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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL......................................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO DAS ÁREAS – UM PROCESSO ANCESTRAL................................................................ 9
CAPÍTULO 2
MUDANÇAS E AVANÇOS NA LEGISLAÇÃO AMBIENTAL BRASILEIRA............................................ 17
CAPÍTULO 3
OUTRAS LEIS AMBIENTAIS......................................................................................................... 42
UNIDADE II
LICENCIAMENTO AMBIENTAL................................................................................................................. 46
CAPÍTULO 1
O BRASIL E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL – HISTÓRICO.......................................................... 47
CAPÍTULO 2
ESTUDOS AMBIENTAIS E MATRIZ DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO.................................................... 65
UNIDADE III
GESTÃO AMBIENTAL.............................................................................................................................. 90
CAPÍTULO 1
CONCEITOS E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL...................................................................... 90
CAPÍTULO 2
GESTÃO AMBIENTAL E AS ORGANIZAÇÕES............................................................................ 102
CAPÍTULO 3
SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – ISO 14000........................................................................ 108
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
A ação do homem sobre o meio ambiente ocorre desde o início de sua existência, com o
uso dos recursos naturais como fonte de vida e sobrevivência.
Neste contexto, começam a surgir normas para disciplinar a conduta humana sob
um meio ambiente que já não consegue retomar, naturalmente, seu ciclo natural de
renovação.
Objetivos
Os principais objetivos do tema de estudo são:
»» Descrever o processo evolutivo da legislação ambiental no mundo e no
Brasil.
»» Apontar as principais leis ambientais brasileiras.
»» Analisar o processo de Licenciamento Ambiental no Brasil.
»» Descrever o conceito de sustentabilidade, sua evolução e os procedimentos
e as ferramentas utilizadas atualmente para discutir o desenvolvimento
sustentável.
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8
LEGISLAÇÃO UNIDADE I
AMBIENTAL
Para compreender as leis ambientais atuais, é preciso acompanhar o processo evolutivo
do tema ambiental na conjuntura histórica, tanto do Brasil quanto do mundo.
Por isso, não é possível descrever esses processos no Brasil e no mundo sem que haja
uma sincronicidade, uma vez que, naturalmente, o processo evolutivo da discussão do
tema é concomitante e precisa ser compreendido em seu todo.
CAPÍTULO 1
Proteção das áreas – um processo
ancestral
O fato é que, da mesma forma, várias civilizações vieram a proteger locais que, de
alguma forma, eram reconhecidos por estes povos antigos como locais associados a
mitos e crenças, rituais, locais históricos marcantes etc. Posteriormente, passaram
a proteger locais de abastecimento de água, que possuíam plantas medicinais etc.,
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Legislação ambiental
Da mesma forma que ocorreu com as leis fundamentais gerais, as leis ambientais
passaram por um processo de evolução histórica desde a Antiguidade, mas se
consolidaram de forma mais tardia, somente com a formação dos Estados. Atualmente,
o tema passou a ser uma preocupação mundial, a partir não só de leis, mas de tratados
internacionais.
Foi na década de 1960 que a preocupação com o meio ambiente veio mais à tona em
todo o mundo, especialmente graças às pressões públicas coletivas, um reflexo das
consequências do avanço industrial e exploratório dos recursos de forma desmedida.
Neste período, surgem leis de diferentes países na busca de um regramento de atividades
poluidoras das águas, ar e solo, sendo criados diversos órgãos internacionais especiais
para o meio ambiente.
Nas décadas seguinte, surgiu, das discussões sobre o meio ambiente, a necessidade
de se discutir a relação deste ambiente com o homem. A Organização das Nações
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Unidas (ONU) tem um papel importante neste período, com Pactos Internacionais e
Declarações de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e Direitos Civis e Políticos,
trazendo a tônica de assegurar os direitos fundamentais do homem à vida, à saúde, ao
trabalho, à educação, para ter condições mínimas de desenvolvimento considerando o
meio em que vivem.
Veremos mais adiante como a discussão acerca da temática do meio ambiente foi mais
profunda da década de 1970 em diante, na Unidade III – Sustentabilidade.
À medida que a exploração florestal ao longo da costa foi tornando-se cada vez mais
escassa, foi necessária a exploração das florestas mais interiores, com determinações
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
“Madeira de Lei”
Essa expressão, que hoje usamos para identificar as madeiras resistentes e de
valor comercial alto, como o mogno, cedro etc., surgiu no período colonial
quando os portugueses a criaram para designar as madeiras que só podiam ser
derrubadas se a Coroa portuguesa autorizasse, ou seja, o corte dependia de uma
permissão por lei.
O pau-brasil foi a primeira madeira classificada de lei, para impedir que esta fosse
contrabandeada pelos espanhóis, franceses ou ingleses que aportavam na costa
do nosso país (MUNDO ESTRANHO, 2011).
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Janeiro, em 1811, é um exemplo do período, ainda que sua função não possuía interesse
de conservação, apenas o estudo da flora brasileira com interesses econômicos.
(KENGEN, 2001 apud BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009). Ainda assim, a criação
do Jardim Botânico foi um ato relevante para a evolução das discussões relativas à
legislação ambiental no país, sendo considerado o primeiro passo para a regulamentação
das áreas protegidas, até chegarmos no que hoje é o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC, que veremos adiante.
Em 1821, a primeira legislação sobre o uso da terra foi promulgada. Ela previa a
manutenção de reservas florestais na sexta parte das áreas vendidas ou doadas, para
preservar as madeiras existentes. Essa iniciativa é também precursora de leis atuais,
como as chamadas Reservas Legais de propriedades rurais, previstas no Código
Florestal Brasileiro, que veremos adiante.
No mesmo ano, foi criado o Código de Caça e Pesca, que disciplinou o uso de
equipamentos, tornou obrigatório o uso de licenças para caça e pesca e proibiu a caça
de alguns animais úteis à agricultura. O Código das Águas (também criado em 1934)
estabeleceu, pela primeira vez, regras para o uso particular das águas e geração de
energia. O surgimento dessas leis, bem como da Constituição de 1934, embora com
uma visão utilitarista dos recursos naturais, impulsionou o desenvolvimento do que é a
legislação ambiental brasileira atualmente (HENDGES, 2016).
Em 1965, foi criado um novo Código Florestal, Lei no 4.771/1965, que substituiu o
anterior de 1934 e trouxe as florestas como bem comum a toda a população. Além
disso, definiu duas linhas políticas aos recursos florestais: uma de proteção, criando as
Áreas de Preservação Permanente (APP), Reservas Legais e áreas de uso indireto, como
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
parques; outra linha, de conservação, por meio do uso racional e exploração de florestas
nativas, uso múltiplo de áreas e “permitindo ao Estado uma interferência direta no
uso das florestas particulares quando necessária à defesa de interesses coletivos”
(HENDGES, 2016).
A década de 1970 foi marcada, no Brasil e no mundo, pelo início das discussões
ambientalistas, como uma reação ao choque do petróleo e do crescimento urbano e
industrial sem controle. O Brasil estava em pleno “milagre econômico” e indiferente a
este levante ambiental mundial. A criação dos Planos Nacionais de Desenvolvimento
durante o período militar brasileiro foi desastrosa para o meio ambiente, sendo os
incentivos dados ao governo para a exploração das terras do país os piores possíveis,
causando a destruição em massa dos recursos naturais.
Apesar disso, ocorreram ações no país como um reflexo das novas discussões e
preocupações ambientais do mundo. Em 1973, foi criada a Secretaria Especial do Meio
Ambiente – SEMA, para trabalhar em parceria com o IBDF. Em 1981, também como
resultado dessa nova tendência, foi criada a Política Nacional de Meio Ambiente, Lei
no 6.938/1981, o primeiro grande marco da legislação ambiental do país. O segundo
grande marco foi a criação da Lei no 7.347/1985, de Ação Civil Pública, segundo a qual,
enfim, os danos ao meio ambiente poderiam efetivamente chegar ao Poder Judiciário
(GODOY; FACIO, 2013).
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
É importante lembrar que, apesar de haver uma certa ordem cronológica nos fatos, a
legislação ambiental é marcada ora por avanços, ora por retrocessos, uma vez que ela
sempre está vinculada aos interesses dos governantes, ao grau de impacto das ações
e às discussões sobre meio ambiente do respectivo período (BORGES; REZENDE;
PEREIRA, 2009).
O autor Neder (2002) traçou, em um quadro, três dos principais momentos políticos/
legais do país e os comparou em relação à situação da questão ambiental no âmbito
jurídico institucional. Esse quadro é uma síntese de muitos assuntos que vocês já viram
até agora e que ainda verão nesse material, portanto, veja atentamente todo o processo
histórico da questão ambiental do Brasil para entender onde estamos atualmente na
questão.
»» Estabilidade e crescimento
»» Democratização, com maior econômico.
»» Governo autoritário, com pouca/
participação popular.
nenhuma participação popular. »» Ascensão de grande parte da
»» Multiplicação de ONGs população e acesso a bens de
»» Maioria da população sem acesso
socioambientalistas. consumo.
a bens de consumo.
Cenário político- »» Transição entre crise e estabilidade »» Grandes obras de infraestrutura.
econômico-social »» Início do movimento ambientalista,
econômica.
ainda com visão romântica e »» Expansão do agronegócio e
separação homem-natureza. »» Brundtland – Nosso Futuro exploração de petróleo e energias
Comum, surgimento do conceito limpas.
»» Clube de Roma/ Conferência de
de Desenvolvimento Sustentável
Estocolmo. »» Kyoto, Rio + 10, Rio +20; Acordo
e Rio-92.
de Paris.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Principais legislações
»» Política Nacional do Meio Ambiente »» Resolução CONAMA no 237/1997 »» Novo Código Florestal (2012), Lei
ligadas ao licenciamento
e Res. CONAMA 01/1986. e Lei de Crimes Ambientais. Complementar 140.
ambiental
Cabe destacar, nessa evolução, o papel do componente humano nas relações com o
meio ambiente. Se antes, até o período militar, o ser humano é visto como um elemento
perturbador das condições ambientais e da preservação do ecossistema, essa visão vai
mudando após a década de 1970, a partir das novas discussões sobre o desenvolvimento
sustentável, no qual engloba o ser humano como elemento que o compõe, e, portanto,
é responsável por ele – também para sua preservação.
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CAPÍTULO 2
Mudanças e avanços na Legislação
Ambiental Brasileira
Quando pensamos no Brasil, é possível entender porque não é tão simples assim a
questão ambiental, pois, é um país quase com o tamanho de um continente, com a
quinta maior nação do mundo, em um território que recobre cerca de 5,6% de toda
a superfície terrestre do planeta, e possui grande quantidade de água doce (cerca de
12% das reservas globais), além de uma grande biodiversidade de animais e espécies
vegetais em um local de relevo e clima favoráveis (LOPES, 2017).
