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Eletroterapia Facial E Corporal Aplicada

À Farmácia Estética

Brasília-DF.
Elaboração

Tatiana Coelho Pinto Carvalho Carpanez

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
ELETROTERAPIA....................................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO À ELETROTERAPIA................................................................................................ 9

CAPÍTULO 2
ELETROTERAPIA BÁSICA FACIAL E CORPORAL........................................................................... 12

UNIDADE II
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL...................................................................................................... 26

CAPÍTULO 1
ELETROLIPÓLISE....................................................................................................................... 26

CAPÍTULO 2
PRESSOTERAPIA....................................................................................................................... 33

UNIDADE III
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL................................................................................. 41

CAPÍTULO 1
CARBOXITERAPIA.................................................................................................................... 41

CAPÍTULO 2
RADIOFREQUÊNCIA................................................................................................................ 60

CAPÍTULO 3
PEELING ................................................................................................................................ 71

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 84

REFERÊNCIAS................................................................................................................................... 85
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

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Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de
Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

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Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução

Atualmente, a estética se encontra em ascensão e seus objetivos vão muito


além do cuidado com a beleza; buscam, acima de tudo, auto estima e qualidade
de vida. A Estética, por se tratar de uma ciência multidisciplinar, caracteriza-se
pela integração de três dimensões: biológica, social e ambiental. Portanto, a
aplicação de suas técnicas de forma isolada, não garante o resultado almejado
e, muitas vezes, acalentado por sonhos e idealizações inatingíveis. Não se pode
nunca perder de vista a multidisciplinaridade da Estética. Hoje contamos com
diversos profissionais como: médicos, biomédicos, fisioterapeutas, dentistas,
nutricionistas, psicólogos, esteticistas e cirurgiões plásticos para atuarem nesta
área.

O presente caderno tem como objetivo enriquecer seus conhecimentos relativos aos
tratamentos estéticos e aos recursos aplicados ao tratamento.

É importante ressaltar que o tratamento estético deve ser implementado de tal forma a
atender às condições clínicas, fisiológicas, socioeconômicas e culturais de cada indivíduo,
bem como suas preferências, contraindicações, processos alérgicos e intolerâncias às
dores.

Cada capítulo aborda técnicas estéticas já consolidadas, bem como as recentes


descobertas científicas publicadas na literatura internacional. Contudo, diariamente
diversas informações são divulgadas pela comunidade científica, contribuindo para o
avanço do tratamento de diversas patologias.

Com os avanços diários dos conhecimentos relativos à estética, um profissional que


busca sempre pela atualização de seus conhecimentos, certamente, representará um
diferencial no mercado de trabalho e, principalmente, frente a seu paciente.

O cuidado com a beleza tem gerado um grande impacto na área da estética, pois
um dos principais fatores é o cuidado excessivo com o corpo, que, por sua vez,
estabelece uma complexa interação do indivíduo na busca do corpo perfeito.
A partir dos novos conhecimentos a respeito da interação de uma equipe
multidisciplinar, as condutas estéticas poderão ser cada vez mais personalizadas
e, por isso, mais eficazes.

MACEDO, Otávio Roberti. Segredos da boa pele: preservação e correção. São


Paulo: Editora Senac, 2001.

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Objetivos
»» Conhecer e aplicar os equipamentos estéticos relacionados às patologias
indicadas.

»» Buscar, de forma contínua, a adoção de novos conhecimentos na área da


estética, bem como a reflexão crítica para a sua aplicação.

»» Desenvolver habilidades e competências, na busca constante da melhor e


mais adequada aplicação dos recursos utilizados na área da estética.

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ELETROTERAPIA UNIDADE I

CAPÍTULO 1
Introdução à eletroterapia

A eletroterapia, em seu conceito amplo, é o estudo de recursos físicos (não apenas


elétricos) utilizados em terapias e na obtenção de diagnósticos. No nosso caso,
restringiremos o estudo aos recursos utilizados em tratamentos estéticos, comprovados
clinicamente e cientificamente.

Os equipamentos eletroestéticos são a materialização tecnológica dessa ciência. Eles


são, portanto, os meios de se aplicar os recursos eletroterápicos nos clientes. Esse estudo
terá de ser complementado com uma grande dose de treinamento prático. Somente
dessa forma o futuro profissional será capaz de aplicar os recursos eletroterápicos
com segurança, propiciando o conforto de seus futuros clientes, bem como o resultado
positivo do tratamento.

Quando um profissional da área da estética recebe um cliente pela primeira vez, existem
vários procedimentos a serem seguidos: realizar uma anamnese; definir o diagnóstico;
realizar a avaliação do diagnóstico e, por último, elaborar um programa de tratamento
personalizado. Para isso, é necessário um vasto conhecimento dos equipamentos de
estética. O profissional da área deverá saber responder as seguintes perguntas sobre
cada equipamento, para que ele saiba escolher o melhor recurso a ser aplicado no seu
cliente.

1. Qual o objetivo estético? É inimaginável que alguém utilize um recurso


desses sem ter o pleno conhecimento do porquê da sua utilização?

2. Quando usar? Um recurso eletroestético é um elemento que se encaixará


numa sequência do tratamento, sequência esta que deverá ser precisa.
Para que possa ser utilizado com o máximo de benefício para o cliente,
o recurso precisa entrar no momento certo, pois, caso contrário, não
otimizará o tratamento.

9
UNIDADE I │ELETROTERAPIA

3. Como usar? Se um recurso eletroterápico não for usado corretamente,


além de não produzir o efeito desejado, poderá causar sérias lesões no
cliente.

4. Quais são as contraindicações? Existem várias restrições ao uso


dos recursos eletroestéticos. Eles podem causar reações alérgicas,
queimaduras, lesões articulares etc. Conhecer as contraindicações de
cada recurso é fundamental para a segurança e conforto do cliente.

Os recursos eletroestéticos utilizados na estética podem ser grupados em: descarga


elétrica; corrente elétrica; irradiação e recursos mecânicos. A descarga elétrica é um
fluxo desordenado de cargas elétricas, de curta duração, entre dois pontos. Exemplo:
relâmpago.

Toda faísca elétrica é uma descarga elétrica.

A corrente elétrica é um fluxo ordenado de cargas elétricas, através de um


caminho fechado.

A duração da corrente é controlada pelo operador por meio de um interruptor. O


caminho fechado por onde flui a corrente é chamado circuito elétrico.

Irradiação é qualquer energia que se propaga pelo espaço. Exemplos: som e luz.

Recursos mecânicos são aqueles que utilizam motores, compressores, válvulas


de pressão, câmera pneumática etc.

Clínicas equipadas com tecnologia de ponta conseguem, sem comprometer a qualidade


do atendimento, tratar um maior número de clientes, com menos funcionários. Essa
é uma das chaves do sucesso de qualquer empreendimento: aumentar a receita,
diminuindo as despesas.

Os objetivos do uso de equipamentos estéticos nos tratamentos são: diminuir o tempo


de respostas nos tratamentos; melhorar a qualidade do resultado do tratamento e
aumentar a rentabilidade da clínica.

Eletroterapia básica facial

Desincruste

O equipamento de desincruste é um equipamento de corrente contínua e constante de


voltagem.
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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

Nesta função, ocorre uma fonte de tensão contínua e constante, que circula entre dois
eletrodos condutores, permitindo a penetração “muito superficial” de substâncias
iônicas encontradas em produtos cosméticos (soluções desincrustantes) (SILVA, 1988).

Nas literaturas antigas, a técnica de desincruste era aplicada numa única fase, sendo a
sua aplicação realizada com o aparelho na mesma polaridade do produto. Esta técnica
de aplicação não era eficaz, o que a fez cair em desuso.

Nas últimas décadas, a técnica começou a ser aplicada em duas fases, sendo a primeira
fase denominada de saponificação. Nesta fase, o aparelho deve estar na mesma
polaridade do produto que é denominado de loção desincrustante. Aplicar o aparelho
de desincruste, revestido com algodão embebido na loção. Sua aplicação deverá ser de
cinco minutos.

A segunda fase foi denominada de fase da retirada e deve ser aplicada logo após a
primeira, sem que haja intervalo entre elas, utilizando-se do algodão embebido em
água, com o aparelho na polaridade contrária da primeira fase, durante três minutos.

O objetivo estético da técnica de desincruste é diminuir e controlar a oleosidade da


pele. Esta técnica deve ser aplicada em peles oleosas, seborreicas e acneicas, com um
intervalo mínimo de 15 dias entre as aplicações, e o ideal é aplicar de 30 em 30 dias,
para que o organismo não interprete a falta de oleosidade na pele e não produza um
efeito rebote na produção da glândula sebácea.

Figura 1. Aplicação do desincruste.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

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CAPÍTULO 2
Eletroterapia básica facial e corporal

Alta frequência
O equipamento de alta frequência utilizado na estética nada mais é do que um
equipamento capaz de produzir faiscamento.

Toda faísca elétrica transporta energia elétrica, que será absorvida pela pele. O tecido
transforma essa energia em calor, elevando a temperatura da pele. Portanto, a alta
frequência produz efeito térmico.

Para se obter um grande efeito térmico, o faiscamento deve transportar altas doses de
energia elétrica, o que não ocorre na prática, uma vez que o faiscamento transportando
altas doses de energia elétrica produziria um incômodo insuportável para o cliente.

Por isso, o efeito térmico é, em geral, discreto. Esse efeito térmico produzido pelos
equipamentos de alta frequência não é evidente nos equipamentos de alta frequência
da estética, e ele só deixaria de ser discreto se o extremo do eletrodo fosse pontiagudo,
concentrando toda a energia num único ponto da pele. Esse tipo de eletrodo pontiagudo
é chamado cauterizador e, nesse caso, temos um grande efeito térmico, no qual é
necessário que haja cuidado para que não ocorra queimadura na pele do cliente.

O efeito térmico, localizado ponto a ponto, permite fazer cauterização de pequenas


lesões cutâneas.

Os outros eletrodos utilizados com o equipamento de alta frequência são: cebolão,


cebolinha, forquilha, pente, rolinho, pocinho e saturador.

Existem três tipos de aplicação por meio do equipamento de alta frequência: a fluxação,
a aplicação direta ou a aplicação indireta. A aplicação chamada fluxação ocorre por
meio do deslizamento do eletrodo sobre a pele limpa e íntegra; na aplicação direta, o
eletrodo é encostado na pele e segue afastado por várias vezes; e na aplicação indireta,
o cliente segura com uma mão o eletrodo de vidro, chamado saturador, e com a outra
mão segura a bobina de alta frequência, enquanto o profissional aplica sobre a pele do
cliente uma loção tônica sem álcool e realiza pinçamentos na pele.

Outro efeito produzido pelo equipamento de alta frequência é o efeito químico. Ao


percorrer o ar que separa o eletrodo da pele, é produzido um faiscamento que rompe

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

a ligação covalente das moléculas de oxigênio (O2), liberando seus átomos. Esses
átomos tentarão se recombinar para voltar a compor estruturas moleculares e essa
recombinação não pode ser feita na forma O2, uma vez que o faiscamento não permite,
restando, então, apenas uma alternativa: eles se recombinarem na forma O3 (ozônio).
Dizemos, então, que por meio do equipamento de alta frequência produzimos um efeito
químico, transformando moléculas de oxigênio (O2) em moléculas de ozônio (O3).

O efeito químico produz o ozônio que possui três propriedades: bactericida, germicida
e fungicida.

Podemos, então, utilizar esse ozônio para promover a assepsia tópica do tecido.

Essa assepsia só ocorrerá se o ozônio atingir o tecido e, para que isso aconteça,
não poderá existir nenhuma oclusão sobre a pele, uma vez que a molécula de
ozônio é instável. Para se aplicar o equipamento de alta frequência, a pele deverá
estar limpa e sem nenhum produto, ou seja, íntegra. Ainda não existe nenhuma
padronização quanto ao tempo de aplicação. Em média utiliza-se de 5 a 10 min
de aplicação em cada área.

Com o equipamento de alta frequência, pode-se alcançar dois objetivos estéticos:


cauterizar pequenas lesões cutâneas e promover assepsia tópica de tecido.

Figura 2. Faiscamento produzido pelo AF.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

As indicações para a utilização do equipamento de alta frequência são:

»» após a depilação;

»» terapias capilares;

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UNIDADE I │ELETROTERAPIA

»» manicure;

»» podologia;

»» foliculite;

»» tratamentos de acne;

»» pós-operatório;

»» queimaduras;

»» úlceras;

»» após a extração durante a limpeza de pele.

As contraindicações são:

»» febre;

»» gravidez;

»» cardiopatias/disritmias;

»» epilepsia;

»» câncer.

Figura 3. Eletrodos de vidro usados na alta frequência.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

Iontoforese
Consiste na introdução de substâncias medicamentosas através da corrente galvânica.
É conhecida como penetração transdérmica de princípios ativos, ou seja, introdução de
princípios ativos através da pele.

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

A corrente galvânica possibilita a migração iônica do medicamento pela sua emissão


constante e unidirecional do fluxo elétrico.

Neste recurso, uma fonte de corrente gera uma corrente contínua, constante e de
baixa intensidade (corrente galvânica), que circula entre dois eletrodos condutores,
transmitindo calor ao tecido dérmico e permitindo a permeação de substâncias iônicas
encontradas em produtos cosméticos (SILVA, 1988).

No início do século XX, LeDuc introduziu o termo iontoterapia e formulou algumas


hipóteses.

