas, esse sistema é dividido em trato respiratório superior e inferior. A maioria
das infecções de vias aéreas superiores são autolimitadas, de etiologia viral, porém outras são
provocadas por bactérias e exigem tratamento antimicrobiano. São consideradas infecções de vias
aéreas superiores, as infecções da laringe, nasofaringe, orofaringe, nariz, seios paranasais e ouvido
médio. As infecções das vias aéreas inferiores incluem as que se estabelecem na traqueia, tubos
bronquiais ou alvéolos.
Faringite estreptocócica
Causada por Streptococcus pyogenes e caracterizada por inflamação local e febre. Com frequência
ocorre tonsilite e os linfonodos do pescoço ficam inchados e sensíveis. Outra complicação frequente
é a otite média.
Escarlatina
Quando o Streptococcus pyogenes pertence ao grupo que produz uma toxina eritrogênica, a infecção
resultante é denominada de febre escarlate ou escarlatina. A toxina causa uma erupção de cor
avermelhada na pele, que é provavelmente uma reação de hipersensibilidade à toxina circulante.
Ocorre também febre alta e a língua adquire uma aparência manchada.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Difteria
A doença começa com dor de garganta e febre, seguidas de indisposição e edema no pescoço. É
causada por Corynebacterium diphtheriae, um bastonete gram positivo não formador de esporos.
Uma membrana cinzenta rígida que se forma na garganta em resposta à infecção é característica da
doença. Ela contém fibrina, tecido morto e células bacterianas que podem bloquear completamente
a passagem de ar para os pulmões. Embora as bactérias não invadam o tecido, algumas podem
produzir uma potente exotoxina que interfere na síntese proteica e, quando a toxina atinge órgãos
como coração e rins, a doença pode ser fatal.
Otite média
Infecções virais do trato respiratório superior incluem os resfriados comuns (causados pelos
Coronavírus ou Rinovírus).
Coqueluche
Causada pela bactéria Bordetella pertussis, que se fixa às células ciliadas da traqueia, impedindo sua
ação e destruindo-as, comprometendo a movimentação do muco. Essa bactéria produz várias toxinas,
entre elas, a citotoxina traqueal é responsável pela lesão das células ciliadas. A toxina pertússis, por
outro lado, entra na corrente sanguínea e está associada aos sintomas sistêmicos da doença.
Tuberculose
Causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, cujo ácido micólico da parede celular estimula
bastante a resposta inflamatória no hospedeiro. Se as defesas do corpo falham e a infecção progride,
o hospedeiro isola os patógenos em uma lesão fechada, denominada tubérculo. Quando a doença é
interrompida nesse ponto, as lesões cicatrizam lentamente, tornando-se calcificadas. Se as defesas
falharem também nesse estágio, o tubérculo se rompe e libera bacilos virulentos nas vias aéreas e
no pulmão, posteriormente, nos sistemas cardiovascular e linfático. A tosse espalha as bactérias por
aerossol. O escarro pode se tornar sanguinolento quando os tecidos são lesionados, e algumas vezes
os vasos sanguíneos podem se tornar tão erodidos que se rompem, resultando em hemorragia fatal.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Pneumonias bacterianas
São infecções dos pulmões causadas por bactérias, especialmente Streptococcus pneumoniae. Os
sintomas incluem febre alta, dificuldade de respirar e dor torácica. Os pulmões apresentam aspecto
avermelhado, pois os vasos sanguíneos se dilatam. Em resposta à infecção, os alvéolos se enchem
com algumas hemácias e neutrófilos, além de líquidos dos tecidos circundantes. O escarro pode
apresentar sangue. Outros agentes causadores de pneumonias são: Haemophilus influenzae,
Mycoplasma pneumoniae, Legionella pneumoniae (legionelose), Chlamydophyla pneumoniae,
Coxiella burnetti (febre Q), Burkholderia pseudomallei (melioidose), entre outros.
As infecções virais do trato respiratório inferior incluem pneumonias virais e gripes. Os fungos
também causam infecção do sistema respiratório, como histoplasmose (Histoplasma capsulatum),
coccidioidomicose (Coccidioides immitis), entre outras.
Figura 10. Relação entre os sistemas cardiovascular e linfático. Dos capilares sanguíneos, parte do plasma passa
para dentro do tecido circundante e entra nos capilares linfáticos. Esse fluido, agora chamado de linfa, retorna ao
coração porque o sistema linfático canaliza a linfa por uma veia.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
O coração também pode ser afetado no pericárdio, sua camada mais externa. A pericardite
normalmente é causada por estreptococos.
Febre reumática
Causada por estreptococos, em especial por Streptococcus pyogenes. É considerada uma complicação
autoimune que segue de uma infecção de garganta, podendo comprometer as válvulas cardíacas e
até causar morte.
Tularemia
É transmitida pelo contato com animais infectados, mais comumente coelhos e esquilos, com
Francisella tularensis, uma bacilo gram negativo. Essa bactéria pode entrar nos seres humanos por
várias vias, sendo mais comum a penetração da pele em pequenas abrasões, criando uma úlcera no
local, com posterior aumento dos linfonodos, muitos contendo bolsas de pus. Se não contida, pode
acarretar infecção de múltiplos órgãos.
Brucelose
Casos humanos de brucelose normalmente não são fatais, mas a doença tende a persistir no
sistema reticuloendotelial, onde as bactérias evadem as defesas do hospedeiro, permitindo a
sobrevivência de longa duração e a replicação. A doença então se torna crônica e é capaz de afetar
qualquer sistema orgânico. Existem três espécies causadoras mais importantes: Brucella abortus
(encontrada principalmente no gado); Brucella suis (infecta principalmente suínos) e Brucella
melitensis (comumente encontrada em cabras e ovelhas). Essas três espécies podem causar doença
em humanos.
Antraz
O Bacillus anthracis causa o antraz em animais, principalmente gado e ovelhas. A incidência do
antraz humano é rara e atinge normalmente pessoas que trabalham com animais, peles, lãs e outros
produtos animais, que podem conter endósporos. Uma vez inseridos no corpo, os endósporos são
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
capturados pelos macrófagos, mas eles não são mortos. Pelo contrário, eles se multiplicam, matando
o macrófago. As bactérias liberadas entram na corrente sanguínea, replicando-se rapidamente e
secretando toxinas, que podem causar edema e interferir na fagocitose dos macrófagos. Além disso,
a cápsula do Bacillus anthracis é constituída por resíduos de aminoácidos que não estimulam a
resposta protetora imune. Sendo assim, uma vez que as bactérias entram na corrente sanguínea,
elas se proliferam sem qualquer inibição eficaz, até matarem o hospedeiro.
Gangrena
Se um ferimento faz com que o suprimento sanguíneo seja interrompido (isquemia), o ferimento se
torna anaeróbio. A isquemia leva à morte do tecido (necrose), sendo que a morte do tecido mole por
falta de suprimento sanguíneo é chamada de gangrena. Substâncias liberadas das células, morrendo
ou mortas, oferecem nutrientes para muitas bactérias, incluindo espécies de Clostridium.
Outras doenças que envolvem o sistema circulatório e linfático são aquelas transmitidas por
mordidas ou arranhadura de animais, aquelas transmitidas por vetores (peste, doença de Lyme, tifo,
febre das montanhas, doença de Chagas, malária, leishmaniose etc.), aquelas causadas por parasitas
(toxoplasmose), as causadas por vírus (linfoma de Burkit, mononucleose, febres hemorrágicas),
entre tantas outras moléstias.
A flora normal da região periuretral é definida de acordo com a faixa etária e condições do paciente e,
raramente, causam infecções, sendo constituída de: Streptococcus viridans, Corynebacterium spp.
(difteroides), Staphylococcus spp. (exceto S. aureus e S. saprophyticus) e Lactobacillus spp. Apesar
do sistema urinário normalmente conter poucos micróbios, ele está sujeito a infecções oportunistas
que podem ser muito problemáticas. Normalmente as infecções que ocorrem são bacterianas e,
apenas em casos mais raros, podem ocorrer infecções por esquistossomos, protozoários e fungos.
Do ponto de vista prático, por convenção, se define como infecção do trato urinário tanto as
infecções do trato urinário baixo, como uretrites (infecção da uretra), cistites (infecção na bexiga) e
ureterites (infecção dos ureteres) causadas por Escherichia coli, Mycoplasma hominis, Ureaplasma
urealyticum, Candida albicans, etc.), como as do trato urinário alto, como a pielonefrites (infecção
dos rins) por Escherichia coli, Enterococcus spp. ou Sthaphylococcus aureus.
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Gonorreia
O agente causador da infecção gonocócica ou gonorreia é o diplococo gram negativo Neisseria
gonorrhoeae. A doença envolve o trato gênito-urinário com uma descarga de material contendo
pus proveniente da uretra, característica da infecção, podendo ocorrer várias complicações, entre as
quais, endocardite, meningite, artrite e pielonefrite, caso não seja tratada e se dissemine. A orofaringe
do reto e a conjuntiva podem também ser primariamente infectadas. As infecções causadas por
Neisseria gonorrhoeae na mulher incluem uretrite e cervicite. A infecção pode se disseminar para
o endométrio, trompas ovarianas, ovários, superfície peritoneal e estruturas contíguas, causando
doença inflamatória pélvica. A artrite gonorreica, que é causada pelo crescimento do gonococo nos
fluidos articulares, ocorre em aproximadamente 1% dos casos de gonorreia e atinge principalmente
as articulações do pulso, joelho e tornozelo. Além disso, se a mãe estiver infectada, os olhos do
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
lactente podem se tornar infectados no momento do nascimento, causando a oftalmia neonatal que
pode resultar em cegueira.
Muitas semanas após o estágio primário, a doença entra no estágio secundário, caracterizado
principalmente por uma erupção cutânea, amplamente distribuída pela pele e mucosas, sendo
especialmente visível na região palmar e plantar. Outros sintomas observados são perda de cabelo,
mal estar e febre leve. Os sintomas da sífilis secundária normalmente regridem após algumas
semanas e a doença entra no período latente, permanecendo assim por anos, podendo reaparecer
futuramente em um estágio terciário ou tardio, que pode ser classificado de acordo com os tecidos
afetados e o tipo de lesão:
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Cancro mole
Caracterizado por uma ulceração dolorosa e edemaciada que se forma sobre a genitália devido a uma
infecção dos linfonodos adjacentes por Haemophilus ducreyi, um pequeno bacilo gram-negativo.
