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Resenha Crítica
Esse artigo traz a luz uma nova abordagem sobre o desafio que se encontra
em aplicar o método de observação através de uma perspectiva imparcial e com
distanciamento cientifico. O primeiro desafio da autora é conseguir fazer um trabalho
antropológico de objetivo etnográfico a respeito da feitiçaria. Sua primeira limitação
esta em perceber um distanciamento exagerado da prática nos trabalhos produzidos
anteriormente, que visando manter distanciamento para uma perspectiva cientifica
comprometeram a integridade da analise por falta de informação descritiva dos
efeitos. A isso, levando o seu segundo desafio que é definir então uma metodologia
de observação que seja capaz de analisar de forma mais precisa possível os afetos
que a prática de feitiçaria resulta, ao mesmo tempo a imparcialidade de qualificar os
dados obtidos.
Ocupando então o lugar do nativo, pode afirmar com convicção que é preciso
estar la, se deixar ser afetado e não tentar imaginar-se lá, pois assim como a
linguagem não pode traduzir o evento e seus efeitos, o distanciamento do
cientificismo não permite a percepção plena dessa experiência. A complexidade de
separar o experimento do afeto é tão complexa que Jeanne alguns momentos
desconfia não estar exercendo com fidelidade sua posição de antropóloga.
Assim, o fato de permitir ser afetada também não lhe possibilita discorrer
sobre os efeitos e acontecimentos de outrem, mas é através dessa conclusão que é
possível abrir o precedente pro conhecimento que ela procura defender, que é o fato
de ao se permitir ser afetada, ela abre um canal de comunicação com os nativos.
Um canal que inicialmente vem daquilo que ela é impelida a relatar sobre os efeitos
de ser afetada pela feitiçaria e posteriormente a observação que os outros fazem
sobre esses efeitos.
Por mais que o vocabulário possa ser rico e as narrativas amplas, ser afetado
é um fator evidente da sinceridade e autenticidade na formação do conhecimento. A
critica a observação imparcial com distanciamento científico tem não só uma razão
de ser como um peso para a própria ciência. É preciso que a produção do
conhecimento tenha a sinceridade de entender que sem o envolvimento da própria
pele, mesmo a observação mais rica de narrativa é especulação.