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Legislação Ambiental, Licenciamento

Ambiental e Gestão Ambiental

Brasília-DF.
Elaboração

Silvia Barreira Zambuzi

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO DAS ÁREAS – UM PROCESSO ANCESTRAL................................................................ 9

CAPÍTULO 2
MUDANÇAS E AVANÇOS NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA............................................ 17

CAPÍTULO 3
OUTRAS LEIS AMBIENTAIS......................................................................................................... 42

UNIDADE II
LICENCIAMENTO AMBIENTAL................................................................................................................. 46

CAPÍTULO 1
O BRASIL E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL – HISTÓRICO.......................................................... 47

CAPÍTULO 2
ESTUDOS AMBIENTAIS E MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO.................................................... 65

UNIDADE III
GESTÃO AMBIENTAL.............................................................................................................................. 90

CAPÍTULO 1
CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...................................................................... 90

CAPÍTULO 2
GESTÃO AMBIENTAL E AS ORGANIZAÇÕES............................................................................ 102

CAPÍTULO 3
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – ISO 14000........................................................................ 108

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 128

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 130


Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

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Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A ação do homem sobre o meio ambiente ocorre desde o início de sua existência, com o
uso dos recursos naturais como fonte de vida e sobrevivência.

Ao longo das civilizações, os povos passaram a reconhecer os locais onde haviam


características geográficas especiais e passaram a, naturalmente, protegê-las. Esses
locais ora estavam associados a fatos históricos, ora a mitos e lendas, ou à proteção de
fontes de água, plantas medicinais e madeira para aquecimento (DIEGUES; ARRUDA,
2001).

Ao longo do processo evolutivo, a preocupação com as disputas e conquistas de


territórios fizeram com que o uso dos recursos naturais passasse a ser intenso, não
apenas para subsistência, mas também para a ganância de uso dos territórios.

Neste contexto, começam a surgir normas para disciplinar a conduta humana sob
um meio ambiente que já não consegue retomar, naturalmente, seu ciclo natural de
renovação.

As leis ambientais progrediram ao longo desse processo evolutivo, sendo distintas e


específicas para cada país, local ou particularidade de ambiente, entretanto, muito
ainda deve ser discutido e evoluído a este respeito, em todo o mundo. O Licenciamento
Ambiental faz parte deste contexto, sendo uma normatização recente e repleta de
imperfeições, por isso, deve ser analisada de forma crítica e profunda. Só assim
é possível garantir a sustentabilidade nas ações antrópicas que, invariavelmente,
precisam ocorrer, para que esse processo evolutivo de nossa espécie prossiga de forma
harmoniosa com o planeta em que vivemos.

Objetivos
Os principais objetivos do tema de estudo são:
»» Descrever o processo evolutivo da legislação ambiental no mundo e no
Brasil.
»» Apontar as principais leis ambientais brasileiras.
»» Analisar o processo de Licenciamento Ambiental no Brasil.
»» Descrever o conceito de sustentabilidade, sua evolução e os procedimentos
e as ferramentas utilizadas atualmente para discutir o desenvolvimento
sustentável.

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8
LEGISLAÇÃO UNIDADE I
AMBIENTAL
Para compreender as leis ambientais atuais, é preciso acompanhar o processo evolutivo
do tema ambiental na conjuntura histórica, tanto do Brasil quanto do mundo.

A história da legislação ambiental brasileira acompanha, ora de forma alinhada, ora


de forma anacrônica, os acontecimentos e as tendências mundiais sobre o tema,
especialmente pensando nas consequências das ações do homem ao longo do processo
de desenvolvimento econômico industrial e urbano.

Por isso, não é possível descrever esses processos no Brasil e no mundo sem que haja
uma sincronicidade, uma vez que, naturalmente, o processo evolutivo da discussão do
tema é concomitante e precisa ser compreendido em seu todo.

CAPÍTULO 1
Proteção das áreas – um processo
ancestral

A relação homem e natureza, desde os primórdios da nossa espécie, tem sido


conturbada. Ao longo do tempo, muitas civilizações pagaram um alto preço por não
terem se atentado para a possibilidade de ocorrer o esgotamento dos recursos naturais.
Um exemplo emblemático dessa relação são os Rapanui, civilização que habitava a Ilha
de Páscoa até o Século XVII e que desapareceu após entrar em colapso, ao qual muitos
atribuem ao esgotamento dos recursos naturais da ilha. A exploração de madeira
excessiva – causando o desmatamento e o consequente esgotamento do solo – além do
uso das águas, são uns dos elementos que podem ter feito com que várias civilizações
tivessem um destino semelhante.

O fato é que, da mesma forma, várias civilizações vieram a proteger locais que, de
alguma forma, eram reconhecidos por estes povos antigos como locais associados a
mitos e crenças, rituais, locais históricos marcantes etc. Posteriormente, passaram
a proteger locais de abastecimento de água, que possuíam plantas medicinais etc.,

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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

sempre pensando na sua sobrevivência. Os povos da Antiguidade, por exemplo, já


faziam referência à proteção ambiental. Platão, na Grécia Antiga, fazia referência à
importância das florestas como defensoras do solo contra a erosão, e Cícero, em Roma,
já atuava protegendo as florestas da Macedônia contra os inimigos. A famosa Lei das
XII Tábuas (450 AC) já continha disposições para prevenir a devastação das florestas.
O famoso explorador Marco Polo já citava os líderes mongóis como defensores das aves
contra a caça no período de reprodução destas (FREITAS FILHO, 2016).

Legislação ambiental
Da mesma forma que ocorreu com as leis fundamentais gerais, as leis ambientais
passaram por um processo de evolução histórica desde a Antiguidade, mas se
consolidaram de forma mais tardia, somente com a formação dos Estados. Atualmente,
o tema passou a ser uma preocupação mundial, a partir não só de leis, mas de tratados
internacionais.

Foi na década de 1960 que a preocupação com o meio ambiente veio mais à tona em
todo o mundo, especialmente graças às pressões públicas coletivas, um reflexo das
consequências do avanço industrial e exploratório dos recursos de forma desmedida.
Neste período, surgem leis de diferentes países na busca de um regramento de atividades
poluidoras das águas, ar e solo, sendo criados diversos órgãos internacionais especiais
para o meio ambiente.

Um exemplo disso é a Carta Europeia das Águas, escrita em 1968, estabelecendo o


princípio de que as águas não conhecem fronteiras. Posteriormente, reconhece que não
só as águas como a atmosfera também não conhecem fronteiras. Tais instrumentos
deram início a uma onda ecológica em toda a Europa, motivando outros continentes a
fazer o mesmo. Na África, no mesmo ano, surgiu a Convenção Africana para conservação
da natureza e dos recursos naturais, substituindo a Convenção de Londres de 1933,
firmada entre os países colonizadores. A Convenção da Organização da União Africana
é tida

como um modelo pelos princípios ali estabelecidos (criação de reservas,


regulamentação da caça, da captura, da pesca e proteção especial de
certas espécies: fauna e flora) não só no que tange às espécies, mas
também a seu ‘”habitat”, como a responsabilidade dos Estados que
tenham, em seu território, uma espécie rara (NAZO; MUKAI, 2001).

Nas décadas seguinte, surgiu, das discussões sobre o meio ambiente, a necessidade
de se discutir a relação deste ambiente com o homem. A Organização das Nações

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Unidas (ONU) tem um papel importante neste período, com Pactos Internacionais e
Declarações de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e Direitos Civis e Políticos,
trazendo a tônica de assegurar os direitos fundamentais do homem à vida, à saúde, ao
trabalho, à educação, para ter condições mínimas de desenvolvimento considerando o
meio em que vivem.

Veremos mais adiante como a discussão acerca da temática do meio ambiente foi mais
profunda da década de 1970 em diante, na Unidade III – Sustentabilidade.

Legislação Ambiental no Brasil


O modelo de desenvolvimento brasileiro foi baseado, desde o descobrimento pela
coroa portuguesa, na exploração dos recursos naturais existentes nas extensas terras
do território, os quais pareciam ilimitados.

A legislação portuguesa possuía, até então, alguns ordenamentos de proteção à natureza


em seus registros, como por exemplo, a proibição do furto de aves em 1326 e o corte
deliberado de árvores frutíferas, por volta de 1393. Essas medidas foram reunidas nas
chamadas Ordenações Afonsinas, que estavam em vigor na época do descobrimento do
Brasil e introduzidas – aquelas que de fato atendiam aos interesses da Coroa portuguesa
– na colônia (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009).

As ordenações Manuelinas, editadas em 1521, também possuíam normas de caráter


ambiental, como a caça de alguns tipos de animais com instrumentos entendidos como
cruéis, e a proibição da comercialização de colmeias sem preservar as abelhas. O corte de
algumas árvores frutíferas (com valor econômico alto) teria como punição a extradição
do degradado para o Brasil.

Durante o período em que o Brasil passou para o domínio espanhol, as Ordenações


Filipinas indicaram uma preocupação maior com as águas, proibindo o despejo de
materiais que pudessem matar os peixes em rios e lagos (NAZO; MUKAI, 2001).

É importante lembrar que a abundância de recursos naturais do Brasil colônia –


especialmente florestais – tinham grande importância estratégica para Portugal,
em fase de plena expansão de navegação, que demandavam grandes quantidades de
madeira para a construção das embarcações, enquanto estes recursos já apresentavam
escassez no país europeu.

À medida que a exploração florestal ao longo da costa foi tornando-se cada vez mais
escassa, foi necessária a exploração das florestas mais interiores, com determinações

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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

específicas para corte e comercialização da madeira, e o descumprimento destas


resultavam em altas penas e multas.

“Madeira de Lei”
Essa expressão, que hoje usamos para identificar as madeiras resistentes e de
valor comercial alto, como o mogno, cedro etc., surgiu no período colonial
quando os portugueses a criaram para designar as madeiras que só podiam ser
derrubadas se a Coroa portuguesa autorizasse, ou seja, o corte dependia de uma
permissão por lei.

Figura 1. Diversas são as representações da exploração do Pau-Brasil, primeira madeira


considerada “de lei” do Brasil.

Fonte: Costa (2017).

O pau-brasil foi a primeira madeira classificada de lei, para impedir que esta fosse
contrabandeada pelos espanhóis, franceses ou ingleses que aportavam na costa
do nosso país (MUNDO ESTRANHO, 2011).

A conservação das florestas ao longo da costa brasileira foi determinada em 1800,


com a promulgação de uma Carta Régia, que incluía patrulhas para a fiscalização da
atividade de exploração de madeira. Em 1802, surgiram as primeiras instruções que
recomendavam o reflorestamento de partes da costa brasileira já muito devastada,
especialmente no entorno das cidades que estavam em crescimento.

Um marco significativo em todo o desenvolvimento das leis – ambientais ou não – foi


a chegada da família real ao Brasil, em 1808. A criação do Jardim Botânico do Rio de

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Janeiro, em 1811, é um exemplo do período, ainda que sua função não possuía interesse
de conservação, apenas o estudo da flora brasileira com interesses econômicos.
(KENGEN, 2001 apud BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009). Ainda assim, a criação
do Jardim Botânico foi um ato relevante para a evolução das discussões relativas à
legislação ambiental no país, sendo considerado o primeiro passo para a regulamentação
das áreas protegidas, até chegarmos no que hoje é o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, que veremos adiante.

Em 1821, a primeira legislação sobre o uso da terra foi promulgada. Ela previa a
manutenção de reservas florestais na sexta parte das áreas vendidas ou doadas, para
preservar as madeiras existentes. Essa iniciativa é também precursora de leis atuais,
como as chamadas Reservas Legais de propriedades rurais, previstas no Código
Florestal Brasileiro, que veremos adiante.

Com a extinção do monopólio imperial sobre o pau-brasil em 1831, aliado ao intenso


crescimento da agricultura e ao estímulo à ocupação do território brasileiro, o período
foi de pouca preocupação ambiental, com leis mais brandas, até a criação do primeiro
Código Florestal, em 1934, já no Estado Novo. O destaque desse Código foi a classificação
das florestas em protetoras, remanescentes, modelo e de rendimento. As florestas
consideradas protetoras conservavam as águas, evitavam a erosão e abrigavam a fauna,
além de proteger fronteiras do país. As florestas remanescentes eram destinadas à
conservação, enquanto as florestas modelos eram plantadas (com espécies nativas ou
exóticas). Por fim, as florestas de rendimento eram aquelas em que era permitida a
exploração intensa de seus recursos.

No mesmo ano, foi criado o Código de Caça e Pesca, que disciplinou o uso de
equipamentos, tornou obrigatório o uso de licenças para caça e pesca e proibiu a caça
de alguns animais úteis à agricultura. O Código das Águas (também criado em 1934)
estabeleceu, pela primeira vez, regras para o uso particular das águas e geração de
energia. O surgimento dessas leis, bem como da Constituição de 1934, embora com
uma visão utilitarista dos recursos naturais, impulsionou o desenvolvimento do que é a
legislação ambiental brasileira atualmente (HENDGES, 2016).

A década de 1930 marcou também a criação do primeiro Parque Nacional do país,


localizado em Itatiaia – RJ. (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009). Deste período
até a década de 1960, foram criados mais de 14 Parques Nacionais.

Em 1965, foi criado um novo Código Florestal, Lei no 4.771/1965, que substituiu o
anterior de 1934 e trouxe as florestas como bem comum a toda a população. Além
disso, definiu duas linhas políticas aos recursos florestais: uma de proteção, criando as
Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais e áreas de uso indireto, como

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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

parques; outra linha, de conservação, por meio do uso racional e exploração de florestas
nativas, uso múltiplo de áreas e “permitindo ao Estado uma interferência direta no
uso das florestas particulares quando necessária à defesa de interesses coletivos”
(HENDGES, 2016).

Em 1967, foi criado o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF, o que


depois se tornaria o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis – IBAMA, que falaremos adiante.

A década de 1970 foi marcada, no Brasil e no mundo, pelo início das discussões
ambientalistas, como uma reação ao choque do petróleo e do crescimento urbano e
industrial sem controle. O Brasil estava em pleno “milagre econômico” e indiferente a
este levante ambiental mundial. A criação dos Planos Nacionais de Desenvolvimento
durante o período militar brasileiro foi desastrosa para o meio ambiente, sendo os
incentivos dados ao governo para a exploração das terras do país os piores possíveis,
causando a destruição em massa dos recursos naturais.

Na Conferência de Estocolmo – que veremos mais detalhadamente adiante – em


1972, enquanto o mundo buscava formas de frear esse crescimento argumentando
que o planeta não poderia reagir a essa velocidade de degradação, o Brasil defendeu
o crescimento a qualquer custo, como forma de superar o subdesenvolvimento.
Segundo Borges, Rezende e Pereira (2009), “A Delegação Brasileira na Conferência de
Estocolmo declara que o país está aberto à poluição, porque o que precisa é dólares,
desenvolvimento e empregos” (MEDINA, 2009).

Apesar disso, ocorreram ações no país como um reflexo das novas discussões e
preocupações ambientais do mundo. Em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio
Ambiente – SEMA, para trabalhar em parceria com o IBDF. Em 1981, também como
resultado dessa nova tendência, foi criada a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei
no 6.938/1981, o primeiro grande marco da legislação ambiental do país. O segundo
grande marco foi a criação da Lei no 7.347/1985, de Ação Civil Pública, segundo a qual,
enfim, os danos ao meio ambiente poderiam efetivamente chegar ao Poder Judiciário
(GODOY; FACIO, 2013).

A redemocratização do país trouxe uma nova Constituição em 1988, terceiro grande


marco, que refletiu, de certa forma, nas influências de movimentos sociais e ambientais
do mundo, para que fossem incluídos princípios relativos ao tema, especialmente
baseados nos conceitos de desenvolvimento sustentável surgido no documento da
ONU, intitulado Nosso Futuro Comum – Relatório Brundtland, criado em 1987. Como
resultado, o artigo 225 da Constituição é totalmente dedicado ao meio ambiente,
dispondo que “Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações” (HENDGES,
2016).

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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

O quarto importante marco da legislação ambiental ocorreu com a criação da Lei no


9.605/1998 – Lei de Crimes Ambientai –, que incluiu sanções penais às atividades
prejudiciais ao meio ambiente.

A constituição e seus dispositivos legais trouxeram consigo um conjunto de leis que


consolidaram definitivamente a legislação ambiental brasileira como sendo uma das
mais avançadas e completas do mundo. Embora não haja confluência entre as leis e o
que de fato é praticado em grande parte dos setores – privados ou públicos –, devemos
considerar os avanços significativos destas normatizações.

É importante lembrar que, apesar de haver uma certa ordem cronológica nos fatos, a
legislação ambiental é marcada ora por avanços, ora por retrocessos, uma vez que ela
sempre está vinculada aos interesses dos governantes, ao grau de impacto das ações
e às discussões sobre meio ambiente do respectivo período (BORGES; REZENDE;
PEREIRA, 2009).

O autor Neder (2002) traçou, em um quadro, três dos principais momentos políticos/
legais do país e os comparou em relação à situação da questão ambiental no âmbito
jurídico institucional. Esse quadro é uma síntese de muitos assuntos que vocês já viram
até agora e que ainda verão nesse material, portanto, veja atentamente todo o processo
histórico da questão ambiental do Brasil para entender onde estamos atualmente na
questão.

Quadro 1. Momentos históricos do Brasil e a questão ambiental.

Assembleia Constituinte até


Período militar 1998-atual
1998

»» A partir de Bruntdland, problemas


»» Problemas vistos como pontuais.
são vistos como globais. »» Aquecimento global e perda
»» Poluição nas grandes cidades. de habitats.
Percepção dos »» Desmatamento na Amazônia e
problemas ambientais »» Necessidade de criação de perda da biodiversidade. »» Economia ambiental – valoração
Unidades de Conservação sem a econômica dos recursos naturais.
»» Visão socioambiental- homem
presença humana.
inserido no meio ambiente.

»» Estabilidade e crescimento
»» Democratização, com maior econômico.
»» Governo autoritário, com pouca/
participação popular.
nenhuma participação popular. »» Ascensão de grande parte da
»» Multiplicação de ONGs população e acesso a bens de
»» Maioria da população sem acesso
socioambientalistas. consumo.
a bens de consumo.
Cenário político- »» Transição entre crise e estabilidade »» Grandes obras de infraestrutura.
econômico-social »» Início do movimento ambientalista,
econômica.
ainda com visão romântica e »» Expansão do agronegócio e
separação homem-natureza. »» Brundtland – Nosso Futuro exploração de petróleo e energias
Comum, surgimento do conceito limpas.
»» Clube de Roma/ Conferência de
de Desenvolvimento Sustentável
Estocolmo. »» Kyoto, Rio + 10, Rio +20; Acordo
e Rio-92.
de Paris.

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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Principais legislações
»» Política Nacional do Meio Ambiente »» Resolução CONAMA no 237/1997 »» Novo Código Florestal (2012), Lei
ligadas ao licenciamento
e Res. CONAMA 01/1986. e Lei de Crimes Ambientais. Complementar 140.
ambiental

»» Criação do IBAMA, com a junção


»» Descentralização da gestão
da SEMA, IBDF, SUDEPE e
Dinâmica das »» Criação da SEMA, ligada ao ambiental
SUDHEVEA.
instituições ministério do Interior. »» Divisão do IBAMA, com a criação
»» Criação do MMA posteriormente à
do ICMBio, ANA etc.
criação do IBAMA.

Fonte: Adaptado de Neder (2002).

Conforme podemos observar no quadro, nos três contextos históricos distintos, a


questão ambiental tem um papel importante na transformação social, e vice-versa, uma
vez que as tendências de novas ideologias e avanços sociais também refletiram no papel
e na importância na qual o meio ambiente assume perante a sociedade.

Cabe destacar, nessa evolução, o papel do componente humano nas relações com o
meio ambiente. Se antes, até o período militar, o ser humano é visto como um elemento
perturbador das condições ambientais e da preservação do ecossistema, essa visão vai
mudando após a década de 1970, a partir das novas discussões sobre o desenvolvimento
sustentável, no qual engloba o ser humano como elemento que o compõe, e, portanto,
é responsável por ele – também para sua preservação.

É importante lembrarmos o contexto no qual algumas das leis ambientais foram


desenvolvidas – e vigentes até hoje – inclusive para notar que estas foram escritas sob
outro viés de pensamento, trazendo o homem como agente de destruição e não um
elemento de composição do meio ambiente, por exemplo.

Outra questão importante que se alterou ao longo do processo histórico são as


instituições públicas. Durante o período ditatorial, uma das principais características
era a centralização do poder público, e isso também ocorria com as instituições de gestão
ambiental. Esse processo mudou ao longo dos anos e a tendência atual é a descentralização
dos serviços. Ainda que, atualmente, essa descentralização compromete grande parte
dos serviços – e não somente os ligados à gestão ambiental – pela falta de estruturação
das instituições municipais, por exemplo, essa tendência é global e, quando realizada
de forma estruturada, com diálogo entre as estruturas das demais esferas do governo, é
uma transformação positiva da gestão pública.

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CAPÍTULO 2
Mudanças e avanços na Legislação
Ambiental Brasileira

Quando pensamos no Brasil, é possível entender porque não é tão simples assim a
questão ambiental, pois, é um país quase com o tamanho de um continente, com a
quinta maior nação do mundo, em um território que recobre cerca de 5,6% de toda
a superfície terrestre do planeta, e possui grande quantidade de água doce (cerca de
12% das reservas globais), além de uma grande biodiversidade de animais e espécies
vegetais em um local de relevo e clima favoráveis (LOPES, 2017).

O país, conforme já dissemos anteriormente, criou muitas de suas leis ambientais de


forma precursora, antes mesmo do auge das discussões mundiais sobre o tema. Isso
permitiu, de certa forma, que tais leis fossem evoluindo ao longo dos anos, ora acolhendo
temas antes não discutidos, ora adaptando-se às novas realidades existentes no país.

Embora, muitas vezes, tais leis são consideradas falhas, injustas ou até mesmo
excessivamente rigorosas, podemos afirmar que essa precocidade em desenvolver
meios que assegurassem (mesmo que inicialmente por interesses econômicos) a
conservação e regulassem o uso dos recursos naturais do país fizeram do Brasil um dos
países considerados mais avançados em termos de leis ambientais propriamente ditas.

Para compreender esses avanços e/ou mudanças nas principais leis, vamos descrever
as leis básicas e suas mudanças principais.

Código Florestal
Assim como a Constituição Federal, a denominação Código Florestal era inédita quando
foi promulgada, em 1934, por Getúlio Vargas, por meio do Decreto no 23.793/1934, com
o objetivo de refletir as preocupações do período e de normatizar o uso das florestas,
reconhecendo-as como de interesse social comum ao povo brasileiro.

O Código Florestal surgiu no contexto do avanço industrial do país, que precisava se


recuperar dos reflexos da crise mundial de 1929, quando houve a queda da bolsa de
Nova Iorque. O Brasil, que tinha no café seu principal produto, precisava diversificar
sua economia e passou a investir na indústria de base, como as metalúrgicas e as
siderúrgicas, que necessitavam de investimentos em mineradoras e madeireiras para

17
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

o fornecimento de matérias-primas. Neste sentido, era necessário regulamentar a


extração destes recursos para que não se esgotassem (SANTOS FILHO, 2015).

Destaca-se entre as diretrizes deste Código que “Nenhum proprietário de terras cobertas
de matas poderá abater mais de três quartas partes da vegetação existente [...]” (Decreto
Federal no 23.793/1934, Art. 23). Além disso, definiu o conceito de florestas protetoras
que, “apesar de similar ao conceito das áreas de preservação permanente (APP), não
previa as distâncias a serem preservadas” (PRAES, 2012).

Conforme dito anteriormente, as florestas foram, neste Código de 1934, classificadas


em 4 tipos: protetoras, remanescentes, modelo e de rendimento (BRASIL, 1934).

As florestas protetoras (art. 4o) seriam as que tinham como fins:

»» Conservar o regime das águas.

»» Evitar a erosão das terras pela ação dos agentes naturais.

»» Fixar dunas.

»» Auxiliar a defesa das fronteiras, de modo julgado necessário pelas


autoridades militares.

»» Assegurar condições de salubridade pública.

»» Proteger sítios que por sua beleza mereçam ser conservados.

»» Asilar espécimes raras da fauna indígena.

As chamadas floretas remanescentes (art.5o) seriam as de características:

»» Que formarem os parques nacionais, estaduais ou municipais.

»» Em que abundarem ou se cultivarem espécimes preciosas, cuja


conservação se considerar necessária por motivo biológico ou estético.

»» Que o poder público reservar para pequenos parques ou bosques, de gozo


público.

As florestas tidas como modelo (art.6o) seriam as artificiais, ou seja, plantadas com
vegetação nativa ou exótica, mas a lei não se atêm a muitos critérios ou descrições em
relação ao procedimento de plantio ou bioma, ou qualquer outro detalhe necessário
para o manejo adequado da floresta. As demais florestas, que não se enquadravam
nestas categorias descritas, eram consideradas florestas de rendimento.

18
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Outro destaque relevante deste Código Florestal de 1934 foi a criação do Fundo Florestal
(art. 98), o qual determinada que os recursos oriundos de contribuições das empresas,
companhias, institutos ou doações de particulares interessados na conservação das
florestas seria administrado pelo Ministério da Agricultura.

Apesar de precursora, obviamente que essa lei apresentava limitações e falhas – como
a questão da fiscalização pouco detalhada destas áreas a serem preservadas. Por isso,
sofreu alterações ao longo das décadas seguintes até a década de 1960, quando o
aumento das discussões e movimentos ambientalistas em todo mundo incidiram na
criação de um novo Código Florestal.

Assim, foi promulgada a Lei no 4.771/1965, refletindo à época a política intervencionista


da ditadura militar sobre as propriedades rurais, com destaque para a criação das
chamadas Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APP’s), e o proprietário
rural deve, a partir disso, preservar tais áreas estando sujeito às sanções e à recomposição
de tais áreas.

Reserva legal

A reserva legal (RL) é uma área dentro de cada propriedade com vegetação preservada,
que pode ser explorada economicamente somente de forma sustentável, ou seja, com a
conservação desta flora e também da fauna existente.

O Código Florestal de 1965 definiu como limites para a Reserva Legal 50% da área da
propriedade localizada na floresta Amazônica e 20% para as demais regiões do país,
limitando o uso do solo e a exploração da vegetação natural existentes na propriedade.
Posteriormente, com a Medida Provisória no 216/67 (art. 16o), estes limites foram
aumentados para 80% de reserva legal para florestas da Amazônia, 35% para o Cerrado
e 20% para as demais regiões do país.

Área de Preservação Permanente (APP)

Conforme o art 2o, eram consideradas Áreas de Preservação Permanente as florestas ou


formas de vegetação situadas:

a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água, em faixa marginal


cuja largura mínima será:

1 - de 5 (cinco) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de


largura:

19
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

2 - igual à metade da largura dos cursos que meçam de 10 (dez) a 200


(duzentos) metros de distância entre as margens;

3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior
a 200 (duzentos) metros.

b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou


artificiais;

c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d’água”, seja qual for a
sua situação topográfica;

d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;

e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45o,


equivalente a 100% na linha de maior declive;

f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;

g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas;

h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, nos campos


naturais ou artificiais, as florestas nativas e as vegetações campestres.

Figura 2. Limites definidos para APP’s no Código Florestal de 1965.

Nascentes Sem delimitação

Até 10m 5m

10m
a Metade da largura
200m do curso d’água

200m 100m
ou mais

Fonte: Senado Federal (2012).

20
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Em 1986, a Lei no 7.511 alterou os limites de APP, com um significativo aumento destas:

1. de 30 (trinta) metros para os rios de menos de 10 (dez) metros de


largura;

2. de 50 (cinquenta) metros para os cursos d’água que tenham de 10


(dez) a 50 (cinquenta) metros de largura;

3. de 100 (cem) metros para os cursos d’água que meçam entre 50


(cinquenta) e 100 (cem) metros de largura;

4. de 150 (cento e cinquenta) metros para os cursos d’água que possuam


entre 100 (cem) e 200 (duzentos) metros de largura; igual à distância
entre as margens para os cursos d’água com largura superior a 200
(duzentos) metros (Brasil, 1986).

Figura 3. Limites estabelecidos pela Lei no 7.511/1986 para as APP’s. As alterações dessa lei tornaram irregulares os

imóveis que obedeciam aos limites antigos das APP’s.

Nascentes Raio de 50m

Até 10m 30m

10m a 50m 50m

50m
100m
a 100m

100m
150m
a 200m
Igual à distância
200m entre as margens
a 600m

600m 500m
ou mais

Fonte: Senado Federal (2012).

As mudanças ocorridas em 1986, por meio desta lei, tinham influência significativa das
novas discussões sobre o meio ambiente e o uso dos recursos naturais, cada vez mais
latente em todo o mundo e não sendo diferente no Brasil.

Em 1989, a Lei no 7.803 incluiu um parágrafo ao art. 2o do Código Florestal vigente que
incluiu como APP também as áreas urbanas que se enquadrariam nas descrições da lei.

21
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Até então, só se referia às áreas rurais, quando tratava das APP’s, sempre observando
os Planos Diretores Municipais e leis de uso do solo para definir os limites destas APP’s.

Figura 4. A Lei no 7.803/1989 definiu a medição da APP a partir da margem dos cursos d’água na época das

cheias.

Nascentes Raio de 50m

Até 10m
30m

10m a 50m 50m

50m 100m
a 200m

200m 200m
a 600m

600m 500m
ou mais

Fonte: Senado Federal (2012).

O país, por deter grandes áreas de florestas e uma abundância de recursos como água
e minerais, estava na mira dessas novas discussõest mundiais e, não à toa, foi sede da
Conferência Rio-92, organizada pela ONU e considerada um marco para a evolução da
temática ambiental e popularização do tema, especialmente para o Brasil.