Experimento de LeDuc

LeDuc utilizou dois coelhos unidos entre si por eletrodos embebidos com água para
fechar o circuito, em um dos coelhos aplicou o ânodo (+) e no outro coelho o cátodo
(-). No ânodo, adicionou a estricnina (+) e ao cátodo adicionou o cianureto (-) e em
seguida aplicou a corrente galvânica. Em poucos minutos, os dois coelhos morreram
com sintomas característicos de envenenamento: um, por estricnina, e o outro, por
cianureto. Isso significa que as substâncias foram introduzidas dentro dos coelhos.
Posteriormente, a experiência foi repetida com mais dois coelhos unidos entre si por
eletrodos embebidos com água para fechar o circuito, tendo aplicado, em um dos
coelhos, o ânodo (+) e no outro, o cátado (-). Desta vez, no coelho com o ânodo foi
aplicado o cianureto e no coelho com o cátodo (-) foi aplicado a estricnina. Neste caso,
nenhum dos coelhos morreu e foi detectado que as substâncias permaneceram nos
eletrodos.

Com esse experimento de LeDuc, pode-se observar que polos iguais se repelem e que
polaridades contrárias se atraem.

Portanto, a polaridade do polo ativo varia de acordo com o produto empregado, sendo
sempre a mesma polaridade dos íons que se pretende introduzir. E a polaridade do polo
passivo é sempre a polaridade contrária a do polo ativo.

Figura 4. Experiência de Leduc.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

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UNIDADE I │ELETROTERAPIA

A iontoforese permite introduzir substâncias iônicas no tecido por meio da ação da


corrente galvânica. É indicada para nutrir, hidratar e revitalizar o tecido cutâneo.

A via mais fácil de permeação dos íons medicamentosos na pele são os orifícios
glandulares sudoríparos, uma vez que a epiderme é uma barreira pouco permeável
para sua introdução. Alguns fatores podem influenciar no mecanismo de transporte
das drogas por meio da iontoforese, sendo eles: o comportamento dos íons do soluto
em solução incluindo a condutividade; a resistência do transporte do íon através da
pele; a composição do veículo utilizado (AGNES, 2013).

Figura 5.

Fonte: (AGNES, J.E, 2013).

A finalidade do tratamento estético da iontoforese é promover a permeação dos


princípios ativos.

O equipamento de iontoforese deve ser usado de acordo com a polaridade do produto.


Quando o produto for positivo, o aparelho deve estar programado na polaridade positiva
e, sendo o eletrodo ativo, deve estar conectado no fio positivo. Quando o eletrodo for
passivo, deve ser conectado no fio negativo e vice-versa, ou seja, quando o produto for
negativo, o aparelho deve estar programado na polaridade negativa e, sendo o eletrodo
ativo, deve ser conectado no fio negativo e o eletrodo passivo no fio positivo. Na
ionização facial, o tempo utilizado é de cinco minutos em cada polaridade. No corporal,
em média, é aplicado por dez a quinze minutos em cada polaridade.

As vantagens da iontoforese são (AGNES, 2013):

»» aplicação indolor;

»» efeito localizado;

»» permite tratamento de longa duração e não apresenta agressões digestivas.

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

Figura 6. Aplicação facial da iontoforese.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

As suas desvantagens são:

»» não deve aplicar produtos que são ionizáveis;

»» não há como saber, com exatidão, a quantidade de produto que foi


ionizado.

As indicações da iontoforese são:

»» hidratação;

»» nutrição;

»» acne;

»» rejuvenescimento;

»» discromia;

»» estrias;

»» celulite;

»» lipodistrofia;

»» flacidez dérmica.

As contraindicações são:

»» cicatrizes recentes;

»» próteses metálicas;

»» marca passos ou qualquer outro dispositivo eletrônico implantado;

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UNIDADE I │ELETROTERAPIA

»» gravidez;

»» cardiopatias / disritmias;

»» epilepsia;

»» câncer;

»» afecções dermatológicas;

»» processos inflamatórios;

»» febre;

»» alteração de sensibilidade.

Microcorrente
Na literatura especializada, encontramos diferentes e contraditórios conceitos sobre as
microcorrentes. A denominação MENS para as microcorrentes é imprópria, já que, pela
baixa intensidade que produzem, são incapazes de estimular as inervações sensoriais e
motoras. Wood, em 1992, relata que “a aplicação de microcorrentes não produz ativação
de fibras nervosas sensoriais cutâneas e não ocorre percepção de sensibilidade durante
a estimulação” (LACRIMANTI, 2008).

No Brasil, temos vários tipos de microcorrentes. Cabe ao profissional da estética escolher


o equipamento que irá atender melhor às suas necessidades. Devemos lembrar que
qualquer corrente elétrica em microamperagem é uma microcorrente.

A maioria dos equipamentos de microcorrente possui vários tipos de ondas, sendo elas:
onda leve ou Gentle; onda moderada ou Mild; onda forte ou Sharp; onda vibratória ou
Pulse.

De acordo com o modelo do aparelho fabricado, os controles de intensidade normalmente


permitem um ajuste de amplitude em torno de 10 a 900 microampères. Os controles
de frequência geralmente permitem ajustes de 0,5 a 900Hz (ou até 1000Hz) (BORGES,
2008).

Dentre alguns dos pioneiros em estudar os efeitos de correntes de baixa intensidade,


Cheng e cols.(1982) observaram que essas correntes teriam a capacidade de acelerar
a síntese proteica de ATPde 300 a 500%, além do incremento do transporte das
membranas e de aminoácidos de 30 a 40%(LACRIMANTI, 2008).

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

Agnes (2009) relata que, pelas propriedades físicas e biológicas das microcorrentes,
podemos afirmar que essas correntes praticamente não apresentam contraindicações,
podendo ser utilizadas em diferentes pacientes, bem como em tecidos com alterações
morfológicas e sensoriais. Assim, a microcorrente é indicada por suas diversas razões:
maior compatibilidade biológica com efeitos de cura a nível subumbral; neutraliza
com mais eficiência a polaridade oscilante das células lesadas; correntes menores que
600μA aumentam disponibilidade de ATP; aumenta a permeabilidade celular; aumenta
a capacidade local de síntese de proteínas e permite maior movimento de moléculas
(difusão).

As principais indicações são:

»» nas cicatrizes em regeneração;

»» no processo inflamatório;

»» nas úlceras de decúbito (ação reparadora e bactericida);

»» nas síndromes dolorosas de maneira geral;

»» nos pós-operatórios, em especial, nos das cirurgias plásticas faciais e


corporais;

»» na recuperação de queimadura.

Figura 7. Eletrotermofototerapia.

Fonte: (AGNES, J. E., 2013).

As indicações de microcorrente na estética são:

»» nas estrias, promovendo um rearranjo das fibras de colágeno;

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UNIDADE I │ELETROTERAPIA

»» na acne, em que sua ação é anti-inflamatória, antiedematosa, bactericida


e cicatrizante;

»» nos pós-operatórios de cirurgia plástica em que sua ação é anti-


inflamatória, antiedematosa e cicatrizante;

»» na flacidez dérmica;

»» no rejuvenescimento;

»» nas ptoses palpebrais e nas complicações da toxina botulínica.

Figura 8. Aplicação de microcorrentes facial com aparelho da Advice.

Fonte: (CARPANEZ, 2006).

As contraindicações são:

»» na área de marca-passo, podendo haver influência no funcionamento do


aparelho;

»» em casos de dor de origem desconhecida;

»» em pacientes desidratados, uma vez que pode causar náuseas, tonturas


e/ou dores de cabeça, podendo ocorrer ainda alergia;

»» irritação à corrente elétrica, principalmente quando for utilizada a


microcorrente contínua (BORGES, 2006).

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

Endermologia
Em torno do ano de 1990, as clínicas de estética introduziram no Brasil equipamentos
com bombas eletromecânicas que produziam sistema a vácuo.

Esses equipamentos utilizados para massagem mecânica estética foram denominados


de endermologia. Atualmente, são utilizados equipamentos eletrônicos a vácuo,
capazes de realizar uma massagem profunda por meio de sucção, gerando uma pressão
negativa sobre o tecido. Os equipamentos produzidos no Brasil, em média, produzem
uma pressão de até 600mmHg, sendo que alguns possuem o modo pulsado e contínuo.

Endermologia ou vacuoterapia constitui-se na técnica na qual se utilizam os


equipamentos a vácuo, cuja diferença entre elas está no manípulo utilizado. Na
vacuoterapia, utilizamos manípulos vazados e na endermologia utilizamos manípulos
com roletes. Quando se adiciona roletes no manípulo de sucção, duas coisas ocorrem:
a facilitação no deslocamento do manípulo, por diminuição do atrito, e a produção de
micro massagem no tecido, o que facilita a ruptura de aderências e fibroses. Nesse caso,
a técnica passa a ser chamada de endermologia.

Os objetivos da utilização dos equipamentos de endermologia/vacuoterapia são:


diminuir as fibroses, proporcionar a remodelagem, uniformizar a textura tecidual,
promover uma maior maleabilidade tecidual e ativar a circulação linfática.

Os efeitos produzidos pela endermologia/vacuoterapia são:

»» Hipervascularização: mobilização do sangue dos capilares cutâneos,


melhora do trofismo e favorecimento da alimentação celular.

»» Desfibramento: atua na melhora do trofismo e age na reestruturação


do tecido conjuntivo com entrada de enzimas e de elementos nutritivos e
elimina as toxinas.

»» Tonificação tecidual: promove uma manipulação linear, estimula a


produção do colágeno e da elastina e promove a tonicidade da pele.

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UNIDADE I │ELETROTERAPIA

Figura 9. Aparelho de endermologia/vacuoterapia da empresa Bioset.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

Aplicabilidade em tratamentos faciais

Nos tratamentos faciais, a vacuoterapia é indicada nos casos de acne, sequelas de acne,
envelhecimento cutâneo, pré e pós-operatório de cirurgia plástica, dermotonificação
facial, drenagem linfática condutiva e auxilia na extração de comedões.

Para a aplicação da dermotonia facial, a pressão máxima utilizada deverá ser 80mmHg.

Figura 10. Ventosas faciais.

Fonte: Adaptado (BORGES, F. S., 2010).

Aplicabilidade em tratamentos corporais

Nos tratamentos corporais, a endermologia/vacuoterapia é indicada nos casos de


lipodistrofia, fibroedemageloide, dermotonificação corporal, estrias, pré e pós-
operatório de cirurgia plástica, pós-operatório de cirurgia reparadora de câncer de
mama, fibroses, aderências e drenagem linfática condutiva corporal.

As pressões máximas utilizadas: no fibroedemageloide fibroso, a pressão negativa


máxima deverá ser de 180mmHg; no fibroedemageloide edematoso, a pressão negativa

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ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

máxima deverá ser de 120mmHg; na lipodistrofia túrgida ou compactada, a pressão


negativa máxima deverá ser de 200mmHg; na lipodistrofia flácida ou infiltrada, a
pressão negativa máxima deverá ser de 120mmHg e na dermotonificação corporal, a
pressão negativa máxima deverá ser de 160mmHg.

Figura 11. Ventosas corporais.

Fonte: Estéticas. (BORGES, F. S., 2010).

Corrente russa
A corrente “Russa” é uma corrente excitomotora de média frequência utilizada para
o fortalecimento muscular e foi aplicada pela primeira vez pelo fisiologista russo
YadovKots.

Denomina-se “Russa”, pois na década de 1980 – com a criação da estação MIR– os


cosmonautas Russos começaram a apresentar problemas na musculatura devido
à estadia de até 8 meses dentro da estação espacial. Após essa constatação, foram
iniciadas pesquisas e várias experiências buscando algum tipo de corrente excitomotora
que atuasse com eficácia na musculatura.

Os benefícios da eletroestimulação por corrente russa são: ativar de 30% a 40% a mais
de unidades motoras; gerar uma troca específica da frequência da modulação; modificar
potencialmente a composição da fibra muscular; e, num curto prazo, desenvolver uma
excelente força muscular.

23
UNIDADE I │ELETROTERAPIA

Média frequência

É toda corrente pulsada e intervalada, acima de 1000Hz de frequência, capaz de gerar


contração muscular. Sua atuação é mais confortável e atinge planos mais profundos da
musculatura, por permitir atuar com intensidades maiores.

A corrente russa é uma corrente alternada interrompida com frequência de 2.500Hz,


que pode ser modulada de acordo com o objetivo. Quando ela foi criada, sua modulação
era de 50 Hz; porém, hoje, sua modulação é de 5 Hz a 150 Hz.

As indicações da eletroestimulação são utilizadas em diversos protocolos, seja na


prevenção da hipertrofia muscular, seja na reabilitação de um trauma ou até mesmo na
modelagem corporal.

A colocação dos eletrodos deve ser de acordo com o sentido da fibra muscular. Para o
profissional estar apto a operar este equipamento, é necessário um curso prático, pois
é necessário conhecer origem, inserção e ponto motor de cada musculatura, para não
gerar lesões nas fibras musculares. Segue a seguir algumas colocações de placa.

Figura 12. Corrente russa.

Fonte: (AGNES, J. E., 2005).

Objetivos da eletroestimulação muscular são:

»» manter a qualidade e a quantidade do tecido muscular;

»» recuperar a sensação de tensão muscular (tônus);

»» aumentar ou manter a força muscular;

»» estimular o fluxo sanguíneo nos músculos;

24
ELETROTERAPIA│ UNIDADE I

»» manter os músculos em um ótimo nível.

Indicações da corrente russa são:

»» tratamentos faciais;

»» pós-emagrecimento;

»» pré e pós-lipoaspiração;

»» pós- parto;

»» hipotonia muscular de membros superiores e membros inferiores;

»» fortalecimento e aumento do tônus muscular;

»» melhora do desempenho dos atletas;

»» preparação para qualquer tratamento estético;

»» reeducação postural;

»» estimular o fluxo sanguíneo e linfático.

