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Reflexo Inato e Reflexo

Apreendido
O Reflexo Inato
• Decorrente de uma alteração no ambiente que provoca
uma alteração no organismo (no corpo do indivíduo)
• Todas as espécies animais apresentam
comportamentos reflexos
• Configuram-se numa preparação mínima dos
organismos para interagirem com o ambiente e
sobreviverem (sucção, prensão, visão)
• Fazem parte do repertório comportamental humano e
não-humano desde o nascimento (até mesmo na vida
intra-uterina) desenvolvidos ao longo da história
filogenética.
Na Psicologia ...
• Comportamento reflexo decorre da relação
entre o que o organismo fez e a causa do
comportamento.

Estímulo Resposta

Comportamento reflexo
O comportamento reflexo

• É uma relação entre o Estímulo e a Resposta


• Interação entre um organismo e seu meio
• Estímulo = mudança no ambiente
• Resposta = mudança no organismo (aquilo que
o organismo fez)
• Reflexo = determinada RESPOSTA emitida pelo
organismo provocada (eliciada) pela mudança
no ambiente (ESTÍMULO)

Onde, S R

• S = estímulos do ambiente
• R = resposta do organismo; reflexo inato
• = relação
Intensidade do Estímulo (S) e Magnitude da
resposta (R)

• Intensidade = quanto de estímulo (S); força do


estimulo (S)
• Magnitude = quanto de Resposta (R); força da
Resposta (R)
•Intensidade do estímulo:
Ex.: força da batida;

•Magnitude da resposta:
tamanho da distensão da
perna.
Leis (ou propriedades) do Reflexo
– Há constância entre as respostas reflexas nas mais
diversas espécies? Há algum padrão de resposta para
cada estímulo?

• Características e padrões de comportamento


nas relações entre estímulo e resposta:
• Lei da Intensidade – Magnitude
• Lei do limiar
• Lei da latência
Lei da Intensidade ou Magnitude
• A Intensidade do Estímulo (S) é uma medida
diretamente proporcional à Magnitude da
Resposta (R), ou seja,
Quanto maior o estimulo, maior a resposta
Lei do Limiar
• Para todo reflexo, existe uma intensidade
mínima do estímulo necessária para que a
resposta seja eliciada.

Valores abaixo do limiar


mínimo NÃO eliciam
resposta.

OBS: O LIMIAR não possui


um valor definitivo.
Lei da Latência
• Quando maior a intensidade do estimulo (S),
menor a latência entre a apresentação do
estímulo e a ocorrência da resposta (R).
LATÊNCIA

Intervalo entre dois períodos. < 40 º 30 s

Tempo decorrido entre a


apresentação de um estímulo e a
> 40 º 10 s
emissão da resposta.

OBS.: Quanto maior a intensidade


do estímulo (S), maior a duração da
resposta (R).
Habituação e Potenciação
• Habituação: quando um estímulo (S) é
apresentado diversas vezes seguidas na mesma
intensidade, em curtos intervalos de tempo, a
magnitude da resposta (R) diminui.

• Potenciação: para determinados reflexos, ocorre o


oposto da habituação; há a SENSIBILIZAÇÃO do
organismo a determinado estímulo (S) e a
magnitude da resposta aumenta.
Ex.: sensibilização auditiva por habito de escutar música.
Os reflexos e as Emoções
• Muitas das emoções que sentimos são
respostas reflexas (R) a estímulos ambientais
(S).
• Os organismos nascem preparados para emitir
algumas Respostas Emocionais quando
determinados estímulos ambientais (S)
surgem no ambiente.
• As emoções surgem de determinadas
situações, determinados contextos.
• As emoções estão vinculadas à fisiologia do
organismo (Medo, Raiva, Ansiedade, Tristeza,
Alegria).
Exemplo: remédios ansiolíticos para tratar da
ansiedade – afetam a fisiologia e não a mente
humana.
• Então,

Estímulo ambiental S Resposta (emoção)


• As respostas emocionais inatas (S) eliciadas a
partir da apresentação de determinado
estímulo ambiental possuem função de
sobrevivência.
Ex.: O medo nos animais prepara o organismo para a
fuga de situações perigosas
Reflexo Apreendido
(condicionamento pavlovniano)
• Refere-se a capacidade de aprender novos
reflexos;
• Capacidade de reagir de formas diferentes a
novos estímulos;
• Na interação com o meio e a partir dos reflexos
inatos, os seres humanos aprendem
comportamentos mais complexos para
sobreviverem, tendo em vista que o próprio
ambiente muda constantemente.
A descoberta do reflexo apreendido
Ivan Pavlov
• Descoberta da aprendizagem de novos
reflexos por cães.