Apesar disso, a prática estava cada vez mais distante das teorias de preservação e os
anos seguintes registraram um intenso aumento do desmatamento da Amazônia. Para
tentar conter essas ações, o governo do período promoveu a modificação da Lei no
4.771/1965, por meio da Medida Provisória de no 2.166, sendo esta medida reeditada 67
vezes até o ano de 2001 (PRAES, 2012).

Em 2000, a Medida Provisória no 1956 trouxe outra novidade para a classificação de


APP’s. Em seu texto, havia a indicação de que não seria necessária a presença de mata
nativa para ser considerada área de APP, incluindo no art.1o do Código Florestal o
parágrafo:

“Art. 1o; Parágrafo 2o. Para os efeitos deste Código, entende-se por:

22
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

II – área de preservação permanente: área protegida nos termos dos


arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função
ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade
geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o
solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.

Uma das principais ações para coibir esse desmatamento foi o surgimento da Lei de
Crimes ambientais no 6.905/1998, que previa severas sanções para os desmatadores.
Falaremos mais adiante sobre essa lei.

Novo Código Florestal Brasileiro – Lei no 12.651/2012

Em 2009, iniciou-se a revisão do Código Florestal, por uma bancada de deputados


composta, em grande parte, pelos chamados “ruralistas”, ou seja, deputados que
possuíam alguma relação com terras – especialmente na Amazônia – sendo muitos
donos de grandes propriedades e latifúndios, o que pautava o teor das discussões acerca
da revisão do Código Florestal, gerando polêmicas especialmente com ambientalistas
que alegavam que a revisão da lei favorecia a toda classe de grandes produtores rurais,
pecuaristas e latifundiários.

A comunidade científica, além dos ambientalistas, também criticou duramente as


diversas modificações da lei, afirmando que as propostas seriam um retrocesso na
preservação ambiental. Até que em abril de 2012 o texto final foi aprovado e foi publicada
a Lei no 12.651/2012, após mais de 10 vetos e 30 modificações no texto proposto
inicialmente. Algumas regulamentações foram dadas pelo Decreto no 7.830/2012.

Mas quais as polêmicas em relação a essa lei?

Vamos destacar as principais alterações da lei de 2012 em relação ao Código Florestal


de 1965:

»» Permissão de uso nas APP’s: admite-se o plantio de culturas temporárias


e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra exposta no período
de vazante dos rios e lagos – desde que não haja novas supressões de
vegetação nativa – para as pequenas propriedades exploradas por
empreendedores familiares rurais, incluindo assentamentos e projetos
de reforma agrária (art. 4o, § 5o).

»» Permissão para a prática de aquicultura e infraestrutura ligada a tal prática


nas APP’s dos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, desde
que estejam regulares com os Planos de Bacia, não necessitem de novas

23
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

supressões de vegetação nativa, tenham regulamentado o licenciamento


ambiental competente e estejam inscritos no CAR.

»» Permissão para incluir as APP’s no cálculo de Reserva Legal das


propriedades, desde que a área esteja em recuperação ou conservada e
incluída no CAR (art. 15), o que pode diminuir as áreas totais protegidas.

»» Possibilidade de realizar recomposição de Reserva Legal com espécies


exóticas (art. 66), o que pode comprometer a biodiversidade natural do
ambiente.

»» Compensação da Reserva Legal em outra área: permissão para instituir


RL em regime de condomínio ou coletiva, entre diversas propriedades,
respeitando o percentual previsto. Embora haja a obrigatoriedade desta
compensação ser no mesmo bioma da RL original, pode-se perder a
identidade ecológica e as características especificas do local que deveria
ser recomposto.

»» Anistia de multas para alguns casos em que produtores/proprietários


tenham desmatado áreas protegidas até 22 de junho de 2008, com a
obrigação de recomposição parcial da área desmatada. Embora haja
essa obrigação, os ambientalistas criticam essa alteração da lei por abrir
brechas jurídicas e precedentes que incentivem o desmatamento.

Afinal, por que a data de 22 de julho de 2008?

Nessa data, foi publicado o Decreto no 6.514, que trata sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente.

A lógica do Novo Código Florestal é de que, quem cometeu infrações até essa
data, não poderá ser punido pois não havia leis competentes para tais sanções
anteriormente.

»» Cota de Reserva Ambiental (CRA) é um mecanismo proposto pela nova


lei para que seja criado um mercado de negociação de áreas excedentes
de Reserva Legal de uma propriedade para que outro produtor que tenha
reserva insuficiente a utilize, como um título, negociável, inclusive,
na Bolsa de Valores. Entretanto, na prática, ainda não há iniciativas
existentes dessa prática (ORENSTEIN, 2017).

24
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

»» Possibilidade de redução da Reserva legal na Amazônia, pois embora a lei


tenha mantido o valor de 80% de RL nesse bioma, este pode ser reduzido
a até 50% caso haja autorização dos órgãos competentes.

»» As APP’s, que antes eram medidas a partir do leito maior dos rios,
passaram a ser medidas a partir do leito regular, ou seja, pode haver uma
diminuição do leito e, consequentemente, da APP deste.

Resumindo as APP’s (REINIS, 2016):


»» Até 1965, não existiam as Áreas de Preservação Permanente, sendo
que as áreas na beira dos cursos d’água com vegetação nativa podiam
livremente ser suprimidas.

»» Entre a criação da Lei no 4.771/1965 até a Lei no 7.511/1986, os


proprietários de terrenos em áreas rurais que tivessem áreas
nativas no entorno dos rios e cursos d’água tinham a obrigação de
preservá-los nos 5 metros do entorno da margem, mas isso só era
obrigatório para áreas rurais.

»» A partir da criação desta lei, em 1986, os proprietários de terras em áreas


rurais com vegetação nativa no entorno dos cursos d’água passaram a
ser obrigados a preservar 30 metros da margem, enquanto nas áreas
urbanas surgiu a restrição, de acordo com as leis de parcelamento de
solo específicas.

»» Em 1989, a criação da Lei no 7.803 fez com que as leis municipais e seus
Planos Diretores passassem a obedecer aos limites e princípios do
Código Florestal. Ou seja, nas áreas urbanas, os limites de preservação
para as margens no entorno de rios e cursos d’água também passaram
para 30 metros.

»» Em 2000, com a Medida Provisória no 1956, passou a ser necessária


a preservação de qualquer área no entorno dos cursos d’água, não
necessariamente as áreas de vegetação nativa, mas qualquer área que
se enquadre nesse entorno.

»» Com a criação do novo Código Florestal em 2012, excluíram-se os


cursos d’água efêmeros das APP’s, bem como foi liberado às pequenas
propriedades o plantio de culturas temporárias e sazonais de ciclo
curto em áreas de vazantes (§ 5o), e a prática da aquicultura para

25
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

imóveis com até 15 módulos fiscais (§ 6o), desde que nada disso
decorra à necessidade de supressão de vegetação, seja realizado o
licenciamento ambiental (no caso da aquicultura) e a propriedade
tenha Cadastro Ambiental Rural – CAR.

Cadastro Ambiental Rural – CAR

Uma das inovações consideradas positivas pela nova lei é a criação do Cadastro
Ambiental Rural (CAR), para que – teoricamente – os órgãos ambientais conheçam a
localização de cada imóvel rural e sua situação ambiental.

O CAR é um sistema nacional virtual que reúne informações de todas as propriedades


rurais, com nome do proprietário ou possuidor da terra, a planta georreferenciada do
perímetro do imóvel, informações sobre a APP, Reservas Legais e/ou Áreas de Uso
Restrito deste. Todas essas informações vão para o chamado Sistema de Cadastro
Ambiental Rural (SICAR), dentro do chamado Sistema Nacional de Informação sobre
Meio Ambiente (SINIMA). Esse cadastro é obrigatório conforme a lei, sendo critério
determinante para possibilitar a aquisição de créditos agrícolas, por exemplo.

O principal objetivo do CAR é compor uma base de dados para o controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.

Após a inscrição no CAR, os proprietários ou possuidores de imóveis rurais com passivos


ambientais (especialmente ligados à supressão de vegetação nativa) ocorridos até 22 de
julho de 2008 em áreas de APP, de Reserva Legal ou de Uso Restrito podem solicitar
adesão ao Programa de Regularização Ambiental (PRA) do respectivo Estado.

O PRA é mais uma das novidades do novo Código Florestal, para que os Estados orientem
os produtores rurais na implementação de ações para a recomposição das áreas com
passivos ambientais nas suas propriedades, seja em APP’s ou Reserva Legal. O PRA
dará os procedimentos para recuperação, recomposição, regeneração ou compensação
(este último para as RL’s suprimidas até a data).

Passivos ambientais são as obrigações – voluntárias ou involuntárias – de


preservação, recuperação e/ou proteção do meio ambiente pela qual empresas
ou particulares são responsáveis.

O Programa de Regularização Ambiental – PRA foi previsto em lei para agregar as


ações para a regularização ambiental das propriedades, sendo sua adesão obrigatória
para os inscritos no CAR. Para isso, o proprietário ou responsável pelo imóvel rural
assina um Termo de Compromisso para recompor, manter ou recuperar as áreas

26
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

degradadas nas suas APP’s, Reservas Legais e Uso Restrito. A partir da assinatura
do Termo de Compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações
relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de
Reserva Legal e de Áreas de Uso Restrito cometidas antes de 22 de julho de 2008,
nas denominadas “áreas rurais consolidadas”, ou seja, com ocupação antrópica onde
deveria haver área preservada conforme a lei. Essa medida é muito questionada pelos
ambientalistas, pois é considerada uma anistia aos que devastaram áreas protegidas
por lei até esta data.

Neste sentido, as pequenas propriedades são favorecidas, uma vez que há na lei regras
diferenciadas para as propriedades com até 4 módulos fiscais para a regularização da
Reserva Legal.

As discussões acerca do chamado Novo Código Florestal envolvem os chamados


ruralistas, acadêmicos e ambientalistas que divergem de opinião sobre a
revisão do texto original. Enquanto ruralistas afirmavam que o antigo Código
Florestal impedia o desenvolvimento econômico da agropecuária, acadêmicos e
ambientalistas concordavam em afirmar que não havia embasamento e estudos
para as novas determinações do Código. O fato é que impossível conciliar
interesses sociais, econômicos e ambientais em uma lei que promova, ao mesmo
tempo, a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento econômico da
agropecuária.

Para os chamados ruralistas, é necessário expandir as fronteiras agrícolas para o


aumento da produção, o que era dificultado pelo Código Florestal anterior; para
os acadêmicos, é importante desenvolver a agricultura, mas essas mudanças
devem ser embasadas pela ciência; para os ambientalistas, as leis trazem
facilitação para desmatar, o que provoca desequilíbrio ecológico, prejudicando
inclusive a agricultura (PRAES, 2012).

De fato, algumas pesquisas afirmam que as terras já existentes para a produção


agropecuária poderiam ser suficientes para dobrar a produção, apenas com o
melhoramento e desenvolvimento de tecnologias para tal (SPAROVEK et al.,
2011 em PRAES, 2012).

Embora houve consenso na revisão do Código Florestal de 1965, os divergentes


interesses dificultaram na reformulação do texto final do novo Código Florestal.
Essas divergências prejudicam a busca por um real desenvolvimento sustentável
do país.

27
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

É preciso fazer uma análise crítica sobre o tema e não estar somente de um
lado, mas realizar uma reflexão do que podemos fazer para compatibilizar o
desenvolvimento do setor agropecuário com a sustentabilidade ambiental. Esse
é o desafio às próximas gerações.

Para esclarecer melhor todos os itens do chamado Novo Código Florestal, o CI


Florestas ilustrou as mudanças e os conceitos da lei. Acesse:

<http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/index.html>.

Lei das águas à Política Nacional de Recursos


Hídricos

O crescimento da população, aliado ao uso intenso de recursos hídricos em atividades


como a agricultura e indústria – para suprir as necessidades desta população em
crescimento –, fez com que as águas fossem utilizadas ao longo da história de forma
deliberada, tanto para o abastecimento quanto para a diluição de efluentes, irrigação e
produção industrial. Isso ocorreu em todo o mundo, em períodos distintos da evolução
de cada região.

O Brasil, por apresentar dimensões de um continente e uma grande abundância de


recursos hídricos, precisou dar a devida importância para estes na construção de
medidas com a finalidade de normatizar o uso destas.

A primeira lei que buscou isso foi o “Código de Águas”, Decreto no 24.643, de 10 de
julho de 1934, criada por Getúlio Vargas. O decreto fala dos tipos de água (públicas,
comuns e particulares), das desapropriações caso sejam necessárias para o bem do
aproveitamento da água, das concessões, autorizações e penalidades, bem como do uso
para aproveitamento de energia hidráulica.

Sobre as penalidades, o decreto prevê que quem poluísse as águas, ainda que as
particulares, poderia ter responsabilidades criminais, além da recuperação das águas.
No entanto, não dá maiores detalhes sobre quais responsabilidades seriam estas:

Art. 109. A ninguém é lícito conspurcar ou contaminar as águas que não


consome, com prejuízo de terceiros.

Art. 110. Os trabalhos para a salubridade das águas serão executados à


custa dos infratores, que, além da responsabilidade criminal, se houver,
responderão pelas perdas e danos que causarem e pelas multas que lhes
forem impostas nos regulamentos administrativos.

28
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Art. 111. Se os interesses relevantes da agricultura ou da indústria o


exigirem, e mediante expressa autorização administrativa, as águas
poderão ser inquinadas, mas os agricultores ou industriais deverão
providenciar para que as se purifiquem, por qualquer processo, ou
sigam o seu esgoto natural (BRASIL, 1934).

O Código das Águas foi a lei mais importante para normatizar o uso das águas até a
Constituição Federal de 1988, quando foi extinto o domínio privado das águas, passando
a ser de domínio público todo o tipo de água, desde a subterrânea até a superficial,
as nascentes etc. Desde 1988, portanto, as águas podem ser consideradas (BORGES;
REZENDE; PEREIRA, 2009):

»» Domínio da União: rios e lagos que banhem mais de uma unidade federada,
ou que sirvam de fronteira entre essas unidades, ou entre o território do
Brasil e o país vizinho ou deste provenham ou que se estendam até ele.

»» Domínio dos estados, para suas águas superficiais ou subterrâneas,


fluentes, emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, as decorrentes
de obras da União.

Em 1997 foi criada a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH pela Lei no
9.433/1997, lei que objetivava modernizar as normas para o uso das águas numa
perspectiva já voltada à sustentabilidade destes recursos a partir das discussões
ambientais crescentes no período em todo o mundo. É possível verificar a influência
destas novas perspectivas ambientais nos objetivos desta lei, em seu art. 2o, que diz
“assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos” (BRASIL, 1997).

Enquanto o Decreto de 1934 prioriza o direito da propriedade das águas, a Lei que
instituiu a PNRH reforça a supremacia do domínio público das águas sobre o privado, ou
seja, para alguns aproveitamentos e explorações, o interessado precisa seguir os termos
legais e solicitar autorizações específicas dos órgãos competentes (CAVALCANTI;
CAVALCANTE, 2016).

A lei busca organizar o planejamento e a gestão dos recursos hídricos com a criação de
diversos instrumentos políticos para o setor:

»» Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH): o


sistema tem como objetivo implementar a PNRH, coordenando a gestão
das águas, controlando o uso, a preservação e a recuperação, bem como
participar do processo de cobrança pelo uso dos recursos hídricos.

29
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Como partes integrantes do SINGREH, estão:

»» o Conselho Nacional de Recursos Hídricos;

»» a Agência Nacional de Águas;

»» os Conselhos de Recursos Hídricos dos Estados e do Distrito Federal;

»» os Comitês de Bacia Hidrográfica;

»» os órgãos dos poderes públicos federal, estaduais, do Distrito Federal e


municipais que estejam relacionados à gestão dos recursos hídricos;

»» as Agências de Água.

Podemos assim dizer que essa lei se sustenta por dois pilares prioritários: o planejamento
e aproveitamento de uso e a participação de todos os setores usuários na tomada de
decisões, visando uma gestão participativa e descentralizada, com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades.

Em 2000, foi criada, pela Lei no 9.984/00, a Agência Nacional das Águas – ANA, com
o objetivo de executar a PNRH. A ANA, enquanto autarquia (ou seja, com autonomia
administrativa e financeira) é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e foi criada
para viabilizar condições técnicas para a efetivação da Lei das Águas (BORGES;
REZENDE; PEREIRA, 2009).

A ANA segue, basicamente, quatro linhas de ações (ANA, 2017):

»» Regulação: regula o acesso e o uso das águas que são de domínio da União,
os serviços de irrigação e adução, além de emitir e fiscalizar as outorgas
para o uso de água e também fiscalizar a segurança das barragens.

»» Monitoramento: a ANA é o órgão responsável por acompanhar a situação


dos níveis, vazões, quantidade de chuva, além de definir as regras para a
operação dos reservatórios das Usinas Hidrelétricas em parceria com o
Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a fim de regular o uso da
água represada.

»» Aplicação de lei: é uma das atuações mais importantes da ANA, uma vez
que auxilia na coordenação e implementação da PNRH, a partir do apoio
a programas e projetos, articulando com os órgãos estaduais gestores dos
recursos hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica.

30
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

»» Planejamento: participa da elaboração de estudos como os Planos de


Bacias hidrográficas, Relatórios Técnicos, entre outros, em parceria com
outros órgãos públicos ou instituições.

Conheça mais sobre o que a ANA. Veja documentos produzidos e mapas dos
recursos hídricos do Brasil no site: <http://www.ana.gov.br>.

Outra ação legal significativa para normatizar o uso destes recursos hídricos foi a criação
da Resolução CONAMA no 357, de 2005, que substituiu a Resolução no 20/1986. Esta
classificou e enquadrou as águas, estabelecendo padrões de uso permitidos para cada
uma destas e para o lançamento de efluentes em cada uma. O novo enquadramento
surgiu da necessidade de se reformular a antiga classificação, a fim de melhorar as
condições e os padrões de qualidade para atender as necessidades da população.

As principais mudanças entre as duas Resoluções estão relacionadas aos valores de


concentração máxima de alguns elementos e as condições para a emissão de efluentes,
além das exigências de toxicidade. Estas exigências foram modernizadas e algumas
tiveram valores mais restritivos.

A Resolução de 2005 manteve a classificação para as águas doces, com as mesmas 5


classes (CONAMA, 2005):

I - classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção;

b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,

c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação


de proteção integral.

II - classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento


simplificado;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e


mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

31
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se


desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção
de película; e

e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

III - classe 2: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento


convencional;

b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e


mergulho, conforme Resolução CONAMA no 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças, plantas frutíferas e de parques, jardins,


campos de esporte e lazer, com os quais o público possa vir a ter contato
direto; e

e) à aquicultura e à atividade de pesca.

IV - classe 3: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento


convencional ou avançado;

b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;

c) à pesca amadora;

d) à recreação de contato secundário; e

e) à dessedentação de animais.

V - classe 4: águas que podem ser destinadas:

a) à navegação; e

b) à harmonia paisagística.

Porém, a nova Resolução aumenta o número de classificação das águas salinas e


salobras, de duas para quatro categorias.

Se compararmos com a resolução CONAMA no 20, a nova Conama no 357 estipula


padrões mais exigentes que os de Classe 1 para cursos d’água utilizados em pesca ou
cultivo de organismos de consumo intensivo industrial.

32
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Além disso, substitui o conceito de emissão de efluentes por limite de concentração


pelo de fixação de carga poluidora máxima, ou seja, permite levar em conta a real
capacidade do corpo d’água para receber a descarga diária de efluentes. Essa mudança
ajuda a diferenciar as emissões para cada rio, curso d’água ou mar, dependendo da sua
classificação.

Se ele for especial, por exemplo, não admitirá nenhum tipo de


emissão. Se for classe 1, terá uma exigência maior, que será reduzida
progressivamente até chegar na última e mais poluída classificação: no
caso de águas doces, classe 4, e de águas salinas e salobras, classe 3
(FURTADO, 2005).

Cabe lembrar que, ainda em 2000, foi publicada a Resolução CONAMA no 274, sobre
a balneabilidade das águas doces, salobras e salinas, classificando-as como próprias ou
impróprias de acordo com os parâmetros estabelecidos. Cabe aos órgãos de controle
ambiental competentes a aplicação da lei e a divulgação das condições de balneabilidade
das praias, bem como da fiscalização.

No Estado de São Paulo, por exemplo, quem faz essa análise e determina o parâmetro
específico de uma praia, por exemplo, é a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
– CETESB. Semanalmente, são coletadas amostras de água para determinar a qualidade
para o uso recreativo. Nas praias de todo o litoral do Estado, são fixadas bandeiras que
indicam a qualidade da água amostrada: verde indica uma praia apta ao banho, pois
a qualidade da água está boa, conforme podemos ver na figura a seguir, enquanto a
bandeira vermelha indica uma má qualidade das águas, consideradas impróprias para
banho.

Figura 5. Imagem da bandeira utilizada pela CETESB para indicar a qualidade das águas de uma determinada

praia.

Fonte: CETESB ( 2017).

33
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Em 2008, alguns parâmetros da Resolução no 357 foram alterados pela publicação da


Resolução CONAMA no 397/2008. No mesmo ano, a Resolução CONAMA no 396/2008
estabeleceu parâmetros mais específicos de enquadramento para as águas subterrâneas.

Outra Resolução importante foi a CONAMA no 430, em 13 de maio de 2011, que trata das
condições, dos parâmetros, dos padrões e das diretrizes para a gestão do lançamento
de efluentes em corpos d’agua receptores, alterando os conceitos sobre o assunto das
resoluções anteriores.

Essa Resolução manteve as classificações e os enquadramentos de corpos d’água


anteriores, mas determinou que os efluentes de qualquer fonte poluidora somente
poderão ser lançados diretamente nos corpos receptores após o tratamento conveniente,
segundo as orientações legais. Além disso, as disposições dessa norma devem ser
seguidas quando houver lançamento indireto de efluentes caso o órgão ambiental
competente não possuir normas específicas sobre isso.

Lei de crimes ambientais

A Lei de crimes ambientais no 6.905/1998 surgiu para aprimorar as penalidades


para quem estivesse em desacordo com as normas existentes para o meio ambiente,
responsabilizando os infratores na esfera civil e também penal, além de contemplar
itens sobre a recuperação dos danos causados.

Foi a partir dessa lei que os delitos contra o meio ambiente passaram a ser crimes,
não somente contravenções penais. A partir disso, as penas ficaram mais severas
com o intuito de diminuir os delitos que só causavam, no máximo, algumas multas
anteriormente à lei.

Em 2008, a Lei de Crimes Ambientais foi regulamentada pelo Decreto no 6.514/2008,


que exigia inclusive a averbação das áreas de Reserva Legal – já descritas anteriormente
– sendo que o não cumprimento impediria o proprietário rural de ter alguns benefícios,
como, por exemplo, receber do governo financiamentos rurais. Esse é o decreto que
“anistia” os proprietários que desmataram áreas de RL, até 22 de julho de 2008, de
sanções segundo o Novo Código Florestal Lei no 12.651/2012.

O Decreto no 9.179, de 23 de outubro de 2017 foi publicado em consonância ao novo


Código Florestal, alterando parte do decreto citado anteriormente, no que tange
as infrações e conversões de multas. O Decreto instituiu, para isso, o Programa de
Conversão de Multas Ambientais, ligado ao SISNAMA. Segundo o art. 140:

34
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

São considerados serviços de preservação, melhoria e recuperação da


qualidade do meio ambiente, as ações, as atividades e as obras incluídas
em projetos com, no mínimo, um dos seguintes objetivos:

I - recuperação:

a) de áreas degradadas para conservação da biodiversidade e


conservação e melhoria da qualidade do meio ambiente;

b) de processos ecológicos essenciais;

c) de vegetação nativa para proteção; e

d) de áreas de recarga de aquíferos;

II - proteção e manejo de espécies da flora nativa e da fauna silvestre;

III - monitoramento da qualidade do meio ambiente e desenvolvimento


de indicadores ambientais;

IV - mitigação ou adaptação às mudanças do clima;

V - manutenção de espaços públicos que tenham como objetivo a


conservação, a proteção e a recuperação de espécies da flora nativa ou
da fauna silvestre e de áreas verdes urbanas destinadas à proteção dos
recursos hídricos;

VI - educação ambiental; ou

VII - promoção da regularização fundiária de unidades de conservação.

§ 1o Na hipótese de os serviços a serem executados demandarem


recuperação da vegetação nativa em imóvel rural, as áreas beneficiadas
com a prestação de serviço objeto da conversão deverão estar inscritas
no Cadastro Ambiental Rural - CAR.

§ 2o O disposto no § 1o não se aplica aos assentamentos de reforma


agrária, aos territórios indígenas e quilombolas e às unidades de
conservação, ressalvadas as Áreas de Proteção Ambiental.” (NR)”
(BRASIL, 2017).

Política Nacional de Meio Ambiente

A Lei no 6.938, de 31 de agosto de 1981, é a lei que define os mecanismos e instrumentos


de proteção do meio ambiente no país, e serviu para, de certa forma, unificar as leis

35
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

ambientais estaduais, o que auxilia na sistematização, normatização e torna-as mais


eficientes.

A lei é anterior à Constituição Federal de 1988, embora dê efetividade ao artigo 225


desta, que afirma que “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações” (BRASIL, 1988).

Entre os principais objetivos da PNMA estão a compatibilização entre o desenvolvimento


econômico e social com a preservação do meio ambiente; a definição de áreas
prioritárias de ação; o fomento ao desenvolvimento de pesquisas ligadas aos recursos
naturais, além do estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e
manejo dos recursos; a exigência na recuperação dos danos causados aos recursos
naturais/ambientais é um ponto importante da lei, com a aplicação de multas e
indenizações relativas aos danos causados (EBBESEN, 2016).

Para viabilizar tais objetivos, a PNMA descreveu instrumentos (art 9o) que podem ser
utilizados pela administração pública, de qualquer ente federativo. De tais instrumentos,
é importante enfatizar alguns:

»» Estabelecimento de padrões de qualidade ambiental no qual o CONAMA


tem papel importante a partir do desenvolvimento das normas e
Resoluções que padronizam a gestão de questões como a qualidade do
ar, das águas, os ruídos etc.

A Resolução CONAMA no 5, de 1989, por exemplo, criou o Programa Nacional de


Controle de Qualidade do Ar (PRONAR), estabelecendo limites de poluentes no ar,
enquanto a Resolução no 3/ 1990 definiu o conceito de poluentes. A Resolução no 1, de
1990, do CONAMA deu validade à NBR no 10.152 da ABNT, que avalia a intensidade
dos ruídos em áreas habitadas. Da mesma forma, para as águas, o CONAMA instituiu
uma série de Resoluções como a no 357/2005, que classifica as águas doces, salgadas e
salinas, conforme já vimos anteriormente (RODRIGUES, 2014).

»» Zoneamento Ambiental o que viabilizou, por exemplo, a regulamentação


do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) por meio do Decreto no
4.297, de 10 de julho de 2002, além do zoneamento industrial e urbano,
entre outros.

O ZEE estabelece padrões de proteção ambiental para assegurar a qualidade ambiental


dos recursos e é de competência federal realizá-lo. O zoneamento é um importante

36
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

instrumento jurídico de ordenamento do uso do solo, e está previsto também na


Constituição Federal de 1988, onde consta que cabe ao município promover esse
ordenamento territorial (art. 30), especialmente com a elaboração dos chamados
Planos Diretores. O zoneamento ambiental também consta no Estatuto das Cidades,
lei no 10.257/2001 com o intuito de contribuir com a sustentabilidade dos municípios
(RODRIGUES, 2014).

»» A Avaliação dos Impactos Ambientais, o Licenciamento e a revisão de


atividades potencialmente poluidoras, normatizada anos mais tarde
pela Resolução Conama no 1, de 23 de janeiro de 1986, que também
veremos adiante.

»» A criação de Áreas de Proteção Ambiental, foi normatizado posteriormente


com a criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC),
que veremos adiante.

»» A penalização para quem não cumprir as medidas para a preservação


ambiental, entre outros instrumentos.

Para viabilizar a efetivação de todos os instrumentos preconizados, por meio das ações
de competência da União, dos Estados e dos Municípios, a PNMA, no art 6o, criou o
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, estruturado por órgãos federais,
estaduais e municipais para proteger e melhorar a qualidade ambiental. São membros
do SISNAMA:

»» Conselho de Governo.

»» CONAMA, como principal órgão consultivo e deliberativo para propor as


normas e os padrões para a qualidade ambiental.

»» Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República.

»» O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais


Renováveis – IBAMA e o Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade – Instituto Chico Mendes, principais executores da
política ambiental no país.

»» Órgãos e entidades estaduais, que são os responsáveis pela execução


dos programas, projetos e pela fiscalização das atividades que podem
provocar impactos ou degradações ambientais.

37
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

O CONAMA tem um papel de destaque na PNMA e no SISNAMA como um todo, uma


vez que, conforme o art. 8o, além do estabelecimento de normas e padrões de qualidade
ambiental, cabe a ele também:

II - determinar, quando julgar necessário, a realização de estudos das


alternativas e das possíveis consequências ambientais de projetos públicos
ou privados, requisitando aos órgãos federais, estaduais e municipais, bem
assim a entidades privadas, as informações indispensáveis para apreciação
dos estudos de impacto ambiental, e respectivos relatórios, no caso de obras
ou atividades de significativa degradação ambiental, especialmente nas
áreas consideradas patrimônio nacional (Redação dada pela Lei no 8.028,
de 1990) (BRASIL, 1981).