Embora, muitas vezes, tais leis são consideradas falhas, injustas ou até mesmo
excessivamente rigorosas, podemos afirmar que essa precocidade em desenvolver
meios que assegurassem (mesmo que inicialmente por interesses econômicos) a
conservação e regulassem o uso dos recursos naturais do país fizeram do Brasil um dos
países considerados mais avançados em termos de leis ambientais propriamente ditas.
Para compreender esses avanços e/ou mudanças nas principais leis, vamos descrever
as leis básicas e suas mudanças principais.
Código Florestal
Assim como a Constituição Federal, a denominação Código Florestal era inédita quando
foi promulgada, em 1934, por Getúlio Vargas, por meio do Decreto no 23.793/1934, com
o objetivo de refletir as preocupações do período e de normatizar o uso das florestas,
reconhecendo-as como de interesse social comum ao povo brasileiro.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Destaca-se entre as diretrizes deste Código que “Nenhum proprietário de terras cobertas
de matas poderá abater mais de três quartas partes da vegetação existente [...]” (Decreto
Federal no 23.793/1934, Art. 23). Além disso, definiu o conceito de florestas protetoras
que, “apesar de similar ao conceito das áreas de preservação permanente (APP), não
previa as distâncias a serem preservadas” (PRAES, 2012).
»» Fixar dunas.
As florestas tidas como modelo (art.6o) seriam as artificiais, ou seja, plantadas com
vegetação nativa ou exótica, mas a lei não se atêm a muitos critérios ou descrições em
relação ao procedimento de plantio ou bioma, ou qualquer outro detalhe necessário
para o manejo adequado da floresta. As demais florestas, que não se enquadravam
nestas categorias descritas, eram consideradas florestas de rendimento.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Outro destaque relevante deste Código Florestal de 1934 foi a criação do Fundo Florestal
(art. 98), o qual determinada que os recursos oriundos de contribuições das empresas,
companhias, institutos ou doações de particulares interessados na conservação das
florestas seria administrado pelo Ministério da Agricultura.
Apesar de precursora, obviamente que essa lei apresentava limitações e falhas – como
a questão da fiscalização pouco detalhada destas áreas a serem preservadas. Por isso,
sofreu alterações ao longo das décadas seguintes até a década de 1960, quando o
aumento das discussões e movimentos ambientalistas em todo mundo incidiram na
criação de um novo Código Florestal.
Reserva legal
A reserva legal (RL) é uma área dentro de cada propriedade com vegetação preservada,
que pode ser explorada economicamente somente de forma sustentável, ou seja, com a
conservação desta flora e também da fauna existente.
O Código Florestal de 1965 definiu como limites para a Reserva Legal 50% da área da
propriedade localizada na floresta Amazônica e 20% para as demais regiões do país,
limitando o uso do solo e a exploração da vegetação natural existentes na propriedade.
Posteriormente, com a Medida Provisória no 216/67 (art. 16o), estes limites foram
aumentados para 80% de reserva legal para florestas da Amazônia, 35% para o Cerrado
e 20% para as demais regiões do país.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
3 - de 100 (cem) metros para todos os cursos cuja largura seja superior
a 200 (duzentos) metros.
c) nas nascentes, mesmo nos chamados “olhos d’água”, seja qual for a
sua situação topográfica;
Até 10m 5m
10m
a Metade da largura
200m do curso d’água
200m 100m
ou mais
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Em 1986, a Lei no 7.511 alterou os limites de APP, com um significativo aumento destas:
Figura 3. Limites estabelecidos pela Lei no 7.511/1986 para as APP’s. As alterações dessa lei tornaram irregulares os
50m
100m
a 100m
100m
150m
a 200m
Igual à distância
200m entre as margens
a 600m
600m 500m
ou mais
As mudanças ocorridas em 1986, por meio desta lei, tinham influência significativa das
novas discussões sobre o meio ambiente e o uso dos recursos naturais, cada vez mais
latente em todo o mundo e não sendo diferente no Brasil.
Em 1989, a Lei no 7.803 incluiu um parágrafo ao art. 2o do Código Florestal vigente que
incluiu como APP também as áreas urbanas que se enquadrariam nas descrições da lei.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Até então, só se referia às áreas rurais, quando tratava das APP’s, sempre observando
os Planos Diretores Municipais e leis de uso do solo para definir os limites destas APP’s.
Figura 4. A Lei no 7.803/1989 definiu a medição da APP a partir da margem dos cursos d’água na época das
cheias.
Até 10m
30m
50m 100m
a 200m
200m 200m
a 600m
600m 500m
ou mais
O país, por deter grandes áreas de florestas e uma abundância de recursos como água
e minerais, estava na mira dessas novas discussõest mundiais e, não à toa, foi sede da
Conferência Rio-92, organizada pela ONU e considerada um marco para a evolução da
temática ambiental e popularização do tema, especialmente para o Brasil.
Apesar disso, a prática estava cada vez mais distante das teorias de preservação e os
anos seguintes registraram um intenso aumento do desmatamento da Amazônia. Para
tentar conter essas ações, o governo do período promoveu a modificação da Lei no
4.771/1965, por meio da Medida Provisória de no 2.166, sendo esta medida reeditada 67
vezes até o ano de 2001 (PRAES, 2012).
“Art. 1o; Parágrafo 2o. Para os efeitos deste Código, entende-se por:
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Uma das principais ações para coibir esse desmatamento foi o surgimento da Lei de
Crimes ambientais no 6.905/1998, que previa severas sanções para os desmatadores.
Falaremos mais adiante sobre essa lei.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Nessa data, foi publicado o Decreto no 6.514, que trata sobre as infrações e
sanções administrativas ao meio ambiente.
A lógica do Novo Código Florestal é de que, quem cometeu infrações até essa
data, não poderá ser punido pois não havia leis competentes para tais sanções
anteriormente.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
»» As APP’s, que antes eram medidas a partir do leito maior dos rios,
passaram a ser medidas a partir do leito regular, ou seja, pode haver uma
diminuição do leito e, consequentemente, da APP deste.
»» Em 1989, a criação da Lei no 7.803 fez com que as leis municipais e seus
Planos Diretores passassem a obedecer aos limites e princípios do
Código Florestal. Ou seja, nas áreas urbanas, os limites de preservação
para as margens no entorno de rios e cursos d’água também passaram
para 30 metros.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
imóveis com até 15 módulos fiscais (§ 6o), desde que nada disso
decorra à necessidade de supressão de vegetação, seja realizado o
licenciamento ambiental (no caso da aquicultura) e a propriedade
tenha Cadastro Ambiental Rural – CAR.
Uma das inovações consideradas positivas pela nova lei é a criação do Cadastro
Ambiental Rural (CAR), para que – teoricamente – os órgãos ambientais conheçam a
localização de cada imóvel rural e sua situação ambiental.
O principal objetivo do CAR é compor uma base de dados para o controle, monitoramento,
planejamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento.
O PRA é mais uma das novidades do novo Código Florestal, para que os Estados orientem
os produtores rurais na implementação de ações para a recomposição das áreas com
passivos ambientais nas suas propriedades, seja em APP’s ou Reserva Legal. O PRA
dará os procedimentos para recuperação, recomposição, regeneração ou compensação
(este último para as RL’s suprimidas até a data).
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
degradadas nas suas APP’s, Reservas Legais e Uso Restrito. A partir da assinatura
do Termo de Compromisso, serão suspensas as sanções decorrentes das infrações
relativas à supressão irregular de vegetação em Áreas de Preservação Permanente, de
Reserva Legal e de Áreas de Uso Restrito cometidas antes de 22 de julho de 2008,
nas denominadas “áreas rurais consolidadas”, ou seja, com ocupação antrópica onde
deveria haver área preservada conforme a lei. Essa medida é muito questionada pelos
ambientalistas, pois é considerada uma anistia aos que devastaram áreas protegidas
por lei até esta data.
Neste sentido, as pequenas propriedades são favorecidas, uma vez que há na lei regras
diferenciadas para as propriedades com até 4 módulos fiscais para a regularização da
Reserva Legal.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
É preciso fazer uma análise crítica sobre o tema e não estar somente de um
lado, mas realizar uma reflexão do que podemos fazer para compatibilizar o
desenvolvimento do setor agropecuário com a sustentabilidade ambiental. Esse
é o desafio às próximas gerações.
<http://www.ciflorestas.com.br/cartilha/index.html>.
A primeira lei que buscou isso foi o “Código de Águas”, Decreto no 24.643, de 10 de
julho de 1934, criada por Getúlio Vargas. O decreto fala dos tipos de água (públicas,
comuns e particulares), das desapropriações caso sejam necessárias para o bem do
aproveitamento da água, das concessões, autorizações e penalidades, bem como do uso
para aproveitamento de energia hidráulica.
Sobre as penalidades, o decreto prevê que quem poluísse as águas, ainda que as
particulares, poderia ter responsabilidades criminais, além da recuperação das águas.
No entanto, não dá maiores detalhes sobre quais responsabilidades seriam estas:
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
O Código das Águas foi a lei mais importante para normatizar o uso das águas até a
Constituição Federal de 1988, quando foi extinto o domínio privado das águas, passando
a ser de domínio público todo o tipo de água, desde a subterrânea até a superficial,
as nascentes etc. Desde 1988, portanto, as águas podem ser consideradas (BORGES;
REZENDE; PEREIRA, 2009):
»» Domínio da União: rios e lagos que banhem mais de uma unidade federada,
ou que sirvam de fronteira entre essas unidades, ou entre o território do
Brasil e o país vizinho ou deste provenham ou que se estendam até ele.
Em 1997 foi criada a Política Nacional de Recursos Hídricos – PNRH pela Lei no
9.433/1997, lei que objetivava modernizar as normas para o uso das águas numa
perspectiva já voltada à sustentabilidade destes recursos a partir das discussões
ambientais crescentes no período em todo o mundo. É possível verificar a influência
destas novas perspectivas ambientais nos objetivos desta lei, em seu art. 2o, que diz
“assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em
padrões de qualidade adequados aos respectivos usos” (BRASIL, 1997).
Enquanto o Decreto de 1934 prioriza o direito da propriedade das águas, a Lei que
instituiu a PNRH reforça a supremacia do domínio público das águas sobre o privado, ou
seja, para alguns aproveitamentos e explorações, o interessado precisa seguir os termos
legais e solicitar autorizações específicas dos órgãos competentes (CAVALCANTI;
CAVALCANTE, 2016).
