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Produção Florestal Madeireiro e não

Madeireiro, Cadeias Produtivas e


Mercados no Setor Florestal

Brasília-DF.
Elaboração

Nathalle Cristine Alencar Fagundes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL....................................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
POLÍTICA FLORESTAL................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 2
ECONOMIA DOS RECURSOS E PRODUTOS FLORESTAIS MADEIREIROS....................................... 19

CAPÍTULO 3
ECONOMIA DOS RECURSOS E PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS............................... 32

UNIDADE II
PLANEJAMENTO FLORESTAL.................................................................................................................. 37

CAPÍTULO 1
PLANEJAMENTO REGIONAL..................................................................................................... 37

CAPÍTULO 2
PLANEJAMENTO DO SETOR FLORESTAL..................................................................................... 40

CAPÍTULO 3
PLANEJAMENTO FLORESTAL INTEGRADO.................................................................................. 48

UNIDADE III
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS..................................................................................... 62

CAPÍTULO 1
ANÁLISE DA INDÚSTRIA MADEIREIRA......................................................................................... 62

CAPÍTULO 2
CADEIAS PRODUTIVAS AGROPECUÁRIAS E FLORESTAIS............................................................. 69

CAPÍTULO 3
MARKETING NACIONAL E INTERNACIONAL DE PRODUTOS FLORESTAIS..................................... 75
UNIDADE IV
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL......................................................................................................... 85

CAPÍTULO 1
ENERGIA DA BIOMASSA FLORESTAL......................................................................................... 85

CAPÍTULO 2
TECNOLOGIA DA PRODUÇÃO DE PAPEL.................................................................................. 93

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 102
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
O setor florestal encontra-se em plena ascenção no Brasil. Começou de maneira
ainda empírica, mas hoje é um setor tecnificado e alinhado com os ideais
globais de sustentabilidade, que alcança o mercado internacional e movimenta
boa parcela da economia brasileira. Muita coisa mudou do status quo inicial,
de uma produção voltada ao extrativismo em florestas nativas até as florestas
plantadas no sistema de floresta de precisão que ocorrem hoje, com produtos
certificados e competitivos no mercado internacional.

O avanço na tecnologia propiciou uma mecanização de ponta, os softwares


controlam os processos, desde o planejamento, passando pela produção, até
a avaliação da resposta do mercado. Controlam a qualidade dos processos
na indústria e permitem a diminuição dos riscos e o aumento dos lucros.
No entanto, nesse entremeio, existe um fator fundamental: o conhecimento
do engenheiro florestal responsável por manejar a tecnologia e os recursos
humanos para que todos os processos ocorram segundo o planejado. Sabe
aquela frase do pessoal da Tecnologia da Informação, de que o problema não
está no computador, mas naquela “pecinha” entre o computador e a cadeira?
Sim. Todo o processo depende do conhecimento e da correta gestão daquele
que o coordena.

Pensando nisso, esta apostila apresenta-se como um facilitador e norteador


na aquisição deste conhecimento. São tratados aqui tópicos desde a política
e economia florestais até a tecnologia na produção de papel, que trazem
conteúdos de suma importância, como o planejamento e o marketing
florestais. Estes são pontos cruciais para o entendimento do funcionamento
do setor florestal, da produção madeireira e dos pontos-chave que norteiam
economicamente essa produção, além da importância do planejamento correto
e de tecnicas de marketing que promovam tanto a empresa florestal quanto
o produto. Assim, estão aqui expostos os pontos principais que norteiam a
cadeia produtiva florestal e não florestal, além de determinarem o sucesso ou
insucesso de uma empresa florestal.

A apostila está dividida em quatro unidades, as quais estão divididas em


capítulos. Nos capítulos, vocês encontram sugestões de leituras de grande
importância para agregar ao conhecimento exposto no capítulo. Além do
conteúdo exposto na apostila, pesquisem, leiam outros artigos e conteúdos,

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vídeos e mantenham-se sempre atualizados. A expansão e o reconhecimento da
importância do setor florestal na economia e na manutenção da biodiversidade
faz com que este seja um tema bastante discutido, em que novidades estão
sempre surgindo, e um bom profissional precisa estar informado. Vamos
começar os estudos?

Objetivos
» Promover o acesso a um conteúdo de qualidade sobre o setor florestal,
com enfoque na produção e economia florestal, nas cadeias
produtivas e nos mercados.

» Proporcionar o aprendizado de base e instigar a busca pelo


conhecimento em bibliografias e sites citados no escopo da apostila.

» Capacitar o engenheiro florestal nos temas ligados ao escopo da


apostila, permitindo a tomada de decisões com propriedade e
assertividade na vida profissional.

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10
POLÍTICA E ECONOMIA UNIDADE I
FLORESTAL

CAPÍTULO 1
Política florestal

Introdução
A modificação do meio ambiente pela atividade humana é tão antiga quanto
a própria história da humanidade. Mesmo no século XXI, os seres humanos
dependem diretamente de recursos provenientes da natureza para sua
sobrevivência e manutenção dos seus modos de vida. Desde o alvorecer da
civilização, povos têm reconhecido a importância de sítios para diversos fins
(ex.: fontes de água ou caça) e se mobilizado para protegê-los (BORGES;
REZENDE; PEREIRA, 2009). Assim, a existência de políticas florestais visa
não só à conservação da natureza, como também tem o objetivo de garantir
que se mantenha viável o desenvolvimento de atividades econômicas que dela
dependem.

A seguir, abordaremos alguns conceitos necessários ao entendimento da política


florestal brasileira. Explicaremos a estrutura dos poderes no Brasil, o papel do
Estado no âmbito florestal, a evolução das políticas ambientais no Brasil e,
finalmente, a estrutura atual dessas políticas, bem como algumas legislações
relevantes para a atuação dos engenheiros florestais.

Divisão de poderes no Brasil


A divisão dos poderes é cláusula pétrea da Constituição Federal de 1988, ou seja,
não pode ser violada de maneira alguma, a menos que outra Constituição seja
escrita. Este modelo de divisão está baseado em definições de democracia que
tiveram origem na Idade Antiga, e convergiram para o Período Renascentista,

11
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

sendo notadamente propostas por Charles de Montesquieu, em sua obra


eminente “O Espírito das Leis”, de 1748. Segundo o artigo 2 o da Constituição
Federal, os três poderes da União devem ser independentes e harmônicos entre
si. Estes são, especificamente:

» Poder Executivo: os principais cargos são os de presidente da


República, governadores de estados e prefeitos de municípios, cujas
funções são administrar, fiscalizar e gerenciar as leis criadas pelo
Poder Legislativo.

» Poder Legislativo: os principais cargos são os de senadores,


deputados federais, deputados estaduais e vereadores, cujas
funções são criar leis e fiscalizar o Poder Executivo.

» Poder Judiciário: composto de juízes, promotores de justiça,


desembargadores, ministros dos tribunais, entre outros, tendo como
máxima instância o Supremo Tribunal Federal (cujos ministros são
apontados pelo presidente da República). Sua função é interpretar as
leis criadas pelo Poder Legislativo com base na Constituição Federal,
assegurando direitos individuais, coletivos e das instituições.

O papel do Estado no âmbito florestal


O artigo 225 da Constituição Federal é inteiramente dedicado ao meio ambiente,
e prevê que:

Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado,


bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de
vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

Assim, o papel do Estado no âmbito florestal pode ser resumido nas


seguintes atividades, fundamentadas em instrumentos legais, econômicos e
administrativos (SILVA, 2001):

» Realizar o macroplanejamento da proteção e utilização dos recursos


florestais por meio de zoneamento ecológico-econômico e inventários
florestais regionais.

» Administrar as áreas florestais públicas, definidas de acordo com o


Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei
SNUC No 9.985/2000).

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POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

» Prestar assistência técnica (ou financeira) à clientela florestal,


promovendo e viabilizando o acesso à assistência técnica e ao crédito
para proprietários de terras florestais e à população que nelas
trabalha.

» Promover o fomento da atividade florestal, facilitando os meios para


que se desenvolvam as atividades florestais mediante a manutenção
e recuperação de ecossistemas florestais viáveis.

» Realizar a pesquisa florestal, promovendo estudos de longo prazo, que,


em geral, fogem aos interesses dos proprietários privados, por meio do
fomento às atividades de pesquisa em universidades e institutos públicos
de pesquisa.

» Monitorar, controlar e fiscalizar a cobertura florestal dos proprietários


privados, garantindo assim o cumprimento da lei por intermédio da
ação de agentes de segurança pública.

A evolução da política florestal no Brasil


De acordo com Benjamin (2004), a evolução da política ambiental brasileira
pode ser separada em três fases:

1. Fase de exploração desregrada: desde o início da colonização


portuguesa até o início da segunda metade do século XX,
praticamente não havia regras para a proteção ambiental no Brasil,
a não ser algumas normas isoladas para conservar recursos
naturais de interesse econômico (ex.: o pau-brasil).

2. Fase fragmentária: durante as décadas de 1960 e 1970, são estabelecidas


legislações fragmentadas sobre os recursos naturais, sem prover de
identidade jurídica própria o meio ambiente como uma unidade
integral (ex.: Código Florestal, de 1965, e os Códigos de Caça, de Pesca
e de Mineração, todos de 1967).

3. Fase holística: iniciada pela implementação da Política Nacional


de Meio Ambiente, no ano de 1981 (Lei n o 6.938/1981), em que o
meio ambiente passa a ser protegido integralmente ou, em outras
palavras, “resguardam-se as partes da partir do todo”, ao invés da
tutela dispersa até então vigente, em que “assegurava-se o todo a
partir das partes” (BENJAMIN, 2004).

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UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

Política Nacional do Meio Ambiente (Lei no


6.938/1981)
A Lei n o 6.938/1981, que estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente
(PNMA), representou um marco na legislação ambiental brasileira. Seu objetivo
geral, presente em seu artigo 2 o, foi a “preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental propícia à vida”. A PNMA constituiu o Sistema Nacional
do Meio Ambiente (SISNAMA), que determina a estrutura organizacional das
entidades responsáveis pela proteção e melhoria da qualidade ambiental no
Brasil. O SISNAMA define a articulação entre órgãos e instituições da União,
dos estados e dos municípios, além de fundações públicas de meio ambiente.

SISNAMA (artigo 6o da Lei no 6.938/1981)


De acordo com o artigo 6o da PNMA (Lei no 6.938/1981), a estrutura do SISNAMA
(Figura 1) é constituída pelos seguintes órgãos:

» Órgão superior: Conselho de Governo, com a função de assessorar o


(a) presidente (a) da República na formulação da política nacional
e das diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos
ambientais.

» Órgão consultivo e deliberativo: Conselho Nacional do Meio Ambiente


(CONAMA), com a finalidade de assessorar o Conselho de Governo e
propor diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente,
além de deliberar sobre normas e padrões compatíveis com o meio
ambiente ecologicamente equilibrado.

» Órgão central: Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a finalidade


de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal,
a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio
ambiente.

» Órgão executores: são o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos


Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Instituto Chico Mendes
de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a finalidade
de executar a política e as diretrizes governamentais para o meio
ambiente.

» Órgãos seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela


execução de programas, projetos e pelo controle e pela fiscalização,
em âmbito estadual, de atividades capazes de provocar a degradação
ambiental.

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POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

» Órgãos locais: os órgãos ou entidades municipais responsáveis pelo


controle e pela fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas
jurisdições.

Figura 1. Organograma de funcionamento do Sistema Nacional do Meio Ambiente.

Conselho de Governo
Órgão superior

CONAMA
MMA IBAMA e ICMBio
Órgão consultivo e
Órgão central Órgão executor
deliberativo

Entidades estaduais Entidades locais


Órgãos seccionais Órgãos locais

Fonte: adaptado de https://allonda.com/blog/sustentabilidade/meio-ambiente-e-sua-empresa-qual-e-a-conexao/. Acesso


em: 17 jul. 2020.

Instrumentos da Política Nacional do Meio


Ambiente
Os instrumentos para efetivação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)
estão listados no artigo 9 o da Lei n o 6.938/1981. Diversos são os instrumentos,
mas aqui nos ateremos a três deles:

» Zoneamento ecológico-econômico (ZEE): é instrumento de


organização territorial (Decreto n o 4.297/2002) que delimita zonas e
atribui os usos compatíveis do ambiente, buscando compatibilizar o
desenvolvimento socioeconômico com a proteção ambiental.

» Avaliação de impactos ambientais (AIA): instrumento que consiste


no conjunto de procedimentos técnicos e administrativos com o
objetivo de avaliar sistematicamente os impactos ambientais da
instalação ou operação de uma atividade, com vistas a embasar as
decisões quanto ao seu licenciamento (FARIAS, 2009).

» Licenciamento ambiental: instrumento que tem objetivo de


controlar e acompanhar a implantação de atividades potencialmente
poluidoras e utilizadoras de recursos ambientais. Desenvolve-se
em três etapas: licença prévia (LP), licença de instalação (LI) e
licença de operação (LO). Pode requerer a realização de estudos

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UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

e relatórios de impacto ambiental (EIA/RIMA), caso se trate de


atividade de significativo impacto ambiental. Mais detalhes sobre
o processo de licenciamento podem ser encontrados na Lei n o
6.938/1981, nas Resoluções do CONAMA 001/1986 e 237/1997,
e na Lei Complementar n o 140/2011, que fixa normas sobre a
cooperação entre as esferas municipal, estadual e federal na defesa
do meio ambiente.

Sistema Nacional de Unidades de


Conservação da Natureza (Lei no 9.985/2000)
Em síntese, o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC)
(Lei n o 9.985/2000) estabelece critérios e normas para a criação, implantação
e gestão das unidades de conservação no Brasil. O SNUC distingue dois grupos
de unidades de conservação, sendo elas as Unidades de Proteção Integral e
as Unidades de Uso Sustentável. Dentro de cada grupo, incluem-se diversas
categorias (12 no total), cada qual com regras específicas sobre a possibilidade
de manejo dos recursos naturais, turismo, pesquisa científica, construção de
infraestrutura etc.

» Unidades de proteção integral: têm como objetivo básico preservar a


natureza, e são admitidos apenas os usos indiretos dos seus recursos
naturais. Incluem-se aqui as Estações Ecológicas, Reservas Biológicas,
Parques Nacionais, Monumentos Naturais e Refúgios da Vida Silvestre.

» Unidades de uso sustentável: têm como objetivo básico compatibilizar


a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus
recursos naturais. Incluem-se aqui as Áreas de Proteção Ambiental,
Áreas de Relevante Interesse Ecológico, Florestas Nacionais, Reservas
Extrativistas, Reservas de Fauna, Reserva de Desenvolvimento
Sustentável e Reservas Particulares do Patrimônio Natural.

Lei de Proteção da Vegetação Nativa, ou Novo


Código Florestal (Lei no 12.651/2012)
Conhecida como Novo Código Florestal, a Lei de Proteção à Vegetação Nativa
(LPVN) estabelece normas para a proteção da vegetação, as Áreas de Preservação
Permanente e as Áreas de Reserva Legal, a exploração florestal, o suprimento
de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o

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POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

controle e prevenção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos


e financeiros para o alcance de seus objetivos. Alguns conceitos importantes
definidos pelo Novo Código Florestal:

» Amazônia Legal: compreende os estados do Acre, Pará, Amazonas,


Roraina, Rondônia, Amapá e Mato Grosso, além das regiões situadas ao
norte do paralelo 13o S, dos estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do
meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão. Não se limita a critérios
geográficos, mas sociopolíticos, devido às similaridades econômicas e
sociais dos estados compreendidos por essa denominação.

» Área de Preservação Permanente (APP): as APPs são áreas cobertas ou


não por vegetação que não podem ser modificadas ou perturbadas. São
permanentemente protegidas por terem a função ambiental de preservar
diversos elementos do meio ambiente. Trata-se de margens de cursos
d’água, topos de morro, manguezais e outros tipos de ambientes. Os
critérios para inclusão na categoria de APP estão descritos no artigo 4o
da Lei no 12.651/2012. Vale mencionar que a mudança nesses critérios,
por serem menos inclusivos, representou um forte ponto de crítica à nova
legislação florestal.

» Reserva Legal (RL): área localizada no interior de uma propriedade ou


posse rural que, coberta por vegetação nativa, deve ser conservada com
a função de abrigar e assegurar a manutenção de processos biológicos. O
percentual da propriedade que deve ser conservado como Reserva Legal
depende da região e do bioma onde se insere: 80% em propriedades
inseridas em áreas de floresta da Amazônia Legal, 35% daquelas inseridas
em áreas de cerrado da Amazônia Legal, e 20% em propriedades inseridas
em campos gerais da Amazônia Legal e das demais regiões do país.
Detalhes podem ser consultados no artigo 12 da mencionada lei.

» Cadastro Ambiental Rural (CAR): banco de dados de registro obrigatório


para todas as propriedades rurais brasileiras, com o fim de integrar
informações sobre a situação de APPs, Reservas Legais, e áreas
consolidadas dentro da propriedade.

Diversas críticas quanto à efetividade do Novo Código Florestal, para a


preservação da natureza, surgiram quando de sua homologação, em 2012. Uma
análise crítica do documento pode ser consultada em Brancalion e colaboradores
(2016).

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UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

A legislação ambiental brasileira é dispersa, e ainda que não haja uma


literatura abrangente que convirja para um único foco de discussão os
seus aspectos mais relevantes (BORGES; REZENDE; PEREIRA, 2009), aqui
se buscou trazer alguns dos principais conceitos para o entendimento
das políticas públicas florestais no Brasil. É possível acessar todas as leis
mencionadas no Portal da Legislação, disponível em: https://www.gov.
br/planalto/pt-br.

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CAPÍTULO 2
Economia dos recursos e produtos
florestais madeireiros

Introdução à economia florestal


A palavra “economia” é originada dos termos gregos oikos (casa) e nomos (norma,
lei). Portanto, economia caracteriza a forma como nos organizamos, como
criamos normas que visem atender às nossas necessidades de sobrevivência;
vale ressaltar que as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto os
recursos produtivos (fatores ou elementos utilizados na produção de bens e
serviços) não o são. Assim, a economia caracteriza a forma como utilizamos
recursos produtivos escassos, produzimos bens e serviços e os distribuímos na
sociedade, a fim de atender/satisfazer às necessidades humanas. A economia
organiza como, o quê, quanto e para quem produzir, normatizando e orientando
as escolhas da sociedade.

Com base no exposto por Seling (2001, p. 5), segue uma figura explicativa da
classificação econômica e de onde a economia florestal se encaixa na economia
geral (Figura 2).

Figura 2. Classificação das ciências econômicas, situando a economia florestal.


ECONOMIA

Economia nacional Ciências econômicas empresariais

Trata da vida econômica, das realidades Trata da empresa como elemento da economia total,
econômicas e das ações orientadas à de forma centralizada. Considera as razões, as
satisfação das necessidades numa sociedade. alternativas e os resultados das ações empresariais.

Macroeconomia Microeconomia Ciências econômicas Ciências econômicas


empresariais gerais empresariais
Trata das grandezas especiais
Trata da análise do
globais de uma comportamento das Ex.: contabilidade,
economia nacional, Emprego das
instituições investimentos e ciências econômicas
análise econômica econômicas em financiamento,
completa. Ex.: gerais às áreas
separado. Ao produção, venda,
análise do produto especiais da
contrário das ciências organização, sistema economia, como
interno bruto (PIB), econômicas de informação.
do emprego, dos seguros, bancos ou a
empresariais, a
investimentos etc. produção florestal
empresa não é
observada na sua
totalidade, mas sua
posição a respeito de
oferta e Economia Florestal
demanda/procura no
mercado setorial etc.
Fonte: adaptado de Seling (2001).

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UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

Economia e eficiência no uso dos recursos


A economia florestal tem como foco o gerenciamento de unidades econômicas
florestais. Segundo Seling (2001, p. 6), “gerenciar pode ser definido como dispor
metodicamente de meios escassos para uma satisfação ótima das necessidades
materiais e imateriais.” A escassez de recursos, tanto para um indivíduo quanto
para a sociedade, existe quando os recursos não são suficientes para satisfazer todas
as demandas e necessidades.

Segundo Rodrigues (1991, p. 6), “o uso eficaz de recursos escassos reflete


obtenção máxima de satisfação dos recursos disponíveis. Entretanto, a eficácia
não pressupõe satisfação plena das necessidades”. A economia transforma
recursos, na maioria das vezes limitados, em mercadorias, bens e serviços, e
a transformação e utilização desses recursos precisa ser feita de uma maneira
eficaz.

Quando a transformação dos recursos em mercadorias proporciona mais


satisfação do que qualquer outra mercadoria obtida por meio daqueles mesmos
recursos, significa que aqueles recursos foram empregados de maneira eficaz.
Assim, a eficiência no uso dos recursos na economia depende do quanto aqueles
recursos são escassos, e da maneira como são empregados. Rodrigues (1991, p.
6) pontua que:

Quanto maiores os recursos de uma economia e a eficiência como


são utilizados, maior será o produto total, medido através da
produção anual de bens e serviços produzidos por essa economia.
Quanto maior a quantidade anual de produto produzido por uma
economia, maior será o grau de satisfação alcançado por seus
consumidores [...] e utiliza-se o produto nacional como medida do
bem estar econômico.

Esse sistema econômico funciona na premissa da análise insumo-produto,


produzido e comercializado entre setores relacionados e interdependentes.
Dentro do setor florestal, a empresa florestal será analisada no próximo capítulo.

Em “Tópicos de Economia Florestal”, Rodrigues (1991) aprofunda o


assunto e traz informações de grande relevância para a atuação do
engenheiro florestal no âmbito da economia florestal. Sugiro também
as videoaulas e os textos ministrados pelo mesmo autor, o professor Luiz
Carlos E. Rodrigues, em sua disciplina “Economia de Recursos Florestais”,
da ESALQ, disponíveis no link: https://edisciplinas.usp.br/course/view.
php?id=67373.

20
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Sugiro a leitura do tópico “Produção, Economia e Mercado Florestal”, no site


governamental do Sistema Nacional de Informações Florestais. Esse
site contém várias informações e tópicos relevantes, e pode ser melhor
explorado. Link: http://snif.florestal.gov.br/pt-br/servicos/94-producao-
economia-e-mercado-florestal.

Os artigos de Bacha (2004) e Roma e Andrade (2013) trazem informações


interessantes, pertinentes e provocativas sobre o tema. Outro autor
interessante e provocativo é o professor da Australian National
University, Robert Constanza, autor da teoria da “Economia Ecológica
(Ecological Economy)”. Que tal pesquisar mais sobre o assunto?

Pressupostos da economia
Como podemos perceber, os elementos-chave da economia são as necessidades
humanas, os recursos (terra, capital ou trabalho) para satisfazê-las, e as técnicas
de produção, que são os meios pelos quais os recursos são transformados
de forma a satisfazer às necessidades. Para tal, consideramos como agentes
econômicos, indivíduo ou família, aqueles que consomem bens e serviços e
oferecem recursos na forma de trabalho e capital às empresas; a empresa, como
aquela que contrata trabalho para produzir e/ou vender bens e serviços, e o
setor público, como aquele que coordena e regula o mercado e oferece os bens
públicos.

