Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
em Mindfulness
Brasília-DF.
Elaboração
Produção
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
A EXPERIÊNCIA DA MINDFULNESS........................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
UNIDADE III
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
UNIDADE IV
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS............................................................................................................. 72
CAPÍTULO 1
REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 89
Apresentação
Caro aluno,
Conselho Editorial
4
Organização do Caderno de
Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
5
Saiba mais
Sintetizando
6
Introdução
Bem-vindo à disciplina Terapia Cognitiva e Mindfulness!
7
A terceira geração de terapia comportamental é da década de 1990, embora não
tenha sido amplamente conhecida até 2004. Hayes (2004) considera a terceira
geração de terapias comportamentais como baseada em uma abordagem empírica
e focada nos princípios de aprendizagem.
8
Até o momento, não se sabe se a terceira onda de terapias será mais eficaz que
a anterior. A literatura sobre TTG ainda é muito recente e o corpo de evidências
científicas ainda é inconclusivo, mas há indicações importantes de que isso
marcará uma mudança positiva nas terapias comportamentais.
Objetivos
» Apresentar uma perspectiva do mindfulness como constructo de estudo
científico.
9
10
INTRODUÇÃO AO UNIDADE I
MINDFULNESS
Figura 1. Mulher.
Fonte: www.mindful.org/meditation/mindfulness-getting-started/
CAPÍTULO 1
Mindfulness – atenção plena
11
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
Kabat-Zinn (2003) oferece uma definição clara, especificando que ela surge
atendendo intencionalmente à própria experiência, momento a momento,
aceitando-a e sem julgá-la. Assim, desenvolve-se uma nova perspectiva sobre
pensamentos e sentimentos, na qual eles são reconhecidos como eventos
mentais e não como aspectos do ser ou reflexos exatos da realidade.
A atenção plena também foi definida como o cultivo do dar-se conta, através
de um foco relaxado, no surgimento de cada momento da experiência, isto é,
a presença plena também significa que a mente está presente na experiência
corporal cotidiana.
12
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Mindfulness e budismo
Os ensinamentos do budismo concentram-se na mente, sob o preceito de
que uma mente bem formada está tranquila e não se deixa levar por desejos,
preocupações ou enganos. A atenção plena enriquece as experiências e as torna
satisfatórias (COUTIÑO, 2012).
Uma fantasia muito habitual da mente é acreditar que todas as coisas e seres
têm um tipo de existência independente e eterna. No entanto, a consciência plena
expõe a transitoriedade e a interdependência dos fenômenos e também aponta
que a meditação é o método mais poderoso para formar a mente.
13
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
14
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Para que a atenção plena, Sati, alcance seu desenvolvimento máximo, deve ser
baseada nos principais preceitos budistas. As quatro nobres verdades são os
fundamentos dos ensinamentos budistas nos quais suas diferentes práticas se
baseiam. A primeira verdade afirma que a vida é sofrimento. Na vida há dor,
doenças e, no final, morte. Há também sofrimento mental, como medo, raiva,
frustração, inveja, decepção etc.
A terceira nobre verdade diz que o sofrimento pode ser superado e que a
verdadeira felicidade é possível. Temos que nos concentrar em conhecer as
causas do nosso sofrimento, neutralizando essa ignorância e guiando nossas
vidas para super-lÓ. A quarta nobre verdade afirma que o sofrimento pode ser
superado se alguém seguir o Nobre Caminho Óctuplo e sua representação for a
roda do dharma, o símbolo mais universal do budismo.
3. falar corretamente;
4. agir corretamente;
15
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
16
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
17
CAPÍTULO 2
A experiência da mindfulness
Fonte: www.mindful.org/meditation/mindfulness-getting-started/.
A fenomenologia do mindfulness
Para entender o construto mindfulness e seus componentes básicos, a experiência
subjetiva do sujeito deve ser levada em consideração. Somente através da
experiência você pode conhecer seus componentes, o que implica a prática da
atenção plena (QUINTANA, 2016).
18
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
clara e inovadora, apesar de ser a mesma. Você poderia dizer que não foram as
circunstâncias da realidade que mudaram, mas o observador que mudou.
Como exemplos, são visões otimistas ou pessimistas que incluem vieses que levam
a estados de excitação ou medo, respectivamente.
19
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
Brown e Cordon (2009) apontam que esse caminho em particular não implica
tornar a experiência objetiva ou dissociá-la. É o contrário, proporciona uma
relação íntima com a experiência consciente. De fato, essa perspectiva íntima da
realidade (não apenas dos eventos externos, mas também da experiência interna,
incluindo a maneira pela qual a mente age) é experimentada com um alto grau de
intenção de estar atento.
20
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
A prática do mindfulness
O desenvolvimento da habilidade de mindfulness é gradual e sistemático, exigindo
que uma prática regular seja realizada, geralmente através da meditação e da
orientação intencional da atenção ao momento presente durante as atividades
diárias.
