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Brasília-DF.
Elaboração
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA........................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
CONCEITO DE PROCESSO SAÚDE-DOENÇA E DE DETERMINANTES DA SAÚDE.......................... 10
CAPÍTULO 2
PREVENÇÃO DE DOENÇAS E PROMOÇÃO DA SAÚDE............................................................. 14
CAPÍTULO 3
MEDICALIZAÇÃO, BANCO MUNDIAL, GLOBALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE....................... 25
UNIDADE II
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE.................................................................................................................... 32
CAPÍTULO 1
CONCEITOS RELACIONADOS AO SUS...................................................................................... 33
CAPÍTULO 2
PACTO PELA SAÚDE................................................................................................................. 40
UNIDADE III
HOMEOPATIA NO SUS........................................................................................................................... 47
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DA HOMEOPATIA PÚBLICA BRASILEIRA.................................................................... 49
CAPÍTULO 2
DIRETRIZES PARA A IMPLANTAÇÃO DA HOMEOPATIA NO SUS ................................................... 59
UNIDADE IV
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA................................................................................................................. 67
CAPÍTULO 1
LEVANTAMENTO DE CASO....................................................................................................... 68
CAPÍTULO 2
ESCOLHENDO O MEDICAMENTO CERTO................................................................................. 72
CAPÍTULO 3
ADMINISTRANDO O MEDICAMENTO........................................................................................ 77
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 84
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Daremos início ao estudo da disciplina Prática Clínico Sanitária através da conceituação
do processo saúde-doença para introduzir o conhecimento em saúde coletiva na
primeira unidade desse módulo.
Com essa definição será possível compreender os fatores determinantes da saúde, bem
como estabelecer os mecanismos empregados para prevenção de agravos que levam
ao desenvolvimento de doenças, além de conhecer as ações de promoção da saúde que
podem ser realizadas.
Ainda na Unidade I, serão descritos os níveis de atenção à saúde voltados aos cuidados
com os seres humanos, desde a atenção básica à saúde, passando pela estratégia da
saúde da família, até a atenção de média e alta complexidade.
Entenderemos, a partir da Unidade II, como o Sistema Único de Saúde (SUS) está
organizado, bem como quais são seus objetivos e suas atribuições, conforme definido
em seus princípios fundamentais e diretrizes legais.
O pacto pela saúde discorrido no segundo capítulo dessa unidade descreve a pactuação
ocorrida em 2006 entre as três esferas do governo, enaltecendo a gestão participativa
popular, por intermédio dos conselhos e conferências de saúde, para efetivação do
controle social.
Com base nos conhecimentos adquiridos na Unidade II, passaremos a discorrer sobre
a história da implementação da Homeopatia pública brasileira, a partir da Unidade III,
considerando as diretrizes específicas para a implantação no SUS dessa terapêutica,
categorizada como prática integrativa e complementar.
7
Para finalizar esse módulo, será apresentada, na Unidade IV, a aplicação prática da
homeopatia, por intermédio da apresentação de casos clínicos empregados na saúde
pública, que foram realizados com base nos princípios da terapêutica homeopática,
criada por Hahnemann no século XVIII, que tem por fundamento a utilização da lei dos
semelhantes, a experimentação em indivíduos saudáveis, o emprego de doses mínimas,
consideradas muitas vezes infinitesimais e a utilização de um medicamento único.
Para tanto é fundamental que uma equipe multidisciplinar com conhecimentos dos
princípios e fundamentos da homeopatia, bem como suas atualizações técnico-
científicas, esteja apta a executar todos os procedimentos baseados nas boas práticas em
homeopatia, conforme estabelecido nas legislações pertinentes e vigentes, oferecendo
ao paciente um medicamento homeopático de qualidade para ser administrado de
forma segura e eficaz.
Objetivos
»» Introduzir os aspectos relacionados à saúde coletiva.
8
INTRODUÇÃO À UNIDADE I
SAÚDE COLETIVA
Estarão contemplados, ainda nessa unidade, o histórico das políticas públicas de saúde
no nosso país, a atuação da vigilância nessa temática, a medicalização e sua contribuição
para a crise da medicina, o sistema de saúde brasileiro perante as recomendações do
Banco Mundial, a repercussão da globalização sobre a saúde dos trabalhadores e a tão
necessária educação em saúde.
Já deu para perceber que temos bastante trabalho pela frente, não?
9
CAPÍTULO 1
Conceito de processo saúde-doença e
de determinantes da saúde
Veremos que é muito estreita essa relação entre saúde e doença e que fatores
condicionantes podem influenciar de forma mais ou menos favorável esse processo,
sendo, portanto, denominados como determinantes da saúde.
10
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
<http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf>.
<https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_
EC91_2016.pdf>.
O limiar entre a saúde e a doença em um indivíduo é muito estreito, não podendo ser
precisamente definido o limite de cada um deles.
11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Determinantes da saúde
A relação equilibrada entre saúde e doença, como já mencionada, é estabelecida por
diversos fatores extrínsecos, de âmbito social, econômico, ambiental, cultural e não
somente os provenientes da própria constituição biológica e genética do ser humano.
São múltiplas as formas que os determinantes podem exercer influência sobre a saúde.
Os mais valorizados pela OMS são os fatores ambientais, pois determinam 25% da
saúde da população. Outros determinantes que merecem destaque são os econômicos,
culturais e sociais, incluindo aqueles que provocam uma maior estratificação das
camadas na sociedade, além do próprio estilo de vida saudável levado pelo indivíduo
(CARRAPATO; CORREIA; GARCIA, 2017).
O artigo 3º da Lei Nº 8.080 de 1990, alterada pela Lei Nº 12.864 de 2013, aponta
como fatores determinantes e condicionantes da saúde: “a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais”, dentre outros (BRASIL,
1990, p. 1).
CATEGORIAS EXEMPLOS
Poluição da água e do ar, a biodiversidade, o aquecimento global, a
Determinantes depleção do ozônio, as condições das habitações, a qualidade dos
Ambientais transportes, a segurança alimentar, a gestão de resíduos, a política
energética, o ambiente urbano.
Determinantes Desempenho econômico do país, rendimento (pode condicionar acesso a
Económicos comportamentos saudáveis), situação de emprego, ocupação, habitação.
Cultura, estilos de vida, gênero, etnia, grau de inclusão social, idade,
Determinantes Sociais comportamentos relacionados com a saúde, as condições de vida e
condições de trabalho, educação.
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INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Condições de
Vida e de
Trabalho
Ambiente de Desemprego
Trabalho
Água e
de Vida dos Esgoto
Educação
Serviços
Sociais de
Produção Saúde
Agrícola e
de Alimentos
Idade, Sexo Habitação
e Fatores
Hereditários
A maioria das iniquidades em saúde, existente em todos os países, bem como boa parte
da carga das doenças, ocorre devido às condições em que os indivíduos nascem, vivem,
trabalham e envelhecem (FIOCRUZ, 2012).
