Você está na página 1de 91

Prática Clínico Sanitária

Brasília-DF.
Elaboração

Carolina Montovam Monteiro

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA........................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
CONCEITO DE PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E DE DETERMINANTES DA SAÚDE.......................... 10

CAPÍTULO 2
PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE............................................................. 14

CAPÍTULO 3
MEDICALIZAÇÃO, BANCO MUNDIAL, GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE....................... 25

UNIDADE II
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.................................................................................................................... 32

CAPÍTULO 1
CONCEITOS RELACIONADOS AO SUS...................................................................................... 33

CAPÍTULO 2
PACTO PELA SAÚDE................................................................................................................. 40

UNIDADE III
HOMEOPATIA NO SUS........................................................................................................................... 47

CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DA HOMEOPATIA PÚBLICA BRASILEIRA.................................................................... 49

CAPÍTULO 2
DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DA HOMEOPATIA NO SUS ................................................... 59

UNIDADE IV
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA................................................................................................................. 67

CAPÍTULO 1
LEVANTAMENTO DE CASO....................................................................................................... 68

CAPÍTULO 2
ESCOLHENDO O MEDICAMENTO CERTO................................................................................. 72

CAPÍTULO 3
ADMINISTRANDO O MEDICAMENTO........................................................................................ 77

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

6
Introdução
Daremos início ao estudo da disciplina Prática Clínico Sanitária através da conceituação
do processo saúde-doença para introduzir o conhecimento em saúde coletiva na
primeira unidade desse módulo.

Com essa definição será possível compreender os fatores determinantes da saúde, bem
como estabelecer os mecanismos empregados para prevenção de agravos que levam
ao desenvolvimento de doenças, além de conhecer as ações de promoção da saúde que
podem ser realizadas.

Serão apresentados os modelos assistenciais em saúde e o histórico das políticas


públicas de saúde no Brasil.

Ainda na Unidade I, serão descritos os níveis de atenção à saúde voltados aos cuidados
com os seres humanos, desde a atenção básica à saúde, passando pela estratégia da
saúde da família, até a atenção de média e alta complexidade.

Outros tópicos de importância a serem abordados serão sobre a vigilância em saúde,


exercida de forma ampla com a finalidade de prevenir agravos à saúde, além de temas
que instigam a reflexão crítica e construtiva, através da abordagem da medicalização,
das recomendações do Banco Mundial para o sistema de saúde brasileiro e o impacto
da repercussão da globalização sobre a saúde dos trabalhadores.

A primeira unidade encerra demonstrando as necessidades de educação em saúde para


o benefício das populações.

Entenderemos, a partir da Unidade II, como o Sistema Único de Saúde (SUS) está
organizado, bem como quais são seus objetivos e suas atribuições, conforme definido
em seus princípios fundamentais e diretrizes legais.

O pacto pela saúde discorrido no segundo capítulo dessa unidade descreve a pactuação
ocorrida em 2006 entre as três esferas do governo, enaltecendo a gestão participativa
popular, por intermédio dos conselhos e conferências de saúde, para efetivação do
controle social.

Com base nos conhecimentos adquiridos na Unidade II, passaremos a discorrer sobre
a história da implementação da Homeopatia pública brasileira, a partir da Unidade III,
considerando as diretrizes específicas para a implantação no SUS dessa terapêutica,
categorizada como prática integrativa e complementar.

7
Para finalizar esse módulo, será apresentada, na Unidade IV, a aplicação prática da
homeopatia, por intermédio da apresentação de casos clínicos empregados na saúde
pública, que foram realizados com base nos princípios da terapêutica homeopática,
criada por Hahnemann no século XVIII, que tem por fundamento a utilização da lei dos
semelhantes, a experimentação em indivíduos saudáveis, o emprego de doses mínimas,
consideradas muitas vezes infinitesimais e a utilização de um medicamento único.

Veremos que a escolha do medicamento certo é baseada em evidências científicas


que levarão o prescritor homeopata obter um tratamento adequado ao seu paciente,
personalizado de acordo com seu quadro sintomático.

Para tanto é fundamental que uma equipe multidisciplinar com conhecimentos dos
princípios e fundamentos da homeopatia, bem como suas atualizações técnico-
científicas, esteja apta a executar todos os procedimentos baseados nas boas práticas em
homeopatia, conforme estabelecido nas legislações pertinentes e vigentes, oferecendo
ao paciente um medicamento homeopático de qualidade para ser administrado de
forma segura e eficaz.

Objetivos
»» Introduzir os aspectos relacionados à saúde coletiva.

»» Conhecer a fundamentação do SUS e suas diretrizes, com ênfase à prática


homeopática.

»» Descrever o histórico da homeopatia brasileira e sua inserção no cenário


público.

»» Abordar a prática da homeopatia, com ênfase na clínica.

8
INTRODUÇÃO À UNIDADE I
SAÚDE COLETIVA

Sejam bem-vindos à primeira unidade da disciplina Prática Clínico Sanitária!

Como o próprio nome dessa Unidade 1 já revela, iniciaremos uma introdução à


saúde coletiva, definindo conceitos, conhecendo modelos empregados na conduta da
assistência em saúde com a finalidade de promover saúde além de prevenir agravos a
esta, conforme os níveis de atenção à saúde do sistema brasileiro.

Estarão contemplados, ainda nessa unidade, o histórico das políticas públicas de saúde
no nosso país, a atuação da vigilância nessa temática, a medicalização e sua contribuição
para a crise da medicina, o sistema de saúde brasileiro perante as recomendações do
Banco Mundial, a repercussão da globalização sobre a saúde dos trabalhadores e a tão
necessária educação em saúde.

Já deu para perceber que temos bastante trabalho pela frente, não?

Então... vamos começar!

9
CAPÍTULO 1
Conceito de processo saúde-doença e
de determinantes da saúde

Nesse primeiro capítulo da primeira unidade serão abordados os conceitos de saúde,


doença e a relação entre eles, no denominado processo saúde-doença.

Veremos que é muito estreita essa relação entre saúde e doença e que fatores
condicionantes podem influenciar de forma mais ou menos favorável esse processo,
sendo, portanto, denominados como determinantes da saúde.

Saúde, doença e o processo saúde-doença


A Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/
OMS) afirma que o conceito de saúde não é simplesmente a ausência de doenças, sendo
possível estar saudável somente quando existir um completo bem-estar físico, mental
e social. Esta definição estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em
1946, está inalterada até os dias de hoje.

Saúde é um direito básico, fundamental e universal, sendo assegurado aos seres


humanos pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, pela Constituição
da República Federativa do Brasil de 1988 e atualizações mais recentes da legislação
brasileira.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela Assembleia


Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948, descreve em seu artigo XXV que:

Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-


lhe, e a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário,
habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis,
e direito à segurança em caso de desemprego, doença, invalidez,
viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em
circunstâncias fora de seu controle (ONU, 2009, p. 13).

De acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 5 de


outubro de 1988 e suas alterações, mais especificamente no artigo 196 (BRASIL, 2016,
p. 118), “saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais
e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso
universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.

10
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

O conceito de saúde perante as atualizações da legislação brasileira é mais amplo,


considerando-a como resultante de vários aspectos como alimentação, habitação, meio
ambiente, saneamento básico, trabalho, renda, transporte, educação, cultura e lazer,
acesso a bens e serviços essenciais.

Leia na íntegra a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 2009):

<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>.

Conheça também a Constituição da República Brasileira de 1988, com as


alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais e pelo Decreto
Legislativo (BRASIL, 2016):

<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_
EC91_2016.pdf>.

Com base nesses fatores, condicionantes e determinantes, que influenciam direta ou


indiretamente a saúde da população, que as esferas governamentais devem promover
conjuntamente, ações de ampla abrangência em todos esses campos, a fim de contribuir
para o aperfeiçoamento da saúde coletiva, através da melhoria das condições de vida de
toda a comunidade.

O limiar entre a saúde e a doença em um indivíduo é muito estreito, não podendo ser
precisamente definido o limite de cada um deles.

“O processo saúde-doença representa o conjunto de relações e variáveis que produzem


e condicionam o estado de saúde e doença de uma população, que variam em diversos
momentos históricos e do desenvolvimento científico da humanidade”, sintetiza Vianna
(2011, p. 82).

O processo saúde-doença pode ser medido, caracterizado, explicado e avaliado por


meio das análises de situação da saúde, que nada mais são que processos contínuos,
oportunos e sintéticos que contribuem para as escolhas decisivas de estratégias políticas
na saúde pública.

A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) que integra


ao SUS a terapêutica Homeopática entre outras práticas da denominada medicina
alternativa, abrange com visão integral a abordagem do processo saúde-doença.

As Práticas Integrativas e Complementares demonstram uma visão ampliada do


processo saúde-doença, contribuindo para a melhoria e racionalidade do sistema de
saúde, por meio da promoção, proteção e recuperação da saúde.

11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

Os fatores que afetam, determinam ou simplesmente influenciam a saúde são definidos


como determinantes da saúde. Vamos conhecê-los?

Determinantes da saúde
A relação equilibrada entre saúde e doença, como já mencionada, é estabelecida por
diversos fatores extrínsecos, de âmbito social, econômico, ambiental, cultural e não
somente os provenientes da própria constituição biológica e genética do ser humano.

São múltiplas as formas que os determinantes podem exercer influência sobre a saúde.
Os mais valorizados pela OMS são os fatores ambientais, pois determinam 25% da
saúde da população. Outros determinantes que merecem destaque são os econômicos,
culturais e sociais, incluindo aqueles que provocam uma maior estratificação das
camadas na sociedade, além do próprio estilo de vida saudável levado pelo indivíduo
(CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).

As condições econômicas e sociais, bem como as ambientais, influenciam de forma


decisiva as condições de saúde, tanto de pessoas individualmente, como de populações.

O artigo 3º da Lei Nº 8.080 de 1990, alterada pela Lei Nº 12.864 de 2013, aponta
como fatores determinantes e condicionantes da saúde: “a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”, dentre outros (BRASIL,
1990, p. 1).

O Quadro 1 apresenta exemplos de 3 categorias consideradas como determinantes da


saúde no nível macro.

Quadro 1. Exemplos de determinantes da saúde divididos em três categorias.

CATEGORIAS EXEMPLOS
Poluição da água e do ar, a biodiversidade, o aquecimento global, a
Determinantes depleção do ozônio, as condições das habitações, a qualidade dos
Ambientais transportes, a segurança alimentar, a gestão de resíduos, a política
energética, o ambiente urbano.
Determinantes Desempenho econômico do país, rendimento (pode condicionar acesso a
Económicos comportamentos saudáveis), situação de emprego, ocupação, habitação.
Cultura, estilos de vida, gênero, etnia, grau de inclusão social, idade,
Determinantes Sociais comportamentos relacionados com a saúde, as condições de vida e
condições de trabalho, educação.

Fonte: Carrapato; Correia; Garcia (2017, p. 681).

Para a Fiocruz (2012), o conjunto de fatores que influenciam as condições de saúde


das pessoas é denominado como determinantes sociais da saúde, sintetizando dessa

12
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

forma, num único termo, os determinantes sociais, econômicos, políticos, culturais e


ambientais da saúde.

É possível visualizar no modelo de determinantes sociais de Dahlgren e Whitehead,


ilustrado na Figura 1, a complexa relação entre os diversos fatores que influenciam a
determinação da saúde.

Figura 1. Determinantes sociais conforme modelo de Dahlgren e Whitehead.

Condições de
Vida e de
Trabalho
Ambiente de Desemprego
Trabalho

Água e
de Vida dos Esgoto
Educação

Serviços
Sociais de
Produção Saúde
Agrícola e
de Alimentos
Idade, Sexo Habitação
e Fatores
Hereditários

Fonte: Dahlgren and Whitehead (apud SUCUPIRA et al., 2014, p. 162).

Observamos, na base da figura, a população diferenciada individualmente por suas


características como idade, sexo e fatores genéticos recebidos por hereditariedade e,
que certamente, são fatores que influenciam a saúde.

Logo acima, o estilo de vida individual surge como determinante da conduta


comportamental de cada um.

Já as camadas subsequentes, demonstram a inserção dos fatores individuais às


redes sociais e comunitárias, sua interação com os determinantes sociais de saúde
e as possibilidades de impacto das demais condições socioeconômicas, culturais e
ambientais que o indivíduo de uma população pode ser submetido.

A maioria das iniquidades em saúde, existente em todos os países, bem como boa parte
da carga das doenças, ocorre devido às condições em que os indivíduos nascem, vivem,
trabalham e envelhecem (FIOCRUZ, 2012).

13
CAPÍTULO 2
Prevenção de doenças e promoção da
saúde

Diversas maneiras existem para promover e manter a saúde, além da prevenção,


tratamento e reabilitação.

Várias temáticas políticas se inserem no contexto da saúde, uma vez que a alimentação,
a moradia, a higiene, o saneamento básico, o emprego, a educação e a segurança
influenciam direta ou indiretamente na saúde das pessoas em geral, além de outros
inúmeros fatores.

Uma das metas dos governos para resolução desses problemas relacionados à saúde
deve ser a redução das desigualdades em todas as áreas, de forma a possibilitar uma
equidade social.

Nesse aspecto, podemos considerar como sendo uma ação promotora de saúde
a própria inclusão social!

As ações executadas previamente ao desenvolvimento da doença podem ser entendidas


como preventivas.

Para que seja possível a prevenção de uma determinada doença, é necessário que se
tenha conhecimentos sobre esta de forma a impedir a sua evolução.

Para Vianna (2011), a prevenção de doenças se apresenta em três fases, conforme


ilustrado na Figura 2.

Figura 2. As três fases da prevenção de doenças.

PREVENÇÃO PREVENÇÃO PREVENÇÃO


PRIMÁRIA SECUNDÁRIA TERCIÁRIA

•Promoção da •Diagnóstico e
Saúde Tratamento •Reabilitação
•Proteção Precoce
Específica •Limitação da
Invalidez

Fonte: Vianna (2011, p. 80).

A prevenção primária será aquela realizada antecipadamente ao surgimento da doença.


No primeiro nível dessa primeira fase, está incluso o conceito de promoção da saúde,

14
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

que pode ser definido como ações que contribuam para o desenvolvimento de uma
saúde ótima.

No segundo nível, ainda da primeira fase, de prevenção primária está a proteção


específica contra agentes causadores de doenças ou contra agentes do meio ambiente,
por meio do estabelecimento de barreiras.

A segunda fase de prevenção secundária apresenta, em seu primeiro nível, o diagnóstico


inicial e consecutivo tratamento precoce. Já no segundo nível da prevenção secundária,
está estabelecida a limitação da invalidez determinando o ponto máximo de atuação
nessa fase.

Na última fase de prevenção de doenças, denominada prevenção terciária, trata


especificamente das ações de reabilitação do paciente, no qual já foram ultrapassados
os limites dos níveis anteriores.

Modelos assistenciais em saúde


Entende-se como modelo de atenção à saúde uma determinada maneira de combinar
técnicas e tecnologias que venham intervir sobre danos e/ou riscos causadores de
problemas de saúde.

Os modelos de atenção à saúde devem atender às necessidades de saúde individuais e


coletivas da população através da organização dos mecanismos de trabalho, tal como
saberes, conhecimentos e instrumentos, empregados nas práticas em saúde.

O modelo proposto pelo SUS (BRASIL, 2009a) incorpora os seguintes princípios:

»» acesso universal de forma que qualquer cidadão brasileiro tenha direito


aos serviços de saúde com qualidade;

»» integralidade da assistência, alinhando o cuidado com a saúde nos níveis


de atenção básica, média e alta complexidade;

»» participação social em todos os espaços de decisão e avaliação, inclusive


do financiamento do SUS.

As diretrizes para a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro estabelecidas


para o ano de 2030 (FIOCRUZ, 2012, p. 281) apontam que o país apesentará com
maior predominância um modelo de atenção à saúde orientado pelos princípios
da “universalidade e integralidade, articulando promoção, prevenção, assistência e

15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

reabilitação e integrando vários níveis de complexidade e tipos de serviços, assim como


a participação da família e da comunidade”.

Estado e políticas públicas de saúde: histórico


no Brasil e estado da arte
Desde a criação da saúde pública no Brasil, é perceptível que existem dificuldades
em alinhar e articular todas as três diferentes esferas de poder (federal, estadual ou
distrital e municipal), devido à falta do estabelecimento de um efetivo pacto federativo
na república do país, levando a caracterizar até como competitivas e cooperativas as
relações sociais, nas quais o poder é exercido de acordo com os limites geográficos.

Veja no quadro 2 os principais fatos históricos das políticas de saúde no Brasil.

Quadro 2. Histórico das Políticas de Saúde no Brasil.

PERÍODO ACONTECIMENTOS
Durante esse período, o Brasil não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população. A atenção à saúde
limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros),
1500 a 1896 desenvolviam as suas habilidades na arte de curar. No Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo
a profissão. Em 1808 Dom João VI fundou na Bahia o Colégio Médico Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de
Salvador.
Assistência à saúde limitada a ações de saneamento e combate de endemias. Modelo de política pública de saúde agrário-
1897 a 1930
exportador garantindo condições de saúde para os trabalhadores envolvidos na produção e exportação.
Surge a Previdência Social criando as CAPs (Caixas de Aposentadoria e Pensão). Anos depois criam-se as IAP (Institutos
1923 de Aposentadoria e Pensão) abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. A assistência médica era
baseada no vínculo trabalhista.
Até 1930 as ações em saúde eram de caráter coletivo. A partir dessa década a ênfase do governo passa a ser a
1930
assistência médica individualizada.
1948 É criado o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia).
1953 Criação do Ministério da Saúde.
1966 Acontece à fusão dos IAP dando origem ao INPS (Instituto Nacional de Previdência Social).
Política de saúde polarizada entre duas vertentes: Ações de caráter coletivo (vacinação, vigilância epidemiológica e
sanitária) sob responsabilidade do Ministério da Saúde e assistência médica individual centrada no INPS. Assistência médica
individualizada passou a ser dominante e a política privilegiou a privatização dos serviços e estimulou o desenvolvimento
1970 das atividades hospitalares. Ampliação da abrangência previdenciária Criação do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde
(CEBES) – início da mobilização social que originou o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Surge o Plano
Plurianual (PPA) e o Fórum Acadêmico de Saúde (FAS) para enfrentar a crescente demanda curativa. *PPA desburocratizou
o atendimento de urgência sendo o início da universalização do atendimento.
Primeira tentativa de regulamentação do papel dos municípios na política de saúde. Dava-se pouca atenção aos
1975 atendimentos primários.
Criação do PIASS (Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento) evidenciando a necessidade de
1976 atenção primária e com o objetivo de levar esse tipo de assistência às comunidades carentes com o envolvimento da
comunidade local.
Criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) = união de várias instituições de saúde e
1977 previdência social Ações de saúde eram fragmentadas. A saúde coletiva era direito de todos, mas apenas os trabalhadores
contribuintes tinham direito à assistência médica hospitalar individualizada.
Surge o Plano de Reorientação da Assistência à Saúde no âmbito da Previdência Social. O modelo curativo dominante
1982 começa a ser abalado a partir daí. Como consequência do Plano surgia as Ações Integradas de Saúde (AIS) com o
objetivo da universalização da acessibilidade aos serviços de saúde. *Representou o início da descentralização.

16
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

PERÍODO ACONTECIMENTOS
VIII Conferência Nacional de Saúde formalizou as propostas do MRSB originando mudanças baseadas na universalidade,
1986
no acesso igualitário, na descentralização (municipalização) e na participação social.
Constituição Federal = “saúde para todos”. Conceito de saúde ampliado, assistência de forma preventiva e curativa e
1988
gestão participativa.
Lei 8080 que sedimenta as orientações constitucionais do SUS. Lei 8142 que trata do controle social e da transferência
1990
de recursos financeiros.
Norma Operacional Básica (NOB) = define as modalidades de gestão que resultou na maior capacidade de planejamento
1996
para os municípios.
Emenda Constitucional 29 define a forma de financiamento da Política pública de saúde garantindo o financiamento do
2000
SUS constitucionalmente.
Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados
anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os
2012
critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das
despesas com saúde nas três esferas de governo.

Fonte: Cielo, Schmidt e Wenningkamp (2015, pp. 217-218).

Percebe-se a centralização dos controles institucionais estatais durante alguns


momentos da história da saúde pública brasileira, enquanto que, em outros períodos,
é notada a autoridade da esfera estadual, bem como de iniciativas regionalizadas, com
enfoque no atendimento das necessidades de saúde daquela população local.

Após a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), o direcionamento das políticas


públicas para a área da saúde em todo Brasil tem se tornado mais relevante.

Conheça a avaliação do Índice de Desempenho do SUS (IDSUS) referente às


políticas públicas de saúde do estado do Paraná, por meio do artigo publicado
por Cielo, Schmidt e Wenningkamp (2015), disponível para leitura através do
acesso ao link a seguir:

<http://www.periodicos.unc.br/index.php/drd/article/download/652/513>.

Pessoto, Ribeiro e Guimarães (2015) argumentam que o papel do Estado brasileiro


no desenvolvimento da política de saúde pode originar alternativas que promovam
e direcionem o desenvolvimento social e econômico, mesmo que esteja sob pressão
do mercado globalizado. Enfatizam, ainda, que isso não quer dizer que passaram a se
submeter às restrições econômicas impostas pelo ideal liberal de mercado.