A prática da atenção plena pode ser realizada de duas maneiras ou com dois
estilos diferentes, através do que foram denominadas: a prática nos estilos
formal e informal.
21
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
No entanto, tão importante quanto a prática que é realizada com qualquer uma
das técnicas baseadas em mindfulness de maneira sistemática (o estilo formal)
também é a transferência da capacidade mindfulness para todos os atos da vida
cotidiana, determinando assim o estilo informal de prática.
22
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Por outro lado, a prática não instrumental da atenção plena é autotélica. O termo
autotélico vem do grego “auto” para indicar próprio e “telos”, que significa objetivo.
23
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
24
CAPÍTULO 3
Perspectivas do construto Mindfulness
Figura 3. Cérebro.
25
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
As outras versões definidas pela psicologia ocidental têm menos de dez anos
e tentam quantificar objetivamente o mindfulness pelo uso de definições
operacionais que podem ser entendidas e geralmente validadas por pessoas sem
treinamento em atenção plena.
26
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Esse autor enfatiza que a atenção plena pode ser vista como uma construção
psicológica diversificada e isso pode mediar a maneira de ser investigada com
diferentes desenhos de pesquisa (longitudinal, de correlações ou de laboratório).
Davidson continua indicando que o “estado de pesquisa nessa área ainda está
em sua infância”, mas o mindfulness está a caminho de se tornar uma corrente
principal. Como principais necessidades relacionadas à pesquisa em mindfulness
para especificar e definir seu construto como uma entidade empírica, destacam-se
os seguintes aspectos principais:
27
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
28
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Forma Essa variável de construto implica corporalidade: uma postura física adotada (em pé, sentado, deitado ou
andando) e suas variantes; e/ou adoção de posições ou gestos específicos, dependendo da estrutura de
ensino (posições das mãos, pés, movimentos das seções do corpo). O aspecto somático está amplamente
presente na experiência da atenção plena tanto na prática formal quanto no “modo mindfulness” nos atos da
vida cotidiana, nos quais são promovidos a consciência da respiração ou das sensações corporais.
O objeto de atenção Situa-se em um objeto principal com tomada de consciência de outros elementos que aparecem no campo
perceptivo. Nesta seção estão o conteúdo da mente (emoções, pensamentos, memórias, imagens) e também
as sensações corporais, além dos estímulos percebidos pelos órgãos dos sentidos.
Comportamento da mente Esta seção inclui três elementos: elemento de “ancoragem” da concentração, percepção (awarenes) e
reorientação da atenção.
Conjunto de atitudes Aceitação, incluindo os aspectos específicos relacionados a não julgamento, não reatividade e equanimidade;
curiosidade, incluindo aspectos semelhantes de abertura e flexibilidade; e outros, como paciência ou
desapego.
Aceitação, incluindo os aspectos Curiosidade, incluindo aspectos semelhantes de abertura e flexibilidade; e outros, como paciência ou
relacionados a não julgamento, não desapego.
reatividade e equanimidade
Efeitos inerentes ou derivados, tanto Efeitos relacionados ao autoconhecimento ou visão ou entendimento claros também estão incluídos nesta
cognitiva quanto emocional ou seção. Essas variáveis são dificilmente mensuráveis do ponto de vista empírico.
somaticamente
Fonte: Elaborado com informação de Quintana (2016) e Mikulas (2010), adaptado pela autora.
29
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
Também podemos entender o estado como “modo” e o traço como uma tendência
geral em que o indivíduo está predisposto a estar no referido estado de atenção
plena: predisposição psicológica.
Processo metacognitivo
Como processo metacognitivo, inclui o perceber a experiência subjetiva vivida
enquanto acontece. O processo metacognitivo da atenção plena limita-se aos
processos de tomada de consciência dos fenômenos experimentados, e não à
elaboração cognitiva sobre eles ou sobre o conteúdo das experiências.
30
INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS │ UNIDADE I
Esses efeitos podem ser tanto pontuais, derivados de uma experiência concreta
do mindfulness, quanto crônicos e acumulados pela prática contínua. Além
disso, eles podem ocorrer a posteriori, como resultado da experiência pontual
ou acumulada, bem como durante o processo ou momento em que você está no
“modo mindfulness”.
31
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO AO MINDFULNESS
Assim, por exemplo, a definição e conceituação feita por Bishop (2002) sobre
mindfulness implica uma abordagem sobre o desenvolvimento de ferramentas
psicométricas baseadas na consideração de medir um estado que pode ser evocado
e mantido através da regulação da atenção e está relacionado à especificidade
situacional. Dessa maneira, a escala para mensurá-la seria baseada nas respostas aos
itens com relação a uma atividade imediatamente precedente, em que uma técnica
baseada na atenção plena foi praticada.