13
CAPÍTULO 2
Prevenção de doenças e promoção da
saúde
Várias temáticas políticas se inserem no contexto da saúde, uma vez que a alimentação,
a moradia, a higiene, o saneamento básico, o emprego, a educação e a segurança
influenciam direta ou indiretamente na saúde das pessoas em geral, além de outros
inúmeros fatores.
Uma das metas dos governos para resolução desses problemas relacionados à saúde
deve ser a redução das desigualdades em todas as áreas, de forma a possibilitar uma
equidade social.
Nesse aspecto, podemos considerar como sendo uma ação promotora de saúde
a própria inclusão social!
Para que seja possível a prevenção de uma determinada doença, é necessário que se
tenha conhecimentos sobre esta de forma a impedir a sua evolução.
•Promoção da •Diagnóstico e
Saúde Tratamento •Reabilitação
•Proteção Precoce
Específica •Limitação da
Invalidez
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INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
que pode ser definido como ações que contribuam para o desenvolvimento de uma
saúde ótima.
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UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
PERÍODO ACONTECIMENTOS
Durante esse período, o Brasil não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população. A atenção à saúde
limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e, àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros),
1500 a 1896 desenvolviam as suas habilidades na arte de curar. No Rio de Janeiro, em 1789, só existiam quatro médicos exercendo
a profissão. Em 1808 Dom João VI fundou na Bahia o Colégio Médico Cirúrgico no Real Hospital Militar da Cidade de
Salvador.
Assistência à saúde limitada a ações de saneamento e combate de endemias. Modelo de política pública de saúde agrário-
1897 a 1930
exportador garantindo condições de saúde para os trabalhadores envolvidos na produção e exportação.
Surge a Previdência Social criando as CAPs (Caixas de Aposentadoria e Pensão). Anos depois criam-se as IAP (Institutos
1923 de Aposentadoria e Pensão) abrangendo os trabalhadores agrupados por ramos de atividades. A assistência médica era
baseada no vínculo trabalhista.
Até 1930 as ações em saúde eram de caráter coletivo. A partir dessa década a ênfase do governo passa a ser a
1930
assistência médica individualizada.
1948 É criado o Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia).
1953 Criação do Ministério da Saúde.
1966 Acontece à fusão dos IAP dando origem ao INPS (Instituto Nacional de Previdência Social).
Política de saúde polarizada entre duas vertentes: Ações de caráter coletivo (vacinação, vigilância epidemiológica e
sanitária) sob responsabilidade do Ministério da Saúde e assistência médica individual centrada no INPS. Assistência médica
individualizada passou a ser dominante e a política privilegiou a privatização dos serviços e estimulou o desenvolvimento
1970 das atividades hospitalares. Ampliação da abrangência previdenciária Criação do Centro Brasileiro de Estudos em Saúde
(CEBES) – início da mobilização social que originou o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira (MRSB). Surge o Plano
Plurianual (PPA) e o Fórum Acadêmico de Saúde (FAS) para enfrentar a crescente demanda curativa. *PPA desburocratizou
o atendimento de urgência sendo o início da universalização do atendimento.
Primeira tentativa de regulamentação do papel dos municípios na política de saúde. Dava-se pouca atenção aos
1975 atendimentos primários.
Criação do PIASS (Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento) evidenciando a necessidade de
1976 atenção primária e com o objetivo de levar esse tipo de assistência às comunidades carentes com o envolvimento da
comunidade local.
Criação do Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) = união de várias instituições de saúde e
1977 previdência social Ações de saúde eram fragmentadas. A saúde coletiva era direito de todos, mas apenas os trabalhadores
contribuintes tinham direito à assistência médica hospitalar individualizada.
Surge o Plano de Reorientação da Assistência à Saúde no âmbito da Previdência Social. O modelo curativo dominante
1982 começa a ser abalado a partir daí. Como consequência do Plano surgia as Ações Integradas de Saúde (AIS) com o
objetivo da universalização da acessibilidade aos serviços de saúde. *Representou o início da descentralização.
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INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
PERÍODO ACONTECIMENTOS
VIII Conferência Nacional de Saúde formalizou as propostas do MRSB originando mudanças baseadas na universalidade,
1986
no acesso igualitário, na descentralização (municipalização) e na participação social.
Constituição Federal = “saúde para todos”. Conceito de saúde ampliado, assistência de forma preventiva e curativa e
1988
gestão participativa.
Lei 8080 que sedimenta as orientações constitucionais do SUS. Lei 8142 que trata do controle social e da transferência
1990
de recursos financeiros.
Norma Operacional Básica (NOB) = define as modalidades de gestão que resultou na maior capacidade de planejamento
1996
para os municípios.
Emenda Constitucional 29 define a forma de financiamento da Política pública de saúde garantindo o financiamento do
2000
SUS constitucionalmente.
Regulamenta o § 3º do art. 198 da Constituição Federal para dispor sobre os valores mínimos a serem aplicados
anualmente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em ações e serviços públicos de saúde; estabelece os
2012
critérios de rateio dos recursos de transferências para a saúde e as normas de fiscalização, avaliação e controle das
despesas com saúde nas três esferas de governo.
<http://www.periodicos.unc.br/index.php/drd/article/download/652/513>.
17
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Leia o artigo de Borges e Pereira (2016) que apresenta um panorama das políticas
públicas no Brasil, voltadas para as pessoas portadoras de deficiências.
Acesse o link:
<https://inclusao.hom.enap.gov.br/wp-content/uploads/2018/05/o-estado-da-
arte-sobre-pp-para-pcd-no-Brasil.pdf>.
Os diferentes grupos buscam seus espaços para afirmar seus direitos a partir da
organização coletiva.
Dessa forma, mais recentemente, o Brasil tem gerado políticas públicas que desafiam a
sociedade sob os aspectos éticos, morais e culturais, levando à estruturação da gestão
em todas as esferas governamentais (BORGES E PEREIRA, 2016).
Nem sempre esses três níveis de atenção à saúde são encontrados em todas as
localidades, principalmente nos munícipios menores.
Entretanto, isso não significa que os municípios que não possuam os níveis de média
e/ou alta complexidade fiquem desprotegidos, pois a integralidade do atendimento
à população é garantida e pode ser executada por intermédio de pactos regionais de
18
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Considerando que a atenção à Saúde deve ser integral, cada um desses níveis de
atenção não deve ser considerado de maior ou menor relevância nesse sentido,
uma vez que seu acesso seja garantido e efetivamente executado!
Com essa estruturação, as ações e serviços prestados pelo sistema são melhor
programados e planejados.