Uma maneira de minimizar a expressiva movimentação de capital motivada pela


globalização econômica é investir num Estado que beneficie a manutenção de políticas
públicas sociais, incitando a participação popular conjunta, de modo que essa seja uma
ação de controle público sobre essas mesmas políticas instituídas.

17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

A elaboração das políticas públicas no Brasil tem demonstrado historicamente que


inúmeras conquistas só foram alcançadas em decorrência da participação das pessoas
provenientes de diversos segmentos sociais.

Leia o artigo de Borges e Pereira (2016) que apresenta um panorama das políticas
públicas no Brasil, voltadas para as pessoas portadoras de deficiências.

Acesse o link:

<https://inclusao.hom.enap.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/o-estado-da-
arte-sobre-pp-para-pcd-no-Brasil.pdf>.

Tanto o Estado como a sociedade civil possuem responsabilidades compartilhadas


sobre a luta pelos direitos humanos, tais como os direitos dos portadores de deficiência,
as questões igualdade racial, de diversidade sexual e de gênero.

Os diferentes grupos buscam seus espaços para afirmar seus direitos a partir da
organização coletiva.

Dessa forma, mais recentemente, o Brasil tem gerado políticas públicas que desafiam a
sociedade sob os aspectos éticos, morais e culturais, levando à estruturação da gestão
em todas as esferas governamentais (BORGES E PEREIRA, 2016).

Níveis de atenção à saúde, atenção básica à


saúde e estratégia de saúde da família
Entende-se como atenção à saúde tudo que envolve o cuidado com a saúde do ser
humano, abrangendo as ações e prestações de serviços relacionados à promoção de
saúde, e à prevenção, reabilitação e tratamento de doenças.

Os níveis de atenção à saúde, ordenados no âmbito do SUS, compreendem a atenção


básica, a atenção de média e a de alta complexidade.

Nem sempre esses três níveis de atenção à saúde são encontrados em todas as
localidades, principalmente nos munícipios menores.

A prioridade para todos os municípios é que tenham a atenção básica em pleno


funcionamento, prestando serviços com eficácia e qualidade.

Entretanto, isso não significa que os municípios que não possuam os níveis de média
e/ou alta complexidade fiquem desprotegidos, pois a integralidade do atendimento
à população é garantida e pode ser executada por intermédio de pactos regionais de

18
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

forma a assegurar o acesso a todos os níveis de complexidade do sistema às populações


dessas localidades.

Considerando que a atenção à Saúde deve ser integral, cada um desses níveis de
atenção não deve ser considerado de maior ou menor relevância nesse sentido,
uma vez que seu acesso seja garantido e efetivamente executado!

Com essa estruturação, as ações e serviços prestados pelo sistema são melhor
programados e planejados.

O nível básico de atenção à saúde é o contato preferencial dos usuários dos sistemas de
saúde, caracterizando-se por ser um conjunto de ações de saúde empregadas tanto no
âmbito individual como no âmbito coletivo, com a finalidade de promover e proteger a
saúde, prevenir agravos e doenças, diagnosticar, tratar, reabilitar e manter a saúde das
pessoas.

Os princípios que conduzem a atenção básica são: “da universalidade, da acessibilidade


e da coordenação do cuidado, do vínculo, da continuidade, da integralidade, da
responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social” (BRASIL,
2009a, p. 44).

É através das práticas gerenciais e sanitárias democráticas e participativas, que a


atenção básica à saúde é desenvolvida. Para tanto, são empregadas tecnologias de
elevada complexidade e baixa densidade, com o objetivo de solucionar os problemas de
saúde de maior constância e importância em cada localidade.

São executados trabalhos em equipe, voltados a populações de áreas delimitadas


geograficamente, pelas quais são assumidas as responsabilidades sanitárias, ponderando
a dinâmica apresentada no território em que essas pessoas vivem.

O nível de atenção à saúde de média complexidade foi instituído em 9 de junho de 2003,


por intermédio do Decreto no 4.726, que aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro
Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da
Saúde.

Acesse a íntegra do texto e anexos publicados pelo Decreto Nº 4.726 de 2003,


bem como as revogações e normas vigentes, acessando o link a seguir:

<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2003/decreto-4726-9-junho-
2003-496874-norma-pe.html>.

19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

O nível de média complexidade é composto por ações e serviços que necessitam


que a prática clínica seja executada por profissionais habilitados e qualificados em
determinadas especialidades.

O objetivo é prestar o atendimento dos principais problemas de saúde e agravos


da população, que requeiram serviços especializados, de acordo com os dados
epidemiológicos e sociodemográficos de cada região.

Para tanto, são exigidos recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico que
correspondam o exercício da prática clínica com a capacidade resolutiva diagnóstica e
terapêutica, considerando o impacto financeiro e as possibilidades de cobertura com os
recursos disponibilizados.

As atribuições da atenção média do sistema de informações ambulatoriais são os


seguintes:

1) procedimentos especializados realizados por profissionais médicos,


outros de nível superior e nível médio;

2) cirurgias ambulatoriais especializadas;

3) procedimentos traumato-ortopédicos;

4) ações especializadas em odontologia;

5) patologia clínica;

6) anatomopatologia e citopatologia;

7) radiodiagnóstico;

8) exames ultra-sonográficos;

9) diagnose;

10) fisioterapia;

11) terapias especializadas;

12) próteses e órteses;

13) anestesia (BRASIL, 2009a, p. 207).

Ao conjunto de procedimentos que abrange alta tecnologia e alto custo, no contexto do


SUS, denomina-se atenção à saúde de alta complexidade, que se integra aos outros dois
níveis de atenção à saúde citados anteriormente.

20
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

A intenção do nível de alta complexidade é oferecer à população o acesso a serviços


qualificados, tais como:

assistência ao paciente portador de doença renal crônica (por meio dos


procedimentos de diálise); assistência ao paciente oncológico; cirurgia
cardiovascular; cirurgia vascular; cirurgia cardiovascular pediátrica;
procedimentos da cardiologia intervencionista; procedimentos
endovasculares extracardíacos; laboratório de eletrofisiologia;
assistência em traumato-ortopedia; procedimentos de neurocirurgia;
assistência em otologia; cirurgia de implante coclear; cirurgia das vias
aéreas superiores e da região cervical; cirurgia da calota craniana, da
face e do sistema estomatognático; procedimentos em fissuras lábio
palatais; reabilitação protética e funcional das doenças da calota
craniana, da face e do sistema estomatognático; procedimentos para a
avaliação e tratamento dos transtornos respiratórios do sono; assistência
aos pacientes portadores de queimaduras; assistência aos pacientes
portadores de obesidade (cirurgia bariátrica); cirurgia reprodutiva;
genética clínica; terapia nutricional; distrofia muscular progressiva;
osteogênese imperfecta; fibrose cística e reprodução assistida (BRASIL,
2009a, p. 33).

A Atenção Básica tem como estratégia prioritária para sua reorganização a Saúde da
Família.

Conforme os preceitos do SUS, a Estratégia de Saúde da Família deve atuar no território,


realizando o cadastramento domiciliar da população, estabelecendo o diagnóstico
situacional e empregando ações planejadas e direcionadas aos problemas de saúde-
doença específicos, com postura proativa e de maneira compactuada com a comunidade,
alcançando o cuidado individual e coletivo das famílias no decorrer do tempo.

Em relação à rede de atenção básica tradicional, a estratégia de saúde da família


apresenta caráter substitutivo nos territórios em que atuam as equipes dessa estratégia.

Para implantação das equipes de saúde da família é necessária a existência de um


grupo multiprofissional que seja responsável por cerca de 3.000 a 4.000 habitantes,
no máximo, composto por médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem ou técnico de
enfermagem e Agente Comunitário de Saúde (ACS), no mínimo.

21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

O Agente Comunitário de Saúde (ACS) é o profissional, morador da comunidade,


que realiza ações integrativas envolvendo a equipe de saúde e a população
registrada na Unidade Básica de Saúde.

O ACS cumpre um papel chave na estratégia de saúde da família, sendo


fundamental sua presença tanto em comunidades rurais e periferias urbanas
quanto em municípios com alto grau de urbanização e industrialização.

A atribuição do ACS é exercer as atividades de prevenção de agravos e doenças,


além de vigilância à saúde, através da realização de visitas domiciliares e ações
educativas nos domicílios e na comunidade, individuais e coletivas, conforme as
prioridades estabelecidas.

Para o diagnóstico demográfico e sociocultural das famílias na micro área,


definida como sua base geográfica, o ACS utiliza como instrumentos o cadastro
atualizado de todas as pessoas e o registro com finalidade de controle e
planejamento das ações de saúde, doenças e agravos, além de nascimentos e
óbitos.

Dessa forma, o ACS está apto a orientar as famílias quanto à utilização dos
serviços de saúde disponibilizados pelo sistema.

É responsável também por traduzir a dinâmica social da população que recebe


a assistência para as Unidades Básicas de Saúde, relacionando quais são suas
necessidades, potencialidades e limites, além de identificar parceiros e recursos
existentes que possam ser otimizados pelas equipes.

Quando ampliada, a equipe de saúde da família dispõe também de um cirurgião dentista,


auxiliar de consultório dentário e técnico em higiene dental.

A saúde na família apresenta, entre seus fundamentos, tornar possível o acesso universal
e contínuo aos serviços de saúde de qualidade e capazes de resolver os problemas de
saúde, sendo considerada como a principal porta de entrada do sistema de saúde.

O registro num determinado território favorece o planejamento e a programação


descentralizada, de acordo com o princípio da equidade.

Outros aspectos nos quais a saúde na família se baseia são: a integração das atividades
programáticas e demanda espontânea; a articulação das ações que venham a promover
saúde, prevenir agravos e doenças, vigilância em saúde, tratamento e reabilitação dos
pacientes, trabalho em equipe e de forma interdisciplinar, e coordenação do cuidado na
rede de serviços; estabelecer as relações de vínculo e responsabilização entre as equipes

22
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

e a população de forma a assegurar a continuidade duradoura das ações de saúde;


estimular e valorizar os profissionais de saúde em relação à sua formação e contínua
capacitação.

É fundamental que sejam desenvolvidas avaliações para acompanhamento sistemático


dos resultados obtidos, como parte do processo de planejamento e de programação; e,
que a participação popular e o controle social sejam incentivados e estimulados.

Vigilância em saúde
A vigilância em saúde simboliza uma abordagem mais ampla que a tradicional vigilância
epidemiológica, envolvendo um conjunto de atividades que proporcionam monitorar e
analisar as doenças, sejam elas transmissíveis, ou doenças e agravos não transmissíveis
além dos seus fatores de risco, a vigilância ambiental em saúde e a vigilância da situação
de saúde, tendo por objetivo a prevenção de problemas de saúde.

Na vigilância epidemiológica, especificamente, há um enfoque maior na vigilância


de doenças infecciosas, e ainda uma certa atuação em relação às doenças crônico-
degenerativas.

A fim de contribuir para o controle, a eliminação e até mesmo a possível erradicação


das doenças transmissíveis o Programa Nacional de Imunizações possui um sistema
de informações que visa disponibilizar todas as vacinas com qualidade às crianças
brasileiras, com a meta de atingir 100% de coberturas vacinais, de forma homogênea,
em cada bairro de cada município.

A vigilância ambiental em saúde é o conjunto de ações e serviços prestados que


apresentam como objetivo conhecer, detectar ou prevenir qualquer alteração em fatores
determinantes e condicionantes do meio ambiente, que possam vir a interferir na saúde
humana.

São recomendadas e adotadas medidas para se evitar e controlar tais fatores que
ofereçam riscos relacionados às doenças e agravos à saúde.

São exemplos de aspectos a serem monitorados e controlados na vigilância ambiental


em saúde: a qualidade do ar e da água destinada ao consumo humano, os fatores
relacionados às áreas de solos contaminados, aos desastres e radiações não ionizantes,
e ainda, àqueles relacionados a substâncias químicas.

O Ministério da Saúde dispõe do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em


Saúde (CIEVS) como setor de relevância nacional e internacional, responsável pela
informação e gerenciamento das emergências em saúde pública.

23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

Os Centros de Informação e Gerenciamento de Emergências em Saúde Pública são os


equivalentes ao CIEVS localizados nos estados e municípios. Tais setores fazem parte
em cada um dos três níveis de gestão do sistema de saúde, de uma rede de informação
integrada que administra as emergências de forma ininterrupta.

As ações de vigilância de doenças no Brasil são apoiadas e fortalecidas pelo projeto


VigiSUS, no qual são consideradas a vigilância epidemiológica e controle de doenças, a
saúde ambiental e o fortalecimento da capacidade de gestão.

Através do projeto é possível conduzir a análise da situação de saúde em uma


determinada população e, dessa forma, dar início à implementação de políticas
públicas personalizadas para a minimização das inequidades em saúde, fatores de risco,
ocorrência de doenças, agravos e até mesmo a redução de mortes.

24
CAPÍTULO 3
Medicalização, Banco Mundial,
Globalização e Educação em Saúde

As temáticas abordadas nesse capítulo visam trazer à tona discussões construtivas e


reflexões críticas em torno da produção e exercício de saúde coletiva no Brasil.

A medicalização de aspectos considerados não médicos agregou ao longo da história a


ampliação da atuação da medicina em outros campos de forma generalizada, uma vez
que a medicina é considerada uma prática social.

As necessidades de recursos financeiros de países em desenvolvimento, como o Brasil,


para investimentos nos serviços de saúde, são amparadas pelo Banco Mundial, cuja
intenção declarada é que tais localidades prosperem e consigam eliminar a pobreza.

Com a globalização e os avanços obtidos por ela, os impactos sobre o sistema de saúde
brasileiro, essencialmente dos trabalhadores, sofrem repercussões que influenciam a
qualidade de vida da população.

Por fim, falaremos da importância e dos benefícios da educação em saúde e seu papel
fundamental como ferramenta de conhecimento e poder de transformação sobre a
saúde da sociedade.

A medicalização e a crise da medicina


O conceito de medicalização denota a inclinação de incorporar a medicina a um
problema social não relacionado diretamente à saúde.

Assim, problemas sociais passam a ser medicalizados, sendo conduzidos como questões
de saúde, passíveis de serem tratadas pela prática médica.

Uma vez medicalizada a questão social, é possível exercer sobre a mesma o controle e o
monitoramento, por intermédio da vigilância populacional.

Com uma visão crítica, pode-se considerar que a medicalização “interfere e interdita a
ação independente e racional dos seres humanos sobre sua própria produção de saúde”
(CARVALHO et al., 2015, p.1254). Desse modo, as pessoas deveriam lutar contra o poder
médico e demais profissionais de saúde, que procuram estabelecer o direcionamento da
vida dos indivíduos, resistindo à medicalização das relações sociais, de forma a afirmar
e conquistar sua autonomia.

25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

Foucault (2010), em conferência proferida no Rio de Janeiro em 1974, afirma que a


prática médica não é privada e sim, social.

Sua análise denota o aspecto produtivo da medicalização, capaz de originar novas


verdades e técnicas inovadoras para resolver às mais diversas necessidades da sociedade.

A prática clínica da medicina é formada pela articulação das práticas sociais e políticas
a outros planos e instâncias de poder micro e macrossociais (CARVALHO et al., 2015).

Com uma perspectiva crítica, a medicalização pode ser analisada como uma produção
humana que, com o passar do tempo, gerou inúmeras respostas e diversas tecnologias
com a finalidade de atender às variadas necessidades humanas.

Além de tratar as doenças, a medicina investe na saúde geral das pessoas inseridas na
sociedade, com o objetivo de prevenir agravos e para promover a saúde.

Conheça uma alternativa à medicalização social no âmbito da atenção à saúde


proposta no artigo intitulado “Medicalização social e medicina alternativa e
complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde” (TESSER;
BARROS, 2008), no qual aponta como medida, a prática de terapêuticas
alternativas e complementares. Acesse o link a seguir: <https://www.ces.uc.pt/
myces/UserFiles/livros/1097_7115.pdf>.

O sistema de saúde brasileiro diante das


recomendações do Banco Mundial
O Banco Mundial é um grupo composto pela parceria de cinco instituições que trabalham
comprometidas pelo estabelecimento de soluções sustentáveis voltadas para os países
em desenvolvimento.

Presente em mais de 130 localidades, apresenta 189 países vinculados como membros,
representando uma das maiores fontes de recursos financeiros e, também, de
conhecimento.

Os objetivos do Banco Mundial são: minimizar a pobreza, aumentar a prosperidade


compartilhada e promover o desenvolvimento sustentável.

A fim de cumprir os objetivos declarados, apresenta como missão, acabar com a pobreza
extrema através da redução da parcela da população global que vive em extrema pobreza
para 3% até o ano 2030, e promover a prosperidade compartilhada através da elevação
da renda dos 40% mais pobres em todos os países.

26
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

A missão específica do Banco Mundial apresentada para o Brasil é auxiliar o país a


garantir o crescimento sustentável num longo prazo, proporcionando para a população
oportunidades de desenvolvimento.

Navegue pela página do Banco Mundial para o Brasil, acessando o link a seguir:

<http://www.worldbank.org/pt/country/brazil>.

O Banco apoia diversas iniciativas brasileiras no campo da saúde, ampliando o acesso


aos serviços nessa área destinados àqueles que mais necessitam.

A Tabela 1 demonstra os 103 projetos parcialmente financiados, entre os anos de 2000


e 2015, pelo Banco Mundial.

Tabela 1. Número e valor total dos projetos brasileiros financiados pelo Banco Mundial, segundo os estados da

federação e Distrito Federal entre 2000 e 2015.

Estado/ Distrito Federal Nº de projetos Valor total em milhões US$


Rio de Janeiro 12 2.838,60
São Paulo 13 2.794,99
Minas Gerais 05 2.092,00
Rio Grande do Sul 04 1.865,00
Bahia 14 1.766,40
Pernambuco 10 1.633,50
Ceará 10 1.289,75
Acre 03 520,00
Rio Grande do Norte 04 440,90
Piauí 02 372,50
Tocantins 02 360,00
Paraná 02 358,00
Espírito Santo 04 336,50
Mato Grosso do Sul 01 300,00
Sergipe 04 261,88
Amazonas 02 240,25
Alagoas 01 195,45
Distrito Federal 02 187,64
Santa Catarina 02 152,80
Goiás 02 71,00
Pará 01 60,00
Maranhão 01 30,00
Paraíba 01 20,90
Amapá 01 4,80

Fonte: World Bank (2015 apud RIZOTTO e CAMPOS, 2016).

De acordo com a tabela, apenas 3 dos 26 estados brasileiros não firmaram acordos de
empréstimo com o Banco Mundial entre os anos 2000 e 2015.

27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

O estado que teve o maior número de projetos aprovados foi a Bahia, seguida por São
Paulo, com 14 e 13 respectivamente. Entretanto, o Rio de Janeiro foi o estado que obteve
o maior valor de recursos.

Com a análise da tabela, percebe-se que o número de projetos aprovados e o valor de


recursos concedidos nem sempre é diretamente proporcional, bastando comparar os
dados de Sergipe e Rio Grande do Sul, ambos com apenas 4 projetos aprovados e com
valores de recursos bem diferentes entre si.

O projeto VigiSUS, contemplado no capítulo anterior, recebe financiamento proveniente


do Banco Mundial e do governo brasileiro, que aplicam recursos nos campos de
infraestrutura, capacitação, desenvolvimento científico e tecnológico e programas de
educação e comunicação em saúde.

As recomendações do Banco Mundial sobre o sistema de saúde brasileiro estão


relacionadas aos interesses do capital expressos no âmbito da política de saúde
pública, uma vez que “esses interesses se apresentam através do crescimento da saúde
suplementar com apoio estatal, da privatização via novos modelos de gestão, e das
ações e programas governamentais do Ministério da Saúde” (ALVES; OLIVEIRA, 2015,
p. 12).

A repercussão da globalização sobre a saúde


dos trabalhadores
A globalização produz profundas mudanças que impactam a sociedade em aspectos
políticos, econômicos, culturais e no âmbito da saúde e trabalho, influenciando
diretamente nas condições de vida do indivíduo trabalhador e, consequentemente, de
sua família também.

Os avanços provocados pela globalização, essencialmente as transformações


tecnológicas que se expandem em todo o mundo, incluindo o Brasil, denota um
extensivo aprofundamento da exclusão social, política, econômica e cultural, uma vez
que são inacessíveis à grande maioria de trabalhadores.

Para Rodrigues e Bellini (2010), a expansão da globalização tem imposto exigências


mais expressivas aos trabalhadores, inclusive tendendo à precariedade nas relações e
condições de trabalho.

O constante e alarmante risco de ficar desempregado levam o trabalhador a um esforço


demasiado, culminando com um desgaste físico e psicológico, que gera angústia e
ansiedade.

28
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

A insegurança perante à probabilidade do desemprego se manifesta como estresse


e outros agravos à saúde do trabalhador, impactando também a família, que adoece
junto, tornando evidente a falta de vínculo entre os direitos sociais das pessoas e a
proteção desses direitos, diante da incapacidade de ser garantida pelo Estado.

