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Logística Hospitalar e Estabilidade de

Produtos Farmacêuticos

Brasília-DF.
Elaboração

Hevelyn Regina da Silva Lima

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

Apresentação.................................................................................................................................. 4
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa..................................................................... 5
Introdução.................................................................................................................................... 7
Unidade I
LOGÍSTICA HOSPITALAR........................................................................................................................... 9

Capítulo 1
Noções gerais...................................................................................................................... 9

Capítulo 2
Planejamento e controle................................................................................................. 14

Capítulo 3
Administração aplicada à farmácia hospitalar............................................................. 20

Capítulo 4
Logística hospitalar e gerenciamento............................................................................ 28

Capítulo 5
Armazenagem e estoque.................................................................................................... 33

Capítulo 6
Dispensação........................................................................................................................ 42

Capítulo 7
Compras.............................................................................................................................. 47

Capítulo 8
Rastreabilidade.................................................................................................................... 59

Unidade ii
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS...................................................................................... 65

Capítulo 1
Estabilidade de medicamentos........................................................................................... 65

Capítulo 2
Estabilidade e dispensação................................................................................................ 74

Capítulo 3
RDC nº 53 de 2015............................................................................................................... 81

Para (não) finalizar...................................................................................................................... 85

Referências................................................................................................................................... 88
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
Logística hospitalar, assim como todo o setor de saúde em geral, requer medidas
específicas e veementemente atenciosas para que possa ser utilizada de maneira correta
e com a qualidade que lhe é requerida.

Os erros cometidos por qualquer leve infração ou desatenção pode levar à morte de
outrem, logo, não é um setor comum das indústrias em geral, pois envolve uma ética
na qual o ser humano e as questões de interesse público, bem como midiáticos, estão
sumamente envolvidos.

Trataremos inicialmente de algumas questões voltadas para um breve histórico da


farmácia hospitalar, bem como veremos a sequência alguns objetivos a farmácia e as
funções à ela incumbida.

Sobre o planejamento e o controle, nos voltaremos de algumas questões relacionadas


ao gerenciamento de recursos materiais e sistemas de distribuição de medicamentos.

Administração aplicada a farmácia e a necessidade do planejamento também não serão


desconsideradas, uma vez que a gestão correta da farmácia hospitalar é de fundamental
importância para o controle por meio de medidas de ações que visam prevenir a
ocorrência de erros.

Temáticas voltadas para armazenagem e estoque, por meio de avaliações como a previsão
de estoque, as curvas ABC e de mais conceituações aplicadas à farmácia hospitalar,
também serão levadas em consideração. O que inclui compras e todas suas nuances,
como processo de compra, compras eletrônicas, avaliação financeira e econômica,
rastreabilidade de medicamentos e suas abordagens tecnológicas.

Na segunda unidade, voltaremos para a estabilidade de medicamentos, em que


trabalharemos temas como os tipos de estabilidade; classificações segundo o Formulário
Nacional da Farmacopeia Brasileira e algumas referências levantadas; estabilização
de fármacos; estabilidade e dispensação de medicamentos. E por fim, um pouco mais
sobre a RDC nº 53, de 2015.

Deste modo, sugerimos que não sejam negligenciadas as leituras complementares e o


bom senso da busca em caráter proativo no que rege às leituras de modo independente,
porém, baseadas nos conteúdos aqui relacionados. Para um material denso que envolve
diversas áreas do conhecimento, faz-se necessária essa dedicação. Veja também com
atenção o item “Para (não) finalizar” ao final deste material; ali também há diversos
temas e figuras fundamentais, que também são importantíssimos para as ciências
sociais, não contemplados que poderão ser úteis para futuros estudos.

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Objetivos
»» Estudar do que se trata a logística hospitalar e suas abrangências.

»» Verificar a importância do planejamento e o controle no gerenciamento e


manipulação de fármacos.

»» Conhecer ferramentas que levam a uma correta armazenagem e estocagem


de medicamentos, visando a prevenção de erros.

»» Analisar questões voltadas para a dispensação de medicamentos e


estabilidade em geral de produtos farmacêuticos.

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LOGÍSTICA Unidade I
HOSPITALAR

Capítulo 1
Noções gerais

Concepções iniciais
De acordo com Gomes e Reis (2003, p.275) a “evolução histórica da farmácia hospitalar
no Brasil está vinculada à estruturação do complexo médico industrial”. Temos que, no
início do século XX, o farmacêutico já era visto como referência na área de saúde que se
volta para a medicação, sendo que nesta época, o farmacêutico já era o gerenciador dos
medicamentos hospitalares (GOMES; REIS, 2003).

A expansão da indústria farmacêutica, o abandono da prática de formulação


pela classe médica e a diversificação do campo de atuação do profissional
farmacêutico levaram-no a se distanciar da área de medicamentos
descaracterizando a farmácia. (GOMES; REIS, 2003, 276).

Ainda segundo os autores, entre os anos de 1920 e 1950 houve um forte crescimento da
“descaracterização das funções do farmacêutico e as farmácias hospitalares” as quais
se converteram em “um canal de distribuição de medicamentos produzidos pela
indústria (GOMES; REIS, 2003, p.276, grifo nosso).

Desde 1950 evidenciou-se uma fase de desenvolvimento da farmácia


hospitalar, com grande enfoque na questão da fabricação de
medicamentos. Os serviços de farmácia de maior destaque nesse
período são os das Santas Casas de Misericórdia e do Hospital das
Clínicas em São Paulo. É relevante destacar o professor José Sylvio
Cimino como um dos baluartes da farmácia hospitalar brasileira, cujo
trabalho contribuiu efetivamente para o desenvolvimento da assistência
farmacêutica hospitalar (GOMES; REIS, 2003, p. 276).

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UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Segundo os autores, em 1975 foi introduzido no currículo de curso de farmácia a


disciplina de farmácia hospitalar pela Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG de
forma pioneira. “A Professora Zildete Pereira de Souza desenvolveu excelente trabalho
em prol do ensino da farmácia hospitalar, atuando como professora da Faculdade de
Farmácia UFGM” (GOMES; REIS, 2003, p.276). Segundo esses autores, a professora
Zildete Pereira de Souza participou ativamente do grupo da consultoria com sua
experiência de gestora do Serviço de Farmácia Hospital das Clínicas da UFMG.

Com isto, o ensino de farmácia hospitalar foi se tornando uma realidade na graduação
no curso de farmácia em diversas universidades.

Vejamos um breve histórico de acordo com Gomes e Reis (2003, p. 276):

»» No ano de 1980, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, foram


implantados os cursos de pós-graduação em Farmácia Hospitalar, que
teve como forte representante o professor Leví Gomes Ferreira.

»» No ano de 1982, os incentivos dos programas de desenvolvimento nessa


área foram feitos pelo Ministério da Educação e Cultura a fim de formar
profissionais que atuem no setor.

»» No ano de 1985, o Ministério da Saúde, que estava preocupado com o


problema de infecção hospitalar, incentivou a restruturação de farmácias
hospitalares por meio de cursos de especialização, que se estendeu até
meados de 1990.

No conceito de Farmácia Hospitalar, observamos uma evolução verificando as definições


de vários autores. Onde uma análise dos conceitos permite identificar visões diferentes.
Segundo os autores, na visão industrial o farmacêutico hospitalar o responsável pela
produção artesanal como é evidenciado na definição de Nogueira (1961).

Então, sobre a Farmácia Hospitalar, segundo nos informam Gomes e Reis (2003, p. 277):

»» Em 1961, para Nogueira, a serviço de farmácia hospitalar em suas atividades


constitui em um de seus departamentos um papel importantíssimo em
que adquiriu uma atividade especial em virtude do fator de cooperação
no equilíbrio do orçamento hospitalar contribuindo para a diminuição do
custo leito-dia. Na abordagem do professor José Sylvio Cimino, a farmácia
hospitalar em sua visão não ficava restrita a produção de medicamentos,
mas sim, a atender as necessidades assistencial dos hospitais em relação
aos medicamentos e outros produtos farmacêuticos.

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LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

»» Em 1980, a farmácia hospitalar evoluiu para uma fase moderna em que


a farmácia hospitalar não ficava restrita somente aos aspectos técnico-
científicos ligado a medicamento, mas também se responsabilizou pelo
gerenciamento, redução de custos e a racionalização do trabalho e a
garantia no uso adequado dos medicamentos.

Com isto, a “farmácia hospitalar é um órgão de abrangência assistencial técnico-


científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à produção, ao
armazenamento”, bem como:

Ao controle, à dispensação e a distribuição de medicamentos e correlatos


as unidades hospitalares, bem como a orientação de pacientes internos
ambulatoriais visando sempre a eficácia da terapêutica, além da redução
de custos, voltando-se, também, para o ensino e a pesquisa propiciando
um vasto campo de aprimoramento profissional (PÔRTO; SANTOS,
1985, apud GOMES; REIS, 2003, p. 277).

Segundo os autores, os objetivos da farmácia hospitalar são:

Quadro 1. Objetivos da farmácia hospitalar.

Em conjunto com a Comissão da Farmácia Terapêutica ou similar, desenvolver a seleção de medicamentos necessários ao perfil
assistencial do hospital.
Contribuir para qualidade da assistência prestada ao paciente, promovendo uso seguro e racional de medicamentos e correlatos.
Estabelecer um sistema eficaz, eficiente e seguro de distribuição de medicamentos.
Implantar um sistema apropriado de gestão de estoques.
Fornecer subsídios para avaliação de custos com a assistência farmacêutica e para elaboração de orçamentos.
Proporcionar suporte para as unidades de produção de propedêutica e terapêutica.

Fonte: Gomes e Reis (2003, p. 277).

Como vimos no quadro anterior, para que a farmácia hospitalar possa atingir seus
objetivos, deve contar com um sistema eficiente de informações. O planejamento e
gerenciamento adequado de serviço é essencial para dispor de um sistema de controle
de manipular corretamente os fatores de risco.

Quadro 2. Funções da Farmácia Hospitalar.

Seleção de
Germicidas e correlatos necessários ao hospital.
medicamentos
Aquisição A conservação e controle dos medicamentos selecionados.
Manipulação A produção de medicamentos germicidas.
Estabelecimento O uso de um sistema de distribuição de medicamentos racional.
Implantação Sistema útil de informação sobre os medicamentos para otimizar a prescrição e orientação ao paciente.

Fonte: adaptado de Gomes e Reis (2000, p.278).

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UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

No quadro as funções acima são prioritárias da farmácia hospitalar e conta ainda com
atribuições estabelecidas pelo Conselho Regional Federal de Farmácia por meio da
Resolução no 308, de 1997.

A farmácia hospitalar deve desenvolver e executar algumas dessas atividades, tais como
as que seguem:

»» Distribuir entre as unidades de internação e as Unidades de Apoio


Propedêutico os medicamentos por dose unitária.

»» Manter a central de abastecimento farmacêutico e executar as atribuições


inerentes ao controle físico e contábil.

»» Elaborar pedidos de compra de medicamentos.

»» Controlar de acordo com legislação vigente o uso de medicamentos que


podem causar dependência física ou psíquica.

»» Participar da Comissão de Farmácia e Terapêutica e de Controle de


Infecção Hospitalar.

»» Estruturação de programas de Farmacovigilância.

»» Elaboração de protocolos fármaco-terapâuticos e avaliações fármaco-


econômicas.

»» Desenvolvimento de atividades de farmácia clínica e atenção farmacêutica.

A área física e a localização da farmácia hospitalar se definem nas normas por projetos
físicos de estabelecimentos em que é definido pelo Ministério da Saúde, a localização da
farmácia hospitalar deve seguir critérios que definem o bom funcionamento.

Devem-se observar os seguintes aspectos:

»» Facilidade de circulação e reabastecimento.

»» Equidistância das unidades usuárias e consumidoras.

»» Certo grau de isolamento devidos a ruídos, quando houver produção


industrial ou semi-industrial de odores e poluição.

»» Critérios técnicos e administrativos empregados.

A farmácia hospitalar necessita estar em um local de fácil acesso para a provisão dos
serviços prestados e deve conter um serviço de transporte e de comunicação. A Sociedade

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LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Brasileira de Farmácia Hospitalar em Serviço de Saúde – SBRAFH recomenda para


o funcionamento de uma unidade da farmácia hospitalar os seguintes ambientes no
mínimo: “área de administração, área para armazenamento e área para dispensação e
orientação farmacêutica” (GOMES; REIS, 2003).

Segundo o autor, havendo outro tipo de atividades, deverão haver outros tipos de
ambientes específicos no caso de: manipulação de nutrição parental, manipulação,
fracionamento e reconstituição de citostáticos e misturas endovenosas, manipulação
de rádio fármacos entre outras.

Atividades da farmácia hospitalar brasileira para com pacientes


hospitalizados: uma revisão da literatura. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000400019&lng=pt&nr
m=iso>.

Avaliação dos serviços de farmácia dos hospitais estaduais do Rio de


Janeiro, Brasil. Disponível em: <http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1413-81232013002000017>.

Assistência farmacêutica integrada ao processo de cuidado em saúde:


gestão clínica do medicamento. Disponível em: <http://scielo.iec.pa.gov.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-62232011000300006>.

Futuro da Farmácia é tema de simpósio na Unama. Disponível em: <http://


www.cff.org.br/noticia.php?id=3641>.

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Capítulo 2
Planejamento e controle

O planejamento é indispensável para a gestão da farmácia hospitalar. O processo do


planejamento é de estabelecer as linhas de ação adequadas.

O controle por meio dele se encarrega de assegurar com êxito os planos elaborados,
pelo meio de acompanhamento e realização das metas estabelecidas, assim, torna-se
possível descobrir desvios para que as alterações necessárias possam ser executadas.

Ao assumir a direção de um serviço de farmácia o profissional devera


avaliar, cuidadosamente, a estrutura do serviço e levantar dados
suficientes para subsidiar um diagnóstico. Em seguida, estabelecer
metas para curto prazo e longos prazos, elaborados com base no
diagnostico administrativo da farmácia, nas características da
assistência prestada e, principalmente, nas necessidades e condições
da instituição. (GOMES, REIS, 2003 p,. 281).

Recursos humanos

Figura 1. Recursos humanos na farmácia hospitalar.

Fonte: disponível em: <http://cde.gestion2.e3.pe/ima/0/0/0/6/7/67305.jpg>. Acesso em 20 jan. 2017.

A farmácia hospitalar deverá ser administrada por um profissional farmacêutico com


experiência e qualificação. Este profissional deverá interagir e relacionar-se com os
demais serviços assistenciais e administrativos da instituição.

A instituição deve dispor de uma equipe qualificada com farmacêuticos qualificados


e competentes, os demais profissionais devem ter sua formação compatível com a

14
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

complexidade das funções, sendo assim, o perfil dos profissionais deve ser de avaliação
do farmacêutico respeitando a política da instituição.

Os funcionários devem passar por treinamentos e reciclagem e educação continuada


para se manter atualizados. Estabelecer parcerias com o setor de Recursos Humanos do
hospital, contribui para a melhoria dos programas de educação continuada.

A SBRAFH preconiza que a unidade de farmácia hospitalar deve contar


com, no mínimo, um farmacêutico para cada 50 leitos. O número de
auxiliares de farmácia dependera da disponibilidade de recursos e
grau de informatização da unidade. Na ausência destes recursos, deve
existir, no mínimo, um auxiliar para cada dez leitos. (GOMES; REIS,
2003, p. 282).

Na farmácia hospitalar o farmacêutico é um prestador de serviços clínicos, analíticos


e tecnológicos aos indivíduos e à instituição. A utilização adequada com análise de
custo e efetividade dos recursos deve ser base de trabalho do farmacêutico, no qual se é
necessária habilidade de avaliar e sintetizar a estratégia mais eficaz.

O farmacêutico necessita de habilidades como capacidade de comunicação, liderança,


habilidade gerencial, aperfeiçoamento pessoal e a capacidade de ensinar. Na vida
profissional, o farmacêutico necessita transmitir conhecimento e técnica para
desenvolver suas atividades de liderança, o seu conhecimento profissional com o avanço
tecnológico e a produção técnico científica.

Os níveis de autoridade e as áreas de responsabilidades devem ser


claros; a supervisão e o controle do pessoal devem ser desenvolvidos
adequadamente. As atribuições de cada categoria profissional devem
estar bem estabelecidas e deverão ser revisadas quando necessária. É
importante o serviço dispor de manual contendo essas atribuições para
conhecimento e consulta de todos os funcionários. (GOMES; REIS,
2003, p. 283).

Segundo Gomes e Reis, a comunicação é muito importante no ambiente de trabalho,


portanto, deve-se estabelecer mecanismos facilitadores como livros de ocorrência;
quadro de avisos, boletins entre outros.

Atividades da farmácia hospitalar brasileira para com pacientes


hospitalizados: uma revisão da literatura. Disponível em: <http://www.scielo.
br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-81232007000400019&lng=pt&nr
m=iso>.

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UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Gerenciamento de recursos materiais


Na dinâmica da farmácia hospitalar, a gestão dos recursos de materiais deve ser
executada pela seção administrativa e supervisionada pelo farmacêutico, para a
administração de estoques de medicamentos para garantir as condições ideais, estoque
de medicamentos padronizados. Relatórios mensal devem ser emitidos pela seção
administrativa contendo as informações de gastos com medicamentos, contendo os
valores financeiros do estoque e valores de aquisições e outros indicadores. O horário
integral de funcionamento da farmácia é o ideal para um atendimento de excelência
(GOMES; REIS, 2003).

Sistema de distribuição de medicamentos


Segundo Gomes e Reis, a farmácia deve ser responsável pela aquisição e distribuição
dos todos os medicamentos usados no hospital.

A definição de normas e procedimentos relacionados ao sistema de


distribuição deve ser realizada com participação de representantes
da equipe de enfermagem, dos médicos e da comissão de farmácia e
terapêutica. É essencial que o farmacêutico supervisor conheça a realidade
das unidades de internação, e mantenha um bom relacionamento com
a equipe de saúde e forneça informações necessárias para garantir o uso
adequado dos medicamentos (GOMES; REIS, 2003, p. 284).