O nível básico de atenção à saúde é o contato preferencial dos usuários dos sistemas de
saúde, caracterizando-se por ser um conjunto de ações de saúde empregadas tanto no
âmbito individual como no âmbito coletivo, com a finalidade de promover e proteger a
saúde, prevenir agravos e doenças, diagnosticar, tratar, reabilitar e manter a saúde das
pessoas.
<http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/2003/decreto-4726-9-junho-
2003-496874-norma-pe.html>.
19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Para tanto, são exigidos recursos tecnológicos de apoio diagnóstico e terapêutico que
correspondam o exercício da prática clínica com a capacidade resolutiva diagnóstica e
terapêutica, considerando o impacto financeiro e as possibilidades de cobertura com os
recursos disponibilizados.
3) procedimentos traumato-ortopédicos;
5) patologia clínica;
6) anatomopatologia e citopatologia;
7) radiodiagnóstico;
8) exames ultra-sonográficos;
9) diagnose;
10) fisioterapia;
20
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
A Atenção Básica tem como estratégia prioritária para sua reorganização a Saúde da
Família.
21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Dessa forma, o ACS está apto a orientar as famílias quanto à utilização dos
serviços de saúde disponibilizados pelo sistema.
A saúde na família apresenta, entre seus fundamentos, tornar possível o acesso universal
e contínuo aos serviços de saúde de qualidade e capazes de resolver os problemas de
saúde, sendo considerada como a principal porta de entrada do sistema de saúde.
Outros aspectos nos quais a saúde na família se baseia são: a integração das atividades
programáticas e demanda espontânea; a articulação das ações que venham a promover
saúde, prevenir agravos e doenças, vigilância em saúde, tratamento e reabilitação dos
pacientes, trabalho em equipe e de forma interdisciplinar, e coordenação do cuidado na
rede de serviços; estabelecer as relações de vínculo e responsabilização entre as equipes
22
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Vigilância em saúde
A vigilância em saúde simboliza uma abordagem mais ampla que a tradicional vigilância
epidemiológica, envolvendo um conjunto de atividades que proporcionam monitorar e
analisar as doenças, sejam elas transmissíveis, ou doenças e agravos não transmissíveis
além dos seus fatores de risco, a vigilância ambiental em saúde e a vigilância da situação
de saúde, tendo por objetivo a prevenção de problemas de saúde.
São recomendadas e adotadas medidas para se evitar e controlar tais fatores que
ofereçam riscos relacionados às doenças e agravos à saúde.
23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
24
CAPÍTULO 3
Medicalização, Banco Mundial,
Globalização e Educação em Saúde
Com a globalização e os avanços obtidos por ela, os impactos sobre o sistema de saúde
brasileiro, essencialmente dos trabalhadores, sofrem repercussões que influenciam a
qualidade de vida da população.
Por fim, falaremos da importância e dos benefícios da educação em saúde e seu papel
fundamental como ferramenta de conhecimento e poder de transformação sobre a
saúde da sociedade.
Assim, problemas sociais passam a ser medicalizados, sendo conduzidos como questões
de saúde, passíveis de serem tratadas pela prática médica.
Uma vez medicalizada a questão social, é possível exercer sobre a mesma o controle e o
monitoramento, por intermédio da vigilância populacional.
Com uma visão crítica, pode-se considerar que a medicalização “interfere e interdita a
ação independente e racional dos seres humanos sobre sua própria produção de saúde”
(CARVALHO et al., 2015, p.1254). Desse modo, as pessoas deveriam lutar contra o poder
médico e demais profissionais de saúde, que procuram estabelecer o direcionamento da
vida dos indivíduos, resistindo à medicalização das relações sociais, de forma a afirmar
e conquistar sua autonomia.
25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
A prática clínica da medicina é formada pela articulação das práticas sociais e políticas
a outros planos e instâncias de poder micro e macrossociais (CARVALHO et al., 2015).
Com uma perspectiva crítica, a medicalização pode ser analisada como uma produção
humana que, com o passar do tempo, gerou inúmeras respostas e diversas tecnologias
com a finalidade de atender às variadas necessidades humanas.
Além de tratar as doenças, a medicina investe na saúde geral das pessoas inseridas na
sociedade, com o objetivo de prevenir agravos e para promover a saúde.
Presente em mais de 130 localidades, apresenta 189 países vinculados como membros,
representando uma das maiores fontes de recursos financeiros e, também, de
conhecimento.
A fim de cumprir os objetivos declarados, apresenta como missão, acabar com a pobreza
extrema através da redução da parcela da população global que vive em extrema pobreza
para 3% até o ano 2030, e promover a prosperidade compartilhada através da elevação
da renda dos 40% mais pobres em todos os países.
26
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Navegue pela página do Banco Mundial para o Brasil, acessando o link a seguir:
<http://www.worldbank.org/pt/country/brazil>.
Tabela 1. Número e valor total dos projetos brasileiros financiados pelo Banco Mundial, segundo os estados da
De acordo com a tabela, apenas 3 dos 26 estados brasileiros não firmaram acordos de
empréstimo com o Banco Mundial entre os anos 2000 e 2015.
27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
O estado que teve o maior número de projetos aprovados foi a Bahia, seguida por São
Paulo, com 14 e 13 respectivamente. Entretanto, o Rio de Janeiro foi o estado que obteve
o maior valor de recursos.
28
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Para se aproximar dos princípios constitucionais que orientam o SUS, são necessárias
mudanças visando à interdisciplinaridade, de forma que as profissões exerçam o
cuidado do ser humano carente de saúde considerando sua multidimensionalidade
(PINHEIRO et al., 2010).
Leia a reflexão feita pela sanitarista Maria Angélica Borges dos Santos sobre
como os sistemas de saúde públicos podem garantir os princípios de equidade
em uma sociedade que se encontra cada vez mais globalizada e mercantilizada.
<https://saudeamanha.fiocruz.br/os-impactos-da-globalizacao-para-o-sus/#.
W1iaYavPzIU>.
Educação em saúde
O conhecimento em saúde deve ser construído com o auxílio de um processo educativo,
com a finalidade de apropriar a população sobre a temática, ampliando a autonomia dos
29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA
Para que haja contribuição para o incentivo à gestão social da saúde, a educação em saúde
deve promover, de forma conjunta à sociedade, a educação em saúde, fundamentada
nos princípios do diálogo, baseado na reflexão crítica.
Podemos considerar a educação em saúde também como uma prática social que deve
estar incorporada nas relações humanas cotidianas, nas quais a transmissão das
informações faça parte dos hábitos para produção de saúde, responsabilizando cada
indivíduo como um agente influenciador no processo saúde-doença, de modo que possa
assumir o papel de um ser capaz de agir, intervir e transformar a realidade social, com
o objetivo de alcançar a saúde.
30
INTRODUÇÃO À SAÚDE COLETIVA │ UNIDADE I
Acesse o link, a seguir, para ler na íntegra essa política de educação popular em
saúde:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt2761_19_11_2013.
html>
31
SISTEMA ÚNICO DE UNIDADE II
SAÚDE
Criado a partir do preceito citado na Constituição Federal de 1988, na qual enaltece que
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”, para proporcionar acesso universal ao
sistema público de saúde, de forma indiscriminada.