A lei busca organizar o planejamento e a gestão dos recursos hídricos com a criação de
diversos instrumentos políticos para o setor:
29
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
»» as Agências de Água.
Podemos assim dizer que essa lei se sustenta por dois pilares prioritários: o planejamento
e aproveitamento de uso e a participação de todos os setores usuários na tomada de
decisões, visando uma gestão participativa e descentralizada, com a participação do
Poder Público, dos usuários e das comunidades.
Em 2000, foi criada, pela Lei no 9.984/00, a Agência Nacional das Águas – ANA, com
o objetivo de executar a PNRH. A ANA, enquanto autarquia (ou seja, com autonomia
administrativa e financeira) é vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e foi criada
para viabilizar condições técnicas para a efetivação da Lei das Águas (BORGES;
REZENDE; PEREIRA, 2009).
»» Regulação: regula o acesso e o uso das águas que são de domínio da União,
os serviços de irrigação e adução, além de emitir e fiscalizar as outorgas
para o uso de água e também fiscalizar a segurança das barragens.
»» Aplicação de lei: é uma das atuações mais importantes da ANA, uma vez
que auxilia na coordenação e implementação da PNRH, a partir do apoio
a programas e projetos, articulando com os órgãos estaduais gestores dos
recursos hídricos e os Comitês de Bacia Hidrográfica.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Conheça mais sobre o que a ANA. Veja documentos produzidos e mapas dos
recursos hídricos do Brasil no site: <http://www.ana.gov.br>.
Outra ação legal significativa para normatizar o uso destes recursos hídricos foi a criação
da Resolução CONAMA no 357, de 2005, que substituiu a Resolução no 20/1986. Esta
classificou e enquadrou as águas, estabelecendo padrões de uso permitidos para cada
uma destas e para o lançamento de efluentes em cada uma. O novo enquadramento
surgiu da necessidade de se reformular a antiga classificação, a fim de melhorar as
condições e os padrões de qualidade para atender as necessidades da população.
31
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
c) à pesca amadora;
e) à dessedentação de animais.
a) à navegação; e
b) à harmonia paisagística.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Cabe lembrar que, ainda em 2000, foi publicada a Resolução CONAMA no 274, sobre
a balneabilidade das águas doces, salobras e salinas, classificando-as como próprias ou
impróprias de acordo com os parâmetros estabelecidos. Cabe aos órgãos de controle
ambiental competentes a aplicação da lei e a divulgação das condições de balneabilidade
das praias, bem como da fiscalização.
No Estado de São Paulo, por exemplo, quem faz essa análise e determina o parâmetro
específico de uma praia, por exemplo, é a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
– CETESB. Semanalmente, são coletadas amostras de água para determinar a qualidade
para o uso recreativo. Nas praias de todo o litoral do Estado, são fixadas bandeiras que
indicam a qualidade da água amostrada: verde indica uma praia apta ao banho, pois
a qualidade da água está boa, conforme podemos ver na figura a seguir, enquanto a
bandeira vermelha indica uma má qualidade das águas, consideradas impróprias para
banho.
Figura 5. Imagem da bandeira utilizada pela CETESB para indicar a qualidade das águas de uma determinada
praia.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Outra Resolução importante foi a CONAMA no 430, em 13 de maio de 2011, que trata das
condições, dos parâmetros, dos padrões e das diretrizes para a gestão do lançamento
de efluentes em corpos d’agua receptores, alterando os conceitos sobre o assunto das
resoluções anteriores.
Foi a partir dessa lei que os delitos contra o meio ambiente passaram a ser crimes,
não somente contravenções penais. A partir disso, as penas ficaram mais severas
com o intuito de diminuir os delitos que só causavam, no máximo, algumas multas
anteriormente à lei.
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
I - recuperação:
VI - educação ambiental; ou
35
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
Para viabilizar tais objetivos, a PNMA descreveu instrumentos (art 9o) que podem ser
utilizados pela administração pública, de qualquer ente federativo. De tais instrumentos,
é importante enfatizar alguns:
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Para viabilizar a efetivação de todos os instrumentos preconizados, por meio das ações
de competência da União, dos Estados e dos Municípios, a PNMA, no art 6o, criou o
Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, estruturado por órgãos federais,
estaduais e municipais para proteger e melhorar a qualidade ambiental. São membros
do SISNAMA:
»» Conselho de Governo.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
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LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Diante disso, a Lei no 9.985 surgiu em 2000 para consolidar e regulamentar a criação
de áreas de preservação e proteção da biodiversidade que eram citados desde o Código
Florestal, na Política Nacional de Meio Ambiente e na Constituição Federal de 1988. É
possível dizer que a criação do SNUC regulamentou o artigo 225, § 1o, incisos I, II, III
e VII da Constituição Federal (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009). O SNUC foi
regulamentado pelo Decreto no 4.340, de 22 de agosto de 2002.
É nessas UC’s que se concentram grande parte das populações – tradicionais ou não
– que necessitam explorar as áreas naturais para a sobrevivência, como os caiçaras,
ribeirinhos, quilombolas, entre outros.
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UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
preservação das áreas realmente importantes ao mesmo tempo que conserve tradições
e meios de vida culturais.
O artigo Ribeirinhos e caiçaras: a vida entre terra e água, escrito por Renato
Azevedo Matias Silvano e Alpina Begossi (2017), retrata um pouco da vida destas
populações tradicionais – muitas vezes marginalizadas – e também os conflitos
de suas atividades e Unidades de Conservação.
Acesse: <http://www.comciencia.br/ribeirinhos-e-caicaras-vida-entre-terra-e-
agua/>.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi uma das últimas grandes leis publicadas que
está relacionada às problemática ambientais importantes, como a gestão dos resíduos
no país, depois de décadas em tramitação. A lei foi regulamentada pelo Decreto no
7.404/2010.
A primeira iniciativa de haver uma lei sobre o assunto, segundo Costa (2017), começou
a tramitar em 1989, sobre a disposição final de resíduos de saúde, mas, somente em
2007, foi dado o seguimento para a criação do que é a atual lei. Nesse período, cerca de
100 projetos relacionados ao tema foram apensados e tramitaram na Câmara.
Embora publicada há alguns anos, a PNRS ainda precisa engrenar muitos conceitos e
ações, entretanto, algumas iniciativas e exigências legais tendem a dar certo, embora
a lei não tenha levado em consideração realidades distintas ao longo do país, como
entre as grandes metrópoles e pequenas cidades, ou regiões industriais e agrícolas, por
exemplo, dificuldades enfrentadas sempre em que há generalizações.
40
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
A lei, que foi regulamentada pelo Decreto no 7.390, de 2010, foi uma inédita e importante
iniciativa para a redução de emissão de CO2 e outras medidas que contribuem para a
discussão, pautada nas tendências ambientais, desde a Conferência de Estocolmo na
década de 1970 até a criação do Protocolo de Kyoto, em 1998 e as discussões atuais.
A Lei trata do tema de forma coletiva, no qual se estabelece como obrigação de todos
atuar na redução dos impactos sobre o clima, para o benefício desta e das futuras
gerações.
41
CAPÍTULO 3
Outras leis ambientais
Outras leis ambientais são importantes para a história do país no que tange à proteção
ambiental. Entre as principais estão:
42
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
43
UNIDADE I │ LEGISLAÇÃO AMBIENTAL
44
LEGISLAÇÃO AMBIENTAL │ UNIDADE I
Muitos afirmam que o Brasil possui uma das mais completas legislações ambientais
do mundo. Entretanto, aplicá-las da maneira correta tem sido o desafio há décadas.
Ao mesmo tempo que faltam investimentos para o setor de fiscalização, seja no âmbito
federal, estadual ou municipal, grandes desmatadores permanecem derrubando
florestas. Segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do
Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), entre agosto de 2016 a julho de 2017
foi desmatada na Amazônia cerca de 2.834 km² (MACIEL, 2017).
Da mesma forma, pouco tem sido feito para casos como o acidente ocorrido em
Mariana-MG, com o rompimento da barragem de minérios, que se consagrou como
um dos maiores acidentes ambientais do Brasil. A empresa responsável, apesar de ter
recebido 68 multas num total de 552 milhões de reais, pagou apenas 1% deste valor,
parcelado em 59 vezes, e recorre das demais multas (BEDINELLI, 2017).
Esses exemplos fazem com que grande parte da sociedade pouco acredite na eficácia da
legislação ambiental. De fato, embora com avanços significativos, ainda temos um longo
caminho para tornar o processo, tanto preventivo quanto punitivo, justo e realmente
eficiente.
45
LICENCIAMENTO UNIDADE II
AMBIENTAL
O desenvolvimento industrial, especialmente no início do Século XX, impediu que a
questão ambiental fosse vista de forma prioritária, uma vez que a poluição e os impactos
gerados por tais atividades eram pequenos em detrimento do avanço econômico
mundial. Isso ocorreu especialmente até a década de 1960, quando as manifestações
populares contra o desenvolvimento a qualquer custo e aos padrões de consumo fizeram
surgir as primeiras conversas sobre o gerenciamento dos recursos naturais. Foi assim
que, em 1968, o termo “meio ambiente” foi empregado pela primeira vez na reunião do
chamado Clube de Roma, existente até então para auxiliar na reconstrução dos países
no pós-guerra (MMA, 2009).
46
CAPÍTULO 1
O Brasil e o licenciamento ambiental –
histórico
A principal crítica relativa a tais leis de zoneamento e parcelamento do solo da época era
a de que faltavam mecanismos de participação pública na tomada de decisão dos planos
de uso do solo, que muitas vezes eram restritos à zona urbana, unicamente. Além disso,
o controle ambiental se concentrava unicamente em atividades e empreendimentos
particulares, enquanto as grandes obras de infraestrutura do governo – lembrando que
nesse período ocorreriam muitas dessas obras – desenvolviam-se sem esse controle
ambiental.
47
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
nas quais participavam do financiamento aqui no Brasil, como nas Usinas Hidrelétricas
de Sobradinho (BA), Tucuruí (PA) e no terminal Ponta da Madeira (MA), sendo estes
estudos elaborados sob normas internacionais, pois até então o Brasil não possuía
normas específicas sobre o assunto (MMA, 2009).
Foi a partir da criação da Lei no 6.938/1981 que criou a política Nacional de Meio
Ambiente – conforme já vimos anteriormente – que o licenciamento ambiental se
tornou de âmbito federal (FLEXA, 2013).
Nesse sentido, a Constituição Federal, promulgada dois anos depois, em 1988, inovou
ao estabelecer em art. 225, § 1o, inciso IV a exigência de estudo prévio de impacto
ambiental para a instalação de obras ou atividades potencialmente causadoras de
impactos ambientais, exercendo assim o princípio da precaução (FLEXA, 2013).