32
MINDFULNESS –
PSICOLOGIA E OUTRAS UNIDADE II
DISCIPLINAS
Figura 4. Meditação.
Fonte: www.mindful.org/meditation/mindfulness-getting-started/.
CAPÍTULO 1
Mecanismos psicológicos do
mindfulness
33
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
A seguir, são descritos alguns dos modelos explicativos mais representativos sobre
os mecanismos psicológicos do mindfulness:
Modelo de metacognição
Teasdale et al. (2002) referem-se ao binômio de termos “consciência metacognitiva
“como o processo de experimentar pensamentos e emoções negativos com uma
perspectiva de desidentificação.
34
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
35
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
36
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
Os autores concluem que essa é uma possível abordagem teórica dos mecanismos
psicológicos que atuam no mindfulness, e que são necessários estudos
experimentais que estabeleçam hipóteses que contrastem empiricamente essa
teoria.
37
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
38
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
39
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
d. do tipo de personalidade;
Eles admitem que essa influência sugerida carece de suporte empírico e é um meio
simples de estimular questões de pesquisa subsequentes.
Esses autores conduzem uma investigação empírica para testar a hipótese de que o
mecanismo que atua na atenção plena é o da aceitação e que afeta principalmente a
regulação emocional, e não a atenção.
1. avaliação de palavras;
40
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
41
CAPÍTULO 2
Semelhanças e diferenças do
mindfulness com outros construtos
psicológicos
Fonte: lamenteesmaravillosa.com/3-formas-sencillas-de-practicar-mindfulness-en-tu-dia-a-dia/.
42
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
43
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
Em geral, a maioria das pessoas leva um ritmo acelerado de vida para atender
às demandas que as sociedades atuais nos impõem. Na maioria das vezes, e
sem perceber, elas se movem, pensam e sentem com o piloto automático ligado.
A prática da meditação mindfulness permite mais facilmente e com mais
frequência momentos mindful, ou seja, quando uma pessoa está plenamente
consciente do aqui e agora da forma característica como é detalhado segundo
Germer (2005 em PARRA, 2011):
44
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
Além disso, a meditação profunda com atenção plena fornece insights sobre a
natureza da mente e as causas do sofrimento. Essas ideias, como a consciência
de que as coisas são realmente impermanentes, ajudam a ser menos enredadas
na ruminação e, portanto, incentivam ainda mais a prática da atenção plena
(GERMER, 2005 em PARRA, 2011).
Nos momentos em que estamos mindful, estamos no aqui e agora, sem julgar ou
rejeitar o que está acontecendo, sem que a atenção seja emaranhada no passado ou
no futuro. Em vez disso, quando a atenção está vagando no tempo da consciência
é mais fácil que surjam sentimentos negativos e tristeza, remorso e/ou culpa se a
viagem foi destinada a um tempo passado ou de ansiedade, medos, devaneios se
você tiver decidido fazer uma viagem para o futuro.
Portanto, e dito de outra maneira, estar mindful significa estar acordado, aberto
a qualquer experiência que aconteça no momento presente. Esse processo
psicológico está relacionado a uma mudança perceptiva que nos permite reconhecer
pensamentos e sentimentos como eventos que ocorrem no campo da consciência
e, portanto, refletem na própria mente.
45
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
Os processos de cima para baixo são muito poderosos porque são apoiados por
uma conectividade neural muito forte, muito mais do que a incerteza de viver
aqui e agora (SIEGEL, 2007). De fato, eles têm um valor extraordinário para
a sobrevivência em nossa história evolutiva e pessoal, pois permitem que o
cérebro faça avaliações rapidamente e processe informações com eficiência, a
fim de iniciar comportamentos que facilitam a sobrevivência e a vida cotidiana
em geral. Esse processo incorpora crenças na forma de modelos mentais do
bem e do mal, julgamentos sobre o que é bom ou ruim, reações emocionais
intensas ou respostas corporais derivadas de aprendizados anteriores, elimina
as diferenças sutis da experiência atual e converte as pessoas em autômatos,
em sujeitos que não estão realmente conscientes do que está acontecendo
enquanto está acontecendo (PARRA, 2011).
46
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
O Mindfulness é uma técnica aliada das terapias de terceira geração que têm
transformado nos últimos anos o foco da intervenção psicoterapêutica vigente
até agora, incorporando o modelo de “mudança”, de comportamento e/ou
pensamento, o modelo de “aceitação” daquilo que não pode ser mudado na vida.
Exposição
47
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
Mudanças cognitivas
Autorregulação
Aceitação
48
MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS │ UNIDADE II
Esse é outro mecanismo de ação que alude à ideia da dissociação que ocorre no
desenvolvimento dos seres humanos a partir de alguns aspectos da experiência
que podem ameaçar seu senso de afiliação. Nesse sentido, os indivíduos deixam
de ter consciência de uma parte de suas emoções, que continuam ocorrendo
organicamente e influenciam seus comportamentos. A integração na consciência
da experiência orgânica é alcançada através da aprendizagem experiencial, da
disciplina de manter a atenção no momento presente e do exercício de aceitação.