Esses agentes estão organizados em três setores: o primário, composto pela


agricultura, pesca e mineração; o setor secundário, composto pela indústria e
construção civil, principalmente; e o terciário, composto pelo comércio, pelo
transporte, pelos bancos e etc. Dessa forma, temos um fluxo monetário que vai
da empresa para a família, ou indivíduo, na forma de bens e produtos, e vai da
família para a empresa na forma de fator produtivo, principalmente o trabalho.
Mas quais são os fatores que estruturam esse fluxo monetário? São eles:

» A demanda: corresponde à quantidade de algum bem que os


consumidores vão retirar do mercado. Essa retirada depende
do preço do bem, das preferências, do número e da renda dos
consumidores etc. No geral, quanto maior o preço do bem, menor
a procura. No entanto, quando se aumenta a renda da população,
o preço do bem concorrente, a preferência por aquele bem,
geralmente ocorre o aumento da demanda.

21
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

» A oferta: corresponde às várias quantidades de um bem no


mercado, com diferentes preços e por unidade de tempo. Tanto a
oferta dos produtos quanto a procura por eles depende do preço
de tal produto, dos impostos daquele produto, da disponibilidade
de recursos e do nível de tecnologia envolvidos na produção ou no
produto em si, do preço dos fatores produtivos e da expectativa do
produtor.

» A função de produção: corresponde à quantidade máxima que se


pode obter do produto (Y) por meio de uma combinação de fatores
(X1 = 1 fator; X2 = 2 fatores; até Xn), em que obtemos a função Y
= f(X1/X2.... Xn). Os fatores produtivos são o trabalho, o capital, a
administração, a terra etc.

» Os custos da produção: são os custos envolvidos na fabricação


do produto. Podem ser explícitos, que são as despesas com os
recursos nos fatores de produção, ou implícitos, que são as
despesas provenientes do uso de recursos próprios. As despesas
correspondem a pagamentos, como o salário, enquanto os gastos
compreendem os desgastes de valores ou materiais, como o
desgaste anual de um maquinário.

Considerações da matemática financeira na


produção florestal
Em uma empresa florestal, o capital real está nas máquinas, nos imóveis, nos
equipamentos, nas terras adquiridas, nas benfeitorias (pontes, cercas, galpões) e
nas árvores em crescimento, enquanto que o capital de giro está nos pagamentos
dos salários, nos juros e nos serviços. Os fatores de produção são divididos
em capital, trabalho, terra e capacidade empresarial. Dentro dos processos
produtivos, a participação desses fatores corresponde a uma remuneração,
chamada salário, juro, arrendamento e lucro. Nesse sentido, Rezende & Oliveira
(2013) pontuam que:

Para produzir os bens de que necessita (mercadorias e serviços


destinados ao seu consumo) o homem combina os fatores
produtivos, que são recursos naturais, trabalho, capital. A venda
dos bens origina a renda, que é distribuída entre os proprietários
dos fatores produtivos. Desse modo, os proprietários dos
recursos naturais recebem remuneração na forma de aluguéis;

22
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

os proprietários da força de trabalho, na forma de salários; os


organizadores da produção, na forma de lucros; e os proprietários
do capital, na forma de juros.

O juros constituem a remuneração pelo uso do capital, sendo que a própria


produtividade do capital (geração de mais capital a partir do próprio capital)
é uma das justificativas da existência da taxa de juros em si. Eles constituem
parte da compensação distribuída aos proprietários pelo uso do capital no
tempo, a uma taxa definida pela oferta de capital e em certo período de tempo,
denominada taxa de juros, que pode ser percentual ou unitária.

O sistema, ou regime de capitalização, é o processo de formação dos juros, e se


subdivide em regime de juros simples e regime de juros compostos. Os juros
simples são aqueles que incidem apenas sobre o capital inicial em determinado
intervalo de tempo (período de capitalização), enquanto que os juros compostos
incidem sobre o capital inicial e sobre os juros acumulados naquele período
(Figura 3).

Figura 3. Fórmulas para cálculo da taxa de juros simples e compostos.

Cálculo de taxa de juro simples

𝑟𝑟
𝑝𝑝 = ∗ 100
𝑉𝑉

Cálculo de juro composto

Prolongação Descontação Taxa de juros

Determinação de Determinação do Taxa de juros com o


valor posterior ao valor anterior do que o capital rende
capital V0 após n anos capital antes n anos após n anos

𝑉𝑉𝑛𝑛 𝑛𝑛 𝑉𝑉𝑛𝑛
𝑉𝑉𝑛𝑛 = 𝑉𝑉0 ∗ 1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 𝑉𝑉0 = 𝑝𝑝 = 100 ∗ ( √ − 1)
1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 𝑉𝑉0

Fonte: Seling (2001).

As séries de pagamento são outro fator importante da economia florestal,


e constituem um conjunto de parcelas (que podem ser pagamentos ou
recebimentos) destinadas a construir o capital ou a amortizar uma dívida.
Podem ser classificadas de acordo com a periodicidade em periódicas (com
as parcelas separadas por intervalos de tempo) ou não periódicas (intervalos
variáveis). Isso ocorre de acordo com o valor em valores constantes ou variáveis.

23
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

De acordo com a duração em temporárias ou limitadas (parcelas finitas),


perpétuas ou ilimitadas (as parcelas tendem ao infinito) (Figura 4). De acordo
com o vencimento, podem ser classificadas em imediatas ou diferidas (aquelas
que apresentam um prazo de carência). Rezende e Oliveira (2013) trazem um
capítulo dedicado à matemática financeira em economia florestal, com todos
os detalhes sobre os cálculos de cada tipo de juros e de séries de pagamentos.
Recomendo a leitura para aprofundamento nessa questão.

Figura 4. Cálculo de três tipos de séries de pagamento.

Série perpétua de Série limitada de Série perpétua de


termos anuais termos anuais termos periódicos

Capitalização para Cálculo do valor inicial Capitalização de uma renda


determinação do e final do capital entrada nos todos n anos
presente valor do
capital de uma renda Valor inicial Seguindo:

𝑟𝑟 𝑟𝑟 ∗ (1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 − 1) 𝑟𝑟
𝑉𝑉0 = 𝑉𝑉0 = 𝑉𝑉0 =
0,0 𝑝𝑝 1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 ∗ 0,0 𝑝𝑝 1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 − 1

(depois n anos pela primeira vez)


Legenda:

p = taxa de juros Valor final Adiantado:


r = renda (renda do capital
ou juro) 𝑟𝑟 ∗ (1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛 − 1) 𝑟𝑟 ∗ 1,0 𝑝𝑝𝑛𝑛
𝑉𝑉𝑛𝑛 = 𝑉𝑉𝑛𝑛 =
V = valor do capital 0,0 𝑝𝑝 1,0 𝑝𝑝 − 1
V0 = valor inicial do capital
Vn = valor do capital após n
anos (valor final) (hoje e então de novo todos os
n anos)
Nota:

0,0p significa p/100


1,0p significa 1+p/100
Fonte: Seling (2001).

Noções de contabilidade para a empresa


florestal

A contabilidade da empresa diz respeito à notação de todas as transações


financeiras da empresa, tanto no controle dos acontecimentos, dando
embasamento para o planejamento, quanto na prestação de contas aos
sócios da empresa e servindo de base para os cálculos de tributação fiscal.
A contabilidade permite rever e planejar a economicidade das decisões

24
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

por meio de comparações dentro e fora da empresa, o que possibilita traçar


prognósticos e otimizar os custos, planejando os custos e a produção.

Dessa maneira, a contabilidade da empresa florestal envolve a notação


completa, atual e cronológica de todas as transações efetuadas pela empresa,
por conteúdo e valor. Tem como elementos característicos o inventário de todos
os bens fixos e correntes, por quantidade, qualidade e valor, e das contas a
receber oriundas de créditos dados (fornecimentos a terceiros); as dívidas; a
averiguação do patrimônio; a escrituração de todas essas transações em livros
técnicos e periódicos; e o balanço.

O balanço constitui o terceiro elemento característico da contabilidade,


e consiste no confronto dos bens (balanço ativo) com as dívidas e com o patrimônio
líquido (balanço passivo), a apuração dos lucros da empresa confrontando
rendimentos e gastos, e o orçamento confrontando receitas e despesas. No que
concerne à contabilização, a empresa florestal se divide em esferas (esferas
de valores, de dinheiro e de mercadorias), como mostrado na Figura 5.

Figura 5. Divisão da empresa florestal em esperas.

EMPRESA FLORESTAL

Esfera de dinheiro Esfera de valores Esfera de mercadorias

Despesa Receita Gasto Rendimento Custo Produção


Despesa Despesa Despesa
As reais saídas e entradas de As perdas e os aumentos de Valor interno Valor interno de
meios de pagamento valores ou de materiais dos bens e toda a atividade
Confrontação de despesas e  Apuração do êxito = R – G serviços produtiva da
receitas:  Apuração do O resultado é o rendimento consumidos empresa (bens
orçamento = R – D líquido. para um fim e produções)
O resultado é a existência de empresarial. para um fim
caixa. =insumo/input empresarial.
. =produção/outp
ut
Somente para fins internos da
empresa
 Apuração da produção = P - C

Fonte: adaptado de Seling (2001).

O balanço constitui o relatório fundamental da contabilidade, pois descreve


de forma sistemática e padronizada a situação econômica da empresa. Seling
(2001) ressalta que o balanço, para a corrente escrituração das transações
contábeis, é dividido em contas de balanço e contas demonstrativas, conforme
demonstrado no esquema da Figura 6.

25
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

Figura 6. Divisões do balanço contábil.

Contas de balanço Contas demonstrativas (resultado/êxito)

Contêm os bens e o capital da empresa. A A conta de fundo "patrimônio líquido" é subdividida


variedade de transações exige uma variedade em outras porque todas as transações, que afetam a
de contas, em que cada uma possui uma seção conta de "patrimônio líquido", têm efeito no êxito da
de débitos e créditos. A recomendação de empresa e, por isso, o proprietário tem interesse
divisão do balanço em contas difere para cada nessas transações. Todas as contas de êxito são
área da economia, e não há um padrão fixo. contas inferiores da conta de patrimônio líquido.

Contas ativas = ativo Contas passivas = Contas de gasto Contas de rendimento


passivo
Ativo: bens e direitos
adquiridos a um custo Capital da empresa. Somente calculam com gastos e rendimentos, sem
monetário mensurável.  Patrimônio líquido: alterações diretas em uma conta de fundo (conta
 Ativos imobilizados: patrimônio líquido e ativa), sem causar êxito imediato.
terrenos, edifícios, reservas neutras, sem
equipamentos etc. finalidade definida, não
 Ativos circundantes: aparecem no balanço.
caixa, estoque de  Capital externo (de
material, conta terceiros): reservas de
corrente, contas a objetivo, definidas por
receber, madeira não valor e vencimento
vendida etc. (contas a pagar).

Apuração indireta do êxito: lucro = patrimônio líquido do balanço final – patrimônio líquido do
balanço inicial – depósitos da empresa + retiradas da empresa.
Assim, a soma do ativo = soma do passivo. Apuração direta do êxito: saldo dos lucros e das
perdas.

Fonte: adaptado de Seling (2001).

O balanço é alterado a cada transação contábil (crédito ou débito). Para cada


lançamento, uma conta é debitada e a outra creditada, e cada transação é
documentada por um termo de lançamento. Existem quatro tipos de alteração
possíveis no balanço, segundo exposto por Seling (2001):

» Troca de ativo: um ativo aumenta ao mesmo tempo que outro


diminui. Ex.: saque de dinheiro da conta bancária da empresa e
depósito no caixa.

» Troca de passivo: um passivo aumenta ao mesmo tempo que outro


diminui. Ex.: um credor é integrado na empresa como sócio, e, assim,
o capital externo torna-se patrimônio líquido.

» Aumento passivo-ativo ou prolongamento do balanço: um ativo ou


um passivo aumentando. Ex.: mercadorias compradas no crédito.

» Diminuição passiva-ativa ou redução do balanço: um ativo ou um


passivo diminuindo. Ex.: reembolso de uma dívida à vista.

26
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

O balanço é uma operação de extrema importância para averiguar a situação da


empresa florestal e visualizar a necessidade de ajustes no planejamento. No
entanto, no balanço, bem como em todas as operações contábeis, é necessária a
observância de princípios fundamentais e norteadores dos processos. O primeiro
princípio é o da clareza do balanço. A classificação e as posições singulares devem
estar claramente definidas no balanço, em que ativos e passivos não devem ser
compensados um com o outro, como contas a receber e a pagar com a mesma
empresa não devem ser compensadas juntas.

O princípio da verdade do balanço diz que as notações precisam ser completas e


estar corretas, respondendo às determinações legais, e complementa o princípio
da integridade, que postula que todas as posições de bens e do capital devem ser
integralmente consideradas. O princípio da continuidade nos traz que o balanço
final deve corresponder ao balanço inicial do ano seguinte, com ativos e passivos
classificados da mesma forma e com os mesmos princípios para avaliação desse
balanço ao longo do tempo. Por último, mas não menos importante, temos o
princípio da prudência, que orienta que lucros e aumentos de bens só devem ser
registrados se foram efetivamente realizados, porém o lançamento de perdas ou
a diminuição de bens devem ser realizados assim que tais diminuições se tornam
possíveis, não só depois de realizadas. Outras considerações do princípio da
prudência são de que, para os bens do ativo, deve ser sempre empregado o valor
mais baixo, enquanto que para as dívidas, deve ser considerado sempre o valor
mais alto.

De posse dessas informações, e após conhecer os conceitos básicos da matemática


financeira e da contabilidade para o setor florestal, conheceremos um pouco
mais sobre o setor florestal em si. Mas não sem antes recomendar a leitura
atenciosa da apostila de autoria de Seling (2001), que traz informações mais
aprofundadas sobre os temas aqui tratados e de maneira bastante didática.
Vale a pena conferir!

O setor florestal brasileiro

O setor florestal foi pouco expressivo na economia brasileira até a década de


1960, período final da Revolução Industrial Brasileira, visto que até então a
indústria era incipiente. Verificou-se uma exploração predatória dos recursos
naturais, o que estimulou a concessão de incentivos fiscais nessa década,

27
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

criando mais de 700 mil empregos diretos e dois milhões de empregos indiretos,
com o setor florestal apresentando crescimento significativo (MACHADO;
SILVA; PEREIRA, 2008).

Ainda segundo os referidos autores, a área reflorestada passou de 400 mil ha


ao final da década de 1960 para seis milhões de ha em 1994. A gestão do setor
florestal é diferenciada da gestão dos demais setores da economia brasileira,
em virtude do contexto macroambiental onde essas empresas estão inseridas.
A estrutura organizacional é voltada para o meio ambiente, e a gestão é
descentralizada, com a produção florestal entendida como parte da gestão
ambiental. As principais características desse setor são:

» Nas indústrias de celulose: grande porte, com pequeno número de


unidades de produção e localização descentralizada, são de capital
intensivo (grande investimento), as empresas têm capacidade financeira
de estabelecer seus próprios plantios (são verticalizadas), requerem
grande quantidade de matéria-prima por dia, são voltadas ao mercado
externo e com alto grau de profissionalização.

» Empresas de painéis de madeira: localização geográfica centralizada


nas regiões Sul e Sudeste e formam grandes conjuntos com pequeno
número de unidades de produção. Também são de capital intensivo
e verticalizadas, abertas para o mercado externo e com alto grau de
profissionalização.

» Produtos de maior valor agregado: localização descentralizada,


são em menor número com unidades de produção grandes,
investimentos médios em tecnologia, pouco verticalizadas e
abertas ao mercado externo.

» De processamento mecânico: localização descentralizada, grande


número de pequenas unidades de produção, valorização do
produto diretamente ligada ao manejo florestal e aos atributos
de qualidade da madeira, investimentos baixos e tecnologia
predominantemente nacional, baixo grau de verticalização,
exigem mão de obra intensiva e são abertas.

28
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

» Empresas de carvão e lenha: localização descentralizada, unidades


de produção pequenas e médias, pouco investimento (não são
tecnificadas), poucas restrições quanto à matéria-prima, baixa
verticalização e exigem mão de obra intensiva.

O artigo de Valverde e colaboradores (2003) fala sobre os efeitos


multiplicadores da economia florestal brasileira. Vale a pena conferir!

Recursos florestais madeireiros

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO)


define florestas como áreas superiores a 0,5 hectares, com cobertura de mais
de 10% de dossel e árvores maiores que 5m de altura, ou que contenham
indivíduos arbóreos in situ capazes de alcançar esses limites (FAO, 2018).
A partir da definição da FAO, podemos considerar o Brasil como um país
predominantemente florestal, com 59% do território nacional coberto
por florestas (naturais e plantadas), o que totaliza cerca de 500 milhões
de hectares (BRASIL, 2019). Desse total, 488.066.946 ha são de florestas
naturais, enquanto 9.839.686 são de florestas plantadas (BRASIL, 2019).

A economia florestal e os produtos madeireiros tem participação significativas


no Produto Interno Bruto (PIB), na geração de empregos (Figura 7) e nos
demais indicadores socioeconômicos do país. Por produtos madeireiros,
entendemos todo o material lenhoso passível de aproveitamento, enquanto
que a produção florestal é a atividade que transforma o recurso em produto
florestal, que pode ser proveniente de florestas plantadas ou não.

Para a utilização de recursos de florestas não plantadas, temos a legislação


pertinente citada no capítulo anterior. Para as florestas plantadas, a
normatização referente às atividades de produção, ao processamento e à
comercialização dos produtos, subprodutos, derivados, serviços e insumos é
feita mediante o Decreto n o 8.375, de 11 de dezembro de 2014, que define a
Política Agrícola para Florestas Plantadas.

29
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

Figura 7. Proporção de empregos formais gerados por segmento florestal em 2018, segundo dados da Secretaria

do Trabalho; órgão vinculado ao Ministério da Economia.

Atividades de apoio à
produção florestal
8%

Produção moveleira Desdobramento de


29% madeira
12%

Produção de
celulose e papel
19%
Produção florestal
florestas plantadas
12%
Produção florestal
florestas nativas
Produção de estruturas e
3%
Produção de lâminas e artefatos de madeira
chapas de madeira 11%
6%

Fonte: Brasil (2019).

Estimativas apresentadas por Brasil (2019) mostram que produtos madeireiros


oriundos de floresta natural constituíram 37.163 x 1000 m³ de toras de
madeira em 2017, movimentando 2.783 milhões de reais. As florestas
plantadas, constituídas majoritariamente por plantios de Pinus e
Eucalyptus, constituem 238.691 x 1000 m³ de toras de madeira, também
em 2017, movimentando 14.440 milhões de reais. Juntas, representaram
um acréscimo de 17.223 milhões de reais na economia nacional.

Além de constituírem um importante ativo econômico para o país, as florestas


naturais são fundamentais para a manutenção e regulação do clima a nível
global, e de demais serviços ecossistêmicos cruciais para a manutenção da
vida no planeta. Dessa forma, a utilização das florestas naturais deve ser
orientada pelo Manejo Florestal Sustentável (MFS), que visa a obtenção não
só de benefícios econômicos, mas também sociais e ambientais, respeitando
os mecanismos de resiliência do ecossistema a ser manejado, e considerando
a utilização de produtos, subprodutos, bens e serviços múltiplos de natureza
florestal, como previsto no artigo 3 o da Lei n o 11.284/2006 (BRASIL, 2019).
O Decreto n o 5.975/2006 estabelece as diretrizes e os procedimentos para o
MFS por meio do Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), e o manejo

30
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

depende da aprovação prévia desse PMFS pelo órgão ambiental competente,


como reza o artigo 31 da Lei n o 12.651/2012.

Para mais informações sobre a importância ecológica e econômicas


das florestas, acesse o Serviço Nacional de Informações Florestais. Link:
http://snif.florestal.gov.br/pt-br/conhecendo-sobre-florestas/169-bens-
e-servicos-que-a-floresta-fornece.

Em seu artigo, Bacha (2004) discute sobre a economia florestal e


apresenta uma importante revisão sobre a visão histórica do uso de
recursos naturais no Brasil.

31
CAPÍTULO 3
Economia dos recursos e produtos
florestais não madeireiros

Recursos florestais não madeireiros


Recursos florestais não madeireiros são aqueles não lenhosos de origem vegetal,
como plantas medicinais e ornamentais, óleos, sementes, resinas, cipó, bem
como recursos oriundos de serviços sociais e ambientais, como a conservação de
material genético, o sequestro de carbono etc. Os produtos citados no segundo
caso são conhecidos como produtos juntos, ou produtos de uso múltiplo, estão
diretamente relacionados aos madeireiros, e serão tratados no próximo tópico.
Os recursos podem provir de produtos oriundos de florestas naturais, por
meio do extrativismo, bem como de florestas plantadas.

Segundo dados disponibilizados por Brasil (2019), os produtos oriundos


de extrativismo são: açaí, castanha-do-pará, castanha-de-caju, erva-mate,
mangaba, palmito, pequi, pinhão, o fruto do umbu, borracha, cera de carnaúba,
a fibra do buriti, a fibra da piaçava e a fibra da carnaúba. Movimentaram
juntos, em 2017, cerca de R$ 1.234.315,00. De 2011 para 2017, houve um grande
crescimento na utilização de recursos florestais não madeireiros oriundos de
florestas plantadas, e os recursos casca de acácia negra, folha de eucalipto e
resina somaram 360.120,00 de reais.

O Boletim SNIF (2018) traz um panorama geral, englobando maior quantidade de


produtos, e ressalta que, em 2016, os produtos não madeireiros movimentaram
R$1,9 bilhões (R$1.892.663.000,00), sendo que 86,5% (R$1,6 bilhões)
correspondem à atividade extrativista em florestas nativas. Essa produção teve
um aumento de 18% em relação a 2014 (R$1.604.107.000,00), e de 4,6% em
relação a 2015 (R$1.809.408.000,00).

As práticas extrativistas, fundamentais para o desenvolvimento e para a


subsistência de comunidades locais, passou a ter visibilidade após os
ideais de desenvolvimento sustentável discutidas durante a Convenção
da Diversidade Biológica, no evento conhecido como Rio 92 (BUENO,
2017; MACHADO, 2008). Os produtos florestais não madeireiros (PFNMs)
passaram a ter reconhecimento em escala comercial, e os dados supracitados
demonstram sua importância no PIB nacional. Oliveira (2020) ressalta que:
32
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

[...] a superação econômica do extrativismo tradicional, através


do manejo sustentável de seus recursos, da busca e ampliação
de mercados para os produtos gerados e o conhecimento e
caracterização dos recursos biofísicos e socioeconômicos
envolvidos na produção extrativista assumem uma dimensão
fundamental à pesquisa e desenvolvimento. Neste contexto,
a exploração dos recursos florestais, através de sistemas
sustentáveis, emerge como elemento-chave para a manutenção
da cobertura florestal primária, fixação do homem ao campo,
manutenção da biodiversidade e redução da pobreza, bem como
para a redução de lacunas como o pleno conhecimento dos
aspectos silviculturais, ecofisiológicos e manejo das espécies
autóctones selecionadas para o aumento da base de produção
florestal através do manejo de populações nativas e/ou plantios,
hoje considerados fatores limitantes ao incremento da produção
florestal.