Experimento:
mensuração da
quantidade de saliva
(magnitude da resposta)
em função da qualidade
da comida (intensidade
do estímulo)
O emparelhamento...
• Pavlov verificou que a simples visão da comida
(S), o som das pegadas (S1) ou a aproximação
do horário da alimentação do cão (S2)
provocava a salivação (R). Experimento: apresentação da
carne e da sineta (um estímulo
seguido do outro) e medir a
quantidade de saliva
produzida. A partir de
aproximadamente 60
emparelhamentos, Pavlov
observou que somente ao som
da sineta o cão apresentava a
mesma quantidade de saliva
(sem a apresentação da carne).
Termos técnicos...

• Estímulo neutro (NS) = sineta antes do


emparelhamento;
• Estímulo incondicionado (US) = carne;
• Resposta incondicionada (UR) = salivação
somente com a carne;
• Relação entre US (carne) e UR (salivação) =
reflexo incondicionado (não depende de
aprendizagem);
Após o pareamento (condicionamento estabelecido):
• Sineta (CS) = estímulo condicionado;
• Salivação com a sineta (CR) = resposta
condicionada;
• Relação entre CS e CR = reflexo condicionado/
condicionamento respondente.
Reflexos condicionados e as emoções

• Se os organismos podem aprender novos


reflexos, também podem aprender a sentir
novas Emoções (consideradas respostas a
estímulos) que não estão presentes em seu
repertório emocional quando nascem.
Aprendizagem de nova emoção
Caso do pequeno Albert (Watson): pareamento
entre som alto e estridente (medo – emoção
inata) e a apresentação do rato.
Albert que inicialmente não tinha medo do rato,
após o pareamento, começou a senti-lo somente
com a apresentação do rato e sem o som alto e
estridente.
Outros ex.: medo de barata; medo de aves, etc.)
• As emoções são difíceis de controlar porque
são respostas reflexas a estímulos.
• A razão de respondermos emocionalmente de
forma diferente aos mesmos estímulos está na
história de condicionamento de cada pessoa.
• O emparelhamento produz o modo
característico de sentir as emoções de cada
pessoa.
Ex.: condicionamento na terapia para
dessensibilização numa fobia
Generalização Respondente
• Refere-se ao fato de que estímulos (S)
parecidos com o estímulo condicionado (CS)
comecem a eliciar a mesma resposta
condicionada (CR).
• Isto ocorre devido a semelhança dos estímulos
(tamanho, cor, textura etc.)
Ex.: Medo de penas de aves = medo de galinha
= medo de qualquer ave
Gradiente de generalização
• Refere-se a variação da magnitude (para mais ou
para menos) da resposta em função das
semelhanças entre os estímulos.
• Quanto mais parecidos os estímulos, mais
semelhante (em magnitude/intensidade será a
resposta.
Ex.: Medo de galinha = quanto mais parecida
com a galinha; mais medo a ave suscitará.
Medo de cachorro = medo de cachorro de
pelúcia (menos intensidade)
Respostas emocionais condicionadas comuns

• Refere-se ao fato de indivíduos diferentes


compartilharem emoções semelhantes a
estímulos semelhantes. Apesar de parecer um
reflexo inato, na verdade, tais estímulos foram
aprendidos durante as experiências de vida
semelhantes.
Ex.: Medo de altura (CR) = ter caído de
cadeira/mesa quando criança (CS)
Extinção respondente
• Extinção respondente: se um estímulo
condicionado (CS) for apresentado diversas
vezes sem a presença do estimulo
incondicionado (US), a resposta condicionada
(CR) tende a desaparecer.