Esclarecimento de valores
Relaxamento
49
UNIDADE II │ MINDFULNESS – PSICOLOGIA E OUTRAS DISCIPLINAS
50
TERAPIA COGNITIVA
COMPORTAMENTAL E UNIDADE III
MINDFULNESS
Figura 6. Equilibrar.
Fonte: lamenteesmaravillosa.com/3-formas-sencillas-de-practicar-mindfulness-en-tu-dia-a-dia/.
CAPÍTULO 1
Fundamentos da terapia cognitiva e
mindfulness
A seguir apresenta uma síntese de reflexões propostos por Parra (2001), sobre a
relação terapia cognitiva e mindfullnes:
51
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
52
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
Por outro lado, em pessoas que não foram deprimidas, esse mesmo humor
de tristeza não levaria a desencadear padrões de pensamentos negativos que
causaram um episódio depressivo.
53
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
Estilo ruminante
Além das diferenças individuais na acessibilidade das cognições
depressogênicas, outro fator que TEASDALE et al. (2002) associam à
persistência do estado depressivo e ao risco de recaída é a tendência de
alguns indivíduos de responder com ruminação a esse estado de humor,
concentrando-se em sua experiência deprimente e tentando resolver seu
humor analisando-o, o que produz uma intensificação do humor depressivo
que, por sua vez, prolonga a experiência da depressão.
54
CAPÍTULO 2
Terapia cognitiva e mindfulness no
tratamento da depressão
Figura 7. Início.
Fonte: www.mindful.org/meditation/mindfulness-getting-started/.
Os principais modelos, que indicam o início das terapias cognitivas nas décadas
de 60 e 70 e também os mais influentes por sua disseminação e expansão do
modelo cognitivo, são a Terapia Cognitiva de Aaron Beck (1979 em PARRA, 2011)
e a Terapia Racional Emotiva Comportamental de Albert Ellis (1962 em PARRA,
2011), que são classificadas dentro dos modelos de reestruturação cognitiva
(PARRA, 2011).
55
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
56
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
57
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
Além disso, dessa maneira eles podem entender muito melhor o feedback que
os pacientes relatam sobre sua prática em diferentes habilidades. Isso, por
exemplo, é de grande ajuda para entender as grandes dificuldades que surgem
na prática diária da meditação formal na primeira semana do MBCT.
58
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
Teasdale et al. (2002) considera que cognições negativas parecem realmente produzir
depressão e, inversamente, o humor negativo aumenta a probabilidade desses
pensamentos que causarão depressão futura. Essa relação recíproca entre depressão
e cognição pode formar a base de um círculo vicioso que irá perpetuar e intensificar a
depressão.
A partir das novas análises, ver os pensamentos de uma perspectiva mais ampla,
o suficiente para poder considerá-los eventos da mente que não necessariamente
precisam refletir a realidade, pode proteger os sujeitos da depressão futura. Se
essa descentralização não ocorrer, os sujeitos podem estar discutindo se esses
pensamentos são verdadeiros ou falsos, classificando as evidências a favor ou
contra eles, correndo o risco de serem pegos nesse padrão de pensamento negativo
e começar de novo a engrenagem depressiva que pode levar a um humor depressivo
maior e mais intenso (TEASDALE et al., 2002).
59
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
60
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
Há também uma extensa pesquisa com amostras de sujeitos que, devido à sua
profissão, estão expostos ao estresse, como profissionais de saúde, professores
de escolas primárias ou pais e cuidadores de crianças com problemas de
desenvolvimento.
Desde a sua criação, ele foi entendido como um complemento e não como
uma alternativa à terapia. O programa MBSR é baseado em um treinamento
intensivo em mindfulness, como vimos no capítulo anterior, de aprender a
prestar atenção a qualquer experiência que esteja acontecendo no momento
61
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
presente, o que permite uma maior sensação de conexão com a vida, interna e
externamente. A atenção plena é um veículo importante para a compreensão
e a cura.
62
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
» consciência da respiração;
63
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
64
CAPÍTULO 3
Riscos/efeitos negativos da prática
mindfulness
Figura 8. Corpo.
Fonte: www.mindful.org/meditation/mindfulness-getting-started/.
Palau (2016) observa que existem poucos estudos que falam sobre os efeitos
negativos ou seculares da prática de mindfulness, possivelmente devido a um
viés de não publicar efeitos negativos ou, quando o fazem, esses efeitos são
diminuídos, subestimados e até possíveis evidências de não eficácia ou possíveis
efeitos contraproducentes são ignorados e silenciados.