Isso torna o CONAMA um órgão fundamental no processo de licenciamento


ambiental no país, uma vez que participa de perto de processos decisórios e de
avaliações dos estudos solicitados para a obtenção de licenças ambientais por meio
de empreendimentos. Falaremos mais sobre o assunto a seguir.

Sistema Nacional de Unidade de Conservação


(SNUC) – Lei no 9.985/2000

Embora o processo de criação de Unidades de Conservação no país já começasse a partir


da década de 1930, com a criação do Parque Nacional de Itatiaia, em 1937, seguido dos
Parques Nacionais do Iguaçu e Serra dos Órgãos, em 1939, estes ainda não tinham
como objetivo principal a proteção da natureza como foco de criação.

O Código Florestal de 1965 trouxe como conceituação legal a criação de Unidades de


Conservação de uso indireto – Parques nacionais, estaduais, municipais e as Reservas
Biológicas – que não permitiam o uso dos recursos, e de uso direto – Florestas nacionais
e Parques de Caça – que permitiam a exploração dos recursos (DRUMMOND,1997). Em
1981, a Lei no 6.902 foi criada para instituir as estações ecológicas e as áreas de proteção
ambiental, enquanto as Reservas extrativistas surgiram por meio de uma Portaria do
INCRA, após pressão de ribeirinhos da região amazônica que necessitavam explorar a
floresta como subsistência, sendo reconhecidas em 1990 por meio do Decreto no 98.897.

Nesse período, surgiram diversas categorias de unidades de conservação em uma


tentativa de, ao mesmo tempo, proteger as áreas naturais e seguir as tendências
mundiais de mudanças no panorama da conservação ambiental, pressões internacionais
e ampliação no interesse social sobre o assunto (BARROS, 2000).

38
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Diante disso, a Lei no 9.985 surgiu em 2000 para consolidar e regulamentar a criação
de áreas de preservação e proteção da biodiversidade que eram citados desde o Código
Florestal, na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988. É
possível dizer que a criação do SNUC regulamentou o artigo 225, § 1o, incisos I, II, III
e VII da Constituição Federal (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009). O SNUC foi
regulamentado pelo Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002.

As áreas de preservação anteriores ao SNUC foram reclassificadas e enquadradas em


dois grupos:

»» Unidades de Proteção Integral: com o objetivo de preservar a natureza,


sendo admitido apenas o uso indireto (com exceções). São compostas
por cinco categorias de unidades de conservação: Estação Ecológica;
Reserva Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural e Refúgio de
Vida Silvestre.

Em muitas destas, nem a visitação pública é permitida, nem a permanência de


moradores tradicionais e nenhum tipo de exploração da área, apenas a pesquisa
mediante autorização dos órgãos competentes.

»» Unidades de Uso Sustentável: permite a exploração do ambiente de forma


que se garanta a perenidade dos recursos naturais renováveis, mantendo
a biodiversidade, de forma socialmente justa e economicamente viável.
As Unidades de Uso Sustentável são as Áreas de Proteção Ambiental;
Áreas de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva
Extrativista; Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável
e Reserva Particular do Patrimônio Natural.

É nessas UC’s que se concentram grande parte das populações – tradicionais ou não
– que necessitam explorar as áreas naturais para a sobrevivência, como os caiçaras,
ribeirinhos, quilombolas, entre outros.

Embora o SNUC atue de forma importante para normatizar as Unidades de Conservação,


há ainda entraves na classificação padronizada de áreas tão distintas e heterogêneas
ao longo de um país tão extenso como o Brasil. Muitas áreas tidas como de proteção
integral, por exemplo, possuem populações tradicionais que poderiam contribuir para
ações de conservação, entretanto, sofrem com a pressão e a burocratização dos seus
modos de vida, sendo impedidos de exercê-las.

A polarização entre as visões conservacionistas e socioambientais das Unidades de


Conservação impede que haja um debate que possa, de fato, enriquecer as ações de

39
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

preservação das áreas realmente importantes ao mesmo tempo que conserve tradições
e meios de vida culturais.

O artigo Ribeirinhos e caiçaras: a vida entre terra e água, escrito por Renato
Azevedo Matias Silvano e Alpina Begossi (2017), retrata um pouco da vida destas
populações tradicionais – muitas vezes marginalizadas – e também os conflitos
de suas atividades e Unidades de Conservação.

Acesse: <http://www.comciencia.br/ribeirinhos-e-caicaras-vida-entre-terra-e-
agua/>.

Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS – Lei no


12.305/2010

A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi uma das últimas grandes leis publicadas que
está relacionada às problemática ambientais importantes, como a gestão dos resíduos
no país, depois de décadas em tramitação. A lei foi regulamentada pelo Decreto no
7.404/2010.

A primeira iniciativa de haver uma lei sobre o assunto, segundo Costa (2017), começou
a tramitar em 1989, sobre a disposição final de resíduos de saúde, mas, somente em
2007, foi dado o seguimento para a criação do que é a atual lei. Nesse período, cerca de
100 projetos relacionados ao tema foram apensados e tramitaram na Câmara.

A questão mais problemática da PNRS é a logística reversa, que prevê a responsabilidade


de fabricantes e distribuidores na destinação correta dos resíduos, o que – obviamente –
encontrou resistência do setor industrial, atrasando ainda mais a publicação da lei final
(COSTA, 2017). E mesmo após a publicação da lei, as ações relativas à logística reversa
ainda são pouco eficazes e são bem restritas a alguns setores e localizações geográficas.

A lei também enfatizou a obrigatoriedade da elaboração do Plano de Gerenciamento


de Resíduos Sólidos (PGRS) por parte do setor privado, uma exigência já de muitos
processos de licenciamento ambiental.

Embora publicada há alguns anos, a PNRS ainda precisa engrenar muitos conceitos e
ações, entretanto, algumas iniciativas e exigências legais tendem a dar certo, embora
a lei não tenha levado em consideração realidades distintas ao longo do país, como
entre as grandes metrópoles e pequenas cidades, ou regiões industriais e agrícolas, por
exemplo, dificuldades enfrentadas sempre em que há generalizações.

40
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Plano Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC –


Lei no 12.187, de 29 de dezembro de 2009

A lei, que foi regulamentada pelo Decreto no 7.390, de 2010, foi uma inédita e importante
iniciativa para a redução de emissão de CO2 e outras medidas que contribuem para a
discussão, pautada nas tendências ambientais, desde a Conferência de Estocolmo na
década de 1970 até a criação do Protocolo de Kyoto, em 1998 e as discussões atuais.

A Lei trata do tema de forma coletiva, no qual se estabelece como obrigação de todos
atuar na redução dos impactos sobre o clima, para o benefício desta e das futuras
gerações.

Embora de iniciativa precursora, a lei pouco põe em prática os conceitos estabelecidos


para, de fato, essa redução de impactos. Mas é impossível negar a importância do início
das discussões sobre as mudanças do clima, que certamente serão intensificadas nas
próximas décadas.

41
CAPÍTULO 3
Outras leis ambientais

Outras leis ambientais são importantes para a história do país no que tange à proteção
ambiental. Entre as principais estão:

»» Lei no 7.735/1989 – cria o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis – Ibama e integrou a gestão ambiental
no Brasil por meio da fusão Secretaria de Meio Ambiente – SEMA,
Superintendência da Borracha – SUDHEVEA, Superintendência da Pesca
– SUDEPE e Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF.

»» Lei no 7.797/1989 – cria o Fundo Nacional de Meio Ambiente com


o objetivo de desenvolver projetos que incentivem o uso racional e
sustentável dos recursos naturais, a manutenção, recuperação e melhoria
da qualidade ambiental e da vida da população.

»» Decreto no 99.274/1990 – regulamenta a Política Nacional de Meio


Ambiente – Lei no 6.938/1981 e dispõe sobre a criação de Estações
ecológicas e Áreas de Proteção ambiental.

»» Lei no 8.490/1992 – cria o Ministério do Meio Ambiente.

»» Decreto no 1.141, de 19 de maio de 1994 – dispõe sobre a Comissão


Intersetorial de Ações de Proteção do Meio Ambiente, Saúde e Atividades
Produtivas para Comunidades Indígenas (FUNAI).

»» Medida Provisória no 1.511/1996 – primeira de uma série que definem e


conceituam as Reservas Legais e as Áreas de Preservação Permanentes,
fixando as primeiras em 80% na Amazônia Legal.

»» Lei no 9.433/1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos: regulamenta


o artigo 21, inciso XIX da Constituição Federal. Estabelece o Sistema
Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos, estabelece que a água
é um bem de domínio público, uso múltiplo e gestão descentralizada com
participação dos usuários.

»» Decreto no 4.613/2003 – regulamenta o Conselho Nacional dos Recursos


Hídricos, suas competências e composição.

42
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

»» Lei no 9.795/1999 – Política Nacional de Educação Ambiental – PNEA:


inclui a educação ambiental inter, multi e transdisciplinar, em todos
os níveis e modalidades formais do ensino e não formal como práticas
educativas desenvolvidas pelas organizações da sociedade civil, empresas,
sindicatos, organizações não governamentais, meios de comunicação
e cidadãos para a sensibilização da coletividade sobre as questões
ambientais, sua organização e defesa do meio ambiente.

»» Decreto no 4.281/2002 – regulamenta a Política Nacional de Educação


Ambiental, sua execução e gestão.

»» Lei no 9.666/2000 – dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização


dos lançamentos de óleos e substâncias perigosas ou nocivas nas águas
nacionais. A resolução Conama no 306/2002 estabelece os requisitos
para as auditorias ambientais de avaliação dos sistemas de gestão e
controle ambiental nos portos, plataformas e refinarias com objetivos
de cumprimento da legislação e dos licenciamentos ambientais pelas
indústrias petrolíferas, gás natural e derivados.

»» Lei no 11.326/2006 – estabelece os conceitos, princípios, instrumentos


e as políticas públicas relacionadas à agricultura familiar e
empreendimentos familiares rurais.

»» Lei no 11.516/2007 – cria o Instituto Chico Mendes – ICMBio como


responsável pela gestão e fiscalização das Unidades de Conservação.

»» Lei no 11.445/2007 – Política Nacional de Saneamento Básico –


PNSB: diretrizes nacionais para o saneamento básico englobando o
abastecimento de água, esgotamento sanitário, drenagem e manejo das
águas pluviais, limpeza urbana e manejo dos resíduos sólidos. Estabelece
os princípios fundamentais para a prestação de serviços públicos de
saneamento, sua titularidade, planejamento e regulação. O Decreto no
7.217/2010 regulamenta a Política Nacional de Saneamento Básico e
estabelece o Sistema Nacional de Informações em Saneamento – SINISA.

»» Decreto no 6.040/2007 – institui a Política Nacional de Desenvolvimento


Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais.

»» Decreto no 5.051/2004 – promulga a Convenção no 169 da Organização


Internacional do Trabalho – OIT sobre Povos Indígenas e Tribais.

43
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

Precisamos lembrar que o meio ambiente não contempla somente a natureza e


seus recursos, como água, ar, solo, vegetação, animais etc. Nós, seres humanos,
também estamos presentes em qualquer que seja o ecossistema existente,
agindo sob ele de alguma forma, ainda que seja um local intocável, afinal, se
um local é intocável é porque em algum momento nossa espécie conheceu esse
local e determinou que este seria intocável por determinados motivos.

Portanto, não há meio ambiente sem a participação do homem. E o meio


ambiente equilibrado, buscado insistentemente por nós, depende deste
equilíbrio entre as ações humanas e o ciclo natural do planeta. É o que chamamos
de Desenvolvimento Sustentável, que será visto adiante.

E, quando falamos desse equilíbrio, é possível pensar que algumas populações


conseguem viver em maior equilíbrio do que outras com a natureza, por diversos
fatores: culturais, ancestrais, históricos, geográficos etc. Podemos pensar nos
povos e comunidades tradicionais como um símbolo dessa harmonia, afinal, são
populações que dependem do meio ambiente para sobreviver.

A Convenção no 169, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), embora


não seja uma lei propriamente dita, é um documento que assegura os direitos e
a inclusão social dos chamados Povos Indígenas e Tribais, onde estão incluídos
os nômades, quilombolas, caiçaras, entre outros que forem considerados
tradicionais. Essas populações, muitas vezes às margens da legislação
convencional, estão amparadas por esse documento internacional para que seus
direitos civis estejam garantidos. É um documento muito utilizado para balizar
defesas de território, de atividades tradicionais e permanência em locais que se
tornaram parques intocáveis ou são ameaçados pela especulação imobiliária.

Figura 6. Indígenas são foco da Convenção no 169, da OIT.

Fonte: Kristian Bengtson (2003).

No Brasil, ela foi reconhecida por meio de Decreto no 5.051/2004. É um exemplo


importante da integração mundial relacionado aos direitos sociais. E isso
também reflete no equilíbrio ambiental.

44
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I

Para finalizar, é importante lembrar que a criação e o uso da Legislação Ambiental, ao


longo do processo histórico, auxiliou no processo de mudança de visão da sociedade em
relação a abundância dos recursos naturais, integrando-os também para uma visão mais
mútua onde o ser humano faz parte desse meio. A curto prazo, a legislação ambiental
tem sido – sempre que aplicada de forma correta – uma boa ferramenta de proteção
ambiental e de conscientização, ainda que realizada de forma, digamos, “forçada”.

Muitos afirmam que o Brasil possui uma das mais completas legislações ambientais
do mundo. Entretanto, aplicá-las da maneira correta tem sido o desafio há décadas.
Ao mesmo tempo que faltam investimentos para o setor de fiscalização, seja no âmbito
federal, estadual ou municipal, grandes desmatadores permanecem derrubando
florestas. Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), entre agosto de 2016 a julho de 2017
foi desmatada na Amazônia cerca de 2.834 km² (MACIEL, 2017).

Da mesma forma, pouco tem sido feito para casos como o acidente ocorrido em
Mariana-MG, com o rompimento da barragem de minérios, que se consagrou como
um dos maiores acidentes ambientais do Brasil. A empresa responsável, apesar de ter
recebido 68 multas num total de 552 milhões de reais, pagou apenas 1% deste valor,
parcelado em 59 vezes, e recorre das demais multas (BEDINELLI, 2017).

Esses exemplos fazem com que grande parte da sociedade pouco acredite na eficácia da
legislação ambiental. De fato, embora com avanços significativos, ainda temos um longo
caminho para tornar o processo, tanto preventivo quanto punitivo, justo e realmente
eficiente.

45
LICENCIAMENTO UNIDADE II
AMBIENTAL
O desenvolvimento industrial, especialmente no início do Século XX, impediu que a
questão ambiental fosse vista de forma prioritária, uma vez que a poluição e os impactos
gerados por tais atividades eram pequenos em detrimento do avanço econômico
mundial. Isso ocorreu especialmente até a década de 1960, quando as manifestações
populares contra o desenvolvimento a qualquer custo e aos padrões de consumo fizeram
surgir as primeiras conversas sobre o gerenciamento dos recursos naturais. Foi assim
que, em 1968, o termo “meio ambiente” foi empregado pela primeira vez na reunião do
chamado Clube de Roma, existente até então para auxiliar na reconstrução dos países
no pós-guerra (MMA, 2009).

As discussões acerca do assunto tornaram-se cada vez mais intensas, e os governos


passaram a ser pressionados para a tomada de providências de fato efetivas para essa
problemática. Isso, sem dúvida, impulsionou a criação do National Environmental
Policy Act (NEPA), em 1969, nos Estados Unidos da América, institucionalizando, no ano
seguinte, o processo de Avaliação de Impacto Ambiental – AIA como um instrumento
da sua política ambiental, para se considerar os fatores ambientais em todo o processo
de planejamento das ações públicas e privadas naquele momento (CARMO; SILVA,
2013).

Esse instrumento legal surgiu seguindo princípios da política norte-americana, exigindo


para os empreendimentos que tinham potencial geração de impacto ambiental uma
série de análises de seus efeitos, das alternativas de ação para minimizar tais efeitos,
e a definição do real comprometimento dos recursos naturais. Esse instrumento foi,
posteriormente, adotado por países europeus, como França, Holanda, Grã-Bretanha e
Alemanha.

No Brasil, embora as discussões sobre o assunto já eram presentes na década de 1970,


foi na década de 1980 que as iniciativas legais para a avaliação dos impactos ambientais
começaram, também influenciadas pelas normas da NEPA, e por todo o processo em
crescimento sobre o licenciamento no mundo.

46
CAPÍTULO 1
O Brasil e o licenciamento ambiental –
histórico

No Brasil, a industrialização e urbanização crescente a partir das décadas de 1950 e


1960 provocaram mudanças no arranjo econômico do país, especialmente após o
início da Ditadura Militar e sua política expansionista exploratória. Ao mesmo tempo,
influenciado pelas discussões mundiais sobre o meio ambiente, especialmente após
a Conferência de Estocolmo em 1972, a sociedade em geral exigia ações e a criação
de mecanismos que buscassem a preservação ambiental dos recursos em meio ao
tal “desenvolvimento”. Foi nessa Conferência que foi criado o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que incentivou os países a criarem instituições
responsáveis especialmente pela questão ambiental. No Brasil, foi criada a Secretaria
Especial de Meio Ambiente (SEMA), em 1973.

No Brasil, foi verificado inicialmente no âmbito estadual as primeiras iniciativas de


controle ambiental com a Lei no 898, de dezembro de 1975, que disciplinava o uso
do solo para a proteção dos mananciais, cursos e reservatórios de água e a Lei no 997
de 31 de maio de 1976 relativa ao Controle da Poluição do Meio Ambiente no Estado
de São Paulo. Paralelamente, algumas leis foram editadas para criar zoneamentos
que separassem as zonas residenciais das industriais, especialmente da Região
Metropolitana de São Paulo, a fim de compatibilizar o desenvolvimento industrial com
a preservação ambiental.

Neste mesmo sentido, buscando ações preventivas, a Lei no 6.803, de 2 de julho de


1980, foi criada para fixar diretrizes para o zoneamento industrial nas áreas críticas de
poluição, “na qual aparece a primeira menção formal à avaliação de impacto ambiental
no Brasil” (MMA, 2009).

A principal crítica relativa a tais leis de zoneamento e parcelamento do solo da época era
a de que faltavam mecanismos de participação pública na tomada de decisão dos planos
de uso do solo, que muitas vezes eram restritos à zona urbana, unicamente. Além disso,
o controle ambiental se concentrava unicamente em atividades e empreendimentos
particulares, enquanto as grandes obras de infraestrutura do governo – lembrando que
nesse período ocorreriam muitas dessas obras – desenvolviam-se sem esse controle
ambiental.

Esta última problemática ia na contramão de iniciativas, por exemplo, do Banco


Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD e do Banco Interamericano
de Desenvolvimento – BID, que exigiam Estudos de Avaliação Ambiental para obras

47
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

nas quais participavam do financiamento aqui no Brasil, como nas Usinas Hidrelétricas
de Sobradinho (BA), Tucuruí (PA) e no terminal Ponta da Madeira (MA), sendo estes
estudos elaborados sob normas internacionais, pois até então o Brasil não possuía
normas específicas sobre o assunto (MMA, 2009).

Foi a partir da criação da Lei no 6.938/1981 que criou a política Nacional de Meio
Ambiente – conforme já vimos anteriormente – que o licenciamento ambiental se
tornou de âmbito federal (FLEXA, 2013).

Em 1986, o CONAMA publicou a Resolução no 1, em que, pela primeira vez, foram


estabelecidas normas para a exigência de apresentação de Estudo de Impacto
Ambiental (EIA) para determinados tipos de atividades e empreendimentos, que
dependeriam da autorização respectiva do órgão estadual competente e da SEMA
(Secretaria do Meio Ambiente) para a obtenção de licença para operar.

Nesse sentido, a Constituição Federal, promulgada dois anos depois, em 1988, inovou
ao estabelecer em art. 225, § 1o, inciso IV a exigência de estudo prévio de impacto
ambiental para a instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de
impactos ambientais, exercendo assim o princípio da precaução (FLEXA, 2013).

Foi somente em 1997 que o CONAMA publicou a principal e mais importante resolução
sobre o Licenciamento Ambiental especificamente. A Resolução no 237/1997 foi criada
com o objetivo de revisar e regular os procedimentos de licenciamento ambiental.
O principal ponto polêmico da lei é, justamente, a questão das competências para a
realização do processo de licenciamento, um ponto de conflito até hoje encontrado
em muitos casos entre União, Estado e Município. Segundo a Resolução, cada ente da
federação ficaria encarregado de determinados casos para o licenciamento. A figura a
seguir indica cada ente e os casos nos quais se enquadrariam suas competências.

Figura 7. Competências no processo de licenciamento.


• Limítrofe com outro país ou em mais de um Estado;
• No mar territorial ou plataforma continental;
• ZEE;
IBAMA
• Terras Indígenas, Unidades de Conservação ou áreas de
domínio da União;
• Empreendimentos nucleares e/ou militares.

• Em mais de um município;
• Unidade de Conservação de domínio estadual;
ESTADOS e DF
• Florestas e APP’s;
• Quando for delegado pela União.

• Empreendimentos de impacto local;


MUNICÍPIOS
• Quando for delegado pelo Estado.

Fonte: CONAMA (1997).

48
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Sendo assim, as normas ambientais estaduais e municiais precisaram se adaptar às


novas leis federais. O Estado de São Paulo, por exemplo, anteriormente não contemplava
a Licença Prévia, adicionando-a posteriormente.

A Lei Complementar no 140, publicada em 2011, tentou estabelecer de forma mais


detalhada as competências legais para cada ente licenciador, com o intuito de tornar o
processo mais ágil e com maior segurança jurídica para todos – empreendedor e órgão
competente.

Podemos verificar que, embora haja elementos evolutivos do processo em relação


às competências de cada ente federativo, na prática, vemos que muitos estados e,
especialmente, grande parte dos municípios não tem o suporte necessário para “arcar”
com o licenciamento ambiental. A criação dessa nova lei em 2011, apesar de ter
oficializado tais competências, não eliminou os conflitos institucionais destas, sobretudo
no que envolve a fiscalização ambiental, geralmente vinculada ao licenciamento. Isso
porque grande parte dos municípios, além da falta de estrutura para desenvolver os
processos de licenciamento, tampouco possuem estrutura financeira e de pessoal para
realizar uma fiscalização efetiva e funcional. E isso ocorre também em muitos dos
estados brasileiros.

Podemos estabelecer uma linha do tempo com os principais elementos que aprimoraram
o Licenciamento Ambiental ao longo dos anos no Brasil, desde que surgiu a Avaliação
de Impacto Ambiental como principal instrumento desse processo, conforme figura a
seguir:

Figura 8. Histórico do processo de Licenciamento Ambiental no Brasil.


Lei Complementar 140

Divisão entre IBAMA e ICMBIO

Res CONAMA 237

Criação do
IBAMA

Res CONAMA 01

Política Nacional do Meio Ambiente

Fonte: Adaptado de Carmo e Silva (2013).

49
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Licenciamento Ambiental e os estudos ambientais

Segundo a Resolução CONAMA no237/1997, o Licenciamento Ambiental é definido


como

procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental


competente licencia a localização, instalação, ampliação e operação
de empreendimento e atividades utilizadoras de recursos ambientais,
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob
qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as
disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao
caso (art. 1o, inciso I).

O Licenciamento Ambiental é um procedimento longo e complexo, por apresentar


diversas etapas até a obtenção da licença ambiental. Uma dessas etapas é a Avaliação
de Impacto Ambiental, no qual são exigidos estudos que descrevem as atividades que
ocorrerão – na respectiva etapa de ação do projeto – e os aspectos ambientais envolvidos
nessas atividades.

O Licenciamento Ambiental serve para mostrar o que “não pode” ser feito e a
forma correta de “como fazer”.

Para que esse licenciamento ocorra, é preciso que haja um processo administrativo
no qual o empreendedor solicita a obtenção de licença ambiental. Conforme a mesma
Resolução (art. 1o, inciso II), a Licença Ambiental é uma ação administrativa dada pelo
órgão ambiental que estabelece condições e medidas ambientais nas quais deverão ser
obedecidas pelo empreendedor interessado em instalar e operar empreendimentos e
atividades que podem, potencialmente, causar algum tipo de degradação ambiental.

Para que esse licenciamento seja conduzido, foi definido um procedimento no qual
são avaliados preventivamente os aspectos ambientais ligados ao projeto em si, mas
não se restringindo ao exercício da atividade unicamente, e sim, nas etapas anteriores
à efetiva atividade: no planejamento, na instalação e também na operação deste
empreendimento e atividade. Para cada uma dessas atividades, há um tipo de licença
diferenciada: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação.

»» Licença Prévia (LP): ela é solicitada na fase preliminar do planejamento


do empreendimento, quando há o projeto, mas ainda não há obras. É a
licença que aprovará a localização efetiva e os aspectos construtivos do
empreendimento, atestando sua viabilidade ambiental. Nessa fase, os

50
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

empreendimentos dialogam com diversas esferas do poder público para


que haja anuência para a viabilidade do projeto. Segundo a Resolução
CONAMA 237/1997 (Art. 18), essa licença deve ter o prazo máximo de 5
anos.

»» Licença de Instalação (LI): essa licença autoriza a instalação


do empreendimento, ou seja, as obras de infraestrutura, conforme
especificações requeridas na licença anterior por meio de planos e
programas que colaborem com a qualidade ambiental dessas obras. O
prazo dessa licença deverá ser de, no máximo, seis anos.

»» Licença de Operação (LO): autoriza efetivamente o início das


atividades requeridas pelo empreendimento, após a verificação de
cumprimento de todos os requisitos solicitados na licença anterior e as
solicitações de controle e condicionantes obrigatórias para a obtenção
desta última licença. O prazo dessa licença é de quatro até dez anos,
devendo após o prazo estipulado ser renovada, após solicitação junto ao
órgão ambiental competente.

Os órgãos ambientais competentes podem, entretanto, definir outros tipos de licença,


ou uma licença única, dependendo dos diferentes tipos de casos ou empreendimentos.
Os prazos estabelecidos podem ser prorrogáveis, mas nunca ultrapassando seus prazos
máximos citados.

Se a empresa ou indústria já existe e não


possui licença, ela poderá ser licenciada?
Sim! Nos casos em que já há a operação do empreendimento, mesmo que sem
as licenças, deverá ser encaminhado o caso ao órgão ambiental para encontrar
a melhor maneira de regularizar o empreendimento. Normalmente, o órgão vai
solicitar que o empreendedor solicite a LO diretamente, uma vez que não há
razão para a obtenção de LP e LI. Ou seja, a LO, além do caráter preventivo, pode
ter o caráter corretivo, a fim deste empreendedor evitar multas, por exemplo.

Da mesma forma, caso o empreendimento possua todas as licenças e decida


modificar ou ampliar a sua planta ou processo, é necessário informar o órgão
ambiental, pois este pode vir a solicitar novos estudos que tratem especificamente
destas alterações.

51
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Quais os tipos de empreendimento que precisam


de Licença Ambiental?

Todos os empreendimentos que podem ter atividades geradoras de algum impacto –


seja ele no ar, na água e/ou também para a população, estão condicionadas a precisar
de licença ambiental, independentemente do seu porte e da remessa de sua produção,
por exemplo.

Essa obrigatoriedade de licenciamento foi publicada de forma genérica na PNMA


em 1981, e, também, na Resolução CONAMA no 1, em 1986. A Resolução CONAMA
no 237/1997, em seu anexo I, publicou uma listagem dos tipos de empreendimento
potencialmente sujeitos à necessidade de licença ambiental. Resumidamente, são estes:

»» Extração e tratamento de minerais.

»» Indústria de produtos minerais não metálicos – como cerâmica, cimento,


gesso, amianto, vidro, entre outros.

»» Indústria metalúrgica – fabricação de aço, siderurgia, metais não ferrosos,


metais preciosos, entre outros.

»» Indústria mecânica.

»» Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações – como pilhas,


baterias, aparelhos elétricos etc.

»» Indústria de material de transporte.

»» Indústria de madeira.

»» Indústria de papel e celulose.

»» Indústria de borracha.

»» Indústria de couros e peles.

»» Indústria química – desde processamento de petróleo, até óleos e ceras


vegetais, minerais, solventes, fabricação de tintas e outros similares,
produtos de limpeza, perfumaria e cosmética, entre outros.

»» Indústria de produtos de matéria plástica.

»» Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos.

»» Indústria de produtos alimentares e bebidas.

52
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

»» Indústria de fumo, fabricação de cigarros/charutos/cigarrilhas e outras


atividades de beneficiamento do fumo.

»» Indústrias diversas – produção de concreto, asfalto, galvanoplastia etc.

»» Obras civis – hidrovias, ferrovias, barragens, transposição.

»» Serviços de utilidade – produção e transmissão de energia, estações de


tratamento de água, esgoto e resíduos, dragagem, recuperação de áreas
degradadas ou contaminadas etc.

»» Transporte, terminais e depósitos.

»» Turismo.

»» Atividades agropecuárias.

»» Uso de recursos naturais – silvicultura, manejo de fauna e flora, exploração


de madeira e outros subprodutos florestais etc.

Para ter acesso à lista completa de empreendimentos sujeitos ao processo de


licenciamento ambiental, recomendamos buscar a legislação competente –
Resolução CONAMA no 237/1997 - ANEXO I.

Apesar da listagem, nem todas as empresas e indústrias estão sujeitas ao licenciamento


ambiental. Cabe ao órgão ambiental competente definir, em cada caso, quais
procedimentos o empreendedor deve ter, considerando os seus riscos, porte e outras
características especificas.

Os empreendimentos que não respeitarem o processo de licenciamento ambiental,


incluindo os casos de vencimento das licenças respectivas, estão sujeitos às sanções
penais e administrativas por condutas lesivas ao meio ambiente, conforme a Lei de
Crimes Ambientais no 9.605/1998.