Entretanto, para se alcançar adequada qualidade de vida é necessário que outras políticas
públicas atuem de forma conjunta promovendo o desenvolvimento econômico e social
e, consequentemente, venham minimizar as desigualdades em diversos âmbitos.
32
CAPÍTULO 1
Conceitos relacionados ao SUS
A rede que compõe o SUS é ampla e abrangente, sendo contempladas nela as ações de
saúde e os serviços prestados nessa área.
33
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
34
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
35
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Para tanto, tais ações devem estar articuladas com outras políticas públicas, de forma a
assegurar um atendimento integral, e não compartimentado, garantindo aos indivíduos
o acesso a todos os níveis de complexidade do SUS.
»» Descentralização.
»» Comando Único.
»» Regionalização.
»» Hierarquização.
»» Participação Popular.
Para que seja garantido o acesso a serviços de saúde, é requerida a prática do princípio
da Hierarquização, que irá dividir os níveis de complexidade de atenção necessária para
cada região conforme os recursos disponibilizados a elas.
36
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
Para tanto, existem Conselhos e Conferências de Saúde, cujos objetivos são: a elaboração
de estratégias, o controle e a avaliação da execução das políticas públicas de saúde.
37
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Organização do SUS
Tal como visto nos princípios organizativos do SUS, e como previsto na legislação, as
ações e serviços de saúde, executados pelo sistema, serão organizados em níveis de
complexidade crescente e de maneira regionalizada e hierarquizada.
A direção unificada do SUS é exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
Ministério da Saúde, no âmbito da União; Secretaria Estadual de Saúde, e Secretaria
Municipal de Saúde.
O gestor nacional do SUS é o Ministério da Saúde. Sua ampla função varia desde
a formulação de políticas e ações em saúde, até a normatização, monitoramento,
fiscalização e avaliação das atividades, em articulação com o Conselho Nacional de
Saúde.
Clique nos links, a seguir, e acesse o site dos órgãos nacionais vinculados ao
Ministério da Saúde e conheça mais sobre a atuação de cada um deles:
Anvisa: <portal.anvisa.gov.br/>
ANS: <www.ans.gov.br/>
Fiocruz: <www.funasa.gov.br/>
Funasa: <www.funasa.gov.br/>
Hemobrás: <www.hemobras.gov.br/
Inca: <www.inca.gov.br/>
Into: <https://www.into.saude.gov.br/>
38
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
39
CAPÍTULO 2
Pacto pela Saúde
Veremos nesse capítulo quais os componentes do Pacto pela Saúde e sua importância
desde sua instituição em 2006, sendo que a participação popular e o controle social
são preceitos fundamentais que alicerçam sua operacionalização, ressaltando a vital
importância dessa integração social através dos conselhos e conferências de saúde.
Cinco desses são indicados pelo MS, outros cinco pelo Conass e os últimos cinco
pelo Conasems.
As decisões da CIT não são definidas por votação e sim por consenso (BRASIL,
2009a).
40
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
A formalização foi instituída pela Portaria GM/MS nº. 399, de 22 de fevereiro de 2006
e a regulamentação foi estabelecida em 30 de março de 2006, através da Portaria GM/
MS nº. 699.
O objetivo do Pacto pela Saúde é que sejam promovidas inovações nos processos
e instrumentos de gestão, com o intuito de atingir elevada qualidade dos serviços
prestados pelo sistema e alta eficiência das respostas obtidas pelo SUS.
O Pacto pela Saúde, instituído em 2006, engloba três componentes, conforme ilustrado
na figura abaixo.
41
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
PACTO EM
DEFESA DO
SUS
PACTO DE
PACTO PELA
GESTÃO DO
VIDA
SUS
PACTO
PELA
SAÚDE
O Pacto pela Vida é uma das três dimensões do Pacto pela Saúde que torna claro o
compromisso que os gestores do SUS firmam a partir da análise da situação de saúde
que são mais impactadas na população brasileira, para o auxílio do estabelecimento das
prioridades, estruturadas por meio de objetivos e metas.
O Pacto em Defesa do SUS é outro componente do Pacto pela Saúde, que tem por
objetivo ampliar o diálogo com a sociedade na defesa do SUS, por meio do resgate
do movimento da reforma sanitária no Brasil, além do estímulo ao desenvolvimento
e articulação de ações e iniciativas capazes de qualificar e assegurar o sistema como
política de Estado, na busca pela repolitização da saúde, promovendo a cidadania
como uma tática de mobilização social e como um modo de garantir o financiamento
conforme a demanda e as necessidades do sistema de saúde.
O Pacto de Gestão do SUS é o outro componente das três dimensões do Pacto pela
Saúde, no qual estão dispostas, de forma clara e inequívoca, as responsabilidades de
cada ente federado do sistema, reduzindo competências concorrentes e definindo
diretrizes em aspectos como regionalização e descentralização, planejamento, gestão do
trabalho, financiamento, regulação, participação social, gestão da educação na Saúde e
Programação Pactuada e Integrada (PPI).
Com a publicação das diretrizes operacionais do Pacto pela Saúde, a unificação dos
processos de pactuação de indicadores no âmbito do Ministério da Saúde avançou e,
dessa forma, os indicadores da Atenção Básica passaram a compor, de 2007 em diante,
o conjunto de indicadores deste Pacto.
42
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
Com a finalidade de monitorar e avaliar as prioridades do Pacto pela Vida, bem como
das responsabilidades do Pacto de Gestão foram definidos indicadores que apontam, de
forma resumida, os aspectos de maior importância a serem acompanhados, monitorados
e avaliados pelos três entes federados.
Cada esfera da gestão deve registrar a pactuação unificada nos devidos anexos do Termo
de Compromisso de Gestão, isto é, no Relatório de Indicadores de Monitoramento e
Avaliação do Pacto pela Saúde.
<http://conselho.saude.gov.br/webpacto/volumes/02.pdf>.
43
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
<http://aplicacao.saude.gov.br/sispacto/faces/login.jsf ;jsessionid=g-
3BbtyEkFJUZ8slXDMd4Eb0>.
44
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE │ UNIDADE II
Já as Conferências de Saúde são essenciais para o exercício do controle social, uma vez
que estabelecem as diretrizes para a atuação dos conselhos de Saúde nas três esferas
de governo. É nos espaços institucionais que são analisados os avanços e retrocessos
do SUS e também são propostas as diretrizes para a formulação de políticas de saúde.
45
UNIDADE II │ SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Tais conferências são convocadas pelo Poder Executivo ou pelo Conselho de Saúde,
extraordinariamente.
<http://portalms.saude.gov.br/participacao-e-controle-social/gestao-
participativa-em-saude>.