Os linfonodos infectados na virilha algumas vezes ulceram e secretam pus na superfície da pele. As
lesões também podem ocorrer na língua e lábios.
Linfogranuloma venéreo
Também causado por Chlamydia trachomatis, representa um doença típica de regiões tropicais
e subtropicais. Esses microrganismos invadem o sistema linfático, e a região dos linfonodos se
torna aumentada e dolorosa, podendo ocorrer descarga de pus. A inflamação dos linfonodos resulta
em cicatrizes, que ocasionalmente obstruem os vasos linfáticos, podendo levar a um aumento da
genitália externa dos homens. Em mulheres, pode ocorrer o estreitamento do reto.
Vaginose bacteriana
A inflamação da vagina é causada mais comumente pela presença de um bacilo pleomórfico gram
variável denominado Gardnerella vaginalis. Além dessa bactéria, as vaginoses podem ser causadas
pelo fungo Candida albicans e pelo protozoário Trichomonas vaginalis. Acredita-se que o aumento
do pH vaginal e a consequente diminuição dos Lactobacillus vaginais, permitem que células de
Gardnella se proliferem. A vaginose bacteriana é caracterizada por uma descarga espumosa, que
libera um cheiro de peixe.
Candidíase
A candidíase vulvovaginal não é tradicionalmente considerada como doença sexualmente
transmissível, pois o agente etiológico (Candida spp.) faz parte da microbiota vaginal normal. A
Candida albicans é a responsável por 80-92% dos episódios de candidíase vulvo-vaginal, porém,
mais recentemente, outras espécies como Candida glabrata e Candida krusei também foram
consideradas patogênicas. As lesões causadas pela candidíase produzem muita irritação, coceira
intensa, descarga espessa, coalhada e amarela, com cheiro fermentado ou sem odor. Condições
predisponentes para a infecção oportunista incluem o uso de contraceptivos, gestação, diabetes não
controlado e uso de antibióticos de amplo espectro.
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Cite uma bactéria e um fungo que podem causar infecção do trato reprodutivo.
Sem nenhum diagnóstico clínico, que sinais poderiam levá-lo a suspeitar dessas
infecções?
Infecções abdominais
Entre as inúmeras infecções associadas ao trato digestório, as diarreias secretoras ou não
inflamatórias correspondem a 90% dos casos, sendo causadas por vírus ou por bactérias produtoras
de toxinas, como Escherichia coli e Bacillus cereus. O quadro clínico se caracteriza por dores
abdominais peri-umbilicais e evacuações aquosas volumosas. Geralmente são autolimitadas e as
complicações decorrem do grau de desidratação.
As diarreias invasivas ou inflamatórias, por outro lado, ocorrem por lesão direta do microrganismo
à mucosa intestinal, provocando exsudação de sangue e muco, além da perda de proteínas. Os
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Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
agentes mais frequentes são: Shigella spp., Salmonella spp., Campylobacter spp., Yersínia spp.,
e E.coli enteroinvasora. O quadro clínico se caracteriza por várias evacuações de pequeno volume
com a presença de sangue e muco, associada à febre, dor abdominal e tenesmo (sensação dolorosa
na bexiga ou na região anal).
Osteomielite
A osteomielite é a infecção óssea geralmente causada por bactérias, podendo, algumas vezes, ser
causada por fungo. Quando um osso é infectado, a sua parte interna e macia (a medula óssea)
frequentemente edemacia, ou seja, sofre edema. Com a pressão exercida pelo tecido edemaciado
contra a parede externa rígida do osso, os vasos sanguíneos da medula podem ser comprimidos
e, consequentemente, ocorre uma redução ou uma interrupção da irrigação sanguínea ao osso.
Sem uma irrigação adequada, partes do osso podem morrer. A partir do osso, a infecção também
pode se disseminar para o exterior, formando coleções purulentas (abcessos) nos tecidos moles
adjacentes, como os músculos. Geralmente, os ossos são bem protegidos contra infecções, mas
podem ser infectados por três vias: pela corrente sanguínea, pela invasão direta e por infecções de
tecidos moles adjacentes. A corrente sanguínea pode transportar uma infecção de outra parte do
corpo até os ossos. Normalmente, a infecção ocorre nas extremidades dos ossos do membro inferior
ou superior, em crianças e nos ossos da coluna vertebral (vértebras), em adultos. Os indivíduos
submetidos à diálise renal e os usuários de drogas injetáveis estão particularmente propensos a
uma infecção das vértebras (osteomielite vertebral). As infecções também podem ocorrer no local
de fixação de uma peça de metal em um osso, como ocorre nas reparações de fraturas do quadril.
As bactérias causadoras da tuberculose também podem infectar as vértebras (doença de Pott). Os
microrganismos podem invadir o osso diretamente pelas fraturas expostas, durante uma cirurgia
óssea ou a partir de objetos contaminados que perfurem o osso. Uma infecção em uma prótese
articular, geralmente adquirida durante a cirurgia, pode se disseminar para o osso adjacente. Uma
infecção de tecidos moles adjacentes ao osso pode se disseminar para o osso, após alguns dias ou
semanas. Uma infecção de tecido mole pode começar em uma área lesada por um traumatismo,
radioterapia ou câncer, ou em uma úlcera cutânea causada pela insuficiência circulatória ou pelo
diabetes. Uma infecção de seios da face, gengival ou dental pode disseminar-se até o crânio.
Artrite infecciosa
A artrite infecciosa é uma infecção do líquido sinovial e dos tecidos de uma articulação. Os
microrganismos infecciosos, principalmente as bactérias, geralmente atingem a articulação pela
corrente sanguínea. No entanto, uma articulação pode ser infectada de forma direta quando
contaminada durante uma cirurgia, por uma injeção ou lesão. Diferentes bactérias podem infectar
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UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
uma articulação, mas aquelas que mais provavelmente causarão infecção dependem da idade do
indivíduo. Os estafilococos, o Haemophilus influenzae e as bactérias gram negativas infectam com
maior frequência os lactentes e as crianças de baixa idade, enquanto que os gonococos (bactérias
causadoras da gonorreia), os estafilococos e os estreptococos infectam mais frequentemente
as crianças com mais idade e os adultos. Os vírus – como o vírus da imunodeficiência humana
(HIV), o parvovírus e o vírus da rubéola, da caxumba e da hepatite B – podem infectar articulações
em indivíduos de qualquer faixa etária. As infecções articulares crônicas são causadas mais
frequentemente pela tuberculose ou por infecções fúngicas.
Infecções sistêmicas
Como vimos, quando o organismo é invadido por microrganismos patogênicos (vírus, bactérias,
fungos) e esses invasores conseguem se desenvolver e se reproduzir, ocorre o início de uma infecção.
Geralmente, as infecções se mantêm locais, ou seja, acometendo apenas uma região específica. No
entanto, essa infecção pode se tornar sistêmica quando o patógeno consegue se disseminar e atingir
as demais localidades do corpo, dando origem, assim, a uma septicemia.
A septicemia é uma infecção generalizada considerada grave, que começa numa região do corpo
e se espalha por meio da corrente sanguínea. Nesse quadro, os agentes infecciosos contaminam o
sangue, utilizando-o como meio de transporte e infectando outras regiões do corpo. Os principais
microrganismos causadores da septicemia são as bactérias provenientes de infecções do trato
urinário, pneumonia e meningite. Essas infecções sistêmicas não podem ser confundidas com aquelas
denominadas sepses, que correspondem à síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SRIS). Veja
mais informações sobre essa síndrome no artigo sugerido no item “Sugestão de Leitura” abaixo.
48
Capítulo 5
Doenças infectocontagiosas
emergentes e reemergentes
As doenças infecciosas acompanham o homem desde o início de sua história, e os laços entre seres
humanos e micróbios estão constantemente se modificando. Há indícios de que a persistência
de agentes infecciosos entre seres humanos somente foi possível quando surgiram os primeiros
aglomerados populacionais, de tamanho suficiente para a contínua circulação dessas espécies, por
meio da transmissão pessoa a pessoa. A origem exata de boa parte dos agentes infecciosos não é
perfeitamente conhecida, porém, a partir do momento em que houve condições para a manutenção
regular desse modo de transmissão, o homem assume, com frequência, o papel de reservatório
natural de muitos microrganismos e parasitas. Além do homem, passam também a desempenhar o
papel de fonte de infecção: animais infectados, alimentos contaminados e a água.
Em linhas gerais, doenças emergentes são doenças novas, desconhecidas da população. São causadas
por microrganismos nunca antes descritos ou por microrganismos que assumiram novas condições
de transmissão, seja devido a modificações das características do agente infeccioso, seja passando
de doenças raras e restritas para constituírem problemas de Saúde Pública. Dentro desse conceito,
a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) aparece como a mais importante doença
emergente. Até o início da década de 1980, era completamente desconhecida no mundo. No Brasil,
a partir da sua detecção, observou-se um crescimento acelerado desta doença até 1997, ano em que
foram registrados 23.545 casos novos, com um coeficiente de incidência de 14,8 casos/100.000
hab. Seguiu-se uma diminuição na velocidade de crescimento da epidemia, com uma redução da
incidência. No período de 1995 a 1999, observou-se queda de 50 % na taxa de letalidade em relação
aos primeiros anos do início da epidemia, quando esta era de 100 %. A rápida disseminação da AIDS
no país, por sua vez, tem-se refletido na ocorrência de uma série de outras doenças infecciosas,
particularmente a tuberculose. A gripe aviária ou a síndrome respiratória aguda grave associada
a coronavírus (SARS) também estão incluídas entre as doenças emergentes. O termo emergente
também pode ser utilizado quando uma doença atinge uma região onde até então nunca tinha sido
detectado caso da moléstia. Um exemplo claro é o da hantavirose. Em 2004 foram notificados 30
casos da doença no Distrito Federal. A hantavirose já tinha sido detectada em outros estados do país,
como em São Paulo e Paraná, mas nunca no DF. A implantação da sua vigilância epidemiológica,
49
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Os novos agentes etiológicos têm, provavelmente, sua origem nas amplas transformações sociais
observadas nas últimas décadas, acompanhadas de alterações importantes em vários ecossistemas.
As transformações na dinâmica populacional decorrentes do processo de envelhecimento, do
crescimento populacional, da mobilidade e da diferenciação e exclusão de determinados grupos
contribuem para o surgimento de novos agentes etiológicos com características desconhecidas de
infectividade, patogenicidade e virulência.