Procedimentos para o licenciamento ambiental

O processo de licenciamento ambiental deverá seguir procedimentos que estão descritos


em Lei, conforme a mesma Resolução CONAMA no 237/1997. Estes procedimentos,
em geral, são comuns a todos os processos, sejam eles realizados pelo órgão federal,
estadual ou municipal. Entretanto, podem ser mudados seus passos e regras de acordo
com cada caso específico. A seguir, os principais passos para o licenciamento ambiental.

53
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

1o passo: definição dos documentos/projetos/estudos ambientais necessários para dar


início ao processo de licenciamento correspondente à licença requerida.

2o passo: elaboração e envio dos documentos solicitados ao órgão ambiental e


requerimento da licença.

3o passo: análise dos documentos pelo órgão ambiental, com realização de vistorias,
quando necessário.

4o passo: solicitação de esclarecimentos e complementações por parte do órgão


ambiental ao empreendedor depois das análises dos documentos. Esses esclarecimentos
podem ser solicitados diversas vezes até que as respostas sejam satisfatórias aos órgãos
competentes.

5o passo: audiência pública com as partes interessadas.

6o passo: solicitação de esclarecimentos e complementações surgidos após a audiência


pública.

7o passo: emissão de Parecer Técnico dos órgãos competentes.

8o passo: deferimento ou indeferimento do pedido de licença e publicação em órgão


publicitário oficial.

Audiências públicas – participe!


A audiência pública é um instrumento legal – está na Constituição Federal
(art. 58, § 2o, inciso II) e em leis específicas federais, estaduais e municipais –
de participação popular no debate de temas como a elaboração de uma lei,
política pública ou realização de um empreendimento gerador de impactos
de qualquer tipo. Podem ser discutidos, além disso, os resultados, reflexos de
políticas públicas já existentes, por exemplo. Essas Audiências Públicas podem
ser de esfera Federal, Estadual ou Municipal.

A população pode pedir a qualquer representante do poder Executivo, Legislativo


ou Ministério público a realização de Audiências Públicas para debater questões
polêmicas, por exemplo. Geralmente, as reuniões podem durar algumas horas,
onde se apresenta um tema e a palavra é dada à população presente para a
manifestação e o debate.

A divulgação prévia da Audiência Pública é obrigatória e, preferencialmente,


deve priorizar àqueles que estão diretamente afetados ou envolvidos com

54
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

o tema central. Por isso, é muito importante que o órgão público assegure a
participação destas pessoas – escolhendo local e hora viável, por exemplo.
E que o empreendedor divulgue antecipadamente a realização desta,
geralmente utilizando formas de acesso à população das áreas de influência
do empreendimento. É muito comum, por exemplo, o uso de carros de som
em certos lugares para fazer essa divulgação, por ser uma forma de fácil
entendimento e acesso à população.

É comum também que meios de comunicação estejam presentes, pois a


filmagem e/ou registro auxiliam na fiscalização e oficialização do evento.

Os órgãos devem, obrigatoriamente, também deixar materiais sobre o assunto


da Audiência para a consulta pública com antecedência, para que a população
tenha conhecimento maior sobre o assunto. No caso de audiências públicas cujo
tema é a aprovação de uma Licença Ambiental, por exemplo, costuma-se deixar
disponível em locais estratégicos (as vezes incluindo a internet) os estudos
ambientais realizados pelo empreendedor para a aprovação do órgão ambiental
competente.

Fonte: INSTITUTO POLIS, 2005. Disponível em: <http://www.polis.org.br/uploads/1042/1042.


pdf>.

Grupos se unem contra usina termoelétrica


e protestam em audiência pública em
Peruíbe, SP
Uma audiência pública marcada para discutir a instalação de uma usina
termoelétrica em Peruíbe, no litoral de São Paulo, foi cancelada nesta quinta-feira
(17), depois que grupos protestaram contra o empreendimento. O representante
do Conselho Estadual do Meio Ambiente (Condema) não definiu nova data para
o encontro.

[...] Grupos que foram ao auditório levaram faixas e cartazes com dizeres contrários
à instalação da usina. “Meu papel é mediar os trabalhos. Não posso e nem devo
opinar. Estamos aqui para discutir justamente a usina”, explicou o representante
do Condema. A Polícia Militar monitorou o protesto, que foi pacífico.

Fonte: G1, 2017. <https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/grupos-se-unem-contra-usina-


termoeletrica-e-protestam-em-audiencia-publica-em-peruibe-sp.ghtml>.

55
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

AIA, EIA e RIMA

Muitas pessoas confundem as siglas existentes no processo de licenciamento ambiental


e, por isso, convém esclarecer todas estas.

O que discutimos até agora são etapas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA), parte do processo de Licenciamento Ambiental. Entende-se por AIA o conjunto
de procedimentos para avaliação sistemática das alterações potenciais provocadas no
meio ambiente por um determinado empreendimento, para ser apresentado ao público
e licenciado pelos órgãos públicos, com a garantia de que as medidas necessárias
para tais alterações sejam realizadas. Trata-se, assim, de um instrumento tanto de
planejamento quanto decisório.

É importante salientar que, especialmente pelo Brasil se tratar de um país tão grande
e tão rico em diversidade natural, muitos projetos são propostos para as mais diversas
realidades, o que torna o processo de Avaliação Ambiental ainda mais complexo e lento.
Além das diversas realidades ambientais, é imprescindível que se leve em consideração
as diversidades culturais e sociais inseridas em cada ambiente geográfico, para que haja
a melhor compatibilidade entre o desenvolvimento do empreendimento, o bem-estar
da população e a qualidade ambiental.

Dentro do processo de Licenciamento Ambiental, o órgão ambiental competente


determinará quais serão os instrumentos de AIA, a partir das características do
empreendimento e do local de implantação: dimensões, localização geográfica,
grau de alteração no ambiente, tipo de operação, população envolvida, entre outras
características e aspectos.

Essa avaliação é feita por meio de Estudos Ambientais, nos quais devem levantar a
existência de atividades ou ações que podem trazer riscos ambientais – sejam elas
ligadas à fauna, à flora ou ao homem – indicando formas de impedir, minimizar ou
compensar tais danos eventuais ao ambiente.

Há uma série de estudos que podem ser solicitados pelo órgão ambiental, por meio
do Termo de Referência (TR). O TR é desenvolvido pelo empreendedor a partir
do Projeto Básico de um empreendimento e deverá ser aprovado – ou modificado –
pelo órgão ambiental, que irá solicitar o estudo ambiental necessário que se enquadra
dentro das demandas do tipo e dimensão do empreendimento. Alguns órgãos
ambientais já possuem Termos de Referência prontos e padronizados para cada tipo
de empreendimento, o qual fornece para o empreendedor diretamente no momento da
requisição de licença.

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

O estudo mais conhecido é o chamado Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de


Impacto Ambiental (EIA/RIMA), que é mais comum em grandes empreendimentos ou
empreendimentos causadores de impactos muito significativos. Mas além destes, há
uma série de outros estudos que descreveremos a seguir.

Estudo de Impacto Ambiental (EIA)

O EIA é o instrumento mais completo de estudo relacionado à Avaliação de Impacto


Ambiental. Tecnicamente, é um estudo complexo, multidisciplinar, a ser desenvolvido
na fase preliminar da implantação de um empreendimento, ou seja, geralmente
para a obtenção da Licença Prévia (LP). Ele deve apresentar, além da descrição
completa do projeto e localização do empreendimento, diagnósticos ambientais das
áreas de influência do empreendimento, com análises do meio físico, meio biótico e
meio socioeconômico, além de um prognóstico e avaliação dos impactos potenciais,
proposição de medidas para minimizar ou compensar estes impactos negativos,
ou potencializar os impactos positivos existentes. É solicitado principalmente em
licenciamentos de empreendimentos de grande escala ou de potencial significativo de
degradação ambiental.

O EIA, geralmente, possui uma “itemização” padrão de informações mínimas necessárias


para serem levantadas. Esse passo a passo de como elaborar um EIA será indicado em
capítulo adiante.

Acesse a esse link para ver o Volume I de um EIA, indicando a dimensão desse
tipo de estudo a partir de sua “itemização”.

<http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/EIA_RIMA/CAVERNOSO%20II/EIA_
RIMA_Atualizado_Vol_I_FINAL.pdf>.

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

O EIA sempre deve vir acompanhado do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), um


documento simplificado e escrito em linguagem simples e compreensível que deverá
apresentar os principais levantamentos e conclusões obtidos na elaboração do EIA.
Além da linguagem simples, o RIMA deve conter ilustrações, mapas, gráficos e outros
tipos de elementos visuais que facilitem o entendimento das pessoas “leigas” sobre
o empreendimento, sobre o diagnóstico ambiental que foi realizado e os impactos
ambientais levantados.

57
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O RIMA deve ser disponibilizado ao público quando concluído, como parte do processo
de licenciamento e preparação para as Audiências Púbicas, já citadas anteriormente,
que discutem o projeto com todos os cidadãos e partes interessadas no processo.

Veja um exemplo de RIMA referente à obtenção de Licença Prévia de um


Porto no litoral de Santa Catarina: <http://portobrasilsul.com.br/wp-content/
uploads/2017/07/RIMA_PortoBrasilSul.pdf>.

Relatório Ambiental Preliminar (RAP)

Estudo técnico que deve ser apresentado na fase de obtenção de licença prévia dos
empreendimentos potencialmente poluidores ou causadores de degradação ambiental.
Pode ser solicitado em alguns Estados diretamente para a obtenção de licença ou como
base para a exigência de EIA/RIMA, sendo o RAP menos complexo que este último.

Da mesma forma que o EIA, o RAP é um estudo que deve ser realizado por
equipe multidisciplinar com elementos que indiquem a viabilidade ambiental do
empreendimento a ser licenciado. É importante que tenha um levantamento e análise
prévios dos impactos resultantes da implantação do empreendimento.

Estudo Ambiental Simplificado (EAS)

Também é um estudo simplificado que pode ser solicitado pelo órgão ambiental para
analisar a viabilidade ambiental de um projeto, para a obtenção de LP. Dependerá do
órgão ambiental competente e das características do empreendimento a solicitação
deste estudo, ou RAP, e posterior solicitação de EIA/RIMA.

Estudo de Viabilidade Ambiental – EVA

O EVA é muito utilizado como um parecer técnico para apontar as melhores alternativas
locacionais de um empreendimento, a ser realizado pelo empreendedor, para apontar
se há impedimentos e/ou limitações em relação às questões econômicas, geográficas
e ambientais de um projeto, permitindo assim dar diretrizes para o licenciamento
ambiental deste. Este estudo precede o EIA/RIMA e os demais estudos similares, pois
recomenda-se fazê-lo na fase de concepção do projeto, não sendo este necessariamente
solicitado pelo órgão ambiental.

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LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV)

O EIV é um estudo relacionado ao planejamento urbano e ambiental relacionado ao


empreendimento, a ser analisado pelo órgão ambiental competente em conformidade
com a Lei Federal no 10.257/2001 referente ao Estatuto das Cidades quanto ao Uso
e Ocupação do Solo. Normalmente, é solicitado pelos órgãos ambientais municiais
para viabilizar a obtenção de licença de empreendimentos de pequeno porte, com
levantamentos referentes à infraestrutura de abastecimento de água, esgoto, energia,
geração de tráfego, relação com o adensamento populacional do entorno, influência na
paisagem urbana, entre outros temas.

Plano Básico Ambiental (PBA)

O PBA é realizado numa etapa posterior aos estudos ambientais como o EIA/RIMA,
pois apresenta o detalhamento dos planos e programas ambientais que devem ser
obrigatoriamente propostos num EIA ou outro estudo similar. O PBA normalmente
também aborda as condicionantes impostas pelo órgão ambiental para a obtenção de
Licença. É um detalhamento maior das atividades de ação para mitigar/controlar/
compensar os danos ambientais, que deve ter todo o cronograma e descrição das
atividades, além dos custos totais para estas serem realizadas.

Plano de Controle Ambiental (PCA)

Instrumento utilizado para indicar os projetos executivos de minimização de impactos


já levantados para a Licença Prévia. Dessa forma, é um instrumento necessário posterior
à elaboração de estudos como o EIA/RIMA ou outro equivalente, para a obtenção de
Licença de Instalação (LI) do empreendimento, com as propostas efetivas e detalhadas
de ações de controle, potencialização e mitigação ambiental.

É um documento técnico, com informações específicas de cada um dos programas ou


planos propostos no EIA/RIMA, incialmente previsto na Resolução CONAMA no 9/1990
para a concessão de LI de atividades de extração mineral, o PCA tem sido solicitado
pelos órgãos ambientais para outros tipos de empreendimento.

Relatório de Controle Ambiental (RCA)

Nesse estudo, deve-se contemplar um diagnóstico e um levantamento dos passivos


ambientais considerando todos os aspectos potencialmente poluidores.

59
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Ele é exigido geralmente quando há dispensa de apresentação de EIA/RIMA para


a obtenção de Licença Prévia, ou seja, quando o empreendimento ou atividade não
possuem grande capacidade de geração de impactos, por exemplo. Mas, possui um
escopo e linha de estudo semelhante ao EIA/RIMA, porém, com uma exigência menor
de detalhamento dos levantamentos para o diagnóstico ambiental.

Plano de Recuperação de Áreas Degradadas


(PRAD)

O PRAD surgiu, inicialmente, para ser desenvolvido para atividades minerárias,


entretanto, passou ao longo do processo evolutivo do licenciamento, a ser exigido
para diversos tipos de empreendimentos. É um estudo que deverá ter informações que
possam auxiliar na avaliação do grau de degradação e nas respectivas medidas para se
recuperar uma área considerada degradada.

Pode ser entendida como área degradada aquela que, após sofrer impactos
ambientais, perdeu a capacidade de retomar seu estado original.

Um PRAD, portanto, deve conter métodos, instruções e materiais necessários para


que haja alguma forma de uso desse solo degradado de acordo com a capacidade de
adaptação deste: pode ser a reabilitação ou recuperação.

A reabilitação de uma área degradada propicia algum retorno da atividade produtiva


desta área para uso futuro, “considerando as aptidões do local, a intenção de uso as
condições do meio físico e biótico” (ABNT, 1999).

A recuperação é a recomposição da área degrada para o estabelecimento da função


original do ecossistema. Já a restauração visa a reposição exata das condições ecológicas
da área degrada, condição mais difícil de ser atingida após uma área ser degradada.

Grande parte dos PRAD’s tem como foco a recuperação de áreas a partir do plantio de
espécies nativas, entretanto, este estudo deve ser também conduzido sob orientação do
órgão ambiental após os estudos iniciais de obtenção de licença.

Além do PRAD, há diversos tipos de Planos e Programas a serem propostos inicialmente


dos estudos para a Licença Prévia, como no EIA/RIMA, e posteriormente no PBA, já
explicado anteriormente.

Sobre os planos e programas mais comuns vistos nos estudos ambientais para os
empreendimentos obterem Licenças, falaremos mais adiante.

60
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Há uma tendência do processo de licenciamento de descentralizar as competências


de avaliação destes estudos e da concessão de licenças e, da mesma forma, também
substituir grandes estudos por estudos menores e menos complexos. É uma tentativa
de diminuir a burocracia na avaliação destes estudos, uma vez que o processo atual
em todo o país é moroso e repleto de etapas que dificultam tanto a implantação de
empreendimentos importantes quanto a fiscalização e análise da qualidade das ações de
compensação, mitigação e controle ambiental existentes nesses processos licitatórios.

Outro problema apontado por Carmo e Silva (2013) é a sobreposição de interesses


políticos ante às conclusões contidas nos estudos ambientais, especialmente no que tange
às compensações ambientais – financeiras – propostas. Além disso, há deficiência de
infraestrutura e de corpo técnico especializado em grande parte dos órgãos ambientais
competentes para conduzir os processos de AIA, em todo o país.

Segundo Viana (2005), as principais limitações dos estudos ambientais como EIA/
RIMA são os diagnósticos extensos, os prognósticos precários e as limitações em
relação à transdisciplinaridade, medidas ambientais ineficazes e monitoramento
pós-licenciatório praticamente inexistente. Por isso, muitos estudos defendem que a
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) seja um método mais eficaz do que a AIA.

O que é a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE)?

É um instrumento de planejamento para auxiliar na tomada de decisões nos processos


de identificação e avaliação de impacto ambiental e seus efeitos, alinhando a avaliação
de riscos com as melhores oportunidades e estratégias de ação associadas à melhoria
da qualidade ambiental, minimizando os impactos negativos e potencializando os
positivos no momento de decidir a implementação de uma política, plano ou programa
a ser proposto.

A AAE não foi introduzida ainda no ordenamento legal no Brasil, mas já é aplicada
como uma referência mundial de instrumento de política ambiental e por premeditar
a tomada de decisões ideais na identificação dos impactos e efeitos possíveis destes
(MMA, 2002).

Uma vantagem da AAE apontada por Viana (2005) é a flexibilidade com a qual é
possível trabalhar, uma vez que desenvolve as decisões durante a elaboração dos planos
e programas, e não somente na decisão final do processo, como é de praxe nos estudos
de licenciamento. A ferramenta possibilita avaliar os impactos cumulativos e sinérgicos
do processo de planejamento. Falaremos mais adiante sobre esses tipos de impacto.

61
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Em síntese, a figura a seguir mostra a relação entre os requisitos ambientais exigidos


por lei e as fases de realização de um projeto.

Figura 9. Processo de licenciamento ambiental.

Viabilidade Desenvolvimento Instalação Operação

Estudos Construçã
de Projeto Projeto
Projeto oe Funcionamento
viabilidad básico executivo
montagem
e

EIA-RIMA Requisitos da LP PGR Controle/Monitorame


Outros Estudos PAE nto
estudos Complementares Requisito Gerenciamento de
Aud. Pública Medidas s LI Riscos
Compensatórias Ações de emergência

LP LI LO

Fonte: Adaptado de Diniz (2006).

É possível observar que os requisitos de EIA-RIMA e Análise de Risco devem ser


satisfeitos para a concessão da Licença Prévia (LP), ou seja, devem ser realizados ainda
na fase de projeto e estudos de viabilidade do empreendimento. Por sua vez, os requisitos
de Plano de Gerenciamento de Risco (PGR) e Plano de Ação de Emergência (PAE),
os quais falaremos mais adiante, devem ser elaborados para a posterior concessão da
Licença de Operação (LO) e, portanto, devem ser realizados durante as fases de projeto
executivo e construção/montagem.

Órgãos de apoio ao Licenciamento Ambiental e


outras autorizações necessárias

É importante lembrarmos que não apenas dos órgãos ambientais é feita uma Licença
Ambiental. Os empreendimentos possuem particularidades que precisam ser analisadas
e autorizadas não apenas por estes órgãos, mas muitas vezes, por outros órgãos de
competências específicas. Por isso, a interface entre órgãos é fundamental para compor
uma Licença Ambiental consistente e realmente responsável. Vamos citar algumas
dessas autorizações necessárias para compor o processo de licenciamento.

»» Manifestação da Fundação Nacional do Índio (FUNAI): como órgão


responsável pela demarcação e proteção das Terras Indígenas do país,
o órgão também é responsável por analisar as interferências sobre tais
territórios, conforme Estatuto do Índio (Lei no 6.001/1973).

62
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Isso quer dizer que, se um empreendimento projetado estiver em área


sobreposta – ou até mesmo num raio de proximidade – com Terras
Indígenas, por exemplo, a FUNAI deverá participar desse processo
licitatório, não apenas exigindo estudos específicos sobre o tema e dando
o parecer sobre sua anuência (ou não) ao empreendimento, mas também
tem o papel de exigir e monitorar programas específicos para que haja a
melhor resolução para eventuais impactos que podem vir a ocorrer aos
índios de uma determinada região (MMA, 2009).

»» Manifestação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional –


IPHAN: o órgão deverá ser ouvido quando houver risco de interferência
em área com sítios arqueológicos (conforme Lei no 3.924/1961) e de
interesse histórico e cultural (conforme Lei no 25/1937).

Em áreas de empreendimento onde há um eventual potencial de


ocorrência de locais de interesse histórico, cultural ou arqueológico,
é necessária a realização de uma pesquisa junto ao IPHAN. Se forem
encontrados indícios arqueológicos, por exemplo, é necessário o resgate
de peças e elementos, e o posterior envio a museus, tudo previamente à
implantação do empreendimento, conforme a Portaria no 230/2002 que
regulamenta esse procedimento alinhado ao licenciamento ambiental
(MMA, 2009).

Audiência discute EIA/RIMA da nova linha de


transmissão
[...]

O Rio da Luz, onde já corta uma linha de transmissão da Eletrosul, terá agora a LT
525 kV, interligando as subestações de Blumenau e Curitiba-Leste, em São José
dos Pinhais. Segundo informações, ela ficará entre as Sociedades Rio da Luz II
(Centenário) e Vitória. O bairro é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artística Nacional (Iphan) que autorizou os estudos com a recomendação de
que as torres e os cabos proporcionassem o menor impacto visual possível”.

Veja a matéria completa em: <http://www.jdv.com.br/noticia/6949/audiencia-


discute-eia-rima-da-nova-linha-de-transmissao>.

»» Manifestação da Fundação Cultural Palmares: a entidade, vinculada ao


Ministério da Cultura, deverá ser consultada quando houver potencial

63
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

interferência de um empreendimento em áreas de preservação dos


valores culturais negros, como em áreas de quilombos, por exemplo.

»» Autorização de Supressão de Vegetação (ASV): quando há necessidade


de retirada de vegetação do local do empreendimento a ser realizado,
é necessária essa autorização, conforme o Código Florestal. Devem ser
encaminhadas ao IBAMA ou órgão estadual ambiental competente
estudos detalhados da caracterização e quantificação dessa vegetação
para obter a autorização. Dificilmente um empreendimento é implantado
sem que haja algum tipo de supressão de vegetação, portanto, esse é um
documento que geralmente acompanha todos os estudos ambientais e é
imprescindível para a aprovação de uma licença.

»» Outorga de uso de recursos hídricos: essa autorização deve ser solicitada


junto ao órgão gestor da bacia hidrográfica da região do empreendimento
a ser licenciado. De acordo com a PNRH (Lei no 9.433/1997), estão
sujeitos a outorga e pagamento os usos de recursos hídricos:

›› derivação ou captação de água para consumo final, inclusive


abastecimento público ou insumo de processo produtivo;

›› extração de água de aquífero subterrâneo para consumo final ou


insumo de processo produtivo;

›› lançamento em corpo de água de esgotos e demais resíduos líquidos


ou gasosos, tratados ou não, com o fim de sua diluição, transporte e
disposição final;

›› aproveitamento dos potenciais hidrelétricos;

›› outros usos que alterem o regime, a quantidade ou a qualidade da água


existente em um corpo d’água (MMA, 2009).

»» Autorizações de uso de recursos minerais: da mesma forma que


os recursos hídricos, os recursos minerais também necessitam de
autorização específica para ser utilizado, e o órgão responsável por gerir
e conceder essa autorização é o Departamento Nacional de Produção
Mineral (DNPM), além de realizar a fiscalização deste uso (MMA, 2009).

64
CAPÍTULO 2
Estudos ambientais e matriz de
avaliação de impacto

Conforme dissemos anteriormente, os estudos ambientais são aqueles que vão subsidiar
o processo de Licenciamento Ambiental, de acordo com o que o órgão ambiental
solicitar. Neste capítulo, vamos detalhar como deve ser elaborado um estudo ambiental,
tendo como base os itens essenciais de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), por ser
o mais completo dos estudos. É fundamental reforçar que todo os estudos ambientais
devem ser realizados por profissionais qualificados para tal, e de forma multidisciplinar
(MMA, 2009).

O órgão ambiental, quando há a solicitação de licença por parte do empreendedor,


elabora um Termo de Referência (TR) que orienta a elaboração do estudo
solicitado, seja ele um EIA/RIMA, PCA, PBA etc. Há casos em que o órgão solicita
que o empreendedor elabore esse TR, apenas aprovando-o em seguida. O estudo
deve, assim, ser elaborado obedecendo todas as solicitações contidas no TR.

Basicamente, o esquema de elaboração de um estudo ambiental passa pelas


seguintes etapas, conforme a figura a seguir:

Figura 10. Esquema de etapas para elaboração de estudo ambiental.

PROJETO
MEDIDA
MITIGADO

Caracterização - Projeto
Técnica IMPACTOS
- mplantação
ÁREA DE AMBIENTAIS
INFLUÊNCIA - Operação
Identificação
Diagnóstico
Ambiental e Avaliação PROGRAMA

- Meio Físico AMBIENTAL

- Meio Biótico - mplantação

- Meio - Operação
Socioeconômico

CARACTERIZAÇÃO ANÁLISE PROPOSIÇÕES

Fonte: Adaptado de MMA (2009).

65
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Passo a passo de um estudo ambiental

Segundo a própria Resolução CONAMA no 1/1986, além de atender à legislação


pertinente, um estudo de impacto ambiental deve obedecer a diretrizes gerais e
atividades técnicas. Ou seja, um bom estudo ambiental precisa conter as informações
necessárias para que o órgão ambiental possa avaliar de forma concisa todos os
detalhes do empreendimento em questão. Para isso, há uma espécie de padronização
das informações básicas que deverão conter tais estudos, seja ele um EIA – que deve
ter maiores detalhes – ou outro estudo menos detalhado, como um RAP, por exemplo.

Vejamos quais os itens fundamentais para uma boa elaboração de um estudo ambiental:

»» Identificação do empreendedor: é muito importante a identificação


de quem está fazendo o estudo ambiental (geralmente elaborados por
empresas do ramo de consultoria ambiental) e de quem está solicitando-o,
ou seja, o empreendedor do projeto a ser licenciado.

»» Caracterização geral do empreendimento: todo o detalhamento do projeto,


incluindo a parte de engenharia, construção e detalhes tecnológicos.

»» Justificativa do empreendimento: a explicação do porquê é importante


licenciar esse empreendimento, quais os benefícios que este trará para a
sociedade, para o local em si, para a economia etc.

»» Alternativas tecnológicas e locacionais: identificação do local escolhido


para a implantação do empreendimento, apontando alternativas
estudadas e as justificativas para a escolha do determinado local; da
mesma forma, as justificativas para a escolha da tecnologia empregada
para o funcionamento do empreendimento. Tais alternativas devem ser
consideradas indicando os dados levantados em relação à quantidade
e ao grau dos impactos levantados e outros indicadores para balizar a
decisão pela escolha. Informações como volume de aterro, áreas a serem
desapropriadas, população afetada, áreas a sofrerem intervenção, entre
outros, são alguns indicadores geralmente utilizados.

66
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Figura 11. Croqui de alternativas locacionais do Projeto Verde Atlântico Energia – Termelétrica.

ALTERNATIVA 3

ALTERNATIVA 2

ALTERNATIVA 1

Fonte: Tetra Tech (2016).

»» Aspectos legais: uma breve descrição da legislação aplicada àquele


determinado tipo de empreendimento, nos níveis federal, estadual e
municipal, indicando tanto as leis ambientais quanto as relativas ao uso
e ocupação do solo, áreas urbanizadas, entre outros específicos para cada
empreendimento.

»» Áreas de influência: apresentar a definição das áreas de influência do


empreendimento, ou seja, os limites geográficos que podem ser afetados
por impactos diretos e/ou indiretos da implantação e operação do
empreendimento. Normalmente, as áreas consideradas são:

Área de Influência Indireta (AII) – área geográfica no qual os impactos e seus efeitos
decorrentes do empreendimento ocorrerão de forma indireta e, portanto, serão menos
significativos, menos sentidos que nas demais áreas de influência.

Área de Influência Direta (AID) – área geográfica diretamente afetada pelos impactos
do empreendimento, tanto os positivos quanto os negativos, que, por terem maior
intensidade, deverão ser mitigados, compensados ou potencializados (no caso dos
positivos, claro).

Área Diretamente Afetada (ADA) – área necessária para a implantação do


empreendimento, onde estão as suas estruturas, vias de acesso privativas, e demais
áreas de uso privativo do empreendimento. Os impactos, obviamente, serão sentidos
de forma direta e absoluta.

67
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Figura 12. Esquematização das áreas de influência.

AII

AID

ADA

Fonte: Adaptado de CETESB (2014).

As áreas de influência podem ser definidas de diferentes formas, com diferentes


limites geográficos, para os estudos de meio Físico, Biótico e Socioeconômico.
Normalmente, nos estudos de meio Físico e Biótico, consideram-se limites
geográficos naturais, como uma bacia hidrográfica, por exemplo, ainda que seus
impactos sejam sentidos não somente na paisagem, mas também pelo homem.
Nos estudos socioeconômicos, entretanto, estabelecer limites já feitos pelo
homem, como os limites municipais, por exemplo, podem fazer mais sentido
quando se tratam de impactos que podem influenciar a economia, ou a saúde,
ou a educação, que necessitam de parâmetros nos quais os limites naturais não
podem dar.

A CETESB, órgão licenciador do Estado de São Paulo, disponibiliza um indicativo


de Áreas de Influência já pré-determinadas para cada tipo de empreendimento:
ferrovias, dutos, linhas de transmissão, entre outros. Para conhecer essa lista
de empreendimentos e as sugestões de determinação de áreas de influência,
acesse:

<http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-
DD-217-14.pdf>.

»» Compatibilidade com Projetos e Programas Colocalizados: a Resolução


Conama no 1/1986 também cita essa necessidade de se levantar e
identificar, nos Estudos de Impacto Ambiental, todos os programas
e projetos nas esferas federal, estadual e municipal, sejam públicos ou
privados, que estejam propostos ou em implantação nas áreas de influência
do empreendimento. Assim, será possível o órgão ambiental analisar, por
exemplo, a eventual ocorrência de conflitos que podem existir entre os
interesses do empreendimento e destes programas e projetos, buscando,
caso haja conflitos, as melhores formas de solucioná-los.