46
HOMEOPATIA NO UNIDADE III
SUS
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a Homeopatia como uma das práticas
médicas mais comumente utilizadas e com um extenso mercado mundial de produtos
homeopáticos.
Dados da LMHI e o ECH (2010), demonstram que adultos dos Estados Unido gastaram
2,9 bilhões de dólares americanos com produtos homeopáticos em 2007, a Austrália
gastou 7,3 milhões de dólares em medicamentos homeopáticos no ano de 2008, o
Reino Unido gastou mais de 62 milhões, a Alemanha 346 milhões e a França mais de
408 milhões.
O custo total de um projeto realizado por Barollo et al. (2006a) entre agosto de 2004
e março de 2006, envolvendo desde a contratação de médico até os frascos para
dispensação dos medicamentos homeopáticos, demonstrou um custo médio por
paciente diariamente 70% inferior ao custo em mesmo período do SUS.
47
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
48
CAPÍTULO 1
Histórico da homeopatia pública
brasileira
Apesar de ter sido criada na Alemanha, em 1796, pelo médico Cristiano Frederico
Samuel Hahnemann, a ciência homeopática, baseada na Lei de Hipócrates “Similia
similibus curantur”, do latim “Semelhante cura semelhante”, foi disseminada em várias
partes do mundo.
A homeopatia foi introduzida no Brasil pelo Dr. Benoit Jules Mure, que chegou no Rio
de Janeiro juntamente com outras famílias francesas, em 21 de novembro de 1840, data
essa eleita como comemorativa do dia nacional da homeopatia no nosso país.
O médico francês ficou conhecido no Brasil como Bento Mure e foi apelidado de “o
médico do povo”, por direcionar seus atendimentos aos doentes pobres e escravos.
Logo, o Dr. Bento Mure conquistou adeptos brasileiros que o auxiliaram a difundir
a prática homeopática, que é caracterizada pelo fundamento do tratamento pelos
semelhantes.
Nesse mesmo ano, 1843, foi criada a primeira farmácia homeopática brasileira, na
cidade do Rio de Janeiro, denominada Botica Homeopática Central.
O preparo dos medicamentos era executado pelos próprios médicos homeopatas, uma
vez que não existiam farmácias especializadas em tal manipulação que envolve uma
farmacotécnica muito peculiar.
Dr. João Vicente Martins, colocaram em execução o plano elaborado pelo Instituto
Homeopático do Brasil, no início do ano de 1845, de criar uma Academia de Medicina
Homeopática e Cirurgia no país.
Na verdade, na época não havia qualquer regulamentação legal que pudesse amparar
direitos sobre a manipulação dos medicamentos homeopáticos pelos farmacêuticos
nem mesmo que decretasse uma normativa para funcionamento das farmácias
homeopáticas no país.
O Dispensário Homeopático São Paulo foi fundado nessa cidade, em 1909 e tinha por
finalidade prestar assistência gratuita à população.
50
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
A Faculdade Hahnemanniana foi fundada em 1912 no Rio de Janeiro, quatro anos após,
em 1916, surgiu o Hospital Hahnemanniano.
Por vislumbrar uma integração total do ser humano e tratá-lo como um todo, uma nova
retomada de crescimento e difusão da prática homeopática foi sendo registrada a partir
de então.
No ano de 1978 foi definido como prazo o ano 2000, para que toda a população mundial
tivesse acesso à Atenção Primária à Saúde. A OMS estabeleceu essa meta como prioridade
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
No fim do ano de 1979 foi criada a Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB)
em plena atuação até os dias atuais.
Nessa época o sistema de saúde do país era controlado pelo Instituto Nacional de
Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), criado pela Lei Nº 6.439 de 1977.
52
HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
O intuito desse, que é um dos maiores sistemas públicos de saúde, é garantir esse direito
de acesso universal aos serviços e ações relacionadas à saúde, que variam desde simples
atendimentos para aferição de pressão arterial até procedimentos de alta complexidade,
tal como transplantes de órgãos.
Dois anos após o Conselho Federal de Farmácia (CFF) por intermédio da Resolução Nº
232 de 1992, reconhece a Homeopatia como especialidade farmacêutica.
Quatro anos após a criação do GEPro pelo SES-SP, em 1992, as atividades foram
encerradas.
O INAMPS se extinguiu após ser decretada a Lei Nº 8.689 de 1993, sendo transferidas
suas competências às instâncias federal, estadual e municipal gestoras do Sistema
Único de Saúde (SUS).
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
<http://www.crmvrj.org.br/legislacao/texto/res625>
<http://portal.cfmv.gov.br/uploads/files/Res%20662.pdf>
Através das Conferências Nacionais de Saúde e com base nas recomendações da OMS
para o estabelecimento de políticas públicas que abrangem de forma integral os sistemas
médicos complexos e os recursos terapêuticos como as chamadas Medicina Tradicional
e Complementar/Alternativa (MT/MCA) ou ainda denominadas Práticas Integrativas e
Complementares, além da necessidade crescente da população brasileira e em virtude
da imprescindibilidade de normatização das práticas vivenciadas no SUS, o Ministério
da Saúde, por meio da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) pactuou e aprovou as
diretrizes da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) em
fevereiro de 2005.
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HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.
html>
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
Vale ressaltar que a prescrição farmacêutica fica restrita aos medicamentos homeopáticos
que sejam categorizados como isentos de prescrição médica, sejam eles provenientes
da manipulação por uma farmácia ou da produção por uma indústria.
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HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
Atualmente, São Paulo é o Estado brasileiro que possui o maior número de municípios
que empregam as práticas integrativas para o tratamento dos pacientes do SUS
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Veja a quantidade de municípios que este, entre
outros Estados brasileiros, utilizam essas práticas integrativas na Figura 4.
Figura 4. Número de municípios de cada Estado brasileiro que utilizam práticas integrativas no tratamento de
Roraima, 8 Amapá, 10
Pará, 88
Maranhão, 96
Piauí, 105
Amazonas, 32 Ceará, 125
Rio Grande do Norte, 92
Tocantins, 68 Paraíba, 113
Pernambuco, 122
Acre, 11 Alagoas, 73
Rondônia, 25 Sergipe, 33
Mato Grosso, 71 Bahia, 228
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
Atualmente, com essa nova incorporação em 2018, são ao total 29 práticas oferecidas
pelo SUS. Conheça quais são elas e quando foram implantadas no sistema observando
a Figura 5:
Acesse o link, a seguir, e veja a apresentação feita pelo Ministério da Saúde sobre
a modernização normativa para melhoria executiva das políticas públicas em
saúde:
<http://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2018/marco/12/Praticas-
Integrativas.pdf>.
58
CAPÍTULO 2
Diretrizes para a implantação da
homeopatia no SUS
A implementação das normas impostas na PNPIC está dividida em sete diretrizes para a
Homeopatia, definidas como diretrizes H1, H2, H3, H4, H5, H6 e H7 (BRASIL, 2006b).