25
ELETROTERAPIA UNIDADE II
BÁSICA CORPORAL

CAPÍTULO 1
Eletrolipólise

A eletrolipólise, também chamada de eletrolipoforese, é uma técnica destinada ao


tratamento das adiposidades e do acúmulo de ácidos graxos localizados. Caracteriza-
se pela aplicação de microcorrente específica de baixa frequência (ao redor de 25 Hz)
que atua diretamente com os adipócitos e com lipídios acumulados produzindo sua
destruição e favorecendo sua posterior eliminação.

Estas duas denominações não podem ser confundidas com a eletroforese, que é uma
forma de utilização da corrente galvânica sem a adição de princípios ativos e que se
constitui em um mecanismo e ação complementar aos tratamentos estéticos.

Um dos maiores problemas profissionais da área de estética no Brasil é a falta de uma


nomenclatura uniforme, que não cause problemas na interpretação e/ou na execução
de artigos ou trabalhos científicos.

A célula e a eletroterapia
A célula é um elemento vivo que possui a capacidade de reagir aos estímulos elétricos,
da mesma forma que reage a estímulos de natureza hormonal, térmica, mecânicas e
fotoquímicas. A diferença básica é que as células usam átomos carregados, ou seja,
íons, para o movimento das cargas. Quando falamos da eletricidade em circuitos não
humanos, temos a movimentação de elétrons.

As células são circuitos úmidos, que operam em um meio salino de condutividade,


como por exemplo: um único íon de hidrogênio que contenha um próton tem 2.000
vezes a massa de um elétron. Entretanto, há uma grande diferença entre a eletricidade
direta. Quando a colocamos direto no corpo humano, mostrando a reação que se

26
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

produz nos tecidos em relação a simples passagem dos elétrons secos, movimentam-se
no organismo os íons úmidos, que nos levarão a reações desejadas.

A eletrolipoforese terapêutica, como dito anteriormente, atua no tecido adiposo,


produzindo sua destruição e eliminação. O campo elétrico que se origina entre os
eletrodos provoca, no local da aplicação, uma série de modificações fisiológicas que são
responsáveis pelo fenômeno da eletrolipólise.

Efeitos fisiológicos

Os principais efeitos fisiológicos proporcionados pela eletrolipólise são: efeito joule,


efeito eletrolítico, efeito de estímulo circulatório e efeito neuro-hormonal.

Efeito joule

O efeito joule ocorre quando a corrente elétrica, ao circular por um condutor, realiza
um trabalho que produz calor ao atravessar esse mesmo condutor. O aumento de
temperatura que é produzida na eletrolipoforese não atinge os tecidos orgânicos, visto
que se trata de uma corrente com uma intensidade muito pequena, porém suficiente
para contribuir para a instalação de uma vasodilatação com aumento de fluxo sanguíneo
local. Desta forma, é estimulado o metabolismo celular local, facilitando a queima de
calorias e melhorando o trofismo celular.

Efeito eletrolítico

Em condições normais, a membrana celular é semipermeável e separa dois meios


de composição iônica diferente, sendo o meio intracelular é eletronegativo e o meio
extracelular é eletropositivo.

O campo elétrico gerado por esta corrente na eletrolipoforese induz o movimento


iônico, que traz consigo modificações na polaridade da membrana celular. A célula
tende a manter seu potencial elétrico de membrana normal, uma vez que essa atividade
consome energia celular.

Efeito de estímulo circulatório

O ligeiro aumento de temperatura que se instala no local (efeito joule) contribui em


parte para a instauração de uma vasodilatação, pois a corrente atua com estímulo direto
nas inervações, promovendo uma ativação da microcirculação.

27
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

Efeito neuro-hormonal

O tecido adiposo representa a principal reserva energética do organismo. Longe de um


simples reservatório, o adipócito possui uma intensa atividade metabólica, pois ele
forma triglicerídeos (liposíntese) e os armazena, decompondo-os (lipólise), segundo
a demanda do organismo. A mobilização das gorduras de reserva, ou seja, a lipólise,
ocorre graças a uma enzima hormônio dependente, o triglicerídeo lipase. Esta enzima
desintegra os triglicerídeos em ácidos graxos e em uma molécula de glicerol. Os ácidos
graxos assim produzidos são, em grande parte, expulsos da célula, a menos que estejam
em um local com excesso de glicose e que voltem a formar triglicerídeos.

Ao contrário, o glicerol liberado não pode ser usado novamente e é captado pelo fígado
que o metaboliza em glicose.

Cada adipócito contém grandes quantidades da enzima digestiva de gordura, em sua


forma inativa, que é a lipase. Alguns hormônios, em especial o cortisol, do córtex
suprarenal, e a epinefrina, da medula suprarenal, podem ativar a lipase. O sistema
neuro-hormonal influi sobre a lipólise, estimulando o sistema simpático, que é ativado
enquanto a estimulação parassimpática diminui.

O Sistema Nervoso Simpático atua por mediação das catecolaminas (adrenalina e


noradrenalina), ou seja, a ativação destas últimas se efetua por intermédio do AMP
cíclico, que estimula certas proteína quinases, o que determina a ativação de lipase
tissular.

Quando se utiliza uma corrente específica de baixa frequência durante a eletrolipoforese,


produz-se uma estimulação do Sistema Simpático e, como consequência, ocorre a
liberação de catecolaminas com aumento do AMP cíclico intra-adipocitário, bem como
o aumento da hidrólise dos triglicerídeos.

Princípios de ação da eletrolipoforese

A eletrolipoforese é uma forma de treinamento de eletroterapia que utiliza a corrente


bidirecional com alternância de polaridade a cada segundo e que trata a gordura
localizada e a celulite em seus diversos graus, por meio de uma estimulação da pele em
4 etapas, compostas por 4 ondas, de acordo com a explicação a seguir.

Para se obter êxito na aplicação, bem como no direcionamento das formas de onda,
temos que nos preocupar com o ajuste da frequência, que determina o direcionamento
e ação específica a cada forma de onda.

28
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

»» Onda A: é uma forma de estimulação com uma frequência de 50 Hertz,


que diminui a resistência intrínseca da pele, bem como a sensibilidade
do tecido.

»» Onda B: possui uma frequência mais baixa, em torno de 30 Hertz,


destinada a uma ação preferencial na derme, com o objetivo de estimular
as células, principalmente o fibroblasto, que justifica a ação de melhora
na tonicidade, sobretudo, a sua ação na drenagem intersticial visando
a uma diminuição do edema instalado. Tem-se, então, tanto o efeito
de vasodilatação pela ativação da microcirculação, como a ação anti-
inflamatória pela reabsorção dos metabólitos.

»» Onda C: esta forma de onda tem frequência de 10 Hertz e atua diretamente


sobre o adipócito por meio da estimulação elétrica das terminações do
sistema neurovegetativo simpático. Esta estimulação agirá de forma a
desencadear uma liberação do AMP ciclo intra-adipocitário. Os adipócitos
das regiões envolvidas no processo celulítico assumem uma atitude
estática. Esta forma de onda fará com que haja uma excitação celular,
incrementando o aumento na produção do AMP cíclico e aumentando
também a produção dos produtos da degradação dos lipídios.

»» Onda D: esta onda tem a característica de estimulação direta muscular,


sendo que a frequência de trabalho deve ser direta para o músculo, ou
seja, de 5 Hertz, e pode ser usada ao final do tratamento para promover o
aumento de circulação.

Método de aplicação

A eletrolipólise tem duas formas de aplicação, levando-se em conta as seguintes


precauções iniciais: a pele deve estar íntegra, sem lesões cutâneas, observando-se ainda
que o paciente não deve ter feito nenhum procedimento esfoliativo prévio, tal como a
depilação por cera; a região não pode ter tumor ações; a pele deve estar sem cremes ou
produtos; não pode ser aplicada em pacientes que façam uso prolongados de corticoides
e progesterona; não pode ser aplicada a pacientes que tenham doenças uterinas, como
fibromas.

Método com agulha

Os eletrodos são agulhas de acupuntura de 15 cm de comprimento com 0,3 mm de


diâmetro, de uso único. As correntes são contínuas, mas existem algumas correntes

29
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

utilizadas para a prática da eletrolipoforese que são alternadas. O pulso bifásico


assimétrico (como o pulso do TENS) é uma forma de onda utilizada na eletrolipoforese.
As agulhas podem medir entre 4, 5, 7 e 12 cm, introduzidas até a hipoderme, utilizando-
se uma distância de 4 cm entre elas. São sugeridas as agulhas de acupuntura, fabricadas
em aço inoxidável ou em prata, descartáveis, medindo de 0,25 a 0,3 mm de diâmetro
com comprimentos que variam de 1 a 3 cm, ou de 10 a 12 cm. As agulhas mais grossas,
de 0,30 mm de diâmetro apresentam melhores efeitos.

A técnica de aplicação consiste em, primeiramente, colocar o paciente em posição


cômoda com a área de tratamento exposta. Em seguida, antes de penetrar a agulha,
devem ser realizados os procedimentos de assepsia e antissepsia pertinentes ao
procedimento.

Nesta área tratada, normalmente, pinçamos o tecido com uma das mãos, comprimindo
a pele intensamente, procurando dar a angulação necessária para a colocação da agulha.
Com a outra mão, seguramos a agulha, a uma distância máxima de 0,5 cm da ponta
do bisel, evitando-se que, no ato da penetração, a agulha fique fletida e perca o seu
direcionamento. Devem ser introduzidos pares de agulhas de forma paralela, de acordo
com a saída dos cabos no aparelho. As agulhas são separadas por aproximadamente 4
cm, de modo que cubram toda a área a tratar. Inicia-se a sessão com uma intensidade
mais baixa, aumentando-a gradativamente, até o limiar suportável do cliente.

Caso o cliente sinta dor durante a introdução da agulha, significa que ela está mal
posicionada e que, ao entrar em contato com as aponeuroses da pele – que são
estruturas ricamente inervadas – respondem com os sinais da dor. As agulhas devem
ser introduzidas sobre o tecido cutâneo, até o panículo adiposo. A inexistência de
sangramento e de dor irá garantir que a introdução da agulha no tecido adiposo foi
efetuada de forma correta.

Para não manchar a pele, o paciente não pode se expor ao sol, após o tratamento, caso
surjam hematomas e equimoses.

30
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

Figura 13.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

Método com placas de silicone

Os eletrodos são tiras de silicone, que são acopladas com gel de contato e fixadas
com micropore. Essas tiras são colocadas paralelamente na área a ser tratada, a uma
distância de 4cm.

Em ambos os métodos de aplicação, o tempo de duração é de 50 minutos, sendo


que, após esse tempo, costuma-se aplicar algum tratamento complementar como:
eletroestimulação muscular, plataforma vibratória, drenagem linfática, estimulação de
pontos de acupuntura etc. Quase sempre é somado ao tratamento uma dieta hipocalórica
e hidrossalina controlada, a fim de favorecer a saída de água intracelular.

A intensidade da corrente aumentará em função da sensibilidade do paciente, de forma


que não resulte em dor intensa. Vale ressaltar que a pessoa tratada deve notar uma
sensação de “pico máximo não doloroso” e esta será ajustada segundo a sua tolerância,
preocupando-se com a acomodação individual. Após a acomodação, a intensidade
deverá ser aumentada quantas vezes forem necessárias. É também necessário que o
cliente tenha a sensação de picadas que chegam ao limite do desagradável. Durante a
sessão, no processo de acomodação, é preciso aumentar progressivamente a intensidade
da corrente, pois, somente assim, serão obtidos os resultados desejados.

As sessões podem ser semanais, com o número mínimo de 6e podendo alcançar até 10
sessões, devendo-se levar em conta que os efeitos se prolongam durante umas semanas
a mais e que os resultados devem ser aguardados por até 45 dias após o término do
tratamento. Normalmente, os resultados tornam-se mais significativos a partir da 3a
sessão.

Indicações:

»» tratamento de celulite;
31
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

»» tratamento de lipodistrofia localizada;

»» pós-lipoaspiração, como complemento da cirurgia, nos casos de pequenas


gordurinhas;

»» para diminuição do perímetro em abdome, membros inferiores, região


trocantérica e glúteos.

Contraindicações:

»» transtornos cardíacos (alteração do rítmo e da condução; insuficiência


cardíaca) e portadores de marca-passo e cardiopatias congestivas;

»» pinos ou placas no corpo, em áreas onde a corrente elétrica será aplicada;

»» gravidez em qualquer idade gestacional;

»» clientes renais crônicos (insuficiência renal);

»» trombose venosa profunda ou estado venoso catastrófico;

»» patologias ginecológicas, tipo fibroma uterino;

»» utilização de medicamentos como corticosteroides, anticoagulantes e


progesterona;

»» neoplasias;

»» alterações dermatológicas na área a tratar (dermatites, dermatoses,


feridas, inflamações, eczemas etc.);

»» epilepsia.

Quando trabalhamos a eletrolipólise com agulha, podem ocorrer possíveis complicações


e efeitos secundários no panículo adiposo. Pode ocorrer hematoma na área tratada, o
que não trará nenhuma complicação para o cliente. No método da aplicação de agulhas
superficiais, poderá ocorrer um pequeno eritema, causado pela passagem de corrente
na pele e que desaparecerá por si só, em poucas horas. Há também a descrição do
aparecimento de pequenos pontos necróticos superficiais no local de introdução da
agulha. As causas que podem determinar a aparição desse incidente não estão claras,
entretanto, caso apareçam, sua cura ocorrerá sem maiores complicações.

A eletrolipólise é um método bastante eficaz, quando conjugado com outras técnicas


como a da aplicação do ultrassom, da ionização, da plataforma vibratória e da corrente
russa, que dará, certamente, uma resolução a vários aspectos no tratamento da celulite
e da gordura localizada.

32
CAPÍTULO 2
Pressoterapia

Definição de pressoterapia
É um recurso indispensável nos tratamentos corporais e pós-cirúrgicos que proporciona
a ativação da circulação de retorno, estimulando a reabsorção dos líquidos intersticiais
e das toxinas retidas.