68
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Um exemplo clássico de conflitos relativos à projetos colocalizados é a


implantação de Aterro Sanitário em área num raio de até 20 km de projetos
de aeródromos ou aeroportos. Isso porque em 2011, o Ministério da Defesa
elaborou um Plano Básico de Gerenciamento de Risco Aviário (PBGRA), que
recomenda a não implantação de atividades com potencial atração de aves
(como os aterros sanitários ou alguns cultivos agrícolas) num raio de 9 km de
aeródromos e aeroportos, e num raio de até 20 km, que haja o comprometimento
do empreendedor a utilizar técnicas para espantar tais aves dessa rota (CETESB,
2014).

Nesse tipo de projeto, é necessário que haja autorização da Agência Nacional de


Aviação Civil (ANAC) para a obtenção de licença, pois a possibilidade de que um
Aterro Sanitário atraia aves pode ser um fator de alto risco para aeronaves nessa
rota, podendo causar sérios acidentes, inclusive podendo provocar a queda de
aeronaves.

»» Diagnóstico Ambiental: o diagnóstico ambiental é a base do estudo que


vai nortear a avaliação dos impactos ambientais. Isso porque é nessa
parte que o estudo vai apresentar todas as informações das três áreas
de influência que podem ser passíveis de sofrer impactos decorrentes da
implantação do empreendimento. Essas informações devem ser obtidas
por meio de consultas a dados secundários, como teses, relatórios ou
dados quantitativos de órgãos oficiais (como o Instituto Brasileiro de
Geografia Estatística – IBGE, muito utilizado nesse tipo de estudo), além
de levantamentos de campo nas áreas de influência do empreendimento.
Nessa parte do estudo, além de uma extensa descrição por textos, é
importante o uso intenso de gráficos, mapas, fotos e ilustrações que
tornam mais claras as informações obtidas.

É importante saber que o nível de aprofundamento dos estudos pode – e deve – variar
de acordo com as áreas de influência. Assim, para a AII, os estudos podem ser mais
superficiais, com menor detalhamento; já para a AID, são importantes informações
mais detalhadas, especialmente em relação àqueles aspectos que serão mais impactados
(por exemplo, se os maiores impactos são para a fauna e flora, que haja um diagnóstico
maior do meio biótico deste determinado empreendimento); para a ADA, pode haver
um levantamento de campo para um maior detalhamento das informações do local
onde será a implantação do empreendimento e quais os aspectos que sofrerão os
maiores impactos.

69
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Os estudos geralmente são separados entre meio físico, meio biótico e meio
socioeconômico, pois, além do entendimento distinto de cada aspecto, as áreas de
Influência podem variar entre esses meios, conforme já falamos anteriormente. A fim
de esclarecer melhor sobre quais assuntos abordar em cada um dos meios, vejamos o
quadro a seguir:

Quadro 2. Principais temáticas abordadas por meio de análise.

Clima.
Qualidade do Ar.
Ruído e vibração.
Geologia e recursos minerais.
Meio Físico

Geomorfologia.
Pedologia.
Geotecnia e susceptibilidade a processos erosivos.
Espeleologia.
Recursos hídricos e qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
Áreas contaminadas.
Fauna (terrestre e aquática, caso haja).
Meio Biótico

Avifauna.
Flora terrestre.
Biota aquática.
Uso e ocupação do solo.
Zoneamento.
Meio Socioeconômico

Perfil demográfico e socioeconômico da população.


Equipamentos e serviços públicos (saúde, educação etc.).
Sistema viário e infraestrutura.
Estrutura produtiva, economia e serviços.
Patrimônio cultural, natural e arqueológico.
Organização social.
Populações tradicionais (indígenas, quilombolas e/ou caiçaras).

Fonte: Adaptado de CETESB (2014).

Após todo o diagnóstico ambiental, muitos estudos apresentam uma Análise


Integrada de todos os principais aspectos levantados nos meios, dando uma
caracterização destes resumidamente a fim de traçar um perfil das áreas de
influência e os principais aspectos que vão orientar o próximo – e mais importante
– item de um estudo ambiental.

Identificação e avaliação dos impactos ambientais

Sem dúvida, o estudo ambiental a ser elaborado, independentemente do tamanho a ser


adotado, tem como premissa a importância da avaliação dos impactos potenciais de

70
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

um empreendimento. A identificação e avaliação destes impactos deve ser elaborada


considerando as atividades das fases desde o planejamento, passando pela implantação
e operação do empreendimento proposto.

Os impactos devem ser descritos, quantificados e também qualificados, obedecendo


metodologias – há várias metodologias propostas para isso – e identificando quais
aspectos do projeto podem ser os causadores de tal impacto, e quais fatores ambientais
serão impactados.

Qual a diferença entre os aspectos e impactos


ambientais?

A ISO 14.001/2004, que é a norma que regulamenta a aplicação do Sistema de


Gestão Ambiental (SGA), define como aspecto ambiental um “elemento das
atividades ou produtos ou serviços de uma organização que podem interagir
com o meio ambiente”. A mesma norma trata de impacto ambiental como
“qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte dos
aspectos ambientais da organização” (ABNT, 2004).

Sendo assim, podemos entender que o aspecto ambiental pode ser uma
máquina, equipamento ou uma atividade a ser executada que pode ter algum
efeito sobre o meio ambiente, alterando-o. Essa alteração, caso ocorra, se
caracteriza como um impacto ambiental.

O impacto ambiental, portanto, sempre vai acontecer a partir de um aspecto


ambiental!

A Resolução CONAMA no 1/1986, em seu artigo 1o, define impacto ambiental como:

qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do


meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia
resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente,
afetam:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - a biota;

IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

V - a qualidade dos recursos ambientais (CONAMA, 1986).

71
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Assim, para facilitar a identificação dos impactos ambientais que podem ocorrer
potencialmente, é fundamental levantar todos os aspectos do projeto, a fim de detalhar
cada ação possível e, assim, identificar os impactos potenciais. O quadro a seguir mostra
um exemplo de levantamento em que há a descrição de uma atividade, um aspecto e
um impacto possível decorrente de um empreendimento hipotético de fabricação de
cimento, por exemplo.

Quadro 3. Levantamento de atividades, aspectos e impactos ambientais.

Atividade Aspecto Ambiental Impacto Ambiental


Consumo de água. Redução dos recursos hídricos.
Lavagem de equipamentos.
Lançamento de óleos na rede coletora. Alteração da qualidade das águas.
Uso de embalagens. Descarte de resíduos sólidos. Alteração da qualidade do solo.
Queima de combustível fóssil. Produção de emissões atmosféricas. Alteração da qualidade do ar.
Transporte de caminhões. Aumento do tráfego. Aumento do risco de acidentes.
Funcionamento de equipamentos. Aumento da emissão de ruídos. Aumento do incômodo à população.
Fonte: Elaborado por Silvia Zambuzi (2017).

Conforme podemos ver, esse é um pequeno exemplo de algumas atividades que podem
ocorrer em um empreendimento hipotético. São atividades genéricas que ocorrem nos
mais diversos tipos de empreendimento que necessitam de estudos ambientais para
licenciamento e que apresentam potenciais impactos decorrentes dos aspectos possíveis
de ocorrer de acordo com tais atividades.

A quantidade de impactos de um empreendimento vai depender das dimensões deste,


do tipo de atividade exercida e dos aspectos existentes. Estes impactos, geralmente,
são definidos entre os que afetam o meio físico, o biótico e a população, ou seja, o
meio socioeconômico, entretanto, muitos impactos potenciais afetam todos os meios
estudados, o que muitas vezes tornam essa classificação entre meios algo difícil.
Separá-los por meio facilita posteriormente na definição das formas de mitigá-lo,
potencializá-lo ou compensá-lo, entretanto, não é algo necessariamente obrigatório,
apesar de habitual.

Após o levantamento de impactos, é necessário realizar a avaliação destes. Em relação


a isso, a própria Resolução CONAMA no 1/1986, em seu art. 6o, II, afirma que o estudo
ambiental deve realizar a análise dos impactos a partir da sua identificação, previsão
de magnitude, discriminando-os como positivos ou negativos, diretos e indiretos,
imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes, reversibilidade e suas
propriedades cumulativas e sinérgicas e a distribuição dos ônus e dos benefícios sociais
de cada um, caso haja.

72
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Falaremos sobre essas características a seguir.

Metodologia de avaliação de impactos

Há diversas metodologias utilizadas para a avaliação dos impactos ambientais. Como


os primeiros trabalhos desenvolvidos neste sentido foram elaborados nos EUA, grande
parte das metodologias vieram de lá, o que as tornam nem sempre compatíveis com a
realidade do Brasil. Por isso, muitas destas metodologias precisaram – e precisam – ser
adaptadas para a realidade local.

Fica a critério da equipe técnica decidir qual é a metodologia ideal para cada caso, mas
geralmente as linhas metodológicas organizam e apresentam de forma escrita e visual
os impactos levantados.

Vejamos algumas das linhas metodológicas existentes para a avaliação de impactos


ambientais (OLIVEIRA; MOURA, 2009):

»» Metodologias Espontâneas (Ad Hoc): utilizada quando não há muitos


dados, os impactos são identificados por meio do conhecimento técnico
e de forma simples, subjetiva e pouco quantitativa, sendo sintetizados
em tabelas ou matrizes. Embora facilmente compreensível, não detalham
tanto os impactos e suas variáveis.

»» Metodologia de Listagem (Check-list): um dos métodos mais utilizados


atualmente, com a listagem de impactos levantados a partir do diagnóstico
dos meios estudados, categorizando-os em positivos, negativos e outras
características. Existem, inclusive, listagens padronizadas para cada tipo
de empreendimento (hidrelétrica, mineração etc.).

»» Matrizes de interações: basicamente de identificação dos impactos, foram


criadas para suprir as necessidades que a metodologia de listagem não
supria. Uma das mais conhecidas é chamada de Matriz de Leopold, que
consistem em levantar as interações entre as ações e os fatores e fazer
uma escala de 1 a 10 da magnitude e importância de cada impacto. Essa
matriz é bastante criticada por não explicitar qual a base de cálculo das
escalas de pontuação, sendo estas mais empíricas do que técnicas, além
da não identificação da inter-relação entre os impactos, o que pode alterar
sua avaliação de magnitude e importância.

Apesar disso, muitas matrizes utilizadas hoje são inspiradas na de Leopold, com uma
listagem planilhada por meio de linhas e colunas que facilitam a compreensão dos

73
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

resultados, tornando mais clara a valoração da magnitude e da importância de cada


impacto.

»» Redes de Interações (Network): utilizando métodos gráficos para


mostrar as relações entre as ações praticadas pelo empreendimento
e os possíveis impactos consequentes – diretos e indiretos. É de fácil
visualização e compreensão.

»» Metodologias quantitativas: associam valores às características


qualitativas a partir de indicadores de qualidade ambiental que variam
de 0 a 1. Cálculos são feitos entre a diferença do impacto com a realização
do empreendimento e sem a realização deste é que avaliam a importância
dos impactos.

»» Modelos de simulação: utilizam modelos matemáticos e programas


computadorizados para avaliar os parâmetros ambientais e as relações
de causa e efeito de determinadas ações. São métodos versáteis, pois
podem processar variáveis qualitativas e quantitativas, incorporar
informações de magnitude e importância e se adaptar a qualquer tipo
de empreendimento, mas exigem profissionais técnicos experientes e
equipamentos com programas para tal avaliação.

»» Mapas de superposição (Overlay Mapping): com a confecção de cartas


e mapas temáticos para localizar, dimensionar e analisar os impactos, a
partir de diversas transparências e layers que, sobrepostos, mostram a real
dimensão do problema. É um método ideal para impactos especializados,
como conflitos de áreas, indicativos de áreas agrícolas, Unidades de
Conservação, zoneamento, ideais para mostrar vulnerabilidades de
recursos ambientais, uso do solo etc.

Há outras metodologias existentes, elaboradas a partir da realidade local, que podem,


muitas vezes, sobrepor as metodologias já apontadas e formar novas metodologias.
Quem vai determinar a melhor forma de avaliar os impactos é a equipe técnica
responsável pelo estudo ambiental.

Em geral, no Brasil, os impactos são classificados em atributos que determinam sua


valoração. Os principais atributos são indicados no quadro a seguir:

74
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Quadro 4. Principais parâmetros e atributos dos impactos a serem avaliados.

Parâmetro Atributo
Natureza Positivo / Negativo
Incidência Direto / Indireto
Abrangência Pontual / Local / Regional
Ocorrência Certa / Provável
Temporalidade Curto / Médio / Longo prazo
Forma de ocorrência Permanente/ Temporário / Cíclica
Reversibilidade Reversível / Irreversível
Magnitude Baixa / Média / Alta
Significância Muito / Pouco / Significativo
Fonte: Adaptado por Silvia Zambuzi (2017).

Alguns estudos avaliam a significância e/ou a magnitude a partir do cruzamento


de outros atributos, como a reversibilidade e a abrangência, por exemplo, que são
atributos importantes para conhecer a real dimensão de um impacto.

Impactos cumulativos e sinérgicos


A análise da cumulatividade e sinergia dos impactos do empreendimento objeto
de estudo e de outros empreendimentos existentes na região é algo fundamental
para visualizar, em longo prazo, quais os efeitos reais da implementação de
um empreendimento. Isso porque os impactos, mesmo os pequenos, somam-
se ou interagem com outros impactos existentes na mesma área de influência do
empreendimento.

A própria Resolução Conama no 1/1986 cita as propriedades cumulativas e sinérgicas


dos impactos como algo a ser analisado, embora não explica ou conceitua que tipo de
propriedades são essas, não orienta tal análise (SPATA, 2014).

A Nota Técnica (NT) no 10/2012 (MMA e CGPEG/DILIC/IBAMA), que orienta


metodologicamente os estudos para licenciamento ambiental de empreendimentos de
exploração marítima de petróleo e gás, definiu os impactos cumulativos como aqueles
que ocorrem quando há incidência espacial e/ou temporal de impactos incidentes
sobre o mesmo fator ambiental, enquanto os sinérgicos ocorrem quando há uma
potencialização nos efeitos de um ou mais impactos em decorrência de uma interação
espacial ou temporal destes dois impactos (SPATA, 2014).

A figura a seguir ilustra melhor como caracterizar e identificar cada um destes impactos:

75
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Figura 13. Impactos cumulativos e sinérgicos.

IMPACTOS CUMULATIVOS

Projeto Impacto A
IMPACTO A

Projeto Impacto A

IMPACTOS SINÉRGICOS

Projeto Impacto A

Interaçã Impacto C
Projeto
Impacto B

Fonte: Adaptado de Hyder (1999).

Podemos pensar em um exemplo emblemático para compreender melhor os


impactos cumulativos: um rio utilizado como manancial para o abastecimento de
água possui, a montante deste abastecimento, alguns lançamentos industriais de
efluentes, todos licenciados e de baixa significância. Entretanto, estas emissões,
quando somadas, provocam uma alteração na qualidade da água (considerado
um impacto cumulativo), aumentando o custo de tratamento, e esse valor é
repassado aos usuários (também considerado um impacto cumulativo), além da
ocorrência de perda da diversidade da fauna aquática, com peixes que não são
mais encontrados nesse rio (também um impacto cumulativo destas emissões).

Em relação aos impactos sinérgicos, o caso do maior desastre ambiental já


ocorrido no Brasil, causado pela empresa Samarco na região do Vale do Rio Doce,
pode nos ensinar muitas coisas. O mar de lama despejada com o rompimento
da barragem de rejeitos da empresa pode ter diminuído a ocorrência de
sapos na região, que se alimentam do mosquito transmissor da febre amarela
e outras doenças. Com a falta de predadores, esses mosquitos podem ter se
proliferado em excesso e, ao encontrar os macacos – que sofreram também com
a diminuição de sua imunidade decorrente da falta de alimentos após o desastre

76
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

– transmitiram mais facilmente o vírus, auxiliando a proliferação da doença


também em humanos.

As pesquisas sobre o assunto estão sendo realizadas. Vale a pena estudar mais
sobre o tema e sobre as longas consequências desse acidente. Acesse: <http://
www.ambientelegal.com.br/lama-da-samarco-e-o-surto-de-febre-amarela/>.

Os impactos ambientais cumulativos e sinérgicos são citados, muitas vezes, apenas em


frases sobre os impactos ambientais de empreendimentos, mas não são tratados dentro
de um processo de identificação e avaliação, principalmente de forma quantitativa. Em
alguns casos, tais impactos cumulativos e sinérgicos são utilizados como um critério de
avaliação de impactos, não como impactos em si a serem avaliados.

Ainda que apontados na legislação vigente, não há claramente uma abordagem


metodológica padrão para analisar esses tipos de impacto. O fato é que os impactos
cumulativos e sinérgicos deverão ser identificados a partir da capacidade de
visualizá-los em longo prazo e sua interatividade na região do projeto, uma vez que,
mesmo pequenos, quando interagem ou se somam a outros impactos, podem se tornar
críticos.

Quando pensamos em impactos cumulativos, é importante pensar que sua definição


é simples. A emissão de fumaça de um único carro andando por uma via tem pouco
impacto na qualidade do ar, mas uma maior quantidade de carros pode causar alterações
na qualidade do ar. Isso pode ocorrer no tempo ou no espaço, portanto, o impacto
cumulativo pode ser pensado sob essas duas óticas (FERREIRA, 2011).

Segundo Dias (2001), por meio do Council on Environmental Quality (CEQ),


órgão que regulamenta as agências e os estudos ambientais norte-americanos,
estabeleceu-se princípios para a avaliação de impactos cumulativos, baseado em
pesquisas e experiência dos profissionais. Segundo esses princípios, os impactos
cumulativos:

1. São causados pela combinação de ações do passado e presente, além da


significativa chance de acontecer no futuro.

2. Também estão incluídos os impactos diretos e indiretos, em locais de


importância ecossistêmica, e para a comunidade humana.

3. Estes impactos devem ser analisados sob a ótica do recurso, ecossistema


e área afetada.

4. É impossível analisar impactos da dimensão global.

77
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

5. Impactos acumulados sobre um recurso, ecossistema ou comunidade


humana dificilmente poderá ser delimitado por fronteiras políticas ou
administrativas.

6. Estes podem ser resultado da acumulação de impactos similares ou da


interação sinérgica de impactos distintos.

7. Tais impactos podem durar mais do que as ações que os causaram.

8. Cada recurso, comunidade ou ecossistema precisa ser analisado a partir


de sua capacidade de acomodar impactos adicionais no tempo e no
espaço.

Os impactos cumulativos e sinérgicos também podem ser utilizados para a


elaboração de planos e programas, análises de riscos e outros estudos que não
necessariamente sejam de avaliação de impacto ambiental, embora levantá-los
previamente à sua ocorrência é a melhor recomendação.

Análise de risco

Inicialmente, os trabalhos de EIA-RIMA não faziam menção aos riscos de acidente,


caracterizando os impactos ambientais como aqueles que são decorrentes das
alterações ambientais causadas durante a construção dos empreendimentos ou
então das operações normais relativas à atividade. Recentemente, essa visão tem
sido modificada, tendo aumentado na abordagem dos estudos de EIA-RIMA alguma
forma de identificação dos perigos de acidentes e de avaliação dos riscos nos
empreendimentos que lidam com substâncias perigosas ou que de alguma forma
podem trazer riscos de acidentes maiores para as populações situadas na sua área de
influência.

Os estudos de análise de riscos passaram a ser incorporados nesse processo de


licenciamento para determinados tipos de empreendimentos, em geral os que são
considerados perigosos, para que a prevenção de acidentes seja também abordada
nestes licenciamentos.

A análise de risco consiste em analisar as possíveis consequências negativas de


algumas forças da natureza (como raios, furacões etc.) ou atividades humanas. Ela
é parte da chamada Gestão de Riscos, que atualmente todos os empreendimentos
com potencial de risco devem ter implementado, composta também pelas ações de
planejamento de ações em situações de emergência, caso esses riscos de fato ocorram.
É aí que as informações levantadas nos estudos ambientais são fundamentais para

78
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

também balizar as ações caso alguns impactos possam vir a acontecer e causar danos
para a empresa, população e entorno (MMA, 2009).

Alguns órgãos de controle ambiental passaram a exigir das empresas potencialmente


geradoras de riscos a apresentação de um Programa de Gerenciamento de Risco
(PGR) como forma de controle e monitoramento dos riscos avaliados. Como requisito
adicional, estes órgãos têm solicitado a realização de um Plano de Ação de Emergência,
que tem que ser feito a partir dos resultados da análise de riscos.

PGR e PAE, o que é isso?

Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR)

Importante para prevenir a ocorrência de acidentes ambientais que possam


colocar em risco tanto a integridade física dos trabalhadores quanto a segurança
da população e o meio ambiente. Para a sua maior efetividade, o PGR deve ser
estruturado contemplando todas as ações necessárias para a prevenção de
acidentes ambientais, além da minimização de eventuais impactos caso ocorram
situações anormais (CETESB, 2011).

Plano de Ação de Emergência (PAE)

A análise de risco, ação que deve ser realizada pelas organizações


(obrigatoriamente, no caso do licenciamento ambiental) aponta um conjunto
de eventos perigosos que requerem ações de contenção para o bloqueio desses
eventos. Podemos, dessa forma, definir um PAE como um instrumento preventivo
e de gestão operacional que indica a adoção de procedimentos lógicos, técnicos
e administrativos para dar resposta rápida e eficiente às situações emergenciais.

Fonte: ZAMBUZI, S. Elaboração e Gerenciamento de Planos de Riscos


Ambientais. Editora Unyleya, 2017.

Planos e programas ambientais


O PRAD que vimos anteriormente é um Plano praticamente obrigatório em todos os
processos de licenciamento atualmente. É considerado essencial para o andamento do
processo, uma vez que norteia ações de compensação/restauração/recuperação das
áreas degradadas.

79
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Ao longo do processo de licenciamento, no entanto, há uma série de programas e planos


ambientais propostos como medidas mitigadoras, ou de controle, ou de compensação dos
impactos potenciais, para serem executados nas mais diversas etapas de implementação
do empreendimento, seja para a construção ou para a operação deste.

Antes de prosseguir, é importante esclarecer o que significa cada uma dessas medidas
a serem realizadas para cada impacto e, consequentemente, ilustrada nos Programas
Ambientais propostos em seguida. Claro que o cenário ideal seria o da prevenção
desses impactos, o que muitas vezes não é possível, pois estes impactos geralmente
são decorrentes de atividades inerentes ao processo de instalação e operação de um
empreendimento.

Quando essa prevenção não é possível, deve haver outras medidas que, de alguma
forma, mitiguem, recuperem ou, por fim, compensem este impacto.

A mitigação de impactos visa reduzir estes a partir de estratégias como tecnologias e


ações, equipamentos e dispositivos capazes de reduzir a magnitude destes impactos. Da
mesma forma, as medidas de controle são importantes para que estes impactos sejam
calculados e controlados para que não saiam do previsto.

As medidas de recuperação, como o próprio PRAD, visam buscar formas de retornar


a situação da forma que estava antes do impacto ocorrer. São ações mais específicas e
pontuais, especialmente relacionadas à flora do local do empreendimento.

A compensação ocorre quando o impacto não pode ser mitigado, controlado ou não
há recuperação para a condição anterior. Essa compensação pode acontecer tanto
por meio de ações, como o plantio de árvores para compensar o corte de outras, ou
compensar a emissão de gás carbônico de um empreendimento, por exemplo, ou por
meio de recursos financeiros, de acordo com as determinações do órgão ambiental
competente do caso. A compensação é uma forma de ressarcir os danos causados ao
meio ambiente por um empreendimento. Falaremos mais disso adiante.

Embora sejam apontados nos estudos para a LP (como no EIA/RIMA e no RAP, por
exemplo), é requisito essencial para a obtenção da LI a descrição detalhada dos Programas
e Planos Ambientais, especialmente no PBA, que já descrevemos anteriormente como o
conjunto destes programas e planos.

Obviamente, os programas e planos são solicitados e desenvolvidos a partir das


características específicas do empreendimento a ser licenciado. Mas há alguns

80
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

programas e planos que são quase obrigatórios no processo de licenciamento. Vamos


apontar alguns exemplos:

»» Programa de Controle de Obras ou Plano Ambiental de Construção.

»» Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos.

»» Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar.

»» Programa de Monitoramento da Qualidade do Solo.

»» Programa de Monitoramento da Qualidade das águas.

»» Programa de Controle de Ruídos e Vibrações.

»» Programa de Controle de Processos Erosivos.

»» Programa de Monitoramento e Resgate de Fauna.

»» Programa de Controle de Tráfego.

»» Plano de Gerenciamento de Riscos (PGR).

»» Plano de Atendimento a Emergências (PAE).

»» Plano de Prospecção e Resgate Arqueológico.

Fundamental salientar que, além dos programas apontados que se referem aos
potenciais impactos que interferem no meio físico – paisagem, solo, relevo etc. – e no
meio biótico – fauna e flora – , também são de grande importância os programas voltados
ao meio socioeconômico, especialmente aqueles que podem potencializar os impactos
positivos que podem vir a ocorrer com a implementação de um empreendimento.

Afinal, quando falamos de impactos, temos sempre a visão de que é algo ruim
causado pela construção de algo que vai degradar e impactar uma região. Mas há sim
os impactos positivos e estes geralmente são vinculados às ações voltadas ao meio
socioeconômico. Como exemplo destes programas, temos:

»» Programa de Comunicação Social.

»» Programa de Educação Ambiental.

»» Programa de Saúde e Segurança das Obras.

81
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Em geral, os programas ou planos propostos exigem um monitoramento de suas


atividades e podem ser interdependentes um do outro, só assim as medidas
preconizadas podem ter um resultado satisfatório.

Compensação ambiental
Conforme falamos anteriormente, a compensação ambiental é um mecanismo utilizado
quando não há formas de mitigar, controlar ou recuperar um ambiente ou situação
diante de um impacto ocorrido. Sempre haverá impactos desse tipo, uma vez que, ao
menos atividades como supressão de vegetação ocorrem em praticamente todos os
empreendimentos, e esse é um tipo de situação que exige uma compensação, uma vez
que não é possível o retorno daquele ambiente da forma que era após o impacto.

A compensação é um mecanismo financeiro para compensar o efeito desses impactos


que não são mitigáveis de alguma forma.

A compensação quando tratada nos estudos ambientais adquirem um caráter


preventivo, uma vez que o empreendimento ainda não está sendo implantado
no momento do licenciamento e, portanto, o impacto ainda não ocorreu. Mas
há situações em que a compensação é feita para recuperar danos e perdas
ambientais já ocorridos, quando o empreendedor – e até pessoa física em alguns
casos – recebe multa ou infração por esse dano. Um dos procedimentos exigidos
pelos órgãos ambientais para reparar esse dano é a compensação ambiental,
desde o pagamento da multa para serviços ambientais até o plantio de mudas
de espécies nativas, por exemplo.

Veja como se dá essa compensação no seu município, pois eles variam para cada
órgão ambiental responsável.

Segundo o SNUC (Lei no 9.985/2000), em seu art. 36, o empreendedor responsável


por empreendimentos de significativo impacto ambiental, para a obtenção de Licença,
deve apoiar a implantação e/ou manutenção de alguma Unidade de Conservação de
Proteção Integral, sendo o valor estipulado de acordo com o valor final do projeto, não
podendo “ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação
do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de
acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento” (BRASIL,
2000).

82
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

O empreendedor pode sugerir a UC na qual será destinada a sua compensação,


entretanto, cabe ao órgão ambiental defini-la. Mas, há prioridades na aplicação de
recurso, conforme o Decreto no 4.340/2002:

I - regularização fundiária e demarcação das terras;

II - elaboração, revisão ou implantação de plano de manejo;

III - aquisição de bens e serviços necessários à implantação, gestão,


monitoramento e proteção da unidade, compreendendo sua área de
amortecimento;

IV - desenvolvimento de estudos necessários à criação de nova unidade


de conservação; e

V - desenvolvimento de pesquisas necessárias para o manejo da unidade


de conservação e área de amortecimento.

Quando em UC’s de posse particular, a destinação deverá ser, sobretudo, à elaboração


de Plano de Manejo, pesquisas e programas de educação ambiental.

Em 2006 foi criado o Fundo Nacional de Compensação Ambiental, já previsto no


SNUC, para administrar (IBAMA e Caixa Econômica Federal) todo o valor referente às
compensações recebidos e investir na criação e manutenção das UC’s federais, estaduais
e municipais.

A Resolução CONAMA no 371/2006 estabeleceu diretrizes para o cálculo, cobrança,


aplicação, aprovação e controle de gastos de recursos vindos da compensação
ambiental. Em 2008, no entanto, o Supremo Tribunal Federal emitiu uma Ação
Direta de Inconstitucionalidade (ADI) no 3.378, que questiona e torna inconstitucional
a obrigatoriedade de aplicação de 0,5% do valor total do empreendimento em
compensação ambiental, afirmando que esse valor para a compensação deveria ter por
base o grau de impacto ambiental.

Em 2009, foi promulgado o Decreto no 6.848, que institui cálculos para essa
compensação ambiental (CA) a partir do grau do impacto (GI) com um valor
de referência (VR) que é a soma dos investimentos para a implantação do
empreendimento, a partir da fórmula:

CA = VR x GI

O grau de impacto é gerado por meio de outros cálculos que atingem valores de 0 a
0,5% gerados a partir das informações contidas nos estudos ambientais.

83
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

Acesse o Decreto e veja o cálculo de GI estabelecido por ele:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6848.
htm>.