Foi somente em 1997 que o CONAMA publicou a principal e mais importante resolução
sobre o Licenciamento Ambiental especificamente. A Resolução no 237/1997 foi criada
com o objetivo de revisar e regular os procedimentos de licenciamento ambiental.
O principal ponto polêmico da lei é, justamente, a questão das competências para a
realização do processo de licenciamento, um ponto de conflito até hoje encontrado
em muitos casos entre União, Estado e Município. Segundo a Resolução, cada ente da
federação ficaria encarregado de determinados casos para o licenciamento. A figura a
seguir indica cada ente e os casos nos quais se enquadrariam suas competências.
• Em mais de um município;
• Unidade de Conservação de domínio estadual;
ESTADOS e DF
• Florestas e APP’s;
• Quando for delegado pela União.
48
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Podemos estabelecer uma linha do tempo com os principais elementos que aprimoraram
o Licenciamento Ambiental ao longo dos anos no Brasil, desde que surgiu a Avaliação
de Impacto Ambiental como principal instrumento desse processo, conforme figura a
seguir:
Criação do
IBAMA
Res CONAMA 01
49
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O Licenciamento Ambiental serve para mostrar o que “não pode” ser feito e a
forma correta de “como fazer”.
Para que esse licenciamento ocorra, é preciso que haja um processo administrativo
no qual o empreendedor solicita a obtenção de licença ambiental. Conforme a mesma
Resolução (art. 1o, inciso II), a Licença Ambiental é uma ação administrativa dada pelo
órgão ambiental que estabelece condições e medidas ambientais nas quais deverão ser
obedecidas pelo empreendedor interessado em instalar e operar empreendimentos e
atividades que podem, potencialmente, causar algum tipo de degradação ambiental.
Para que esse licenciamento seja conduzido, foi definido um procedimento no qual
são avaliados preventivamente os aspectos ambientais ligados ao projeto em si, mas
não se restringindo ao exercício da atividade unicamente, e sim, nas etapas anteriores
à efetiva atividade: no planejamento, na instalação e também na operação deste
empreendimento e atividade. Para cada uma dessas atividades, há um tipo de licença
diferenciada: Licença Prévia, Licença de Instalação e Licença de Operação.
50
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
51
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
»» Indústria mecânica.
»» Indústria de madeira.
»» Indústria de borracha.
52
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
»» Turismo.
»» Atividades agropecuárias.
53
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
3o passo: análise dos documentos pelo órgão ambiental, com realização de vistorias,
quando necessário.
54
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
o tema central. Por isso, é muito importante que o órgão público assegure a
participação destas pessoas – escolhendo local e hora viável, por exemplo.
E que o empreendedor divulgue antecipadamente a realização desta,
geralmente utilizando formas de acesso à população das áreas de influência
do empreendimento. É muito comum, por exemplo, o uso de carros de som
em certos lugares para fazer essa divulgação, por ser uma forma de fácil
entendimento e acesso à população.
[...] Grupos que foram ao auditório levaram faixas e cartazes com dizeres contrários
à instalação da usina. “Meu papel é mediar os trabalhos. Não posso e nem devo
opinar. Estamos aqui para discutir justamente a usina”, explicou o representante
do Condema. A Polícia Militar monitorou o protesto, que foi pacífico.
55
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O que discutimos até agora são etapas do processo de Avaliação de Impacto Ambiental
(AIA), parte do processo de Licenciamento Ambiental. Entende-se por AIA o conjunto
de procedimentos para avaliação sistemática das alterações potenciais provocadas no
meio ambiente por um determinado empreendimento, para ser apresentado ao público
e licenciado pelos órgãos públicos, com a garantia de que as medidas necessárias
para tais alterações sejam realizadas. Trata-se, assim, de um instrumento tanto de
planejamento quanto decisório.
É importante salientar que, especialmente pelo Brasil se tratar de um país tão grande
e tão rico em diversidade natural, muitos projetos são propostos para as mais diversas
realidades, o que torna o processo de Avaliação Ambiental ainda mais complexo e lento.
Além das diversas realidades ambientais, é imprescindível que se leve em consideração
as diversidades culturais e sociais inseridas em cada ambiente geográfico, para que haja
a melhor compatibilidade entre o desenvolvimento do empreendimento, o bem-estar
da população e a qualidade ambiental.
Essa avaliação é feita por meio de Estudos Ambientais, nos quais devem levantar a
existência de atividades ou ações que podem trazer riscos ambientais – sejam elas
ligadas à fauna, à flora ou ao homem – indicando formas de impedir, minimizar ou
compensar tais danos eventuais ao ambiente.
Há uma série de estudos que podem ser solicitados pelo órgão ambiental, por meio
do Termo de Referência (TR). O TR é desenvolvido pelo empreendedor a partir
do Projeto Básico de um empreendimento e deverá ser aprovado – ou modificado –
pelo órgão ambiental, que irá solicitar o estudo ambiental necessário que se enquadra
dentro das demandas do tipo e dimensão do empreendimento. Alguns órgãos
ambientais já possuem Termos de Referência prontos e padronizados para cada tipo
de empreendimento, o qual fornece para o empreendedor diretamente no momento da
requisição de licença.
56
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Acesse a esse link para ver o Volume I de um EIA, indicando a dimensão desse
tipo de estudo a partir de sua “itemização”.
<http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/EIA_RIMA/CAVERNOSO%20II/EIA_
RIMA_Atualizado_Vol_I_FINAL.pdf>.
57
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
O RIMA deve ser disponibilizado ao público quando concluído, como parte do processo
de licenciamento e preparação para as Audiências Púbicas, já citadas anteriormente,
que discutem o projeto com todos os cidadãos e partes interessadas no processo.
Estudo técnico que deve ser apresentado na fase de obtenção de licença prévia dos
empreendimentos potencialmente poluidores ou causadores de degradação ambiental.
Pode ser solicitado em alguns Estados diretamente para a obtenção de licença ou como
base para a exigência de EIA/RIMA, sendo o RAP menos complexo que este último.
Da mesma forma que o EIA, o RAP é um estudo que deve ser realizado por
equipe multidisciplinar com elementos que indiquem a viabilidade ambiental do
empreendimento a ser licenciado. É importante que tenha um levantamento e análise
prévios dos impactos resultantes da implantação do empreendimento.
Também é um estudo simplificado que pode ser solicitado pelo órgão ambiental para
analisar a viabilidade ambiental de um projeto, para a obtenção de LP. Dependerá do
órgão ambiental competente e das características do empreendimento a solicitação
deste estudo, ou RAP, e posterior solicitação de EIA/RIMA.
O EVA é muito utilizado como um parecer técnico para apontar as melhores alternativas
locacionais de um empreendimento, a ser realizado pelo empreendedor, para apontar
se há impedimentos e/ou limitações em relação às questões econômicas, geográficas
e ambientais de um projeto, permitindo assim dar diretrizes para o licenciamento
ambiental deste. Este estudo precede o EIA/RIMA e os demais estudos similares, pois
recomenda-se fazê-lo na fase de concepção do projeto, não sendo este necessariamente
solicitado pelo órgão ambiental.
58
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
O PBA é realizado numa etapa posterior aos estudos ambientais como o EIA/RIMA,
pois apresenta o detalhamento dos planos e programas ambientais que devem ser
obrigatoriamente propostos num EIA ou outro estudo similar. O PBA normalmente
também aborda as condicionantes impostas pelo órgão ambiental para a obtenção de
Licença. É um detalhamento maior das atividades de ação para mitigar/controlar/
compensar os danos ambientais, que deve ter todo o cronograma e descrição das
atividades, além dos custos totais para estas serem realizadas.
59
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Pode ser entendida como área degradada aquela que, após sofrer impactos
ambientais, perdeu a capacidade de retomar seu estado original.
Grande parte dos PRAD’s tem como foco a recuperação de áreas a partir do plantio de
espécies nativas, entretanto, este estudo deve ser também conduzido sob orientação do
órgão ambiental após os estudos iniciais de obtenção de licença.
Sobre os planos e programas mais comuns vistos nos estudos ambientais para os
empreendimentos obterem Licenças, falaremos mais adiante.
60
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Segundo Viana (2005), as principais limitações dos estudos ambientais como EIA/
RIMA são os diagnósticos extensos, os prognósticos precários e as limitações em
relação à transdisciplinaridade, medidas ambientais ineficazes e monitoramento
pós-licenciatório praticamente inexistente. Por isso, muitos estudos defendem que a
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) seja um método mais eficaz do que a AIA.
A AAE não foi introduzida ainda no ordenamento legal no Brasil, mas já é aplicada
como uma referência mundial de instrumento de política ambiental e por premeditar
a tomada de decisões ideais na identificação dos impactos e efeitos possíveis destes
(MMA, 2002).
Uma vantagem da AAE apontada por Viana (2005) é a flexibilidade com a qual é
possível trabalhar, uma vez que desenvolve as decisões durante a elaboração dos planos
e programas, e não somente na decisão final do processo, como é de praxe nos estudos
de licenciamento. A ferramenta possibilita avaliar os impactos cumulativos e sinérgicos
do processo de planejamento. Falaremos mais adiante sobre esses tipos de impacto.
61
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Estudos Construçã
de Projeto Projeto
Projeto oe Funcionamento
viabilidad básico executivo
montagem
e
LP LI LO
É importante lembrarmos que não apenas dos órgãos ambientais é feita uma Licença
Ambiental. Os empreendimentos possuem particularidades que precisam ser analisadas
e autorizadas não apenas por estes órgãos, mas muitas vezes, por outros órgãos de
competências específicas. Por isso, a interface entre órgãos é fundamental para compor
uma Licença Ambiental consistente e realmente responsável. Vamos citar algumas
dessas autorizações necessárias para compor o processo de licenciamento.
62
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
O Rio da Luz, onde já corta uma linha de transmissão da Eletrosul, terá agora a LT
525 kV, interligando as subestações de Blumenau e Curitiba-Leste, em São José
dos Pinhais. Segundo informações, ela ficará entre as Sociedades Rio da Luz II
(Centenário) e Vitória. O bairro é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico
e Artística Nacional (Iphan) que autorizou os estudos com a recomendação de
que as torres e os cabos proporcionassem o menor impacto visual possível”.
63
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
64
CAPÍTULO 2
Estudos ambientais e matriz de
avaliação de impacto
Conforme dissemos anteriormente, os estudos ambientais são aqueles que vão subsidiar
o processo de Licenciamento Ambiental, de acordo com o que o órgão ambiental
solicitar. Neste capítulo, vamos detalhar como deve ser elaborado um estudo ambiental,
tendo como base os itens essenciais de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), por ser
o mais completo dos estudos. É fundamental reforçar que todo os estudos ambientais
devem ser realizados por profissionais qualificados para tal, e de forma multidisciplinar
(MMA, 2009).