65
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
Embora possa não ser tão claro, do ponto de vista mental, também não há
nada como uma mente comum ou estados mentais comuns. Esse problema está
enraizado na discussão clássica em ciência entre abordagens nomotéticas e
ideográficas, com as vantagens e desvantagens de cada uma delas.
Nesse sentido, Shonin (2014 em PALAU, 2016) comenta como esses estudos
tendem a limitar-se à mensuração de certas variáveis quantitativas e ficam
excluídos outros aspectos da experiência completa do participante. Mesmo em
estudos qualitativos é habitual seguir um modelo semiestruturado que limita os
parâmetros coletados.
Esses autores fazem indicações para avaliar esses riscos, listam contraindicações e
destacam a importância de realizar uma seleção correta de participantes, cuidar da
qualificação dos treinadores e monitorar periodicamente os efeitos.
66
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
O autor afirma que, durante a meditação, o cérebro libera serotonina, que pode
ajudar pessoas com depressão leve, mas muita serotonina pode causar, em
algumas pessoas, uma ansiedade paradoxal induzida pelo relaxamento. Em vez
de relaxar durante a meditação, essas pessoas ficam angustiadas e podem até
sofrer ataques de pânico.
67
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
Morse afirma que não se pode discernir se a prática da meditação atrai certos
tipos de personalidade propensos a esses problemas ou se, pelo contrário, é a
prática da meditação que aumenta a consciência desses sentimentos, sintomas e
traços de personalidade.
Dawson (2000, em PALAU, 2016) estudou vinte pessoas que tiveram problemas
após terem participado de retiros intensivos de meditação Vipassana. Ele
encontrou episódios de fragmentação em vez de integração, com experiências
de ataques de pânico, episódios depressivos, maníacos e até um problema
muito sério: um suicídio que ocorreu dentro de alguns meses. Ele argumenta
que a iniciação à prática deve ocorrer gradualmente e com uma seleção de
participantes.
68
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
Com relação aos distúrbios do sono, Simor et al. (2011, em PALAU, 2016)
encontraram que a atenção plena está inversamente relacionada aos distúrbios
do sono, o que é consistente com a maioria dos estudos sobre atenção plena e
qualidade do sono. Os autores relacionam o papel da atenção plena na regulação
emocional como possível protetor de distúrbios do sono.
69
UNIDADE III │ TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS
Esses efeitos não são significativos para a maioria das técnicas incluídas
neste trabalho, embora não devam ser ignorados. Por outro lado, vemos que,
dada a diversidade dos métodos de meditação, é difícil tirar conclusões sobre
se esses fenômenos ocorrem com certas práticas (pode estar relacionado
a grupos de praticantes sujeitos à disciplina de “professores” com certas
características patológicas, fenômenos e sugestões grupo). É possível que, em
muitos casos, os praticantes referidos nessas investigações tenham buscado
efeitos importantes de natureza espiritual ou religiosa, buscando estados
alterados de consciência etc., o que os coloca em um contexto diferente do
objetivo deste trabalho.
Uma análise que pode ser extraída é estar ciente de que os problemas podem
ocorrer, dve-se praticar com sabedoria e por períodos limitados, em contextos
“saudáveis” e grupos em que os antecedentes psiquiátricos são controlados,
deve-se ter supervisão qualificada (aqui o papel pode ser defendido pelo
psicólogo especialista em psicopatologia e saúde mental para gerenciar todos
esses problemas de maneira profissional) e que sabe como agir na presença de
problemas.
Eles também destacam o componente viciante que a meditação pode ter, que
pode ser transformada em um ritual que substitui outros rituais em pessoas
propensas a esse tipo de comportamento obsessivo e compulsivo.
70
TERAPIA COGNITIVA COMPORTAMENTAL E MINDFULNESS │ UNIDADE III
Para concluir, o que é declarado nesta seção serve para lembrá-lo de que
a meditação da atenção plena não é isenta de riscos, havendo necessidade
de prudência em seu uso, bem como uma prescrição apropriada às
características pessoais do praticante e seus objetivos e a conveniência de
um acompanhamento qualificado para tal prática.
71
AVALIAÇÃO DO UNIDADE IV
MINDFULNESS
Figura 9. Smartphone.
CAPÍTULO 1
Ferramentas de avaliação do
mindfulness
72
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Por outro lado, há outra perspectiva sobre a atenção plena que a considerou um
traço ou um estado psicológico. Com base nisso, podemos classificar as escalas
em um dos grupos: as escalas que a medem como um traço e as que a medem
como um estado.
No artigo de revisão de Sauer et al. (2013) foi realizado um estudo sobre o estado
da pesquisa em relação à mensuração do mindfulness. Em sua revisão, foram
descritas as diferentes maneiras pelas quais a atenção plena pode ser medida,
a adequação das ferramentas, analisando seus prós e contras e recomendações
para uso em contextos específicos (QUINTANA, 2016)
The Freiburg Mindfulness Inventory (FMI) Trinta itens e versão resumida de quatorze itens. Valoriza a observação e a abertura a
experiências negativas de maneira equitativa no presente momento.