O site do Serviço Florestal Brasileiro disponibiliza um livro que trata do manejo


dos PFNMs, disponível no link: http://www.florestal.gov.br/publicacoes/507-
manejo-de-produtos-florestais-nao-madeireiros.

Clément (2008) traz uma avaliação econômica de PFNMs no Amazonas.

Outra sugestão é o livro “Bioeconomia da Floresta”, que traz as políticas


públicas e perspectivas para os PFNMs, entre outras informações
re l e v a n te s. L i n k : h t t p : / / w w w. f l o re s t a l. g ov. b r / d o c u m e n to s /
publicacoes/4229-bioeconomia-da-floresta/file.

Produtos juntos ou produtos de uso múltiplo


Outros tipos de produtos florestais nãos madeireiros tratados na engenharia
florestal são os produtos de uso múltiplo. Em uma floresta, um único
processo produtivo pode resultar em mais de um produto (integração
horizontal). O fator de produção nesse caso é a terra, que produz uma série
de outros produtos além da madeira. A maioria desses produtos são os bens
públicos, externalidades e bens privados não comercializáveis, que serão
melhor discutidos e diferenciados no item 4, que trata da análise de custo
benefício, do Capítulo 6. Os produtos de uso múltiplo mais comuns são: o
controle de cheias, a produção de água, a regularização da vazão, a recreação,
a conservação dos solos, o paisagismo e a proteção da vida selvagem.

33
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

A demanda pelos produtos madeireiros é mais fácil de ser determinada, uma


vez que é um produto comercializável e o mercado assinala o valor que os
consumidores estão dispostos a pagar pelo produto. No caso dos produtos
não madeireiros citados, é importante observar que são tratados com certa
abstração pelos consumidores, que, muitas vezes, ignoram ou desconhecem sua
função ou utilidade, e com isso subestimam seus efeitos na floresta. Produtos
como o sequestro de carbono são de valor inestimável para o bem-estar social
e para a manutenção da vida na Terra, uma vez que o acúmulo de CO 2 tem
causado a destruição da camada de Ozônio, o que aumenta a incidência dos
raios UV e culmina no efeito estufa e nas mudanças climáticas globais. Mas
como mensurar, economicamente falando, o papel das florestas no sequestro
de carbono?

Os produtos múltiplos constituem produtos de cunho social, e não há comercio


formal para eles, o que dificulta a estipulação do valor. A prática ainda é difícil
para o engenheiro florestal, mas um ramo muito trabalhado na biologia, ecologia
e conservação ambiental é a valoração dos serviços ecossistêmicos (também
conhecido como capital natural), que hoje já constituem os ramos da economia
do meio ambiente ou economia ecológica. Os serviços ecossistêmicos são
exatamente esses “bens sociais” e formam os serviços que o meio ambiente presta
à sociedade, como a produção de água, a contenção de cheias, a polinização,
o estoque de carbono etc. Podem ser contribuições tanto diretas quanto indiretas,
como as listadas abaixo e na Figura 8:

» Serviços ecossistêmicos de provisão: produtos advindos dos


ecossistemas. Ex.: alimentos, água, entre outros produtos providos da
natureza.

» Serviços ecossistêmicos de suporte: são aqueles que suportam


(sustentam) os demais serviços, como a biodiversidade em si ou a
ciclagem de nutrientes.

» Serviços ecossistêmicos de regulação: benefícios obtidos a partir da


regulação que os ecossistemas fazem dos processos naturais, como o
controle de cheias e de erosão no solo, a regulação do clima, tanto em
nível local quanto em nível regional etc.

» Serviços ecossistêmicos culturais: benefícios culturais obtidos do


contato com o ecossistema, como educação ambiental, beleza cênica,
ecoturismo etc.

34
POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL │ UNIDADE I

Figura 8. Serviços ecossistêmicos e negócios.

SERVIÇO ECOSSISTÊMICOS E NEGÓCIOS

RELEVÂNCIA
As empresas interagem com os
Ecossistemas de duas maneiras
Serviços de
provisão
Geram
Dependem de externalidades
Serviços de serviços
regulação positivas e
ecossistêmicos para negativas,
seus processos contribuindo para
Serviços produtivos mudanças nos
culturais EMPRESA ecossistemas
Serviços de
suporte

SOCIEDADE
Fonte: adaptado de Fibria (2017).

A premissa básica da valoração ambiental é atribuir valor a esses serviços,


pensando no quanto a sociedade economiza com a prestação destes, no quanto
teríamos que gastar se a natureza não os executasse e no quanto as pessoas estão
dispostas a pagar por esses serviços. O valor econômico dos recursos ambientais
tem sido calculado da seguinte forma, de acordo com Marques (2004):

valor econômico total (VET) = valor de uso (VU) + valor de opção (VO) + valor
de existência (VE)

O valor de uso (VU) representa o valor atribuído pelo uso dos recursos e serviços
ambientais, e é composto pelos valores de uso direto (VUD) e indireto (VUI),
como pontua Marques (2004):

O VUD corresponde ao valor atribuído pelo indivíduo devido a


utilização efetiva e atual de um bem ou serviço ambiental, por
exemplo, extração, visitação ou alguma outra forma de atividade
produtiva ou consumo direto, com relação às florestas, e VUI
representa o benefício atual do recurso, derivado de funções
ecossistêmicas como, por exemplo, a proteção do solo, a
estabilidade climática e a proteção dos corpos d’água decorrentes
da preservação das florestas. O Valor de Opção (VO) representa
aquilo que pessoas atribuem no presente para que no futuro
os serviços prestados pelo meio possam ser utilizados. Assim,
trata-se de um valor relacionado a usos futuros que podem
gerar alguma forma de benefício ou satisfação aos indivíduos.

35
UNIDADE I │ POLÍTICA E ECONOMIA FLORESTAL

Por exemplo, o benefício advindo de fármacos desenvolvidos


com base em propriedades medicinais ainda não descobertas
de plantas existentes nas florestas. O terceiro componente,
o Valor de Existência (VE), se caracteriza como um valor de
não-uso (sic). Esta parcela representa um valor atribuído à
existência de atributos do meio ambiente, independentemente,
do uso presente ou futuro. Representa um valor conferido pelas
pessoas a certos recursos ambientais, como florestas e animais
em extinção, mesmo que não tencionem usá-los ou apreciá-los
na atualidade ou no futuro. A atribuição do valor de existência é
derivada de uma posição moral, cultural, ética ou altruística em
relação aos direitos de existência de espécies não-humanas (sic)
ou da preservação de outras riquezas naturais, mesmo que estas
não representem uso atual ou futuro para o indivíduo.

Após calculado o valor para os produtos não comercializáveis, Rezende e


Oliveira (2013) pontuam que o planejador pode calcular a demanda total.
Se a demanda por produtos não comercializáveis puder ser determinada,
a demanda da floresta pode ser determinada pelo somatório vertical da
demanda de comercializáveis e não comercializáveis. Determinado o valor de
cada produto, temos o valor total da área por meio de (REZENDE; OLIVEIRA,
2013):

VF = VP 1 + VP 2 + ... +VP n + VNP 1 + VNP 2 + ... + VNP k

Em que VF é o valor total da área florestal; VPi é o valor dos produtos


comercializáveis; i = 1, 2, 3, ... , n; e VNPi é o valor dos produtos não
comercializáveis; i = 1, 2, 3, ... , k.

A valoração de produtos não comercializáveis é uma proposta relativamente


nova, e um processo ainda em andamento, porém tem sido bem sucedida em
corrigir essa falha do mercado, que é a de não considerar as externalidades
junto aos produtos madeireiros. Para aprofundar-se no assunto e aprender
mais, inclusive sobre outras maneiras de calcular o valor de mercado desses
produtos, sugiro a leitura de Fibria (2017).

Silva e Steffens (2018) trazem uma revisão completa sobre as


externalidades, com as várias formas e o passo a passo para
calculá-las. Propõem, ainda, exercícios para auxiliar na fixação do
aprendizado. Vamos lá?

36
PLANEJAMENTO UNIDADE II
FLORESTAL

CAPÍTULO 1
Planejamento regional

Introdução: definindo e contextualizando


planejamento regional
O planejamento regional consiste em um estudo, uma ação estatal para a
realização de um projeto de desenvolvimento ordenado, tendo como pressuposto
a diferenciação do território em áreas (regiões), com vistas a equalizar as
condições socioeconômicas entre aquelas regiões. Assim, envolve o estudo e
planejamento do uso do solo para as diversas atividades, como o estabelecimento
de cidades, a instalação de infraestrutura, e a sua normatização se dá por meio
das políticas públicas de desenvolvimento regional. Essas políticas, segundo
ALMG (2020), orientam-se a partir do aprimoramento da base produtiva e da
especificidade das ações a serem realizadas, considerando a heterogeneidade
microrregional. Dessa forma, o planejamento regional visa consolidar regiões
de maior crescimento, mediante programas integrados de desenvolvimento das
cadeias produtivas e de incentivos financeiros, bem como reestruturar regiões
estagnadas, por intermédio de programas de reordenamento das atividades
produtivas. Em regiões de extrema pobreza, o planejamento regional pode
coordenar, sistematizar ou implantar programas sociais baseados nos potenciais
produtivos daquela microrregião.

Política Nacional de Desenvolvimento Regional


(PNDR)
A Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) foi elaborada no biênio
2003/2004, está escalonada na redução das desigualdades regionais e na
ativação dos potenciais de desenvolvimento das regiões brasileiras, prezando

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UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

pela dinamização das regiões e pela distribuição das atividades produtivas no


território, de forma mais equitativa (OLIVEIRA; WERNER, 2014). Foi atualizada
em 2019, por meio do Decreto no 9.810, do mesmo ano, sendo esse decreto um
“instrumento legal que baliza a ação do Governo Federal em busca da redução das
desigualdades econômicas e sociais, intra e inter-regionais”, como citado por MDR
(2020), e esse balizamento se dá pelo crescimento econômico, mediante a criação
de oportunidades que culminem na geração de renda e melhoria da qualidade da
população. Dessa forma, os objetivos principais da PNDR, em sua segunda etapa,
são promover o desenvolvimento e a qualidade de vida por meio da equidade no
acesso às oportunidades, desconcentrando e interiorizando o desenvolvimento;
estimular a produtividade e o aumento na competitividade regional; e fomentar
a agregação de valor e diversificação nas cadeias produtivas estratégicas para o
desenvolvimento regional, sobretudo em regiões com forte especialização agrícola
ou mineral. Entre os eixos setoriais de intervenção da PNDR, o primeiro eixo é o
do desenvolvimento produtivo, no qual estão inseridas as empresas florestais. A
Política Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas e a Política Agrícola
traz maiores informações, ações e instrumentos legislativos sobre o tema.

Plano Nacional de Desenvolvimento de


Florestas Plantadas (PNDF)
O Plano está previsto do Decreto no 8.375, de 2014, que estabelece “os princípios
e os objetivos da Política Agrícola para Florestas Plantadas relativamente
às atividades de produção, processamento e comercialização dos produtos,
subprodutos, derivados, serviços e insumos relativos às florestas plantadas”.
A Política Agrícola para Florestas Plantadas (PAFP) relaciona-se com a
Lei n o 8.171, de 1991, que dispõe sobre a política agrícola e as atividades
agropecuárias e agroindustriais, e sobre o planejamento das atividades
pesqueira e florestal; e com o novo Código Florestal, Lei n o 12.651, de 2012,
que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Segundo o MAPA (2018),
a PAFP tem como princípios:

A produção de bens e serviços florestais para o desenvolvimento


social e econômico do país; e b) a mitigação dos efeitos das
mudanças climáticas. Seus objetivos são: a) aumentar a
produção e a produtividade das florestas plantadas; b) promover a
utilização do potencial produtivo de bens e serviços econômicos
das florestas plantadas; c) contribuir para a diminuição da
pressão sobre as florestas nativas; d) melhorar a renda e a

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PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

qualidade de vida no meio rural, notadamente em pequenas e


médias propriedades rurais; e e) estimular a integração entre
produtores rurais, indústrias e agroindústrias que utilizem
madeira como matéria-prima.

O planejamento, a implementação e a avaliação das ações da PAFP são


coordenadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA), por meio do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas
Plantadas (PlantarFlorestas) (MAPA, 2018). O objetivo do Plantar Florestas é
definir as ações dos setores de forma a garantir que as florestas plantadas
gerem emprego, renda e contribuam para o desenvolvimento humano e a
qualidade ambiental. O documento possui um horizonte de 10 anos, a ser
atualizado periodicamente, e ressalta a importância do setor florestal para
a economia brasileira. Em virtude da importância ímpar desse documento
para o setor florestal, que traz um diagnóstico do setor, expõe os principais
aspectos, analisa gargalos e oportunidades, traz as principais políticas
públicas e propõe uma lista de Objetivos Nacionais Florestais (ONF) e Ações
Indicativas (AI) para o alcance dos objetivos, é necessário que todo engenheiro
florestal leia-o integralmente e acompanhe as suas atualizações.

A leitura e o acompanhamento das atualizações do Plano Nacional de


Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas) é obrigatória
para o engenheiro florestal que quer desempenhar suas funções com
propriedade e responsabilidade. Para tal, basta acessar o link https://www.
embrapa.br/documents/10180/0/Plano+Nacional+de+Desenvolviment
o+de+Florestas+Plantadas/90e38846-d556-da1d-0213-dda16a75088e,
ou o portal do MAPA.

O Decreto que institui a Política Nacional de Desenvolvimento Regional está


disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/
decreto/D9810.htm.

Para saber mais sobre a perspectiva histórica do Planejamento Regional no


Brasil, acesse o artigo de Bomfim (2014), em: https://journals.openedition.org/
terrabrasilis/1003.

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CAPÍTULO 2
Planejamento do setor florestal

Introdução ao planejamento florestal


O planejamento é uma etapa imprescindível, uma vez que nenhuma empresa ou
organização de qualquer tipo consegue sobreviver sem um correto gerenciamento
de suas atividades. O planejamento é um conjunto de técnicas, processos e
atitudes administrativas pensadas e selecionadas em função dos objetivos da
empresa, que permeiam a tomada de decisões no presente, permitem avaliar as
implicações futuras e facilitam a tomada de decisões de maneira rápida, eficaz
e coerente. Rebouças (2002) ressalta que a sistematização do planejamento
aumenta a probabilidade de alcance das metas e dos objetivos estabelecidos,
reduz a incerteza envolvida no processo de tomada de decisão, auxilia na
transposição dos desafios e minimiza consequências.

São três os tipos básicos de planejamento florestal na esfera organizacional:


estratégico, tático (ou gerencial) e operacional (Figura 9). Antes de entrar em
cada tipo de planejamento, estudaremos as particularidades de uma empresa
florestal, as quais devem ser observadas e contempladas durante as etapas do
planejamento.

Figura 9. Fluxograma do planejamento florestal.

Cadastro Inventário Cartografia

Planejamento Estratégico

Planejamento Gerencial Controle

Macroplanejamento Microplanejamento

Sequência operacional
Planejamento Operacional

Colheita Transporte Silvicultura

Fonte: adaptado de Machado e Lopes (2014).

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PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

Particularidades de uma empresa florestal


Algumas características são comuns às empresas: a produção de bens para a
satisfação das necessidades de terceiros; um sistema de objetivos determinados
a serem perseguidos; um emprego racional dos recursos, para que os objetivos
sejam alcançados e otimizem o uso dos recursos; um componente social (membros,
participantes); um componente tecnológico; um conjunto de políticas; e uma
relação com a natureza, que, de acordo com o grau de sensibilização, pode ser
de respeito ou agressão às questões ecológicas (SELING, 2001). No entanto,
uma empresa florestal possui particularidades, também descritas por Seling
(2001):

» Longa duração da produção: o que, por muitas vezes, pode ser


extremamente longa. Com isso podem surgir problemas com taxas de
juros e custos financeiros.

» Dependência de condições ambientais naturais: tanto a silvicultura


quanto a produção extrativista dependem fortemente de fatores
naturais que não podem ser controlados nem, muitas vezes, previstos.

» Problemas na determinação do rendimento: no caso da silvicultura,


as árvores atuam tanto como fator de produção quanto produto. A
maturidade destas não é 100% determinável e previsível, o que
também acontece com os produtos não madeireiros.

» Problemas de avaliação: existe uma dificuldade em diferenciar e


contabilizar os efeitos da floresta e os efeitos apenas da atividade
florestal na produção (os benefícios indiretos) por causa da
interligação entre os fatores.

» Rotação do capital: a rotação do capital é muito pequena.

» Liquidez e patrimônio: se a empresa teve um grande estoque, ela pode


ter liquidez durante mais tempo, ao passo que pode acontecer uma
diminuição do patrimônio. Por isso, é muito importante proceder à
separação entre apuração de patrimônio e apuração do orçamento, para
que a empresa tenha esse controle.

» Extensão de área: é outra particularidade de uma empresa


florestal, e que deve ser levada em consideração, pois a produção e
organização depende deste fator.

» Variedade de tipos empresariais: Os tipos empresariais são mais


variáveis que em outros setores econômicos.

41
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

Observadas as particularidades de uma empresa florestal, é importante


ressaltar a necessidade de estabelecer um período de tempo para o retorno do
investimento, que está ligado à obtenção da madeira, e, dessa forma, o horizonte
de planejamento deve ser o primeiro passo a ser estabelecido. Geralmente,
quanto maior esse horizonte, maior a chance de desvios no planejamento,
como mudanças no cenário econômico ou o surgimento de novas tecnologias
(CAMPOS; LEITE, 2013). Os mesmos autores ressaltam que, por outro lado, um
período excessivamente curto pode alterar o retorno do projeto, e isso ocorre
em razão de não considerar eventos importantes que podem ocorrer a longo
prazo. Assim, o planejamento deve ser elaborado levando-se em consideração
as especificidades de uma empresa florestal, os objetivos, as metas e a missão.

O plano estratégico abrange toda a organização, é um horizonte de longo prazo


definido pela direção da empresa, e contém todos os demais planos, que são
subordinados a ele. O plano tático é executado pelos departamentos, em um
horizonte de médio prazo, enquanto que o plano operacional é executado para
cada atividade da empresa (colheita, por exemplo), com metas específicas
e, portanto, mais detalhado, e ocorre em um horizonte de curto prazo
(WERNEBURG, 2016, p. 18). Assim, cada plano e objetivo de cada um destes
níveis devem estar interligados, em consonância e consistência com os demais,
indo do mais geral para o mais específico à medida que o planejamento avança
de estratégico para operacional (BETTINGER et al., 2009; WERNEBURG,
2016). Detalharemos, portanto, cada tipo de planejamento, com ênfase no
planejamento estratégico, que é aquele que determina todos os demais.

O planejamento estratégico
É o planejamento a longo prazo (12 a 30 anos), e abrange toda a organização,
sendo definido pela direção (alta gerência) da empresa e compreende um
plano maior, ao qual os demais estão de certa forma subordinados. É a fase de
especificar um plano de implantação, aquisição de terras, verificar os recursos
florestais que a empresa necessitará, traçar os objetivos, as metas e a forma
como a empresa manterá relação com os ambientes externos, explorar as
possibilidades de produção, formular as políticas para a silvicultura e a colheita,
e comparar os pontos fracos e fortes.

O planejamento estratégico pode ser entendido, então, como uma metodologia


gerencial que permite direcionar as ações da empresa. Essa direção, como
esclarecem Alday (2000) e Alcides (2013), deve incluir as políticas da empresa

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PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

(macro e funcionais), o âmbito e filosofia de atuação, as estratégias (macro e


funcionais) e os objetivos (macro e funcionais). Assim, envolve a identificação
de oportunidades e ameaças, forças e fraquezas, capacidade atual e potencial
da empresa florestal em se antecipar às demandas do mercado e em competir.
Deve definir o melhor manejo para a base florestal atual e futura, o plano de
corte com a simulação de diferentes cenários que considerem as variações
florestais e ambientais e o contexto social e econômico, as informações
geográficas e de crescimento e produção, objetivando sempre uma produção
sustentável a longo prazo. Sobre as variações que podem acontecer durante o
empreendimento, Werneburg (2016 pág. 19) ressalta que:

Essas variações podem estar relacionadas com o aumento


de impostos, variação nas empresas prestadoras de serviços,
custos adicionais de colheita e silvicultura, venda de terras da
empresa ou aquisição de novas áreas, aumento ou diminuição
das demandas mínimas exigidas, dentre outros. Isto resulta
em modelos de regulação da produção florestal de grande
porte e elevada complexidade que demandam ferramentas
computacionais para auxiliar em tarefas como processamento
de dados, construção de modelos e apresentação de resultados.

Elaboração do plano estratégico


Diante do exposto, algumas informações são primordiais na elaboração do plano
estratégico. Com a finalidade de levantar tais informações de forma precisa,
um apanhado geral foi feito dos trabalhos de Werneburg (2016) e de Rezende e
Oliveira (2013), destacando-se as seguintes informações:

» Caracterização detalhada do produto a ser produzido (ex.: celulose de


Eucaliptus sp., madeira de Pinus sp.), da finalidade da produção (ex.:
produção de Eucaliptus sp. para obtenção da celulose e abastecimento
do mercado interno) e de quanto será produzido.

» Demanda anual e mercado do produto gerado (do processo fabril).

» Variação anual dos níveis de produção, de forma que o fluxo de produção


seja regulado para garantir um fluxo contínuo.

» Disponibilidade de terras para o plantio, com informações sobre o uso


atual e as tendências de uso da terra, qualidade do solo (a fertilidade
natural do solo pode aumentar ou diminuir o custo da produção).

43
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

» Presença de vegetação nas terras de plantio, tipologia dessa vegetação


(a existência da vegetação pode aumentar o custo de implantação da
floresta plantada).

» Caracterização bioclimática da região (umidade, temperatura,


hidrografia, precipitação) e caracterização topográfica da área.

» Infraestrutura da região (vias de acesso, comunicação, serviços de


saúde e bancários, possibilidades de escoamento da produção).

» Correto dimensionamento das máquinas e demais insumos a serem


utilizados na colheita e da frota necessária para o transporte da madeira.

» Recursos a serem gastos com mão de obra e com insumos para a


produção e a oferta quantitativa e qualitativa da mão de obra e dos
insumos na região de implantação.

» Rendimentos operacionais da colheita.

» Cadastro florestal organizado dos blocos (lotes ou talhões) plantados


por ano.

» Prognose para o plantio e florestas futuras após o corte.