As doenças reemergentes, por sua vez, são aquelas já conhecidas e que foram controladas, mas
voltaram a apresentar ameaça para a saúde humana. Introduzida no país em 1991, a cólera
experimentou seu pico epidêmico em 1993, com 60.340 casos. Todavia, os esforços do sistema
de saúde conseguiram reduzir drasticamente sua incidência, apesar do ambiente favorável para a
disseminação e persistência dessa doença, em vista da insatisfatória condição ambiental e sanitária
de parte da população.
Em 1998 e 1999, a seca que ocorreu na Região Nordeste, onde se instalou uma severa crise de
abastecimento de água, inclusive nas capitais, favoreceu a possibilidade de recrudescimento da
doença, o que exigiu uma intensificação das ações de prevenção e de vigilância epidemiológica nessa
região.
A cólera passou a manifestar-se sob a forma de surtos, principalmente nas pequenas localidades do
Nordeste, com maior dificuldade de acesso à água tratada e deficiência de esgotamento sanitário.
A partir de 2001 apresentou-se uma interrupção da transmissão, até o ano de 2004, quando volta
a apresentar casos na Região Nordeste, ainda que com intensidade bastante reduzida de produção
de casos novos.
A dengue entra nesse conceito e tem sido objeto de uma das maiores campanhas de Saúde Pública já
realizadas no Brasil, desde 1982, ano de sua introdução no país. O mosquito transmissor da doença,
o Aedes aegypti, que havia sido erradicado em vários países do continente americano nas décadas
de 1950 e 1960, retorna na década de 1970, por falhas na vigilância epidemiológica e pelas mudanças
sociais e ambientais propiciadas pela urbanização acelerada dessa época.
Entretanto, esse trabalho necessita ser articulado com outras políticas públicas, como a limpeza
urbana, além de uma maior conscientização e mobilização social sobre a necessidade das comunidades
50
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
manterem seu ambiente livre do mosquito. Esse último elemento, a mudança de hábitos, tem sido
apontado, mais recentemente, como um dos tratamentos mais efetivos na prevenção da infestação
do mosquito.
Entre outros fatores que pressionam a incidência da dengue, destaca-se a introdução de um novo
sorotipo, o DEN 3, para o qual a susceptibilidade era praticamente universal. A circulação sequencial
de mais de um sorotipo propiciou um aumento na incidência de febre hemorrágica da dengue, com
consequente incremento na mortalidade por essa doença. A malária, a tuberculose e o carbúnculo
(anthrax) são outros exemplos de doenças infecciosas reemergentes.
A capacidade de transmissão rápida dos agentes infecciosos, conjugada a fatores sociais, tecnológicos
e ambientais determina a ocorrência das doenças infectocontagiosas emergentes e reemergentes,
constituindo um importante desafio para a Saúde Pública. Os elementos-chave na definição de estratégias
nacionais e internacionais para controle das doenças infectocontagiosas, incluem a implementação de
sistemas de vigilância, programas de prevenção e controle de surtos, reforço das infraestruturas de saúde
e incentivo à investigação nas áreas de maior ocorrência. Nesta perspectiva, é fundamental a tomada
de consciência por parte de políticos, investigadores científicos e população em geral, uma vez que é
indispensável a contribuição de todos para minimizar a disseminação destas doenças.
51
Capítulo 6
Transmissão de doenças e mecanismos
de patogenicidade
Usando como exemplo o que foi discutido, podemos perceber claramente que existem doenças
infecciosas em demasia, o que torna impossível estudar a fundo todas elas. Sendo assim, podemos
focar nossos esforços para compreender os aspectos que todas elas possuem em comum. Nesse
sentido, precisamos nos atentar para o fato de que o desenvolvimento de todas as doenças infecciosas,
seja de seres humanos, animais ou plantas prossegue pelas mesmas etapas.
Para começar, precisamos entender que as doenças podem ser classificadas em termos de como se
comportam dentro de um hospedeiro e dentro de uma população específica. As doenças comunicáveis
são aquelas que se dispersam de um hospedeiro a outro, tanto direta como indiretamente, como as
doenças infectocontagiosas que já estudamos. Existem também as doenças não comunicáveis, que
não são transmitidas de um hospedeiro a outro. Essas doenças são causadas por microrganismos
que normalmente habitam o corpo e apenas ocasionalmente causam doenças, ou por aqueles
que residem fora do corpo e que causam doença apenas quando introduzidos em um hospedeiro.
Um exemplo desse último caso é o tétano – o Clostridium tetani produz doença apenas quando é
introduzido no corpo por meio de feridas ou abrasões. Os microrganismos oportunistas, também
são geralmente responsáveis por causarem doenças não comunicáveis.
A Figura 11 apresenta um esquema representativo dos postulados de Koch, que são critérios que
estabelecem que micróbios específicos causam doenças específicas. Esses postulados são usados
para determinar a etiologia de uma doença.
Além da etiologia, outro fator importante é o modo de introdução das doenças, que depende da
via de transmissão de um dado agente causador. O modo de introdução de um dado patógeno vai
depender se é transmitido horizontalmente, de animal para animal, ou verticalmente, dos pais
para a prole, se um hospedeiro intermediário ou vetor é requerido para a transmissão, o grau de
persistência do patógeno no ambiente, e se o agente da doença é imediatamente infeccioso ou requer
tempo no ambiente para se desenvolver.
A transmissão horizontal pode ocorrer por contato direto ou indireto. Agentes de doença podem ser
transferidos por contato direto por ações como: lamber, esfregar, morder, e pelo coito. A transmissão
pelo ar é considerada outra forma de transmissão horizontal direta, pois agentes patogênicos
contidos em aerossóis geralmente não sobrevivem por longos períodos nas partículas e, portanto,
precisam de indivíduos susceptíveis para que permaneçam no ambiente. O contato indireto via
vetores ou fômites também permite a transmissão de agentes patogênicos. A transmissão por vetor
ocorre quando uma criatura viva, devido ao seu relacionamento ecológico com outros, adquire
um patógeno de um hospedeiro vivo e transmite-o para outros. Fômites são objetos inanimados
que podem carregar agentes infecciosos de um animal para outro. Exemplos de fômites incluem
agulhas usadas, tosquiadores sujos, vestuário ou veículos contaminados, alimentos e fontes de água
contaminados.
52
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Figura 11. Os postulados de Koch: 1o) O mesmo patógeno deve estar presente em todos os casos da doença;
2o) O patógeno deve ser isolado do hospedeiro doente e cultivado em cultura pura; 3o) O patógeno obtido da
cultura pura deve causar doença quando inoculado em um animal de laboratório suscetível e saudável; 4o) O
patógeno deve ser isolado do animal inoculado e deve ser, necessariamente, o organismo original.
Bem, invariavelmente, o estabelecimento de qualquer infecção requer alguma brecha nos mecanismos
de defesa do hospedeiro, que pode corresponder a um corte na pele ou a um colapso do sistema
imune. Em seguida, o agente patogênico tem que adentrar em seu hospedeiro, seja no sentido literal,
penetrando nos tecidos, ou apenas entrando em uma das cavidades abertas ao ambiente externo, como
os tratos gastrintestinal, respiratório ou geniturinário. O estabelecimento no hospedeiro significa que
o agente invasor quebrou certo conjunto de defesas, como, por exemplo, a pele ou as membranas
mucosas. Só então se inicia uma série de interações complexas entre invasor e hospedeiro, a qual
determina se haverá sintomas de doença e se o agente persistirá nos tecidos. Geralmente, três fatores
estão envolvidos e determinam se um agente infeccioso irá se estabelecer e causar doença. São eles:
o tamanho do inóculo (número de microrganismos invasores); a capacidade invasiva do agente
infeccioso e o estado do sistema de defesa do hospedeiro. Se a capacidade invasiva dos agentes for
alta, um menor número deles será necessário para o estabelecimento da infecção do que se o agente
for menos virulento. Vale a pena ressaltar que o tamanho do inóculo refere-se não apenas a quantos
organismos são inalados ou ingeridos, mas também a quantos efetivamente alcançam o tecido ou
órgão alvo. Apesar de inúmeras particularidades, quanto mais baixas forem as defesas do hospedeiro,
mais fácil será para um menor número de microrganismos causarem uma doença.
Os danos que os microrganismos patogênicos causam nos hospedeiros dependem muito de quais
tecidos estão envolvidos e podem variar de relativamente leves à ameaça da vida. Os tecidos podem
ser afetados por morte celular (lise ou apoptose, dependendo do caso) ou da ação de toxinas
microbianas. Além disso, os danos podem ser causados perto do local de entrada do microrganismo
ou em tecidos localizados longe do local de invasão. Vamos detalhar um pouco sobre como os
patógenos podem danificar as células do hospedeiro.
53
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
»» Quase todos os patógenos apresentam algum mecanismo para se aderir aos tecidos
do hospedeiro em sua porta de entrada, e essa adesão é uma etapa necessária para
a patogenicidade de muitos deles. A aderência patógeno-hospedeiro é obtida por
moléculas de superfície do patógeno, denominadas adesinas ou ligantes, que se
ligam especificamente a receptores complementares de superfície nas células de
certos tecidos do hospedeiro. Essas adesinas podem se localizar no glicocálice, pili,
fímbrias ou flagelos do patógeno. Após entrar e aderir ao hospedeiro, os patógenos
devem ultrapassar uma série de defesas do hospedeiro, e vamos entender agora
quais os atributos dos microrganismos que os tornam aptos a driblar as defesas do
sistema imunológico.
54
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
55
Capítulo 7
Defesas inespecíficas/específicas do
hospedeiro e controle de doenças
Nosso sistema imune apresenta dois tipos principais de defesa, altamente inter-relacionadas: a
inata ou natural (herdada) e a adaptativa ou adquirida (desenvolvida após o contato com um agente
invasor específico). Ambos os sistemas (inato e adaptativo) dependem da atividade das células
brancas do sangue, ou leucócitos. A imunidade inata é mediada principalmente pelos macrófagos
e granulócitos, enquanto a imunidade adaptativa é mediada pelos linfócitos, como ilustrado na
Figura 12.
Barreiras
»» Pele: possui fortes junções entre as células que evitam a entrada de microrganismos.
A presença de ácidos graxos presentes no sebo e substâncias microbicidas no suor
(como a lisozima) impede a sobrevivência de muitos microrganismos.