Farias e Zeitoune (2004) realizaram uma pesquisa sobre a interferência da globalização


na qualidade de vida no trabalho em saúde pública, especificamente de uma equipe de
enfermagem, constatando que os trabalhadores classificam como negativa a influência
da globalização, apontando como fatores impactantes a rápida velocidade das
transformações na área da saúde, juntamente com o agravante de uma comunicação
falha e deficiente, e até mesmo a ocorrência de violência que os profissionais sofrem
tanto nos locais de trabalho como no trajeto até ele.

A diversidade tecnológica e a orientação política do mundo globalizado exigem certas


mudanças organizacionais e relacionais no trabalho executado na área da saúde, a fim
de se adequar à padronização de produtividade de bens e serviços inovadores.

Entretanto, a visível desigualdade de acesso demonstra claramente o distanciamento


do princípio básico da equidade, previsto legalmente na regulamentação do SUS e
proposto desde 1988 pela Constituição Federal.

Para se aproximar dos princípios constitucionais que orientam o SUS, são necessárias
mudanças visando à interdisciplinaridade, de forma que as profissões exerçam o
cuidado do ser humano carente de saúde considerando sua multidimensionalidade
(PINHEIRO et al., 2010).

Leia a reflexão feita pela sanitarista Maria Angélica Borges dos Santos sobre
como os sistemas de saúde públicos podem garantir os princípios de equidade
em uma sociedade que se encontra cada vez mais globalizada e mercantilizada.

A entrevista realizada pela Fiocruz com o título “Os impactos da globalização


para o SUS” está disponibilizada na íntegra através do acesso ao site:

<https://saudeamanha.fiocruz.br/os-impactos-da-globalizacao-para-o-sus/#.
W1iaYavPzIU>.

Educação em saúde
O conhecimento em saúde deve ser construído com o auxílio de um processo educativo,
com a finalidade de apropriar a população sobre a temática, ampliando a autonomia dos

29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA

indivíduos no autocuidado e agregando argumentos para o debate com profissionais de


saúde e gestores do sistema.

A educação em saúde é essencial para que a participação popular nos serviços de


saúde seja exercida de forma responsável e coerente, estabelecendo um eficaz controle
social sobre as políticas públicas, obtendo soluções e respostas para as necessidades da
comunidade.

O controle social da política de saúde só é eficientemente assumido e realizado se a


sociedade participante da formulação e implementação das políticas públicas de saúde
possuir o devido conhecimento sobre os seus direitos na área da saúde, como o SUS
está organizado e quais são os seus princípios, de que forma a gestão estratégica e
participativa ocorre, além dos deveres que responsabilizam cada um dos três níveis de
gestão do sistema.

A partir do desenvolvimento de ações de educação em saúde e o emprego da gestão


participativa, os desejos e as necessidades da sociedade passam a ser ouvidos, acolhidos
e tratados com o devido significado.

Para que haja contribuição para o incentivo à gestão social da saúde, a educação em saúde
deve promover, de forma conjunta à sociedade, a educação em saúde, fundamentada
nos princípios do diálogo, baseado na reflexão crítica.

São consideradas prioritárias as ações de educação em saúde para a população nos


campos da prevenção e controle de doenças, epidemiologia e promoção da saúde, com a
finalidade de minimizar os fatores de risco individual e coletivo que podem caracterizar
ameaças à saúde dos seres humanos.

Os instrumentos que conduzirão as pessoas no caminho da autonomia sobre sua


saúde e o exercício do autocuidado provém, muitas vezes, de informações simples e
orientações sobre, por exemplo, higiene, saneamento básico, alimentação, prática de
exercícios físicos e educação sexual.

Podemos considerar a educação em saúde também como uma prática social que deve
estar incorporada nas relações humanas cotidianas, nas quais a transmissão das
informações faça parte dos hábitos para produção de saúde, responsabilizando cada
indivíduo como um agente influenciador no processo saúde-doença, de modo que possa
assumir o papel de um ser capaz de agir, intervir e transformar a realidade social, com
o objetivo de alcançar a saúde.

A Política Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único


de Saúde (PNEPS-SUS) foi publicada através da Portaria Nº 2.761/2013 (BRASIL,

30
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I

2013a), instituindo metodologias e tecnologias que asseguram o fortalecimento


do SUS.

Ela valoriza a diversidade dos saberes populares, a ancestralidade, a geração de


conhecimentos através dos diálogos, bem como a inserção dessa produção nas
práticas do SUS, para promoção, proteção e recuperação da saúde.

Acesse o link, a seguir, para ler na íntegra essa política de educação popular em
saúde:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.
html>

A educação em saúde é um dos serviços prestados pelo farmacêutico para atender às


necessidades de saúde da comunidade (CFF, 2016) e confere benefícios valiosos ao
contribuir para melhora das atitudes e comportamentos das pessoas em torno dos
cuidados de saúde (FIP, 2017).

31
SISTEMA ÚNICO DE UNIDADE II
SAÚDE

Sabidamente, o Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores sistemas públicos de


saúde de todo o mundo.

Criado a partir do preceito citado na Constituição Federal de 1988, na qual enaltece que
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”, para proporcionar acesso universal ao
sistema público de saúde, de forma indiscriminada.

Constitui um direito de todos os brasileiros os cuidados assistenciais e a atenção integral


à saúde com foco na qualidade de vida.

Entretanto, para se alcançar adequada qualidade de vida é necessário que outras políticas
públicas atuem de forma conjunta promovendo o desenvolvimento econômico e social
e, consequentemente, venham minimizar as desigualdades em diversos âmbitos.

32
CAPÍTULO 1
Conceitos relacionados ao SUS

A atuação do SUS associada às demais políticas visa à promoção da saúde, prevenção de


agravos e da ocorrência de doenças e, quando a doença já estiver instalada, o objetivo
é a recuperação dos doentes.

O gerenciamento das atividades e dos serviços de saúde prestados ocorre de maneira


considerada solidária e participativa, abrangendo os três entes da Federação: a União,
os Estados e os municípios.

Composição, princípios fundamentais e


diretrizes do SUS
Conforme o artigo 4º da Lei 8.080 de 1990 (BRASIL, 1990, p. 1), o SUS é constituído
pelo “conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas
federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações
mantidas pelo Poder Público”.

A rede que compõe o SUS é ampla e abrangente, sendo contempladas nela as ações de
saúde e os serviços prestados nessa área.

Engloba ainda, a atenção básica, a atenção de média e de alta complexidades, a atenção


hospitalar, os serviços de urgência e emergência, as ações e serviços relacionados às
vigilâncias (epidemiológica, sanitária e ambiental) e a assistência farmacêutica.

Assistência Farmacêutica é um termo amplo utilizado para referenciar o conjunto


de procedimentos e atividades do farmacêutico direcionados aos usuários dos
serviços de saúde de forma individual (CFF, 2016).

Conheça a Lei Nº 13.021 de 08 de agosto de 2014 (BRASIL, 2014) que conceitua a


Assistência Farmacêutica como sendo o conjunto de ações e serviços empregados
nos estabelecimentos que desempenhem atividades farmacêuticas, públicos
ou privados, com o objetivo de assegurar a assistência terapêutica integral e a
promoção, a proteção e a recuperação da saúde, tendo o medicamento como
insumo essencial da farmacoterapia e com a finalidade de garantir o acesso a
este, bem como o seu uso racional.

Acesse o link: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/


l13021.htm>.

33
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Os princípios fundamentais do SUS seguem as diretrizes previstas no artigo 198 da


Constituição Federal de 1988: “descentralização, com direção única em cada esfera de
governo; atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem
prejuízo dos serviços assistenciais; participação da comunidade” (BRASIL, 1988, p.
120).

Obedece ainda aos seguintes princípios, conforme estabelecido no artigo 7º da Lei


8.080 de 1990 e suas alterações:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado


e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e
coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade
do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade


física e moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios


de qualquer espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de


saúde e a sua utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades,


a alocação de recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em


cada esfera de governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e


saneamento básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e


humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios
na prestação de serviços de assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de


assistência;

34
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade


de meios para fins idênticos; e

XIV – organização de atendimento público específico e especializado


para mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta,
entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias
plásticas reparadoras (BRASIL, 1990, p. 2-3).

A Universalidade é um dos princípios ideológicos do SUS, determinando que a saúde é


um direito igual de todos, independentemente de qualquer característica individual ou
social.

O termo Equidade corresponde a outro princípio ideológico ou doutrinário e, apesar de


não estar explicitamente descrito na Lei 8.080/1990, está contemplado no conjunto de
princípios apresentados no artigo 7º dessa normativa.

Entende-se por Equidade a igualdade prestada a todos de forma indistinta, sem


privilégios ou preconceitos, durante as ações de atenção à saúde, com a finalidade de
diminuir as desigualdades perante às diversas necessidades individuais, demandando
um maior investimento em áreas com maior carência.

A Secretaria de Gestão Participativa (SGP) coordena os comitês e grupos de trabalho


para a promoção da equidade em saúde, orientando o trabalho direcionado a populações
características, tais como: rural, cigana, negra e aquelas com orientação sexual que
exigem uma demanda específica do SUS (gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais –
GLTB), com o objetivo de promover ações diferenciadas e evitar a exclusão social desses
grupos.

Assim que forem superadas todas e quaisquer formas de discriminação e


de preconceito, em todas as esferas de gestão do SUS e nas unidades de
atendimento, será possível garantir efetivamente o cumprimento dos preceitos
de universalidade e equidade em saúde!

Dessa forma, o SUS disponibiliza recursos e serviços apropriados às necessidades


específicas de cada indivíduo ou população, de forma justa, uma vez que a complexidade
do problema de cada um é o fator determinante do tipo de atendimento que deverá ser
prestado e quais ações de saúde deverão ser atribuídas.

Para se garantir a equidade, mecanismos de indução de políticas ou programas para


populações em condições de desigualdade em saúde devem ser implementados, através
do envolvimento de integrantes de órgãos governamentais, setores do Ministério da
Saúde, pesquisadores e sociedade civil.

35
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Outro princípio fundamental do SUS é a Integralidade, que visa garantir ao usuário


do sistema uma atenção focada e direcionada ao indivíduo, à família e à comunidade,
através da promoção de saúde, prevenção de agravos, tratamento de doenças e
reabilitação do doente.

Para tanto, tais ações devem estar articuladas com outras políticas públicas, de forma a
assegurar um atendimento integral, e não compartimentado, garantindo aos indivíduos
o acesso a todos os níveis de complexidade do SUS.

Os princípios organizativos do SUS, de acordo com o Ministério da Saúde, são:

»» Descentralização.

»» Comando Único.

»» Regionalização.

»» Hierarquização.

»» Participação Popular.

A Descentralização, já prevista na Constituição Federal desde 1988, trata da


redistribuição do poder e das respectivas responsabilidades entre as três esferas
governamentais, até o município, ao qual devem ser fornecidas condições apropriadas
para o exercício gerencial, técnico, administrativo e financeiro, das funções voltadas
para saúde.

A finalidade da descentralização é a prestação de serviços de saúde qualificados à


população, podendo estes serem controlados e fiscalizados pelos cidadãos.

Já o Comando Único é a maneira de validar o princípio da descentralização, de modo


que, cada uma das esferas do governo possa atuar de forma autônoma e soberana,
tanto nas decisões como na execução das ações, desde que os princípios gerais sejam
respeitados e a participação da sociedade seja considerada.

A Regionalização tem por objetivo articular os serviços já existentes em uma determinada


área geográfica direcionada a uma conhecida população a ser atendida.

A intenção é que os serviços sejam organizados em níveis crescentes de complexidade e


de acordo com critérios epidemiológicos, a partir de um comando unificado.

Para que seja garantido o acesso a serviços de saúde, é requerida a prática do princípio
da Hierarquização, que irá dividir os níveis de complexidade de atenção necessária para
cada região conforme os recursos disponibilizados a elas.

36
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

A Participação Popular é um princípio com previsão constitucional, que inclui a


sociedade nas atividades diárias e rotineiras do sistema, atribuindo à gestão do SUS
um comprometimento coletivo, com transparência e maior adequação à realidade,
trazendo resultados mais eficazes.

Para tanto, existem Conselhos e Conferências de Saúde, cujos objetivos são: a elaboração
de estratégias, o controle e a avaliação da execução das políticas públicas de saúde.

O usuário do SUS deve ser visto e tratado como um membro da comunidade


que possui não só direitos, mas também deveres. Ele não pode e nem deve ser
considerado como apenas um indivíduo que passivamente recebe os benefícios
do Estado.

Objetivos e atribuições do SUS


Conforme disposto na Lei 8.080 de 1990, em seu artigo 5º, os objetivos do Sistema
Único de Saúde são:

»» a identificação e divulgação dos fatores que condicionam e determinam


a saúde;

»» a formulação e execução de políticas de saúde, econômicas e sociais,


destinadas à minimização de riscos de doenças e outros agravos e, que
visem o estabelecimento de condições que garantam o acesso às ações
e aos serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde, com
universalidade e equidade; e,

»» a assistência aos indivíduos através de atitudes capazes de promover,


proteger e recuperar a saúde, de forma a integrar as ações assistenciais
às preventivas.

A execução de ações de vigilância sanitária e epidemiológica; de saúde do trabalhador;


e de assistência integral, incluindo a farmacoterapêutica; também são consideradas
atribuições do SUS.

Assim como a formulação da política de medicamentos, equipamentos e outros insumos


de interesse em saúde; de sangue e hemoderivados; e, de saneamento básico.

O controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a


saúde, inclusive alimentos, água e bebidas para consumo humano; além da produção,
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos.

37
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

O SUS tem ainda a finalidade de ordenar a formação de recursos humanos na área


de saúde; incrementar o desenvolvimento científico e tecnológico; realizar a vigilância
nutricional; prestar orientação alimentar; e, colaborar para a proteção do meio ambiente.

Organização do SUS
Tal como visto nos princípios organizativos do SUS, e como previsto na legislação, as
ações e serviços de saúde, executados pelo sistema, serão organizados em níveis de
complexidade crescente e de maneira regionalizada e hierarquizada.

A direção unificada do SUS é exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
Ministério da Saúde, no âmbito da União; Secretaria Estadual de Saúde, e Secretaria
Municipal de Saúde.

O gestor nacional do SUS é o Ministério da Saúde. Sua ampla função varia desde
a formulação de políticas e ações em saúde, até a normatização, monitoramento,
fiscalização e avaliação das atividades, em articulação com o Conselho Nacional de
Saúde.

A estrutura do Ministério da Saúde é composta por órgãos como Agência Nacional de


Vigilância Sanitária (Anvisa), Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz), Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Empresa Brasileira
de Hemoderivados e Biotecnologia (Hemobrás), Instituto Nacional de Câncer (Inca),
Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into), além de hospitais federais.

Clique nos links, a seguir, e acesse o site dos órgãos nacionais vinculados ao
Ministério da Saúde e conheça mais sobre a atuação de cada um deles:

Anvisa: <portal.anvisa.gov.br/>

ANS: <www.ans.gov.br/>

Fiocruz: <www.funasa.gov.br/>

Funasa: <www.funasa.gov.br/>

Hemobrás: <www.hemobras.gov.br/

Inca: <www.inca.gov.br/>

Into: <https://www.into.saude.gov.br/>

38
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

A Secretaria Estadual de Saúde é responsável por formular as políticas e ações de saúde,


amparando os municípios em articulação com o conselho estadual.

Já a Secretaria Municipal de Saúde é responsável por planejar, organizar, controlar,


avaliar e executar as ações e serviços de saúde em articulação com o conselho municipal
e a esfera estadual, visando à aprovação e implantação do plano municipal de saúde.

Podemos, ainda, considerar como parte integrante da estrutura organizacional do SUS


os Conselhos de Saúde, atuantes nos âmbitos nacional, estadual e municipal, com o
intuito de elaborar estratégias para controle da execução da política de saúde.

Cada esfera governamental possui uma entidade representativa que trata de


assuntos referentes à saúde, denominadas de Conselhos.

A entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Federal é o Conselho


Nacional de Secretário da Saúde (Conass). Acesse o link: <www.conass.org.br/>.

Conheça o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems),


acessando o site da entidade: <www.conasems.org.br/>.

As entidades que representam os entes municipais, no âmbito estadual são


os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), que devem estar
vinculados institucionalmente ao Conasems. Veja a página na internet do
Cosems de Minas Gerais: <www.cosemsmg.org.br/>.

39
CAPÍTULO 2
Pacto pela Saúde

Veremos nesse capítulo quais os componentes do Pacto pela Saúde e sua importância
desde sua instituição em 2006, sendo que a participação popular e o controle social
são preceitos fundamentais que alicerçam sua operacionalização, ressaltando a vital
importância dessa integração social através dos conselhos e conferências de saúde.

O pacto pela saúde 2006


Em 1999, o Ministério da Saúde, através de uma experiência pioneira do Departamento
de Atenção Básica, criou o Pacto da Atenção Básica, como instrumento de pactuação
de metas para indicadores de base epidemiológica cuja finalidade era o monitoramento
e avaliação das ações desenvolvidas em todo território nacional, especificamente no
campo da atenção básica.

Alguns anos mais tarde, um conjunto de reformas institucionais no campo da gestão do


Sistema Único de Saúde e da atenção à saúde foram reunidas pelo Ministério da Saúde,
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (Conasems), através de uma pactuação de responsabilidades entre
as três esferas de gestão do SUS.

No dia 26 de janeiro de 2006, durante a reunião da Comissão Intergestores Tripartite,


foi pactuado o documento entre os três gestores do SUS.

A Comissão Intergestores Tripartite (CIT) é uma instância de articulação e


pactuação na esfera federal, vinculada à direção nacional do SUS e atuante na
gestão do sistema.

É composta por gestores do SUS que integram as três esferas do governo,


especificamente a União, os estados, o DF e os municípios.

A formação da CIT é composta por número igual de representantes por categoria,


sendo ao total 15 membros.

Cinco desses são indicados pelo MS, outros cinco pelo Conass e os últimos cinco
pelo Conasems.

A representação de estados e municípios na CIT é regional, sendo um


representante para cada uma das cinco regiões no País.

As decisões da CIT não são definidas por votação e sim por consenso (BRASIL,
2009a).

40
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

A aprovação do documento firmado entre os três gestores do SUS se deu na reunião do


Conselho Nacional de Saúde no dia 9 de fevereiro de 2006.

A formalização foi instituída pela Portaria GM/MS nº. 399, de 22 de fevereiro de 2006
e a regulamentação foi estabelecida em 30 de março de 2006, através da Portaria GM/
MS nº. 699.

O Pacto pela Saúde apresenta diretrizes operacionais formuladas a partir da unificação


de princípios que respeitam as diferenças loco-regionais, institui mecanismos de
cogestão e planejamento regional reforçando a organização das regiões sanitárias e
fortalecendo os espaços e mecanismos de controle social, tudo sendo agregado aos
pactos já existentes anteriormente.

Engloba, ainda, a qualificação do acesso à atenção à saúde de forma integral pela


população, a redefinição dos instrumentos de regulação, programação e avaliação,
a valorização da macro função de cooperação técnica entre os gestores e propõe o
financiamento tripartite a fim de estimular critérios de equidade nas transferências
fundo a fundo.

Você sabe o que é o repasse fundo a fundo?

Esse é um dos instrumentos de gestão do SUS mais relevantes, pois através


do Decreto Nº 1.232, de 30 de agosto de 1994, passou a ser regulamentada a
transferência automática fundo a fundo, ou seja, o repasse de recursos financeiros
do Fundo Nacional de Saúde para os fundos estaduais, municipais e do Distrito
Federal, de forma regular e automática, viabilizando a operacionalização do SUS
com maior agilidade.

O objetivo do Pacto pela Saúde é que sejam promovidas inovações nos processos
e instrumentos de gestão, com o intuito de atingir elevada qualidade dos serviços
prestados pelo sistema e alta eficiência das respostas obtidas pelo SUS.

A cada gestor será atribuída uma redefinição de suas responsabilidades através do


Pacto pela Saúde, em função das necessidades de saúde da população e na busca da
equidade social.

O Pacto pela Saúde, instituído em 2006, engloba três componentes, conforme ilustrado
na figura abaixo.

41
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Figura 3. Os três componentes do Pacto pela Saúde de 2006.

PACTO EM
DEFESA DO
SUS

PACTO DE
PACTO PELA
GESTÃO DO
VIDA
SUS

PACTO
PELA
SAÚDE

Fonte: Acervo pessoal.

O Pacto pela Vida é uma das três dimensões do Pacto pela Saúde que torna claro o
compromisso que os gestores do SUS firmam a partir da análise da situação de saúde
que são mais impactadas na população brasileira, para o auxílio do estabelecimento das
prioridades, estruturadas por meio de objetivos e metas.

O Pacto em Defesa do SUS é outro componente do Pacto pela Saúde, que tem por
objetivo ampliar o diálogo com a sociedade na defesa do SUS, por meio do resgate
do movimento da reforma sanitária no Brasil, além do estímulo ao desenvolvimento
e articulação de ações e iniciativas capazes de qualificar e assegurar o sistema como
política de Estado, na busca pela repolitização da saúde, promovendo a cidadania
como uma tática de mobilização social e como um modo de garantir o financiamento
conforme a demanda e as necessidades do sistema de saúde.