59
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
Ainda como parte da diretriz H2, está prevista a garantia de acesso aos medicamentos
homeopáticos, através do incentivo à implantação ou ainda à adequação de farmácias
públicas para a manipulação desses medicamentos específicos, com capacidade para
atender a real demanda da localidade.
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HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/cns/2004/res0338_06_05_2004.
html>.
A partir disso, será elaborada e revisada periodicamente essa relação para conduzir
a adequada produção dos medicamentos e direcionar as devidas orientações para as
unidades de saúde.
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33856/396770/Política+Nacion
al+de+Educação+Permanente+em+Saúde/c92db117-e170-45e7-9984-
8a7cdb111faa>.
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
<http://www.mctic.gov.br/portal>
Você também pode fazer uma busca das demais Fundações Estaduais de Amparo
à Pesquisa, conforme a região desejada!
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HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
Um exemplo de base de dados de pesquisas é a Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), que foi
estabelecida em 1998, por meio de uma construção coletiva coordenada pela BIREME,
sendo reconhecida como modelo, estratégia e plataforma operacional de cooperação
técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para gerenciar a informação
e o conhecimento em saúde na Região da América Latina e Caribe (AL&C).
< h t t p : / / w w w. h o m e o z u l i a n . m e d . b r / l i v r o s / P r o t o c o l o % 2 0 d e % 2 0
Experimentação%20Patogenética%20Homeopática%20em%20Humanos%20
-%20Dr.%20Marcus%20Zulian%20Teixeira.pdf>.
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UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
Quadro 3. Ensaios Patogenéticos Homeopáticos (EPH) publicados por autores brasileiros nas três últimas décadas.
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HOMEOPATIA NO SUS│ UNIDADE III
2003 ROSENBAUM, P. WAISSE-PRIVEN, Experimentação de Pirita dourada 30K e 200K, preparada por trituração pelo método
S. MANSOUR, M.A. hahnemanniano, em 6 voluntários, sendo que 2 deles usaram exclusivamente placebo nas
2 fases, outros 2 usaram a diluição 30K nas duas fases e os restantes usaram 30 K na
ESTÉVEZ, A.
primeira fase e 200K na segunda fase. Foi obedecido o Protocolo Nacional de Experimentação
NUNES, N.A. Patogenética da AMHB aplicado no EPH de Brosimum gaudichaudii, sendo os sintomas
descritos por experimentador, em ordem cronológica, com o resumo dos efeitos patogenéticos
MANGOLINI, F.S.
ao final.
2004 TEIXEIRA, M.Z. Experimentação de Sulphur 30cH, líquido, doses únicas semanais de 3 gotas, máximo de 4
semanas, com suspensão após manifestação de sintoma novo e marcante, duração de 1-2
meses, tendo como experimentadores 21 alunos da disciplina Fundamentos da Homeopatia
ministrada na Faculdade de Medicina da USP, preservado o sigilo do nome do medicamento,
com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição.
2009 TEIXEIRA, M.Z. EPH com 33 estudantes (média de 21 anos de idade) da disciplina Fundamentos da
Homeopatia ministrada na Faculdade de Medicina da USP de Arsenicum album 30CH (11
alunos, 6 mulheres e 5 homens), Lachesis muta 30CH (9 alunos, 6 mulheres e 3 homens)
e Sulphur 30CH (13 alunos, 6 mulheres e 7 homens), que usaram doses semanais do
medicamento ou placebo durante 4 semanas, com cruzamento e continuidade por mais 4
semanas. Foram usados para comparação dos sintomas observados com os da matéria médica
apenas relatos dos voluntários que manifestaram sintomas patogenéticos novos ou peculiares
com uso do verum e também sintomas comuns com uso de placebo. O protocolo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição e os alunos apenas eram informados do nome
do medicamento ao final do EPH.
2005 e ALBUQUERQUE, P.E.A. EPH conduzido com 20 voluntários, médicos, em 2005 e 2008, em estudo cego, que testaram
2008 CARNEIRO, S.M.T.P.G. sulfato de serotonina 30CH, na dose de 10 gotas, 2 vezes ao dia, por até 30 dias. Cada
RODRIGUES, M.R.L. voluntário se auto-observou durante os 6 meses prévios ao início do estudo, com anotação das
alterações 30 dias antes de tomar o medicamento. Foram descritos 370 sintomas distribuídos
NECHAR, R.M.C.
entre todos os experimentadores. Dos 32 sintomas da síndrome serotoninérgica descritos na
literatura, 17 ocorreram nas auto-experimentações. Os autores sugerem o uso do medicamento
em casos de fibromialgia e síndrome da fadiga crônica.
2001 FISHER, P. Foram realizados 2 EPHs com idêntica metodologia para testar Acidum malicum 12CH
e Acidum ascorbicum 12CH. Foram incluídos 20 voluntários em cada EPH, duplo-cego,
DANTAS, F.
controlado com placebo diluído e dinamizado na 12CH, com duplo-cruzamento e 4 fases de
experimentação, sendo tanto o placebo como o verum usados pelo menos por 2 vezes por
cada voluntário. Para inclusão, foi aplicado o questionário SF-36, realizados exames bioquímicos
e entrevista com o coordenador. Cada medicamento foi usado durante 1 semana, com intervalo
mínimo de 1 semana para iniciar nova fase de experimentação, sendo realizada entrevista ao
final de cada fase. Foram usados 3 filtros para a seleção final dos sintomas, de forma cega para
todos os envolvidos: o voluntário avaliava primeiro a possível associação causal, em seguida
o coordenador fazia sua apreciação após a entrevista do voluntário e, por fim, foi aplicado um
índice patogenético com 9 itens, criado especificamente para este EPH duplo cruzamento. Não
foram relatados efeitos adversos. O duplo-cego foi testado ao final do estudo, sendo de 48%
o acerto nas etapas de uso do verum ou placebo no EPH de Acidum malicum e de 50% para
Acidum ascorbicum. Foram incluídos 22 possíveis sintomas de Acidum malicum, dos quais 2
bastante sugestivos, enquanto para Acidum ascorbicum 16 sintomas poderiam ser atribuídos ao
medicamento, com 3 deles bastante sugestivos.
Legendas: ECG: eletrocardiograma; FC: dinamizações centesimais pelo método do fluxo contínuo; AMHB: Associação Médica
Homeopática Brasileira; USP: Universidade de São Paulo
65
UNIDADE III │ HOMEOPATIA NO SUS
<http://www.hncristiano.com.br/hnc/images/artigos/Painel_Cientifico_da_
Homeopatia.pdf>.