Continuando o processo de elaboração dos estudos ambientais, após a indicação dos


Planos e Programas Ambientais propostos, o estudo entra na sua fase final.

Prognóstico ambiental
Embora o prognóstico seja uma parte curta do estudo, é de fundamental importância,
pois vai balizar a decisão final do órgão ambiental quanto a autorização de obtenção de
licença ambiental ao empreendimento.

Trata-se de um resumo da situação ambiental das áreas de influência com a implantação


do empreendimento e sua operação, considerando a adoção dos programas ambientais
propostos. Dessa forma, é um comparativo da situação ambiental de todas as áreas de
influência em um cenário com e sem o empreendimento (CETESB, 2014). O que vai
haver de mudanças e quais delas serão boas ou ruins com o empreendimento. O que
muda? O que é melhor? O que piora neste ambiente? E o que ocorrerá caso não haja a
implantação do empreendimento?

Todas as respostas a essas perguntas podem estar no prognóstico ambiental e, por isso,
é uma etapa importante dos estudos ambientais.

Conclusões

As conclusões do estudo devem sustentar os argumentos sobre a viabilidade ambiental


do empreendimento, recomendando as ações necessárias para tal.

Referências bibliográficas e equipe técnica

É importante a listagem de toda a bibliografia usada nos dados secundários obtidos


para o desenvolvimento do estudo ambiental.

Em relação à Equipe Técnica, além de apresentar a equipe – que deve ser multidisciplinar
– e sua formação acadêmica, indicando a responsabilidade dentro do estudo de cada
um dos profissionais, é fundamental a apresentação de Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) dos coordenadores do estudo.

84
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Relatório de Impacto Ambiental (RIMA)

A Resolução CONAMA no 1/1986, no seu artigo 9o, fala que o RIMA deve ser apresentado
separadamente ao EIA. O RIMA, basicamente, é um documento resumido do EIA, mas
que deve ser mais objetivo e de fácil compreensão, com linguagem acessível, ilustrações,
gráficos, infográficos, mapas, fotos e outras formas de comunicação visual que facilitem
o entendimento do público em geral de todas as fases do estudo e do projeto em questão,
apontando as vantagens e desvantagens de implementação do empreendimento.

Isso porque o RIMA é um instrumento importante para que a população conheça


melhor o empreendimento e se prepare para as audiências públicas, etapa posterior
à entrega do estudo ambiental ao órgão competente. Já falamos sobre as audiências
públicas nesse material, e da importância do RIMA para que estas audiências sejam,
de fato, validadas pelo poder público, seja ele de esfera municipal, estadual ou federal.

Veja o Relatório de Impacto Ambiental do Complexo Germano, da empresa


Samarco, onde estava localizada a barragem de Fundão, que rompeu em 2015,
e que foi considerado até hoje um dos maiores desastres ambiental ocorrido no
país.

<http://www.samarco.com/wp-content/uploads/2017/11/rima-samarco-2017.pdf>.

Um bom estudo ambiental é determinante para que as premissas propostas


sejam seguidas pelos empreendedores? E os órgãos ambientais, além de
realizarem avaliações de estudos, estão aptos à acompanhá-los, monitorar as
atividades, programas e planos propostos pelos empreendedores?

O caso das hidrelétricas


A Usina Hidrelétrica de Belo Monte e todo o seu projeto, desde o processo de
idealização e licenciamento, foi alvo de muita polêmica e resistência, sobretudo para os
ambientalistas e movimentos sociais.

O projeto da hidrelétrica em território amazônico já era idealizado há muitas décadas,


mas ganhou forças após a crise energética de 2001. O governo, então, voltou a investir
em novas fontes de energia, sendo as usinas hidrelétricas a base da matriz energética
do país, consideradas uma produção de energia limpa, embora os grandes barramentos
representem grandes impactos, especialmente na região amazônica.

Essa tendência de incentivar a construção de grandes hidrelétricas no Brasil vem desde


a década de 1970, quando os investimentos governamentais enfocaram grandes usinas

85
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

hidrelétricas, no momento do auge do Regime Militar e da expansão do consumo


energético – fomentado pela urbanização e industrialização, especialmente nas áreas
antes pouco habitadas do país, incentivado pelos próprios militares para a “ocupação
do país” – quando foram construídas usinas como Paulo Afonso, Itaipu e Tucuruí.

Tais usinas, todas de grande magnitude, foram construídas em um período anterior às


exigências de realização de Estudos Ambientais para a elaboração de EIA/RIMA como
um pré-requisito para a construção da obra. Assim, surgiram casos emblemáticos de
conflitos e impactos ambientais relativos à construção dessas Usinas. Destaca-se como
exemplos (ZAMBUZI, 2016):

»» Usina hidrelétrica de Balbina: construída em pleno território amazônico


e só finalizada na década de 1980, a usina foi exemplo de descaso
ambiental, uma vez que uma imensa área foi alagada e as árvores
desmatadas não foram removidas corretamente, causando putrefação
destas e consequentemente a produção de gases sulfúricos e metano, gases
prejudiciais ao clima e também para a vida aquática, que praticamente
foi eliminada nessa região.

»» Usina hidrelétrica de Turucuí: embora tenham sido elaborados estudos


simultaneamente à sua construção, milhares de pessoas tiveram que
sair às pressas de suas casas devido o alagamento rápido de seu imenso
reservatório.

»» Usina hidrelétrica de Sobradinho: considerado na época um dos


maiores do mundo, o reservatório desta usina inundou grande parte
de sete municípios, com cerca de 70 mil pessoas retiradas das áreas a
serem alagadas, e muitas áreas produtivas – que abasteciam toda a
região – foram perdidas. A maior parte dessa população foi deslocada
compulsoriamente pelo Estado e reassentada a vários quilômetros das
margens originais do rio, em plena caatinga, em solos impróprios para o
plantio, perdendo-se assim as melhores terras para cultivo da região, às
margens dos rios (COSTA, 1990). O caso virou até música, que denunciava
tamanho impacto socioambiental ocorrido.

Nos últimos anos, os incentivos à construção de barragens na região Amazônica voltaram


a ser o foco da política energética do país. Entretanto, há problemáticas socioambientais
que fazem com que sejam questionados os reais benefícios para a região.

Embora as usinas sejam consideradas menos impactantes por serem construídas com
a tecnologia a fio d’água, possuem, muitas vezes, uma capacidade instalada de geração

86
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

de energia questionável, além de estarem numa região de grande biodiversidade


ambiental e com populações tradicionais (indígenas, ribeirinhos, etc.). Além disso, a
energia gerada é utilizada para o abastecimento da região centro-sul do país, o que
aumenta os custos com a distribuição desta energia.

Usinas a Fio d´água


Com reservatório de dimensão reduzida, uma vez que é aproveitada a força da
correnteza dos rios sem precisar estocar grandes quantidades de água, esse tipo
de usina fica condicionada ao regime do clima e dos rios, pois produz muita
energia nos períodos chuvosos de cheia e pouca energia nos períodos de seca.

Além disso, não há necessidade de grandes quedas d’água, podendo então ser
construídas em áreas mais planas, como é o caso da região Amazônica, que não
favorece grandes represamentos. A maior desvantagem desse tipo de usina
é o baixo fator de capacidade delas (devido à oscilação no regime das águas)
(ZAMBUZI, 2016).

O exemplo mais emblemático atual de construção de usina hidrelétrica é a de Belo


Monte, projeto idealizado desde o período militar junto com outros aproveitamentos
hidrelétricos no rio Xingu. Embora os estudos de inventário hidrelétrico já indicavam
o alto impacto em terras indígenas, eles foram aprovados em 1988, no mesmo ano em
que foi promulgada a Constituição Federal que poderia inviabilizar essa aprovação,
em função do reconhecimento da demarcação das terras indígenas (FAINGUELERNT,
2016).

Nesse período, já se destacava como o maior impacto socioambiental a falta de consulta


e participação dos principais atingidos pelos projetos de barragens – no caso de Belo
Monte, os indígenas – que já se mobilizaram para protestar contra a Usina.

Figura 14. Cena famosa da índia Tuíra (da etnia Kaiapó) ameaçando com um facão no rosto do então diretor da
Eletronorte, empresa responsável pelo Inventário Hidrelétrico que incluía Belo Monte.

Fonte: <https://racismoambiental.net.br/wp-content/uploads/2017/11/tuira.jpg>. Acesso em: 16/4/2019.

87
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL

O projeto foi retomado no fim da década de 1990 e os estudos ambientais foram


realizados desde então. Em 2001, o Estudo de Impacto Ambiental foi suspenso pelo
Ministério Público Federal (MPF). O EIA foi retomado, mas, em 2004, houve uma
nova paralisação do processo de licenciamento, uma vez que foram apontadas várias
falhas pelo MPF. Como foi considerada pelo governo como uma prioridade estratégica,
o licenciamento prosseguiu no ano seguinte (FAINGUELERNT, 2016).

Em 2006, novamente foi suspenso o processo de licenciamento, mais uma vez devido
à alegação de que os povos indígenas afetados pelo empreendimento deveriam ser
ouvidos. Após iniciar diálogo com os povos tradicionais da região, o processo foi seguido
em 2007.

Apenas em 2009 o EIA/RIMA foi entregue ao IBAMA, mesmo com considerações da


FUNAI indicando falta de estudos sobre os povos indígenas – lembrando que, conforme
já apontamos, é necessária a manifestação da FUNAI para a aprovação de EIA/RIMA.
Foram solicitadas diversas audiências públicas – conforme já dissemos, é um elemento
fundamental para o processo de licenciamento – que foram consideradas insuficientes
por não assegurarem a participação da população atingida (FAINGUELERNT, 2016).

Somente em 2010 foi concedida a Licença Prévia (LP) à hidrelétrica de Belo Monte, em
meio a protestos que tomaram dimensão internacional de ambientalistas e estudiosos da
causa socioambiental. O IBAMA apresentou cerca de 40 condicionantes que a empresa
deveria esclarecer para dar o andamento no processo ambiental, grande parte destas
condicionantes ligadas às populações atingidas, mas também ligadas à qualidade das
águas, fauna, saneamento etc.

Em 2011, no entanto, a despeito da legislação ambiental brasileira, o IBAMA concedeu


uma espécie de “licença parcial” dando autorização para a supressão de vegetação da
área do empreendimento. Conforme já apresentamos anteriormente, após a concessão
da LP, a concessão da licença seguinte só deve ocorrer com o cumprimento das
condicionantes apontadas pelo órgão ambiental. Ainda assim, em 2011 foi concedida
a Licença de Instalação (LI) com ações que compuseram o Plano Básico Ambiental
(PBA). As obras, no entanto, só começaram em 2013.

A previsão de geração de 19 mil empregos para a construção da usina e seu reservatório


(o que é considerado um impacto positivo) traz consigo inúmeros impactos negativos
ligados ao aumento populacional e suas consequências, como pressão nos equipamentos
de serviço público, aumento da violência, das doenças etc. Junto com o empreendimento,
cerca de 90 mil pessoas foram para a região, atraídos pela possibilidade de haver
oportunidades relacionadas às obras de construção da usina.

88
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II

Em 2015, com parte das obras de implantação concluídas, a usina conseguiu a Licença de
Operação (LO) sem mesmo ter sido atendidas todas as condicionantes para a obtenção
desta. Desde 2017, essa licença vem sendo suspensa e liberada, especialmente devido
aos problemas relativos às ações judiciais que questionam o descumprimento das
condicionantes para a LO, especialmente as ligadas à infraestrutura dos reassentamentos
das populações que antes habitavam a beira do rio Xingu. Mesmo em obras, a Usina
funciona parcialmente (MADEIRO, 2017).

89
GESTÃO AMBIENTAL UNIDADE III
O termo Gestão Ambiental por si só carrega uma porção de sentidos, significados e
ações. Sim, é um tema extenso, mas que pode ter muita utilidade para as organizações
que desejam ter melhorias ambientais e todas as demais melhorias que podem,
consequentemente, acontecer com tais ações.

CAPÍTULO 1
Conceitos e desenvolvimento
sustentável

Se voltarmos um pouco na nossa história da humanidade, o mundo já foi bem pouco


habitado. Haviam menos de um milhão de pessoas habitando na Terra até o início
da revolução agrícola, que ocorreu há mais de 10 mil anos. Com o crescimento dessa
produção agrícola, o caráter migrador da espécie findou e o estabelecimento das
populações nos territórios fez com que o fenômeno das cidades crescesse e, assim, as
populações cresceram, com mais de cinco milhões de habitantes há cerca de 8 milhões
de anos. Quando do início da era Cristã, a população mundial era de cerca de 170
milhões de pessoas (ALVES, 2017).

Com baixa densidade demográfica e modos de vida baseados grande parte da agricultura,
a Terra nesse período apresentava recursos naturais infindáveis. Além da população
pequena, as atividades humanas ainda rudimentares não exigiam a utilização de grades
quantidades de recurso. Destacamos o uso da água, recurso fundamental à sobrevivência
humana, que neste período era essencial à agricultura e já era amplamente utilizada.

Podemos dizer que os Arquedutos Romanos, de certa forma, foram umas das
primeiras obras de engenharia que seriam uma alternativa de gestão ambiental,
especificamente dos recursos hídricos locais.

Os arquedutos, embora construídos em diversos locais, foram criados pelos


romanos, quando, ainda nos últimos séculos antes de cristo, tiveram sua demanda
por água aumentada pelo crescimento rápido da cidade. É importante dizer

90
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

que, historicamente, as cidades sempre foram construídas próximas às fontes


de água para o abastecimento, mas não se imaginava que essa necessidade de
água superaria a capacidade de fornecimento de água destas fontes. Assim,
quando há o crescimento destas áreas urbanas, muitas vezes, há a necessidade
de se buscar alternativas para o abastecimento de água.

Utilizando a gravidade, os arquedutos são canais artificiais para transporte


de água para locais mais baixos do que nas fontes, em formato de arcos que
facilitavam a estrutura a aguentar o peso da água. A estrutura basicamente
era de tijolos e cimento, que conduziam as águas até reservatórios que,
posteriormente encaminhava as águas para as termas e fontes públicas, onde
a população poderia pegá-la para uso, e também para as casas dos mais ricos
e privilegiados, que tinham acesso fácil ao recurso (ALBUQUERQUE, 2017). A
figura a seguir mostra o esquema de construção e distribuição das águas dos
arquedutos, desde a captação até a distribuição de água à cidade.

Figura 15. Esquema dos Arquedutos Romanos.

Canos de inspeção
Entrada
Tanque
FONTE Arqueduto coberto distribuição Cidade

Tanque de
sedimentação Particular
Termas
Público

Fonte: Albuquerque (2017).

Os arquedutos são obras de construção tão imponentes que eram pensadas


também sua manutenção, por isso, eram construídas camadas de extensão.

É importante destacar que, embora com uma capacidade muito grande de


distribuição de água, os arquedutos faziam a gestão das águas de forma
diferenciada para a população rica e para os mais pobres da cidade. Enquanto
uma minoria rica de Roma recebia as águas em suas residências, a grande massa
de população mais pobre só poderia ter acesso à água pelas fontes públicas da
cidade e mediante uma taxa de uso. Isso mostra o quando a gestão dos recursos
– historicamente – é desigual quando pensado socialmente (GASPARETTO JR,
2018).

Há arquedutos construídos em todo o mundo, pois esta foi uma alternativa da


engenharia de transporte e distribuição de água durante alguns séculos depois

91
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

de cristo, até a era moderna. No Brasil, por exemplo, temos os Arcos da Lapa, no
município do Rio de Janeiro, que originalmente era conhecido como Arqueduto
da Carioca, construído entre 1725 e 1744, para transportar água do rio Carioca
até o Largo de mesmo nome, abastecendo a área central urbana da época.
Inicialmente feito só com canos de ferro, posteriormente foi reformado com
materiais bem firmes, como cal, cimento e óleo de baleia. Embora deixou de ser
utilizado com o propósito inicial, os arcos da Lapa hoje são importante ponto
turístico da cidade do Rio de Janeiro, sem que ao menos as pessoas saibam da
real funcionalidade deste monumento.

Figura 16. Arcos da Lapa atualmente.

Fonte: Veja Rio (2015).

Com o desenvolvimento de diversos setores, especialmente a ciência e a medicina ao


longo da história, a população foi aumentando à medida que melhoraram as condições
de sobrevivência e a possibilidade de se viver mais. Embora as taxas de natalidade e
longevidade fossem bastante baixas e diversas pestes tenham assolado grande parte
da população mundial, como a peste bubônica, a população ascendeu constantemente
desde então. À época das grandes navegações e o do descobrimento do Brasil pelos
portugueses, a população mundial era de cerca de 450 milhões de pessoas. Em 1800,
com a Revolução Industrial foi atingida a marca de 1 bilhão de habitantes (ALVES,
2017).

A Revolução Industrial trouxe consigo a utilização intensa de recursos energéticos,


especialmente, como o carvão, além da eletricidade e de um novo uso para os recursos
hídricos: as indústrias que surgiam. A extração mineral passou a ser uma constante da
humanidade desde então e esse uso de todos os recursos passou a ser deliberado pela
humanidade.

92
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

A humanidade demorou cerca de 200 mil anos para crescer para 1 milhão de
habitantes no planeta. Mas, a partir da Revolução Industrial, esse crescimento
passou a ser muito rápido: Em 1927, já éramos 2 bilhões de pessoas; em 1960, 3
bilhões; em 2011 atingimos a marca de 7 bilhões e há previsões de que em 2023
poderemos chegar a 8 bilhões! (ALVES, 2017).

Será que teremos recursos naturais suficientes para conseguir viver de forma
harmônica no planeta até lá?

Entender o crescimento demográfico da população mundial e como se deu o


desenvolvimento científico, econômico e social desta população ao longo da história é
fundamental para compreender porque hoje tratamos da Gestão Ambiental. O nosso
desenvolvimento enquanto planeta foi se tornando cada vez menos sustentável ao longo
da história, pois os recursos foram sendo extraídos e utilizados cada vez mais sem que
houvesse a preocupação destes recursos serem finitos.

Essa preocupação real com os efeitos dos impactos da utilização deliberada dos recursos
ambientais em geral se deu somente a partir da década de 1950, motivada pela queda
na qualidade de vida em algumas regiões. Na década de 1960, já se abordava a questão
da utilização de pesticidas na agricultura, surgindo assim uma preocupação até então
inédita na sociedade global. A famosa Conferência de Estocolmo, ocorrida em 1972 e
organizada pela Organização das Nações Unidas – ONU, foi um marco na discussão
sobre o tema (RUPPENTHAL, 2014).

Nos anos 1980, a ONU retomou com força os debates sobre os problemas que envolviam
as questões ambientais e promoveu uma Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento. Vejam, se durante muito tempo essas duas palavras – Meio
Ambiente e Desenvolvimento – eram distantes ideologicamente, especialmente pelos
ideais preservacionistas extremos que acreditavam que preservar o primeiro só poderia
ocorrer sem o segundo. Neste momento da história, já eram colocadas sobrepostas
essas duas ideias para o planeta.

Como produto final deste evento, surgiu um extenso relatório conhecido como
Relatório Brundtland, ou Nosso Futuro Comum, no qual era apresentado o termo
Desenvolvimento Sustentável.

Desenvolvimento sustentável
Segundo Veiga (2008), somente em 1979, em um Simpósio das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente que o termo “desenvolvimento sustentável” foi utilizado pela

93
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

primeira vez. Naquele momento, os ambientalistas eram apontados como contrários


ao desenvolvimento. Entretanto, estes afirmaram não serem contrários a esse
desenvolvimento, somente desejaram que ele fosse sustentável. A expressão, claro,
tornou-se popular a partir desse momento, sendo posteriormente muito utilizado no
Relatório Brundtland, mais conhecido como “Nosso Futuro Comum”. Esse relatório
é um marco no debate sobre a relação entre meio ambiente e desenvolvimento, uma
vez que anteriormente só se discutia o quão o segundo era prejudicial ao primeiro.
O relatório propõe que o chamado desenvolvimento sustentável é “aquele que atende
às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras
atenderem às suas necessidades” (CMMAD, 1991).

Isso significa possibilitar as pessoas para que atinjam um nível satisfatório de


desenvolvimento social e econômico agora e também no futuro, fazendo para tal um
uso razoável dos recursos naturais.

Segundo Ruppenthal (2014), os principais conceitos do desenvolvimento sustentável


são:

»» As necessidades essenciais dos pobres de todo o mundo devem ser a


principal prioridade.

»» O entendimento das limitações tanto tecnológicas quanto da própria


organização social existentes para com o meio ambiente, para o
atendimento das necessidades do presente e do futuro.

Além disso, é importante lembrar que o desenvolvimento sustentável depende também


do aperfeiçoamento evolutivo de sistemas político, econômico, social, produtivo etc., que
contribuam para que este desenvolvimento seja realizado de forma efetiva. Ruppenthal
(2014) descreve tais sistemas e suas funções no desenvolvimento sustentável:

»» Sistema político: a partir da efetiva participação dos cidadãos no processo


decisório para que haja atuação responsável destes.

»» Sistema econômico: para geração de excedentes e conhecimentos técnicos


para formar base do desenvolvimento com o mínimo de degradação
possível.

»» Sistema social: fundamental para a resolução de tensões possíveis com o


desequilíbrio do desenvolvimento e as populações.

94
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

»» Sistema produtivo: que se atente à preservação das bases dos recursos


naturais com aproveitamento eficiente, com redução de geração de
resíduos no processo produtivo etc.

»» Sistema tecnológico: para buscar constantemente novas soluções para a


ecoeficiência tanto para processos produtivos quanto para os produtos.

»» Sistema administrativo: que faça autoavaliação para a melhoria contínua.

»» Sistema internacional: que estimule padrões para o desenvolvimento


sustentável, o comércio e os processos.

Só a interligação entre tais sistemas eficientes com medidas que envolvam poderes
públicos, iniciativa privada e a sociedade é que formam de fato o tripé capaz de efetivar
um desenvolvimento sustentável (RUPPENTHAL, 2014).

A partir dessas iniciativas mundiais, a ideia de que os recursos naturais passam a ter
um limite de utilização. Compatibilizar os limites mínimos que garantiriam o bem-estar
da população mundial com os limites máximos que fariam perdurar a existência destes
recursos para as próximas gerações seria o novo desafio da humanidade.

Enquanto na década de 1980 as legislações de controle ambiental das indústrias eram


o foco principal das políticas ambientais mundiais, nos anos 1990, há uma mudança, e
a prevenção passou a ser destaque, aumentando o foco para os esforços científicos na
redução da poluição com tecnologias mais limpas, otimização dos processos produtivos,
reaproveitamento e descarte correto de materiais (RUPPENTHAL, 2014).

Ainda que esses esforços há décadas sejam realizados, não parecem ser suficientes.
A degradação dos recursos naturais renováveis e não renováveis se intensifica a cada
dia e entramos na era dos anos 2000 com a poluição – especialmente nas grandes
metrópoles – intensa, o consumo de energia e água maiores e a geração de resíduos em
um patamar problemático em todo o mundo. E nada ainda foi feito a ponto de alterar
significativamente essa realidade.

Além disso, essas questões reforçam e potencializam alguns fenômenos ligados às


mudanças climáticas. Gases como o monóxido de carbono e o metano, produzidos com
o uso de alguns recursos naturais – como o petróleo – comprovadamente fazem o papel
de potencializadores do aumento da temperatura global e dos consequentes fenômenos
climáticos extremos ligados a isso.

95
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Vamos falar mais um pouco sobre as mudanças climáticas, pois só assim podemos
entender da importância de gerir os recursos ambientais como um todo.

Sabemos que o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC


emite relatórios constantes relativos às alterações no clima mundial. Segundo
relatório de 2014, o aumento da temperatura global irá afetar áreas como o Ártico,
eventos de frio extremo serão mais raros e eventos de ondas de calor serão mais
intensos (IPCC, 2014). Os níveis médios dos oceanos, com o derretimento das
geleiras, tendem a subir e o aumento de temperatura das águas tende a alterar
seu ecossistema, além da maior concentração de CO2 dissolvido nas águas
poderá levar a uma acidificação dos oceanos e mortandade de corais e recifes.

As precipitações não terão uma distribuição uniforme, tendo algumas regiões


nas altas latitudes com maiores precipitações; nas médias latitudes e regiões
subtropicais secas, a tendência é de maior seca, enquanto as regiões subtropicais
úmidas (inclui o Sul do Brasil) a tendência é aumentar as precipitações, já os
eventos extremos de precipitação serão mais comuns nas zonas tropicais (o
restante do Brasil), porém, a tendência para a região Amazônica é de secas
intensas (IPCC, 2014).

Quase todo o nosso país está sujeito ao aumento na frequência de ondas de calor
e de noites quentes especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Um aquecimento
nas águas do Oceano Atlântico Sul pode levar a ocorrência de eventos extremos,
como furacões e grandes chuvas (IPCC, 2014).

Nos últimos anos, você notou alguma diferença no seu dia a dia em relação a
isso? Está mais utilizando sacolas plásticas? Está produzindo mais lixo? O clima
está diferente?

Analisando nosso histórico enquanto humanidade e nossa relação com o meio ambiente
do planeta, nos cabe agora refletir sobre o que é a Gestão Ambiental. Utilizar de maneira
racional os recursos naturais já era prática em algumas sociedades ao longo da história,
e essas práticas foram evoluindo e tomando dimensões maiores à medida em que a
problemática da escassez e degradação destes recursos entrava na realidade de cada
sociedade.

Podemos entender, então, que a gestão ambiental é uma consequência natural da


evolução de pensamento da humanidade em relação à utilização dos recursos naturais
de modo que esta seja realizada da forma mais consciente possível.

96
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Neste sentido, fazem parte da gestão ambiental os conhecimentos e as técnicas para


que isso ocorra, como a recuperação de áreas degradadas, técnicas de reflorestamento,
métodos para a exploração sustentável de recursos naturais e os estudos de impacto e
risco ambientais.

O termo ganhou forças sobretudo no setor empresarial, abarcando desde o atendimento


às normas e regulações criadas pelo setor público, até o atendimento às exigências dos
consumidores e da sociedade como um todo. Sua prática permite desde a redução de
custos, a partir da diminuição do desperdício de água, energia, de matérias-primas,
até tornar-se um fator de competitividade, agregação de valor e conquista de novos
mercados.

Veremos isso de forma mais detalhada adiante.

Gestão dos recursos ambientais


Não é à toa que o desenvolvimento sustentável virou o mote das discussões globais
na década de 1970. Cada vez mais se exigiu atenção – e empenho – para discutir as
questões ambientais e, depois disso, ir além das discussões para aplicar na prática ações
que remediassem os impactos ambientais, amenizassem os riscos e monitorassem tais
ações realizadas.

O uso abusivo dos recursos naturais não renováveis, como nossas reservas fósseis como
o petróleo (podemos inclusive citar a crise do Petróleo na década de 1970, que teve
viés econômico, porém, já indicava uma problemática ambiental), indicaram que estes
recursos não seriam infinitos e baratos para sempre. Além da crise do petróleo, foi um
período que as questões ambientais se tornaram ponto fundamental para repensar
outras estratégias de uso dos recursos naturais, especialmente recursos hídricos e
energéticos.

Eficiência energética

Devido à dificuldade da substituição dos combustíveis fósseis para a geração de energia,


é preciso refletir sobre a melhoria da eficiência energética dos processos bem como
mudar os hábitos tanto em nível de produção, consumo e distribuição desta.

Assim, a Eficiência Energética pode ser entendida como um conjunto de práticas e


políticas que visam a utilização menor de energia para realizar um trabalho antes já
realizado ou também na substituição energética de uma fonte por outra considerada
menos nobre, no qual gerará uma eficiência energética no sentido de prioridade de uso

97
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

de fontes mais econômicas ou menos competitivas. Ou seja, busca a diminuição dos


custos da energia ou melhoria/aumento da demanda desta, sem alteração na quantia
gerada ou na sua utilização.

O tema teve foco a partir do Protocolo de Kyoto, juntamente com temáticas como as
políticas de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) e o desenvolvimento de
Medidas de Eficiência Energética (MME), com o uso de equipamentos e hábitos que
utilizam menos energia nos processos.

Mas os MME’s precisam vencer barreiras no mercado, especialmente relacionadas à falta


de informação, dificuldade de financiamentos, falta de treinamento e conscientização
da importância do uso deste tipo de mecanismo/equipamento, o custo mais alto destes,
entre outras dificuldades.

Para se medir a eficiência energética, são utilizados indicadores, que podem ser
diversificados diante da realidade encontrada nas organizações, nos diferentes países,
entre outros.

O setor industrial é o principal consumidor de energia do país, e este consumo é


determinado pela atividade, a sua estrutura, o nível e volume de produção e pela sua
eficiência energética. Neste setor, é possível adotar medidas para a redução de consumo de
energia como: uso de motores eficientes, substituição de motores superdimensionados,
substituição de linhas sobrecarregadas, redução dos picos de carga, fornecimento de
sistemas adequados de proteção, fornos e caldeiras elétricas, melhoria na iluminação,
cogeração, entre outras.

Para auxiliar neste processo de melhoria da Eficiência Energética, foi desenvolvida


internacionalmente a ISO 50001 fornece uma base para as organizações implementarem
um sistema eficaz de gestão de energia para atingir um melhor desempenho energético
e comprar produtos e serviços que também sejam energeticamente eficientes. Isso
possibilita às organizações realizar uma abordagem sistemática a fim de atingir a
melhoria contínua do desempenho e eficiência energéticos, além de conservação da
energia.

A ISO auxilia também em questões burocráticas como documentações e relatórios,


além da prática de projetos e aquisição de energia para desde equipamentos até o uso
pessoal. Por isso, sua implementação acaba levando à redução de gastos com energia,
mas também à diminuição de emissões de gases de efeito estufa, o que dá o caráter
também ambiental à prática de economia de energia.