56
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Componentes celulares
As células efetoras da imunidade inata são representadas principalmente pelos fagócitos (neutrófilos,
monócitos e macrófagos), células dendríticas e células NK (Natural Killer). Os neutrófilos têm meia-vida
curta e possuem grânulos citoplasmáticos contendo enzimas microbicidas importantes no processo de
eliminação dos agentes infecciosos. Os macrófagos possuem maior capacidade fagocítica e, ao contrário
dos neutrófilos, multiplicam-se e sobrevivem por mais tempo no sítio de infecção nos tecidos. As células
dendríticas, por sua vez, caracterizam-se por longas projeções de membrana e, uma vez estimuladas,
executam tanto a pinocitose quanto a fagocitose de partículas. Também são importantes na integração
da imunidade inata com a adaptativa. Já as células NK, são células circulantes originárias de progenitor
linfoide que atuam de maneira diferente dos fagócitos, uma vez que possuem muitos grânulos contendo
mediadores que, ao serem liberados, induzem a morte da célula-alvo por citotoxicidade.
Componentes moleculares
»» Citocinas: são proteínas que medeiam diversas respostas celulares, como ativação,
inibição, diferenciação e crescimento. Existem em grande variedade e atuam no
organismo de forma autócrina, parácrina ou endócrina, exercendo suas funções
ligando-se a receptores específicos presentes na superfície das células.
57
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
58
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
Além do recrutamento celular, as células residentes no local infeccioso (fagócitos, mastócitos) também
produzem mediadores que aumentam o fluxo sanguíneo (rubor e calor), causam a vasodilatação e
o aumento da permeabilidade do endotélio vascular. Consequentemente, há o acúmulo de fluídos e
células provenientes da circulação, formando o edema (inchaço). Tais alterações teciduais causadas
por estes mediadores inflamatórios sensibilizam receptores neuronais levando à dor e, em casos
mais crônicos, à perda de função do local inflamado. Deste modo, calor, rubor, inchaço, dor e
perda de função, são os sinais clínicos da inflamação. Além de ser crucial no recrutamento e na
amplificação dos mecanismos efetores da imunidade inata, a inflamação também é importante em
outras funções, como remoção de células e tecidos lesados, inativação de toxinas e reparo tecidual.
Figura 13. Mecanismos de inflamação e fagocitose. Os microrganismos invasores liberam quimiotaxinas que
funcionam atraindo as células brancas do sangue ao local invadido. Os leucócitos, especialmente neutrófilos,
migram dos vasos sanguíneos para os tecidos (diapese) e, em seguida, fagocitam os agentes infecciosos, que
são englobados dentro de fagossomos e, por fim, se fundem a lisossomos (fagolisossomos). Dentro dos fagolisos-
somos, os microrganimos são destruídos pela ação das enzimas líticas lisossomais e das espécies reativas de
oxigênio (ROS) e nitrogênio (óxido nítrico - NO).
59
UNIDADE I │ Interação entre agentes microbianos e hospedeiros
Esses dois vídeos são muito interessantes porque mostram como ocorre o processo
inflamatório:
<http://www.youtube.com/watch?v=ggfaVr3aCsI>.
<http://www.youtube.com/watch?v=Jr9tInRG1dk>.
Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B (ou células B) em resposta a infecções, e sua presença
em um indivíduo reflete as infecções às quais o mesmo já foi exposto. Os linfócitos são capazes
de desenvolver uma memória imunológica, ou seja, reconhecer o mesmo estímulo antigênico caso
ele entre novamente em contato com o organismo, evitando assim o reestabelecimento da doença.
Assim, a resposta imune adaptativa aperfeiçoa-se a cada encontro com um antígeno. Os linfócitos
que medeiam uma resposta imune adaptativa são responsáveis por reconhecer e eliminar os agentes
patogênicos, proporcionando a imunidade duradoura. A grande maioria dos linfócitos se encontra
em estado inativo, e possuirão atividade quando houver algum tipo de interação com um estímulo
antigênico, necessário para a ativação e proliferação linfocitária. Existem dois tipos principais de
linfócitos: linfócitos B (ou células B) e linfócitos T (ou células T), que expressam, em suas superfícies,
receptores de antígeno altamente específicos para um dado determinante antigênico e resultam na
imunidade contra a reinfecção ao mesmo agente infectante.
Células apresentadoras de antígeno (APCs) especializadas, como macrófagos, circulam pelo corpo
ingerindo e digerindo os patógenos encontrados, fragmentando-os em peptídeos antigênicos. Parte
destes peptídeos se ligam a moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC – Major
Histocompatibility Complex) e são apresentados na superfície celular sob a forma de um complexo
MHC/peptídeo. As células T possuem receptores de superfície que têm a função de reconhecer
diferentes complexos MHC/peptídeo. Uma vez ativados pelo reconhecimento MHC/peptídeo, as
células T se dividem e secretam linfocinas (sinais químicos) que mobilizam outros componentes
do sistema imunológico. Diferente dos receptores das células T, entretanto, os receptores das
60
Interação entre agentes microbianos e hospedeiros │ UNIDADE I
células B são capazes de reconhecer partes livres solúveis dos antígenos, sem as moléculas do
MHC. As células B, que também possuem moléculas receptoras de especificidade única em suas
superfícies, respondem a estes sinais. Quando ativadas, as células B se dividem e se diferenciam em
plasmócitos, secretando anticorpos em altas taxas, que são formas solúveis dos seus receptores. A
ligação dos anticorpos aos antígenos encontrados faz com que o patógeno seja neutralizado, levando
a sua destruição pelas enzimas do sistema complemento ou por fagócitos. Algumas células B e T se
transformam em células de memória, as quais permanecem na circulação garantindo uma resposta
rápida e eficaz contra uma futura exposição àquele antígeno.
Após ler os textos para leitura complementar, indicados acima, defina os seguintes
termos, pesquisando em outras fontes bibliográficas, se necessário.
61
Principais
métodos para Unidade iI
diagnóstico
microbiano
Nessa unidade, aprenderemos como realizar as principais técnicas de cultivo para diagnóstico de
microrganismos causadores de doenças em humanos. O papel do laboratório de Microbiologia
Clínica é determinar a presença de patógenos potenciais nos tecidos, nos líquidos corporais ou nas
secreções dos pacientes e, quando presentes, identificá-los. O diagnóstico pode ser obtido por meio
de diferentes procedimentos laboratoriais, como: identificação morfológica do agente etiológico
pela microscopia óptica ou eletrônica, isolamento do agente infeccioso em cultura visando à
identificação; detecção do antígeno do agente por ensaio imunológico ou anticorpos marcados;
hibridização DNA-DNA ou DNA-RNA para a detecção de genes específicos do patógeno em amostras
do paciente; demonstração de respostas imunes humorais ou celulares significativas a determinado
agente infeccioso, entre outros. A assistência fornecida pelo diagnóstico laboratorial é indispensável
ao médico, visto que a informação acerca da identidade do patógeno é de suma importância para se
prever a evolução da infecção e orientar a escolha da terapia apropriada. Porém, antes de partirmos
para o estudo dessas técnicas, precisamos nos familiarizar com dois conceitos muito importantes na
área de Microbiologia Clínica: biossegurança e controle de qualidade.
Segurança laboratorial
Pode ser definida como sendo um conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou
eliminação de riscos inerentes a estas atividades e que podem comprometer a saúde do homem, dos
animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos desenvolvidos. A rotina de um laboratório
de microbiologia envolve exposição tanto com material clínico e reagentes químicos como com
potenciais agentes patogênicos concentrados em meio de cultura. Assim, profissionais da área
de saúde e outros trabalhadores que exercem suas atividades em laboratórios, estão sob risco de
62
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
desenvolver doença por exposição a agentes infecciosos, produtos químicos tóxicos e inflamáveis,
entre outros.
Controle de qualidade
Para o programa básico de controle de qualidade em microbiologia, deve-se incluir, além de uma
lista de itens específicos, o senso comum, o bom julgamento e uma constante atenção aos detalhes.
Para o controle de qualidade deve-se estabelecer o padrão mínimo e delinear as diversas etapas
que devem ser seguidas para o controle diário e vigilância de todas as facetas do programa. As
diretrizes para o controle de qualidade devem constar em um manual, no qual estejam detalhadas
práticas tais como procedimentos para monitorar o funcionamento dos equipamentos, o controle da
reatividade dos meios e reagentes, os prazos de validade, os resultados de todos os testes, etc. Devem
ser elaborados formulários adequados para coletar dados, de modo que qualquer anormalidade
possa ser facilmente detectada. O encarregado também deve revisar todos os registros de controle e
verificar que sejam anotadas todas as incidências fora do controle e das respectivas ações corretivas
tomadas. Os laboratórios devem também dispor de uma lista de inspeção para realizar avaliações
pontuais dos controles de qualidade – um requerimento para credenciamento de laboratórios e/ou
auditoria e fiscalização sanitária.
63
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Realize uma pesquisa e depois defina a estrutura dos laboratórios de acordo com
seus níveis de biossegurança: NB-1, NB-2, NB-3 e NB-4. Em seguida, explique
também a classificação dos microrganismos segundo seu potencial patogênico, em
classes de risco 1, 2, 3 e 4, fornecendo exemplos. Os Microrganismos Geneticamente
Modificados (OGM) também podem ser classificados em OGM do grupo I e OGM do
grupo II. Defina os dois grupos e exemplifique.
Fonte: <http://trabalhadordasaude.blogspot.com.br/2010/11/lista-de-uniformes-e-epis-para-o-acs.html>.
Acesso em: 10/1/2013.
Ainda com relação ao controle de qualidade, devemos nos atentar para o fato de que todo
resultado liberado pelo laboratório de microbiologia é consequência da qualidade da amostra
recebida. O material coletado deve ser representativo do processo infeccioso investigado, devendo
ser eleito o melhor sítio da lesão, evitando contaminação com as áreas adjacentes. A coleta e o
transporte inadequados podem ocasionar falhas no isolamento do agente etiológico e favorecer
o desenvolvimento da flora contaminante, induzindo a um tratamento não apropriado. Portanto,
procedimentos adequados de coleta devem ser adotados para evitar o isolamento de um “falso”
agente etiológico, resultando numa orientação terapêutica inadequada. Dispositivos de coleta,
recipientes e meios de cultura devem ser rigorosamente esterilizados para que se chegue a um ótimo
isolamento. O profissional responsável pela coleta será também responsável por identificar de forma
legível e correta o material a ser encaminhado ao laboratório de microbiologia. Essa identificação
deve conter: nome e registro do paciente, material colhido, data, hora e nome de quem realizou a
64
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
Microscopia Cultivo
Preparo de esfregaços Tipos de semeadura
»» utilizar lâmina nova e limpa; Semeadura qualitativa: pode ser feita com swab ou alça, de forma
a obter um gradiente decrescente de concentração do Inóculo, que
»» identificar a lâmina de maneira segura; permita o isolamento de todas as colônias diferentes.