PROJETO
MEDIDA
MITIGADO
Caracterização - Projeto
Técnica IMPACTOS
- mplantação
ÁREA DE AMBIENTAIS
INFLUÊNCIA - Operação
Identificação
Diagnóstico
Ambiental e Avaliação PROGRAMA
- Meio - Operação
Socioeconômico
65
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Vejamos quais os itens fundamentais para uma boa elaboração de um estudo ambiental:
66
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Figura 11. Croqui de alternativas locacionais do Projeto Verde Atlântico Energia – Termelétrica.
ALTERNATIVA 3
ALTERNATIVA 2
ALTERNATIVA 1
Área de Influência Indireta (AII) – área geográfica no qual os impactos e seus efeitos
decorrentes do empreendimento ocorrerão de forma indireta e, portanto, serão menos
significativos, menos sentidos que nas demais áreas de influência.
Área de Influência Direta (AID) – área geográfica diretamente afetada pelos impactos
do empreendimento, tanto os positivos quanto os negativos, que, por terem maior
intensidade, deverão ser mitigados, compensados ou potencializados (no caso dos
positivos, claro).
67
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
AII
AID
ADA
<http://licenciamento.cetesb.sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-
DD-217-14.pdf>.
68
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
É importante saber que o nível de aprofundamento dos estudos pode – e deve – variar
de acordo com as áreas de influência. Assim, para a AII, os estudos podem ser mais
superficiais, com menor detalhamento; já para a AID, são importantes informações
mais detalhadas, especialmente em relação àqueles aspectos que serão mais impactados
(por exemplo, se os maiores impactos são para a fauna e flora, que haja um diagnóstico
maior do meio biótico deste determinado empreendimento); para a ADA, pode haver
um levantamento de campo para um maior detalhamento das informações do local
onde será a implantação do empreendimento e quais os aspectos que sofrerão os
maiores impactos.
69
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Os estudos geralmente são separados entre meio físico, meio biótico e meio
socioeconômico, pois, além do entendimento distinto de cada aspecto, as áreas de
Influência podem variar entre esses meios, conforme já falamos anteriormente. A fim
de esclarecer melhor sobre quais assuntos abordar em cada um dos meios, vejamos o
quadro a seguir:
Clima.
Qualidade do Ar.
Ruído e vibração.
Geologia e recursos minerais.
Meio Físico
Geomorfologia.
Pedologia.
Geotecnia e susceptibilidade a processos erosivos.
Espeleologia.
Recursos hídricos e qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
Áreas contaminadas.
Fauna (terrestre e aquática, caso haja).
Meio Biótico
Avifauna.
Flora terrestre.
Biota aquática.
Uso e ocupação do solo.
Zoneamento.
Meio Socioeconômico
70
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Sendo assim, podemos entender que o aspecto ambiental pode ser uma
máquina, equipamento ou uma atividade a ser executada que pode ter algum
efeito sobre o meio ambiente, alterando-o. Essa alteração, caso ocorra, se
caracteriza como um impacto ambiental.
A Resolução CONAMA no 1/1986, em seu artigo 1o, define impacto ambiental como:
III - a biota;
71
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Assim, para facilitar a identificação dos impactos ambientais que podem ocorrer
potencialmente, é fundamental levantar todos os aspectos do projeto, a fim de detalhar
cada ação possível e, assim, identificar os impactos potenciais. O quadro a seguir mostra
um exemplo de levantamento em que há a descrição de uma atividade, um aspecto e
um impacto possível decorrente de um empreendimento hipotético de fabricação de
cimento, por exemplo.
Conforme podemos ver, esse é um pequeno exemplo de algumas atividades que podem
ocorrer em um empreendimento hipotético. São atividades genéricas que ocorrem nos
mais diversos tipos de empreendimento que necessitam de estudos ambientais para
licenciamento e que apresentam potenciais impactos decorrentes dos aspectos possíveis
de ocorrer de acordo com tais atividades.
72
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Fica a critério da equipe técnica decidir qual é a metodologia ideal para cada caso, mas
geralmente as linhas metodológicas organizam e apresentam de forma escrita e visual
os impactos levantados.
Apesar disso, muitas matrizes utilizadas hoje são inspiradas na de Leopold, com uma
listagem planilhada por meio de linhas e colunas que facilitam a compreensão dos
73
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
74
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Parâmetro Atributo
Natureza Positivo / Negativo
Incidência Direto / Indireto
Abrangência Pontual / Local / Regional
Ocorrência Certa / Provável
Temporalidade Curto / Médio / Longo prazo
Forma de ocorrência Permanente/ Temporário / Cíclica
Reversibilidade Reversível / Irreversível
Magnitude Baixa / Média / Alta
Significância Muito / Pouco / Significativo
Fonte: Adaptado por Silvia Zambuzi (2017).
A figura a seguir ilustra melhor como caracterizar e identificar cada um destes impactos:
75
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
IMPACTOS CUMULATIVOS
Projeto Impacto A
IMPACTO A
Projeto Impacto A
IMPACTOS SINÉRGICOS
Projeto Impacto A
Interaçã Impacto C
Projeto
Impacto B
76
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
As pesquisas sobre o assunto estão sendo realizadas. Vale a pena estudar mais
sobre o tema e sobre as longas consequências desse acidente. Acesse: <http://
www.ambientelegal.com.br/lama-da-samarco-e-o-surto-de-febre-amarela/>.
77
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Análise de risco
78
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
também balizar as ações caso alguns impactos possam vir a acontecer e causar danos
para a empresa, população e entorno (MMA, 2009).
79
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Antes de prosseguir, é importante esclarecer o que significa cada uma dessas medidas
a serem realizadas para cada impacto e, consequentemente, ilustrada nos Programas
Ambientais propostos em seguida. Claro que o cenário ideal seria o da prevenção
desses impactos, o que muitas vezes não é possível, pois estes impactos geralmente
são decorrentes de atividades inerentes ao processo de instalação e operação de um
empreendimento.
Quando essa prevenção não é possível, deve haver outras medidas que, de alguma
forma, mitiguem, recuperem ou, por fim, compensem este impacto.
A compensação ocorre quando o impacto não pode ser mitigado, controlado ou não
há recuperação para a condição anterior. Essa compensação pode acontecer tanto
por meio de ações, como o plantio de árvores para compensar o corte de outras, ou
compensar a emissão de gás carbônico de um empreendimento, por exemplo, ou por
meio de recursos financeiros, de acordo com as determinações do órgão ambiental
competente do caso. A compensação é uma forma de ressarcir os danos causados ao
meio ambiente por um empreendimento. Falaremos mais disso adiante.
Embora sejam apontados nos estudos para a LP (como no EIA/RIMA e no RAP, por
exemplo), é requisito essencial para a obtenção da LI a descrição detalhada dos Programas
e Planos Ambientais, especialmente no PBA, que já descrevemos anteriormente como o
conjunto destes programas e planos.
80
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Fundamental salientar que, além dos programas apontados que se referem aos
potenciais impactos que interferem no meio físico – paisagem, solo, relevo etc. – e no
meio biótico – fauna e flora – , também são de grande importância os programas voltados
ao meio socioeconômico, especialmente aqueles que podem potencializar os impactos
positivos que podem vir a ocorrer com a implementação de um empreendimento.
Afinal, quando falamos de impactos, temos sempre a visão de que é algo ruim
causado pela construção de algo que vai degradar e impactar uma região. Mas há sim
os impactos positivos e estes geralmente são vinculados às ações voltadas ao meio
socioeconômico. Como exemplo destes programas, temos:
81
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Compensação ambiental
Conforme falamos anteriormente, a compensação ambiental é um mecanismo utilizado
quando não há formas de mitigar, controlar ou recuperar um ambiente ou situação
diante de um impacto ocorrido. Sempre haverá impactos desse tipo, uma vez que, ao
menos atividades como supressão de vegetação ocorrem em praticamente todos os
empreendimentos, e esse é um tipo de situação que exige uma compensação, uma vez
que não é possível o retorno daquele ambiente da forma que era após o impacto.
Veja como se dá essa compensação no seu município, pois eles variam para cada
órgão ambiental responsável.
82
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Em 2009, foi promulgado o Decreto no 6.848, que institui cálculos para essa
compensação ambiental (CA) a partir do grau do impacto (GI) com um valor
de referência (VR) que é a soma dos investimentos para a implantação do
empreendimento, a partir da fórmula:
CA = VR x GI
O grau de impacto é gerado por meio de outros cálculos que atingem valores de 0 a
0,5% gerados a partir das informações contidas nos estudos ambientais.
83
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6848.
htm>.
Prognóstico ambiental
Embora o prognóstico seja uma parte curta do estudo, é de fundamental importância,
pois vai balizar a decisão final do órgão ambiental quanto a autorização de obtenção de
licença ambiental ao empreendimento.
Todas as respostas a essas perguntas podem estar no prognóstico ambiental e, por isso,
é uma etapa importante dos estudos ambientais.
Conclusões
Em relação à Equipe Técnica, além de apresentar a equipe – que deve ser multidisciplinar
– e sua formação acadêmica, indicando a responsabilidade dentro do estudo de cada
um dos profissionais, é fundamental a apresentação de Anotação de Responsabilidade
Técnica (ART) dos coordenadores do estudo.
84
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
A Resolução CONAMA no 1/1986, no seu artigo 9o, fala que o RIMA deve ser apresentado
separadamente ao EIA. O RIMA, basicamente, é um documento resumido do EIA, mas
que deve ser mais objetivo e de fácil compreensão, com linguagem acessível, ilustrações,
gráficos, infográficos, mapas, fotos e outras formas de comunicação visual que facilitem
o entendimento do público em geral de todas as fases do estudo e do projeto em questão,
apontando as vantagens e desvantagens de implementação do empreendimento.
<http://www.samarco.com/wp-content/uploads/2017/11/rima-samarco-2017.pdf>.
85
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Embora as usinas sejam consideradas menos impactantes por serem construídas com
a tecnologia a fio d’água, possuem, muitas vezes, uma capacidade instalada de geração
86
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Além disso, não há necessidade de grandes quedas d’água, podendo então ser
construídas em áreas mais planas, como é o caso da região Amazônica, que não
favorece grandes represamentos. A maior desvantagem desse tipo de usina
é o baixo fator de capacidade delas (devido à oscilação no regime das águas)
(ZAMBUZI, 2016).