98
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Ela pode ser aplicada em todos os tipos de organizações, independentemente do porte e


do tipo de energia utilizada, embora as menores organizações tenham maior dificuldade
de implementação, devido a necessidade de investimentos e corpo técnico para auxiliar
nisso. A facilidade é que a norma conversa com elementos comuns às demais normas
como a ABNT NBR ISO 9001 (gestão da qualidade) e a ABNT NBR ISO 14001 (gestão
ambiental), dando a ela compatibilidade para se integrar à tais normas. A figura a seguir
mostra a Estrutura Geral da ISO 50001 e a gestão energética.

Figura 17. Estrutura geral ISO 50001.

Política Energética
Melhoria
Contínua

Planejamento Energético

Análise crítica pela


direção
Implementação e operação

Monitoração,
medição e análises

Verificação

Avaliação de
requisitos legais/
Auditoria Interna de
outros
SGE

Não conformidade,
ações corretivas e
preventivas

Fonte: Adaptado de NBR ISO 50001:2011.

Agora, quando falamos da melhoria da eficiência no meio doméstico, temos questões


mais simples e de fácil entendimento, por estar relacionado aos nossos hábitos diários
que devem ser sim repensados.

É importante participarmos dessa melhoria na gestão dos recursos energéticos, desde


a educação ambiental nas escolas iniciais até nas nossas casas. Iniciativas na eficiência
energética podem ser aplicadas a nível doméstico em todas as situações em que se
utiliza alguma forma de energia. O setor residencial tem elevado consumo de energia
para finalidade térmica como nos chuveiros elétricos, ferro de passar roupas, máquinas
de lavagem ou secagem, aquecedores de ambiente, secadores de cabelo, dentre outros.

Utilizando-os de forma consciente, ou mesmo evitando-os, estamos participando


efetivamente desse processo de conscientização, mudança de cultura de utilização de

99
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

recursos e melhorando o mundo que deixaremos para as nossas próximas gerações.


Pense nisso!

Gestão de recursos hídricos

Quando falamos dos recursos hídricos, pensamos na abundância que, culturalmente,


está implícito na realidade de muitas pessoas. No entanto, quando temos uma visão mais
global, podemos entender que há, na realidade, uma desigual distribuição – natural ou
não – dos recursos hídricos. E isso acontece na escala local e na escala global.

O Brasil possui uma situação confortável, em termos globais, quanto aos seus recursos
hídricos. A disponibilidade hídrica per capita, determinada a partir de valores totalizados
para o País, indica uma situação satisfatória quando comparada aos valores de muitos
países.

Entretanto, apesar dessa aparente abundância, os recursos hídricos têm uma distribuição
espacial desigual no território brasileiro. Na região Norte, onde está a bacia Amazônica,
vivem menos de 7% da população total do país, e a disponibilidade dos recursos hídricos
chega a 68,5%, enquanto que na região Sudeste, por exemplo, que concentra mais de
42,5% da população, estão disponíveis apenas 6% dos recursos hídricos. Ou seja, a
água no país é irregularmente distribuída, em geral numa circunstância inversamente
proporcional à concentração demográfica e, assim, à sua demanda.

Por isso, é necessário – para que o seu uso seja ideal – o aproveitamento correto
dos recursos hídricos, o que requer concepção, planejamento, projeto, construção e
operação de meios para o domínio e a utilização dessas águas. As condições de acesso
e uso dos recursos hídricos ocorrem mediante uma boa gestão. Essa gestão implica
sobretudo em leis que podem, de certa forma, orientar e dar diretrizes para o uso destes
recursos.

Assim surgiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei no 9.433/1997) que estabelece
um conjunto de cinco instrumentos principais de gestão:

»» Os planos de recursos hídricos, formulados em três níveis – para o país


(Plano Nacional), para as Unidades da Federação (Planos Estaduais) e
para as bacias hidrográficas.

»» Enquadramento dos corpos d’água em classes segundo os seus usos


preponderantes, indicando objetivos de qualidade a serem alcançados
quando da implantação dos planos de bacia.

100
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

»» Outorga pelo direito de uso da água, como instrumento de regulação


pública de uso, tornada compatível com os objetivos socialmente
estabelecidos nos planos e respectivos enquadramentos.

»» A cobrança pelo direito de uso de recursos hídricos, o que denota o valor


econômico que o recurso tem e que sua disponibilidade corresponde a
um preço social.

»» Um sistema de informações sobre recursos hídricos, no qual estão


reunidos e disponíveis alguns dados de oferta (disponibilidades), de
demandas (cadastros de usuários) e sistemas de apoio à decisão.

Quando falamos de gestão de águas urbanas, o recurso abrange algo ainda mais complexo.
O crescimento das cidades e o desenvolvimento urbano exige uma implementação de
infraestrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, drenagem
urbana, coleta e disposição dos resíduos e limpeza pública. Todos esses elementos estão
relacionados à gestão dos recursos hídricos com base em uma gestão integrada.

O aumento da poluição das águas, somado ao aumento da demanda de água nas áreas
urbanas, implica em um desequilíbrio que, se não pensado de forma antecipada, poderá
trazer um colapso de abastecimento desse recurso essencial à vida.

Uma solução encontrada no meio urbano para evitar isso é o reuso de água, ou seja, esta,
após ser descartada, poderá ser reutilizada para um outro uso mediante o tratamento
adequado. Diversas tecnologias de tratamento permitem sua reutilização em todo o
mundo para minorar o panorama de escassez. O reuso da água pode ser dividido entre:

»» Reuso potável: o efluente, após tratamento, pode ser diretamente


reutilizado no sistema de água potável ou pode ser disposto na coleção
de águas superficiais ou subterrâneas para diluição, purificação natural
e subsequente captação, tratamento e finalmente utilizado como água
potável.

»» Reuso não potável: pode ser destinado para fins agrícolas, industriais,
recreacionais, domésticos, manutenção, aquicultura e recarga de
aquíferos.

No meio urbano, a gestão das águas deve ser incorporada às políticas públicas essenciais
e prioritárias, como o Plano Diretor, fazendo com que os componentes de manancial,
esgotamento sanitário, resíduos sólidos, drenagem urbana e inundações sejam vistos
dentro de um mesmo conjunto de medidas estratégicas.

101
CAPÍTULO 2
Gestão ambiental e as organizações

Quando pensamos na lógica relativa às empresas, independentemente do seu porte,


nas indústrias e corporações, temos em comum um propósito óbvio: visar lucro. Sim,
todas as empresas e indústrias buscam, em seus fins, o lucro de seu processo. E isso
é normal, não há nada de errado nisso, pois só assim é que esta se manterá em um
mercado tão competitivo.

A grande questão que permeia este universo e que muitos ainda não acreditam é que
não há incompatibilidade entre um empreendimento rentável e uma gestão ambiental
adequada. Pelo contrário, essa iniciativa pode auxiliar no controle dos custos, com a
redução efetiva de uso de alguns recursos que demandam investimentos, como:

»» Menor consumo de energia a partir da redução de desperdício.

»» Menor consumo de água a partir do uso racional e do reuso desta.

»» Diminuição do uso de matéria-prima, pela racionalização do uso.

»» Diminuição da geração de resíduos, seja pela adequação do uso dos


insumos, seja pela conscientização dos funcionários da empresa.

»» Reutilização e reciclagem em várias partes do processo produtivo


(algumas empresas inclusive conseguem vender seus resíduos para
outras empresas que o utilizam de uma outra maneira).

»» Com todas essas ações, os empreendimentos acabam gastando menos


com controles de poluição, por exemplo.

Claro que o setor industrial – incluindo principalmente o setor agroindustrial nisso


– é o setor cujos impactos ambientais são mais intensos e visíveis, uma vez que lidam
diretamente com os recursos naturais e consomem altos volumes de água e de energia
elétrica, emitindo fumaça e gerando efluentes e resíduos finais no seu processo.
Entretanto, é interessante lembrar que qualquer atividade tem aspectos ambientais
geradores de impacto.

Cabe lembrar a importância do setor de comércio e de serviços, uma vez que são, além de
consumidores, vendedores destes produtos produzidos pela indústria. Isso dá ao setor a
importância de agir em termos de gestão ambiental, com iniciativas de logística reversa

102
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

de embalagens, reutilização, reciclagem e priorização de marcas ambientalmente mais


responsáveis, por exemplo.

Na última ponta do processo está o consumidor. E, sobre estes, as empresas


precisam se lembrar de que, a partir da gestão ambiental correta, é possível não só
elevar sua competitividade (pois podem diminuir seu preço final devido à economia
no processo produtivo), mas podem conquistar novos consumidores e agregar valor
à essa demonstração de responsabilidade ambiental para um consumidor cada vez
mais consciente, que estão dispostos a até pagar mais caro por um produto feito com
responsabilidade socioambiental.

O que é importante ficar claro é que a Gestão ambiental em uma organização só é


eficaz quando é sistêmico e, de certa forma, espontâneo e voluntário, ou seja, deve
estar em todo o seu processo, desde a aquisição de material, passando pela estrutura
da organização, produção e produto final junto com seu mercado consumidor. Deve
também estar intrínseco aos seus colaboradores, para que compreendam que as
iniciativas de gestão ambiental visam, sobretudo, não apenas benefícios ambientais,
mas rendem frutos financeiros (com economia de matéria-prima, melhoria produtiva e
no marketing, por exemplo), isso sem contarmos questões ligadas ao risco ambiental de
não gerenciar adequadamente os aspectos ambientais da empresa (ou seja, acidentes,
descumprimento das leis ambientais, perda de mercados, entre outros riscos).

Para que essa gestão ocorra de forma satisfatória, é preciso uma política ambiental
específica da organização, que inclua instrumentos como auditorias ambientais, mas
também instrumentos adicionais como análise do ciclo de vida, certificações, rotulagem
ambiental, avaliação de desempenho etc.

Essas iniciativas, que partiram inicialmente das próprias organizações, vêm de encontro
a uma legislação ambiental cada vez mais exigente em todo o mundo, que buscam
medidas para estimular a proteção do meio ambiente por meio da gestão ambiental.

Instrumentos de Gestão Ambiental


Conforme citado anteriormente, os instrumentos de gestão ambiental são muito
importantes para, dentro de uma organização, trazer os conceitos da gestão ambiental
para a prática. Citaremos agora um pouco do que são esses instrumentos e do esquema
de gestão ambiental dentro de uma organização.

103
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

A figura a seguir mostra a Gestão Ambiental e seus instrumentos de apoio. São


ferramentas fundamentais e essenciais para que esta gestão aconteça corretamente
dentro de uma organização.

Figura 18. Instrumentos de Gestão Ambiental.

GESTÃO AMBIENTAL

SISTEMA DE AUDITORIA AVALIAÇÃO DE


GESTÃO AMBIENTAL IMPACTOS
AMBIENTAL AMBIENTAIS

ANÁLISE DO AVALIAÇÃO EDUCAÇÃO


CICLO DE VIDA DO AMBIENTAL
DESEMPENHO
AMBIENTAL

Fonte: Adaptado de Barbieri (2006).

O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é considerado o principal instrumento de


gestão ambiental de uma organização; é onde podem estar concentrados os principais
instrumentos, pois o sistema, como o nome diz, carrega consigo toda uma bagagem de
ações e demais instrumentos que se complementam dentro da lógica desse sistema.

A Avaliação de Impacto Ambiental é um procedimento que está contemplado na


legislação brasileira para alguns tipos de organizações, que analisa os impactos de
todo o processo da organização em relação ao ambiente e à sociedade. Já falamos
anteriormente dessa Avaliação.

A Auditoria é um processo que avalia a relação entre a atividade efetiva com as exigências
legais e com os objetivos do SGA. É um instrumento comum em sistemas financeiros, por
exemplo, que foi adaptado ao setor ambiental e, atualmente, é um instrumento muito
comum e utilizado especialmente para empresas que buscam a certificação ambiental
de fato. Devem envolver questionários, medições, análise de documentação e vistorias
técnicas in loco das organizações para analisar todo o processo, desde a matéria-prima
fornecida até o produto final.

Nessa auditoria, podem ter produtos como relatórios com a descrição das não
conformidades, as recomendações para ações de correção e avaliação das melhorias
posteriores.

104
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

A Avaliação do Desempenho Ambiental (ADA) permite medir e melhorar os resultados


da gestão ambiental, ainda que o SGI não esteja totalmente implementado. Ela utiliza
indicadores – que devem considerar os aspectos relevantes ligados às atividades
da organização – e suas interrelações que fornecem informações para comparar o
desempenho ambiental. Deve-se avaliar de forma contínua o passado e o presente, o
que traz benefícios inclusive de análise de produtividade, além do desempenho.

A Norma 14031:2015 regulamenta a ADA, a partir do modelo PDCA – Planejar (Plan);


Fazer (Do); Checar (Check); Agir (Act). O quadro a seguir especifica cada um destes.
itens:

Quadro 5. Exemplo de PDCA.

Identificação:
Aumentar em 20% as vendas mensais em até 4 meses.
Análise:
Existem regiões que não foram exploradas pelos vendedores.
P (Plan) - Planejar
Plano de ação:
»» Dividir regiões não exploradas.
»» Treinar a abordagem destes vendedores.
»» Fornecer material de divulgação.

Execução:
D (Do) – Fazer Colocar o plano de ação em prática (mediante treinamento e implantação das atividades
propostas).

Verificação
C (Check) – Avaliar Ações eficazes e aumento de 20% a partir do segundo mês de ação, estabilizando o
faturamento nos próximos meses.

Conclusão
A (Action) – Corrigir
Não há necessidade de correções.

Fonte: Ribeiro Junior (2018).

A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma avaliação dos aspectos ambientais e dos
impactos potencialmente existentes de um produto, desde a retirada do recurso da
natureza até a finalização do produto final da organização.

É considerada uma das principais ferramentas da gestão ambiental e, em muitos


países, é ligada às políticas públicas referentes à temática ambiental e indústrias, por
exemplo. As normas 14040:2009 e 14044:2009 são orientadoras da aplicação desse
instrumento e requer uma equipe multidisciplinar para a condução desse ACV.

105
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

A metodologia de ACV é regulamentada pelas normas ISO 14040


e 14044, enquanto a avaliação dos impactos sociais e dos custos
do ciclo de vida (Life Cycle Costing) estão fundamentadas nos
conceitos e princípios do Guia do Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (UNEP) e da Sociedade de Toxicologia e
Química Ambiental (SETAC), respectivamente (EnCiclo, 2014).

O vídeo do link a seguir ilustra bem como se dá a Avaliação do Ciclo de


Vida de um produto: o iogurte, desde a produção das embalagens até o
produto finalizado para o consumidor. Acesse: <https://www.youtube.com/
watch?v=SkHE2clxv0U>.

A Educação Ambiental é um instrumento importante para que os colaboradores


de todo o processo produtivo estejam integrados na mudança de cultura da gestão
ambiental. É uma mudança de valores, comportamentos e ações que geram a
responsabilidade em todos para serem, cada um, determinantes instrumentos da
gestão ambiental de fato em suas vidas. Não se trata apenas da organização, mas
a educação ambiental deve, enquanto política pública, trazer essa consciência de
mudança ambiental a toda a sociedade.

Outro instrumento de grande importância que vai além das determinantes para a
Gestão ambiental é a Rotulagem Ambiental, que é um instrumento que faz com que a
organização fale diretamente com o seu consumidor, trazendo informações ambientais
importantes do processo, das embalagens e dos produtos que remetem às suas ações
ambientalmente corretas. Essa relação estreita com o consumidor faz com que a
rotulagem seja um importante agregador de valor ao produto em si, e pode trazer,
com certificações e selos verdes, ainda mais valor a este. As normas ABNT NBR ISO
14020:2002 e ABNT NBR ISO 14024:2004 tratam da rotulagem ambiental.

Muitas empresas que se aproveitaram desta tendência da rotulagem ambiental


enquanto agregador de valor para com o consumidor, utilizam-se do marketing
verde para se beneficiar, com o chamado Greenwashing, termo que significa
“lavagem verde”, uma espécie de maquiagem utilizada por muitas empresas
para transmitir aos consumidores uma postura socioambientalmente correta
quando, na verdade, não há ações efetivas que realmente estejam relacionadas
a uma postura socioambientalmente correta.

O Greenwashing ocorre por meio de rotulagem do produto, embalagens,


campanhas publicitárias visuais ou escritas e até mesmo em manuais técnicos
que vendem uma falsa ideia do produto (SILVA; LOPES, 2014).

106
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Alguns desses instrumentos fazem parte de políticas públicas, como a Avaliação de


Impacto Ambiental; outros fazem parte – ou devem fazer – das políticas de gestão
ambiental das organizações, independentemente do porte ou do tipo de atuação que ela
possui. Alguns se referem especificamente a produtos – como a rotulagem e avaliação
do ciclo de vida – e outros a todo o processo, como a auditoria e o chamado SGI (Sistema
de Gestão Ambiental). Vamos especificar esses dois instrumentos de forma detalhada
mais adiante.

Embora apresentamos os principais, os instrumentos podem ser muito variados e


ampliados, sendo interligados com instrumentos outros que já podem ser utilizados
pelas organizações, como análises de valor, de falhas, manutenções, listas de verificação,
ciclo PDCA, entre outros.

107
CAPÍTULO 3
Sistema de Gestão Ambiental – ISO
14000

Atualmente, as empresas e indústrias em geral estão buscando duas formas de expandir


suas atividades: buscar melhor eficiência a partir de economias com gastos nos recursos
naturais (água, luz, matéria-prima) e se diferenciar de alguma forma no mercado,
seja pela diversidade e maior concorrência, seja por questões ideológicas e nichos de
mercado específicos que podem ser explorados no mercado consumidor.

Com isso, o chamado Sistema de Gestão Ambiental tem sido cada vez mais buscado por
estas organizações.

Um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) (Environmental Management System –


EMS) pode ser definido então como um “conjunto de procedimentos que irão ajudar
a organização a planejar, organizar, controlar e diminuir os impactos ambientais de
suas atividades, produtos e/ou serviços” (NASCIMENTO, 2012). E essa diminuição de
impactos ambientais implica em frutos e ações que vão muito além do meio ambiente.
Podem, de fato, melhorar a eficiência produtiva e a imagem do produto final para com
o consumidor.

Quando pensamos na destinação final do lixo, ou no melhor uso de água para


economizá-la, por exemplo, estamos organizando, de certa forma, um Sistema
de Gestão Ambiental. Isso independe do tamanho da atuação, da organização
etc. Isso quer dizer que, embora há uma ideia de que o SGA seja pensado para
grandes empreendimentos, ele é possível de ser realizado individualmente, pelo
pequeno produtor, até esses tais grandes empreendimentos. Isso porque o SGA
é feito com base no planejamento. Planejar um SGA é organizar o processo
independentemente do tamanho que o empreendimento tenha.

A figura a seguir mostra um esquema de Gestão Ambiental que engloba tudo que
basicamente pode ser realizado visando a melhoria ambiental.

108
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 19. Modelo de SGA.

Sistema
de Gestão

Sistema Ambiental Estudo de

de Aspectos

Resíduos e Impactos
GESTÃO Ambientai
Sólidos
Emissão AMBIENTAL
Matriz
Atmosférica
Energética
e Crédito de
Sustentável
Carbono Gestão de
Recursos
Hídricos

Fonte: Adaptado de Dal Forno (2017).

Um SGA pode ser implementado por empresas e indústrias privadas, empresas e


organizações públicas, Organizações Não Governamentais (ONG’s), prefeituras etc.
Basicamente, é um conjunto de medidas que visam sobretudo o cumprimento da
legislação ambiental vigente e a melhoria contínua de todo o desempenho ambiental
desta organização.

Mas, para que isso ocorra, é preciso antes de mais nada que haja uma busca em cada
parte da organização para que se faça um diagnóstico. Assim é possível o planejamento
de ações, identificação de suas vulnerabilidades e potencialidades, ações efetivas para
melhorar isso tudo e, posteriormente, o monitoramento destas ações.

Um SGA, quando é eficaz, permite um melhor gerenciamento dos aspectos e impactos


ambientais que podem ocorrer em todo o processo das organizações – desde a aquisição
de matérias-primas até a venda ao produto final – e possibilita, após essa leitura clara,
elucidas as melhores formas de mudar ações e a cultura para melhorias, incluindo
melhorias financeiras, pois as ações ambientais interagem com a melhoria contínua
dos processos e serviços prestados.

O que é fundamental para se implementar um SGA é o comprometimento de todos os


envolvidos na organização, não restringindo essas responsabilidades ambientais para
setores ou pessoas exclusivas dentro da organização.

109
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Histórico da família ISO 14000


Conforme já falamos anteriormente, foi a partir da década de 1970 que a consciência
ambiental passou a ser incorporada no ideológico social, devido ao aumento das
mudanças e dos impactos que as ações humanas causavam no planeta, impactos visíveis
e que passaram a ser discutidos em alta escala por sociedade e entidades públicas,
governos e também as organizações. Ações e produções passaram a ser questionadas
e o setor secundário industrial, inicialmente, precisou se enquadrar e participar deste
processo de mudança ideológica que, aos poucos, era implementado.

Assim, ainda nessa década de 1970, há uma introdução progressiva de novos cargos ou
funções dentro das organizações para fazer valer os serviços para o meio ambiente. As
atividades focavam essencialmente na regularização ambiental, conforme as crescentes
leis e regulamentações entrando em vigor sobre o assunto em todo o mundo. Nos anos
1980, a responsabilidade ambiental dentro das organizações já evoluiu para uma busca
de ações preventivas de impactos ambientais, além de elaboração de políticas ambientais
internas mais proativas, ou seja, buscando ações que iriam além das obrigatoriedades
das leis (NASCIMENTO, 2012). Isso ocorreu tanto no setor privado quanto no setor
público.

Quando falamos da evolução do pensamento ambiental, até o início da década de 1990,


a gestão ambiental era em grande parte tratada de forma pontual, grande parte como
resultado de medidas e leis públicas. Nos mesmos anos 1990, no entanto, entraram
em vigor diversas normas e regulamentos ligados à implementação dos sistemas de
gestão ambiental, como as normas britânicas BS 7750 – Specification for Environment
Management System e o também europeu EMAS – Eco-Management and Audit
Scheme. Estas normas fizeram com que a ISO (International Organization for
Standardization) que já tinha sucesso com a norma ISO 9000, estudasse a necessidade
de criar uma norma internacional sobre a questão ambiental. Criou-se assim uma
comissão estratégica para definir a norma, com representantes tanto da indústria
quanto dos governos e as organizações ambientais de diversos países.

A série de Normas ISO 14000 foi lançada internacionalmente em 1996, com o


objetivo de criar o Sistema de Gestão Ambiental – SGA que auxilia as mais diversas
organizações no cumprimento de compromissos com o meio ambiente, possibilitando
a estas organizações o reconhecimento e a distinção entre quem apenas atende às leis
ambientais e quem possui certificação. Isso pode transformar a organização e sua
credibilidade em relação à toda a sociedade (RUPPENTHAL, 2014).

A melhoria contínua é a chave do SGA, que deve estar alinhado com as políticas da
organização. A figura a seguir mostra o ciclo ideal para a melhoria contínua.
110
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 20. Ciclo de melhoria contínua.

Melhoria
Continua

Politica
Análise Crítica
Ambiental

Implementação
Planejamento
e operação

Fonte: Adaptado de Ruppenthal (2014).

Tais normas da série ISO 14000 não se aplicam a um tipo específico de setor ou empresa,
mas dá importantes orientações sobre os aspectos da gestão ambiental. A norma ISO
14001, que orienta sobre o SGA, foi adotada como norma na União Europeia em
substituição às normas semelhantes anteriores como a BS 7750, já citada anteriormente
como precursora da ISO 14000.

A família ISO 14000 lida com métodos gerenciais, requerendo que as políticas
públicas incluam elementos que cumpram as leis e as regulamentações vigentes, e que
evitem a poluição. Mas não descrevem como isso tudo será implementado ou nível de
desempenho exigido, focalizando nos processos para alcançar os resultados, não os
próprios resultados em si.

No Brasil, foi a Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT que publica as


normas da família ISO, dando legitimidade à norma e trazendo-a oficialmente à linha
de normatizações oficiais.

O que é a ABNT?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas é uma entidade sem fins lucrativos
e de utilidade pública fundada em 1940. É o foro nacional de normalização
do país e membro fundador da International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização – Isso), da Comisión Panamericana
de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas – Copant) e da
Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização –

111
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

AMN). Desde a sua fundação, é também membro da International Electrotechnical


Commission (Comissão Eletrotécnica Internacional – IEC).

A ABNT é responsável pela elaboração das Normas Brasileiras (ABNT NBR),


elaboradas por seus Comitês Brasileiros (ABNT/CB), Organismos de Normalização
Setorial (ABNT/ONS) e Comissões de Estudo Especiais (ABNT/CEE)

Além disso, atua na avaliação da conformidade e dispõe de programas para


certificação de produtos, sistemas e rotulagem ambiental. Esta atividade está
fundamentada em guias e princípios técnicos internacionalmente aceitos e
alicerçada em uma estrutura técnica e de auditores multidisciplinares, garantindo
credibilidade, ética e reconhecimento dos serviços prestados.

Veja mais em: <http://www.abnt.org.br/abnt/conheca-a-abnt>.

Como é composta a série ISO 14000?


A série ISO 14000 é composta por diversas normas que, de certa forma, conversam
entre sim e se complementam. As normas serão descritas a seguir (DAL FORNO, 2017):

»» ISO 14001: trata dos principais requisitos que auxiliam as empresas a


identificarem, controlarem e monitorarem os riscos ambientais por meio
do Sistema de Gestão Ambiental.

»» ISO 14004: complementa a ISO 14001 com diretrizes adicionais para a


implantação do Sistema de Gestão Ambiental.

»» ISO 14031: guia para Avaliação de Desempenho Ambiental.

»» ISO 14020: conjunto de normas que tratam dos selos ambientais.

»» ISO 14040: conjunto de normas para a condução das análises de ciclo de


vida de produtos e serviços.

»» ISO 14064: contabilização e verificação de emissões de gases de efeito


estufa para suportar projetos de redução de emissões.

»» ISO 14065: complementar a ISO 14064, especificando os requisitos para


certificar ou reconhecer instituições que farão validação ou verificação
desta norma ou outras especificações importantes.

»» ISO 14063: comunicação ambiental por parte das empresas.

112
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

»» ISO 14045: descreve os princípios, os requisitos e as orientações para a


avaliação da ecoeficiência de sistemas de produto.

»» ISO 14051: Gestão ambiental – contabilidade dos custos de fluxos de


material, para gerenciamento que busca maximizar a utilização de
recursos, principalmente em manufatura e processos de distribuição.

»» ISO 14067: estabelece princípios, requisitos e orientações para a


quantificação e comunicação da pegada de carbono de um produto (CFP),
com base em Normas sobre avaliação de ciclo de vida (ISO 14040 e ISO
14044) para quantificação e sobre rótulos ambientais e declarações (ISO
14020, ISO 14024 e ISO 14025) para comunicação.

»» ISO 14069: guia para calcular os gases de efeito estufa – quantificação


e elaboração de relatórios de emissões de gases de efeito estufa para as
organizações.

»» ISO 14005: diretrizes para a implementação em fases de um Sistema de


Gestão Ambiental, incluindo o uso de avaliação de desempenho ambiental,
guia que facilita a adoção do SGA por pequenas e médias empresas.

»» ISO 14006: fornece diretrizes para ajudar as organizações a estabelecer,


documentar, implementar, manter e melhorar continuamente sua gestão
do ecodesign como parte de um sistema de gestão ambiental (SGA).

»» ISO 14033: diretrizes e exemplos para compilar e comunicar informações


ambientais quantitativas.

»» ISO 14066: requisitos para empresas que farão a validação e a verificação


de emissões de gases de efeito estufa.

Essas normas são autônomas e podem ser implementadas isoladamente, no entanto,


a norma ISO 14001 é a principal e norteadora das demais citadas e é a única que
certifica ambientalmente uma organização. A norma ISO 14004 não é um guia para
implementação da norma 14001, pois é mais genérica do que esta última, ou seja, tem
requisitos mais abrangentes do que esta.

É importante lembrar que os requisitos da Norma ISO 14001, para serem praticados,
devem seguir a metodologia do ciclo PDCA (Plan- Do-Check-Act), que aliás podem
ser aplicados em qualquer uma das demais normas da família. O ciclo PDCA que,
inicialmente foi criado para a Gestão de Qualidade, pode ser totalmente adaptado

113
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

à gestão ambiental, tornando-se uma espécie de modelo padrão de gestão para


implementar qualquer melhoria de modo sistemático e contínuo.

A figura a seguir é uma grande síntese das normas da Família ISO 14000, as relações
entre as normas e suas relações com o ciclo PDCA para a implementação da gestão
Ambiental.

Figura 21. Normas da família ISO14000 e suas correlações.


Descrição
Priorização do desempenho
Série ISO 14040
dos aspectos ambiental dos
Análise do Ciclo de Vida
ambientais Produtos.
Integração dos Melhoria do
aspectos desempenho
ISO 14062
ambientais no ambiental
projeto e Design
ISO 14001 e ISO 14004

dos produtos.
desenvolvimento
Série 14020 Informações
Selos e declarações sobre aspectos
ACTION ambientais ambientais dos
Comunicação Produtos.
SGA

PLAN
do
desempenho Série 14063 Comunicação do
ambiental Comunicações desempenho
CHECK DO ambiental.
Ambientais

Série 14030 Descrição do


Avaliação do desempenho desempenho
Monitoramento
Monitoração ambiental ambiental.
do
desempenho Série 19011 Informações sobre
ambiental Auditorias do sistema de o Desempenho do
gerenciamento SGA
ambiental

Fonte: Adaptado de Barbieri; Cajazeira (2005).