» Limite inferior e superior de idade do corte e da projeção da produção


para essas idades.

» Custo de formação das florestas até a idade prevista para o corte.

» Metodologia e alternativas para o manejo silvicultural e florestal.

» Blocos para colheita e transporte em períodos chuvosos.

» Distância dos talhões até o ponto de consumo da madeira.

» Localização e custos com a construção do viveiro e do galpão de


armazenamento da madeira, e custo e operacionalização com a
produção de mudas.

» Custo por hora das máquinas de colheita, do frete da madeira ou


produto gerado por meio dela (considerando distância, tipo de estradas
etc.) e custo da implantação e manutenção deste tipo de infraestrutura
(estradas, galpões, iluminação, cercas).

44
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

» Possibilidade de aquisição de outras fontes de madeira caso


necessário, para não estagnar a produção (como no caso de empresas
de celulose).

» Custos com a administração do empreendimento, impostos, taxas.

Além da observação dos quesitos destacados, é importante também que esses


quesitos estejam bem localizados temporalmente no empreendimento, e que as
estratégias para enfrentamento dos possíveis gargalos estejam bem descritas.
A partir da correta orientação do planejamento estratégico, os demais tipos
de planejamento estarão com um suporte de base sólido, permitindo a tomada
de decisões mais acertadas e o sucesso dos demais níveis no horizonte de
planejamento. O próximo nível é o tático.

Para mais informações sobre planejamento estratégico e sobre como o


planejamento foi implementado no Sistema Florestal Brasileiro (SFB),
acesse o site do SFB, em:

http://w w w.florestal.gov.br/cgflop/66-acesso -a-informacao/1637-


planejamento-estrategico.

O planejamento tático
É o planejamento a médio prazo (3 a 7 anos) e determina quando, onde e como
realizar as operações necessárias para satisfazer aos objetivos da empresa,
como a colheita, por exemplo. Deve considerar as funções ambientais, sociais e
econômicas da floresta, levando em conta as restrições climáticas, operacionais,
ambientais, sociais e contratuais no atendimento da demanda da unidade de
fabricação. Segundo Werneburg (2016, p. 19):

O objetivo do planejamento tático é informar os projetos que


serão colhidos nos próximos anos (3 a 7 anos), de acordo com a
necessidade de consumo da fábrica, considerando as dificuldades
de infraestrutura, colheita e transporte da madeira em função dos
períodos do ano (seco ou chuvoso). Também são verificadas, as
sequências de deslocamentos, de modo a facilitar a fixação da mão
de obra no próprio local de trabalho, evitando-se deslocamentos
longos ou transferência temporária de empregados. As restrições
ambientais, sociais, operacionais e de infraestrutura existentes
nos projetos florestais, devem ser incluídas no plano de médio

45
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

prazo para serem tratadas antes da execução da colheita e


plantio evitando assim a alteração da sequência de corte por
impossibilidade de manejo destas áreas. É importante identificar
os talhões que poderão ser transportados no período de chuvas,
preparar os acessos para colheita e transporte e planejar o volume
de madeira correspondente visando garantir o abastecimento
constante da unidade fabril.

Dessa forma, as decisões táticas são tomadas em nível de gerência da empresa,


ou de departamentos e setores (industrial, financeiro, setor de marketing
etc.), e envolvem as maneiras como as decisões estratégicas serão colocadas
em prática. Dentro da estrutura do plano estratégico, uma empresa possui
vários planos táticos, um para cada setor, que vão considerar as alternativas,
os recursos disponíveis, o mercado e as oportunidades dentro da indústria
(ALCIDES, 2013).

O planejamento operacional
É o planejamento a curto prazo (12 a 18 meses) e visa estabelecer rotinas e
alternativas operacionais para antecipar possíveis problemas, levando, assim,
ao cumprimento das metas de produção. Compreende as ações, as tarefas e
os planejamentos diários, com cronogramas específicos e alvos mensuráveis
para programar a força de trabalho e o maquinário necessários para alcançar
os resultados definidos no plano tático (BOYLAND, 2003; ALCIDES, 2013).
Segundo pontua Werneburg (2016):

O objetivo do planejamento operacional é a seleção de projetos a


serem orçados (orçamento físico anual) para colheita, transporte e
silvicultura, obedecendo a uma sequência de corte que contemple
os projetos para o período chuvoso, denominados estratégicos,
bem como atender as possíveis demandas de consumo adicionais
da fábrica no período, e regular o estoque de madeira pronta para
transporte.

O planejamento operacional compreende o nível mais estruturado do


planejamento, uma vez que considera as mudanças internas necessárias, as
previsões para o período, os cronogramas, o orçamento e a produção. Assim,
compreende principalmente o abastecimento de madeira da fábrica, nos
processos de infraestrutura, colheita florestal e transporte da madeira, e o
plano de silvicultura, pelo qual os novos talhões serão plantados, manejados e
posteriormente abastecerão a fábrica através da colheita.

46
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

O planejamento florestal é uma etapa de suma importância no sucesso


da empresa ou do projeto florestal, e ferramentas computacionais ou de
monitoramento podem ser de grande valia em todos os níveis. O site Central
Florestal (http://www.centralflorestal.com.br/2019/01/a-importancia-do-
planejamento-no.html), bem como o blog Mata Nativa (http://www.matanativa.
com.br/blog/planejamento-da-producao-florestal/) trazem mais informações
e referências sobre o assunto. Vale a pena conferir!

A tese de doutorado de Rode (2014) trata do planejamento da produção


florestal em propriedades rurais e traz uma rica revisão de literatura sobre o
assunto.

47
CAPÍTULO 3
Planejamento florestal integrado

Retrospectiva e contextualização
Como observamos no capítulo anterior, o planejamento é uma etapa fundamental,
que norteia e define objetivos e missões da empresa florestal, além de nortear os
processos produtivos em si. Vimos as divisões organizacionais do planejamento
os fatores econômicos envolvidos. No planejamento florestal integrado,
juntaremos os pontos vistos nos capítulos anteriores, integrando os níveis
de planejamento, os planos para a produção de matéria-prima e os planos de
produção industrial aos aspectos econômicos. A integração dos planejamentos
estratégico, tático e operacional, considerando os aspectos econômicos, visa o
alinhamento entre estes, e, dessa forma, o atendimento das especificidades
nas demandas das empresas florestais.

Conceitos e objetivos do planejamento


Segundo Machado e Lopes (2008), o planejamento é a “arte e a ciência de
projetar, em uma base racional, cursos futuros de ação para indivíduos,
grupos ou corporações, e sua implementação efetiva requer o uso combinado
de medidas quantitativas e qualitativas”. As características do planejamento
são a universalidade, a totalidade e a funcionalidade, com aplicação em toda
organização e em todos os níveis dela. Há a necessidade de que seja exercido
por profissionais treinados, uma vez que requer um raciocínio analítico
rigoroso. Os objetivos do planejamento florestal integrado, adaptados de
Machado e Lopes (2008, p. 188), são:

» Compatibilizar os objetivos florestais e industriais, subsidiando o


planejamento estratégico.

» Coordenar as ações dos planos operacionais de forma a atender ao


plano estratégico.

» Analisar economicamente as ações para definição das espécies,


capacidade produtiva, regimes de manejo etc.

48
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

» Fornecer informações relativas às plantações, seus rendimentos atuais


e futuros, estabelecendo a quantidade e quando a madeira estará
disponível.

» Proporcionar os subsídios necessários, técnicos e conceituais, a


todas as operações florestais.

» Direcionar as ações, guiar os planos, auxiliar na tomada de decisões,


centralizar e fomentar os esforços, e avaliar o progresso como um
todo.

O planejamento integrado é considerado um mediador para que as operações da


empresa florestal estejam mais seguras, previsíveis e coordenadas, maximiza a
produção, promove a regularidade na produção e melhora o controle dos custos,
principalmente dos custos relacionados a cada planejamento e dos custos de
risco. Assim, após analisar as relações entre os planejamentos, discutiremos
os custos inerentes a uma empresa florestal, visto que estes estão presentes em
todos os níveis e tipos de planejamento e permitem analisar a viabilidade das
operações.

Relação e interdependência entre os


planejamentos
Os projetos e as ações dentro de cada nível de planejamento estão relacionados
entre si, tanto do ponto de vista técnico, quanto econômico/financeiro. São
compatíveis quando a execução de um não afeta o outro, e são incompatíveis
quando um impossibilita o outro, como a escolha de espécies a serem plantadas
em uma área ou o espaçamento entre espécies (REZENDE; OLIVEIRA, 2013).
Com relação à interdependência, são três tipos:

» Interdependência entre atividades: quando as ações de uma unidade


fabril ou projeto afetam resultados de outra. Exemplo: o plano de
manejo florestal e a qualidade das toras de madeira.

» Interdependência entre recursos: quando projetos compartilham


recursos.

» Interdependência entre comprometimento: necessidade de acordos


entre os atores envolvidos nos projetos para produzir determinadas
ações.

49
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

Dessa forma, fica explícito que o planejamento integrado visa coordenar as


atividades e os recursos para garantir que os fluxos sejam tão previsíveis
quanto possível, de maneira a evitar problemas que causem interrupção das
atividades. Deve-se sempre considerar o nível de interdependências, uma
vez que o desafio é identifica-las e gerenciá-las da melhor maneira possível.
Ramstad e Holte (2020) trazem uma análise de planejamento para o setor de
óleo e gás, porém é bastante informativa e rica para todo gestor empresarial
que pretenda realizar esse tipo de abordagem.

Objetivando orientar o produtor com tecnologias adequadas para


o manejo e planejamento florestal, a Embrapa lançou o software
Planejamento Florestal Integrado (Planin), que gera parâmetros para
a análise econômica da produção florestal, otimizando e aumentando
a produção. Mais informações nos links: https://www.youtube.com/
watch?v=zhpGfHvpHt4 e https://www.embrapa.br/busca-de-solucoes-
tecnologicas/-/produto-servico/1481/planin---planejamento-florestal-
integrado.

Custos na empresa florestal


A contabilização dos custos de uma empresa florestal envolve a análise completa
dos custos oriundos da produção, e a averiguação dos resultados obtidos
pela empresa, por meio do confronto entre os custos e as vendas respectivas.
Participa diretamente da averiguação dos resultados da empresa, no entanto
é imprescindível para a prognose durante o planejamento empresarial e
para o controle, o que permite observar se os objetivos do planejamento
empresarial foram atingidos. Dessa maneira, o conhecimento dos custos de
uma empresa florestal permite aos responsáveis pelo planejamento tomar
decisões, orientar investimentos, otimizar os processos de produção e os
procedimentos, calcular corretamente as capacidades, formar o preço do
produto a ser vendido, decidir entre produção própria ou terceirização
(como no caso das mudas), e formular diversas outras escolhas relacionadas
ao processo de produção. Os principais custos de uma empresa florestal
são:

» Custos com salários: pode ser um custo mensal, e deve-se controlar


a quantidade de serviço, ou por tarefa (empreitada), para serviços
que não exijam muito cuidado ou precisão. Deve-se controlar a
qualidade do serviço.

» Custo da terra: a terra é o capital básico de uma empresa florestal.

50
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

» Encargos sociais e benefícios: podem representar entre 50 a 100%


do valor do salário, dependendo do tipo de atividade da empresa e
dos benefícios oferecidos. Os encargos sociais são os obrigatórios,
como INSS, FGTS, 13 o salário, entre outros; enquanto que os
benefícios são voluntários (alimentação, moradia, plano de saúde,
seguros etc.).

» Custos de depreciação: custos com reposição de peças, ferrugem,


desgaste, obsolescência (surgimento de tecnologias mais
modernas). Existem três tipos de depreciação, que podem ser
calculadas de acordo com as fórmulas abaixo (SELING, 2001, p.
36). Vale ressaltar que a depreciação deve ser considerada dentro
da realidade de cada material, uma vez que um software e uma
colheitadeira depreciam de maneiras diferentes.

» A depreciação linear: o valor do bem diminui a taxas constantes ao


longo de sua vida útil. É conveniente quando a capacidade de uso
permanece a mesma e os custos com manutenção não crescem
com a duração da vida útil. É calculada pela fórmula:

Em que “d” corresponde à depreciação, “A” corresponde ao valor de aquisição,


“R” ao valor residual do bem após o uso e “n” corresponde à vida útil em anos.

Depreciação com taxa crescente, que resulta do valor de aquisição/pela


soma das unidades estimadas de produção, agregando, assim, os custos pela
produção e demais, fixados no tempo. A desvantagem da utilização é que a
diminuição de valor do tempo em que a máquina ficou sem ser utilizada não
é considerada.

Depreciação com taxa decrescente é aquela que diminui no tempo. Pode ser
do tipo geométrico-degressiva, que possui quotas constantes. Segundo
Seling (2001), ocorre quando “anualmente uma percentagem constante é
depreciada, p. ex. (sic) sempre 20%, refere-se, no primeiro ano, ao valor de
aquisição e nos anos seguintes ao valor atual; especialmente conveniente,
se a capacidade de uso diminui muito com a duração de vida e os custos de
manutenção aumentam muito”. É calculada segundo a fórmula:

51
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

Em que “q” corresponde à quota de depreciação; “R”, ao valor residual do bem


após o uso; “A”, ao valor de aquisição; “d”, à depreciação; Vx, ao valor no ano x;
e “n”, à vida útil em anos.

A depreciação decrescente pode ser ainda do tipo aritmético-degressiva, ou com


quotas diminuídas, quando a depreciação diminui anualmente por um valor
constante.

Em que “q” corresponde à quota de depreciação; “A”, ao valor de aquisição;


“R”, ao valor residual do bem após o uso; “d”, à depreciação; “x”, corresponde
ao ano 1 ao ano n; e “n”, à vida útil em anos.

» Custos de juros: pagamento pelo uso do capital, próprio ou de


terceiros. Está dividido em juros reais, quando os juros são fruto de
um empréstimo, e juros calculados, quando é sobre o capital próprio
da empresa. O capital, por sua vez, está dividido em bens de duração
limitada (máquinas, equipamentos, galpões, instalações) e de duração
ilimitada (ex.: a terra). O custo da terra é comumente considerado
como um juro sobre o capital investido naquela terra, como se fosse
um aluguel.

» Custos de material de consumo: machados, mudas, arame etc.

» Custos de terceiros: pagamento às firmas que prestam serviço à


empresa florestal; requerem um rigoroso controle de qualidade e
quantidade. Dentro desse custo, geralmente estão incluídos os custos
de risco, que são aqueles inerentes à influência externa e que podem
ser danosos à empresa florestal, o que interrompe os processos
planejados, como o ataque de formigas ou incêndios florestais, por
exemplo.

» Custos de impostos: IPTU, IPVA, ICMS, IPI etc.

» Custo de implantação: os custos relacionados acima são geralmente


contabilizados no prazo de um ano. Já o custo de implantação está
relacionado com as atividades no ano zero.

» Custos da atividade florestal: desmatamento, destoca, lotação de


talhões, estradas, aceiros, pontes, represas, preparo do solo,
produção ou aquisição de mudas.

52
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

» Custo de manutenção: ocorrem do primeiro ano até o corte da


floresta. Incluem manutenção de estradas, aceiros, maquinários,
capinas, roçadas, combate a formigas etc.

» Custo de colheita: é influenciado pelo clima e topografia local, pelo


tipo de floresta (natural ou plantada), pelo diâmetro e volume das
árvores, equipamentos utilizados, quantidade de trabalhadores por
turma etc.

» Custo de reforma: custo após o último ciclo de corte com preparo do


solo, plantio e etc.

» Custos de administração: custos com as atividades administrativas,


contábeis, gerenciais etc.

» Custos de proteção: com profilaxia, como o custo com EPIs, com


advertência, que é o custo com atividades que possam detectar e evitar
o risco, como as torres de vigilância, e os custos com combate ao perigo.

É importante considerar no planejamento que os custos podem ser fixos ou


variáveis. Os custos fixos são aqueles que, mesmo com uma mudança de volume
de trabalho, permaneceram estáveis naquele período de tempo considerado,
como os custos com a estrutura física da empresa (terreno, galpões etc.). Por sua
vez, os custos variáveis são aqueles que reagem ao volume de trabalho, e podem
crescer proporcionalmente ou superproporcionalmente a esse volume (como
os custos com alimentação e moradia dos funcionários), bem como podem
ser subproporcionais, se, com o volume de trabalho crescendo, os custos
diminuem. Assim, os custos devem ser considerados e a variação desses
custos, em função do volume de trabalho, deve ser considerada também.

Os custos das operações florestais e as análises financeira e de


investimentos em empresas florestais são discutidos por Pokorny,
Palheta e Steinbrenner (2011), em uma revista técnica agradável e
de fácil leitura. Confira em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/
bitstream/item/51985/1/DOC-373.pdf.

Planejando o investimento na empresa


florestal
É um dos planejamentos cruciais na empresa florestal. Pode ser um
investimento financeiro, como a aquisição de ações ou as aplicações do

53
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

capital, ou pode ser um investimento na aquisição de equipamentos e bens,


propagando no desenvolvimento dos projetos da empresa etc. O planejamento
dos investimentos é feito a partir dos cálculos de investimento, do julgamento
do risco do investimento e da consideração de outras circunstâncias do
investimento, como a flexibilidade da empresa, a liquidez, os impostos, os
riscos, os passivos, os problemas legais, a qualidade do trabalho etc.

Cálculos para planejamento de investimento

O planejamento por meio dos cálculos do investimento podem ser realizados


utilizando-se métodos estatísticos simples, que calculam com custo e produção
e não consideram o fator tempo (métodos de comparação), ou utilizando-se
métodos que produzem os cálculos mediante as receitas e as despesas,
que consideram a temporalidade, incluem os juros e são procedimentos
matemático/financeiros mais orientados à prática. São eles (considerando-se
que os 3 primeiros são cálculos simples, de comparação, em detrimento dos
demais):

» Comparação dos custos: compara antes e depois do investimento,


porém não considera o impacto do investimento sobre os lucros (os
rendimentos líquidos). É calculada por intermédio da fórmula:

Em que “C” corresponde aos custos totais anuais depois do investimento;


“V”, ao valor de aquisição; “n”, à duração do investimento; “p”, à taxa de
juros; “c”, aos custos correntes por unidade de produto; e “x”, à quantidade
anual de produto.

» Comparação dos lucros: deve ser aplicada quando um investimento


altera também os lucros, quando se observa incremento neste âmbito.

» Comparação da rentabilidade: compara a relação entre o lucro líquido


e o capital colocado por meio das taxas médias de juros.

» Valor presente líquido: é um método que combina a soma das receitas


líquidas descontadas durante os anos de utilização, e quando esse
valor final é maior que o valor do investimento, considera-se a
razoabilidade deste investimento. O ponto fraco desse método é a
dificuldade de antecipar temporalmente as receitas e despesas.

54
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

» Taxa interna de juros: é a taxa interna de juros que um investimento


vai render efetivamente, considerando-se que a rentabilidade deve
ser melhorada pelo investimento. Para encontrar a taxa interna de
juros (p), Seling (2001) ressalta que a equação básica florestal
pode ser utilizada:

Em que “Ar” corresponde à receita líquida do corte final; “Da” e “Db”, às receitas
líquidas dos desbastes; “r”, à rotação; “c”, às despesas com a plantação; “B”, ao
valor da terra; e “V”, ao valor do capital administrativo.

» Anuidade: É o método pelo qual o capital é estimado em um período,


e a retirada do dinheiro considera os juros gerados nesse período.
Para tal, Seling (2001) considera a seguinte fórmula:

Em que “a” corresponde à anuidade; “V C” corresponde ao valor do capital; “n”


corresponde ao período; e “p”, à taxa de juros.

Planejamento da colheita florestal


A colheita é uma as atividades mais importantes no setor florestal, chegando
a contribuir com mais de 50% do custo total da madeira, e por isso o correto
planejamento é essencial para antecipar possíveis problemas, que normalmente
afetam essa fase. Machado e Lopes (2008, p. 191) ressaltam que:

É importante identificar as variáveis envolvidas com


antecedência, para que os impactos sobre a produção e os
custos sejam estimados e as correções, em relação ao plano
original, sejam efetuadas antes do início das operações, de
modo a cumprir as metas de produção estabelecidas pela
empresa.

Além disso, o objetivo de qualquer empresa que deseja ser


competitiva é efetuar as operações de colheita de madeira com
o menor custo possível.

Além de minimizar o custo da produção, o planejamento da colheita visa


impulsionar a eficiência e elevar os índices de produtividade, buscando
minimizar os impactos ambientais e garantir a segurança no trabalho para

55
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

atender aos critérios de certificação. Para que todos esses critérios sejam
atendidos, é imprescindível que todos os fatores que possam afetar a colheita
sejam conhecidos e considerados no planejamento. Condições bioclimáticas
e topografia da área (incluindo necessidade de construção ou manutenção de
estradas), treinamento do pessoal envolvido, grau de mecanização e ergonomia
das máquinas, maquinário e custo pela utilização do maquinário, equipamentos
de proteção individual necessários, recursos financeiros disponíveis, regime
de manejo, demanda no mercado e objetivos (finalidade) daquela madeira,
tudo deve ser considerado no planejamento. Machado e Lopes (2008) alertam
que, para tal, é necessário coletar os mapas da região, os dados do talhão a
ser coletado (volume, número de árvores etc.), os dados das máquinas e
equipamentos necessários, considerando-se as restrições técnicas (capacidade
de suporte do terreno, topografia etc.) e econômicas (custos e gastos com aqueles
equipamentos), dados de estimativa da produtividade e custos envolvidos, e
os dados dos aspectos legais da colheita (políticas governamentais, legislação
trabalhista, fiscal, aduaneira e etc.).

Os softwares e as ferramentas computacionais são de grande valia para


o planejamento da colheita florestal. A Embrapa possui uma ferramenta
de planejamento da Colheita e Controle da Produção Florestal chamada
“Planejo”, e um manual para orientar a utilização da ferramenta está
disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/
doc/402166/1/Doc315.pdf.

Souza e Pires (2009) dissertam sobre mensuração e análise na colheita


florestal, abordando outros tópicos interessantes sobre a atividade
florestal, que contribuirão para o aprofundamento nos estudos.

Você já ouviu falar em floresta de precisão? Ou floresta 4.0? Sabe do


que se trata? Ribeiro (2008) afirma que “O processo de globalização
antecipou as reformas necessárias [econômicas], acentuando a
importância de contar com instrumentos confiáveis e ágeis, bem
como o completo domínio das novas tecnologias. Nesse cenário, o
planejamento florestal ganha uma nova dimensão...” Vamos conferir?

Floresta de precisão: o novo dimensionamento


do planejamento florestal
Não é segredo ou novidade que os benefícios não estão distribuídos de forma
igualitária ao longo do planeta. Os atuais padrões de produção são inadmissíveis,

56
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

fomentam essa disparidade, e existe uma conscientização crescente da


necessidade de mudanças. Nesse sentido, a certificação florestal permite a
rastreabilidade da cadeia produtiva, e, considerando-se que a certificação é
hoje uma exigência do mercado, principalmente o internacional, pode ser um
poderoso aliado da conservação ambiental.