66
A HOMEOPATIA NA UNIDADE IV
PRÁTICA
O desenvolvimento da Homeopatia como ciência está cada vez mais apurado, sendo
realizadas pesquisas científicas baseadas em diferentes formatos, como por exemplo:
modelos físico-químicos, culturas de células, testes em animais de laboratório, além
dos próprios ensaios clínicos, duplo-cego, randomizados, placebo controlados tal como
demonstrado no quadro da unidade anterior.
Além do Brasil, os cientistas atuam em diversas partes do mundo, e nas mais variadas
linhas de pesquisa, todos com a intenção de consolidar cientificamente essa prática
terapêutica.
Cada vez mais, vem sendo demonstradas evidências dos resultados satisfatórios do
tratamento homeopático de doenças de diversas naturezas, tanto agudas como crônicas,
ou ainda epidêmicas, sendo de grande utilidade no emprego para os cuidados paliativos
(PUSTIGLIONE; GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).
A LMHI e o ECH (2010, p.1) concluíram em seu 65º congresso “que a homeopatia deve
permanecer na estrutura da prática médica e é mesmo uma necessidade para a saúde
pública”.
Essa terapêutica propicia, ao paciente, uma mudança de atitude, por permitir que
se conscientize do seu processo de doença e cura durante o tratamento homeopático
(BAROLLO et al., 2006b).
67
CAPÍTULO 1
Levantamento de caso
A homeopatia é uma especialidade médica, que oferece uma excelente relação próxima
entre médico e paciente, cumprindo integralmente os princípios da bioética que
defendem a beneficência e não maleficência, a autonomia e a universalidade e justiça
(PUSTIGLIONE; GOLDENSTEIN; CHENCINSKI, 2017).
Na prática homeopática cada caso a ser tratado é único. O paciente é considerado como
um todo, de forma integral, tendo sua individualidade respeitada e suas particularidades
diferenciadas de forma a conduzir de modo decisório as escolhas terapêuticas.
Serão categorizados seus sintomas objetivos ou físicos, além dos sintomas subjetivos ou
mentais e emocionais.
A homeopatia tem aplicação tanto no campo das doenças crônicas como no campo das
agudas, até mesmo em situações extremas, tais como em casos de pacientes em coma,
podem ser vistos os benefícios dessa terapêutica nas unidades de terapia intensiva
(LMHI e ECH, 2010).
Observou-se rápida cicatrização das feridas dos pacientes que tiveram suas queimaduras
tratadas com homeopatia na Unidade Básica de Saúde da Estratégia de Saúde da Família
na cidade de Dourados (MS).
68
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
<https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&c
ad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjdtIb3-8zcAhXECpAKHRYcAGUQFjAAegQIABAB
&url=https%3A%2F%2Fares.unasus.gov.br%2Facervo%2Fhandle%2FARES%2F2
865&usg=AOvVaw1iTxHnjFa5n6nHhyqXt1Bh>.
Adler et al. (2008) relatam uma série de casos clínicos de tratamento homeopático de
pacientes do SUS de Jundiaí/SP, com quadro de depressão.
A evolução do quadro de depressão foi avaliada pela escala de Montgomery & Åsberg
(MADRS), obtendo como resultados uma redução maior que 50% dos escores
de depressão em 93% dos pacientes, após cerca de sete semanas de tratamento
homeopático, conforme demonstrado na Tabela 2, levando os autores à conclusão de
que a homeopatia pode ser uma alternativa terapêutica no tratamento dessa doença.
Tabela 2. Tempo de início da depressão e do episódio depressivo, escores de depressão (escala MADRS) pré-
Início MADRS
Medicamento homeopático
Nº Doença (anos) Episódio (meses) 0 basal 1º retorno 2º retorno 3º retorno
1 15 4 37 3 1 * Natrum carbonicum
2 0 6 32 4 4 *** Silicea terra
3 3 5 28 2 * * Natrum carbonicum
4 1 12 20 * 5 4 Phosphorus
5 16 7 32 10 15 8 Sepia succus
6 3 36 24 7 8 7 Baryta carbonica
7 21 60 19 1 * * Sulphur
8 8 24 26 3 3 0 Silicea terra
9 3 12 16 * 4 * Aurum foliatum
10 0 6 18 5 1 0 Arsenicum album
11 1 12 27 25 3 * Aurum foliatum
12 2 2 34 22 ** ** Sepia succus
13 2 18 30 6 11 * Sepia succus
14 22 1 22 4 8 * Kali carbonicum
15 2 24 18 * 3 * Nitri acidum
Legenda: * Escala MADRS não aplicada; ** tratamento suspenso; *** parou o tratamento.
Embora relatos de casos clínicos não sejam considerados de forte evidência, como os
estudos controlados, infortunadamente não existem estudos com essas metodologias
sobre a eficácia da homeopatia na depressão, servindo tal pesquisa como exemplo para
o tratamento alternativo e eficaz dessa doença.
69
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
Esses sintomas peculiares de cada epidemia foram denominados como gênio epidêmico
por Hahnemann, sendo então identificado por semelhança o medicamento adequado
para tratamento de todos os pacientes que foram acometidos pelo mesmo surto da
doença.
Segundo a LMHI e ECH (2010) são inúmeras as razões que justificam o uso da
homeopatia para o tratamento de doenças epidêmicas. Dentre elas podem ser citados
que os medicamentos são seguros e não geram efeitos colaterais, inclusive para grávidas,
bebês, crianças e idosos; são de simples produção, armazenamento e distribuição,
resultando num produto barato; não induz à resistência terapêutica e tolerância
medicamentosa.
A dengue é uma epidemia devastadora não só no Brasil como em outras partes do mundo.
Na Índia, por exemplo, pesquisadores constataram, com evidências laboratoriais, que
a terapia exclusivamente à base de medicamentos homeopáticos possibilita tratar os
pacientes diagnosticados com dengue, inclusive obtendo resultados eficazes quando
houve queda considerável dos níveis sanguíneos de plaquetas (MAHESH; MAHESH;
VITHOULKAS, 2018).
Veja a nota técnica publicada pela Comissão de Saúde Pública da AMHB sobre a
abordagem homeopática da dengue em comunidades:
<https://amhb.org.br/nota-tecnica-sobre-a-abordagem-homeopatica-da-
dengue-em-comunidades/>.
70
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
dengue cuja composição é à base dos insumos ativos Crotalus horridus 15D, Eupatorium
perfoliatum 15D e Phosphorus 15D.
<https://consultas.anvisa.gov.br/#/medicamentos/25351541213200801/?nome
Produto=proden>.
<http://revista.aph.org.br/index.php/aph/article/viewFile/368/409>.
71
CAPÍTULO 2
Escolhendo o medicamento certo
»» Lei da Similitude.
72
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
Acesse o link para o artigo de Dantas (2017) e faça a leitura das diretrizes
metodológicas atuais, construídas após os avanços científicos, para realização
das experimentações homeopáticas: <http://revista.aph.org.br/index.php/aph/
article/view/404/449>.