O Pacto de Gestão do SUS é o outro componente das três dimensões do Pacto pela
Saúde, no qual estão dispostas, de forma clara e inequívoca, as responsabilidades de
cada ente federado do sistema, reduzindo competências concorrentes e definindo
diretrizes em aspectos como regionalização e descentralização, planejamento, gestão do
trabalho, financiamento, regulação, participação social, gestão da educação na Saúde e
Programação Pactuada e Integrada (PPI).

Com a publicação das diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde, a unificação dos
processos de pactuação de indicadores no âmbito do Ministério da Saúde avançou e,
dessa forma, os indicadores da Atenção Básica passaram a compor, de 2007 em diante,
o conjunto de indicadores deste Pacto.

Em 10 de janeiro de 2007, foi estabelecida e regulamentada a pactuação unificada de


indicadores entre os entes federados, através da Portaria Nº. 91/GM.

42
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

Com a finalidade de monitorar e avaliar as prioridades do Pacto pela Vida, bem como
das responsabilidades do Pacto de Gestão foram definidos indicadores que apontam, de
forma resumida, os aspectos de maior importância a serem acompanhados, monitorados
e avaliados pelos três entes federados.

As prioridades, os objetivos, as metas nacionais e os indicadores de monitoramento


e avaliação do Pacto pela Saúde são definidos de forma tripartite pelo Ministério da
Saúde, iniciando, mediante publicação de portaria específica, o processo de pactuação
com os outros gestores.

Por intermédio da Portaria Nº91/2007, foram unificados o Pacto da Atenção Básica, a


pactuação de indicadores dos pactos pela Vida e de Gestão e a pactuação de indicadores
da Programação de Ações Prioritárias da Vigilância em Saúde (PAP VS).

A adesão ao Pacto pela Vida ocorre a partir da elaboração do Termo de Compromisso


de Gestão (TCG), como substituto dos processos de habilitação das diversas formas
de gestão vigentes no passado e, para cada ente da federação, são estabelecidos
compromissos e estipuladas metas.

Cada esfera da gestão deve registrar a pactuação unificada nos devidos anexos do Termo
de Compromisso de Gestão, isto é, no Relatório de Indicadores de Monitoramento e
Avaliação do Pacto pela Saúde.

Conheça os diversos Termos de Compromisso de Gestão disponíveis nos Anexos


da Portaria nº 699/GM de 30 de março de 2006, acessando o Regulamento dos
pactos pela vida e de gestão publicado pelo Ministério da Saúde, Secretaria-
Executiva, Departamento de Apoio à Descentralização (BRASIL, 2006c) e
disponível para consulta no site:

<http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/02.pdf>.

O processo de pactuação unificada dos indicadores segue a orientação de algumas


diretrizes. Saiba quais são elas:

1. Que a pactuação unificada deve ser articulada com o Plano de Saúde e


sua Programação Anual. As prioridades, objetivos, metas e indicadores
da pactuação devem integrar o Plano de Saúde, sendo contempladas na
sua elaboração;

2. Que as atividades a serem implementadas pelos gestores para o


alcance das metas pactuadas serão discutidas e definidas no processo

43
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

de planejamento, especialmente quando da elaboração da Programação


Anual, correspondente ao Plano de Saúde;

3. Que a avaliação das prioridades, contemplando as atividades


desenvolvidas e as dificuldades relacionadas à sua implantação, a
análise do alcance dos objetivos e metas pactuadas e a situação dos
indicadores acordados é parte integrante do Relatório de Gestão;

4. Que a definição de metas deve guardar coerência com os pactos


firmados nos Termos de Compromisso de Gestão; e,

5. Que a periodicidade de atualização da pactuação será bianual


(BRASIL, 2009a, pp. 234-235).

Conheça o aplicativo informatizado, SISPACTO, utilizado para o registro das


informações do processo de pactuação unificada de indicadores. Acesse o link:

<http://aplicacao.saude.gov.br/sispacto/faces/login.jsf ;jsessionid=g-
3BbtyEkFJUZ8slXDMd4Eb0>.

Participação popular, controle social,


conselho e conferência de saúde
A participação popular e o controle social no SUS constitui uma parte primordial do
Pacto pela Saúde, além de ser um princípio doutrinário e estar assegurada tanto na
Constituição Federal de 1988 como nas Leis Orgânicas da Saúde de 1990.

Podemos citar como exemplos de ações a serem desempenhadas visando o fortalecimento


do processo de participação social, no âmbito do Pacto pela Saúde:

a) Apoiar os conselhos de saúde, as conferências de saúde e os


movimentos sociais que atuam no campo da saúde, com vistas ao seu
fortalecimento para que os mesmos possam exercer plenamente os seus
papéis;

b) Apoiar o processo de formação dos conselheiros;

c) Estimular a participação e avaliação dos cidadãos nos serviços de


saúde;

d) Apoiar os processos de educação popular na saúde, para ampliar e


qualificar a participação social no SUS;

44
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II

e) Apoiar a implantação e implementação de ouvidorias nos municípios


e estados, com vistas ao fortalecimento da gestão estratégica do SUS;

f) Apoiar o processo de mobilização social e institucional em defesa do


SUS e na discussão do pacto (BRASIL, 2006a, p.37).

A primeira ação designada no exemplo referencia o apoio aos conselhos e conferências


de saúde. Mas, o que são exatamente esses órgãos?

Os conselhos de saúde estão presentes em cada esfera de governo e integram a estrutura


básica do Ministério da Saúde, das secretarias de saúde dos estados, do Distrito Federal
e dos municípios.

São órgãos colegiados deliberativos e permanentes do SUS, cuja composição, organização


e competências estão estabelecidas e regulamentadas na Lei Nº 8.142, publicada em 28
de dezembro de 1990.

A atuação dos Conselhos de Saúde abrange desde a elaboração e proposição de


estratégias, até o controle da execução das políticas de saúde, abrangendo os aspectos
econômicos e financeiros que as influenciam.

A participação dos usuários do sistema na composição dos conselhos de saúde é


representada de forma significativa, sendo de 50% em relação aos demais integrantes,
que são trabalhadores de saúde, gestores e prestadores de serviços que, somados,
totalizam o 50% restante.

Mediante publicação de decreto ou lei, de alcance municipal ou estadual, os conselhos


são criados e as recomendações para constituição e estruturação dos conselhos estaduais
e municipais de saúde são estabelecidas pelo Conselho Nacional de Saúde.

Todos os integrantes, titulares e suplentes, dos Conselhos de Saúde das diversas


esferas de gestão do SUS são denominados de Conselheiros de Saúde.

Como já vimos, os representantes pertencem a qualquer dos segmentos dos


Conselhos de Saúde e possuem um determinado tempo de mandatos, após
serem eleitos democraticamente, de forma a assegurar sua legitimidade e
representatividade.

Já as Conferências de Saúde são essenciais para o exercício do controle social, uma vez
que estabelecem as diretrizes para a atuação dos conselhos de Saúde nas três esferas
de governo. É nos espaços institucionais que são analisados os avanços e retrocessos
do SUS e também são propostas as diretrizes para a formulação de políticas de saúde.

45
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

Durante as conferências serão expostas as decisões sobre as políticas públicas de saúde,


elaboradas nos conselhos.

A previsão é de que a cada quatro anos aconteçam as conferências nacionais de


saúde, que são construídas de maneira descentralizada, sendo executada a partir das
conferências municipais de saúde.

Tais conferências são convocadas pelo Poder Executivo ou pelo Conselho de Saúde,
extraordinariamente.

Você conheceu alguns instrumentos de gestão envolvendo a participação dos


usuários do sistema. Vamos aprofundar ainda mais o assunto?

Leia a publicação do site do Ministério da Saúde sobre Gestão Participativa.


Acesse:

<http://portalms.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/gestao-
participativa-em-saude>.

46
HOMEOPATIA NO UNIDADE III
SUS

Ainda se caracteriza como um desafio a implementação dos serviços homeopáticos


no SUS, a fim de suprir as necessidades da população, com profissionais médicos e
farmacêuticos habilitados convenientemente, bem como medicamentos específicos a
serem disponibilizados apropriadamente nos serviços públicos.

A Homeopatia apresenta um caráter generalista de atendimento médico, podendo ser


aplicada nos diversos níveis de atenção à saúde, por corresponder os princípios do SUS
de Integralidade, Universalidade e Humanização (BAROLLO et al., 2006b).

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Homeopatia como uma das práticas
médicas mais comumente utilizadas e com um extenso mercado mundial de produtos
homeopáticos.

Dados da LMHI e o ECH (2010), demonstram que adultos dos Estados Unido gastaram
2,9 bilhões de dólares americanos com produtos homeopáticos em 2007, a Austrália
gastou 7,3 milhões de dólares em medicamentos homeopáticos no ano de 2008, o
Reino Unido gastou mais de 62 milhões, a Alemanha 346 milhões e a França mais de
408 milhões.

São várias as vantagens da terapêutica homeopática relacionadas à sua efetividade,


como por exemplo, a ampla abrangência, a ausência de efeitos colaterais e reações
adversos e o baixo custo (PUSTIGLIONE; GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).

O custo total de um projeto realizado por Barollo et al. (2006a) entre agosto de 2004
e março de 2006, envolvendo desde a contratação de médico até os frascos para
dispensação dos medicamentos homeopáticos, demonstrou um custo médio por
paciente diariamente 70% inferior ao custo em mesmo período do SUS.

A disponibilidade de tratamento através de medicamentos homeopáticos pelo SUS


viabiliza uma alternativa à população brasileira, que tem assegurado o livre arbítrio
de escolher a melhor terapêutica para si mesmo e sua família, bem como proporcionar
através dessa, uma melhor qualidade de vida.

O tratamento homeopático apresenta elevada eficácia nas doenças crônicas, reduzindo


as possibilidades de adoecimento e levando os pacientes a experimentar uma melhor
qualidade de saúde e vida (BAROLLO et al., 2006b).

47
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

A publicação do Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira (BRASIL, 2017)


tem por objetivo incentivar a prescrição dos medicamentos homeopáticos, tanto no
âmbito do SUS como do sistema privado de saúde, além de fornecer um suporte pra
implantação de indústrias e de farmácias com manipulação homeopáticas, sejam
elas públicas ou privadas, de forma a favorecer o acesso facilitado às preparações
dinamizadas.

Barollo et al. (2006a) realizaram um estudo prospectivo em uma comunidade carente


da periferia de São Paulo submetida ao tratamento homeopático e os resultados obtidos
demonstraram a eficácia da terapia dos semelhantes nas doenças crônicas além de
concluir como viável a prestação de atendimento homeopático por meio do SUS.

Dentre os benefícios da homeopatia, pode-se destacar que a prática clínica permite


resgatar a relação médico-paciente, humanizando o atendimento e colaborando para
que os pacientes e usuários do SUS tenham maior confiança nos serviços de saúde
(BAROLLO et al., 2006b).

Práticas Integrativas e Complementares são executadas com atenção considerada mais


humanizada, e menos prejudiciais, sendo cada vez mais acessíveis aos usuários de
serviços públicos de saúde.

48
CAPÍTULO 1
Histórico da homeopatia pública
brasileira

Apesar de ter sido criada na Alemanha, em 1796, pelo médico Cristiano Frederico
Samuel Hahnemann, a ciência homeopática, baseada na Lei de Hipócrates “Similia
similibus curantur”, do latim “Semelhante cura semelhante”, foi disseminada em várias
partes do mundo.

A homeopatia foi introduzida no Brasil pelo Dr. Benoit Jules Mure, que chegou no Rio
de Janeiro juntamente com outras famílias francesas, em 21 de novembro de 1840, data
essa eleita como comemorativa do dia nacional da homeopatia no nosso país.

O médico francês ficou conhecido no Brasil como Bento Mure e foi apelidado de “o
médico do povo”, por direcionar seus atendimentos aos doentes pobres e escravos.

Logo, o Dr. Bento Mure conquistou adeptos brasileiros que o auxiliaram a difundir
a prática homeopática, que é caracterizada pelo fundamento do tratamento pelos
semelhantes.

Em parceria com Vicente José Lisboa, fundou em 1843 o Instituto Homeopático do


Brasil, cuja intenção era propagar a homeopatia através de atendimento a pacientes
pobres.

Nesse mesmo ano, 1843, foi criada a primeira farmácia homeopática brasileira, na
cidade do Rio de Janeiro, denominada Botica Homeopática Central.

A partir de 1844, havia diversos consultórios destinados à atendimentos médicos e


também de preparações dos medicamentos homeopáticos.

As substâncias ativas para a elaboração dos medicamentos homeopáticos eram


importadas principalmente da Europa, inclusive os minerais e as tinturas obtidas da
extração de drogas de origem vegetal e animal.

O preparo dos medicamentos era executado pelos próprios médicos homeopatas, uma
vez que não existiam farmácias especializadas em tal manipulação que envolve uma
farmacotécnica muito peculiar.

Dada a necessidade de fortalecer a introdução dessa nova terapêutica no Brasil,


que considera o paciente como um todo, incluindo suas fragilidades, características
genéticas herdadas, tendências e inconstâncias emocionais, o Dr. Bento Mure e o
49
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Dr. João Vicente Martins, colocaram em execução o plano elaborado pelo Instituto
Homeopático do Brasil, no início do ano de 1845, de criar uma Academia de Medicina
Homeopática e Cirurgia no país.

Assim, foi inaugurada a primeira escola de formação para a prática homeopática,


sendo instituída e denominada como Escola Homeopática do Brasil, funcionando sob a
autorização do Governo Imperial e sendo presidida e gerenciada pelo próprio Dr. Bento
Mure.

O cirurgião português, naturalizado brasileiro, Dr. João Vicente Martins, diante de


uma epidemia de cólera, entre os anos 1848 e 1849, disponibilizou medicamentos
homeopáticos para tratamento da população do Rio de janeiro.

No ano seguinte, em 1850, foi oferecido pelo Instituto Homeopático do Brasil,


tratamento gratuito à população menos favorecida economicamente, devido várias
cidades brasileiras terem sido acometidas pela epidemia de febre amarela.

O emprego da homeopatia em epidemias não era nenhuma novidade. Ainda em


1799, para tratar uma epidemia de escarlatina, Hahnemann utilizou o medicamento
Belladona e, em ocasião posterior, controlou com cerca de 99% de resultados eficazes,
uma epidemia de Tifo.

O ensino da prática médica era realizado consecutivamente à prática farmacêutica, sem


diferenciação. Entretanto, os farmacêuticos se posicionaram a fim de defender os seus
direitos sobre a manipulação dos medicamentos homeopáticos, levando à separação
das duas ciências pela Escola Homeopática do Brasil em torno do ano 1851.

Na verdade, na época não havia qualquer regulamentação legal que pudesse amparar
direitos sobre a manipulação dos medicamentos homeopáticos pelos farmacêuticos
nem mesmo que decretasse uma normativa para funcionamento das farmácias
homeopáticas no país.

O direito exclusivo de manipulação de medicamentos apenas por farmacêuticos foi


estabelecido por meio do Decreto Nº 9.554 de 1886. Sendo, portanto, permitido o
preparo dos medicamentos homeopáticos por qualquer pessoa, podendo ser médico ou
até mesmo um leigo, anteriormente à data de publicação desse decreto.

Em 1859, foi fundado, na cidade do Rio de Janeiro, o Instituto Hahnemanniano do


Brasil, que existe e funciona desde então.

O Dispensário Homeopático São Paulo foi fundado nessa cidade, em 1909 e tinha por
finalidade prestar assistência gratuita à população.

50
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

A Faculdade Hahnemanniana foi fundada em 1912 no Rio de Janeiro, quatro anos após,
em 1916, surgiu o Hospital Hahnemanniano.

O processo de industrialização comprometeu a prática da terapêutica personalizada e


individualizada exercida pela homeopatia.

Os investimentos passaram a ser direcionados às práticas especializadas e não mais às


generalistas, com foco nos sintomas isolados de determinados órgãos e não mais no ser
integral, tal como caracterizado pela homeopatia como um ser único.

O impacto no desenvolvimento das ciências homeopáticas foi intenso, levando ao


declínio da homeopatia, essencialmente a partir de 1930.

Tanto que o primeiro Congresso Brasileiro de Homeopatia, realizado em 1926 no Rio


de Janeiro, teve sua continuidade somente após mais de duas décadas, tendo ocorrido
apenas em 1950 o segundo Congresso Brasileiro de Homeopatia.

A Associação Paulista de Homeopatia (APH), responsável pela principal revista


científica do país em Homeopatia na atualidade, passou por uma difícil fase em sua
fundação que ocorreu em 1936, pois naquele momento era comum a confusão da
terapêutica homeopática com fitoterapia, ou pior ainda, com outras vertentes rotuladas
de charlatanismo.

Em 1952, por introdução da Lei Nº 1.552, os institutos de ensino de farmácia brasileiros


passaram a ser obrigados a oferecer os seus alunos aulas de farmacotécnica homeopática.

A regulamentação da manipulação, do receituário e da comercialização de produtos


homeopáticos foi imposta anos mais tarde, em 1965, por intermédio do Decreto Nº
57.477.

E 11 anos após essa regulamentação, em 1976, foi aprovada a primeira parte da


Farmacopeia Homeopática Brasileira, por intermédio do Decreto Nº 78.841, seguindo
a publicação da primeira edição em 1977.

A partir dos anos 60, movimentos de contestação aconteciam ao redor do mundo,


questionando as especializações médicas que compartimentam o ser humano em
partes, tratando apenas os órgãos isoladamente.

Por vislumbrar uma integração total do ser humano e tratá-lo como um todo, uma nova
retomada de crescimento e difusão da prática homeopática foi sendo registrada a partir
de então.

No ano de 1978 foi definido como prazo o ano 2000, para que toda a população mundial
tivesse acesso à Atenção Primária à Saúde. A OMS estabeleceu essa meta como prioridade

51
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

absoluta durante a Conferência Internacional de Alma-Ata, ocorrida na antiga União


das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

Nessa mesma Conferência foi recomendado o emprego das práticas da medicina


tradicional e de práticas alternativas no atendimento primário à saúde, sendo um
marco para a homeopatia.

Foi reconhecido pelos signatários da Declaração de Alma-Ata que promover e proteger a


saúde são fatores essenciais para garantir o bem-estar humano, melhorando a qualidade
de vida, e para contribuir com o desenvolvimento económico e social sustentável, de
forma global.

No fim do ano de 1979 foi criada a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)
em plena atuação até os dias atuais.

O reconhecimento da Homeopatia como especialidade médica aconteceu em 1980


através da Resolução Nº 1.000 instituída pelo Conselho Federal de Medicina (BRASIL,
1980), atualizada pela Resolução do CFM Nº 1.973/1911 (BRASIL, 2011b) no que trata
às condições para concessão do título de especialista em homeopatia será concedido
aos médicos.

Posteriormente, outras profissões foram habilitadas em homeopatia e à prescrição do


medicamento homeopático.

Na década de 80 foi possível observar uma maior ampliação do atendimento homeopático


na rede pública.

A primeira apresentação da temática envolvendo Homeopatia na Atenção Primária à


Saúde ocorreu em 1983, durante o segundo Congresso Paulista de Saúde Pública.

O atendimento médico homeopático foi implantado no serviço público de saúde


brasileiro no ano de 1986.

Nessa época o sistema de saúde do país era controlado pelo Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), criado pela Lei Nº 6.439 de 1977.

O INAMPS era uma autarquia federal que realizava, principalmente, a prestação de


serviços médico-hospitalares de forma segmentada a clientelas previdenciárias.

No decorrer da década de 80, começaram a ser oferecidos atendimentos da especialidade


médica Homeopatia aos usuários dos serviços públicos de saúde.

Entretanto, os atendimentos homeopáticos realizados nos anos 80 eram caracterizados


como iniciativas isoladas realizadas por alguns Estados e municípios brasileiros.

52
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

Ainda nessa época, observou-se a descontinuação da prestação de serviços relacionados


ao atendimento homeopático, devido à ausência de uma política nacional.

A Resolução Nº 4 de 1988, publicada pela Comissão Interministerial de Planejamento e


Coordenação (Ciplan), estabeleceu normas e diretrizes para o atendimento homeopático
nos serviços públicos de saúde.

O SUS, embasado no princípio da seguridade social, foi criado pela Constituição


Brasileira de 1988, na qual há a afirmação que todos têm direito à saúde, sendo do
Estado o dever de proporcioná-la à população.

O intuito desse, que é um dos maiores sistemas públicos de saúde, é garantir esse direito
de acesso universal aos serviços e ações relacionadas à saúde, que variam desde simples
atendimentos para aferição de pressão arterial até procedimentos de alta complexidade,
tal como transplantes de órgãos.

Outro objetivo da criação do SUS foi a unificação, com consequente descentralização,


dos estados e municípios, no que diz respeito à responsabilidade pela gestão dos serviços
de saúde.

No mesmo ano de criação do SUS, em 1988, a Secretaria de Estado da Saúde de São


Paulo (SES-SP) criou o Grupo Especial de Projetos (GEPro) de Práticas Alternativas,
com a intenção de implantar as Práticas Alternativas na rede do SUS-SP.

No ano seguinte, 1989, foram definidas as normas de atendimento homeopático na


rede estadual de saúde através da publicação da Resolução 81/89 CIS/SP.

A Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH) foi criada em 1990,


estando atuante até os dias de hoje.

Dois anos após o Conselho Federal de Farmácia (CFF) por intermédio da Resolução Nº
232 de 1992, reconhece a Homeopatia como especialidade farmacêutica.