Conforme Santos (2006), a farmácia hospitalar faz uma interface com vários setores
do hospital. Com isto, acontece a correlação por questões administrativas e técnicas, o
farmacêutico hospitalar deve estar preparado para esse relacionamento com as demais
áreas.

Cada um desses departamentos tem, com a farmácia hospitalar, vários


graus de relacionamento e, em alguns casos, interdependência.

Para que possa cumprir com as atribuições pertinentes e manter o


estreitamento possível entre áreas envolvidas, a farmácia hospitalar,
por intermédio do farmacêutico e de toda a sua equipe, precisa se pautar
entre três quesitos (SANTOS, 2006, p. 163).

»» Conhecimento, por meio de qualidade e precisão das informações.

»» Eficiência nos serviços.

»» Bom relacionamento interpessoal.

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LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

O farmacêutico hospitalar interage com outros departamentos no hospital, como: corpo


clínico medico, enfermagem e administração superior. O relacionamento com o corpo
cínico e com a enfermagem está intimamente ligada ao paciente e ao restabelecimento
da sua saúde.

A farmácia é responsável pelo fornecimento de informações adequadas


sobre medicamentos para a equipe de saúde. Para tal, os farmacêuticos
devem manter-se atualizados por meio de literatura, visitas técnicas,
participação em grupos de estudos e em grandes eventos científicos.
(GOMES; REIS, 2003, p. 285).

Conforme Santos (2006), o farmacêutico precisa se amparar e manter informado em


referências como livros, boletins, publicações, mementos etc. “pois toda e qualquer
informação prestada deve sempre ser legitimada” (SANTOS, 2006).

A bibliografia básica para farmácia hospitalar geralmente indicada, deve abordar os


seguintes temas:

»» Farmacopeia brasileira.

»» Farmacologia clínica.

»» Dicionário de terminologia médica.

»» Dicionário de especialidades farmacêuticas.

»» Interações medicamentosas.

»» Manual de antibióticos.

»» Manual de terapêutica médica.

»» Manual sobre infecção hospitalar.

»» Guia de estabilidade de injetáveis.

»» Legislação farmacêutica (código sanitário, principais publicações).

»» Relação nacional de medicamentos essenciais (Rename).

Para Santos (2006), o profissional farmacêutico em seu relacionamento com a


administração superior deve incorporar a filosofia da empresa, conhecendo seus valores,
seus objetivos, sua missão, todos os seus propósitos para alinhar-se com a instituição.
É importante que o profissional se envolva em conhecer a parte administrativa e suas
questões econômicas e administrativas como:

17
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» A situação econômica da empresa-resultados apurados (despesas e


receitas).

»» Custos hospitalares.

»» Taxa de ocupação e demais indicadores hospitalares.

»» Pesquisa de satisfação do público.

»» Sinistralidade (no caso de hospitais de convênio).

O farmacêutico hospitalar necessita estar apto para poder administrar e controlar de


forma organizada o insumo mais importante que é o medicamento. Com isso para que
ele possa promover o uso racional de medicamentos.

Otimização da terapia medicamentosa

Para o uso racional de medicamentos, o serviço da farmácia tem participação importante


na elaboração de uma política de uso racional em que consiste obter um efeito
terapêutico e adequado. A comissão de farmácia e terapêutica em conjunto com o apoio
da diretoria clínica do hospital este trabalho deve ser executado para a otimização da
terapia de medicamentosa, que torna muito importante a análise de prescrição medica
e a anamnese farmacológica, a monitorização terapêutica adequada para que o menor
número de fármacos seja utilizado otimizando o tratamento durante o período mais
curto e com o menor custo possível.

Novas perspectivas da farmácia hospitalar

Segundo Gomes e Reis (2003), a complexidade das novas terapias medicamentosas e


as evidências dos resultados das intervenções farmacêuticas reforçam a importância de
uma assistência farmacêutica de qualidade na redução de custos financeiros.

Atualmente, a farmácia hospitalar vem se atualizando com recursos tecnológicos,


implantação de sistemas para que contribua para a qualidade da assistência prestada
ao paciente. Com as novas formas de consolidação em que há hospital dia e internação
a domicílio, o farmacêutico ganha um papel de destaque, especialmente nas terapias
nutricional e antineoplásica.

Com a orientação do uso racional de medicamentos e a aderência de novos tratamentos


e com o aumento do conhecimento na farmacoterapia, é recomendada a presença
da atuação farmacêutica em grupos específicos, como: diabéticos, tuberculosos,
hipertensos, hansenianos, renais crônicos, psiquiátricos e outros.
18
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Webinar: O futuro da farmácia hospitalar no Brasil. Disponível em: <https://


www.youtube.com/watch?v=YJMhpnL4JP4>.

O Farmacêutico do futuro. Revista do Farmacêutico. 2015. Disponível em:


<http://portal.crfsp.org.br/images/stories/revista/rf121/rf121.pdf>.

O assunto é Farmácia Hospitalar. Disponível em: <http://www.cff.org.br/


sistemas/geral/revista/pdf/8/014a023farmhospitalar.pdf>.

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Capítulo 3
Administração aplicada à farmácia
hospitalar

Figura 2. Administração e farmácia.

Fonte: disponível em: <http://fasaude.com.br/images/pos5.jpg>. Acesso em 15 jan. 2017.

De acordo com os autores Gomes e Reis (2003), o desenvolvimento intelectual,


econômico, político e social do ser humano proporcionou uma estruturação adequada
dos grupos, desde o início da civilização se buscava a preservação de grupos. “Assim, a
sociedade se reuniu dando origem às organizações, cujas atividades se voltavam para a
produção de bens e serviços, sendo que a dependência entre pessoas e organizações era
recíproca” (GOMES; REIS, 2003, p. 289).

Os hospitais, com o passar dos anos, evoluíram e foram sendo estruturados desde
pequenos grupos até as grandes estruturas e complexas organizações atuais. Para
que estes grupos de organização tenham seus objetivos alcançados, é necessária uma
organização com grupos para realizar tarefas específicas, incluindo a tecnologia, desde
os pequenos grupos formados para estabelecer a organização do hospital, é necessária
uma administração eficaz.

A necessidade da administração
A administração na farmácia hospitalar é de total importância pois é o ato de administrar
e gerenciar pessoas, pois é imprescindível para as organizações.

A palavra administração é de origem latina e significa “função que se


desenvolve sob o comando do outro, um serviço que se presta ao outro”.
Portanto, a administração é um processo de planejar, organizar, liderar
e controlar os esforços realizados pelos membros da organização e o uso
de todos os recursos organizacionais (materiais, humanos e financeiros)
para alcançar os objetivos estabelecidos. (GOMES; REIS, 2003, p. 290).

20
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

A administração deve ser feita de uma forma estratégica para o gerenciamento


adequado; o gerenciamento é a arte de decidir, agir e pensar na melhor estratégia para
obter os resultados.

Processo administrativo
Para o processo de administração, é necessário um processo em que os administradores,
independentemente de suas habilidades, visem alcançar os objetivos como:

»» Planejamento é a arte de elaborar o plano de um processo de mudança.

»» Organização tem com finalidade de atingir os objetivos.

»» Direção envolve a necessidade de conseguir que os membros da organização


atuem de uma forma a ajudar a atingir os objetivos estabelecidos.

»» Liderança é a influência interpessoal e a arte de comandar pessoas


atraindo e influenciado de forma positiva.

»» A estrutura é o reflexo de como a instituição é dividida, organizada e


coordenada.

»» Os organogramas têm como definição mostrar a hierarquia.

»» A coordenação é a integração das atividades realizadas.

»» Controle se encarrega de assegurar o êxito dos planos elaborados.

Gerenciamento e gestão da farmácia


hospitalar
Segundo os autores Gomes e Reis (2003), o controle de qualidade, ou gerenciamento
de qualidade, vem sendo aplicado de forma crescente na gestão hospitalar. O sistema
de gestão de recursos humanos, gestão orçamento-financeiro, gestão de materiais entre
outros, são de grande importância para a coordenação do hospital.

O gerenciamento da qualidade é uma nova abordagem gerencial por


meio da qual se busca implantar a filosofia da qualidade total, cuja
principal finalidade é a melhoria contínua dos produtos ou serviços, pelo
aprimoramento do trabalho dos diversos membros e de todas as áreas
da organização. A gestão é participativa valorizando o envolvimento, o

21
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

comprometimento das pessoas, a introdução de inovações por sugestões


(GOMES; REIS, 2003, p. 296).

A estrutura da qualidade corresponde algumas características mais estáveis da


assistência médica ou da saúde, nas quais refere-se a estrutura física, recursos humanos,
recursos financeiros, materiais e humanos, a capacitação dos indivíduos que prestam a
assistência e a organização dos serviços prestados. A estrutura prestada mais adequada
resulta na assistência prestada com satisfação de padrões de expectativas a saúde.

O processo abrange todas as atividades desenvolvidas entre os


profissionais de saúde e pacientes. Estas relações proporcionam os
resultados da assistência que fornecem as bases para valorização da
qualidade.

O resultado é o produto final da assistência prestada considerando


satisfação de padrões e de expectativas (GOMS; REIS, 2003, pp. 296-297).

Segundo Gomes e Reis (2003), em 1990, Donabedian estabeleceu os sete pilares da


qualidade da saúde.

Quadro 3. Sete Pilares de Qualidade.

Eficácia A capacidade do cuidado, assumindo sua forma mais perfeita, de contribuir para melhoria das condições de saúde.
Efetividade Melhorias possíveis nas condições da saúde são de fato obtidas.
Eficiência Capacidade de obter a maior melhoria possível nas condições de saúde e menor custo possível.
Otimização A mais favorável relação estre custos e benefícios.
Aceitabilidade À relação médico-paciente, as amenidades, os efeitos e ao custo do cuidado da saúde.
Legitimidade  Aceitabilidade do cuidado da forma que é visto pela comunidade ou a sociedade em geral.
Equidade Igualdade na distribuição do cuidado e dos seus efeitos sobre a saúde

Para Gomes e Reis (2003), algumas farmácias hospitalares adoram o gerenciamento da


qualidade com o objetivo de alcançar não apenas um padrão aceitável de assistência,
mas, também, de atender às expectativas dos trabalhadores, pacientes e membros da
equipe de saúde.

A acreditação visa estimular o desenvolvimento de uma cultura de


melhoria contínua da qualidade de assistência médico-hospitalar e da
proteção da saúde da população. No manual brasileiro de acreditação
hospitalar constam padrões para acreditação de farmácia hospitalar
(GOMES; REIS, 2003, p. 297).

22
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Segundo Gomes e Reis (2003), as organizações de saúde são compostas por subsistemas
que são:

»» Gestão de matérias.

»» Gestão orçamentário-financeira.

»» Gestão recursos humanos e outros.

Para o adequado funcionamento da organização é necessário um bom gerenciamento


das necessidades dos subsistemas e os sistemas externos.

Dentro das concepções de Mintzerb (apud GOMES; REIS, 2003), propõe-se que
qualquer organização pode ser descrita com a seguinte constituição:

»» Núcleo Operacional, produz bens ou serviços;

»» Cúpula Estratégica, centro de decisão;

»» Linha Intermediária, gerentes e supervisores;

»» Tecnoestrutura, responsável pelo planejamento;

»» Assessoria de Apoio, assessoria jurídica e outras.

Conforme Gomes e Reis (2003), as organizações podem serem aplicadas por meio
de configurações, em que suas combinações são típicas de atributos básicos, onde a
interação das forças influenciam a organização. Para o hospital, o componente essencial
é o núcleo operacional, que é constituído dos operadores responsáveis pelo produto
final da organização.

Wilker e Bermudex, 1999, classificou a farmácia hospitalar sob a ótica


das configurações de Mintzberg como uma burocracia mecanizada. O
elemento-chave é a tecnoestrutura e a base do modo de produção é a
padronização dos processos de trabalho. O produto final é elaborado
no núcleo operacional representado pelos operadores responsáveis
pelas ações de aquisição, controle, armazenamento e distribuição de
medicamentos. O produto desejado é uma assistência farmacêutica
adequada de qualidade e custo adequado que satisfaça às necessidades
dos usuários da organização como um todo (GOMES e REIS, 2003, p.
298).

A administração do século XXI é centrada nas pessoas e no fortalecimento das condições


do ser humano empregando os seguintes princípios:

23
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» Centralização da estratégia nas pessoas, são alcançadas por meio da


participação efetivada dos indivíduos na realização do planejamento.

»» Fortalecimento da condição do ser humano, sua viabilização pode ser


efetivada a partir da substituição do treinamento e capacitação.

»» Busca do desenvolvimento e novos talentos; é realizada por meio da


estimulação da criatividade e em função do desenvolvimento pessoal.

»» Fortalecimento das responsabilidades, ambas coletivas ou individuais


são consideradas o caminho para a construção de uma sociedade mais
solidaria (GOMES; REIS, 2003).

O farmacêutico hospitalar deve se empenhar com as possíveis forças para a valorização


e promoção da equipe de trabalho, não visando só apenas à manutenção e disciplina do
ambiente de trabalho, oferecendo condições de progresso pessoal e profissional.

Gestão de compras em farmácia hospitalar

Segundo os autores Sforsin et al. (2015), no ciclo da assistência farmacêutica a


aquisição de medicamentos é uma das principais atividades. Para uma boa aquisição
de medicamentos deve-se considerar primeiro o que comprar, fazendo uma seleção e
programação de quando e quanto deve se comprar. São fundamentais o monitoramento
e a avaliação dos processos para aprimorar a gestão de compras da farmácia hospitalar.

A gestão da aquisição conhecida função de compras-assume o papel


estratégico nos negócios de hoje em face de volume de recursos,
principalmente financeiros envolvidos, deixando cada vez mais para trás
a visão preconceituosa que era uma atividade burocrática e repetitiva,
um centro de despesas e não um centro de gerenciamento de recursos
(SFORSIN et al., 2015, p. 171).

Com isto a gestão de compras vem ganhando um novo conceito no contexto, de que
não basta só comprar é preciso se comprar bem. O aspecto financeiro na gestão de
compras de medicamentos é um aspecto de preocupação financeira com a qualidade
e deve estar presente nos serviços de saúde, visto que no caso da farmácia hospitalar
tem como responsabilidade em ofertar uma assistência farmacoterapêutica adequada
as necessidades dos pacientes.

24
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Segundo Sforsin et al. (2015), é necessário estabelecer objetivos para realizar esta
atividade:

»» Obter produtos e serviços na quantidade certa.

»» Com qualidade e um menor custo.

»» Garantir que a entrega seja feita de maneira correta.

»» Desenvolver e manter boas relações com os fornecedores.

»» Negociar as melhores condições de compra.

»» Selecionar e qualificar os fornecedores.

»» Administrar os pedidos de compra (como estoque máximo, ponto de


ressuprimento).

É necessário um bom relacionamento entre a área administrativa do hospital e a equipe


farmacêutica para alcançar tais objetivos, sendo estabelecido um fluxo de troca de
informações com os setores de suprimentos e financeiro.

Comprar e prover medicamentos são fatores primordiais na atividade


hospitalar, as pessoas envolvidas neste processo desempenham, direta
o indiretamente, papel fundamental na prestação de assistência ao
paciente e devem realiza-lo de maneira à melhor atender os interesses
tanto dos pacientes quanto da instituição. Para isso elas precisam
conhecer muito bem os mecanismos do processo, sendo treinadas e
capacitadas (SFORSIN et al., 2015, p. 171).

A atividade de gestão de compra deve ser realizada de forma profissional, pautada no


conhecimento técnico e na capacitação da equipe farmacêutica.

Gestão de compras em farmácia hospitalar. Disponível em: <http://www.cff.


org.br/sistemas/geral/revista/pdf/137/encarte_farmAcia_hospitalar_85.pdf>.

Gestão de compras em farmácia hospitalar. Disponível em: <https://


gestaofarmaceutica.wordpress.com/2012/09/24/gestao-de-compras-em-
farmacia-hospitalar/>.

A Logística no Hospital e Maternidade São Camilo - Pompeia. Disponível em:


<http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCSA/remac/01.pdf>.

25
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Administração de farmácias hospitalares

Para Santos (2006), a farmácia hospitalar é uma unidade técnico administrativa,


e com isto suas atividades e responsabilidades ultrapassam o âmbito técnico. Muito
se é discuto sobre a atuação do profissional farmacêutico e de como é o preparo do
profissional na graduação, principalmente no que se diz a respeito da administração.
Essa preocupação se estende a profissionais que, mesmo não sendo farmacêuticos,
podem atuar como responsáveis pela área de estoque.

A administração de uma farmácia ou almoxarifado hospitalar é algo


de grande importância, pois são setores que guardam os insumos mais
caros: medicamentos e materiais médico-hospitalares.

A gestão do departamento responsável por esses insumos, seja farmácia


ou almoxarifado, reque sem dúvida alguma, um profissional que
conheça profundamente os mecanismos de gerenciamento de estoque e
que também tenha conhecimentos técnicos e apurados sobre materiais
e medicamentos. Naturalmente o farmacêutico hospitalar deve ser esse
profissional (SANTOS, 2006, p. 35).

O papel do administrador farmacêutico – os administradores farmacêuticos


devem planejar, organizar, liderar e controlar seus departamentos.

Líder – resolver os problemas faz parte de qualquer organização e, em certas situações,


há pouco tempo para tomada de decisões. Para isto, o gestor deve ter habilidades de
raciocinar sobre pressão e saber administrar situações de conflitos.

Teoria da administração científica


Conforme Santos (2006), no início de século XX havia a necessidade de aperfeiçoamento
as condições do trabalho e melhorar a eficiência da produção “A Teoria da administração
Cientíifica” foi formulada pelo engenheiro Frederick W. Taylor (1856-1915) e outros
que o ajudaram.