No setor florestal brasileiro, o CERFLOR – Certificado de Origem


da Matéria-Prima Florestal – somente é concedido ao produtor
que maneja e obtém matéria-prima de origem florestal em
consonância com os seguintes preceitos:

Adoção de estratégias que promovam a sustentabilidade dos


recursos florestais e a racionalidade no uso destes a curto, médio
e longo prazos;

Preservação da diversidade biológica;

Manutenção da qualidade da água, do solo e do ar;

Desenvolvimento ambiental, econômico e social da região; e

Cumprimento da legislação
Ribeiro (2008, pág. 329)

Para garantir a sustentabilidade e racionalidade na produção de florestas


plantadas, é necessário utilizar métodos e técnicas que possibilitem o aumento
da produtividade dos talhões e das espécies florestais utilizadas. A floresta de
precisão (ou floresta 4.0) tem como preceito o gerenciamento alicerçado no
conhecimento prévio e no máximo rendimento do empreendimento florestal.
Assim, atua desde o sequenciamento e melhoramento genético das espécies
florestais, à correção e fertilização do solo de maneira precisa, de modo que
seja possível evitar o desperdício de material, até o planejamento da colheita, a
mecanização e os trabalhos manuais. As intervenções são possíveis em todos os
processos do planejamento e da execução florestal de forma a obter uma produção
maximizada (e com isso maiores ganhos), atendendo aos níveis de demanda
sem que seja necessário aumentar a área de produção, e, consequentemente,
desmatar mais. Assim, busca a maximização da produção aliada à redução dos
impactos sobre os ambientes nativos (SANTOS et al., 2016), redução da poluição
e da degradação por meio da otimização das técnicas utilizadas.

Para que os objetivos da floresta de precisão sejam alcançados, é necessário


incluir variáveis espaciais e temporais dos fatores de produção mediante os
dados geoespaciais precisos e exatos, como ressalta Santos e colaboradores
(2016). Ribeiro (2008, p. 333) acrescenta que “A tecnologia de precisão

57
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

baseia-se na disponibilidade de uma base de dados confiável e atualizada,


que reflita com fidelidade o estado atual das variações de decisão”. Assim,
as tecnologias constituem o cerne desse tipo de operação, principalmente
aquelas voltadas ao georreferenciamento, além de análises estatísticas que
permitam comparar os resultados e visualizar onde se encontram as maiores
médias.

Tecnologias convergentes, como os sistemas de posicionamento global (GPS),


os sistemas de informações geográficas (SIG), e o sensoriamento remoto (SR),
são de grande valia e permitem intervenções precisas no processo de produção.
As informações georreferenciadas capturam, armazenam e transformam
dados espaciais do mundo real, permitindo manejar esses dados e criar
abstrações, mapas e relatórios que norteiem e permitam a tomada de decisão
na implementação e no manejo da floresta, de maneira precisa e assertiva.

Para aprender mais sobre a floresta de precisão, sugiro os vídeos


do canal INESC TEC, disponíveis no link: https://www.youtube.com/
watch?v=h1HSP95oSeI, e do canal Florestas Online, disponíveis no link:
https://www.youtube.com/watch?v=bH-SL3ChnNs. As técnicas de precisão
na floresta, na agricultura e nos demais meios de produção são bastante
recentes, mas com propostas inovadoras. Que tal procurar mais vídeos
sobre o tema?

Os trabalhos de Vettorazzi e Ferraz (2000), Maeda e colaboradores (2014)


e Nascimento (2017) trazem informações sobre as florestas de precisão
e estudos de caso com técnicas aplicáveis, tanto do geoprocessamento
e georreferenciamento quanto de análises estatísticas possíveis para o
planejamento e gerenciamento florestal.

O papel da gestão da qualidade na empresa


florestal
No setor florestal, o conceito de controle de qualidade começou a ser trabalhado
na década de 1980, por intermédio do trabalho divulgado pelo Instituto de
Pesquisa em Engenharia Florestal (IPEF) (Freitas et al., 1980). O trabalho
consiste em um sistema pioneiro de auditoria na Champion florestal (atual
International Paper), onde os auditores comparavam as recomendações
estabelecidas pelas normas técnicas com as vistorias realizadas nas frentes
operacionais, notificando o responsável pela atividade quando algum desvio

58
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

fosse detectado. A partir dessa experiência, outras empresas, principalmente


aquelas que contavam com uma equipe de pesquisa, passaram a adequar os
processos, implementando programas com o objetivo de gerir a qualidade.
Em 1987 surgiu o conceito de autocontrole e autogestão, em que os próprios
executores controlam a qualidade do seu trabalho (TRINDADE et al., 2012). No
mesmo ano foi publicada, no Brasil, a ISO-9000; uma normativa para o sistema
de gestão de qualidade. Hoje, a qualidade é uma preocupação crescente nas
empresas florestais, não só para atender à normativa e à certificação, mas em
virtude dos ganhos sociais e econômicos que acarreta.

Para que ocorra a qualidade das operações da empresa florestal, o primeiro


passo é a padronização das operações. A padronização facilita o trabalho,
pois normatiza as operações, independentemente de quem as realizam. Como
salientam Trindade e colaboradores (2012), uma desbrota, por exemplo,
“seguirá a mesma orientação, independente de quem for o técnico responsável”.
Dessa forma, além da uniformização do processo, a padronização busca garantir
que a empresa tenha o domínio tecnológico daquele processo e que torne a
atividade produtiva transparente e dominada por todos, melhorando, assim, a
qualidade das operações. Para que sejam montados os grupos de trabalho, de
modo que seja dado início ao processo de padronização, é necessário que todos
os envolvidos tenham recebido o treinamento sobre as ferramentas da gestão
de qualidade. São elas:

» Brainstorming (tempestade de ideias): ferramenta que possibilita o


surgimento de um máximo de ideias sobre o assunto, em um curto
espaço de tempo. As ideias são propostas pelo grupo envolvido na
atividade, anotadas tal qual foram propostas, e devem ser estudadas
pelos superiores, que devem discuti-las e manter aberto o canal de
comunicação. É importante que o coordenador do grupo estimule o fluxo
de ideias, que não devem ser criticadas, elogiadas ou questionadas, a
fim de não desestimular os participantes. Alguém deve ir anotando as
ideias, que serão discutidas e numeradas por ordem de importância.

» Histograma: mostra a distribuição das frequências dos dados de em


um gráfico. Para tal, Trindade e colaboradores (2012, pp. 38-39)
ressaltam que os seguintes passos devem ser seguidos:

Calcular a amplitude (R), que é a diferença entre o maior e o


menor valor encontrado entre os dados.

59
UNIDADE II │ PLANEJAMENTO FLORESTAL

Encontrar o número de classes (K), utilizando a equação de


Sturges (PAIVA, 1982), vista a seguir:

K = +3,33 log n

Em que:

K = número de classes; e

log n = logaritmo do número de dados.

Obs.: A equação de Sturges poderá ser usada como uma primeira


aproximação. A forma da distribuição indicará o melhor valor
para K.

Determinar o tamanho da classe (h), dividindo a amplitude (R)


pelo número de classes (K).h = R / K

[...] O número mínimo de classes (K) deve ser de 5 e o máximo


de 20.

Distribuir as classes e construir o quadro de frequências,


marcando todos os dados. Na distribuição das classes é
importante que se incorporem todos os valores, definindo as
fronteiras abaixo e acima do menor e do maior valor.

Construir o histograma, colocando no eixo horizontal (x)


os intervalos de classe e no eixo vertical (y) as frequências
encontradas.

» Fluxograma: “Consiste na segmentação gráfica de todos os passos de


um processo. Com base no fluxo atual e no ideal, podem-se identificar
desvios, que passarão a constituir uma fonte potencial de problemas”
(TRINDADE et al., 2012).

» Gráfico de barras: representação visual (gráfica) de uma série de dados


ou informações.

» 5W + 2H: são as iniciais, em inglês, das palavras What? (o quê?), Where?


(onde?), Who? (quem?), When? (quando?), Why? (por quê?) = 5W
+ How? (como?), How much? (quanto?) = 2H. Essa técnica objetiva
caracterizar e esclarecer problemas, criando uma rotina de raciocínio
no dia a dia, a qual é útil também no detalhamento dos planos de ação.

» Diagramas de Ishikawa: ou diagrama de espinha de peixe, busca


ordenar uma relação de causa e efeito. São divididos em sequenciais,

60
PLANEJAMENTO FLORESTAL │ UNIDADE II

que realçam cada etapa do processo, ou de causa e efeito, que


relacionam as causas (falhas) com os efeitos (problemas). Os de
causa e efeito são utilizados quando o objetivo é identificar, ressaltar
e explorar as possíveis causas de um problema.

» Programa 5S: base para implementação da Qualidade Total. Composto


de 5 palavras japonesas, seiri (organização); seiton (arrumação);
seisoh (limpeza); seiketsu (higiene) e shitsuke (autodisciplina).
Segundo Trindade e colaboradores (2012), “Não se pode falar em
Qualidade Total sem antes organizar, arrumar, varrer, eliminar
entulhos e limpar mesas, salas e arquivos. Esse comportamento deve
ser instituído e praticado por toda a empresa”.

» Ciclo PDCA ou Ciclo de Deming: composto pelas palavras do


vocabulário inglês plan (planejar), do (executar), check (verificar),
e action (agir), conforme a Figura 10.

Figura 10. Ciclo PDCA ou ciclo de Deming.

A Definir
metas e
P
objetivo
Agir
corretamente s Definir
meios e
métodos
para atingir
metas /
Educar
Verificar Treinar
resultados
Coletar
dados e
C executar
D
Fonte: adaptado de Trindade e colaboradores (2012).

A tese de doutorado de Castro (2017) traz uma revisão bibliográfica que


vai desde o processo de produção florestal, passando pelas etapas de
planejamento, inclusive o planejamento da qualidade, até o controle
estatístico do processo (CEP), que é de grande importância na análise da
efetividade da gestão de qualidade. De quebra, traz um estudo de caso
em uma empresa florestal. Vale a pena conferir!

61
ANÁLISE DA INDÚSTRIA UNIDADE III
E CADEIAS PRODUTIVAS

CAPÍTULO 1
Análise da indústria madeireira

Introdução: a indústria madeireira


A indústria madeireira destaca-se por representar um setor da economia
brasileira de grande representatividade. Está incluído no ranking dos setores
que mais contribuem para a geração de superávits comerciais, além da grande
geração de emprego (NUNES; MELO; TEIXEIRA, 2012). Inclui desde o plantio,
passando pelo corte, pela extração e pelo armazenamento, até o processamento
e a transformação da madeira no produto final.

Análise econômica da industria madeireira


A análise é um procedimento utilizado para averiguar as causas do êxito e do
insucesso nas atividades produtivas e/ou empresariais. É realizada mediante
a comparação dos custos e das receitas (fluxo de caixa) com a análise de outra
empresa semelhante e da comparação temporal dos números obtidos na
própria indústria. Uma indústria é convencional quando ocorre apenas uma
mudança de sinal em seu fluxo de caixa (Figura 11), e é não convencional
quando apresenta mais de uma mudança de sinal em seu fluxo de caixa
(Figura 12).

Figura 11. Fluxo de caixa convencional com apenas uma saída.

Fonte: própria autora, s.d.

62
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

Figura 12. Fluxo de caixa não convencional (típico na indústria madeireira) com mais de uma mudança de sinal.

Fonte: própria autora, s.d.

Nas atividades ligadas ao setor florestal, o capital está sujeito a retornos de


longo prazo e sua eficiência está diretamente relacionada com a minimização
dos custos de produção e o preço do produto. Assim, são essenciais a avaliação
de critérios econômicos que testem a viabilidade econômica da implantação de
uma empresa florestal, observando se as receitas superam os custos.

A Taxa Mínima de Atratividade (TMA) é uma taxa de juros que mede a


viabilidade de um investimento, e representa o mínio que um investidor se
propõe a ganhar com o investimento, bem como o máximo que uma pessoa se
propõe a pagar quando faz um financiamento. A TMA participa do cálculo dos
critérios econômicos. A escolha do critério econômico a ser utilizado deve ser
bem considerada, uma vez que cada critério fornece informações específicas,
que devem ser observadas em sua escolha. Os mais recomendados são:

» Valor atual (VA) ou valor presente líquido (VPL) de um fluxo financeiro:


analisa a viabilidade financeira. Determina o valor presente de
pagamentos futuros descontados a uma taxa de juros apropriada,
menos o investimento inicial. Para saber mais sobre as vantagens e
desvantagens de utilizar esse critério, acesse: https://www.voitto.com.
br/blog/artigo/o-que-e-vpl. A fórmula, segundo Seling (2001), é:

Em que: “V C ” corresponde ao valor presente líquido de um investimento;


“rn”, à receita líquida no ano n; “Cx”, aos custos de manutenção no ano x; “R”,
ao valor líquido residual do investimento; e “p”, à taxa de juros.

» Taxa Interna de Retorno (TIR): é a taxa de juros que torna nulo o VPL de
um investimento. É uma taxa hipotética, que, quando aplicada ao fluxo
de caixa, faz com que os valores das despesas sejam iguais aos dos

63
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

retornos dos investimentos, ambos trazidos ao valor presente. Nessa


taxa, o somatório das receitas descontadas é igual ao somatório dos
custos descontados. Um investimento é financeiramente aceitável
se a diferença entre a TIR e a Taxa Mínima de Atratividade do
mercado for maior ou igual a zero. Para aprender a calcular a
TIR e saber mais sobre as vantagens e desvantagens de utilizar
esse critério, acesse: https://www.voitto.com.br/blog/artigo/
taxa-interna-de-retorno.

- =0

Em que “Rj” corresponde à receita líquida no final do ano j; “n”, à duração do


projeto em anos; e “Cj” corresponde ao custo no final do ano j.

» Custo (ou Benefício) Periódico Equivalente (CPE ou BPE), ou Valor


Periódico Equivalente (VPE): é a parcela periódica (um fluxo de caixa
líquido) e constante necessária ao pagamento de uma quantia igual
ao VPL da opção de investimento em análise, ao longo de sua vida
útil (REZENDE; OLIVEIRA, 2013). Em razão de apresentar valores
equivalentes obtidos por período, é interessante para projetos que
apresentem durações ou vidas úteis diferentes, porque corrige essas
diferenças de horizonte.

Em que “i” corresponde a uma taxa unitária, relativa ao mesmo período


analisado; “n” corresponde à duração do projeto em anos, meses, ou período
de tempo definido e; “t” corresponde ao número de períodos de capitalização.

“Rj” corresponde à receita líquida no final do ano j; “n”, à duração do projeto


em anos; e “Cj” corresponde ao custo no final do ano j.

» Custo Médio de Produção (CMPr): muito utilizado para comparar o


preço de venda do produto, uma vez que o custo representa o valor
de bens e serviços consumidos na produção de outros bens e
serviços. Quanto menor o CMPr, maior a viabilidade do projeto a ser
implantado. Para aprender mais sobre os custos em economia, acesse:
https://pt.slideshare.net/LucianoPires/custos-de-produo.

64
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

» Razão Benefício (receita)/Custo (B/C): indica quantas unidades de


capital recebido, com benefício, são obtidas para cada unidade de
capital investido. Determina a relação entre os valores presentes de
benefícios e custos, para dada taxa de desconto, sendo a viabilidade
econômica apresentada para projetos com B/C 1, e mais viável quanto
maior for este valor.

Em que “Rj” corresponde à receita líquida no final do ano j; “n”, à duração do


projeto em anos; “Cj” corresponde ao custo no final do ano j; e “i” corresponde
à taxa de juros.

» Tempo de recuperação do capital (ou Payback): considera a


extensão de tempo suficiente para que o fluxo de caixa cubra o
investimento inicial. Quanto mais rápido o retorno do capital,
maior a viabilidade do projeto.

» Valor Esperado da Terra (VET): também conhecido como Valor de


Expectativa da Terra, Valor Esperado do Solo (VES) ou método de
Faustmann. Parte do princípio que a terra, aquele determinado
sítio, permanecerá infinitamente destinado à produção florestal e
considera todos os valores envolvidos no fluxo de caixa. Determina
a rotação econômica e o preço máximo de compra de terra nua. A
fórmula para cálculo do VET, segundo Seling (2001), é:

Em que “Ar” corresponde ao valor do corte final na idade r; “Da, Db..., ao


rendimento do desbaste na idade a, b, ...; “Nq” corresponde aos rendimentos
secundários livres de custos de exploração na idade q; “c” corresponde ao custo
da cultura; “V” corresponde ao valor do capital administrativo (V = v/0,0p); e,
“r” à rotação.

A TMA representa o valor mínimo de retorno sobre um investimento


e determina o valor sobre o qual se obtém um lucro real com aquele
empreendimento. É imprescindível o aprofundamento neste assunto.
Saiba mais sobre a TMA por meio do vídeo e das informações disponíveis
em: https://www.mundofinanceiro.com.br/taxa-minima-de-atratividade/.

65
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

Análise de sensibilidade ou de risco


Estuda os efeitos que as variações nos parâmetros, que compõem o fluxo de
caixa, provocam nos valores finais das avaliações representativas desse
fluxo. Trabalha com as variações nesses parâmetros que podem inviabilizar
o projeto florestal. Rezende e Oliveira (2013) dão o seguinte exemplo: “Para
um dado valor do produto no mercado (1 m³ de madeira de eucalipto =
US$20,00), até quanto ele pode diminuir sem inviabilizar o projeto?” O custo
da produção também pode ser analisado, sob a mesma perspectiva. Assim,
podem ser analisados os efeitos de mudanças nos parâmetros, nos resultados
e nos indicadores econômicos. Para tal, diversos softwares e critérios podem
ser utilizados.

Os artigos de Silva e Fontes (2005); Vitale e Miranda (2010) e Alves e


colaboradores (2015) utilizaram os critérios econômicos em estudos
da viabilidade econômica de projetos e plantios florestais, e trazem
informações detalhadas sobre os critérios, como proceder às análises
e à escolha de critérios para cada situação.

Análise de custo-benefício
A análise de custo-benefício (ACB) é uma metodologia que busca quantificar,
em termos monetários, os custos e benefícios de uma ação do ponto de
vista social. É uma ferramenta utilizada na análise social de projetos de
investimento, e objetiva corrigir os erros que ocorrem nos preços sinalizados
pelo mercado em virtude de monopsônios (um único comprador para o
produto de vários vendedores), monopólios (o contrário), impostos, taxas,
subsídios, externalidades etc. É de grande valia na alocação de recursos
públicos. Foi desenvolvida nas décadas de 1940 e 1950, nos Estados Unidos,
para o planejamento de recursos agrícolas. É importante ressaltar que:

Dos dois aspectos comumente apontados como responsáveis pelo


aparecimento da ACB, tem-se: a) a complexidade e a significativa
participação do Estado na economia, na época, e b) a reconhecida
diferença entre custos e benefícios sociais e privados; o segundo,
na maioria das vezes, se relaciona a problemas do meio ambiente.
Como as florestas estão intimamente relacionadas com os
problemas ambientais e são reconhecidas como produtoras
de “produtos juntos” (multiprodutos), externalidades e bens

66
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

públicos, a ACB deveria se constituir em uma técnica adequada


para solucionar os problemas de avaliação no setor florestal.
Parece um pouco incongruente, então, sua pouca utilização no
setor.
Rezende e Oliveira (2013, p. 303)

Para compreender o porquê da pouca utilização da ACB no setor madeireiro,


precisamos conhecer os conceitos de bens públicos e externalidades. Os
primeiros são aqueles cujo uso por um ou mais indivíduos não impede
o potencial uso por outros indivíduos. Esse tipo de bem não é fornecido
pelo setor privado. No setor privado, ocorrem as externalidades, que são
caracterizadas por situações em que a ação de um consumidor ou produtor
(um agente econômico) afeta outro consumidor ou produtor, e esses efeitos
não são devidamente considerados. Dos produtos advindos da floresta,
apenas a madeira e alguns poucos produtos são comercializáveis. “Assim,
se um povoamento é estabelecido como objetivo de produzir madeira – bem
privado -, seu efeito no paisagismo e no controle de cheias é, claramente,
uma externalidade” (REZENDE; OLIVEIRA, 2013). Contudo, uma floresta
cujo plantio foi realizado com o objetivo único de evitar as cheias, sem fim
comercial, representa um bem público; deixa de ser uma externalidade.
Assim, existe uma dificuldade na aplicação da ACB com produto privado
cujo preço necessita de correção em virtude de imperfeições no mercado
(discrepância entre valores privados e sociais), mas, quando envolve bens
públicos e externalidades, dificulta sobremaneira a análise e explica o porquê
da sua impopularidade no setor florestal.

Para mais informações sobre a avaliação de custo-benefício, outras maneiras


de valoração ambiental e técnicas de manejo florestal sustentável, sugiro
a leitura da dissertação de mestrado de Paiva (2011), que traz um vasto
referencial bibliográfico sobre o assunto, além de diversas maneiras de
avaliar o custo-benefício social e ambiental das florestas.

Certificação de qualidade na indústria


madeireira
A norma que regulamenta a certificação de qualidade da indústria/empresa
florestal é a ABNT NBR ISO 9001:2015 (ABNT, 2015). A International
Organization for Standartization (ISSO) é uma Organização Não Governamental
(ONG), com sede em Genebra (Suíça), está presente em 157 países, cuja

67
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

fundação data de 1947. Fornece um conjunto de normas técnicas para gestão da


qualidade, independentemente do tipo de empresa (TRINDADE et al., 2007).
A norma aborda os processos de gestão da qualidade de acordo com o ciclo
PDCA – Plan, Do, Check, Act – descrito no tópico 8 sobre gestão de qualidade,
presente no Capítulo 5 desta apostila. Esta e a incorporação da mentalidade
de risco de maneira mais contundente são as principais atualizações com
relação à ABNT NBR ISO 9001:2008. “O ciclo PDCA habilita uma organização a
assegurar que seus processos tenham recursos suficientes e sejam gerenciados
adequadamente, e que as oportunidades para melhoria sejam identificadas e as
ações sejam tomadas” (ABNT, 2015). A normatização deve ser lida na íntegra, e
o link para acessá-la consta nas referências bibliográficas.

As normas ISO 9001 são revistas e reformuladas a cada 5 anos. Fique


atento, pois agora em 2020 a norma deve ser atualizada. Na reportagem
“Trabalho para normalização de produtos de madeira se intensifica”, a
Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente
(ABIMCI) traz mais informações e fala sobre o Programa Nacional de
Qualidade da Madeira (PNQM). Confira a reportagem no link: https://
abimci.com.br/trabalho-para-normalizacao-de-produtos-de-madeira-
se-intensifica/.