»» rolar toda a superfície do swab sobre a lâmina para não Semeadura quantitativa: baseia-se na semeadura de um volume
destruir as células. Alternativamente ao swab pode ser conhecido de material, com posterior contagem do número de unidades
utilizada alça estéril; formadoras de colônia (UFC) obtidas após incubação.
65
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Os tópicos listados na Tabela 3 servem de base para uma pesquisa com o intuito de
compreendermos melhor o que será discutido mais adiante. Então, após pesquisar
sobre tipos de semeadura em placa, tipos de meio de cultura, tipos de coloração
diferencial e caracterização celular e de colônias, responda:
66
Capítulo 1
Diagnóstico das micoses
Sob o ponto de vista clínico, as infecções causadas por fungos podem ser classificadas em quatro
categorias, de acordo com a sua localização e apresentação: (1) micoses superficiais ou cutâneas, (2)
subcutâneas, (3) sistêmicas, profundas ou viscerais e (4) oportunistas.
Coleta e transporte
O material utilizado para diagnóstico de fungos pode ser raspado cutâneo ou de unhas, pelos,
cabelos, biópsia de tecido, secreções, exsudato de lesões ulcerativas, etc. Os materiais secos obtidos
podem ser acondicionados em placas de Petri estéreis, enquanto as secreções e biópsias devem ser
armazenados em frascos apropriados. As amostras coletadas devem ser mantidas em temperatura
ambiente até processamento em laboratório.
Metodologias e considerações
A pele e a mucosa que sofreram erosão frequentemente constituem o local de infecções causadas
por leveduras ou outros fungos, os quais podem ser observados ao microscópio por exames de
esfregaços e raspados de áreas suspeitas. O material é colocado entre lâmina e lamínula com uma
gota de hidróxido de potássio 10% a 20%, com ou sem o branco de calcoflúor, que é um corante
específico para parede celular dos fungos, detectado com microscópio de fluorescência. Amostras
de unhas e pelos podem ser examinados da mesma forma. O material colhido também pode ser
utilizado para cultivo. A cultura do material é feita em Ágar Sabouraud e Ágar Mycosel, ou outro
ágar que suprima o crescimento de bolores e bactérias, com incubação à temperatura ambiente e
leitura da cultura em quinze ou vinte dias. As espécies são identificadas com base na morfologia da
colônia, na morfologia microscópica e, em alguns casos, em exigências nutricionais.
67
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
<http://www.epsjv.fiocruz.br/upload/d/cap4.pdf>.
Fonte: <http://www.novidadesdebeleza.com.br/12-
segredos-manicures-querem-voce-saiba/micose-unha-
Fonte:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid somente-podera-ter-atendimento-por-um-especialista>.
=S1806-37132009000900013>. Acesso em: 10/1/2013. Acesso em: 10/1/2013.
68
Capítulo 2
Cultura de pele (abcessos e exsudatos)
e biópsias
Infecções de pele e queimaduras podem causar feridas, as quais são colonizadas por inúmeros
microrganismos. No caso das queimaduras, a superfície da ferida certamente estará colonizada pela
microbiota do próprio paciente e/ou pelos microrganismos do meio ambiente em que se encontra.
Quando a colonização de bactérias for grande, pode ocorrer infecção subcutânea, resultando numa
bacteremia. Assim, a cultura somente de amostra superficial pode levar a erros e, nesses casos, a
biópsia de tecido profundo é o método de diagnóstico mais indicado. Além disso, os microrganismos
não ficam distribuídos somente na ferida queimada. Portanto, durante a biópsia, recomenda-se
coletar também amostras de áreas adjacentes à queimadura.
Definições importantes
Abscesso: um abscesso é uma acumulação de pus, geralmente causada por uma infecção bacteriana.
Quando as bactérias invadem um tecido sadio, a infecção se espalha por toda a área. Algumas células
morrem e se desintegram, deixando espaços nos quais se acumula líquido e células infectadas. Os
glóbulos brancos se deslocam para aqueles espaços e, depois de fagocitarem as bactérias, morrem.
A acumulação de glóbulos brancos forma o pus e, à medida que o pus se deposita, o tecido sadio
é deslocado. Por fim, esse tecido acaba por crescer à volta do abscesso até o rodear por completo;
tentando impedir uma difusão maior da infecção. Se um abscesso se rompe para dentro, a infecção
pode propagar-se quer para o interior do corpo, quer por baixo da pele, conforme o local onde ele
se encontre.
Biópsia: em linhas gerais, a biópsia é um procedimento no qual se colhe uma amostra de tecido
ou células, para posterior estudo em laboratório. Existem diversos tipos de biópsia. A biópsia de
pele envolve a remoção de uma pequena amostra de tecido de uma lesão com suspeita de câncer
ou dermatose. Uma biópsia por raspagem corta a lesão acima da linha da pele, o que permite outra
biópsia no local. Uma biópsia de punção remove um núcleo oval do centro da lesão. Uma biópsia
de excisão remove toda a lesão e é indicada para lesões que se expandem rapidamente, lesões
escleróticas, bolhosas ou atróficas e para o exame dos limites de uma lesão e sua respectiva pele
circundante normal.
Exsudato: fluido (como o pus) que passa através das paredes vasculares em direção aos tecidos
adjacentes. Este fluido envolve células, proteínas e materiais sólidos e pode escoar de incisões ou
locais onde haja inflamação ou infecção.
69
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Coleta e transporte
Para coleta de amostras de feridas, abscessos e exsudatos, deve-se seguir o seguinte procedimento:
»» colocar num recipiente estéril, com meio de cultura líquido ou solução fisiológica;
As amostras, tanto de feridas, abscessos ou exsudatos, como as de biópsia, devem ser encaminhadas
imediatamente ao laboratório ou refrigeradas entre 2º e 8ºC por, no máximo, 24 horas.
Metodologias e considerações
O processamento inicial de amostras de aspirados de feridas, abscessos e exsudatos envolve
a transferência do material da seringa para um tubo estéril, a homogeneização e a semeadura
por esgotamento em meios apropriados. O exame bacteriológico do pus de lesões fechadas ou
profundas deve incluir culturas por métodos anaeróbicos. Os meios mais comumente utilizados
70
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
são: Ágar Sangue, Ágar Chocolate e Ágar MacConkey. No caso de coleta com swab, a amostra pode
ser ressuspendida em solução salina estéril antes de ser inoculada nos meios citados.
71
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
72
Capítulo 3
Cultura de líquidos (pleural, peritoneal,
ascítico, cefalorraquidiano)
A cultura dos líquidos biológicos é utilizada para determinar a presença de agentes infecciosos nos
líquidos pleural, sinovial, ascítico, pericárdio, peritoneal, cefalorraquidiano, amniótico, medula
óssea, entre outros, auxiliando no diagnóstico etiológico de infecções como as pneumonias com
derrame pleural, pericardites, sinovites, meningites etc. Esses fluidos biológicos normalmente são
estéreis, e a presença de um microrganismo resulta quase sempre em um agravamento do quadro
clínico dos pacientes. O uso de próteses e a terapêutica com imunossupressores têm contribuído
muito para o aumento da prevalência de positividade desses materiais. Apesar de esses materiais
clínicos serem de diferentes áreas do corpo humano, são tratados de forma semelhante no que tange
ao diagnóstico de infecções.
Coleta e transporte
Para coleta de amostras de líquidos biológicos estéreis, deve-se seguir o seguinte procedimento:
Os líquidos biológicos destinados à cultura devem ser transportados ao laboratório para semeadura
em até 2 horas após a coleta. Se esse tempo não puder ser respeitado, inocular até o volume de 8mL
em um frasco de hemocultura aeróbio ou anaeróbio e enviar ao laboratório.
73
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Metodologias e considerações
Se o material coletado for purulento, efetuam-se diretamente esfregaços e culturas, contudo,
se o líquido for claro, recomenda-se a centrifugação do material a alta velocidade e o uso do
precipitado para técnicas de microscopia e cultivo. O Ágar Sangue e o Ágar Chocolate são bastante
indicados para o cultivo e a presença de crescimento bacteriano de qualquer microrganismo após
a incubação é considerada patogênica, uma vez que esses líquidos são estéreis. Número pequeno
de microrganismos na amostra enviada pode levar a um resultado falso-negativo. Assim, embora
o exame direto à procura de microrganismos causais forneçam informações de maior importância,
outros testes podem ser úteis para um diagnóstico mais preciso. A pesquisa de glóbulos brancos
é uma delas: os leucócitos polimorfonucleares predominam nas infecções piogênicas agudas,
enquanto ocorre predomínio de linfócitos ou monócitos nas infecções crônicas. O estudo citológico
dos esfregaços também pode ser útil porque distinguem os líquidos produzidos em decorrência
de crescimento neoplásico daqueles decorrentes de processos infecciosos. Em caso de processos
infecciosos, os esfregaços podem ser corados pela técnica de Gram ou de Ziehl-Neelsen e observados
com objetiva de imersão.
O exame do líquido cefalorraquidiano vem sendo utilizado como ferramenta diagnóstica desde o
final do século XIX, contribuindo, significativamente, para o diagnóstico de patologias neurológicas.
Por meio da punção liquórica é possível, também, a administração intratecal de quimioterápicos,
tanto para tratamento de tumores primários ou metastáticos do Sistema Nervoso Central, como
para a profilaxia do envolvimento neurológico de tumores sistêmicos.
74
Capítulo 4
Hemocultura
Definições importantes
Punção: a coleta de uma amostra para hemocultura corresponde a uma punção. Punções arteriais
não trazem benefícios na recuperação dos microrganismos quando comparadas com punções
venosas. O volume de sangue coletado por frasco depende do teste a ser realizado e da idade e
condições clínicas do paciente.