A pressoterapia possibilita a entrada do líquido intersticial nos vasos sanguíneos e,


consequentemente, promove o aumento do volume de líquido circulante, que ocasionará
o aumento da pressão arterial.

Com a aplicação da pressoterapia, aumentará a pressão sobre os vasos e facilitará a


drenagem linfática.

O aparelho de pressoterapia pode ser formado por câmaras independentes (pés,


panturrilhas, coxas e abdome) que permitem uma melhor aplicabilidade, praticidade
e higiene, possibilitando uma drenagem cíclica sequencial de modo que exerçam uma
série de pressões sincronizadas com um sentido centrípeto que é encarregado de realizar
a drenagem.

Alterações circulatórias
Quando falamos de sistema de retorno, a circulação fica alterada, ocasionando
transtornos cada vez mais frequentes. Alguns problemas podem surgir, como:

»» ortostatismo;

»» sedentarismo;

»» obesidade;

»» temperatura;

»» fatores mecânicos.

Um dos sinais mais comuns do aparecimento desses transtornos é a sensação de peso


nas pernas e o cansaço exagerado.

33
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

Os benefícios da pressoterapia incluem:

»» favorece a reabsorção dos líquidos intersticiais e das toxinas retidas;

»» ativa a drenagem venosa e linfática, normalizando a circulação de retorno;

»» aumenta a elasticidade e a resistência dos tecidos;

»» promove um efeito relaxante.

Indicações:

»» celulite;

»» obesidade;

»» edemas;

»» infiltração (retenção de líquidos);

»» prevenção de varizes;

»» pré e pós-cirúrgico.

Como usar?

»» Posicione as câmaras (independentes ou conjugadas);

»» Ajuste o tempo da aplicação entre 30-40 minutos;

»» Ajuste a pressão entre 40-80mmHg de acordo com o conforto do cliente.

Contraindicações:

»» feridas;

»» cicatrizes recentes;

»» próteses metálicas;

»» marca-passos;

»» gravidez;

»» cardiopatias;

»» epilepsia;

34
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

»» câncer;

»» afecções dermatológicas;

»» processos inflamatórios;

»» febre;

»» alteração de sensibilidade;

»» problemas renais.

Figura 14. Modelos de bota, cinta e luva.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

Figura 15. Enchimento dos artefatos pneumáticos em forma de cinta para a região abdominal e enchimento dos

artefatos pneumáticos para os membros superiores.

Fonte: (BORGES, F. S., 2010).

35
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

Ultrassom
Ultrassom é uma onda mecânica que consiste em vibrações de alta frequência. As
frequências das ondas ultrassônicas variam de 20.000 a 20.000.000 de ciclos, que
são inaudíveis ao ouvido humano. Essas frequências podem variar de 1MHz (US
fisioterápico), 3MHz e 5 MHz (US estético). Atualmente, a frequência utilizada na
estética é a de 3MHz.

O Ultrassom só tem ação importante até uma determinada profundidade de penetração.


Essa profundidade depende da frequência ultrassônica. Quanto maior for a frequência,
menor sua profundidade de atuação e menor deve ser a intensidade aplicada. As
frequências maiores são indicadas para os tratamentos de tecidos superficiais.

Cavitação

O ultrassom promove a cavitação, que é um termo que descreve a formação de cavidades


ou bolhas no meio líquido, contendo variáveis de gás ou vapor (GUIRRO, 2002). A
cavitação pode ser estável ou instável.

Cavitação estável

É uma forma pouco agressiva, estando associada à vibração dos corpos gasosos que
oscilam geralmente de forma não linear. Quando tais oscilações estão estabilizadas,
as bolhas de gás produzem um fluxo ou ondulações no meio, conhecidas como micro-
ondulações acústicas ou correntes acústicas.

Esse fenômeno pode resultar em alterações terapeuticamente vantajosas, como:


aumento da síntese proteica, aumento da secreção dos mastócitos, aumento da absorção
do Ca+, aumento da produção pelos fatores de crescimento pelos macrófagos, alteração
na mobilidade dos fibroblastos.

Cavitação instável

Ocorre quando há uma violenta implosão de bolhas, se o pico da intensidade for


suficientemente alto.

O colapso dessas bolhas libera energia que pode romper as ligações moleculares,
provocando a produção de radicais livres, íons hidrogênio e íons hidroxila, que são
altamente reativos.

36
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

Essa reação ocorre quando há presença de ondas estacionárias (superposição de ondas).


Para evitar essa reação, é importante a constante movimentação do cabeçote transdutor
durante a aplicação.

Mecanismos físicos

Quando o ultrassom penetra no corpo, exerce um efeito sobre as células e tecidos


mediante dois mecanismos físicos: o mecanismo térmico e o mecanismo atérmico.

O mecanismo térmico ocorre quando aplicamos o US no modo contínuo, em que


ele produz três efeitos: térmico, químico e mecânico. O mecanismo atérmico ocorre
quando o US está no modo pulsado, no qual é produzido apenas dois efeitos: o químico
e o mecânico.

Efeitos fisiológicos

Efeito térmico

O ultrassom é uma energia que se propaga pelo tecido e, durante a propagação, essa
energia é absorvida.

A energia absorvida é transformada em calor, aumentando a temperatura do tecido,


produzindo vasodilatação e um importante aumento da circulação sanguínea.

O efeito térmico estimula o metabolismo celular, promove uma ação analgésica e anti-
inflamatória na zona afetada e melhora a circulação local e regional, promovendo uma
leve hiperemia (SILVIA,1997).

Efeito mecânico

Como o ultrassom é uma irradiação mecânica, precisa de matéria vibrando para se


propagar, logo, o ultrassom aumenta o estado vibratório do tecido como um todo e de
suas células em particular.

Esse aumento do estado vibratório produz aumento na distância média intercelular,


aumentando a permeabilidade do tecido e, com isso, facilitando a permeação de
princípios ativos.

O efeito mecânico gera uma micromassagem nos tecidos, aumentando a permeabilidade


das membranas celulares, acelerando o intercâmbio de fluidos, favorecendo os processos

37
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

de difusão e melhorando o metabolismo celular e auxiliando na liberação de aderências,


pela separação das fibras colágenas.

Efeito químico

A passagem do ultrassom produz vários efeitos químicos importantes. Para a estética,


existem dois efeitos importantes em particular:

»» Aumento da concentração de substâncias vasodilatadoras, que produzem


aumento circulatório. É importante ressaltar que o aumento circulatório
ocorre devido a duas causas distintas que se sobrepõem: o efeito térmico
e o efeito químico descrito acima.

»» Aumento da concentração de cálcio (Ca) na derme, o que provoca ativação


de fibroblasto, aumentando a produção de colágeno e fibras elásticas.

O efeito químico gera a liberação de substâncias vasodilatadoras, facilitando a dispersão


dos líquidos e a desagregação de moléculas complexas, gerando reações químicas como
a liberação de substâncias vasodilatadoras, histamina (LOW; REED, 2001).

Indicações do ultrassom na estética


»» fibroedemageloide;

»» lipodistrofia compactada;

»» fibroses;

»» aderências;

»» pós-operatório.

Contraindicações do ultrassom
»» útero gravídico e gônadas;

»» câncer;

»» área cardíaca;

»» coluna vertebral;

38
ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL│UNIDADE II

»» anormalidades vasculares, ex.: TVP, êmbolos;

»» olho;

»» crânio;

»» hemofílico;

»» implantes metálicos.

Aplicação do ultrassom
A maneira mais utilizada para aplicar o US é o método direto. Esta técnica é utiliza por
um meio de acoplamento (gel), sem propriedades medicamentosas e/ou cosméticas.

Este método permite um perfeito contato de toda a superfície do cabeçote com a área a
ser tratada.

O meio de acoplamento facilita o deslizamento do transdutor e é um meio de transmissor


da onda ultrassônica e evita queimaduras.

Jamais podemos deixar o transdutor parado, para que não ocorra queimaduras e
também a superposição de ondas, as chamadas ondas estacionárias.

Outro método de aplicação é a fonoforese. Neste método, o meio de acoplamento é o gel,


que possui propriedades medicamentosas e/ou cosméticas, para que haja a permeação
das substâncias e elas tenham ação na patologia a ser tratada.

Figura 16.

Fonte: (BORGES F. S. 2010).

39
UNIDADE II │ELETROTERAPIA BÁSICA CORPORAL

Cuidados com o ultrassom


Nunca deixar o cabeçote parado, pois ele deverá estar em constante movimento; não
deixar o cabeçote virar no ar enquanto ligado; não deixar o cabeçote cair no chão,
pois poderá danificá-lo, principalmente seu cristal; limpar bem o cabeçote após a sua
utilização, nunca utilizá-lo em outro cliente sem efetuar a devida assepsia.

Com todos esses cuidados, evitamos alguns tipos de lesões, principalmente os riscos
de queimaduras, preservando sempre a integridade do cliente, bem como a vida útil do
aparelho.

40
ELETROTERAPIA
AVANÇADA FACIAL UNIDADE III
E CORPORAL

CAPÍTULO 1
Carboxiterapia

Introdução à técnica de carboxiterapia


A administração subcutânea de CO₂ é o termo empregado para a técnica na qual há a
administração do CO₂ corpóreo para fins terapêuticos.

Teve inicio na década de 1930, na França, principalmente na cidade de Royat, iniciando-


se os tratamentos para pacientes com insuficiência vascular periférica.

A técnica da carboxiterapia é usada hoje na estética e chegou da Europa para revolucionar


os tratamentos de lipodistrofias localizadas, fibroedemageloide – FEG, estrias, flacidez
de pele, olheiras, rejuvenescimento facial e das mãos, pós-operatório de cirurgias
plásticas e alopecias.

Atualmente, é realizada de forma injetada com um auxílio de uma máquina, aplicada


de forma estéril.

CO2
O gás carbônico pode ser encontrado na natureza, sob diferentes formas, como água
mineral, água termal, gás termal e lama termal. A terapêutica com o CO₂, por meio
dos recursos naturais, para o tratamento de doenças de etiologia diversas e alterações
morfológicas da pele e tecido adiposo, utiliza água termal, gás termal e lama termal.

A terapêutica com o CO₂ industrial é obtida por meio de reações químicas ou por
combustão de diferentes elementos químicos.

41
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

O gás carbônico, também conhecido como dióxido de carbono, anidro ou anidro


carbônico, é um composto químico formado por um átomo de carbono e dois átomos
de oxigênio. A forma molecular é o CO2 e fórmula química O=C=O.

O CO2 fornece uma aparência incolor ao gás, com sabor levemente ácido, inerte, atóxico
e não inflamável.

O CO2 é um gás metabólico normal do nosso organismo, presente na corrente sanguínea,


sendo eliminado constantemente pelos pulmões.

O fluxo e volume total do gás injetado durante o tratamento estão abaixo do volume
produzido pelo organismo em repouso, que é de 200cc por minuto. Durante o exercício
físico, esse volume pode aumentar 10 vezes.

O volume injetado

O volume total injetado gira em torno de 500 mL a 2.000mL, podendo atingir 3.000mL
em casos de grandes depósitos de gordura. Em média, nos tratamentos de celulite,
gordura localizada, estrias ou pós-operatório, injetamos 1.500mL por sessão em cada
paciente, de acordo com o tamanho da região a ser tratada.

Resultados de estudos apresentados em alguns congressos informam que a quantidade


injetada total de 2.000mL é considerada uma quantidade fisiológica não excessiva
(BORGES, 2010).

Efeitos adversos

»» Sistêmicos (elevação da Pco2):

›› náusea;

›› vômito;

›› dificuldade respiratória.

»» Locais:

›› Punção:

›› dor;

›› equimose;

42
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

›› hematoma;

›› sangramento.

›› gás;

›› ardência;

›› queimação ou dor;

›› crepitação;

›› enfisema subcutâneo (desaparece com o tempo).

Figura 17. Equimose (A) na pálpebra inferior e (B) no braço, após a infusão controlada com CO₂. (C) distensão

com crepitação da parede abdominal anterior. (D) Sangramento no local da punção.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Indicações da carboinsuflação

»» fibroedemageloide;

»» lipodistrofia;

43
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

»» pré e pós lipoaspiração (21 a 30 dias de P.O.);

»» flacidez dérmica facial e corporal;

»» estrias;

»» cicatrizes de acne;

»» revitalização facial e corporal;

»» microvarizes;

»» feridas crônicas;

»» rugas finas ao redor dos olhos e da boca;

»» psoríase;

»» alopécia ou cálvice;

»» úlcera na perna;

»» olheiras;

»» fibroses;

»» queimados.

Contraindicação da carboinsuflação

»» comprometimento imunológico (alergias, pruridos, urticárias);

»» quelóide e lúpus;

»» doenças infecciosas;

»» acne pustulosa;

»» gravidez;

»» cardiopatias;

»» doenças pulmonares;

»» distúrbios psiquiátricos;

»» herpes simples e zoster;

44
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

»» processos neoplásicos;

»» febre.

Mecanismo de ação

»» vasodilatação;

»» neoangiogênese;

»» potencialização do efeito Bohr;

»» aumento da velocidade microcirculatória;

»» ativação de barroceptores cutâneos.

A injeção do CO₂ promove um aumento da vascularização, que é a hiperemia.

Trabalhos comprovaram o aumento da pressão parcial de O2, por meio do exame Dopller,
devido à potencialização do efeito Bohr, pela redução da afinidade da hemoglobina pelo
O2.

O oxigênio na presença do gás carbônico diminui sua ligação com a hemoglobina, torna-
se mais disponível às células, trazendo então os benefícios da hiper oxigenação tecidual
em forma de estímulo à produção de colágeno e aumento da lipólise.