O artigo de Ramos e colaboradores (2017) e o relatório final de IPAM e


colaboradores (2020) trazem informações importantes sobre a análise da
indústria madeireira em diferentes aspectos, enquanto que o artigo de
Carneiro (2011) traz uma rica discussão sobre a certificação florestal do
Forest Stewardship Council (FSC) na Amazônia. Vale a pena conferir!

68
CAPÍTULO 2
Cadeias produtivas agropecuárias e
florestais

Introdução
Mesmo em contextos urbanos, as vidas humanas são permeadas por produtos
de origem agropecuária e florestal: desde o café tomado pela manhã, passando
pelas roupas de algodão e pelos móveis de madeira, até o biocombustível
que impulsiona o veículo que nos transporta. Ainda que sejam de naturezas
completamente distintas, todos estes produtos chegam até nós, consumidores,
por meio de uma cadeia de produção que envolve diversos elos, agentes e
processos. Este capítulo será dedicado a introduzir os processos que tornam
prontamente disponíveis para nós, consumidores, os produtos de origem
agropecuária e florestal. Em outras palavras, aqui nos debruçaremos sobre as
cadeias produtivas do agronegócio e do setor florestal.

O que são cadeias produtivas?


Em linhas gerais, ao pensarmos em cadeias produtivas agropecuária e
florestais, devemos pensar no que é necessário para que os produtos de origem
rural cheguem às prateleiras do supermercado. Assim, uma cadeia produtiva
consiste no conjunto de etapas consecutivas em que insumos são transferidos
e transformados, sendo o resultado da interação entre todos os agentes
econômicos envolvidos no processo. Esses agentes (interdependentes) são o
financiador da atividade, o fornecedor de insumos agrícolas, o produtor rural,
as empresas de transporte e distribuição, entre outros. A relevância econômica
de uma cadeia produtiva não se limita a essa interação entre os elos ou em cada
um deles individualmente, mas, sim, no resultado econômico gerado por essa
engrenagem para o setor como um todo.

Agronegócio e produção florestal


A produção agropecuária e florestal no século XXI envolve diversos agentes e
atores econômicos que não se encontram somente no campo onde é produzida
a matéria-prima em si, mas também em centros urbanos. Ao longo do tempo, a
noção de agricultura como uma atividade inteiramente associada ao ambiente

69
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

rural deu lugar ao conceito de agronegócio, atualmente estabelecido como um


protagonista no cenário econômico brasileiro. A grosso modo, o agronegócio
(ou agrobusiness) define-se como um conjunto de atividades, tanto diretas
quanto indiretas, envolvidas na cadeia produtiva de produtos agropecuários e
florestais. As atividades englobadas pelo agronegócio iniciam-se antes mesmo
da produção em si, desde a geração e o fornecimento de insumos agrícolas, e
estendem-se até a chegada do produto ao consumidor, por intermédio de sua
distribuição e transporte. Dessa maneira, as cadeias produtivas agropecuárias
e florestais transcendem a classificação de “setor primário”, uma vez que
envolvem o beneficiamento e a industrialização de produtos, assim como sua
distribuição (setores secundário e terciário).

O agronegócio é reconhecidamente um dos principais motores da economia


brasileira. A sua importância econômica traduz-se na sua expressiva participação,
ano após ano, no produto interno bruto (PIB) do Brasil. O PIB é a soma de bens
e produtos finais gerados por um país em um determinado período, e informa
sobre o nível de atividade econômica daquele país, naquele período (IBGE,
2019). Em tempos recentes, o setor de florestas plantadas apresentou acentuado
aumento na participação do PIB brasileiro, entre 2017 e 2018, contrastando
com o setor agropecuário, que não tem experiementado crescimento expressivo
(Figura 13). Ainda assim, a produção agropecuária apresentou crescimento
de 3,81% em 2019 (CEPEA/CNA, 2020), o que corresponde a 21,4% do PIB
nacional e reforça a importância do setor.

Figura 13. Evolução da participação do setor de florestas plantadas e da agropecuária no PIB brasileiro de 2018

em relação a 2017.

Setor de árvores 13,1


plantadas %

Agropecuária 0,1%

Setor de Serviços 1,3%

Indústria em geral 0,6%

Economia
brasileira 1,1%

Fonte: adaptado de Ibá (2019).

70
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

Até aqui abordamos a importância econômica do agronegócio e do setor de


florestas plantadas no Brasil, considerando a sua participação no PIB, ou seja,
apenas a produção final resultante de toda a cadeia produtiva. No entanto,
diversos são os elos econômicos envolvidos nessa produção, cada um com suas
complexidades, particularidades e participação econômica. Na seção a seguir,
discorreremos sobre a segmentação da cadeia produtiva e as características de
cada elo.

Segmentação da cadeia produtiva


A segmentação de uma cadeia produtiva busca encontrar a formação de
grupos homogêneos dentro de cada elo, que, dentro do amplo sistema
agroindustrial, têm funções e demandas diferenciadas. Assim, não há
critérios rígidos para a segmentação de cadeias produtivas, e as variáveis
escolhidas para fazê-la podem variar amplamente (SILVA et al., 2008). Em
linhas gerais, as cadeias produtivas do agronegócio e da produção florestal
dividem-se entre as atividades que são desenvolvidas (I) “a montante ou
antes da porteira”, (II) “dentro da porteira”, e (III) a “jusante ou após a
porteira”, de maneira simbólica quanto ao ambiente onde se estabelecem
(Figura 14).

Os segmentos “a montante” ou “antes da porteira” envolvem o fornecimento


de serviços agropecuários e de insumos agrícolas que são necessários à
produção agropecuária e florestal. Aqui, incluem-se o fornecimento de:
sementes florestais, maquinário agrícola, corretivos do solo, fertilizantes,
pesticidas, produtos veterinários, entre outros necessários à efetivação da
atividade agropecuária ou florestal. Também são incluídos os serviços como
a extensão rural, pesquisa, elaboração de projetos, concessão de créditos etc.

As etapas que ocorrem “dentro da porteira” tratam da produção agropecuária


e florestal em si, e, como sugeridas pelo nome, ocorrem no ambiente rural
propriamente dito. Aqui ocorre a produção agrícola, produção animal e
produção florestal. Em alguns casos, especialmente em relação aos pequenos
produtores, incluem-se também atividades de transformação, beneficiamento
e embalagem dos produtos para consumo imediato, ou o armazenamento para
posterior distribuição (no caso de produtos alimentícios, por exemplo).

Já as etapas “a jusante” ou “após a porteira” envolvem o beneficiamento e/ou


a industrialização da matéria-prima quando a escala de produção é maior ou o
processamento da matéria-prima requer instalações industriais mais avançadas
do que a infraestrutura dentro da porteira permite. Incluem-se também o
armazenamento e a distribuição dos produtos.

71
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

Figura 14. Representação dos principais elos de cadeias produtivas agropecuária e florestal.

Consumidor

Armazenamento
Insumos Agropecuária Indústria e Distribuição
Pré-porteira ou a Dentro da porteira
montante

Pós-porteira ou a jusante

Fonte: própria autora, s.d.

Como mencionado, às vezes a própria produção agrícola constitui-se o produto


final, a exemplo de hortaliças para consumo in natura. Nestes casos, a
distribuição se dá imediatamente após a colheita em campo. Por essa razão,
os elos envolvidos nas etapas após a porteira variam consideravelmente a
depender dos objetivos da produção agrícola, pecuária ou florestal. Além
disso, um mesmo produtor rural pode destinar a sua produção às mais
diversas finalidades, articulando-se com outros setores a jusante de maneira
a maximizar seus ganhos, o que envolve meticuloso planejamento.

Desta forma, a segmentação de cadeias produtivas depende de diversos fatores,


tais como: qual cultivo em questão, qual a finalidade do cultivo e qual o porte do
empreendimento. Por exemplo, se quisermos traçar a rota das diversas cadeias
produtivas que se iniciam com o plantio de eucalipto, é preciso estar atento (I)
à espécie plantada, (II) ao tamanho da propriedade rural, (III) à idade do
plantio, que, por sua vez, determinará as possíveis trajetórias a jusante (isto é,
indústria de papel e celulose, carvão vegetal ou painéis reconstituídos, para
citar alguns). Assim, e tendo em vista a possibilidade de serem empregadas
técnicas e planejamento de florestas multiprodutos, cada trajetória envolverá
a aquisição de diferentes insumos a montante e a articulação com diferentes
agentes a jusante.

Como vimos até agora, a segmentação da cadeia produtiva é complexa e


particular ao setor em questão. O tópico a seguir apresentará algumas
estratégias que podem ser empregadas em empreendimentos agrários de
modo a otimizar sua produção, lucro e atuação no mercado. Estas estratégias
são comuns aos mais diversos setores e portes de empreedimentos.

Integrações agroindustriais
A competitividade do setor de agronegócio impele gestores a buscar estratégias
de cooperação que permitam otimizar os processos e a articulação entre os

72
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

diferentes elos da cadeia produtiva. Assim, nesta seção abordaremos duas


estratégias possíveis para integrar a produção agropecuária e florestal,
nomeadamente: a horizontalização ou a verticalização da cadeia produtiva.

Integração vertical: a integração vertical é a estratégia em que uma mesma


empresa se encarrega da produção de insumos (ao menos aqueles que são
estratégicos para o seu funcionamento), controlando os fornecimentos e
os processos internos da instituição. Isso quer dizer que, em uma estrutura
verticalizada, não há a necessidade de colaboração com outras empresas,
nem a especialização em uma só atividade. Há exemplos de verticalização
da produção desde grandes empresas (ex.: a Faber-Castell não só produz
lápis de madeira, como também gerencia plantios florestais que fornecem a
matéria-prima) até à pequena produção agroindustrial familiar.

Integração horizontal: ao contrário da verticalização em que uma mesma empresa


concentra as mais variadas funções, a horizontalização é caracterizada pelas
parcerias e colaborações entre diferentes setores. Neste caso, a produção se dá, de
fato, em cadeia, cujos elos são constituídos por diferentes agentes. Por exemplo,
indústrias de papel e celulose, de painéis reconstituídos e de siderurgia (que
utilizam o carvão vegetal oriundo de florestas plantadas) podem ser abastecidas
com matéria-prima de um mesmo silvicultor. Esta situação, em que a cadeia
é horizontalida e um mesmo produtor rural pode fornecer seus produtos para
diversas finalidades e processos a jusante, traz mais flexibilidade aos segmentos
da cadeia.

Como qualquer estratégia de negócio, as duas formas de integração apresentam


vantagens e desvantagens, que podem ser consultadas na Tabela 1.

Tabela 1. Vantagens e desvantagens das estratégias de horizontalização e verticalização.

Estratégia Vantagens Desvantagens


Redução de custos Dependência de terceiros
Flexibilidade quanto ao volume de produção Perda de potenciais lucros obtidos por fornecedores
Integração horizontal
Especialização dos elos Menor controle das tecnologias e técnicas empregadas em
Foco em um único produto outros elos

Maiores lucros em razão de concentrar todos os Falta de foco pode reduzir a qualidade dos produtos
elos produtivos
Integração vertical Maior autonomia Necessidade de aumento da estrutura da empresa
Independência de terceiros
Domínio da produção Necessidade de investimentos

Fonte: adaptado de https://www.ibccoaching.com.br/portal/as-principais-diferencas-entre-verticalizacao-e-horizontalizacao/.


Acesso em: 19 jul. 2020.

73
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

A estratégia da integração vertical pode ser especialmente interessante


para pequenos produtores rurais que estão envolvidos em atividades
agroindustriais familiares. Se tiverem condições técnicas e materiais de
transformar e distribuir produtos por conta própria, pequenos produtores
agregam valor à sua mercadoria e são capazes de faturar mais do que se
somente vendessem a matéria-prima não transformada.

Um exemplo de estímulo a essa prática é o Programa de Verticalização da


Pequena Produção Agrícola (PROVE), implementado pelo governo do Distrito
Federal nos anos de 1990 (CARVALHO, 2014). Com o objetivo de inserir o
pequeno produtor rural na economia, incentivar a produção e agregar maior
valor à produção, o programa foi implantado em outros estados do Brasil,
trazendo fomento e apoio técnico a agroindústrias familiares.

A dissertação de mestrado de Assis (2016) levanta a perspectiva histórica


da cadeia produtiva florestal em MG, pontuando as políticas públicas e
demais questões institucionais envolvidas. Vamos conferir?

Sugestão de vídeos interessantes para conferir no YouTube sobre o tema:

» O canal do Centro de Estudos em Dinâmica Agroindustrial


(CEDAI) – FURG traz uma entrevista feita com o professor dr.
Paulo Dabdab Waquil sobre a comercialização e coordenação em
cadeias produtivas agroindustriais. Link: https://www.youtube.
com/watch?v=N_z1WItnopQ.

» O canal Conexão Agro mostra a professora Francielli Gasparoto


e o professor Leandro de Almeida falando sobre cadeias
produtivas no agronegócio. Link: https://www.youtube.com/
watch?v=hCcpyk7MRWo.

» O canal Florestas Online traz o professor Ivan Tomaselli falando


sobre as perspectivas da industrialização de madeira de
plantações florestais no Brasil. Link: https://www.youtube.com/
watch?v=7LkfGilRrug.

74
CAPÍTULO 3
Marketing nacional e internacional de
produtos florestais

Introdução
O marketing pode ser definido como um conjunto de estratégias que visam
promover determinados produtos, negócios ou pessoas. Assim, para um
empreendimento, o marketing inteligente e bem feito é de suma importância
para dar maior visibilidade, confiabilidade e agregar valor aos produtos e,
ao mesmo tempo, conquistar clientes e gerar retorno financeiro. Na prática,
estratégias de marketing são as ações que levam os produtos e serviços aos
consumidores, assim como as formas e caminhos necessários para alcançar esse
público.

Marketing internacional
Como vivemos num processo de globalização da economia, é importante
observar as características globais de mercado para aplicação do marketing.
Nesse sentido, Cohen e Smith (1992) definem marketing internacional como
“o processo que visa os segmentos específicos de consumidores com linhas de
produtos distintas e desenvolvidas para cada segmento”.

Assim, o interesse em se fazer marketing internacional é aumentar as


vantagens competitivas em nível mundial, tendo-se em vista a rivalidade
intensa entre países, as variações na oferta de matéria-prima e a pressão dos
consumidores por produtos de qualidade e de maior valor agregado. Algumas
considerações devem ser feitas pela empresa ao implementar o marketing em
nível internacional para garantir seu sucesso e prevenir possíveis percalços:

» As diferenças culturais e linguísticas entre países podem ser uma


barreira que deve ser avaliada previamente à expansão do produto.

» A adaptação da população com o novo produto introduzido deve


ser avaliada antes e depois da sua implantação, de modo que seja
possível verificar, de fato, a viabilidade do negócio.

» Obter informações acerca do consumo dos clientes e as


particularidades do mercado local é de suma importância para
verificar a melhor estratégia a ser aplicada.

75
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

» É necessário, também, ter em mente que as estratégias utilizadas


em um determinado momento possam não ser mais válidas após
um tempo ou devido a ocorrência de fatores externos. Dessa forma,
o aprimoramento constante das ações de marketing permitirá,
cada vez mais, a consolidação da empresa na região em que está
sendo trabalhada.

Estratégias de marketing

Sette (2013) aponta cinco etapas fundamentais como estratégia de


marketing, as quais são: 1) posicionamento do produto ou serviço na
mente do público alvo; 2) comunicação com o público alvo; 3) interação
e efetivação da venda; 4) entrega do produto e prestação do serviço;
5 ) p ó s - venda para garantia da satisfação (Figura 15). Com isso, o público
alvo é identificado e pode-se oferecer o produto com os benefícios que
atendam às suas necessidades, tendo-se em vista, também, a concorrência
do mercado.

Ainda, é muito importante que, a partir dos diversos meios de comunicação,


esse produto torne-se atrativo a ponto de ocupar um espaço na memória do
consumidor para que a venda seja efetivada. Garantir a satisfação do cliente,
dando suporte após a venda, fecha o ciclo do marketing e fideliza ainda mais o
comprador.

Figura 15. Estratégias de marketing.

PRODUTOS E SERVIÇOS
PRESTADOR
DE SERVIÇOS ESTRATÉGIAS DE MARKETING
1 2 5
POSICIONAMENTO 3 4 PÓS-VENDA
COMUNICAÇÃO
VENDA ENTREGA

GARANTIA DE
MARCA DISTRIBUIÇÃO SATISFAÇÃO
PONTO DE
BENEFÍCIOS
SER TROCA VENDA
PROPAGANDA
HUMANO LOGÍSTICA
CONCEITO DO NEGOCIAÇÃO FIDELIZAÇÃO
PRODUTO PUBLICIDADE
TRANSPORTE

MERCHANDISING ARMAZENA- RELACIONA-


PREÇO PROMOÇÃO MENTO MENTO
CONSUMIDOR MÍDIA DE VENDA

PÚBLICO ALVO
MERCADO

Fonte: Sette (2013).

76
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

Com o passar do tempo, o marketing cresceu e comprovou ainda mais sua


importância. Com isso, houve a necessidade de realizar algumas mudanças
para que pudessem expressar melhor suas ideias fundamentais, as quais
foram vistas anteriormente. Nesse sentido, o marketing tradicional começou
a ter maior ênfase na questão do relacionamento entre pessoas. Além disso,
as ferramentas tradicionais de marketing não atendiam ao objetivo de reter
os consumidores existentes, sendo necessárias adaptações específicas para o
tipo de marketing utilizado (REIS, 2017). Assim, na tabela abaixo são vistas
algumas variáveis do marketing contemporâneo e suas definições.

Tabela 2. Variáveis do marketing contemporâneo.

Variáveis Definição Fundamentação


Marketing de banco de Por meio da tecnologia, capta informações e utiliza-as para aumentar lucro, satisfazer clientes e Coviello (1998)
dados obter maior lealdade. Gerhardt (2013)
Trabalho realizado na Internet, instalando-se um diálogo entre um vendedor e muitos Coviello (2002)
E-Marketing compradores identificados. Exemplos: marketing digital, inbound marketing, redes sociais, dentre
outros. Targibo (2012)

Baseia-se na ligação próxima e direta da empresa com seus stakeholders, de modo a facilitar as Lindgreen (2004)
Marketing de interação
transações. Os profissionais trabalham em vários níveis e funções. Targibo (2012)
Múltiplos relacionamentos empresariais. É desenvolvido um complexo entre clientes,
Marketing em rede Coviello (2002)
fornecedores, governo, imprensa e outros interessados, gerando benefícios mútuos

Fonte: Reis (2017).

Desenvolvimento das estratégias de marketing:


produto, preço, praças de distribuição e
propaganda/promoção

Existem ferramentas que as empresas utilizam para desenvolver suas


estratégias de marketing, as quais foram classificados por McCarthy (1996)
como os 4Ps do marketing: produto, preço, praça e promoção. De forma
concisa, podemos dizer que o produto é pensado nas necessidades do cliente
e deve buscar soluções para seus problemas cotidianos. O preço deve ser
condizente com o produto e com as características financeiras do público-alvo.
Ressalta-se ainda que o preço é um dos pontos mais avaliados pelo comprador,
que leva em consideração todas as ofertas do mercado (concorrência).

A praça trata de onde o produto terá visibilidade para o comprador (lojas


físicas especializadas ou não no produto (como o setor moveleiro), Internet,
dentre outros) assim como a variabilidade de produtos e locais de venda.
Deve-se avaliar aqui, também, as características do público-alvo, tais como:
se tem facilidade de acesso à Internet, se tem preferência em compras em lojas

77
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

físicas, se tem perfil conservador a ponto de comprar sempre uma mesma


marca (por confiabilidade) etc. Por fim, a promoção trata do marketing
direto com o cliente e, na prática, é o ponto crucial da venda, uma vez que
visa chamar a atenção do consumidor por meio de propagandas nos meios
de comunicação (Internet, televisão ou presencialmente). A flexibilidade de
preços (como descontos, ofertas) e a exaltação da qualidade do produto são
os pontos mais influenciadores ao cliente para efetivação da compra.

Marketing verde: definições e importância


Com as atenções voltadas para o desenvolvimento sustentável e o incentivo
da sociedade por processos menos agressivos ao meio ambiente, surgiu a
necessidade de novas estratégias para a promoção de produtos diversos,
incluindo os florestais. Dentro desse contexto, está o marketing verde, que
visa a valorização dos produtos, internalizando questões sociais e ambientais
durante e após a produção.

Segundo Gonzaga (2005), o marketing verde também pode ser denominado de


ecomarketing, marketing ambiental ou marketing ecológico, pressupondo-se
a ideia de que as riquezas sejam criadas a partir da redução de impactos
ambientais gerados pelas indústrias, além da realização de mudanças sociais
geradoras de novos hábitos nos consumidores. Outra definição, de Polonsky
(1994), traz que o marketing verde é o conjunto de atividades concebidas
para produzir e comercializar qualquer produto ou serviço para satisfazer às
necessidades de um consumidor, causando impacto mínimo ao meio ambiente.
Assim, com a exploração excessiva dos recursos naturais e o aumento na
geração de resíduos e de atividades impactantes, o cenário comercial foi
impulsionado a passar por transformações que incluíssem regulamentações
formais e tipos diferenciados de organização para adequação ao mercado.

Embora esses custos ambientais estejam fora dos balanços financeiros das
organizações, eles aumentam o custo social e de desenvolvimento econômico
de um ambiente. Além disso, se mal geridos, podem causar a escassez mesmo
dos recursos ambientais renováveis (GONZAGA, 2005). Podemos então
considerar como um desafio às organizações produtoras de bens e serviços a
busca pelas soluções que levem em conta fatores sociais e ambientais e que
mantenham, ainda assim, os fatores econômicos e produtivos que justificam
a sua existência. Além disso, deve-se ofertar qualidade, conveniência e preço
adequado a seus consumidores. Essas ações, além de beneficiarem o ambiente

78
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

como um todo, são vistas com bons olhos pelos consumidores, que estão cada
vez mais exigentes em relação à “produção limpa e sustentável”. Assim, o
marketing verde vem sendo uma ferramenta muito utilizada por empresas
dos mais diversos ramos para impulsionar cada vez mais seus produtos.

Estratégias de marketing verde: definição do


público-alvo

Uma das estratégias de marketing verde mais comumente adotadas é a definição


de nichos de mercado para produtos ecológicos, assumindo uma bandeira de
responsabilidade social e ambiental. Um exemplo é a empresa que utiliza de
insumos florestais não madeireiros em seus produtos, e faz uso do marketing
em redes sociais para mostrar sua responsabilidade socioambiental nos mais
diversos âmbitos impactantes para a sociedade atual, atingindo o público que
se preocupa com essas questões.

A organização pode, então, beneficiar-se do retorno de mercado que a estratégia


proporciona, com possibilidades de cobrar preços com maior valor agregado
ou explorando um maior percentual do mercado disponível (REINHARDT,
2000). Uma motivação para essa diferenciação pode ser a utilização de
menos recursos na produção, o aumento no valor agregado do produto ou
a possibilidade de escalar os ganhos. Ressalta-se que uma grande questão
no assunto é a educação ambiental, que é o instrumento mais importante
na hora de tornar a sociedade mais atenta às consequências de seus hábitos
de consumo. Essa é uma questão de longo prazo e depende de fatores,
muitas vezes, não controlados pela organização que estiver aplicando novas
estratégias desse tipo marketing.