A filosofia de Taylor é pautada por quatro princípios básicos:

»» Encontrar a melhor maneira de realizar as atividades.

»» Identificar o potencial de cada operário e colocá-lo para atuar onde tiver


habilidade.

»» Educar e estimular as competências de cada trabalhador.

26
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

»» Aproximar a administração (alta cúpula) e os operários.

Quando observamos linhas de produção nas fabricas, é preciso saber


que se trata de herança deixada por Taylor, e que a profissionalização
da administração advém da Teoria da Administração Científica. Mas a
ênfase dada à produtividade causou a busca pelo aumento dos lucros: a
lucratividade (SANTOS, 2006, p. 42).

Da organização científica à ergonomia: a contribuição de Frederick


Winslow Taylor. Disponível em: <http://books.scielo.org/id/b5b72/pdf/
silva-9788579831201-05.pdf>.

Novas abordagens na teoria administrativa. Disponível em: <http://www.


scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901979000200002>.

A teoria geral da administração é uma ideologia? Disponível em: <http://www.


scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-75901971000400001>.

As bases históricas da gestão da qualidade: a abordagem clássica da


administração e seu impacto na moderna gestão da qualidade. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
530X1998000300002>.

27
Capítulo 4
Logística hospitalar e gerenciamento

Logística dos medicamentos e dos materiais


médico-hospitalares
Conforme Santos (2006), a administração de medicamentos e materiais médico-
hospitalares compreende um ciclo contínuo de operações correlatas e interdependes
como:

»» Previsão (Quando comprar? Para quanto tempo?).

»» Compra (cotação, pedido e entrega).

»» Análise do estoque e da flutuação.

»» Compra (recebimento do produto).

»» Fluxo de distribuição interno.

»» Armazenamento.

»» Controle do estoque (inventário).

Segundo Santos (2006, p. 51), o Council of Logistics Management (CLM) conceitua a


logística como o

processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente


e eficaz de materiais, estoques de produtos semi-acabados e acabados,
bem como a fluência de informações a eles relativos, desde a origem do
produto até o consumo”, que visa “atender os requisitos dos clientes.

Gerenciamento de recursos materiais


Para Santos (2006), o objetivo do gerenciamento do estoque, é assegurar o eficiente
abastecimento do estoque dos materiais e medicamentos necessários, em que deve
ocorrer em tempo oportuno com menor custo possível e com qualidade.

Duas exigências básicas que o estoque deve atender:

»» Não pode haver excessos.


28
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

»» Não pode haver faltas.

A logística farmacêutica engloba o departamento de compras, a farmácia e o


almoxarifado, além de se relacionar com:

»» O faturamento.

»» A central de autorizações.

»» O serviço de nutrição e dietética (SND).

»» O corpo de enfermagem.

»» O corpo clínico etc.

Organização interna do hospital

Conforme Santos (2006), o hospital possui diversos departamentos, assim como uma
empresa. Para que possa executar os serviços que dispõe de forma coordenada. O
hospital em particular se dispõe de alguns departamentos que são imprescindíveis para
o seu funcionamento como:

»» Conselho diretor.

»» Corpo clínico.

»» Enfermagem.

Fluxo logístico

O fluxograma a seguir nos dará uma boa compreensão:

Figura 3. Fluxo logístico.

Fonte: Santos (2006, p. 53).

A logística, segundo Santos (2006, p. 51), precisa se preocupar também com o uso
de modo equilibrado dos itens, bem como “questionar as requisições, os aumentos
de consumo, o uso indiscriminado de produtos e itens sem movimentação, sempre
contando com o apoio de enfermagem, do corpo clínico e da farmácia”, cujo papel é ser
o centro do fluxo logístico, “setor de maior importância nesse sistema que envolve

29
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

previsão, provisão, recebimento, controle, dispensação, cobrança, ressuprimento,


compra” (SANTOS, 2006, p. 51).

Conforme Santos (2006), o sistema de dispensação deve ser executado de forma


homogênea pelos profissionais envolvidos. Desde a prescrição médica até a entrega do
medicamento ao paciente. A utilização de fluxogramas operacionais tem como principal
vantagem demonstrar, graficamente, a sequência de operações que concretizarão um
serviço.

Abaixo temos o Fluxograma de dose unitária, os quais são parte fundamental do


manual de procedimentos:

Figura 3. Dose unitária.

Farmácia retira prescrições

Xerox / Carbono

Triagem

Separação

Envio

Conferência

Devoluções

Fonte: Santos (2006, p.156).

“Dose unitária”: sistema de distribuição de medicamentos em hospitais.


Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid
=S0034-75901993000600007>.

Sistema de distribuição de medicamentos por dose unitária: reflexões


para a prática da enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0104-11691998000400003>.

Estudos de utilização de medicamentos: noções básicas. Disponível em:


<http://static.scielo.org/scielobooks/zq6vb/pdf/castro-9788575412657.pdf>.

30
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Teoria clássica das organizações


Segundo Santos (2006), Henri Fayol (1841-1925), um engenheiro francês, dividiu em
seis atividades as operações empresariais, pois houve uma necessidade de “sistematizar”
a gestão:

»» Técnica-produção e fabricação de produtos.

»» Comercial-compra de matéria-prima e venda de produtos.

»» Financeira-aquisição e uso de capital.

»» De segurança-proteção dos empregados e da propriedade.

»» Contábil-apuração dos resultados.

»» Administrativa-gerenciamento das atividades.

Fayol acreditava que os administradores poderiam ser formados e ter suas habilidades
desenvolvidas, ele descreveu catorze princípios básicos da administração:

»» divisão do trabalho;

»» autoridade;

»» disciplina;

»» unidade de comando;

»» unidade de direção;

»» graus de subordinação;

»» remuneração;

»» centralização;

»» hierarquia;

»» ordem;

»» equidade;

»» estabilidade de pessoal;

»» iniciativa;

»» espírito de equipe.
31
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Este modelo de Fayol, se fossemos resumir todos os princípios, chegaríamos ao


organograma, que é a representação gráfica dos graus de hierarquia de uma empresa.

Essas modelos organizacionais são adotadas até hoje nas empresas “ainda na linha de
clássica de Fayol, não podemos deixar de citar o sociólogo alemão Max Weber (1864-
1920).

Weber afirmava a necessidade da burocracia nas organizações. Muitos


de nós criticamos a burocracia, mas sabemos que ela é extremamente
necessária. Talvez tenhamos uma ideia errada do que seja burocracia.
Para Weber significa previsibilidade e produtividade.

Ele preconizava que era preciso regulamentar a atividade das empresas


de forma descritiva, cuidadosa, com hierarquia definida e linha de
autoridade bastante clara (SANTOS, 2006, p. 43).

Serviços técnicos da farmácia hospitalar


Conforme Santos (2006), a abordagem administrativa é sobre o insumo mais caro do
hospital que é o medicamento, devido ao seu valor requer uma atenção maior, de como
será adquirido e armazenado. É de domínio do farmacêutico o controle para o preparado
para a dispensação, os mecanismos de controle de prescrição e outras atividades.

O farmacêutico hospitalar pode atuar em parceria com o médico, no


sentido de zelar pelo uso racional dos medicamentos, controlar e monitorar
as reações adversas aos medicamentos (RAMs) e detectar os problemas
relacionados aos medicamentos (PRMs) (SANTOS, 2006, p. 31).

Vejamos abaixo alguns setores importantes:

»» Almoxarifado: é o setor destinado ao recebimento, guarda, controle e


distribuição de produtos utilizados pelo hospital.

»» Central de esterilização: é o local destinado para esterilização,


desinfecção, limpeza, preparo, armazenamento e distribuição de
materiais.

»» Faturamento e tesouraria: é o setor responsável pela cobrança e


serviços hospitalares prestados ao paciente, como; consultas, internações,
exames etc.;

»» Serviço social: é o setor responsável por prestar atendimento ao


paciente e familiares, no que se diz respeito à serviços socioeconômicos e
reintegração social.

32
Capítulo 5
Armazenagem e estoque

Figura 4. Estoque farmácia.

Fonte: disponível em: <http://antigo.unipar.br/home/arquivos/img/l946_20090408165954.jpg>. Acesso em 15 jan. 2017.

Estoque da farmácia hospitalar


Para Santos (2006), o estoque, do ponto vista de uma empresa, é formada pelo seu ativo
e seu passivo, que são seu patrimônio, portanto, é que representa o capital da empresa.

Grandes corporações, independente da [área de atuação, primam por


um controle de estoque eficaz e constante. Reposições são feitas com
intervalos de tempo cada vez menores, gerando posições de estoque
sempre próximas das demandas. Just in time ou on demand são termos
que evidenciam o uso desse recurso, mas devemos ter todo o cuidado
nesse tipo de operação, pois pode haver falta de produtos (SANTOS,
2006, p. 69).

Armazenagem

Como forma de estocagem, as empresas fabris podem atender a muitas formas de


atividades, contudo, Barbieri e Machline (2009) nos lembra bem que há dois tipos
principais de locais:

1. Para matérias-primas, componentes, materiais auxiliares e demais


insumos de produção;

33
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

2. Para os produtos acabados.

Os hospitais precisam de diversos tipos de locais para armazenar em função das


diferentes características que possuem cada material utilizado.

A farmácia hospitalar, por exemplo,possuem duas funções básicas e armazena três


tipos diferentes de produtos. Mas antes, vejamos suas funções:

I. Receber, armazenar e distribuir medicamentos aos usuários;

II. Preparar ou fabricar medicamentos, produtos químicos e de limpeza e


materiais diversos.

Com isto, estamos prontos para ver os três tipos de produtos que a farmácia hospitalar
armazena:

»» Medicamentos de prateleira, agulhas, seringa e outros insumos


farmacêuticos.

»» Psicotrópicos, drogas sobre as quais tem de ser exercido controle rigoroso,


devendo as autoridades de saúde ser constantemente informadas sobre
seu uso e o estoque existente na intuição.

»» Materiais refrigerados: medicamentos que requerem refrigeração, por


exemplo, antibióticos, o que costuma ser feito em geladeiras comuns,
tipo doméstico. Os demais devem ser transportados e armazenados em
temperatura inferior a 25ºC.

Muito se pode economizar quando é padronizado a forma de estocagem de medicamentos


e suprimentos de enfermagem, de acordo com os autores. O ideal é que esta tarefa seja
atribuída a uma comissão de padronização.

Vejamos alguns números importantes:

Existem 30 mil medicamentos registrados nas farmacopeias, em nível


mundial. Desses, cerca de 10 mil são realmente fabricados e utilizados,
inclusive em sua maioria no País. Considera-se que existem 500
princípios ativos e que, portanto, não seriam necessários mais que 500
remédios. É opinião divulgada que um hospital geral de grande porte
não precisaria mais que 500 medicamentos em estoque, e, a maioria
dos hospitais, cerca de 200. Entretanto, a expansão dos similares e dos
genéricos que competem com os medicamentos de marca, infla aqueles

34
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

números para casa das milhares de apresentações medicamentosas


(BARBIERI; MACHLINE, 2009, p. 277).

Claro que, tanto a dimensão como áreas internas da farmácia precisam seguir todos
os padrões técnicos de estocagem e medidas. O dispositivo legal que a regulamenta
é a Resolução RDC nº 50, de 21 fevereiro de 2002. Sendo que a Resolução que a
complementa é a RDC nº 189/2003, da ANVISA.

Resolução-RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento


Técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos
físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Disponível em: <http://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/res0050_21_02_2002.html>.

A Resolução é “um instrumento normativo que consolida no regulamento técnico


diversas normas voltadas para orientar o planejamento, programação, elaboração,
avaliação e aprovação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde”,
segundo Barbieri e Machline (2009, p. 277).

Com isto, qualquer novo alojamento, disposição, construção, reforma, e ampliação, de


qualquer um desses estabelecimentos precisam necessariamente obedecer às normas
legais, sob a penas de cometer infração de abrangências sanitária federal.

Conforme Barbieri e Machline (2009, p. 277), a farmácia faz parte, seja onde estiver,
da prestação de serviços técnicos ou de apoio, devendo realizar as atividades que os
autores pontuam:

»» receber e inspecionar produtos farmacêuticos;

»» armazenar e controlar produtos farmacêuticos;

»» distribuir produtos farmacêuticos;

»» dispensar medicamentos;

»» manipular, fracionar e reconstituir medicamentos;

»» preparar e conservar misturas endovenosas;

»» preparar nutrições parenterais (ministração por via não digestiva);

»» diluir quimioterápicos;

»» diluir germicidas;

35
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» realizar controle de qualidade;

»» prestar informações sobre produtos farmacêuticos.

A área onde será inspecionado e recebido os medicamentos, segundo a Resolução RDC


nº 50/2002, precisa ter no mínimo 10% da área total da armazenagem, sendo que esta
área total precisa ter a metragem mínima de 0,6 m2.

A destruição de medicamente e de suprimentos é efetuada mediante


requisições emitidas pelos postos de enfermagem. Em unidades de
pronto-socorro, convém que o dispensário de medicamentos possa
anteder todos os dias da semana, vinte e quatro horas por dia. Hospitais
de grande porte costumam ter uma seção de manipulação farmacêutica
e até um setor de preparação semi-industrial de medicamentos e
produtos químicos diversos (BARBIERI; MACHLINE, 2009, p. 277).

Para isso, a fabricação própria de produtos é uma opção bastante válida e aceita
em grande parte dos hospitais. Barbieri e Machline (2009, p. 278) trazem algumas
justificativas:

»» Menos custo: a fabricação própria não é onerada pelas despesas de


propaganda, promoção, embalagem e outras, nem pelo próprio lucro das
indústrias farmacêuticas. Mesmo incluindo-se custos de depreciação de
equipamentos, ainda é viável.

»» Preparação de receitas especiais: confeccionadas para as


necessidades peculiares do paciente, é clinicamente recomendável.
Certo número de pacientes alérgico a medicamentos padronizados e
sofre efeitos colaterais, o que pode ser evitado pelo uso de receituário
apropriado no lugar de composições comerciais.

»» Laboratório da farmácia: de grande valia para efetuar a inspeção


de produtos alimentícios, químicos e de limpeza, além da análise de
medicamento.

Já quanto ao tipo de fabricação que é feito pelas farmácias hospitalares, normalmente


trata-se de manipulações simples como: mistura de líquidos, prensagens, atividades
que tenham baixo custo, engarrafamentos etc.

Contudo, há diversos motivos para não fazer e esses pontos também devem ser levados
em consideração conforme nos informam Barbieri e Machline (2009, p. 279):

36
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

1. Não é essa finalidade precípua da instituição. Os recursos não devem ser


desviados das metas.

2. O conceito de produção industrial, com sua ênfase na eficiência e no baixo


custo, nem sempre bem compreendido no hospital, instituição de serviço
de saúde, com ênfase em atendimento pessoal e qualidade.

3. Produtos como soros fisiológicos e injetáveis requerem rigorosos


demorados testes de qualidade, que muitos hospitais não têm condições
de efetuar.

4. Mesmo os maiores laboratórios comerciais fabricam apenas um máximo


de 50 medicamentos. É claro que uma farmácia hospitalar não deveria
fabricar tamanha variedade de medicamentos, necessitando, pois,
forçosamente comprar a maioria dos remédios.

Cabe, por fim, à Comissão de Padronização decidir tais procedimentos, uma vez que
influencia diversos outros setores do hospital.

Previsão de estoque

Para Santos (2006), estoque significa patrimônio, no caso do hospital não é um


segmento onde se determina facilmente a quantidade de produtos a ser comprados
para o próximo período. No caso de negligência traz se sérias consequências.

As finanças do hospital, com isso algumas formas matemáticas podem contribuir para
uma previsão eficiente a instituição, como:

»» Consumo médio (CM) em que no período, também é chamado de média


aritmética móvel, é soma dos últimos períodos dividida pelo número de
períodos.

»» Estoque mínimo requer a reposição da quantidade necessária para


atender o período de abastecimento.

»» Estoque Máximo – é o estoque que é dividido no lote de reposição, em


que se trata da quantidade necessária para elevarmos os estoques aos
níveis ideias.

A fórmula seguida para esta questão é:

Emáx = CMM x T

37
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Sendo:

Emáx = estoque máximo;

CMM = consumo médio mensal;

T= tempo de duração do estoque (valor variável)

LR= Emáx - ES.

Curvas ABC

Para Santos (2006), as curvas ABC podem ser definidas como uma ordenação de itens
de acordo com os valores e quantidades em estoque. As curvas ABC funcionam e são
um modelo de análise e gestão de materiais, em que o gráfico possibilita a ordenação de
itens pelas suas importâncias relativas.

As curvas ABC podem ser aplicadas:

»» Na gestão de compras;

»» Na gestão de estoques.

As curvas ABC, nos mostra que que um grupo de itens, com quantidades pequenas no
estoque pode concentrar o maior valor total.

Questões sobre curvas ABC

»» Definir uma política de compras e as quantidades de materiais a serem


mantidos em estoque.

»» Elaborar estratégias de gestão (de acordo com o capital de giro).

»» Revisar tempos-padrão de todas as operações que envolvam movimentação


de itens de estoque.

»» Realizar alterações na disposição física dos estoques, com o objetivo de


adotar uma programação adequada.

»» Verificar margem de contribuição no faturamento total, definindo-se


os produtos mais importantes dentro de sua espécie (medicamentos,
materiais etc.).

»» Definir produtos com baixa margem de contribuição.

38
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

»» Definir a frequência dos inventários e principais produtos a serem


controlados.

Objetivos das curvas ABC

»» Implantar estratégias para gestão dos estoques.

»» Diagnosticar qual serão esses itens.

»» Oferecer um tratamento especial para os itens mais importantes, no caso


da curva A.

»» Propiciar ao hospital maior liquidez quando aumentar o giro de alguns


produtos.