No interior do eritrócito o CO₂, por um processo de hidratação, forma o ácido carbônico,


com a ajuda de uma enzima catalisadora denominada anidrase carbônica. Em seguida,
a dissociação iônica do ácido carbônico é rápida e espontânea, sem a necessidade de
enzima, formando íons hidrogênio e o bicarbonato.

Quando aumenta a concentração desses íons dentro do eritrócito, o bicarbonato e uma


pequena quantidade de hidrogênio difundem-se para fora. O hidrogênio liberado liga-
se à hemoglobina (Hb), formando desoxihemoglobina (HHb) e oxigênio (O2).

Logo, aumenta a acessibilidade da molécula de O2 para as reações químicas, como


o carreamento de gás carbônico nos capilares periféricos e seu descarreamento nos
capilares pulmonares.

Ação farmacológica do gás

O gás carbônico é um potente vasodilatador e o aumento do fluxo sanguíneo se dá pela


chegada de hemoglobinas carreadas de oxigênio.

45
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Efeito Bohr

Maior afinidade da hemoglobina pela molécula de CO₂ do que pelo O2. O aumento de
fluxo sanguíneo chega com hemácias cheias de O2 e liberam esse O2 para capturar o CO₂
que serão eliminadas pelo organismo aumentando, consequentemente, o O2 na região
tratada.

Figura 18. Efeito Bohr dentro da hemácia, após a infusão controlada do dióxido de carbono – ou carboxiterapia.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Ação mecânica do gás

Ocorre deslocamento por meio da infusão do gás. O deslocamento gera processo de


cicatrização (21o dia pico de colágeno e retração), quandoocorre a ruptura da membrana
do adipócito (ação lipolítica).

46
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Figura 19.

Fonte:<http://www.espacocorpovital.com.br/index.php/tratamentos/tratamentos-corporais/carboxiterapia>. Acesso em:


26/6/15.

Efeitos fisiológicos

Estímulo circulatório sanguíneo, potencialização do Efeito Bohr, ação bioquímica:


liberação de bradicinina, catecolamina, histamina e serotonina, carbolipólise e ação no
tecido conjuntivo.

Aplicações clínicas

O fluxo e o volume total de gás infiltrado são controlados com equipamentos apropriados.

No Brasil, atualmente, existem diversas marcas e modelos de aparelhos, registrados pela


Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e sua aplicação oferece conforto e
segurança.

O aparelho liga-se a um cilindro de ferro por meio de um regulador de pressão


(manômetro) de gás carbônico e é injetado por via de um equipo (sonda) com uma
agulha pequena (agulha insulina-30 G1/2) diretamente através da pele do paciente.

O fluxo de CO₂ infundido pode ser de 20 até 300 ml/min, sendo que a maioria dos
equipamentos vai até 150 mL/min.

47
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Técnica de aplicação

Existe a aplicação via percutânea ou via transcutânea (subcutânea).

O acesso pela via percutânea consiste na exposição da superfície externa da pele ao


CO₂, usualmente utilizado nos banhos com água carbonada termal ou nos banhos com
água carbonada industrial, enriquecida com gás carbônico medicinal.

A via transcutânea ou subcutânea é empregada para a infusão tecidual do CO₂ por


meio de injeções, em um procedimento denominado “infusão controlada do CO₂ ou
“carboinsuflação”.

Planos anatômicos

São três planos anatômicos: plano profundo, plano intermediário e plano superficial.

O plano profundo é indicado para auxílio na diminuição do tecido gorduroso, para


incremento da circulação dos planos mais profundos.

O plano intermediário é indicado para que haja um descolamento desse tecido, das
eventuais traves fibrosas que cursam com o aparecimento das celulites e para maior
homogenização dessa pele, alisamento das estruturas, diminuição das irregularidades.

O plano superficial é indicado em algumas sessões dos tratamentos. É indicado em


algumas regiões específicas onde apresenta flacidez, para a estimulação do colágeno:
estrias, flacidez de pele, rejuvenescimento (bem interessante). Nos casos de olheiras,
para ativar a circulação, utiliza-se também o plano superficial.

Figura 20. (A) Aplicação do gás carbônico no abdômen, área de atuação do CO2 – II. (B) Aplicação do gás na

face interna do joelho, área de atuação do CO2 – III.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

48
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Figura 21.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Medida de precaução

Apenas por medida de precaução e não como interação medicamentosa propriamente


dita, o CO₂ não deve ser usado em conjunto com qualquer tipo de droga adrenérgica.
Produtos que contenham adrenalina ou qualquer um dos derivados – em particular os
anestésicos locais, que apresentam vasoconstritores na formulação – não devem ser
usados na aplicação terapêutica do CO₂.

Fluxo de gás

Na maioria dos equipamentos, os fluxos variam de 20mL/min a 150mL/min. Hoje já


temos equipamentos mais modernos com fluxos maiores nos quais podemos programar
para que os fluxos vão aumentando lentamente, para que o paciente não sinta tanto
desconforto.

Na prática clínica, um fluxo de 80mL/min atende à maioria das situações e os pacientes


suportam bem.

kaffer (Ano) mencionou que o fluxo entre 80mL/min e 150mL/min é o ideal para
promover lipólise e estímulo para a formação de tecido conjuntivo.

49
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Material descartável

O equipo deverá ser descartável, trocado a cada paciente e a cada sessão. A agulha
também deve ser descartável.

Nunca reaproveite o equipo!!!

Infelizmente, nos dias atuais, ainda existem vários profissionais reaproveitando


o equipo e isto é inaceitável.

Antes de iniciar o tratamento, “esgote” 20 mL de gás, pois isso garantirá que todo o
circuito até o paciente esteja preenchido com o CO₂ medicinal, a fim de que não se corra
risco de ter ar parado no equipo.

Indicações de aplicações de acordo com cada


patologia

Celulite

Com a terapia carboxiterapia no tratamento do FEG, observa-se uma vasodilatação


importante, e aumento significativo do fluxo vascular, demonstrando significativo
resultado da técnica da carboxiterapia neste tipo de afecção.

A técnica é indicada para este tipo de afecção. Em estudo realizado em mulheres


acometidas de graus variados de celulite na região glútea, após 10 sessões de
carboxiterapia, houve uma redução significativa quanto ao grau da celulite e quanto ao
quadro álgico.

Aplicar um fluxo acima de 80mL/min respeitando o limiar de dor, com uma frequência
de aplicação, 2X ou 3X/semana, no plano profundo hipodérmico.

Nas celulites com traves fibróticas: recomenda-se a aplicação em multi planos.

50
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Figura 22. (A) Celulite estética caracterizada por ondulações na pele. (B) Recuperação parcial das ondulações

meses após a última sessão da infusão controlada do CO2.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Lipodistrofia

A Carboxiterapia se mostra um recurso terapêutico importante para o tratamento


das adiposidades localizadas, devido ao fato de que o metabolismo ativado favorece a
lipólise.

Através da injeção de gás carbônico, ocorre um aumento da perfusão tecidual, aumento


da pressão parcial de oxigênio (PO2) e a redução da circunferência das áreas tratadas.
Além disso, alguns autores relataram aumento da espessura da pele, fratura da
membrana do adipócito e preservação total do tecido conjuntivo, incluindo estruturas
vasculares e nervosas.

O soro fisiológico pode potencializar o efeito lipolítico da carboxiterapia, por


proporcionar um meio mais ácido pela formação de íons de hidrogênio (H+). Em
contato com o gás carbônico, o soro forma uma reação química com a liberação de íons
hidrogênio, responsável pela acidez do meio, aumentando o poder de queima na região.

Após a demarcação da área a ser tratada e com o auxílio de uma seringa, injeta-se em
torno de 1mL de soro fisiológico por ponto, distribuído por toda a área aleatoriamente
e, em seguida, aplica-se o gás carbônico.

Esta técnica de associação do soro fisiológico com a carboxiterapia tem sido chamada
de Hidrolipocarboxiterapia.

Nos casos das lipodistrofias, o fluxo ideal a ser aplicado é entre 80mL/min e 150mL/
min, com frequência de 2 a 3 x/semana , no plano profundo (hipodérmico), com agulha

51
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

numa inclinação de 45° e 8 mm de profundidade. Neste plano, o CO₂ vai atingir a


hipoderme e o objetivo é de estimular a lipólise e desfibrosar profundamente.

Estrias

As estrias caracterizam-se por afecções dermatológicas que no início apresentam um


processo inflamatório. A estimulação fibroblástica tem importante papel no processo
regenerativo da atrofia tecidual na estria. Isso é conseguido com a carboxiterapia pela
estimulação do processo inflamatório provocado pelo descolamento da pele durante a
infusão de anidro carbônico. Para a reparação tecidual, durante o processo inflamatório,
há a ativação de fibroblastos com intensão de reparação tecidual e consequentemente
ocorre a neocolagênese (presença de novas fibras de colágeno e elastina) que faz o
preenchimento do tecido rompido durante a instalação da estria.

Normalmente, o fluxo aplicado é entre 60mL/min e 80mL/min, podendo chegar até


150mL/min, de acordo com a sensibilidade de cada individuo. O intervalo deve ser
de pelo menos 21 dias, tempo necessário para a formação e maturação do colágeno. O
plano de aplicação é o superficial, em que apenas o bizel é introduzido no leito da estria
para promover um descolamento rápido pela infusão do gás carbônico, mantendo
sempre o bizel posicionado para cima.

Figura 23. Estrias da parede abdominal anterior, acompanhadas por lipodistrofia dos flancos e adiposidade

abdominal. (A) Antes e (B) após a infusão controlada do CO2.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

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ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Pós-lipoaspiração

No ramo da cirurgia-plástica, a carboxiterapia tem sido empregada para correção


de irregularidades pós-lipoaspiração, ou mesmo, no pré-operatório para melhorar a
vascularização e oxigenação de retalhos cirúrgicos.

Foi verificado uma melhora estatisticamente significativa no que diz respeito à


elasticidade da pele e às irregularidades cutâneas pós-lipoaspiração. Com isso,
podemos esperar efeitos positivos da terapia com CO2 sobre a adiposidade localizada e
elasticidade cutânea da pele em pacientes que realizaram lipoaspiração.

A cicatriz caracteriza-se por uma lesão na camada dérmica. Após uma incisão da
pele, dá-se início ao processo de reparo, o que se faz à custa da proliferação do tecido
conjuntivo.

O descolamento da pele provocado pelo gás leva à perda da integridade tecidual e à


exposição do colágeno, com consequente ativação do processo de cicatrização.

A carboxiterapia também pode ser indicada para o tratamento de cicatrizes aderentes


após o transcurso do processo cicatricial. Isto se justifica pela ação mecânica do gás ao
promover um “descolamento” das estruturas aderidas durante o processo de reparo
tecidual, proporcionando efeitos benéficos à aderência cicatricial.

O fluxo ideal é entre 60mL/min a 100mL/min, com frequência de 2 a 3 x/semana,


no plano subcutâneo ou hipodérmico. O objetivo é de corrigir irregularidades pós-
lipoaspiração, homogeneizar o tecido, diminuir as áreas endurecidas e eliminar
possíveis traves fibróticas.

Flacidez dérmica

Baseado no fato de que a flacidez cutânea é caracterizada por uma atrofia da pele e
perda da elasticidade, devido à diminuição da capacidade de produção de colágeno que
dá sustentação à pele, a terapia com gás carbônico torna-se um recurso viável para
seu “tratamento” tendo em vista, estimular a produção de novas fibras de colágeno
e, com isso, prover uma maior sustentabilidade à pele flácida. Por meio de estudos
histológicos com a carboxiterapia, comprovou-se um aumento da espessura da derme,
evidenciando estímulo à neocolagênese, bem como um evidente rearranjo das fibras
colágenas. Portanto, a carboxiterapia, ao estimular a formação de colágeno, torna-se
um recurso valioso para o tratamento de estrias e da flacidez cutânea.

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UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

O fluxo aplicado deve ser entre 60mL/min e 80mL/min, com intervalo mínimo de 21
dias, e o volume máximo deve ser até a visualização de um microdescolamento da área.
No plano de aplicação dérmico, usar agulha inclinada a 25°. O objetivo é de estimular a
formação de um novo tecido conjuntivo.

Figura 24. Aplicação superficial do CO2 para o tratamento da flacidez cutânea cervical.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Figura 25. (A) e (C) Flacidez cutânea cervical. (B) e (D) Contorno cervical após a infusão do CO2.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

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ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Sequelas de acnes

O fluxo aplicado deve ser entre 60mL/min e 100mL/min, com frequência realizada de
15 em 15 dias ou de 30 em 30 dias, no plano dérmico profundo. Objetivo é de estimular
o colágeno.

Rejuvenescimento facial

O fluxo normalmente aplicado é entre 60mL/min e 100mL/min, dependendo sempre do


limiar de cada paciente, com o intervalo mínimo de 21 dias e são utilizados multiplanos.

Os pontos a serem trabalhados são: pescoço e colo; ângulo da mandíbula; região


maxilar; sulco nasogeniano; região do arco zigomático; orbicular dos olhos; região
glabelar; região frontal.

Figura 26. Infusão controlada do CO2 para a correção de ritides da pálpebra inferior. (A) Antes e (B) após a

aplicação.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

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UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Figura 27. Correção de flacidez cutânea pela infusão controlada do CO2. (A) Antes e (B) após a aplicação.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Olheiras

O fluxo aplicado deve ser entre 80mL/min e 150mL/min, com frequência mensal, e sua
aplicação deve ser feita de forma a promover um descolamento da pálpebra superior e
inferior. Em pacientes que não obtiverem um mínimo de melhora até a terceira sessão,
o tratamento deverá ser suspenso.

Ciclo de 10 sessões, com aplicação a cada 72h. No mínimo, deverá ser aplicado
dois ciclos de 10 sessões, com intervalos de 120 dias.