Coleta e transporte
As amostras para hemocultura devem ser coletadas, preferencialmente, antes da administração de
antibióticos e devem seguir o procedimento:
»» remover os selos da tampa dos frascos de hemocultura e fazer assepsia prévia nas
tampas com álcool 70%;
»» garrotear o braço do paciente e selecionar uma veia adequada. Esta área não deverá
mais ser tocada com os dedos. Fazer a antissepsia com álcool 70% de forma circular;
»» remover o iodo do braço do paciente com álcool 70% para evitar reação alérgica;
Em caso de bacteremia, septicemia, ou febre a esclarecer, deve-se sempre que possível colher duas
amostras de sangue venoso (periférico) de locais diferentes.
Após coleta, a amostra deverá ser mantida em temperatura ambiente e encaminhada o mais rápido
possível para análise. A amostra poderá ainda ser armazenada em estufa a 37°C, mas jamais deve
ser refrigerada.
75
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Metodologias e considerações
A hemocultura tradicional envolve a inoculação direta de uma amostra de sangue em caldo nutriente,
seguida de incubação a 37°C (tanto em condições aeróbias como em anaeróbias) e observação
periódica em busca de turvação como indicador de crescimento microbiano. Os microrganismos
de culturas em caldo são então transferidos para placas de ágar, para permitir a identificação da
espécie. Atualmente, não é a metodologia mais indicada, por apresentar uma série de limitações,
entre elas, a exigência de um mínimo de sete dias de incubação e agitação moderada dos frascos
para garantir uma maior positividade das amostras. Técnicas mais modernas de hemocultura
incluem o método de lise-centrifugação, em que o sangue é colhido diretamente em um tubo
contendo uma solução que provoca lise das células sanguíneas. O material denso remanescente,
que inclui qualquer microrganismo presente, deposita-se por centrifugação no fundo do tubo,
de onde é removido e inoculado em meios sólidos apropriados. A hemocultura também pode ser
automatizada por meio de ensaios periódicos para detecção de um subproduto do metabolismo
microbiano. Quanto maior o volume de sangue inoculado no meio de cultura, por amostra, melhor
a recuperação do microrganismo, respeitando-se a proporção sangue/meio de até 10%, pois o
sangue em desproporção com o meio pode inibir o crescimento de microrganismos devido ao efeito
dos anticorpos, do complemento e dos leucócitos. Para minimizar esse efeito, a maioria dos meios
para hemocultura apresentam polianetol sulfonato sódico (SPS) a 0,05 %, que inibe os sistemas
antibacterianos. Entretanto, o SPS também inibe o crescimento de algumas neissérias e cocos gram
positivos anaeróbios e, sendo assim, caso haja suspeita desses microrganismos, meios de cultura
alternativos sem SPS devem ser utilizados.
76
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
O artigo de Araujo (2012) traz uma revisão completa sobre hemocultura. Disponível
em: <http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=14&
cad=rja&ved=0CIgBEBYwDQ&url=http%3A%2F%2Fjic.abih.net.br%2Findex.php%2
Fjic%2Farticle%2Fdownload%2F12%2F11&ei=_loBUZ-YApHS9QSr2IDIAw&usg=AF
QjCNG0CEkgLaPuWw-hbpjp7NN8unj-9g&sig2=HJQV7-JLvcJADpvXlgN8Xw&bvm=
bv.41248874,d.eWU.>
77
Capítulo 5
Cultura de ponta de cateter
Cateteres intravenosos são importantes fontes de bacteremia e fungemia, bem como causadores de
complicações infecciosas no local da inserção. Quando existe suspeita de colonização no cateter,
com a possibilidade de evolução para septicemia, a ponta do cateter deve ser cultivada.
Coleta e transporte
A coleta de amostras para a cultura de ponta de cateter deve seguir o procedimento:
»» fazer uma rigorosa antissepsia da pele ao redor do cateter com álcool 70%, seguida
de uma solução de iodo (tintura de iodo 1% a 2% ou PVPI 10%);
»» remover o cateter e, assepticamente, cortar 5cm da parte mais distal, ou seja, a que
estava mais profundamente introduzida na pele. Não usar tesouras embebidas em
soluções antissépticas;
Após a coleta, o material deve ser transportado imediatamente ao laboratório evitando sua excessiva
secagem.
Metodologias e considerações
A cultura semiquantitativa da ponta do cateter rolado em placa de Ágar Sangue é o método mais
simples e mais frequentemente utilizado, sendo que a presença de um número igual ou maior a 15
colônias de um único tipo de bactéria sugere que a ponta de cateter pode estar sendo fonte de infecção.
A leitura das placas é realizada após incubação por 48 horas a 37ºC. A limitação da técnica consiste
no fato de que somente os microrganismos da superfície externa do cateter são cultivados, não
havendo avaliação da colonização intraluminal, importante em casos de cateterização prolongada.
Portanto, técnicas de cultura quantitativa de cateter podem ser mais úteis. A sonicação aliada à
centrifugação contribui para o isolamento de microrganismos de ambas as superfícies (interna e
externa) dos cateteres, sendo altamente sensíveis para o diagnóstico de sepse relacionada ao cateter.
Nesse procedimento, o lúmen do cateter é instilado com 1mL de água destilada e o segmento é
colocado em um tubo com caldo nutritivo. O caldo é sonicado (ou vortexado), centrifugado, e o
precipitado formado no tubo é semeado em placas de Ágar Sangue. Após o período de incubação,
resultados de contagem igual ou superiores a 103 UFC/mL são indicativos de infecção relacionada
ao cateter.
78
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
79
Capítulo 6
Cultura de amostras do trato
respiratório superior
As infecções do trato respiratório superior, como sinusites, amigdalites e faringites, são bastante
frequentes na população e, apesar de geralmente causarem apenas desconforto nos pacientes, podem
levar a complicações mais sérias se não tratadas de modo adequado. Culturas de orofaringe, tonsila,
faringe e nasofaringe são os exames do trato respiratório superior mais solicitados ao laboratório
de Microbiologia Clínica. Contudo, as culturas ainda podem ser realizadas com amostras de seios
maxilares para o diagnóstico da sinusite, amostras da mucosa oral para o diagnóstico de candidíase,
entre outras.
Definições importantes
Hiperemia: aumento do volume sanguíneo localizado em um órgão ou parte dele, com consequente
dilatação vascular.
Coleta e transporte
Para coleta de exsudato nasal, atentar para os seguintes procedimentos:
»» inserir swab estéril nas fossas nasais até encontrar resistência e rodá-lo de encontro
à mucosa;
»» a coleta também pode ser feita por aspiração através de seringa esterilizada e, caso
a pesquisa seja dirigida para a detecção de Mycobacterium leprae, a coleta deve ser
feita no septo nasal com raspagem vigorosa.
Para coletar a secreção da orofaringe, deve-se atentar para que não haja contaminação com saliva, já
que esta contém uma microbiota bacteriana variada, que pode dificultar o isolamento do verdadeiro
agente infeccioso. Os seguintes passos devem ser seguidos:
80
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
»» procurar o material nas áreas com hiperemia próximas aos pontos de supuração ou
remover o pus ou a placa, colhendo o material abaixo da mucosa;
Metodologias e considerações
Normalmente, as amostras do trato respiratório superior são examinadas por microscopia, após
coloração de Gram, e inoculadas em meios de cultura específicos para a detecção de Streptococcus
pyogenes (beta hemolítico do grupo A) e Staphylococcus aureus, como o Ágar Sangue.
Em culturas com Ágar Sangue, incubadas a 37°C por 24 horas, as colônias de estafilococos são
geralmente maiores, convexas, de coloração variando do branco porcelana ao amarelo, podendo
apresentar hemólise ou não. O desenvolvimento da cor amarelada no S. aureus ocorre somente após
incubação prolongada (72 horas), à temperatura ambiente. As colônias de estreptococos tendem a ser
menores (puntiformes), e com halos de hemólise total ou parcial (beta e alfa hemólise). A diferenciação
entre os estreptococos e os estafilococos se dá, seguramente, pela prova da catalase: Streptococcus
spp. é catalase negativo e Staphylococcus spp. é catalase positivo. As colônias suspeitas de serem
estreptococos podem ser submetidas ainda ao teste de sensibilidade à bacitracina e ao teste Pyr. A
sensibilidade à bacitracina é um teste útil para identificação de Streptococcus pyogenes do grupo A,
já que esta bactéria é, historicamente, considerada sensível ao antibiótico mencionado. Considera-se
a colônia sensível a bacitracina quando o halo de inibição é igual ou superior a 13 milímetros. Por
último, o teste da enzima Pyr (pyrrolidonil arilamidase) permite diferenciar S. pyogenes dos outros
estreptococos beta-hemolíticos, já que esta enzima é produzida apenas por essa espécie.
Em caso de suspeita de infecção por micobactérias, os esfregaços devem ser corados pela técnica de
Ziehl-Neelsen e as amostras devem ser inoculadas em meio Löwenstein Jensen.
81
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Faça uma pesquisa a respeito dos testes realizados para detecção de resistência a
antimicrobianos e, depois, responda:
82
Capítulo 7
Cultura de amostras do trato
respiratório inferior
Infelizmente, as infecções do trato respiratório inferior ainda são responsáveis por significativa
morbidade e mortalidade. Devido a sua diversificada etiologia e também ao tempo necessário para
se estabelecer um diagnóstico microbiológico preciso, muitas vezes, o tratamento destas infecções
é iniciado empiricamente.
Definições importantes
Nebulização: a nebulização transforma uma solução líquida, como o soro fisiológico, em partículas
de aerossol que são inaladas até o aparelho respiratório. O procedimento é realizado para favorecer
o processo de fluidificação de secreções respiratórias.
Coleta e transporte
O paciente deve participar ativamente da coleta de escarro sob a supervisão direta da equipe de saúde.
Este material não é considerado ideal para avaliação microbiológica do trato respiratório, sendo
que o aspirado transtraqueal ou o lavado brônquico podem fornecer resultados mais confiáveis. De
qualquer maneira, a coleta de escarro deve ser conduzida da seguinte forma:
»» orientar o paciente para escovar os dentes, somente com água (não utilizar pasta
dental) e enxaguar a boca várias vezes, inclusive com gargarejos;
»» colher somente uma amostra por dia, se possível o primeiro escarro da manhã,
antes da ingestão de alimentos;
83
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Metodologias e considerações
Em laboratório clínico, a análise do escarro ou de qualquer outra amostra proveniente do trato
respiratório inferior se destina à pesquisa de vários microrganismos que podem causar infecções na
árvore brônquica e provocar secreções sanguinolentas ou não. As principais bactérias pesquisadas
no escarro são: Mycobacterium tuberculosis, Streptococcus pneumoniae, Haemophylus influenzae,
Leigionella pneumophilla, Staphylococcus aureus e Fusobacterium nucleatum. Para a pesquisa de
Mycobacterium tuberculosis, o meio de cultura mais indicado é o de Löwenstein Jensen e a coloração
de Ziehl Neelsen deve ser realizada antes da análise microscópica. Para os outros microrganismos,
a coloração de Gram é o método de escolha, existindo vários meios seletivos e/ou diferenciais para
o cultivo e identificação: Ágar Chocolate, Ágar MacConckey, Ágar Müller-Hinton, Ágar Sangue etc.