Ex.: Sineta (CS) – alimento (US) = some salivação


(CR) quando somente é apresentada a sineta.
• Para que um reflexo condicionado perca a sua
força, o estímulo condicionado deve ser
apresentado sem novos emparelhamentos
com o estímulo condicionado.
Ex.: 1) som estridente + rato branco = medo de rato branco,
coelho branco, barba branca (generalização)
2) coelho branco + barba branca – som estridente =
extinção do medo de barba branca e coelho branco
3) carro + acidente = medo de andar de carro
andar de carro com frequência – acidente = extinção do
medo de carro
4) falar em público + gozação/ humilhação = medo de falar
em público
• Assim como um organismo, em função de um
emparelhamento de estímulos, pode aprender
a ter, por exemplo, medo de alguma coisa
(aves), esse alguém pode aprender a não ter
mais medo.
• Recuperação espontânea – quando a extinção
já ocorreu e a força do reflexo volta
espontaneamente (embora com menos
intensidade).
OBS.: Após uma 2ª extinção, a chance de um reflexo
condicionado aparecer novamente (recuperação
espontânea) é menor.
Contracondicionamento e dessensibilização
sistemática
• Alguns estímulos podem provocar respostas
emocionais tão fortes, que é impossível expor
a pessoa diretamente a estes estímulos
(extinção).
• No caso em que a exposição ao estímulo gera
uma emoção negativa de tal ordem que é
impossível realizar a extinção, pode-se fazer:
– Contracondicionamento
– Dessensibilização sistemática
Contracondicionamento
• Condicionar para a resposta inversa/ contrária
ao estímulo condicionado:
1º momento:
som estridente + rato branco = medo
rato branco = medo

2º momento:
canção de ninar = relaxamento
canção de ninar + rato branco = relaxamento
1º momento:
xarope de ipeca = vômito
cigarro = prazer

2º momento:
Xarope de ipeca + cigarro = vômito

3º momento:
cigarro = vômito
Dessensibilização sistemática
• Consiste em dividir o processo de extinção em
pequenos passos, com base na generalização. É
necessário construir uma escala crescente da
intensidade do estímulo (menor para maior) –
ou hierarquia da ansiedade - em função da
magnitude da resposta (menor para maior).

Ex.: cão + ataque pastor alemão = fobia de cães


GENERALIZAÇÃO: grandes, pequenos, de pelúcia
Hierarquia da ansiedade:
cão grande = MUITO MEDO
cão pequeno = pouco medo
cão de pelúcia = pouquíssimo medo (nervoso)

Dessensibilização:
Apresentar primeiro o cão de pelúcia, depois o
cão pequeno e depois cães grandes.
As palavras e o condicionamento
• As palavras são estímulos auditivos, portanto
podem suscitar emoções boas ou ruins.
• Numa situação de castigo físico (surra), que
acarreta sensações e emoções negativas (dor,
sofrimento, medo), o emparelhamento com
palavras (feio, errado, burro ou estúpido) pode
ocasionar tais emoções ao escutar novamente
estas palavras, a visão ou a voz do agressor.
Condicionamento de ordem superior
(segunda ordem)
• Ocorre com o emparelhamento do estímulo
condicionado (CS) a um novo estímulo
neutro/incondicionado (US), acarretando na
resposta condicionada (CR)

Ex.: sineta + alimento = salivação


sineta = salivação

sineta + quadro negro = salivação


quadro negro = salivação
Fatores que influenciam o condicionamento

1) Frequência do emparelhamentos: quanto


mais frequente o emparelhamento do
Estímulo incondicionado com o estímulo
neutro, mais forte a resposta condicionada;
2) Tipo de emparelhamento: respostas
condicionadas mais fortes aparecem quanto
o estímulo condicionado é apresentado antes
do estímulo incondicionado;
3) Intensidade do estímulo incondicionado: um
estímulo incondicionado forte leva a um
condicionamento mais rápido;
4) Grau de predição do estímulo condicionado: para
que haja condicionamento não basta o simples
emparelhamento. O estímulo neutro deve ter um
caráter preditivo da ocorrência do estímulo
incondicionado.
Ex.: o som que ocorre sempre antes do alimento
(passos) eliciará mais facilmente a salivação do
que o som que as vezes ocorre (barulho do carro).

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