Quatro anos após a criação do GEPro pelo SES-SP, em 1992, as atividades foram
encerradas.

O INAMPS se extinguiu após ser decretada a Lei Nº 8.689 de 1993, sendo transferidas
suas competências às instâncias federal, estadual e municipal gestoras do Sistema
Único de Saúde (SUS).

A consulta médica homeopática foi inserida na tabela do Sistema de Informações


Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS), pelo Ministério da Saúde, no ano de 1999.

53
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Como dito anteriormente, outras profissões, além da médica, também passaram a


habilitar seus profissionais em homeopatia.

A Associação Médico-Veterinária Homeopática Brasileira (AMVHB) foi criada em 1993.

Os médicos-veterinários terão emitido pelo respectivo Conselho Regional de Medicina


Veterinária, no qual o profissional é inscrito, o título de especialista em homeopatia,
mediante o cumprimento dos requisitos impostos pela Resolução Nº 625/95 do
Conselho Federal de Medicina Veterinária (BRASIL, 1995).

A partir da Resolução Nº 662/2000 do CFMV, a AMVHB passou a representar a


homeopatia como a primeira especialidade profissional reconhecida pelo CFMV,
passando a ser autorizada a aplicar prova e conceder o título de especialista em
homeopatia veterinária (BRASIL, 2000).

Leia na íntegra as normativas mencionadas do Conselho Regional de Medicina


Veterinária.

Acesse o link para Resolução CFMV Nº 625/1995:

<http://www.crmvrj.org.br/legislacao/texto/res625>

Acesse o link para Resolução CFMV Nº 662/2000:

<http://portal.cfmv.gov.br/uploads/files/Res%20662.pdf>

Através das Conferências Nacionais de Saúde e com base nas recomendações da OMS
para o estabelecimento de políticas públicas que abrangem de forma integral os sistemas
médicos complexos e os recursos terapêuticos como as chamadas Medicina Tradicional
e Complementar/Alternativa (MT/MCA) ou ainda denominadas Práticas Integrativas e
Complementares, além da necessidade crescente da população brasileira e em virtude
da imprescindibilidade de normatização das práticas vivenciadas no SUS, o Ministério
da Saúde, por meio da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) pactuou e aprovou as
diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em
fevereiro de 2005.

A aprovação pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) iniciou em dezembro de 2005,


sendoconcluída em fevereiro do ano seguinte, culminando com a publicação no Diário
Oficial da União em 10/02/2006.

A Política promove a institucionalização no Sistema Único de Saúde das cinco seguintes


práticas: Homeopatia, Antroposofia, Fitoterapia e Plantas Medicinais, Termalismo
Social/Crenoterapia, Medicina Tradicional Chinesa e Acupuntura.

54
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

A Portaria Nº 971, publicada em 03 de maio do ano de 2006, aprova em seu anexo


a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema
Único de Saúde (BRASIL, 2006b).

Acesse a íntegra da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares


(PNPIC) no Sistema Único de Saúde consultando a Portaria Nº 971/2006, através
do link:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.
html>

A inserção da homeopatia nas unidades da rede básica de atenção à saúde em


qualquer nível de complexidade, dos sistemas nacionais de saúde, permite que os
pacientes tenham acesso a essa opção de prática terapêutica bicentenária, alinhada aos
princípios da universalidade e justiça, pregados também pela bioética (PUSTIGLIONE;
GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).

O objetivo inicial da PNPIC foi incorporar e implementar as Práticas Integrativas e


Complementares no SUS, com o intuito de prevenir doenças, promover e recuperar a
saúde, sendo o enfoque principal, a atenção básica, direcionada ao contínuo, humanizado
e integral cuidado em saúde.

Dentre outros objetivos destacam-se:

»» A ampliação do acesso às Práticas Integrativas e Complementares e


consequente contribuição para elevação da resolubilidade do Sistema,
com garantia de qualidade, eficácia, eficiência e segurança no uso.

»» A promoção da racionalização das ações de saúde, com incentivo àquelas


consideradas alternativas e inovadoras, que agregam contribuição social
ao desenvolvimento sustentável das comunidades.

»» A estimulação de ações que promovam o envolvimento responsável e


a participação continuada dos usuários, trabalhadores e gestores, nas
diversas instâncias de efetivação das políticas de saúde.

Os cirurgiões-dentistas passaram a serem habilitados em homeopatia, a partir da


Resolução do CFO Nº 82/2008, sob concessão emitida pelo Conselho Federal de
Odontologia (CFO) se cumpridas as exigências previstas nos Artigos 25 a 30 do Capítulo
V da referida norma (BRASIL, 2008).

55
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Acesse os sites das associações e institutos relacionados à homeopatia e conheça


um pouco mais sobre cada um deles:

Associação Paulista de Homeopatia (APH): aph.org.br

Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB): amhb.org.br

Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH): abfh.org.br

Associação Médico-Veterinária Homeopática Brasileira (AMVHB): amvhb.org.br

Associação Brasileira dos Cirurgiões Dentistas Homeopatas (ABCDH): abcdh.


com.br

Instituto Hahnemanniano do Brasil (IHB): ihb.org.br

Mais recentemente, os farmacêuticos mediante cumprimento de alguns requisitos,


passaram a fazer parte dos profissionais passíveis de habilitação também para a
prescrição de medicamentos dinamizados, incluindo os homeopáticos, conforme
previsto na Resolução Nº 586/2013 do Conselho Federal de Farmácia (BRASIL, 2013b).

Vale ressaltar que a prescrição farmacêutica fica restrita aos medicamentos homeopáticos
que sejam categorizados como isentos de prescrição médica, sejam eles provenientes
da manipulação por uma farmácia ou da produção por uma indústria.

Há ainda, na mesma normativa mencionada, a previsão de prescrição de medicamentos


classificados sob prescrição médica, pelos farmacêuticos que possuam título de
especialista em Homeopatia ou Antroposofia reconhecido pelo Conselho Regional de
Farmácia e apenas nas se estiver previsto e aprovado para uso no âmbito de instituições
de saúde em programas, protocolos, diretrizes ou normas técnicas, ou em acordos de
colaboração formalizados com instituições de saúde ou outros prescritores, e sempre
vinculados à prévia existência de diagnóstico já formulado (BRASIL, 2013b).

Com a constante elevação do emprego de medicamentos homeopáticos não só no Brasil,


mas em toda América do Sul, na América do Norte, na Europa e nos países do sul
da Ásia, as autoridades sanitárias devem se preocupar com as questões de qualidade,
segurança e eficácia desses produtos.

Em partes a segurança de um medicamento homeopático está vinculada à sua qualidade,


sendo a instituição de controles de qualidade dos produtos acabados completamente
diferente dos outros medicamentos não dinamizados, cujas doses são quantificáveis e
de possível caracterização e identificação quali-quantitativa.

56
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

A complexidade de se controlar a qualidade do produto final culmina com a necessidade


das empresas produtoras dos medicamentos homeopáticos se adequarem às boas
práticas de fabricação dispostas em normativas legais, de forma a promover controles
em processo com o intuito de supervisionar os pontos críticos da produção, uma vez
que serão passíveis de controle de qualidade apenas as baixas dinamizações, bem como
as matérias-primas e os materiais de embalagem.

As práticas integrativas e complementares estão presentes em 9.350 estabelecimentos


de mais de 3.000 municípios, sendo que 88% são oferecidas na Atenção Básica. Em
2017, foram registrados 1,4 milhão de atendimentos individuais. Se juntar às atividades
coletivas, a estimativa sobe para cerca de 5 milhões de pessoas que participam dessas
práticas anualmente no SUS (CRF-SP, 2018).

Atualmente, São Paulo é o Estado brasileiro que possui o maior número de municípios
que empregam as práticas integrativas para o tratamento dos pacientes do SUS
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Veja a quantidade de municípios que este, entre
outros Estados brasileiros, utilizam essas práticas integrativas na Figura 4.

Figura 4. Número de municípios de cada Estado brasileiro que utilizam práticas integrativas no tratamento de

pacientes do SUS, baseado em dados do Ministério da Saúde (2018).

Roraima, 8 Amapá, 10
Pará, 88
Maranhão, 96
Piauí, 105
Amazonas, 32 Ceará, 125
Rio Grande do Norte, 92
Tocantins, 68 Paraíba, 113
Pernambuco, 122
Acre, 11 Alagoas, 73
Rondônia, 25 Sergipe, 33
Mato Grosso, 71 Bahia, 228

Distrito Federal Minas Gerais, 564

Goiás, 136 Espírito Santo, 40


Mato Grosso do Sul, 56 Rio de Janeiro, 58
Paraná, 165 São Paulo, 367
Santa Catarina, 191

Rio Grande do Sul, 267

Fonte: Acervo pessoal.

Em 12 de março de 2018, durante a abertura do 1º Congresso Internacional de Práticas


Integrativas e Saúde Pública (INTERCONGREPICS) ocorrido no Rio de Janeiro, foi
anunciada a inclusão de 10 novos procedimentos no SUS.

57
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Somente após 10 anos da criação da PNPIC, foram integradas outras 14 práticas,


somadas as 5 iniciais, totalizando 19 práticas disponibilizadas à população, no ano de
2017.

Atualmente, com essa nova incorporação em 2018, são ao total 29 práticas oferecidas
pelo SUS. Conheça quais são elas e quando foram implantadas no sistema observando
a Figura 5:

Figura 5. Implantação das Práticas Integrativas e Complementares no SUS.

2006 2017 2018

• Homeopatia • Ayurveda • Apiterapia


• Antroposofia • Arteterapia • Aromaterapia
• Plantas Medicinais e • Biodança • Bioenergética
Fitoterapia • Dança Circular • Constelação Familiar
• Medicina Tradicional • Meditação • Cromoterapia
Chinesa e Acupuntura • Musicoterapia • Geoterapia
• Termalismo Social / • Naturopatia • Hipnoterapia
Crenoterapia • Imposição de mãos
• Osteopatia
• Quiropraxia • Ozonioterapia
• Reflexoterapia • Terapia de Florais
• Reiki
• Shantala,
• Terapia Comunitária
Integrativa
• Yoga

Fonte: Acervo pessoal.

O então ministro da saúde Ricardo Barros declarou:

O Brasil passa a contar com 29 práticas integrativas pelo SUS. Com


isso, somos o país líder na oferta dessa modalidade na atenção básica.
Essas práticas são investimento em prevenção à saúde para evitar que
as pessoas fiquem doentes. Precisamos continuar caminhando em
direção à promoção da saúde em vez de cuidar apenas de quem fica
doente (CRF-SP, 2018, p. 1).

Acesse o link, a seguir, e veja a apresentação feita pelo Ministério da Saúde sobre
a modernização normativa para melhoria executiva das políticas públicas em
saúde:

<http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/12/Praticas-
Integrativas.pdf>.

58
CAPÍTULO 2
Diretrizes para a implantação da
homeopatia no SUS

A implementação das normas impostas na PNPIC está dividida em sete diretrizes para a
Homeopatia, definidas como diretrizes H1, H2, H3, H4, H5, H6 e H7 (BRASIL, 2006b).

A diretriz H1 adota medidas que buscam assegurar os requisitos essenciais à execução


das boas práticas em homeopatia, partindo do pressuposto que sua terapêutica requer
exclusiva infraestrutura física, insumos específicos, além do emprego de farmacotécnica
peculiar.

Visa, ainda, apoiar e fortalecer as iniciativas relacionadas à prática homeopática na


atenção básica e especializada, obedecendo alguns critérios, dentre os quais podem ser
citadas:

»» a prestação de atendimento aos usuários em qualquer faixa etária,


conforme a demanda da unidade básica;

»» no caso de a unidade do Saúde da Família disponibilizar um médico


homeopata, sem prejuízo das atribuições próprias do profissional da
estratégia de saúde da família;

»» a prestação de atendimento aos usuários de todas as faixas etárias, nos


ambulatórios de especialidades ou nos centros de referência, de acordo
com a demanda da unidade básica;

»» a incorporação complementar da homeopatia em emergências, unidades


de terapia intensiva, centros de cuidados paliativos ou em enfermarias
hospitalares, de forma a contribuir para a maior resolubilidade da
atenção;

A diretriz H2 trata de garantir o financiamento suficiente para o desenvolvimento das


atividades essenciais às boas práticas homeopáticas.

As medidas adotadas contemplam as peculiaridades técnicas de obtenção do


medicamento homeopáticos, assegurando o acesso aos insumos inerentes à prática dessa
terapêutica de acordo com o repertório homeopático e a matéria médica homeopática.

59
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

O Repertório Homeopático é de uso fundamental na consulta homeopática, pois


correlaciona medicamentos com um determinado sintoma, trazendo a descrição
de cada um dos sintomas ordenados alfabeticamente e os medicamentos a ele
vinculados por grau de importância.

A Matéria Médica Homeopática, também essencial para a prática homeopática,


correlaciona sintomas a um medicamento. Traz de forma compilada em livros
contendo as patogenesias das substâncias experimentadas por indivíduos
saudáveis.

O termo Patogenesia se refere à relação de sinais e sintomas objetivos e subjetivos,


ou seja, físicos, emocionais e mentais, de cada medicamento homeopático.

Ainda como parte da diretriz H2, está prevista a garantia de acesso aos medicamentos
homeopáticos, através do incentivo à implantação ou ainda à adequação de farmácias
públicas para a manipulação desses medicamentos específicos, com capacidade para
atender a real demanda da localidade.

Há também o apoio e estimulação para implementação de projetos para produção,


em laboratórios oficiais, de matrizes homeopáticas com a finalidade de fornecer esses
insumos ativos às farmácias que manipulam medicamentos homeopáticos, com base
na lista de policrestos e semipolicrestos.

Matrizes são definidas pela edição vigente da Farmacopeia Homeopática


Brasileira como sendo uma preparação que contém o insumo ativo em veículo
apropriado para ser armazenada em estoque e destinada à preparação de
formas farmacêuticas derivadas ou de medicamentos homeopáticos seguindo
a farmacotécnica específica (BRASIL, 2011a).

Fontes et al. (2012) esclarecem que policresto é a denominação dada aos


medicamentos homeopáticos com uso mais frequente na clínica diária. Há
ainda os semi-policrestos, que são aqueles medicamentos com menor emprego,
porém com ricas patogenesias.

Ambos, policrestos e semi-policrestos, devem fazer parte da composição mínima


de matrizes de uma farmácia homeopática, seja ela pública ou privada.

Prover o acesso ao medicamento homeopático prescrito ao usuário do SUS, faz parte da


diretriz H3, cuja perspectiva é ampliar a oferta e a produção pública através de farmácias
públicas de manipulação que sejam capazes de atender à demanda e às necessidades
da região, com base legal e com ênfase na assistência farmacêutica, que deve incluir a

60
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

homeopatia em sua política de Assistência Farmacêutica das três esferas de gestão do


SUS.

Assistência farmacêutica é definida como o conjunto de ações direcionadas à


promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual como coletiva,
visando tornar viável o acesso aos medicamentos considerados essenciais, bem
como racionalizar o seu uso (BRASIL, 2009a).

Abrange desde a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de insumos e


medicamentos, até a seleção, programação, aquisição, distribuição e dispensação
ao usuário, sem se esquecer de assegurar que a garantia da qualidade dos
produtos e serviços seja executada.

Envolve, ainda, o acompanhamento e a avaliação do uso racional do medicamento


pela comunidade, com intuito de atingir os resultados almejados e consequente
melhoria da qualidade de vida populacional.

Conheça a Resolução Nº 338/2004 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,


2004), que aprovou a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. Acesse o
link:

<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.
html>.

É fundamental que seja realizada a identificação dos medicamentos homeopáticos


necessários e mais utilizados nos serviços de homeopatia, de acordo com a realidade
da região, contemplando as formas farmacêuticas, as potências, escalas e métodos
empregados.

A partir disso, será elaborada e revisada periodicamente essa relação para conduzir
a adequada produção dos medicamentos e direcionar as devidas orientações para as
unidades de saúde.

A diretriz H4 da PNPIC norteia a qualidade técnica dos profissionais, através do apoio


a projetos de formação e de educação permanente, com base nos princípios da Política
Nacional de Educação Permanente em Saúde.

A Política Nacional de Educação Permanente em Saúde (BRASIL, 2009b) está


disponível para leitura através do site:

<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/396770/Política+Nacion
al+de+Educação+Permanente+em+Saúde/c92db117-e170-45e7-9984-
8a7cdb111faa>.

61
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

A diretriz H5 prevê que a inserção e implementação da atenção homeopática no SUS


deve ser acompanhada e avaliada por intermédio do desenvolvimento de instrumentos
adequados, com ênfase na detecção e superação das dificuldades identificadas e
na criação de mecanismos para que dados sejam coletados possibilitando estudos e
pesquisas que tenham utilidade no processo de gestão, visando à melhoria da atenção
homeopática no SUS.

A comunicação social das informações sobre homeopatia e as características da sua


prática pelo SUS é o principal ponto da diretriz H6, sendo que os materiais de divulgação
produzidos devem ser adequados aos diversos grupos populacionais, visando à
promoção de ações de difusão da homeopatia, à comunidade, trabalhadores, gestores,
conselheiros de saúde, docentes e discentes de cursos da área de saúde.

A fim de apoiar o desenvolvimento dos estudos que avaliem a qualidade e aprimorem a


atenção homeopática no SUS, a diretriz H7 adota medidas para incluir a homeopatia nas
linhas de pesquisa do sistema, através do estabelecimento de parcerias com instituições
de formação, associações e representações relacionadas à homeopatia, com vistas ao
fomento à pesquisa nessa área; além de identificar e propagar as potenciais linhas de
financiamento para a pesquisa em homeopatia, tais como o Ministério da Ciência e
Tecnologia e as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa.

Visite o site do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações:

<http://www.mctic.gov.br/portal>

Conheça a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo através do


acesso ao link: <http://www.fapesp.br>

Você também pode fazer uma busca das demais Fundações Estaduais de Amparo
à Pesquisa, conforme a região desejada!

A PNPIC propõe o reconhecimento de pesquisas científicas existentes no Brasil


relacionadas à homeopatia, com o intuito de embasar novos estudos e investigações,
sempre socializando essas informações através de ações de divulgação.

As linhas de pesquisas em homeopatia implementadas pelo SUS serão priorizadas


essencialmente se contemplar protocolos para avaliação da eficácia, da eficiência e da
efetividade da homeopatia, voltada à melhoria da atenção homeopática no SUS, e a e
resolubilidade nas endemias e epidemias.

O sistema de pesquisa em saúde é um “conceito que integra e coordena os objetivos,


estruturas, atores, processos, culturas e produtos da pesquisa em saúde, visando ao

62
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

desenvolvimento da equidade na saúde e no sistema nacional de saúde”. Tendo por


finalidade planejar, coordenar, monitorar e gerenciar as ações e recursos da pesquisa em
saúde, com o objetivo de promover os estudos científicos necessários à saúde nacional
(BRASIL, 2009a, p. 355).

Um exemplo de base de dados de pesquisas é a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), que foi
estabelecida em 1998, por meio de uma construção coletiva coordenada pela BIREME,
sendo reconhecida como modelo, estratégia e plataforma operacional de cooperação
técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para gerenciar a informação
e o conhecimento em saúde na Região da América Latina e Caribe (AL&C).

A coleção de fontes de informação é desenvolvida de modo descentralizado, através


de instâncias nacionais e redes temáticas de instituições vinculadas à pesquisa, ensino
ou serviços, e é composta de bases de dados bibliográficas elaboradas pela Rede BVS,
LILACS, Medline e outros tipos de fontes de informação, como por exemplo os recursos
educacionais abertos, sites de internet e eventos científicos.

Para realizar uma pesquisa e acessar conteúdos científicos, basta acessar o


site cujo link está disponibilizado a seguir, e fazer uma busca avançada em
Homeopatia utilizando o recurso DeCS/MeSH. <http://bvsalud.org>

O Brasil vem contribuindo com estudos dos sinais e sintomas provenientes da


experimentação patogenética, por meio da Comissão de Pesquisa da Associação Médica
Homeopática Brasileira, de acordo com o Protocolo Nacional de Experimentação
Patogenética da AMHB, para pesquisa de medicamentos homeopáticas.

Conheça a edição publicada por Teixeira (2013) do Protocolo de experimentação


patogenética homeopática em humanos, disponibilizada para acesso através do
link:

< h t t p : / / w w w. h o m e o z u l i a n . m e d . b r / l i v r o s / P r o t o c o l o % 2 0 d e % 2 0
Experimentação%20Patogenética%20Homeopática%20em%20Humanos%20
-%20Dr.%20Marcus%20Zulian%20Teixeira.pdf>.

Veja no Quadro 3 o resumo das publicações de Ensaios Patogenéticos Homeopáticos


(EPH) realizados por pesquisadores brasileiros ao longo das últimas três décadas
(DANTAS, 2017):

63
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Quadro 3. Ensaios Patogenéticos Homeopáticos (EPH) publicados por autores brasileiros nas três últimas décadas.