»» Servir de indicador para gastos com produtos de alto custo (curva A).

As categorias A, B e C

Conforme Santos (2006), cada curva representa uma categoria com seus valores
percentuais e com seus produtos:

»» Categoria A – trata-se dos produtos financeiramente, mais importantes


para empresa. Estes produtos possuem procedimentos diferenciados e
meticulosos e uma atenção maior da administração hospitalar. Os itens
da curva não devem ficar parados por muito tempo no estoque o hospital
e devem possuir níveis baixos no estoque para serem controlados
rigorosamente. Com isto obriga o gestor a desenvolver procedimentos
seguros de controle.

»» Categoria B – são itens também importantes financeiramente, e


não dispensam atenção no tratamento e procedimento de controle e
planejamento. Os itens dessa curva não requerem um controle rigoroso
como os das curva A, mas requer um controle rigoroso e preciso, o seu
consumo deve ser controlado.

»» Categoria C – este grupo dispensa maior atenção por parte da gestão.


Pois não é tão importante financeiramente, mas não deve ser deixada de
lado.

39
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Percentuais ABC

Quadro 4.

CLASSE % ITENS (quantidade) %valor do estoque- R$


A 10-15 65-70
B 20-30 20-30
C 65-70 10-15

Conceituações

Antes de finalizarmos, nos é válido contato com alguns conceitos fundamentais para a
questão de estocagem e armazenagem de medicamentos, bem como alguns sistemas
pertinentes.

Quadro 5. Formas corretas de armazenagem e estocagem de medicamentos.

É o segmento da administração de materiais responsável pelas atividades de movimentação e estocagem


Armazenamento dos materiais passíveis de utilização pela instituição. A movimentação de material é a atividade voltada para o
recebimento de sua expedição.
Atividade que está diretamente ligada à guarda, à localização, à preservação e à segurança materiais estocados
em sobre responsabilidade do almoxarifado correspondente. Estocagem de medicamento é a guarda organizada
Estocagem
em condições que permitam preservar sua estabilidade e qualidade, protegendo os contra riscos de alterações
físico-químicas e microbiológicas.
O objetivo de um sistema de localização de materiais é dispor dos meios necessários à perfeita identificação
e localização dos materiais estocados sobre a responsabilidade da CAF. Deve ser utilizada uma condição
Localização de Materiais
normalmente alfanumérica, representativa de cada local de estocagem. Normalmente, são usados dois critérios de
localização.
Neste sistema, é determinado o número de áreas de estocagem para um tipo de material, definindo-se, assim,
que somente o material desse tipo poderá ser estocados. Nesse sistema não existem locais fixos de estocagem.
Os materiais ocupam no momento da entrega os espaços vazios disponíveis dentro da área de armazenagem. O
inconveniente desse sistema é o perfeito método de controle que deve existir sobre o endereçamento, sob o risco
Sistema de Estocagem
de possuir material em estoque perdido que somente será descoberto ao acaso ou na execução do inventário. Em
farmácias hospitalares, esse sistema é utilizado principalmente para medicamentos parenterais de grande volume
e alguns parenterais de pequeno volume de alto consumo locais marcados. Nas CAF´s essa sistemática utilizada
na estocagem de medicamentos sólidos de uso oral, líquidos e semissólidos.
Nesse sistema, não existem locais fixos de estocagem. Os materiais ocupam no momento da entrega os
espaços vazios disponíveis dentro da área de armazenagem. O inconveniente desse sistema é o perfeito método
de controle que deve existir sobre o endereçamento, sob o risco de possuir material em estoque perdido que
Sistema de Estocagem Livre
somente será descoberto ao acaso ou na execução do inventário. Em farmácias hospitalares esse sistema é
utilizado principalmente para medicamentos parenterais de grande volume e alguns parenterais de pequeno
volume de alto consumo.
Os itens de maior rotatividade que entram em grandes volumes e com peso elevado devem ficar próximos da
Rotatividade do Item
área de expedição para facilitar a distribuição.
É um conceito que implica estocar o produto de acordo com o volume de dispensação e/ou em seus múltiplos,
Carga Unitária
de maneira a racionalizar sua movimentação interna.
É um aspecto fundamental para produtos que apresentam prazo de validade. Os medicamentos que vão vencer
Ordem de Estrada/Saída
primeiro devem ser armazenados à esquerda e na frente.
Consiste num estrado geralmente de material resistente (madeira, metal ou poliuretano) de dimensões diversas
Pallets de acordo com as necessidades da instituição. Os pallets evitam o contato dos produtos com o piso, impedindo,
assim, a ação de umidade, sujidade e poeira. Sugere-se que a distância mínima do solo seja de 30 cm.
Destinam-se ao armazenamento de caixas maiores ou caixas padronizadas, apresentou a vantagem de permitir
Porta-pallets
modificações na altura e largura das divisões.

40
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Armações fabricadas como estruturas de aço ou de madeira em unidades padronizadas. As estruturas metálicas
possuem uma série de vantagens adicional em relação à madeira: são imunes à ação de insetos e roedores,
Prateleiras
suporta o maior peso, são mais fáceis de serem montadas ou desmontadas e têm grande durabilidade. Úteis para
armazenamento de medicamentos e artigos médico-hospitalares que ocupam um espaço reduzido.
Constitui uma variante de armazenagem de caixas, diminuindo a necessidade de divisões nas prateleiras ou
formando uma espécie de prateleira por si só. É o arranjo que permite o aproveitamento máximo do espaço
Empilhamento
vertical respeitando as orientações dos fabricantes sobre o número máximo de camadas de empilhamento. As
caixas devem ser empilhadas até o número de camadas determinado e com amarração adequada.
Os estoques na CAF devem ser ordenados respeitando o sistema de classificação e codificação. O sistema de
Ordenação dos Estoques
ordenação mais recomendado é por forma farmacêutica e sequência alfabética do fármaco dentro de cada grupo.
Os produtos devem ser estocados mantendo-se uma certa distância entre eles visando a permitir a limpeza,
Equidistância evidenciar os itens em estoque e facilitar a circulação de ar. Os medicamentos devem estar de 30 a 50 cm
afastados das paredes e 50 cm do teto para evitar a transmissão de calor, umidade e a contaminação por fungos.

Fonte: adaptado de Rosa et al. (2003, pp. 381-384).

Armazenamento e distribuição (CRF). Disponível em: <http://crf-pr.org.


br/uploads/comissao/12915/6_Armazenamento_e_Distribuicao_de_
Medicamentos.pdf>.

Armazenamento e distribuição: o medicamento também merece cuidados. vol.


1, nº 12. Brasília, julho de 2016.

Armazenamento e distribuição de medicamentos é tema de nova publicação da


OPAS/OMS. Disponível em: <http://www.paho.org/bra/index.php?option=com_
content&view=ar ticle&id=5172:armazenamento- e - distribuicao- de -
medicamentos-e-tema-de-nova-publicacao-da-opasoms&Itemid=455>.

41
Capítulo 6
Dispensação

Figura 5. Dispensação.

Fonte: disponível em: <http://ninafarmaceuticos.com.br/wp-content/uploads/2016/1


1/desafios_do_farmaceutico.jpg>. Acesso em 15 jan. 2017.

Tipos de sistema de dispensação


Para Santos (2006), os sistemas de dispensação nos últimos anos evoluíram.
Atualmente, a tendência é que o medicamento chegue ao paciente de forma individual,
personalizada e íntegra. Assim, otimizando o tempo de trabalho da enfermagem. “O
mais importante é que exista segurança para quem administra e para quem recebe o
medicamento” (SANTOS. 2006).

Já o hospital preocupa-se em oferecer somente aquilo que é prescrito,


sem que para isso se faça necessário montar um estoque próximo ao
paciente, na enfermaria, ou enviar toda caixa do medicamento para
que lá seja feita a dispensação. Também é preciso obter controle do
medicamento: identificar o que deve ser enviado e para quem será
administrado (SANTOS, 2006, p. 156).

Os tipos de sistema de dispensação mais conhecidos e utilizados são:

»» dose unitária;

»» dose coletiva;

»» dose individualizada.

42
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Conforme Santos (2006), na dose unitária, a dispensação é feita em nome do paciente


e segue com a prescrição medica com os horários estabelecidos.

O que diferencia a dose unitária são:

»» medicamentos acondicionados em embalagens unitárias;

»» disposição dos medicamentos por horários;

»» medicamentos prontos para serem administrados.

A dose coletiva recebe essa denominação porque a farmácia realiza o fornecimento do


pedido em nome da unidade solicitante. A dose coletiva preconiza o envio para o setor,
mas é necessário que as equipes de enfermagem identifiquem os itens de cada paciente.
Seus objetivos são:

»» enviar medicamento para atendimento dos solicitantes;

»» executar as requisições recebidas;

»» controlar o estoque para geração de compra.

A dose individualizada é um sistema de dispensação feita em nome do paciente por


meio de prescrição medica. “É considerada também um pré-requisito para dose
unitária, pois a farmácia, além de participar de maneira ativa da dispensação, sabe
quais medicamentos cada paciente receberá” (SANTOS, 2006, p. 158).

Objetivos:

»» enviar medicamentos para atendimento dos solicitantes;

»» executar as prescrições individualizadas recebidas;

»» atuar no corpo clínico para esclarecer as apresentações, interações,


incompatibilidade, posologia etc.;

»» proporcionar segurança à farmacoterapia adotada.

Para Santos (2006), a dose individualizada é uma ótima opção pois, em muitas situações,
dispensa a dose unitária.

Ainda sobre a dose individualizada, devemos destacar que a


transcrição das prescrições é um fator de risco, que coloca em perigo
toda a dispensação. Um exemplo: é muito comum, nos hospitais, um
funcionário administrativo da enfermagem incumbir-se dessa tarefa.

43
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Com isso ao transcrever um medicamento prescrito, corre-se o risco de


equívocos no nome ou na dosagem. Dificilmente a farmácia terá como
perceber e corrigir esse tipo de engano (SANTOS, 2006, p. 159).

Dispensação. Disponível em: <http://www.farmaciahospitalar.com/?p=774>.

Estudo de sistema de dispensação de medicamentos para administração


nos pacientes da ala de internação. Disponível em: <http://www.
fatecguaratingueta.edu.br/fateclog/artigos/Artigo_04.PDF>.

Dose unitária: destaque entre os sistemas de distribuição de medicamentos


hospitalares. Disponível em: <http://www.saocamilo-sp.br/novo/publicacoes/
publicacoesSumario.php?ID=36&rev=c&sum=971&idioma=en>.

Dispensação e distribuição de medicamentos do Serviço Farmacêutico em


um hospital universitário. Disponível em: <http://www.cqh.org.br/portal/pag/
anexos/baixar.php?p_ndoc=1261&p_nanexo=589>.

Contratação emergencial e dispensa de


licitação
Segundo Rosa et al. (2003, p. 378), há circunstância especiais em que ocorrem a
permissão por parte da lei a aquisição sem licitação. Basicamente nos termos abaixo:

I. Compras cujo valor ultrapassar os limites estabelecidos periodicamente


pelo poder público.

II. Emergência. Quando caracterizado risco à vida.

III. Quando não acudirem interessados na licitação anterior e esta não puder
ser repetida, mantidas as condições do edital.

IV. Quando a operação estiver relacionada com concessionário de serviço


público e o objeto do contrato for pertencente ao da concessão.

V. Quando as propostas apresentadas consignarem preços manifestamente


superiores aos do mercado, dentro das mesmas condições do edital, está
dispensada a licitação.

Legalidade da aquisição de medicamentos e insumos para tratamentos


médicos mediante contratação emergencial. Disponível em: <http://

44
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

www.contagem.mg.gov.br/arquivos/arquivos/atos_normativos/revista_tce_
medicamentos.pdf>.

De acordo com o formulário de aquisição de medicamentos para assistência farmacêutica


no SUS, em seu caso, temos as seguintes formas de dispensa de licitação:

a. Artigo 24, inciso II da Lei nº 8.666/1993 (BRASIL, 1993) – Para aquisições


com valor até R$ 8.000,00 (oito mil reais). Este inciso do artigo 24 não
exige a ratificação prevista no artigo 26 da mesma legislação. No entanto,
as demais formalidades para os casos de dispensa devem ser obedecidas.
Deve-se ter cautela na sua utilização, para que não se configure fuga da
licitação, ou seja, a dispensa de licitação por valor inferior a R$ 8.000,00
deve levar em consideração o princípio da anualidade orçamentária e o
dever do administrador em planejar.

b. Artigo 24, inciso VIII (BRASIL, 1993) – Para aquisição, por pessoa
jurídica de direito público interno, de bens produzidos ou serviços
prestados por órgão ou entidade que integre a Administração Pública e
que tenha sido criado para esse fim específico em data anterior à vigência
desta Lei, desde que o preço contratado seja compatível com o praticado
no mercado. É o caso das aquisições de medicamentos dos laboratórios
oficiais (BRASIL, 2006).

Prevenção de erros na dispensação


De acordo com Anacleto et al. (2006), alguns procedimentos foram preconizados, dentre
os organizadores a Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations –
JCAHO (2001) e pelo National Quality Forum – NQF, objetivando a redução e dos
erros de medicação. A saber:

Quadro 6. Prevenção de erros na dispensação.

Diminuir a complexidade, simplificando e padronizando Reduzir o número de passos ou etapas no processo de trabalho, limitar a variedade de
procedimentos. medicamentos, equipamentos, suprimentos e regras no processo de trabalho.
Aperfeiçoar padrões de comunicação. Facilitar a transferência de informação e a comunicação clara.
Os sistemas e tarefas devem ser desenhados de modo que respeitem a carga de trabalho,
Respeitar limites de vigília e atenção e reduzir as tarefas
o ritmo circadiano, a pressão do tempo, os limites de memória e as propriedades de vigília
que dependam do uso da memória.
humana.
Automatizar os processos e incorporar barreiras ou restrições (automatizadas ou não) que
Encorajar relatos de erros e condições de risco.
limitem ou obriguem a realização dos procedimentos de determinada forma.
Antecipar e analisar os possíveis riscos derivados de
A fim de prevenir erros antes e não depois que ocorram.
mudanças nos processos de trabalho.
Aperfeiçoar o acesso às informações relativas ao
medicamentos

Fonte: adaptado de Anacleto et al. (2006, p. 33).

45
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Nas farmácias, são os farmacêuticos responsáveis por toda a dispensação, mesmo que
seja feito por outro. Diante disto, a medicação deve ser precisa, sendo que a maior parte
dos erros ocorrem justamente por conta de acreditar que os temas mais triviais são os
menos importantes.

Os autores nos trazem alguns procedimentos operacionais que ajudam a prevenir erros
e também ajudam a garantir que os medicamentos sejam distribuídos com segurança
aos pacientes.

São os dez passos fundamentais na dispensação de medicamentos, segundo Anacleto


et al. (2006, p.33):

Quadro 7. Dez passos fundamentais na dispensação de medicamentos.

Armazenar em local seguro e diferenciado


1 aqueles medicamentos que possam causar Utilizando sinais de alerta e armazenando-os em locais separados dos demais.
erros desastrosos
Armazenando-os por ordem alfabética segundo a denominação genérica; prateleiras,
armários e gaveteiros organizados de acordo com a forma farmacêutica, colocando em
Desenvolver e implantar procedimentos
áreas separadas sólidos orais, líquidos orais, injetáveis de pequeno volume e de grande
2 meticulosos para armazenamento dos
volume e medicamentos de uso tópico; implantação de normas de conferência dos
medicamentos
medicamentos armazenados para evitar que sejam guardados em locais errados ou
misturados com outros itens.
Reduzir distrações, projetar ambientes seguros
No momento da separação da medicação, distrações como telefone, música e conversas
3 para dispensação e manter um fluxo ótimo de
paralelas devem ser evitados no ambiente de trabalho.
trabalho.
Usar lembretes para prevenir trocas de
4 Tais como rótulos diferenciados, notas no computador ou no local da dispensação.
medicamentos com nomes similares.
Manter a prescrição e a medicação dispensada Procedimento importante na prevenção de trocas de medicamentos, evitando que uma
5
juntas durante todo o processo medicação prescrita para um paciente seja dispensada para outro.
A avaliação das prescrições deve ser realizada pelo farmacêutico antes do início da
Efetuar a conferência do conteúdo da
6 separação dos medicamentos, evitando que possíveis erros de prescrição se tornem erros
prescrição.
de dispensação, e esclarecendo dúvidas em relação à caligrafia médica.
Comparar o conteúdo da medicação com a Procedimento que previne a dispensação de medicamentos por ventura armazenados junto
7
informação do rótulo e a prescrição. com outros ou que apresentem problemas na rotulagem.
Registrar o código de identificação do produto Em farmácias informatizadas, este registro permite a verificação automatizada da prescrição
8
prescrito no computador. e dos medicamentos separados para dispensação.
O uso da automação, tal como código de barras, é efetivo nessa fase; nas farmácias sem
informatização a conferência deve ser manual, sendo que algumas estratégias podem
Efetuar a conferência final da prescrição com o
9 facilitar o trabalho de conferência e torná-lo mais eficaz na detecção dos erros, como por
resultado da dispensação.
exemplo, a conferência das prescrições de grupos de pacientes de alto risco, como pediatria
e insuficientes renais crônicos.
Os pacientes devem ser informados sobre o tratamento terapêutico, saber para que
e porque estão utilizando os medicamentos, quais os seus efeitos, os horários de
10 Aconselhamento ao paciente.
administração e as reações adversas que poderão ocorrer. Existem técnicas adequadas para
repassar estas informações a eles ou a seus cuidadores.

Fonte: adaptado de Anacleto et al. (2006, pp. 33-34).

46
Capítulo 7
Compras

Figura 6. Compras em farmácia hospitalar.

Fonte: disponível em: <http://bibliofarma.com/wp-content/uploads/2015/12/farma


cia.jpg>. Acesso em 15 jan. 2017.