No caso específico das legionelas, a técnica mais sensível para a detecção desses microrganismos
é o teste de anticorpo fluorescente direto que, quando realizado no escarro, pode ser considerado
positivo se forem encontrados de 1 a 5 microrganismos.
O artigo de Rodrigues et al. (2002) faz uma revisão de literatura acerca do diagnóstico
etiológico das pneumonias agudas na faixa etária pediátrica. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/jped/v78s2/v78n8a04.pdf>
O artigo de Schulz et al. (2005) apresenta uma revisão sobre infecções causadas por
legionelas, incluindo suas formas de diagnóstico. Disponível em: <http://www.sbac.
org.br/pt/pdfs/rbac/rbac_37_04/rbac3704_12.pdf>
84
Capítulo 8
Cultura de secreção de ouvido
O canal auditivo externo reflete a flora da pele, enquanto o ouvido médio e o interno são estéreis
e qualquer microrganismo presente indica infecção. A otite média normalmente é causada por
microrganismos oriundos do trato respiratório, como Streptococcus pneumoniae, Haemophilus
influenzae etc. Bactérias anaeróbias raramente são responsáveis por esse tipo de infecção. A otite
externa, por sua vez, é frequentemente causada por Pseudomonas aeruginosa, embora outras
bactérias aeróbias possam ser isoladas.
Coleta e transporte
Para coletar a secreção do conduto auditivo externo e médio, deve-se remover a secreção superficial
com um swab umedecido em salina estéril e com outro swab obter material fazendo rotação no
canal. Para coletar a secreção do conduto auditivo interno, deve-se adotar diferentes medidas
dependendo se a membrana timpânica estiver ou não rompida. Para membrana timpânica rompida,
o procedimento é o mesmo descrito para coleta de secreção do conduto auditivo externo e médio.
Para membrana timpânica íntegra, usar seringa para puncionar a membrana e aspirar a secreção.
Metodologias e considerações
O exame microscópico após coloração pelo método de Gram pode e deve ser feito se houver
quantidade suficiente de amostra. As culturas de aspirados ou de material coletado com swab
normalmente são realizadas em placas de Ágar Sangue ou de Ágar Chocolate e incubadas por 24
horas a 35°C, em estufa de CO2 ou em estufa aeróbia. Caso não haja crescimento ou se as colônias
estiverem muito pequenas para identificação, as placas podem ser incubadas por mais 24 horas.
85
Capítulo 9
Cultura de secreção ocular
Coleta e transporte
As amostras deverão ser coletadas antes da aplicação de antibióticos, soluções, colírios ou outros
medicamentos. Deve-se desprezar a secreção purulenta superficial e, com swab, colher o material
da parte interna da pálpebra inferior.
Metodologias e considerações
Os potenciais patógenos devem ser distinguidos dos contaminantes de mucosas, sendo o recurso
mais simples a bacterioscopia do material. Para tanto, faz-se uma suspensão do swab em salina
e centrifuga-se. Porém, é comum a bacterioscopia ser inconclusiva e o isolamento em meios
específicos é mais recomendado. Nesse caso, o exame microscópico poderá ajudar a evidenciar
o agente e orientar o meio de cultura mais adequado. Geralmente, o Ágar Chocolate e Ágar
Sal-Manitol são os mais utilizados.
86
Capítulo 10
Urocultura
Coleta e transporte
Normalmente, a coleta de urina é feita pelo próprio paciente, que precisa ser bem orientado para
evitar contaminação da amostra. A coleta deve ser feita pela manhã, preferencialmente da primeira
micção do dia, ou então após retenção vesical de duas a três horas. Os procedimentos a seguir são
os indicados para a coleta de uma amostra satisfatória:
Metodologias e considerações
A urina secretada pelo rim é estéril, a não ser que o rim esteja infectado. A urina da bexiga também é
normalmente estéril. Todavia, a uretra contém uma flora normal, de modo que a urina eliminada do
corpo contém um pequeno número de bactérias. Como é necessário distinguir os microrganismos
contaminantes dos etiologicamente importantes, apenas o exame quantitativo da urina pode
fornecer resultados significativos. O procedimento habitual consiste em espalhar 0,001 a 0,05mL
de urina fresca em placas de Ágar Sangue, com incubação a 37°C por 24 horas. Ágar CLED também
pode ser usado. Se o resultado da cultura for negativo após 24 horas e na sedimentoscopia foi
observada a presença de microrganismos ou número elevado de leucócitos, incubar por mais 24
horas. A contagem de colônias pode variar de 0 a 100.000 UFC/mL (ou mais) e pacientes isentos de
infecção das vias urinárias não devem ter bactérias ou ter no máximo algumas colônias. Resultados
de 0 a 9.000 UFC/mL não tem significado clínico; de 10.000 a 90.000 UFC/mL há suspeita de
infecção e apenas acima de 100.000 UFC/mL considera-se início de infecção. O isolamento de três
ou mais espécies de bactérias indica, na maioria dos casos, falhas na coleta ou atraso no transporte.
87
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Se as culturas forem negativas, mas houver sinais clínicos de infecção das vias urinárias, deve-se
considerar a possibilidade de obstrução uretral, tuberculose vesical ou outra doença.
O exame microscópico da urina também pode fornecer informações relevantes. Uma gota de
urina fresca não centrifugada colocada em lâmina, coberta com lamínula e observada com luz de
intensidade restrita e objetiva de grande aumento em microscópio comum pode revelar a presença
de leucócitos, células epiteliais e bactérias, se o número for superior a 105/mL. O esfregaço de
urina não centrifugada corado pelo método de Gram, quando revela a presença de bastonetes gram
negativos, é diagnóstico de infecção do trato urinário.
Algumas tiras reagentes contendo leucócito-esterase e nitrito podem ser colocadas em contato
com a urina e reações positivas indicam a presença de células polimorfonucleares e bactérias,
respectivamente.
88
Capítulo 11
Coprocultura
Este exame é destinado a isolar os microrganismos causadores das diarreias, disenterias purulentas,
sanguinolentas e mucosas, e das dores abdominais. Em uma cultura de fezes, habitualmente,
é pesquisada a presença de agentes comuns em nosso meio, como Salmonella spp., Shigella
spp., alguns sorotipos de Escherichia coli e Campylobacter. Outros agentes também podem ser
pesquisados, mas é importante que sejam mencionados na solicitação médica.
Coleta e transporte
As fezes podem se apresentar sólidas, líquidas ou pastosas. Normalmente, quando as fezes do
paciente estão sólidas e ele está apresentando dores abdominais, o médico pode administrar um
laxante para facilitar o processo. Se as fezes estiverem líquidas ou pastosas há necessidade de se fazer
uma suspensão em salina estéril. Em todos os casos, as fezes devem ser coletadas em recipientes
estéreis, de boca larga e que possam ser hermeticamente fechados para transporte até o laboratório.
O frasco deve conter um conservante adequado, como glicerina tamponada ou Meio de Cary-Blair.
As amostras devem ser coletadas no início ou na fase aguda da doença, quando os patógenos estão
usualmente presentes em maior número e, preferencialmente, antes da antibioticoterapia.
Se a amostra não for entregue no laboratório em uma hora, conservar em geladeira a 4ºC, no máximo
por um período de 24 horas. Marcar o horário da coleta.
Em alguns casos, faz-se necessária a adoção da técnica de swab retal, em que o swab é umedecido em
salina estéril (não usar gel lubrificante) e inserido no esfíncter retal, fazendo movimentos rotatórios.
Ao retirar, certifique-se que existe coloração fecal no algodão.
Metodologias e considerações
As enterobactérias constituem a maior e mais heterogênea família de bactérias gram negativas
de importância médica. Apresentam-se como bacilos gram negativos, fermentadores de glicose,
com ou sem produção de gás, oxidase negativos, catalase positivos, reduzem nitrato a nitrito e
são anaeróbios facultativos. São considerados enteropatógenos por causarem preferencialmente
infecções gastrointestinais, como é o caso de Salmonella typhi, Shigella spp, Yersinia enterocolitica
e vários sorotipos de Escherichia coli, embora possam também causar infecção em outros locais.
89
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Qualquer tentativa de isolar bactérias patogênicas das fezes requer a separação dos microrganismos
da flora normal daqueles patogênicos, geralmente com o uso de culturas de enriquecimento, em
Caldo Selenito, Caldo Tetrationato ou Caldo GN, e de meios seletivos diferenciais (Ágar Shigella-
Salmonella, Ágar Hektoen, Ágar XLD, Ágar sulfito-bismuto, Ágar MacConckey, Ágar Verde
Brilhante, Ágar EMB ou Ágar ENDO). O Ágar Shigella-Salmonella e o Ágar MacConckey são os
mais comumente utilizados para inoculação de amostras de fezes e, nesses meios de cultura, além
das enterobactérias e dos enterococos, podem crescer ainda bactérias não fermentadoras e Candida
spp. O achado de leucócitos em suspensão de amostras de fezes examinadas ao microscópio constitui
uma forma útil de diferenciar as diarreias infecciosas invasivas das não invasivas.
A identificação de gêneros dentro da família é feita por uma série de provas bioquímicas. O Meio
TSI constitui o meio de identificação preliminar mais utilizado no mundo, permitindo a avaliação da
fermentação da glicose, produção de gás, produção de H2S e fermentação de lactose e/ou sacarose.
Apesar de muito útil, em alguns casos, novas provas precisam ser executadas para completar a
identificação das bactérias: motilidade, indol, lisina, ureia, citrato, fenilalanina, DNase, oxidase,
ornitina, arginina, arabinose, malonato, esculina e PYR.