ANO AUTORIA RESUMO


1988 CAIXETA, A.B. Experimentação da Riboflavina 30CH em 10 voluntários (5 homens e 5 mulheres), com
descrição de sintomas mentais, gerais e locais, especialmente cardíacos, respiratórios, urinários
e digestivos.
1988 MARIM, M. Experimentação em duplo-cego de Stannum em diluições ascendentes 6CH, 12CH, 30CH,
200C, 1000C, 10.000C, 50.000C, tendo sido usado antes da experimentação o placebo por
todos os 21 voluntários (13 mulheres e 8 homens) que participaram do EPH (pacientes da
clínica do coordenador do EPH, em tratamento homeopático há pelo menos 2 anos), com 13
meses de tempo médio de participação. Foram realizados diversos exames bioquímicos e ECG
antes do estudo, com suspensão do medicamento homeopático pelo menos 90 dias antes
do início do estudo. Foram observados sintomas comuns a Stannum e ao medicamento dos
voluntários em 87,9% dos momentos sintomáticos, com recomendação para buscar entender a
resposta global e não parcialidades.
1992 MARIM, M. Experimentação em duplo-cego de Iodum 6CH, 12CH, 30CH, 200C, 1000C, 10.000C,
50.000C e placebo dinamizado 30CH, usado aleatoriamente por 14 voluntários, com
produção de muitos sintomas que não estavam listados na matéria médica homeopática, com
recomendação de abolição do placebo em EPHs.
1997 VIEIRA, A.A.L. ADAMS, S.R. Experimentação de Hydrocianicum acidum em 12CH, 200FC, 10.000FC num grupo e
DORNELLES, E. SANTOS, M.L.S. 30CH,1.000FC, 50.000FC em outro, com placebo administrado no início e no fim do
SARTORI, O. R. experimento, duplo-cego, em 11 voluntários (7 mulheres e 4 homens, alunos do curso de
especialização), com tempo médio de participação de 7 meses, selecionados após realização
UNO - Sociedade Gaúcha de
de exames bioquímicos e ECG, com avaliações semanais pelo coordenador do EPH. Foram
Homeopatia
manifestados muitos sintomas mentais, bem como digestivos, respiratórios, cardiocirculatórios e,
nas mulheres, alterações menstruais.
1999 MARIM, M. Experimentação em 6 centros de Brosimum gaudichaudii, orientada pelo Protocolo Nacional
de Experimentação Patogenética da AMHB, em 12CH, 30CH, 200FC, 1.000FC, 10.000FC
RIBEIRO FILHO A. FROTA, E.S.
e 50.000FC e placebo, duplo–cego, em 17 voluntários (10 homens e 7 mulheres), entre 25
SOMMER, M. SALMERON, C.R.Q.
a 30 anos, que usaram 3 frascos de verum e 1 de placebo dinamizado aleatoriamente, com
MIRANDA, F.C.R. GAMARRA, J.S.
tempo de participação variando de 9 a 18 meses. O código dos frascos era conhecido apenas
do diretor nacional do EPH. O placebo produziu um número de sintomas comparável ao verum,
sendo observado maior manifestação sintomática após o uso do primeiro frasco, em mulheres
e na dinamização 50.000FC. Os sintomas mentais foram os mais numerosos, seguidos de
sintomas no sono, área do estômago, cabeça e extremidades, conforme a divisão repertorial.
1999 MARIM, M. Experimentação em 4 centros de Bothrops jararacussu, orientada pelo Protocolo Nacional
de Experimentação Patogenética da AMHB, tendo o veneno sido preparado em 2 versões:
ARMANI, M.
por diluição em água ou por trituração em lactose, e posterior diluição líquida, nas diluições
FORNECK, M.E.M. 6CH, 12CH, 30CH, 200FC, 1.000FC, 10.000FC e 50.000FC e placebo apenas embebido
na solução hidroalcoólica, sem dinamização, duplo-cego, em 30 voluntários (20 homens e
RITA, R.
10 mulheres), que fizeram uso de 1 a 5 frascos, sendo que 26 deles usaram placebo, em
ADAMS, S. distribuição aleatória. Os voluntários se reuniam com os supervisores a cada 7 ou 15 dias. Não
foram observadas diferenças significativas, qualitativas ou quantitativas, nos sintomas obtidos
com o medicamento preparado a partir da solução aquosa ou trituração. Foram manifestados
sintomas na área do psiquismo (e sonhos), cabeça, sistemas respiratório, digestivo e locomotor,
além de sintomas gerais.
2002 ADAMS, S. EPH de Hura brasiliensis 30CH, 200CH,1.000FC e 10.000FC realizados em 2 centros,
orientado pelo Protocolo Nacional de Experimentação Patogenética da AMHB, com inclusão
AZAMBUJA, R.
de 18 voluntários (médicos e médicos veterinários, com supervisão a cada 15 dias. Em alguns
BRITTO, C. casos foi intercalado o uso de placebo entre as doses do medicamento, que teve distribuição
aleatória. Entre muitos sintomas gerais (cansaço físico e mental prolongados) e locais
SOMMER, M.
(extremidades, sistemas digestivo e respiratório, cabeça, tórax), além de mentais, os autores
destacaram a produção de um estado de atrapalhação, confusão mental e de embotamento
como efeitos patogenéticos marcantes do medicamento, ampliando a imagem patogenética
construída por Mure.
2003 ROSENBAUM, P. WAISSE- Experimentação de Lápis lazuli 90K, que seguiu o Protocolo Nacional de Experimentação
PRIVEN, S. PAULA, A. Patogenética da AMHB aplicado no EPH de Brosimum gaudichaudii, com 30 dias de pré-
observação e registro no diário por 15 dias prévios ao início, realização de testes laboratoriais
MAGALHÃES, T.
antes da inclusão definitiva. Concluíram o EPH 3 voluntários, com registro de sintomas em
diversas áreas, não tendo sido usado placebo.

64
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III

2003 ROSENBAUM, P. WAISSE-PRIVEN, Experimentação de Pirita dourada 30K e 200K, preparada por trituração pelo método
S. MANSOUR, M.A. hahnemanniano, em 6 voluntários, sendo que 2 deles usaram exclusivamente placebo nas
2 fases, outros 2 usaram a diluição 30K nas duas fases e os restantes usaram 30 K na
ESTÉVEZ, A.
primeira fase e 200K na segunda fase. Foi obedecido o Protocolo Nacional de Experimentação
NUNES, N.A. Patogenética da AMHB aplicado no EPH de Brosimum gaudichaudii, sendo os sintomas
descritos por experimentador, em ordem cronológica, com o resumo dos efeitos patogenéticos
MANGOLINI, F.S.
ao final.
2004 TEIXEIRA, M.Z. Experimentação de Sulphur 30cH, líquido, doses únicas semanais de 3 gotas, máximo de 4
semanas, com suspensão após manifestação de sintoma novo e marcante, duração de 1-2
meses, tendo como experimentadores 21 alunos da disciplina Fundamentos da Homeopatia
ministrada na Faculdade de Medicina da USP, preservado o sigilo do nome do medicamento,
com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição.
2009 TEIXEIRA, M.Z. EPH com 33 estudantes (média de 21 anos de idade) da disciplina Fundamentos da
Homeopatia ministrada na Faculdade de Medicina da USP de Arsenicum album 30CH (11
alunos, 6 mulheres e 5 homens), Lachesis muta 30CH (9 alunos, 6 mulheres e 3 homens)
e Sulphur 30CH (13 alunos, 6 mulheres e 7 homens), que usaram doses semanais do
medicamento ou placebo durante 4 semanas, com cruzamento e continuidade por mais 4
semanas. Foram usados para comparação dos sintomas observados com os da matéria médica
apenas relatos dos voluntários que manifestaram sintomas patogenéticos novos ou peculiares
com uso do verum e também sintomas comuns com uso de placebo. O protocolo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição e os alunos apenas eram informados do nome
do medicamento ao final do EPH.
2005 e ALBUQUERQUE, P.E.A. EPH conduzido com 20 voluntários, médicos, em 2005 e 2008, em estudo cego, que testaram
2008 CARNEIRO, S.M.T.P.G. sulfato de serotonina 30CH, na dose de 10 gotas, 2 vezes ao dia, por até 30 dias. Cada
RODRIGUES, M.R.L. voluntário se auto-observou durante os 6 meses prévios ao início do estudo, com anotação das
alterações 30 dias antes de tomar o medicamento. Foram descritos 370 sintomas distribuídos
NECHAR, R.M.C.
entre todos os experimentadores. Dos 32 sintomas da síndrome serotoninérgica descritos na
literatura, 17 ocorreram nas auto-experimentações. Os autores sugerem o uso do medicamento
em casos de fibromialgia e síndrome da fadiga crônica.
2001 FISHER, P. Foram realizados 2 EPHs com idêntica metodologia para testar Acidum malicum 12CH
e Acidum ascorbicum 12CH. Foram incluídos 20 voluntários em cada EPH, duplo-cego,
DANTAS, F.
controlado com placebo diluído e dinamizado na 12CH, com duplo-cruzamento e 4 fases de
experimentação, sendo tanto o placebo como o verum usados pelo menos por 2 vezes por
cada voluntário. Para inclusão, foi aplicado o questionário SF-36, realizados exames bioquímicos
e entrevista com o coordenador. Cada medicamento foi usado durante 1 semana, com intervalo
mínimo de 1 semana para iniciar nova fase de experimentação, sendo realizada entrevista ao
final de cada fase. Foram usados 3 filtros para a seleção final dos sintomas, de forma cega para
todos os envolvidos: o voluntário avaliava primeiro a possível associação causal, em seguida
o coordenador fazia sua apreciação após a entrevista do voluntário e, por fim, foi aplicado um
índice patogenético com 9 itens, criado especificamente para este EPH duplo cruzamento. Não
foram relatados efeitos adversos. O duplo-cego foi testado ao final do estudo, sendo de 48%
o acerto nas etapas de uso do verum ou placebo no EPH de Acidum malicum e de 50% para
Acidum ascorbicum. Foram incluídos 22 possíveis sintomas de Acidum malicum, dos quais 2
bastante sugestivos, enquanto para Acidum ascorbicum 16 sintomas poderiam ser atribuídos ao
medicamento, com 3 deles bastante sugestivos.

Legendas: ECG: eletrocardiograma; FC: dinamizações centesimais pelo método do fluxo contínuo; AMHB: Associação Médica
Homeopática Brasileira; USP: Universidade de São Paulo

Fonte: Dantas (2017, pp.193-195).

No decorrer da história há diversos casos descritos sobre a terapêutica homeopática,


considerada alternativa, mas capaz de curar o indivíduo. Ela valoriza o doente e não
apenas a doença ou tão somente o órgão doente, podendo hoje ser considerada uma
realidade na prática dos serviços públicos de saúde.

65
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS

Foi publicado pela Liga Médica Homeopática Internacional ou Liga Medicorum


Homeopathica Internationalis (LMHI) e o Comitê Europeu para Homeopatia ou
European Committee for Homeopatia (ECH) um livreto com o objetivo de abordar
todos os aspectos considerados importantes para a prática homeopática,
denotando o nível categorizado de evidência científica (LMHI e ECH, 2010).
Acesse-o na íntegra:

<http://www.hncristiano.com.br/hnc/images/artigos/Painel_Cientifico_da_
Homeopatia.pdf>.

66
A HOMEOPATIA NA UNIDADE IV
PRÁTICA

O desenvolvimento da Homeopatia como ciência está cada vez mais apurado, sendo
realizadas pesquisas científicas baseadas em diferentes formatos, como por exemplo:
modelos físico-químicos, culturas de células, testes em animais de laboratório, além
dos próprios ensaios clínicos, duplo-cego, randomizados, placebo controlados tal como
demonstrado no quadro da unidade anterior.

Além do Brasil, os cientistas atuam em diversas partes do mundo, e nas mais variadas
linhas de pesquisa, todos com a intenção de consolidar cientificamente essa prática
terapêutica.

Cada vez mais, vem sendo demonstradas evidências dos resultados satisfatórios do
tratamento homeopático de doenças de diversas naturezas, tanto agudas como crônicas,
ou ainda epidêmicas, sendo de grande utilidade no emprego para os cuidados paliativos
(PUSTIGLIONE; GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).

Protocolos desenvolvidos e aplicados pelos pesquisadores objetivam entender e


determinar os mecanismos de ação e eficácia dos medicamentos homeopáticos que
passaram por sucessivas dinamizações, derivando um produto altamente diluído.

A Farmacopeia Homeopática Brasileira (2011a) afirma que, desde 1790, a Homeopatia


é uma ciência, pois cumpre os critérios científicos estabelecidos inicialmente por
Hahnemann e, que nas últimas décadas, está sendo constatada e comprovada
cientificamente pelos trabalhos publicados mais recentemente.

A LMHI e o ECH (2010, p.1) concluíram em seu 65º congresso “que a homeopatia deve
permanecer na estrutura da prática médica e é mesmo uma necessidade para a saúde
pública”.

Essa terapêutica propicia, ao paciente, uma mudança de atitude, por permitir que
se conscientize do seu processo de doença e cura durante o tratamento homeopático
(BAROLLO et al., 2006b).

Nessa Unidade IV da disciplina Prática Clínico Sanitário, você conhecerá a prática


homeopática através de estudos de casos clínicos embasados cientificamente.

67
CAPÍTULO 1
Levantamento de caso

A homeopatia é uma especialidade médica, que oferece uma excelente relação próxima
entre médico e paciente, cumprindo integralmente os princípios da bioética que
defendem a beneficência e não maleficência, a autonomia e a universalidade e justiça
(PUSTIGLIONE; GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).

Na prática homeopática cada caso a ser tratado é único. O paciente é considerado como
um todo, de forma integral, tendo sua individualidade respeitada e suas particularidades
diferenciadas de forma a conduzir de modo decisório as escolhas terapêuticas.

Tal como nas demais práticas integrativas e complementares, o paciente a ser


tratado pela homeopatia deverá ser ouvido de forma acolhedora, criando um vínculo
terapêutico com o prescritor, com objetivo de ampliar a visão do processo saúde-doença
e promovendo o autocuidado.

Serão categorizados seus sintomas objetivos ou físicos, além dos sintomas subjetivos ou
mentais e emocionais.

A homeopatia tem aplicação tanto no campo das doenças crônicas como no campo das
agudas, até mesmo em situações extremas, tais como em casos de pacientes em coma,
podem ser vistos os benefícios dessa terapêutica nas unidades de terapia intensiva
(LMHI e ECH, 2010).

Calegari e Venancio (2012) apresentam dois casos de utilização eficaz da homeopatia


na atenção primária para o tratamento de pequenos e grandes queimados.

Observou-se rápida cicatrização das feridas dos pacientes que tiveram suas queimaduras
tratadas com homeopatia na Unidade Básica de Saúde da Estratégia de Saúde da Família
na cidade de Dourados (MS).

Vale ressaltar que o tratamento homeopático das queimaduras é de fácil execução e


baixo custo, viabilizando o acesso ao procedimento a todas as classes sociais.

Leia o artigo de Calegari e Venancio (2012) na íntegra e veja as imagens que


demonstram a eficiência do tratamento homeopático realizado nos pacientes
que sofreram queimadura e foram atendidos na UBS:

68
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&c
ad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjdtIb3-8zcAhXECpAKHRYcAGUQFjAAegQIABAB
&url=https%3A%2F%2Fares.unasus.gov.br%2Facervo%2Fhandle%2FARES%2F2
865&usg=AOvVaw1iTxHnjFa5n6nHhyqXt1Bh>.

Adler et al. (2008) relatam uma série de casos clínicos de tratamento homeopático de
pacientes do SUS de Jundiaí/SP, com quadro de depressão.

A evolução do quadro de depressão foi avaliada pela escala de Montgomery & Åsberg
(MADRS), obtendo como resultados uma redução maior que 50% dos escores
de depressão em 93% dos pacientes, após cerca de sete semanas de tratamento
homeopático, conforme demonstrado na Tabela 2, levando os autores à conclusão de
que a homeopatia pode ser uma alternativa terapêutica no tratamento dessa doença.

Tabela 2. Tempo de início da depressão e do episódio depressivo, escores de depressão (escala MADRS) pré-

tratamento e no primeiro e segundo retornos e medicamento homeopático utilizado no tratamento de casos

novos de depressão em 2006.

Início MADRS
Medicamento homeopático
Nº Doença (anos) Episódio (meses) 0 basal 1º retorno 2º retorno 3º retorno
1 15 4 37 3 1 * Natrum carbonicum
2 0 6 32 4 4 *** Silicea terra
3 3 5 28 2 * * Natrum carbonicum
4 1 12 20 * 5 4 Phosphorus
5 16 7 32 10 15 8 Sepia succus
6 3 36 24 7 8 7 Baryta carbonica
7 21 60 19 1 * * Sulphur
8 8 24 26 3 3 0 Silicea terra
9 3 12 16 * 4 * Aurum foliatum
10 0 6 18 5 1 0 Arsenicum album
11 1 12 27 25 3 * Aurum foliatum
12 2 2 34 22 ** ** Sepia succus
13 2 18 30 6 11 * Sepia succus
14 22 1 22 4 8 * Kali carbonicum
15 2 24 18 * 3 * Nitri acidum

Legenda: * Escala MADRS não aplicada; ** tratamento suspenso; *** parou o tratamento.

Fonte: Adler et. al. (2008, p. 77).

Embora relatos de casos clínicos não sejam considerados de forte evidência, como os
estudos controlados, infortunadamente não existem estudos com essas metodologias
sobre a eficácia da homeopatia na depressão, servindo tal pesquisa como exemplo para
o tratamento alternativo e eficaz dessa doença.

69
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

É fundamental descrever que cada paciente recebeu um medicamento homeopático


diferente, escolhido de acordo com a individualidade de cada um.

Apesar da aplicação individual da terapêutica homeopática, há também o emprego


com sucesso em tratamento de doenças epidêmicas, uma vez que os mesmos sinais e
sintomas característicos de cada epidemia atinge frequentemente um enorme número
dos pacientes afetados.

Esses sintomas peculiares de cada epidemia foram denominados como gênio epidêmico
por Hahnemann, sendo então identificado por semelhança o medicamento adequado
para tratamento de todos os pacientes que foram acometidos pelo mesmo surto da
doença.

Segundo a LMHI e ECH (2010) são inúmeras as razões que justificam o uso da
homeopatia para o tratamento de doenças epidêmicas. Dentre elas podem ser citados
que os medicamentos são seguros e não geram efeitos colaterais, inclusive para grávidas,
bebês, crianças e idosos; são de simples produção, armazenamento e distribuição,
resultando num produto barato; não induz à resistência terapêutica e tolerância
medicamentosa.

A dengue é uma epidemia devastadora não só no Brasil como em outras partes do mundo.
Na Índia, por exemplo, pesquisadores constataram, com evidências laboratoriais, que
a terapia exclusivamente à base de medicamentos homeopáticos possibilita tratar os
pacientes diagnosticados com dengue, inclusive obtendo resultados eficazes quando
houve queda considerável dos níveis sanguíneos de plaquetas (MAHESH; MAHESH;
VITHOULKAS, 2018).

Em nosso país, devido à falta de evidências científicas contundentes, o Ministério da


Saúde não apoia o uso do tratamento homeopático da dengue em comunidades.

Outro fator impeditivo é o receio de que a sociedade desdenhe as medidas de prevenção


oficiais da doença.

Veja a nota técnica publicada pela Comissão de Saúde Pública da AMHB sobre a
abordagem homeopática da dengue em comunidades:

<https://amhb.org.br/nota-tecnica-sobre-a-abordagem-homeopatica-da-
dengue-em-comunidades/>.

Em contrapartida, a Anvisa aprovou o registro o medicamento homeopático Proden®


do Laboratório Homeopático Almeida Prado destinado ao tratamento sintomático da

70
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

dengue cuja composição é à base dos insumos ativos Crotalus horridus 15D, Eupatorium
perfoliatum 15D e Phosphorus 15D.

Consulte os detalhes da aprovação do medicamento Proden® na página da


Anvisa, clicando no link a seguir:

<https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351541213200801/?nome
Produto=proden>.

Composições parecidas são empregadas em saúde pública no tratamento da dengue.


Por exemplo em São José do Rio Preto, no Estado de São Paulo e em Macaé, no Estado
do Rio de Janeiro.

A Secretaria Municipal de Saúde de Macaé apontou a homeopatia como responsável


pela redução de 60% dos casos de dengue na região, no mesmo período em que houve
um aumento de 315% de casos, comparativamente ao ano anterior.

Saiba mais detalhes sobre a utilização da homeopatia contra a dengue no


município de Macaé (RJ). Acesse o artigo de Nunes (2016), clicando no link a
seguir:

<http://revista.aph.org.br/index.php/aph/article/viewFile/368/409>.

É fundamental destacar que todas as demais medidas de controle do vetor, de vigilância


epidemiológica e de educação de profissionais da área da saúde e da população em
geral, foram mantidas e intensificadas em Macaé, no período das campanhas, obtendo
um surpreendente resultado positivo reconhecido pelas autoridades.

Veja as evidências científicas do emprego da homeopatia em epidemias no artigo


escrito por Teixeira (2010) intitulado “Homeopatia nas doenças epidêmicas:
conceitos, evidências e propostas”. Acesse a íntegra através do site: <http://
revista.aph.org.br/index.php/aph/article/view/36/68>.

71
CAPÍTULO 2
Escolhendo o medicamento certo

O prescritor homeopata, ao escolher a melhor terapêutica individualizada para cada


um de seus pacientes, num determinado momento específico da doença, considerando
o doente como um todo, está realizando um tratamento sistêmico, com segurança e
excelente relação custo-benefício.