(BUCHHELD; GROSSMAN; WALACH, 2001;
WALACH et al., 2006)
Mindfulness Attention Awareness Scale (MAAS) Quinze itens, unidimensionais, medindo a tendência geral de prestar atenção ou estar ciente
da experiência do momento presente na vida diária.
(BROWN; RYAN, 2003)
The Cognitive Affective Mindfulness Scale (Revised) Doze itens que foram projetados para medir a atenção plena em situações gerais da vida
(CAMS-R) (FELDMAN et al., 2007) cotidiana.
73
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
O SMQ tem uma estrutura unidimensional de atenção plena, mas inclui itens orientados
para a conscientização do momento presente e outros que são orientados para uma atitude
de aceitação com relação à experiência.
Essa escala tem quatro dimensões da atenção plena, medidas de uma maneira bipolar:
(1) observar com atenção plena versus estar perdido nas reações às cognições;
Southampton Mindfulness Questionnaire (SMQ)
(2) permitir que a atenção se concentre nas cognições de aversão em vez de evitar a
experiência;
(3) aceitação de pensamentos, gerais ou autoimagem versus acusação; e
(4) deixar ir e não ser reativo com relação a cognições perturbadoras versus ação cognitiva
de ruminar ou se preocupar.
Mede a tendência geral de ter atenção plena na vida cotidiana e não exige que a
The Kentucky Inventory of Mindfulness Skills (KIMS) experiência em meditação seja preenchida. Tem um total de 39 itens, embora estudos
recentes tenham sugerido uma versão curta.
The Toronto Mindfulness Scale (TMS), versión Treze itens. O TMS é a única escala que até aquele momento media o aspecto de estado
estado y versión rasgo (LAU et al., 2006). de atenção plena. Contempla duas facetas: curiosidade e descentralização.
Developmental Mindfulness Survey (DMS) (SAUER Trinta Items. O mindfulness é conceituado unidimensionalmente como a tomada de
et al., 2013) consciência aberta ao presente sem julgamento.
Vinte itens compreendendo duas subescalas: conscientização e aceitação, de dez itens
The Philadelphia Mindfulness Scale (PHLMS)
cada.
29 itens. Tem uma ampla concepção de atenção plena, incluindo itens que medem os
Effects of Meditation Scale (EOM) efeitos nas diferentes dimensões do indivíduo (cognitiva, física, emocional e espiritual).
(REAVLEY; PALLANT, 2009) O segundo elemento de interesse é que ele mede os efeitos da meditação em dois
contextos: durante a prática da meditação e na vida cotidiana.
21 itens, mede a tendência de estar em atenção plena e concentra-se na conceituação da
Langer Mindfulness/Mindlessness Scale (MMS) atenção plena como um processo cognitivo de tratamento da informação e da criatividade,
(HAIGH et al., 2011). que incorpora quatro dimensões que determinam seus quatro fatores: busca pela novidade,
compromisso, criação da novidade e flexibilidade.
The Comprehensive Inventory of Mindfulness 32 itens. Observar, agir com consciência, não julgamento, autoaceitação, não evasão, não
Experiences (CHIME-b) reatividade, não identificação, conhecimento (insight) e descrição ou rotulagem.
(BERGOMI; TSCHACHER; KUPPER, 2012a).
Mindfulness Practice Quality (MP-Q) Seis itens que avaliam a qualidade da prática de atenção plena realizada em uma sessão
formal
(DEL RE et al., 2013; GOLDBERG et al., 2014).
The State Mindfulness Scale (SMS) 23 itens. Combina a visão psicológica da atenção plena e a da tradição budista.
(TANAY; BERNSTEIN, 2013).
Onze itens que medem a capacidade de observar pensamentos e emoções como objetos
Índice Compuesto de Mindfulness –MINDSENS temporários da mente (desidentificação) que são um elemento-chave do treinamento da
atenção plena. A descentralização ou desidentificação tem três componentes: a capacidade
(SOLER et al., 2014). de se diferenciar dos seus pensamentos; o de não reagir a experiência negativa; e
autocompaixão.
Fonte: Elaborado com informação de Quintana (2016).
74
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Por outro lado, Sauer et al. (2013 em QUINTANA, 2016) destacam que “a essência
do mindfulness está associada a experiências, fenômenos e estados subjetivos,
de modo que seu estudo não pode ser reduzido a correlações neuropsicológicas,
fisiológicas ou psicológicas”.
75
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
Quanto à Toronto Mindfulness Scale (TMS) e à State Mindfulness Scale (SMS), elas
devem ser usadas principalmente para medir estados específicos de mindfulness,
considerando o mindfulness como construto de estado psicológico.