O PDCA e as normas da família ISO 14001


O ciclo PDCA – Planejar, Agir, Verificar, Executar – parece ser uma metodologia bem
empresarial e administrativa. Popularizada com a ISO 9001 que trata da Gestão de
Qualidade, essa metodologia é importante para se compreender como se cria um sistema
e se avalia os processos a fim de permitir verificar onde estão os pontos problemáticos,
onde é importante intervir, agir, melhorar para que este sistema funcione da forma
idealizada. Por isso, a metodologia é justamente um ciclo constante de análise, em
continuidade. De certa forma, as normas da família ISO 14001 são feitas pensando em
permitir que este SGA flua da maneira ideal.

Fase de Planejamento (P)

A nova versão da ISO 14001: 2015 trata dos aspectos ambientais de forma mais
detalhada do que a versão anterior. Um exemplo é a Análise de Ciclo de Vida (ACV),
114
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

um instrumento da gestão ambiental aplicável a bens e serviços em todos os


seus estágios, desde a origem dos recursos no meio ambiente, passando pelo
seu beneficiamento, transporte, estocagem, até a disposição final dos resíduos,
energia utilizada etc. A ACV está detalhada na norma ISO 14040. A Norma
ISO/TR (Technical Reports) 14062 é utilizada para integrar a avaliação dos aspectos
e impactos ambientais com o projeto e desenvolvimento de produtos (BARBIERI;
CAJAZEIRA, 2004). O quadro a seguir mostra todas as normas referentes à Análise
de Ciclo de Vida que corroboram com o SGA.

Quadro 6. Normas relacionadas à Análise de Ciclo de Vida (ACV).

ISO 14040 ISO 14041 ISO 14042 ISOTR 14043 ISO TR 14048 ISO TR 14049
proporciona os
Proporciona guia para Proporciona
elementos gerais Proporciona um Proporciona guia Ilustra com exemplos
determinar as metas informação sobre o
e metodologias guia para a fase de para interpretar os como aplicar os
e o escopo de um formato dos dados
requeridas para uma avaliação de impacto resultados de um guias ISO 14041 e
estudo de ACV e para para suporte de uma
ACV de produtos e de um estudo de ACV. estudo de ACV. ISO 14042.
o inventário de LCA. ACV.
serviços.

Fonte: Barbieri; Cajazeira (2004).

Fase de Execução (D)

Podemos citar as normas ligadas à comunicação, por exemplo, como as que são relativas
aos selos verdes e declarações ambientais. A norma ISO 14063 também pode estar
relacionada, uma vez que pode apoiar a comunicação dos aspectos e impactos de uma
organização. A norma ISO TR 14062, citada anteriormente, também pode ser utilizada
nesta fase, para efeito do Controle Operacional da ISO 14001. O quadro a seguir indica
as normas que podem se enquadrar na aplicação de ações referentes a esta etapa do
ciclo PDCA de uma organização.

Quadro 7. Normas que estão relacionadas com a aplicação de Selos verdes e Declarações Ambientais.

ISO 14020 ISO 14021 ISO 14024 ISO TR 14025

Selos do tipo II: Selo tipo III:


Selos do tipo I:
Estabelece princípios gerais
Proporciona guia em terminologia, Identifica e descreve elementos
que servem como base Estabelece princípios orientadores
símbolos, testes e metodologias de e itens a serem considerados
para o desenvolvimento de e procedimentos para selos
verificação para organizações que quando for necessário executar
guias e normas ISO para ambientais concedidos por terceira
queiram efetuar autodeclarações dos uma declaração quantificada de
declarações ambientais. parte (programas de certificação
seus aspectos ambientais relativos aos produtos com base em dados
ambiental de produtos).
seus produtos e serviços. decorrentes de uma ACV.
Fonte: Barbieri; Cajazeira (2004).

115
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Fase de verificação (C)

Essa é uma importante etapa, onde ocorre a avaliação do desempenho ambiental e o


acompanhamento dos indicadores ambientais relacionados aos compromissos firmados
na política ambiental da organização para a melhoria continua. O desempenho ambiental
é um processo permanente de se coletar e analisar os dados para verificar a situação
atual das questões ambientais da organização. A norma ISO 14031 possui diretrizes para
a seleção e utilização de indicadores que permitem avaliar esse desempenho; a Norma
ISO 14032 é uma apresentação de exemplos sobre a aplicação destes indicadores.

Os seguintes requisitos da nova ISO 14001 são plenamente correlacionados com as


normas ISO 14031 e ISO TR 14032: a) monitoramento e medição (4.4.5); b) avaliação
de conformidade legal (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2004).

Fase de Ação (A)

A série de normas da família ISO 14000 não possui guias ou relatórios técnicos
correlacionados diretamente com essa fase, especialmente no que tange a aplicação de
ações corretivas e a parte de prevenção da ISO 14001.

ISO 14001

É importante dizer que essa norma é de especificações para a certificação do Sistema de


Gestão Ambiental – SGA de uma organização e, por isso, ela tem um enfoque voltado
a essa documentação para se obter certificação. Já a norma 14004, que trata das
diretrizes gerais em princípios, sistemas e técnicas de suporte, pode ser usada para as
organizações que queiram se orientar ou obter diretrizes mais abrangentes e genéricas
do SGA.

Novamente também é importante lembrar que a norma não dá requisitos ao desempenho


ambiental e a garantia de resultados ambientais, mas sim ao estabelecimento do
cumprimento das leis e regulamentações relativas ao tema, além do compromisso com
a melhoria contínua. Cabe às organizações desenvolver seu desempenho ambiental e
ter refletidos estes desempenhos em seus resultados.

Outra questão importante é lembrar que a ISO 14001 não aborda temáticas ligadas à
saúde e segurança do trabalho nem a gestão de qualidade dos processos e produtos,
ações que possuem normas próprias e que podem ser implementadas utilizando um
Sistema de Gestão Integrada (SGI), no qual falaremos posteriormente.

116
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

A figura a seguir mostra um modelo de SGA a ser feito por meio da ISO 14001, com seus
principais fundamentos:

Figura 22. Modelo de um sistema de gestão ambiental pela ISO 14001.

Política
Ambiental

Planejamento
Melhoria Continua
• Aspectos Ambientais
• Requisitos Legais
• Objetivos e Metas
• Programa de Gernciamento
Revisão do Gerenciamento Ambiental

Implementação e Operação
Checagem e Ação • Estrutura e responsabilidades;
Corretiva • Treinamento, conscientização e competências;
• Monitoramento e • Comunicação;
medição;
• Documentação do SGA;
• Não conformidades e
ações corretivas; • Controle operacional;
• Registros; • Controle de emergências e responsabilidades.
• Auditoria do SGA.

Fonte: Adaptado de IBAMAPR (1996).

Só com a implementação deste modelo é que uma organização poderá alçar uma
certificação em SGA. Além de implantar um SGA, a organização também deve
(NASCIMENTO, 2012):

»» Cumprir a legislação ambiental referente a atividade exercida e a


implantação/localização da organização.

»» Assumir o compromisso com a melhoria contínua do processo de SGA e


seu desempenho ambiental.

Para se obter a certificação, há uma sequência lógica que deverá ser seguida pela
organização.

Primeiramente, é necessário que esta organização tenha uma política ambiental


estabelecida, para deixar claro os compromissos com os objetivos, as metas e os
procedimentos a serem adotados pelos colaboradores para que seja implementado um
SGA, além do controle documental e treinamento dos colaboradores para tais ações
serem concretizadas.

117
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Depois disso, deve ser realizado um diagnóstico ou uma pré-auditoria que identifique o
que ainda não está conforme ou se há vulnerabilidades nos procedimentos que impeçam
sua certificação, e prever correções para elas.

Após essa avaliação inicial, a organização deve contratar uma empresa credenciada
para dar a certificação. Esta empresa fará novamente uma pré-auditoria para analisar
as não conformidades e, posteriormente, realiza uma auditoria oficial que comprovará
se a organização está em conformidade com os padrões de qualidade exigidos pelas
leis ambientais referentes e pelas políticas ambientais da própria organização para
implementação de um SGA (NASCIMENTO, 2012).

Revisões da ISO 14001

Conforme já citamos anteriormente, a Norma 14001 foi publicada inicialmente em 1996,


quando da grande influência da norma britânica BS7750 desenvolvida em 1992 pelo
BSI Group. Ainda em 1994, houve também a publicação da norma TS 9719 (Sistema
de gestão ambiental – características gerais) que junto com a anterior forneceram um
modelo para o desenvolvimento da série ISO 14000 em 1996, pela ISO (International
Organization for Standardization).

Em abril de 2005, a ISO 14001 teve a sua primeira revisão e, em 2015, ela foi novamente
revisada, sendo a versão atual da norma. Com essa nova versão, as empresas que estavam
certificadas pela norma anterior de 2005 deveriam se enquadrar até o fim de 2018, ou
então perderiam suas certificações e devem passar por todo o processo novamente de
certificação caso queiram se enquadrar novamente.

A norma nesta nova versão adquiriu mais consistência no que tange suas cláusulas e
documentos. De 4 cláusulas na versão anterior, agora a norma possui 10 cláusulas. O
número de documentos e registros obrigatórios subiu de 12 para 16 nessa versão de
2015.

Algumas coisas tiveram poucas mudanças com a revisão, como os itens que citam a
política ambiental, liderança, competência, treinamento e conscientização, análise
crítica pela direção, auditoria interna e ação corretiva. Alguns itens tiveram mudanças
moderadas, como a parte da norma que trata da identificação e avaliação dos aspectos
ambientais

Mas a revisão atual trouxe novos requisitos que devem ser analisados a partir do
zero pelas organizações que já possuem o certificado e precisam se adequar a estes
novos itens, ou organizações que vão iniciar agora o processo de certificação: riscos e

118
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

oportunidades, contexto da organização, e partes interessadas são os novos requisitos


que precisam ser atendidos pela organização.

Itemização da ISO14001:2015

1. Introdução:

A nova versão da norma de 2015, na sua introdução, fala que a adoção da norma não
garante, de fato, resultados ambientais ideais, sendo a adoção da norma diferente para
cada tipo de organização e seu contexto, ou seja, duas organizações diferentes, ainda
que realizem atividades e processos semelhantes, podem ter requisitos legais e políticas
ambientais diferentes para se obter o desempenho ambiental, ainda que ambas atendam
aos requisitos da norma.

A norma também não trata de outros tipos de gestão (financeira, energia, qualidade,
saúde e segurança), mas a metodologia da abordagem desta norma poderá facilitar e
preconizar ações para analisar e implementar outros sistemas de gestão.

2. Escopo:

Trata dos resultados esperados pelo SGA, incluindo a melhoria do desempenho


ambiental – que não estava explicito na versão anterior da norma.

3. Referências normativas.

4. Termos e definições:

É um item fundamental para compreender toda a aplicação do SGA, uma vez que trata do
que é entendido por cada um dos termos. Por exemplo, há definições de meio ambiente
(3.2.1) como a circunvizinhança que opera uma organização, incluindo ar, água, solo,
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. Os Aspectos
Ambientais (3.2.2) são tratados como os elementos das atividades, produtos ou serviços
que interagem com o meio ambiente, podendo causar um impacto ambiental; este, é
descrito como a modificação no meio ambiente, sendo adversa ou benéfica, total ou
parcial, que seja resultante dos aspectos levantados em uma organização (item 3.2.4).

Outra definição muito importante é a de Risco (item 3.2.10), que basicamente é definido
como efeito da incerteza. Este efeito pode ser positivo ou negativo, e esta incerteza é
considerado um estado de falta de informação ou conhecimento sobre um determinado
evento, sua consequência ou probabilidade.

119
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

A proposta de ciclo de vida (item 3.3.3), que na edição anterior era apenas citada
no anexo, nesta versão está mais abrangente, se referindo ao termo como “estágios
consecutivos e encadeados de um sistema de produto (ou serviço), desde a aquisição da
matéria-prima ou de sua geração, a partir de recursos naturais até a disposição final”
(ABNT, 2015). Tais estágios estão relacionados desde a aquisição de matéria-prima
até a disposição final deste, passando por todos os processos de projeto, produção,
transporte, entrega, uso etc. A figura a seguir ilustra a perspectiva de ciclo de vida.

Figura 23. Perspectiva de Ciclo de vida.

Fonte: Adaptado de APCER (2016).

Outro termo importante é o relacionado a Auditoria (3.4.1), um processo sistemático


para obter evidências de auditoria (ou seja, registros fatuais) e avaliá-la para determinar
como os critérios de auditoria (todas as determinações e requisitos a serem seguidos
pela organização) serão atendidos.

O item 3.4.5 aborda sobre a melhoria contínua, outro termo que é bastante utilizado na
norma, referente a uma atividade recorrente para aumentar o desempenho ambiental
relacionado ao uso do SGA.

5. Contexto da Organização:

Este item se inicia com a análise do contexto da organização (4.1), que deve ser realizado
desde o nível estratégico até o operacional, interna e externamente, sendo que o SGA
deverá estar integrado a tudo isso. O item 4.2 trata das necessidades e expectativas das

120
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

partes interessadas, um item novo nessa versão da norma, no qual esta parte interessada
pode ser as entidades afetadas ou preocupadas com o desempenho ambiental da
organização, mas também as entidades que podem afetar uma decisão ou atividade da
referida organização. O item ainda fala sobre o Sistema de gestão ambiental (4.4).

6. Liderança:

É um novo item que introduz o conceito de liderança para a norma, enfatizando a


importância da Alta Direção para a eficácia do SGA. O item sobre Política Ambiental
(5.2) fala de uma forma mais abrangente sobre proteção ambiental, incluindo além
da prevenção da poluição, o uso sustentável de recursos, a mitigação e, importante
e contemporânea discussão, a adaptação às alterações climáticas e a proteção da
biodiversidade dos ecossistemas importantes à organização.

7. Planejamento:

Novo item que introduz o conceito de Riscos e Oportunidades, orientando como uma
organização deve entender o planejamento do SGA e suas interligações. A nova versão
também pede a determinação de situações potenciais de emergência no planejamento,
o que na norma anterior era citado nas etapas de implementação e operação.

O item ainda trata dos Aspectos Ambientais (6.1.2), devendo a organização definir tais
aspectos das atividades, produtos e serviços, os impactos associados, considerando
todo o ciclo de vida.

Um adendo sobre o assunto: O Anexo A.6.1.2 da mesma norma ISO 14001:2015


trata mais detalhadamente sobre a metodologia sobre o levantamento dos
aspectos e impactos ambientais. A norma cita que:

As alterações para o meio ambiente, adversas ou benéficas, que


resultem total ou parcialmente dos aspectos ambientais, são
chamadas de impactos ambientais. O impacto ambiental pode
ocorrer em escalas local, regional e global, e também pode ser
direto, indireto ou cumulativo por natureza. A relação entre os
aspectos ambientais e impactos ambientais é de causa e efeito
(ABNT, 2015).

A norma dá orientações neste Anexo referente ao que a organização deve


considerar para determinar estes aspectos ambientais: emissões atmosféricas,
lançamentos em água, terra, uso de matérias-primas e outros recursos naturais,
uso e emissão de energia e a geração de rejeitos, bem como o uso do seu espaço
(ABNT, 2015).

121
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Cabe lembrar que esta análise de aspectos e impactos ambientais segue a lógica
das análises utilizadas nos Estudos de impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA), quando da necessidade jurídica exigida pelo órgão
ambiental às organizações potencialmente causadoras de impacto para a sua
construção em um determinado local.

O item 6.1.2 Requisitos Legais e Outros requisitos trata dos requisitos que devem ser
determinados pela organização. Não são mais exigidos procedimentos como na norma
anterior, mas as informações devem ser mantidas documentadas.

8. Apoio:

Neste item, Recursos (7.1), a norma fala que a organização deve determinar quais
recursos são necessários para prover a implementação, manutenção e melhoria contínua
do SGA. A norma anterior tratava de recursos “indispensáveis”, que foi alterado como
“necessários”.

O item aborda desde a competência das pessoas cujas tarefas têm impacto no
desempenho ambiental (item 7.2), a conscientização destas pessoas (item 7.3) sobre
a política ambiental e os aspectos ambientais significativos, bem como os impactos
ambientais reais ou potenciais associados ao trabalho respectivo.

O item 7.4 trata da Comunicação, que nesta versão está mais abrangente e requer uma
comunicação mais ampla e não requer mais o procedimento e sim um processo. A
empresa agora deve comunicar externamente as informações pertinentes do SGA, o
que antes era opcional.

O item 7.5 trata da Informação Documentada, importante item sobre o que a empresa
deve documentar obrigatoriamente e opcionalmente. Não são mais obrigatórios
os manuais e a descrição dos elementos do SGA, embora quem os faça convém
documentá-los.

9. Operação:

Requer que a organização planeje, execute e controle os processos internos – e os


externos – necessários para a implementação do SGA e o cumprimento dos requisitos
para tal, considerando a perspectiva do ciclo de vida, que exige um controle operacional
mais abrangente, ou seja, envolvendo mais processos da organização, bem como um
controle maior dos processos externos a serem contratados.

122
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

O item 8.2 trata da Preparação e resposta a emergências, onde reforça a identificação


das situações de emergência ainda na fase de planejamento da organização, devendo
esta ter respostas às situações de emergência.

10. Avaliação de desempenho:

A norma nesta versão trata da necessidade de avaliar o desempenho ambiental e a


eficácia do SGA, e registrar os resultados. E é a organização que deve determinar os
critérios para avaliar este desempenho ambiental e definir os respetivos indicadores.

Reforça a necessidade de comunicar, interna e externamente, as informações sobre o


desempenho ambiental.

O item 9.2 trata da Auditoria interna, orientando a organização ao dever desta de


estabelecer, implementar e manter as auditorias internas, levando em consideração a
importância ambiental dos processos, as mudanças que podem afetar a organização e
os resultados das auditorias anteriormente executadas.

11. Melhoria:

Nesta nova versão a melhoria contínua ganhou uma seção específica, tornando mais
ampla a abordagem sobre o assunto. O item 10.2 Não conformidade e ação corretiva
não exige mais procedimentos mas requer que a empresa determine a informação
documentada que a empresa acredita ser importante para que sejam atendidos os
requisitos. É um item determinante para o viés do pensamento baseado em risco,
que promove esta norma a uma ferramenta preventiva, quando trata destas não
conformidades e ações corretivas desde o planejamento da organização.

Motivações para a implantação de um SGA

Quando pensamos no porquê de uma organização se dispor a buscar a implantação de


um SGA, pensamos no fato de que essa é uma iniciativa “voluntária”, ou seja, não há
legislação que obrigue que uma empresa ou indústria tenha um SGA.

Entretanto, embora voluntária, a iniciativa traz de fato vantagens reais a estas


organizações, especialmente, em reflexo ao mercado global cada vez mais competitivo
e integrado.

Os principais fatores apontados para a decisão de implantar o SGA em uma organização


são (GRAVINA, 2008):

123
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

»» Benefícios financeiros, com a economia de matéria-prima, reúso,


uso eficiente de energia e recursos naturais, eficiência na produção e
marketing.

»» Além da economia, a empresa pode ter obtenção de lucros, quando


pensamos nas “eco-inovações”, como a venda de resíduos do processo
produtivo para outras finalidades em outras organizações. O Coque de
Petróleo, por exemplo, foi descartado durante muito tempo e hoje é um
produto residual valioso no mercado, comprado para a utilização em
fornos de outras indústrias.

»» Melhoria do desempenho ambiental, que permite ver os problemas


antecipadamente, dando a organização como um todo uma postura mais
proativa no mercado.

»» Aumento de competitividade, com a possibilidade de conquista de novos


mercados, aumento de credibilidade e segurança para investidores e para
consumidores.

»» Facilidade em aplicar a legislação ambiental pertinente, questão


obrigatória para a implementação de um SGA que traz facilidade no trato
com as normas e melhora o relacionamento com os órgãos ambientais,
reguladores e fiscalizadores.

»» Melhoria da imagem da organização frente ao mercado consumidor,


conquistando assim novos consumidores, especialmente os mais
exigentes, fidelizando-os e, com isso, atraindo maiores investimentos.

»» Facilitação para obtenção de créditos bancários e outros investimentos.

A globalização torna os mercados mais acirrados, extensos e competitivos, e as


organizações que não busquem inovações ligadas a melhoria do desempenho ambiental
em geral perdem cada vez mais espaço. Os consumidores modernos buscam formas de
ter um papel ativo na melhoria do planeta e, com isso, o consumo é visto como uma
forma de ativismo, que vislumbra formas mais justas de produção, ligados ao uso dos
recursos naturais de forma consciente, o respeito e a responsabilidade social.

124
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

Figura 24. Movimento do consumo consciente e seus principais questionamentos.

Perguntas Do Consumo Consciente

POR QUÊ O que Como


COMPRAR comprar? comprar?
?
De quem Como Como
comprar? Usar? descartar?
Fonte: <https://www.akatu.org.br/wp-content/themes/akatu/img/bg-2.png>. Acesso em: 16/4/2019.

Críticas à Norma ISO 14001


Embora muito aplicada e eficaz para a Gestão Ambiental, a norma também possui
algumas críticas que serão postas aqui para a reflexão. As principais destas críticas têm
relação com a não eficiência na melhoria do desempenho energético e com a elitização
da certificação que dificulta esta certificação nas menores organizações que possuem
baixos recursos (BARBIERI; CAJAZEIRA, 2004).

A crítica em relação à real eficiência para a melhoria do meio ambiente, vem de


encontro com o pensamento de que a norma em si não é um atestado de excelência
ambiental como dá essa impressão, mas uma forma de gerenciamento técnico. Ela é
limitada no momento em que busca, minimamente, o atendimento às leis ambientais e
melhorias contínuas, o que não necessariamente pode resultar numa melhoria efetiva
no desempenho ambiental de uma empresa. Resumindo, a norma não necessariamente
contribui para resolver problemas ambientais, mas dá diretrizes para que isso aconteça.
Entretanto, dados no Brasil comprovam que a “correlação entre uso da ISO 14.001 e
desempenho ambiental aparentemente tem sido favorável” (BARBIERI; CAJAZEIRA,
2004).

Outra crítica, bem relevante por sinal, é a de que a norma tem um viés elitista, no que
tange a sua certificação, embora no próprio texto ela cita que pode ser aplicada em
qualquer organização. Mas, quando vemos na prática, esta exige um grau de ações
e formalidades que nem sempre podem ser acessíveis à pequenas organizações,
que não possuem recursos e mão de obra para serem dispendidos essencialmente
para a busca de adequações e certificação em ISO 14001. Isso pode vir a afastar tais
organizações menores, muitas vezes, do mercado consumidor, acentuando ainda
mais a desigualdades entre as organizações.

125
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL

Apesar disso, é importante salientar que a norma é, sobretudo, referente a uma mudança
cultural da organização e seus processos, e, portanto, pode ser aplicada em partes sem
necessariamente se buscar certificação. Muitas vezes, a adoção de pequenas iniciativas
poderá já trazer benefícios ambientais que perpassam esse setor, trazendo inclusive
melhorias econômicas com a eficiência nos recursos energéticos, o que é o principal
mote desta norma.

Sistema de Gestão Integrada (SGI)


Atualmente, é importante dentro de uma organização ter uma visão mais holística do
ambiente, analisando todos os fatores que vão além das paredes de uma empresa para
se conseguir obter vantagens competitivas em relação ao mercado atuante.

Por isso, conforme já falamos anteriormente, o Sistema de Gestão Ambiental, quando


realizado de forma integrada com outros sistemas de gestão, possibilita o gerenciamento
de todos os processos e atividades da empresa a partir de normas técnicas aplicáveis.
Assim o Sistema de Gestão Integrada – SGI, tornou-se mais do que uma política da
organização, item determinante para esta conquistar o mercado nacional e internacional.

Ao atuar com um sistema integrado de Gestão da Qualidade (ISO 9001), Gestão


Ambiental (ISO 14001) e Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional (OSHAS 18001),
uma organização passa a conhecer e controlar grande parte das variáveis micro e macro
ambientais que possui, além de ter condições de retroalimentar essas informações,
tornando-se mais eficiente e competitiva do que seus concorrentes.

O controle e monitoramento das atividades e uma gestão voltada para a redução e


economia do consumo de recursos materiais e naturais, que promove ações para
beneficiar a saúde ocupacional dos funcionários, gerando um ambiente mais produtivo
e saudável, gera benefícios enormes para uma organização, como por exemplo:

»» melhoria da imagem da empresa junto ao mercado e aos clientes;

»» melhoria do desemprenho organizacional e aumento da produtividade;

»» redução dos custos operacionais e administrativos;

»» melhorias ambientais que beneficiam a todos;

»» vantagens em relação aos concorrentes, entre outras.

A necessidade de as empresas demonstrarem esse compromisso, por meio de


certificações de acordo com normas técnicas, atualmente é um processo irreversível

126
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III

para as organizações. A introdução das preocupações com a qualidade, que trata a


ISO 9001 com a introdução da norma ISO 14001, e a preocupação com a certificação
ambiental trouxeram a necessidade de se criar os Sistemas Integrados de Gestão.

Mas esse sistema não seria completo sem a introdução das questões de preservação da
saúde e segurança no trabalho (SST) dos trabalhadores e colaboradores envolvidos,
vindo com a OHSAS 18001. Essa complementação passou a assegurar a qualidade total
dos processos produtivos e competitividade das organizações (ALBUQUERQUE, 2016).

“Concluo destacando a importância do entendimento deste tripé (pessoas x


processos x tecnologia). Sempre que tiramos um dos apoios de um tripé o que
acontece? Pois é… o que está em cima não se sustenta” (CASTRO, 2017).

127
Para (não) Finalizar

Organizações sustentáveis?
Conforme dissemos anteriormente, a preocupação com o meio ambiente só se deu em
um âmbito global a partir da década de 1970; até então, só havia preocupações restritas
ao cumprimento das leis e normas reguladoras.

Apesar disso, quando pensamos no universo empresarial/industrial, podemos verificar


que ainda faltam premissas sobre a questão ambiental nas teorias organizacionais, por
exemplo. Muito se fala em desenvolver novas estratégias, produtos e atividades que
trarão vantagens competitivas no mercado, mas pouco se faz um parâmetro destas com
o desenvolvimento sustentável (NEDER LOPES, 2014).

Diante disso, muitos questionam o que, de fato, tem sido feito pelas organizações
sobre o assunto. Muitas têm se mobilizado em busca de certificações, além da
busca pela legitimação ambiental por meio das licenças, elaboração de relatórios de
responsabilidade etc. No entanto, muitos questionam a eficiência real destas medidas
para o desenvolvimento sustentável.

A certificação pela ISO 14001, que trata do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) das
organizações, permite que esta tenha maior controle das suas operações em relação às
suas práticas ambientais. No entanto, a aplicação dessa norma, depende da apropriação
desta pelos colaboradores, fornecedores etc., além de não ser compulsória e ser
uma iniciativa da organização, o que dificulta a sua continuidade ao longo do tempo
(NEDER LOPES, 2017). Isso porque há uma tendência das corporações a reduzir suas
responsabilidades na medida em que há falta de controle e exigência do Estado.

Precisamos questionar até que ponto a implementação de um SGA é realizado pelo


ideal de melhoria no desempenho ambiental visando contribuir com um planeta menos
impactado pelas ações antrópicas, ou se essa é uma iniciativa apenas visando as vantagens
mercadológicas de economia financeira, aumento de mercado e facilidades referentes
ao acesso a investimentos, por exemplo. Lembrando que não há nada de errado em
buscar essas vantagens, entretanto, se a cultura dentro de uma organização também
não infiltrar legitimamente as intenções de melhoria do meio ambiente coletivo, é uma
cultura que tende a desaparecer ou ter dificuldades de se manter na organização ao
longo do tempo, das mudanças no processo ou no corpo de colaboradores, por exemplo.

128
PARA (NÃO) FINALIZAR

O licenciamento ambiental exerce esse papel controlador do estado, de certa forma, na


medida em que é uma exigência legal a regularização das empresas, conforme as leis
já citadas anteriormente. Embora seja um processo positivo em sua gênese, é possível
que muitas organizações utilizem desta ferramenta obrigatória para tentar “maquiar”
os reais efeitos das atividades, potencializando seus impactos positivos e minimizando
os impactos negativos, por exemplo.

Com o alto custo dos processos de licenciamento, além da sua morosidade em


ser resolvido, muitas vezes este se torna um procedimento mais político do que
administrativo, em que há influências em jogo e interesses. Segundo Neder Lopes (2017),
“seria pertinente então questionar se o licenciamento ambiental não configura como
uma autorização para poluir”. Essa problemática potencializa a criação de instrumentos
dentro do próprio mercado para a “legitimação ambiental” destas organizações, a fim
de criar boas imagens e vantagens competitivas.

Esse engajamento, claro, não é linear e espontâneo em todos os setores empresariais.


Isso depende do tipo de negócio, público-alvo ou produto a ser produzido. Empresas que
lidam diretamente com o mercado consumidor focam na sua comunicação e melhoria
na imagem da organização como um todo; enquanto isso, as indústrias grandes e do
setor secundário de transformação, por exemplo, buscam menos essa visibilidade e são
atraídos pelas demais vantagens de melhoria financeira e além da adequação legal, a
fim de se evitar multas e impedimentos de funcionamento.

Em todos estes casos, no entanto, cabe a nós no papel de mercado consumidor analisar
todo o processo que ocorre até que um produto chegue até nós. E sempre questionar: as
ações realizadas realmente contribuem para o que entendemos como desenvolvimento
sustentável?

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