A terapêutica homeopática é fundamentada em quatro bases sólidas conhecidas por:

»» Lei da Similitude.

»» Experimentação no Homem Saudável.

»» Uso de um Único Medicamento.

»» Uso de Doses Mínimas ou Infinitesimais.

O criador dessa terapêutica, Hahnemann, realizou a experimentação de diversas


substâncias encontradas nos reinos da natureza, em si mesmo e também em voluntários,
muitas vezes seus próprios alunos e discípulos.

Os sinais e sintomas, objetivos e subjetivos, produzidos por essas substâncias nos


experimentadores sadios, foram descritos, relacionados e catalogados.

A relação desses sinais e sintomas, tanto os físicos como os mentais e emocionais, é


denominada patogenesia e, tais patogenesias referentes a cada substância experimentada,
foram compiladas em livros denominados matérias médicas homeopáticas e utilizados
como referência inclusive atualmente.

Atualmente, essa experimentação é padronizada, reprodutível e realizada


constantemente, controlada por placebo.

Dantas (2017) descreve que os ensaios patogenéticos homeopáticos visam conhecer


os sintomas específicos e característicos que surgem em indivíduos saudáveis, quando
submetidos ao contato com os medicamentos homeopáticos, para que sejam comparados
aos sintomas dos pacientes.

72
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

Acesse o link para o artigo de Dantas (2017) e faça a leitura das diretrizes
metodológicas atuais, construídas após os avanços científicos, para realização
das experimentações homeopáticas: <http://revista.aph.org.br/index.php/aph/
article/view/404/449>.

Hahnemann em sua época já considerava a necessidade de rigor nos estudos de


experimentação em homens sadios, para evitar, dessa forma, qualquer conjectura
nos resultados publicados. Atualmente, validar com confiança as informações obtidas
com os ensaios patogenéticos homeopáticos, é um fator imprescindível para o êxito da
prática clínica dessa terapêutica (DANTAS, 2017).

Cada sintoma resultante dessa experimentação, antes de ser compilado na matéria


médica, deve ser avaliado e confirmado por meio de outros experimentos, e também
pela verificação clínica.

O estabelecimento de qualquer sintoma na matéria médica deve ser descrito com um


determinado nível de evidência científica, sendo que as melhores possibilidades de
eficácia estão relacionadas aos medicamentos cujo nível de evidência constatado seja
mais elevado.

Importante salientar que, tal como preconizado por Hahnemann, as experimentações


sempre são realizadas em indivíduos saudáveis e somente aplicando uma única
substância isoladamente, sem que sejam feitas misturas ou composições.

Daí que se preconiza a utilização de um único medicamento para a terapêutica


homeopática, uma vez que a patogenesia da droga é estabelecida de forma individual
para a substância experimentada, não se sabendo as possíveis reações da associação de
duas ou mais drogas administradas simultaneamente.

O emprego de doses mínimas ou ainda, denominadas, infinitesimais, se deve à peculiar


farmacotécnica de obtenção dos medicamentos homeopáticos, na qual é empregada
diluição da droga que constitui o ponto de partida do medicamento, seguida de agitação
ritmada.

A esse conjunto de ações, diluição e agitação, é nomeado de dinamização, cuja


conceituação foi estabelecida por Hahnemann, tendo por finalidade a redução da
toxicidade das substâncias através da diluição, bem como a ativação energética das
moléculas ativas veiculadas no insumo inerte, através da agitação, libertando, por
intermédio dessa dinamização, a força medicamentosa dessas substâncias, que estava
latente.

73
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

Os sintomas e suas modalidades são compiladas em repertórios homeopáticos, que


descrevem as mais diversas possibilidades de medicamentos relacionadas às mais
variadas queixas.

Os pesquisadores Mahesh, Mahesh e Vithoulkas (2018) enfatizam em seu estudo com


pacientes diagnosticados com dengue, que mesmo durante uma epidemia, é importante
que o tratamento homeopático seja individualizado para que se obtenha resultados
mais favoráveis.

Repertório homeopático é uma ferramenta utilizada pelos homeopatas


juntamente à matéria médica homeopática para auxiliar na escolha do
medicamento ideal e mais adequado a cada caso.

Nesse instrumento são indicados os sintomas dos medicamentos homeopáticos


provenientes de dados obtidos de experimentações em indivíduos sadios,
registros toxicológicos e experiências de curas observadas na prática clínica.

Em sua obra, Hahnemann ressalta que é fundamental a individualização do medicamento


homeopático de acordo com os sintomas específicos de cada momento e estágio da
epidemia, não devendo simplesmente selecionar o medicamento utilizado em surto
anterior, devido risco de agravamento do quadro clínico.

Os medicamentos utilizados durante o surto de dengue de 2008, em Macaé (RJ), foram


escolhidos com base no conceito epidemiológico homeopático conhecido por gênio
epidêmico, no qual através dos sintomas evidenciados pelos pacientes, foi possível
eleger os insumos ativos Eupatorium, Phosphorus, Crotalus e Natrum Muriaticum, a
serem empregados como preventivos da doença e como tratamento dos sintomas nessa
epidemia de dengue.

Já no ano anterior, em São José do Rio Preto (SP), os medicamentos usados pela
Secretaria Municipal de Saúde contra a epidemia de dengue foram apenas Eupatorium
perfoliatum, Phosphorus e Crotalus horridus.

Uma repertorização feita no bairro Cristo Rei, na cidade de São José do Rio Preto,
em 2001 e publicada após 5 anos (MARINO, 2006), utilizando como critério diretor
o mesmo conceito do gênio epidêmico, determinou como medicamento homeopático
mais compatível com o quadro sintomático o Eupatorium perfoliatum.

Repertorização é o procedimento realizado, com auxílio do repertório


homeopático, cuja finalidade é a seleção apropriada do melhor medicamento
para cada caso.

74
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

Observe na Tabela 3 a evolução da incidência de dengue antes e após a administração


de dose única do medicamento homeopático Eupatorium perfoliatum 30 CH, como
preventivo da dengue, durante essa pesquisa.

Tabela 3. Registros do número de casos confirmados antes e após a “campanha contra a dengue”.

Bairro 1º Período 2º Período Percentual de Queda


Cristo Rei 142 26 81,5%
São Deocleciano 62 26 58,0%
Vila Toninho 82 50 39,0%
Gonzaga de Campos 51 32 37,0%
Cecap 10 9 10,0%

1º Período: 01/jan/2001 até 04/mai/2001; 2º Período: 05/mai/2001 até 31/dez/2001

Fonte: Marino (2006, p. 43).

Fica evidente que a maior redução da incidência de casos de dengue ocorreu no bairro
no qual foi empregado o tratamento homeopático, cujo desfecho da pesquisa pode ser
considerado estatisticamente altamente significativo “apontando decisivamente para a
existência de provável relação causal entre o procedimento homeopático empregado e
os resultados obtidos” (MARINO, 2006, p. 51).

Leia a publicação da entrevista realizada pelo CFF com a farmacêutica, professora


e pesquisadora em Homeopatia, Carla Holandino sobre o tema “HOMEOPATIA:
as boas surpresas que salvam”. Acesse o link a seguir:

<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/136/038a043_entrevista_
carla_holandino.pdf>.

O provimento do acesso a medicamentos homeopáticos está previsto nas diretrizes


da PNPIC (BRASIL, 2006b), com a perspectiva de assegurar as especificidades da
assistência farmacêutica nesses âmbitos, conforme a regulamentação sanitária e
ampliar a produção pública baseada no cumprimento dos critérios de qualidade,
eficácia, eficiência e segurança no uso, bem como no implemento das boas práticas de
manipulação, de acordo com a legislação vigente.

A RDC Nº 67, publicada pela ANVISA em 8 de outro de 2007, é a legislação que dispõe
sobre as Boas Práticas de Manipulação de preparações magistrais e oficinais para
uso humano em farmácias, abrangendo inclusive a manipulação de medicamentos
homeopáticos (BRASIL, 2007).

75
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

Consulte as normativas relacionadas às Boas Práticas de Manipulação de


Medicamentos Homeopáticos, constantes do Regulamento Técnico e Anexos I
e V, dispostas na resolução RDC Nº 67/2007, acessando o link da publicação da
referida legislação:

<http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/resolucao67_08_10_07.pdf >.

76
CAPÍTULO 3
Administrando o medicamento

O paciente deve receber informações sobre as possibilidades terapêuticas que podem


ser empregadas no processo de tratamento e melhora de sua saúde.

É direito também do paciente hospitalizado conhecer as possíveis opções terapêuticas


para seu caso, inclusive aquelas que envolvem os medicamentos homeopáticos.

Leal (2000) apresenta em seu estudo denominado “A prática homeopática na


unidade de terapia intensiva (UTI)”, o relato da evolução clínica de pacientes
em situação grave, os quais foram tratados com medicamentos homeopáticos
administrados concomitantemente ao tratamento convencional. Leia o artigo
na íntegra, acessando o link a seguir:

< h t t p s : / / w w w . r e s e a r c h g a t e . n e t / p r o f i l e / M a r c u s _ Te i x e i r a 4 /
publication/263652492_A_pratica_homeopatica_na_unidade_de_terapia_
intensiva_UTI_Homeopathic_practice_in_the_intensive_care_unit_ICU/
links/02e7e53b6b67ad8d6f000000/A-pratica-homeopatica-na-unidade-de-
terapia-intensiva-UTI-Homeopathic-practice-in-the-intensive-care-unit-ICU.
pdf>.

Tem sido demonstrados os benefícios da integração entre os tratamentos médicos


convencional e as práticas integrativas e complementares, através de pesquisas de
evidência científica.

Além da maior valorização dos conhecimentos tradicionais, responsáveis pela origem


de grande parte dessas práticas, há também um crescente número de habilitação e
capacitação profissional. Segundo o CRF-SP (2018), mais de 30 mil profissionais foram
capacitados em 2017.

O emprego da terapêutica homeopática na prática clínica pode resultar na redução de


custos na saúde pública.

Isso porque há uma minimização do uso dos medicamentos convencionalmente


prescritos e utilizados, além da redução do volume de consultas médicas.

O Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira é um instrumento efetivo e


de grande utilidade para profissionais da área de homeopatia, tais como prescritores,
manipuladores, dispensadores e até mesmo os usuários, de forma que haja incentivo

77
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

para a prescrição e produção de medicamentos homeopáticos, com segurança e


qualidade asseguradas, favorecendo o acesso e o uso racional, tanto no âmbito do SUS
como do sistema privado de saúde.

Acesse o site da 1ª edição do Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira


publicado em 2017 e consulte as monografias dos medicamentos homeopáticos
sugeridos.

<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/3653739/Form+atual+data+de
+publicação/10ab986a-0ad8-4743-8a5b-a3aa6fd8b567>.

O emprego de medicamentos homeopáticos em quadros epidêmicos é de possível


implementação em saúde coletiva, uma vez que é de fácil execução e baixo custo, desde
que seja estabelecido o gênio epidêmico correspondente ao surto daquele local e naquele
determinado momento da doença, além de ser comprovada cientificamente a eficácia
da homeopatia para tal caso.

O único risco do tratamento homeopático é a inexistência de um correto diagnóstico


médico no início da terapêutica (LMHI; ECH, 2010).

Por isso é fundamental um diagnóstico claro e exato dos sintomas para que seja utilizado
o tratamento homeopático mais compatível e adequado, alcançando maior efetividade
na resolução dos problemas de saúde.

Observe no Quadro 4 as diferenças entre as indicações de administração, conforme o


Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira, de três medicamentos empregados
no tratamento e prevenção da dengue.

Quadro 4. Indicações de administração de três diferentes medicamentos empregados no tratamento e

prevenção da dengue, de acordo com o Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira.

MEDICAMENTO INDICAÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO


Febre acompanhada de sensação de dores nos ossos do tipo quebradura, prostração generalizada, náuseas, cefaleia
Eupatorium perfoliatum 5CH
e/ou dores nos globos oculares como nas síndromes gripais e de dengue.
Laringite com rouquidão que piora à noite, agravada pelo frio. Tosse seca com dor ardente no peito. Adjuvante em
Phosphorus 6CH
casos de hepatite viral. Em pacientes com tendência a alternar comportamento de ansiedade e tristeza.
Rinite, espirros, coriza aquosa e lacrimejamento abundantes que aparecem bruscamente em pacientes emagrecidos e
Natrum Muriaticum 6CH
com tendência a depressão. Dermatite seborreica.

Fonte: adaptado de Brasil (2017).

A aplicação dos medicamentos homeopáticos pode ser tanto de uso externo como
de uso interno, sendo que a administração ocorre por via tópica, parenteral ou, mais
comumente, pela via oral.

78
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

De acordo com cada via de administração para qual é destinado o medicamento, a


formulação será preparada numa forma farmacêutica apropriada, podendo estar no
estado físico líquido, sólido ou semissólido.

As formas farmacêuticas homeopáticas para administração por via tópica são:


linimentos, apósitos medicinais, pós ou talcos medicinais, cremes, géis, géis-cremes,
pomadas, preparações nasais, otológicas, oftálmicas, supositórios retais e óvulos
vaginais.

A administração da homeopatia por via parenteral é realizada através dos medicamentos


preparados na forma farmacêutica injetável.

Já as formas farmacêuticas homeopáticas para administração por via oral são: gotas
orais, glóbulos, pós, tabletes e comprimidos.

Os usuários devem ser orientados, no momento da dispensação dos medicamentos,


sobre a correta forma de utilizar o medicamento, bem como a maneira de armazená-lo,
a fim de manter a conservação e a estabilidade do produto.

Vale ressaltar que os profissionais responsáveis pela prescrição e dispensação dos


medicamentos homeopáticos devem se certificar que glóbulos e outras formas
farmacêuticas contendo sacarose não sejam administradas a pacientes portadores de
diabetes ou ainda às pessoas que estejam realizando dietas com restrição de açúcar ou
possuam indicações para não utilização desse ingrediente.

O mesmo zelo deve ser aplicado aos indivíduos intolerantes à lactose, uma vez que esse
insumo inerte está presente em diversas formas farmacêuticas sólidas, principalmente
de uso oral e uso sistêmico, tais como os pós, tabletes, comprimidos e alguns tipos de
glóbulos.

Cuidados também devem ser tomados em relação às preparações alcoólicas destinadas


a pacientes com restrição ao álcool ou ainda àqueles passíveis de reações alérgicas
quando em contato com tal substância.

O quadro abaixo apresenta de forma resumida as formas farmacêuticas que os


medicamentos homeopáticos podem se apresentar de acordo o estado físico e
a via de administração desejados.

79
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

Quadro 5. Formas farmacêuticas e estados físicos dos medicamentos homeopáticos de acordo com a via de

administração.

Via de Administração Forma Farmacêutica Estado Físico


Linimentos Líquido
Apósitos medicinais Sólido
Pós ou Talcos medicinais Sólido
Via Tópica Cremes, géis, géis-cremes Semi-sólido
Pomadas Semi-sólido
Preparações nasais, otológicas, oftálmicas Líquido ou Semi-sólido
Supositórios retais e óvulos vaginais Sólido
Via Parenteral Solução ou Suspensão Injetável Líquido
Gotas orais Líquido
Glóbulos Sólido
Via Oral Pós Sólido
Tabletes Sólido
Comprimidos Sólido

Fonte: Acervo pessoal.

O estudo realizado por Leal (2000) no qual foram analisados oito pacientes internados
em UTI, em estado grave, diagnosticados com choque séptico e tratados com
medicamentos homeopáticos escolhidos de acordo com a totalidade de sintomas, sendo
administrados juntamente ao tratamento convencional, demonstrou que a evolução
clínica desses pacientes respondeu ao tratamento, apesar das diversas dificuldades e
outros aspectos complicadores da execução da prática, como por exemplo a própria
administração da forma farmacêutica líquida em gotas por via oral para os indivíduos
que se encontravam inconscientes ou em estado alterado de consciência.

A administração concomitante de outras substâncias, drogas ou medicamentos


alopáticos, pode influenciar nos resultados do tratamento homeopático.

Fontes et al. (2012) afirmam que medicamentos homeopáticos e alopáticos não


devem ser tomados juntos e, substâncias como café, chá e álcool podem inviabilizar a
terapêutica realizada com homeopatia.

É fundamental para o sucesso do tratamento homeopático que o medicamento seja


administrado corretamente: no horário, na potência e na quantidade exata prescrita
pelo homeopata com base na totalidade de sintomas apresentados.

O paciente deve ser orientado a ingerir o medicamento homeopático de uso oral em


horários distantes das refeições e do ato de escovar os dentes, respeitando um intervalo
de cerca de 30 minutos.

É essencial também que mantenham seus medicamentos acondicionados nos frascos


originais, longe do alcance de crianças e animais, de fontes de calor, luminosidade e
umidade, tal como qualquer outro tipo de medicamento.

80
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

Os usuários de homeopatia devem ainda conservar os medicamentos homeopáticos em


locais que não contenham outras substâncias de forte odor, como cânfora, mentol e
perfumes em geral.

Outra precaução fundamental é que as homeopatias sejam armazenadas fora do alcance


de radiações provenientes muitas vezes de fontes radioativas comuns nos domicílios,
por exemplo, televisores, celulares, rádios, computadores, micro-ondas, refrigeradores
e também outros como autofalantes, detectores de metais, exames diagnósticos de
imagem, entre outros.

No momento de utilização da homeopatia deve-se tomar o cuidado de não expor o


medicamento ao contato com as mãos, boca, mucosas ou qualquer outra superfície
corpórea ou do ambiente ao redor.

A própria tampa utilizada nos frascos pode ser empregada para coletar a quantidade de
forma farmacêutica a ser ingerida, principalmente as sólidas.

As preparações líquidas de uso oral são dispensadas em frascos gotejadores ou ainda


em embalagens dotadas de conta-gotas, facilitando dessa forma a administração das
doses.

Apesar de ser possível pingar as gotas diretamente na boca, é necessário que se tenha
certeza que a embalagem não toque a mucosa oral do paciente, pois poderá desenvolver
uma contaminação microbiana no medicamento acondicionado.

Uma forma de se evitar tais contaminações é através do gotejamento das formas


farmacêuticas numa colher, podendo inclusive misturar com um pouquinho de água,
minimizando dessa forma o sabor do álcool contido em grande parte das preparações
líquidas e que pode ser desagradável para algumas pessoas, principalmente para as
crianças.

As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral, usualmente são dissolvidas
na boca e absorvidas pela mucosa. Em casos de dificuldades para administração,
também é possível diluir o medicamento num mínimo de água potável, facilitando a
ingestão pelo paciente.

A administração dos medicamentos homeopáticos deve ser individualizada e não


compartilhada de forma irracional com outras pessoas, uma vez que para cada caso
e para cada indivíduo há um medicamento homeopático específico e adequado,
que correlaciona a totalidade sintomática do paciente com o quadro patogenético
desenvolvido por uma dada substância durante a experimentação.

81
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA

Portanto, a administração de um mesmo medicamento homeopático pode ser realizada


para doenças diferentes em diferentes pacientes. Doenças aparentemente iguais podem
ser tratadas com medicamentos homeopáticos diferentes, uma vez que outros sintomas
apresentados, além da queixa principal, são decisivos para a escolha do medicamento
considerando a totalidade sintomática apresentada.

Fontes et al. (2012) apresentam um exemplo que destaca essa característica, no qual
uma mãe leva seus 3 filhos ao médico homeopata, sendo que dois deles apresentam
diarreia como principal queixa e o outro demonstra um quadro sintomático tendo o
acesso de tosse como o motivo central que o levou à consulta.

Usualmente, a terapêutica convencional trataria os dois pacientes com mesmo sintoma,


com o mesmo medicamento, entretanto para a homeopatia há mais aspectos a serem
considerados antes de simplesmente optar por um medicamento.

Diante do relato de outros sintomas, o médico constata que o primeiro filho apresenta
“diarreia pastosa, gases intestinais, regurgitações ácidas, ansiedade e cefaleias com
vertigens”. O segundo filho apresenta como sintomas “diarreia líquida, ventre dilatado,
prostração e medo da escuridão”. E o terceiro filho apresenta “acesso de tosse durante
a madrugada, dispneia, coriza abrasadora, prostração e medo de morrer” (FONTES et
al., 2012, p. 78).

Após analisar individualmente a totalidade de sintomas de cada paciente, considerando


tanto os sintomas objetivos como os subjetivos, o homeopata decidiu prescrever dois
medicamentos homeopáticos para o tratamento dos três pacientes: Argentum nitricum
e Arsenicum album.

Um leigo poderia supôr que os pacientes que apresentam diarreia devem receber o
mesmo medicamento. Mas não é isso o que ocorre.

Ao primeiro filho, com diarreia pastosa, deve ser administrado Argentum nitricum e
aos outros dois filhos, com diarreia líquida e acesso de tosse, deve ser administrado
Arsenicum album.

Para evitar maiores confusões e dificuldades de compreensão, há a possibilidade de


prescrever e dispensar os medicamentos homeopáticos com o uso de sinônimos
consagrados.

E isso foi feito pelo homeopata que prescreveu ao primeiro filho Argentum nitricum,
ao segundo filho Arsenicum album e ao terceiro filho Metallum album, que é sinônimo
de Arsenicum album.