76
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
A Escala de Efeitos de Meditação (MOE), por poder ser orientada para medir os
efeitos da atenção plena situacionalmente, pode ser usada em diferentes ambientes,
tanto durante a meditação (MOE-DM) quanto na vida diária (MOE-DL).
Por fim, o uso do índice MINDSENS pode ser indicado para discriminar entre
meditadores e não meditadores em relação às variáveis da prática meditativa. Ele
também oferece informações sobre facetas específicas da atenção plena. É ideal
para uso em populações não clínicas e clínicas, em pessoas com e sem experiência
em meditação.
Por tudo isso, a decisão de usar uma escala específica que mede mindfulness deve
se basear na concepção teórica mindfulness que se deseja estudar.
77
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
Com relação ao ponto número um, aponta a possibilidade de que haja pelo menos
nove aspectos da atenção plena especificando a inclusão da não evitação como um
elemento do construto mindfulness, além do papel marginal da faceta descrever.
78
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
4. autoaceitação;
9. descrição ou rotulagem.
Por fim, Bergomi et al. (2012b em QUINTANA, 2016) enfatizam que o simples
ato de responder a um autorrelato ou automonitoramento da atenção plena
produz uma mudança desejável de comportamento nessa direção e, responder
a certos itens lembra ao indivíduo que existe uma intenção de desenvolver a
habilidade de mindfulness, especialmente quando medido em programas de
intervenção.
79
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
Baer et al. (2006) fala do fato de que na psicologia várias metodologias foram
desenvolvidas para avaliar o comportamento humano, suas características e
funcionamento psicológico, no entanto, nem todas são aplicáveis ao estudo do
mindfulness.
Por outro lado, não se deve presumir que métodos alternativos de medição da
atenção plena sejam necessariamente melhores e mais precisos ou úteis do
que o autorrelato.
80
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Por exemplo, pode ser usado para identificar os aspectos sociais ou interpessoais
de sua prática e que geralmente não são contemplados em testes psicométricos
(mais ênfase é colocada nos aspectos intrapessoais).
Respostas abertas podem ser gravadas e transcritas para serem analisadas com
uma metodologia específica e identificar os principais aspectos de acordo com o
objetivo da pesquisa.
Avaliação de terceiros
81
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
Por outro lado, como o mindfulness implica a não elaboração cognitiva, também
testes que exigem a inibição de processos semânticos, como o Stroop emocional,
podem ser muito úteis.
Seguindo essa linha, a medição em tempo real da consciência tem sido usada
durante a prática meditativa, através do registro da Ressonância Magnética
Funcional (fMRI).
82
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
83
UNIDADE IV │ AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS
Por outro lado, Levinson (2012, em QUINTANA, 2016), em seu estudo preliminar
de laboratório, tentou validar a contagem correta até dez da respiração, como
uma medida comportamental da atenção plena. Verificou-se que os erros
relacionados à contagem da respiração até dez apresentaram correlação positiva
com as medidas do construto “mente dispersa”. O inverso foi observado com
resultados de medidas de mindfulness, tanto no teste de laboratório quanto na
vida cotidiana.
Em sua publicação recente, Levinson et al. incluem vários estudos que culminam
na validação da contagem da respiração usando um software web como uma
medida comportamental do mindfulness. Esse sistema permite registrar dados
da duração da sessão, frequência da prática e resultados objetivos sobre a
qualidade da sessão – em parâmetros de atenção sustentada e atenção dispersa
(em QUINTANA, 2019).
Por outro lado, eles também enfatizaram que é necessário desenvolver medidas
de monitoramento e registro para controlar a prática informal em estudos sobre
os efeitos da atenção plena.
84
AVALIAÇÃO DO MINDFULNESS │ UNIDADE IV
seja realizada por meio de sistemas objetivos que nos permitem determinar
fielmente se os pacientes realmente praticam ou não, também em suas vidas
diárias. Mensuram como o tempo que gastam nela e os efeitos imediatos que essa
prática gera em seu humor, por exemplo.
Estudar o estado psicológico antes e depois de cada sessão, bem como antes
e depois da prática informal realizada por eles em suas vidas diárias, também
representaria um grande avanço na mensuração da atenção plena.
85
Para (não) Finalizar
Fonte: www.telavita.com.br/blog/adolescentes-em-conflito-com-a-lei/.
Palau (2016) faz uma breve reflexão sobre a moda do mindfulness. Ele
observa que, no campo científico, no nível popular, a atenção plena está
na moda. Por um lado, parece positivo que o interesse pela meditação e a
busca pela saúde e bem-estar através dela sejam generalizados, por outro
lado, isso pode envolver aspectos da moda passageira, como aconteceu com
muitas outras práticas.