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ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Figura 28.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Figura 29.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Rejuvenescimento das mãos

O procedimento é simples, porém bastante desconfortável se o gás for infundido


diretamente nas mãos. Podemos realizar um pinçamento da pele do terço médio do
antebraço infundindo o gás e, na sequência, devemos “empurrar“ o gás com as mãos
até as mãos do paciente.

Alopecia

Normalmente, utilizamos um fluxo alto entre 80mL/min e 150mL/min, volume máximo


suportável, nos planos intermediário e superficial. São realizados ciclos de 10 sessões
com intervalos de 72 horas. A primeira repetição do ciclo pode ser feita com 30 dias e
as subsequentes, com intervalo de quatro meses.

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UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Figura 30. Infusão controlada do CO2, no couro cabeludo. (A) Inclinação de 45°  para a agulha na linha anterior

do cabelo e manobra digital de proteção. (B) Inclinação de 90°  no restante do couro cabeludo.

Fonte: (ABRAMO, A. C., 2010).

Termo de consentimento esclarecido

Eu,......... RG.............. CPF............, declaro que o(a) Dr.(a)..................


explicou-me, de forma clara, a descrição da técnica da carboxiterapia
e estou ciente e concordo com o tratamento. Fui informado de que
as complicações mais frequentes que podem ocorrer são: equimoses
(manchas arroxeadas) nos locais de aplicação das agulhas, em virtude
de pequenos vasos superficiais que podem ser perfurados (os sintomas
desaparecem em uma ou duas semanas); hiperemia que desaparece
em poucas horas; pequeno sangramento com a retirada da agulha, que
cessa ao passar algodão com álcool e não traz nenhuma sequela. O CO₂
é um produto inerte ao organismo humano.

Poderão também ocorrer inchaços subcutâneos por causa do gás no local de


aplicação e/ou nos locais mais distantes, que desaparecem em poucos minutos;
desconforto doloroso durante a introdução da agulha e/ou a aplicação do gás
carbônico. Declaro e confirmo uma vez mais que entendi todas as explicações
que me foram fornecidas, de forma clara e simples, ainda permitindo que eu
realizasse todas as perguntas e fizesse todas as observações que considerei
pertinentes para entender o que poderá ocorrer, não restando dúvidas sobre
o procedimento ao qual serei submetido(a). Concordo que sejam tiradas
fotografias da região em tratamento, dando total direito ao profissional de
publicá-las em livros, revistas, artigos e em vários outros veículos de divulgação
técnica, desde que tal procedimento não venha causar qualquer tipo de dolo
à minha imagem pessoal. Estou ciente também de que o grau do resultado

58
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

do procedimento não pode ser previsto ou garantido pelo profissional, que


depende da resposta fisiológica do meu organismo.

Local de data:

Assinatura do paciente ou responsável

59
CAPÍTULO 2
Radiofrequência

A radiofrequência (RF) é um tipo de corrente de alta frequência, que gera calor por
conversão. O aumento da temperatura no interior do tecido cutâneo desencadeia uma
sequência de reações fisiológicas que promovem a contração das fibras existentes de
colágeno, elastina e estimula a formação de novas fibras.

São radiações compreendidas no espectro eletromagnético entre 30 KHz e 3 MHz


(COSTA, 2009).

As altas frequências (27,12 MHz) não aquecem por indução de corrente, mas sim pela
oscilação de moléculas de água.

A RF produz um efeito similar ao do forno de micro-ondas, no qual a água aquece, mas


o recipiente de vidro permanece frio. As moléculas de vidro não oscilam por ter rígida
ligação. Da mesma maneira, a RF aquece todos os tecidos que contém água, inclusive
o tecido adiposo. Como o aquecimento é profundo, é possível usar altas potências. O
calor gerado depende da força e da densidade do campo formado e a temperatura varia
de acordo com a composição tecidual.

A RF pode ser ablativa e não ablativa. Na RF ablativa, sua aplicação é invasiva e são
empregadas para tratamento de dor crônica e câncer. Esta modalidade é empregada
somente por médicos. Ela é utilizada para realizar incisões, destruir ou até remover
tecidos orgânicos (eletrocirurgia e cauterização). A RF não ablativa, pode ser aplicada
por todos os profissionais da área da estética. Sua aplicação não é invasiva e tem por
finalidade elevar a temperatura tecidual a níveis que possam favorecer respostas
fisiológicas perfeitamente controláveis, pois as células do corpo não interpretam
corrente de alta frequência como energia elétrica, mas sim, é tratada como uma fonte
de energia.

A ação do efeito térmico sobre o tecido


Temperatura tecidual entre 39ºC e 45ºC não causa nenhum dano significativo, gerando
basicamente a retração dos tecidos pela reorganização do colágeno.

Os danos começam a ser irreversíveis em alguns tecidos com temperaturas acima de


50ºC.

60
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

As atividades enzimáticas se reduzem também com temperaturas acima de 50ºC.

Próximo de 70ºC acontece a coagulação (o colágeno é convertido em glicose).

Entre 90ºC e 100ºC, o tecido é completamente desidratado (dessecado).

Acima de 100ºC acontece a transição para vapor da água intra e extracelular (o tecido
rapidamente se desseca e a glicose tem um efeito adesivo após a dessecação).

Acima de 150ºC acontece a carbonização ou queimadura patológica de quarto grau.

A vaporização dos tecidos ocorre em temperaturas superiores a 300ºC.

Frequência
O efeito da energia eletromagnética no corpo humano depende da frequência aplicada.
Em baixa frequência, a energia causa convulsão muscular, como por exemplo, o uso
do desfibrilador elétrico. Nas frequências mais elevadas, a energia induz corrente que
causa aquecimento nos tecidos que estão em contato com o eletrodo, como no uso do
bisturi elétrico.

Em alta frequência, o campo eletromagnético causa a polarização e a oscilação das


moléculas de água. A fricção entre as moléculas transforma a energia eletromagnética
em calor.

As rádiofrequências podem ser:

»» capacitivas;

»» resistivas;

»» indutivas.

Na RF capacitiva, o eletrodo ativo fica isolado mediante um dielétrico, formando um


capacitor. O capacitor tem a função de armazenar cargas para liberá-las quando o
acúmulo de voltagem superar a capacidade de material de isolamento utilizado. Esse
equipamento consegue aumentar com mais facilidade a temperatura dos tecidos ricos
em água.

Na RF resistiva, o diferencial é que seu eletrodo ativo é um condutor metálico, formando


assim uma resistência. Por meio deste método, consegue-se o aumento da temperatura
com facilidade, inclusive em tecidos com baixa hidratação.

61
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

A RF indutiva é ultrapassada, frequentemente conhecida como indutora de calor e, em


sua maioria, é monopolar. Tem como aplicador ampolas de vidro de diversas formas.
Ela contém um gás no interior, que facilita a passagem da corrente para o paciente.

O modo de emissão das radiofrequências pode ser de diversos tipos, sendo que as mais
encontradas são: monopolar, bipolar, tripolar e hexapolar.

RF Monopolar (unipolar)

Refere-se a um dispositivo que tem apenas um polo no hand piece. Gera aquecimento
da derme profunda e no subcutâneo (até 20 mm). O polo ativo é o positivo ou negativo,
e o poo passivo (dispersivo) deve ser uma placa de condução a terra. A energia é mais
dispersa ao longo dos tecidos e, se necessita de maiores potências, torna a técnica mais
perigosa. Destaca-se para os tratamentos de tendões, músculos e articulações, porém
também pode ser utilizada em tratamentos estéticos.

RF Bipolar

Refere-se a um dispositivo que tem os dois polos no mesmo hand piece, com menor
penetração no tecido (2 a 6 mm), porém com a energia muito mais concentrada neste
campo próximo. Necessita de menores potências, o que torna a técnica mais segura. As
ponteiras podem ser bipolar concêntrica ou bipolar longitudinal.

Figura 31. Ação bipolar.

Fonte: <http://pt.slideshare.net/HtmEletronica/4-radiofrequncia-multifrequencial-e-multipolar-nos-tratamentos-corporais-e-
faciais> acesso em:26/6/15.

Na ponteira bipolar concêntrica, a área do eletrodo é maior quando comparada à


área do eletrodo bipolar longitudinal. A ponteira bipolar concêntrica apresenta maior
percepção de aquecimento e menor é a profundidade de ação, ou seja, apresenta uma

62
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

ação mais superficial. O contato com a área tratada é maior, atendendo regiões maiores
de tratamento, devendo-se utilizar a ponteira concêntrica quando se desejar uma maior
percepção da RF.

Figura 32.

Fonte: <http://www.institutosaopaulo.com.br/isp/produto/limine-htm-radiofrequencia-multifrequencial/ME00806A>.
Acesso:26/5/2015.

Na ponteira bipolar longitudinal, a concentração de energia ocorre de forma longitudinal


entre os dois eletrodos. Ocorre maior profundidade e menor área de ação.

É utilizada para aplicações mais precisas como região periorbicular, perilabial, sulco
nasogeniano, pontos álgicos (costas), regiões bem localizadas de fibroses, cicatrizes,
aderências e estrias. A percepção de aquecimento é menor comparada à ponteira
bipolar concêntrica.

Figura 33.

Fonte: <http://www.institutosaopaulo.com.br/isp/produto/limine-htm-radiofrequencia-multifrequencial/ME00806A>.
Acesso:26/6/2015.

RF tripolar

Refere-se a um dispositivo que tem três polos no mesmo hand piece, com uma penetração
média. Bastante indicada para os tratamentos corporais.

63
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Figura 34. Ação tripolar.

Fonte:<http://pt.slideshare.net/HtmEletronica/4-radiofrequncia-multifrequencial-e-multipolar-nos-tratamentos-corporais-e-
faciais>. Acesso em: 26/6/2015.

RF hexapolar

Refere-se a um dispositivo que possui seis polos no mesmo hand piece. A percepção
do aquecimento é maior, devido à área ser maior. É utilizada somente nos tratamentos
corporais.

A ponteira hexapolar baseia-se no fato de seis eletrodos direcionarem a energia para o


tecido, com concentração entre os eletrodos (periferia).

Figura 35.

Fonte:<http://www.institutosaopaulo.com.br/isp/produto/limine-htm-radiofrequencia-multifrequencial/ME00806A>.
Acesso: 26/6/2015.

Mecanismo de ação da RF
O mecanismo de ação da RF deve alcançar uma temperatura de 40°C na superfície da
pele, enquanto a temperatura na profundidade desejada alcança 60°C.

64
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Figura 36.

Fonte: (RUIZ -ESPARZA, 2006).

A superfície tem sua temperatura monitorada constantemente, por meio de um


termômetro.

Figura 37.

Fonte: (CARPANEZ, 2014).

As ondas eletromagnéticas provocam oscilações das moléculas de água O2 ( - ) e H (+),


POR MEIO de um campo elétrico exterior, aumentando a temperatura entre elas.

Esta oscilação transforma a energia eletromagnética em energia térmica, diminuindo


a impedância dos tecidos e aquecendo todos aqueles que contêm moléculas de água.

65
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Figura 38.

Fonte: <http://www.thinkestetica.com.br/tratamento/radiofrequencia-2/>. Acesso em: 26/6/2015.

O aquecimento promovido pelo equipamento de RF induz a uma desnaturação do


colágeno, seguida de uma fibroplasia e um aumento na deposição do colágeno.

A desnaturação normalmente é presente entre 40°C e 65°C, sendo que, quando o


colágeno estiver aquecido, os laços que são sensíveis a esse aquecimento começam a se
quebrar.

A proteína se transforma de uma estrutura cristalina altamente organizada em um gel


desorganizado, resultando imediatamente em uma estimulação dos fibroblastos com
consequente neocolagênese e contração do tecido.

No primeiro momento, ocorre um dano térmico, gerando mudanças na forma das


fibras colágenas e alteração de sua periodicidade, de seu comprimento e também
do seu diâmetro. Em seguida, produz uma rotação da tríplice hélice, levando a um
encurtamento das fibras tanto no sentido horizontal como no vertical.

Ao acelerar a fricção molecular é produzido um aumento da temperatura que produz


estímulo de TGF-beta que, por sua vez, estimula a formação de HSP-47 (proteína
residente no retículo endoplasmático cuja função é proteger o pró-colágeno tipo I
durante sua síntese e secreção).

Somente na presença desta proteína de estresse, as moléculas de colágeno tipo I podem


ser organizadas em forma tridimensional correta de tríplice hélice.

Consequentemente, ao estimularem-se as proteínas HSP-47 com o efeito de hipertermia,


os fibroblastos respondem aumentando a produção de neocolagênese.

A energia gerada pela RF deve ocorrer com segurança nas distintas camadas da pele
para efetiva contração do colágeno e formação do novo colágeno.

66
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

A energia de RF é conduzida eletricamente no tecido e o aquecimento é produzido


quando a resistência inerente do tecido (impedância) converte corrente elétrica em
energia térmica.

A desnaturação do colágeno depende: do tipo de tecido tratado (baseado no teor do


colágeno, densidade, orientação das fibras etc.); da temperatura atingida; do tempo de
duração do tratamento.

O tempo de aplicação é de no mínimo 3 minutos em cada pequena área. Normalmente,


a aplicação facial dura, em média, de 30 a 40 min e a aplicação corporal não tem como
determinarmos o tempo, uma vez que, depende do tamanho da área a ser tratada.

Atuação da RF na flacidez
A RF gera um aquecimento da área a ser tratada, que leva à desnaturação do colágeno,
desencadeia a reparação e a proliferação dos fibroblastos, ocorrendo a neocolanogênese
e a contração tecidual e, consequentemente, a melhora do tecido.

Figura 39.

Fonte: <http://www.almalasers.com/white_papers/Novel_RF_Device.pdf>.