Compras
Segundo Santos (2006), a gestão de estoque é considerada um dos itens fundamentais
para a saúde financeira de uma empresa, e no caso do hospital não é diferente. O
departamento de compras do hospital é o setor responsável para atender a demanda, e
é o gerador de despesas.

O montante gasto com a renovação do estoque pode ultrapassar 50%


do total obtido com a venda dos produtos. Talvez possa polemizar
sobre esse conceito, entretanto, não há como negar que planejamento,
estratégia e boas condições de negociação contribuem para melhores
compras, consequentemente melhores margens de lucro para a
instituição (SANTOS, 2006, p. 85).

Compras em farmácia hospitalar


Segundo Barbiere e Machline (2009), por mais diferentes que sejam as organizações
hospitalares, todas se utilizam de materiais em suas atividades, em maior ou menor
grau. Os materiais desempenham um papel importante nos hospitais, do modo em que

47
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

sua administração se tornou uma necessidade, independentemente de seu porte ou


tipo.

A administração de materiais é uma área especializada na administração geral de uma


organização. Para que isto seja possível, é preciso que seja estabelecido diretrizes e
ações, o que inclui: planejar, controlar, organizar e outras coisas que tenham relação
com o fluxo de materiais, bem como com as informações dentro e fora da empresa
(BARBIERE; MACHLINE, 2009).

A logística hospitalar é um conjunto de unidades produtivas, uma cadeia de suprimento,


que são unidas por um fluxo de materiais e informações com o objetivo de satisfazer as
necessidades de clientes e usuários específicos.

Na cadeia de suprimento, as atividades se denominam na administração de materiais,


em que se forma um elo entre as unidades dessa cadeia e o mercado fornecedor de
matérias-primas, peças de reposição, embalagens, componentes, materiais auxiliares
etc. as atividades de distribuição física fazem parte do processo, que se envolve desde a
seleção dos membros do canal até a distribuição, como os distribuidores, atacadistas,
varejistas, armazém e centros de distribuição entre outros, onde se cria um elo entre os
clientes e fornecedores. Este processo se inicia desde o processo de pedidos, expedição
das mercadorias, a assistência aos clientes e pós-venda.

Conforme Barbiere e Machline (2009), a área de compra deve contribuir para a


obtenção de serviço planejado assim reduzindo os custos. Criando uma lista de compras
regulares, com materiais padrão e os não padronizados, os itens solicitados para compra
tais como fármacos, embalagens e solventes devem ser calculados conforme a demanda
da instituição.

»» Compras regulares, que são desencadeadas pelo sistema de reposição.

»» Compras urgentes, que as que complementam as regulares quando ocorre


deficiência no processo de previsão.

»» Bens consumo regular e que por isso são mantidos em estoque.

»» Bens que não são mantidos no estoque, mas adquiridos quando solicitados.

»» Matérias-primas e outros itens necessários para a produção própria.

As atividades de compras podem ser centralizadas ou descentralizadas, as duas


possibilidades apresentam desvantagens. A centralização tem como vantagem um
poder de barganha maior pelo volume concentrado de compras. A descentralização
aumenta os custos, mas permite que os compradores estejam pertos dos usuários.

48
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

No caso dos hospitais, observa-se uma tendência de centralização das


atividades de compras. Como juntas de vários hospitais para formarem
centrais de compras ou consórcios de compras, com o objetivo de
ampliar o poder de barganha com os fornecedores, geralmente grandes
empresas oligopolistas (BARBIERE e MACHLINE, 2009, p. 197).

Processo de compra
Conforme Barbiere e Machline (2009), o processo de compra de uma organização
envolve diversas atividades específicas, assim como a manutenção de cadastros de
fornecedores, emissão de pedidos de compras, a elaboração de cadastros de cotações,
negociação, contratação, diligenciamento, avaliação e desenvolvimentos de novos
fornecedores ou acompanhamento (follow-up). “Outro conjunto de atividades da área
de compras refere-se à assistência aos usuários internos, provendo informações para
identificar materiais adequado a organização”.

Vejamos o exemplo a seguir, a fim de enxergar melhor o processo de compra.

49
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Figura 7. Exemplo de um processo simplificado de compra de itens não padronizados.

Fonte: Barbiere e Machline (2009, p. 202).

Conforme Barbiere e Machline (2009), o setor de compras selecionara o fornecedor


e emitira um pedido de compra, contendo 5 vias: vias 1 e 2 para o fornecedor; vias
3 para o responsável para armazenamento; a via 4 para o pagamento e a via 5 para
arquivo do setor de compras. No caso dos produtos padronizados a solicitação deve
conter justificativas.

O pedido de compra é um documento formal que deve reproduzir as


condições negociadas entre as partes, tendo força de contrato quando

50
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

aceito pelo fornecedor. Ele estabelece obrigações e direitos entre


comprador e fornecedor, sendo base para dirimir qualquer dúvida ou
controvérsia (BARBIERE; MACHLINE, 2009, p. 201).

Compras eletrônicas

Conforme Barbiere e Machline (2009), a compra eletrônica é realizada há décadas,


tendo como o ponto de partida o EDI, que ainda continua sendo uma opção atraente
principalmente o EDI via web. “Os negócios entre empresas pela via eletrônica,
principalmente pela Internet (business-to-business- B2B), um segmento de comercio
eletrônico (e-commerce)”.

Outra forma de realizar compras eletrônicas se dá mediante a


participação da organização compradora em sites de acesso público.
Portais de compras, distribuidoras virtuais, leilões, transferências,
serviços de remessas são exemplos de modelos de negócios multilaterais
em ambiente público. Esses negócios criam espaços virtuais públicos
(e-markets) aos quais compradores e vendedores comparecem para
se informar e realizar transações comercias online (BARBIERE;
MACHLINE, 2009, p. 203).

Conforme ainda os autores, os hubs são modelos B2B. Há diversos modelos de compras
eletrônicas e os hubs são modelos mais abertos que funcionam como centros ou feiras
de negócios virtuais. Há também o leilão virtual, podendo comprar e vender, neste
último caso, denominado leilão reverso. “A organização compradora anuncia o que quer
comprar, apresentando as especificações do produto, quantidades, prazo de entrega e
outras informações e os fornecedores fazem suas propostas num ambiente de disputa
aberta” (BARBIER; MACHLINE 2009, p. 204).

Para Barbiere e Machline (2009), esses modelos requerem regras de negócio e


procedimentos operacionais e administrativos. Existe uma crescente diversidade de
novos modelos de negócios, como os serviços de intermediação que agregam outros
valores, como a avaliação de fornecedores, segurança e apoio logístico. Para os
compradores, os benefícios esperados são os seguintes:

»» aumento das opções de fornecimento;

»» melhora do conhecimento dos mercados;

»» redução dos prazos internos para processamento de compra;

»» redução das transições de dados e, portanto, dos erros de processamento;

51
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» redução dos estoques entre membros da cadeia e não apenas para o


comprador;

»» facilitação das atividades pós-transação;

»» promoção da baixa dos preços dos produtos.

Conforme Barbiere e Machline (2009), com a possibilidade de ampliar a presença de


compradores e vendedores no espaço virtual, reduz a assimetria dos agentes em termos
sobre preço, condições de pagamento, qualidade, produtos alternativos, disponibilidade
entre outros.

Fornecedores
Segundo Barbiere e Machline (2009), a atividade central no processo de compra é a
escolha do melhor fornecedor para a organização, atendendo as condições de qualidade,
pontualidade, entrega de materiais específicos e suas quantidades e a rapidez nas
entregas, proporcionando o custo mínimo para a organização. A importância da
atualização do cadastro dos fornecedores é essencial para estas finalidades.

As atividades relativas ao cadastramento envolvem a avaliação inicial


de fornecedores para inclusão no cadastro com base em documentos
apresentados pela organização pretendente, dentre eles: contrato
social e suas alterações, demonstrativos contábeis, certidões negativas,
atestados de idoneidade financeira, catálogos de produtos, documentos
internos relativos aos seus sistemas de gestão da qualidade e gestão
ambiental (BARBIERE; MACHLINE 2009, p. 206).

Para Barbiere e Machline (2009), é necessário analisar e avaliar as vantagens e


desvantagens antes da escolha de um ou mais dos fornecedores. Na escolha de um
fornecedor em particular para adquirir certo tipo de item, é importante observar se
este item será abastecido por um único fornecedor ou mais.

No caso de um único fornecedor, a desvantagens estão relacionados a vulnerabilidade


que esta exclusividade pode apresentar diante de problemas. A vantagem em se
obter mais de um fornecedor é na facilidade em negociação de preços, condições de
pagamentos e a entrega. A desvantagem mais importante talvez seja o tempo que leva
para o processamento de compras e, com isso, elevar o prazo de espera total.

52
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Quadro 8. Fonte de suprimentos.

FORNECEDOR ÚNICO VÁRIOS FORNECEDORES


VANTAGENS VANTAGENS
»» Aumenta a probabilidade de obter produtos com qualidade superior. »» Aumenta a possibilidade de obter melhores condições de preço e prazos de
pagamento.
»» Redução do custo do fornecedor decorrente do aumento das
quantidades de compras. »» Permite trocar rapidamente de fornecedor diante da ocorrência de problemas
ou na sua iminência.
»» Contatos mais frequentes melhoram a comunicação entre ambos.
»» Ampliação da base de conhecimento e de relações comerciais.
»» Maior retenção do aprendizado pelo pessoal das duas organizações.
»» Maior confiabilidade das entregas.
»» Redução do tempo de espera o que reduz o nível de estoque.
»» Redução da carga de trabalho administrativo, pois elimina a redução de
novas cotações.
»» Permite ampliar os benefícios da automação do sistema de reposição.
»» Permite que o estoque seja gerido pelo fornecedor.
DESVANTAGENS DESVANTAGENS
»» Clientes cativos podem ficar reféns de fornecedores em termos de »» Comunicação mais difícil.
preço e condições de pagamento, pela dificuldade de encontrar
»» A disputa para ganhar o pedido pode ser feita à custa da qualidade.
rapidamente um substituto.
»» Estimula as práticas oportunistas por parte das organizações, podendo gerar
»» Amplia os prejuízos do cliente se o fornecedor sofrer algum problema
efeitos negativos em ambas.
que impeça a entrega do material solicitado no tempo combinado.
»» Aumenta o esforço do pessoal de compras para fazer cotações e
acompanhamentos.
»» Aumenta o tempo de espera e, consequentemente, o nível de estoque.

Fonte: adaptado de Barbiere e Machline (2009, p. 207).

A seleção feita dos fornecedores sempre exige uma análise multicritério, mesmo nos
casos de compras com base no menor preço segundo Barbiere e Machline (2009). Há
alguns critérios que podem ser considerados no processo de seleção de fornecedor para
uma compra individualizada ou inclusão de fornecedores:

»» assistência técnica;

»» atendimento as compras de emergência;

»» atendimento as normas trabalhistas;

»» capacidade de inovação;

»» certificações de segunda e terceira parte;

»» consumo de energia;

»» devoluções de produtos vencidos;

»» disponibilidade de estoques para pronta entrega;

»» divergências anteriores;

53
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» especificações do produto;

»» facilidade de manutenção;

»» flexibilidade para incorporar mudanças nas condições iniciais do pedido;

»» nível de atendimento;

»» pontualidade nas entregas anteriores;

»» prazo de entrega;

»» prazo de pagamento;

»» preço;

»» prestação de informações durante o processo de compra;

»» promoção do comercio justo;

»» qualidade;

»» reputação do fornecedor;

»» saúde financeira;

»» sistema de gestão e qualidade;

»» sistema de gestão ambiental;

»» sistemas de segurança e saúde do trabalho;

»» status da conformidade com legislação de defesa do consumidor;

»» status dos licenciamentos e das demais exigências ambientais;

»» status dos registros nos órgãos competentes, saneantes e alimentos


processados.

Diante disto, temos que alguns dos critérios relacionados são caracterizados como
qualificadores, tal como a capacidade de inovar, incluindo a reputação e responsabilidade
socioambiental (BARBIERE; MACHLINE, 2009).

54
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Avaliação financeira e econômica

Conforme Barbiere e Machline (2009), a avaliação financeira se faz por meio de índices
extraídos de demonstrativos contábeis. As compras realizadas lote a lote para entrega
imediatas não necessitam de avaliações minuciosas sobre a saúde financeira dos
fornecedores, mas se torna indispensável receber uma pontuação razoável nos casos de
seleção dos fornecedores para uma relação estável de longo prazo.

A avaliação financeira não serve apenas para a qualificação dos fornecedores, mas
sim para orientar as negociações, como por exemplo, a liquidez elevada permite aos
compradores insistirem na busca de descontos e prazos maiores. Avaliar o departamento
de compras para ganhar descontos e gerar economias na hora de comprar grandes lotes
(BARBIERE; MACHLINE, 2009, p. 210).

Tabela 1. Cálculo de tempo de colocação do pedido e do tempo total: exemplo.

Tempo para
Tempo para Tempo
Data da Data da colocação Data do recebimento atender o
colocar o pedido total (4) -
solicitação (1) do pedido (2) da compra (4) pedido (5) = (4)
(3) = (2) - (1) (1) = 6
- (2)
15/set 17/set 2 21/set 4 6
16/set 19/set 3 24/set 5 8
16/set 16/set 0 03/out 17 17
16/set 20/set 4 30/set 10 14
17/set 18/set 1 25/set 7 8
17/set 22/set 5 06/out 14 19
Σ 15 57 72
Média 2,5 9,5 12
D. padrão 1,87 5,17 5

Fonte: Barbiere e Machline (2009, p. 226).

Contudo, “não é possível deixar a perspectiva da busca de economias. O que está errado
é avaliar o departamento de compras por esse único objetivo e deixar que ele tome uma
importância tal que amesquinhe os demais, como a redução dos prazos” (BARBIERE;
MACHLINE, 2009, p. 228).

É importante avaliar o departamento de compras para a formação de estoques, várias


causas podem causar o excesso de deficiência de itens como: previsões equivocadas,
seleção deficiente de itens, sistemas de revisão mal operados ou com parâmetros
errados ou defasados. “É comum encontrar organizações que investiram recursos em
que, depois de muitos anos, ainda continuam usando os mesmos parâmetros deixados
pelos consultores” (BARBIERE; MACHLINE, 2009, p. 228).

55
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Avaliação do Departamento de Compras

Alguns marcadores são necessários serem observados e seguidos na hora da solicitação


de compras; fazer um checklist para se ter uma melhor organização e um roteiro a
seguir:

»» alterações atendidas;

»» alterações solicitadas aos fornecedores depois do aceite dos pedidos;

»» assistência aos fornecedores;

»» datas do envio dos pedidos;

»» datas do momento em que se identifica a necessidade de repor estoques;

»» assistência prestada aos usuários;

»» data dos recebimentos;

»» datas prometidas;

»» despesas associadas à área de compras discriminadas pelos seus


componentes (salários, encargos, material de escritório, despesas de
telefonia, EDI etc.);

»» economias obtidas;

»» fornecedores cadastrados;

»» fornecedores cotados;

»» número de ações de diligenciamento;

»» número de compradores e auxiliares;

»» número de itens comprados;

»» número de solicitações;

»» prazo de entrega dos fornecedores;

»» prazo de pagamento;

»» quantidade de entregas;

»» quantidade compradas por unidade e valores monetários envolvidos;


56
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

»» quantidade de entregas sem problemas;

»» recursos de comunicação disponíveis;

»» tempo gasto para emitir pedidos de compra.

Seleção e padronização de medicamentos


Para Sforsin et al. (2015), as técnicas de normalização são essenciais para um efetivo
planejamento e controle dos medicamentos. As etapas são divididas em quatro etapas,
a de seleção, especificação, classificação e codificação de medicamentos.

A seleção de medicamentos é um processo dinâmico, contínuo,


multidisciplinar e participativo. Selecionar medicamentos tem como
objetivo, escolher dentre todos os itens fornecidos pelo mercado,
adotando critérios de eficácia, segurança, qualidade de custo,
proporcionando condições para o uso seguro e racional de medicamentos
(SFORSIN et al., 2015, p, 172).

A comissão de Farmácia e Terapêutica é necessária para implementar a seleção


de medicamentos, junto com a equipe multidisciplinar é composta por médicos,
farmacêuticos, enfermeiros, administradores e outros profissionais envolvidos. “A
seleção de antimicrobianos e germicidas deve ser realizada com a participação da
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar- CCIH” (SFORSIN et al., 2015, p, 172).

O uso da padronização na farmácia hospitalar facilita os processos de armazenamento,


aquisição, gerenciamento de estoque e distribuição, pois racionaliza a quantidade de
itens.

Os medicamentos utilizados devem seguir um padrão de padronização e devem ser


constantemente reavaliadas, em que os itens devem ser apontados, como os itens de
desuso que devem ser excluídos ou substituídos, os itens de inclusão com elevados
níveis de eficácia clínica, importante para o tratamento, diagnóstico ou tratamento do
paciente assistido pela Instituição.

A correta utilização dos itens dispostos por meio do estabelecimento de protocolos e


dos procedimentos operacionais padrão. Os hospitais normalmente elaboram estes
guias com estas informações que são denominados de Guias Farmacoterapêuticos.

Segundo Sforsin et al. (2015), a especificação na seleção de medicamentos e padronização


consiste na determinação com exatidão, sobre aquilo que se tem normatizado, fazendo
uma descrição objetiva contendo os detalhes para distinguir uma apresentação de outra.

57
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» Na especificação do medicamento, deve-se incluir: a forma


farmacêutica, volume e/ou peso, dosagem e nomenclatura do fármaco
segundo a Denominação Comum Brasileira – DCB, a terminologia
empregada deve ser entendida pelos fornecedores e usuários.