73
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
Já no ano anterior, em São José do Rio Preto (SP), os medicamentos usados pela
Secretaria Municipal de Saúde contra a epidemia de dengue foram apenas Eupatorium
perfoliatum, Phosphorus e Crotalus horridus.
Uma repertorização feita no bairro Cristo Rei, na cidade de São José do Rio Preto,
em 2001 e publicada após 5 anos (MARINO, 2006), utilizando como critério diretor
o mesmo conceito do gênio epidêmico, determinou como medicamento homeopático
mais compatível com o quadro sintomático o Eupatorium perfoliatum.
74
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
Tabela 3. Registros do número de casos confirmados antes e após a “campanha contra a dengue”.
Fica evidente que a maior redução da incidência de casos de dengue ocorreu no bairro
no qual foi empregado o tratamento homeopático, cujo desfecho da pesquisa pode ser
considerado estatisticamente altamente significativo “apontando decisivamente para a
existência de provável relação causal entre o procedimento homeopático empregado e
os resultados obtidos” (MARINO, 2006, p. 51).
<http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/136/038a043_entrevista_
carla_holandino.pdf>.
A RDC Nº 67, publicada pela ANVISA em 8 de outro de 2007, é a legislação que dispõe
sobre as Boas Práticas de Manipulação de preparações magistrais e oficinais para
uso humano em farmácias, abrangendo inclusive a manipulação de medicamentos
homeopáticos (BRASIL, 2007).
75
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
<http://189.28.128.100/dab/docs/legislacao/resolucao67_08_10_07.pdf >.
76
CAPÍTULO 3
Administrando o medicamento
< h t t p s : / / w w w . r e s e a r c h g a t e . n e t / p r o f i l e / M a r c u s _ Te i x e i r a 4 /
publication/263652492_A_pratica_homeopatica_na_unidade_de_terapia_
intensiva_UTI_Homeopathic_practice_in_the_intensive_care_unit_ICU/
links/02e7e53b6b67ad8d6f000000/A-pratica-homeopatica-na-unidade-de-
terapia-intensiva-UTI-Homeopathic-practice-in-the-intensive-care-unit-ICU.
pdf>.
77
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/3653739/Form+atual+data+de
+publicação/10ab986a-0ad8-4743-8a5b-a3aa6fd8b567>.
Por isso é fundamental um diagnóstico claro e exato dos sintomas para que seja utilizado
o tratamento homeopático mais compatível e adequado, alcançando maior efetividade
na resolução dos problemas de saúde.
A aplicação dos medicamentos homeopáticos pode ser tanto de uso externo como
de uso interno, sendo que a administração ocorre por via tópica, parenteral ou, mais
comumente, pela via oral.
78
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
Já as formas farmacêuticas homeopáticas para administração por via oral são: gotas
orais, glóbulos, pós, tabletes e comprimidos.
O mesmo zelo deve ser aplicado aos indivíduos intolerantes à lactose, uma vez que esse
insumo inerte está presente em diversas formas farmacêuticas sólidas, principalmente
de uso oral e uso sistêmico, tais como os pós, tabletes, comprimidos e alguns tipos de
glóbulos.
79
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
Quadro 5. Formas farmacêuticas e estados físicos dos medicamentos homeopáticos de acordo com a via de
administração.
O estudo realizado por Leal (2000) no qual foram analisados oito pacientes internados
em UTI, em estado grave, diagnosticados com choque séptico e tratados com
medicamentos homeopáticos escolhidos de acordo com a totalidade de sintomas, sendo
administrados juntamente ao tratamento convencional, demonstrou que a evolução
clínica desses pacientes respondeu ao tratamento, apesar das diversas dificuldades e
outros aspectos complicadores da execução da prática, como por exemplo a própria
administração da forma farmacêutica líquida em gotas por via oral para os indivíduos
que se encontravam inconscientes ou em estado alterado de consciência.
80
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
A própria tampa utilizada nos frascos pode ser empregada para coletar a quantidade de
forma farmacêutica a ser ingerida, principalmente as sólidas.
Apesar de ser possível pingar as gotas diretamente na boca, é necessário que se tenha
certeza que a embalagem não toque a mucosa oral do paciente, pois poderá desenvolver
uma contaminação microbiana no medicamento acondicionado.
As formas farmacêuticas sólidas administradas por via oral, usualmente são dissolvidas
na boca e absorvidas pela mucosa. Em casos de dificuldades para administração,
também é possível diluir o medicamento num mínimo de água potável, facilitando a
ingestão pelo paciente.
81
UNIDADE IV │ A HOMEOPATIA NA PRÁTICA
Fontes et al. (2012) apresentam um exemplo que destaca essa característica, no qual
uma mãe leva seus 3 filhos ao médico homeopata, sendo que dois deles apresentam
diarreia como principal queixa e o outro demonstra um quadro sintomático tendo o
acesso de tosse como o motivo central que o levou à consulta.
Diante do relato de outros sintomas, o médico constata que o primeiro filho apresenta
“diarreia pastosa, gases intestinais, regurgitações ácidas, ansiedade e cefaleias com
vertigens”. O segundo filho apresenta como sintomas “diarreia líquida, ventre dilatado,
prostração e medo da escuridão”. E o terceiro filho apresenta “acesso de tosse durante
a madrugada, dispneia, coriza abrasadora, prostração e medo de morrer” (FONTES et
al., 2012, p. 78).
Um leigo poderia supôr que os pacientes que apresentam diarreia devem receber o
mesmo medicamento. Mas não é isso o que ocorre.
Ao primeiro filho, com diarreia pastosa, deve ser administrado Argentum nitricum e
aos outros dois filhos, com diarreia líquida e acesso de tosse, deve ser administrado
Arsenicum album.
E isso foi feito pelo homeopata que prescreveu ao primeiro filho Argentum nitricum,
ao segundo filho Arsenicum album e ao terceiro filho Metallum album, que é sinônimo
de Arsenicum album.
82
A HOMEOPATIA NA PRÁTICA │ UNIDADE IV
83
Referências
BAROLLO, C. R.; ALVES, D.; BIGNARDI, F. A. C.; DÈCOURT, I.; FREITAS JR, V.;
HUBNER, V.; RAMOS, M. F. P.; RIMOLI, M. F.; ROMANO, M. L.; SANTOS, G. M.
Efeito do tratamento homeopático sobre o comportamento do adoecer
crônico, em uma comunidade carente, alvo de programa social, na periferia
da cidade de São Paulo, no período de ago/2004 a mar/2006. Associação
Comunitária Monte Azul e NEPH – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Homeopatia -
UNIFESP. São Paulo: 2006a. Disponível em: <http://www.bvshomeopatia.org.br/
texto/expMonteAzul_CeliaBarollo.htm>. Acesso em: 18/06/2018.
84
REFERÊNCIAS
85
REFERÊNCIAS
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