67
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Atuação da RF na gordura localizada e na


lipodistrofiaginoide
Ao aplicar a RF, ocorre um aumento do metabolismo local e da circulação sanguínea;
triglicerídeos e ácidos graxos são liberados e ocorre a diminuição do adipócito, ocorrendo
a redução da gordura localizada e da lipodistrofiaginoide (LDG).

Sensações do paciente durante a aplicação


»» calor intenso;

»» indolor.

A radiofrequência produz vários efeitos fisiológicos: vasodilatação arterial e capilar;


aumento da circulação sanguínea e maior aporte de O2 e nutrientes; facilita a eliminação
de toxinas; reforça a imunidade pelo aporte de anticorpos e componentes imunes
(aumenta a atividade leucocitária); reabsorção de líquidos intercelulares; reafirma e
tonifica a pele; melhora o aspecto do fibroedemageloide; gera um incremento da síntese
de colágeno.

Indicações da radiofrequência:

»» melhora de rugas e linhas de expressão;

»» melhora da elasticidade e textura da pela, estimulando a neocolagênese;

»» melhora da flacidez do tecido;

»» redução de celulite;

»» remodelagem corporal;

»» melhora na aparência das cicatrizes;

»» tratamento pós-lipoaspiração;

»» tratamento de lipoma;

»» cicatrizes de acne;

»» estrias.

68
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Contraindicações da radiofrequência:

»» gestantes e região abdominal (durante o período menstrual);

»» aparelhos auditivos;

»» marca-passos e cardiopatas;

»» implantes metálicos;

»» doenças de pele e dermatites;

»» neoplasias;

»» glândulas;

»» infecções;

»» pacientes que fazem uso de vasodilatadores;

»» acne e fístulas;

»» hepatopatias e neuropatias;

»» processos infecciosos agudos;

»» preenchimentos;

»» doenças vasculares:

›› flebites;

›› varizes;

›› tromboflebites.

»» uso de isotretinoína;

»» região da pálpebra superior.

Existem alguns fatores que comprometem o aquecimento da RF; são eles: radiações
prévias; condições autoimunes; tabagismo e falta de água.

A frequência de aplicação do tratamento deverá ser:

»» Flacidez de pele: de 6 a 10 sessões, com intervalos de 15 a 21 dias.

69
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

»» FEG, gordura localizada e fibrose pós-cirúrgica: de 10 a 16 sessões, com 2


a 5 dias de intervalos ou a critério do profissional.

»» Edema, equimose, contraturas: até desaparecer os sintomas, com 2 a 5


dias de intervalos.

»» Acne: de 4 a 8 sessões, com intervalos de 7 dias.

Antes de iniciar a terapia, o paciente deve retirar todo objeto metálico (anéis, pulseiras,
brincos, piercings etc...) e o profissional deve, caso indicado, efetuar uma limpeza facial
anterior ao tratamento, ajustar o equipamento e utilizar gel condutor neutro ou gel
glicerinado.

Podem ocorrer algumas complicações como: hiperemia, que pode durar minutos ou
horas; queimaduras por falta de gel condutor ou falha técnica; hiperpigmentação
causada por sequelas de queimadura e atrofia do tecido conjuntivo.

Figura 40.

Fonte: (CARPANEZ, 2014).

70
CAPÍTULO 3
Peeling

Peeling de cristal
O peeling de cristal é um tratamento revolucionário, que promove esfoliação da pele com
jatos de microcristais, podendo ser superficial, médio ou profundo, não ultrapassando
o nível hemorrágico.

A prática terapêutica demonstra que seu manuseio consiste na aplicação direta sobre
a pele por meio de um equipamento mecânico gerador de pressão negativa e pressão
positiva simultâneas, em que são utilizados micro grânulos de óxido de alumínio (ou
outro material similar), quimicamente inertes, jateados pela pressão positiva sobre a
superfície cutânea numa velocidade controlada pelo profissional e ao mesmo tempo
sendo sugado pela pressão negativa do equipamento (BORGES, 2010).

É um peeling mecânico muito abrasivo, que consiste em fazer incidir no tecido óxido de
alumínio misturado com o ar que se desloca em alta velocidade.

O óxido de alumínio entra em contato com a pele por meio de um orifício. Nesse contato,
devido a sua alta velocidade, o óxido de alumínio provoca um processo de raspagem do
extrato córneo, removendo células mortas e promovendo o peeling.

Mecanismo de ação

Ocorre uma ejeção de cristais (pressão positiva) associada à sucção (pressão negativa),
afinando o tecido epitelial.

Os parâmetros utilizados são: a quantidade de microcristais ejetados; a granulometria


do óxido de alumínio; a pressão a ser utilizada para a projeção e aspiração; o número
de passagens sobre a área a ser tratada; a escolha dos aplicadores a serem utilizados e a
velocidade utilizada que pode ser em movimentos lentos, rápidos, retos ou circulares ou
em movimentos de vaivém, sendo determinados e realizados de acordo com a prática
do profissional e da necessidade de cada região anatômica.

Esta técnica apresenta algumas vantagens como: não precisar de preparo pré-peeling, da
utilização de ponteiras descartáveis ou autoclaváveis (prevenção de acidente biológico);

71
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

de possuir menor risco de hipocromia residual total e ocorrer uma regeneração tecidual
mais rápida.

As indicações são para casos de fotoenvelhecimento, cicatrizes superficiais inestéticas


pós-acne, pós-cirúrgicas, pós-afecções dermatológicas, alterações na pigmentação
(melasma, melanoses solares e hipergmentação pós-inflamatória), rugas finas e estrias
superficiais (KEDE; SABATOVICH, 2009).

As complicações mais frequentes são erosão com formação de crostas, edema e


hipercromias residuais, quando os profissionais não exercem domínio sobre a técnica
empregada (KEDE; SABATOVICH, 2009).

Há contraindicação em aplicar sobre lesões tegumentares acompanhadas de processos


inflamatórios (BORGES, 2010).

A utilização da microcorrente após um peeling de microdermoabrasão é bastante


eficaz e tem como objetivo promover a aceleração do reparo tecidual, assim como a
normalização da fisiologia da pele(BORGES, 2010).

Técnica de aplicação

Ajustar o botão de pressão entre 200 a 250mmHg; promover o estiramento da pele com
o objetivo de facilitar os movimentos de varredura da cânula e evitar ptose tegumentar; a
quantidade de movimentos deverá ser de acordo com a abrasão desejada; a velocidade/
lentidão deve ser de acordo com a abrasividade desejada; e é necessário manter os
olhos do cliente fechados e com algodão embebido em loção calmante.

Áreas de aplicação: face, braços, antebraços, dorso das mãos, glúteos, interno de coxa. O
tempo de aplicação será de 10 a 30 minutos, com intervalo de sete dias, sendo realizada
a aplicação uma vez por semana, sendo a média das aplicações de 6 a 12 sessões por
tratamento. Finalizar a sessão com antissepsia básica e fotoprotetor solar.

Peeling de diamante

Mecanismo de ação

O mecanismo de ação ocorre por meio da abrasividade das ponteiras, com a pressão
negativa do vácuo. As células mortas da superfície são removidas e aumenta a circulação
local, estimulando a produção de colágeno e elastina, renovando o tecido epitelial e
deixando a pele fina e macia.

72
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

As indicações são para os tratamentos de: revitalização, hipercromia, estrias, cicatrizes


de acne, fotoenvelhecimento e cicatrizes cirúrgicas.

As vantagens dessa técnica são: o cliente apresenta uma rápida recuperação; não há
necessidade de interrupção dos tratamentos estéticos do dia a dia; é indolor e não
invasiva; e prepara a pele para qualquer tipo de tratamento.

O profissional, ao utilizar essa técnica, deve estar muito atento a todos os parâmetros,
principalmente, à granulometria da ponteira de diamante, pois há grande risco de
provocar lesões cutâneas, gerando sangramento. A sucção produz forte aderência do
tecido à superfície diamantada.

Por meio dos movimentos mecânicos de raspagem, removem-se as células mortas em


excesso, existentes no extrato córneo.

Figura 41.

Fonte: (CARPANEZ, 2014).

Eletroterapia avançada corporal

Ultrassom cavitacional

O ultrassom cavitacional é um equipamento inovador na estética. É derivado do


ultrassom terapêutico 1MHz e estético 3MHz. Ambos os ultrassons são capazes de
promover a propriedade da cavitação. Porém, o US (ultrassom) terapêutico e o US
73
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

(ultrassom) estético, não rompem as células de gordura e não são tão eficientes quanto
o ultrassom cavitacional propriamente dito, que é focalizado e é feito exclusivamente
para esse efeito. O ultrassom cavitacional é um aparelho de alta intensidade que controla
a profundidade e a precisão.

Cavitação

É um fenômeno fisico que se manifesta após a variação no interior de um líquido,


provocada por uma fonte sonora. As variações de pressão agem sobre as microbolhas
de gás presentes nos líquidos e tecidos orgânicos.

As microbolhas de gás, submetidas a contínuas variações de pressão das ondas


acústicas, aumentam as próprias dimensões e quando chegam ao limite, dependendo
da espessura de suas paredes, geram um colapso, implodindo.

A implosão das microbolhas provoca um jato potente de gás (energia), com pressões de
100 atm/cm2.

A cavitação é comum em bombas de água e de óleo, válvulas, turbinas hidráulicas,


propulsores navais, pistões de automóveis e até em canais de concreto com altas
velocidades, como em vertedores de barragens.

As microbolhas de água formadas são devido à variação instantânea de pressão mecânica


das pás na hélice do barco na água.

Cavitação no tecido adiposo

As células do tecido adiposo têm uma membrana muito delicada para a pressão criada
pelas microbolhas. Com a cavitação, ocorre microrupturas na membrana celular e
fragmentação do conteúdo intracelular.

Os macrófagos são atraídos para a área tratada para fagocitose dos fragmentos celulares
restantes.

O tecido conjuntivo subcutâneo (TCSC) da área tratada sofre realocação com o tempo
(redimensionamento), resultando em redução do volume.

De acordo com Low e Red, 2001; Starkey, 2001; Ter Har, 1998, a cavitação estável
forma bolhas que oscilam de um lado para outro, aumentam e diminuem de tamanho
sem alterar a suas formas, permanecendo as bolhas intactas. E, na cavitação instável,
o volume das bolha se alteram rapidamente, implodem causando pressão e aumento
de temperatura, rompem ligações moleculares, produzem radicais livres, liberam H+ e
74
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

OH-, levando a danos teciduais, através das ondas estacionárias, que são a superposição
de ondas.

Ultrassom cavitacional focalizado

O ultrassom cavitacional focalizado é uma técnica não invasiva indicada para redução
de gordura localizada.

A frequência sonora, ao incidir sobre uma estrutura específica, cria as microbolhas,


gerando o colapso e a implosão de células específicas, rompendo a estrutura de forma
seletiva, sem danificar a microcirculação e as estruturas adjacentes (vasos sanguíneos e
linfáticos, nervos e músculos).

Figura 42. Gráfico ilustrando a modalidade cavitacional do ultrassom: baixa frequência e grande amplitude
ocasionando estiramento e contração dos adipócitos levando ao colapso.

Fonte: <http://www.surgicalcosmetic.org.br/content/imagebank/figuras/4n3pt_218_1.jpg>. Acesso: 26/6/15.

As microbolhas promovem a destruição da membrana lípidica de forma seletiva,


fragmentando as grandes moléculas de lipídios.

O ultrassom focalizado de alta intensidade é um procedimento de alta precisão que


utiliza uma energia focada para aquecer e destruir o tecido adiposo.

O foco emite energia suficiente para promover microrrupturas na membrana celular,


com consequente extravazamento do meio intracelular para o meio extracelular.

O ultrassom cavitacional age na destruição das células de gordura, devido a expessura


das membranas dos adipócitos serem muito finas. A cavitação rompe mecanicamente

75
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

a membrana da célula, que não suporta o choque dessas microbolhas. O ultrassom


cavitacional focalizado atua em uma profundidade específica e, por ser focalizado, ele
é seletivo, isto é, atua somente nas células de gordura da área tratada, mantendo as
outras estruturas preservadas.

Em média a sessão tem duração de 30 minutos e deve ser aplicada uma vez por semana,
para que o organismo tenha tempo de eliminar todos os metabólitos da sessão anterior.
O número de sessões é muito relativo, uma vez que depende do metabolismo de cada
indivíduo e do objetivo do paciente. Geralmente, a média é de 6 a 10 sessões.

As áreas em que o US cavitacional pode ser aplicado são: abdome, flancos, coxa anterior
e posterior, glúteos, joelhos, panturrilhas, braços e papada.

O ultrassom cavitacional também conhecido como lipocavitação não aumenta


o colesterol, desfazendo o mito em relação a esse aspecto, uma vez que ele libera a
gordura e que “a quantidade de gordura eliminada é muito pequena para causar
danos aos órgãos” (Dr. Alexandre Filippo). No entanto, para o paciente portador da
esteatose hepática ou colesterol elevado, este procedimento estético não é indicado.
Para pacientes portadores de tumor ou CA, também há contraindicação.

Esta técnica é indicada para os casos de lipodistrofias (gorduras localizadas), FEG


(fibroedemageloide, a famosa celulite), lipoma, remodelagem corporal e complementar
a procedimentos cirúrgicos estéticos.

Figura 43.

Fonte: (CARPANEZ, 2010).

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ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Após a aplicação do ultrassom focalizado, devemos realizar tratamentos complementares


para um melhor resultado, como: drenagem linfática manual (DLM), drenagem linfática
(DL) estereodinâmica, pressoterapia, eletroestimulação ou plataforma vibratória.
Devem ser associados tratamentos que melhoram a circulação e a tonicidade e que
ajudam na rápida eliminação da gordura e líquidos liberados no sistema circulatório.