O artigo de Andrade et al. (2010) apresenta uma revisão sobre métodos diagnósticos
para Campylobacter, Salmonella e Listeria. Disponível em: <http://www.biologico.
sp.gov.br/docs/arq/v77_4/andrade.pdf>
O Meio TSI (Triplice Sugar Iron) contém glicose (0.1%), lactose (1.0%), sacarose (1.0%),
tiossulfato de sódio, um sal férrico e, como indicador de pH, o vermelho fenol, que
lhe confere cor vermelha. O TSI é um meio sólido que deve ser mantido em posição
inclinada, quando do seu preparo. A inoculação é feita a partir de uma colônia bem
isolada, por picada central até o fundo, seguido de espalhamento na superfície
90
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
e incubação durante 18-24 horas a 35°C. O quadro a seguir mostra uma série de
enterobactérias identificadas com base nas características do crescimento nesse
meio. Que características metabólicas desses microrganismos podem ser deduzidas
com base nas mudanças do meio mostradas na figura? Descreva outras provas que
podem ser realizadas para confirmar a identificação de tais bactérias.
91
Capítulo 12
Secreções genitais
A seleção de materiais genitais, bem como sua coleta adequada, são fatores importantes na
interpretação das culturas deste tipo de material, uma vez que estes possuem uma grande quantidade
de microrganismos comensais.
De forma geral, grande parte das infecções do trato genital é assintomática ou causa sintomas muito
discretos, que podem passar despercebidos pelo paciente. Devido à grande variedade de agentes
possíveis de serem pesquisados, é muito importante que a suspeita clínica seja bem direcionada
para que os exames laboratoriais mais indicados sejam realizados.
Coleta e transporte
Diversos são os materiais clínicos do trato genital feminino e masculino que podem ser submetidos
a exames microbiológicos. Exsudados vulvares ou penianos, raspados ou biópsias não têm muito
valor para cultura a não ser em casos de suspeita de sífilis (Treponema pallidum) ou de cancro mole
(Haemophilus ducreyi). Deve-se obedecer a necessidade de três dias de abstinência sexual antes da
coleta, respeitando os seguintes passos:
»» limpar a superfície da lesão com soro fisiológico e gaze estéreis (evitar sabões);
»» fazer a compressão firme na base da lesão com gaze estéril e seca até à exsudação de
um fluido seroso, tentando evitar o sangramento;
»» limpar este fluido inicial permitindo que o fluido mais profundo venha à superfície.
Para o caso da suspeita de sífilis, colocar um pouco de produto numa lâmina para
fazer esfregaço. Em caso de suspeita de cancro mole, colocar o swab em meio de
transporte.
»» colher três amostras em três dias consecutivos antes de dar o resultado como
negativo
A coleta de exsudatos uretrais também deve respeitar os três dias de abstinência sexual e deve ser
realizada no mínimo uma hora após a última micção:
92
Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
Após três dias de abstinência sexual, a coleta de exsudatos vaginais deve ser realizada da seguinte
forma:
»» fazer raspado com swab na parte mais alta do canal vaginal, ou seja, saco lateral e
posterior da vagina, rodar por alguns segundos e retirar evitando o contato com a
parede vaginal;
Outras inúmeras técnicas de coleta podem ser indicadas, dependendo da infecção que se deseja
diagnosticar. O transporte das amostras das secreções genitais em frascos deve ser imediato, sendo
permitida a refrigeração de 2 a 8°C por no máximo 24 horas. As amostras coletadas em swab com
meio de transporte devem ser mantidas em temperatura ambiente e encaminhadas ao laboratório
em até 12 horas.
Metodologias e considerações
Dependendo das suspeitas clínicas, as amostras podem ser inoculadas em diferentes meios de
cultura, incluindo Ágar Sangue, Ágar Chocolate, Meio de Thayer Martin, entre outros. A coloração
de Gram também é bastante indicada. As amostras colhidas por punção podem ser diluídas em um
caldo nutriente e, depois, inoculadas no meio de escolha. O swab pode ser rolado diretamente sobre
o meio.
O cultivo de Haemophilus ducreyi (agente causador do cancro mole), colhido de úlceras genitais é
geralmente difícil. O material deve ser semeado imediatamente em Ágar Chocolate ou Ágar Müller-
Hinton. A colocação de um disco de vancomicina pode ajudar a inibir bactérias gram positivas.
Deve-se fazer também um esfregaço a ser corado pelo método de Gram, à procura de cocobacilos
gram lábeis agrupados em cadeias.
93
UNIDADE II │ Principais métodos para diagnóstico microbiano
Pesquise e explique como é realizado o teste da oxidase, utilizado como uma das
provas de identificação de bactérias do gênero Neisseria.
Considerações finais
Ao concluirmos essa unidade, notamos que existem muitas técnicas diferentes para identificar a
presença de um microrganismo patogênico pelas amostras de um paciente doente. Precisamos
atentar para o fato de que todos os métodos estão sujeitos à falta de precisão, por não detectarem
um patógeno ou uma resposta imune quando presentes, ou por indicarem a sua presença quando na
verdade o microrganismo ou a resposta estão ausentes. Alguns testes são mais sensíveis ou específicos
que outros, e as medidas de seu desempenho determinam quando e como devem ser utilizados.
Vale ressaltar ainda, que a simples presença de um microrganismo, ou de anticorpos contra ele
no soro do paciente, nem sempre indica uma infecção ativa nem estabelece necessariamente a
causa da doença, existindo sempre a necessidade de se interpretar qualquer teste microbiológico,
independentemente das características de seu desempenho técnico.
Assim, mais do que um retrato do crescimento nas placas de Petri, o laudo microbiológico deve ser
o resultado de uma leitura interpretativa e crítica dos resultados observados, de modo que possa ser
utilizado como um instrumento de comunicação e interação entre o laboratório de microbiologia
e o médico. O intuito é traçar linhas mestras para a orientação do raciocínio, deixando que cada
caso seja analisado como um exercício constante do bom senso cientificamente embasado. Para
tal, o microbiologista deve ter em mente os principais agentes etiológicos correspondentes a cada
material enviado, bem como da respectiva flora normal, para adequada interpretação do resultado.
Além disso, em sua rotina diária, para decidir a importância das bactérias ou fungos isolados deve
considerar: potencial patogênico do agente, a microscopia e o pedido médico. Não é possível, na
maioria das vezes, isolar e identificar todos os possíveis patógenos presentes nas amostras enviadas
ao laboratório e, por isso, se faz necessário informar o que foi pesquisado, bem como se o método
empregado foi quantitativo ou qualitativo. Portanto, nos laudos entregues ao médico e/ou paciente,
o laboratório deve listar apenas os agentes pesquisados na sua rotina ou, quando especificado pelo
clínico, relatar o resultado sobre os agentes solicitados. Sempre que possível, relatar pesquisa de
leucócitos, pois esses dados dão suporte ao diagnóstico das infecções.
O artigo de Flores (2005) traz uma revisão muito interessante sobre a medicina
baseada em evidências e o diagnóstico laboratorial. Disponível em: <http://www.
newslab.com.br/ed_anteriores/73/art05.pdf>
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Principais métodos para diagnóstico microbiano │ UNIDADE II
A Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz) lançou uma série de livros com o intuito
de integrar conhecimentos teóricos e práticos relacionados ao cotidiano dos
profissionais da saúde. O conteúdo abordado nos livros é abrangente e claro,
servindo como base para consultas rotineiras. Os livros estão agrupados na
coleção Conceitos e métodos para a formação de profissionais em laboratórios
de saúde e três dos quatro volumes que compõem essa coleção estão disponíveis
para download gratuito em: <http://www.epsjv.fiocruz.br/index.php?Area=Serie&
Tipo=1&Num=19&nInicio=1&quant=9>.
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Para (não) Finalizar
O mundo dos micróbios é um mundo invisível, poderoso e fantástico, que vale a pena conhecer!
Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, entre os milhares de microrganismos conhecidos,
apenas um número reduzido causam doenças em humanos e animais. Apesar dessa fama de “vilões”,
todos os animais e plantas dependem de transformações químicas efetuadas pelos microrganismos
no ambiente. Ou seja, eles não são tão maldosos assim. Muito pelo contrário: os agentes microbianos
promovem a reciclagem da matéria na natureza, transformando compostos complexos em outros
mais simples. Os produtos de degradação são absorvidos pelas plantas, e posteriormente as plantas
são ingeridas pelos animais. Por fim, as plantas, os animais e os seus dejetos são depositados no
ambiente e o processo se repete. Na ausência dos microrganismos a matéria orgânica se acumularia
indefinidamente. Além do papel imprescindível que executam no ambiente, os microrganismos se
destacam também pelas funções que desempenham em nosso corpo, tanto que a Microbiologia
Clínica tem buscado formas alternativas de controle das doenças infecciosas, de forma a combater
os prejuízos causados pelos microrganismos “maus” sem desestabilizar as relações que os “bons”
microrganismos têm com o corpo humano. A reportagem publicada em 5/8/2012 por Carl Zimmer
no The New York Times (Traduzida por Raquel Sodré), conta um pouco sobre essa nova abordagem:
“Não posso esperar até que essa se torne uma grande área da ciência”,
declarou Michael Fischbach, microbiologista da Universidade da Califórnia,
em São Francisco, e autor de um manifesto da ecologia médica, publicado
recentemente no periódico especializado “Science Translational Medicine”.
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para não finalizar
A ecologia médica não pretende acabar com o uso dos antibióticos. No entanto,
orientando o ecossistema invisível dentro dos nossos corpos e sobre ele, os
especialistas podem ser capazes de encontrar outras formas de combater
doenças infecciosas que impliquem efeitos colaterais menores. Observar
o microbioma também pode auxiliar o tratamento de disfunções que não
parecem estar relacionadas diretamente a bactérias, incluindo a obesidade e
o diabetes.
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REFERÊNCIAS
ABBAS, A. K.; LICHTMAN, A. H. Imunologia Celular e Molecular, 6o ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
BROOKS, G. F.; BUTEL, J. S.; MORSE, S. A. Microbiologia médica. 22a ed. Rio de Janeiro:
McGraw-Hill, 22a ed., 2001.
MINAMI, P. S. Micologia: Métodos laboratoriais de diagnóstico das micoses. São Paulo: Editora
Manole, 2002.
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Referências
SCHAECHTER, M.; INGRAHAM, J. L.; NEIDHARDT, F.C. Micróbio: uma visão geral. Porto
Alegre: Artmed, 2010.
TORTORA, G.J.; FUNKE, B.R.; CASE, C.L. Microbiologia. 10a ed. Porto Alegre: Artes Médicas
Sul, 2012.
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