82
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV

Dessa forma, a mãe pode administrar corretamente os medicamentos homeopáticos


aos seus filhos sem que suposições errôneas conduzam ao emprego incorreto das
homeopatias, favorescendo inclusive o uso racional dessa farmacoterapia.

Veja, no quadro abaixo, alguns exemplos de sinônimos consagrados utilizados


em homeopatia.

Quadro 6. Sinonímias empregadas em Homeopatia.

Medicamento Homeopático Sinonímias


Actaea racemosa Cimicifuga, Cimicifuga racemosa
Adrenalinum Epinephrinum
Apisinum Apis virus
Argentum nitricum Argenti nitras, Azotas argenticus, Nitras argenticus
Blatta orientalis Periplaneta orientalis
Bryonia alba Brionia branca, Bryonia dioica, Vitis alba
Calcarea carbonica Calcarea ostrearum, Calcarea osthreica, Ostrea edulis
Causticum Causticum hahnemanni, Tintura acris sine kali
Chamomilla Anthemis vulgaris, Chamomilla vulgaris, Matricaria chamomilla
Elaps corallinus Vipera corallina
Glonoinum Glycerillis trinitras, Glycerinum trinitricum, Trinitrinum
Graphites Carbo mineralis, Plumbago, Plumbago mineralis
Hepar sulphur Calcarea sulphurata, Hepar sulfuris calcareum
Hydrastis canadensis Hidraste, Warneria canadenses
Ignatia amara Faba indica, Faba Santi Ignatii, Ignatia, Strychnos ignatii
Ipecacuanha Cephaelis emetica, Cephaelis ipecacuanha, Ipeca, Radix
Lachesis muta Bothrops surucucu, Lachesis trigonocephalus
Luesinum Syphilinum
Lycopodium clavatum Muscus clavatus, Muscus squamosus, Pes leoninus, Pes ursinus
Medorrhinum Blenorrhinum, Gonorrhinum
Mercurius sulphuratus ruber Cinnabaris, Hydragyrum sulphuratum rubrum
Mygale lasiodora Aranea avicularis
Nux vomica Colubrina, Noz vomica, Strychnos colubrina, Strychnos nux vomica
Opium Succus thebaicus
Pulsatilla Anemone pratensis, Anemone pulsatilla, Pulsatilla nigricans
Rhus toxicocodendron Rhus, humile, Rhus pubescens, Rhus radicans, Vitis canadenses
Secale cornutum Claviceps purpurea, Secale
Silicea Silicea terra, Terra silicea
Sterculla acuminata Kola, Cola
Sulphur Flavum depuratum, Sulfur, Sulphur depuratum, Sulphur lotum
Terebinthinum Oleum terebinthinae, Resina laricis
Thuya occidentalis Arbor vitae, Thuja
Tuberculinum T.K., Tuberculinum Koch
Veratrum album Helleborus albus, Veratrum

Fonte: Acervo pessoal.

83
Referências

ADLER, U.C. et al. Tratamento homeopático da depressão: relato de série de casos.


Rev. Psiq. Clín. 35 (2); 74-78, 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rpc/
v35n2/a05v35n2.pdf>. Acesso em 11/07/2018.

ALVES, P. K. L.; OLIVEIRA, L. A. M. As Orientações do Banco Mundial à Política


de Saúde Brasileira: fundamentos, financiamentos e as tendências da contrarreforma
na saúde. VII Jornada Internacional Políticas Públicas. UFMA. Agosto, 2015. Disponível
em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2015/pdfs/eixo1/as-orientacoes-
do-banco-mundial-a-politica-de-saude-brasileira-fundamentos-financiamentos-e-as-
tendencias-da-contrarreforma-na-saude.pdf. Acesso em: 27/02/2018.

BAROLLO, C. R.; ALVES, D.; BIGNARDI, F. A. C.; DÈCOURT, I.; FREITAS JR, V.;
HUBNER, V.; RAMOS, M. F. P.; RIMOLI, M. F.; ROMANO, M. L.; SANTOS, G. M.
Efeito do tratamento homeopático sobre o comportamento do adoecer
crônico, em uma comunidade carente, alvo de programa social, na periferia
da cidade de São Paulo, no período de ago/2004 a mar/2006. Associação
Comunitária Monte Azul e NEPH – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Homeopatia -
UNIFESP. São Paulo: 2006a. Disponível em: <http://www.bvshomeopatia.org.br/
texto/expMonteAzul_CeliaBarollo.htm>. Acesso em: 18/06/2018.

BAROLLO, C. R.; MERCUCCI, V.; MOREIRA NETO, G.; ROCHA, A. G. A. Estratégias


para a Implementação do Atendimento Homeopático na Rede Pública do Município
de São Paulo: um relato histórico. XXVIII Congresso Brasileiro de Homeopatia
– AMHB. Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo / CODEPPS – Área Temática
de Medicinas Tradicionais, Homeopatia e Práticas Complementares em Saúde.
2006b. Disponível em: <http://www.bvshomeopatia.org.br/texto/estrategiasImplant.
AtendRedePublica_CeliaBarollo.htm>. Acesso em: 18/06/2018.

BORGES, Jorge Amaro de Souza.; PEREIRA, Andreia Colares Cabral. O estado da


arte sobre políticas públicas para pessoas com deficiência no Brasil: dialogando
sobre transversalidade e educação. Rev. Serv. Público Brasília. 67 (4) 555-574,
out/dez, 2016. Disponível em: <https://inclusao.hom.enap.gov.br/wp-content/
uploads/2018/05/o-estado-da-arte-sobre-pp-para-pcd-no-Brasil.pdf>. Acesso em:
11/07/2018.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do


Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações

84
REFERÊNCIAS

determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nos 1 a 6/94, pelas Emendas


Constitucionais nos 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo no 186/2008. Brasília:
Senado Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016. Disponível em: <https://
www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.
pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

BRASIL. Decreto Nº 4.726 de 9 de junho de 2003. Aprova a Estrutura Regimental


e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão e das Funções Gratificadas do
Ministério da Saúde, e dá outras providências. 2003. Disponível em: <http://www2.
camara.leg.br/legin/fed/decret/2003/decreto-4726-9-junho-2003-496874-norma-
pe.html>. Acesso em: 18/06/2018.

BRASIL. Diretrizes operacionais dos Pactos pela Vida, em Defesa do SUS


e de Gestão. Ministério da Saúde. Secretaria Executiva. Departamento de Apoio à
Descentralização. Coordenação-Geral de Apoio à Gestão Descentralizada. Brasília: MS,
2006a. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/01.pdf>.
Acesso em: 18/04/2018.

BRASIL. Farmacopeia Homeopática Brasileira. 3ª edição. Comissão da


Farmacopeia Brasileira. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2011a.
Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259147/3a_edicao.
pdf/cb9d5888-6b7c-447b-be3c-af51aaae7ea8>. Acesso em: 19/03/2018.

BRASIL. Formulário Homeopático da Farmacopeia Brasileira. 1ª edição.


Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2017. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/3653739/Form+atual+data+de+pub
licação/10ab986a-0ad8-4743-8a5b-a3aa6fd8b567>. Acesso em: 19/03/2018.

BRASIL. Lei Nº 13.021 de 08 de agosto de 2014. Dispõe sobre o exercício e a


fiscalização das atividades farmacêuticas. 2014. Disponível em: <http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13021.htm>. Acesso em: 23/07/2018.

BRASIL. Lei Nº 8.080 de 19 de setembro de 1990, e alterações. Dispõe


sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização
e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 1990.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8080.htm>. Acesso em:
27/02/2018.

BRASIL. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3ª ed. Ministério da


Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2009a. Parte 1 – Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.

85
REFERÊNCIAS

br/bvs/publicacoes/sus_az_garantindo_saude_municipios_3ed_p1.pdf>. Parte 2
– Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_az_garantindo_
saude_municipios_3ed_p2.pdf>. Acesso em: 19/03/2018.

BRASIL. Política Nacional de Educação Permanente em Saúde. Ministério da


Saúde. Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde. Departamento de
Gestão da Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009b. Disponível em:
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/396770/Política+Nacional+de+Educ
ação+Permanente+em+Saúde/c92db117-e170-45e7-9984-8a7cdb111faa>. Acesso em:
19/03/2018.

BRASIL. Portaria Nº 2.761, de 19 de novembro de 2013. Institui a Política


Nacional de Educação Popular em Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(PNEPS-SUS). Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. 2013a. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.html>.
Acesso em: 27/02/2018.

BRASIL. Portaria Nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de


Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Ministério
da Saúde, 2006b. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/
gm/2006/prt0971_03_05_2006.html>. Acesso em: 27/02/2018.

BRASIL. Regulamento dos pactos pela vida e de gestão. Ministério da Saúde,


Secretaria-Executiva, Coordenação de Apoio à Gestão Descentralizada. Brasília: MS,
2006c. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/02.pdf>.
Acesso em 18/04/2006.

BRASIL. Resolução da Diretoria Colegiada - RDC Nº 67, de 8 de outubro


de 2007. Dispõe sobre Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e
Oficinais para Uso Humano em farmácias. Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA), 2007. Disponível em: http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/
resolucao67_08_10_07.pdf. Acesso em: 19/03/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) Nº 586 de 29


de agosto de 2013. Regula a prescrição farmacêutica e dá outras providências. CFF,
2013b. Disponível em: http://www.cff.org.br/userfiles/file/resolucoes/586.pdf. Acesso
em: 18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) Nº 1.000 de 21


de julho de 1980. Acrescenta na relação de especialidades reconhecidas pelo CFM,
para efeito de registro de qualificação de especialistas a hansenologia e a homeopatia.

86
REFERÊNCIAS

CFM, 1980. Disponível em: <http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/


cfm/1989/1000_1989.htm>. Acesso em: 18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) Nº 1.973 de 1º


de agosto de 2011. Dispõe sobre a nova redação do Anexo II da Resolução CFM nº
1.845/08, que celebra o convênio de reconhecimento de especialidades médicas firmado
entre o Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB)
e a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM). CFM, 2011b. Disponível em:
<http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2011/1973_2011.htm>. Acesso
em: 18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV)


Nº 625 de 16 de março de 1995. Dispõe sobre o registro de título de especialista no
âmbito dos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária. CFMV, 1995. Disponível em:
<http://www.crmvrj.org.br/legislacao/texto/res625.htm>. Acesso em: 18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) Nº


662, de 14 de julho de 2000. Habilita a Associação Médico Veterinária Homeopática
Brasileira para concessão de título de especialista em Homeopatia Veterinária. CFMV,
2000. Disponível em: <http://portal.cfmv.gov.br/uploads/files/Res%20662.pdf>.
Acesso em: 18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Federal de Odontologia (CFO) Nº 82 de


25 de setembro de 2008. Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista
de práticas integrativas e complementares à saúde bucal. CFO, 2008. Disponível
em: <http://www.croma.org.br/normas/F/federal_2008_109.pdf>. Acesso em:
18/06/2018.

BRASIL. Resolução do Conselho Nacional de Saúde Nº 338, de 06 de


maio de 2004. Aprova a Política Nacional de Assistência Farmacêutica. MS. CNS,
2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/
res0338_06_05_2004.html>. Acesso em: 18/06/2018.

CALEGARI, Indonésio.; VENANCIO, Elizandra de Queiroz. O Princípio da Similitude


no Tratamento de Queimaduras: Relato de Caso da Estratégia da Saúde da Família.
Cadernos ABEM. Volume 8. Dezembro, 2012. Disponível em: <https://www.google.
com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=2ahU
KEwjdtIb3-8zcAhXECpAKHRYcAGUQFjAAegQIABAB&url=https%3A%2F%2Fares.
unasus.gov.br%2Facervo%2Fhandle%2FARES%2F2865&usg=AOvVaw1iTxHnjFa5n6
nHhyqXt1Bh>. Acesso em: 11/07/2018.

87
REFERÊNCIAS

CARRAPATO, Pedro.; CORREIA, Pedro.; GARCIA, Bruno. Determinante da saúde no


Brasil: a procura da equidade na saúde. Saúde Soc. São Paulo, v.26, n.3, p.676-
689, 2017. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/v26n3/0104-1290-
sausoc-26-03-00676.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

CARVALHO, S. R.; RODRIGUES, C. O.; COSTA, F. D.; ANDRADE, H. S. Medicalização:


uma crítica (im)pertinente? Physis Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 25
[ 4 ]: 1251-1269, 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/physis/v25n4/0103-
7331-physis-25-04-01251.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

CFF. CONSELHO FEDERAL DE FARMÁCIA. Serviços farmacêuticos diretamente


destinados ao paciente, à família e à comunidade: contextualização e arcabouço
conceitual. Brasília: Conselho Federal de Farmácia, 2016.

CIELO, Ivanete Daga.; SCHMIDT, Carla Maria.; WENNINGKAMP, Keila Raquel.


Políticas públicas de saúde no Brasil: uma avaliação do IDSUS no estado do Paraná
(2011). DRd – Desenvolvimento Regional em debate, v. 5, n. 1, pp. 211-230,
jan./jun. 2015. Disponível em: <http://www.periodicos.unc.br/index.php/drd/article/
download/652/513>. Acesso em: 11/07/2018.

CRF-SP. Ampliação de Procedimentos: Ministério da Saúde inclui 10 novas


práticas integrativas no SUS. São Paulo, 12 de março de 2018. Disponível em: <http://
www.crfsp.org.br/noticias/9503-ampliacao-de-procedimentos.html>. Acesso em:
27/02/2018.

DANTAS, F. O medicamento homeopático provoca sintomas em voluntários


aparentemente sadios? A contribuição brasileira ao debate sobre os ensaios
patogenéticos homeopáticos. Revista de Homeopatia. 80(1/2):183-206. 2017.
Disponível em: <http://revista.aph.org.br/index.php/aph/article/view/404/449>.
Acesso em: 27/02/2018.

FARIAS, S. N. P.; ZEITOUNE, R. C. G. A interferência da globalização na qualidade de


vida no trabalho: a percepção dos trabalhadores de enfermagem. Esc Anna Nery R
Enferm, dez; 8 (3): 386-92, 2004. Disponível em: <http://eean.edu.br/audiencia_
pdf.asp?aid2=979&nomeArquivo=v8n3a09.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

FIOCRUZ. Fundação Oswaldo Cruz. A saúde no Brasil em 2030: diretrizes para


a prospecção estratégica do sistema de saúde brasileiro. Rio de Janeiro:
Fiocruz/Ipea/ Ministério da Saúde/Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência
da República, 2012.

88
REFERÊNCIAS

FIP. FÉDÉRATION INTERNATIONALE PHARMACEUTIQUE. Statement of policy


pharmacy: gateway to care. Seul: 2017. Disponível em: <http://www.fip.org/www/
uploads/database_file.php?id=384&table_id=>. Acesso em: 23/07/2018.

FONTES, Olney Leite et al. Farmácia Homeopática Teoria e Prática. 4ª ed.


Barueri, SP: Manole, 2012.

FOUCAULT, Michel. Crise da medicina ou crise da antimedicina. Verve, 18: 167-


194, 2010. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/verve/article/
view/8646/6432>. Acesso em: 27/02/2018.

LEAL, Silvia Mazzucato. A prática homeopática na unidade de terapia intensiva (UTI).


Revista de Homeopatia. APH. Vol.65, N°1, 2000. Disponível em: <https://www.
researchgate.net/profile/Marcus_Teixeira4/publication/263652492_A_pratica_
homeopatica_na_unidade_de_terapia_intensiva_UTI_Homeopathic_practice_
in_the_intensive_care_unit_ICU/links/02e7e53b6b67ad8d6f000000/A-pratica-
homeopatica-na-unidade-de-terapia-intensiva-UTI-Homeopathic-practice-in-the-
intensive-care-unit-ICU.pdf>. Acesso em: 08/08/2018.

LMHI e ECH. LIGA MEDICORUM HOMEOPATHICA INTERNATIONALIS E


EUROPEAN COMMITTEE FOR HOMEOPATHY. Painel Científico da Homeopatia.
Homeopatia Baseada em Evidências. 65º. Congresso da LMHI, novembro/2010.
Disponível em: <http://www.hncristiano.com.br/hnc/images/artigos/Painel_
Cientifico_da_Homeopatia.pdf>. Acesso em: 19/03/2018.

MAHESH, Seema.; MAHESH, Mallappa.; VITHOULKAS, George. Could Homeopathy


Become An Alternative Therapy In Dengue Fever? An example Of 10 Case Studies. J
Med Life. 11(1): 75-82, Jan-Mar, 2018.

MARINO, R. Homeopatia em saúde coletiva: contribuição ao estudo das epidemias.


Dissertação de mestrado, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, 2006.
Disponível em: <http://ihb.org.br/dpub/docs/dissertacoes/Renan_Marino/2006/
Homeopatia_em_Saude_Coletiva.pdf>. Acesso em: 08/08/2018.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Dados coletados sobre número de municípios de


cada Estado brasileiro que utilizam práticas integrativas no tratamento de
pacientes do SUS. 2018. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br>. Acesso
em: 09/07/2018.

NUNES, L. A. S. Experiência de Macaé/RJ com homeopatia e dengue, 2007-2012.


Revista de Homeopatia; 79(1/2): 1-16, 2016. Disponível em: <http://revista.aph.
org.br/index.php/aph/article/viewFile/368/409>. Acesso em: 08/08/2018.

89
REFERÊNCIAS

ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos


Humanos. UNIC/Rio/005. Agosto, 2009. Disponível em: <http://www.onu.org.br/
img/2014/09/DUDH.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

PESSOTO, U. C.; RIBEIRO, E. A. W.; GUIMARÃES, R. B. O papel do Estado nas


políticas públicas de saúde: um panorama sobre o debate do conceito de Estado e o caso
brasileiro. Saúde Soc. São Paulo, v.24, n.1, p.9-22, 2015. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/sausoc/v24n1/0104-1290-sausoc-24-1-0009.pdf>. Acesso em:
11/07/2018.

PINHEIRO, G. M. L.; KLETEMBERG, D. G.; GONÇALVES, L. O.; PIRES, D.; RAMOS,


F. R. S. Globalização e processo de trabalho em saúde: o desafio da interdisciplinaridade.
Enfermería Global. Nº 20. Octubre, 2010. Disponível em: <https://digitum.
um.es/xmlui/bitstream/10201/28789/2/Globalização%20e%20processo%20de%20
trabalho%20em%20saúde%2C%20o%20desafio%20da%20interdisciplinaridade.
pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

PUSTIGLIONE, Marcelo.; GOLDENSTEIN, Eduardo.; CHENCINSKI, Y. Moisés.


Homeopatia: um breve panorama desta especialidade médica. Revista de
Homeopatia. 80(1/2): 1-17. 2017. Disponível em: <http://revista.aph.org.br/index.
php/aph/article/view/393/426>. Acesso em: 11/07/2018.

RIZZOTTO, Maria Lucia Frizon.; CAMPOS, Gastão Wagner de Sousa. O Banco Mundial
e o Sistema Único de Saúde brasileiro no início do século XXI. Saúde Soc. São
Paulo, v.25, n.2, p.263-276, 2016. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sausoc/
v25n2/1984-0470-sausoc-25-02-00263.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

RODRIGUES, P. F. V.; BELLINI, M. I. B. A Organização do Trabalho e as Repercussões


na Saúde do Trabalhador e de sua Família. Textos & Contextos. Porto Alegre, v. 9,
n. 2, p. 345 - 357, ago./dez. 2010. Disponível em: <http://repositorio.pucrs.br/dspace/
bitstream/10923/8096/2/A_Organizacao_do_Trabalho_e_as_Repercussoes_na_
Saude_do_Trabalhador_e_de_sua_Familia.pdf. Acesso em: 27/02/2018.

SUCUPIRA, Ana Cecília Silveira Lins et al. Determinantes sociais da saúde de crianças
de 5 a 9 anos da zona urbana de Sobral, Ceará, Brasil. Rev. bras. epidemiol. São
Paulo, v. 17, supl. 2, p. 160-177, 2014. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/
rbepid/v17s2/pt_1415-790X-rbepid-17-s2-00160.pdf>. Acesso em: 13/07/2018.

TEIXEIRA, M. Z. Homeopatia nas doenças epidêmicas: conceitos, evidências e


propostas. Revista de Homeopatia. 73(1/2):36-56; 2010.

90
REFERÊNCIAS

TEIXEIRA, M. Z. Protocolo de experimentação patogenética homeopática


em humanos. São Paulo: Marcus Zulian Teixeira, 2013. Disponível em: <http://
www.homeozulian.med.br/livros/Protocolo%20de%20Experimentação%20
Patogenética%20Homeopática%20em%20Humanos%20-%20Dr.%20Marcus%20
Zulian%20Teixeira.pdf>. Acesso em: 09/07/2018.

TESSER, C. D.; BARROS, N. F. Medicalização social e medicina alternativa e


complementar: pluralização terapêutica do Sistema Único de Saúde. Revista Saúde
Pública; 42(5):914-20. 2008. Disponível em: <https://www.ces.uc.pt/myces/
UserFiles/livros/1097_7115.pdf>. Acesso em: 27/02/2018.

VIANNA, Lucila Amaral Carneiro. Processo Saúde-Doença. UNA-SUS. Universidade


Aberta do SUS. Módulo Político Gestor. São Paulo: Unifesp, 2011. Disponível em:
<http://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/
Unidade_6.pdf>. Acesso em: 10/03/2018.

91

Você também pode gostar