»» Na classificação, o medicamento é de extrema importância para o


acompanhamento de estoque, facilitando a distinção de produtos que
tem maior facilidade em serem confundidos ou de serem extremamente
semelhantes em relação ao nome. Muitas vezes, o controle pode ser
realizado por grupos de medicamentos, possibilitando a substituição de
um produto pelo outro, a ordenação do estoque pode seguir diferentes
modos:

›› ordem alfabética;

›› forma farmacêutica;

›› pela curva ABC de consumo e valor.

»» Na codificação, os sistemas podem ser divididos em ordem alfabética,


alfanumérico e numérico. Ao simbolizar com as informações necessárias
por meio de números e letras com a classificação obtida nos medicamentos
de uma forma clara, assim evitando as interpretações duvidosas ou
confusas. E essencial que a cada item tenha um código individual, de
acordo com a necessidade da Instituição, sendo dividido em subgrupos e
subclasses (SFORSIN et al., 2015).

58
Capítulo 8
Rastreabilidade

Rastreabilidade de medicamentos da
farmácia hospitalar
Conforme Sforsin et al. (2015), estudos da Associação Americana de Hospitais foram
conduzidos por David Philips, sendo ambos demostrados pelo IOM (Institute of
Medicicine), em seu relatório To Err is Human, de 1999, que anualmente entre 44.000
a 98.000 pessoas morrem por causa de erros médicos e cerca de 7.000 de pessoas
são por erros de medicação dentro e fora dos hospitais. A CDC (Centers for Desease
Control and Prevention), no mesmo relatório concluiu que os erros médicos matavam
mais pessoas do que acidentes automobilísticos.

Levantou-se ainda que 2% das admissões de um hospital eram sujeitas


a eventos adversos a medicamentos preveníeis, elevando o tempo de
internação em 4,6 dias com um custo adicional de 4.7000 dólares por
admissão. Em estatística do CDC, neste mesmo relatório, concluía-se
que mais pessoas morriam por erros médicos do que por acidentes
automobilísticos (MALTA, 2015, p, 110).

Em estudos feitos a respeito de erros possíveis de medicação a Associação Americana


de Farmacêuticos do Sistema de Saúde (ASHP), com o passar dos anos, os dados vêm
se alarmando e nos coloca em uma posição de alerta em relação a serviço prestado de
âmbito nacional no qual se foi relatado que 39% dos erros ocorrem no ato da prescrição
medica, 12% na transcrição medica, 11% na dispensação e 38% na administração dos
medicamentos. (SFORSIN et al., 2015).

Os custos decorrentes dos erros seguiam em estimativa entre 17 e


29 bilhões de dólares americanos anuais. Os erros de medicação em
relatório mais recente da IOM contavam, em 2006, com uma estimava
anual de 400.000 eventos adversos a medicamentos, com consequente
custo de 3,5 bilhões de dólares anuais. (MALTA, 2015, p. 110).

Segundo Sforsin et al. (2015), entre as décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos,
foi desenvolvido um sistema baseado nos dados demonstrados anteriormente. Nesta
época, foi desenvolvido o Sistema de Distribuição de Medicamentos por Dose Unitária
(SDMDU), para reduzir as estatísticas de erros daquela época (SFORSIN et al., 2015).

59
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

O SDMDU é o sistema pelo qual a farmácia dispensa medicamentos


na forma a qual se encontra pronto para uso, de acordo com a dose
prescrita pelo médico, sem necessidade de nova manipulação posterior.
Mesmo sendo reconhecido como o sistema mais seguro de dispensação
desenvolvido, até, o momento, os indicadores ainda demostram que
temos muito que pontos frágeis no processo e que merecem toda nossa
atenção (MALTA, 2015, p. 110).

A qualidade e segurança no uso de medicamentos, avaliando o ciclo de utilização,


em três pontos de atuação como, prescrição médica, dispensação e administração
do medicamento. Na dispensação, podemos avaliar como poderemos desenvolver e
atingir uma maior segurança no processo de administração de medicamentos. No uso
do sistema prescrição eletrônica, o conceito de dose unitária é inquestionável pelo o
seu conceito de qualidade, mas devemos observar que, nos dias de hoje, com tantos
avanços tecnológicos, temos a obrigação de adotar todos os meios cabíveis e disponíveis
para salvaguardar vidas.

Rastreabilidade

Utilizando uma ferramenta de automação para


segurança no uso de medicamentos

Conforme Sforsin et al. (2015), a rastreabilidade trata se da identificação da origem do


produto desde as matérias-primas utilizadas, no processo de produção, de distribuição
no mercado, até o consumo.

No âmbito hospitalar, com um foco mais peculiar, é a capacidade


do hospital em monitorar o recebimento, distribuição, dispensação
e administração mantendo-se o controle sobre lote e validade dos
medicamentos nestes processos. Nestas circunstâncias fica implícita a
necessidade de os medicamentos serem controlados por lote em todos
os momentos de distribuição dentro da organização (MALTA, 2015, p.
112).

Conforme Sforsin et al. (2015), nos hospitais, para contornar a problema de atender
a demanda foi criado uma alternativa de reetiquetagem dos medicamentos em todas
as formas farmacêuticas, como em comprimidos, capsulas e drágeas que são tiradas
de sua embalagem original é necessário realizar o recorte dos blísteres ou a remoção
da sua embalem original para serem reembaladas com as informações necessárias e
legíveis. Conforme a necessidade e observância da RDC 67/2007 da Anvisa.

60
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Em síntese, temos aí, outro ponto de risco. A atividade de ré etiquetagem é


um passo crítico, de elevado custo de mão-de-obra e em que envolvemos
a possibilidade de inserção de informações incompletas, incorretas ou
trocadas. Para se evitar tais enganos, a adoção de políticas de prevenção
de erros e controle de qualidade pós-etiquetagem é recomendada.
Adicionalmente, ainda existe a possibilidade de erro no recebimento
de medicamentos na entrada do estoque no hospital (MALTA, 2015, p.
112).

O uso de códigos na etiquetagem não diminuem os problemas já listados, pois é


imprescindível um programa que seja eficaz de manutenção preventiva nas impressoras,
pois códigos mal impressos não podem ser lidos, assim prejudicando toda cadeia, os
usos de etiquetas de filme são mais indicados, de modo que não borrem no manuseio
ou no uso de líquidos utilizados no processo de assepsia.

Códigos de segurança

Segundo Sforsin et al. (2015), dada a condição segurança discutida, a GS1 no Brasil,
formada por um grupo de trabalho direcionados para o setor de saúde, este grupo
formado estuda meio para fomentar a adoção de um novo formato de codificação
pela indústria farmacêutica. O GS1, representante de hospitais públicos e privados,
fornecedores de tecnologia e indústria farmacêutica, estes membros propõe a adoção
do formato bidimensional DataMatrix de código de barras.

Sobre Healthcare. Disponível em <www.gs1.org /healhcare>.

Conforme Sforsin et al. (2015), o problema de identificação é mundial, os hospitais


tentam adequar seus sistemas para a recepção destes produtos, as indústrias
farmacêuticas devem se preparar para inserir este novo código em suas embalagens. O
código DataMatrix tem maior capacidade de inserir informações variáveis, como lote
e validade.

Nos Estados Unidos, somente 24% dos hospitais utilizam código de


barras na conferência de medicamentos antes da dispensação e 29,9%
como forma de controle de inventario, revelando a falta da identificação
adequada por parte da indústria. Com o código bidimensional de
conteúdo variável os hospitais deixam de ter a necessidade de re-
etiquetagem e passam a ter o processo de recebimento com maior
segurança (MALTA, 2015, p. 113).

61
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

Com a leitura do código de barras, o sistema importa automaticamente os dados para


eliminar a possibilidades de erros nos registros destes dados no sistema de estoque da
empresa.

Segundo Sforsin et al. (2015), este código tem o tamanho adequado para as embalagens
diminuídas, proporcionando até 55 caracteres de armazenagem em uma impressão de
2 a 3 mm². Os códigos de dimensões possuem até 2.335 caracteres alfanuméricos. Com
este formato, permite-se a leitura fiel, mesmo que ocorra 30% de dano na superfície de
impressão. Com este código um algoritmo calcula erros e realiza automaticamente a
correção dos dados.

Os códigos e a estrutura do DataMatrix e do DataBar para a saúde devem seguir o


mesmo padra GS1-128. Estes códigos têm apresentação linear como o EAN13, porém
com dados variáveis e tamanho de impressão muito grande, por meio de identificadores
de aplicação (AI). Estes AIs são classificados na forma humano-legível de dados, de
forma de letras e números. Os AIs podem conter de 2 a 4 caracteres. “Os AI’s acima são
os mínimos recomendados para a identificação de produtos da área da saúde. Contudo,
não são obrigatoriamente os únicos que podem ser utilizados” (MALTA, 2015, p. 114).

Figura 8. Exemplo de Código DataMatrix.

Fonte: disponível em: <goo.gl/dO9dQM>. Acesso em 24 jan. 2017.

O código DataMatrix e GS1 vem sendo adotado em diversos produtos da saúde.

»» Ampolas.

»» Blísteres sólidos e orais.

»» Materiais médicos e cirúrgicos.

62
LOGÍSTICA HOSPITALAR│ UNIDADE I

Estes códigos vêm sendo utilizados em todas unidades que possuam a identificação
completa, para que a rastreabilidade seja feita com eficácia, os códigos vêm sendo
gravados com identificação a laser na superfície metálica, gravando os números de
séries em cada item, para o controle de esterilização. Cada item recebe um código
individual, visando realizar o rastreamento e verificação dos processos de devolução e
esterilização.

São os benefícios do DataMatrix segundo a fabricante GS1 Brasil:

»» garantia da segurança de pacientes e de profissionais de saúde;

»» controle dos custos de produção, operação, compras e de logística;

»» conformidade com as normas em vigor;

»» aumento da confiabilidade da rastreabilidade física de produtos e


materiais;

»» redução do número de disputas entre parceiros da cadeia de suprimentos


e otimização da coordenação de pedidos, recibos e faturas;

»» eliminação de entradas em duplicidade;

»» economia de tempo na preparação, expedição e recebimento de produtos;

»» possibilidade da gestão dirigida e eficiente de recalls de produtos;

»» maior confiabilidade e otimização de estoques;

»» melhoria da qualidade do serviço em unidades de prestação de cuidados


de saúde;

»» possibilidade da captura e registro automático de dados, para garantir a


qualidade das informações.

Já o DataBar, que segunda a fabricante compreende uma família de 7 tipos de códigos,


também é uma possível solução.

São as principais vantagens:

»» rastreabilidade;

»» gerenciamento de produtos na cadeia de suprimentos incluindo ponto de


venda;

63
UNIDADE I │ LOGÍSTICA HOSPITALAR

»» controle de quebras;

»» identificação do fornecedor e gerenciamento de categorias em alimentos


frescos;

»» controle de data de validade;

»» ganho de espaço na codificação dos produtos da empresa.

Figura 9. Exemplo de Código DataBar.

Fonte: disponível em: <goo.gl/QHpBNW>. Acesso em 24 jan. 2017.

Adequação tecnológica
Conforme Sforsin et al. (2015), para a leitura dos códigos lineares, a tecnologia é bastante
acessível e não se requer um grande investimento. No caso dos códigos bidimensionais,
o investimento é um pouco maior, pois se requer um investimento maior. Existem
vários modelos de leitores no mercado, que trazem maior mobilidade, outros que se
podem trabalhar com sistemas interligados por redes WI-FI ou por radiofrequência,
estes porém tem o custo mais elevado.

Para que estes programas tenham um funcionamento adequado, além de necessitarem


da instalação do programa de controle de estoque e dispensação, é necessária uma
infraestrutura adequada das antenas e servidores, com isto elevando o custo do projeto
(MALTA, 2015, p. 116).

64
ESTABILIDADE
DE PRODUTOS Unidade ii
FARMACÊUTICOS

Capítulo 1
Estabilidade de medicamentos

Figura 10. Estabilidade de medicamentos.

Fonte: disponível em: <http://www.farmaceuticas.com.br/wp-content/uploads/2015/02/validacao-de-processo.jpg>. Acesso


em 24 jan. 2017.

Noções iniciais
O estudo de estabilidade dos medicamentos mostra qual tempo de durabilidade do
fármaco. Com o passar dos anos, o aumento da tecnologia e aumento da população
das indústrias passaram a sofrer mudanças com a demanda, e assim com a velocidade
da transformação industrial, acarretou em grandes mudanças sob o ponto de vista da
estabilidade dos produtos farmacêuticos.

A estabilidade é definida pelo qual tempo o fármaco ou a matéria-prima se mantém


dentro dos limites de especificações durante seu período de armazenagem. Como os

65
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

fármacos estão sujeitos a sofrerem fatores ambientais como: temperatura, umidade,


luz, interações físicas, químicas e microbiológicas.

Os fármacos estáveis, quando são sujeitos a simples técnicas de manipulação, podem


sofrer transformações quando alta tecnologia é usada. Com isso, torna-se necessário
o estudo de estabilidade das preparações das formas farmacêuticas em todas suas
apresentações. Para garantir a pureza, potência, inocuidade e eficácia do produto até a
sua utilização. “O tema é tão complexo que a Food and Drug Administrition dos EUA,
há mais de 30 anos trabalha sobre o assunto” (SILVEIRA, 2003, p. 236).

O guia para testes de estabilidade, promulgado pelo Center for Drugs


and Biologics of the United States Food and Drug Admisnistration
não é um documento com força de lei, mas contem procedimentos
e recomendações com vistas ao prazo de validade e estabilidade de
produtos farmacêuticos (SILVEIRA, 2003, p. 236).

Segundo Silveira (2003), em outros países como Alemanha, Japão, Inglaterra e França,
o processo de realização de testes de estabilidades possuem normas nas suas realizações
para fins de autorização para sua comercialização de novos produtos farmacêuticos.
Com isto, esses guias diferem e dificultam o registro de um produto farmacêutico em
diferentes países.

Para Silveira (2003), o conceito de estabilidade abrange muitos aspectos. Mas nenhuma
contempla todas as possibilidades, na literatura encontram-se muitas definições. Por
causa dessas características foram estabelecidos alguns critérios de aceitação que são
chamados testes de estabilidade.

Tipos de estabilidade
A depender dos aspectos que estão sendo levados em consideração, classifica-se a
estabilidade dos produtos farmacêuticos em (i) química, (ii) física, (iii) microbiológica,
(iv) terapêutica e (v) toxicológica. Segundo Brasil (2012, p. 33)

Qualquer alteração nas características físicas, químicas, microbiológicas,


terapêuticas ou toxicológicas dos medicamentos que extrapolem os
limites aceitáveis e pré-estabelecidos, coloca em risco a segurança e a
eficácia dos produtos.

66
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

Vejamos os tipos:

»» Estabilidade química: diz respeito às características químicas de cada


componente químico ativo na formulação.

Para ocorrer estabilidade química num produto, os fármacos presentes precisam


garantir a manutenção da integridade química, bem como a potência dentro dos limites
específicos.

A perda da estabilidade química pode ser determinada por fatores


intrínsecos e extrínsecos e levar à alteração na concentração do princípio
ativo, acarretando na diminuição da dose destinada ao paciente.
Adicionalmente, produtos de decomposição podem apresentar alta
toxicidade, trazendo riscos ao paciente. O limite geralmente aceito para
a decomposição química dos produtos farmacêuticos é de, no máximo,
10%, desde que os produtos de decomposição estejam seguramente
identificados e seus efeitos sejam previamente conhecidos. Em geral, os
produtos farmacêuticos devem conter de 90 a 110% do princípio ativo
declarado no rótulo (BRASIL, 2012, p. 34).

Quanto à estabilidade microbiológica, segundo Silveira (2003, p. 338), ela deve


ser “entendida como manutenção da esterilidade ou a resistência ao crescimento
microbiano”, sendo ela, conforme Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira,
um produto que pode ser considerado estável, sob o aspecto microbiológico, ao qual
mantém a esterilidade ou a resistência quando no crescimento microbiano.

»» Estabilidade microbiológica: é a estabilidade microbiológica do


produto farmacêutico, uma medida da sua resistência ao crescimento
microbiano, bactérias e fungos, proveniente dos insumos e do ambiente
durante a obtenção, estocagem e uso. O crescimento microbiano ocorre em
produtos não estéreis e com alto teor de água, como soluções e dispersões
de base aquosa. Portanto, para os produtos não estéreis, é necessária a
inclusão de conservante ou sistema conservante na formulação. Formas
farmacêuticas sólidas com quantidades relativamente pequenas de água
podem não requerer conservante.

Quanto à estabilidade física, esta ocorre nos produtos farmacêuticos quando eles
são mantidos com suas devidas propriedades físicas, o que inclui: (i) aparência,
(ii) palatabilidade, (iii) uniformidade, (iv) dissolução e (v) suspensibilidade. As
características físicas das formas farmacêuticas também podem se alterar ao longo do
tempo, tal como a uniformidade, aparência, dureza e taxa de dissolução nos comprimidos,

67
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

odor, viscosidade, sabor ou a separação de fases e formação de precipitados (BRASIL,


2012).

Sabe-se que a “confiança do paciente é influenciada se a cor, paladar, odor ou outras


características do produto forem alteradas com o tempo”. Dessa maneira, “mesmo que
o fármaco tenha uma boa estabilidade química ou microbiológica, as alterações físicas
podem reduzir o tempo de uso do medicamento”. É também importante a influência do
pH sobre a estabilidade física de um sistema bifásico, em especial as emulsões (BRASIL,
2012, p. 34).

De acordo com Silveira (2003):

»» Estabilidade física e físico-química: propriedades físicas originais


da forma farmacêutica, como aspecto, uniformidade, suspensibilidade,
cor etc.

No que se refere à estabilidade toxicológica, para que este seja alcançada, o medicamento
não pode sofrer aumento significativo na toxicidade, uma vez que ele pode se dar em
função dos produtos de degradação resultantes das variadas reações que acontecem
entre os componentes da formulação.

»» Estabilidade toxicológica: determina que não deverá ocorrer aumento


significativo da toxicidade;

Já a estabilidade terapêutica, para Silveira (2003), trata-se da manutenção da eficácia


terapêutica.