Estratégias de marketing verde: comunicação

Outro aspecto muito importante na realização do ecomarketing é a aplicação


de técnicas de comunicação. Algumas abordagens podem ser vistas aqui, como:

» Investimento em campanhas ambientalistas, reforçando a imagem do


comprometimento do setor.

» Utilização de transportes e energia menos poluentes no processo de


produção.

» Confecção de materiais reutilizáveis ou recicláveis.

» Apoio institucional a ações sociais.

79
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

É importante ressaltar que a busca pelo melhor meio para realização do


marketing, por si só, não é suficiente para expor a informação e fazer com que
ela chegue às pessoas. Assim, é comum ver empresas se comunicando com a
sociedade assuntos complexos em linguagem acessível ao grande público. Da
mesma forma, o uso de ferramentas mais didáticas, como desenhos, números
e palavras-chave, também são de grande importância para chamar a atenção
dos possíveis clientes. Observa-se que essas ferramentas foram empregadas
nos dois exemplos dados de marketing digital.

Desafios e incentivos para a implementação do


marketing verde

Provavelmente o desafio mais perceptível de uma organização que utilize


o marketing verde para se promover é fazer com que as alterações em sua
produção não afetem a qualidade e o preço lógico do produto. Porém, também
é importante pensar que, para que o marketing verde chegue até o público,
primeiramente os empreendimentos e as organizações devem se preparar de
modo que a prática da produção limpa seja feita em todos os seus níveis
hierárquicos.

Dessa forma, a comunicação interna é de suma importância para que haja a


valorização do processo e para que esta seja condizente com os objetivos
gerais e as práticas ambientais estipuladas. Nesse processo, os fornecedores
de insumos podem se tornar dificultadores, já que muitos terão que ser
pressionados a se adaptarem aos novos critérios de produção e dificilmente
o farão sem questionamentos. Assim, ressalta-se que o primeiro passo para
a abertura de uma organização para estratégias de marketing verde é uma
mudança de valores na cultura empresarial. Um ideal de preservação para
futuras gerações deve ser evidenciado em todos os níveis da empresa e isso
depende muito do uso de técnicas de relações públicas, tanto fora quanto dentro
da organização. Além disso, é de suma importância a utilização de líderes
sociais que formem a opinião de consumidores por meio de patrocínios ou
ações conjuntas aliados à realização de pesquisas de mercado para conhecer e
avaliar a aceitação das novas estratégias entre o público-alvo da organização.

Em todo caso, mesmo que implementar e se adequar ao marketing verde seja


desafiador em alguns pontos para a organização, há certos incentivos que
facilitam as tomadas de decisões. Além do que já foi abordado, em relação
ao aumento do interesse da população em produtos mais sustentáveis, temos
também o incentivo relacionado ao valor agregado ao produto. Como exemplo,

80
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

Gonzaga (2005) explica que, como a poluição é considerada desperdício de


recursos do sistema produtivo, o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável (BCSD) sugere aos órgãos de controle a atribuição de custos à
poluição para que possam ser cobrados das organizações os prejuízos causados
ao meio ambiente. O objetivo dessa cobrança é pressionar empresas a encontrar
soluções eficientes para diminuir a poluição gerada, além de repassar o custo
ambiental para o consumidor final. Nesse raciocínio, o preço cobrado por
produtos que causaram maiores danos ambientais em seu processo produtivo
será maior em relação ao preço de produtos que tiveram um processo produtivo
mais sustentável. E como já foi discutido anteriormente, o preço é um dos
quesitos mais influenciadores na decisão de compra pelos consumidores, que
tendem a ter preferência por mercadorias mais baratas.

O uso do marketing nos mercados de


produtos florestais
Para um bom gerenciamento, em nível nacional e global, as empresas
florestais vêm utilizando da estratégia de conhecer seu mercado e identificar
seus clientes antes de desenvolver seus processos e produtos. Dessa forma,
além das empresas poderem conduzir melhor suas florestas, podem também
passar a atender a novos mercados, ampliando sua capacidade competitiva.
Aliado a isso, a certificação das florestas e a possibilidade de incluir espécies
madeireiras não tradicionais nos produtos são algumas das estratégias
utilizadas pelo setor que vem gerando retorno considerável.

Os mercados de produtos florestais são divididos em dois grandes segmentos:


madeireiros, como madeira serrada, papel, celulose, pisos e painéis de madeira
e carvão vegetal e não madeireiros, como óleos, frutos, sementes, folhas,
raízes, cascas e resinas. Entende-se que as estratégias de marketing utilizadas
nesses setores sigam os mesmos princípios. Porém, por representar maior
parcela de produção e valor econômico, será tratado aqui principalmente dos
produtos florestais madeireiros. Para informações mais detalhadas acerca
dos mercados de produtos não madeireiros, é possível consultar o Sistema
Nacional de Informações Florestais (2018).

Em 2018, as florestas plantadas de eucalipto e pinus apresentaram produtividade


média de 36,0 m³/ha.ano e 30,1 m³/ha.ano, respectivamente (Indústria
Brasileira de Arvores - IBÁ, 2019). A partir, principalmente, dessas espécies,
têm-se a geração dos diversos produtos madeireiros que movimentam

81
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

grandemente o mercado nacional e internacional. O setor de celulose e papel


representa o principal mercado florestal do Brasil, tendo participação de
61% na arrecadação de impostos no país. Os demais setores são: painéis de
madeira, com 25% de participação; produtos sólidos de madeira, com 8% de
participação; e outros produtos, com 6% de participação (IBÁ, 2019). Ainda
segundo a mesma fonte, o bom momento vivenciado pelas indústrias do setor de
celulose e papel foi impulsionado pela forte demanda no mercado externo, o
que possibilitou o aumento nos níveis de produção e do preço de venda em
real e em dólar. O uso do marketing para impulsionar ainda mais, nacional
e internacionalmente, os produtos florestais (em todos os estágios da cadeia
produtiva), vem surtindo efeito tendo em vista que, segundo a IBÁ (2019),
com o passar dos anos houve aumento nas exportações de todos os produtos
florestais, principalmente celulose e madeira serrada. A tabela abaixo mostra
a situação de alguns dos principais produtos florestais exportados.

Tabela 3. Mercado brasileiro de produtos florestais.

Produção Destino
Produtos Posição no ranking
2017 2018 Exportação Mercado doméstico
mundial
Celulose (milhões de Ton) 19,5 21,8 2o 70% 30%
Papel (milhões de Ton) 10,5 10,4 8o
19% 81%
Painéis de madeira (milhões
7,9 8,2 8o 16% 84%
de m³)
Madeira serrada (milhões de m³) 8,7 9,1 8o 30% 70%

Fonte: adaptado de IBÁ (2019).

Algumas das estratégias responsáveis por esse crescimento e que podem ser
destacadas aqui são:

» Os grandes investimentos no setor, o que colocou o país como


referência mundial em tecnologia florestal.

» O aumento de áreas plantadas com certificação, indicando a prática do


manejo consciente (3,5 milhões de hectares de florestas plantadas em
2018, representando um aumento de 9,4% em comparação com o total
certificado em 2017) (IBÁ, 2019).

» O aumento da certificação da cadeia de custódia, que provê


a rastreabilidade, desde a produção de matéria-prima até o
consumidor final, colocando o país em 9 o lugar no ranking mundial
dos países que possuem essa certificação (IBÁ, 2019).

82
ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS │ UNIDADE III

Dessa forma, tendo-se em vista o interesse, principalmente dos países


desenvolvidos, por produtos com alta qualidade e que, no processo produtivo
tenha havido preocupação com as questões socioambientais, o Brasil vem
ganhando papel de destaque nas exportações de seus produtos florestais.
Atualmente, o país é o maior exportador de celulose, principalmente para a
China e a Europa, que, juntas, correspondem a 55% do total de produtos
exportados (IBÁ, 2019). Os Estados Unidos também são um grande comprador
de produtos florestais brasileiros, além da celulose, como papel, painéis de
madeira e serrados.

Algo importante de ser ressaltado é que em vários setores comerciais, por si


só os produtos florestais saem na frente de seus concorrentes (outros tipos
de matérias-primas, como petróleo e ferro). Isso porque suas propriedades e
características fornecem vantagens competitivas na adoção do marketing de
diferenciação ambiental. Temos que o preço e a utilidade técnica do produto
são os principais fatores no momento de escolha do consumidor pela compra.
E como já foi discutido aqui, a ideia de utilizar produtos e processos mais
eficientes ambientalmente fez com que os produtos florestais ganhassem cada
vez mais esse espaço.

Para exemplificar isso, podemos utilizar do raciocínio de Gonzaga (2005): se


o sistema de preços praticado no mercado refletisse os custos dos impactos
ambientais associados à produção de bens, os produtos florestais ampliariam
ainda mais suas vantagens competitivas frente aos seus substitutos. Em se
tratando do setor de construção civil, por exemplo, sabemos que a extração
e produção de aço, cimento e demais materiais de alvenaria causam grandes
impactos ao ambiente. Assim, produtos como a madeira serrada e os painéis
de madeira vêm se tornando a escolha de muitos consumidores que buscam,
além da qualidade e eficiência, materiais e processos mais sustentáveis em suas
construções.

Porém, nesse sentido de substituição de materiais, a barreira cultural


necessita ser vencida. Isso porque as pessoas têm comportamentos
enraizados quando se trata da utilização de produtos já convencionais.
Percebe-se que isso vem sendo modificado ao longo do tempo e tem
ocorrido maior flexibilidade por parte dos consumidores. Isso se deve,
em grande parte, ao setor madeireiro, que vem desenvolvendo, junto
ao público, uma ideia de que produtos de madeira são ambientalmente
recomendáveis, além de empresários do setor venderem o conceito de

83
UNIDADE III │ ANÁLISE DA INDÚSTRIA E CADEIAS PRODUTIVAS

que são comprometidos com a causa ambiental. Tudo isso corrobora


com a ideia do marketing aplicado no setor e mostra cada vez mais sua
importância para o fortalecimento dos seus produtos.

O site Marketing Florestal compila informações sobre o tema, com vídeos


explicativos e muito material interessante. Link: https://marketingflorestal.com.
br/.

O YouTube também congrega muita informação, vários vídeos sobre marketing


florestal, marketing verde e os assuntos discutidos neste capítulo. Que tal uma
busca??

84
ENERGIA E PRODUÇÃO UNIDADE IV
DE PAPEL

CAPÍTULO 1
Energia da biomassa florestal

Introdução
A biomassa florestal concretiza-se, desde os primórdios, como uma importante
fonte de energia para o desenvolvimento da humanidade. Atualmente, seu uso
para fins energéticos tem sido cada vez mais estimulado por parte da sociedade,
tendo em vista a crescente demanda por energia, a problemática envolvendo o
uso de recursos não renováveis e o desenvolvimento tecnológico. Além disso,
o uso dessa matéria-prima tem interessantes vantagens em relação a outras
fontes energéticas, como: é abundante e tem variabilidade na origem (pode
ser proveniente do uso múltiplo de florestas ou de plantios destinados para
esse fim), é limpa e renovável, sequestra gás carbônico atmosférico e armazena
gás orgânico durante seu crescimento, gera empregos no meio rural, dentre
outras. Dessa forma, a biomassa florestal consolida-se na matriz energética
mundial, porém a magnitude da sua utilização difere-se em cada região.
Variáveis como disponibilidade, preço, desenvolvimento do país e outras
energias competitivas no mercado são fatores que podem influenciar
significativamente sua viabilidade de uso. No Brasil, a biomassa florestal
participa da matriz energética e é ativa na vida da população em suas casas,
negócios, empresas de serviços, agricultura e indústrias.

A matriz energética brasileira


O termo “matriz energética” trata do conjunto de fontes de energia disponíveis
a serem transformadas, distribuídas e utilizadas nos diversos âmbitos da
sociedade, e é dividida em dois grandes grupos: fontes renováveis e não

85
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

renováveis. No Brasil, até o início dos anos de 1940, o carvão vegetal, a lenha
e o gás de biomassa eram as principais fontes energéticas (FOELKEL, 2016).
Porém, após a descoberta do petróleo no território brasileiro e a exigência do
setor industrial, em crescimento exponencial, esta fonte energética tornou-se
a mais explorada e utilizada. Esse cenário ainda é atual (Tabela 4).

Tabela 4. Repartição da oferta interna de energia (OIE).

Renováveis (45,3%) Não renováveis (54,7%)


Biomassa da cana 17,4% Petróleo e derivados 34,4%
Hidráulica* 12,6% Gás natural 12,5%
Lenha e carvão vegetal 8,4% Carvão mineral 5,8%
Lixívia e outras renováveis 6,9% Urânio 1,4%
Outras não renováveis 0,6%
* Inclui importação de eletricidade oriunda de fonte hidráulica.

Fonte: adaptado de Empresa de Pesquisa Energética - EPE (2019).

Atualmente a biomassa florestal ocupa o terceiro lugar nas energias não


renováveis e o quinto lugar na repartição total de energias ofertadas no
Brasil. No entanto, com a preocupação global acerca das mudanças climáticas
e demais assuntos ambientais relacionados ao uso exorbitante do petróleo,
as estimativas indicam uma maior participação das biomassas energéticas
(incluindo fontes florestais e derivadas da cana-de-açúcar) em um futuro não
muito distante.

Propriedades da madeira para energia


Dentre as classes de vegetais, a madeira enquadra-se como uma biomassa
lignocelulósica, que é a mais abundante. Essa denominação significa que
ela é formada por celulose, hemicelulose e lignina, que são os componentes
da parede celular e da estrutura das plantas. A celulose e a hemicelulose
(conjunto holocelulose) são polímeros polissacarídeos enquanto a lignina é
uma macromolécula fenólica (VAZ JÚNIOR, 2015). Além desses constituintes,
também fazem parte da composição da madeira os extrativos e as cinzas. Os
teores desses componentes irão variar de acordo com a espécie e a idade da
madeira e, juntamente aos aspectos físicos, relacionam-se com o desempenho
energético da madeira. Em geral, madeiras tendem a ter maior fração
de holocelulose (60 a 70%), seguido de lignina (20 a 30%) e, em menores
quantidades, extrativos (5 a 10%) e cinzas (0 a 2%) (KLOCK et al., 2005; VAZ
JÚNIOR, 2015).

86
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

Dessa forma, para ter melhor adequação e para que seja possível recomendar
uma biomassa como sendo boa geradora de energia, é necessário verificar seus
componentes químicos, físicos e seu poder calorífico. Madeiras com maiores
teores de lignina e extrativos e, consequentemente, maiores densidades, têm
melhor rendimento durante a queima e também maiores resistências físicas
e mecânicas. Em relação às cinzas, altos teores podem causar diminuição do
poder calorífico e perda de energia, pois, em razão de ser matéria inorgânica,
não participa da combustão e se tornam resíduo após a queima. Em suma, o
bom rendimento da madeira para geração de energia (maior poder calorífico e
maior quantidade de carbono fixo) tem uma relação diretamente proporcional
com lignina, extrativos e densidade e inversamente proporcional à holocelulose,
às cinzas e à umidade.

Combustão da madeira
A combustão ou queima é a principal forma de utilização da madeira para geração
de energia. Na primeira etapa da combustão ocorre a liberação de umidade
e, posteriormente, em temperaturas maiores que 260ºC, a madeira começa
a ser quimicamente degradada. Ao realizar a queima da madeira (ou lenha),
ocorre a combustão completa e, devido a ser um processo exotérmico, tem-se
como resultado calor, vapor d’água, CO2 e cinzas não combustíveis (BRITO;
BARRICHELO, 1979). As características físicas e químicas da madeira, com sua
capacidade calorífica, influenciam a combustão e o rendimento do processo.
Após realizar a escolha da melhor madeira para combustão, sua preparação
se dá basicamente pela redução de sua umidade para que a ignição seja feita.

Dentre as aplicações diretas da combustão da madeira para geração de


energia, está o uso doméstico. Fatores como a disponibilidade e a facilidade
de obtenção de lenha aliados à oferta de outras fontes energéticas, como o
gás, tornam-se grandes influenciadores no nível de consumo desse material.
Assim, de modo geral, seu uso está mais concentrado nas populações de baixa
renda, considerando-se que é abundante e mais barato.

O setor industrial também é um utilizador da lenha, destacando-se as


indústrias de produtos não minerais, como olarias e cerâmicas, e as de produtos
alimentícios, como padarias e restaurantes. Porém, o uso da combustão da
biomassa florestal vem sendo incentivado para geração de energia elétrica. O
processo se dá por meio da utilização do calor, proveniente da queima, para

87
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

aquecimento de água. Isso gera vapor, que, por sua vez, moverá turbinas para
a produção da eletricidade (VAZ JÚNIOR, 2015).

Carbonização da madeira – Tipos de


processos e a importância do carvão na
siderurgia
A carbonização da madeira se dá por meio da sua combustão incompleta (com
ausência ou presença controlada de ar) e tem como subprodutos os gases e o
carvão (BRITO; BARRICHELO, 1979). O objetivo da carbonização para o carvão
é aumentar sua capacidade energética, expulsar oxigênio e armazenar carbono.
A escolha da madeira é um fator importante para ter um rendimento maximizado
e um carvão de melhor qualidade. Dessa forma, buscam-se madeiras com altas
densidades e constituição química favoráveis (como altos teores de lignina e
extrativos). Outro fator que exerce influência na produção de carvão é a escolha
do processo ou sistema de carbonização. Variáveis como a taxa de aquecimento,
a pressão de trabalho e a temperatura final da carbonização são diretamente
responsáveis pela quantidade e qualidade do produto final. Assim, o tipo de
forno escolhido fornecerá diferentes resultados, principalmente no que diz
respeito ao rendimento do processo. A seguir são listados alguns processos de
carbonização.

» O mais antigo e rudimentar sistema de carbonização é o parcial, em


que são utilizadas covas, caieiras ou balões, fornos “rabo quente”, fornos
de encosta e fornos de superfície. Ainda que esse sistema se caracterize
como ineficiente, de baixo rendimento e resulte em heterogeneidade
do carvão, ainda é utilizado em determinadas regiões do Brasil.

» Outro sistema para carbonização é chamado de descontínuo, em


que são utilizados fornos de alvenaria e metálicos. O seu surgimento
teve como objetivo promover um melhor rendimento do processo
e melhores condições de vida aos carvoeiros. Além disso, fornos
retangulares e de grande porte mecanizados estão em evidência nesse
sistema, diminuindo o trabalho braçal. Embora represente um avanço
em relação ao processo anterior, ainda assim há uma baixa taxa de
conversão da madeira para carvão.

» Um terceiro sistema, considerado o mais inovador, é com a utilização


de retortas (vasos em formas de reatores) e sua grande vantagem é o
controle completo das reações, o que gera um carvão mais homogêneo

88
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

e um melhor rendimento. Porém, em razão de ter um nível tecnológico


avançado e necessitar de um alto investimento inicial, ainda é pouco
utilizado no Brasil.

O carvão vegetal produzido no Brasil, além do uso residencial, tem no


setor industrial sua principal utilização. Sua aplicação na siderurgia, como
combustível, e como agente termorredutor na produção de ferro gusa e ligas
metálicas, é de grande reconhecimento mundial, já que é considerado um dos
melhores redutores para uso siderúrgico. O ferro gusa é a matéria-prima
do aço e sua produção se dá a partir da reação do oxigênio com a queima
do carvão, que libera monóxido de carbono; o agente redutor do minério de
ferro. Com isso, ocorre a reação química entre o monóxido de carbono e o
óxido de ferro, que forma o ferro gusa. Para a siderurgia, essa produção é de
extrema importância por corresponder a grande parte do custo da produção
de aço.

Recuperação de subprodutos da
carbonização
O carvão vegetal é apenas um dos produtos da carbonização. Em termos de
rendimento, a carbonização otimizada e bem conduzida de 100 kg de madeira
pode gerar até 40 kg de carvão, 61 kg de água, 13 kg de óleo e 16 kg de gases não
condensáveis (BENITES et al., 2009). Um dos resíduos obtidos da carbonização
é o fino do carvão; pequenas partículas restantes do processo. Este subproduto
pode ser utilizado como fertilizante de solo, substrato para plantio de mudas
e até mesmo na produção de briquetes ou pellets para geração de energia.
O alcatrão vegetal é um produto obtido a partir da condensação da fumaça
proveniente da queima do carvão e seu reaproveitamento se dá por meio da
destilação fracionada. Assim, são obtidos óleos para utilização na indústria
química e alimentícia, como flavorizantes e o extrato pirolenhoso, que, por ter
uma fração considerável de compostos orgânicos, pode ser utilizado para fins
agrícolas (como adubos e fertilizantes). O resíduo gerado dessa destilação é
chamado de piche de alcatrão e tem características parecidas com as substâncias
húmicas encontradas no solo (BENITES et al., 2009). Em razão de apresentar
propriedades inibidoras de atividade microbiana, uma das possibilidades de
utilizações é no tratamento de madeiras.

Para os gases não condensáveis, liberados durante o processo de carbonização,


a recuperação se dá mediante a combustão em queimadores ou fornalhas.

89
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

Esse processo tem como finalidade a geração de energia térmica, que pode
ser utilizada pela própria indústria ou vendida, e a redução da poluição
atmosférica, visto que dentre esses gases estão o CO e CO2. Fazer a
recuperação desses subprodutos é de grande interesse da indústria
carvoeira e do setor florestal. Isso ocorre porque promove agregação de
maior valor econômico ao processo com os usos inovadores do produto,
além de contribuir para o meio ambiente com a redução de emissões
poluentes.

Gaseificação da madeira
A gaseificação da madeira faz a conversão desse insumo energético sólido
em gases que podem ser usados como fonte de energia térmica e elétrica
para a formulação de produtos químicos e para a produção de combustíveis
líquidos a partir do gás de síntese (EPE, 2018). O processo é realizado a altas
temperaturas (850 – 1500ºC) em um ambiente controlado de oxigênio onde
ocorre combustão, pirólise e gaseificação. O gás de madeira tem como principais
constituintes o monóxido de carbono, metano, eteno e hidrogênio. Dessa
forma, esse biocombustível pode ser utilizado para geração de energia elétrica
(com ciclo de turbinas a gás), pode substituir a gasolina e diesel em motores
de combustão interna de veículos e também é substituto do gás convencional
de fogões e fornos. Além disso, esforços estão sendo feitos pela busca de
tecnologias mais avançadas para a produção de metanol e bioetanol a partir de
processos de hidrólise ácida e enzimática, de modo a aprimorar o processo. Um
aspecto interessante na gaseificação da madeira, importante de ser ressaltado,
é a possibilidade de utilização dos resíduos florestais no processo, o que lhes
dá valor econômico e auxilia na eliminação desses resíduos do meio ambiente.