Figura 14. Cena famosa da índia Tuíra (da etnia Kaiapó) ameaçando com um facão no rosto do então diretor da
Eletronorte, empresa responsável pelo Inventário Hidrelétrico que incluía Belo Monte.
87
UNIDADE II │ LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Em 2006, novamente foi suspenso o processo de licenciamento, mais uma vez devido
à alegação de que os povos indígenas afetados pelo empreendimento deveriam ser
ouvidos. Após iniciar diálogo com os povos tradicionais da região, o processo foi seguido
em 2007.
Somente em 2010 foi concedida a Licença Prévia (LP) à hidrelétrica de Belo Monte, em
meio a protestos que tomaram dimensão internacional de ambientalistas e estudiosos da
causa socioambiental. O IBAMA apresentou cerca de 40 condicionantes que a empresa
deveria esclarecer para dar o andamento no processo ambiental, grande parte destas
condicionantes ligadas às populações atingidas, mas também ligadas à qualidade das
águas, fauna, saneamento etc.
88
LICENCIAMENTO AMBIENTAL │ UNIDADE II
Em 2015, com parte das obras de implantação concluídas, a usina conseguiu a Licença de
Operação (LO) sem mesmo ter sido atendidas todas as condicionantes para a obtenção
desta. Desde 2017, essa licença vem sendo suspensa e liberada, especialmente devido
aos problemas relativos às ações judiciais que questionam o descumprimento das
condicionantes para a LO, especialmente as ligadas à infraestrutura dos reassentamentos
das populações que antes habitavam a beira do rio Xingu. Mesmo em obras, a Usina
funciona parcialmente (MADEIRO, 2017).
89
GESTÃO AMBIENTAL UNIDADE III
O termo Gestão Ambiental por si só carrega uma porção de sentidos, significados e
ações. Sim, é um tema extenso, mas que pode ter muita utilidade para as organizações
que desejam ter melhorias ambientais e todas as demais melhorias que podem,
consequentemente, acontecer com tais ações.
CAPÍTULO 1
Conceitos e desenvolvimento
sustentável
Com baixa densidade demográfica e modos de vida baseados grande parte da agricultura,
a Terra nesse período apresentava recursos naturais infindáveis. Além da população
pequena, as atividades humanas ainda rudimentares não exigiam a utilização de grades
quantidades de recurso. Destacamos o uso da água, recurso fundamental à sobrevivência
humana, que neste período era essencial à agricultura e já era amplamente utilizada.
Podemos dizer que os Arquedutos Romanos, de certa forma, foram umas das
primeiras obras de engenharia que seriam uma alternativa de gestão ambiental,
especificamente dos recursos hídricos locais.
90
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Canos de inspeção
Entrada
Tanque
FONTE Arqueduto coberto distribuição Cidade
Tanque de
sedimentação Particular
Termas
Público
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
de cristo, até a era moderna. No Brasil, por exemplo, temos os Arcos da Lapa, no
município do Rio de Janeiro, que originalmente era conhecido como Arqueduto
da Carioca, construído entre 1725 e 1744, para transportar água do rio Carioca
até o Largo de mesmo nome, abastecendo a área central urbana da época.
Inicialmente feito só com canos de ferro, posteriormente foi reformado com
materiais bem firmes, como cal, cimento e óleo de baleia. Embora deixou de ser
utilizado com o propósito inicial, os arcos da Lapa hoje são importante ponto
turístico da cidade do Rio de Janeiro, sem que ao menos as pessoas saibam da
real funcionalidade deste monumento.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
A humanidade demorou cerca de 200 mil anos para crescer para 1 milhão de
habitantes no planeta. Mas, a partir da Revolução Industrial, esse crescimento
passou a ser muito rápido: Em 1927, já éramos 2 bilhões de pessoas; em 1960, 3
bilhões; em 2011 atingimos a marca de 7 bilhões e há previsões de que em 2023
poderemos chegar a 8 bilhões! (ALVES, 2017).
Será que teremos recursos naturais suficientes para conseguir viver de forma
harmônica no planeta até lá?
Essa preocupação real com os efeitos dos impactos da utilização deliberada dos recursos
ambientais em geral se deu somente a partir da década de 1950, motivada pela queda
na qualidade de vida em algumas regiões. Na década de 1960, já se abordava a questão
da utilização de pesticidas na agricultura, surgindo assim uma preocupação até então
inédita na sociedade global. A famosa Conferência de Estocolmo, ocorrida em 1972 e
organizada pela Organização das Nações Unidas – ONU, foi um marco na discussão
sobre o tema (RUPPENTHAL, 2014).
Nos anos 1980, a ONU retomou com força os debates sobre os problemas que envolviam
as questões ambientais e promoveu uma Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente
e Desenvolvimento. Vejam, se durante muito tempo essas duas palavras – Meio
Ambiente e Desenvolvimento – eram distantes ideologicamente, especialmente pelos
ideais preservacionistas extremos que acreditavam que preservar o primeiro só poderia
ocorrer sem o segundo. Neste momento da história, já eram colocadas sobrepostas
essas duas ideias para o planeta.
Como produto final deste evento, surgiu um extenso relatório conhecido como
Relatório Brundtland, ou Nosso Futuro Comum, no qual era apresentado o termo
Desenvolvimento Sustentável.
Desenvolvimento sustentável
Segundo Veiga (2008), somente em 1979, em um Simpósio das Nações Unidas
sobre Meio Ambiente que o termo “desenvolvimento sustentável” foi utilizado pela
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Só a interligação entre tais sistemas eficientes com medidas que envolvam poderes
públicos, iniciativa privada e a sociedade é que formam de fato o tripé capaz de efetivar
um desenvolvimento sustentável (RUPPENTHAL, 2014).
A partir dessas iniciativas mundiais, a ideia de que os recursos naturais passam a ter
um limite de utilização. Compatibilizar os limites mínimos que garantiriam o bem-estar
da população mundial com os limites máximos que fariam perdurar a existência destes
recursos para as próximas gerações seria o novo desafio da humanidade.
Ainda que esses esforços há décadas sejam realizados, não parecem ser suficientes.
A degradação dos recursos naturais renováveis e não renováveis se intensifica a cada
dia e entramos na era dos anos 2000 com a poluição – especialmente nas grandes
metrópoles – intensa, o consumo de energia e água maiores e a geração de resíduos em
um patamar problemático em todo o mundo. E nada ainda foi feito a ponto de alterar
significativamente essa realidade.
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Vamos falar mais um pouco sobre as mudanças climáticas, pois só assim podemos
entender da importância de gerir os recursos ambientais como um todo.
Quase todo o nosso país está sujeito ao aumento na frequência de ondas de calor
e de noites quentes especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Um aquecimento
nas águas do Oceano Atlântico Sul pode levar a ocorrência de eventos extremos,
como furacões e grandes chuvas (IPCC, 2014).
Nos últimos anos, você notou alguma diferença no seu dia a dia em relação a
isso? Está mais utilizando sacolas plásticas? Está produzindo mais lixo? O clima
está diferente?
Analisando nosso histórico enquanto humanidade e nossa relação com o meio ambiente
do planeta, nos cabe agora refletir sobre o que é a Gestão Ambiental. Utilizar de maneira
racional os recursos naturais já era prática em algumas sociedades ao longo da história,
e essas práticas foram evoluindo e tomando dimensões maiores à medida em que a
problemática da escassez e degradação destes recursos entrava na realidade de cada
sociedade.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
O uso abusivo dos recursos naturais não renováveis, como nossas reservas fósseis como
o petróleo (podemos inclusive citar a crise do Petróleo na década de 1970, que teve
viés econômico, porém, já indicava uma problemática ambiental), indicaram que estes
recursos não seriam infinitos e baratos para sempre. Além da crise do petróleo, foi um
período que as questões ambientais se tornaram ponto fundamental para repensar
outras estratégias de uso dos recursos naturais, especialmente recursos hídricos e
energéticos.
Eficiência energética
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
O tema teve foco a partir do Protocolo de Kyoto, juntamente com temáticas como as
políticas de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) e o desenvolvimento de
Medidas de Eficiência Energética (MME), com o uso de equipamentos e hábitos que
utilizam menos energia nos processos.
Para se medir a eficiência energética, são utilizados indicadores, que podem ser
diversificados diante da realidade encontrada nas organizações, nos diferentes países,
entre outros.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Política Energética
Melhoria
Contínua
Planejamento Energético
Monitoração,
medição e análises
Verificação
Avaliação de
requisitos legais/
Auditoria Interna de
outros
SGE
Não conformidade,
ações corretivas e
preventivas
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
O Brasil possui uma situação confortável, em termos globais, quanto aos seus recursos
hídricos. A disponibilidade hídrica per capita, determinada a partir de valores totalizados
para o País, indica uma situação satisfatória quando comparada aos valores de muitos
países.
Entretanto, apesar dessa aparente abundância, os recursos hídricos têm uma distribuição
espacial desigual no território brasileiro. Na região Norte, onde está a bacia Amazônica,
vivem menos de 7% da população total do país, e a disponibilidade dos recursos hídricos
chega a 68,5%, enquanto que na região Sudeste, por exemplo, que concentra mais de
42,5% da população, estão disponíveis apenas 6% dos recursos hídricos. Ou seja, a
água no país é irregularmente distribuída, em geral numa circunstância inversamente
proporcional à concentração demográfica e, assim, à sua demanda.
Por isso, é necessário – para que o seu uso seja ideal – o aproveitamento correto
dos recursos hídricos, o que requer concepção, planejamento, projeto, construção e
operação de meios para o domínio e a utilização dessas águas. As condições de acesso
e uso dos recursos hídricos ocorrem mediante uma boa gestão. Essa gestão implica
sobretudo em leis que podem, de certa forma, orientar e dar diretrizes para o uso destes
recursos.
Assim surgiu a Política Nacional de Recursos Hídricos (Lei no 9.433/1997) que estabelece
um conjunto de cinco instrumentos principais de gestão:
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Quando falamos de gestão de águas urbanas, o recurso abrange algo ainda mais complexo.
O crescimento das cidades e o desenvolvimento urbano exige uma implementação de
infraestrutura de abastecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, drenagem
urbana, coleta e disposição dos resíduos e limpeza pública. Todos esses elementos estão
relacionados à gestão dos recursos hídricos com base em uma gestão integrada.
O aumento da poluição das águas, somado ao aumento da demanda de água nas áreas
urbanas, implica em um desequilíbrio que, se não pensado de forma antecipada, poderá
trazer um colapso de abastecimento desse recurso essencial à vida.