»» Estabilidade terapêutica: é a manutenção das propriedades


terapêuticas do medicamento. O efeito terapêutico é dependente do
teor do fármaco e da sua biodisponibilidade. Assim, qualquer alteração
na forma farmacêutica que reduza a quantidade do fármaco, afeta a
estabilidade terapêutica, pois diminui sua concentração no sítio de ação.
A degradação química ou enzimática, a não liberação do fármaco da
forma farmacêutica, a sua insolubilização ou precipitação são exemplos
de causas da perda da estabilidade terapêutica (BRASIL, 2012, p. 34).

»» Estabilidade e fatores de alteração: um medicamento é uma


associação de um ou mais fármacos, com um ou mais excipientes e/ou
veículos, contido em uma embalagem.

Para Silveira (2003), a estabilização dos produtos farmacêuticos são passíveis de sofrer
alterações que podemos chamar de “processo de envelhecimento”. Neste processo, por

68
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

causa da temperatura como luz, oxigênio atmosférico, umidade e fatores ambientais


podem acelerar o processo de envelhecimento. O processo de estabilização se faz
necessária para a proteção do fármaco.

Fatores intrínsecos dizem respeito sobre à formulação do produto farmacêutico, às


características físico-químicas do fármaco e demais componentes.

Em função da “grande variedade estrutural das substâncias utilizadas como fármaco


e devido as complexas misturas que ocorrem durante a formulação, muitos tipos de
reações podem afetar a estabilidade química de um medicamento”, o que pode levar ou
não “a perda da estabilidade farmacológica. No entanto, grande parte dessas reações
pode ser classificada como hidrolise ou oxidação” (SILVEIRA, 2003, p. 237).

Vejamos então as seguintes classificações segundo o Formulário Nacional da


Farmacopeia Brasileira (2012, pp. 33-37):

»» Hidrólise: ésteres, amidas, lactonas, lactamas e iminas são os


grupamentos funcionais mais suscetíveis de hidrólise. As ligações lactama
e azometina (ou imina) em benzodiazepínicos são também sensíveis à
hidrólise. A presença de água ou umidade é condição fundamental para
ocorrência dessa reação que pode ser catalisada pelo pH, pela presença
de cátions divalentes em soluções de baixos valores de pH e pela
temperatura. É necessário estudar qual a faixa de pH em que o fármaco
tem menor porcentagem de hidrólise e compatibilizar com o pH do
produto, diminuindo a velocidade com que ocorre essa reação.

Segundo Silveira (2003), grande parte dos fármacos apresentam em sua estrutura
molecular grupos funcionais conforme os compostos citados acima.

Enquanto que o de oxidação envolve um par de elétrons livres, a oxidação na maioria


das vezes ocorre por meio de radicais livres.

»» Oxidação: as estruturas moleculares mais suscetíveis à oxidação são


os grupos hidroxila ligados diretamente a um anel aromático (fenol e
derivados como catecolaminas e morfina), dienos conjugados (retinol/
vitamina A e ácidos graxos insaturados), anéis heterocíclicos aromáticos,
derivados nitroso e nitrito e aldeídos (presentes nos flavorizantes).

Normalmente, os produtos de oxidação não possuem atividade, podendo também não


ser visíveis, embora sejam coloridos, a depender da diluição. Segundo Brasil (2012, p.
35) “A oxidação é favorecida pelo pH, quando esse é mais alto que o ótimo, na presença
de íons de metal pesado polivalente, como cobre e ferro, e exposição ao oxigênio e à

69
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

radiação UV.” A justificativa é, em função dessas duas últimas causas, estar no uso
de substâncias antioxidantes, “sequestrantes de íons, embalagem externa opaca, vidro
âmbar ou embalagem plástica. Atmosfera de nitrogênio é recomendada durante o
preenchimento de frasco ampola no caso de produtos muito sensíveis ao oxigênio”.

»» Fotólise: a reação fotoquímica é uma importante fonte de degradação,


não somente no período de armazenagem, mas durante todo processo de
produção de medicamentos.

Essa exposição à radiação UV, a qual pode causar oxidação (foto-oxidação) e/ou quebra
de ligação covalente (fotólise), tem como exemplo lábeis a foto-oxidação compostos
como o nifedipino, nitroprussiato, riboflavina e fenotiazinas. “Em compostos
suscetíveis, a energia fotoquímica produz radicais livres, intermediários reativos, que
podem perpetuar reações em cadeia. São catalisadores da fotólise a presença de metais
divalentes e a temperatura.”. (BRASIL, 2012, p. 35).

»» Ph: dentro de uma formulação, muitos fatores são capazes de acelerar ou


diminuir a velocidade das reações.

»» Tamanho de partícula: o tamanho e a morfologia das partículas dos


componentes da formulação podem interferir na estabilidade físico-
química de diversos produtos farmacêuticos.

»» Incompatibilidade: entre um ou mais componentes na formulação


podem reagir entre, comprometendo a incompatibilidade do produto.

»» Fatores extrínsecos: chama-se de extrínsecos aqueles que não parte


da composição do produto farmacêutico, mas podem interferir na sua
estabilidade.

»» Temperatura: processos de degradação que envolvem reações


químicas, que na sua maioria consomem energia e, portanto, podem ser
desencadeadas pela temperatura.

»» Umidade: é outro fator ambiental que influencia fortemente na


estabilidade de produtos farmacêuticos.

»» Gases atmosféricos: o oxigênio é o gás atmosférico que tem maior


participação nos processos de degradação dos fármacos. O oxigênio é o
maior agente oxidante ao qual os fármacos estão submetidos.

70
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

»» Radiações: a maioria dos fármacos absorve radiação ultravioleta. O


espectro da luz solar emite radiação nessa região, tornando-se assim um
importante fator de alteração da estabilidade dos produtos farmacêuticos.

Há também a racemização, que é “a conversão de um fármaco em um isômero óptico


(enantiômero), que resulta na mistura de ambos, muitas vezes acompanhada por perda
de atividade terapêutica”. Esta é uma reação que acontece com moléculas, as quais
apresentam carbonos não simétricos, podendo ser a presença de luz uma espécie de
catalisador, bem como as alterações de pH, tipo de solvente, entre outros (BRASIL,
2012).

Determinação do prazo de validade do medicamento carbocisteína xarope


através do método de Arrhenius. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rbcf/v43n4/08.pdf>.

O processo de latenciação no planejamento de fármacos. Disponível em: <http://


www.scielo.br/pdf/qn/v22n1/1141.pdf>.

Caracterização e estabilidade físico-química de sistemas poliméricos


nanoparticulados para administração de fármacos. Disponível em: <http://www.
scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422003000500017>.

Estabilização de produtos farmacêuticos


Segundo Silveira (2003), os fármacos são passíveis de sofrer alterações que podemos
chamar de “processo de envelhecimento”. Esse processo pode ser acelerado pelos fatores
de temperatura como a luz, oxigênio atmosférico e umidade, e o controle desses fatores
ambientais é essencial para que as velocidades dessas mudanças não comprometam a
estabilidade do medicamento (SILVEIRA, 2003, p. 241).

Estabilização de fármacos: limitação do


contato com a água
Conforme Silveira (2003), quando a decomposição do fármaco é resultante de uma
reação de hidrólise um meio efetivo de estabilizar a molécula é eliminar o contato do
fármaco com a água. No caso do ácido acetilsalicílico, isso é facilmente alcançando
pela utilização de formas de dosagens sólidas, o qual normalmente está disponível na
apresentação de cápsulas e comprimidos.

71
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

A embalagem de fármacos passiveis de sofrerem hidrolise deve ser


impermeável, para impedir a passagem de umidade do meio do produto.
Mesmo fármacos hidrolisáveis, quando formulados em forma solida,
devem ser protegidos da umidade, uma vez que água pode afetar não
só a estabilidade química, através da aceleração da reação de hidrolise,
mas também pode alterar a estabilidade física e microbiológica dos
produtos farmacêuticos (SILVEIRA, 2003, p. 241).

Ajuste de pH é uma outra maneira de estabilizar os fármacos passíveis de sofrerem


reação de hidrólise, por meio do controle de pH. As soluções aquosas podem ser
estabilizadas na utilização de tampões em pH de máxima estabilização “no entanto,
esse método de estabilização encontra duas limitações: o pH de ótima solubilidade e o
pH fisiológico” (SILVEIRA, 2003, p. 242).

Estabilização de fármacos oxidáveis: exclusão


do oxigênio
Para Silveira (2003), a maneira mais comum de impedir ou pelo menos de limitar
as reações de oxidação é por meio de exclusão do oxigênio, que pode ser conseguida
pela unitarização de doses em embalagens herméticas ou envase acompanhado de
gaseificação com gás inerte.

Para fármacos de uso parental isso pode ser conseguido através da


envase do fármaco em amplos de vidro seladas pelo calor sob atmosfera
inerte (gás, como, por exemplo, o nitrogênio). A formulação de fármacos
muito sensíveis ao oxigênio para administração parental, embaladas
em frascos multidose, é muito difícil, pois a borracha é razoavelmente
permeável ao oxigênio e tanto a borracha natural como a sintética
liberam aditivos capazes de catalisar reações oxidativas.

Essas formulações requerem mais do que a simples exclusão do oxigênio


(SILVEIRA, 2003, p. 242).

Estudo acelerado de estabilidade


Conforme Silveira (2003), os estudos acelerados sobre estabilidade auxiliam em
determinar as características intrínsecas da formulação, para identificar os fatores
extrínsecos que são capazes de acelerar essas reações que contribuem para identificação
dos produtos de degradação e para avalição de sua toxicidade em relação ao fármaco

72
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

original e, com este estudo, ainda permitem uma previsão do período de vida útil do
fármaco.

A maioria dos processos de degradação dos fármacos envolve reações


químicas que consomem energia e, portanto, podem ser aceleradas
pelo aumento da temperatura. Assim, a maioria dos métodos de
envelhecimento acelerado leva em conta esse fator e se fundamenta
em medidas da velocidade de degradação em temperaturas superiores
à normal, para posteriormente inferir o que sucederia ao fármaco, na
temperatura ambiente (SILVEIRA, 2003, p. 243).

73
Capítulo 2
Estabilidade e dispensação

Estudo de estabilidade de vida de prateleira


Conforme Silveira (2003), o estudo de validade tem como determinação o prazo de
validade para fins de registro. Para isto, é necessário que os estudos acelerados sejam
conduzidos paralelamente com os estudos em condições normais de armazenamento
de acordo com as zonas climáticas onde se destina os medicamentos.

É importante salientar que os protocolos-padrão constantes do guia


para testes de estabilidade, elaborados pela International Conference
on Harmonization são destinados às zonas climáticas I e II, que
abrangem as condições de armazenagem das regiões que fazem parte
da ICH, ou seja, União Europeia, Japão e EUA.

Para que medicamentos, cujos estudos de estabilidade tenham sido realizados


considerando as zonas climáticas I e II, sejam registrados em países onde as condições
de armazenagem se enquadram nas regiões III e IV, será necessário um novo estudo de
estabilidade. “Modificações nos protocolos-padrão da ICH, considerando as condições
de armazenagem das regiões pertencentes as zonas climáticas III e IV, tem sido
proposta” (SILVEIRA, 2003, p. 245).

Vejamos o quadro abaixo:

Quadro 9. Zonas Climáticas Adotadas pela USP24.

ZONAS CLIMATICAS TEMPERATURA °C UMIDADE % UR PRESSÃO (mbar)


I Temperada 21 45 11,2
II Mediterrânea, subtropical 25 60 19,0
III Quente, seca 30 35 16,0
IV Quente, úmida 30 70 30,0

Fonte: Silveira (2003, p. 245).

Formas farmacêuticas sólidas


Para Silveira (2003), algumas formas farmacêuticas sofrem possíveis alterações nas
características em suas propriedades físicas das formas farmacêuticas sólidas, como

74
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

os comprimidos, que são decorrentes de problemas relacionados com a tecnologia de


produção.

Outras alterações que estão relacionadas à aparência do medicamento são mais


facilmente identificadas por farmacêuticos e pacientes, como a modificação da cor,
odor, sabor etc. Estas alterações podem ocorrer devido a fatores como ação da luz,
contaminação microbiológica entre outros.

Com essas modificações, uma perda na estabilidade física, mas não necessariamente a
alteração na estabilidade química e terapêutica. Mas mesmo sem haver modificações
nas características organolépticas, estes fármacos devem ser considerados impróprios
para consumo.

Comprimidos que se quebram facilmente, cuja embalagem apresenta


comprimidos partidos e resíduos em pó, podem estar traduzindo a
absorção de umidade através da embalagem, principalmente se ela
for de material de PVC. Os comprimidos podem também perder agua,
principalmente quando armazenados em ambiente de temperatura
elevada, acarretando um aumento de dureza que poderá refletir-
se em mudanças no perfil de desintegração e dissolução e mais uma
vez comprometer a qualidade farmacoterapia. Fármacos na forma
farmacêutica de pó liofilizado são normalmente higroscópicos e podem
absorver agua durante o período de armazenagem (SILVEIRA, 2003,
p. 246).

Formas farmacêuticas semissólidas

Para Silveira (2003), nas formulas semissólidas estão as suspensões, pomadas, cremes,
supositórios e emulsões etc. Nas alterações dessas formas farmacêuticas podemos
atribuir os processos de ação da luz, alteração do pH, contaminação microbiológica e
incompatibilidade. Cada apresentação sofre uma alteração apresentando características
físicas, no caso da emulsão, ocorre o “endurecimento” da emulsão, levando a forma de
creme.

Na suspensão, pode ocorrer um estágio de sedimentação individual das partículas,


comprometendo assim a uniformidade de dose, na qual ocorre a floculação e agregação
das partículas até a formação de um “bolo” de difícil ressuspensão. Nos cremes e pomadas,
as modificações ocorrem na consistência, separação de fase etc. Essas modificações
podem alterar a liberação do fármaco, que se reflete na qualidade farmacoterapia.

75
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

Estabilidade e dispensação de medicamentos


Conforme Silveira (2003), a atenção farmacêutica é definida como uma prática que o
farmacêutico assume a responsabilidade com o paciente quanto as suas necessidades
farmacoterapêutica. “Tem como objetivos garantir a eficácia do tratamento e a segurança
da farmacoterapia, visando a melhoria da qualidade de vida do paciente”.

O processo de aquisição é uma responsabilidade do farmacêutico avaliar as condições


de armazenagem na distribuidora e se elas obedecem aos requisitos estabelecidos pelo
manual de Boas Práticas de Estocagem de Medicamentos. Os medicamentos podem
sofrer alterações em condições ambientais inadequadas de armazenagem.

Considerando as condições climáticas e as dimensões territoriais do


Brasil, o transporte de medicamentos é outro aspecto que deve ser
observado, pois as longas distancias a serem percorridas significam um
tempo maior de exposição dos fármacos em condições de temperatura
nem sempre adequadas à manutenção da estabilidade de produtos
farmacêuticos (SILVEIRA, 2003, p. 247).

Conforme Silveira (2003), no caso de farmácias hospitalares e farmácias municipais


do Sistema Único de Saúde (SUS), como estes estabelecimentos adquirem maior
quantidade de medicamentos e armazenam, estes devem possuir almoxarifado exclusivo
para estocagem, construído em local estratégico, com espaço e condições ambientais
que atendam as todas necessidades de armazenagem.

Fracionamento de medicamentos
Para Silveira (2003), com o objetivo de administrar ou dispensar adequadamente um
medicamento, principalmente na farmácia hospitalar, a prática farmacêutica muitas
vezes envolve operações que podem afetar a estabilidade dos medicamentos.

É importante salientar que a estabilidade é sempre em função do fator


do tempo, quanto maior o tempo de exposição do medicamento a
condições distintas daquelas em que sua estabilidade foi testada, maior
probabilidade de ocorrência de alterações (SILVEIRA, 2003, p. 248).

Modificação da embalagem do fármaco


Conforme Silveira (2003), os estudos de estabilidade em condições normais de
estabilidade e armazenagem são realizados com o medicamento em sua embalagem

76
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

final. O sistema de dispensação por dose unitária traz vários benefícios para a qualidade
da assistência farmacêutica prestada ao paciente e contribui com a diminuição dos
custos hospitalares com os medicamentos.

No entanto, esse sistema de dispensação requer, na maioria das


vezes, o reacondicionamento do medicamento; isso significa retirar
o medicamento de sua embalagem original, na qual sua estabilidade
foi previamente estabelecida. Quando essa operação é realizada
no momento da dispensação, não acarreta maiores consequências
à estabilidade do fármaco, pois como visto a estabilidade de um
medicamento está sempre relacionado com o tempo. Entretanto, a
rotina hospitalar exige agilidade no ato da dispensação, para que o
medicamento correto, na dose prescrita, chegue ao paciente certo, na
hora exata (SILVEIRA, 2003, p. 249).

Erros de dispensação de medicamentos em farmácia hospitalar. Disponível


em:
< ht t p : / / w w w. s c i e l o. b r / s c i e l o. p h p ? s c r i p t = s c i _ a r t tex t & p i d = S 1 8 0 7 -
59322007000300007&lng=pt&nrm=iso>.

Para Howard e Stoklosa (2008), no caso da manipulação de alguns fármacos,


principalmente os antibióticos, perdem a sua potência em um período de tempo
relativamente curto, quando preparados em forma de dosagem líquida.