Compactação da biomassa para uso


energético
A compactação da biomassa consiste em realizar a transformação do material
em partículas e posteriormente realizar sua densificação por meio de pressão
e calor. Os produtos originados desse processo são os briquetes e pellets que
se diferenciam apenas pelas suas dimensões: diâmetro padrão de 50 mm para
briquetes e 6 mm para pellets; comprimento: ≥ 100 mm para briquetes e 25 mm
para pellets. Esses produtos são substitutos diretos da lenha, do gás, da energia
elétrica e do carvão vegetal e mineral em muitas aplicações, incluindo o uso

90
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

residencial, comercial e industrial. Sabe-se que um dos principais obstáculos


para utilizar a madeira para queima direta é seu alto teor de umidade e baixa
densidade. Assim, a densificação da biomassa fornece várias vantagens em
relação à utilização da madeira in natura. A seguir, verifica-se algumas das
vantagens citadas pela Revista da Madeira (2014):

» Redução da umidade, o que reduz a quantidade de fumaça, cinzas e


fuligem e faz com que a temperatura se eleve rapidamente.

» Maior temperatura de chama e queima constante.

» Maior poder calorífico (até 5 vezes mais do que na forma não


compactada).

» Maior facilidade no transporte, na manipulação e no armazenamento.

» Redução do impacto ambiental com a extração de lenha em florestas


nativas, dentre outras.

Dessa forma, a realização da compactação da biomassa florestal é uma


interessante forma de otimizar suas propriedades energéticas e também o
processo ao qual serão submetidas. Além disso, surge a possibilidade de
inserir os resíduos provenientes do beneficiamento da madeira, como galhos
e serragem, a fim de fornecer- lhes maior valor agregado e auxiliar na eliminação
desses subprodutos agroindustriais.

Análises térmicas da biomassa


A realização de análises térmicas em biomassas ocorre por processos
termoquímicos e tem o intuito de verificar a porcentagem de perda de massa
ou formação de compostos, a porcentagem anatômica e, ainda, as propriedades
termodinâmicas dos materiais, fornecendo informações quantitativas e
percentuais (VAZ JÚNIOR, 2015).

» A termogravimetria (TG) avalia a variação de massa da amostra em


função da temperatura em um determinado período de tempo ou taxa
de aquecimento. Seu intuito é conhecer a resposta térmica da biomassa
durante seu processamento ou uso energético. Essa análise pode ser
feita em atmosfera normal ou controlada, há ocorrência de fenômenos
físicos e químicos no material durante o processo e os resultados são
dados pela curva temogravimétrica.

91
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

» A derivada termogravimétrica (DTG) é utilizada como complemento


da TG. Como o próprio nome diz, trata-se da derivada da
termogravimetria, utilizando-se então os mesmos dados obtidos
nesta. A DTG oferece informações mais detalhadas da curva
termogravimétrica, com a melhor visualização dos picos onde
ocorreram as reações durante a análise.

» A calorimetria de varredura diferencial (DSC) fornece dados


termodinâmicos por meio de trocas de energia do material analisado
com o ambiente em ciclos predeterminados de aquecimento. A partir
dessa análise é possível observar os comportamentos exotérmico e
endotérmico da amostra, além da obtenção do cálculo da capacidade
calorífica (Cp).

Alguns fatores podem influenciar as análises térmicas, como: a forma e o


tamanho da amostra, sua distribuição e quantidade, o tipo de atmosfera e a
taxa de aquecimento utilizada. Portanto, a preparação prévia da amostra e
o controle das variáveis são de suma importância para garantir uma análise
eficaz.

Os blogs Mata Nativa (http://www.matanativa.com.br/blog/biomassa-


florestal-para-a-geracao-de-energia/) e BioBlog (http://www.bioblog.
com.br/a-energia-de-biomassa-florestal/) trazem mais informações
sobre o papel da biomassa florestal na geração de energia. Também
recomendo os seguintes vídeos no YouTube: o do Sistema FAEMG, no
link: https://www.youtube.com/watch?v=OgvK-FHJ9b4; o do canal Mais
Floresta, no link: https://www.youtube.com/watch?v=huJcR-bnJbw;
e o do canal MS Florestal Online, no link: https://www.youtube.com/
watch?v=Xpad4LJZdC4. Faça sua pipoca e vamos aos vídeos!

92
CAPÍTULO 2
Tecnologia da produção de papel

Introdução
A produção de papel é uma das práticas mais antigas da humanidade. Quando
foi inventado, era produzido a partir de fibras de algodão extraídas de roupas
velhas, panos e trapos. Com o passar do tempo, o processo foi sendo melhorado
e o papel começou a ser feito a partir das fibras de celulose extraídas da madeira,
após passar por vários processos industriais (Figura 16). Dessa forma, celulose
e papel são assuntos correlatos e devem ser tratados juntamente.

Figura 16. Esquema simplificado do processo inicial de produção de papel.

Exploração Descascamento Picagem Classificação

Branqueamento Depuração e Polpação


lavagem

Lavagem Refino Fabricação do papel

Fonte: adaptado de Klock et al. (1998).

De acordo com Klock e colaboradores (1998), o termo “papel” é dado a uma


folha formada, seca e acabada, de uma suspensão de fibras vegetais, as quais
foram desintegradas, refinadas e depuradas e tiveram ou não a adição de outros
ingredientes, para dar ao produto final as características de utilização. Hoje, as
indústrias de papel apresentam tecnologia de ponta para otimizar a produção,
o custo e o tempo, assim como para atender às exigências do mercado.

O setor nacional de celulose e papel


Desde os anos de 1970, o setor de celulose e papel tem mostrado grande
desenvolvimento e importância no agronegócio no Brasil, e vem impactando cada
vez mais na economia brasileira. Atualmente, em relação à produção mundial,
o país consolida-se na segunda posição da produção de celulose e na oitava

93
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

da produção de papel (IBÁ, 2019). Em 2014, a partir da produção de celulose


e papel, o Brasil obteve R$ 13,5 bilhões e R$ 18 bilhões, respectivamente, de
receita líquida de vendas (RVL) (FIEP, 2016). Segundo a mesma fonte, do total
de papel produzido (10,36 milhões de toneladas), 6,1 milhões de toneladas
foram destinados para embalagens, 2,4 milhões para impressão e escrita, 1,1
milhão para fins residenciais e sanitários, 0,98 milhão para papel imprensa e
0,491 milhão para outros tipos de papéis.

Alguns fatores colocam o Brasil dentre os maiores competidores do cenário


mundial de produção de celulose e papel. Destes, podem ser citados: alta
produtividade florestal, custo da madeira, fábricas modernas, baixos custos
operacionais e de produção, patrimônio verde e sustentabilidade comprovada,
disponibilidade de terras, qualidade dos produtos, logística e especialização em
produtos comoditizados (CGEE, 2015)

Matérias-primas fibrosas
As matérias-primas fibrosas utilizadas na produção de papel podem ser os
elementos celulares dos vegetais, traqueoides de coníferas, fibras libriformes
e fibrotraqueoides de folhosas que se entrelaçam formando uma rede na folha
de papel e lhe conferem a maioria de suas propriedades (KLOCK et al., 1998).
A utilização das fibras vegetais se dá não só por terem um custo relativamente
baixo e serem abundantes, mas também por apresentarem propriedades
propícias para a produção de papel, como a capacidade de absorver água, a
flexibilidade e a capacidade de formar redes resistentes.

Existe uma relação entre a qualidade da matéria-prima e as propriedades finais


do papel, assim, sua escolha é de suma importância no processo produtivo. Um
dos principais requisitos para a espécie que será processada é ser fibrosa, mas
também é importante que seja disponível durante todo o ano, de exploração
econômica, facilmente renovável, tenha bom rendimento, custos de produção
acessíveis, dentre outros (KLOCK et al., 1998). Ainda, as características da
celulose produzida irão variar de acordo com o tipo de madeira utilizada:
coníferas (caracterizada por fibras longas) ou folhosas (fibras curtas). A celulose
proveniente de coníferas mostra uma maior resistência ao rasgo, e aquela
proveniente de folhosas, uma alta resistência à tração e ao estouro e um maior
rendimento em celulose (KLOCK et al., 1998). Dito isso, algumas espécies dos
gêneros e Pinus e Eucalyptus são as mais utilizadas comercialmente para
produzir papel, como Pinus elliottii var. elliottii, P. taeda, e P. caribáea

94
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

(coníferas) e Eucalyptus grandis, E. saligna, E. urophylla, E. robusta


(folhosas). Outras informações sobre a influência das propriedades físicas e
químicas da madeira para produção de celulose podem ser encontradas em
mais detalhes no trabalho de Silva e colaboradores (2013).

Processos de polpação da madeira e


processamento da pasta celulósica
Antes da madeira ser submetida à polpação, ela deve passar por uma série de
processos com a finalidade de reduzir impurezas (descascamento), otimizar
umidade, uniformizar o tamanho dos cavacos (serragem, picagem) e garantir um
fluxo constante no processo. A polpação, então, tem a finalidade de transformar
a madeira (em forma de toras ou cavacos) em um material desfibrado, e isso
pode ocorrer por meio de processos mecânicos, térmicos, químicos ou pela
combinação destes. As propriedades físicas e mecânicas da pasta celulósica
proveniente de cada processo de desfibramento são bastante diversas, como
será visto a seguir.

» Na polpação mecânica, o desfibramento ocorre por meio de refinadores


de disco que utiliza cilindros ou pedras abrasivas que pressionam a
madeira na forma de tora. A pasta obtida do processo mecânico apresenta
fibras inteiras, fibras quebradas, aglomerados de fibras e, ainda,
elementos não fibrosos aglomerados. Dessa forma, este é classificado
como de alto rendimento (90-95%) (FOELKEL; BARRICHELO, 1975).

» O processo mecânico pode ser também precedido por um tratamento


térmico (temperaturas de até 130º) para amolecer a madeira e diminuir
a força mecânica necessária para desfibramento. A pasta celulósica
obtida dos processos mecânicos tem característica amarronzada (por
preservação da lignina e demais componentes da madeira), então é
mais utilizada para produção de papel de jornal e outros papéis que
não exigem altas qualidades.

» Há também o processo químico-mecânico em que a madeira é


amolecida numa solução de NaOH diluída e posteriormente desfibrada
nos refinadores de disco (KLOCK et al., 1998). A energia mecânica
também é reduzida, uma vez que a solução química rompe algumas
forças adesivas intercelulares e a polpa proveniente tem uma maior
quantidade de fibras unitárias em relação ao processo mecânico.

95
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

» Pode-se realizar também o processo químico-termo-mecânico, que é


uma junção dos três métodos discutidos.

Para obtenção de pastas celulósicas com propriedades físicas e mecânicas


otimizadas, faz-se o uso de processos semiquímicos e químicos em digestores,
com altas temperaturas, seguidos de desfibramento/refino em refinadores de
disco. Dentre estes, os de maior importância industrial envolvem:

» Polpação kraft (NaOH e Na2S).

» Polpação soda (NaOH).

» Polpação sulfito (Sulfito Ácido: pH 1-2 H2SO3 e HSO3- e Bisulfito: pH 3-5


HSO3-).

Em razão de ser o tratamento mais utilizado, apenas o kraft será abordado aqui.
Porém, informações, metodologias e comparativos entre os demais sistemas
de polpação podem ser facilmente encontrados em trabalhos como o de Klock
e colaboradores (1998), Foelkel e Barrichelo (1975) e Casey (1960). Em todo
caso, o objetivo de qualquer um desses tratamentos químicos é ocasionar a
dissolução química de grande quantidade de lignina e carboidratos, deixando
apenas as fibras e facilitando ainda mais o processo de polpação. Porém, o
rendimento dentes é menor em relação aos processos mecânicos (40-50%)
justamente porque ocorre o processo de “limpeza” das fibras (KLOCK et al.,
1998). As pastas provenientes dos processos químicos apresentam alvura
maior em relação aos processos mecânicos, porém ainda assim têm coloração
amarronzada ou amarelada devido aos resquícios de lignina e extrativos.

Processo kraft

O processo kraft é o mais importante processo alcalino de polpação e tem


como agente principal do licor de cozimento (ou licor branco), o NaOH, e o
Na 2S como agente ativo deslignificante. Corresponde a 97,3% da produção
nacional de pasta química produzida, sendo também o processo dominante no
mundo (FOELKEL; BARRICHELO, 1975). Sua denominação se dá pela elevada
resistência e qualidade da pasta celulósica que pode ser utilizada na forma
branqueada (papéis de primeira para embalagens, impressão, envelopes etc.) e
não branqueada (papéis para embalagens, papelão e cartões para embalagens
e revestimentos) (KLOCK et al., 1998). A seguir são apresentadas as etapas do
processo kraft para a obtenção da pasta celulósica.

96
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

» A primeira etapa consiste na impregnação dos cavacos, dentro do


digestor, com o licor de cozimento a baixas temperaturas. Aqui ocorre
a penetração e a difusão do licor na madeira e a eficiência dessas ações
é importante para garantir o sucesso do processo. Porém, algumas
características anatômicas e químicas da madeira podem interferir na
impregnação (como suas dimensões, densidades e teores de extrativos
e resinas), então isso deve ser avaliado previamente. Nesta etapa, uma
pequena parcela de lignina já começa a ser degradada.

» A segunda etapa inicia-se com o aumento da temperatura no


digestor até atingir a temperatura de deslignificação principal da
lignina (135-165ºC) e, assim, já são removidas cerca de 25% da
massa seca da madeira (HÄGGLUND, 1951).

» A terceira etapa do processo kraft corresponde ao cozimento em


temperatura máxima e é quando ocorre a deslignificação principal
da lignina. Aqui, ocorre a remoção de 40 a 65% da lignina por meio
de reações químicas entre íons ativos e componentes da madeira e há
difusão dos produtos das reações para o exterior dos cavacos e para o
licor de cozimento (HÄGGLUND, 1951).

» Na quarta e última etapa do cozimento kraft, ocorre a deslignificação


residual. Essa etapa é importante para promover a degradação da
lignina restante e permitir que a individualização das fibras ocorra
mais facilmente, principalmente para os cavacos que não foram
impregnados suficientemente na primeira fase.

Importante ressaltar que a retirada dos constituintes dissolvidos por meio


dos íons ativos é feita a partir da troca dos licores no interior dos cavacos.
A duração do cozimento kraft pode ser de 2 a 4 horas, dependendo do teor
de lignina da madeira e tanto a polpa quanto o licor negro (licor branco +
substâncias dissolvidas + químicos utilizados) são expelidos do digestor no
final do cozimento.

Processamento e branqueamento da pasta


celulósica

A pasta celulósica proveniente dos processos de desfibramento (mecânicos


ou químicos) passa por um processo de lavagem, em tanques e centrífugas,
e peneiramento, de modo que são retirados pedaços de cavacos que não se
desfibraram e demais impurezas indesejáveis (como a lignina dissolvida

97
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

dos processos químicos), e posteriormente é desaguada e seca. Após isso, a


pasta já está pronta para produção de papel na própria fábrica, caso esta seja
integrada, ou para ser comercializada. Porém, com o objetivo de aumentar suas
propriedades, como alvura e pureza química, normalmente as pastas ainda
passam pelo processo de branqueamento.

O branqueamento ocorre por tratamento físico-químico, atacando e removendo


a lignina residual e demais moléculas causadoras da cor escura. Dessa forma,
os processos de branqueamento são distintos em relação à pasta mecânica e à
pasta química, já que contêm teores de lignina diferentes. Os valores de alvura
da celulose são obtidos pela reflexão de um comprimento de onda de 457 nm
(azul) e tem como referência uma superfície padrão branca (placas de óxido de
magnésio). Assim, as pastas mais claras irão refletir a luz com mais intensidade,
indicando maior alvura, enquanto as mais escuras vão absorver essa energia. O
procedimento padrão de branqueamento inicia-se com a adição de alvejantes
e termina com a remoção dos produtos de reação e pode ser dividido em três
estágios:

» Cloração ácida (Cl2) que visa degradar a lignina, transformando-a em


cloroligno compostos solúveis.

» Extração alcalina (NaOH) que faz a remoção de parte dos cloroligno


compostos insolúveis em água, mas solúveis em solução alcalina quente.

» Branqueamento com hipoclorito de sódio (NaClO) que promove a


oxidação dos compostos não celulósicos restantes (KLOCK et al.,
1998).

Porém, o impacto ambiental ocasionado pelo uso do cloro nos sistemas de


branqueamento (geração de efluentes tóxicos) fez com que ele fosse substituído,
ao longo dos anos, por outros agentes branqueadores. A respeito disso, tem-se:

» Processo livre de cloro elementar (ECF – Elemental Chlorine Free), que


utiliza o dióxido de cloro (ClO2).

» Processo totalmente livre de cloro (TCF – Total Chlorine Free), que


utiliza o ozônio e o peróxido de hidrogênio.

Ressalta-se que o processo de branqueamento promove a degradação não só


dos componentes não celulósicos, mas também das fibras, resultando em seu
enfraquecimento (na prática, isso é observado quando uma folha de papel, ao
longo do tempo de uso, torna-se mais fina com a tendência de rasgo maior).

98
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

Dessa forma, deve-se observar as quantidades necessárias no processo para que


se tenha o mínimo de danificação química e mecânica das fibras. Um processo
barato, com bom rendimento e o mínimo de impacto ambiental, é relacionado
aos outros desafios do branqueamento. Ainda, destaca-se aqui também que
todos os processos citados de polpação e de branqueamento geram poluentes
de diversos tipos e em todas as etapas de produção. Para informações acerca
desse assunto, assim como os métodos e processos utilizados para diminuição
e contenção desses poluentes, podem ser acessados os trabalhos de Bender e
colaboradores (2019), Rodrigues (2018) e Barros e Nozaki (2002).

Processo de produção de papel


O princípio básico da produção de papel consiste na tendência de as fibras
celulósicas unirem e, assim, permanecerem após a secagem. Dessa forma,
embora seja um processo mecânico, alguns aspectos químicos e físicos são
importantes para garantir boas propriedades finais ao papel. O processo de
produção das folhas de papel passa por uma série de etapas para preparação
da pasta celulósica, seja ela branqueada ou não e estas podem ser divididas em
seções de produção (Figura 17).

Figura 17. Esquema simplificado da indústria de papel.

Parte úmida Parte seca

Seção de Seção de Seção de Seção de Seção de


formação prensagem secagem acabamento enroladeira

Seção de armazenamento e Seção de acabamento Seção de


transporte e embalagem rebobinamento

Fonte: adaptado de Klock et al. (1998).

Como a pasta celulósica pode chegar ao sistema de produção em vários


formatos (como fardos, rolos, blocos etc.), a primeira etapa é denominada de
desagregação, pois ocorre a separação das fibras suspensas. Esse processo se dá
por meio de tanques desagregadores cheios de água onde a mistura é submetida
à rotação mecânica, denominado de hidrapulper (celulose + água). Algumas
partículas podem não se fragmentar nessa etapa, então há a necessidade de
uso do despastilhador, que consiste em um rotor e estator que opera em altas
velocidades, em sistemas de discos com facas, por exemplo.

99
UNIDADE IV │ ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL

A segunda etapa de preparação consiste no refino da massa. Trata-se de um


processo mecânico em que, por atrito dentro dos refinadores, ocorre uma
modificação na estrutura superficial das fibras (por fibrilação e arrancamento
das camadas S 2 e S 3 da parede celular), ocasionando a exposição dos grupos
hidroxilas. Essa etapa é de suma importância, pois garante maior hidratação
das fibras e isso aumenta sua flexibilidade, o que promove melhores forças de
ligação no papel (maior entrelaçamento) (KLOCK et al., 1998). Ainda, o refino
gera uma folha de papel mais resistente, menos porosa e mais transparente em
relação à folha não refinada. Na terceira etapa ocorre a depuração ou limpeza
da pasta. São retiradas impurezas como as partículas de materiais estranhos
inseridos durante o processo de fabricação pelos equipamentos, por exemplo.
A depuração pode ser feita por meio de maquinário de peneiramento e
limpadores centrífugos. A quarta etapa consiste na colagem do papel,
necessária para promover maior resistência à penetração de água e demais
líquidos. Há dois tipos de colagem: interna e externa.

Na colagem interna, os produtos químicos, como breu, silicones e polietilenos,


são adicionados à pasta durante a preparação (cargas como caolim também
podem ser aplicadas para melhorar ainda mais as propriedades do papel).
Já na colagem superficial, ocorre a aplicação de suspensão de substâncias
formadoras de película (como amidos modificados e gomas) na superfície das
folhas já formadas ou em fase de acabamento. Há um controle da porosidade
e melhoria nas propriedades físico-mecânicas das folhas que passam pelo
processo de colagem. Porém, ressalta-se que essa etapa é específica para
papéis de uso em escritório, embalagens etc., visto que papéis de uso sanitário,
papel toalha, guardanapos, dentre outros, necessitam ter maior absorção, e,
então, não são colados.

São adicionados, ainda, pigmentos e corantes ao papel que vão variar de


acordo com sua finalidade. Essa etapa tem como caraterística principal
dar importância funcional e econômica aos papéis produzidos. Além de
dar coloração variada, os corantes também podem ser adicionados com a
finalidade de melhorar a brancura de papéis brancos. Posteriormente, ocorre
a formação da folha em sistema contínuo na máquina formadora. Deve-se ter
o controle exato do volume que será alimentado constantemente no sistema
para não haver variação na gramatura final do papel. O processo ocorre
em duas etapas: primeiramente, a separação das fases fibrosas e líquida
se dá por meio de telas formadoras com a ação da gravidade, de vácuo
ou prensagem. Posteriormente, as folhas passam por secadores cilíndricos
aquecidos por vapor, para retirada da umidade final, e, por fim, passam

100
ENERGIA E PRODUÇÃO DE PAPEL │ UNIDADE IV

pelo processo de calandragem, em que, com atuação de pressão, ocorre


a compactação da superfície do papel para uniformizar sua espessura e
melhorar suas propriedades, como suavidade e brilho. O papel recém-saído
do sistema de produção é bobinado para formação de grandes rolos (rolo
jumbo), que, posteriormente, passarão pelas máquinas cortadeiras para
normatização dos tamanhos comerciais. Ocorre então o empacotamento, o
armazenamento e o transporte para os pontos de venda. Em empresas com
sistema integrado, todo o processo de produção ocorre de forma contínua,
desde a chegada das toras de madeira até o armazenamento.

O site da empresa Voith tem um tour virtual por uma fábrica de papel,
e descreve cada processo e seção envolvidos na produção do papel.
Confira no link: http://www.voith.com/br/produtos-e-servicos/
tecnologia-de-fabricacao-de-papel-390.html.

O site da empresa Samech traz uma reportagem sobre a evolução da


tecnologia para a indústria de papel; vale a pena conferi-la! Link: https://www.
samechvedacoes.com.br/a-evolucao-da-tecnologia-para-a-industria-de-papel/.

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