Uma solução encontrada no meio urbano para evitar isso é o reuso de água, ou seja, esta,
após ser descartada, poderá ser reutilizada para um outro uso mediante o tratamento
adequado. Diversas tecnologias de tratamento permitem sua reutilização em todo o
mundo para minorar o panorama de escassez. O reuso da água pode ser dividido entre:
»» Reuso não potável: pode ser destinado para fins agrícolas, industriais,
recreacionais, domésticos, manutenção, aquicultura e recarga de
aquíferos.
No meio urbano, a gestão das águas deve ser incorporada às políticas públicas essenciais
e prioritárias, como o Plano Diretor, fazendo com que os componentes de manancial,
esgotamento sanitário, resíduos sólidos, drenagem urbana e inundações sejam vistos
dentro de um mesmo conjunto de medidas estratégicas.
101
CAPÍTULO 2
Gestão ambiental e as organizações
A grande questão que permeia este universo e que muitos ainda não acreditam é que
não há incompatibilidade entre um empreendimento rentável e uma gestão ambiental
adequada. Pelo contrário, essa iniciativa pode auxiliar no controle dos custos, com a
redução efetiva de uso de alguns recursos que demandam investimentos, como:
Cabe lembrar a importância do setor de comércio e de serviços, uma vez que são, além de
consumidores, vendedores destes produtos produzidos pela indústria. Isso dá ao setor a
importância de agir em termos de gestão ambiental, com iniciativas de logística reversa
102
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Para que essa gestão ocorra de forma satisfatória, é preciso uma política ambiental
específica da organização, que inclua instrumentos como auditorias ambientais, mas
também instrumentos adicionais como análise do ciclo de vida, certificações, rotulagem
ambiental, avaliação de desempenho etc.
Essas iniciativas, que partiram inicialmente das próprias organizações, vêm de encontro
a uma legislação ambiental cada vez mais exigente em todo o mundo, que buscam
medidas para estimular a proteção do meio ambiente por meio da gestão ambiental.
103
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
GESTÃO AMBIENTAL
A Auditoria é um processo que avalia a relação entre a atividade efetiva com as exigências
legais e com os objetivos do SGA. É um instrumento comum em sistemas financeiros, por
exemplo, que foi adaptado ao setor ambiental e, atualmente, é um instrumento muito
comum e utilizado especialmente para empresas que buscam a certificação ambiental
de fato. Devem envolver questionários, medições, análise de documentação e vistorias
técnicas in loco das organizações para analisar todo o processo, desde a matéria-prima
fornecida até o produto final.
Nessa auditoria, podem ter produtos como relatórios com a descrição das não
conformidades, as recomendações para ações de correção e avaliação das melhorias
posteriores.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Identificação:
Aumentar em 20% as vendas mensais em até 4 meses.
Análise:
Existem regiões que não foram exploradas pelos vendedores.
P (Plan) - Planejar
Plano de ação:
»» Dividir regiões não exploradas.
»» Treinar a abordagem destes vendedores.
»» Fornecer material de divulgação.
Execução:
D (Do) – Fazer Colocar o plano de ação em prática (mediante treinamento e implantação das atividades
propostas).
Verificação
C (Check) – Avaliar Ações eficazes e aumento de 20% a partir do segundo mês de ação, estabilizando o
faturamento nos próximos meses.
Conclusão
A (Action) – Corrigir
Não há necessidade de correções.
A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma avaliação dos aspectos ambientais e dos
impactos potencialmente existentes de um produto, desde a retirada do recurso da
natureza até a finalização do produto final da organização.
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Outro instrumento de grande importância que vai além das determinantes para a
Gestão ambiental é a Rotulagem Ambiental, que é um instrumento que faz com que a
organização fale diretamente com o seu consumidor, trazendo informações ambientais
importantes do processo, das embalagens e dos produtos que remetem às suas ações
ambientalmente corretas. Essa relação estreita com o consumidor faz com que a
rotulagem seja um importante agregador de valor ao produto em si, e pode trazer,
com certificações e selos verdes, ainda mais valor a este. As normas ABNT NBR ISO
14020:2002 e ABNT NBR ISO 14024:2004 tratam da rotulagem ambiental.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
107
CAPÍTULO 3
Sistema de Gestão Ambiental – ISO
14000
Com isso, o chamado Sistema de Gestão Ambiental tem sido cada vez mais buscado por
estas organizações.
A figura a seguir mostra um esquema de Gestão Ambiental que engloba tudo que
basicamente pode ser realizado visando a melhoria ambiental.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Sistema
de Gestão
de Aspectos
Resíduos e Impactos
GESTÃO Ambientai
Sólidos
Emissão AMBIENTAL
Matriz
Atmosférica
Energética
e Crédito de
Sustentável
Carbono Gestão de
Recursos
Hídricos
Mas, para que isso ocorra, é preciso antes de mais nada que haja uma busca em cada
parte da organização para que se faça um diagnóstico. Assim é possível o planejamento
de ações, identificação de suas vulnerabilidades e potencialidades, ações efetivas para
melhorar isso tudo e, posteriormente, o monitoramento destas ações.
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Assim, ainda nessa década de 1970, há uma introdução progressiva de novos cargos ou
funções dentro das organizações para fazer valer os serviços para o meio ambiente. As
atividades focavam essencialmente na regularização ambiental, conforme as crescentes
leis e regulamentações entrando em vigor sobre o assunto em todo o mundo. Nos anos
1980, a responsabilidade ambiental dentro das organizações já evoluiu para uma busca
de ações preventivas de impactos ambientais, além de elaboração de políticas ambientais
internas mais proativas, ou seja, buscando ações que iriam além das obrigatoriedades
das leis (NASCIMENTO, 2012). Isso ocorreu tanto no setor privado quanto no setor
público.
A melhoria contínua é a chave do SGA, que deve estar alinhado com as políticas da
organização. A figura a seguir mostra o ciclo ideal para a melhoria contínua.
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Melhoria
Continua
Politica
Análise Crítica
Ambiental
Implementação
Planejamento
e operação
Tais normas da série ISO 14000 não se aplicam a um tipo específico de setor ou empresa,
mas dá importantes orientações sobre os aspectos da gestão ambiental. A norma ISO
14001, que orienta sobre o SGA, foi adotada como norma na União Europeia em
substituição às normas semelhantes anteriores como a BS 7750, já citada anteriormente
como precursora da ISO 14000.
A família ISO 14000 lida com métodos gerenciais, requerendo que as políticas
públicas incluam elementos que cumpram as leis e as regulamentações vigentes, e que
evitem a poluição. Mas não descrevem como isso tudo será implementado ou nível de
desempenho exigido, focalizando nos processos para alcançar os resultados, não os
próprios resultados em si.
O que é a ABNT?
A Associação Brasileira de Normas Técnicas é uma entidade sem fins lucrativos
e de utilidade pública fundada em 1940. É o foro nacional de normalização
do país e membro fundador da International Organization for Standardization
(Organização Internacional de Normalização – Isso), da Comisión Panamericana
de Normas Técnicas (Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas – Copant) e da
Asociación Mercosur de Normalización (Associação Mercosul de Normalização –
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UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
112
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
É importante lembrar que os requisitos da Norma ISO 14001, para serem praticados,
devem seguir a metodologia do ciclo PDCA (Plan- Do-Check-Act), que aliás podem
ser aplicados em qualquer uma das demais normas da família. O ciclo PDCA que,
inicialmente foi criado para a Gestão de Qualidade, pode ser totalmente adaptado
113
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
A figura a seguir é uma grande síntese das normas da Família ISO 14000, as relações
entre as normas e suas relações com o ciclo PDCA para a implementação da gestão
Ambiental.
dos produtos.
desenvolvimento
Série 14020 Informações
Selos e declarações sobre aspectos
ACTION ambientais ambientais dos
Comunicação Produtos.
SGA
PLAN
do
desempenho Série 14063 Comunicação do
ambiental Comunicações desempenho
CHECK DO ambiental.
Ambientais
A nova versão da ISO 14001: 2015 trata dos aspectos ambientais de forma mais
detalhada do que a versão anterior. Um exemplo é a Análise de Ciclo de Vida (ACV),
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GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
ISO 14040 ISO 14041 ISO 14042 ISOTR 14043 ISO TR 14048 ISO TR 14049
proporciona os
Proporciona guia para Proporciona
elementos gerais Proporciona um Proporciona guia Ilustra com exemplos
determinar as metas informação sobre o
e metodologias guia para a fase de para interpretar os como aplicar os
e o escopo de um formato dos dados
requeridas para uma avaliação de impacto resultados de um guias ISO 14041 e
estudo de ACV e para para suporte de uma
ACV de produtos e de um estudo de ACV. estudo de ACV. ISO 14042.
o inventário de LCA. ACV.
serviços.
Podemos citar as normas ligadas à comunicação, por exemplo, como as que são relativas
aos selos verdes e declarações ambientais. A norma ISO 14063 também pode estar
relacionada, uma vez que pode apoiar a comunicação dos aspectos e impactos de uma
organização. A norma ISO TR 14062, citada anteriormente, também pode ser utilizada
nesta fase, para efeito do Controle Operacional da ISO 14001. O quadro a seguir indica
as normas que podem se enquadrar na aplicação de ações referentes a esta etapa do
ciclo PDCA de uma organização.
Quadro 7. Normas que estão relacionadas com a aplicação de Selos verdes e Declarações Ambientais.
115
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
A série de normas da família ISO 14000 não possui guias ou relatórios técnicos
correlacionados diretamente com essa fase, especialmente no que tange a aplicação de
ações corretivas e a parte de prevenção da ISO 14001.
ISO 14001
Outra questão importante é lembrar que a ISO 14001 não aborda temáticas ligadas à
saúde e segurança do trabalho nem a gestão de qualidade dos processos e produtos,
ações que possuem normas próprias e que podem ser implementadas utilizando um
Sistema de Gestão Integrada (SGI), no qual falaremos posteriormente.
116
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
A figura a seguir mostra um modelo de SGA a ser feito por meio da ISO 14001, com seus
principais fundamentos:
Política
Ambiental
Planejamento
Melhoria Continua
• Aspectos Ambientais
• Requisitos Legais
• Objetivos e Metas
• Programa de Gernciamento
Revisão do Gerenciamento Ambiental
Implementação e Operação
Checagem e Ação • Estrutura e responsabilidades;
Corretiva • Treinamento, conscientização e competências;
• Monitoramento e • Comunicação;
medição;
• Documentação do SGA;
• Não conformidades e
ações corretivas; • Controle operacional;
• Registros; • Controle de emergências e responsabilidades.
• Auditoria do SGA.
Só com a implementação deste modelo é que uma organização poderá alçar uma
certificação em SGA. Além de implantar um SGA, a organização também deve
(NASCIMENTO, 2012):
Para se obter a certificação, há uma sequência lógica que deverá ser seguida pela
organização.