Criolipólise
É uma técnica não invasiva indicada para redução de medidas.

A palavra Crio é derivada do grego Kryos, que significa gelo, frio, e constitui, na
atualidade, uma das mais modernas técnicas de redução de medida corporal.

Na tentativa de melhorar o contorno corporal e reduzir medidas, as tecnologias que


envolvem como recurso o frio começaram a ser introduzidas no mercado, surgindo
primeiramente nos EUA.

Os primeiros estudos para comprovar os benefícios desta terapia foram realizados em


modelos animais. A criolipólise designa o uso de crioterapia (frio) em temperaturas
abaixo de -1°C. Trata-se de um recurso seguro, aprovado pela Health Canada e Food
and Drug Administration (FDA), e esta terapia tem sido apresentada como um novo
método de redução da camada de gordura, de maneira não invasiva.

Esta técnica é uma opção para pessoas que tenham gordura localizada em algumas
regiões corporais, o famoso pneuzinho, e que não querem se submeter a cirurgias. De
acordo com os fabricantes, o procedimento elimina até mesmo aquela gordura incapaz
de ser combatida com dieta e exercícios físicos.

Vários estudos têm sido realizados para a eliminação de gorduras localizadas. Para
diminuir os efeitos dos acúmulos de gorduras, a propriedade metabólica do tecido
adiposo tem sido a procura de estudos e grandes avanços de pesquisas (FONSECA et
al., 2006).

Gordura localizada

Quando se consome mais energia que se gasta, a energia adicional é reservada sob
forma de gordura.

A reserva de triglicerídeos não é estável. Ela se renova constantemente e é influenciada


por estímulos nervosos e hormonais.

Na mulher, o acumulo de gordura é influenciado pela capacidade de procriação,


localizando-se nas regiões abdominal e glútea.

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UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

Existem dois tipos de gordura: a lipodistrofia hiperplásica (ginoide) e a lipodistrofia


hipertrófica (androide).

A lipodistrofia hiperplásica, possivelmente, está ligada à expressão genética e apresenta


certas características histológicas, como a quantidade de adipócitos muito elevada,
e o volume da unidade celular é considerado normal. Sua localização preferencial
corresponde às regiões trocantéricas, glúteos e excepcionalmente na região
infraumbilical. Existe uma forte dependência dos hormônios femininos.

Este tipo de alteração gordurosa responde pouco a tratamentos clínicos convencionais,


haja vista que a grande celularidade disponível para armazenamento lipídico e ocorre
a impossibilidade de retirada de parte ou total destas células, a não ser por meio do
procedimento de lipoaspiração.

A lipodistrofia hipertrófica caracteriza-se pelo aumento do volume das células


adipocitárias e localiza-se em maior quantidade na região abdominal. 

É uma distribuição característica do sexo masculino, porém pode ocorrer em mulheres


menopausadas ou portadoras de distúrbios hormonais, não se esquecendo de que pode
ocorrer devido a uma forte expressão genética.

O corpo humano é composto por diferentes classes de lipídeos como: triglicérides,


ácidos graxos, fosfolipídios.

Os triglicérides são a forma de armazenamento dentro do adipócito e são usados como


um combustível pelas diferentes funções do nosso organismo.

Figura 44.

Fonte:<http://gnovocaminho.blogspot.com.br/p/dicas-de-biologia.html>. Acesso 26/6/2015.

78
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

Lipídeos

O tecido adiposo representa de 10-14% do peso do corpo do homem e de 18-22% do


peso do corpo da mulher e a sua estrutura é diferenciada.

O processo de estocagem destes triglicérides de dentro do adipócito é chamado de


lipogênese.

O processo de desestocagem dos triglicérides de dentro do adipócito é chamado de


lipólise.

Diferentes fatores regulam o tecido adiposo (hormônios, enzimas e mensageiros).

Os Receptores alfa-adrenérgicos estão localizados na membrana do adipócito e é


sensível à insulina, ativando a lipogênese.

Os Receptores beta-adrenérgicos estão localizados na membrana do adipócito e é


sensível à epinefrina, ativando a lipólise.

A utilização da técnica do crio é baseada nos efeitos sistêmicos, (efeito inflamatório),


interferindo no mecanismo de termorregulação (BACELAR, 2005).

A criolipólise é uma técnica não invasiva de redução de gordura localizada, por meio
do resfriamento controlado e localizado, o qual promoverá uma paniculite (inflamação
do tecido adiposo subcutâneo adiposo) (AVRAM et al., 2009; NELSON et al., 2009).

Estão sendo realizados vários experimentos sobre técnicas para redução de


medidas, sendo uma delas com resposta dos adipócitos ao frio. Por meio de alguns
experimentos foi demonstrado que o resfriamento dos adipócitos a temperaturas
acima do congelamento, ou seja, abaixo da temperatura corporal normal, resulta em
apoptose (morte celular), o que sugere que a criolipólise produz uma lesão apoptótica
no tecido adiposo. Por definição, apoptose, ou Morte Celular Programada, é um tipo
de “autodestruição celular” que requer energia e síntese proteica para a sua execução.
Está relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos,
exercendo um papel oposto ao da mitose.

De acordo com Coleman et al. (2009); Mulholland, Paul, Chalfoun (2011), após a
exposição do tecido ao frio por um período de 40 a 60 minutos, a resposta inflamatória
pode causar dano adicional aos adipócitos, não imediatamente afetados pela a exposição
ao frio.

79
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

O termo apoptose é derivado do grego apoptwsiz, que se refere à queda das folhas das
árvores no outono – um exemplo de morte programada fisiológica e apropriada, que
também implica em renovação.

Figura 45.

Fonte: <http://www.infoescola.com/citologia/apoptose/>. Acesso em: 26/6/2015.

“A morte celular programada é um processo essencial para a manutenção do


desenvolvimento dos seres vivos” (PAROLIN; REASON, 2001; GRIVICICH; REGNER;
ROCHA, 2007; PAULA; VIEGAS; SILVA, 2002).

Na III Convenção Norte-Nordeste de Medicina Estética – ABME foi realizada


a publicação de um trabalho muito interessante que se trata de uma revisão
bibliográfica sobre a criolipólise para o tratamento da adiposidade localizada. Na
avaliação dos atributos qualitativos, foi considerada a redução da circunferência
local, a melhora visual da gordura localizada. Para os resultados e para a discussão
nesse estudo foram selecionadas 13 publicações, entre os anos de 2001 e 2012.

Esse trabalho foi realizado no período de agosto de 2012 a fevereiro de 2013,


onde foi abordada a utilização dos equipamentos de criolipólise no tratamento
da gordura localizada, que é uma imperfeição estética e que tem tido grande
repercussão (publicação científica exclusiva da ABME).

O citado estudo detectou que a técnica da criolipólise possibilita efeitos de


grande importância para o aumento do metabolismo energético por liberar
hormônios lipolíticos, determinando a hidrólise dos triglicerídeos dos depósitos
de gordura (BACELAR, 2005; publicação revista cientifica da ABME).

O estudo relata que a criolipólise é uma técnica não invasiva que promete
resultados satisfatórios na redução de gordura localizada, cerca de 20% a 25%,
tornando-se, portanto, uma alternativa ideal à lipoaspiração convencional para
pacientes que necessitam de remoção de pequena ou moderada quantidade de
tecido adiposo.

80
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

A publicação da revista cientifica da ABME diz que o mecanismo pelo qual


ocorre a morte das células gordurosas ainda não está claramente entendido.
No entanto, alguns autores, em seus estudos pré-clínicos, sugerem que há um
processo inflamatório culminando na morte celular programada (apoptose), o
que precede a redução da gordura localizada, e na diferenciação celular (JEWELL,
SOLISH, DESILETS, 2011; ZELICKSON et al., 2009; AVRAM et al., 2009; NELSON et
al. 2009; MULHOLLAND, PAUL, CHALFOUN, 2011; ZELICKSON et al., 2009).

No entanto, outro autor acredita que a gordura eliminada pela criolipólise é


metabolizada pela mesma via natural do metabolismo de gordura (FERRARO et
al., 2012; publicação da revista cientifica da ABME).

A apoptose ocorre como parte de um processo normal e muitas vezes é um benefício para
o organismo, tendo em vista que atua como um mecanismo de defesa. A célula recebe
um sinal para se autodestruir, reduz seu tamanho, quebra a cromatina em pedaços
e se torna facilmente fagocitada (PAROLIN; REASON, 2001; GRIVICICH; REGNER;
ROCHA, 2007; PAULA; VIEGAS; SILVA, 2002).

A apoptose das células gordurosas (adipócitos) é iniciada quando essas células são
resfriadas à temperaturas de 0°C. Entretanto, a destruição dos adipócitos não afeta de
forma significativa os níveis séricos de lipídeos ou testes de função hepática.

Podemos constatar por meio de avaliações trimestrais, se os níveis séricos de lipídeos ou


testes de função hepática se mantiveram dentro dos padrões de normalidade (JEWELL;
SOLISH; DESILETS, 2011; FERRARO et al., 2012; ZELICKSON et al., 2009; AVRAM
et al., 2009; NELSON et al. 2009; MULHOLLAND; CHALFOUN, 2011).

Existem muitas discussões e estudos. Acredita-se que após a aplicação, em 24 horas


começa a surgir reações detectadas por meio dos marcadores histológicos. Alguns
autores comentam que o início acontece dentro de 3 dias, o pico dentro de 14 dias e
a fagocitose em até 30 dias. O processo inflamatório é metabolizado no prazo de 90
dias (AVRAM et al., 2009; NELSON et al. 2009; JEWELL; SOLISH; DESILETS, 2011;
ZELICKSON et al., 2009; AVRAM et al., 2009; NELSON et al. 2009; COLEMAN, K.M.;
COLEMAN, W.P; BENCHETRIT, 2009).

A criolipólise tem promovido uma redução no percentual de gordura subcutânea de


cerca de 20% a 26% no local de tratamento, considerando que a resposta inflamatória
é dependente da temperatura utilizada.

Os principais efeitos colaterais são: eritema, edema, hematoma, equimose, dormência,


de ligeira a moderada, e disestesia transitória nos nervos periféricos.

81
UNIDADE III │ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL

As principais contraindicações à crioterapia são: pacientes com doenças raras como a


crioglobulinemia paroxística ao frio, hemoglobinúria e urticária ao frio.

Existem várias vantagens para a utilização dessa técnica: a redução de complicações e


riscos, quando comparados aos procedimentos invasivos.

Trata-se de uma técnica segura e sem grandes efeitos adversos. O tratamento é indolor,
não necessita de anestesia, além de não causar limitações na vida pessoal e profissional
dos indivíduos a ele submetidos.

Aplicação da criolipólise

Quando a criolipólise é realizada, é colocada uma manta na pele.

Temos que tomar o cuidado de verificar se a manta possui o selo de autorização da


ANVISA, a fim de proteger o contato com as placas de congelamento.

Mantas sem o selo da ANVISA não são de qualidade e geralmente as queimaduras


causadas com a criolipólise são provenientes de mantas sem qualidade.

Figura 46.

Fonte: (BUSLIK, 2015).

Para quem utilizar o aparelho Crio Redux, fica a dica de aplicação:

Camada de gordura Temperatura do aparelho Tempo do tratamento


Até 2 cm 0ºC 60 min

2 à 3 cm -5ºC 45 min

Acima 5 cm -10ºC 40 min

Fonte: (CARPANEZ, 2015).

82
ELETROTERAPIA AVANÇADA FACIAL E CORPORAL│ UNIDADE III

»» com a temperatura de - 10º C, durante 20 min, gera a hipóxia;

»» com temperatura de - 8ºC, durante 40 min, gera a hipóxia;

»» com temperatura de - 5ºC, durante 45 min, gera a hipóxia;

»» com temperatura de - 0ºC, durante 60 min, gera a hipóxia.

DICA: em contrapartida, não basta apenas congelar a gordura; tem que derretê-la.
Estudos têm comprovado a eficácia clínica do ultrassom cavitacional, enquanto recurso
redutor de medidas corporais, justificando a utilização deste recurso antes ou após o
congelamento das células de gordura.

Protocolo de tratamento

No dia da criolipólise, antes de iniciar o tratamento, fazer a cavitação para ativar o TNFα
(ativar os macrófagos). O pico dos macrófagos ocorre no 14o dia e o pico da redução
ocorre em torno de 60 dias, sendo que a redução dá-se num período aproximado de até
90 dias.

No 2o dia, no 7o dia, no 14o dia e no 21o dia, aplicar a RF + cavitação + RF, isso irá
potencializar o resultado da criolipólise.

Figura 47.

Fonte: (BUSLIK, 2015).

83
Para (não) finalizar

Como visto até o momento, a apostila traz muitos dados recentes e atualizados no âmbito
de procedimentos estéticos mais modernos na parte de Eletroterapia. Contudo, com
base na leitura, é nítido que o processo de mudança e evolução é natural e necessário
para a humanidade e, consequentemente, para nossa evolução. Deste modo, esta
apostila é apenas o começo do aprendizado, expanda o conhecimento, busque o saber.
Principalmente nesta nossa área que anseia pela prática e pelo novo, o atual.

Para não finalizar, eu finalizo somente a escrita, mas não minha colaboração com seu
estudo “dizendo”: “não seja mais um. Seja o diferencial para a sociedade que o cerca”.

84
REFERÊNCIAS

Referências

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Ed. do Autor, 2010.

AGNE, Jones E. Eletrotermofototerapia. Santa Maria, 2013. pp. 439-462.

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______. Eu sei Eletroterapia. Santa Maria: Ed. Orium, 2010.

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infrared light and mechanical tissue manipulation device. Journal of Cosmetic and
Laser Therapy. 2005; 7:81-5.

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