Pode parecer que essas práticas estejam ligadas ao gosto pelo light em nossa
sociedade, por um culto ao corpo, uma preocupação com comida, bem-estar,
relaxamento, uso de massagens, a cultura da new age, pensamento fraco,
líquido, relativismo etc.
86
PARA (NÃO) FINALIZAR
É necessário questionar até que ponto nossa sociedade que não quer se esforçar,
que busca conforto, se desloca em direção a esse tipo de prática diante das
psicoterapias da palavra, que exigem esforço mental para entender e por um longo
período de tempo.
É mais fácil praticar uma postura, escapar, tentar deixar a mente em branco diante
dos problemas, seguir práticas individualistas que reforçam a onipotência (“Eu
sozinho posso me curar”). As pessoas estão dispostas a suportar “desconfortos”
corporais, a manter posturas constrangedoras, mas podem não mostrar a mesma
vontade de trabalhar com conteúdos mentais.
Grossman (2010, em PALAU, 2016) comenta como está sendo feito o uso
desnaturalizado, banalizado ou distorcido do conceito de atenção plena, uma
vez despojado de seu contexto e verdadeira natureza da cultura budista.
Até que ponto muitos de seus praticantes não precisariam de outros tipos
de psicoterapia antes de fazer meditação ou tentar promover um certo
desenvolvimento espiritual com esses tipos de técnicas? Sabe-se realmente
quando são indicados e quando contraindicados? Quantos desencontros
e agravos de patologias causaram o uso dessas práticas por pessoas que
anteriormente tinham problemas psicológicos? Estão procurando equilíbrio e
serenidade ou, em alguns consumidores dessas práticas, se destinam a certos
“poderes mágicos” que também são vendidos por certas escolas que oferecem
treinamento nesses métodos? Quantas dessas escolas são movimentos
sectários que promovem relações de dependência patológica ou são dirigidas
por pessoas com pouca competência?
87
PARA (NÃO) FINALIZAR
Talvez uma das maiores críticas seja acreditar que podemos alcançar
experiências que nos transformarão e que, após um momento de “iluminação”,
nossa vida mudará totalmente para melhor, de uma maneira mágica.
88
Referências
BAER, R. A.; SMITH, G. T.; HOPKINS, J.; KRIETEMEYER, J.; TONEY, L. Using
self-report assessment methods to explore facets of mindfulness. Assessment,
13(1), 27–45. doi:10.1177/1073191105283504. 2006.
BROWN, K.; RYAN, R. M. The benefits of being present: Mindfulness and its role
in psychological well-being. Journal of Personality and Social Psychology,
84(4), 822-848. doi:10.1037/0022-3514.84.4.822. 2003.
DAWSON, G.; TURNBULL, L. Is mindfulness the new opiate of the masses? Critical
reflections from a Buddhist perspective. Psychother Aust 12:60-4. 2006.
89
REFERÊNCIAS
GYATSO, T. (S. S. el XIV Dalai Lama). El mundo del budismo Tibetano. Visión
general de su filosofía y su práctica. Barcelona: Liberduplex. 1998.
KABAT-ZINN, J. Full catastrophe living: using the wisdom of your mind to face
stress, pain and illness. New York: Dell. 1990.
90
REFERÊNCIAS
NHAT-HANH, T. Peace is every breath: A practice for our busy lives. Reino Unido:
Harper Collins Publisher. 2011.
SAUER, S.; WALACH, H.; SCHMIDT, S.; HINTERBERGER, T.; HORAN, M.; KOHLS,
N. Implicit and explicit emotional behavior and mindfulness. Consciousness and
Cognition, 20(4), 1558–69. doi:10.1016/j.concog.2011.08.002. 2011.
91
REFERÊNCIAS
SAUER, S.; WALACH, H.; SCHMIDT, S.; HINTERBERGER, T.; LYNCH, S.; BÜSSING,
A.; KOHLS, N. Assessment of Mindfulness: Review on State of the Art. Mindfulness,
4(1), 3–17. doi:10.1007/s12671-012-0122-5. 2013.
SHONIN, E.; GORDON, W. VAN, GRIFFITHS, M. D. Are there risks associated with
using mindfulness in the treatment of psychopathology? Clin Pract 11:389-92. 2014.
SIEGEL, D. J. The Mindful Brain. New York: Norton & Company. 2007.
SIMOR, P.; KÖTELES, F.; SÁNDOR, P.; PETKE, Z.; BÓDIZS, R. Mindfulness and
dream quality: The inverse relationship between mindfulness and negative dream
affect. Scand J Psychol, 52:369-75. 2011.
TEASDALE, J.; MOORE, R.; HAYHURST, H.; POPE, M.; WILLIAMS, S.; SEGAL,
Z. Metacognitive awareness and prevention of relapse in depression: empirical
evidence. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 70(2), 275-287. doi:
10.1037. 2002.
92
REFERÊNCIAS
93