117
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Depois disso, deve ser realizado um diagnóstico ou uma pré-auditoria que identifique o
que ainda não está conforme ou se há vulnerabilidades nos procedimentos que impeçam
sua certificação, e prever correções para elas.
Após essa avaliação inicial, a organização deve contratar uma empresa credenciada
para dar a certificação. Esta empresa fará novamente uma pré-auditoria para analisar
as não conformidades e, posteriormente, realiza uma auditoria oficial que comprovará
se a organização está em conformidade com os padrões de qualidade exigidos pelas
leis ambientais referentes e pelas políticas ambientais da própria organização para
implementação de um SGA (NASCIMENTO, 2012).
Em abril de 2005, a ISO 14001 teve a sua primeira revisão e, em 2015, ela foi novamente
revisada, sendo a versão atual da norma. Com essa nova versão, as empresas que estavam
certificadas pela norma anterior de 2005 deveriam se enquadrar até o fim de 2018, ou
então perderiam suas certificações e devem passar por todo o processo novamente de
certificação caso queiram se enquadrar novamente.
A norma nesta nova versão adquiriu mais consistência no que tange suas cláusulas e
documentos. De 4 cláusulas na versão anterior, agora a norma possui 10 cláusulas. O
número de documentos e registros obrigatórios subiu de 12 para 16 nessa versão de
2015.
Algumas coisas tiveram poucas mudanças com a revisão, como os itens que citam a
política ambiental, liderança, competência, treinamento e conscientização, análise
crítica pela direção, auditoria interna e ação corretiva. Alguns itens tiveram mudanças
moderadas, como a parte da norma que trata da identificação e avaliação dos aspectos
ambientais
Mas a revisão atual trouxe novos requisitos que devem ser analisados a partir do
zero pelas organizações que já possuem o certificado e precisam se adequar a estes
novos itens, ou organizações que vão iniciar agora o processo de certificação: riscos e
118
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Itemização da ISO14001:2015
1. Introdução:
A nova versão da norma de 2015, na sua introdução, fala que a adoção da norma não
garante, de fato, resultados ambientais ideais, sendo a adoção da norma diferente para
cada tipo de organização e seu contexto, ou seja, duas organizações diferentes, ainda
que realizem atividades e processos semelhantes, podem ter requisitos legais e políticas
ambientais diferentes para se obter o desempenho ambiental, ainda que ambas atendam
aos requisitos da norma.
A norma também não trata de outros tipos de gestão (financeira, energia, qualidade,
saúde e segurança), mas a metodologia da abordagem desta norma poderá facilitar e
preconizar ações para analisar e implementar outros sistemas de gestão.
2. Escopo:
3. Referências normativas.
4. Termos e definições:
É um item fundamental para compreender toda a aplicação do SGA, uma vez que trata do
que é entendido por cada um dos termos. Por exemplo, há definições de meio ambiente
(3.2.1) como a circunvizinhança que opera uma organização, incluindo ar, água, solo,
recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações. Os Aspectos
Ambientais (3.2.2) são tratados como os elementos das atividades, produtos ou serviços
que interagem com o meio ambiente, podendo causar um impacto ambiental; este, é
descrito como a modificação no meio ambiente, sendo adversa ou benéfica, total ou
parcial, que seja resultante dos aspectos levantados em uma organização (item 3.2.4).
Outra definição muito importante é a de Risco (item 3.2.10), que basicamente é definido
como efeito da incerteza. Este efeito pode ser positivo ou negativo, e esta incerteza é
considerado um estado de falta de informação ou conhecimento sobre um determinado
evento, sua consequência ou probabilidade.
119
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
A proposta de ciclo de vida (item 3.3.3), que na edição anterior era apenas citada
no anexo, nesta versão está mais abrangente, se referindo ao termo como “estágios
consecutivos e encadeados de um sistema de produto (ou serviço), desde a aquisição da
matéria-prima ou de sua geração, a partir de recursos naturais até a disposição final”
(ABNT, 2015). Tais estágios estão relacionados desde a aquisição de matéria-prima
até a disposição final deste, passando por todos os processos de projeto, produção,
transporte, entrega, uso etc. A figura a seguir ilustra a perspectiva de ciclo de vida.
O item 3.4.5 aborda sobre a melhoria contínua, outro termo que é bastante utilizado na
norma, referente a uma atividade recorrente para aumentar o desempenho ambiental
relacionado ao uso do SGA.
5. Contexto da Organização:
Este item se inicia com a análise do contexto da organização (4.1), que deve ser realizado
desde o nível estratégico até o operacional, interna e externamente, sendo que o SGA
deverá estar integrado a tudo isso. O item 4.2 trata das necessidades e expectativas das
120
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
partes interessadas, um item novo nessa versão da norma, no qual esta parte interessada
pode ser as entidades afetadas ou preocupadas com o desempenho ambiental da
organização, mas também as entidades que podem afetar uma decisão ou atividade da
referida organização. O item ainda fala sobre o Sistema de gestão ambiental (4.4).
6. Liderança:
7. Planejamento:
Novo item que introduz o conceito de Riscos e Oportunidades, orientando como uma
organização deve entender o planejamento do SGA e suas interligações. A nova versão
também pede a determinação de situações potenciais de emergência no planejamento,
o que na norma anterior era citado nas etapas de implementação e operação.
O item ainda trata dos Aspectos Ambientais (6.1.2), devendo a organização definir tais
aspectos das atividades, produtos e serviços, os impactos associados, considerando
todo o ciclo de vida.
121
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Cabe lembrar que esta análise de aspectos e impactos ambientais segue a lógica
das análises utilizadas nos Estudos de impacto Ambiental e Relatório de Impacto
Ambiental (EIA/RIMA), quando da necessidade jurídica exigida pelo órgão
ambiental às organizações potencialmente causadoras de impacto para a sua
construção em um determinado local.
O item 6.1.2 Requisitos Legais e Outros requisitos trata dos requisitos que devem ser
determinados pela organização. Não são mais exigidos procedimentos como na norma
anterior, mas as informações devem ser mantidas documentadas.
8. Apoio:
Neste item, Recursos (7.1), a norma fala que a organização deve determinar quais
recursos são necessários para prover a implementação, manutenção e melhoria contínua
do SGA. A norma anterior tratava de recursos “indispensáveis”, que foi alterado como
“necessários”.
O item aborda desde a competência das pessoas cujas tarefas têm impacto no
desempenho ambiental (item 7.2), a conscientização destas pessoas (item 7.3) sobre
a política ambiental e os aspectos ambientais significativos, bem como os impactos
ambientais reais ou potenciais associados ao trabalho respectivo.
O item 7.4 trata da Comunicação, que nesta versão está mais abrangente e requer uma
comunicação mais ampla e não requer mais o procedimento e sim um processo. A
empresa agora deve comunicar externamente as informações pertinentes do SGA, o
que antes era opcional.
O item 7.5 trata da Informação Documentada, importante item sobre o que a empresa
deve documentar obrigatoriamente e opcionalmente. Não são mais obrigatórios
os manuais e a descrição dos elementos do SGA, embora quem os faça convém
documentá-los.
9. Operação:
122
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
11. Melhoria:
Nesta nova versão a melhoria contínua ganhou uma seção específica, tornando mais
ampla a abordagem sobre o assunto. O item 10.2 Não conformidade e ação corretiva
não exige mais procedimentos mas requer que a empresa determine a informação
documentada que a empresa acredita ser importante para que sejam atendidos os
requisitos. É um item determinante para o viés do pensamento baseado em risco,
que promove esta norma a uma ferramenta preventiva, quando trata destas não
conformidades e ações corretivas desde o planejamento da organização.
123
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
124
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Outra crítica, bem relevante por sinal, é a de que a norma tem um viés elitista, no que
tange a sua certificação, embora no próprio texto ela cita que pode ser aplicada em
qualquer organização. Mas, quando vemos na prática, esta exige um grau de ações
e formalidades que nem sempre podem ser acessíveis à pequenas organizações,
que não possuem recursos e mão de obra para serem dispendidos essencialmente
para a busca de adequações e certificação em ISO 14001. Isso pode vir a afastar tais
organizações menores, muitas vezes, do mercado consumidor, acentuando ainda
mais a desigualdades entre as organizações.
125
UNIDADE III │ GESTÃO AMBIENTAL
Apesar disso, é importante salientar que a norma é, sobretudo, referente a uma mudança
cultural da organização e seus processos, e, portanto, pode ser aplicada em partes sem
necessariamente se buscar certificação. Muitas vezes, a adoção de pequenas iniciativas
poderá já trazer benefícios ambientais que perpassam esse setor, trazendo inclusive
melhorias econômicas com a eficiência nos recursos energéticos, o que é o principal
mote desta norma.
126
GESTÃO AMBIENTAL │ UNIDADE III
Mas esse sistema não seria completo sem a introdução das questões de preservação da
saúde e segurança no trabalho (SST) dos trabalhadores e colaboradores envolvidos,
vindo com a OHSAS 18001. Essa complementação passou a assegurar a qualidade total
dos processos produtivos e competitividade das organizações (ALBUQUERQUE, 2016).
127
Para (não) Finalizar
Organizações sustentáveis?
Conforme dissemos anteriormente, a preocupação com o meio ambiente só se deu em
um âmbito global a partir da década de 1970; até então, só havia preocupações restritas
ao cumprimento das leis e normas reguladoras.
Diante disso, muitos questionam o que, de fato, tem sido feito pelas organizações
sobre o assunto. Muitas têm se mobilizado em busca de certificações, além da
busca pela legitimação ambiental por meio das licenças, elaboração de relatórios de
responsabilidade etc. No entanto, muitos questionam a eficiência real destas medidas
para o desenvolvimento sustentável.
A certificação pela ISO 14001, que trata do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) das
organizações, permite que esta tenha maior controle das suas operações em relação às
suas práticas ambientais. No entanto, a aplicação dessa norma, depende da apropriação
desta pelos colaboradores, fornecedores etc., além de não ser compulsória e ser
uma iniciativa da organização, o que dificulta a sua continuidade ao longo do tempo
(NEDER LOPES, 2017). Isso porque há uma tendência das corporações a reduzir suas
responsabilidades na medida em que há falta de controle e exigência do Estado.
128
PARA (NÃO) FINALIZAR
Em todos estes casos, no entanto, cabe a nós no papel de mercado consumidor analisar
todo o processo que ocorre até que um produto chegue até nós. E sempre questionar: as
ações realizadas realmente contribuem para o que entendemos como desenvolvimento
sustentável?
129
Referências
AÇÃO DA CIDADANIA. Contra a Miséria e Pela Vida. Site Oficial. Disponível em:
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