Para aumentar a vida útil desses fármacos, as empresas fabricantes


fornecem produtos em pó para que farmácias realizem a reconstituição
com agua purificada ou diluentes especiais quando recebem uma
prescrição. Dependendo do produto, o pó pode permanecer estável
durante 24 meses. Após a reconstituição, a suspensão ou a solução
resultante permanece estável, nas quantidades normalmente
dispensada, por até 10 dias à temperatura ambiente ou 14 dias, se
refrigerada (HOWARD; STOKLOSA, 2008, p. 295)

Estabilidade de produtos magistrais


O objetivo dos estudos de estabilidade é o de “gerar evidências sobre como varia
a qualidade de um fármaco ou de um medicamento em função do tempo, diante de
uma série de fatores ambientais, como temperatura, umidade e luz”, sendo que as
“informações obtidas também orientam sobre o prazo de validade do medicamento e
as condições de armazenamento” (BRASIL, 2012, p.37).

77
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

O documento Formulário Nacional da Farmacopeia Brasileira prossegue com alguns


detalhes que nos são importantes:

Tais estudos se iniciam no desenvolvimento da formulação, quando são


avaliados todos os fatores intrínsecos, como a fórmula, a compatibilidade
entre os seus componentes, o pH e adequação da embalagem primária,
entre outros. Uma vez definido e obtido o produto farmacêutico,
segue-se longo período de armazenamento das amostras, já em sua
embalagem final, sob condições controladas de temperatura e umidade,
que simulem aquelas em que o produto estará exposto na cadeia de
distribuição e de comercialização. No Brasil, definido como Zona
Climática IV, essas condições são temperatura de (30 ± 2) °C e umidade
relativa de (70 ± 5)%. Para as indústrias, atualmente são definidos
três tipos de estudos de estabilidade: acelerado, de longa duração e
de acompanhamento. O prazo de validade é atribuído considerando o
produto em sua embalagem primária lacrada. Ao abrir a embalagem
do medicamento para o uso, por exemplo, medicamento multidose, na
forma de solução ou uma suspensão, este adquire a característica de um
medicamento extemporâneo. Isso é devido ao fato de que as condições
de exposição, manuseio, utilização e de armazenamento pelo usuário
podem envolver fatores de risco que não foram avaliados previamente
nos estudos de estabilidade.

O medicamento manipulado, desta forma, é produzido de modo individual, isto é, para


que seja atendido a necessidade particular de cada paciente. Por este motivo, não é
atribuir ao medicamento algum tipo de prazo de validade, mas sim uma data limite
para seu respectivo uso (ou seja, o prazo de uso), podendo este variar de alguns dias até
meses.

Os critérios para definição do prazo de uso são, portanto, diferentes


daqueles aplicados nos estudos de prazo de validade dos produtos
industrializados. A definição dessa data limite tem sido um grande
desafio, pois a estabilidade de produtos extemporâneos varia de
uma formulação para outra. Essa variação depende do fármaco, dos
componentes da formulação, do tipo de forma farmacêutica (se sólida,
líquida ou semissólida), do processo de manipulação, da embalagem
e condições ambientais, entre outros. Por essas razões não é possível
generalizar uma data limite de uso para todos os produtos. Por outro
lado, o conhecimento das reações químicas pelas quais os fármacos se
degradam fornece ao manipulador um meio para estabelecer condições

78
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

tais que a taxa de degradação possa ser minimizada ou evitada.


Portanto, para atribuir o prazo de uso de um produto manipulado,
deve-se considerar a natureza química do fármaco, seu mecanismo
de degradação, a embalagem primária, condições de armazenamento
esperadas e a duração prevista da terapia (BRASIL, 2012, p.36).

Para que seja garantida a segurança, eficácia, bem como a qualidade do produto
manipulado, faz-se necessários cálculos assertivos, precisos e em condições e
procedimentos que sejam apropriados a fim de desenvolver a formulação de insumos
que tenham boa qualidade. Não somente isto, mas deve envolver uma fórmula que seja
adequada com um perfil de estabilidade, sendo que este precisa ser comprovado em
literatura específica (BRASIL, 2012).

Acaso nenhuma fórmula seja encontrada nesta literatura, o farmacêutico deverá


desenvolvê-la, baseando-se em princípios científicos. Sendo este um procedimento
um pouco mais demorado, ao qual exige, segundo o formulário (BRASIL, 2012, p.38),
uma análise bastante cuidadosa dos seguintes itens:

a. Do potencial de degradação do ingrediente ativo por oxidação, hidrólise,


fotólise ou termólise.

b. Das interações entre os excipientes e o princípio ativo, especialmente se


comprimidos ou cápsulas são utilizados como fonte do fármaco, quando
este não está disponível no mercado.

c. Do tipo de embalagem mais adequada para proteger o produto de fatores


ambientais que possam influir na estabilidade.

d. Da formulação mais adequada, compatibilizando a estabilidade e a


adequação da forma farmacêutica para facilitar a administração.

e. Das condições de armazenamento, conservação e considerações


atribuindo um prazo de uso para a formulação.

As fórmulas que estejam no estado líquido têm a tendência de ser mais complexas que
as sólidas segundo o Formulário. Isso se dá por conta da “adição de componentes que
serão agregados para a adequação da forma farmacêutica (veículo, conservante, agente
tamponante, agente aromatizante, corretivo de viscosidade e agente de suspensão,
entre outros).”

Todos esses aspectos devem ser avaliados no desenvolvimento da


formulação. Além disso, deve-se ter cuidado quando se toma por

79
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

base a estabilidade do fármaco no estado sólido, pois ele pode ser


menos estável em solução ou em suspensão. Um desafio para os
farmacêuticos é fornecer formas farmacêuticas adequadas, para
pacientes com diferentes necessidades, principalmente pediátricos e
idosos. Incapazes de engolir formas sólidas utilizam-se de fórmulas
líquidas que permitam a confiabilidade na dose e a reprodutibilidade da
medida. É prática comum preparar formas líquidas a partir de formas
sólidas (comprimido/cápsula), quando o fármaco não está disponível
comercialmente. Os excipientes presentes no produto comercial podem
ser um problema para o manipulador, pois podem existir interações
potenciais entre os componentes do produto comercial e os que serão
agregados na manipulação (BRASIL, 2012, p. 38).

De modo algum, por fim, a data de validade do produto comercial pode ser ultrapassada
quando o produto for obtido. O manipulador precisa se inteirar da literatura científica
disponível ou recorrer ao fabricante do medicamento, a fim de obter as devidas
informações acerca da estabilidade (BRASIL, 2012).

80
Capítulo 3
RDC nº 53 de 2015

Figura 11. Anvisa e os Medicamentos.

Fonte: disponível em: <http://www.farmaceuticas.com.br/wp-content/uploads/2015/12/rdc-53-2015-produto-de-degradacao-


medicamento.jpg>. Acesso em 24 jan. 2017.

Noções gerais
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a Resolução RDC nº 53
no Diário Oficial em 2015, que “Estabelece parâmetros para a notificação, identificação
e qualificação de produtos de degradação em medicamentos com substâncias ativas
sintéticas e semissintéticas, classificados como novos, genéricos e similares, e dá outras
providências”.

Esta decisão estabelece:

»» Parâmetros para a verificação de produtos de degradação em


medicamento.

»» Parâmetros para elaboração do perfil de degradação correspondente.

»» Parâmetros para a notificação, identificação e qualificação dos produtos


de degradação formados ao longo do prazo de validade do medicamento.

Para não haver confusão, a Resolução se aplica a medicamentos com substâncias ativas
sintéticas e semissintéticas, classificados como novos; genéricos e similares. Não se
aplica a produtos biológicos e biotecnológicos, excipientes; peptídeos; oligonucleotídeos;

81
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

radiofármacos; produtos de fermentação e derivados, fitoterápicos, brutos de origem


animal.

Também não se aplica a medicamentos específicos; medicamentos a base de vitaminas


e/ou minerais associados entre si ou isolados; poliaminoácidos, os de notificação
simplificada e os produtos usados nas etapas de desenvolvimento de estudos clínicos.

São as definições mais importantes que Resolução nos traz:

Quadro 10. Definições.

Estudo que permite a geração de produtos de degradação por meio da exposição do insumo farmacêutico
ativo e produto acabado a condições de estresse, como por exemplo, luz, temperatura, calor, umidade,
Estudo de degradação forçada hidrólise ácida/básica e oxidação, entre outras. Este estudo permite o desenvolvimento de métodos
indicativos de estabilidade com especificidade e seletividade adequada, bem como fornecer informações
acerca das possíveis rotas de degradação de um determinado produto.
Qualquer componente presente no insumo farmacêutico ou no produto terminado que não seja o insumo
Impureza
farmacêutico ativo nem o(s) excipiente(s).
Limite de identificação Valor acima do qual um produto de degradação deverá ter sua estrutura química identificada.
Limite de notificação Valor acima do qual um produto de degradação deverá ser reportado no(s) estudo(s) de estabilidade.
Limite de qualificação Valor acima do qual um produto de degradação deverá ser qualificado.
Descrição dos resultados e das atividades analíticas utilizadas na detecção, identificação, elucidação estrutural
Perfil de degradação e determinação quantitativa dos produtos de degradação presentes no insumo farmacêutico ativo e no
medicamento.
Pureza cromatográfica do pico do Comprovação de que não há interferência de excipientes, impurezas e produtos de degradação no pico
insumo farmacêutico ativo cromatográfico do insumo farmacêutico ativo.
Impurezas resultantes de alterações químicas que surgem durante a fabricação ou armazenamento do
Produtos de degradação
medicamento.
Qualificação de produtos de Avaliação da segurança biológica de um produto de degradação individual ou de um dado perfil de
degradação degradação em um nível especificado.

Fonte: adaptado de Anvisa (2015, p.1).

A RCD e questões de estabilidade


A realização de um estudo de estabilidade de acompanhamento é suficiente para
cumprimento da RDC 53/2015 apenas se método que é adequado à Norma for utilizado
para o critério único em um estudo de acompanhamento, ao qual será considerado
que não há documentação suficiente para adequação à RDC 53/2015. O estudo de
acompanhamento, segundo o documento da Anvisa acerca da RDC 53/2015 e Guia
04/2015, “tem tempo de análises realizados em frequência inferior à do estudo de longa
duração, o que prejudica a avaliação de tendência de degradação do produto” (ANVISA,
2015, p.17).

O estudo de estabilidade deve ser considerado para comparação dos resultados frente
aos limites descritos no art. 9° da RDC 53/2015 quando, segundo a Anvisa (2015, p.17)
“o perfil de degradação de interesse sanitário é aquele obtido após a exposição do

82
ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS │ UNIDADE II

medicamento ou IFA à temperatura e umidade da estabilidade de longa duração, pelo


tempo equivalente à sua vida útil.” Com isto, portanto, “deve ser usado preferencialmente
o estudo de longa duração e, em segundo lugar, o estudo acelerado.”

Os dados do estudo acelerado são importantes pelo seu valor preditivo,


quando o estudo de longa duração não estiver concluído. Além
disso, nos casos em que o estudo acelerado apresentou produtos de
degradação acima de algum limite e o estudo de longa duração não,
porém apresentou valores limítrofes, pode ser solicitada identificação
ou qualificação dependendo da análise do estudo de longa duração
como um todo (isto é, da análise estatística de tendência de formação da
impureza). Nos casos de concessão de prazo de validade provisório, caso
sejam observados valores acima dos limites no estudo de estabilidade
acelerado, a empresa pode optar por identificar e qualificar conforme
os resultados obtidos ou, do contrário, o prazo de validade provisório
será baseado nos dados do estudo de estabilidade de longa duração até
o momento (ANVISA, 2015, p.17).

Segundo ainda a Agência, para os registros ou as alterações pós-registro, “a estabilidade


deve estar conforme os requisitos previstos em legislação própria, não sendo aceito
estabilidade conduzida com método não indicativo de estabilidade”, um considerando
que as normas vigentes a preconizam (RDC 17/2010 e RE 01/2005). O estudo de
estabilidade, portanto, “deve ser realizado com método indicativo de estabilidade
desde o início”, já que “mudanças de método durante o estudo podem prejudicar o
acompanhamento de como a qualidade do produto varia em função do tempo, um
objetivo fundamental do estudo de estabilidade” (ANVISA, 2015, p.18).

Não aplicabilidade da RDC


A RDC 53/2015 não se aplica aos medicamentos utilizados nas etapas de desenvolvimento
de estudo clínico, logo, o procedimento que deve ser adotado é diferente, uma vez que
a RDC 09/2015 menciona a necessidade de uso de métodos indicativos de estabilidade.

A Anvisa traça que a RDC 53/2015 pode ser cumprida e esta pode ser dividida da
seguinte maneira:

1. A parte das especificações, que envolve principalmente o cumprimento


do artigo 9° (limites de notificação, identificação, qualificação).

83
UNIDADE II │ ESTABILIDADE DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS

2. A parte do método, que envolve a realização dos estudos de degradação


forçada e a análise crítica do perfil de degradação (basicamente, a
comprovação de que o método é indicativo de estabilidade para produtos
de degradação).

É necessário que seja cumprido essas duas partes, uma vez que existe ligação direta
com a eficácia, com a qualidade e segurança.

Para um produto em investigação, que será submetido a um ensaio


clínico, é necessário se ter uma confirmação em grau razoável da eficácia
e segurança, para assegurar a segurança dos sujeitos de pesquisa, porém
deve-se considerar que alguns atributos de qualidade ainda não estão
definidos de maneira conclusiva; por isso, o cumprimento à primeira
parte da RDC 53/2015 pode não ser totalmente atendido, desde que seja
demonstrado que o produto pode ser administrado com segurança aos
sujeitos. Entretanto, se no produto sob investigação não for realizado
estudo de estabilidade com método analítico adequado, haverá
dificuldade em determinar os atributos de qualidade fundamentais
(ANVISA, 2016, p.19).

Nova resolução da Anvisa mobiliza indústrias farmacêuticas. Disponível


em: <http://www.ictq.com.br/industria-farmaceutica/336-nova-resolucao-da-
anvisa-mobiliza-industrias-farmaceuticas>.

Anvisa aprova alteração de norma sobre produtos de degradação em


medicamentos. Disponível em: <goo.gl/lljxtk>.

Anvisa, perguntas e respostas acerca da RDC 53/2015 e Guia 04/2015.


Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/418522/
Perguntas+e+Respostas+-+RDC+53+2015+e+Guia+04+2015/6b3dec42-546c-
4953-943f-4047b8b50f87>.

Resolução - RDC nº 53, de 4 de dezembro de 2015. Disponível em: <ftp://


ftp.saude.sp.gov.br/ftpsessp/bibliote/informe_eletronico/2015/iels.dez.15/
Iels227/U_RS-MS-ANVISA-RDC-53-REP_041215.pdf>.

84
Para (não) finalizar

Não pare no meio do caminho!


Ingenuidade é acreditar que um assunto se encontra esgotado sempre ao final de algum
livro, material ou estudo. Este é um meio de pesquisa para que seus estudos continuem
e prossigam sempre avançando.

E é desta maneira, para enriquecer os conhecimentos do aluno dedicado, que nos


esforçamos em oferecer conteúdo de grande valia para aprimoramento de seu curso
e disciplina. Claramente não é uma forma de esgotar o assunto, já que o conteúdo e
artigos aqui citados estão baseados em outros, aos quais, por sua vez, tomaram por
consulta outros e assim sucessivamente.

Indicamos, portanto, os conteúdos e as temáticas para pesquisas (a fim de dar sequência


aos seus estudos não tratadas ou não necessariamente aprofundados em nosso Material
de Apoio):

Sobre as Parâmetros de Planejamento e Controle:

»» Informações e estoque;

»» Nível de estoque:

›› atendimento;

›› rapidez e pontualidade;

›› flexibilidade e qualidade das entregas.

»» Impactos financeiros dos materiais:

›› avaliação de estoque;

›› estoque médio;

›› giro de estoque e retorno sobre investimento;

›› estudar também demais indicadores.

85
Para (Não) Finalizar

Sobre seleção e classificação dos materiais:

»» especificação;

»» simplificação e padronização;

»» seleção de medicamentos.

»» Uso combinado das classificações ABC e XYZ.

Sobre previsão de demanda:

»» modelos e métodos de previsão;

»» júri de opiniões;

»» métodos ingênuos;

»» métodos baseados em séries temporais:

›› média móvel aritmética;

›› média móvel ponderada;

›› média suavizada exponencialmente;

›› método de regressão linear simples.

»» Métodos baseados na decomposição da série temporal:

›› tendência;

›› tendência suavizada exponencialmente;

›› sazonalidade;

›› sazonalidade e tendência suavizadas exponencialmente;

›› estudar também outros componentes da série temporal.

Sobre sistemas de reposição de estoques:

»» período de reposição de estoques;

»» estoque de segurança para itens de baixa demanda;

»» sistema do ponto de pedido;

86
para (não) finalizar

»» sistema de revisão periódica;

»» estudar também demais sistema, como o de reposição contínua.

Sobre compras na administração pública:

»» princípios da licitação;

»» modalidades de licitação;

»» tipos de licitação;

»» bens e serviços de informática e automação;

»» compra de bens materiais;

»» pregão e pregão eletrônico (como o BEC – Bolsa Eletrônica de Compras).

Sobre ciências farmacêuticas:

»» gênese dos fármacos;

»» farmacopeia e biodisponibilidades;

»» farmacoepidemiologia;

»» farmaeconomia (muito importante, dado a visão administrativa que


tratamos);

»» seleção de medicamentos;

»» sistemas de distribuição de medicamentos em farmácia hospitalar;

»» abastecimento e gerenciamento de materiais;

»» manipulação de medicamentos estéreis e não estéreis em fh;

»» a farmácia no controle das infecções hospitalares.

Sobre gestão da farmácia hospitalar:

»» logística dos medicamentos e dos materiais médico-hospitalares;

»» relação entre farmácia hospitalar e as ciências farmacêuticas;

»» produção e manipulação de medicamentos;

»» relacionamento multiprofissional.

87
Referências

ANACLETO, Tânia Azevedo; PERINI, Edson; MÁRIO, Borges Rosa. Prevenindo


erros de dispensação em farmácias hospitalares. 2006. Disponível em: <http://
www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/13/inf32a36.pdf>. Acesso em: 5/7/2017.

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Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33836/418522/
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